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Quase metade das cidades paulistas

usa apostila nas escolas municipais


O número de prefeituras que adotam sistemas apostilados passou de 187 para 282, entre 2008 e
2011; de olho no aumento da demanda, empresas desenvolvem material específico para a rede
pública, diferente do que chega aos colégios particulares

Ocimara Balmant, O Estado de S.Paulo


21 de julho de 2011 | 00h00

ESPECIAL PARA O ESTADO

Andrea Vialli

Dos 644 municípios do Estado de São Paulo, 282 - ou 44% - utilizam sistema apostilado de ensino, de
acordo com levantamento feito neste ano pelo Anglo, um dos mais tradicionais métodos do País. Dentre
eles estão 115 cidades que abandonaram totalmente os livros didáticos, distribuídos gratuitamente pelo
governo federal, e outros que continuam utilizando o material, mas também aderiram às apostilas.

É um aumento vertiginoso. Em 1998, não havia sequer um convênio dos sistemas com as prefeituras
paulistas. De 2008 para 2011, o número de prefeituras que adotam as apostilas passou de 187 para 282.
Para atuar nesse nicho, os sistemas que antes atendiam à rede privada agora desenvolvem material
específico para as escolas públicas.

"As públicas são um nicho de mercado e nos preparamos para entrar nele", afirma Francisca Paris,
diretora pedagógica dos sistemas de ensino da Saraiva. A editora, que mantém o Ético, voltado às
particulares, criou neste ano o Agora, direcionado apenas para a rede pública. Está atuando em três
cidades do Estado.

O Grupo Santillana, da editora Moderna, que já possuía o sistema Uno, também lançou um modelo
específico para esse novo segmento: o Uno Público.

Demanda. O crescimento da adesão das redes municipais aos sistemas de ensino se deve a alguns
fatores. O primeiro deles é a própria dificuldade que as pequenas cidades tiveram para administrar a
educação após a reforma que municipalizou grande parte do ensino fundamental.

O segundo é a percepção de que cidades que adotaram o sistema apostilado têm melhor rendimento.
Uma tendência que cresceu após 2005, quando começaram a ser divulgados os resultados do Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

"A melhoria dos indicadores começou a aparecer e a procura pelos sistemas apostilados explodiu",
afirma Luiz Fernando Jamil Maluf, gerente nacional da área pública da Abril Educação, que administra
o Anglo.

Escolas públicas bem classificadas no Exame Nacional de Cursos (Enem) também aderiram ao modelo.
Em São José dos Campos, o colégio Engenheiro Juarez Wanderley, conhecido como Colégio da
Embraer, utiliza o Sistema Pitágoras de Ensino.

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A melhora, segundo os secretários de ensino municipais, é resultado da qualidade do material,
sobretudo porque esses sistemas ajudam a estruturar o trabalho pedagógico na sala de aula. "É um
pacote. Temos formação continuada para professores e de gestão para coordenadores. Uma equipe
acompanha nossos alunos e nos envia relatórios bimestrais", explica a secretária de Educação de
Cajuru, Isabel Ruggeri Ré.

A cidade tornou-se referência quando uma escola municipal se destacou na primeira posição do ranking
da avaliação do Ideb 2009. O município usa, desde 2006, o sistema Núcleo de apoio à Municipalização
do Ensino (Name), da Pearson Brasil, proprietária das marcas COC, Dom Bosco e Pueri Domus.

O sistema é o campeão no Estado: atende 120 prefeituras que, juntas, somam 180 mil alunos. A
empresa começou a atuar em São Paulo e, em 2007, expandiu as atividades para outros Estados. "Já
estamos no Nordeste, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e em Goiás, entre outros Estados", diz José
Luiz do Carmo, diretor pedagógico da Pearson.

A pequena Lavras do Sul, cidade com 7 mil habitantes no interior Rio Grande do Sul, foi uma das
últimas a comprarem o sistema. A cidade começou a usar o Name em maio deste ano.

O Positivo, do Paraná, atende 181 municípios, 50 deles no Estado de São Paulo. O grupo Expoente,
também do Paraná, é outro que tem ampliado sua atuação junto às escolas públicas. O sistema de
ensino apostilado começou a ser utilizado nas redes municipais em 2000 e hoje está presente em 21
municípios em várias regiões do País. Os preços do sistema giram em torno de R$200 a R$270 por
aluno/ano.

Resistência. Não são todos que aprovam o sistema apostilado. A secretária de ensino de Cajuru, Isabel
Ré, diz que os alunos mostraram boa receptividade e até aumentaram a autoestima por usar um
material igual ao das escolas particulares, mas os professores mostraram resistência. "Agora gostam,
mas, no início, tinham receio que isso interferisse no seu planejamento", diz ela

A resistência dos professores se deve, também à falta de autonomia. Quando o município adere ao livro
didático do MEC, diretores e professores de cada escola podem escolher o material a ser utilizado. A
seleção é feita do catálogo que registra obras que passaram por triagem do Instituto de Pesquisas
Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) e pela avaliação pedagógica da Secretaria de Educação
Básica. No sistema apostilado, a prefeitura faz a avaliação pedagógica do material e, uma vez aprovado,
todas as escolas têm de utilizá-lo.

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