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PROCESSOS MENTAIS
Mente: Conjunto dinâmico de processos cognitivos, emocionais e conativos, onde se conjugam
fenómenos conscientes e inconscientes. É na mente que se dá a atividade psíquica e onde se
constrói a noção de Eu, sendo um sistema que não se limita a captar informação do exterior,
mas que atribui um significado a essa mesma informação em função da qualidade da rede
neuronal, das experiências anteriores do indivíduo e das influências sociais e culturais. Isto
confere à mente um carácter único, subjetivo e pessoal.
Somos capazes de agir sobre o mundo, fazer o que achamos que deve de ser ver para o nosso
bem-estar – carácter intencional.
A dificuldade para tomar decisões perante um problema faz com que a nossa adaptação ao
meio que nos rodeia exija o recurso de atividades mentais como a deliberação, a reflexão, a
análise, a imaginação e a tomada de decisão.
• Os estados mentais resultantes das nossas cognições podem ser mais ou menos aferidos por
referência aos objetos e às situações.
• Os emocionais reportam-se à subjetividade e à individualidade, pois consistem em vivências
do sujeito.
• Os conativos são mais direcionados para a ação, associando-se à vontade e expressando-se
em comportamentos. São a base das respostas aos estímulos do meio.
Através da perceção conhecemos o mundo que nos rodeia, isto é, contactamos com as
situações, os objetos, os acontecimentos e as pessoas presentes num aqui e num agora,
formando imagens a seu respeito.
A memória habilita-nos a viajar no tempo e no espaço. Não conhecemos apenas o mundo que
está à nossa frente e que percecionamos no presente, mas conhecemos também
acontecimentos ocorridos noutros tempos e noutros locais. Esse conhecimento pode ser
recuperado e utilizado em qualquer momento. A memória é o processo de retenção e
recordação de informação.
Através das sensações, vemos luzes e cores, ouvimos sons, sentimos o macio, cheiramos
odores... É com as sensações que se inicia o conhecimento, mas este não termina com elas, pois
não basta sentir os estímulos; é necessário interpretá-los, organizá-los em objetos identificáveis.
Perceção: Ato de interpretação e de organização dos dados sensoriais, pelo qual formamos um
conhecimento de um objeto.
Em suma, para que os estímulos percam a mudez e comuniquem alguma coisa é necessário
que o ser humano disponha de estruturas neurológicas capazes não só de os captar, mas
também de os interpretar, descodificando a mensagem que veiculam. Dispomos de um
mecanismo seletivo que nos impede de viver num estado de confusão mental permanente: a
atenção.
A atenção é uma espécie de foco que lançamos sobre determinados aspetos do real, filtrando
ou bloqueando o processamento de algumas estimulações para que possamos responder
percetivamente a outras.
Fatores de atenção
Ligados ao sujeito Ligados ao objeto
Necessidades Intensidade
Motivações Contraste
Gostos Tamanho
Hábitos Cor
Expectativas Movimento
Profissão Luminosidade
Experiências Novidade
Aprendizagem social
•Fazemos-a em contexto social, através da observação e imitação daqueles que nos
rodeiam. O psicólogo Albert Bandura dedicou-se ao estudo deste tipo de conhecimento e
desenvolveu uma situação experimeta, ''Palhaço Bobo'':
Um grupo de crianças foi divido em dois grupos: uma metade viu um vídeo de um adulto a
agredir um palhaço e a outra não. A parte que viu o vídeo foi subdivido ao meio, metade
viu o homem a ser elogiado e a outra metade viu o homem a ser repreendido pelo mesmo
comportamento. O grupo completo foi deixado num sala de brinquedos , entre os quais se
encontrava o palhaço. As crianças que viram o vídeo tiveram tendência para reproduzir os
comportamentos que observaram, quando as que não viram não apresentavam esse tipo
de tendência.
Os modelos de imitação impõem-se pelo sucesso, pela classe, pelo estatuto social, pela
competência ou pelo poder. Também tendemos a imitar aqueles que apresentam interesses
semelhantes aos nossos ou com quem nos identificamos.
As pessoas tanto podem modelar os seus atos tomando como referência pessoas com
comportamento social negativo, como podem fazê-lo em relação a pessoas com
comportamento social positivo.
Reforço vicariante
As experiências de Bandura mostram que o facto de vermos alguém a ser reforçado ou
recompensado quando executa um determinado comportamento aumenta a nossa tendência
para reproduzir esse comportamento. A este tipo de reforço damos o nome de ‘’reforço
vicariante’’ (ou ‘’ reforço indireto’’).
▪
Existem diversos fatores que influenciam a aprendizagem, como, por exemplo, a inteligência, a
motivação, as experiências anteriores e alguns fatores de ordem sociocultural.
• A inteligência e a aprendizagem são tão próximas que há quem defina a primeira como a
capacidade de aprender.
• Quanto mais motivados estivermos para uma determinada aprendizagem, mais facilmente
mobilizamos os recursos necessários à sua aquisição, aumentando, deste modo a
probabilidade de estar bem sucedida.
• As nossas experiências anteriores também podem facilitar ou dificultar a aprendizagem. Por
exemplo, não posso aprender a correr sem aprender a andar.
• O facto de nos desenvolvermos num meio sociocultural estimulante também se revela
decisivo para a nossa capacidade de aprender.
Em suma, existem diferentes tipos de aprendizagem e diversos fatores que intervêm nesse tipo
de processos. Tomar a consciência que cada um de nós é mais sensível a certas aprendizagens
como a certas foras de aprender é ter um papel ativo na autorregulação das suas
aprendizagens e na sua própria formação.
▪ Codificação: a informação é recebida, tendo que ser devidamente preparada para que o
armazenamento possa ser feito;
▪ Armazenamento: depois do tratamento das nformações, estas são arquivadas na memória;
▪ Recuperação: A ativação de um conteúdo anteriormente armazenado;
Existe uma grande flexibilidade na codificação dos materiais. Tanto se pode codificar em
termos de imagens como em termos verbais ou recorrendo a ambos.
• Falhas na codificação: quando lemos um texto e não prestamos atenção àquilo que está
escrito, não é possível que nos lembremos do seu conteúdo. Não sendo codificado, o
material não é armazenado ou então, é-o de forma incorreta.
• Falhas no armazenamento: os conhecimentos armazenados na memória e longo prazo
estão sujeitos também a falhas e perdas. Nestas falhas interfere o fator tempo, as atividades
da pessoa e outrosn mecanismos da inibição.
• Falhas na recuperação: devem-se à interferência de outras informações, a erros na
recuperação dos sinais que dão acesso ao local onde a informação está armazenada, à
supressão de um pensamento ou acontecimento que provoca perturbação no sujeito ou
ainda ao desaparecimento da informação por falta de ativação.
É pelo esquecimento que nos libertamos do peso de informações sem interesse e nos mantemos
disponíveis, abertos a outras aprendizagens. É a memória que suporta os nossos estados mentais,
sem ela eramos incapazes de aprender ou de adaptar.
Sentimentos: Tipo de afeto que corresponde a estados psíquicos mais íntimos e privados,
relativamente estáveis e de intensidade moderada, que se prolongam no tempo. Envolve a
tomada de consciência e interiorização da forma como somos afetados por esta ou por aquela
realidade.
Ao contrário das emoções que têm uma forte componente expressiva e comunicacional,
voltada para o exterior, os sentimentos são vividos numa esfera interior, íntima e privada, sem que
se manifestem necessariamente aos outros.
Todas as reações fisiológicas são coordenadas pela colaboração integrada do sistema nervoso
autónomo e do sistema nervoso central.
O sistema nervoso central participa nos comportamentos emotivos, sobretudo por ação do
sistema límbico e do sistema ativador reticular. É o sistema líbico, designadamente o hipotálamo,
que ativa o sistema simpático para o controlo das alterações fisiológicas anteriormente referidas.
Fá-lo permanecer alerta e mobilizar as energias necessárias em situações que exigem uma
resposta rápida e eficaz. O sistema ativador reticular alerta as diversas áreas do córtex cerebral,
de modo a estarem aptas a emitir respostas ajustadas. Neste sentido, discrimina os estímulos,
indicando as mensagens que requerem uma atenção mais imediata.
As reações expressivas são acompanhadas por sinais externos que nos permitem comunicar aos
outros as nossas emoções e identificar nos outros as emoções que eles estão a sentir e adequar
as nossas ações de acordo com essa informação.
Paul Ekman acreditava que culturas diferentes teriam emoções diferentes, para comprovar a
sua hipótese trabalhou numa investigação. No entanto, Ekamn acabou por constatar que
estava errado e que existem emoções básicas e universais que se expressam de forma
semelhante em diferentes partes do mundo (felicidade, tristeza, medo, raiva, surpresa, desgosto)
Antes de pôr em prática uma decisão, fazemos uma avaliação (ou é agradável ou
desagradável) das consequências possíveis dos diferentes cursos de ação ao nosso dispor. Este
processo pode ser demorado ou até mesmo infindável. E é aqui que entra em cena as emoções,
através dos ‘’marcadores somáticos’’.
Este mecanismo reduz o leque das possibilidades sobre o qual nos chegamos efetivamente a
debruçar, trazendo maior eficácia ao processo deliberativo.
o Sob a vista social e moral, são incapazes de seguir normas e valores vigentes, regendo.se por
interesses de momento.
o Sob o ponto de vista pessoal, são incapazes de seguir planos de futuro.
Segundo Damásio, estas dificuldades estão relacionadas com a incapacidade de fazer circular
informação proveniente dos centros emocionais que se encontram no sistema límbico para os
centros de coordenação e decisão presentes no córtex pré-frontal.
→ Damásio e a teoria do marcador somático
A intenção corresponde ao ‘’porquê’’ da ação, à finalidade ou ao objetivo dinamizador e
organizador de um ato ou comportamento. Se a ação humana é intencional, significa que os
atos humanos são constituídos por duas partes interdependentes:
A intenção diz respeito ao que o ser humano se propõe realizar. Designada por propósito ou
projeto, a intenção é uma antecipação da ação processada no interior da pessoa. Nela se inclui
todo o processo através do qual se pensou e planificou, a ponderação de todos os motivos, a
escolha dos meios para a colocar e a avaliação das consequências da sua realização.
A ação diz respeito aos atos que concretizam a intenção. Por isso, compreender a ação exige
que se detete na mente da pessoa as razões que a determinaram a agir, o que significa
descobrir o porquê da ação que praticou.
Nem sempre os seres humanos estão conscientes do que querem fazer e dos motivos pelos
quais fazem aquilo que fazem. Mas o facto de não saberem, não implica que não exista um
motivo para agirem como agem. Existe etapas comuns a todos os atos intencionais, o chamado
‘’ciclo motivacional’’:
A compreensão de uma ação exige que se descubra, no interior do sujeito, o que é que foi
capaz de o impulsionar a praticar essa ação. Temos de saber o que o moveu, quais as suas
intenções, quais as suas necessidades e quais os seus objetivos. Só o conhecimento destes
elementos poderá clarificar os atos realizados.
→ Esforço de realização
O esforço de realização diz respeito ao empenho que colocamos nas atividades que
desenvolvemos para atingir os objetivos selecionados. Exige perseverança e relaciona-se com a
coragem de persistir na prossecução de um determinado objetivo, especialmente quando
surgem barreiras difíceis de transpor.
Necessidades de autorrealização
Segundo Maslow, a realização pessoal é uma construção continuada cujo trajeto implica que
as necessidades de cada estádio sejam satisfeitas.
Aaron Ralson mostra que, por vezes, estamos disposts a sacrificar as nossas necessidades mais
básicas para satisfazer necessidades de nível superior.
À medida que se sobe na escala, uma maior dose de esforço e um maior refinamento de
competências são exigidos: força de vontade, empenho, firmeza de carácter, tolerância,
capacidades criativas... Requer-se ainda iniciativa, desejo de enfrentar situações novas,
coragem para assumir riscos e aptidão para escolher o que é oportuno.
No seio dos conflitos da pessoa, a vontade surge, assim, como uma capacidade de gerir
desejos e tendências, em confronto.