Você está na página 1de 10

PROCESSOS CONSTITUCIONAIS

* Processos Constitucionais
1. Conceito, Natureza e Objeto:
- Inicialmente, para se chegar a um conceito do termo processos constitucionais,
se faz necessário lembrar o conceito de processo e a necessidade de garantia dos
direitos fundamentais corporificados na Constituição Federal, de modo que, no
desenvolvimento do processo, as normas (art. 59, CF) devem ser aplicadas
respeitando as normas constitucionais e conferindo maior efetividade aos direitos
fundamentais.
- Nesse aspecto, temos que o processo é formado por um conjunto de
procedimentos predefinidos pela lei que possuem o objetivo de alcançar a
pacificação social. Isto porque a necessidade processual, surge a partir de uma
pretensão resistida que, por meio da aplicação das normas direito material,
instrumentalizadas pelo direito processual, permitirão a pacificação daquela
pretensão resistida.
- É certo que na aplicação das normas jurídica todos os ramos do direito devem
conferir maior aplicabilidade às normas constitucionais, objetivando a
manutenção da segurança para o sistema jurídico aplicado.
PROCESSOS CONSTITUCIONAIS
- É nesse aspectos que surge o processo constitucional, este definido como a
sequência de atos destinado a fiscalizar a constitucionalidade das normas,
corporificado em um conjunto de processos regulamentados pela Constituição e
com o objetivo de garantir o respeito aos direitos fundamentais e às regras de
organização do Poder do Estado, ou seja, garantir a supremacia da Constituição.
- Constituem objeto de estudo dos processos constitucionais: em uma perspectiva
mais restrita, o objeto de estudo do processo constitucional se limitaria às ações
constitucionais de controle dos atos normativos pela via judicial, abarcando o
estudo das ações de controle de constitucionalidade. Em uma perspectiva mais
ampla, inclui-se neste estudos os remédios constitucionais, vez que também são
processos regulamentados pela Constituição que procuram reparar danos e/ou
afastar impedimentos no exercício de direitos fundamentais causados por
decisões estatais com vício jurídico.
2 – Princípios Constitucionais do Processo:
2.1 – Princípio da independência: ausência de sujeição a ordens ou diretrizes e
outros Poderes ou órgãos, internos ou externos. A independência atua como
garantia de imparcialidade do Juiz.
PROCESSOS CONSTITUCIONAIS
2.2 – Princípio da Imparcialidade: equidistância do juiz das partes e seus
interesses no processo em que atua.
2.3 – Princípio do Juiz Natural: Três significados: a) que a instituição dos órgãos
jurisdicionais deve ser anterior ao fato motivador de sua atuação; b) que a
competência dos órgãos seja determinada por regra geral; c) que a designação
seja feita com base em critérios gerais estabelecidos por leis ou procedimentos
fixados em lei. OBS: Lembrar do caso de prevenção.
2.4 – Princípio da Exclusividade da Jurisdição pelo Judiciário: função jurisdicional
é atribuída preponderantemente ao Poder Judiciário, sendo excepcional seu
exercício pelo Legislativo e por árbitros.
2.5 – Princípio do Devido processo legal: Não basta às partes terem o direito ao
acesso ao Judiciário (direito de ação), pois para que o socorro jurisdicional seja
efetivo é preciso que o órgão jurisdicional observe um processo que assegure o
respeito aos direitos fundamentais e ao devido processo legal.
2.6 – Princípio da Isonomia: Igualdade formal.
2.7 – Princípio do Contraditório: exigência de estrutura dialética do processo. Diz
respeito à relação entre as partes. Seu pressuposto é de que a verdade somente
pode ser evidenciada pelas teses contrapostas das partes
PROCESSOS CONSTITUCIONAIS
2.8 – Princípio da Ampla Defesa: refere-se às relações entre as partes e o juiz.
Significa que as partes tem o poder de reagir, imediata e eficazmente, contra
atos do juiz que sejam violadores de seus direito.
2.9 – Princípio da Liberdade da Prova: Todos os meios de prova são admissíveis no
processo, salvo as provas obtidas por meios ilícitos. OBS: Prova obtida por meio
de print de whatsapp web -> prova ilícita
https://www.conjur.com.br/2021-mar-09/print-conversa-whatsapp-web-nao-pro
va-valida-reafirma-stj
2.9 – Princípio do Duplo Grau de Jurisdição: princípio não inscrito, mas que
decorre da estrutura lógica do sistema jurídico brasileiro e permite à parte
sucumbente acudir-se do Órgão jurisdicional para que edite nova decisão
substitutiva da precedente.
3 – Do Controle de Constitucionalidade:
3.1 – Pressupostos para o Controle de Constitucionalidade:
a) Existência de uma Constituição formal e rígida: a Constituição formal nada
mais é do que uma Constituição corporificada em um documento escrito. Rígida é
aquela que possui um procedimento de alteração mais rigoroso.
PROCESSOS CONSTITUCIONAIS
b) Constituição como norma jurídica fundamental: Supremacia da Constituição.
Pirâmide Kelseniana. Supremacia formal e material.
c) Existência de um Órgão dotado de competência para realização da atividade
de Controle: Controle difuso e concentrado. Controle realizado pelo Poder
Judiciário e Pelo Legislativo.
d) Previsão de Sanção para a conduta (positiva ou não) realizada em
desconformidade com a Constituição. = declaração de inconstitucionalidade
3.2 – Da Supremacia da Constituição:
Pirâmide Kelseniana no Brasil:
a) Topo da pirâmide temos a Constituição Federal, as Emendas Constitucionais e,
a partir da Emenda Constitucional 45 foi incluído no art. 5º a disposição de que os
Tratados Internacionais sobre direitos humanos que foram aprovados com rito de
dois turnos por três quintos dos votos em cada uma das casas do CN são
equivalentes às Emendas Constitucionais.
PROCESSOS CONSTITUCIONAIS
CF, EC, TIDH com rito
especial

Normas Supra Legais

Atos Normativos primários LC, LO, LD, MP,


Decretos,decreto Legislativo, regimento
interno de Tribunais, Resoluções Tribunais,
CNJ e CNMP, Tratados Internacionais Gerais,
Decretos Autônomos (art. 84, VI)

Atos Normativos Secundários


PROCESSOS CONSTITUCIONAIS
b) Normas Supralegais: No que se refere aos tratados temos que observar três
tipos. Temos que observar, incialmente os tratados que tratam sobre direitos
humanos. A depender do modo de aprovação o mesmo poderá ter status de
emenda constitucional ou não.
- Assim, se o tratado dispõe sobre direitos humanos e foi aprovado no rito próprio
das emendas, qual seja, dois turnos, aprovado por 3/5 dos votos em cada casa do
CN tem força de emenda constitucional. Porém, não obedecendo a esse rito terá
força supralegal.
- Ter força supralegal é estar acima das leis infraconstitucionais, mas abaixo da
Constituição.
- Há ainda os tratados internacionais gerais (não tratam de direitos humanos)
sendo classificados como ato normativo primário equivalente a uma lei ordinária.
c) Ato normativo primário: é aquele que retira sua força normativa diretamente
da CRFB – art. 59 declara quem são os atos normativos primários. Existem outros
atos normativos primários além dos listados no art. 59 da CRFB, como por
exemplo os decretos autônomos (art. 84, VI, CRFB). É importante saber quais são
os atos primários para saber se cabe controle de constitucionalidade ou de
legalidade.
PROCESSOS CONSTITUCIONAIS
d) Atos normativos secundários: são aqueles que retiram a sua força dos atos
normativos primários, como por exemplo decretos regulamentares, portarias e
instruções normativas. Aqui não cabe ação de inconstitucionalidade, se
submetendo apenas a controle de legalidade.
*CUIDADO: Controle de Convencionalidade: Atos normativos primários (lei) devem
buscar validade nas normas supralegais. Ex: Pacto de San José da Costa rica –
impossibilidade da prisão civil por dívida. Não há mais prisão do depositário
infiel. Esse tipo de prisão se tornou ilícita porque não encontrou validade em
uma norma supralegal, qual seja, o pacto de San José.
- Possível relativização da supremacia da Constituição: valor absoluto? É
diferente de direito absoluto, pois não há direito absoluto. Mas a supremacia da
constituição deve sempre ser buscada, no que pese admita-se relativização.
Embora convivamos com leis inconstitucionais, é imperioso que declaremos tais
inconstitucionalidades. Ex: Médicos sem concurso no Paraná. Embora seja um
valor muito importante se admite a sua relativização por meio da modulação
temporal de efeitos, como no caso relatado.
PROCESSOS CONSTITUCIONAIS
- Conflito entre normas originárias: inexistência de hierarquia e ponderação de
interesses: normas constitucionais em conflito com outro -> deve haver a
ponderação de interesses. Utilização dos princípios da razoabilidade de
proporcionalidade. Ex: invasão de domicílio e segurança jurídica. Direito a
intimidade e liberdade de expressão ou informação. OBS: Análise do caso
concreto.
- As normas supralegais e o duplo exame de compatibilidade vertical da lei: atos
normativos primários devem ser compatíveis com a CRFB e com as normas
supralegais, sob pena de controle de constitucionalidade e convencionalidade.
Atos secundários sofrem controle de legalidade.
- Inexistência de Hierarquia entre atos normativos primários:
Situação das emendas constitucionais: embora estejam listadas entre os atos
normativos primários se incorporam no texto constitucional.
Assim tirando as emendas constitucionais NÃO HÁ HIERARQUIA entre atos
normativos primários. Ex: LO e LC
PROCESSOS CONSTITUCIONAIS
- Bloco de Constitucionalidade:
Sentido amplo: normas da constituição, costumes constitucionais, decisões
jurisprudenciais constitucionais. Grande leque de normas considerados para o
parâmetro de constitucionalidade -> não adotado no Brasil.
Sentido restrito: adota como parâmetro de controle apenas o texto da CRFB e os
tratados de direitos humanos com rito especial. Princípio da parametrização. São
esses que servem como parâmetro para realizar o controle de
constitucionalidade.

Você também pode gostar