Wormser
PREFÁCIO
A MAIS DIFÍCIL missão dos meus trinta anos no Congresso dos Estados Unidos foi a
presidência da Comissão Especial para Investigar as Fundações com Isenção de
Impostos, informalmente identificada como a “Comissão Reece”. Essa investigação
exigiu um exame embaraçosamente secreto das atividades intelectuais sustentadas pelos
grandes e altamente respeitados nomes de Carnegie, Rockefeller e Ford.
Mas eu sentia que o trabalho da Comissão Cox tinha deixado inúmeras questões
importantes não respondidas, das quais a mais grave era: até que ponto, se houver
algum, os fundos das grandes fundações estão ajudando e induzindo tendências
marxistas nos Estados Unidos e enfraquecendo o amor que todo americano deveria ter
por seu modo de vida?
Queremos explorar os problemas das fundações pelo exame de suas ações e não pelas
suas declarações ao público.
Achamos que nos conceitos pelos quais as fundações operam e crescem nos Estados
Unidos estão envolvidos certos perigos para o bem-estar público.
Foi nossa intenção encontrar a base factual para preservar suas funções construtivas e,
ao mesmo tempo, fornecer orientação para uma legislação futura e ação administrativa
contra o uso do poder da fundação para fins políticos.
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INTRODUÇÃO
Esses perigos se referem sobretudo ao uso dos fundos da fundação para fins políticos;
eles surgem da acumulação de poder econômico substancial e influência cultural nas
mãos de uma classe de administradores de fundos com isenção de impostos estabelecida
perpetuamente. Surgiu, assim, uma “élite”, no controle de recursos financeiros
gigantescos, operando fora de nossos processos democráticos, que está querendo e
podendo moldar o futuro desta nação e da humanidade conforme a imagem de seus
próprios conceitos de valor. Uma quantidade incomparável de poder está concentrada de
forma crescente nas mãos de um grupo entrosado e vitalício. Diferentemente do poder
da gestão empresarial, ele não é controlado pelos acionistas; diferentemente do poder do
governo, ele não é controlado pelo povo; diferentemente do poder das igrejas, ele não é
controlado por quaisquer cânones de valor firmemente estabelecidos.
As “fundações” que a Comissão investigou não carregam, todas elas, esse rótulo. Em
acréscimo às fontes primárias das doações das fundações, tais como a Fundação Ford, a
Fundação Rockefeller e a Corporação Carnegie de Nova York, a Comissão examinou
distribuidores secundários de dinheiro de doação, especialmente organizações como o
Conselho de Pesquisa em Ciência Social, o Instituto de Relações Pacíficas e o Conselho
Americano de Educação, que são sustentados pelas maiores fundações e usados para
selecionar os receptores finais. Uma definição no dicionário do termo “fundação” pode
funcionar: “uma instituição dotal, corporação ou de beneficência”. Esta incluiria
faculdades, hospitais, igrejas e outras instituições de um caráter bem diferente daquele
das fundações de que estamos tratando. Estas são essencialmente receptoras de dinheiro
para seu uso próprio e não estão no negócio de distribuir subvenções para outros. Elas
são, em relação às fundações mencionadas acima, o que o consumidor é em relação ao
fornecedor.
Limitadas aos tipos de organização que temos em mente, o número total agora existente
nos Estados Unidos pode ser calculado acima de 7.000.
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A taxa de natalidade das fundações está acelerando rapidamente. A principal motivação
para a criação de fundações há muito deixou de ser pura filantropia – ela é agora
predominantemente abstenção ou minimização de imposto. A criação de uma nova
fundação muito frequentemente serve ao propósito de contribuir para uma opinião
pública favorável à pessoa ou corporação que a dota. Se forem feitos presentes na forma
de ativos apreciados em vez de dinheiro (ações, terra ou outra propriedade que tenha
valorizado desde sua aquisição), o doador no mais alto escalão terá mais dinheiro
deixado depois da doação do que se ele mesmo tivesse liquidado o ativo, tivesse pagado
um imposto de 25% sobre ganhos de capital e tivesse distribuído coisa alguma
A esmagadora maioria das fundações tem tido carreiras muito além da crítica e algumas
daquelas que têm sido mais criticadas têm notáveis realizações a seu crédito. O trabalho
de ambas a fundações, Rockefeller e Carnegie, em alguns campos da medicina, saúde
pública e ciência, por exemplo, merece os agradecimentos do povo americano.
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CAPÍTULO 1
QUANDO o 82º Congresso indicou uma comissão seleta para investigar as fundações,
tal comissão foi direcionada para determinar quais dessas fundações e organizações
estão usando seus recursos para outros propósitos que não aqueles para os quais foram
estabelecidos, e especialmente para determinar quais delas estão usando seus recursos
para atividades antiamericanas e subversivas ou para propósitos fora do interesse ou da
tradição dos Estados Unidos.
A “COMISSÃO WALSH”
Os problemas das fundações não são novos. Eles já foram anteriormente apresentados
por inquérito do Congresso.
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necessariamente uma condição de desigualdade entre duas forças rivais”.
Ali, dentro do Estado, se desenvolve um estado tão poderoso que as forças sociais e
industriais ordinárias que existem são insuficientes para enfrentá-lo [64º Congresso, 1ª
sessão, Documento do Senado 415, vol. VIII].
O Dr. John Haynes Holmes, um eminente ministro protestante depôs sobre sua
preocupação com o poder das juntas vitalícias da fundação. Ele temia muito a “paralisia
das possibilidades da democracia” quando as fundações assumissem o comando. Ele
recomendava a nomeação pelo governo dos administradores da fundação. Opunha-se de
tal maneira às grandes fundações que preferia “ver a democracia morrer por sua própria
corrupção do que ser favorecida pela beneficência ou serviço autocrático de qualquer
indivíduo particular.”
Ele defendeu os relatórios públicos voluntários das fundações licenciadas pela federação
“sobre assuntos fiscais”, mas não a introdução de uma lei exigindo tais relatórios; queria
deixar os conteúdos desses relatórios por conta da avaliação dos diretores e do que eles
entendiam por interesse público. Ele não achava que qualquer método de inspeção
pública fosse desejável ou necessário [p. 7860].
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Em 1915, quando essas opiniões se expressaram, obviamente ninguém esperava a
emergência das organizações intermediárias - que servem às fundações na distribuição
das doações – e seu consequente poder no mundo acadêmico. “A educação
progressiva”, próxima de ser favorecida por apoio substancial, estava em sua infância; o
que tinha sido chamado de rede de clientelismo da Faculdade de Professores da
Universidade de Colúmbia ainda não conquistara as organizações dos professores com a
ajuda de doações isentas de imposto.
Em seu relatório final, o Sr. Basil M. Manly tratou longamente dos problemas da
fundação. Preocupado com a “concentração de riqueza e influência”, o relatório
concluiu da evidência examinada: que um pequeno número de financistas ricos e
poderosos detinha em suas mãos o controle final da indústria americana; que o controle
através da propriedade das ações reais, a despeito do grande número de acionistas,
permanecia com um número muito pequeno de pessoas; e que em cada grande indústria
básica uma única grande corporação dominava o mercado.
O relatório do Sr. Manly, para a maioria da Comissão, viu que “a dominação pelos
homens em cujas mãos repousa o controle final de uma grande parte da indústria
americana se estendeu ao controle da educação e do ‘serviço social’ da Nação.”
Isto levou o relatório a comentar: “Deve parecer conclusivo que se uma instituição
abandonar de boa vontade suas filiações religiosas pela influência dessas fundações, ela
conformará ainda mais facilmente à vontade delas qualquer outra parte de sua
organização ou ensino” [p. 123].
O relatório concluiu:
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Não é o objetivo deste estudo, porém, discutir o negócio ou o uso da evasão fiscal das
fundações em detalhe.
Em 1930, apareceu um livro escrito por Frederick P. Keppel, A Fundação, seu lugar
na vida americana [MacMillan, 1930]. O Dr. Keppel, antigo deão da Faculdade
Colúmbia, e um representante e administrador com liderança das fundações, reviu as
responsabilidades relativas das dotações privadas e do governo. Ele concebia as
fundações como câmaras de compensação para ideias (p. g8), sustentando que elas
precisam estar querendo muito tomar a iniciativa e precisam mostrar não só coragem
como prudência (p. g4). Elas precisam, diz ele, estar sempre em guarda contra
condescendência em propaganda, ainda que propaganda virtuosa: “Em geral, fundo
privados são mais adequadamente usados para trabalho de caráter mais experimental ou
para atividades, não para uma responsabilidade pública” em questões referentes ao bem-
estar e à cultura. Ele defendia a dependência de juntas de conselheiros especialistas,
atuando como intermediárias para as fundações.
Assumindo essa posição, o Dr. Keppel pode ter sido parcialmente responsável por
muitas das práticas da fundação referentes ao patrocínio e à seleção de projetos que têm
estado sob crítica severa. Contudo, ele mesmo disse: “O camelo administrativo tem
excluído de sua tenda o peregrino intelectual”, ao mesmo tempo em que se refere à
crítica das práticas burocráticas como “ crítica frequentemente irracional.”
O Dr. Keppel encorajou um padrão de operação que tende a fazer das fundações os
orientadores definitivos e juízes de méritos no mundo intelectual. Fez isto ao sugerir
que os administradores e os gestores da fundação deviam e podiam assumir a liderança
na esfera das ideias, com a ajuda de organizações intermediárias de especialistas,
sustentadas, em troca, pelos fundos da fundação.
Edward C. Lindeman, outro líder no mundo das organizações isentas de impostos, reviu
a significância da fundação em seu livro Riqueza e Cultura [Harcourt, Brace and
Company, 1936]. Considerando que o relatório da Comissão Walsh havia expressado o
medo das maquinações políticas capitalistas pelas grandes fundações, Lindeman
acreditou e aprovou seu poder de contribuir para a mudança social.
O Estado Novo do futuro necessitaria de técnicos sociais que seriam solicitados para se
engajarem no planejamento cultural exatamente como especialistas técnicos, e
economistas seriam instigados a planejar produção e distribuição material sistemática.
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doações. As fundações, diz ele, não apenas exercem poderes sobre aqueles que aceitam
seu dinheiro. Tal influência é óbvia mesmo quando a concessão de subvenções pela
fundação insiste no contrário.
Um controle muito mais sutil e mais amplamente espalhado ocorre com o frequente
suprimento dos fundos iniciais das fundações para um novo projeto, sendo esses fundos
usados para fins exploratórios e de conferência.
No tempo em que o projeto final é formulado, fica claro que nada será proposto ou
realizado de maneira a poder ser interpretado como um desafio à concepção ortodoxa de
valores que caracteriza as fundações como um todo. Muito poucos projetos culturais
importantes de qualquer tamanho são consumados neste país sem ter experimentado o
impacto direto ou indireto da filosofia e influência da fundação.
Temos, aqui, uma expressão de preocupação não mais com o poder econômico ou a
intenção política para proteger o capitalismo, mas de maneira geral com o controle do
pensamento praticado pelos dispensadores do apoio financeiro.
Numa sociedade decente, não se deveria esperar que pessoas criativas se rebaixassem ao
nível de pessoas com o objetivo de ganhar segurança econômica que lhes permita
trabalhar, Quando elas fazem isso, sua verdadeira criatividade evapora com trágica
rapidez.
Uma geração de críticos que temiam o efeito adverso do viés “capitalístico” dos
administradores foi sucedida por observadores que, a partir de seu estudo do apoio das
ideias e organizações por fundações isentas de impostos, concluíram que as fundações
têm se tornado terreno fértil para movimentos e ações políticas socialistas e afins. Essa
geração mais recente de estudantes, enquanto igualmente impressionada com o controle
da educação e dos negócios públicos em geral por ricas organizações vitalícias além do
controle público, tem ficado preocupada como perigo do apoio da fundação a vários
conceitos e movimentos indesejáveis que têm implicações políticas.
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Ele acusa as fundações de praticarem comumente gestão entrosada junto com algumas
das maiores universidade (pp. 284-297); de darem dinheiro - com exceções - somente a
projetos supervisionados; de atuarem como e apoiarem agências de propaganda; de
concederem pouco dinheiro disponível para fomentar pensamento e pesquisa individual
e independente. “Um controle mais apertado e monopolista da grande riqueza seria
difícil de encontrar em qualquer outro segmento da economia americana.”
Esse entrosamento com os conselhos das grandes universidades está documentado por
numerosos nomes. Ele aponta para a invasão nas universidades pelas juntas de
conselheiros da fundação, em acréscimo à emergência de professores universitários
como gestores profissionais das fundações.
Em seu livro, ele lida com o impacto desastroso das técnicas de organização na vida da
América. Ele atribui a elas uma força crescente para o conformismo, ameaçando, no
fim, destruir todos os vestígios do gênio, da responsabilidade e iniciativa individuais e,
com elas, os conceitos de independência e liberdade individuais tão caros às gerações
anteriores. Na mecânica corporativa das fundações, ele vê uma das mais ameaçadoras
tendências resultantes dos padrões sociais de uma era controlada por burocratas da
organização. Ele afirma que o fluxo das ideias realmente boas e da realização científica
está impedido e não adiantado pela grandeza habitual dos projetos de pesquisa apoiados
pela corporação – ou fundação.
Ele cita um exemplo de um encontro de vinte cientistas de topo num campo particular,
com o objetivo de ouvir os planos de um presidente de uma grande fundação. Cerca de
oito desses homens estavam à beira de algum trabalho realmente importante, ele relata.
Mas como não foi dado nenhum sinal de interesse nas preferências dos cientistas pelo
presidente da fundação, o encontro apenas tratou dos seus planos e projetos que exigiam
recomeço.
Whyte teme as consequências dessa usurpação do papel básico do cientista por uma
burocracia científica e financeira. A crescente dependência que a pesquisa tem do apoio
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das doações obriga os cientistas num círculo vicioso. Para fazer um pedido de
subvenção antes da Segunda Guerra Mundial, poucas linhas ou, quando muito, um
parágrafo ou dois eram suficientes para o projeto experimental; agora, ele pode se
estender até seis ou oito páginas datilografadas em espaço simples. E mesmo assim,
membros da comissão podem voltar para mais detalhes. Sob tais circunstâncias, passar a
responsabilidade a outrem se tornou um hábito amplamente praticado. Os projetos são
passados de Comissão para Comissão – num caso de meu conhecimento, seis
Comissões – em grande escala porque em nenhum ponto ao longo da linha alguém
acredita ter a informação adequada para chegar a uma firme decisão.
O controle imposto a um cientista pela exigência de que seus projetos de pesquisa sejam
aprovados pelos membros de numerosas comissões gigantescas trará suas ideias para o
mais baixo denominador comum intelectual. Impor-lhe-á a mais poderosa pressão para
conformá-lo a um padrão de mediocridade.
Os méritos inquestionáveis de uma parte substancial daquilo que as fundações têm feito
não as absolvem da crítica, toda vez que suas preferências escolhidas se desenvolverem
como perigos para a República. Tais perigos têm sido demonstrados por investigadores
públicos e por observadores privados da influência potencial e real do poder da
fundação no campo da política. A essa observação foi agora acrescentado um medo da
influência de longo alcance do dinheiro controlado pela fundação na esfera das ideias e
nos padrões de comportamento criativo dos cientistas e artistas.
A RESPONSABILIDADE DA FUNDAÇÃO
O Sr. Gaither apoiou-se numa base fraca, porém, se procurava provar a insignificância
relativa das fundações pela comparação financeira com outros meios filantrópicos.
As fundações ocupam um lugar original em nossa sociedade por muitas razões. Uma é
que as fundações não estão sujeitas às formas normais de controle pelas quais outras
instituições são controladas, tais como a responsabilidade para com um eleitorado ou
uma associação, ou uma entidade acadêmica. A segunda é que, sob a influência da
teoria do “capital de risco”, muito dinheiro das fundações tem sido canalizado em favor
da mudança social.
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Somente uma minoria das fundações caiu vítima da obsessão por mudanças sociais.
Mas dentro dessa minoria encontram-se algumas das mais ricas e algumas das mais
antigas dotações. Grandes fundações podem causar mais prejuízo, bem como mais
benefício, do que as menores. Mas mesmo comparativamente, as fundações pequenas
podem ter um impacto na sociedade desproporcional à sua capacidade monetária,
particularmente quando promovem uma idéia sedutora que promete coisas melhores
para a sociedade.
A forma de controle que o Governo Federal pode exercer sobre as fundações se baseia
quase que inteiramente no direito fiscal.
Essa proibição está, agora, coberta principalmente pela Seção 501 (c) (3) do Código da
Receita Nacional de 1954 (antigamente, o parágrafo [6] da Seção 101), nos seguintes
termos: uma fundação pode ser qualificada para isenção de imposto desde que nenhuma
parte substancial de suas atividades esteja promovendo propaganda, ou tentando de
outra maneira influenciar a legislação.
O termo “propaganda” não está definido no estatuto. A redação do estatuto criou muitas
ambiguidades. Às vezes é extremamente difícil demarcar o limite, por exemplo, entre
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aquelas formas de educação que são essenciais ou desejáveis em nossa sociedade
democrática e aquelas que têm como seus objetivos a promoção de conceitos de valor
políticos na esfera das ideias.
Numa longa carta submetida à Comissão Reece, o Dr. Laidler, da LDI, insistiu na
semelhança entre o trabalho da LDI e alguns cursos universitários das ciências sociais.
Ele disse que livros e panfletos publicados pela LDI eram, de fato, usados em alguns
cursos de faculdade. Usando isso como uma premissa maior e o fato de que as
faculdades são educacionais como uma premissa menor, ele produz um silogismo com a
conclusão de que o trabalho da LDI é também educacional.
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Dificuldades semânticas para interpretar estatutos não são incomuns.
Reconhecidamente, nossas cortes têm um problema ao tentar demarcar os limites entre
educação no seu sentido aceitável e “educação” que seja propaganda política destinada a
influenciar a legislação. Elas estão inclinadas a interpretar liberalmente estatutos
punitivos em favor do litigante e estritamente contra o governo. Provavelmente isso
deve ser assim. Mas decisões como a do caso da LDI exibem uma generosidade de
interpretação tão extrema como tornar o estatuto punitivo virtualmente inútil, ao mesmo
tempo em que proíbe atividades de propaganda pelas fundações dirigidas no sentido de
influenciar a legislação.
O QUE É “RELIGIOSO”?
Esses “especialistas” têm seguido quase invariavelmente a moda atual que cresceu entre
professores e cientistas políticos sob o impedimento da propaganda comunista e
socialista e sob o impacto causado pela depressão de 1930. Essa moda é aquela da
confiança no poder do homem para criar o céu na terra pela manipulação da estrutura do
governo.
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evidente, porém, que a defesa de tal mudança, tendo implicações políticas essenciais,
não é um campo apropriado para uma fundação cuja isenção de impostos é concedida
pela graça de todo o público. No entanto, algumas das grandes fundações parecem ter
adotado uma crença quase religiosa na mudança pela mudança. Mesmo na ausência de
uma conspiração entre as fundações para promover mudança, o efeito cumulativo dessa
abordagem quase em uníssono - além da ausência de qualquer apoio substancial para
movimentos contrários na direção da estabilidade social – parece justificar que se
pergunte se essas fundações estão verdadeiramente realizando seu dever de confiança
para com o público.
Embora muitos gestores de fundação possam falar sobre seus direitos e deveres para
usar seus fundos fiduciários como capital de risco, pode haver uma pequena dúvida
quanto ao fato de que em seus “riscos” eles deram preferência às ideias políticas
sustentadas por facções de acadêmicos e aos teóricos das ideias que são geralmente
identificadas como esquerdistas.
O controle e a estabilidade normais em nossa vida pública podem ser aniquilados pelo
apoio unilateral de uma fundação às forças que pedem mudança.
O apoio não crítico pelas fundações à idéia de que precisamos mudar por mudar
justificou dois Congressos recentes pela suspeita de serem as fundações agências que
frequentemente favorecem metas indesejáveis e destrutivas.
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CAPÍTULO 2
A FUNDAÇÃO GIGANTE pode exercer enorme poder através do uso direto de seus
fundos. Mais que isso, ela aumenta materialmente esse poder e sua influência
construindo alianças colaterais que servem imensamente para isolá-la contra a crítica. É
provável encontrar amigos entre os bancos que retêm seus grandes depósitos; no
investimento e nas corretoras que resolvem seu problema de investimento; nos maiores
escritórios de advocacia que atuam como seu consultor jurídico. Pela seleção cuidadosa
de um administrador, aqui e ali, entre os proprietários e executivos dos jornais,
periódicos e outros meios de comunicação, ela pode assegurar-se da adulação e do
apoio.
A situação permite que grandes fundações exerçam uma profunda influência sobre a
opinião pública e sobre o curso dos negócios públicos. Pois a opinião acadêmica hoje,
como expressou o relatório da Comissão Reece, “é a opinião dos intelectuais de amanhã
e muito provavelmente estará depois refletida na legislação e nos negócios públicos”.
O controle exercido por uma grande fundação também não está limitado às suas
relações diretas com os executivos e administradores das instituições educacionais. A
pressão começa na parte inferior da escada acadêmica. Uma concessão de fundação
pode capacitar um iniciante para atingir seu precioso doutorado, que é o primeiro
degrau.
Esse professor descobre, à medida que progride em sua carreira, que tem poucas fontes
para aumentar sua renda além das fundações; sem essa renda acessória, não pode
alcançar aquelas distinções extracurriculares acadêmicas que lhe dão prestígio e o
impulsionam na hierarquia da educação.
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Grandes organizações distribuidoras intermediárias controlam jornais eruditos e editoras
universitárias; elas detêm a chave para as publicações acadêmicas e formam um
instrumento efetivo de patrocínio.
Assim como o presidente da instituição - cuja principal função hoje pode bem ser a de
angariar fundos – não pode se dar ao luxo de ignorar os desejos dos burocratas, também
o acadêmico não pode. Tanto os bolsistas como os levantadores de fundos logo
aprendem a estudar as predileções, preferências e aversões dos executivos das
fundações.
Não é desatenção. É o fato de que a maior parte das grandes fundações tem escolhido
operar de uma forma tão complexa que fica impossível para gestores ocupados com
outras coisas, trabalhando para a fundação somente parte do tempo, levar a cabo
adequadamente. Erros incontáveis de natureza séria têm sido tolerados por gestores
eminentes e inteligentes simplesmente porque eles não tiveram tempo para estudar,
verificar e seguir a operação detalhada da fundação suficientemente. O ingovernável
volume de negócio que desafia os gestores de uma grande fundação não justifica,
contudo, a delegação de poder tão frequentemente praticada. Tal delegação pode fazer
sentido numa empresa de negócios, onde tudo que se tem a perder é dinheiro. A
responsabilidade de uma fundação é muito mais importante, é uma responsabilidade
social.
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que instituições indubitavelmente responsáveis, como as universidades, assumissem a
função que, de outra forma, seria delegada a empregados da fundação ou subsidiada por
organizações intermediárias.
A organização era dirigida por um grupo interno de executivos. Esse grupo de controle
interno conseguiu reunir diretores que ou fariam sua vontade ou seriam demasiado
permissivos na diligência para descobrir a verdadeira natureza daquilo para o que deram
seu assentimento.
Agora vamos olhar para o outro lado do quadro. Por que os administradores da
Fundação Rockefeller, por exemplo, continuam a fazer doações substanciais ao
Instituto de Relações Pacíficas tanto tempo depois que, como indicou a Comissão Mc
Carran, havia evidência de que o Instituto tinha se tornado um agente do comunismo?
Em 1944, Alfred Kohlberg, um diretor do Instituto que tinha se tornado suspeito de suas
atividades, apresentou fatos à atenção da Fundação Rockefeller que mostravam, para
além de qualquer dúvida razoável, o caráter real do Instituto. Mesmo depois da
discussão das condições críticas, a Fundação Rockefeller continuou a fazer doações
substanciais a ele. Sua desculpa – a de que queria ajudar a “reformar” o Instituto de
Relações Pacíficas – não é defensável. Ninguém continua fazendo contribuições para
uma organização comunista na esperança de convertê-la contra o comunismo.
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comunistas. Sua influência penetrou até no Departamento de Estado. E seu apoio veio
principalmente das grandes fundações americanas isentas de imposto.
OS BUROCRATAS DA FUNDAÇÃO
Na prática, portanto, a maioria das fundações muito grandes é operada por trabalhadores
profissionais que assumem as funções de elaborar programas, e determinar e selecionar
doações e donatários. Foi muito mais angustiante para a Comissão Reece descobrir que
tais profissionais, não tendo eles mesmos responsabilidade fiduciária, exerciam tão
vasto poder. No total, os funcionários dessas fundações exercem um montante incrível
de influência e direção sobre pesquisa, educação e propaganda nos Estados Unidos e até
nos outros países.
Esses filantropóides são, então, os homens com o poder. Onde quer que eles estejam nos
círculos acadêmicos, são recebidos com respeito extraordinário e ouvidos com atenção
concentrada.
Se eles forem convencidos, por exemplo, por um executivo da fundação de que ela
deveria entrar no campo da “ciência comportamental” ou da “teoria educacional”,
poderiam fazer pouco mais além de aprovar a generalidade das dotações para o
propósito e deixar tudo o mais para os executivos contratados, que julgam saber como
agir na qualidade de intermediários entre os administradores e o campo. Eles não podem
exercer juízo, mas deixam isto aos profissionais que empregaram. Podem apenas
transferir seu poder e esperar pelo melhor.
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Alguma coisa está errada com esse método de operação. Administradores que dirigem
grandes empresas nunca sancionariam métodos desse tipo em suas próprias
organizações.
O PROBLEMA DA GRANDEZA
Algumas outras fundações estão tão intimamente aliadas na origem com algumas das
seis grandes que nelas podem ser incluídas. Entra essas estaria o Fundo da Companhia
de Motores Ford ($16.500.000); o Fundo dos Irmãos Rockefeller ($59.700.000), a
Fundação Carnegie para o Progresso do Ensino ($20.600.000); a Instituição Carnegie de
Washington ($65.100.000); a Dotação Carnegie para a Paz Internacional ($20.600.000).
Carnegie e Rockefeller declararam bens no valor de mercado. Temos boas razões para
supor que o valor combinado dos bens das seis grandes tivesse um excesso de
$4.000.000.000. É provável que a Fundação Ford, por exemplo, tenha sido listada perto
de $3.000.000.000, ao invés de meros $520.000.000.
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Há uma clara analogia entre grandeza na indústria e grandeza no mundo das fundações.
Cada uma das grandes fundações pode exercer uma influência tão poderosa no campo
das ideias que isso justifica um medo da simples grandeza. O argumento que pode ser
alegado – como, aliás, tem sido usado em relação à Grande Grandeza – é que não é
necessário provar que se tenha realmente abusado do poder que repousa na grandeza.
Basta mostrar que o poder existe.
As fundações devem sua existência ao público. Este faz um sacrifício para dar a elas
isenção de imposto, supondo que será, em troca, devidamente recompensado por sua
generosidade através da aplicação dos fundos isentos de taxa ao bem-estar comum. Por
essa razão, senão por outra, as fundações têm que ter a aprovação do público para
prosseguir; este, na verdade, estaria completamente justificado ao aplicar as restrições
legislativas nas operações da fundação em que parecesse haver perigo ao bem-estar
comum. O problema da grandeza em si da fundação pode, assim, surgir seriamente a
ponto de preocupar o público em geral, a menos que os gestores da fundação se ponham
em estado de alerta aos perigos inerentes da grandeza, evitando, no futuro, as técnicas
de planejamento conjunto; de apoio conjunto das organizações intermediárias que assim
alcançam posições de comando no mundo das ideias; e eliminando ou destruindo a
concorrência de contrapeso no apoio das ideias. A conformidade que essas técnicas
fomentam é socialmente doentia e altamente indesejável. Ela deriva em parte do uso de
um grupo comum de especialistas e de uma aplicação comum de fundos para o apoio
das modas intelectuais do dia, em vez de aplicar a teoria do capital de risco de forma
equitativa, doando proporcionalmente, ao menos, para a preservação dos valores do
passado.
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CAPÍTULO 3
A CONCENTRAÇÃO DE PODER
INTERLIGAÇÕES
Que existiam interligações entre os conselhos das fundações era claro o bastante. F.
Emerson Andrews, em sua obra Fundações Filantrópicas, menciona dois casos
complexos como evidência da proeminência nacional de muitos administradores de
fundação. Num dos casos, a fundação tinha 20 administradores que detinham 113
posições como administradores ou funcionários de outras organizações filantrópicas, ou
uma média de 5.6 cada. A série das posições externas estendia-se de 0 a 14. O Conselho
da outra fundação que o Sr. Andrews citava era composto de 14 administradores,
detendo um total de 85 posições filantrópicas externas, ou uma média de 6 por
administrador, sendo a série de 0 para 1 g. Se, como considerou a Comissão Cox, a
função do administrador de uma fundação era “onerosa” a ponto de “interferir
seriamente” em seu negócio, é o caso de perguntar como alguém poderia
simultaneamente preencher treze ou catorze cargos filantrópicos efetiva e
conscientemente.
Contudo, as associações íntimas que o Sr. Rusk elogia podem ser perigosas. Elas podem
operar no sentido de forçar nossa cultura para dentro de um padrão uniforme. Seria
muitíssimo melhor para nossa sociedade enfrentar o desperdício ocasional que a falta de
planejamento entre as fundações poderia causar do que assumir o risco de perder um
clima intelectual verdadeiramente competitivo. De fato, há similaridade entre a alegação
do Sr. Rusk pela cooperação entre as fundações e os argumentos dados pelos cartéis
industriais e pela concorrência regulada – quanto a essa questão, com a lógica para uma
economia socialista planejada.
Os homens que operam as fundações com certeza têm poder frequentemente maior que
aquele dos funcionários do governo que foram eleitos ou indicados. A aplicação da lei
para funcionários públicos é muito estrita ao definir conflitos de interesse.
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sejam destinadas a instituições ou fundos em cujos conselhos diretivos eles se sentam.
Podem ser, ao mesmo tempo, doadores e donatários. Podem favorecer seus amigos e
parentes, e pagar salários e gratificações sem limites. Há centenas de anos, a Igreja
introduziu regras contra o nepotismo. Tais regras não impedem que aqueles que estão
no controle das fundações usem seu poder para ganhar mais poder, através de
combinações com outros, endossos mútuos e apoio, além das muitas formas sutis de
conivência disponíveis para eles sob nosso sistema de fundação.
De fato, quase todas as maiores fundações insistem em aprovar a seleção de pessoal nas
organizações receptoras. Elas desejam saber quem vai gastar suas doações ou se
beneficiar com elas. Uma aparente doação é frequentemente, na realidade, um
financiamento disfarçado de um departamento da fundação. Está anexada a uma
instituição ou organização externa, mas pouca coisa lhe é deixada para fazer, exceto
escrituração e funções administrativas relacionadas. Universidades, hospitais, institutos
e sociedades eruditas às vezes fornecem nada mais que seus nomes afixados como
rótulos àquilo que é, na realidade, um projeto predileto de gestores de fundação. Com
efeito, todas as coisas do orçamento para a escolha de professores ou pesquisadores
indicados ad hoc são controladas e decididas pelos funcionários da fundação.
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OS INTERMEDIÁRIOS COMO INSTRUMENTO ASSOCIADO DE VÁRIAS
FUNDAÇÕES
Não se poderia encontrar melhor exemplo disto do que o caso do Instituto de Relações
Pacíficas, a que me referi, usado pela Fundação Rockefeller, pela Corporação Carnegie,
pela Dotação Carnegie para a Paz Internacional e outras como um agente de
distribuição. O Instituto tornou-se o especialista no Extremo Oriente. A tragédia é que
ele também se tornou um especialista em promover a causa comunista na Ásia, sendo
tão bem sucedido em seu esforço por causa do vasto apoio financeiro recebido das
maiores fundações.
23
Pacíficas, a Liga para a Democracia Industrial, o Serviço Americano de Educação para
o Trabalho.
As sociedades eruditas nas diversas “ciências sociais” foram elencadas como o terceiro
componente. O quarto consiste nos jornais eruditos nessas áreas. O quinto era “certos
indivíduos em posições estratégicas, como certos professores nas instituições que
recebem a preferência do conluio”.
O relatório continuou:
24
diretor da Corporação Rand era, ao mesmo tempo, presidente da Fundação Ford, que
concedeu a ela um milhão de dólares em 1952 somente. Entre os demais diretores da
Rand, dois pertenciam também às organizações Carnegie, um terceiro à Fundação
Rockefeller, um quarto simultaneamente à fundação Ford e à Rockefeller, um quinto e
um sexto a outras quatro fundações.]
Corporação Carnegie
Fundo da Comunidade
25
Fundação Grant
Fundação Ford
Com um apoio deste e ainda o apoio do governo, não é de admirar que o Conselho de
Pesquisa em Ciência Social tenha se tornado o maior poder em pesquisa das ciências
sociais.
Seu relatório anual de 1929-1930 divulgou um certo orgulho pelo fato de ter sido
intimamente interligado a uma rede importante: “Com nossos conselhos irmãos, o
Conselho Nacional de Pesquisa [ativo nas ciências naturais] - o Conselho Americano de
Sociedades Eruditas e o Conselho Americano de Educação -, a cooperação permanece
boa e se torna cada vez mais estreita e significativa. Há membros interligados e muito
contato pessoal das respectivas equipes”.
O Professor Colgrove testemunhou que havia uma tendência por parte das câmaras de
compensação para mudar para Washington e fazer com que suas sociedades
“constituintes” se mudassem para lá também. Essa concentração numa cidade melhora a
eficiência – eficiência numa “cooperação” que se estende bem além das conotações
comuns desse termo.
O Professor Colgrove disse também que tem havido uma concentração consciente de
direção de pesquisa pelas organizações das câmaras de compensação. Os intermediários
não são meramente agências distributivas no sentido simples da palavra. Eles assumem
uma função diretiva, [embora uma publicação do Conselho de pesquisa em Ciência
Social diga que] o Conselho não “tenta operar como uma agência coordenadora em
qualquer sentido compulsivo”. Contudo, sua total disponibilidade e o amplo apoio
recebido das maiores fundações têm dado ao CPCS um controle sobre a pesquisa nas
ciências sociais que é, segundo o relatório da Comissão Reece, “no seu uso efetivo,
indubitavelmente compulsivo”.
1
CPCS: Conselho de Pesquisa em Ciências Sociais; em inglês, SSRC (N. da T.)
26
é vitalícia. O CPCS, porém, simula representar sete das disciplinas individuais de
ciências sociais através de suas respectivas sociedades profissionais. Seu material de
escritório dá essa impressão, que é enganosa. Essas sociedades não são realmente
membros do CPCS. Elas têm permissão para eleger diretores para a junta do CPCS, mas
somente dentro dos painéis de candidatos indicados pelo próprio CPCS.
Essa prática pode não ajudar, mas produz conformidade com as ideias da “panelinha”
que regulamenta o Conselho de Pesquisa em Ciências Sociais. Ela foi introduzida em
substituição a um antigo sistema de permitir que as associações profissionais elegessem
representantes de sua escolha. Eles não têm mais a permissão de selecionar quem
consideram competente e sensato, mas somente entre aqueles indicados pela
“panelinha”.
A Comissão Reece salientou que o caráter totalitário dessa organização - tão importante
na pesquisa em ciências sociais nos Estados Unidos -, é aumentado pelo fato de que
seus “membros” não são as sociedades que ele simula representar, mas seus antigos
diretores. Um desses diretores explicou que a mudança nas regras de eleição surgiu da
necessidade de excluir os cientistas sociais ultrapassados, que contraporiam a
preferência por projetos estatísticos e empíricos.
Num sentido democrático, ao menos, o CPCS não representou a cultura americana nas
ciências sociais. Ele prosperou, contudo, dando a impressão de que o fazia. Seu poder
cresceu à medida que a impressão aumentava e à medida que ele se tornava um
beneficiário constante das maiores fundações.
“O poder do CPCS”, disse o relatório da Comissão Reece, “parece ser usado para
efetivar o controle do campo das ciências sociais” [ibidem, p. 50]. “Há evidência”, diz a
Comissão, “de que indicações profissionais no total dos Estados Unidos são
influenciadas pela bênção do CPCS.”
27
O Professor Rowe [ibidem, p.50], testemunhando sobre a influência das fundações nas
instituições educacionais, disse:
Se, pois, o controle de um jornal acadêmico estiver concentrado em poucas mãos, será
suficientemente fácil impor conceitos e filosofias a uma geração de bolsistas, e sobre
professores e autores de livros didáticos. Em mais de um exemplo isso tem, sem dúvida,
acontecido. Tal controle pode tomar a forma de negar espaço a um não-conformista.
Pode também influenciar editoras comerciais via revisores especializados, aos quais os
livros são submetidos antes da publicação. É muito provável que esses especialistas
sejam selecionados entre aqueles favorecidos pelo jornal. As editoras podem ficar
relutantes em publicar um livro de um não-conformista porque os conformistas,
vinculados e bem recebidos nas páginas de um jornal profissional, podem desacreditá-lo
com resenhas desfavoráveis ou excluí-lo de circulação retendo resenhas nos jornais
eruditos controlados e nas seções de resenha de livros. O grupo de controle tem
eficazmente o poder de recomendar livros para aquisição em bibliotecas públicas e
escolares, e de defender o uso ou a rejeição de livros didáticos selecionados. Tudo isso
pode fazer sentido com relação à conformidade.
Sejam quais forem as razões existentes nas mentes daqueles que as criaram, as
“agências de cartel” têm assumido, para todos os propósitos práticos, as funções de
agências de crédito. A tendência crescente à Gleichschaltung (eliminação do não-
conformismo) em nossas escolas e sociedades profissionais é demonstrada pela
preferência atual por “projetos”. O dinheiro é mais facilmente obtido, hoje, para
“projetos” escolhidos pelas juntas das fundações do que para objetivos gerais sem
compromissos. O administrador escolar, abordando uma fundação, com o chapéu na
mão, e ansioso para propor um projeto que se conforme às conhecidas inclinações dos
executivos da fundação, é um triste produto de nossa era. O bolsista não mais toma a
iniciativa. Ele é degradado à condição de um receptor de esmolas distribuídas por um
esmoler não mais encarregado pelo príncipe.
28
É um conselho de associações nacionais de educação, financiado por quotas dos
associados, contratos do governo, pesadas contribuições das maiores fundações e por
doações das organizações associadas. Entre seus patrocinadores estão:
Corporação Carnegie
Fundação Rockefeller
Fundo Payne
B’nai B’rith
Fundação Grant
Por mais louvável que muito do seu trabalho possa ser, o Conselho tem sido
certamente um dos meios pelos quais os fundos das fundações têm sido usados
para efetivar um controle considerável ou influência sobre a educação nos
Estados Unidos. Alguns podem argumentar, dizendo que o controle ou
influência tem sido totalmente bom – mesmo que fosse, ainda acreditaríamos
que o poder das grandes fundações de afetar as políticas e práticas educacionais
é tal que deveria preocupar o público. Pelo mesmo motivo, acreditamos que as
organizações de “câmaras de compensação”, à medida que elas podem servir a
um propósito voltado à eficiência, são de conveniência questionável quando
interligadas com essas fundações financeiramente ou por pessoal. O poder
acumulado envolvido em tal concentração nos causa preocupação.
29
expressam o desejo - tão prevalente entre os executivos das fundações - de evitar a
duplicação e conduzir ao que eles concebem como ordem.
Existe, por exemplo, uma Junta de Conferência dos Conselhos Associados de Pesquisa,
através da qual o Conselho de Pesquisa em Ciências Sociais, o Conselho Americano de
Educação, o Conselho Nacional de Pesquisa e o Conselho Americano de Sociedades
Eruditas se reúnem “para facilitar a ação em questões de interesse comum”, dando
continuidade a “antigas consultas informais dos executivos dos Conselhos”.
Um conselho para financiar ensino superior foi criado conjuntamente pelas fundações,
Carnegie, Rockefeller, Ford e Sloan, cada uma delas contribuindo com $60.000
anualmente por um período de três anos. Esse dinheiro não vai para o apoio direto do
ensino superior. Ele paga uma equipe sob a direção do Sr. Wilson Compton, que gasta
seu tempo dando consultoria a corporações industriais e a outros doadores sobre como
dar dinheiro, e prestando assistência a instituições em suas campanhas de levantamento
de fundos. Essas fundações criaram, assim, em conivência, uma outra posição de poder
de influência na educação.
O governo dos Estados Unidos gasta, agora, muito mais dinheiro com pesquisa em
ciência social do que todas as associações juntas. Isso poderia constituir uma
contraforça à influência do complexo das fundações se não fosse o fato de que, em
grande parte, as mesmas pessoas que controlam ou despendem os fundos do complexo
nos campos da ciência social também dirigem ou prestam consultoria para as despesas
do governo federal nessas áreas. Não é surpreendente, portanto, que as agências do
governo que operam nas áreas da ciência social venham exibindo as mesmas
preferências e idiossincrasias do complexo das fundações.
30
fundações e no ensino da ciência social é, em grande parte, o resultado da captura
dessas organizações inter-relacionadas por parte de homens da mesma opinião.
31
CAPÍTULO 4
Embora tal confusão possa ser divertida, o apoio das fundações nas ciências sociais
decididamente assume uma importância especial e séria. Ainda que muito da pesquisa e
ensino nessas disciplinas possa não ter qualquer relação com política, legislação ou até
negócios públicos, um extenso e vociferante setor dos cientistas sociais procura
ativamente recriar nosso governo e nossa vida pública. É difícil entender como fundos
com isenção de taxa podem ser apropriadamente usados para apoiar as idiossincrasias
desses autonomeados reformadores.
Temos aqui uma ilustração da mentalidade política agressiva vinda das palavras de um
dos líderes do mundo da ciência social apoiado por fundação, o Professor Harold D.
Lasswell, em seu discurso inaugural como presidente da Associação Americana de
Ciência Política:
Se essas frases comprometidas deixam alguma dúvida sobre a intenção política dos
cientistas sociais concebidos pelo Professor Lasswell, suas ações em associação com o
governo não. Muito desses doutores, inclusive o Professor Lasswell, prestam serviço
como “especialistas” e conselheiros a numerosas agências governamentais. Eles são os
consultores do governo, os planejadores e os maquinadores da teoria e prática
governamental. Eles estão livres dos controles e avaliações aos quais estão sujeitos os
outros três ramos do governo (legislativo, executivo e judiciário). Eles atingiram sua
influência e sua posição no governo principalmente através do apoio das fundações; e
esse apoio tem sido dado sobretudo a pessoas, instituições e idéias de uma coloração
liberal-progressiva, senão socialista.
32
ideologia das pessoas de nossa assim chamada pesquisa social “aplicada” parece ser a
mesma das fundações ou corporações que lhes dão o dinheiro.
A EXCLUSÃO DO DISSIDENTE
Por trás da perseguição ao Professor Hobbs, e responsável por ela, encontra-se o fato de
que a “concentração de poder” apoiada pelas fundações irritou-se com sua
independência de opinião e sua crítica franca. Ele tem sido um forte crítico de muitos
dos métodos usados na pesquisa contemporânea de ciência social, métodos que o
complexo das fundações fomentou.
Somente uns poucos (seis) livros tentam apresentar uma visão objetiva e integrada dos
princípios e processos que caracterizam as instituições econômicas dos Estados Unidos.
De forma característica, a maior parte do tratamento dado à economia é devotada à
crítica, à ênfase na má distribuição de riqueza e de renda, e à apresentação de remédios
ou alternativas para princípios e processos econômicos predominantes [As
Reivindicações da Sociologia, p. 81].
O Professor Hobbs não está sozinho nessas críticas. Muitos professores eminentes
concordam com ele. Mas ele foi um daqueles poucos que tiveram a coragem de
expressar suas opiniões. Aqueles que dominam a pesquisa em ciência social apoiada por
fundações professam defender a liberdade de opinião, mas não encorajam a expressão
de opiniões contrárias às suas próprias. Professam defender a “controvérsia” e declaram
seu direito de usar os fundos das fundações para promovê-la. Com mais frequência do
que se desejaria, contudo, é apenas um lado de uma controvérsia que eles desejam
ouvir, quando ela tem implicações políticas – o lado da esquerda.
33
O CIENTIFICISMO FOMENTADO PELA FUNDAÇÃO
O Professor Hobbs depôs junto à Comissão Reece que os muitos milhões de dólares
derramados anualmente na pesquisa em “ciência social” por algumas das grandes
fundações e seus satélites ou organizações interligadas, como o Conselho de Pesquisa
em Ciência Social, são grandemente desperdiçados e improdutivos de qualquer coisa
substancial ou útil. Mas o desperdício envolvido não era a sua crítica mais severa. Ele
deu um exemplo atrás do outro dessa pesquisa que oferecia um perigo direto à nossa
sociedade. O que se esconde por baixo do nome de “ciência social” hoje é o que o
Professor Hobbs chamou de “cientificismo” [ver A. H. Hobbs, Problemas Sociais e
Cientificismo, Stackpole, 1953].
Os “cientistas sociais”- que têm seguido o curso tão amplamente encorajado pelo
dinheiro das fundações - ficaram hipnotizados, parece, pelo título de “cientistas” de que
se apropriaram indevidamente. Eles concluíram que somente “cientistas sociais” podem
resolver nossos problemas sociais. Fizeram de si próprios uma “élite” – chamaram-se a
si mesmos de “engenheiros sociais”.
Os “médicos sociais” adquiriram uma “mania de verificação dos fatos”- eles entraram
mar adentro do empirismo. Tentando imita o uso do método empírico como um dos
instrumentos necessários da ciência natural, eles esqueceram, com demasiada
frequência, que o cientista natural lida com fatos mensuráveis, enquanto o cientista
social só pode medir pouco comparativamente; que o cientista natural estabelece
hipóteses condicionais e as testa através de experimento, enquanto o cientista social
dificilmente pode fazer experiência com seres humanos fora de um campo de
concentração totalitário.
Uma ênfase exagerada sobre os fatos enquanto fatos é uma das características daquilo
que é, às vezes, chamado de abordagem empírica. Idealmente, o empirismo podia
significar que os investigadores se basearam unicamente na observação controlada e
evidência experimental. Na verdade, muito do empirismo em ciência social não envolve
experimentação rígida e os fatos são questionáveis, fragmentários e tendenciosos.
34
Em seu livro Modas e Pontos Fracos em Sociologia Moderna, o Professor Sorokin
destrói a “ilusão do operacionalismo” e a fobia de medição na pesquisa em ciência
social:
A lei moral aceita deve ser levada em consideração em qualquer tentativa para encontrar
soluções socialmente aceitáveis para os problemas sociais. Mas os “engenheiros
sociais”, que se dedicaram a nos “dirigir” para dentro de caminhos melhores, rejeitam
esse princípio. Desse modo, se o Dr. Kinsey conclui que as garotas seriam mais felizes,
a longo prazo, se seus casamentos fossem precedidos por experiência sexual
considerável e até mesmo incomum, então, dizem esses “engenheiros sociais”, os
conceitos morais e legais que a proíbem deviam ser abandonados.
Nem, dizem esses “engenheiros sociais”, quaisquer princípios políticos devem ser
aceitos como básicos. Se, por exemplo, uma função pode ser mais eficientemente
exercida pelo governo federal do que pelos estados individuais, ela deve ser assim
exercida, independentemente do princípio da jurisdição federal limitada, que é
fundamental para nosso sistema e é nossa maior proteção contra o totalitarismo.
35
durante o século passado. Um mundo interdependente está sendo forçado a uma
percepção das limitações da liberdade individual e da escolha pessoal” [ibidem,
p. 126].
Para deixar essa situação duplamente clara, citarei uma vez mais o Conselho de
Pesquisa em Ciência Social, porque ele é, mais ou menos, o espírito orientador da
pesquisa em ciência social. Seu relatório de 1928-1929 revela um de sues propósitos:
um método empírico de pesquisa mais sólido tinha que ser alcançado na ciência política,
se fosse para auxiliar o desenvolvimento de um controle político científico [ibidem,
p.125].
Em meio ao material usado pela Comissão estão cartas recebidas de três dos sociólogos
de liderança nos dias de hoje, Professor Pitirim A. Sorokin, de Harvard, Professor Carle
C. Zimmerman, de Harvard, e Professor James H. S. Bossard, da Pensilvânia. O
Professor Zimmerman foi longe o bastante para dizer:
36
Estados Unidos da América, durante os últimos 25 ou 30 anos, não produziu
qualquer teoria social nova significativa, ou algum método novo, ou alguma
nova técnica, ou qualquer teste cientificamente válido, ou mesmo alguma
uniformidade causal limitada”. ... “Como resultado, estamos hoje de posse de
montanhas de dados quantitativos, cuja interpretação não é favorecida por
nossos experimentos, e não descobrimos leis da maneira como as ciências exatas
conhecem lei. Somente possuímos grandes volumes de conclusões quantitativas
quase inúteis para fins de previsão”.
Não é de admirar que tamanha esterilidade tenha resultado nos campos da pesquisa em
ciência social. Há pouca controvérsia nessa “ciência” assim mantida. Os pesquisadores
trabalham num clima criado pela fundação, que oferece recompensas para a
conformidade e penalidade ou abandono para o dissidente. O efeito degradante disso
sobre o mundo acadêmico dá a razão para a esterilidade geral da pesquisa em ciência
social nos Estados Unidos.
37
ROCKEFELLER FINANCIA O CIENTIFICISMO DO DR. KINSEY
O Professor Hobbs afirmou com acerto que os cientistas sociais deviam tomar o maior
cuidado ao informar o público quando seu trabalho não é verdadeiramente “científico. O
sentido do termo “ciência social” implica no fato de que suas conclusões são inatacáveis
porque foram alcançadas “cientificamente”. Há o perigo constante, então, de que os
leigos assumam essas conclusões como bases axiomáticas para a ação social. Talvez a
melhor ilustração disso seja o número notável de escritos que apareceram depois da
publicação dos relatórios sobre os estudos de Kinsey apoiados pela Fundação
Rockefeller.
Apesar das limitações patentes do estudo e seu viés persistente, suas conclusões
relativas ao comportamento sexual foram amplamente aceitas. Foram apresentadas em
aulas de faculdade; médicos as citaram em palestras; psiquiatras as aplaudiram; um
programa de rádio observou que as descobertas estavam servindo de base para a revisão
dos códigos morais referentes a sexo; e um editorial de um jornal para estudante
universitário admoestou a administração da faculdade para que providenciasse medidas
favoráveis às escapadas sexuais dos estudantes, de acordo com as “realidades
científicas” estabelecidas pelo livro.
Alguns desses “Kinseyítas” chegaram a dizer que nossas leis estavam erradas porque
não seguiam os “fatos” biológicos. Relatórios publicados como esses de Kinsey causam
danos quando fingem revelar falsamente “fatos “biológicos. Grande parte do produto
Kinsey não tem base em “fato” verdadeiro e é mera propaganda para alguns conceitos
pessoalmente intrigantes.
“Como ilustração, no segundo volume está enfatizado, por exemplo que nós
objetamos contra adultos molestadores de crianças principalmente porque fomos
condicionados contra eles, e que as crianças que foram molestadas se tornam
emocionalmente perturbadas principalmente por causa das atitudes ultrapassadas
de seus pais quanto a tais práticas, e os pais (a implicação é) são quem causam
os danos reais, fazendo um estardalhaço sobre o fato de uma criança ser
molestada. Porque o molestador, e aqui eu cito diretamente de Kinsey, “pode ter
contribuído favoravelmente para o seu futuro desenvolvimento sociosexual”. Ou
38
seja, um molestador de crianças pode não só, insiste Kinsey, não as ter
prejudicado, mas pode ter contribuído favoravelmente para seu futuro
desenvolvimento sociosexual. Enfatizados de maneira especial no segundo
volume, o volume sobre mulheres, são os supostos efeitos benéficos das
experiências sexuais pré-maritais. Tais experiências, Kinsey afirma:
proporcionam uma oportunidade para que as fêmeas aprendam a se ajustarem
emocionalmente a diversos tipos de machos”. Evitar que as mulheres tenham
experiência sexual pré-marital, de acordo com o Professor Kinsey, pode levar a
inibições que danificam a capacidade de reagir, de tal maneira que essas
inibições podem persistir por muitos anos depois do casamento, “se, de fato, se
dissiparem”. Assim, tem-se uma contínua ênfase na conveniência do
envolvimento das mulheres no comportamento sexual pré-marital. Em ambos
esses volumes, há uma ênfase persistente, um questionamento persistente dos
códigos tradicionais e das leis relativas ao comportamento sexual. O Professor
Kinsey pode estar certo ou errado, mas quando alguém dá a impressão de que as
descobertas são científicas no mesmo sentido das descobertas em ciência física,
aí o assunto vira não uma questão sobre se ele é uma pessoa correta ou incorreta,
mas uma questão sobre a impressão que é dada ao público, que pode ser
completamente infeliz (Audiências, pp.129, 130).
39
A doutrina pueril de que a mudança é sempre necessária tem levado muitos desses
“cientistas” a acreditar que não existem mais quaisquer “direitos inalienáveis”, nem
deveres imutáveis. Eles se consideram justificados, com o apoio das concessões das
fundações, para rotular seus preconceitos como verdade e para fazer experiências com a
sociedade.
Parece, para essa Comissão, que há uma forte tendência da parte de muitos dos
cientistas sociais – cuja pesquisa é favorecida pelas maiores fundações na
direção do conceito de que não existe o absoluto – para achar que tudo é
indeterminado, que nenhum padrão de conduta, de moral, de ética e de governo
deve ser considerado inviolável, que todas as coisas, incluindo a lei moral
básica, estão sujeitas à mudança e que cabe aos cientistas sociais não aceitar
nenhum princípio concedido como uma premissa no raciocínio social ou
jurídico, por mais fundamental que ele possa ter sido considerado até agora sob o
sistema moral judaico-cristão.
Em face das evidências produzidas pela Comissão Reece, é fútil negar que o complexo
das maiores fundações inclinou sua pesquisa e seu trabalho para a esquerda. Um
exemplo típico é a produção de O Estudo Adequado da Humanidade, escrito por
Stuart Chase, por sugestão de Donald Young, à época membro do Conselho de Pesquisa
em Ciências Sociais, e de Charles Dollard, então membro da Corporação Carnegie, para
retratar a condição e o funcionamento das ciências sociais. Esse livro teve um impacto
enorme. Aproximadamente cerca de 50.000 cópias foram vendidas, o que, para um livro
dessa espécie, é verdadeiramente monumental.
O livro, de fato, pode corretamente ser considerado como tendo sido uma publicação
semioficial do Conselho de Pesquisa em Ciências Sociais.
“Preparem-se, agora, para uma surpreendente proposição universal”, diz o Sr. Chase:
40
perduram são construídos sobre a pessoa comum que pode ser treinada para
ocupar qualquer posição adequadamente, senão brilhantemente [Relatório da
Comissão Reece, p. 87].
E como se dará essa administração “científica”? Infere-se do livro do Sr. Chase – que
parece representar a linha oficial do complexo das fundações – que isso ocorrerá através
de um “determinismo cultural”, por meio da moldagem de nossas mentes pela
propaganda. O Sr. Chase escreveu:
Comentando esse livro, o Professoro Hobbs viu que “o determinismo cultural é uma
arma tanto do fascismo, como do comunismo, uma variante da “lavagem cerebral” das
experiências do russo Pavlov sobre o condicionamento de cães [IBID., pp. 86-87].
Não estou sugerindo que as fundações que financiaram o projeto deveriam tê-la
censurado, ou controlado de alguma forma sua produção. Eu realmente sou de opinião
que elas deveriam ter se certificado de que aqueles que iriam editá-la e criá-la tivessem
a objetividade necessária. Nisso elas [as fundações] falharam.
41
“Eu acho que o desenvolvimento das ciências sociais neste país, nos últimos 40
ou 50 anos, tem sido pesadamente influenciada, em minha opinião, por ideias
importadas do exterior, que foram conectadas – senão originadas – à
mentalidade socialista; e afirmar isso é simplesmente dizer que é normal na
ciência social, hoje, aceitar uma boa parte de determinismo econômico, aceitar
uma boa porção de ênfase na pesquisa empírica acima e contra o pensamento
básico e o avanço da teoria, e aceitar um monte de ideias sobre a posição do
cientista social na sociedade, que me parece um tanto alienado da tradição
americana.”
“Acho que é preciso ter em mente que a teoria da engenharia social está
estreitamente relacionada com a noção de elite, que encontramos dominante no
marxismo, a noção de que umas poucas pessoas são aquelas que possuem a
tradição e que têm a habilidade, e que essas pessoas podem manobrar o povo
como um todo na direção de um caminho melhor de vida, não importando se ele
gosta e quer isso ou não. É dever delas conduzi-lo à força, por assim dizer, nessa
direção. Tudo isso está amarrado à convicção dos marxistas de que eles parecem
ter – mais do que realmente têm – uma ciência social perfeita. Este é mais um
dogma do marxismo – que eles têm uma ciência social que é perfeita; ele não só
explica toda a história passada, mas ainda conduzirá para a completa vitória do
estado socialista numa base mundial. Quando refletimos sobre até que ponto
essas ideias se tornaram aceitas na comunidade intelectual americana, acho que
devemos ficar um pouco alarmados e um pouco hesitantes sobre a direção para a
qual caminhamos.”
Eu acho que houve, infelizmente, uma tendência por parte das fundações em
promover pesquisa que é patológica no que diz respeito a assinalar os aspectos
negativos do governo americano, da política americana, da sociedade americana
e assim por diante, em vez de enfatizar os aspectos bons [ibid., p.116].
42
PESQUISA DE MASSA – INTEGRAÇÃO E CONFORMIDADE
Dois longos artigos sobre fundações de William H. Whyte Jr. apareceram na revista
Fortune (outubro e novembro de 1955) antes da publicação de seu livro, O Homem da
Organização.
Seu segundo artigo, intitulado “Onde as Fundações Caem”, é dedicado quase que
inteiramente à crítica da tendência das grandes fundações para alimentar pesquisa de
massa.
Ao fazer concessões, elas canalizam o volume de seu dinheiro em larga escala para
projetos e programas de equipes, reservando uma pequena parte para a pesquisa
individual. Ademais, isso tende a perpetuar-se. Os acadêmicos fazem gracejos em
particular (e com amargura), dizendo que é mais fácil conseguir $500.000 de uma
fundação do que $5.000; compreensivelmente, muitos reagem inflando seus projetos, e
quanto mais o fazem, mais satisfeitas ficam as fundações, considerando seu método de
doar como o mais adequado.
A maioria dos cientistas sociais acredita que as fundações desejam apoiar (a) grandes
projetos, (b) mapeados detalhadamente, (c) ajustados aos interesses da fundação.
Mesmo quando querem fazer alguma pesquisa pequena e independente por si próprios,
homens que estão no auge frequentemente têm grande dificuldade em conseguir
dinheiro para tanto. Há, também, o “lobo solitário”, o homem que insiste em perseguir
seu próprio curso independente. De um modo geral, as fundações o descartam como não
sendo um problema.
O Sr. Macdonald citou Einstein, dizendo: “Sou cavalo de um arreio só, não talhado para
a carruagem ou trabalho em equipe; pois bem sei que para atingir qualquer meta
definitiva, é imperativo que uma única pessoa pense e comande.”; e citou também
Elbridge Sibley, quando estudava as necessidades do pesquisador do tipo “lobo
solitário” para a Fundação de Pesquisa em Ciência Social, dizendo: “Não foi encontrado
- nem é provável que venha a ser – um substituto efetivo para a mente humana
individual enquanto instrumento para fazer novas descobertas fundamentais.”
43
SR. ROWE – “Do meu ponto de vista, as fundações e essas organizações de
pesquisa, como o Instituto de Relações Pacíficas, perderam o controle da
coordenação de pesquisa. Elas se comprometeram tão completamente com a
coordenação de pesquisa que, de fato, em vez de apoiar uma grande variedade de
projetos que enriqueceriam o cenário intelectual americano pela diversidade –
que é um valor no qual eu acredito essencialmente –, você vê um estreitamento
da ênfase, uma concentração de poder, uma concentração de autoridade e um
empobrecimento do cenário intelectual americano. Isso nos interessa
particularmente porque, veja, exercendo o poder sobre pesquisa desse jeito e
insistindo na integração da atividade de pesquisa, qualquer um que queira pode
controlar os resultados de pesquisa nas universidades americanas.
Intelectualmente falando, este país corre um grande risco de tentar
intelectualmente imitar a abordagem totalitária ao permitir que pessoas em
centros de poder financeiro – elas não têm poderes políticos neste sentido –
digam ao público sobre o que estudar ou trabalhar e que estrutura estabelecer. Se
eu puder continuar por mais um instante, Senador, gostaria de chamar sua
atenção para o fato de que Adolf Hitler muito eficazmente frustrou a pesquisa
atômica na Alemanha por dizer aos físicos o que ele queria que eles
alcançassem. Ora, isso é verdade. E se você pode fazer isso em física atômica,
pode fazer 10 vezes mais rápido nas assim chamadas ciências sociais. Agora
você consegue entender sobre o que estou falando quando me refiro a essa
direção interligada? Isso é o que me incomoda. Mas quando você tem um
vínculo no dinheiro, um vínculo na promoção de monografias, um vínculo na
pesquisa e um vínculo na publicação, então eu lhe digo que os intelectuais
receberam rédeas e antolhos.”
SR. ROWE – Correto. Eles não fazem parte da equipe e não têm a chance de
levar a bola. Agora, para o membro da faculdade, isso significa dinheiro, renda,
sua sobrevivência. É vital. Não é apenas algo recreativo, sabe? E, claro, lembre-
se disso. As pessoas da fundação têm que ter trabalho. Têm que ter alguma coisa
para administrar. Eles não querem doar o dinheiro para as universidades e dizer
“Vão em frente e gastem do jeito que quiserem”. Eles querem ver que a
atividade compensa. Ela tem que ter um certo peso. E para que isso aconteça,
não vamos dar o dinheiro para uma universidade onde vão permitir que qualquer
Tom, Dick ou Harry que seja professor expresse seu próprio pensamento. “Não,
nós queremos uma integração.” Aliás, não pude encontrar melhor exemplo dos
perigos da doação de grandes somas de dinheiro, por anos a fio, a organizações,
sabe, com objetivos de pesquisa do que o perigo que está seriamente envolvido
no próprio Instituto de Relações Pacíficas. É um bom exemplo do fato de que o
poder corrompe, e de que quanto mais poder você tem, mais corrupto você fica
[Relatório da Comissão Reece, p. 41 et seq.]”.
O Professor Rowe ilustrou um outro aspecto da tendência das fundações para organizar
pesquisa de acordo com planos pré-determinados. Ele citou a tentativa da Corporação
44
Carnegie de induzir a Universidade de Yale “a eliminar o trabalho que estamos fazendo
no campo do Extremo Oriente e concentrar nosso trabalho no campo do sudeste
asiático”. Seu depoimento prosseguiu:
“A única razão para eu lhes apresentar esse incidente tão detalhadamente é para
indicar o que considero ser uma tendência real nas fundações de hoje de adotar a
função de tentar racionalizar a educação superior e a pesquisa, nesse país, nesse
sentido da assim chamada maior eficiência. Usei a expressão “assim chamada”
deliberadamente porque, no meu ponto de vista, a noção de que a eficiência
educacional, investigativa e erudita pode ser produzida desse jeito numa
sociedade democrática é inaceitável. A mim me parece que, numa sociedade
democrática temos que nos esforçar por conseguir a maior diversidade possível e
a diferenciação entre as universidades nesse sentido, e a sugestão de que uma
universidade qualquer deveria monopolizar mais ou menos um campo, ou umas
poucas universidades monopolizarem um campo, e dar os outros campos para
que outras façam o mesmo, isso é repugnante para mim pessoalmente. Não está
de acordo com minha noção de liberdade acadêmica no tipo de sociedade
democrática na qual acredito [ibid., p 35]”.
Como o Professor Rowe colocou: “O que deve pensar um professor quando aparece
gente com dinheiro e diz à sua universidade que o que ele está fazendo é inútil e deve
ser liquidado porque está sendo feito de modo muito melhor em outro lugar?”
45
CAPÍTULO 5
Nós questionamos, contudo, se as fundações teriam poder até para fazer o bem da
maneira coercitiva que era empregada. Nunca é demais repetir que o poder em si
mesmo é perigoso. O que podia ter sido usado para um propósito benigno poderia, no
futuro, ser empregado para promover objetivos contra os interesses das pessoas. Dizer
que homens bons conduziam as fundações não anula o perigo. É o poder que é perigoso
– poder não controlado pela responsabilidade pública [ibid., p. 135].
E não é difícil ser bem sucedido nisso. O país está cheio de faculdades e universidades
famintas de doação. O número de acadêmicos miseravelmente pagos é incontável. Os
professores têm que comer; e as universidades têm que pagar seus zeladores. Embora
seja possível que a maioria dos acadêmicos e administradores resista, suas vozes
46
reunidas não são tão poderosas como aquelas de uma minoria de acadêmicos
subsidiados na publicação de seus escritos, e de uma minoria de administradores cujas
instituições florescem financeiramente. Como é difícil resistir quando a pressão para
mudar conceitos educacionais vem acompanhada de um persuasivo fluxo de centenas de
milhões ou mesmo bilhões!
Qualquer que seja sua origem ou manifestação anterior, há pouca dúvida de que o
movimento radical na educação foi acelerado por um movimento socialista organizado
nos Estados Unidos. Em 1905, a Sociedade Socialista Intercolegial foi criada sob a
direção de Jack London, Upton Sinclair e outros para a promoção ativa do socialismo.
Ela estabeleceu ramificações em muitas grandes faculdades e universidades, onde se
desenvolveram líderes para exercer influência futura considerável. Essa Sociedade não
foi uma organização transitória. Ela ainda existe e opera, hoje, como uma fundação
isenta de imposto, tendo mudado seu nome, alguns anos atrás, para Liga para a
Democracia Industrial [que será discutida em detalhes no próximo capítulo].
47
Nas audiências de Reece, o Sr. Sargent citou o Fabianismo na Grã Bretanha, um livro
de Margaret Patrícia McCarran, filha do falecido Senador McCarran, no qual ela
descreve a extensão gradual da influência da ideia de Fabian. O Sr. Sargent considerou
movimento socialista na América – aquele impelido pela Sociedade Socialista
Intercolegial – um produto do movimento de Fabian.
O mesmo panfleto [Relatório da Comissão Reece, pp. 147-149] observou que John D.
Rockefeller, através do Conselho Internacional de Educação, doou $100.000 para criar
um Instituto Internacional na Faculdade de Professores.
48
CARNEGIE FINANCIA UM DECRETO SOCIALISTA PARA A EDUCAÇÃO
Esse foi um apelo aos professores da América para condicionar nossas crianças à
aceitação de uma nova ordem em processo de transição. Quanto à natureza dessa
49
pretensa ordem, não pode haver dúvida. O Professor Harold J. Laski, filósofo do
socialismo britânico, afirmou sobre o relatório da Comissão:
O que esses cavalheiros propõem que seja feito é apresentado no fim de seu
capítulo que fala sobre os passos seguintes. Está dito que primeiro é para acordar
e consolidar liderança em torno da filosofia e objetivo da educação exposta no
relatório. Que a Associação Histórica Americana, em cooperação com o
conselho Nacional de Estudos Sociais, providenciou para que a revista The
Outlook 2 fosse assumida como um jornal de ciência social para os professores.
Que os autores de livros didáticos devem renovar e reescrever seus antigos
trabalhos de acordo com esse quadro de referência. Esse relatório tornou-se a
base para uma tendência definitiva no currículo para a seleção de certos fatos
históricos e para a exclusão de outros [ibid., p. 153].
2
Em português: A Perspectiva (N. da T.)
50
político-social, a responsabilidade por seu impacto na sociedade não pode ser esquivada
pela manipulação de termos, como “socialismo” e “Novo Acordo”.
Essa justificativa dos administradores da fundação não pode ser aceita por pessoas
sensatas. Como já observei, existe a obrigação de se certificar da objetividade que vai
acompanhar a operação de uma concessão proposta. O que é igualmente importante –
há uma obrigação de examinar o produto e, se for encontrada falta de objetividade,
providenciar os meios de proteger o público contra seus efeitos.
OS EDUCADORES RADICAIS
Entre os favoritos desse movimento radical em educação apoiado por fundação estava o
Professor George S. Counts, um líder no projeto de usar as escolas para reformar nossa
ordem política e social.
Que muitos homens como estes (políticos travestidos de educadores) tenham atingido
tal proeminência é algo que deve ser atribuído ao apoio das fundações.
51
Outro desses “educadores” nos dá uma ideia de quão perto eles chegaram do
totalitarismo Num artigo na revista A Educação Progressiva, o Professor Norman
Woelfel escreveu:
Pode ser necessário paradoxalmente para nós controlar nossa imprensa como a
imprensa russa é controlada e como a imprensa nazista é controlada [ibid., 0.
153].
A geração mais jovem está na sua e a última coisa que interessaria à juventude
moderna é a salvação da tradição cristã. Os controles ambientais que os técnicos
alcançaram e as operações por meio das quais os operários ganham sua
subsistência não precisam da ajuda ou sanção de Deus nem de qualquer bênção
da Igreja. Nas mentes dos homens que pensam experimentalmente, a América é
concebida como tendo um destino que explode as demasiadamente óbvias
limitações das sanções da religião cristã e da economia capitalista de lucros
[ibid., p. 144].
52
na sua produção. Mais que isso, o próprio fato do apoio da fundação (ou o apoio de uma
organização distribuidora intermediária) ao seu projeto e a consequente inferência da
aprovação criarão um clima de opinião favorável à aceitação de seu trabalho pelas
escolas. Antes das recentes investigações do Congresso, pelo menos, os autores radicais
consideravam uma questão simples conseguir a liberalidade das fundações. Sob a
influência das “panelinhas” no mundo do ensino, as escolas nos Estados Unidos foram
inundadas com livros que desacreditaram o sistema da livre-empresa e as tradições
americanas.
Os famigerados livros didáticos de Rugg eram dessa classe. Foram preparados pelo
Professor Harold Rugg, que começou, na Escola Experimental Lincoln, financiada pelas
fundações Rockefeller, a emitir panfletos que se tornaram estas séries de livros
didáticos. Cinco milhões de cópias dos livros foram despejados nas escolas americanas
até 1940 – quantos desde então, não sei. Foram banidos finalmente das escolas no
Estado da Califórnia depois que uma lista de homens competentes - indicados pelo
Conselho de Educação de São Francisco – unanimemente os considerou repreensíveis.
Uma das razões apresentadas por essa lista era que esses livros promoviam a tese de
que, entre as funções das escolas a principal era planejar o futuro da sociedade. Mais
que isso, os livros continham uma ênfase constante a nossos defeitos nacionais.
Certamente consideraríamos um grande erro pintar nossa nação como perfeita, mas é
nossa convicção que esses livros oferecem decididamente uma impressão distorcida
através de uma sobrecarga de fraquezas e injustiças. Eles tendem, portanto, a
enfraquecer o amor do estudante pelo seu país, o respeito pelo seu passado e a confiança
no seu futuro.
O Sr. McKinnon, um dos membros da lista, acrescentou que esses livros negavam a lei
moral; que o Professor Rugg estava tentando concluir “uma reconstrução social através
da educação”. “Um viés antireligioso”, disse ele, “atravessa os livros” [Relatório, pp.
149-150].
Vamos dar uma olhada mais atenta no Professor Rugg. Em seu livro Grande
Tecnologia [John Day, 1933] Rugg, que tinha visitado a China, no ano anterior, numa
missão para preparar um projeto de “reconstrução social e educação” para aquele país,
disse:
Maneiras independentes de viver podem ser realizadas por mais tempo sobre
uma base competitiva irresponsável? Não é necessário que um controle público
central seja imposto sobre os beligerantes capitães da indústria que se
promovem? Esse controle pode ser estabelecido com o consentimento de uma
grande minoria de pessoas com rapidez suficiente para prevenir a imposição da
ditadura – que parece iminente - por parte ou dos líderes empresariais, ou de um
bloco de agricultores proletários ultrajados?
Ele fez essas perguntas não se referindo à China, mas aos Estados Unidos!
Milhões de livros didáticos escritos por este homem foram usados, de uma só vez, em
nosso país. Seguindo as Recomendações da Comissão de Estudos Sociais financiada
pela Carnegie, ele sugeriu que tal mudança exigia uma doutrinação de nossa juventude
através das escolas. Ele recomendou que a ciência social fosse o “núcleo do currículo
escolar” para ocasionar um clima de opinião favorável à sua filosofia.
53
Através dos esforços deste e de outros seguidores das Recomendações e através da rede
de patrocínio da Faculdade de Professores da Universidade de Colúmbia, a filosofia
educacional que o Professor Rugg abraçou logo permeou o sistema escolar americano.
Essa filosofia envolve:
O Estado da Califórnia baniu esses livros também de suas escolas depois que uma
comissão legislativa, a Comissão Dilworth, investigou e concluiu, em seu relatório, que
eles eram tentativas sutis para apregoar o Marxismo e destruir nossas tradições.
Uma crítica específica foi feita aos livros de referência elencados nos panfletos
Construindo a América como guias para informação adicional. Esse livros
recomendados foram considerados como sendo altamente tendenciosos e com
54
probabilidade de doutrinar os alunos de uma maneira contrária às melhores tradições da
América.
A revolução e o regime bolchevique são apresentados como uma bênção para o povo
russo. Na descrição da longa estrada que conduziu ao comunismo, não há uma única
palavra ou fato de crítica em relação ao terror vermelho assassino de 1917 e 1918, ou
sobre a traição do comunismo ao destruir as esperanças dos revolucionários democratas
da Rússia.
Há um capítulo sobre tornar o Estado seguro para o socialismo, que inclui isto:
“Provavelmente nenhuma outra nação jamais fez tais avanços ao oferecer as
oportunidades educacionais para o povo.” A imagem retratada do progresso social não
contém nenhuma referência à obliteração da liberdade, aos campos de concentração, aos
expurgos e às atividades subversivas mundiais dirigidas por Moscou.
Esses livros que mencionei são apenas um pequeno exemplo do que tem acontecido
com o material de ensino em nossas escolas e faculdades.
Não é de admirar que alguns de nossos cidadãos, diante do caráter político de muito
daquilo que simula ser ensino sociológico, tenham dificuldade em distinguir entre os
termos “sociologia”, “as ciências sociais” e “socialismo”.
55
O PROJETO DE EDUCAÇÃO DOS CIDADÃOS
56
CAPÍTULO 6
“NOS ESTADOS UNIDOS tivemos duas revoluções violentas: aquela que nos libertou
da Inglaterra e aquela que procurou dividir-nos. Eu sugiro que estamos, agora, na
Terceira Revolução Americana, de jeito nenhum menos séria pelo fato de ser incruenta.
Esta nova revolução é um movimento de reforma que deu errado. Tornou-se uma
tentativa de instituir o estado paternalista, onde a liberdade individual deve estar
subordinada e esquecida no mau uso da teoria do maior bem para o maior número.”
Escrevi essas palavras num artigo publicado no Jornal da Ordem Americana dos
Advogados, de maio de 1953. Minha declaração pode não ter sido inteiramente exata.
Em vez de dizer que estamos na Terceira Revolução, teria sido melhor ter dito que ela
está quase concluída; que tudo o que podemos esperar é por uma contrarrevolução.
O Professor Harris devia ter acrescentado que a revolução foi materialmente ajudada
pelas fundações.
Uma boa parte do ímpeto da “revolução” veio dos marxistas. Até que ponto alguma
parte dela veio dos verdadeiros comunistas é algo que provavelmente nunca seremos
capazes de juntar de forma adequada – mas há igualmente pouca dúvida de que muito
dessa “revolução” foi de inspiração comunista. A presença no governo de tantos
comunistas declarados durante o New Deal [Novo Acordo, traduzido] e o Fair Deal
[Acordo Justo] torna essa conclusão inevitável. Além disso, há muitas evidências de que
os comunistas fizeram incursões substanciais e diretas no mundo das fundações, usando
os recursos delas para promover sua ideologia.
A Comissão Reece tem sido severamente criticada por afirmar que influências
subversivas vêm desempenhando um papel na história das fundações nos Estados
Unidos. No entanto, foi sua antecessora, a Comissão Cox, que tornou isso totalmente
evidente, na medida em que estava envolvida a real penetração comunista nas
fundações. Essa comissão produziu provas que apoiaram sua conclusão de que tinha
havido uma específica conspiração dirigida por Moscou para penetrar nas fundações e
usar seus fundos para a propaganda comunista e para sua influência na sociedade. Havia
também evidência de que essa conspiração tinha sido bem sucedida numa certa medida.
57
Phelps Stokes foram usados com sucesso pelos comunistas. As fundações Marshall e
Garland tinham, com efeito, perdido suas isenções de impostos. A investigação Cox
também divulgou a descoberta de cem concessões para indivíduos e organizações com
registros esquerdistas extremos, que tinham sido feitas por algumas das mais
importantes fundações, incluindo a Fundação Rockefeller, a Corporação Carnegie, a
Dotação Carnegie para a Paz Internacional, a Fundação John Simon Guggenheim, a
Fundação Russell Sage, a Fundação William C. Whitney e a Fundação Marshall Field.
Cem concessões não é muita coisa, comparada com o total de concessões das
fundações. Mas o Professor Rowe deixou claro - no seguinte depoimento perante a
Comissão Reece -, em primeiro lugar, que o problema é qualitativo e não quantitativo;
e, em segundo lugar, que o efeito total da penetração comunista não pode ser medido
pela mera consideração do número de doações diretas a indivíduos comunistas
[Relatório da Comissão Reece, pp. 199-200]:
As pessoas que podem ser rastreadas e rotuladas pelo FBI são uma minoria
muito, muito pequena. Ocupam uma posição muito poderosa e potencialmente
importante, mas as pessoas que fazem o trabalho importante não são
identificáveis e, se eu estivesse planejando infiltrar pessoas nos Estados Unidos,
gostaria que elas não fossem identificáveis [Audiências da Comissão Reece, p.
536].
PENETRAÇÃO SOCIALISTA
Se algum americano deve saber como os comunistas operam, esse americano é J. Edgar
Hoover. Num discurso em outubro de 1955, o Sr. Hoover disse que os comunistas
fazem seu trabalho mais efetivo através de “liberais fictícios”. Eles os definiu como
58
O relatório da Comissão Reece dá um exemplo desse processo nas palavras do Sr.
Pendleton Herring, Presidente do extremamente poderoso Conselho de Pesquisa em
Ciência Social.
FUNDAÇÕES E “SUBVERSÃO”
59
Em nossa sociedade livre, crítica direta e honesta não só é permitida, mas
imensamente desejável. Os indivíduos que se engajam abertamente em
tal crítica, que criticam instituições políticas a partir de uma perspectiva
política - e instituições econômicas a partir de uma perspectiva
econômica – deveriam dar asas à imaginação e ser encorajados. Os temas
envolvidos na permissão de crítica aberta e honesta, contudo, diferem
vitalmente dos temas levantados pela subversão promovida pelas
fundações. Algumas dessas diferenças vitais são as seguintes: é
fundamental, para o conceito integral de isenção de imposto para as
fundações, o princípio de que suas concessões devem ser principalmente
dirigidas ao fortalecimento da estrutura da sociedade que as criou. A
sociedade não concede isenção de imposto para o privilégio de solapar a
si mesma. Uma licença razoável é concedida para satisfazer
idiossincrasias pessoais, donde se segue o resultado de que há muito
desperdício social quando as doações não servem a um propósito
verdadeiramente útil à sociedade. Mas esse desperdício tolerado é uma
coisa bem diferente do impacto das doações feitas pelas fundações que
tendem a minar nossa sociedade. Além disso, os projetos subversivos têm
sido oferecidos com alegações ilegítimas de “ciência”. Com esse falso
rótulo, eles têm sido recompensados com um status privilegiado. Eles
têm sido oferecidos como “científicos” e, portanto, como projetos que
estão além da refutação. O impacto desses trabalhos subversivos tem se
intensificado de formas múltiplas pelo patrocínio das fundações [ibid.,
pp. 205-206].
É uma declaração abrandada dizer que a maioria da Comissão Reece ficou chocada
diante das revelações do Professor Kenneth Colegrove, concernentes à extensão da
responsabilidade das organizações apoiadas por fundação quanto à penetração no
governo de comunistas e simpatizantes do comunismo como conselheiros.
Quando os conselheiros estavam para ser selecionados nas áreas da ciência social para
nossas autoridades em ocupação na Alemanha e no Japão, o Professor Colegrove
apresentou, como Secretário da Associação Americana de Ciência Política, por
solicitação do governo, uma lista de conselheiros políticos propostos. Ao mesmo tempo
em que ele mesmo foi indicado e tomou posse como um conselheiro junto ao General
MacArthur (não por sua própria sugestão), sua lista foi completamente ignorada. Ele
descobriu, para sua consternação, que os conselheiros tinham sido inteiramente
selecionados de listas fornecidas por duas outras organizações. Uma foi o notório
Instituto de Relações Pacíficas, tão generosamente apoiado pela Fundação Rockefeller,
pela Corporação Carnegie e pela Dotação Carnegie para a Paz Internacional. A outra foi
o Conselho Americano de Sociedades Eruditas, outra organização intermediária
fortemente apoiada pelas fundações.
60
O professor Colegrove verificou a lista dos indicados aceitos. E testemunhou o seguinte:
Nós conferimos esses nomes. Alguns deles são conhecidos por nós como
comunistas, muitos dos outros como pró-comunismo ou simpatizantes. Eram
extremamente esquerdistas. Voltei ao Pentágono para protestar contra um certo
número dessas pessoas e, para meu assombro, descobri que todas elas tinham
sido convidadas, que todas tinham sido aceitas e que algumas já estavam a
caminho do Japão [ibid., p. 201].
61
CAPÍTULO 7
Seria difícil encontrar uma única organização apoiada por fundação com certa solidez
que não tenha favorecido a ONU ou sistemas globais similares. Embora as somas de
dinheiro investidas pelas fundações com mentalidade internacionalista possam parecer
relativamente pequenas em comparação com concessões maiores gastas em outra parte,
elas permitiram que suas organizações-satélite ou subsidiadas desempenhassem um
papel manifesto e dominante. Isso era comparativamente fácil de realizar porque não
havia oposição organizada ou apoiada por fundação.
Pelo menos uma fundação estrangeira teve uma forte influência em nossa política
externa. O Fundo Rhodes para Bolsas da Grã-Bretanha, criado para melhorar as relações
públicas internacionais da Inglaterra, mas não registrado aqui como um agente
estrangeiro, ganhou grande influência nos Estados Unidos para as idéias britânicas. Isso
foi realizado pela seleção anual de um grupo jovem de homens promissores para estudar
na Inglaterra. Os ex-alunos anglófilos desse sistema geralmente são encontrados em
posições eminentes na legislação, administração, educação e nas fileiras dos
funcionários das fundações americanas.
De um tota lde 1.372 bolsistas da Rhodes Americana até 1953, 431 assumiram ou
assumem posições no ensino e na administração educacional (entre eles, 31 presidentes
de faculdade); 113 alcançaram posições no governo; 70 comandaram posições na
imprensa e no rádio; e 14 foram executivos em outras fundações. Dean Rusk, presidente
da Fundação Rockefeller, e vários dos membros dessa fundação são bolsistas da
Rhodes. O Senador J. W. Fulbright, os congressistas C. R. Clason, R. Hale e C. B.
Albert, além de 14 legisladores do estado americano são também ex-alunos da Rhodes.
O Dr. Aydelotte narra que, em acréscimo, 12 bolsistas da Rhodes foram vinculados a
várias agências intergovernamentais (OIT, ONU etc.)
62
Não deve ser mera coincidência nesta questão que Cecil Rhodes, que criou as Bolsas, e
Andrew Carnegie fossem amigos. Este último deve ter aprendido com o primeiro a
técnica de alcançar grandes efeitos com meios relativamente modestos.
Uma das mais importantes atividades das fundações e dos grupos associados operando
no campo internacional consiste em promover conferência atrás de conferência, e fórum
atrás de fórum para a discussão dos assuntos internacionais. Estes serviriam a um
propósito útil não fosse o fato de que são, quase invariavelmente, feitos dentro de
plataformas para os pontos de vista especiais que esses grupos favorecem.
Através de seu controle virtualmente monopolístico do mercado de ideias nas áreas das
relações internacionais, essas organizações exercem uma influência muito além do peso
dos seguidores em geral da política “liberal”. Seus oponentes desfrutam de pouco ou
nenhum apoio financeiro. Assim, a intensidade da campanha “internacionalista” produz
retornos de propaganda até entre empresários e grupos que, geralmente, sem a carga de
tal propaganda, estariam inclinados a um ponto de vista mais conservador.
Quando a guerra acabou, essa questão não existia mais. Um apoio para a Liga das
Nações deu à Dotação uma nova saída para suas energias e fundos, mas era necessário
um campo de ação maior que esse, dada a máquina de propaganda em que tinha se
tornado. Um guia frutífero para operação foi encontrado na senha pessoal do Dr. Butler
da “mente internacional”, uma expressão à qual ele se devotava em seus discursos e
escritos.
63
que seja o caso, ela tendeu para a defesa própria. Quando você controla um veículo de
propaganda, é tentador usá-lo para promover seu próprio programa.
A Dotação Carnegie foi totalmente franca em revelar sua função de propaganda. Ela
usava frequentemente termos como “a educação da opinião pública”. Isso não é
“educação pública”, mas sim moldagem da opinião pública. O relatório da Comissão
indicou que uma coisa parecia “totalmente clara: nenhum grupo privado deveria ter o
poder ou o direito de decidir o que deveria ser lido e ensinado em nossas escolas e
faculdades”, embora fosse isso que a Dotação procurasse fazer ao “educar a opinião
pública”.
O relatório de 1946 da Fundação Rockefeller também não mediu palavra para defender
o globalismo. Nele se lia:
O ideal de um mundo unido como uma base para a paz permanente é um ideal
esplêndido. Mas os executivos das fundações de mentalidade internacional cometeram
dois erros sérios ao promovê-lo. Um é que eles tiveram pressa demais para traduzir em
ação imediata um ideal que exige mais um século de planejamento e ajuste
extremamente cuidadosos para realizar. O outro é que o “mundo comum” que eles
vislumbraram e para o qual eles procuram nos apressar é, inquestionavelmente, um
coletivismo internacional ampliado.
O “APAGÃO HISTÓRICO”
A declaração merece uma pausa. Ela tem uma intenção política óbvia. Não pode ser
considerada objetiva. Vários historiadores eminentes escreveram livros críticos de
grande parte da posição do governo na 1ª Guerra Mundial. É extremamente reprovável
que uma organização isenta de imposto difame tais historiadores críticos com o termo
“jornalismo desmascarador”.
64
O plano pedia uma história da 2ª Guerra Mundial em três volumes, na qual não deveria
haver “desmascaramento”. Observe-se que este evidentemente não podia ser um estudo
objetivo. A propaganda oficial da 2ª Guerra Mundial era para ser perpetuada. De acordo
com o que o Professor Charles Austin Beard colocou:
“Em resumo, eles esperam, entre outras coisas, que as políticas e medidas de
Franklin D. Roosevelt escaparão, nos próximo anos, da análise, avaliação e
exposição críticas que sucederam as políticas e medidas de Woodrow Wilson e o
Pacto dos Aliados depois da 1ª Grande Guerra” [ibid. p. 178].
Que uma fundação pudesse propor abertamente um plano para influenciar as opinião
pública até o ponto em que ela, em troca, coagisse o governo é realmente muito
espantoso.
65
para criticar o que é falacioso e o que é perigoso. Não houve debate sobre méritos.
Houve apenas propaganda para apoio.
Quem sabe que planejamento econômico de alcance mundial está sendo tramado pelas
agências da ONU, boa parte do qual será, mais tarde, promovida domesticamente por
essas fundações, seguindo sua tese de que a ONU é a única estrada para a paz? Nem
podemos esquecer as tentativas para nos impor mudanças em nossas próprias
declarações de direitos humanos. A que foi proposta pela ONU ignorou o direito à
propriedade privada. De fato, no Conselho Econômico e Social das Nações Unidas, uma
resolução - adotada contra a oposição dos Estados Unidos – estabeleceu o princípio de
que nenhum governo pode interferir no direito de outras nações de expropriar ou reduzir
a propriedade de seus cidadãos.
Essa nova organização merece ser observada. Aparentemente, ela devia atuar
internacionalmente de acordo com o modelo diretivo e de câmara de compensação
segundo o qual o Conselho de Pesquisa em Ciência Social (CPCS) funciona
domesticamente. Parece que a carta constitutiva proposta na reunião da organização
estipulava não uma representação democrática de cientistas sociais das nações
participantes mas, em vez disso, um método de dominação autoperpetuante, semelhante
àquela em uso pelo CPCS doméstico, que descrevi antes.
Uma agência de propaganda como a Dotação Carnegie pode muito facilmente tornar-se
um veículo de subversão intencional. O que é igualmente perigoso é que ela pode cair
nas mãos administrativas de pessoas incompetentes, negligentes ou equivocadas, contra
66
as quais os administradores, responsáveis em última instância por sua ação, só podoem
se proteger através da mais atenta vigilância ou pelo abandono da ocupação basicamente
perigosa da propaganda.
O perigo surge sempre que qualquer grupo com poder nas mãos - seja ele uma
legislatura do estado, ou o conselho de uma universidade ou de uma fundação –
acredita ser sua função dirigir a opinião. Um tal grupo é um grupo perigoso,
independente da forma de sua composição e independente de sua ação ser
consciente ou inconsciente e, se consciente, se benigna ou sinistra em seu
propósito.
67
CAPÍTULO 8
O Dr. Heald afirmou, num discurso, que 4/5 do dinheiro gasto pela Fundação no final
de 1956 (cerca de 1 bilhão) foi devotado à educação. Sua ênfase na educação é, por si
mesma, estimulante. Contudo, ele usou o termo “educação” em sue sentido mais amplo.
Sugeriu que é “virtualmente impossível tornar real e duradouro o progresso da
humanidade sem educação e sua constante extensão no alcance e melhoria na
qualidade.” Essa declaração está além de questionamento. Mas ele explica mais adiante:
“Por definição, melhoria implica e envolve mudança. Mudança não é algo para temer ou
evitar. Mudança não é somente inevitável, mas desejável. Problemas são resolvidos,
males são corrigidos, progresso é feito por mudança.”
Ele ainda acrescenta: “Mas primeiro precisa haver uma admissão, um reconhecimento
de que existe um problema. Aí, os homens de boa vontade devem empreender a
mudança das coisas.” No entanto, essa qualificação parece omitir a possibilidade de
que, com relação a muitos “problemas”, a mudança não seja desejável. Para
exemplificar, uma democracia é certamente ineficiente. Portanto, existe um problema.
Isso não significa que abandonar a democracia seja desejável. Para exemplificar de
novo, um problema se cria pelo fato de que um governo centralizado podia realizar
muitas funções bem mais eficazmente do que um sistema federal. Isso significa que a
mudança é necessária ou desejável?
O Dr. Heald acrescenta: “Se nada precisa mudar, então estamos todos perdendo nosso
tempo e nossos recursos, pois não há nada realmente a ser feito, exceto alimentar e
68
vestir as pessoas.” Essa ênfase na mudança é clássica entre os executivos da
“concentração de poder”. Afinal de contas, há muita coisa que uma fundação pode fazer
– que não envolve promoção de “mudança” – além de alimentar e vestir as pessoas.
O que é mais óbvio do que considerar a mudança desejável quando ela é desejável? Mas
a ênfase tão frequentemente colocada pelos líderes das fundações na “mudança” quase
sempre resulta na defesa da mudança porque é mudança – como se houvesse uma
certeza de melhoria se ocorresse uma mudança.
É encorajador ouvi-lo dizer que uma fundação devia apoiar, às vezes, a exploração de
ideias impopulares. A Fundação Ford não demonstrou essa dedicação no passado. Bem
ao contrário, na maioria dos casos, ela apoiou a facção dominante dos cientistas sociais
materialistas, que já foram uma minoria, mas que há muito tempo se tornaram, com a
assistência da fundação, uma clara maioria.
Em muitas áreas essa “panelinha” dirigente das ciências sociais - tão bem apoiada pela
Fundação Ford e outras – defende a mudança de instituições, princípios e métodos, além
de mecanismos sociais, econômicos e políticos que um grande número de pessoas (em
alguns casos, uma vasta maioria de pessoas) deseja manter como estão. Onde está o
apoio para esses que desejam proteger algo que temos contra os movimentos bem
financiados para mudá-lo? Somente o homem que quer mudar alguma coisa deve
receber apoio de fundação?
Não há acordo geral sobre o que é bom para a sociedade. Numa sociedade democrática,
a decisão do que é bom para ela (o que é certo e o que é errado de fato) é tomada pela
maioria. A injeção do poder da fundação no processo democrático - pelo qual a maioria
faz essas decisões de valor - cria um desequilíbrio que interfere no conceito de que os
negócios públicos devem ser controlados pela livre vontade do povo. A liberdade
mencionada pelo Dr. Heald implica a crença numa elite intelectualmente aristocrática
dos gerentes da fundação com o direito de influenciar nosso destino. Coerentemente
com esse conceito de elite, ele fala da oportunidade e responsabilidade “de ser pioneiro
à frente da opinião pública, de fazer coisas que, no tempo em que são feitas, podem não
ser aprovadas pelo voto popular, de estar à frente, mas não demasiadamente.” Esse
direito de estar “à frente” do povo pode ser exercido por um indivíduo se ele tiver
vontade de exercê-lo. Se um tal direito é atribuível a uma pessoa jurídica que opera com
fundos de crédito público, é um assunto altamente questionável.
69
Eu não vejo como aqueles que se encontram em posições como a do Dr. Heald podem
esquecer que o privilégio de isenção de imposto é concedido por todas as pessoas,
independente de seus credos, ideias e metas políticas. A isenção de imposto não faz das
fundações os guardiões da nação no mundo das ideias e no planejamento do futuro.
O PASSADO RECENTE
O Relatório Anual da Fundação Ford para 1956, assinado pelo Sr. Gaither, contém as
últimas declarações das políticas da Fundação. Como explicarei mais tarde, a Fundação
começou com cinco grandes áreas de atividade proposta. Ela agora se estendeu para
vinte e três grandes áreas de projetos. O relatório faz grande alarde do abandono do
controle da Fundação pela família Ford. Essa etapa deve ter sido desejável a partir de
vários pontos de vista, mas a mudança do controle da família para um controle
burocrático vitalício pode não ter sido tão louvável. Ela assumiu o risco de uma
característica criação de círculos de poder de administradores e o uso de recursos para
fins políticos ao invés de doações beneficentes.
70
figuram entre as favorecidas pelo complexo das fundações nem os acadêmicos a elas
ligados têm a probabilidade de receber doações para pesquisa do complexo. Talvez haja
uma boa razão para essa discriminação. Se assim for, não posso adivinhar o que possa
ser.
Depois de um período inicial, durante o qual a fundação não teve políticas definidas
para governar suas doações, um programa planejado foi adotado, mediante a
recomendação de uma comissão especial. Essa comissão era encabeçada por W. Rowan
Gaither Jr., que se tornou, mais tarde, presidente da fundação. O Sr. Gaither disse que o
Sr. Ford queria saber como o povo dos Estados Unidos achava que a fundação deveria
usar seu dinheiro e, portanto, ele [Gaither] saiu para ver “o povo”. Mas “o povo” veio a
ser um grande número de “especialistas” de vários tipos – que achavam que deviam ser
capazes de dizer o que era bom para “o povo”.
O resultado foi um livro de 139 páginas, que pode ser obtido na Fundação Ford. Sua
maior tese era que a Fundação Ford devia tentar ajudar a resolver os problemas da
humanidade e fazer isso em cinco áreas:
O Estabelecimento da Paz
O Fortalecimento da Democracia
O Fortalecimento da Economia
Educação numa Sociedade Democrática
Comportamento Individual e Relações Humanas
Raymond Moley observou que a comissão que delineado esse programa era
Não obstante, ninguém poderia se queixar da seleção dos cinco campos de atividade,
por mais vagos que fossem, se o plano consistisse em fazer somente concessões diretas
e simples para instituições e indivíduos desejáveis. Mas este não era o plano da
Fundação Ford. A fundação estava para gastar a maioria de seus esforços no projeto
detalhado de como seus propósitos selecionados deveriam se realizar.
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O “liberal” a que me refiro é ao menos tingido de marxismo, fabianismo ou algumas
outras variedades de coletivismo econômico e centralização política. É um “estadista”,
um defensor do governo altamente centralizado, do “planejamento do estado”, do
paternalismo. Sua direção passa longe da gestão de negócios pessoal ou de grupo e se
encaminha para a gestão do governo.
Não só esses dois eram “liberais”. Os principais membros da equipe, os homens que
deviam construir a principal linha de pensamento para os administradores, eram quase
todos “liberais”. Ninguém pode acreditar que essa seleção era fruto de uma
coincidência. Decididamente, esse homens não representam o perfil da crença
americana.
O Sr. Hoffman e o Dr. Hutchins foram eventualmente dispensados, depois que o Sr.
Ford e alguns outros administradores não puderam mais aguentar suas atividades.
Durante esse tempo, um grande dano tinha sido feito com o vasto poder financeiro que a
fundação administrava. Nem podemos ter certeza de que os administradores, tendo se
livrado do Sr. Hoffman e do Dr. Hutchins, estejam prontos para remover da fundação
seus elementos fortemente “liberais” ou mesmo se estão plenamente conscientes da
necessidade social de operar essa grande responsabilidade pública com uma equipe
objetiva.
Não tem sido incomum, nos Estados Unidos, que uma fundação teoricamente
gerenciada por administradores predominantemente conservadores seja assumida em
funcionamento por um grupo “liberal” e amplamente dirigida por ele a fins políticos.
No caso da Fundação Ford, esse processo ocorreu com muita facilidade através do plano
de operação detalhada que os administradores foram persuadidos a adotar. De acordo
com esse plano – e isso ficou totalmente claro – os administradores não podiam se opor
à equipe.
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somente de acordo com seus procedimentos formais regulares, e geralmente com
base na agenda, nos sumários e nas recomendações apresentadas pelo Presidente
(Página 128). As reuniões da Junta devem ser planejadas no sentido de que a
discussão não seja dirigida principalmente às concessões individuais
recomendadas pelos funcionários, bem como às instituições para recebê-las.
Uma fundação pode querer, de tempos em tempos, fazer pequenas doações, seja
para explorar as possibilidades de programas mais amplos, seja para tirar
vantagem de uma oportunidade isolada e incomum. Para tais propósitos, será útil
para os administradores criar (e reabastecer de vez em quando) um fundo sem
restrições, com o qual o Presidente possa fazer concessões por sua própria
autoridade. O presidente da Fundação Ford, como seu principal funcionário, não
deve prestar serviços apenas como um membro da Junta de Administradores,
mas deve receber plena autoridade para administrar sua organização. Ele deve
ter plena autoridade para apresentar recomendações sobre programas, e plena
autoridade para nomear e remover todos os outros funcionários e empregados da
Fundação (Página 132). Os fundadores de pelo menos duas das maiores
fundações americanas pretendiam que seus administradores devotassem a maior
parte de seu tempo à condução ativa dos negócios da fundação. Geralmente esse
arranjo não se mostrou viável (Página 133). Pois o programa de uma fundação
pode ser mais seguramente determinado pela seleção de seus funcionários de
topo do que por alguma declaração de política ou qualquer conjunto de
instruções.
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“Em março de 1917, a localização da Rússia locomoveu-se num plano
(superfície) bidimensional da monarquia para a república, com catexia positiva e
induzibilidade de promoção do governo provisório vetorizado na direção da
meta de um regime democrático. Em outubro de 1917, essa locomoção foi
seguida por uma nova locomoção em espaço hodológico, fluido e permeável, ao
longo das dimensões do comunismo, marcado por catexia negativa e
induzibilidade contriente na direção de uma estrutura democrática de
‘grupalidade’, de ‘nós-idade’, ‘valência’ e ‘sintalidade’ [Ver pp. 21-30].”
Foi relatado que os administradores da Fundação Ford se reúnem por dois dias, quatro
vezes ao ano; que eles fazem alguma lição de casa; que eles têm conversas informais
com o Sr. Gaither ocasionalmente; e que ele agem sobre as comissões de vez em
quando.
O Sr. Henry Ford II é o mais importante membro da junta da Fundação Ford. Quanto
tempo ele gasta no trabalho dela? Ele foi citado como tendo dito o seguinte: “Eu
raramente tomo uma posição em qualquer programa até que a equipe tenha agido sobre
ele.” Seu trabalho principal é o de executivo-chefe da Companhia de Motores Ford, uma
empresa bem grande para dirigir. Ele disse acertadamente: “Se eu ficar envolvido com
tudo aquilo” (referindo-se ao trabalho detalhado da Fundação Ford), “nunca terei feito
nada por aqui” (referindo-se à Companhia de Motores Ford).
Este Fundo das Ciências Comportamentais tem vastos recursos sob seu
comando. Sua lista de objetivos indica o pressuposto subjacente de que o
comportamento humano pode ser entendido como seria entendido um objeto das
ciências naturais, dentro do quadro de um número limitado de relações de causa-
efeito. Essa doutrina não é, de forma alguma, aceita universalmente, e há o
perigo de que uma soma enorme disponível ao Fundo para promover sua tese
subjacente possa torná-la a doutrina dominante nas ciências sociais.
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escapem da responsabilidade pelo que acontece. O incidente da interceptação de
informações em júris é ilustrativo.
Foi preciso coragem para que alguns acadêmicos testemunhassem perante a Comissão
Reece. Apresentar crítica das principais fundações e daquelas organizações com as
quais elas se interligam é equivalente a anular seus próprios livros. Elas sabem como
lidar com aqueles que se atrevem a discordar. Como depôs o Professor Charles W.
Briggs, professor emérito da Universidade de Colúmbia, elas aterrorizaram muitos que
teriam sido críticos.
O Dr. Briggs foi um dos poucos corajosos que estavam querendo quando ele achou que
a crítica era devida. Sua capacidade como um dos educadores de liderança foi
reconhecida pelo Fundo para o Avanço da Educação, criado pela Fundação Ford, que o
tinha indicado para sua comissão consultiva
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Não há dúvida de que o Professor Biggs estava se referindo ao Dr. Robert M. Hutchins,
quando disse um homem era responsável pelo pessoal do Fundo para o Avanço da
Educação. O Fundo era sua criatura e seu projeto. É bem sabido que as ideias do Dr.
Hutchins sobre educação e a responsabilidade dos professores contrariam severamente a
teoria aceita; e eu acredito que é seguro dizer que o Fundo para o Avanço da Educação
usou seus milhões em grande medida para propagar as ideias do Dr. Hutchins.
O Fundo para a República é a mais fina flor daquilo que poderia ser chamado a “escola
paqueradora de filantropia”. Era fruto da imaginação do Sr. Paul Hoffman,
provavelmente parido pelo Dr. Hutchins. Nasceu simultaneamente com a dispensa do
Sr. Hoffman como presidente da Fundação Ford e não é desarrazoado supor que havia
uma conexão entre os dois eventos.
Não foi muito antes de os administradores da Fundação Ford decidirem que não
aguentavam também o Dr. Hutchins e o liberarem de suas obrigações como um diretor
principal, depois do que o Sr. Hoffman o instalou como presidente do Fundo para a
República, de cuja presidência o Sr. Hoffman tinha sido rebaixado. Os Srs. Hoffman e
Hutchins ficaram, assim, novamente juntos. Na medida em que foi dada independência
ao Fundo para a República por parte da Fundação Ford, esses dois estavam para atingir
seu apogeu.
Esses nobres propósitos foram testados quando foi feita uma proposta ao Fundo para a
República para que fosse feito um estudo dos direitos reservados às pessoas pelas 9ª e
10ª Emendas à Constituição.
A proposta foi rejeitada por escrito pelo Fundo para a República sobre o fundamento de
que ela não se encaixava no programa.
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Essa reação devia ser esperada. Os documentos resultantes da criação do Fundo para a
República convenceram a Comissão Reece de que um dos propósitos do Fundo tinha
sido investigar as investigações do Congresso. Ele tinha se tornado, em funcionamento,
ainda mais perigoso do que a Comissão previa. Enquanto a investigação da Comissão
Reece estava em andamento, o Fundo manteve-se moderadamente “limpo”. Porém,
desde que o relatório da Comissão foi arquivado, ele mostrou suas verdadeiras cores
como uma agência de propaganda para ideias políticas esquerdistas de seus funcionários
dirigentes, a saber, os Srs. Hoffman e Hutchins, e associados cuidadosamente
escolhidos, com inclinações similares.
O Fundo para a República tem, agora, a seu crédito muitas realizações monumentais em
propaganda:
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7. A circulação de um grande número de outros livros esquerdistas, entregues a
legisladores, advogados, juízes, presidentes de faculdades e outros que
pudessem criar opinião ou influenciar a legislação.
A Legião Americana tem adotado várias vezes, em sua convenção nacional, resoluções
instando o Congresso a fazer um estudo mais aprofundado e completo das fundações
isentas de imposto. O Comandante Nacional da Legião Americana, Seaborn P. Collins,
conforme uma notícia do New York Herald Tribune, de 11 de setembro de 1955,
exortou os membros da Legião para que não “quisessem conversa” com o Fundo para a
República. Ele disse:
“Estou emitindo este alerta a nossos associados porque parece que o Fundo para
a República, encabeçado pelo Dr. Robert Maynard Hutchins, está ameaçando e
pode ter sucesso na incapacitação da segurança nacional.”
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Uma linha aparente de ataque é a tentativa de persuadir os americanos de que o
comunismo não é nem nunca foi uma ameaça séria aos Estados Unidos.
Sim, deve haver uma exceção para essa conclusão. Uma doação podia ser feita de
maneira apropriada para uma pessoa de tendência conhecida, se isso fizesse parte de um
programa ou plano no qual o ponto de vista contrário também fosse adequadamente e
com justiça apresentado ao público.
Segundo noticiais da imprensa, o Sr. Henry Ford II finalmente informou que estava
desautorizando o Fundo para a República. Ele fez isso através de uma série de cartas a
correspondentes que lhe perguntavam por que ele permanecia silencioso tendo em vista
os antecedentes aparentemente criminais do Fundo criado pela Fundação Ford. O Sr.
Ford disse que algumas das ações do Fundo para a República “tinham sido dúbias de
caráter e inevitavelmente tinham conduzido a acusações de um julgamento pobre.” Essa
foi uma desautorização fraca. O Sr. Ford deve saber que algumas das atividades do
Fundo foram mais que “dúbias” e que muito mais coisa além de pobreza de
“julgamento” estava envolvida. O Sr. Ford manteve, de qualquer modo, que a Fundação
Ford não era responsável de jeito nenhum porque ela tinha criado o Fundo como uma
unidade independente, para ser gerenciada por seu próprio conselho. [Na realidade, o
cordão umbilical entre a Fundação Ford e o Fundo para a República não foi totalmente
rompido. Estava previsto que, se o Fundo perdesse sua isenção de imposto, o dinheiro
remanescente reverteria para a organização-mãe]. Essa postura não pode ser aceita pelo
público.
Eis o que o Wall Street Journal de 9 de dezembro de 1955 publicou em seu editorial,
comentando a posição do Sr. Ford:
E, assim, temos aqui um grupo de homens que entregaram $15 milhões em nome
de Ford para propósitos políticos e educacionais, sem prestar contas a ninguém.
Eles não estão sujeitos a retratação ou referendum. Eles nomeiam seus próprios
sucessores. Ele podiam, se quisessem, adotar projetos para “educar” para o
comunismo, fascismo ou seja lá qual for a fantasia que atingisse seus cérebros. E
ninguém poderia dizer não.
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O Sr. Ford e os outros administradores da Fundação Ford podem esquivar-se da
responsabilidade dizendo que eles criaram uma unidade independente e autônoma?
Pode alguém, de maneira justa e ética, simplesmente despejar quinze milhões no colo de
alguém e dizer: “Faça com isso o que quiser; lavo minhas mãos quanto ao que você
fizer”? Sim, talvez isso pudesse ser feito ao se conceder uma subvenção para uma
universidade, uma igreja, um hospital ou alguma outra instituição responsável que
existe com tradições e padrões reconhecíveis e aceitáveis. Caso contrário, a máxima
delegatus non potest delegare aplica-se – que nenhum administrador pode delegar sua
função de confiança. [Essa máxima foi citada nas audiências da Comissão Cox pelo Dr.
Henry Allen Moe, da Fundação do Memorial John Simon Guggenheim. Essa fundação
fez, ela mesma, doações lamentáveis, algumas delas para comunistas; mas pelo menos o
Dr. Moe não tentou se esquivar da responsabilidade dos administradores pela aplicação
dos fundos que eles administram.]
Não, o dinheiro que está sendo tão erroneamente usado pelo Fundo para a República é
dinheiro da Fundação Ford. Os administradores da Ford também deveriam saber que
havia perigos inerentes ao programa detalhado que o Sr. Hoffman lhes apresentou para
o Fundo para a República.
Todo esforço razoável deve ser feito para assegurar que assuntos que contenham
dinamite política sejam tratados com o cuidado que eles exigem – com total
objetividade e imparcialidade. Ao permitir que sua criatura, o Fundo para a República,
se tornasse uma máquina de propaganda para o avanço de ideias políticas esquerdistas,
os administradores da Ford abandonaram sua obrigação para com o público, a cujo
serviço se dedicaram quando aceitaram sua nomeação.
Desde então, tivemos a desaprovação qualificada e gentil do Sr. Henry Ford II, relativa
a algumas das ações do Fundo para a República. Mas se tratava da expressão de uma
opinião pessoal. Não houve nenhum repúdio oficial da Fundação Ford em relação ao
Fundo para a República. Tanto quanto é possível ao público saber, exceto pela crítica
moderada do Sr. Ford ao Fundo para a República, os administradores estão totalmente
satisfeitos com todos os trabalhos da Fundação Ford.
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CAPÍTULO 9
Somente uma pequena parte da história das fundações foi contada. A Comissão Reece
insistiu veementemente numa continuidade, ou recomeço, de seu inquérito.
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Em português: Filhas da Revolução Americana (N. da T.)
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É preciso entender o jargão dos principais profissionais das fundações, como o Sr.
Rusk, para saber do que eles estão falando. O termo “controverso”, como já observei,
não implica a apresentação justa dos dois lados de um tema. Significa a apresentação de
um lado de uma controvérsia, e somente um lado – o lado “liberal”. Conforme noticiou
o New York Herald Tribune, outro discurso do Sr. Rusk (dessa vez em Pasadena, em
junho de 1955) dizia que a Fundação Rockefeller continuaria a “apoiar vigorosamente
um programa de bolsas de estudo livres e responsáveis.”
Essa promessa teria sido animadora se a palavra “continuaria” não tivesse aparecido
nessa notícia de jornal. A Fundação Rockefeller, quando atuante em ciências sociais, em
educação e em negócios externos, nem sempre mostrou disposição para promover
bolsas de estudos tanto “livres” quanto “responsáveis”.
O mesmo editorial no New York Times, que louvou o Sr. Rusk e o Sr. Andrews por
afirmarem que as fundações aumentariam o apoio a “questões controversas”, forneceu a
pista para o que os executivos da fundação querem dizer com esse termo. Ele elogiou o
Fundo para a República como um exemplo de quão certos estavam os Srs. Rusk e
Andrews quanto à previsão de um aumento geral no apoio da fundação às “questões
controversas”.
Por isso, não concluirei com qualquer discussão sobre que medidas legislativas
deveriam ser consideradas no sentido de evitar o agravamento do prejuízo à nossa
sociedade, mas sim com uma discussão sobre que medidas deveriam ser tomadas pelos
administradores das fundações no sentido de corrigir a situação infeliz a partir de dentro
e, assim, prevenir a então inevitável legislação restritiva.
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4. Os administradores das fundações devem evitar quaisquer situações que
envolvam conflito de interesses. Eles não devem prestar serviços
simultaneamente em conselhos que doam e recebem de organizações isentas
de imposto. Também devem insistir para que seus executivos empregados
tomem cuidados similares.
“A dimensão que a ciência atingiu como um fator principal em nossa vida, nosso
ambiente e nosso destino é, agora, algo aparente para todos que examinarem os
fatos. Nossa posição de eminência e influência no mundo deve ser creditada às
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aplicações prudentes e vigorosas da tecnologia ao desenvolvimento de nossos
recursos e potencial. Se valorizamos essas posses que conquistamos para nossa
eminência e influência, precisamos estar preparados para defendê-las. Nossa
maior posse – a liberdade – é, ela mesma, em parte o produto da ciência, já que
foi a tecnologia que tornou a escravidão inútil, e graças à liberdade e somente
graças à liberdade todos os nossos outros tesouros floresceram. É paradoxal que
tenhamos que nos encontrar, nesta altura da história, repentinamente mais
pobres em relação aos próprios meios pelos quais nossa grandeza foi alcançada.
Esta é a guerra fria das classes de aula. Dentro de cinco anos, nossa liderança no
treinamento de cientistas e engenheiros pode ser aniquilada, e em dez anos,
podemos ser irremediavelmente ultrapassados. A menos que sejam tomadas
medidas imediatas para corrigi-la, a situação – já perigosa – em menos de uma
década se tornará um desastre.
Pode muito bem acontecer que a Fundação Ford e outras fundações partidárias da teoria
da defasagem cultural tenham cometido um erro irrecuperável por não reconhecer que o
que nós enfrentamos não é uma defasagem cultural, mas científica.
Não estou sugerindo que as fundações deixem de apoiar qualquer pesquisa em ciência
social. O que realmente proponho é que elas abandonem quase todos os procedimentos
imensamente caros de pesquisa de grupo dirigida, que têm sido tão característicos das
operações recentes das fundações e que têm sido tão ridicularizados até por seus amigos
mais calorosos.
The End
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