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DISCIPLINA: PRÁTICA JURÍDICA II

PROFESSOR: WERNA KARENINA MARQUES

DATA: 07/12/2021

ALUNO: ADRIANO ROBERTO DE MELO PEREIRA JÚNIOR

TURMA/CURSO: NOITE / DIREITO

REPOSIÇÃO DA SEGUNDA AVALIAÇÃO DE PRÁTICA JURÍDICA II

A ré foi denunciada pelo Ministério Público pela prática, em tese, do delito de lesão
corporal – eis que teria, em tese, agredido a suposta vítima Carolina na data de
01/03/2014, quando esta estaria grávida. Efetivamente, o delito em tese cometido
ocorreu em 01/04/2013 e foi noticiado em 18/10/2014. A denúncia foi proposta na
Vara Criminal da cidade das partes. A audiência de instrução ocorreu em 20/08/2015
e o processo teve regular tramitação.

O Ministério Público apresentou seus respectivos memoriais e os autos foram


remetidos à defesa. Como Advogado da ré́ , qual a peça cabível e o que se deve
argumentar?

Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas
pelo caso concreto acima, redija a peça cabível, sustentando, para tanto, as teses
jurídicas pertinentes como base na lei, doutrina majoritária e jurisprudência. (Valor:
10,00 pontos).
EXCELENTÍSSIMO JUIZ DE DIREITO DA _ VARA CRIMINAL DE ...

Autos nª...

NOME, nacionalidade, estado civil, profissão, portadora do RG sob n..., e inscrita no


CPF sob n..., residente e domiciliada na rua (endereço completo), vem,
respeitosamente, por intermédio de sua advogada que infra subscreve, oferecer

ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS

Com fulcro no artigo 403, § 3º, do Código de Processo Penal, nos autos de ação
penal que lhe move o Ministério Público, com base nos fundamentos de fato e de
direito a seguir expostos.

I. DA SÍNTESE FÁTICO-PROCESSUAL

A ré foi denunciada pelo Ministério Público pela prática, em tese, do delito


de lesão corporal – eis que teria, em tese, agredido a suposta vítima Carolina na
data de 01/03/2014, quando esta estaria grávida.

No entanto, o delito, em tese cometido, na verdade ocorreu no dia 1º de


abril de 2013, mas somente foi noticiado para a autoridade policial no dia 18 de
outubro de 2014.

A audiência de instrução ocorreu em 20/08/2015 e o processo teve


regular tramitação na Vara Criminal da cidade das partes.

O Ministério Público apresentou seus respectivos memoriais e os autos


foram remetidos à defesa para oferecer a presente.

II. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

a) Da decadência
De forma preliminar, é imprescindível deixar claro que o direito de queixa
decaiu no dia 1º de outubro de 2013, enquanto a queixa foi apresentada mais de um
ano após a decadência, no dia 18 de outubro de 2014. Logo, resta evidente a
incidência da causa de extinção da punibilidade.

Tal argumento se justifica com base no art. 103 do Código Penal, o qual
diz que:

Decadência do direito de queixa ou de representação

Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido


decai do direito de queixa ou de representação se não o exerce
dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que
veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º do
art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo para
oferecimento da denúncia.

Com isso, fica provado e bem fundamentado que a ofendida não exerceu
seu direito de queixa no prazo legal, tendo em vista já conhecer o autor do crime na
data do fato.

Portanto, é cristalino, segundo as mais respeitáveis fontes jurídicas


penais, que o prosseguimento do presente processo é a pura ilegalidade e afronta
aos principais princípios jurídicos que regem nosso ordenamento, pois desde o
momento do oferecimento da denúncia esses autos não tem fundamento para
existir.

b) Da competência do Juizado Especial Criminal

Preambularmente, é necessário que seja apontado mais um equívoco que


permanece desde a origem do processo: os autos estão manchados pela
incompetência do Juízo em que tramitam, fator determinante para nulidade do
processo.

O presente processo tramita na Vara Criminal comum, mas é de fácil


percepção que o juízo que detém competência para julgar o caso em tela é o
Juizado Especial Criminal. É o que determina o art. 60 c/c art. 61 da Lei nº 9.099 de
1995, in verbis:

Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes


togados ou togados e leigos, tem competência para a
conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de
menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e
continência.

Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial


ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e
os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2
(dois) anos, cumulada ou não com multa.

Logo, conforme a pena atribuída ao crime de lesão corporal, resta claro


que o caso dos presentes autos é de competência dos Juizados Especiais Criminais.
Eis como fundamento o argumento segundo o Código Penal:

Lesão corporal

Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano.

Assim, considerando o regramento do Código Penal e a Legislação dos


Juizados Especiais Criminais, são de competência desses o delito de lesão corporal
comum e, por isso, os autos devem ser remetidos aos Juizados Especiais Criminais
da comarca.

III. DA CIRCUNSTÂNCIA AGRAVANTE

Ainda assim, mesmo com as teorias e provas cabais aqui apresentadas,


se a tese apresentada não for suficiente para ser acolhida pelo presente juízo e a ré
venha a ser condenada, é extremamente preciso que seja afastada a circunstância
agravante da situação gravídica da vítima, constante no art. 61, inciso II, alínea h, in
verbis:
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena,
quando não constituem ou qualificam o crime:

(...)

II - ter o agente cometido o crime:

(...)

h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou


mulher grávida;

A circunstância agravante supra citada não deve ser levada em


consideração, pois, conforme depreende-se da realidade dos fatos, o momento em
que a vítima, enquanto grávida, alegou ter sido realizado o fato criminoso, diferiu em
11 meses em relação ao efetivo acontecimento dos fatos.

Portanto, sabendo que uma gravidez dura, em média, 9 meses e que a


suposta vítima não comprovou que estava grávida à época dos fatos, fica evidente
que se torna incabível a aplicação da agravante prevista no art. 61, inciso II, alínea
h.

IV. DO PEDIDO

Ante todo o exposto, requer a defesa:

1) A anulação do processo uma vez que o direito de queixa da suposta


ofendida se encontrava decaído à época da queixa-crime, nos termos dos artigos
103 do Código Penal;

2) A remessa dos presentes autos ao Juizado Especial Criminal, ante a


competência deste Juízo, conforme o art. 60 da Lei 9.099 de 1995;

3) Subsidiariamente, requer que seja completamente afastada a


possibilidade de aplicação da agravante do crime cometido contra mulher grávida,
prevista no art. 61, inciso II, alínea h, do Código Penal.
Pugna, ainda, caso a defendente venha a ser condenada, pelo regime
inicial de cumprimento de pena o mais favorável possível, qual seja, o aberto.

Termos em que pede e aguarda deferimento.

Local, Data.

Advogado...

OAB-PB...

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