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"CRISTO É A NOSSA PAZ: DO QUE ERA DIVIDIDO FEZ UMA UNIDADE".

(EF 2 14A)
CFE 2021

Professoras: Juliana Kalene Castro, Rosângela Saad da Costa


“Educando Corações” Componente curricular: Língua Portuguesa e Literatura, Produção Textual
Rua Vidal de Negreiros, 417
Série/Ano: 3º ano Turma: 301 Data: 19/11/21
São José / POA / RS CEP 91520-480
Fones: 3336-5898 / 3336-1744 Nome do aluno: Alice Colares Número: 02
Trabalho Avaliativo - 3º trimestre

NOS TEMPOS CENSURA OUTRA VEZ?


O livro “Feliz Ano Velho”, publicado em 1982, é uma obra autobiográfica escrita
por Marcelo Rubens Paiva, na qual ele conta como sua vida mudou depois de um
trágico acidente que o deixou tetraplégico. O autor fala sobre seu processo de
recuperação e descreve suas relações com os médicos e as enfermeiras, e com a
família e os amigos que o visitavam frequentemente. Além disso, a história alterna
entre passado e presente, trazendo lembranças da época ditatorial do Brasil. Assim,
a obra expõe, simultaneamente, a imprudência e a persistência de um jovem, que
mesmo diante de infortúnios e de incertezas, não deixou de lutar.

Inicialmente, vale destacar a escolha de linguagem utilizada pelo autor, que é


predominantemente coloquial e de fácil compreensão, marcada por gírias e
palavrões, gerando uma proximidade com o leitor, como é possível perceber na
seguinte passagem: “Deve ser algum gueto de negros, pensei. Que nada, era um
puteiro. Bêbados, mas nem tão mal amados, eu e Fabiano fomos para a Argentina,
onde torramos todo o dinheiro em cassinos e mulheres.". Isso é um aspecto positivo
da obra, pois os leitores entendem o que o autor quer dizer e podem até se
identificar com ele.

Outro aspecto importante está relacionado à época em que este livro foi
publicado; em meio à ditadura militar brasileira e à censura. Na obra o autor fala
abertamente sobre o que os militares fizeram com a sua família, principalmente com
o seu pai, Rubens Paiva, que foi levado por seis homens sem nenhuma justificativa,
e depois de quarenta anos de seu sumiço foi confirmada a sua morte. Nesse
sentido, é nítida a indignação e a revolta de Marcelo em relação ao que foi feito com
sua família quando ele pergunta ao leitor se ele já imaginou uma mãe de cinco filhos
ter a sua casa invadida por soldados armados e seu marido levado sem nenhuma
explicação e em seguida desaparecerem com ele.
Assim como o período de censura e repressão vivido pelo autor, o cenário
atual do Brasil não é muito diferente. Isto é, a omissão e a negligência do atual
governo perante à pandemia do Coronavírus podem ser consideradas como tortura,
já que isso traz sofrimento ao povo. Do mesmo modo que a possível censura das
questões do Enem 2021, principalmente as de ciências humanas, revela como o
país está regredindo e a história está se repetindo.

Por tudo isso, é indubitável que essa obra de Marcelo Paiva marcou a história
da literatura brasileira e trouxe questões muito importantes sobre a vida e o valor
que atribuímos a ela, também abordou um assunto bem delicado da história do
Brasil que o afetou diretamente, de forma realista. Ademais, foi possível relacionar o
contexto atual brasileiro com o que aconteceu com a família de Marcelo nos tempos
da ditadura.

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