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A resposta das células à radiação pode ser afectado por vários factores. Estes
factores parecem afectar a radiossensibilidade das células: as células que apresentam
uma resposta potenciada parecem ser mais radiossensíveis; as que apresentam uma
resposta diminuída, parecem ser mais radiorresistentes. Deste modo, a sensibilidade
inerente às células não terá sido alterada; a célula é basicamente a mesma, com as
mesmas características (ou seja, em divisão ou não, diferenciada ou não). O que terá
modado, é um factor externo, como o LET da radiação ou o meio em que ela está a
crescer, exercendo assim, uma influência sobre a resposta da célula (do organismo) à
radiação. No entanto, a sensibilidade inerente da célula, determinada segundo a lei de
Bergonié e Tribondeau, segue sendo a mesma.
Estes factores são afectam a radiossensibilidade celular, ou seja, factores a que a
célula está exposta antes e depois da radiação induzida por estes factores denomina-se
de sensibilidade condicional.
Os factores que afectam a resposta agrupam-se em factores físicos, factores
químicos e factores
Factores Físicos Factores Químicos Factores Biológicos
Dose Radiosensibilizadores Estado proliferativo
Taxa de dose Radioprotectores Fase do ciclo celular
Fraccionamento de dose Antioxidantes Estado fisiológico ou metabólico
Exposição aguda ou crónica Constituição genética da célula
Tipo de radiação (LET, RBE)
Factores que afectam a resposta celular
LET (linear energy transfer): frequência de deposição de energia sob a forma de partículas carregadas, no
trajecto de um determinado tipo de radiação.
Unidade de medição: keV. µm-1 i.e. energia depositada por unidade de distância percorrida.
Fig.5
LET alto – ionizações densas: partículas alfa, iões pesados (C+, He+), neutrões
(Massa e carga ++; Muitas ionizações num trajecto curto)
• Radiações com LET diferente produzem graus diferentes dos mesmos efeitos
• Doses iguais de radiações com LET diferente não produzem o mesmo efeito
RBE = Dose de raios X (250 kV) / Dose de qualquer outro tipo de radiação que provoque o
mesmo efeito biológico
1
Partículas alfa 5 100.0
MeV
Neutrões
19 MeV 7.0
2.5 MeV 20.0
Electrões
1.0 MeV 0.25
1.0 KeV 12.3
FACTORES QUÍMICOS
RADIOSSENSIBILIZADORES
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a radicais livres com uma vida consideravelmente superior. Estes radicais livres são
partículas altamente reactivas e vão ser responsáveis por grande parte das lesões
provocadas pela radiação por efeito indirecto.
Se o oxigénio se encontrar presente, ele vai reagir com estes radicais livres
formando-se um peróxido orgânico, que é uma forma irreversível do material alvo.
Ocorre assim a alteração da composição química do material exposto. Se o oxigénio não
estivesse presente esta reacção não poderia acontecer e muitas destas lesões poderiam
ser reparadas permitindo à célula funcionar normalmente. Considera-se assim que o
oxigénio vai fixar (no sentido de tornar a lesão permanente) as lesões provocadas pela
radiação.
O OER apresenta o seu valor máximo para radiação pouco ionizante (como por
exemplo raios X e γ). Isto ocorre porque para radiação pouco ionizante existe um
predomínio do efeito indirecto sobre o efeito directo. À medida que a densidade de
ionização da radiação aumenta o efeito directo começa a ter cada vez mais importância.
O efeito do oxigénio só ocorre quando a radiação provoca a formação de radicais livres,
ou seja, quando ocorre efeito indirecto. Como referido, o efeito indirecto é o que
predomina em radiação pouco ionizante e por isso é que o OER é máximo para este tipo
de radiação. Por outro lado, para radiação altamente ionizante como as partículas α
(alfa) praticamente só ocorre efeito directo pelo que a sensibilização provocada pelo
oxigénio é insignificante.
OER é dependente do LET (Linear Energy Transfer). O OER é mais pronunciado
para radiação de baixo LET e menos eficaz com radiação de alto LET. Para células dos
mamíferos, o OER varia entre 2 e 3. Para radiação de alto LET os valores do OER
variam entre 1.2 e 1.7.
Com radiações de baixo LET em condições de hipóxia a probabilidade de
ocorrência de uma quebra na molécula alvo é muito reduzida, devido à enorme distância
entre os eventos ionizantes. Em situações aeróbias com feixes de baixo LET, o efeito
indirecto é intensificado, pois mais radicais livres são formados e o volume de acção
que envolve a interacção é alargado. Usando radiações de alto LET, as ionizações
ocorrem tão próximas umas das outras que há uma grande probabilidade de ocorrer
quebra de forma directa, muito maior do que para radiações de baixo LET por efeito
indirecto.
As diferenças físicas entre radiações de baixo e alto LET levam a que a
quantidade de danos causados pela radiação de alto LET superem a reparação de danos
subletais. A presença de oxigénio não intensificará a resposta à radiação com a mesma
magnitude que a observada no caso de radiações de baixo LET. Em radiações de baixo
LET, o oxigénio e outros modificadores conseguem alterar a resposta à irradiação, mas
este tipo de modificações é largamente diminuído à medida que o LET aumenta. A
rápida descida do OER e o valor de RBE (Relative Biologic Effectivenss) ideal coincide
com o mesmo valor de LET, 100 KeV/µm.
Os gráficos que se seguem representam a variação hipotética do factor de
intensificação do oxigénio em função do LET, tendo em consideração o estado de
oxigenação do tecido ou célula em questão.
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Fig. 8- Efeito do oxigénio
4
A magnitude da resposta das células à radiação na presença do oxigénio não
aumenta de forma ilimitada.
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As células de maior importância, são as células hipóxicas suficientes, para serem
resistentes à terapia com radiação ionizante, contendo no entanto, oxigénio suficiente
para serem viáveis, e portanto continuarem a crescer depois do tratamento. Estudos em
animais mostraram que a maioria dos tumores contêm 10 a 85% de células hipóxicas.
Proporções semelhantes foram observadas em nódulos tumorais humanos. Quando uma
única dose de radioterapia é enviada para este tipo de tumor, as células aeróbias serão
mortas, enquanto que a maioria das células hipóxicas permanecerão. Depois da
irradiação, as células hipóxicas que se encontram mais perto da superfície da massa
tumoral restante, são agora rodeadas por um meio rico em oxigénio e tornam-se
aeróbias. Depois de um atraso suficiente, a massa deverá agora ter uma fracção de
células hipóxicas de 10 a 15%. Se uma segunda dose de radioterapia é aplicada as
células recém oxigenadas, serão mortas. Este ciclo irá repetir-se como decréscimo
progressivo da massa tumoral. A esperança é que a massa tumoral acabe eventualmente
por ser completamente destruída recorrendo a várias doses. Este efeito do oxigénio é a
primeira razão para fragmentar as doses de radioterapia e para os múltiplos tratamentos
serem necessários à completa destruição do tumor.
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Relação entre OER e RBE em função do LET
A radiação ao ser
absorvida provoca a formação
de electrões rápidos. Por sua
vez estas partículas rápidas
provocam a formação de
pares de iões de vida muito curta. Estes iões dão então origem a radicais livres
com uma vida consideravelmente superior. Estes radicais livres são partículas
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altamente reactivas e vão ser responsáveis por grande parte das lesões
provocadas pela radiação por efeito indirecto.
Se o oxigénio se encontrar presente, vai reagir com estes radicais livres
formando-se um peróxido orgânico. Ocorre assim a alteração da composição
química do material exposto. Se o oxigénio não estivesse presente, esta
reacção não poderia acontecer e muitas lesões poderiam ser reparadas
permitindo à célula funcionar normalmente. Considera-se assim que o oxigénio
vai fixar as lesões provocadas pela radiação.
Para radiação pouco ionizante existe um predomínio do efeito indirecto
sobre o efeito directo. À medida que a densidade de ionização da radiação
aumenta, o efeito directo começa a ter cada vez mais importância. O efeito do
oxigénio só ocorre quando a radiação provoca a formação de radicais livres, ou
seja, quando ocorre efeito indirecto. Como referido, o efeito indirecto é o efeito
que predomina em radiação pouco ionizante e por isso é que o OER é máximo
para este tipo de radiação. Por outro lado, para a radiação altamente ionizante
como as partículas α, praticamente só ocorre efeito directo pelo que a
sensibilização provocada pelo oxigénio é insignificante.
Fig. 4 –
Gráfico
da variação
da
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Pela análise do gráfico observa-se que à medida que a concentração de
oxigénio aumenta, o material torna-se progressivamente mais sensível à
radiação, até que na presença de uma concentração de oxigénio igual a 100%,
a sensibilidade é cerca de três vezes superior à que se verifica em condições
de anóxia.
Assinala-se ainda o facto de ocorrer uma variação muito rápida da
radiossensibilidade à medida que a pressão parcial do oxigénio aumenta de 0
mmHg para 30 mmHg. Para lá desse ponto, 30 mmHg, um aumento da
pressão parcial do oxigénio tem um efeito praticamente insignificante em
termos de aumento da sensibilidade. Assim, são necessárias quantidades de
oxigénio relativamente pequenas para que se aumente de forma substancial o
efeito do oxigénio.
Nos tumores as situações de hipoxia celular podem ser desencadeadas
por dois processos distintos. A hipoxia crónica resulta da limitada distância de
difusão, cerca de 150m para lá da parede capilar, através do tecido. As
células neste tipo de hipoxia podem permanecer hipoxias durante longos
períodos de tempo. O segundo mecanismo é conhecido por hipoxia aguda que
resulta normalmente do bloqueio temporário de um determinado vaso
sanguíneo.
Hipoxia
Crónica
A suspeita de que
o oxigénio afectava a
radiossensibilidade
celular começou em
1930. Contudo, foi em
1955 que se descreveu o
fenómeno da hipoxia crónica através de um estudo histológico acerca do
carcinoma brônquico. As células do epitélio escamoso estratificado, quer sejam
normais ou malignas, normalmente permanecem em contacto umas com as
outras. O estroma vascular do qual depende a nutrição destas células
encontra-se em contacto com o epitélio, mas os capilares não penetram por
entre as células. Os tumores que surgem neste tipo de tecido normalmente
crescem como nódulos sólidos, que quando seccionados parecem ter várias
camadas rodeadas pelo estroma. O centro destes tumores é constituído por
sua área necrótica que por sua vez é rodeada por células tumorais intactas que
aparecem como anéis em volta do centro necrótico.
Pela análise de vários carcinomas brônquicos, verificou-se que à medida
que os tumores se tornam maiores o tamanho do centro necrótico também
aumentava de tamanho, enquanto que a espessura da camada de células
vivas permanecia relativamente constante.
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Com base nestes resultados concluíram que as células tumorais só
podiam crescer e proliferar eficazmente quando se encontravam próximas de
uma fonte de oxigénio e de nutrientes do estroma. A privação de oxigénio era o
principal factor responsável pelo desenvolvimento de áreas necróticas nos
tumores.
Fig. 6 - Difusão do
oxigénio, a partir de
um capilar, através de
um tecido normal.
Como se pode
ver na figura, na
extremidade arterial o
oxigénio consegue-se
difundir cerca de
70m. À medida que
nos vamos
aproximando da
extremidade venosa
observa-se claramente a diminuição da distância de difusão do oxigénio.
Pela análise histológica das secções tumorais consegue-se distinguir
duas classes de células. A primeira classe corresponde ás células que se
encontram em proliferação e de boa saúde. Estas células encontram-se bem
oxigenadas, estando por isso a uma curta distância de um capilar. A segunda
classe corresponde ás células que estão mortas ou a morrer. Estas células
encontram-se a uma distancia considerável de um capilar (>70m), pelo que
não recebem nenhum oxigénio. Entre esses dois extremos podemos identificar
uma terceira camada de células, que vai corresponder a uma região na qual as
células têm uma quantidade de oxigénio suficientemente alta lata para manter
as células viáveis, mas baixa o suficiente para que as células não sejam tão
afectadas pelos danos da radiação ionizante. Esta camada é então constituída
por células em hipoxia. Desta forma as células desta região vão ser mais
resistentes à radiação por possuírem uma pressão parcial de oxigénio baixa e
podem funcionar como um foco de recrescimento tumoral após terapia. Com
base nisto, concluiu-se que uma porção relativamente pequena de células
hipoxicas num tumor limita grandemente o sucesso da radioterapia em diversos
quadros clínicos.
- Hipoxia Aguda
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tumor pode encontrar-se hipoxica. No entanto se essa dose tivesse sido
administrada algum tempo depois já poderia ser uma outra região do tumor a
encontrar-se em hipoxia.
- Danos letais
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em causa ou ate mesmo à morte do ser. São as rupturas de cadeia dupla as
responsáveis por este tipo de dano.
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células foram expostas a doses fraccionadas e mantidas na temperatura
normal de crescimento (37º C). Nas primeiras duas horas a reparação dos
danos subletais é evidente, mas à medida que o tempo entre as doses
aumenta a fracção de sobrevivência diminui outra vez.
Se uma população de células assíncronas for exposta a uma grande dose de
radiação, uma maior quantidade de células é morta durante a fase sensível do
que na fase resistente do ciclo celular. Assim, as células tornam-se, em parte,
sincronizadas.
Fig. –
13
Como se pode constatar, o factor de intensificação do oxigénio (OER) é maior
para radiações de baixo LET, como os raios-x. em condições de hipoxia, a
fracção de células sobreviventes é equivalente para ambos os tipos de
radiação mas com doses muito diferentes. Isto porque a radiação de alto LET é
densamente ionizante causando, portanto, morte celular com uma dose de
radiação inferior à necessária para provocar os mesmos danos celulares com
um feixe de radiação de baixo LET, dispersamente ionizante. O facto de se
tornar o meio mais oxigenado não altera significativamente a efectividade da
radiação de alto LET, esta é pouco mais intensificada pela presença do
oxigénio. A diferença de magnitude entre as curvas que representam a fracção
de sobrevida celular em condições de hipoxia e aeróbias com radiações de alto
LET é muito menor que a diferença de magnitude observada para as curvas de
sobrevida para radiações de baixo LET, querendo isto dizer que na radiação de
baixo LET o oxigénio tem um papel intensificador relevante. A radiação de
baixo LET é mais eficiente pela acção indirecta, enquanto que a radiação de
alto LET possui uma eficiência um pouco maior mesmo por acção directa. Isto
deve-se às diferentes densidades de ionização em cada tipo de radiação. O
valor de OER é portanto superior em situações de irradiação com baixo LET. À
medida que aumenta o LET menor é acção intensificadora do oxigénio e menor
é o valor do OER.
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RADIOPROTECTORES
SH – CH2 – CH NH2
COO
H
Em 1948, Patt descobriu que a cisteína podia proteger os ratos dos
efeitos da irradiação corporal total dos raios X, se as substâncias fossem
injectadas ou ingeridas bastante tempo antes da exposição à radiação. Por
volta desta altura, ao mesmo tempo que Patt, Bacq descobriu que a cistamina
também protegia os animais da irradiação corporal total. A estrutura da
cistamina é:
SH – CH2 – CH2 – NH2
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Fig. 11- Efeitos da administração de um
composto radioprotector sobre a curvea de
sobrevivência de animais irradiados. Na
presença do composto B é necessário 1000 R
de irradiação em todo o corpo para reduzir a
percentagem de sobreviventes de 50 para
100. No entanto na ausência do composto A,
a mesma resposta é produzida com 500 R.
por tanto, o factor de redução de dose (DRF)
− Fisico-químico:
o Induz hipóxia (quanto menor concentração de oxigénio, maior
radiorresistência)
o Choque bioquímico (quanto menor divisão celular, maior tempo
para a célula se repara)
o Hipotermia (quanto menor a temperatura, maior radiorresistência)
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Apesar da cisteína ser um radioprotector, é também tóxica e provoca
náuseas e vómitos nas doses recomendadas para radioprotecção. Foi então
iniciado um programa de desenvolvimento em 1959 pelo exército dos Estados
Unidos em estudos conduzidos pelo instituto médico Walter Reeds para
identificar e sintetizar as drogas capazes de oferecer protecção aos indivíduos
no ambiente de radiação, mas sem a debilitante toxicidade da cisteína ou da
cistamina. Mais de quatro mil compostos foram sintetizados e testados. Numa
fase inicial, a importante descoberta foi saber que a toxicidade do composto
poderia ser em grande parte reduzida se o grupo sulfídrico fosse coberto por
um grupo fosfato.
Metade da dose letal do composto pode ser duplicado e o efeito protector
em termos de DRF poderá ser em grande parte aumentado se o grupo SH na
cistamina for coberto por um fosfato. Isto tende a reduzir a toxicidade sistémica.
Uma vez na célula, o grupo fosfato é separado e o grupo sulfídrico começa a
actuar sobre os radicais livres, “desviando-os”.
Os compostos WR-638, WR-2721 e WR-1607 são três exemplos típicos
de 4,000 compostos sintetizados no instituto médico Walter Reeds. O primeiro
composto é o cistaphos e foi usado para proteger soldados contra possíveis
conflitos nucleares durante a Guerra Fria. A sua utilidade deve ser em grande
parte psicológica, porque o composto era transportado como uma “carteira” de
comprimidos para ser administrada oralmente, apesar de na realidade estes
compostos sulfídricos se transformarem num ácido do estômago e serem
apenas eficazes se administrados por via intravenosa ou intraperitoneal. Um
outro factor, reside no facto de tais compostos protegerem apenas da radiação
escassamente ionizante (baixo LET), e cosequentemente oferecem pouca
protecção contra a libertação de neutrões produzida pelo rebentamento de um
equipamento nuclear. Seriam apenas eficazes contra os raios Y das poeiras
radioactivas resultantes.
O segundo composto WR-2721, a amifostina, é o mais eficaz de todos os
sintetizadosno Walter Reeds. Durante uma missão à lua de 14 dias, poderia
ocorrer um evento solar e os astronautas estariam expostos a chuvas de
protões de alta energia, resultando numa dose de vários grays. A
disponibilidade de um radioprotector com um factor de redução de dose entre 2
e 3, teria sido muito importante, como protecção para estes astronautas.
O terceiro composto é o WR-1607. Este tem uma estrutura semelhante
aos dois compostos anteriores, mas na realidade é comercializado como
veneno para ratazanas, d-COM. O WR-1607 mata, produzindo paragens
cardíacas. Este composto é um radioprotector muito mais eficaz do que os
compostos descritos anteriormente, sendo capaz de uma protecção
equivalente a um centésimo da dose, mas não é muito usado devido à sua
toxicidade. Uma pequena mudança na estrutura deste composto pode resultar
numa alteração dramática das suas propriedades, e também porque aponta
uma limitação da dose potencial de toxicidade nos compostos sulfídricos. Por
exemplo, o limite de dose de toxicidade da amifostina é a hipotensão.
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capilares, é convertido num metabolito activo, designado por WR-1065. Este
metabolito, rapidamente entra em células normais por difusão facilitada e pelo
afastamento dos radicais livres formados pela radiação ionizante ou por alguns
agentes da quimioterapia tal como agentes alquilantes. Os radioprotectores
tem um número potencial de aplicações na radioterapia. Para uso na irradiação
de todo o corpo a droga é administrada num máximo tolerável de concentração
imediatamente antes da dose de radiação. A protecção dos tecidos normais em
relação aos tecidos tumorais é conseguida através de uma discriminação dos
tecidos e conversão da amifostina em WR-1065, nos tumores. Há prova do
transporte activo da droga para tecidos normais tal como descrito
anteriormente, com apenas difusão passiva nos tumores. Por outro lado, o
efeito diferencial, pode ocorrer simplesmente devido ao melhor funcionamento
vascular dos tecidos normais. Qualquer que seja o mecanismo, o composto
rapidamente flui em tecidos normais mas penetra mais lentamente no tumor.
Consequentemente se a dose de radiação for dada poucos minutos após a
administração do radioprotector, há uma expansão diferencial nos tecidos
normais em comparação com as células tumorais. Esta estratégia é ilustrada
eficazmente por muitas experiências em tumores animais por Yuhas.
Logo depois da administração da droga, a concentração de amifostina parece
ser elevada em vários tecidos normais, aumentando muito mais lentamente no
tumor. Muitos tipos diferentes de tumores foram estudados, e isto parece ser
uma circunstância geral.
Há uma interessante variação na extensão da protecção da amifostina
em tecidos normais. Em geral, não há uma boa protecção para o sistema
hematopoiético, e em particular para as glândulas salivares. Não serve para
proteger o cérebro porque a droga não atravessa a barreira hematoencefálica,
e apresenta um desapontante nível de protecção para o pulmão. O mecanismo
pelo qual a amifostina exerce um efeito diferencial entre tecidos normais e
tecidos tumorais não é clara. Parte da razão para a lenta acção nos tumores
pode ser porque eles geralmente tem sistemas vasculares cujo o
desenvolvimento é enfraquecido. Mas isto não é uma regra geral. Um factor
essencial para o sucesso dos radioprotectores é que estes devem ser
hidrofílicos (isto é, são mais solúveis na água do que nos lípidos). Os
radioprotectores lipofílicos não mostram esta acção diferencial entre os tecidos
normais e os tumores. Pode ser então que a diferença na apreensão da
amifostina nos tecidos normais e nos tumores seja causada, de alguma forma,
por uma diferença na estrutura da membrana das células tumorais, o que
permite às drogas hidrofílicas penetrar apenas lentamente.
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acção enzimática da membrana para formar o seu primeiro metabolito activo. É
desfosforilada nos tecidos por acção da fosfatase alcalina da membrana,
formando um tiol livre, WR-1065. Quando dentro da célula este metabolito é
oxidado e forma um segundo metabolito, um composto dissulfidico simétrico
designado WR-33278. A formação deste novo composto liberta iões H para o
mecanismo de reparação do ADN celular.
A estrutura e esquema de activação da amifostina e seus principais metabolitos
estão apresentados na figura:
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