Integração social
Miyazaki enfatiza a importância da coletividade e da integração em uma nova
comunidade, temas valiosos para o diretor.[48] Kiki, que a princípio é um pouco
deselegante, por exemplo, com os meninos, aprende a conhecer seu lugar na sociedade
e a construir laços virtuosos com a comunidade ao seu redor.[45][46] Em particular,
os valores de educação e o respeito aos mais velhos, são enfatizados no filme.[48]
[49] Kiki conhece muitos personagens secundários (como Osono, Tombo e Ursula), e
faz amizade com eles graças à sua bondade; é isso que lhe permite suavizar seu
exílio e, finalmente, integrar-se pouco a pouco.[50] As personagens do filme —
Osono, que gerencia sua padaria brilhantemente, ou Ursula, sendo orgulhosa e
independente — servem de modelo ou de guia para Kiki.[49]
Emancipação feminina
O enredo se destaca de muitas animações pela escolha de uma garota como
protagonista, pois os temas da autonomia, autoconfiança, necessidade de sustentar-
se ou a preparação com o futuro, são frequentemente representados através de
personagens masculinos.[18][44][40] No Japão, e em muitas outras culturas, é
incomum para uma menina de treze anos ir sozinha a um lugar estrangeiro para se
estabelecer financeiramente.[44] Miyazaki altera muitas histórias, substituindo o
herói por uma heroína, dando um tom original à sua história.[18][44] Na cena final
do filme, essa inversão de papéis pode ser observada quando Kiki resgata seu amigo
Tombo, ao contrário da clássica sinopse do conto de fadas em que é o jovem que
salva sua princesa.[52] Através da força de caráter e teimosia de Kiki, o longa-
metragem também difere dos mangás em que as meninas são frequentemente presas em
papéis passivos ou idealizados.[53]