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RELATÓ RIO MOTOR DE INDUÇÃ O TRIFÁ SICO

Identificação
Relatório N.01
Título: Motor de Indução Trifásico
Nome dos autores:
 Fabiano Gonzaga;
 Marco Antônio Eyng Panato;
 Mateus Netto Guidi;
 Maycon Dos Santos;
 Vilmar Benedet Junior.

Resumo
O presente projeto teve como objetivo o dimensionamento do motor e de um controlador de velocidade
analógico e digital. Como primeira etapa deste projeto, foram efetuados os cálculos de dimensionamento, e o início da
modelagem do motor. Os cálculos de dimensionamento consistiram basicamente em encontrar o passo polar do rotor,
consequentemente o fluxo magnético necessário e então o número de espiras. Como a parte estatórica foi construída
antes dos cálculos da espira e de fluxo, foram utilizados cálculos que levavam em consideração apenas os dados
iniciais do estator para dimensionamento do resto.
A parte de modelagem do controlador foi feita usando como base os cálculos referentes ao transformador,
acrescido de uma componente chamada de constante de escorregamento. Juntamente com estes cálculos, foram
encontrados o diagrama de blocos e as funções de transferência, tudo feito por fase separadamente.

Introdução
A engenharia elétrica é um ramo da engenharia que visa estudar os aspectos e efeitos causados diretamente ou
indiretamente pela energia elétrica. Desta forma um dos equipamentos que é de extrema importância nos dias atuais e
que está presente nas indústrias exercendo as mais variadas funções, é o motor elétrico, que engloba leis e conceitos
que são fundamentais neste contexto.
Sendo assim, o dimensionamento de um motor elétrico e de seu controle de velocidade analogicamente e
digitalmente, é uma experiência que agrega coisas de fundamental importância da engenharia elétrica para o estudante.
Assim, além de agregar conhecimento teórico, também permite comprovação destes estudos, tendo em vista que além
do dimensionamento do motor que envolve cálculo de fluxo magnético, número de espiras, conhecimentos de
conversão de energia, etc., também foi estudado a modelagem de um controlador de velocidade para o respectivo
motor, que envolve assuntos eletrônicos e de modelagem.
Desse modo, fica clara a existência de uma gama variedade de conhecimento envolvido no projeto, o que
permite aos estudantes de colocar em prática todo o conhecimento adquirido durante o curso.

Parte Experimental
Partimos da premissa do dimensionamento completo de um motor de indução trifásico básico e demonstrativo.
Com o decorrer das pesquisas nos deparamos com duas opções, ou construiríamos um motor por completo, ou
rebobinaríamos um motor usado conforme os parâmetros calculados. Em debate com a equipe, foi decidido a
construção completa para efeitos de conhecimento, entretanto tivemos uma desvantagem de não ter material de apoio
para os cálculos de parametrização das variáveis, isso porque o modelo de motor não é o convencional.
Nosso modelo de cálculo teve como base inicialmente a citação de Afonso Martignoni.

“O motor assíncrono parado comporta-se como um transformador trifásico com o circuito


secundário fechado em curto circuito. No caso do motor, o circuito primário é representado pelo
enrolamento estatórico, ligado a linha de alimentação, enquanto o secundário é representado pelo
enrolamento rotórico fechado em curto circuito. Por essa razão é que as correntes de partida de um
motor assíncrono dá-se também o nome de correntes de curto circuito.”

Professores:Claudio Ernesto Ponce Saldias ,Diego De Moura, Luís Felipe Bianchi Carbonera e Marcelo Azevedo Benetti.
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Tendo isso em mente, começamos a realizar uma aproximação do nosso modelo de motor para com um
transformador, entretanto essa aproximação se provou inválida para a parte de dimensionamento. Esse modelo partia
do princípio de encontrar a força necessária para retirar o rotor do estado de inércia e mantê-lo em movimento.
A falha no cálculo se deu a partir do momento no qual se precisava considerar a densidade de corrente
distribuída nas bobinas, logo a relação de aproximação com transformadores precisava do desenvolvimento de uma
adaptação matemática. Portanto, optou-se pela pesquisa de métodos de rebobinagem de motores aos quais se
aproximassem ao máximo do modelo pelo qual pretendíamos construir, e assim foi feito.

Figura 01 – Projeto AutoCAD do modelo do motor construído.

Encontrou-se então um método estabelecido pela Comercial Eletro Eletrônica Ltda, que proporcionou o
desenvolvimento do dimensionamento do motor simplesmente a partir de dados do estator, ou seja, é um método
simples e eficaz para motores de pequeno porte, entretanto a sua precisão de cálculo é menor para motores de maior
porte.
No decorrer dos cálculos serão necessárias algumas das medidas abaixo. Para melhor compreensão seguem as
figuras abaixo.

Figura 02 – Medidas construtivas; (a) Diâmetro interno do estator; (b) Comprimento do estator.

(a) (b)

Para cumprir com o procedimento do dimensionamento supracitado estabelecemos as características que nosso
motor de indução trifásico deveria operar. São elas:

Tabela 01 – Especificações do estator do MIT


Potência Máxima 100W
Tensão Nominal 220V
Corrente Nominal 321,412mA
Frequência 60Hz
Canais 6
Pólos 2
Diâmetro Interno do Estator 4,556cm
Comprimento do Estator 2,800cm
Notas: 1. Para definição da potência máxima foi utilizada a corrente de pico.
2. Os canais para nosso motor correspondem aos carreteis.

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Decidido o tipo de enrolamento como concêntrico, o segundo passo dado foi o cálculo do passo polar, que é a
distância entre dois eixos de polos consecutivos.

π . Di
Tp= (01)
P
Onde:
 Tp: passo polar [cm];
 Di: diâmetro interno do estator [cm];
 P: número de pólos.

π .4,556
Tp=
2

Tp=7,156 cm

Consequentemente é necessária a determinação do fluxo magnético pela seguinte fórmula:

B . Tp . L
φ= (02)
1000
Onde:
 𝜑: fluxo magnético [Wb];
 Tp: passo polar [cm];
 B: indução estimada no entreferro [kGauss];
 L: comprimento do estator [cm].
5.7,156 .2,80
φ=
1000

φ=0,100 Wb

Nota: a indução estimada para motores inferiores a 10CV é dada em 5kGauss.

Após essa etapa determinou-se o passo do motor como 1:6 em nosso caso. Isso devido ao fato de termos uma
distribuição do enrolamento dividido em seis bobinas no estator. Essa é uma forma de análise aproximada, devido ao
nosso estator não ser o convencional. Através dessa definição foi possível adotar o Fator de Enrolamento ( 𝜉) que
conforme a tabela seguinte é dado como 0,934 para o passo de 1:6. Você pode observar que existem mais opções de 𝜉
para esse passo, porém foi considerada uma porcentagem de espiras a mais por Passo do Enrolamento Encurtado (Z) de
apenas 3,6% por ser a menor porcentagem tabelada e por desejarmos ter um motor compacto. Caso esse motor não
correspondesse às expectativas dos parâmetros calculados poderíamos alterar essa porcentagem, mudando assim o 𝜉 o
que poderia aumentar o número de espiras e aumentar também a seção do fio como veremos mais adiante.

Tabela 02 – Dados técnicos para escolha do fator enrolamento

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Posteriormente define-se o Sistema de Enrolamento (K), onde se adota 1 para enrolamento em meio canal e 2
para enrolamento em canal cheio. Como pretendemos ocupar todo o carretel utilizamos K=2. É estabelecida também o
Número de Ligação em Paralelo (K1), como nosso motor terá uma simples ligação com a rede em estrela, teremos
então 3 ligações, logo K1=3.
Outro fator importante é a escolha da Ligação do Motor (K2), como supracitado nossa ligação se dá no sistema
triângulo, portanto adota-se K2=1,73, caso a ligação fosse a delta teríamos um fator unitário para K2.
Por meio de todo esse levantamento de dados temos condições de estabelecer o Número de Espiras por Fase
(Zf) e o Número de Espiras por Bobina (Z).

50. V . K . K 1
Zf = (03)
2,22.φ . f . ξ . K 2

Onde:
 Zf: número de espiras por fase;
 V: tensão nominal;
 K: sistema de enrolamento;
 K1: número de ligações em paralelo;
 K2: ligação do motor;
 f: frequência [Hz];
 𝜑: fluxo magnético [Wb];
 𝜉: fator de enrolamento.

Portanto,

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50.220.2 .3
Zf =
2,22.0,100.60 .0,934 .1,73

Zf =3094 espiras por fase

assim temos que

3. Zf
Z= (04)
N

Onde:
 Z: espiras por bobina;
 Zf: espiras por fase;
 N: número de canais.

logo,
3.3094
Z=
6

Z=1547 espiras por bobina

Foi possível também determinar a seção do condutor utilizado através da fórmula abaixo e considerando a
densidade de corrente (δ ¿ como 7A/mm² que é utilizado para motores abaixo de 1.

I .K 2
S= (05)
δ .1,73 . K 1
Onde:
 I: corrente nominal;
 𝛿: densidade de corrente;
 K1:número de ligações em paralelo;
 K2: ligação do motor.

I .K 2
S=
δ .1,73 . K 1

Portanto,

0,321.1,73
S=
7.1,73 .3

S=0,0152mm ² ou35 AWG

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Essa comparação pode ser vista pela tabela abaixo.

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Tabela 03 – Conversão de mm² para AWG

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Portanto aquela fórmula nos garante que mesmo para essa corrente nominal, nesse tipo de ligação e
considerando essa densidade de corrente, conseguimos utilizar de um cabo de cobre de 35AWG. Isso foi comprovado
na prática, quando obtivemos uma corrente aproximada para essas configurações de 328mA, quando o estimado seria
de 321mA, porém o motor não apresentou aquecimento, considerando os seus aspectos construtivos, que o motor não
foi laminado como deveria ser para reduzir as perdas pela corrente de Foucault e histerese, obtendo um resultado
satisfatório.

Modelagem do Motor

Para a modelagem do motor, partiu-se da premissa que este pode ser considerado um transformador
com acréscimo de uma componente de escorregamento, uma vez que quando o motor está parado, tem valor zero
devido ao escorregamento ser 1, e quando o motor está rodando, tem valor relativo ao valor do escorregamento, como
mostra o esquema elétrico de onde partiu a modelagem:

A partir deste modelo, iniciaram-se os cálculos de modelagem referentes:

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Obtendo-se assim o diagrama de blocos:

Através da obtenção do diagrama de blocos, é possível obter o diagrama de fluxo correspondente:

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Posteriormente também foram calculados os valores para as respectivas equações de transferência, como
segue:

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Conclusões

Com o presente projeto foi possível a obtenção de resultados satisfatórios, tais como a corrente do motor, na
qual ficou aproximada com a calculada. O motor que mesmo não sendo com placas laminadas não apresentou
aquecimento preocupante, em relação a rotação e ao torque do motor, apresentaram resultados conforme planejado.
Com relação a modelagem mesmo sendo de difícil obtenção acreditamos ter conseguido um modelo satisfatório para a
implementação em planta e controle.

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Referências

MACEDO, Neuza Dias de. Orientação Bibliográfica: material didático para a disciplina bibliográfica. São Paulo,
Departamento de Biblioteconomia e Documentação, ECA, USP, 1971.8p. ( mimeo.).

MANUAL DE BOBINAGEM DE MOTORES TRIFÁSICOS.


Disponível em: <http://estudeemcasa.blogspot.com.br/2012/08/manual-de-bobinagem-motor-weg-trifasico.html>
Acesso em 07 de setembro de 2016.

FORMULAS E CALCULOS DE ENROLAMENTOS.


Disponível em: <https://pt.scribd.com/doc/72640531/Apostila-018-09-Enrolamento-de-Motores-Eletricos>
Acesso em 07 de setembro de 2016.

MARTIGNONI, Afonso: Máquinas de Corrente Alternada.

Professores:Claudio Ernesto Ponce Saldias ,Diego De Moura, Luís Felipe Bianchi Carbonera e Marcelo Azevedo Benetti.
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