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EDMUNDO ULSON
FERNANDO GOMES DOS SANTOS JUNIOR
PEDAGOGIA
UNAR
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2010
FERNANDO GOMES DOS SANTOS JUNIOR
PEDAGOGIA
UNAR
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2010
A PEDAGOGIA E O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Segundo PEREIRA
“A Psicopedagogia, como área de aplicação, antecede o status da
área de estudo, a qual tem procurado sistematizar um corpo teórico
próprio, definido seu objetivo de estudo, delimitando o seu campo de
atuação”. (PEREIRA. p.14. 2004)
O desenvolvimento da personalidade humana ocorre em varias fases que se
ocupa de aprendizagens, o individuo, por sua vez, aprende a fazer e a retratar o seu
eu, tendo como o seu corpo o seu significado, originando suas concepções de
afetividade e intelectual que forma sua identidade de acordo com suas condições
socioculturais e do seu meio.
A exposição desse tema faz uma retomada histórica de sua trajetória,
procurando observar o possível acesso ao saber sistematizado, levando em
consideração os problemas da escola pública em relação a sua qualidade, assim em
sintonia com o contexto a escola se apresenta às novas exigências impostas pela
modernidade, destacando assim os quatro pilares da educação brasileira visando às
especificidades apresentando às novas tecnologias, sem perder de vista sua forma
de convivência que tornam possível à cidadania e o pleno desenvolvimento de cada
indivíduo numa sociedade em transformação.
Assim a idéia que se o objeto de estudo da psicopedagogia venha de
encontro à necessidade de termos consciência do individuo e suas transformações,
não sendo um processo padronizado, e sim em permanente construção com
referências básicas, e com flexibilidade para se adaptar à realidade da escola.
Apesar de apresentar uma essência de complexidade, é profundamente intrínseca e
necessária a natureza educativa.
Como transformar um recém nascido em um ser humano?
Esta é uma das questões levantadas por Saltini (1999), para ressaltar a
importância de um sólido relacionamento afetivo na formação de pessoas
equilibradas, ajustadas e em condições de crescerem e se desenvolverem.
Muitas nós ouvimos das pessoas mais velhas afirmando que as crianças
atualmente são mais esperas que as de outrora, se admiram diante de crianças
intelectualmente normais e que se alfabetizam aos cinco anos, ou que ainda são
capazes de executar tarefas complicadas diante de um computador.
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que os educadores saibam alimentar o corpo e a alma dos seus alunos e isso vale
para qualquer etapa do processo educacional.
De acordo com Vygotsky (1979) em sua obra Pensamento e Linguagem,
“[...] Todas as atividades cognitivas básicas do indivíduo ocorrem de acordo
com sua história social e acabam se constituindo no produto do
desenvolvimento histórico-social de sua comunidade (Luria, 1976). Portanto,
as habilidades cognitivas e as formas de estruturar o pensamento do
indivíduo não são determinadas por fatores congênitos. São isto sim,
resultado das atividades praticadas de acordo com os hábitos sociais da
cultura em que o indivíduo se desenvolve”. (VYGOYSKY, 1979, p. 03).
Pode-se concluir que nesta etapa da educação, o desenvolvimento da
afetividade depende, sobretudo, do toque das caricias, de um ambiente saudável e
tranqüilo, das palavras e demonstrações de afeto de seus educadores.
As primeiras brincadeiras normalmente estão relacionadas ao toque e as
formas de movimentação. Na verdade elas funcionam mais como meio de deixar
claro para a criança que tem alguém por perto. Mordiscar o pé, segurar nas mãos,
cobrir e descobrir o rosto com uma fralda, rolar o bebê na cama de um lado para o
outro, são as primeiras brincadeiras que o bebê vivencia. No entanto, estas
brincadeiras só acontecem quando aqueles que estão a sua volta ou que cuidam
dele sabem que estas pequenas criaturas precisam interagir com o mundo e isso
não ocorre apenas através do banho ou da alimentação.
As pessoas que cuidam dos bebês partindo deste principio, na verdade
entendem que elas precisam ser estimuladas, que reagem aos sons conhecidos,
aos toques, que vira o rosto procurando a luz, enfim elas sabem brincar, pois,
demonstram satisfação e respondem com sorrisos que se tornam cada vez mais
freqüentes.
Com o tempo o bebê aprende a pegar no começo meio sem jeito, mas em
pouco tempo já leva com facilidade tudo a boca, nesta etapa adora manusear os
objetos coloridos e barulhentos, iniciando também movimentos mais elaborados em
busca dos objetos. Para o bebê esta é uma ótima brincadeira, principalmente
quando é oferecida ao bebê a oportunidade de manusear vários objetos. Pegar e
jogar ou pegar e levar a boca é um gesto que é repetido muitas vezes, até que
aprenda e passe a executar estes movimentos com segurança.
“[...] nas crianças menores, até um ano e meio / dois anos, fase em que
aparece a linguagem, a atividade lúdica te como característica essencial o
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aprendizagem, pois é brincando que o ser humano se torna apto a viver uma ordem
social, conforme ressalta Friedman (1996): “[...] é o mais complexos dos processos
educativos, pois influencia o intelecto, a parte emocional e o corpo da criança”.
As relações afetivas são construídas, desenvolvidas, aprendidas e ensinadas
e que o papel do professor é fundamental para que as brincadeiras possam
realmente desenvolver esta afetividade tão desejada e tão necessária em um mundo
onde desde pequenas as crianças são expostas a inúmeras situações de conflito e
violência.
As brincadeiras têm um papel fundamental na formação de pessoas
equilibradas, tranqüilas e com condições de lidarem com seus sentimentos de forma
ajustada. No entanto, é preciso que o professor tenha consciência disso e utilize as
brincadeiras com objetivos claros e definidos e não de forma impensada ou apenas
para preencher um tempo ocioso. A brincadeira como um dos fundamentos da
Pedagogia é coisa séria, e precisa ser encarada pelo educador com tal fim, isto é,
com os ‘olhos’ da Pedagogia Clinica2 e Institucional3, uma vez que durante uma
brincadeira os conflitos são naturais, sendo necessário que estes sejam mediados
para alcançar os objetivos e metas planejadas, neste caso em específico, o
desenvolvimento de relações afetivas.
Conforme afirma Saltini (1999, p.89), o educador não pode perder de vista os
seus objetivos e para tanto precisa saber como agir em todas as situações.
“A serenidade e paciência do educador mesmo em situações difíceis fazem
parte da paz que a criança necessita. Observar a ansiedade, a perda de
controle e a instabilidade do humor, vai assegurar a criança ser continente
de seus próprios conflitos e raivas sem explodir, elaborando-os sozinha ou
em conjunto com o educador. A serenidade faz parte do conjunto de
sensações e percepções, que garantem a elaboração de nossas raivas e
conflitos”.
O movimento é para a criança, indiscutivelmente a mais importante forma de
expressão, haja vista que ele antecede a linguagem, portanto é através do
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A Pedagogia Clínica se propõe a uma intervenção com a expectativa de mudanças significativas nas relações
familiares: como toda proposta pedagógica o objetivo é sair de um patamar para chegar a outro, mais amplo. A
proposta é a formação cuidadosa, em alto nível, de profissionais capazes de intervirem com eficácia em
situações de conflito, acordos e ajustes, intermediação e busca de novos patamares de atuação e convivência.
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A Pedagogia Institucional é considerada uma vertente revolucionária da educação, discutida na década de
1960 e que desencadeou uma nova forma de ver a cultura e a própria educação. Defende uma crítica às
instituições de ensino existentes, ultrapassando os muros da escola, diversificando o papel dos professores e
atribuindo importância ao sistema educativo com o recurso às metodologias de análise política e de intervenção
social
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“O brincar livre, embora desejável, torna-se utópico, uma vez que a criança
dispõe de alternativas, de objetos culturais ou espaços para implementar
seus projetos de brincadeira. Pretende-se desenvolver a criança a partir do
que se tem na instituição, ou seja, quase nada. A proposta de Vygostki
(1988) de inserir objetos culturais para estimular o imaginário infantil não se
expande [...]Naquelas que adquirem brinquedos observa-se uma
inadequação de tipo e uso. Em geral, há predomínio de brinquedos
destinados ao desenvolvimento cognitivo, como blocos lógicos encaixe e
classificação e pouca representatividade no campo simbólico. Nas creches
que dispõem de berçários, há falta de brinquedos para a primeira idade”,
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KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Disponível em:
http://www.labrinjo.ufc.br/phocadownload/artigo_005.pdf. Visitado em 03/03/10.
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MALUF, Angela Cristina Munhoz. Artigo. Disponível em:
http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=270. Publicado em
01/01/2000. Ultima visita em 03/03/10.
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coisa séria. Por isso, dá para brincar de não desperdiçar água, de respeitar o colega,
de aprender a ler, de cuidar do bem público, entre tantas outras brincadeiras com
temas baseados em ensinamentos para o cotidiano. Todos os assuntos sérios, mas
que não perdem a seriedade quando tratados como brincadeiras por aqueles que
brincam com seriedade.
“Professor bom não é aquele que dá uma aula perfeita, explicando a matéria.
Professor bom é aquele que transforma a matéria em brinquedo e seduz o aluno a
brincar. Depois de seduzido o aluno, não há quem o segure”, (Alves, (1996).
BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação
Fundamental, Referencial Nacional para a Educação Infantil. Vol. 1, 2, e 3, Brasília:
MEC/SEF, 1998.
________Programa de Formação de Professores Alfabetizadores. Secretaria de
Educação do Estado de São Paulo, Módulo 1, São Paulo, 2003.
COSTA, K. R. de Souza. A música e a construção da linguagem oral na educação
especial. Associação Brasileira de Psicopedagogia. Disponível em:
http://www.abpp.com.br/artigos/57.htm##.
FRIEDMAN, Afalo. O Direito de Brincar: A Brinquedoteca. São Paulo. Sritta Abrinq,
1996.
GARCIA, Regina L. (Org), Revisitando a Pré-escola. São Paulo: Cortez, 1993.
KISHIMOTO, T. M. Escolarização e brincadeira na escola infantil. Disponível em:
http://www.fe.usp.br/laboratorios/labrimp/escola.htm
MALUF, Angela. C. M. Brincar na Escola. Artigo. Disponível em:
http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=270. Publicado em
01/01/2000. Ultima visita em 03/03/10.
PEREIRA, N. P. (dissertação de pós-graduação) A Importância de uma Abordagem
Psicopedagógica no Curso de Formação de Professores. Universidade Candido
Mendes. Rio de Janeiro. 2004.
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