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DISCURSO POLÍTICO
O discurso político é um género de texto essencialmente argumentativo em que se
defendem ideias e propostas sobre o caminho que um país ou uma comunidade deve
tomar e sobre as medidas que devem ser adotadas para que essas propostas sejam bem
sucedidas. O objetivo central deste género textual é convencer os interlocutores a aceitar
e a apoiar as ideias avançadas e desencadear uma reação do público (ou seja, levar os
outros a agir): votar, intervir, apoiar, mobilizar-se para uma iniciativa, etc.
Marcas de género
• Não devemos limitar o discurso político ao discurso partidário: não se trata mera-
mente de um texto em que se pede o apoio ou o voto para um candidato ou
um partido. É antes, um texto persuasivo (oral ou escrito) destinado ao público
com o propósito de se defender uma causa política, um rumo de ação para um
país ou medidas para assuntos concretos.
• A argumentação é a estratégia usada para convencer os ouvintes a aderir às pro-
postas do enunciador. Os argumentos mobilizados devem ser válidos e coerentes
e devem guiar-se por princípios honestos e justos. Por vezes é necessário rebater
a posição de outras posições através de contra-argumentos.
• Neste género textual, a argumentação surge articulada com o registo expositivo;
isto porque é necessário apresentar os factos que fundamentam a argumentação
e atestar as afirmações proferidas através de provas. Daí que há quem defenda
que se trata de um texto expositivo-argumentativo.
• O discurso político deve ter uma dimensão ética e social: deve preocupar-se
genuinamente com o bem-estar dos cidadãos, com o melhoramento das suas
condições de vida e com o progresso da comunidade.
• O discurso político é, por excelência, um texto eloquente em que o orador/escritor
mobiliza habilmente recursos expressivos da língua: a repetição, a enumeração,
a metáfora, a comparação, a pergunta retórica, a apóstrofe e a ironia são alguns
dos recursos expressivos mais comuns nestes textos.
• Na sua versão oral, o orador explora outros
tipos de recursos como a postura do corpo,
a expressão facial, o tom e o volume de voz,
como estratégias para alcançar os seus fins
persuasivos. Isto porque a persuasão é bem-
-sucedida através de argumentos racionais
mas também através de uma sensibilização
por afetos e sentimentos.
• O discurso político pode ser preparado para
ser proferido oralmente ou ser escrito a fim
de chegar ao público em suporte de papel
ou em suporte eletrónico.
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DEBATE
Marcas de género
• Num debate, os participantes podem desempenhar quatro papéis diferentes,
cada um com a sua função:
a) Moderador: inicia e encerra o debate, apresentando o tema e os intervenien-
tes; conduz a discussão do assunto, dando a palavra a quem deseja intervir
e colocando questões quando necessário; apresenta as conclusões no fim.
b) Secretário: inscreve quem pede para intervir; controla o tempo de intervenção;
redige, no fim, um documento com as conclusões do debate.
c) Intervenientes: depois de se prepararem previamente, exprimem o seu ponto
de vista sobre o tema; argumentam de forma clara, coerente e convincente;
respeitam as regras do debate.
d) Público: assiste ao debate, podendo, em algumas situações, colocar questões
aos intervenientes.
• Tendo em conta que, num debate, cada interveniente defende a sua ideia, a
argumentação é fundamental para persuadir os demais a aceitarem o nosso ponto
de vista. Argumentar é apresentar factos e razões bem articulados que funda-
mentem a nossa posição sobre um tema e mostrem que ela é justa, válida e é a
que deve ser seguida. É importante expor exemplos para corroborar os nossos
argumentos.
• Ao argumentar, os intervenientes devem partir de factos verdadeiros para expri-
mirem o seu ponto de vista sobre um assunto de forma honesta. Essa honesti-
dade passa também por saber ouvir os argumentos dos outros e aceitar o que eles
têm de válido e justo. Só assim um debate se torna um espaço útil de reflexão em
grupo sobre uma determinada questão.
• Para que a nossa posição seja honesta e tenha qualidade, devemos informar-nos
previamente sobre os temas de um debate e sobre as suas implicações, se vamos
intervir na discussão de ideias. Uma boa investigação sobre os assuntos a tratar
é absolutamente fundamental.
• Num debate, é fundamental proceder a uma outra operação: contra-argumentar.
Os contra-argumentos são raciocínios fundamentados usados para contestar os
argumentos de outros com que não concordamos.
• As intervenções num debate devem ser concisas, limitar-se ao essencial das
ideias e reger-se pelos princípios da relevância, da coerência, da lógica e do bom
senso no uso o tempo.
• É também fundamental respeitar outros princípios da interação verbal: princípio
da cortesia, do respeito pela intervenção do outro, da elevação do discurso, etc.
• Ao encerrar o debate, é útil que o moderador apresente as conclusões que
sobressaíram da discussão de ideias.
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TEXTO DE OPINIÃO E ARTIGO DE OPINIÃO
Marcas de género
A) Texto de opinião
• No que importa à disciplina de Português, o texto de opinião é um género
textual que se distingue do artigo de opinião por ser produzido pelo aluno em
contexto escolar e sem um destino concreto em mente: não é feito a pensar
que será publicado num periódico.
• Num texto de opinião, o autor é chamado a tratar (oralmente ou por escrito)
um tema e a apresentar o seu ponto de vista sobre esse tema, fundamen-
tando-o.
• A posição do autor deve ser bem clara, como claros e pertinentes devem ser
os argumentos desenvolvidos para a defender e os exemplos introduzidos para
atestar as ideias apresentadas. O discurso é, portanto, marcado por juízos de
valor (explícito ou implícito).
• Em contexto escolar, um texto de opinião deve ter uma estrutura fixa — intro-
dução, desenvolvimento e conclusão —, e o estilo usado deve ser claro, sim-
ples e eficaz.
B) Artigo de opinião
• Podemos considerar o artigo de opinião como o grupo de tipos de texto que
encontramos na imprensa e noutros meios de comunicação social e em que
o autor apresenta o seu ponto de vista sobre um tema ou um acontecimento
da atualidade.
• Neste grupo de textos incluem-se a crónica, o editorial ou o artigo de opinião
propriamente dito.
• Os artigos de opinião podem cobrir assuntos de um vasto leque de domínios:
política, sociedade, cultura, desporto, ciência, etc. Além de abordarem ques-
tões atuais, é fundamental que os temas comentados pelo autor do artigo
despertem interesse entre os leitores.
• O autor do artigo de opinião é sempre identificado e responsabiliza-se pelas
opiniões que emite. Regra geral, trata-se de um especialista, jornalista ou não,
na matéria ou na área em questão, e a sua opinião é investida de credibili-
dade.
• É certo que num artigo de opinião se procura informar e esclarecer os leitores
sobre um determinado assunto. Mas o objetivo central é interpretar questões
ou acontecimentos da realidade (social, política, etc.) e apresentar um ponto
de vista sobre o assunto e os argumentos que conferem validade e razão
a essa perspetiva.
• Se muitos artigos de opinião se caracterizam pela sobriedade, outros primam
pela riqueza do estilo usado ou até pelo recurso ao humor.
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EXPOSIÇÃO SOBRE UM TEMA
A exposição é um tipo de texto em que se pretende tratar um tema com alguma
profundidade. O objetivo consiste em explicar e dar informação sobre o assunto pro-
posto, analisando os aspetos mais relevantes.
Características
• O texto expositivo tem um carácter demonstrativo, na medida em que se pre-
tende elucidar o leitor/ouvinte sobre o tema em causa. Ao explanar esse tema, é
necessário fundamentar as ideias e apresentar exemplos ilustrativos.
• Por isso, num texto expositivo necessitamos de proceder a operações como identi-
ficar, caracterizar, descrever, analisar, comparar o assunto e as ideias (ou objetos).
• Um exemplo: se o tema é o sistema político português, o texto expositivo deve
caracterizá-lo (explicar que vivemos numa democracia e que o regime é republi-
cano), analisá-lo (mencionar os órgãos de soberania e os partidos…), identificar
os aspetos que compõem o tema, etc. Nas páginas 268-270 encontra um texto
expositivo sobre a história da língua portuguesa.
• O texto deve estar bem organizado (introdução, desenvolvimento e conclusão) e
as ideias bem estruturadas e bem articuladas entre si. Para organizar o conteúdo
é previsível que seja necessário recorrer a formas linguísticas como conectores e
deíticos. A apresentação do conteúdo deve reger-se pelos princípios da concisão,
da objetividade e da clareza.
• Existem dois tipos de texto expositivo: o expositivo-informativo, cujo objetivo é apre-
sentar informação sobre um dado assunto; e o expositivo-argumentativo, que tem
por finalidade dar informação e defender um ponto de vista, uma opinião, sobre um
tema através de argumentos (ex.: defender ou condenar a pena de morte).
Características
• A função deste tipo de texto não é apresentar em primeira mão o resultado do tra-
balho científico de um investigador — para esse fim existe o artigo científico —, mas
antes divulgar conhecimentos já aceites pela comunidade científica. Os artigos de
divulgação científica são escritos por investigadores e jornalistas e publicados na
imprensa generalista, em revistas de divulgação de conhecimento ou na Internet.
• Tratando-se de um tipo de texto que se destina ao público geral, o artigo de divulga-
ção científica tem de ser curto, e a informação apresentada, seletiva. As ideias devem
estar hierarquizadas para organizar bem o texto e encadear eficazmente a informa-
ção, mas também para o leitor reter, em primeiro lugar, os factos mais relevantes.
• Um artigo de divulgação exige investigação. É desejável que as fontes consultadas
sejam referidas para o leitor poder confirmar a informação ou aprofundar os seus
conhecimentos.
• Visto que o propósito é informar com rigor, o discurso deve ter um carácter predomi-
nantemente expositivo e formal. Deve primar pela objetividade, pela exatidão e pela
clareza. É aconselhável explicar bem os termos técnicos usados e evitar uma funda-
mentação demasiado complexa em termos de teorias e conclusões. No entanto,
a linguagem deve também ser suficientemente apelativa para cativar os leitores e
fazer sobressair aspetos curiosos, intrigantes e inovadores desse conhecimento.
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APRECIAÇÃO CRÍTICA
Estrutura
Os textos de apreciação crítica têm uma estrutura pouco rígida, pois o crítico tem
liberdade para organizar o modo como informa o leitor e lhe transmite a sua opinião.
Ainda assim, há uma estrutura elementar deste texto que deve ser respeitada.
• A apreciação crítica tem obrigatoriamente um título e pode organizar-se, como
qualquer texto, em três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão.
• Se o texto for escrito, o crítico pode tratar no desenvolvimento aspetos diferentes
da obra em cada parágrafo (ex. personagens, espaço, enredo, etc.), começando
por dar informação, para depois avaliar os aspetos em causa. Mas o crítico tem
liberdade para traçar a sua própria rota.
Conteúdo
Vejamos alguns aspetos que podem ser analisados em apreciações críticas, segundo
o tipo de obra:
• Livro — os temas e ideias da obra, a linguagem; se se tratar de uma obra de fic-
ção, atente-se também ao enredo, às personagens, ao espaço, ao tempo, ao nar-
rador, a episódios interessantes;
• Filme — temas e ideias do filme, a ação, os diálogos, o desempenho dos atores,
a reconstituição de uma época, a «fotografia» do filme, o guarda-roupa, os efeitos
especiais, a banda sonora, as cenas marcantes;
• Espetáculo teatral — temas e ideias da peça, o enredo, o desempenho dos ato-
res, o cenário e os adereços, a reconstituição de uma época, o guarda-roupa, a
música e a luz, a linguagem, as cenas marcantes;
• Documentários, reportagens, entrevistas — tema geral e ideias particulares que
se pretendem transmitir, pontos de vista dos intervenientes, registos de linguagem.
Linguagem
Como a atitude do crítico é marcada pela subjetividade, a linguagem usada é pau-
tada por marcas pessoais, podendo ele recorrer à ironia, ao subentendido e à metáfora
na construção da argumentação. Ainda assim, o discurso deve ter a clareza necessária
para comunicar com o público em geral; os termos técnicos usados, que são incontor-
náveis neste tipo de texto, devem ser acessíveis ao leitor.