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PSICOPEDAGOGIA
PROFESSORA
Dra. Gescielly Barbosa da Silva Tadei
ACESSE AQUI
O SEU LIVRO
NA VERSÃO
DIGITAL!
EXPEDIENTE
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de
Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino
de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi
FICHA CATALOGRÁFICA
Coordenador(a) de Conteúdo
Waléria Henrique dos Santos Leonel
Projeto Gráfico e Capa C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ.
Arthur Cantareli, Jhonny Coelho Núcleo de Educação a Distância. TADEI, Gescielly Barbosa da
e Thayla Guimarães Silva.
qualidade, como, acima de tudo, gerar a con- são, que é promover a educação de qua-
versão integral das pessoas ao conhecimento. lidade nas diferentes áreas do conheci-
Reitor
Wilson de Matos Silva
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL
http://lattes.cnpq.br/2933576373897026
A P R E S E N TA Ç Ã O DA DISCIPLINA
NEUROPATOLOGIA APLICADA À
PSICOPEDAGOGIA
A escola é considerada de suma importância para o aprender. A escola é vista como o lócus
para toda e qualquer relação humana que esteja pautada no processo de se desenvolve e
de aprender, pois é nesse bojo que nos tornamos, efetivamente, humanos.
A sensação é que são muitos quadros que podem se aproximar e buscar pelo nosso auxílio.
Na prática clínica, sabemos que nunca há o que se esperar daquele que busca por auxílio
profissional. É, somente, na anamnese, com os responsáveis, que começamos a ter um norte
sobre aquilo que é almejado por aquele que nos procura. É na anamnese que iniciamos o pen-
sar sobre quais instrumentos analisar, sobre quais exames e opiniões profissionais devemos
pedir. Por quê? Porque o trabalho conjunto ganha força. Porque precisamos descartar n tipos
de quadros clínicos até supor determinada hipótese diagnóstica. O papel do psicopedagogo
torna-se de fundamental importância, sendo a porta de entrada para avaliação, tratamento
e intervenção com vistas a diminuir a dor e o incômodo com o não aprender expressos por
aquele que pede pelo auxílio.
Conto com a sua leitura no decorrer de cada parágrafo escrito. Em cada exemplo, há situações
hipotéticas com as quais você pode vir a ter contato em algum momento de sua atuação
profissional. Até a última página.
ÍCONES
pensando juntos
explorando ideias
quadro-resumo
conceituando
Sabe aquele termo ou aquela palavra que você não conhece? Este ele-
mento ajudará você a conceituá-lo(a) melhor da maneira mais simples.
conecte-se
PROGRAMÁTICO
UNIDADE 01
10 UNIDADE 02
41
O PROCESSO DE O CÉREBRO INFANTIL:
NEURODESEN- DESDOBRAMENTOS
VOLVIMENTO E PSICONEURAIS
APRENDIZAGEM
UNIDADE 03
68 UNIDADE 04
92
NEUROPATOLOGIA: NEUROPATOLOGIA:
O DESENVOLVIMENTO TERMINOLOGIAS,
NEUROPSICOMOTOR CONCEITUAÇÕES E
E A SUA INTERFERÊNCIA IMPLICAÇÕES NO
NA APREENSÃO DO APRENDER - PARTE I
CONTEÚDO FORMAL
UNIDADE 05
115 FECHAMENTO
147
NEUROPATOLOGIA: CONCLUSÃO GERAL
TERMINOLOGIAS,
CONCEITUAÇÕES E
IMPLICAÇÕES NO
APRENDER - PARTE II
1
O PROCESSO DE
NEURODESENVOL
VIMENTO E
aprendizagem
PROFESSORA
Dra. Gescielly B. da Silva Tadei
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • A educação formal em pauta •
Jean Piaget • Lev Seminovich Vigotsky • Henri Wallon • Sigmund Freud.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Estudar a epistemologia genética e entender a sociedade e a plasticidade neural • Observar a gênese e
o meio ambiente • Verificar o desenvolvimento psicossexual • Compreender o desenvolvimento cognitivo
e neural • Notar pontos da Neuroplasticidade.
INTRODUÇÃO
Olá, caro(a) aluno(a)! Nesta primeira unidade de estudos, temos uma meta
a ser cumprida: entender que a base teórica de pesquisadores renoma-
dos para a área da psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem
humana é o terreno sobre o qual conseguimos entender o processo
de desenvolvimento da criança. Tal caminhada acontece de maneira
gradual e progressiva, o que leva, também, em consideração as condições
sociais, históricas e culturais de cada sujeito. Somente, mediante esse res-
paldo, é que entenderemos a diferenciação entre o desenvolvimento hu-
mano, dito “normal”, e o desenvolvimento humano, dito “patológico”, ou a
neuropatologia em si.
Para tanto, necessitamos rever um quarteto teórico que sustenta a
prática psicopedagógica bem como as licenciaturas de uma maneira ge-
ral, sendo ele: o suíço Jean Piaget, o russo Lev Seminovich Vigotsky,
o francês Henri Wallon e o austríaco Sigmund Freud. Por meio desses
estudiosos é que podemos retomar as categorias do desenvolvimento e da
aprendizagem. Esse será uma espécie de “fio condutor”, que nos guiará na
compreensão da plasticidade neural e da neuropatologia em si.
Todo o rol de leituras que você teve na sua graduação e, até mesmo, em
pós-graduações já realizadas, auxilia no aprimoramento teórico-prático
de sua ação profissional. O que destaco é: o processo de conhecimento é
um eterno lapidar-se. Iniciemos, agora, nosso percurso sobre o desenrolar
humano tanto no desenvolvimento quanto na aprendizagem. Entendendo
o “normal”, você entenderá, por consequência, o “patológico”. O nosso traba-
lho de leituras e discussões apenas começou. Conto com a sua companhia
na leitura, página a página, deste material.
1
A EDUCAÇÃO
UNIDADE 1
FORMAL
em pauta
UNICESUMAR
com o processo de desenvolvimento. Como exemplo, podemos citar a Esclerose
Múltipla (mais comum em adultos, mas também presente nas crianças); o Trans-
torno do Espectro Autista (TEA); Transtorno do Déficit de Atenção associado
ou não à Hiperatividade; a Meningite, dentre outros quadros. E qual a relevância
de citarmos algumas doenças?
Entramos em um espaço delicado, aqueles quadros não identificados já no
nascimento da criança exigem um olhar pormenorizado dos profissionais que
entrarão na vida desse infante a posteriori, cito os professores, os psicopedagogos,
os médicos neurologistas, os psicólogos, os médicos psiquiatras, enfim, pessoas
atentas ao processo de desenvolvimento humano e capacitadas a auxiliar a família
na identificação do que pode não estar a fluir, de maneira positiva, na vida da
criança. Contamos, aqui, com a possível resistência da família para a aceitação
de qualquer inferência sobre o filho. Daí a necessidade de entendermos como
ocorre o processo de desenvolvimento e aprendizagem.
Quando conhecemos o todo, temos mais condição de discriminar cada parte,
cada fração, desse todo. Refiro-me ao desenvolvimento e à aprendizagem quando
menciono a palavra todo. Destaco os pormenores e patologias, que podem fazer
parte da rede neural, quando elenco as palavras parte e fração. O que digo é: o
olhar atento, com forte sustentação teórica e prática, auxilia na discriminação en-
tre aquilo que se apresenta como pertinente ou não à idade apresentada. Auxilia,
ainda, na necessidade, ou não, de apuração detalhada sobre o quadro apresenta-
do, encaminhando o paciente para um médico neurologista ou profissional de
qualquer outra área da medicina que tangencie os tratos com o Sistema Nervoso
Central (SNC) e desenvolvimento neural.
Uma criança, por exemplo, de dois anos de idade, colocada sob meu olhar
profissional, que ainda não apresenta a entrada na linguagem, ou seja, que não
verbaliza “mamãe”, “papai”, “dá”, “meu”, enfim, que não pronuncia palavras simples,
apresenta, sim, uma necessidade de avaliação cuidadosa. Mas cada pessoa tem
o seu tempo para aprender? Não é bem assim. Cada ser humano tem, sim, a sua
singularidade, mas há pontos do desenvolvimento humano que precisam ser
alcançados para que o crescimento aconteça, desmembre-se, sistematize-se. E
como tenho acesso a esse tipo de conhecimento? Bom, há um caminho, que é
retomar os teóricos que dão base para a Pedagogia e para a Psicologia.
Esses estudiosos fazem parte da grade curricular da graduação em Pedagogia.
Caso não tenha essa formação inicial, está tudo bem, pois esses estudiosos tam-
13
bém compõem o rol de autores básicos para o curso de Psicopedagogia. Por isso,
UNIDADE 1
precisamos pincelá-los aqui, de maneira breve, para que você consiga, realmente,
entender o que quero dizer com: desenvolvimento gradual e progressivo.
Os pesquisadores Jean Piaget (1896-1980), Lev Seminovitch Vigotsky
(1896-1934), Henry Wallon (1879-1962) e Sigmund Freud (1856-1939) com-
põem um quarteto teórico que precisamos ter afinco para a compreensão de todo
o processo de desenvolvimento e aprendizagem do ser humano, do nascimento
à vida adulta. A compreensão desse “desenvolver” pertinente a nós, humanos,
necessita se estender da fase da concepção até a fase da velhice. Mas, por qual
motivo? Porque estamos em constante aprendizagem. A diferença está nos picos
apresentados em cada faixa etária. Porém, na presente matéria, nosso foco está
do nascimento até o ingresso à fase da adolescência.
Pedagogos, psicopedagogos e psicólogos atuam também com os adultos, ter-
ceira idade e, por que não, quarta idade. A ciência trouxe aporte para a longevida-
de, enquanto há vida, há crescimento, enquanto há crescimento, há aprendizado.
Isso é pertinente a nós, e sou grata por atuar em uma área tão rica e peculiar: o ser
humano em sua esfera biopsicossocial e emocional. Gratidão maior é poder
redigir a você, caro(a) aluno(a), esse encanto. Iniciemos com o suíço Jean Piaget.
14
2
UNICESUMAR
JEAN PIAGET
explorando Ideias
Você sabia que uma condição sine qua non significa ser uma condição imprescindível para
determinada situação? Uma condição assim significa ser imprescindível para entendermos
determinada situação em estudo. Significa que, sem essa informação, toda a nossa leitura
e compreensão sobre determinado assunto permanece rasa, sem aprofundamento teórico.
Fonte: a autora.
Toda teoria tem um nome, uma referência que traduz a sua ação e acuidade. A
teoria piagetiana é conhecida como Epistemologia Genética ou Psicogenética.
Por que essa nomenclatura? Justamente, por estar centrada na compreensão de
quais são as condições necessárias para que o bebê chegue até a fase adulta com
toda a lapidação cognitiva necessária para tal.
Almeida (2011) chama a nossa atenção para o fato de que Jean Piaget queria
entender como a inteligência humana é construída, assim, fez uma observação
meticulosa da fase inicial da vida do bebê até a entrada à adolescência. Dessa
forma, Bock, Furtado e Teixeira (1999) destacam que Piaget nos auxilia, sobre-
maneira, a entendermos o que leva uma pessoa a se comportar de determinada
forma em dados situação, momento ou contingência de sua vida.
Para essa compreensão, a Epistemologia Genética concebe que o desenvol-
vimento mental e o desenvolvimento orgânico são intrinsecamente ligados, es-
tabelecendo fiel correlação. É por isso que afirmamos que cada faixa etária apre-
senta características peculiares, ou seja, há uma maneira de a criança perceber,
compreender e comportar-se no meio que a circunda.
Devemos estar atentos à idade apresentada pela criança que chega até nós, lan-
çando-nos, também, à amplitude da hereditariedade, da cultura e da maturação neu-
rofisiológica, além do aspecto físico-motor, do aspecto afetivo-emocional e do aspec-
to social, que compõem esse pequeno sujeito que adentra a nossa vida profissional.
Para a Epistemologia Genética, há três grandes períodos naquilo que diz
respeito ao desenvolvimento humano. Contudo, no Brasil, há a divulgação de
quatro grandes períodos. Opto por reiterar os quatro períodos, uma vez que es-
tes são citados em forte escala em livros acadêmicos e artigos científicos em nosso
país. Os períodos definidos por Jean Piaget são o período sensório-motor, que
compreende a idade de zero a dois anos; o período pré-operatório, que abrange
de dois a sete anos de idade; o período operatório-concreto, compreendido
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UNICESUMAR
entre 7 a 12 anos; e o período das operações formais, o qual se refere à fase de
11 ou 12 anos em diante.
Na literatura fora dos limites do Brasil, há a junção do segundo período ao tercei-
ro, pré-operatório e operatório concreto, por isso, há a referência quanto à Epis-
temologia Genética em três grandes períodos, e não em quatro, como concebemos.
Para Jean Piaget, de zero a dois anos, temos o período sensório-motor. Costu-
mo brincar com os alunos sobre o fato de ser esse o grande “boom” no processo
de desenvolvimento da criança. Essa fase de expansão neural é intensa, as des-
cobertas são diárias e configuram-se como inúmeras. É a fase na qual a criança
se encanta com o mundo ao seu redor.
Sempre ressalto a atenção que precisamos ter no olhar do bebê. É um olhar
vivo, um olhar que brilha e contagia. A risada é genuína e gostosa. Ele está apren-
dendo o que são as coisas de seu dia a dia. Encanta-se com a chuva, com os ruídos,
adora o toque e a atenção do seu cuidador. Aqui, precisamos de uma criança que
esteja provida em suas necessidades básicas para que ela se desenvolva dentro do
melhor que ela consegue e mediante os estímulos que chegam até ela.
Uma criança desejada, bem alimentada, com acesso à saúde e puericultura,
higiene adequada e uma rotina estável de vida apresenta toda a condição para
se desenvolver a contento. É o período voltado para a exploração do meio, sen-
do, também, uma fase de egocentrismo. Seu corpinho é a sua referência, seu
corpinho é o seu companheiro diário e o seu centro de desenvolvimento e de
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aprendizagem. É um momento no qual
UNIDADE 1
UNICESUMAR
guagem afetiva que só se torna comu-
nicativa mais tarde, mais propriamente,
com, mais ou menos, dois anos de idade.
No pré-operatório, notamos uma
preocupação com a realidade, já há a
noção de causa e efeito, e, com uma lin-
guagem mais desenvolvida, as condutas
da criança começam a mostrar, para Pia-
get (2000), modificações expressivas em
seus aspectos afetivo e intelectual. Com
a aquisição da linguagem, a criança pas-
sa a mostrar as suas ações em tentativas
de relato e passa, também, a antecipar as
suas ações. Tudo isso devido à representação verbal.
Você se recorda que precisamos ter um desencadeador ou ponto alcançado
para que consigamos ir para a etapa seguinte? Então, a representação verbal, no
pré-operatório, estabelece esse marco para que a criança tenha a base para o
próximo período, o período das Operações Concretas, que se estende dos sete
aos 11 ou 12 anos de idade.
Nesse estágio do desenvolvimento humano, Wadsworth (1997) destaca os
processos mentais tendo o aspecto lógico em evidência, são as operações lógicas
destacadas por Jean Piaget. Entendemos que uma operação, nessa vertente teóri-
ca, consolida-se como uma ação que pode ser internalizada ou, ainda, uma ação
sobre a qual se possa refletir. É o que se denomina uma atividade, mentalmente,
reversível, ou seja, uma ação que pode acontecer em uma determinada direção ou
na direção inversa. Nesse momento, são estabelecidas as bases para o pensamento
lógico, o qual é esperado para o fim do desenvolvimento cognitivo.
conecte-se
19
Wadsworth (1997) reitera essa postura ao destacar que é na fase operacional con-
UNIDADE 1
20
3
LEV SEMINOVICH
UNICESUMAR
VIGOTSKY
21
volume de produção intelectual realizado por Vigotsky é algo notável, seus textos
UNIDADE 1
22
a relação do sujeito com o mundo não é direta. Essa relação é mediada pelos
UNICESUMAR
sistemas simbólicos, como os instrumentos e os signos, por exemplo.
E o que Vigotsky entendia por instrumentos? Ao lermos Oliveira (1997),
verificamos que, para o estudioso, os instrumentos consistiam em elementos in-
terpostos entre o trabalhador e o objeto de trabalho. São os instrumentos que
possibilitam a intervenção do ser humano sobre a natureza, assim como a transfor-
mação da natureza pelo ser humano. Já os signos referem-se à ideia da utilização
dos instrumentos, contudo eles são transpostos para a área da psicologia.
Nesse sentido, é a sociedade que constrói os signos, e os seres humanos, os
sujeitos, introjetam esses signos a partir das funções superiores. Baseado nessa
introjeção é que os signos passam a ter sentido, passam a fazer parte da conduta
individual e reflexiva do ser humano. É isto que Vigotsky define como a psique
humana; “[...] é por meio dos signos, da palavra, dos instrumentos, que ocorre o
contato com a cultura” (REGO, 1998 apud LUCCI, 2006, p. 8).
Assim como Jean Piaget salienta pontos-chave para a continuidade do pro-
cesso evolutivo, Lev S. Vigotsky o faz também. Para ele, a linguagem é aquilo que
torna o homem um ser humano. É a linguagem que permite a comunicação, a
interação e a comunicação. É por ela que os signos são transmitidos e podem ser
assimilados. Por isso, afirmo que uma criança sem um meio que lhe possibilite
um convívio social adequado não terá a chance de desenvolvimento satisfatório
de suas funções psicológicas superiores (pensamento abstrato).
Aranha (2006) define que é a linguagem que possibilita a capacidade de pen-
sar apresentada pelo ser humano. É a linguagem que permite ao ser humano
emitir respostas que não se assentam, apenas, nas sensações dos reflexos e das
reações automáticas. Para Racy (2010), essas funções psicológicas superiores são,
tipicamente, humanas, voltando-se ao comportamento intencional, à atenção
voluntária e às ações conscientes.
Exímio estudioso, Vigotsky enxerga, na escolarização, o meio adequado para o
desenvolvimento do ser humano. É na criança que ele vê as condições bases para
o desenvolvimento das funções psicológicas superiores. Para o estudioso, é por
meio da figura do professor que a criança consegue expandir o seu autocontrole e
agir para além dos impulsos. Esse processo é gradual e progressivo. Assim, Zanella
(1994) destaca outro termo importante para a nossa compreensão, a Zona de
Desenvolvimento Proximal (ZDP), que está ligado ao Materialismo Histó-
rico e Dialético, o qual tem, na base epistemológica, a ideia de que o homem é
determinado pelas condições históricas e determinador dessas condições.
23
É na escola, na rotina
UNIDADE 1
24
4
UNICESUMAR
HENRI WALLON
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A psicogenética é ressaltada por Wallon, contudo ele prioriza a interação entre o
UNIDADE 1
organismo e o meio social. Para Basso (2010), Wallon traz estágios de desenvol-
vimento, tal qual Jean Piaget, mas para ele a criança não cresce de maneira linear.
explorando Ideias
Você sabia que há uma relativa aproximação entre as teorias de Henri Wallon e Jean Pia-
get? A diferença é que Wallon dá uma valoração a mais ao contexto social do que aquela
realizada por Piaget.
Fonte: a autora.
26
5
UNICESUMAR
SIGMUND FREUD
27
A linha de estudos da Psicanálise busca seu foco de estudos tanto para o conhe-
UNIDADE 1
28
UNICESUMAR
É de Freud os postulados deixados naquilo que diz respeito aos estágios de de-
senvolvimento psicossexual definidos a partir do esquema de zonas erógenas.
Bock, Furtado e Teixeira (1999) salientam que a função sexual, para a teoria
freudiana, está ligada à sobrevivência humana. Nesse sentido, a função sexual
existe desde o nascimento, perpassando todo o desenvolvimento até atingir a
idade adulta, fase na qual o prazer sexual e a reprodução humana encontram-se
desenvolvidos no indivíduo.
Retomando as ideias de Freud, sabemos que as crianças passam por uma
sequência de zonas erógenas quando a libido (energia sexual) se concentra em
diferentes partes (regiões) corpóreas, à medida que o desenvolvimento psico-
lógico acontece.
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Brotherhood e Gallo (2010) esclarecem que a sexualidade definida por
UNIDADE 1
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Logo na sequência, temos a identificação de mais uma fase no desenvolvi-
UNICESUMAR
mento psicossexual, a Fase Fálica (de quatro a seis anos de idade). Aqui, a palavra
curiosidade infantil é o fio condutor. As crianças passam a demonstrar a curio-
sidade quanto às “diferenças” do corpo dos meninos e do corpo das meninas, por
isso, a atenção volta-se para os seus genitais, os quais são identificados como uma
região de prazer. Há, ainda, a necessidade de uma apresentação muito forte e
muito grandiosa de si mesmo, falamos, então, do Complexo de Édipo, em que o
menino mostra intenso interesse pela figura materna, enquanto a menina mostra
o mesmo interesse pela figura paterna, Complexo de Electra.
Já na Fase de Latência, temos uma característica notável, o deslocamento da
libido para atividades sociais de maneira ampla. Nesse sentido, o interesse por si
mesmo, pelo seu corpinho, desloca-se para a satisfação conseguida nas relações
externas, na interação com o meio. A criança passa a investir a sua energia em
atividades escolares e sociais, sua atenção volta-se para os grupos e, com relativa
intensidade, para o brincar.
Com o ingresso na adolescência, a Fase Genital tem, nitidamente, a caracte-
rística expressa de impulsos sexuais. O ser humano adolescente busca “algo para
amar”, algo que não seja pertencente ao seu grupo familiar. A sua referência são os
amigos, podendo receber influências diretas desse meio, haja vista que esse ado-
lescente busca adquirir uma “identidade adulta”, não visando ser tão dependente
dos pais, como outrora na infância. É um movimento bastante interessante, pois
ao mesmo tempo em que ele quer se inserir em um grupo, sentir-se parte de um
grupo, busca, também, um diferencial que determine seu jeito de ser, busca o seu
próprio estilo, sua identidade.
A teoria freudiana teve aceitação na sociedade e no meio acadêmico-cien-
tífico. Mas Sigmund Freud não publicou nada, expressamente, relacionado ao
tema da aprendizagem erudita, escolar, a aprendizagem formal. Mas as suas ideias
passaram por um processo de apropriação. Alguns estudiosos, com forte identi-
ficação com o referencial da Psicanálise, deram aporte a essa teoria no contexto
escolar. Assim, a relevância de Freud para o meio educacional pauta-se na sua
investigação quanto ao surgimento das preocupações que a criança se lança em
cada fase do desenvolvimento psicossexual. Oliveira (2008) afirma que há um
momento determinante na vida dos homens, que é a fase da descoberta da dife-
rença sexual anatômica entre os corpos.
Para Freud, o desenvolvimento intelectual pauta-se no desenvolvimento da
sexualidade, assim, o que impulsiona a inteligência pesquisadora é algo sexual,
31
é como se o processo de se desenvolver, na esfera biológica, de certa maneira,
UNIDADE 1
32
CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNICESUMAR
No decorrer da leitura de nosso texto, entendemos que cada autor, Piaget, Vigot-
sky, Wallon e Freud, pontua uma maneira de observar o ser humano em processo
de desenvolvimento. Por que motivo os trazer em uma discussão sobre neu-
ropatologia? Justamente, para entendermos o que é um desenvolvimento visto
de maneira gradual e progressiva; assim, sabemos visualizar o que não ocorre
dentro dos “pilares” sistematizados e elencados como referência para a avaliação
de uma criança. Mas, se há chance de uma doença neurológica emergir no ser
humano já ao nascer, reitero a pergunta: qual a necessidade de voltarmos às
pontuações básicas dos autores que sustentam a Psicologia do Desenvol-
vimento, a Pedagogia e as Licenciaturas em geral?
Nem toda a questão neuropatológica aparece ao nascer. Há variações que
podem surgir a posteriori, por isso, é necessário o olhar apurado sobre as etapas
apresentadas na aprendizagem e no desenvolvimento. Podemos contar com a
possibilidade de não aceitação da família sobre o quadro apresentado pela crian-
ça ou pelo adolescente; ou, ainda, com dificuldades de encaminhamento dessa
pessoa para outro profissional (neuropediatra, psiquiatra infantil, dentre outros),
enfim, quanto mais detalhada a nossa observação, melhor a condução do caso
daquele pequeno paciente que chega até nós.
A partir da próxima unidade, teremos condições de entender, com mais pro-
fundidade, este sujeito que chega até nós, além de estabelecermos uma correlação
mais aprofundada entre os teóricos apresentados, Jean Piaget, Lev Semino-
vitch Vigotsky, Henry Wallon, Sigmund Freud e a neuropatologia ligada à
área educacional. Afinal, lidamos e entendemos um ser humano em sua esfera
biopsicossocial e emocional.
33
na prática
2. Quanto ao Complexo de Édipo, Freud pontua que ele designa o desejo incestuoso
pela mãe e uma rivalidade com o pai. Segundo ele, é esse o desejo fundamental
que organiza a totalidade da vida psíquica e determina o sentido de nossas vidas.
Quanto ao Complexo de Édipo, é correto afirmar:
I - Freud atribui o Complexo de Édipo às crianças de idade entre três e seis anos,
aproximadamente.
II - Freud afirma que o estágio, geralmente, termina quando a criança se identifica
com o parente do mesmo sexo.
III - Se o relacionamento prévio com os pais for relativamente amável, e não traumá-
tico, e se a atitude parental não for nem excessivamente proibitiva nem excessi-
vamente estimulante, o estágio será ultrapassado harmoniosamente.
IV - Freud considerou a reação contra o Complexo de Édipo a mais importante
conquista social da mente humana.
34
na prática
3. Lev Seonovich Vigotsky, estudioso russo, pontua que o bom ensino é aquele que
sempre adianta ao processo de desenvolvimento do ser humano, ou seja, o bom
ensino é aquele que se dirige às funções psicológicas, as quais estão em vias de se
completarem. Isso significa destacar que a qualidade do trabalho pedagógico realiza-
do com a criança está associada diretamente à (assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F)):
a) V, V, F.
b) F, F, V.
c) V, F, F.
d) F, F, F.
e) V, V, V.
5. A partir dos estudos referenciados na unidade, entendemos que Jean Piaget pos-
sui uma sistematização muito clara sobre todo o processo de desenvolvimento do
nascimento até a adolescência. Podemos considerar as colocações desse estudioso
como uma base clara de atuação e compreensão da criança durante o processo de
desenvolvimento e aprendizagem escolar? Por quê?
35
aprimore-se
36
aprimore-se
37
aprimore-se
38
eu recomendo!
livro
filme
39
eu recomendo!
filme
40
2
O CÉREBRO INFANTIL:
DESDOBRAMENTOS
psiconeurais
PROFESSORA
Dra. Gescielly B. da Silva Tadei
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • A estrutura cerebral infantil e a
relevância do meio social e cultural para a sua constituição na infância • A Neurociência na formação
docente • A Neurociência: uma promoção da saúde mental na escola.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Estudar o cérebro humano e entender o meio social • Observar a constituição infantil e verificar a
Neurociência • Compreender a saúde mental.
INTRODUÇÃO
UNICESUMAR
INFANTIL E A
relevância do meio social
e cultural para a sua
constituição na infância
■ É normal uma criança não verbalizar nada, aos dois anos de idade?
■ É normal uma criança de dez anos acreditar em duendes, Papai Noel e
fadas?
■ É natural uma criança, no quarto ano do Ensino Fundamental I, nem ler
nem escrever?
■ É considerado tranquilo uma criança que se masturba, demasiadamente,
em sala de aula?
O que questões assim podem sinalizar? Sabemos que uma doença neurológica
não atinge somente o cérebro, há alguns quadros que irradiam para o Sistema
Nervoso e para a Medula Espinhal. Há quadros que não demonstram sintoma-
tologia aparente, mas como agir mediante meu pequeno paciente?
Reitero, aqui, o seguinte trecho da Unidade 1: quando conhecemos o todo, te-
mos mais condição de discriminar cada parte, cada fração, desse todo. Refiro-me ao
desenvolvimento e à aprendizagem, quando menciono a palavra todo. Destaco os
pormenores e as patologias, que podem fazer parte da rede neural, quando elenco as
43
palavras parte e fração. O que digo é: o olhar atento com forte sustentação teórica
UNIDADE 2
UNICESUMAR
se de qualquer tipo de dificuldade ou de transtorno relacionado à aprendizagem,
acontecem de maneira mais breve, mais diretiva e mais coesa, tendo um bom
conhecimento como base para a sua atuação.
Quando olhamos a obra Piagetiana, por exemplo, vemos, com respaldo em
Corso (2013, p. 46), que “[...] o conhecimento decorre da interação entre o sujeito
e o objeto [...] trata-se da adaptação do organismo ao seu ambiente”. Entendemos
que acontece, em seu desenrolar, as relações entre as funções cognoscitivas daque-
le ser humano que está em processo de conhecimento e sua estrutura orgânica.
Nesse bojo, compreendemos que, desde a formação inicial dessa pessoa, naquilo
que compete a sua hereditariedade, até as adaptações componentes do grupo
INRC, há intensa troca e correlação, intersecção.
A sigla INRC refere-se às particularidades da teoria piagetiana. Na unidade de
estudo anterior, estudamos os estágios de desenvolvimento para Piaget. Observa-
mos que, em cada estágio (sensório-motor, pré-operatório, operatório-concreto e
operações formais), há características próprias, anseios e necessidades próprias,
além de condições existentes para a passagem ao estágio seguinte.
Destaco, aqui, que, em cada momento da teoria piagetiana, há de observar
a reversibilidade, um mecanismo essencial das estruturas que responderão de
distintas maneiras ao equilíbrio buscado. Parece complicado, mas é uma manei-
ra de mostrar a possibilidade de retorno ao ponto de partida de um comando
dado. Há duas maneiras de se voltar a esse equilíbrio, a saber: a inversão/
negação (volta-se ao ponto, anulando o que foi realizado) e a reciprocidade
(volta-se ao ponto de partida, anulando-se a diferença). O resultado de ambas
revela uma equivalência.
conecte-se
conceituando
46
Quando mencionamos tudo, realmente é TUDO! Ela aprende sobre si mesma
UNICESUMAR
(como suas sensações, percepções, seu corpo e sexualidade) e aprende sobre a
realidade externa a ela (seu meio, seu contexto histórico, sua cultura).
Nesse sentido, a constituição fisiológica, anatômica e estrutural do organismo
da pessoa, em específico no que tange à instância cerebral, desenvolve-se a contento,
desde que consiga condições ambientais adequadas para o seu impulsionamento.
Se a fase da infância é tão crucial, é importante, também, a formação docen-
te, pois esse professor age, diretamente, em uma das fases mais densas da vida
humana. Nesse sentido, é preciso entender alguns pontos básicos para olhar e
compreender a criança que está sob seus cuidados:
1. Qual a idade dessa criança?
2. Qual o contexto familiar dessa criança? Quem são os seus cuidadores?
3. Qual a realidade social dessa criança? Onde ela reside? Estuda na rede
pública ou privada?
4. Qual a formação dos cuidadores dela?
5. Quem são esses cuidadores? Os pais biológicos? Os avós? É uma criança
adotada?
6. Esses cuidadores estudaram até qual etapa do ensino formal, regulamen-
tado no Brasil?
7. Onde esses cuidadores trabalham?
8. Qual a renda per capita dessa família?
47
Enfim, fazemos um breve mapeamento da criança para entendermos as suas con-
UNIDADE 2
UNICESUMAR
tímulo recebido. Essa
área situa-se no córtex
(2), o córtex é uma es-
trutura responsável
pelas sensações volta-
das aos cinco sentidos
do corpo humano, é
uma espécie de “arqui-
vo”, ele registra e arqui-
va tudo aquilo que ex-
perienciamos, ou seja,
identifica a sensação,
passa pelo processo de excitação e, depois, para a inibição. (3) A terceira área fun-
cional é uma área cognitiva e tem como característica primordial a mobilidade dos
processos nervosos, isso facilita a migração de uma atividade para outra atividade.
Qual, porém, o motivo, dentro desse contexto de neuroplasticidade, de
destacarmos os estudos de Piaget? Este teórico é um dos pilares para a com-
preensão da construção da inteligência e do conhecimento humano. Sendo bió-
logo, ele entende que o desenvolvimento da criança se liga à sua faixa etária, e seu
processo de aprendizagem ocorre em fases, em um processo contínuo, gradual e
progressivo. A curiosidade infantil e as dúvidas que lançam à criança, para buscar
desvendar seus questionamentos, são capazes de criar um contínuo aprender, a
criança assimila distintos aprenderes e os correlaciona. São essas interações con-
tínuas que chamamos de neuroplasticidade, construção que se inicia na infância,
tendo, nesta fase, grande ênfase, mas que perdura por toda a vida humana.
A Teoria Histórico-Cultural de Vigotsky, traz um processo de aprendizagem
que acontece pela mediação desse organismo, que traz consigo a potencialidade de
aprender, com o meio no qual vive. As funções psicológicas superiores são a base
para esse aprender, sendo estimuladas pela escola, em um processo de ensino formal
e erudito. Nesse sentido, a Zona de Desenvolvimento Real é o nosso saber de fato, já
a instituição escolar, sob a regência do professor, atua na Zona de Desenvolvimento
Proximal, ou seja, o professor investiga, a todo o tempo, aquilo que a criança pode
realizar, desde que tenha o auxílio de um par mais experiente (uma criança mais
velha do que ela, ou um adulto que esteja acompanhando seu crescimento).
49
Wallon comunga dessa visão ampla para os processos sociais e históricos que
UNIDADE 2
50
2
A NEUROCIÊNCIA
UNICESUMAR
NA FORMAÇÃO
docente
UNICESUMAR
daquela maneira” e, por fim,“como ele
pode agir para melhorar a sua ação”.
Isso cabe em toda e qualquer área de
aprendizagem, da arte à matemática.
Auxiliamos aquele que está em
processo de aprendizagem, assim, a
um processo de “reabilitação cogniti-
va”, o que está contemplado em nossas
ações pedagógicas para alunos com
necessidades especiais, por exemplo.
Maia (2011) define que esse é um
movimento precioso de informações,
porque ele investiga e integra, a todo
o tempo, a necessidade levantada e a
forma de ação para lidar com cada
necessidade em questão.
Quando mencionamos cada neces-
sidade, significa o olhar para cada fase
e momento do desenvolvimento (por
isso, a retomada dos autores pilares da
pedagogia). Na Educação Infantil, por
exemplo, temos o nosso olhar muito
focado no brincar. É por meio do brin-
car que a criança é capaz de mostrar a
lógica e o raciocínio cabíveis a sua fase.
A importância do lúdico, na estimula-
ção motora, na estimulação auditiva e
na estimulação visual são muito enfa-
tizadas (músicas, brincadeiras, tintura,
brincar dirigido, brincar livre).
Pessoas não atreladas à área edu-
cacional, muitas vezes, imaginam que
na Educação Infantil só se brinca!
Brincar é o espaço pedagógico pro-
pício para a estimulação cerebral. É
53
por meio do brincar que acontecem novas conexões cerebrais, essas brincadeiras,
UNIDADE 2
HORÁRIO 2ª. FEIRA 3ª. FEIRA 4ª. FEIRA 5ª. FEIRA 6ª. FEIRA
9:40 –
Soneca Soneca Soneca Soneca Soneca
10:30
10:30 –
Fruta Fruta Fruta Fruta Fruta
11:00
11:00 –
Recreação Música Recreação Parque Parque
11:30
Quadro 1 - A rotina de bebês que frequentam o berçário / Fonte: Ferro e Silva-Tadei (2017).
54
Faz parte de toda a Educação Infantil (berçário ao Infantil V) a acolhida e a roda
UNICESUMAR
da conversa. É, aqui, que a criança entende como será o seu dia. Mesmo os bebês?
Sim... mesmo os bebês. A organização é “de fora para dentro”, a organização é uma
estruturação elaborada pelo adulto que conduz a criança. A soneca passa a ser facul-
tativa, a partir do Infantil III, mas pode oscilar de instituição para instituição escolar.
Observe que o tempo de atividade pedagógica é restrito a 30 minutos. Mas por quê?
A resposta é simples! Na Educação Infantil, tudo é pedagógico, absolu-
tamente t-u-d-o. E, quando assim falamos, expressamos que do recebimento
da criança no espaço escolar à entrega dessa criança, para os cuidadores, ao final
do período de aula, tudo o que ocorre ali tem vistas à proposta de crescimento,
de desenvolvimento e de aprendizagem. Esse tempo de atividade pedagógica
trabalhará, nesse início da vida do bebê (a partir de 6 meses), em especial, as
texturas (frio, quente, macio, áspero), trabalhará as cores primárias e as figuras
geométricas, tudo de forma devagar e progressiva, uma vez que elas serão apro-
fundadas no Infantil I, posteriormente, no Infantil II, III, IV e V. Esta é a via da
interdisciplinaridade, esse é o “segredo” da aprendizagem formal e científica, visto
que, por meio dessa ligação de um conteúdo formal a outro é possível apresentar
ao aluno um tema, abordado em distintos contextos curriculares. Esse tipo de
ação, segundo Guerra (2011), faz com que várias áreas do cérebro armazenem
dada informação acerca do tema trabalhado, isso torna o acesso à informação
mais fluído e mais organizado.
Uma Educação Infantil bem realizada proporciona um primeiro ano do En-
sino Fundamental I bem coeso e um processo de escolarização mais organizado
e responsável, menos tenso para a criança. Por isso, ao analisarmos as facetas que
pontuam a neurociência na formação do professor, observamos a necessidade
de atualização contínua nessa área, pois entendendo a funcionalidade cerebral, o
professor tem o domínio da leitura de como esse aluno aprende, vislumbrando o
que acontece no cérebro dos pequenos. Preocupar-se com essa área é estar apto
a trabalhar a saúde mental em ambiente escolar. Assunto muito informatizado,
porém, pouco explorado na rotina diária das instituições escolares.
55
3
A NEUROCIÊNCIA: UMA
UNIDADE 2
PROMOÇÃO DA
saúde mental na escola
UNICESUMAR
naridade, e a estimulação do aluno é maior. Por exemplo: meios de transporte.
Atividades como essa são simples, de fácil execução, e denotam com clareza a in-
terdisciplinaridade e estimulação das funções cerebrais. Cosenza e Guerra (2011)
salientam que atividades, como a mencionada, proporcionam a utilização de
diferentes canais de acesso ao cérebro, eles vão para além da comunicação verbal.
Quando entendemos que a maturação e o desenvolvimento de uma criança
são um desenrolar constante e progressivo, passando por inúmeras transforma-
ções biológicas e psicológicas, as quais agem diretamente na forma de se perceber,
de se entender, de se discernir o mundo no qual ela vive e convive, compreen-
demos que a promoção da saúde mental necessita estar atenta à faixa etária da
criança bem como à sua realidade de vida familiar.
57
É preciso um preparar consciente de material pedagógico com vistas à esti-
UNIDADE 2
mulação psiconeural da criança, entendendo que, à medida que essa idade cro-
nológica avança, o comportamento do infante, também, é alterado. A psicologia
precisa estar presente em toda essa preparação, em todo esse planejamento; a
neurociência precisa embasar essa atuação, pois o que se busca é o desenvolvi-
mento saudável e em equilíbrio. Então, deve-se levar em consideração, sempre:
A atenção a esses aspectos básicos proporciona uma atuação mais assertiva, com
menor incidência de desequilíbrios e com maior foco em alunos que já pos-
suam, porventura, algum diagnóstico voltado para dificuldades ou transtornos
na aprendizagem. Ao tratarmos de recursos de aprendizagem, tratamos de es-
timulação neurossensorial. Diferentes recursos propiciam maior concentração
das crianças em sala de aula. Ferro e Silva-Tadei (2017) afirmam que recursos
como – jogos pedagógicos, brinquedos confeccionados em sala de aula, músicas,
atividades ao ar livre, observações ao ar livre – tornam o aprender um processo
dotado de maior prazer, mais dinâmico e com contexto mais amplo e abrangente,
quando focado na interdisciplinaridade.
Segundo as autoras, durante aulas com estimulação neurossensorial, o discen-
te apresenta maior aproveitamento; aprende a relacionar melhor o conteúdo e os
conceitos formais; a argumentar e a pensar melhor; a tomar decisões; a postergar
o prazer e a aguardar por resultados em dada atividade. Enfim, há o incremento
do raciocínio e a melhora da aprendizagem, tudo por meio da estimulação que
se propicia ao cérebro, promovendo mais conexões neurais.
Para Consenza e Guerra (2011), quando o docente compreende o funciona-
mento do sistema nervoso como um todo, da estrutura ao funcionamento, ele in-
crementa a sua aula e percebe melhor desenvolvimento do seu aluno. Mediante esse
58
conhecimento, o docente passa a ter uma espécie de “crivo científico”, uma visão
UNICESUMAR
apurada sobre o processo de ensinar e aprender. Essa postura, também, é busca por
saúde mental. Saúde mental e emocional, dentro dos muros da escola, são de suma
importância para um desenvolvimento a contento. Quem aprende sente alívio, am-
plia seus horizontes, aumenta o respeito pelo outro. Aprender é tornar-se humano,
e aprendemos quando entendemos a complexidade que possui o cérebro humano.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
59
na prática
60
na prática
3. Nos dias de hoje, ainda, não é comum entendermos a neurociência aplicada à área
educacional como um todo. Mas é, justamente, a neurociência que auxilia na com-
preensão dos transtornos e dificuldades de aprendizagem que as crianças podem
vir a demonstrar no processo rotineiro do aprender. Por isso, entendemos que o
respaldo à prática pedagógica também é dado por ela, em especial, na compreensão
do desenvolvimento, na infância. Nesse sentido, Assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F):
61
na prática
a) V, V, F.
b) F, F, V.
c) V, F, V.
d) F, F, F.
e) V, V, V.
62
aprimore-se
A Neurociência é conceituada como uma área que estuda o sistema nervoso cen-
tral (SNC) e suas ações no corpo humano. Está presente em diferentes campos do
conhecimento e interfere em diferentes áreas, como a Linguística e Medicina, entre
outras. [...] a Neuropsicologia é um dos ramos da Neurociência que se preocupa
com a complexa organização cerebral, que trata da relação entre cognição e com-
portamento e a atividade do SNC em condições normais e patológicas; sendo assim,
a Neuropsicologia é de natureza multidisciplinar, e que permite a elaboração de um
estudo prático do cérebro, contribuindo para diagnósticos precoces e precisos das
patologias e de alterações das funções cerebrais superiores.
Compreendendo que, na educação, a Neurociência busca entender como o cére-
bro aprende e como o mesmo se comporta no processo de aprendizagem, são de-
finidos métodos para identificar como os estímulos do aprendizado podem chegar
neste órgão central. Sabe-se que os estados mentais são provenientes de padrões
de atividade neural, então, a aprendizagem é alcançada por meio da estimulação
das conexões neurais, que podem ser fortalecidas dependendo da qualidade da
intervenção pedagógica.
Segundo Pantano e Zorzi, o estudo da Neurociência considera o conhecimento
das funções cerebrais como peça chave para o estímulo de um desenvolvimento
cognitivo saudável. Sabendo que o cérebro se reorganiza constantemente, em acor-
do com os estímulos externos, o desafio é facilitar a absorção do estímulo correto e
positivo. Os autores comentam que os primeiros mecanismos para tal absorção são
a atenção e a memória.
Em razão dessas concepções neuropsicológicas, faz-se necessário verificar a vi-
são de Gadotti; este afirma que a qualificação do professor é estratégica quando se
refere à educação de qualidade. Contudo, encontrar os parâmetros adequados para
essa qualificação é algo complexo. Visto que tanto os conteúdos quanto a metodo-
logia dos cursos de formação dos professores são geralmente ultrapassados, são
baseados numa velha concepção instrucionista (métodos tradicionais) da docência.
Necessitam de profundas mudanças.
A sociedade atual está diretamente relacionada aos avanços tecnológicos quan-
to ao acesso às informações, seja de fatos, seja de conhecimentos e técnicas, o que
63
aprimore-se
gera a necessidade de uma educação que vise uma cultura de aprendizagem que
propicie uma formação adequada a essa nova realidade. O principal desafio da
educação é a complexidade do processo de ensino-aprendizagem, pois para seu
desenvolvimento e aperfeiçoamento faz-se necessário um sistema educacional de-
mocrático e atualizado que assuma o compromisso de fomentar um cenário real de
aprendizagem, atendendo as exigências da sociedade moderna.
A partir desse aspecto é essencial definir objetivos, metas estratégicas e o plano
de ação que tal sistema deve possuir para alcançá-los. Já que garantir o desenvolvi-
mento do potencial cognitivo de cada educando é um requisito para certificarmos
o desenvolvimento de capacidades e habilidades necessárias para a participação
efetiva do mesmo na sociedade.
[...].
Nesse sentido, os estudos científicos sobre o cérebro, que avançam de forma acele-
rada, podem contribuir para a renovação teórica na formação docente, ampliando
seus conhecimentos com informações científicas fundamentais para compreender
a complexidade do processo de ensino-aprendizagem. O estudo da Neurociência
considera o conhecimento das funções cerebrais como peça chave para o estímulo
de um desenvolvimento cognitivo saudável.
Fundamentada na obra de Fonseca, a educação cognitiva tem como finalidade
proporcionar ferramentas psicológicas que permitam maximizar a capacidade de
aprender a aprender, aprender a pensar e refletir, aprender a transferir e generali-
zar conhecimentos, aprender a estudar e a comunicar-se. Todo aluno tem o direito
de desenvolver cada vez mais seu potencial cognitivo. Esta obra contempla a pro-
posta do russo Luria, que enfatiza a organização neuropsicológica da cognição.
Na concepção de Luria (1903-1978), o cérebro é um sistema biológico que está
em constante interação com o meio, ou seja, as funções mentais superiores são de-
senvolvidas durante a evolução da espécie, da história social, e do desenvolvimento
de cada indivíduo. Pode-se dizer que se tem aqui o conceito de plasticidade cerebral.
Compreendendo-se que o cérebro humano possa revitalizar (neuroplasticidade),
têm-se outras possibilidades para trabalhar o processo de ensino e aprendizagem,
64
aprimore-se
[...]
65
eu recomendo!
livro
filme
Escritores da liberdade
Ano: 2007
Sinopse: Erin Gruwell é uma professora recém-formada, dispos-
ta a fazer a diferença em sua profissão, até que se vê diante de
uma classe de alunos envolvidos em conflitos de segregação ra-
cial, colegas de trabalho desmotivados e os espaços da escola em
ruínas. Ela acredita no potencial da turma e assume o desafio de
educar os jovens e melhorar o ambiente violento da escola.
conecte-se
O presente artigo tem por objetivo apresentar uma revisão sobre a Neuropsicologia,
definição da área, seu objeto de estudo e método(s), campos e formas de atuação
e uma análise do seu percurso histórico no Brasil. Esta análise inclui um panorama
sobre a avaliação neuropsicológica no país, as ferramentas de trabalho bem como o
processo de construção, adaptação e validação de instrumentos.
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S2075-94792012000400001
66
anotações
3
NEUROPATOLOGIA:
O DESENVOLVIMENTO
NEUROPSICOMOTOR
e a sua interferência na
apreensão do conteúdo formal
PROFESSORA
Dra. Gescielly Barbosa da Silva Tadei
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • O desenvolvimento neurológico •
Estudos sobre o desenvolvimento e o processo de atenção: memória executiva e memória operacional
• O processo de aprendizagem escolar.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Estudar o desenvolvimento neurológico e sua relação com a aprendizagem • Entender o desenvolvi-
mento e o processo de atenção e seus desdobramentos no aprender; verificar a memória executiva e
a relevância na aprendizagem formal e compreender a memória operacional e a sua correlação com
o aprender escolar • Notar o processo de aprendizagem e suas interfaces com o aprender científico.
INTRODUÇÃO
NEUROLÓGICO
conecte-se
70
Descrição da Imagem: Célula neural. Na parte do axônio, na extremidade esquerda, há os terminais sinápti-
UNICESUMAR
cos, o nó de Ranvier e a bainha de mielina. Na extremidade direita, há o corpo celular, o núcleo e os dendritos.
Dendritos
Núcleo
Nó de Ranvier
Corpo celular
Axônio
71
Descrição da Imagem: Imagem da Anatomia Neural. Corpo celular e célula nuclear. Passagem do impulso
UNIDADE 3
nervoso pelo axônio em direção ao terminal sináptico. Para a Sinapse, temos, no axônio pré-sináptico, axônio,
microtúbulos, mitocôndria, neurofilamentos, vesículas sinápticas e vesículas neurotransmissoras. Liberação
de neurotransmissores e recepção desses neurotransmissores pelos dendritos.
Dendrito Mielina
Sinápse
Axônio pré-sináptico
Microtúbulo
Muitas mitocôndrias
Neurofilamentos
Vesículas sinápticas
Vesícula de liberação neurotransmissora
Neurotransmissores
Dendritos
72
UNICESUMAR
conecte-se
No artigo sugerido, podemos ter acesso a uma entrevista com Arno Engel-
mann. Quem a realiza é Renato Rodrigues Kinouchi. Engelmann é professor
titular do Departamento de Psicologia Experimental, Neurociências e Com-
portamento da Universidade de São Paulo (USP), sendo reconhecido, na-
cional e internacionalmente, como um pesquisador da Gestalt. Seus temas
de pesquisa envolvem a investigação dos estados subjetivos perceptuais e
emotivos, a teoria dos escalões de perceptos, a psicologia da Gestalt e estu-
dos sobre a epistemologia e a história da psicologia.
73
UNIDADE 3
explorando Ideias
Destacamos, aqui, a atuação da Pastoral da Criança iniciada no ano de 1983, sendo idea-
lizada pela saudosa Zilda Arns (1934-2010), que tem atuado junto a populações caren-
tes para a divulgação da necessidade de uma alimentação saudável para crianças, assim
como cuidados básicos de higiene, não descuidando do aconselhamento de gestantes ca-
rentes. Posturas assim têm trazido um número cada vez mais elevado de crianças saudá-
veis que têm adentrado a escola para o contato com o sistema de ensino científico formal.
Fonte: a autora.
Você se recorda dos teóricos que abordamos na Unidade 1? Jean Piaget, Henri
Wallon, Sigmund Freud e Lev Seminovich Vigotsky? Todos eles, em maior ou
menor intensidade, trazem a importância de uma criança saudável. Criança sau-
dável requer gestação e infância bem monitoradas e supridas. O expoente que
mais buscava sanar essa fase inicial da vida humana era Vigotsky. Esse teórico
buscava, com muita veemência, derrubar a ideia de que crianças pobres teriam
menos chance de desenvolvimento (PATTO, 1998). Para ele, dever-se-ia buscar
o investimento nessas crianças para que elas se desenvolvessem tais quais as de-
mais populações. Indagamos: em que essa postura pode interferir no processo
de desenvolvimento e no processo de aprendizagem formais?
Silva-Tadei e Storer (2011) pontuam que o processo de aprendizagem acon-
tece no Sistema Nervoso Central (SNC). Quando uma informação adentra, ela
pode transformar-se em memória se a informação já for conhecida, mas, quando
chega uma informação nova, acontece o processo de aprendizagem. Por isso,
precisamos conhecer o SNC bem como a sua finalidade e o seu funcionamento,
em especial, o do cérebro humano. Nas figuras que seguem, podemos entender
as divisões do cérebro humano.
74
Descrição da Imagem: Diagrama cerebral. Imagem do cérebro visto de cima. Hemisfério Esquerdo e Hemis-
UNICESUMAR
fério Direito. Corte Longitudinal.
Lobo Parietal
Lobo
Hemisfério Hemisfério Frontal
Esquerdo Direito Lobo
Temporal
Tálamo
Lobo
Hipotálamo Occipital
Mesencéfalo
Hipófise
Cerebelo
Pensamento Pensamento Ponte
analítico holístico
Lógica Medula
Intuição Medula Espinhal
Linguagem Criatividade
Ciência e Artes e
Matemática música
Descrição da Imagem: Esboço Cerebral. Lobo Frontal (pensamento, fala, memória, movimento). Lobo Parietal
(linguagem e tato). Lobo Occiptal (visão e percepção em cores). Cerebelo (equilíbrio e coordenação). Tronco
Cerebral (respiração, temperatura e ritmo cardíaco). Lobo Temporal (audição, aprendizagem e sentimentos).
LOBO OCCIPAL
Visão
Percepção em cores
LOBO TEMPORAL
Audição
Aprendizagem CEREBELO
Sentimentos TRONCO CEREBRAL Equilíbrio
Respiração Coordenação
Temperatura
Ritmo Cardíaco
76
Mostra-se complicado tantos nomes e termos? Busque pensar da seguinte forma:
UNICESUMAR
quando vamos viajar, precisamos de um roteiro; então, necessitamos saber:
Enfim, cada pergunta dessa exige a compreensão de uma região, uma área, um
caminho a ser seguido. Uma viagem é bem aproveitada se eu a organizar antes.
A aprendizagem é bem sistematizada se eu conheço o terreno cerebral sobre o
qual atuo diretamente.
Observemos as definições básicas sobre as áreas cerebrais e a interferência
nocprocesso de aprendizagem humana. Iniciemos com o Lobo Occipital. É nele
que acontece a integração visual por meio da recepção dos estímulos nervosos.
Esse lobo é o responsável pelo nosso tato, pela interpretação e pela integração de
estímulos visuais que vêm do córtex occipital para o Lobo Parietal.
É no Lobo Temporal, na parte posterior, que acontecem a recepção e a de-
codificação dos estímulos auditivos. Na parte anterior, relaciona-se ao olfato e à
gustação e aos comportamentos instintivos. No Lobo Frontal é onde ocorrem
as conexões de várias funções nervosas que se compactuam ao comportamento
humano. É nessa região que, ao acontecer algum tipo de lesão por acidente, pode
gerar a perda da concentração, a diminuição da habilidade intelectual, o déficit de
memória e o déficit de julgamento (na área do córtex pré-frontal) bem como a pa-
ralisia contralateral e a falta de sensibilidade (na área do córtex motor e sensitivo).
O córtex cerebral é o local no qual acontece a transformação dos estímulos
recebidos em aprendizagem. E, para que isso aconteça, toda atividade do Siste-
ma Nervoso Central deve funcionar de maneira coesa, favorecendo as funções
nervosas superiores.
Silva-Tadei e Storer (2011) afirmam que, à medida que os estímulos nervo-
sos atingem a região do córtex cerebral, há uma comparação (uma ativação da
memória) de experiências anteriores, uma interpretação, uma decodificação e a
compreensão. Se, nesse processo, não houver nenhuma “memória” daquilo que
77
está recebendo, isso ficará registrado e, por meio de experimentações posteriores,
UNIDADE 3
78
2
ESTUDOS SOBRE O
UNICESUMAR
DESENVOLVIMENTO
e o processo de atenção:
memória executiva e
memória operacional
79
3
O PROCESSO DE
UNIDADE 3
APRENDIZAGEM
escolar
UNICESUMAR
consciente. Temos aí os estímulos exteriores e os fatores relacionados com o
próprio sujeito e com a estrutura de sua atividade.
Segundo Silva-Tadei e Storer (2011), para o estudo dos mecanismos neurofi-
siológicos da atenção, faz-se importante o caráter seletivo da ocorrência dos pro-
cessos psíquicos, que são característicos da atenção e que podem ser assegurados
por meio do estado de vigília do córtex. Tal nível de vigília (ou excitabilidade) é
mantido pelos mecanismos de manutenção do tônus cortical.
O autor e estudioso Aston-Jones (2002) pontua que, quanto à atenção, ela
pode ser observada em relação à orientação para os eventos tidos como sensoriais
(motor, visomotor, auditivo), ao controle executivo (relação da atenção à memória
semântica e à linguagem) e ao estado de vigília e de alerta sustentado (preparação
do sistema nervoso para os pontos mencionados).
Esse nível de vigília e de alerta pode conter variações que abrangem desde o coma
até o estado de hiperalerta ansioso (WEINTRAUB; MESULAM, 1985). De acordo
com os referidos autores, tal nível pode ser definido pela intensidade de dado estímu-
lo que caracteriza-se como necessário para eliciar uma resposta que parta do sujeito.
Quanto ao nível de qualidade da resposta, dada a eliciação da intensidade
do estímulo, permite a caracterização dos estados definidos como: a) estupor; b)
sonolência; c) alerta; e d) hiperalerta. Esses estados são os que tornam possíveis
os níveis de estado de vigília e de alerta do ser humano.
E quanto à criança? Neste ser em formação, é assim que ocorre? Nos pos-
tulados de Luria (1981), encontramos que, quanto à atenção de uma criança, ela
não pode ser captada, somente, por fortes estímulos ou, ainda, novos estímulos ou
por experiências ligadas à satisfação imediata. Entendemos que esse ser humano
em formação, a criança, vive e correlaciona-se com o ambiente adulto. A fala roti-
neira de um cuidador, ao nomear situações e objetos, chama a atenção da criança
para esses, isso já é um treino para a seletividade e organização da atenção em si.
Como a atenção passa por essa espécie de “crivo” em sua constitui-
ção? Esse “crivo” ou “mecanismo inibitório é postulado pelo autor Van der Molen
(2000), o qual ressalta que pesquisas têm trazido o desenvolvimento da atenção
passando pelo desenvolvimento de mecanismos cerebrais tidos como inibitórios.
Destacamos, aqui, que inibir é suprimir. Quando tratamos das funções cerebrais
humanas, queremos salientar que nos referimos à capacidade do órgão em pôr,
em execução, as funções da estrutura que é inibida, podendo ser manifestada
assim que a ação de supressão seja retirada.
81
Prosseguindo os argumentos do autor, entendemos que os processos inibitó-
UNIDADE 3
82
Para Bracy (1995), a atenção é constituída de habilidades executivas. Isso signifi-
UNICESUMAR
ca que o sistema sensorial age no envio de uma grande quantidade de informações
para o sistema cerebral. Essas informações passam por uma espécie de processa-
mentos pelos chamados centros inferiores do cérebro, de maneira que esse “sinal”
pode ser ou combinado, ou separado, ou ampliado, ou, ainda, diminuído.
Segundo Silva-Tadei e Storer (2011), tais informações, puras ou parcialmente
processadas, são enviadas aos centros encefálicos superiores e podem chegar às
áreas corticais. Nesse momento, é preciso uma espécie de “processamento adi-
cional” para que a informação venha para a esfera consciente, para que possa
passar pela decodificação, pela integração, pela formação de pensamentos e de
imagens (do estímulo), pela manipulação e pela utilização da informação. A isso
chamamos de “habilidade executiva”.
Quanto às funções executivas, Capovilla, Assef e Cozza (2007, p. 52) desta-
cam que elas estão relacionadas aos componentes cognitivos e têm sido nomea-
das como funções executivas e estão relacionadas, de forma geral, “[...] à capaci-
dade do sujeito de engajar-se em comportamento orientado a objetivos, ou seja,
à realização de ações voluntárias, independentes, autônomas, auto organizadas e
orientadas para metas específicas”.
Tomando, como base, Gazzaniga et al. (2002) e Lezak (1995 apud CAPO-
VILLA; ASSEF; COZZA, 2007, p. 52), notamos que
“
[...] as funções executivas estão entre os aspectos mais complexos
da cognição e envolvem seleção de informações, integração de in-
formações atuais com informações previamente memorizadas, pla-
nejamento, monitoramento e flexibilidade cognitiva.
84
CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNICESUMAR
Caro(a) estudante, Chegamos ao final desta unidade de estudo e tivemos, como
intuito, a busca pela compreensão das categorias de desenvolvimento, de matu-
ridade e de imaturidade. Pudemos, também, adentrar, brevemente, os estudos
sobre o processo de desenvolvimento neurológico e passamos pelo processo
de desenvolvimento psicomotor.
Compreendemos alguns dos pontos do desenvolvimento cognitivo, aten-
do-nos aos estudos do estudioso e pesquisador de origem russa, Luria, compa-
nheiro de estudos de Lev Seminovitch Vigotsky na Teoria Histórico-Cultural —
THC. Luria nos ajuda quanto ao aprofundamento dos estudos na área da atenção
humana. Esta atenção do ser humano, assim como as funções executivas e a
memória operacional (ou a memória de trabalho), fez-se presente em nossas
discussões, uma vez que ela é considerada imprescindível para um processo de
aprendizagem escolar satisfatório, haja vista que é na escola que temos o apren-
der formal, científico e erudito, é no ambiente escolar que temos a formação do
homem em ser humano.
Na próxima unidade, entenderemos a neuropatologia e suas terminologias
e conceituações, ressaltando o que isso implica na rotina do aprender. É estando
atentos ao desenvolvimento e à aprendizagem formais que podemos auxiliar no
processo de constituição do ser humano. É olhando para a criança que vislum-
bramos o adulto já formado, aquele adulto que é capaz de agir em sociedade e de
interagir entre os pares. O adulto que entende que é por meio do conhecimento
que a humanidade avança, caminha e evolui. Conto com a sua companhia na
unidade que segue. Até lá!
85
na prática
1. Os neurônios são as nossas células nervosas. Eles são os responsáveis pela trans-
missão dos impulsos nervosos para as outras células. Sabemos que, entre o final
do axônio e a superfície da célula neural seguinte, há um pequeno espaço. Neste
espaço, os neurotransmissores são lançados e, assim, acontece a passagem do
impulso nervoso. Assinale a alternativa correta que traz o nome desse espaço que
há entre as células nervosas.
a) Nódulo de Ranvier.
b) Axônio.
c) Espaço intracelular.
d) Sinapse.
e) Dendrito.
2. Dona Joana é uma faxineira escolar que estava a realizar as suas faxinas rotinei-
ras. Na pressa, para conseguir organizar as salas de aula em tempo hábil para o
almoço das crianças do período integral, escorregou e caiu da escada. Dona Joana
foi socorrida, deu entrada no Pronto Socorro e recebeu o seguinte diagnóstico:
isquemia cerebral no lobo frontal do cérebro. A isquemia cerebral refere-se a um
bloqueio na circulação sanguínea (as artérias que levam sangue ao encéfalo sofrem
uma obstrução). Qual será a consequência sofrida por Dona Joana?
a) Piscar inúmeras vezes ao realizar limpezas onde haja foco direto de luz, como o
espelho do banheiro escolar, a geladeira do refeitório, a higienização de vidros etc.
b) Sensação extrema de dor ao tocar objetos mornos a quentes, como as panelas
no fogão, o ferro de passar roupas, o motor do aspirador de pó.
c) Salivação extrema ao sentir aromas em geral, como o cheiro da comida, dos
produtos de limpeza, das orquídeas presentes no jardim da escola.
d) Dificuldades no preenchimento de seu relógio ponto, o qual é manual por op-
ção da instituição escolar na qual ela trabalha, assim como a leitura de cartas
carinhosas que ela recebe dos alunos.
e) Dificuldades no processamento auditivo, como a compreensão do telefonema
da chefia pedindo informações sobre a lista de produtos a serem adquiridos.
86
na prática
87
na prática
a) V, V, F.
b) F, V, V.
c) V, F, V.
d) F, F, F.
e) V, V, V.
5. Manuel é novo na cidade de Maringá, chegou, há alguns dias, para cursar a faculda-
de de Direito. Ele morava em uma cidade muito pequena, por isso, nunca precisou
utilizar ônibus, por exemplo. Ele necessita sair do bairro Jardim Alvorada e ir até o
Terminal Rodoviário. Para tanto, ele ligou para a central de informações e ouviu que
o ônibus que deveria tomar era o 177, e que este passava em um intervalo de 30 em
30 minutos. Eram 9h25 e o ônibus passava às 9h30. Ele desligou o telefone e passou
a repetir o número do ônibus a ser tomado por ele. Entendemos que a memória
operacional é considerada como a responsável pela manipulação da informação.
Explique por que essa memória é usada, com tanta ênfase, no caso de Manuel, o
ônibus 177 e os cinco minutos que ele possui para chegar até o ponto de ônibus.
88
aprimore-se
89
aprimore-se
O que você percebeu sobre a rotina de Joana? Você conhece muitas Joanas? Eu
conheço, conheço inúmeras Joanas. Você já reparou o quanto a atenção de Joana é
requisitada ao longo da rotina dela? O quê? Você não havia parado para pensar que
isso tudo envolve a atenção? Pois bem, tendemos a pensar que usamos as nossas
funções psicológicas superiores, apenas, no meio acadêmico ou em funções especí-
ficas, mas não é assim que acontece.
Luria (1981, p. 12) define a atenção da seguinte forma: “[...] é o fator responsável pela
escolha dos elementos essenciais para a atividade mental, ou o processo que mantém
uma severa vigilância sobre o curso preciso e organizado da atividade mental”. Desse
modo, organizar a rotina, cronometrar o tempo de preparo de um jantar, da roupa, da
tarefa escolar, parar para atender a um telefonema, tudo isso requer atenção.
Respaldando em Filgueiras (2010, p. 1), a atenção tem dois papéis: “[...] (a) sele-
cionar e (b) organizar. O lobo parietal, regiões visuais primária e secundária, hipo-
campo, amígdala e lobo frontal parecem ser as principais estruturas envolvidas na
atenção seletiva visual”. Nesse sentido, a atenção é importante para a organização e
sistematização das informações, que advêm do meio externo ao indivíduo.
Luria (1981) realizou estudos sobre as bases biológicas do mecanismo do proces-
so de desenvolvimento da atenção, desse modo, ele pontuou que havia o estabele-
cimento do que seriam a formação reticular, a parte superior do tronco encefálico,
o córtex límbico e a região frontal atuantes nesse processo.
Gonçalves e Melo (2009) ressaltam que, para o estudioso Luria, as estruturas da par-
te superior do tronco encefálico, assim como a formação reticular, seriam as respon-
sáveis pela manutenção do tono cortical de vigília e a manifestação da reação de alerta
geral do ser humano. O córtex límbico e a região frontal se relacionariam ao reconheci-
mento seletivo, dado estímulo inibe as respostas a estímulos considerados irrelevantes.
Precisamos relevar que, na época desses estudos, era entendido como córtex
límbico o giro do cíngulo, para-hipocampal e do hipocampo. Estes detalhes fazem a
diferença no momento de discriminação de áreas cerebrais.
Fonte: a autora.
90
eu recomendo!
livro
filme
Sempre Amigos
Ano: 1998
Sinopse: Maxwell Kane é um garoto de 14 anos que tem dificul-
dades de aprendizado e vive com seus avós desde que testemu-
nhou o assassinato de sua mãe, morta pelo marido. Quando Ke-
vin Dillon, um garoto que sofre de distrofia muscular, muda-se
para a vizinhança, eles, logo, tornam-se grandes amigos. Juntos,
vivem grandes aventuras, enfrentando o preconceito das pes-
soas à sua volta, que dizem que, ao carregar Kevin no pescoço, Maxwell é o corpo
e Kevin, o cérebro.
91
4
NEUROPATOLOGIA:
TERMINOLOGIAS,
conceituações e implicações
no aprender - Parte I
PROFESSORA
Dra. Gescielly Barbosa da Silva Tadei
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Neuropatologia: problemas e
dificuldades de aprendizagem • Os distúrbios e transtornos de aprendizagem: como classificar?
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Entender a diferença entre distúrbio e transtorno de aprendizagem; compreender a criança com
dificuldade ou transtorno • Observar as dificuldades quanto à linguagem/leitura/escrita/matemática-
relações e movimentos; verificar os distúrbios na ordem.
INTRODUÇÃO
PROBLEMAS E
dificuldades de
aprendizagem
Observamos, até o momento, que é preciso conhecer bem a criança que chega
até os cuidados profissionais no campo psicopedagógico e psicoeducacional.
Salientamos que o trabalho com a criança deve partir do pressuposto de que ela
consegue apreender o conteúdo, sem pré-julgamentos e sem colocações sobre
possíveis incapacidades nela presentes. Nossa crença, no processo de crescimento
do indivíduo, é de extrema importância para o crescimento dele, mesmo que
seu quadro de dificuldades de aprendizagem e/ou transtorno de aprendizagem
seja muito característico. Você sabe diferenciar dificuldades de aprendizagem
de transtornos de aprendizagem? Quer uma ajudinha da neurologia? Vamos lá!
94
UNICESUMAR
Silva-Tadei e Storer (2011) destacam que o estudo da causa pauta-se nos fatores
geradores do possível “problema”, o estudo do processo acontece por meio da
investigação das funções mentais superiores (as estruturas sensoriais, cognitivas,
motoras e perceptuais) que se entrelaçam a este indivíduo. E, no resultante dessas
dimensões, encontramos o sintoma, que é o efeito da problemática do sujeito. É
esse sintoma que se manifesta no ambiente escolar.
Você já apresentou dificuldades em aprender algum conteúdo espe-
cífico? Uma dificuldade refere-se a qualquer tipo de alteração no processo de
aprender, uma dificuldade apresenta-se como uma consequência de causas ex-
trínsecas (que estão fora do organismo) do indivíduo. Ela pode ser transitória ou
não. Quando falamos em aprendizagem, Moojen (2009) pontua que, em geral, a
primeira pessoa a identificar dificuldades na aprendizagem é o professor.
Silva-Tadei e Storer (2011) destacam que muitas crianças não apresentam
dificuldades em casa, mas, ao ingressarem na escola, evidenciam algumas di-
ficuldades para acompanhar os colegas ou entender as propostas pedagógicas
destacadas pela escola. É importante destacar, segundo Moojen (2009), que há
dificuldades naturais (aquelas apresentadas em algum momento de nossa vida;
você pode ter tido dificuldade em algum ponto da matemática, por exemplo) e
há as dificuldades secundárias, que são aquelas que estão dentro de um quadro
diagnóstico neural ou psicológico. Nas dificuldades secundárias, incluímos as
pessoas com deficiência mental ou sensorial ou emocional.
95
Como o professor pode ter ajuda para discriminar uma dificuldade de apren-
UNIDADE 4
96
UNICESUMAR
Todas essas situações corroboram a dificuldade no aprender. Todas elas têm sua par-
cela e grau de responsabilidade nesse processo. Na maior parte das vezes é na escola
que a criança apresenta comportamentos que evidenciam que algo não vai bem.
O mais importante é que não podemos entender a dificuldade se não ob-
servarmos as questões referentes ao contexto social, histórico e cultural da
criança que nos procura. E precisamos compreender que não há um único
fator responsável pela dificuldade de aprendizagem. Fazer uma redução aos
termos “culpado” e “vítima’’ não favorece a caminhada e as providências a serem
tomadas durante todo o processo de superação daquilo que está a impedir a
fluidez no aprender formal e científico.
explorando Ideias
A dificuldade de aprendizagem nos remete ao ato de aprender, que é uma ação dificulto-
sa. Quando nos pomos a aprender, buscamos significado para aquilo que não sabemos
que nos é difícil de compreender.
Fonte: a autora.
97
Essa redução à busca pelo “culpado” do “não aprender” é, com frequência, ouvida
UNIDADE 4
2
OS DISTÚRBIOS/TRANSTORNOS
DE APRENDIZAGEM:
como classificar?
UNICESUMAR
mas ou comportamentos que comprometem a aprendizagem, ocasionando no
indivíduo muito sofrimento e perturbação (MOOJEN, 2009). Fontes et al. (2015)
pontuam que os Transtornos de Aprendizagem são uma inabilidade específica,
como, por exemplo, a leitura, a escrita ou a matemática em indivíduos que apre-
sentam resultados abaixo do esperado para o seu desenvolvimento, para a sua
escolaridade ou para a sua capacidade intelectual.
E onde temos respaldo para buscar a classificação e a compreensão sobre os
distúrbios/transtornos de aprendizagem? Nos dias de hoje, a descrição de Dis-
túrbios/Transtornos de Aprendizagem pode ser encontrada, segundo Fontes et
al. (2015), em manuais, como o Código Internacional das Doenças (CID-10), na
Organização Mundial da Saúde (OMS) e no Manual Diagnóstico e Estatístico
de Transtornos Mentais (DSM-V).
Ao recorrermos ao DSM-V, entendemos que, nesse manual, os Transtornos
de Aprendizagem são compreendidos como um transtorno do neurodesenvolvi-
mento. Isso significa que há uma origem biológica, que é a base das anormalidades
no nível cognitivo, e essas anormalidades são associadas com as manifestações
comportamentais expressas pelo sujeito. Quando salientamos a origem biológica,
pressupomos a interação de fatores genéticos, epigenéticos e ambientais, os quais
influenciam a capacidade cerebral para perceber a informação ou para processar
informações verbais e/ou não verbais com eficiência e exatidão necessárias.
Para o CID-10, a etiologia dos transtornos na área da aprendizagem, ainda,
não é conhecida e afirmada pela ciência. Mas há a pontuação de fatores biológicos
e a interação destes com fatores que excedem o grau da biologia. Nesse sentido,
CID-10 e DSM-V concordam que os transtornos também podem estar ligados
a consequências de: 1. Falta de oportunidade de aprender; 2. Descontinuidade
educacional; 3. Traumatismos ou doenças cerebrais adquiridas; 4. Comprometi-
mento na inteligência global; e 5. Comprometimentos visuais ou auditivos não
corrigidos. Fontes et al. (2015) destacam também questões intrauterinas (por isso,
a nossa defesa pelo acompanhamento pré-natal), assim como questões sociais
e culturais (nossas pontuações sobre a ação da Pastoral da Criança e demais
entidades que cuidam do manejo da primeira infância).
Os Distúrbios/Transtornos de Aprendizagem são disfunções psiconeuroló-
gicas, ou seja, a causa é neurológica, e o comportamento é a manifestação de que
algo não está bem. Para Silva-Tadei e Storer (2011), esses Distúrbios/Transtor-
nos Específicos do Desenvolvimento das Habilidades Escolares são compos-
99
tos por grupos com comprometimentos específicos na aprendizagem, não sendo
UNIDADE 4
Nome do Distúrbio/
Categorias Correspondência de Termo
Transtorno
1. Transtornos do
desenvolvimento
Dificuldades de Apren- 1. Dislalias.
na articulação.
dizagem da Linguagem 2. Disfasias expressivas.
2. Transtornos do
(DAL) 3. Disfasias receptivas.
desenvolvimento
da linguagem.
Distúrbios na ordem
Apraxia
das relações dos movi-
Dispraxia
mentos e objetos
TDA
Distúrbio da Memória*
TDA/H
UNICESUMAR
te, no desenvolvimento e na aprendizagem da criança em idade escolar.
101
García (1998) traz que a leitura do disléxico é caracterizada por ser lenta, haven-
UNIDADE 4
102
Descrição da Imagem: À esquerda, há a demonstração da leitura em um cérebro de um disléxico, um leitor
UNICESUMAR
atípico. À direita, há a leitura em um cérebro de um leitor típico.
UNICESUMAR
bilidades podem estar prejudicadas
nesse transtorno, como as habilidades
linguísticas; perceptuais; de atenção; e
matemáticas (dar sequência a etapas
matemáticas, contar objetos e apren-
der tabuadas de multiplicação).
García (1998) também ressalta
que essas dificuldades não são oca-
sionadas nem pela deficiência men-
tal nem por escolarização escassa ou
inadequada nem por déficits visuais
ou por déficits auditivos. As dificul-
dades dos transtornos específicos da
área da matemática incidirão em di-
versas atividades.
García (1998) destaca que esse
quadro inclui as habilidades “lin-
guísticas”, que conferem a com-
preensão e o emprego da nomen-
clatura da área da matemática, da
compreensão ou denominação de
operações matemáticas e da codi-
ficação de problemas por símbolos
matemáticos; as habilidades “per-
ceptivas”, responsáveis pelo reco-
nhecimento ou pela leitura de sím-
bolos numéricos ou sinais aritméticos
e pelo agrupamento de objetos; as
habilidades de “atenção”, as quais
configuram o processo de copiar fi-
guras nas operações matemáticas,
assim como o processo de recordar
o número que “transportamos” e que
acrescentamos a cada passo, bem
como a discriminação dos sinais das
105
operações matemáticas; e as habilidades “matemáticas”, sequenciação do passo
UNIDADE 4
a passo nas operações matemáticas, que traduzimos, aqui, como o contar dos
objetos e o aprender das tabuadas (do um ao dez).
Ressaltamos que há alguns processos envolvidos na discalculia, como a difi-
culdade na memória de trabalho; a dificuldade de memória em tarefas não-ver-
bais; e a dificuldade na soletração de não-palavras (tarefas de escrita). Sampaio
(2011) afirma que, no quadro da discalculia, não há a presença de problemas
fonológicos. Encontramos dificuldade na memória de trabalho que implica a
contagem, assim como dificuldade nas habilidades visuoespaciais e nas habili-
dades psicomotoras e perceptivo-táteis.
Dentro dos Transtornos Específicos da Habilidade Matemática, temos
a Discalculia e a Acalculia, que são terminologias muito conhecidas nos dias
atuais. Na Discalculia, temos uma pessoa que comete erros diversos na solução
de problemas verbais, nas habilidades de contagem, nas habilidades computa-
cionais e na compreensão dos números.
Para Sampaio (2011), há seis subtipos de discalculia. Como concordamos
com esse autor, colocamos aqui estes subtipos: 1. Discalculia Verbal, que tem,
como prioridade, o olhar para a dificuldade para nomear as quantidades mate-
máticas, os números, os termos, os símbolos e as relações; 2. Discalculia Prac-
tognóstica, que expressa a dificuldade para enumerar, comparar e manipular
objetos reais ou em imagens, matematicamente; 3. Discalculia Léxica, voltada
para as dificuldades na leitura de símbolos matemáticos; 4. Discalculia Gráfica,
que expressa as dificuldades na escrita de símbolos matemáticos; 5. Discalculia
Ideognóstica, que traz as dificuldades em fazer operações mentais e na com-
preensão de conceitos matemáticos; e 6. Discalculia Operacional, voltada para
as dificuldades na execução de operações e cálculos numéricos.
Já o quadro de Transtorno de Aprendizagem, voltado para a Acalculia, ocorre
quando o sujeito sofre uma lesão cerebral, como um acidente vascular cerebral
ou um traumatismo crânio-encefálico, por exemplo, e perde as habilidades ma-
temáticas já adquiridas ao longo de seu desenvolvimento. Para Sampaio (2011),
a perda ocorre em níveis variados para realização de cálculos matemáticos. Esse
diferencial é necessário ser pormenorizado por nós, eis a diferença básica entre a
discalculia e a acalculia. A seguir, observaremos as dispraxias e apraxias, que se
encontram nos distúrbios na ordem das relações dos movimentos e dos objetos.
106
Distúrbios na Ordem das Relações dos
UNICESUMAR
Movimentos e Objetos
107
Para Silva-Tadei e Storer (2011), essas crianças podem preferir ser o “diretor de
UNIDADE 4
UNICESUMAR
Foi o intuito de nossa caminhada, nesta Unidade 4, estudar as terminologias
sobre os Distúrbios/Transtornos de Aprendizagem bem como as implicações
desse processo na aprendizagem da criança. Num primeiro momento, busca-
mos entender a neuropatologia e alguns dos problemas presentes na área da
aprendizagem, passando pela compreensão do que é a dificuldade no aprendi-
zado formal e científico, diferenciando essa dificuldade do distúrbio/transtorno
no aprender escolar.
Posteriormente, fizemos o trajeto de entender os distúrbios específicos no
processo de desenvolvimento das habilidades escolares, como, por exemplo, as
Dificuldades de Aprendizagem da Linguagem (DAL), a Dislexia, a Alexia,
o Distúrbio da Escrita, a Disgrafia, o Distúrbio Motor, a Discaligrafia, o
Transtorno Específico das Habilidade Matemáticas, a Discalculia, a Acal-
culia, as Praxias, a Dispraxia e a Apraxia. Fizemos um princípio de exposição
sobre o Distúrbio da Memória, o qual vem associado a questões voltadas para
a atenção; ele, ainda, será explanado, com maior profundidade, na Unidade 5.
Gratidão pela sua leitura. Imensa gratidão pela sua participação até aqui. E
convido a você para continuarmos a falar sobre o ser humano, lendo, fazendo
apontamentos e discutindo sobre esse ser em constante processo de mutação, de
crescimento e de ganho de autonomia por meio do processo de aprendizagem.
Pensando assim, questiono: há melhor maneira de se aprender que não seja
pela apropriação do ensino? Boa leitura!
109
na prática
1. A partir do material estudado, nesta Unidade 4, entendemos que, até nós, pode
chegar uma criança com alguma dificuldade ou algum distúrbio/transtorno de apren-
dizagem. Mediante essa possibilidade, a nossa atitude precisa ser, de maneira prio-
ritária, de atenção, para isso, devemos:
110
na prática
a) V, V, F.
b) F, F, V.
c) V, F, V.
d) F, F, F.
e) V, V, V.
111
na prática
112
aprimore-se
Nesse artigo, Pulzi e Rodrigues (2015) fazem uma revisão de literatura sobre o mo-
vimento corpóreo e a relação direta com a aprendizagem e com as relações sociais.
De acordo com o resumo do trabalho, verificamos que as crianças que apresentam
dificuldades de movimento podem possuir o transtorno do desenvolvimento da
coordenação (TDC). O presente artigo trata-se de uma revisão bibliográfica sobre o
assunto e teve por objetivo discutir o que foi publicado sobre o TDC entre os anos de
2002 e 2012, apresentando um panorama quanto a histórico, prevalência, influên-
cias na vida cotidiana, acadêmica e social e possibilidades de intervenção.
O termo TDC é usado para se referir às dificuldades nas habilidades motoras e
que não são devido às deficiências de ordem intelectual, sensorial primária ou neu-
rológica. Esse problema afeta a vida das crianças no seu cotidiano, nas atividades de
lazer, na escola e na vida social. Na escola, esse transtorno acarreta baixo rendimen-
to acadêmico, dificuldades de escrita e compreensão de conceitos matemáticos.
Na vida social, pode ocorrer o isolamento e a dificuldade de pertencer a um gru-
po. Tanto os pais como os professores podem auxiliar no desenvolvimento global
e social dessas crianças por meio de estratégias diferenciadas. Atualmente, desta-
ca-se a necessidade de desenvolvimento de propostas que visem desenvolver e po-
tencializar as habilidades dos escolares com dificuldades motoras.
113
eu recomendo!
livro
filme
114
5
NEUROPATOLOGIA:
TERMINOLOGIAS,
conceituações e implicações no
aprender - Parte II
PROFESSORA
Dra. Gescielly Barbosa da Silva Tadei
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Transtorno e Déficit de Atenção
Associado, ou não, ao Quadro de Hiperatividade: características • Déficit de Atenção e Hiperativida-
de: o TDA/H em questão • A Deficiência: dialogando sobre a história • Deficiência Mental/Intelectual
• Deficiência Sensorial (a surdez, a cegueira e a surdocegueira) • TEA - o autismo • Altas Habilidades.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Estudar o TDA • Estudar o TDA/H • Entender a deficiência • Observar a deficiência Mental/Intelectual
• Verificar a Deficiência Sensorial • Compreender os Transtornos Globais do Desenvolvimento • Notar
as Altas Habilidades.
INTRODUÇÃO
UNICESUMAR
DE ATENÇÃO
associado, ou não, ao
quadro de hiperatividade:
características
explorando Ideias
Há filmes no cinema que apresentam crianças assim, como Júnior, protagonista de O Pes-
tinha e O Pestinha 2. No filme, Ben Healy trabalha para o seu pai, Big Ben, comerciante
na área de materiais esportivos. Ben queria ser pai, mas a sua esposa não podia ter filhos.
Ele vai buscar realizar o seu sonho pela adoção. No orfanato, apresentam um menino de
sete anos, Júnior, que está longe de ser uma "criança modelo". É considerado um menino
incorrigível e foi adotado diversas vezes, sendo devolvido pelos lares que passou. Junior
deixa um rastro de destruição por onde passa. Muitas vezes, tentava ser aceito, mas o
seu histórico nem favorece a aproximação das demais crianças nem mesmo dos adultos.
O filme fez sucesso e ganhou outra versão com o mesmo elenco, mas houve acréscimo
de uma garotinha tão difícil e destruidora quanto Júnior. O filme O Pestinha 2 tem Ben
Healy, agora, divorciado, muda-se com o seu filho Júnior para uma cidade pequena. La-
wanda Dumore se interessa por ele, mas não gosta de Júnior e, assim que se casar com
Ben, pretende enviá-lo para um internato. O pestinha fará de tudo para arruinar os seus
planos e, nesse processo, ele encontra uma menina tão “terrível” quanto ele, que, no iní-
cio, é a sua rival, mas torna-se a sua amiga de travessuras.
Fonte: adaptado de Adorocinema ([2020], on-line)1.
Por que mencionar filmes como esses? Porque eles trazem, de forma satírica,
pontos voltados para a hiperatividade. Os filmes mostram os rótulos e precon-
ceitos que a criança deveras impulsiva recebe e acaba por absorver das pessoas
com as quais convive. Desse modo, para uma sadia intervenção de uma criança
hiperativa, o auxílio profissional é de grande importância, associada a um acom-
panhamento sistemático dos cuidadores.
Como sei que lido com um hiperativo? Normalmente, a escola dá o primeiro
sinal, o desempenho está abaixo daquilo que se espera para a série e faixa etária.
Além disso, ao entrevistarmos os cuidadores, percebemos falas como: “meu filho
é distraído, vive no mundo da lua”; “meu filho presta atenção em tudo e em nada”;
“fulano parece ter ‘bicho no corpo inteiro’, não para quieto nunca”; “beltrano fala
118
mais que a própria boca, abre a boca quando acorda e só fecha quando dorme”;
UNICESUMAR
“falo a mesma coisa mil vezes, e ele não aprende!”; “mando buscar um objeto na sala,
quando vejo, ele está na cozinha”,“ciclano come demais, está acima do peso, porque
não come um bombom, come a caixa de bombons” ou, ainda, “ele não me deixa
falar, fala junto, bate na irmã e, depois, pede desculpa, dizendo que fez sem pensar”.
Pode parecer engraçado, mas os cuidadores se desesperam mediante uma
criança hiperativa. É difícil lidar com elas. O manejo diário se torna denso e,
muitas vezes, precisamos do apoio de um profissional neuropediatra para que
essa criança consiga se desenvolver melhor e lidar com a sua realidade de vida.
E quando esse quadro acontece junto com o quadro de TDA? É, ainda, mais
denso, mais detalhado e com maior necessidade de uma rede de cuidados e de
atenção para essa criança, haja vista que ela está no período de formação de sua
personalidade, de sua estrutura psíquica e, por isso, necessita de relações sociais
saudáveis, para que seu desenvolvimento e sua aprendizagem aconteçam da me-
lhor forma.
119
2
DÉFICIT DE ATENÇÃO E
UNIDADE 5
HIPERATIVIDADE:
o TDA/H em questão
120
UNICESUMAR
No momento que uma criança entra na fase escolar, em especial nas séries vol-
tadas para o processo de alfabetização, as queixas que incluem a área da atenção
começam a ser evidenciadas, inicialmente por mensagens escritas via agenda
(para aquelas instituições curriculares que adotam esta via): “Prezada família,
hoje a Manuela não realizou as atividades dirigidas” ou “Prezada família, Júnior
recusou-se a sentar-se para as atividades”, e por aí seguem uma série de “recla-
mações” e de pedidos de ajuda. Dentre esses pedidos, a solicitação para avaliação
neurológica é uma das principais alternativas.
Diagnosticar um quadro de TDA ou de TDA/H não é tarefa das mais tranqui-
las de serem realizadas. O ponto essencial a identificarmos é o seguinte: a agitação
e o desconforto sentidos, pelas consequências do comportamento, são caracte-
rísticas constantes na vida da pessoa? Por que a relevância dessa informação?
Simplesmente, devido ao fato de que, em alguns momentos, ou algum período
da vida, alguns impactos podem deixar a criança mais irritadiça ou mais agitada,
por exemplo: separação dos pais, perda do emprego do pai ou da mãe, falta de um
ente querido, enfim, há situações que podem causar um impacto na criança, mas
que são passageiras. Não é o caso de um sujeito com hipótese de ser um TDA/H.
Para Ferreira e Guimarães (2003), o que podemos utilizar é o Código Inter-
nacional de Doenças Mentais - DSM V, além de uma observação pormenorizada
sobre o ser humano que está a buscar o nosso auxílio. As diretrizes do DSM V são
consideradas um instrumento para o diagnóstico e para o prognóstico do paciente.
Apresento, aqui, alguns critérios de avaliação sugeridos pelo referido manual, com
a finalidade de auxiliar a sua compreensão acerca do distúrbio que estudamos.
121
Frequência: Frequência:
nunca/raramente, nunca/raramente,
DSM V Desatenção Hiperatividade
pouco, bastante ou pouco, bastante ou
quase sempre quase sempre.
Frequentemente, deixa Frequentemente, agita
de prestar atenção a as mãos ou os pés, ou se
detalhes ou comete remexe na cadeira;
erros por descuido em abandona sua cadeira
atividades escolares, de em sala de aula ou em
trabalho ou outras. outras situações nas
Com frequência, tem quais se
dificuldades para espera que permaneça
manter a atenção em sentado.
tarefas ou atividades Com frequência, corre
lúdicas; parece não ou escala em demasia,
escutar quando lhe em situações nas quais
dirigem a palavra; não isto é inapropriado (em
segue instruções e não adolescentes e adultos,
termina seus deveres pode estar limitado a
escolares, tarefas sensações subjetivas de
domésticas ou deveres inquietação). Tem
profissionais (não dificuldade para brincar
devido a comportamen- ou se envolver silencio-
to de oposição ou samente em atividades
incapacidade de com- de lazer.
preender instruções); Está, frequentemente, “a
Critérios diagnósticos tem dificuldade para mil” ou, muitas vezes,
organizar tarefas e age como se estivesse “a
atividades. todo vapor”; fala em
Com frequência, evita, demasia; dá respostas
antipatiza ou reluta a precipitadas, antes de
envolver-se em tarefas as perguntas terem sido
que exijam esforço completadas; tem
mental dificuldade para aguar-
constante (como tarefas dar sua vez; interrompe
escolares e deveres de ou se mete em assuntos
casa); perde coisas de outros (por exemplo,
necessárias para tarefas intromete-se em
ou atividades (por conversas ou brincadei-
exemplo, brinquedos, ras).
tarefas escolares, lápis,
livros ou outros mate-
riais).
É, facilmente, distraído
por estímulos alheios às
tarefas e apresenta
esquecimento em
atividades físicas.
UNICESUMAR
bastante ou quase sempre, mostra que há mais sintomas de impulsividade/hi-
peratividade do que o esperado para uma criança ou para um adolescente. Claro
que o quadro exposto não é o único ponto para o processo avaliativo. É preciso
entender que os relatórios escolares, a observação atenta à criança, ouvir os fa-
miliares e cuidadores, dialogar com os demais profissionais que acompanham
o sujeito (psicólogo, psicopedagogo, professor particular) para que a hipótese
diagnóstica seja realizada de maneira mais sistematizada possível.
Após o fechamento da hipótese diagnóstica, o(a) neuropediatra elenca a ne-
cessidade, ou não, de medicação. Além disso, na maioria dos casos, há a necessi-
dade de acompanhamento de um(a) psicopedagogo(a) e de um(a) psicólogo(a)
infantil, para que o diálogo com a escola aconteça de forma mais pormenorizada
e cuidadosa, para crescimento do(a) aluno(a) em ambiente educacional.
Há alguma diferenciação para o diagnóstico do TDA/H na população adulta?
É preciso o conhecimento de um detalhe muito importante para o fechamento da
hipótese diagnóstica em adultos, segundo Silva-Tadei e Storer (2011): fazem-se
obrigatórias as características do TDA/H na infância. Os instrumentos a serem
levantados pertencentes ao DSM V também são relevantes, contudo o histórico
precisa ser levado com mais seriedade ainda, pois a vida dessa pessoa é marcada
por inconstâncias, atividades e cursos bruscamente interrompidos.
Após o fechamento da hipótese, há a sugestão medicamentosa e recomen-
dação psicoterápica para que a pessoa consiga entender o seu comportamento e
aprender a lidar com ele. Em algumas situações, o(a) psicopedagogo(a) precisa
intervir para que as lacunas do desenvolvimento sejam analisadas e trabalhadas.
Notamos que o TDA/H não traz em si uma única causa, mas a indisciplina ou a
falta de controle parental não pode ser assimilada como característica para avaliar
uma criança que faz parte desse quadro. Afirmamos que o TDA/H é o resultado
do mau funcionamento dos neurotransmissores e demais órgãos responsáveis pela
atenção e controle da impulsividade. Martins e Silva-Tadei (2012) ressaltam que
os especialistas qualificados na área possuem o rol de instrumentos necessários
para a investigação de forma precisa, além de, mediante os resultados, realizar os
encaminhamentos necessários e adequados para o sujeito que busca por auxílio.
Ao pontuarmos a palavra auxílio, destacamos os demais quadros que levam
ao sujeito a necessidade de políticas e intervenções mais pormenorizadas, em
especial, no ambiente escolar, por exemplo, alunos com os referidos quadros: (1)
Paralisia Cerebral, (2) Epilepsia, (3) Deficiência Mental, (4) Deficiência Sensorial:
123
visual, surdez e surdocegueira, (5) Transtornos Globais do Desenvolvimento:
UNIDADE 5
3
A DEFICIÊNCIA:
DIALOGANDO
sobre a história
124
UNICESUMAR
explorando Ideias
Vulcano era o Filho de Hera e de Zeus, ele foi arremessado do Olimpo para o mar, sendo
acolhido e criado por Téteis. Depois, ele retornou para o Olimpo, a morada dos deuses,
tornando-se o deus dos metais e o patrono dos ferreiros e, também, dos artesãos (MAR-
TINS; SILVA-TADEI, 2012).
A figura do deus Vulcano ilustra a deficiência, a rejeição pela estranheza física. A sua consi-
derada “feiúra” e a busca pela inclusão social, marcada no retorno desse deus ao Olimpo,
mostram a tomada de seu valor e o seu reconhecimento como deus. Para saber mais,
acesse: https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3842
125
4
DEFICIÊNCIA MENTAL/
UNIDADE 5
INTELECTUAL
UNICESUMAR
tória, as anormalidades no transcorrer do parto e as circulares de cordão
umbilical.
128
vimentos das mãos ou mordedura (60%) e contato ocular pobre (90%)
UNICESUMAR
são características que levam a confundi-los com as crianças autistas. São
comuns problemas de atenção associados à hiperatividade.
129
UNIDADE 5
130
5
DEFICIÊNCIA SENSORIAL
UNICESUMAR
(A SURDEZ,
a cegueira e a surdocegueira)
A partir dos avanços nos estudos da deficiência auditiva, temos o caminhar tam-
bém acerca da deficiência visual. A partir do século XVIII, naquilo que tange à
cegueira, começa-se a trocar a mística pela ciência, o preconceito pela experiência
e o estudo. Nesse período, a psicologia criou a educação e instrução dos cegos,
ajudando este público a adequar-se à sociedade.
132
Valentim Haiiy (1745-1822) foi um pedagogo que se dedicou à educação de
UNICESUMAR
cegos, organizou instituições de ensino somente permitidos aos cegos que pu-
dessem trabalhar. Para Bueno (1993), no início do século XIX, a educação para
pessoas cegas transformou-se em escola industrial e, ao mesmo tempo, em asilo,
sendo o trabalho obrigatório, e a mão de obra, barata.
Vygotsky (1997) destaca que a luta do cego, na sociedade, identifica-se por
aquilo que ele tem de humano pela sua atividade, que é o trabalho. É este valor
da pessoa cega como alguém que se humaniza pelo trabalho que levará a uma
educação especial revolucionária. Para Bueno (1993), somente em 1808, Charles
Babier criou um método de comunicação por pontos, mas foi em 1819, que o
apresentou como uma sugestão aos professores e alunos do Instituto Nacional
dos Jovens Cegos, sendo, assim, aceito. Com isso, seu método começou a fazer
parte do código de mensagem do exército.
Foi a ação de Lowis Braille (1809-1852), estudioso que apresentou mudanças
neste código militar, que permitiu receber o nome de sonografia e, em seguida,
nomeado de método Braille. Este método é utilizado até hoje. Ele permite a leitura
e a escrita dos indivíduos com deficiência visual.
Nesse bojo, segundo Barroco (2007, p. 141), “[...] a concepção da educabilidade
de indivíduos com deficiência e o reconhecimento da importância da linguagem
para tanto têm um marco crucial a partir do século XVIII, e, no século XIX, revela-se
por meio de proposições efetivas [...]”, entendemos, ainda respaldados na referida
autora, que são as iniciativas particulares “[...] que vão projetando-se cada vez mais
em quantidade e em especialidades, torna-se notória a necessidade de se intervir
junto à pessoa com deficiência para que as vias sensoriais sejam substituídas”.
Com a necessidade de aumentar e melhorar a qualidade de vida das pessoas
acometidas pela cegueira, destacamos que foi em 1837 que fundaram a primeira
escola para cegos, em Ohio, nos EUA. Por meio desta, a sociedade se movimentou
em exigir do Estado sua obrigação na participação da educação das pessoas com
deficiência (BARROCO, 2007).
No Brasil, Barroco (2007) destaca que o atendimento à pessoa com deficiência
seguiu os modelos europeus e americanos, assumindo especificidades próprias
da educação brasileira nos períodos Colonial, Imperial e Republicano. Seguindo
também a tendência de negar a existência das pessoas com deficiência, após aten-
dê-las pela via do internamento ou da institucionalização, sob o reconhecimento
de sua educabilidade.
133
Respaldados em Martins e Silva-Tadei (2012), verificamos que a deficiência
UNIDADE 5
UNICESUMAR
sinais, torna-o um sistema simbólico, em que codifica, ordena e sistematiza a
realidade e os conhecimentos criados por ela. Nesse sentido, ao se apropriar do
sistema simbólico, permite ao sujeito lidar com representações da realidade. Mar-
tins e Silva-Tadei (2012) afirmam, com base nesses apontamentos, que desde o
início da vida de um bebê, a linguagem atua como uma eficiente ligação entre o
bebê e o mundo da aprendizagem e do conhecimento. O adulto, quando interage
verbalmente com a criança, influencia todo o desenvolvimento, em especial, o
desenvolvimento cognitivo.
E as crianças surdas e cegosurdas ou surdocegas? Para Luria e Yudovich
(1985), as mudanças nos “processos perceptivos” de pessoas surdas são deriva-
das da “fala subdesenvolvida”. No entanto, para esses autores, tais modificações
não estabelecem relações com a privação do sentido da audição e a ausência da
fala, mas a impossibilidade circunstancial de estabelecer interações verbais com
pessoas habilitadas para tal.
Segundo os autores citados, o “surdo-mudo” indica os objetos mediante os
gestos, mas ele é incapaz de separar a qualidade ou ação do próprio objetivo;
também, incapaz de formar conceitos abstratos e sistematizar os fenômenos do
mundo exterior. Nesse sentido, compreendemos que o surdo e o surdo-cego en-
contram-se em desvantagem naquilo que tange à organização de suas ideias, pois
diminui as suas experiências, desde as simples até aquelas capazes de levá-lo a
formação de conceitos. Luria e Yudovich (1985) clarificam que a ausência do
sentido da visão e da audição, ou de ambos, pode determinar limites do de-
senvolvimento intelectual do ser humano. Eles pontuam que, para superar esses
limites, deve haver a possibilidade de um desenvolvimento eficaz, por meio de
uma linguagem, e, assim, garantir o acesso a conhecimentos que promovem o
desenvolvimento cognitivo do sujeito.
Luria e Yudovich (1985) destacam que a criança surda, quando está em um am-
biente em que se utiliza da língua oral, experimenta efeitos da privação de interações
verbais de maneira perversa. Desse modo, impedir o atraso no desenvolvimento
da linguagem da criança surda é impedir um atraso classificado como de ordem
intelectual. Para que isso não ocorra, desde os primeiros meses de vida, a criança
precisa, de acordo com Galuch, Silva e Bolsanello (2011), interagir com interlocuto-
res que tenham o domínio da língua de sinais. Assim, ela não será privada do meio
que viabiliza o acesso aos conceitos responsáveis pela organização, representação,
explicação e ordem da realidade. É compreensível que essa criança necessita de pa-
135
res da mesma idade cronológica com os quais possa brincar;
UNIDADE 5
UNICESUMAR
O AUTISMO
explorando Ideias
138
Precisamos explicar por que, na esfera emocional, o autismo é associado à psico-
UNICESUMAR
se infantil. Isso acontece porque as ações pertinentes a ambas as patologias são
muito parecidas. Tal comparação, entre autismo e psicose, pode ser compreendida
a seguir. A criança, ao nascer, não se diferencia do mundo, ela e o mundo são
uma única coisa, mas aos poucos essa diferenciação passa a ser realizada pelos
limites dados pelo cuidador. No autismo, é como se não ocorresse esse proces-
so, e a criança fica no seu mundo, sem contato efetivo com a realidade externa.
Em relação ao autismo, podemos afirmar que é um quadro muito complexo de
ser trabalhado, pois ocorre muito cedo, durante o processo de desenvolvimento
infantil. O autista não se diferencia do mundo, ele cria o mundo que é dele, isso
basta, e é plausível que ele viva dessa forma. Tudo o que infringir tal construção
é encarado com extrema irritação, choro, descontrole. Na psicose, essa figura
do cuidador não é enxergada como alguém que, de forma saudável, estabelece
limites e cuidados. O cuidador não é uma figura que traz afeto, isso, de forma
simplista na explicação, traduz a hostilidade da criança frente ao mundo, frente
à realidade externa.
Martins e Silva-Tadei (2012) afirmam que, em linhas gerais, o autismo é uma
perturbação afetiva, manifesta pela dificuldade na expressão de afeto e de cari-
nho. O toque realizado pelo outro (familiares, professores, cuidadores) incomoda
muito, o que leva à solidão, pois ao serem observados, notamos que parece que o
autista está sempre sozinho, mesmo entre outras pessoas. Há a dificuldade com a
linguagem, o que dificulta o processo de humanização e de socialização. Notamos
a presença de comportamentos ritualísticos, havendo o desejo em manter, sempre,
a mesma rotina, em tudo, e qualquer alteração incomoda imensamente. Tudo
precisa ser mantido de uma mesma forma. Até mesmo as comidas, as roupas, as
atividades, enfim, sua vida precisa estar sempre em “ordem”.
Para o fechamento da hipótese diagnóstica, precisamos de um Diagnóstico
Multiprofissional, haja vista que devemos levar em conta as áreas: biológica,
cognitiva, emocional. Defendemos que, para tal diagnóstico, o psicopedagogo,
o psicólogo e o neurologista se façam presentes. Os estudos acerca dos cromos-
somos, a leitura do DNA, enfim, tudo precisa ser analisado.
139
7
ALTAS
UNIDADE 5
HABILIDADES
explorando Ideias
UNICESUMAR
área de proeminência.
A criança tida como superdotada ou talen-
tosa progride mais rápido que as demais, mani-
festando muita facilidade em determinada área
do conhecimento. Martins e Silva-Tadei (2012)
pontuam que essas crianças se tornam adultos
notáveis, mas, nem sempre, um superdotado foi
uma criança precoce. A precocidade precisa se
manter, e as habilidades serem desenvolvidas
para que se torne uma criança superdotada.
Para Martins e Silva-Tadei (2012), a criança
prodígio apresenta alto desempenho, compor-
tando-se como um adulto profissional em dada
área. Essa ocorrência é muito rara. Já a criança
gênia apresenta um nível superior de talento que
se manifesta em uma máxima produtividade cria-
dora, de excepcional importância histórica para a
vida social. Pode revelar-se na área da arte, da po-
lítica, ou qualquer outra área. Diferencia-se pelo
talento, sobretudo, pelo nível de criação (VYGOT-
SKY, 1998). É aquela criança que, na vida adulta,
contribuirá para a história da humanidade, pois se
manifesta em um grau muito superior ao espera-
do para a faixa etária.
Precisamos estar atentos, no entanto, pois, in-
dependentemente da hipótese diagnóstica levan-
tada, são crianças que as têm e, por serem crianças,
necessitam de todo o cuidado garantido para que
se desenvolvam da melhor forma. Precisamos es-
tar atentos ao ambiente e às boas relações sociais.
Destacamos, ainda, a importância da escola, de
um ensino responsável para o desenvolvimento
dos indivíduos, o que inclui a criança com altas
habilidades. Por isso, a preparação escolar e do-
cente é fundamental.
141
CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNIDADE 5
Tivemos como meta na Unidade 5 que aqui finda, fazer a diferenciação entre o
Transtorno e Déficit de Atenção - TDA e o Transtorno e Déficit de Aten-
ção associado ao quadro de Hiperatividade - TDA/H. Em seguida, fizemos
uma rápida passagem sobre a história da deficiência na categoria humana, para
adentrarmos no quadro de deficiência mental/intelectual.
A deficiência sensorial (entendemos, aqui, a surdez, a cegueira e a surdo-
cegueira), assim como os transtornos globais do desenvolvimento (como o
autismo) foram elencados para algumas pontuações acerca de hipótese diagnós-
tica e possibilidades de observação. Por fim, o quadro voltado para a abordagem
das altas habilidades ou superdotação entraram na fase final de apontamentos
realizados por nós, nessa trajetória de discussões.
Esse caminho foi escolhido para se ter clareza sobre o processo a ser trilhado
na busca por uma hipótese diagnóstica, ou, ainda, ao recebermos uma criança
com a hipótese já fechada, termos a capacidade de compreender o que foi reali-
zado, até então, naquela pequena vida infantil que busca por nosso auxílio.
O ponto mais relevante é: olhamos o ser humano em sua completude, rela-
cionando-o a todo o tempo ao seu meio social, à sua cultura, à sua história de
vida, pois acreditar é essa interlocução contínua que faz com que o aprender
apresente-se de forma coerente e satisfatória.
Gratidão pela companhia, até aqui, bem como pela leitura! Encontro você
no fechamento final do nosso material. Ao dialogar com você, sinto que escrevo
para alguém concreto. Dessa forma, a tarefa de compor um texto torna-se mais
coesa e prazerosa.
Até mais!
142
na prática
a) A hipótese diagnóstica pode ocorrer, apenas, após sete anos de vida da criança,
pois é nessa fase que se iniciam os sintomas mais típicos do autismo.
b) Podemos afirmar que a hipótese diagnóstica voltada para o quadro do autismo
só atinge a população que compõe o sexo masculino.
c) Quanto mais cedo fizer (antes dos três anos) a hipótese diagnóstica, melhor para
o processo de intervenção a ser realizado na criança.
d) A hipótese diagnóstica, voltada para o autismo, pauta-se somente na presença
dos sintomas de isolamento, no período de zero a três anos.
e) A hipótese diagnóstica tem como foco, apenas, a categorização do quadro refe-
rente ao Transtorno do Espectro Autista, conhecido como TEA.
143
na prática
a) V, V, F.
b) F, F, V.
c) V, F, V.
d) F, F, F.
e) V, V, V.
144
aprimore-se
Para entender melhor a deficiência, o site da Fiocruz traz uma síntese para ajudar na
compreensão das deficiências que acometem a infância. Nele, entendemos melhor
os quadros de autismo, Síndrome de Down, Deficiência visual e intelectual, entre
tantos outros quadros que podem acometer a infância, nas causas pré-natal, peri-
natal e pós-natal. Boa leitura!
DEFICIÊNCIA MENTAL
145
eu recomendo!
filme
O Menino e o Cavalo
Ano: 2009
Sinopse: o filme retrata a história real de uma criança que re-
cebe o diagnóstico de autismo, aos três anos de idade. Os pais,
que vivem no Estado do Texas (Estados Unidos da América - EUA),
perceberam que os sintomas do filho, como a incontinência física
e emocional, a ansiedade e a hiperatividade, diminuíam ao entrar
em contato com os cavalos.
146
conclusão geral
conclusão geral
Olá, caro(a) aluno(a)! Que satisfação encontrá-lo(a) na fase final de nosso material.
Fizemos um trajeto de leitura em Neuropatologia Aplicada à Psicopedagogia, a
fim de entendermos o processo do aprender formal e científico, o qual traz em si o
desenvolvimento humano. Foi com vistas a esse aprender e se desenvolver que en-
tramos nas discussões sobre a neuropatologia, a partir dos estudos de pesquisado-
res que dão suporte para os avanços na área de pesquisas voltadas para o neurode-
senvolvimento, bem como as especificações sobre a neuropatologia. Passamos por
Jean Piaget, Lev Seminovich Vigotsky, Henri Wallon e Sigmund Freud, autores
que nos ajudaram com os estudos por eles realizados e, também, pela continuação
de suas pesquisas.
Com a compreensão sobre a estrutura cerebral infantil, pudemos compreen-
der que o meio social e cultural tem influência direta sobre essa estrutura, assim
sendo, os cuidados com a criança necessitam ser observados para que ocorram a
contento. Por isso, defendemos a presença cada vez mais intensa da neurociência
na área educacional, em especial na formação docente. Nesse todo, entendemos
que uma criança precisa de subsídios necessários para o desenvolvimento de sua
atenção; nesse meio, problemas e dificuldades de aprendizagem podem vir a apa-
recer bem como distúrbios/transtornos no aprender. Por isso, perpassamos defini-
ções de termos, como o TDA e o TDA/H, a discalculia, a dislexia, bem como quadros:
cegueira, surdez, autismo.
O que buscamos enfatizar é o olhar humano e cuidadoso sobre aquele que bus-
ca o nosso trabalho. Muitas vezes, o psicopedagogo é a porta de entrada para todo
um processo de cuidado e tratamento com a criança. Independentemente do qua-
dro, buscamos o olhar criterioso, cuidadoso e respeitoso com aquele que demons-
tra um grau de sofrimento para alguma parte do processo de aprendizagem.
Os quadros clínicos são inúmeros, o que buscamos foi dialogar mostrando a
possibilidade de pesquisas e aprofundamentos nos temas que permeiam o ser hu-
mano. Sou grata pela sua dedicação. Sou grata pela sua companhia durante a leitura
do material e, o mais importante, sou grata por mais um(a) colega na área. Deixo
aqui apenas um “até breve”!
147
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gabarito
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UNIDADE 4
1. C.
1. D.
2. C.
2. C.
3. E.
3. E.
4. Compreendemos que a falta de aten-
4. Na dislexia, a criança pode ter uma
ção é inerente à criança, inclusive, essa
leitura mais lenta e mais silabada. Ela
falta de atenção consta do nascimento
pode apresentar, também, erros orto-
até o final do primeiro ano de vida. Isso
gráficos, como inversões ou omissões
ocorre devido à função respiratória (FR)
das letras. Esse processo equivale à fase
ser considerada imatura.
inicial do processo de alfabetização
de qualquer criança, contendo “erros” 5. O deficiente, sempre, foi deixado à mar-
comuns aos primeiros anos escolares gem do contato social e da cultura. Des-
(Infantil V, Primeiro, Segundo e Terceiro de os deuses do Olimpo até o prisma
ano do Ensino Fundamental I). Mas, al- religioso, era encarado como aquele
guns profissionais, por ausência de um que recebia uma punição. O anormal, o
aprofundamento teórico, acabam por estranho, o feio. Somente com o tempo
considerar esse momento como um é que a ciência ganha espaço e as ques-
quadro de dislexia. É por esse motivo tões biológicas passam a ser observadas.
que ressaltamos tanto a necessidade
de observarmos todo o contexto social,
cultural e histórico da criança, além de
entender o seu percurso na vida escolar
e seu nível de aprendizagem. Somente,
155
anotações
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