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MANUTENÇÃO PREVENTIVA E
SUPERESTRUTURA BÁSICA DE VIATURAS DE
BOMBEIRO
SBO
CFS
360 CDD-363.37
GUARATINGUETÁ, SP
2013
DOCUMENTO DE PROPRIEDADE DA EEAR
Todos os Direitos Reservados
Introdução........................................................................................................................01
1 CARACTERÍSTICAS BÁSICAS................................................................................03
1.1 Chassis...........................................................................................................03
1.2 Deslocamento.................................................................................................03
1.3 Visibilidade....................................................................................................03
1.4 Terreno...........................................................................................................04
1.5 Pneus..............................................................................................................05
1.6 Viaturas do SISCON com superestrutura......................................................05
2 SUPERESTRUTURA..................................................................................................13
2.1 Conceituação..................................................................................................13
2.2 Tanque de Água.............................................................................................13
2.3 Sistemas de Abastecimentos..........................................................................13
2.4 Tanque de Líquido Gerador de Espuma (LGE).............................................14
2.5 Bomba de incêndio........................................................................................15
2.6 Sistema de Arrefecimento do Motor..............................................................22
2.7 Agentes extintores auxiliares (complementares)...........................................22
2.8 Manutenção dos Componentes da Superestrutura.........................................23
2.9 Sistemas de acionamento da superestrutura...................................................23
3 NOÇÕES DE HIDRÁULICA......................................................................................31
3.1 Princípio de Bernoulli....................................................................................35
3.2 Aplicação dos conceitos da física nas atividades de bombeiro.....................37
3.3 Expansão dos líquidos...................................................................................39
Glossário..........................................................................................................................40
Conclusão........................................................................................................................41
Referências......................................................................................................................42
EEAR 1
INTRODUÇÃO
Combatente do fogo!
Com o advento do avião e o propósito de torná-lo um excelente meio de transporte,
visando encurtar a distância entre as pessoas, várias infraestruturas e equipamentos foram criados
e desenvolvidos para viabilizar sua aplicação na vida prática.
Entretanto o ser humano rapidamente percebeu a grande aplicabilidade da aeronave como
item bélico e passou a empregá-la com eficiência para sobrepujar o inimigo no campo de
batalha, estabelecendo grande vantagem no conflito. Com o passar dos anos, várias tecnologias
foram sendo incorporadas às aeronaves, porém as viaturas de combate a incêndio ficaram em
segundo plano e não acompanharam da mesma forma a evolução da aviação.
Somente durante a segunda guerra mundial sentiu-se a necessidade de criar equipamentos
específicos e mais eficazes para debelar incêndios aeronáuticos, tendo em vista a grande
incidência de pousos forçados das aeronaves que retornavam avariadas dos combates e que,
muitas vezes, culminava em acidentes aéreos com perdas de vidas humanas.
Desde então novas técnicas, equipamentos e carros contraincêndio foram desenvolvidos e
modernizados para atender a crescente evolução tecnológica da aviação, visando resguardar os
tripulantes e passageiros que utilizam esse meio de transporte pelo mundo afora.
1 CARACTERÍSTICAS BÁSICAS
1.1 Chassis
1.2 Deslocamento
Uma viatura de bombeiro tem que ser dotada de condições que permitam atender a
relação PESO X POTÊNCIA, principalmente de um motor adequado. Tais exigências constam
da tabela de requisitos da National Fire Protection Association - NFPA 414, quando da escolha
de um chassi para esta finalidade.
Para oferecer uma condição segura de rodagem, a suspensão da viatura deve ser bem
dimensionada em função da carga a ser transportada, distribuição de peso por eixo e centro de
gravidade do veículo, a fim de proporcionar à viatura uma estabilidade satisfatória que não venha
a comprometer seu deslocamento.
1.3 Visibilidade
1.4 Terreno
1.4.1 Tração
A tração é um recurso que permite as viaturas transpor obstáculos com maior facilidade
(buracos, planos inclinados, ondulações, etc.).
A tração normal das viaturas classificadas como pesadas (caminhões) e como médio
porte (pick-ups) utilizadas no Sistema Contraincêndio da Aeronáutica (SISCON) é 4 x 2 com
tração no eixo traseiro. Essas configurações são utilizadas em situações normais de serviço em
vias pavimentadas.
Os carros de resgate e salvamento (CRS), os carros de apoio ao chefe de equipe (CACE)
e os carros contraincêndio (CCI) necessitam de um sistema que permita a tração em todos os
eixos (4x4, 6x6, 8x8,...), de modo que possibilite trafegar fora das vias pavimentadas.
A força de tração no eixo dianteiro é obtida mediante o suo de uma caixa de transferência
de força.
➢ Caixa de transferência
Contém um conjunto de engrenagens que envia a rotação do motor ao eixo traseiro
(motriz). E quando é acionada, além de continuar enviando rotação para o eixo traseiro, passa a
enviar, também, para o eixo dianteiro (figura 1).
Figura 01
Atenção:
➢ A tração e o bloqueio de diferencial são dispositivos que devem ser acionados antes da
viatura entrar num terreno considerado instável e desligados imediatamente após sair
dele.
➢ Nunca realize curvas em terrenos firmes quando o bloqueio está acionado, pois
causará sérios danos à viatura.
1.5 Pneus
Os pneus utilizados nas viaturas de bombeiro devem ser compatíveis com o chassi e
possuírem bandas de rodagem híbridas, de forma a atender aos requisitos de trafegar em estradas
asfaltadas e fora delas. Estes requisitos aplicam-se às necessidades e às condições de solo
encontradas nas cercanias dos aeródromos. Devem ser consideradas as condições de pavimento
com pouca aderência, atoleiros, e rotas com acúmulo de detritos ou materiais que provoquem
riscos de derrapagens. Os desenhos da banda de rodagem devem ser de tal forma que permitam a
rápida liberação dos detritos retidos em seus sulcos, evitando que os mesmos sejam levados para
as áreas de movimentação de aeronaves.
O SISCON possui ainda outros dois tipos de CRS, um montado num chassi IVECO
(figura 3) e outro num chassi AGRALE (figura 4).
Figura 10- AP 2
Figura 11- AP 2A
2 SUPERESTRUTURA
2.1 Conceituação
Para efeito deste estudo, conceituaremos que todo o conjunto de sistemas e seus
componentes destinados ao pleno funcionamento operacional de salvamento, extinção de
incêndio e apoio a atividade aérea, fixados sobre um chassi, receberá o nome de
SUPERESTUTURA.
Os CCI e ABT devem apresentar diferentes tipos de sistemas para abastecimento de água,
sendo que as Seções Contraincêndio devem oferecer condições para que todos esses métodos
possam ser realizados.
Possui a função de expelir líquidos, seja de baixa pressão estática (quando o líquido está
localizado abaixo do nível da bomba) ou de maior pressão estática (quando o líquido está
localizado acima do nível da bomba). Isto pode ser conseguido da seguinte maneira:
➢ Fazendo atuar uma força sobre o líquido, através de um pistão de movimento alternado
ou rotativo (bomba a pistão);
➢ Pela transmissão de trabalho mecânico ao líquido, através de aletas (palhetas)
giratórias (bomba centrífuga); e
➢ Fazendo atuar sobre o líquido, duas engrenagens interligadas parar expeli-lo (bomba
de engrenagem).
Opera pelo princípio da força que tende a impelir um objeto para fora do centro de
rotação, ou seja, a força centrífuga (figura 14).
A tendência criada pela rotação dos rotores da bomba é convertida em pressão no fluido
que está sendo bombeado.
A pressão aumenta na razão quadrada do giro dos rotores; exemplo: se a velocidade de
rotação dos rotores for dobrada, a pressão aumentará 4 (quatro) vezes.
As bombas centrífugas dependem da ação giratória dos rotores para pressurizar a água.
Elas não têm a capacidade de extrair o ar por si só; portanto, não são de deslocamento positivo.
Assim, as bombas centrífugas necessitam de um sistema de escorva para succionar a água.
A vazão da bomba de incêndio deve ser igual ou superior ao somatório das vazões de
cada expedição usadas simultaneamente (do(s) canhão(ões), linha(s) de expedição e dispersores).
2.5.2.2 Cavitação
Ocorre quando a vazão da água que sai da bomba fica maior do que a admissão, ou seja, a
quantidade de água que está entrando na bomba não é suficiente para manter a vazão de
expedição. Isto faz com que ocorra a formação de bolhas de ar no corpo da bomba e a
consequente perda de eficiência (a pressão nas linhas de mangueira diminui e o jato d’água
oscila), prejudicando a operação de combate. A bomba que sofre cavitação sucessivamente sofre
desgaste prematuro, além de deixar os operadores de linha em situação de risco.
Os seguintes sinais indicam que a bomba pode estar cavitando:
➢ A pressão do manômetro permanece inalterada mesmo diante a elevação da rotação do
motor;
➢ Jatos d’água intermitentes;
➢ Vibrações da bomba;
➢ Ruídos diferentes da bomba, e
➢ Pressão do manômetro oscilando com a rotação do motor constante.
A cavitação da bomba pode ser corrigida com a diminuição na demanda d’água, através
da redução da rotação do motor e consequente redução da rotação da bomba.
É a pressão indicada pelo fabricante na qual a bomba atinge sua melhor performance sem
sofrer esforços que podem danificá-la. A pressão de trabalho, dependendo do projeto de
fabricação, normalmente varia de 10,5 bar a 14 bar.
Observação: Alguns desses dispositivos funcionam como uma caixa multiplicadora, ou seja,
alteram a rotação oriunda do motor, em alguns casos para mais (são chamados de caixa
multiplicadora), outros para menos (divisor de potência).
O tubo “Venturi” é ligado à bomba por um cano curto e de pequeno diâmetro. Como
os gases da combustão são forçados através do “Venturi”, há a produção de pressão
negativa parcial na câmara de ejeção, o que provoca o arrastamento do ar do interior
da bomba e, consequentemente, a redução da pressão interna.
Geralmente as viaturas de bombeiro urbano possuem esse sistema, devido ao fato de seus
motores trabalharem por várias horas sem deslocamento (viatura parada). Para não ocorrer o
superaquecimento do motor, o sistema auxiliar de resfriamento permite que a água do tanque da
viatura circule pelo sistema de arrefecimento do motor por intermédio de um intercambiador de
calor, mantendo a temperatura dentro da faixa operacional. O sistema pode ser automático ou
manual. Alguns tipos de viaturas do SISCON possuem este sistema.
Sistema que utiliza a eletricidade e óleo bombeado sob pressão. Basicamente, seu
funcionamento ocorre por meio do acionamento de um comando elétrico, que faz o acionamento
de uma válvula hidráulica que permite a passagem do óleo sob pressão para atuar sobre um
equipamento. O óleo é armazenado num reservatório na viatura. Um exemplo é o comando de
movimentos do canhão superior dos CCI AP 3 Titan (figura 23).
Figura 24
Figura 25
3 NOÇÕES DE HIDRÁULICA
per square inch), lb/pol2 (libras por polegada quadrada) ou kgf/cm2 (quilograma-força
por centímetro quadrado). Às vezes ela é medida em polegadas de mercúrio ou para
pressões muito baixas, em polegadas de água.
O esquema da figura 26 permite determinar as relações entre Força (F), Pressão (P) e
Área (A).
Figura 26
Figura 27
pressão tem relação com a altura e com a área que atua, podemos dizer que a pressão do fluído
não depende do formato do recipiente que o contém (figura 28).
Figura 28
Na prática, quando existe um dispositivo com dois êmbolos de tamanhos iguais quando
se aplica uma força em um deles, a pressão no interior do fluido assume o mesmo valor para
todos os pontos. Esta pressão é integralmente transmitida ao outro êmbolo fazendo com que este
fique sujeito à mesma força (figura 29).
Figura 29
Figura 30
Então, se dois pistões são usados em um fluido num sistema de potência, a força que atua
em cada um é diretamente proporcional a sua área, e a magnitude de cada força é o produto da
pressão pela sua área (figura 31).
Figura 31
quadrado), lb/in2 (libra por polegada quadrada – psi) e o Bar. Assim temos:
Figura 32
O Venturi acima pode ser usado para ilustrar o princípio de Bernoulli, o qual estabelece
que a pressão de um fluido diminui no ponto onde a velocidade do fluido aumenta.
Na seção estreita, o líquido se move em alta velocidade, produzindo uma pressão menor
como comprovaria um indicador instalado naquela posição.
Quando a seção do Venturi é alargada, o líquido retorna a baixa velocidade, reproduzindo
uma alta pressão.
O fluxo de fluído numa tubulação (mangote, mangueira, etc.), também chamado de
“Pressão em Tubulações”, pode ser afetado por três tipos, ou variações de pressão: pressão
estática, pressão residual e pressão de fluxo.
➢ Pressão estática é verificada quando o fluído encontra-se parado, com energia
potencial estocada. É medida quando o fluído não está em movimento.
➢ Pressão residual - É aquela usada para superar a fricção (atrito) a que provoca a perda
de carga (geralmente pequena).
➢ Pressão de fluxo - É aquela registrada com o início do fluxo do líquido.
Após essa rápida recordação da física, você verá, na prática, onde a hidráulica se aplica
na atividade de contraincêndio. É fácil a constatação, uma vez que a água é usada como agente
extintor principal é um fluído (figura 33).
Figura 33
Os conceitos de hidráulica são aplicados à água que flui antes e depois da bomba de
incêndio, bem como no nitrogênio utilizado no sistema de pó químico.
Olhando a bomba de incêndio como o elemento que transforma a pressão estática em
pressão de fluxo ou de velocidade, temos:
➢ Princípio de funcionamento da bomba de incêndio na operação de sucção
O princípio de funcionamento da bomba de incêndio na operação de sucção está
diretamente ligada à altitude em que está sendo utilizada a bomba de incêndio, pois como já foi
dito, a atmosfera determina as variações do seu funcionamento. A diferença entre a pressão
interna e a pressão atmosférica determina a altura a que a água será elevada pelo mangote de
sucção. A pressão atmosférica no nível do mar é igual a 1 kg/cm 2; portanto, caso a bomba tenha
uma escorva perfeita, só elevará a água de um desnível máximo de 10 metros.
O escorvamento é a operação de retirada do ar contido no interior da bomba de incêndio e
do mangote de sucção. Isto permite a pressão atmosférica atuar sobre a superfície do manancial
de água e empurrá-la pelo mangote até a bomba de incêndio.
A bomba centrifuga, como o nome diz, opera pelo princípio de força que tende a impelir
um objeto para fora do centro de rotação, ou seja, a força centrífuga. A tendência criada pela
rotação dos impulsores é convertida em pressão no fluído que está sendo bombeado.
A pressão aumenta na razão quadrada da rotação dos impulsores. Por exemplo, se a
rotação dos impulsores for dobrada, a pressão aumentará em quatro vezes. A bomba centrífuga
acumula (soma) a pressão com a pressão que lhe é fornecida, ou seja, se um fluído entra na
admissão da bomba centrífuga com uma pressão de 4 kgf/cm2 e a bomba está trabalhando a 10
Figura 34
GLOSSÁRIO
Sulcos: São os frisos existentes na banda de rodagem dos pneus. Eles permitem que a água
existente na via seja escoada, mantendo o pneu em contato com permanente com a via, evitando
desta forma a aquaplanagem (figura 35).
Figura 35
Tubulação: Termo utilizado para fazer referência a uma canalização, mangueiras, mangotes e
mangotinhos.
Peso específico: É o peso por unidade de volume, ou seja, é o valor da massa específica
multiplicada pela aceleração de gravidade local. Nos cálculos hidráulicos habituais com água,
Compressibilidade dos líquidos: A compressão dos líquidos, que é a redução do volume que
eles ocupam, mesmo sob extrema pressão, é tão pequena que pode ser considerada desprezível.
Se uma pressão de 100 psi for aplicada a uma quantidade substancial de água, o seu volume
decrescerá somente 3/10.000 do seu volume original. Seria necessária uma força de 64.000 psi
para reduzir o seu volume em 10%. Como os outros líquidos se comportam da mesma maneira,
os líquidos são, usualmente, considerados incompressíveis.
CONCLUSÃO
Após estudar este conteúdo você teve a excelente oportunidade de conhecer diversas
viaturas desenvolvidas exclusivamente para atividades de salvamento e combate a incêndio e
outras que possam nos auxiliar com grande valia na execução das tarefas que escolhemos para a
nossa carreira profissional e militar.
Ao concluir este assunto temos a certeza que você terá condições de operar com
sabedoria e pleno domínio os meios disponíveis para o cumprimento da missão do bombeiro, que
certamente é a mais nobre e louvável de todas: o auxílio ao próximo e o salvamento das vidas
que estejam em perigo.
REFERÊNCIAS