A teoria de justiça de

John Rawls
3.1. A dimensão ético-política – Análise e compreensão da experiência convivencial
3.1.4. Ética, direito e política

A Teoria da Justiça de John Rawls

Rawls parte das teorias contratualistas e pergunta:

• Será que o estado garante a todos igual liberdade e iguais

oportunidades sociais?

• Será que o estado distribui equitativamente bens, riqueza e

oportunidades?

• O que é uma sociedade justa?

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3.1.4. Ética, direito e política

Críticas de Rawls ao utilitarismo

• Falta de um princípio absoluto que sirva de critério universal

para decidir o que é justo e injusto;

• A subordinação do indivíduo à sociedade, não lhe reconhecendo

direitos fundamentais invioláveis;

• A subordinação da política à felicidade global não tem em

consideração a forma justa ou injusta como o bem-estar é
distribuído.
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3.1.4. Ética, direito e política

Quais são os princípios mais adequados para uma organização

político-social justa?

• Princípios aceites por pessoas livres e racionais colocadas

numa situação hipotética inicial de igualdade.

• Estes princípios devem assentar nos princípios de:

- Universalidade (aplicabilidade a todos os seres humanos);

- Imparcialidade (aplicabilidade de forma não tendenciosa).

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3.1.4. Ética, direito e política

Posição original e véu de ignorância

• Posição original é o conceito a que Rawls chega para explicar a

formulação dos princípios básicos de justiça.
- Trata-se de uma situação imaginária em que os indivíduos são sujeitos
racionais, livres e iguais e estão em condições para eleger imparcial e
universalmente os princípios de justiça que regerão a sociedade.

• Véu de ignorância
- A imparcialidade das escolhas é justificada por este artifício, o «véu de
ignorância», que designa uma situação de desconhecimento das suas
características individuais, interesses, objetivos, estatuto e classe social.
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Análise de um caso

• A Margarida faz uma festa de aniversário e tem um bolo para

partilhar com os amigos;

• As fatias serão sorteadas e cada um dos amigos comerá apenas

a fatia que lhe couber no sorteio;

• Margarida é gulosa e não quer correr o risco de lhe sair no

sorteio a fatia mais pequena;

• Por isso, a melhor estratégia será partir o bolo em fatias iguais;

• Trata-se de uma decisão racional e imparcial.

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Análise de um caso

• A história da distribuição das fatias de bolo pode servir de

analogia para percebermos a estratégia adotada na posição
original, segundo Rawls:
- Acordo estabelecido em condições ideais de igualdade;

- Ninguém corre o risco de ficar desfavorecido em termos dos

princípios que escolhe;

- O véu de ignorância reforça a ideia de imparcialidade e

universalidade na escolha dos princípios da sociedade justa.
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Princípios da justiça
1. Liberdade

1º Princípio – Iguais liberdades básicas

«Cada pessoa tem direito igual ao mais extenso sistema de liberdades

básicas que seja compatível com um sistema de liberdades básicas para
todos.»
John Rawls, Uma Teoria da Justiça, Presença, Lisboa, p. 61.

Exemplos:
- Liberdade política;

- Liberdade de religião;

- Liberdade de pensamento, de expressão e de opinião;

- Liberdade da pessoa (integridade, propriedade, proteção face à detenção e
prisão arbitrárias, etc.).
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Princípios da justiça
2. Igualdade – equidade e diferença

2º Princípio – equidade na distribuição de riqueza e igualdade de

oportunidades

«O princípio que mantém que para tratar igualmente todas as pessoas,

para permitir uma genuína igualdade de oportunidades, a sociedade deve
dar melhor atenção aos que nasceram em posições sociais menos
favorecidas.»
John Rawls, Uma Teoria da Justiça, Presença, Lisboa, p. 61.
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Organização da sociedade justa

• A sociedade justa

- dá atenção aos indivíduos que nasceram em posições socialmente

desfavorecidas – Princípio da Compensação;

- promove contribuições marginais dos mais ricos – Princípio da

Fraternidade;

- tolera as desigualdades económicas e sociais, desde que

beneficiem os mais desfavorecidos – Princípio da Diferença.
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Organização da sociedade justa

• Obrigações do estado

- Organizar a sociedade civil com base nos princípios da justiça;

- Harmonizar as liberdades individuais com a igualdade;

- Respeitar os princípios de justiça.

• Obrigações dos cidadãos

- Obedecer às leis;

- Nas situações em que ocorram violações das leis, é legítima a

desobediência civil.
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A justiça como equidade

• Equidade

- Ideal de justiça de uma sociedade que visa alcançar a igualdade

através da distribuição desigual da riqueza.

• Segundo Rawls

- uma sociedade justa admite a desigualdade desde que esta

traga benefícios para a sociedade como um todo e
principalmente para os mais desfavorecidos.
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Desobediência civil

• Ato público, não violento e decidido em consciência que visa,

enquanto último recurso, impedir a violação sistemática dos
princípios da justiça ou a correção destes.

• Uma vez que o dever de obediência decorre do reconhecimento

da igualdade e da conceção da sociedade civil como forma de
cooperação entre iguais, a desobediência civil é legítima se
houver violação grave das leis.
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Algumas críticas à Teoria da Justiça de Rawls

• A fundamentação da sociedade justa num contrato hipotético

não lhe confere uma sustentação sólida;

• O princípio da diferença é incompatível com o princípio da

liberdade: a posse de riqueza aumenta a liberdade.