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Fria.
RESUMO
O presente trabalho busca refletir sobre as transformações da agenda de segurança
internacional após a Guerra Fria, quando a noção tradicional de segurança passa a acolher
novas acepções, dentre elas a ideia de Segurança Humana. Nesse propósito, apresenta-se um
panorama das principais mudanças teóricas no tratamento das questões de segurança
internacional após a Guerra Fria, seguindo-se apontamentos sobre a Escola de Copenhague e
sua contribuição ao tema, bem como o surgimento da questão da Segurança Humana no
cenário internacional. Encerra-se com considerações sobre os principais pontos de
preocupação da Segurança Humana na América Latina e no Brasil. O artigo objetiva,
principalmente, levantar a discussão e revisar os principais pressupostos teóricos do objeto,
sem pretensões de esgotá-lo.
A vida em sociedade sempre teve os seus desafios, com os seus conflitos entre tribos,
por alimentação e por território. Pequenos grupos se formaram em pequenas tribos para a
melhor sobrevivência, instituindo um líder para administrar e garantir as necessidades. Com a
evolução das tribos, as sociedades se tornaram mais complexas, novos problemas surgiram e a
figura do poder sempre esteve presente para conter ameaças. A evolução da sociedade trouxe
o reconhecimento estatal e junto com ela a necessidade de regras de coexistência entre
Estados, sendo estas essenciais até os dias de hoje.
No conceito de segurança primitivo, fazendo uma leve menção a Rousseau em seu
discurso “o bom selvagem”, as necessidades do homem livre eram apenas a sobrevivência
básica para garantir a própria segurança dos fatores externos que os rodeavam, não havia uma
supremacia tentando impor deveres ou tratados a serem cumpridos e qualquer manifestação
de violência era apenas para garantir a própria segurança. Nesse contexto, temos a primeira
figura do poder, o líder da tribo, o seu papel era essencial para a manutenção da ordem e da
paz na tribo e possíveis impasses com outras tribos.
Seguindo mais adiante, temos com a evolução dessa figura do poder veio a
Monarquia, todo o poder sobre uma única pessoa de caráter hereditário, uma das formas de
poder mais antigas de toda historia humana. No Sec. XVIII, com o Iluminismo como fonte de
conhecimento, Montesquieu propõe a separação dos três poderes, dando o inicio a tradição
republicana que se observa até os dias de hoje. O que tem de comum em todos esses séculos é
a fonte primária de poder responsável pela segurança dos seus protegidos, cada um com a sua
maneira de governar, uns mais déspotas do que os outros, mas sempre com a intenção de
proteger seus interesses e o do povo.
A Guerra dos 30 anos (1618-1648) foi um grande marco para toda e Europa e para o
mundo, um conflito de varias esferas políticas e religiosas, tendo um fim com o tratado de
Westfalia, que deu origem ao moderno sistema de estados-nação, dotados de soberania sobre
seu território, tendencialmente laicos com o principio de equilíbrio dos poderes.
A Carta das Nações Unidas foi assinada em São Francisco, a 26 de Junho de 1945,
após o encerramento da Conferência das Nações Unidas sobre Organização Internacional,
entrando em vigor a 24 de Outubro daquele mesmo ano. Houve vários fatores que culminaram
na criação da carta da ONU, como a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais, que fez com que
surgisse uma preocupação mundial no que tange a sociedade internacional.
O conceito de segurança humana foi apresentado pela primeira vez em um relatório
do PNUD de 1994, alicerçada na carta da ONU, nos documentos posteriores como a
Declaração Universal dos Direitos Humanos. Atualmente, a defesa do conceito de segurança
humana se baseia em particular na nova constelação internacional de atores políticos,
posterior à Guerra Fria – em boa parte pelo fato de que hoje a insegurança física é causada
mais por conflitos armados internos do que por guerras entre países.
Mazzuoli (2018) retrata a adição de novos atores no cenário internacional como:
indivíduos, organizações internacionais governamentais e organizações não estatais. Com
esses novos personagens, cada vez mais relevantes, temos reflexos na legislação externa por
meio de documentos que versam sobre os direitos humanos, mas também há um reflexo
interno na nossa Constituição (CF 1988) no seu art. 1º, em seu paragrafo único que diz: “todo
poder emana do povo, que o exerce por meio dos seus representantes eleitos ou diretamente,
nos termos desta constituição.” Já trazendo a importância do povo na base do poder soberano
do Estado e estudos mais recentes enaltecem ainda mais os novos atores no âmbito
internacional.
6 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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