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meios para que alguém obtenha algum tipo de conhecimento. Então, eu sou um meio.
Isso é ruim? Não! Não posso considerar isso algo ruim, é claro. Mas, não é sobre isso
que Kant está colocando sua máxima. Sua máxima É isso que Kant diz. Até aí, não
deveríamos ficar ranzinzas com Kant. Há implicações dessa máxima que faz sua ética se
tornar uma ética do dever, talvez endurecida, incapaz de ceder a uma outra nossa
máxima, a da lei do amor, que nos leva a proteger os mais fracos e, entre eles, primeiro
os nossos amigos etc. Mas, talvez possamos olhar para Kant sem essas implicações,
focalizando o quanto sua ética tem a ver com a política liberal que vinha se construindo
em seu tempo. Aquela política que, antes dele, foi estabelecida por John Locke. A
política de preservar a individualidade, os direitos individuais, especialmente a
liberdade individual e a dignidade humana. Kant deu expressão filosófica a isso que, em
Locke, ficou antes no campo da filosofia política que propriamente numa metafísica.
Gosto de Kant quando o leio dessa minha maneira. Pois, então, sua voz soa como uma
alerta contra os que cultivam a ideologia da humildade, exatamente aquela ideologia
denunciada por Nietzsche como sendo fruto de uma terrível corrosão moral. Estranho?
Estou associando Kant a algo que foi aproveitado positivamente por Nietzsche, um de
seus mais ferrenhos críticos? Sim! E eu explico.
É claro que isso tudo que ocorre no mundo árabe pode ser aproveitado por grupos
radicais religiosos. Mas, num primeiro momento, o anseio por liberdade no estilo
ocidental é o que movimenta os jovens árabes a se colocarem contra os regimes em que
vivem, repúblicas autoritárias e monarquias absolutistas ou similares.
para sermos moralmente corretos não devemos tratar o homem com meio e, sim, como
um fim em si mesmo, é sempre atual. Mas, não raro, às vezes ela é compreendida com
tropeções. Afinal, todos os dias somos meios para alguma coisa.