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de Descartes
A busca da certeza
⬥ É objetiva, pois a força de uma justificação não depende das opiniões ou dos sentimentos
de cada um.
“Notei, há já alguns anos, que, tendo recebido desde a mais tenra idade tantas coisas falsas por
verdadeiras, e sendo tão duvidoso tudo o que depois sobre elas fundei, tinha de deitar abaixo
tudo, inteiramente, por uma vez na minha vida, e começar, de novo, desde os primeiros
⚫ Descartes sugere-nos aqui que, para encontrar a certeza, primeiro há que tentar pôr em
⚫ Por isso, para pôr em questão muito daquilo em que acreditamos, basta encontrar razões para
duvidar de que os sentidos são uma fonte de conhecimento.
⚫ Descartes admite, no entanto, que algumas perceções sensíveis parecem não estar sujeitas à
ilusão.
O argumento do sonho
⚫ No entanto, acrescenta Descartes, alguns sonhos são tão vívidos que não é possível
distingui-los, com toda a segurança, das perceções que temos enquanto estamos acordados.
⚫ Nunca podemos, pois, ter a certeza absoluta de não estar a sonhar enquanto julgamos estar a
percecionar objetos.
⚫ Assim sendo, conclui Descartes, mesmo as melhores perceções sensíveis não nos oferecem
certeza.
O génio maligno
⚫ Além disso, talvez a nossa mente esteja a ser controlada por um ser extremamente poderoso e
2. Se isso é possível, então não posso ter a certeza de que o mundo físico seja real.
3. Se não posso ter essa certeza, então não sei se o mundo físico é real.
⚫ O génio maligno poderá induzir-nos em erro até nas questões matemáticas mais elementares.
O cogito
“[N]otei que, enquanto assim queria pensar que tudo era falso, eu, que assim o pensava,
necessariamente era alguma coisa. E notando que esta verdade – eu penso, logo existo – era tão firme
e tão certa que todas as extravagantes suposições dos céticos seriam impotentes para a abalar, julguei
que a podia aceitar, sem escrúpulo, para primeiro princípio da filosofia que procurava.”
⚫ Enquanto busca razões para pôr em causa aquilo em que acredita, Descartes está a pensar.
⚫ Ora, para pensar tem de existir. Assim, pela inferência eu penso, logo existo – conhecida por cogito
⚫ Cada um de nós, portanto, poderá estar inteiramente certo da sua própria existência enquanto ser
pensante.
O critério de verdade
⚫ Descartes tenta encontrar nela um critério de verdade. Coloca, pois, esta questão:
⚫ Descartes responde que está certo do cogito porque percebe, com toda a clareza e distinção, que
⬥ Estas perceções são intelectuais: quando, pelo intelecto, “vemos” ou compreendemos com
toda a nitidez que algo é verdade, podemos ter a certeza de que não estamos enganados.
⚫ Para justificar melhor o seu critério de verdade, Descartes tenta provar que Deus existe.
A existência de Deus
⚫ Deus é concebido como um ser sumamente perfeito, isto é, como um ser que reúne todas as
⚫ Ora, segundo Descartes, a existência é uma perfeição, pois é melhor existir do que não existir.
⚫ Assim, refletindo sobre o conceito de um ser sumamente perfeito, chegamos à conclusão de que
⚫ Estabelecida a existência de Deus, Descartes julga que o critério da perceção clara e distinta fica
validado.
⬥ Assim, desde que elas utilizem bem as suas capacidades, chegarão certamente à verdade.
⚫ Cada um de nós pode estar certo, então, de que tudo aquilo que percebe com toda a clareza e
distinção é verdade.
A realidade do mundo físico
⚫ Podemos agora estar certos de que as nossas perceções sensíveis representam objetos físicos reais.
Podemos saber que são causadas por eles.
1. Tenho uma inclinação muito forte para acreditar que as minhas perceções sensíveis são causadas
por objetos físicos.
2. Se as minhas perceções sensíveis fossem causadas de outra forma, eu não poderia descobrir isso.
6. Logo, a minha inclinação para crer que são causadas por objetos físicos é correta.
Mente e corpo
2. Se posso conceber a minha mente sem o meu corpo, então é possível que a minha mente
exista sem o meu corpo.
3. Mas, se é possível que a minha mente exista sem o meu corpo, então (na realidade) esta
não é o meu corpo.
⚫ Uma substância é uma coisa que tem propriedades e que, de certa forma, pode existir por si
mesma.
⚫ Segundo esta crítica de Antoine Arnauld (1612-1694), Descartes comete o erro de tentar fazer o
seguinte:
“Mesmo que admitamos que um ser sumamente perfeito tem a implicação da existência em virtude
do seu próprio título, daí não se segue que a existência em questão seja algo efetivo no mundo real;
segue-se apenas que o conceito de existência está ligado inseparavelmente ao conceito de um ser
supremo.”
⚫ Caterus alega aqui que, a partir de uma simples definição do conceito de ser sumamente perfeito,
não podemos concluir validamente que esse ser – Deus – existe na realidade.
A interação mente-corpo
⚫ Descartes julga que a mente e o corpo interagem causalmente, o que significa que:
⚫ Alguns críticos de Descartes, como a Princesa Elisabeth da Boémia (1618-1680), alegaram que o seu
⬥ Se a mente não está no espaço, como pode estar “ligada” ao corpo e pô-lo em movimento?
⬥ Se nem o corpo nem cérebro pensam, como podem “produzir” pensamentos na mente?