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REMINISCÊNCIAS
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REMINISCÊNCIAS
Dedico esse livro, primeiramente, a minha mãe Cezira Amorim de Santana Santos, de
saudosa memoria, exemplo de mulher guerreira, e de imenso coração.
A Antonio Acioli da Silva Santos Filho, Professor Santos, meu pai, com ele aprendi a
ser um homem reto e honesto.
As minhas irmãs, Clésia Leonor e Clotilde Lenita, as quais eu devo muito e ao meu
irmão Antonio Carlos.
Aos meus filhos, netos, e a minha esposa Maria José, companheira de muitas lutas.
Dr. José Lins Moura – Médico Ginecologista e Obstetra a quem devo a vida de minha
filha Maisa.
Dr. Benedito Teófilo Viana de Lima Belo, meu amigo de todas as horas.
Homenagem póstuma:
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REMINISCÊNCIAS
Alde Lael da Silva Santos é advogado, nasceu aos 13/06/1944, na cidade de Maceió-
Alagoas, na antiga Rua da Alegria, hoje Joaquim Távora.
Filho do alagoano Antonio Acioli da Silva Santos Filho, Jornalista, professor, poeta,
imortal da Academia Alagoana de Letras, membro do Instituto Histórico e Geográfico
de Alagoas, marçom, conhecido como Professor Santos e da Olindense, Cezira Amorim
de Santana Santos.
Bisneto de Português, por parte de pai, da tradicional família Campos, que se instalou
na cidade de Porto Calvo onde possuía dois engenhos de Açúcar, parente dos Campos
da cidade de Pão de Açúcar.
Bisneto de Italiano, por parte de pai, que viera da Itália e firmou residência em Pão de
Açúcar, cujo nome era Antonio Brás de Marsíglia, um dos Constitucionalistas daquela
cidade quando ela se separou de Mata Grande, primo do grande médico Duílio
Marsíglia.
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REMINISCÊNCIAS
PRÓLOGO
Essa é uma vida cheia de aventuras e de coisas sérias, sofrida e de muitas vitórias,
de um ser humano abençoado por Deus e pelos Anjos, principalmente por seu ANJO
DA GUARDA.
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REMINISCÊNCIAS
Capítulo I
Certo dia eis que chega a criatura! Uma criança medindo 52 cm, pesando 4,6
quilos e, como aconteceu?
-Dr! Mamãe está passando mal, pois a criança não quer nascer!
A chegada do médico
-Quando o médico chegou, a senhora que estava preste a dar a luz, mandou que
ele fosse socorrer o marido, pois, o mesmo havia levado uma queda no banheiro. De
fato, o homem estava com um ferimento na testa, batera com a cabeça no vaso sanitário.
Foi assim que tudo começou, nascera naquele dia 13 de junho de 1944, uma criança que
na pia batismal recebera o nome de ALDE LAEL. O por quê do nome, porque, seu pai
Antônio, esse era seu nome, quando exerceu o cargo de professor na Usina Roçadinho
pertencente à família Sampaio, Mendo Sampaio, pai do futuro governador de
Pernambuco o Cid Feijó Sampaio, prometera aos seus irmãos, Alde e Lael Sampaio,
que se tivesse mais um filho homem, colocaria esse nome em homenagem a eles, e
assim, se profetizou.
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REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO II
-Havia duas casas iguais, dois bangalôs, um era onde Alde morava com seu pai,
suas duas irmãs, seu irmão e sua madrasta, pois o casal já estava separado naquela
época. Ele estudava na escolinha de dona Margarida, duas casas adiante da sua.
-Lembrou-se da festa de seu aniversário dos quatro anos, dia de Santo Antonio,
uma festança, decoração de mine carro-de-boi, bonecos vestidos de matuto, enfeites de
balões, muitas comidas e bebidas, um trio nordestino tocando músicas joaninas.
-Trouxe meu presente, se não trouxe não entra!- Logo se apagou, a festa para ele
havia terminado.
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-Outra lembrança marcante foi quando estudou em outra casa, na mesma
avenida, ainda hoje a mesma se encontra de pé, uma casinha cor de rosa, em frente a
uma casa de saúde para deficientes mentais, colada com o Colégio Nossa Senhora do
Bom Conselho, Casa de Saúde conhecida à época, como Mário Morsef. Era na parte da
tarde, a hora do recreio, todas as crianças estavam brincando, ou de pega ou no balanço
existente, quando em um dado momento, um dos deficientes mentais, um homem alto,
cabeça pelada e sangrando, atravessara por uma tubulação da rua, cano de esgoto, que
dava acesso da clínica a escola, por baixo da terra, ingressou no pátio da escola, houve
aquele terror, fora preciso coloca-lo em camisa-de-força para leva-lo de volta.
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REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO III
-Ele não entendia o que eu dizia, porém, ao chegar ao quintal, viu que se tratava
de uma cobra conhecida por “Papa Ovo”, segundo José, ele pegou uma vara e tentou
matar o animal, a mesma o acompanhava em todas as direções em que ele movimentava
a vara, até que ele conseguiu mata-la. Depois queria que eu fosse até perto dela, porém,
eu já estava traumatizado, e até hoje, sou.
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REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO IV
-Ainda, quando contava com quase cinco anos de idade, eu e meus irmãos,
fomos morar com minha mãe, no Parque Rio Branco, próximo ao mercado público de
Maceió. Nessa época havia próximo um quiosque por nome de “Eureca”, onde um
homem vendia pão-doce com caldo-de-cana e refresco de maracujá. Todas as noites
havia sobra de refresco e aquele homem sempre chamava minha mãe e doava um
caldeirão cheio. Havia uma turminha de rapazes que ficava próxima de minha casa e
minha mãe sempre fornecia os copos para que eles tomassem refresco de maracujá.
Entre eles havia um apelidado de “DIDA”, sim, o mesmo “Dida” que jogou no CSA, no
Flamengo e na Seleção Brasileira, o Edvaldo Alves de Santa Rosa, ele gostava muito de
mim e sempre brincava de bola comigo, cujo irmão quando estudei direito no
CESMAC, fora meu colega de turma, o Edson Alves de Santa Rosa.
-Aldinho, Aldinho, acorde!- Ficou desesperado e minha mãe passou uma longa
data sem dirigir-lhe a palavra.
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barriga proeminente. Estava a morrer, Roberto se abraçou com ele chorando muito.
Dizia-se à época que fora uma pessoa da família Barbosa que o matara, porque, o pai de
Roberto fora-lhe cobrar uma dívida. Naquela época existia na porta do restaurante,
vários veículos de praça, hoje chamar-se-ia de taxi, e um dos motoristas era o assassino.
Roberto contava naquela época com oito anos de idade, ou seja, três anos mais velho
que eu.
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REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO V
-Quando completei pouco mais de cinco anos, meu pai fizera uma permuta de
casa com minha mãe, ele veio morar no Parque Rio Branco, próximo ao mercado
público e minha mãe fora morar em Bebedouro.
-Ainda, na casa do Parque Rio Branco, minha mãe criava um filhote de urubu.
Eu tinha um cágado pequeno. O cágado sempre desaparecia, passava vários dias
perdido, um belo dia retornava, ele gostava de ficar, às vezes, por trás do guarda-roupas.
O urubu quando nasce, para aqueles que não sabem, é branquinho, depois, começa a
ficar preto. Quando ele tinha fome, começava a voar sobre o fogão e beliscar as tampas
das panelas, com esse gesto, minha mãe sabia que ele estava com fome, e lhe dava
comida. O urubu começou a ficar com as penujes escuras. Minha casa ficava em frente
ao mercado público, e, quando minha mãe ia fazer compras, o urubu sempre a
acompanhava voando e pousava em seus ombros causando espanto aqueles que não o
conhecia.
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REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO VI
-Quando ainda tinha cinco anos, de vez em quando eu caia no chão como se fora
desmaio, meu pai e minha mãe pensavam que era malcriação e o cinturão vadiava,
porém, eu não retornava com facilidade. Certa vez, minha mãe soubera que havia um
senhor que era espírita, ele morava no Pontal-da-Barra, e, levou-me lá. Saímos do
Parque Rio Branco, próximo ao Mercado Público de Maceió, mais ou menos às três
horas da tarde, sol a pino, minha mãe me segurando pelo braço, andando a pé, até lá,
pela praia do Sobral. Antigamente, no pontal, havia muitas dunas e em uma delas uma
casinha e era lá que o tal homem morava. Subimos a duna e lá chegando, fomos
recebidos por um senhor forte que estava sentado em um banquinho de madeira, sua
vestimenta era uma calça caqui, pois, o mesmo era soldado da polícia militar de
Alagoas. Quando entramos, ele foi logo dizendo:
- Por que a senhora vive batendo muito nele quando cai no chão?
-Minha mãe disse que era, porque, eu era muito malcriado, e ele respondeu:
- Não bata mais nele, pois não é malcriação e sim ele é médium e o caboclo que
quer incorporar é o Rei Tupinambá, é muito forte e ele não aguenta, nesse momento ele
está aqui!
- Desse dia em diante, quando acontecia o fato, minha mãe e meu pai não batiam
mais em mim.
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REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO VII
-As minhas irmãs namoravam com dois rapazes que eram, também, irmãos. A
Clesia namorava o Neri Grisor e a Clotilde o Nodier, eles eram meus vizinhos, e tinha
outro, o caçula, o Nereu, que mais tarde concorreu a Prefeitura de Maceió com o
Sandoval Cajú, perdeu para ele, o pai deles era advogado e chamava-se Pedro
Cavalcanti e a mãe Malila. Nereu colecionava soldadinhos de chumbo e ximbras, ele
sempre arranjava um jeito de dar-me alguns.
-Também, perto de minha casa, onde hoje existe o Supermercado Bom Preço, lá
no Parque Rio Branco, morava um compadre de meu pai, o Oséas Cardoso. Oséas todas
as sexta-feiras recebia, em sua residência, uma quantidade enorme de pessoas, para
distribuir comidas e remédios. Naquela época o governador de Alagoas era o Silvestre
Péricles de Goes Monteiro, amigo de Campos Teixeira. Um dia, era por volta de meio
dia, quando chegou o meu pai esbaforido, todo suado, e quase chorando, e foi logo
gritando:
- Sim, Oséas Cardoso era deputado Estadual e o Campos Teixeira, seu inimigo,
era funcionário da Assembleia Legislativa Estadual, eu nunca vira meu pai tão nervoso
na vida.
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REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO VIII
A VIDA NO SÍTIO
-Quando contava com pouco mais de seis anos, fomos morar em um sítio, onde
hoje é a “Vila Olímpica” do SESI, em frente à via férrea, bairro da Cambona. O sítio era
enorme, limitava-se pela frente com a via férrea, pelo lado direito, com o sítio de seu
Lourival, pelo lado esquerdo, com um sítio arrendado ao meu avô Antonio Santos, esse
era o nome dele, e pelos fundos, com a lagoa mundaú. A casa grande se tivessemos de
chama-la assim, ficava a uma distância de cento e cinquenta metros da frente do sítio,
era uma casa com três alpendres, um pela frente, e os outros dois, um de cada lado. No
lado esquerdo da casa, havia um automóvel que o dono deixara para busca-lo em outra
ocasião, e era nesse carro que eu costumava brincar de motorista de carro de praça.
Quando o carro foi retirado, meu pai pôde colocar uma mesa grande, daquelas que
existe quatro tábuas embutidas, e quando se precisava aumentá-la, pois ela era elástica,
tiravam-se as tábuas de dentro de um compartimento e montava a mesa, pois nessa
ocasião o meu pai possuía sete filhos e a mesa comportava de dez a doze pessoas.
-O meu avô por economia, e como era um homem que morava só, pois, minha
avó já havia falecido, eu mesmo não a conheci, inclusive, também, ao meu tio Carlos,
viera morar no sítio juntamente conosco. Ficou dormindo em um quartinho a sessenta
metros, mais ou menos, da casa. A nossa casa não tinha banheiro interno, e tínhamos
que fazer nossas necessidades, quando a noite, naquilo que se conhecia como “pinico”
para no outro dia despejá-lo no sanitário que ficava colado ao quartinho de meu avô.
-O meu avô prometera comprar uma propriedade que ficava no bairro de Rio
Novo, na cidade de Satuba, em frente ao matadouro conhecido por “Mafrial”. Fomos
conhecer a tal propriedade, juntamente com o senhor Cesar Belo, pai de meu amigo
Benedito Belo. O Carro do senhor Cesar, era americano, suas laterais eram de madeiras
coloridas. Era à noite quando fomos conhecer a tal propriedade, que ficava após o
término da ladeira do “Catolé”, no alto, próxima a uma igrejinha. O caminho era de
terra e quando tentamos nos aproximar, verificamos que uma pontezinha havia cedido,
e, como o senhor Cesar era um homem de decisões, deu marcha-a-ré e empreendeu toda
velocidade do veículo e só assim conseguiu pular a pequena ponte, chegando do outro
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lado. A propriedade era farta, tinha até jacarés habitando no rio que passava por dentro
da propriedade, acredito que era o rio Catolé.
-Meu avô acordava cedo, e tinha o hábito de vestir somente terno, feito de
tropical inglês, e camisa de manga comprida, de cor branca. Naquele dia não foi
diferente. Minha irmã havia notado que ele estava muito triste, e não quis dizer o
motivo de tal depressão. Trabalhou a manhã toda, de posse de uma enxada, capinando o
terreno. Ao meio-dia, minha irmã Clesia, chamou-o para almoçar. Ele deixou a enxada,
lavou as mãos e veio fazer a refeição. Após o almoço, chupou umas duas rodelas de
abacaxi, sendo alertado por minha irmã, que ele esteve o dia todo no sol, estava suado e
não era bom chupar abacaxi, mesmo assim chupou.
-Após o almoço, como sempre fazia, o meu avô, se recolheu ao seu quartinho
que, como já havia dito, ficava a uns 60 metros da casa, para tirar um cochilo. Minha
irmã Clesia levou uma xicara de café para ele, como costumava fazer. Mais tarde,
aproximadamente umas três horas, eu, meu irmão Antonio e minha irmã Clotilde,
estávamos no pátio de casa, quando minha irmã Clesia fora recolher a xicara, em um
dado momento, ela começou a gritar por socorro, todos nós corremos em sua direção, e
lá encontramos uma cena grotesca, meu avô arfava, a barriga subia e descia, a língua
estava enrolada, inúmeras vezes minha irmã tentou abri-lhe a boca com uma colher e
introduzir uma mistura de ovo e leite, para vê se o salvava, porém, fora em vão, morreu
meu avô. Minha irmã fez a mistura, porque, notou no fundo da xicara um líquido
diferente e um cheiro forte, descobrindo que era formicida “Tatú”, um forte veneno,
antes pensava que fora o abacaxi que lhe fizera mal.
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-Sabia-se que o meu avô tinha suas economias no Banco Inglês, Banco de
Londres na cidade do Recife. Minha madrasta louca por dinheiro, após o enterro, pegou
o colchão do meu avô, pois era costume de as pessoas guardarem dinheiro no colchão, e
começou a desmanchá-lo, pois o mesmo era constituído de palha, não deixando
ninguém se aproximar, somente ela podia. Como não encontrou nada, postou fogo e
quando o mesmo estava sendo consumido pelas chamas, eu encontrei uma caderneta
pegando fogo e, com um pau, a tirei do fogaréu, porém, restava uma parte que não fora
consumida, mas, podia-se ler as palavras, “retirada, retirada”, haviam surrupiado o
velho, pois os depósitos eram transformados em Libras Esterlinas, moeda forte. Não
havia mais dinheiro na conta, motivo pelo qual o velho se matou, pois naquele dia ele
haveria de fechar negócio com a propriedade acima descrita.
-De outra feita, ele estava comendo sua comida preferida, carne com farofa
escaldada, uma panela enorme, quando eu fui alisar a sua cabeça e ele mordeu, não
destroçando e sim perfurando o lóbulo de minha orelha, ficou parecendo que eu ia usar
brinco.
-Outra ocasião, o meu pai que era maçom, tinha vindo da maçonaria, em uma
noite de lua cheia e quando tentou abrir a porta de casa, cujo cachorro já vinha
observando-o, na espreita, sem saber que se tratava de meu pai, tentou pular em sua
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garganta, quando por uma fração de segundos, meu pai atentou que era o Gaulês e grito
seu nome, o mesmo posou suas patas nos ombros de meu pai. Excelente cão de guarda!.
-Como dissera antes, a lagoa fazia parte dos fundos da propriedade e existia uma
lama viscosa, e quando se pisava nela, dava um verdadeiro trabalho para se retirar os
pés, puxava-se um de cada vez. Sempre íamos pegar caranguejo goiamum, fazíamos
armadilhas com latas de óleo de cozinha, arame e borracha de câmara-de-ar. Em uma
dessas vezes, meu irmão Antonio Carlos, fora verificar se havia algum caranguejo preso
nas armadilhas, e, em um dado momento, eu ouvi gritos de socorro, chegando lá
encontrei meu irmão chafurdado na lama até o pescoço, toda vez que ele tentava sair,
afundava mais. Gritei o nome do empregado:
-Doutra feita, eu estava com raiva dele, e quando o mesmo passava por baixo de
uma mangueira, havia várias qualidades de manga, descobri uma casa de abelhas e não
tive dúvida, peguei a peteca e taquei uma pedrada na comeia, e as abelhas avançaram
em cima de meu irmão, que ficou todo inchado, principalmente sua orelha. Não sei
dizer, porque, cargas d’água, desta feita não levei uma surra de meu pai.
O CARNEIRO
-Antes de meu avô falecer, ele havia ganho um carneiro de um de seus amigos.
O Carneiro demorou a chegar, até que um dia, estávamos almoçando, quando de repente
eu gritei:
- Pai! o vovô mandou o carneiro pelo Floriano e ele é muito forte, está a derrubar
o Floriano!
A SURRA DE CIPÓ-DE-GOIABEIRA.
-Como dissera alhures, o sanitário ficava fora de casa, colado com o quarto de
meu avô. Quando davam cinco horas da tarde, começava o festival de cantoria dos
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pássaros, os rasga-mortalhas, andorinhas, anuns e corujas. Aquilo me deixava com
pavor, pois, começava a escurecer. Após a morte de meu avô, as coisas se complicaram
mais, pois não precisava ser como diziam os homens do campo, a boca-da-noite, a
qualquer hora do dia eu tinha medo de ir ao sanitário, por lembrar a figura de meu avô
morto. Quando ia, dava um pulo em direção ao interruptor da energia para acender a
luz, e após as precisões fisiológicas, dava outro salto para apagar a luz, e saia em
disparada com medo. Próximo a casa, passava um córrego, cujo córrego se via alguns
peixes, inclusive, um conhecido por Mussum. Meu pai descobriu que eu e meus irmãos,
Antonio e Alanio, estávamos fazendo as necessidades dentro do córrego e proibiu
dizendo:
-Uma tarde de Domingo, lá estava meu pai a ler um livro, de costa para a entrada
do sitio, no alpendre da frente, quando eu precisei fazer minhas necessidades
fisiológicas, conhecida hoje como número dois. Ao observar que o meu pai estava de
costa para mim, aproveitei a ocasião, me agarrando em um dos coqueiros que ficava às
margens do córrego, fazendo o que deveria fazer. Não dizem que o cão atenta, pois
naquela posição por trás do coqueiro, agarrado a ele, com as nádegas em direção ao
córrego, de vez em quando eu levantava a cabeça e olhava se meu pai estava ainda de
costa para mim. Numa dessas olhadas, não sei se por sexto sentido, meu pai virou-se de
repente e achou que vira uma sombra ou uma cabecinha levantada por trás do coqueiro,
e, de pé em pé, aproximou-se do local a onde eu me encontrava e berrou:
-Eu já não disse que não quero ninguém emporcalhando o riacho, pois existe
banheiro para isso!- em seguida gritou:
- O senhor me chamou?
- Sim, tire um cipó de goiabeira e traga aqui que esse cabra vai apanhar!.
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Minha irmã Clesia, que era a mais velha dos irmãos, tomou o cipó das mãos de meu pai
e foi preparar um banho de água com sal, quanto mais ela banhava-me mais eu grit
A NOVELA
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REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO IX
MUDANÇA DE CASA
-Fomos morar em outra casa, desta feita na Cambona, no oposto da linha férrea,
embora os fundos desse para aquela artéria. A casa era colada com a atual Escola do
SESI, onde antigamente funcionava uma fábrica de vidros. Em frente da casa morava a
família de meu amigo, hoje advogado, Marcelo Acioli e a família Camerino, sim, o pai
do Dilmar Camerino, Promotor de Justiça do Estado de Alagoas. Do lado direito, os
irmãos Rodrigues, Clodio e Estocio, Clodio era alto funcionário da Câmera de
Vereadores de Maceió, e Estocio, era empresário bem sucedido, o primeiro tinha dois
filhos, Luciano e Luiz Burgo e o outro uma moça conhecida por ALOMA, cujo nome o
meu irmão Antonio Carlos tomou emprestado para coloca-lo em uma de suas filhas.
A POSSE DO GOVERNADOR
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OUTRAS ATIVIDADES
-Era muito boa a morada na casa da Cambona, pois, nos fundos da residência
dos Camerinos, havia uma pitombeira. Engraçado que aquela árvore ficava encravada
em uma barreira quase em diagonal, à barreira dava para a localidade chamada “Bolão”
entre a Cambona e o Farol. Ela produzia uma fruta muito azeda, mas, mesmo assim, nós
apanhávamos para chupar e de quando em quando, fazíamos das pitombas balas de
nossas petecas.
-O senhor Estócio, pai de Aloma, possuía uma lancha a motor, ela tinha o
mesmo nome da filha e ficava ancorada na lagoa Manguaba, no final da avenida que dá
acesso ao trapichão. Alguns domingos, nós erámos convidados a passear de lancha. Em
uma das ocasiões, quando todos nós estávamos a bordo, o motor não quis pegar, ele era
acionado com uma cordinha, que era colocado na partida e puxada até a lancha pegar.
Só que era quase um cabo de aço, eu sem querer, fiquei na trajetória do acionamento da
lancha, e, de repente, levei uma chicotada, doeu muito, passei o dia todo com aquele
lanho na barriga.
-No prédio onde hoje funciona, a escolinha do SESI, havia, como até hoje
existe, uma passarela de uns três metros de altura, e era dessa passarela que nós
pulávamos de cabeça em um monte de feno.
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A COOPERATIVA DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS.
-Eu passava o dia de Natal na casa de minha madrinha conhecida por “Tatá” e
do meu padrinho Ramires Martins. Eles moravam na mesma rua de onde nós lambíamos
as panelas de doce, na Rua da Alegria, hoje Joaquim Távora. Eles eram irmãos da
esposa do Dr. Pedro Barbosa, pai de Pedro, Heitor, José Roberto conhecido hoje como
Pastor Zé Roberto, e dono do Cartório do 6º Ofício de Maceió, substituindo minha
madrinha que era a antiga tabeliã, e de uma moça chamada Afra. Dr.Pedro e sua Esposa
Da. Nilse eram padrinhos de minha irmã Clotilde. Chegava mais ou menos às nove
horas e só saía de lá por volta das cinco da tarde. Almoçava com eles e ganhava
dinheiro e presentes. Todos os anos, quando morava na cambona, passava o natal na
casa de meus padrinhos. Ramires Martins era um excelente médico clínico, conhecido
por todos em Maceió.
-Até os meus nove anos, minha irmã Clesia tinha o hábito de comemorar os
meus aniversários da seguinte forma: A tarde, ela, após encontrar-me de banho tomado,
de roupa trocada, quando ainda morava na Cambona, íamos a pé até o comércio de
Maceió, e quando passamos a morar de volta à Bebedouro, pegávamos o bonde até o
centro. Lá no centro precisamente na Rua do Comércio, existia o Cine-Art e a
Sorveteria Elegante, e ela, primeiro me levava ao cinema, se por acaso estivesse
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passando um filme de censura livre. Após o cinema, levava-me para tomar sorvete. A
sorveteria Elegante era realmente elegante, sentávamos em uma das mesas muito chique
e os garçons vestidos daquelas roupas que os metres dos restaurantes atuais vestem, se
aproximavam de nós e fazíamos os pedidos. Geralmente era uma taça grande de sorvete
com cobertura de chocolate. Eu sempre fui guloso e a taça era enorme. Após o lanche,
dávamos uma volta no comércio e íamos para casa. Era essa a comemoração de meus
aniversários.
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REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO X
-Em frente, vivia uma família, um dos membros da família Calheiros. Era um
poeta chamado Eugênio Calheiros, o qual possuía mulher, um sobrinho e uma filha de
nome Rita. Ela era, por uma parcela de meus dias, a minha companheira de
brincadeiras.
-Fizera amizade com uma turminha da pesada. Para terem ideia, uma de nossas
brincadeiras consistia em ficarmos todos de calção, sem camisa, procurávamos aonde
existia um formigueiro de formigas-de-roça, daquelas que a picada era dolorida por
demais. Como complemento, o lugar, que, além do formigueiro, deveria haver aquele
tipo de grama que coçava muito. Jogávamos água sobre o formigueiro atiçando as
formigas, depois em duplas, disputávamos a liderança do mês, cada dupla brigava sobre
o formigueiro como se fora briga romana, embolando sobre as formigas e sobre o
capim. Aquele que pedisse para parar perdia. O ganhador ficava de reserva, até que iam
se dando as eliminações para que os vencedores disputassem entre si até sobreviver o
último vencedor, aquele seria o chefe daquele mês, tudo o que ele determinasse era lei,
senão a lixa comia, ou seja, os demais passavam a bater naqueles que desobedeciam. Ao
fim das disputas, restavam muitos calombos sobre o corpo, ardiam muito, tínhamos de
tomar banho e depois colocarmos pomada contra coceira.
-As ordens do chefe eram: colher cajus de várias qualidades em um sitio onde
hoje se localiza o Hospital Sanatório, no fim da Ladeira do Calmon, lembro-me que
uma vez levei um tiro de espingarda de sal, ficou uma ferida na perna. Petecar as casas
dos outros, enfim, muitas maldades, as quais, se nossos pais descobrissem, o pau
vadiava, pisas de morrer, até sair sangue.
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OS CIRCOS
- É ladrão de mulher!
- EH.
-Pouco tempo depois ele voltou com uma das mãos no bolso e disse:
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- Caia dentro que eu vou te matar!
-Eu fiquei com medo pois não avistava a tal faca, foi quando um conhecido meu
que servia como soldado do exercito no 20º BC disse:
- Santos era como todo mundo chamava meu pai. Fiquei afoito, pulei em cima
do garoto, porém, ao rolarmos sobre uma lona que servia de cobertura do circo, ele
cobriu-me com uma parte dela e eu quase morri sufocado, tive muito trabalho para me
desvencilhar do golpe e dei, pela segunda vez, uma pisa no garoto que saiu para casa
chorando. A faca era ficção, não existia, e eu tive medo não da faca mais da
determinação dele em me matar, pois, o seu tio era dono de uma mercearia e contavam
que ele já havia morto um homem.
-Quando os circos iam embora eu fazia os meus próprios. Saía de casa em casa
recolhendo lenções branco, recolhendo varas de cercas, usadas, pedações de tábuas
abandonados, pregos, serrote, martelo e construía um circo. Fincava as varas no chão no
formato de um círculo para poder amarrar os lenções, fazia um palco para apresentações
de dramas e de palhaços, pegava duas madeiras roliças mais fortes fincando-as no
centro do circo e pegava fios de cobre, dava várias voltas neles transformando-os em
uma peça forte e colocava-os através de duas tábuas como se fora dois balanços, um
mais abaixo e outro mais acima, como se fora um trapézio, que era para o trapezista
trabalhar em suas acrobacias. Fazia bancos de madeira, uma taboa sobre dois paus
fincados no chão que era para as pessoas se sentarem.
-Lembro-me bem, que em uma das feitas, construí um circo no quintal de meu
vizinho, cujo quintal dava os fundos para o de lá de casa. Eu ia funcionar no trapézio, o
treino era o seguinte: meu colega ficaria no balanço de baixo, sentado, e eu no de cima,
quando eu me jogasse do balanço, e passasse entre as pernas do colega, ele as fecharia,
e com elas me segurava e eu ficaria de cabeça para baixo como fora nos ensaios por
várias vezes. Meu pai assistia a tudo sobre o muro de lá de casa. Quando eu me soltei, o
colega conseguiu agarrar-me com as pernas, porém, eu escapuli e cai de cabeça no chão,
quase fraturei a coluna cervical, passei vários dias com ela doendo, tive que colocar
emplasto “Sabiá”, nunca mais quis saber de construir circos.
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JOGOS DE “XIMBRA” BOLA DE GUDE, PIÃO, E SOLTAR PIPA.
-O jogo que eu mais gostava era de brincar com ximbra, enchia os bolsos do
macacão e partia para a rua ao lado da igreja da Praça Lucena Maranhão. Muitos jovens
de uma geração mais antiga sabem como jogar ximbra. Quando eu perdia as minhas
ximbras, às vezes chegava em casa chorando, porque, teria que pedir mais dinheiro ao
meu pai e ele iria perguntar:
-Eu não lhe dei dinheiro, o que você fez com ele!- Eu tinha medo!
-Como adquirir um bom pião, pois eles eram muito caros, além da compra das
enfieiras. O meu pai não dava dinheiro para comprar pião, porque, eu era um péssimo
jogador de pião, a começar de enrolar o pião, pois eu o segurava com a mão esquerda,
porém, enrolava ao contrário de todo mundo como se fora canhoto, não tinha ninguém
que jogasse o meu pião, porque, ele rodava ao contrário e permanecia pouco tempo
rodando, por isso eu sempre perdia o jogo e tinha que deitar o meu pião para ser rachado
pelos adversários. Eles pegavam a enfieira, colocavam um parte no bico do pião e outra
parte no castelo, castelo era a parte superior do pião, fazendo uma espécie de pendulo e
colocavam o pião sobre a terra e davam com toda a força o bico do pião, no pião do
adversário, e, as vezes, ele rachava, as vezes não.
-Eu sempre dava um jeito de jogar, comprava no mercado um pião inferior, mais
barato, para deitar, e o melhor pião eu adquiria da seguinte forma:
-Pedia a um lenhador que eu conhecia, para trazer da mata uma tora pequena de
madeira de lei, de uns vinte centímetros, roliça, e em poder daquela madeira eu
comprava um prego grande, porem não tão grosso e ia em direção ao “Flexal de Cima”,
pois existia em Bebedouro o “Flexal de Cima e o Flexal de Baixo”, à casa de um
homem que tinha um currupio, era uma peça parecida como aquelas de amoladores de
tesoura, ele colocava a madeira e ia desbastando-a até que ficasse na forma de um pião,
como o artesão que molda um jarro ou uma quartinha, depois pegava o prego e colocava
na ponta do pião, mais antes teria de serrar a cabeça do prego. O pião pronto, eu pagava
um preço bem abaixo do mercado por ter levado a matéria prima, às vezes eles eram
feitos com pau de goiabeira.
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- O meu balão é mais bonito que o seu, seu pai não tem dinheiro o meu tem!
- Aquilo nos deixava com raiva. O que fazer, tínhamos a ideia de compramos
pipoca e antes de colocar a pipoca, a gente mandava o vendedor colocar bem sal no
fundo do saco e depois a pipoca, e por cima um pouco de sal. Após comermos as
pipocas, ficava o sal, enchíamos a mão de um pouco dele e quando os meninos metidos
a besta passavam com seus balões, nós atirávamos o sal em direção da bola, era uma
questão de tempo, ele corroía os balões e eles estouravam, os meninos saiam da festa
chorando muito, e quando não, comprávamos rolete de cana, e em uma das hastes, nós
colocávamos um alfinete preso por linha de costura, e quando os balões vinham
passando, a gente os espetava e eles estouravam. Os meninos jamais descobriram a
nossa traquinagem, ou maldade.
-Lembro-me de um dia, era o meu aniversário, dia 13 de junho, o meu pai como
sempre não me dava presentes, pois os presentes eram sempre para meu irmão mais
velho o Antonio Carlos e o meu irmão Alanio, nesse dia ele deu-me cinco mil reis e
com esse dinheiro eu comprei cigarros e juntamente com meus amigos fomos fumá-los
nos fundos da igreja, não prestou não, vomitei bastante. Porque cigarros, eu tinha a
mania juntamente com os colegas, de pegar uma caixa de sapatos e enche-la de pontas
de cigarro e ir com eles fumar no oitão da igreja, e nesse dia, fumamos cigarros novos,
sem poeira.
OS PROGRAMAS DE CALOUROS
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Quando eu não sabia a letra, ganhava fubá, café, colorau, enfim, produtos para levar
para casa. Todos os dias eu cantava e ganhava.
-Não pude continuar a carreira de cantor, pois, sempre que cantava, meu pai e
outros membros da família, diziam:
- E isso fez com que eu desistisse de ser cantor que era um dos meus sonhos!
-Lembro-me que quando tinha quatorze anos, fui cantar no programa de calouros
da Radio Difusora, que ficava na Rua Pedro Monteiro, no programa da Odete Pacheco,
e fui gongado por três vezes.Depois soube pelo próprio regional que acompanhava os
calouros, que a musica que eu escolhi ele não gostava, por isso dava outro tom e eu não
podia acompanha-lo. A musica é aquela que diz assim:
-Vento que balança a palha do coqueiro, vento que esfrega as águas do mar,
vento que assanha os cabelos da morena, me traz notícias de lá- e assim por diante!
-Toda a minha família estava esperando eu cantar, ouvindo pelo rádio. Foi um
desespero a covardia efetuada por um conhecido de meu irmão Alanio. O Cara era feio,
alto e tinha um cabelo bastante comprido. Depois desse episódio desisti de cantar. O
cantar requer apenas exercícios vocais, eu mesmo conheço vários cantores famosos que
não sabiam cantar direito mais hoje cantam bem. Não convêm citar nomes.
O PADRE E O PASTOR
-O padre era inimigo do pastor e quando havia procissão, ele colocava o som dos
alto-falantes do carro que acompanhava a procissão, em toda a altura, e, em contra
partida, o pastor aumentava o som dos alto-falantes da igreja para atrapalhar o padre, era
uma verdadeira guerra.
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REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO XI
-Em frente, junto à padaria dos Ferrari, vivia um rapaz por nome de Guilherme,
o pai dele vendia frutas, principalmente bananas, ele possuía uns caixões e uns toneis
onde amadurecia as bananas, apulso, pois tinha que colocar carbureto para acelerar o
amadurecimento delas. Lembro-me bem, que o pai do Guilherme chamava as crianças
da rua, não o Geoberto, para ajudar a arrumar as bananas para serem amadurecidas, e,
em troca, dava-nos palmas de bananas. Guilherme, quando surgiu a Petrobrás em
Alagoas, ele já contando com dezesseis anos de idade, por falar fluentemente a língua
Inglesa, fora convidado para servir de interprete para os engenheiros estrangeiros, sendo
regiamente remunerado. Os engenheiros estavam tentando perfurar poços no Litoral
Norte de Alagoas, dizem que não encontraram petróleo, porém, as más línguas diziam
que acharam, mais tamponaram de propósito para não serem explorados, pois os
americanos não queriam que o Brasil fosse autosuficiente em petróleo.
-Guilherme tinha uma irmã, não me lembro do nome, porém, era muito tola, uma
moça já nos seus quatorze anos de idade, que naquela época ainda acreditava em Papai
Noel. Foi durante um dos natais que ela mandou cartas ao bom velhinho pedindo uma
boneca. O pai de Guilherme era mesquinho, pulava a porta para não gastar o ferrolho,
ditado popular, não comprou a boneca, a moça ficou em estado de choque. Minha
madrasta Alaíde, com pena dela, a consolou dizendo:
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- Que o Papai Noel tinha muito trabalho nessa época, mas, não a esqueceu!
- Dois dias depois, quando ela acordou, qual não foi a sua surpresa, lá estava em
cima da cama uma linda boneca sob o argumento de que fora Papai Noel que mandara,
pois, houve um atraso nos correios, pois, o trenó do Papai Noel havia se quebrado e ele
mandou pelos correios.
-Os químicos ficavam uma arara, pois eu e meus colegas corríamos ao redor dos
tanques de tratamento, nos ariscando de cairmos neles, cujas pás giravam como se fora
as de um liquidificador, e os funcionários gritavam:
A CRIAÇÃO DE PATOS
-O quintal de nossa casa dava os fundos para a Lagoa Mundaú. Meu pai como
alguns vizinhos, criava patos, mais de cem. A dona HAIHA LEÃO, proprietária da
Usina Leão, morava em uma mansão, onde depois foi criada a Clinica do Dr. José
Lopes de Mendonça, pai de Robson e de Ronald, meus amigos de infância. Ela tinha
mais de dois mil patos, todos usavam anéis colocados em uma das patas com a sigla
HAIHA. À tardinha, lá vinha um canoeiro tangendo os mais de dois mil patos da dona
HAIHA, aos gritos.
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-Havia os dias da vingança. A vingança consistia em cada um dos meus colegas
que criava patos, ficar na espera da vinda dos patos da usineira. Cada qual ficava numa
espécie de ilha, dentro da lagoa, pois a lagoa era, naquele tempo, por demais profunda, e
quando os primeiros patos surgiam, pois a lagoa era tortuosa, tinha varias curvas, o
canoeiro vinha por último enxotando os patos aos berros e nós pulávamos em cima
daquela multidão, mergulhando e agarrando as suas patas, pois se assim não fizessemos,
elas nos arranhavam, e nadando no estilo cachorrinho, nos dirigíamos a pequena ilha
onde lá se encontrava um outro colega já com um saco aberto para receber os patos.
Feito isso, cada qual pegava, após o saco ficar amarrado, na borda de cada lado e
nadávamos em direção à margem. Os patos ficavam confinados, pois não havia como
retirar os anéis, só se cortassemos as patas onde eles estavam colocados.
-No próximo Domingo, nós nos reuníamos e fazíamos um cozinhado. Da. Julia
mãe de Carlinhos e Moacir, cozinhava os patos e o arroz, produto do qual nos
encarregava de trazer, e assim, era aquela festança com os patos de Da. HAIHA, pois os
nossos não conseguíamos recuperá-los.
-Outro passatempo era fazer arapuca para pegar rolinha caldo de feijão e fogo-
pagou. Fazíamos as arapucas com madeiras, pregando-as ou amarrando-as com cordas.
Depois de prontas, colocávamos arroz no chão, dentro da arapuca e colocávamos um
pedaço de madeira fino como sustentação da arapuca, amarrava um barbante comprido
nele, e, quando a rolinha entrava na arapuca e estava comendo o arroz, nos puxávamos o
cordão e a arapuca desarmava prendendo o pássaro. Quando aprisionávamos a rolinha
fogo-pagou não comíamos, apenas colocava-a em uma gaiola, e as caldo-de-feijão nos
as comíamos.
-Todos os dias eu ia para a padaria de seu Zeca para comer bolachas e assistir a
confecção das mesmas, e pães. Havia um empregado que esticava a massa e enquanto
cantava uma embolada, com um instrumento de corte, feito de um material parecido
com zinco, introduzia-o na massa batendo-o e ao mesmo tempo o tirava, soltando as
bolachas in-natura, para depois coloca-las em uma assadeira para assar. As sobras dos
pedacinhos da massa eu aproveitava para fazer meus jacarés, umas figuras longe de
serem jacarés, e pedia para ser assados juntamente com as bolachas, o empregado ria
muito com os tipos de jacarés construídos por mim. Enchia os bolsos da calça jeans de
bolachas e ia embora, o senhor Zeca me deixava comer bolachas.
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-Eu sempre fui fraco para trabalhos manuais, ou seja, artesanais. Uma vez eu
pedi a um colega que era muito jeitoso em produzir peças com madeira, para que ele
construísse um caminhão, lembro-me bem que ele construiu um bem pequeno, até mola
ele tinha. Precisando de dinheiro rifei o caminhão. Quem ganhou a rifa foi o senhor
Zeca, e eu tive que dar o caminhão a ele por sua exigência. Chorei muito, mas, depois
ele me devolveu dizendo que apenas queria fazer raiva a mim.
A ANDADA DE CARANGUEJOS
-Eu como sempre, não possuía brinquedos, pois meu pai não podia compra-los.
Os meus brinquedos eram fabricados por mim, mais daquela maneira - Pegava uma
palha de coqueiro verde, dividia em vários pedaços e em um deles, eu lascava de um
lado e do outro, pegava pedaços menores e os encaixava nas partes lascadas fazendo de
conta que eram as asas de um avião. Era esse o meu avião.
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-Outro era um carrinho feito com tábua e rolimãs, que depois de pronto, nós
sentávamos e rolavámos pelas ladeiras como se fora hoje Skate.
-Já o meu vizinho tinha brinquedos de corda e elétricos, importados dos Estados
Unidos, ónibus de um material tipo lata com os passageiros pintados nas janelas, com
molas parecendo de verdade, aviões etc.; Como dissera acima, não brincava com
ninguém, e, as escondidas, trocava os seus brinquedos com os meus .
-O garoto não era feliz, era um solitário, louco para brincar com as outras
crianças, mas, não podia, era proibido brincar!
- Filho, quando um cachorro avançar em você, pare que ele deixa de avançar!
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quase dez anos de idade, mais, já era muito enxerido e a irmã da namorada do meu
irmão eu dizia que a estava namorando e sempre beijava as duas irmãs. O pai delas era
da família fragoso, primo de Né Fragoso e de dona Dulce Fragoso. Dona Dulce tinha
uma vacaria e o Né uma pequena propriedade onde existia um banho conhecido como
banheiro do Né Fragoso, onde se pagava uma taxa para tomar banho. Existiam dois
banheiros, um masculino e um feminino. Sempre arranjávamos um jeito nadando por
baixo d’água e invadíamos o banheiro reservado as mulheres, era aquela gritaria quando
éramos descobertos e quando não, era legal!
A PLANTA E A DOENÇA
-Uma vez a minha madrasta pediu que eu fosse à mata da propriedade do padre
Pinho tirar uma planta conhecida por Imbé, assim o fiz, ingressei na mata, colhi o Imbé
e, quando ia saindo da mata, pisei em não sei o que, apenas de lá até em casa o solado
do pé inchou muito, coçava demais, tive que ir a um médico no posto de saúde da Praça
das Graças na Ponta Grossa, bairro de Maceió. As pomadas passadas pelo doutor não
resolveram. Tive a ideia de pegar um frasco vazio de perfume, enche-lo de água, agitá-
lo e depois passar no pé, aí é que doeu mesmo. A outra opção foi um remédio caseiro,
não me lembro quem ensinou. Peguei uma barra de sabão virgem, ou seja, que nunca
fora usado, raspei-o e coloquei um pouco da raspa em uma bacia com água quente,
agitei a água até formar espuma e coloquei o pé doente aos pouco, até me acostumar
com a temperatura da água, fiz isso por uma semana, até que as bolhas polcaram,
somente assim fiquei curado. Diziam que eu havia pisado ou em um sapo morto ou em
uma cobra cujo veneno ficou em meus pés. Não sei ao certo e nunca saberei.
O PEQUENO E O GIGANTE
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-Nessa época eu usava tamancos, e os meus eram pequenos, pois contava apenas
com nove anos de idade, mas, nunca tive medo de ninguém. De repente, descalcei os
tamancos e pulei da calçada alta no pescoço do louco. Quando eu pulei, fui logo
aplicando um murro no nariz do rapaz. Ele tentou me estrangular, mas, de repente, o
sangue jorrara de seu nariz e ele ao ver sangue, soltou-me e fora para casa chorando.
Ato contínuo, eu fugi para casa, temendo represália por parte da mãe do rapaz.
-Quando cheguei em casa, fora me esconder embaixo da cama. Poucos minutos
depois, alguém bateu palmas à porta de casa, era a mãe do rapaz que viera fazer queixa
ao meu pai, e ela lhe dizia:
-Professor Santos, seu filho Alde bateu em meu filho e ele estar com o nariz
sangrando!
-Meu pai não pôde acreditar naquela versão em virtude do filho dela ser muito
forte e eu ser pequeno e frágil. Mesmo, assim, ele me chamou e eu contei a minha
versão. Dessa feita eu não apanhei, pelo contrário, o meu pai ficara abismado, com a
diferença de idade e de força.
ÉPOCA DE CARNAVAL EM BEBEDOURO.
-Havia pessoas que pensavam que alguns eram mulheres e outros não, devido à
mudança de voz para que as pessoas conhecidas não nos identificassem. Era assim o
nosso carnaval pela manhã, pois a noite existia o clube 29 de Julho que ficava em frente
à Praça Lucena Maranhão, além das orquestras que tocavam no palanque da praça.
-Aos domingos não tínhamos para onde ir, pois o melhor passeio, diga-se de
passagem, não enjoava, era dar um pulo na Granja Conceição, a mesma granja onde eu
estudava. Tínhamos de pagar a bagatela de cinquenta centavos na entrada que era para a
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manutenção da granja. Lá encontrávamos cavalos, carneiros, galinhas, galos, cobras em
vidro e algumas vivas e aprisionadas, porcos, pavões, enfim, também, outros animais.
Passeávamos pelas calçadas da granja e em zigue-zague nos deliciávamos com as
dulcíssimas mangas, cajus, e gostosos jambos, do preto e do vermelho. Assim era as
tardes de domingo, pois pela manhã íamos tomar banho no banheiro do Né Fragoso,
cuja narração os senhores já tomaram conhecimento acima.
-Voltamos a falar do nosso cachorro Gaulês. Naquela época existiam uns ônibus
pertencentes à família Calheiros. Um belo dia estava na calçada de casa em uma tarde
de segunda feira, lembro-me bem, quando o Gaulês ao atravessar a rua fora colhido por
um dos ônibus daquele tipo que os antigos chamavam de “sopa”, a pancada fora toda na
cabeça, mas, ele não morreu, porém, não fora mais aquele animal valente e bravo. Com
o passar do tempo Gaulês começou a ficar sego.
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ela era dona de uma vacaria e possuía uma filha por nome de Tereza que mais tarde
viera casar-se com o professor Vasconcelos.
-Uma vez soubera da morte de cinco pessoas da mesma família, elas moravam
em uma casa na parte de cima da estação ferroviária, a causa morte fora a ingestão de
um peixe conhecido como “Baiacu”, cujas vísceras caso fossem rompidas, era puro
veneno, chamavam de “Fel”, foi uma coisa dolorosa, cinco caixões da mesma família, o
homem era pescador.
A FAMÍLIA DO ALEMÃO
-Havia como ainda hoje encontra-se de pé, uma residência de esquina, pintada
de vermelho na época passada, localizada na subida para o Flexal de Cima, onde
morava o Alemão, um germano que sabia fazer de um tudo, era engenheiro, ele tinha
duas filhas e um filho, cujo filho era um dos meus companheiros de brincadeiras. Ele
possuía um patinete importado, cujo patinete possuía freio traseiro, para-lo era preciso
apertar com um dos pés uma borracha onde embaixo dela existia o freio. A casa era
enorme e brincávamos em um longo terraço. Tempos depois ao lado da casa
inauguraram uma sorveteria, nunca mais soubera notícias da família do alemão.
O CASTIGO E A TRANSFORMAÇÃO
-Eu tremia um bocado, pois o silêncio era grande, passei a noite toda sentado no
vaso sanitário, mas foi um grande remédio, o medo acabara por completo.
-Hoje eu te pego!
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-De repente, o bonde pega velocidade e eu na iminência de me vê pego pelo
cobrador, me atirei em um poste de ferro que estava próximo a linha do bonde e me
agarrei com ele, porém, a pancada em meu peito fora forte e eu comecei a deslizar para
o chão, sem fala. Lembrei-me do dia em que eu fui fazer compras na Praça dos
Martírios e peguei um bigú em um bonde e cai no meio da pista, batendo com a cabeça.
-Depois eu fora assistir o jogo lá em uma barreira que ficava em frente ao campo
do CSA, lugar conhecido como “Alto do Urubú”. Os jogadores pareciam para nós como
se fossem bonecos, pois a distância era tamanha que não dava para distinguir quem
eram aqueles jogadores.
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REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO XII
-Um dia lá na casa de Bebedouro, surgiu de repente, não sei como ela descobriu,
a minha irmã adotiva por nome de Celestina, pois ela havia sido criada por minha mãe,
arrastando uma criança por nome de Carlos Valnês, e outra criatura no bucho. Foi uma
verdadeira novela transformada em vários capítulos para que a minha madrasta e meu
pai aceitassem a Celestina em casa. Depois tudo se acalmou, mas, a casa ficou pequena
para tanta gente. Tivemos que nos mudar, não queríamos mais Bebedouro, já bastava!
-Fomos morar na Rua da Floresta, não que fosse literalmente uma floresta, pois
era conhecida assim, o seu nome verdadeiro era Rua Fernandes de Barros, no número
53, mesma Rua do Colégio de São José, próxima ao mercado público e por trás do
Clube Português, do antigo Colégio Estadual, antigo Liceu Alagoano, hoje Secretaria de
Educação Estadual, fundos do Teatro Deodoro, enfim!
AS FAMÍLIAS EXISTENTES
-Foi ali que vivenciei os melhores e piores dias de minha vida. Na rua existiam
muitas crianças, somente em uma casa existia umas seis, era a casa de seu Dirceu, dono
da Sapataria Santo Antonio, que tinha uma filha, uma criança linda, e quando ficou
adulta, ficara mais linda ainda, de nome Suely. Tinha outra que é minha presada amiga
chamada Salete que é funcionária do Foro Estadual de Justiça em Maceió, tinha o
Dirceuzinho, o Lulinha e outros.
-Outra família era a do senhor Eduardo Cerqueira o “Cebolinha”, pai dos meus
amigos Ricardo “Cebolinha” e Roberto “Cebolinha”, havia outro que era o mais velho,
era o Ronaldo e uma moça, inclusive, Ricardo casara com a Suely.
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Capricho, esse moço tinha duas irmãs e eram parentes da família proprietária da padaria
Rio Branco no Mercado Público, cuja panificação ainda existe.
-Havia outra, a família Cunha, João Cunha possuía dois rapazes e uma filha, o
mais velho era Carlos, o outro Roberto e a moça Nadia, moravam em um casarão que
tinha um terraço acima do vão da calçada, cercado por uma varanda onde existia uma
grade roliça como se fora de inox. Ele possuía uma Serraria, negociava com madeira,
cuja serraria fora palco de várias aventuras nossas. Nadia fora uma das minhas
namoradas.
-Outra era a família dos irmãos Arnaldo, Birinha, Tosinha e outras duas.
-Havia a família do seu José Vicente “crente”, que possuía vários filhos, o Nado,
o Gerson, a Jouse, a Nura, o José Vicente Filho, a Nalva, a Meire e a Nilda, havia a
mais velha que não me recordo do nome, que morava na Bahia. A Meire casara com o
Roberto “Cebolinha”. O chefe daquela família era comerciante, tinha uma mercearia no
mercado público, além de vender joias e relógios e possuía uma casa conjugada com um
armazém na cidade de União dos Palmares onde negociava com arroz, feijão e algodão.
-Nado era um excelente pianista e fora meu colega de colégio, do Grupo Escolar
Alberto Torres, cujo codinome do grupo era “gato escondido comendo amendoim
torrado”. Estudávamos no horário das 10:30 (dez horas e trinta minutos) de segunda a
sexta- feiras, às 13:30 (treze e trinta). Quase todos os dias eu, Nado e José Vicente
Filho, íamos assistir a sessão de cinema no Ideal, quando eu não tinha dinheiro, o Nado
ou o Zé Vicente, ia comigo até a mercearia de seu pai lá no mercado público de
Maceió, e quando o velho bombeava, eles tiravam dinheiro da gaveta e íamos para o
cinema, custava cada ingresso um cruzeiro e cinquenta, sempre chegávamos atrasados,
porque, a sessão começava as 13: 30 em ponto, e já perdíamos o trailer.
-Duas vezes por semana, todos os alunos tinham que ir para a casa da diretora,
ex-esposa do jornalista, de saudosa memória, o Dr. Carlos Moliterno, a dona Gedalva,
salvo engano este era o nome dela, para aprendermos cantar vários hinos e se não
soubéssemos, ficávamos de castigo ou apanhávamos de réguas ou palmatórias. Todos os
dias, antes do começo das aulas, tínhamos de ficar em forma e cantar o hino nacional
brasileiro. Em todos os cadernos vinham estampados vários hinos, o do Brasil, da
Bandeira, da Independência, de Alagoas, enfim, tínhamos de cantá-los. Acredito se hoje
os cadernos viessem trazendo os hinos e os alunos fossem obrigados a cantá-los, haveria
mais democracia e civilidade neste País, pois a educação piorou assim que os hinos
foram retirados dos cadernos, acho.
-Havia uma garota chamada Marinalva, que hoje é a esposa do meu dileto amigo
e companheiro de escritório jurídico, o José Calaça. Marinalva sempre nos
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acompanhava, isto é, quando nós íamos para a casa do Nado escutar piano, pois ele era
um exímio pianista. Hoje Marinalva é professora aposentada do Estado de Alagoas.
-Era o ano de 1954, fomos para a escola, mas, ao chegarmos lá, não houve aula,
pois nos disseram que havia falecido o presidente da república do Brasil, no caso
Getúlio Vargas, foi àquela alegria das crianças, pois não haveria aulas.
-Mais uma família existente na rua, a do senhor Pascoal, ele tinha duas filhas,
uma era médica.
-O deputado Galba Novaes, pai, que na época era tenente do Exercito Brasileiro,
o 20º BC, morava lá, também.
-Em uma das esquinas, do lado contrário ao Colégio de São José, morava a
educadora Zezé Loureiro juntamente com seu sobrinho o Paulo Loureiro, que eram
proprietários do Colégio Sagrada Família. Zezé Loureiro era bastante forte, e em um
belo dia, ela estava em um transporte público quando o motorista perguntou:
-Também existia a família Pontes, do senhor Antonio Pontes, pai dos professores
Edmilson e Benedito, de João Pontes, Eunice e Zezé que é mãe de Paulo, Andre e
Marcelo, e tinha mais três filhas, Magali, a Ângela e a Silvia que faleceram juntamente
com a tia Eunice em um grave acidente de trânsito. Eles eram donos da fábrica de gelo
situada na mesma rua onde moravamos.
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-Outra, a do Adulci Lira, ele tinha duas filhas e hoje uma delas é advogada,
irmão de Adelmir Lira, este último viera a ser mais tarde, usineiro.
-Havia uma outra, a família Castro, de Roberto Castro, que tinha um filho
chamado Marcos, outro Roberto, outro Joaquim que no futuro viera a ser o braço direito
do industrial Carlos Lyra, irmão do industrial João Lyra, uma moça por nome de Márcia
e outra.
Mais uma família, desta feita, a de dona Josefina, que possuia três filhas e um
filho. A Dasdores, a Maria, a Terezinha que fora a minha professora de piano, acordeôn
e pandeiro e Miguel. Nessa época ela já possuia uma neta que morava com ela, a
Luzinete.
BRINCADEIRA PERIGOSA
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A PRETENDENTE E A FÁBRICA DO PAI DE CARLOS APRATO
- No final da manhã o seu Euclides nos dava algum dinheirinho, o qual dinheiro
dava para eu ir ao cinema e ainda comer o que eu mais gostava, chocolate “Diamante
Negro” ou os de leite recheados de castanhas.
-Havia o cunhado de minha madrasta por nome de Antonio, ele morava na rua
que ladeava a linha férrea, trabalhava na Loja por nome de “Prato Chinês”, seu
proprietário era o senhor Moraes, e aos domingos ele ia revender os produtos da fábrica
de seu Aprato, pai do Carlos Aprato. Nós saíamos as 04:00 horas da manhã sentados
em colchões, em uma carroceria de caminhão, um frio danado, até a localidade Saúde,
perto do Cotonifício João Nogueira, para vender os produtos. Lá chegando, seu Antonio
colocava os produtos na feira daquela localidade, sobre uma banca, e enquanto isso, nós
tomávamos banho de rio. No final da tarde voltávamos para casa.
-Lembro-me bem, que o senhor Antonio fora convidado para passar um dia no
engenho “Bamburral” que pertencia aos Nogueira, e nós fomos com ele, a piscina tinha
água corrente, ela entrava e saía da piscina, ela vinha de uma espécie de barreira, foi
muito bom aquele dia.
-Um dia, nós fomos assistir a um filme, acho que era “VIDAS SECAS”, e nesse
filme existia uma cachorra chamada “Baleia”. Por coincidência, uma semana depois,
aparecera em nossa rua uma cachorrinha vira-lata, sem dono, e nos a apelidamos de
“Baleia”. Todas as crianças e adolescentes cuidavam da cachorra. Onde colocá-la, pois
nossos pais e os demais não queriam criar cachorro nenhum. Havia na rua uma casa que
fora desocupada recentemente, e essa residência possuía duas portas, uma interna que se
encontrava fechada e a outra, externa, que estava aberta e, entre as duas, havia uma vaga
de aproximadamente cinquenta centímetros, foi onde nos criamos a “Baleia”. Quando
queríamos brincar com ela, nos a tirávamos e depois a colocávamos no lugar. Todas as
crianças a alimentava e dava água. Aquela casa pertencia a um capitão da policia militar
de Alagoas, ele era tio da Lúcia, uma colega nossa, que mais tarde viera a ser, outra vez,
minha vizinha, e no futuro, uma das minhas auxiliares na Usina Ouricuri, e hoje o seu
filho Augusto é meu vizinho.
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O BONECO BENEDITO E AS ESTÓRIAS DE CORDÉIS
-Uma vez meu pai precisava fazer a barba e mandou-me comprar espuma de
barbear, era mais ou menos sete horas e trinta minutos. O mercado era atrás de casa.
Quando cheguei ao mercado estava lá um homem contando uma estória de cordel, lendo
um daqueles livros em forma de cantadores de repentes, cantando, e eu fiquei ouvindo.
Quando estava na melhor parte, ele interrompeu a cantoria e começou a tentar vender
aquele exemplar e, como não conseguiu o montante de vendas, disse que ia contar outra.
Fiquei esperando.
-Meu pai teve que fazer a barba utilizando espuma de sabão e fora trabalhar. Lá
pelas 11:00 horas quando eu estava assistindo a mais uma das estórias de cordel, levei
um tapa na cabeça, era o meu irmão Antonio Carlos que acabara de me encontrar
absolto em ouvir estórias e disse:
- Seu abestalhado! o papai esta louco para lhe dar uma pisa, ele saiu com raiva e
disse que quando voltasse, você iria lhe pagar!-
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REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO XIII
-Meu avô criava uma garotinha muito danada, e deu-a a minha mãe para cria-la,
seu nome era Claudionora, e diziam que era filha dele. Minha mãe quando ia visitar as
suas amigas, e, não tendo com quem deixar os filhos, nos levava, e nesse dia levou,
também, a Claudionora, a qual chamávamos carinhosamente de Claudir. Chegando à
casa da amiga que ficava na Rua conhecida como das Árvores, Rua do Macena, colocou
cinco cadeiras e nos obrigou a ocupa-las. Um pouco mais eu pedi para ir ao banheiro e
ela não permitiu dizendo:
- Claudir, quando chegar em casa você apanha!- a amiga perguntou quem era
aquela criança danada?
-Passaram-se alguns meses, e um belo dia, minha mãe fora fazer outra visita a
sua amiga, e as cadeiras foram postas novamente para a gente sentar, e lá para as tantas,
a amiga de minha mãe perguntou:
- Quem é esse doce de menina? Pois a que a senhora trouxe daquela vez era o
demônio, menina danada e desobediente, essa sim que é educada!
-Passaram-se os anos, e, após a minha mãe encontrar-se separada de meu pai, ele
juntamente com a minha madrasta continuaram com a Claudir, apenas havendo uma
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diferença, é que minha mãe a tratava como uma filha e a minha madrasta, como
empregada.
-Claudir perdera alguns dentes muito cedo, seu cabelo era ruim “pixaim”
avermelhado, não sabia ler direito, escrevia mal, mas, tinha um sonho o de se tornar
uma artista de teatro. Passava os dias lá no fundo do quintal dançando com uma
vassoura, dizendo que estava dançando com um príncipe e ao mesmo tempo criava
peças de teatro em sua imaginação. Claudir nunca tinha ido ao teatro, mas, sonhava com
ele, e que um dia ia mesmo ser atriz!
-Um dia, Claudir comprara uma pasta chamada “Pasta Americana” para estirar
os cabelos, cuja pasta ao invés de estirá-los, queimou-os, fazendo feridas no couro
cabeludo. Coitada, sem dente e com cabelo ruim, queria ficar bonita e apresentável,.
-Era um dia de semana, morávamos na casa situada na Rua da Floresta e meu pai
mandou que Claudir fosse fazer algumas compras no mercado público, inclusive, creme
de barbear. Fez uma lista do que faltava e deu-lhe o dinheiro. Era umas cinco horas da
manhã. Quando deu lá para as onze horas, uma mulher conhecida de Claudir, fora até lá
em casa para entregar as compras e devolver o troco. Meu pai perguntou por
Claudionora e, como resposta, a mulher dissera que àquelas horas ela estaria a caminho
de Recife em um trem. E assim aconteceu. Nessa época minha mãe morava com um dos
seus irmãos em Recife, mas, Claudir não a procurou.
-Passaram-se dois anos, e, um dia, minha mãe fora lanchar próximo à pracinha
dos Diários de Pernambuco, e lá avistara no balcão da lanchonete, uma moça,
sorridente, dentes alvos, cabelos pretos, educada, que a atendeu. Minha mãe ficou
desconfiada, mas, depois teve a certeza de que era a Claudionora.
-Minha mãe retirou Claudir da casa de minha prima, pois, o marido dela estava
querendo um chameguinho com ela e minha mãe para evitar encrenca, resolveu leva-la
embora para morarem juntas.
-Um dia Claudir desapareceu da companhia de minha mãe e ela não a encontrou
mais.
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-Uns dois anos depois, um primo de meu pai que era funcionário do Banco do
Brasil na cidade do Rio de Janeiro, viera passear em Maceió e contara o seguinte:
-Que estava em um vôo que ia do Recife para o Rio de Janeiro e ao seu lado
sentara-se uma moça, e pelas conversas ele a reconhecera como sendo a filha adotiva de
seu primo Antonio Santos. E, ao chegarem ao aeroporto, perguntou para onde ela ia e se
queria uma carona, pois ele iria pegar um taxi, mas ela dissera que uma tia a estava
esperando ali, não aceitando a carona- Foi quando soubemos notícias dela.
-Passaram-se vários anos e, um dia, minha irmã que, também, se chama Clesia,
recebera uma carta de Claudir, contando a sua história. Dizia ela:
- Que se encontrara no avião com o primo de padrinho Antonio e que ele queria
lhe dar uma carona, mas, ela não queria ajuda de ninguém e não queria voltar para
Maceió, pois aquela altura estava livre como um passarinho. Disse que pegou um carro
de praça, e pediu ao motorista que a levasse até uma pensão decente e assim ele a levou.
Dias depois, comprou um jornal para nos classificados procurar emprego, e viu um
anúncio que lhe chamara a atenção. Era um emprego para servir de dama de companhia
para uma embaixatriz idosa e do Japão!
-Vestiu a sua melhor roupa e, quando chegou ao local, já estava uma fila de
mais de cinquenta pessoas. Quando chegou a sua vez, a embaixatriz ficara encantada
com ela e a contratou. Daí em diante, a sua vida mudou!
-Um dia a embaixada fora transferida para São Paulo. Sempre a embaixatriz
ganhava ingressos para o Teatro Municipal, porém, às vezes não ia e mandava o
motorista leva-la para assistir as peças de teatro!
-Claudir nos mandara uma fotografia, estava forte, bonita e cabelos pela cintura,
estirados e brilhosos. Pouco tempo depois soubemos que ela morrera de Eclampse,
quando nasceram seus filhos gêmeos. Triste, fim, porém Claudionora alcançou o que
queria, ser atriz, mesmo de teatro amador em Recife, ter dentes novos e cabelos bonitos.
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REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO XIV
-Naquela época havia brigas entre frequentadores de cada praça e às vezes entre
ruas diferentes. Eu sempre me dei com todos os frequentadores das diversas praças.
Mas, como nós morávamos na Rua da Floresta, não conhecíamos direito os moradores
da Rua onde estar situada a Igreja de São Benedito. Começaram as encrencas.
Soubemos que os meninos da rua vizinha queriam nos dar uma pisa. Armamos-nos, eu
com arco e flechas fabricadas com armação de guarda-chuvas. À noite fomos para o
confronto, havia um clima de medo e expectativa. O grupo da outra rua era formado de
meninos maiores do que nós e até adolescentes. Quando cheguei, a primeira coisa que o
menino, bem gordinho chamado Marcelo, fez, foi quebrar o meu arco e minhas flechas.
Mas, não houve confronto, pois mais adiante todos ficaram nossos amigos. Inclusive,
existia naquela rua o Clube dos doze, que funcionava na casa de minha amiga Audir
Remijo, prima de minha dileta amiga Lúcia Remijo, hoje advogada.
-Meu irmão, como sempre, ganhara uma bicicleta da marca Philips e eu nada.
Mais de um ano depois, era um dia de Sábado, lá estava eu sentado em uma calçada na
esquina em frente ao Colégio de São José, quando meu irmão Antonio Carlos passou
montado em uma bicicleta vermelha, gritando:
-Tal não foi a minha alegria, porque, havia ganho uma bicicleta, era uma
bicicleta da marca Monarke!
-Com a minha bicicleta nova, e tendo feito amizade com os rapazes da rua
vizinha, principalmente o Teobaldo Pacheco e seus irmãos, Alfredo Dimas, que mais
tarde viera a ser meu colega do Colégio Guido e o André, todas as noites nós íamos
passear de bicicleta e o percurso era da Igreja de São Benedito até Jaraguá, na Rua do
Queimado, hoje conhecida como Batista Acioli, que era primo de meu avô, pois naquela
rua morava o primo de Teobaldo, chamado de Márcio, conhecido por “Esquerdinha”,
além dessa rua, nós íamos à do Comendador Leão na casa da Francisca, a “Chica Boa”,
pertencente à família Aguiar de onde saiu um dos melhores jogadores de futebol de
Alagoas. Íamos, também, a Rua do Uruguai visitar a nossa amiga chamada de
Argentina, que no futuro se tornara médica, e até a Praça do Rex.
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-Certo tempo depois, a família de Teobaldo mudara-se para a Gruta de Lourdes,
bairro chique de Maceió, para um sítio, onde na frente desse sítio existia uma corrente,
como se chamava naquela época, era uma corrente estendida para que os caminhões de
mercadorias parassem para pagar os impostos estaduais, hoje conhecidos como ICMS.
Havia dois postos de cobrança de impostos, uma era no bairro da Gruta de Lourdes e o
outro no bairro de Mangabeiras, próximo e em frente a onde hoje existe a MAPEL.
-De quinze em quinze dias, sempre aos domingos, os meninos que possuíam
bicicleta davam carona aqueles que não tinham e todos se dirigiam ao bairro da Serraria,
sem antes de passar no sítio do Teobaldo Pacheco. De lá seguíamos até o rio chamado o
banho da serraria. Era um percurso extenso, pois saíamos da Igreja de São Benedito,
passávamos pelo bairro da Gruta, atravessávamos para o outro lado que era a serraria,
uma longa estrada de barro, já do outro lado, descíamos uma ladeira, pegávamos uma
reta bem longa, estrada ladeada por muitos sítios, todos eles repletos de frutas,
mangaba, caju, mangas, pitombas etc., até chegarmos a uma ladeira que dava acesso ao
banho. Chegando lá, nos pulávamos de bicicleta e tudo, dentro d’água. Lá pelas três ou
quatro horas nós regressávamos, sem antes, na passagem pelos sítios, nos abastecermos
de frutas, enchendo os nossos chapéus. Era muito bom!
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REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO XV
O AMIGO ALMIR
-Uma vez, o meu vizinho da Rua da Floresta, o Almir Amorim, que estudava no
Colégio Batista no bairro do farol, na subida da ladeira da Catedral, ultrapassou a
mureta do mirante do farol para apanhar o fruto da carrapateira para petecar os colegas,
e caiu de ladeira abaixo até o bairro do poço em frente à Escola Industrial, hoje CEFET.
Passou vários dias em coma, chegando até a quebrar o nariz. Almir Amorim, mais tarde,
tornara-se um grande médico, médico legista, ele era auxiliar do doutor Duda Calado,
inclusive fora convidado para trabalhar em Salvador no Instituto Nina Rodrigues, o IML
de lá, convite feito pela médica Tereza Pacheco, tia de Ivana Pacheco, ex- esposa de
meu ex-cunhado Carlos Wanderley.
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REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO XVI
-Quando completei treze anos de idade, fora fazer o exame de admissão para
ingresso no Colégio Diocesano de Maceió, hoje Colégio Marista. Me preparei durante
dois meses com a professora Carrascosa, mais briguei com ela e ela disse que eu não ia
passar, porque, era burro! - Contra ataquei!
-Havia três turmas, a turma “A” a “B” e a “C”, eu estudava, como acima já tinha
citado, na “B”. Lá estudaram, Marcelo Resende, de saudosa memória, um dos colegas
que eu tive luta corporal, mas, depois, voltamos a ficar amigos. Geoberto Espírito
Santo, meu amigo de infância de Bebedouro, voltamos a nos encontrar. Manoel Afonso
de Melo, “futuro deputado estadual”, primo do Fernando Collor, que, também, entramos
em luta corporal indo nós dois baixarmos na diretoria do colégio, ficamos das dez horas
às cinco da tarde, de braços abertos e com a cara na parede e ele dizia:
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-Assim ficamos quase o dia todo de castigo para não sermos expulsos!
O TIME DE FUTEBOL
-Se vocês forem campeões do colégio, estarão passados nas minhas três
matérias!
-Eis que chega o campeonato. O primeiro turno fora ganho pela turma “A”, era
uma grande equipe, liderada pelo meu amigo Carlos Eugênio. Nós conseguimos ganhar
o segundo. Eu jogava naquela época, na posição chamada de Ralf Direito. Eu marcava o
meia esquerda. Quando o jogo era de toques, um jogo clássico, não me colocavam para
jogar, quando o jogo era para ganhar na raça, eu jogava, pois era muito rápido, corria
muito. Havia um colega da outra turma, o meu amigo, ainda hoje, o Robinho,
engenheiro do DER de Alagoas, e cantor do Oráculo, que possuía um drible pequeno e
muito chato que nos provocava, mas, quando ele passava por mim, e, quando ia cruzar a
bola, eu já estava em seu encalço, dando-lhe um trancão e a bola não seguia o seu rumo.
- Uma das vezes a bola subiu entre nossas pernas indo se alojar em um oitizeiro,
tendo que o irmão Silvino, que era um homem de muita força, bem alto, sacudir uma
bola de basquete para soltar a bola do jogo que estava presa em uma de suas galhas.
Jogávamos entre as árvores, pois o campo era assim, ainda hoje existem tais árvores,
pois é onde se situa a Secretaria de Agricultura. Não sabíamos como se jogava entre
elas, pois não conheço nenhum caso de alguém se chocar com elas e se ferir
gravemente.
-Fomos para a decisão de melhor de três. Eles ganharam a primeira partida e nos
a segunda, a decisão ficara para a terceira. Chegou o dia do jogo, estávamos preparados.
Eles fizeram o primeiro gol, e nós empatamos; fizemos o segundo, e nessa altura do
campeonato, quatro dos meus colegas foram expulsos de campo. Havia ainda um bom
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tempo de partida, lutamos como desesperados para mantermos o resultado. Quando a
bola chegava aos nossos pés, atirávamos para longe. Mantemos essa tática até o fim. Em
um dado momento, ao recharsarmos um dos ataques, à bola fora parar nos pés de um
colega chamado Jessé e ele fizera o terceiro gol. Fomos campeões.
-O irmão Claudio não cumprira com a sua promessa de passar-nos em suas três
matérias. Naquele tempo, se ficássemos em duas matérias, íamos para recuperação, mas,
se ficássemos em três, era reprovação direta.
-Eu estava muito orgulhoso, como se diz hoje quando alguém consegue alguma
vitória na vida, porque, tinha conquistado o campeonato de futebol. Meu pai, que era
homem das letras, fora todo “ancho”, ou seja, satisfeito, ao Teatro Deodoro, assistir o
filho em receber uma medalha, apenas ele não sabia que era de futebol.
-As medalhas iam sendo entregues, umas para os melhores alunos do colégio,
outras por honra ao mérito e, assim, por diante. O quadro de medalhas começou a se
esvaziar e, meu pai, a toda hora perguntava:
- Por fim, foram chamados os alunos das turmas campeãs de futebol daquele
ano. Meu pai ficou possesso, pois tivera que vestir um terno para comparecer a uma
solenidade de futebol, naquele calor danado que fazia o Teatro Deodoro naquela noite
específica, e, disse:
- Fui como já dissera, reprovado, mas, naquele ano, não somente eu fui, mais
seis irmãos foram também. Não apanhei, porque, naquele meio estavam os queridinhos
de minha madrasta.
-Repeti o ano e meu pai disse se eu no próximo não passasse, iria puxar carroça.
Passei, e quando estava cursando o segundo ano, meu pai arranjou um emprego para
mim, na Gazeta de Alagoas, jornal do Arnon de Melo, pai de Fernando Collor, na
revisão do jornal, sem ganhar nenhum tostão, apenas para aprender a função.
Trabalhava das nove horas da noite até as, três, quatro ou cinco horas da manhã do dia
seguinte. Quando chegava em casa, lanchava, tomava um banho, vestia a farda do
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colégio Diocesano, que era de cor Caqui com uma grossa lista vermelha nos lados, e
ficava cochilando em uma cadeira de balanço, até chegar a hora de ir para o colégio. O
colégio ficava a duas quadras de minha residência. Tomava café nas carreiras, pegava
os livros e cadernos, juntamente com a caderneta de frequência, pois, só podíamos
entrar no colégio se levássemos a caderneta. Lembro-me bem, era de cor vermelha,
onde eram anotadas todas as movimentações de nossas vidas naquela entidade. Se
naquele dia não comparecêssemos, nossos pais ficariam sabendo.
-Ao cabo de seis meses, interpelei o senhor Cavalcanti, que era o tesoureiro do
Jornal Gazeta de Alagoas, se eu não iria receber dinheiro, pois fazia muito tempo que eu
estava trabalhando de graça. Como resposta ele disse:
-Seu pai lhe colocou aqui para aprender e não para ganhar dinheiro!
-Fui embora, dois meses depois, fui convidado para trabalhar no Jornal de
Alagoas, nos Diários Associados de Assis Chateaubriand um dos melhores jornalistas
da época, ganhando três mil cruzeiros, era um bom ordenado, principalmente eu que
tinha na época quatorze anos de idade. Fui trabalhar na revisão do jornal, juntamente
com outros cinco revisores. Na vida não tive muita sorte, pois, quando ingressei no
jornal, havia mais cinco revisores, e, pouco tempo depois, ficamos apenas eu e o chefe
chamado de Jaime Rosa, as outras pessoas foram deslocadas para a redação de esporte,
polícia e assim por diante.
-Uma vez por mês, participávamos do grêmio escolar, eu como sempre, lia uma
das matérias publicadas no Jornal de Alagoas, mas, nunca os colegas nem os
professores souberam de onde eu as tirava, pois eles não sabiam do meu esforço de
trabalhar à noite e estudar pelo dia. Assim foi passando o ano e eu fiquei em duas
matérias, nessa época eu já cursava o segundo ano de ginásio. Na prova oral fui
sabatinado pelo irmão Francisco, que Deus o tenha, foi um anjo em minha vida, às
vezes em que eu segurava a caneta ela voava longe, pois dava uma tremedeira nas mãos
e câimbras, e eu não consegui responder as perguntas formuladas por ele. Foi quando
ele perguntou:
- O que está acontecendo com você Alde? Eu sempre gostei das matérias que
você trazia para a sala de aula durante as reuniões do grêmio!
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- Foi quando eu expliquei que eu trabalhava à noite para estudar de dia, por isso
eu sabia um bocado de português. Ele ficou abismado e disse:
- Vou lhe dar mais uma chance, vou lhe fazer mais três perguntas, tenha calma
que você vai responde-las!
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REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO XVII
-Na Rua Boa Vista no centro de Maceió, quando eu passei a estudar à noite,
aonde, também, se localizava o meu trabalho, havia uma lanchonete, e para aguentar o
batente, quando retornava do colégio, eu comia uma papa feita de “Sagu”, ou outra
chamada de “Amaral”, na Amaral eles colocavam ovos.
-O meu local de trabalho consistia em subir uns degraus de madeira em uma sala
improvisada, também, de madeira, de onde eu avistava as máquinas rotativas e a
paginação. No bureau uma lâmpada de cem velas enroscada em um abajur, daqueles
que podemos enverga-lo de um lado para o outro, tipo mola, mas, como a lâmpada era
muito forte, eu o virava para a parede e através do reflexo eu corrigia as matérias que
seriam inseridas no jornal.
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passar o teste corrigido para a Linotipia para ser refeito e assim por diante. O meu
trabalho consistia nisso.
-Lembro-me bem, que eu e meus colegas, Solon Brasil, seus irmãos Vatal,
Antonio Américo e Antonio Augusto, O Gerson e seu irmão José Vicente filho, Roberto
e Ricardo “Cebolinha”, Marcos e tantos outros, mesmo que não fossemos convidados
para aniversários de quinze anos, fazíamos uma cota e com o dinheiro arrecadado
comprávamos um presente e íamos aos aniversários sem convites. Lá chegando, nós
entregávamos o presente e davamos os parabéns as aniversariantes. Elas ficavam em
dúvida se nos conhecia, mas, mesmo assim, deixava-nos entrar. Um belo dia,
compramos um presente na Lobrás, era um perfume, e fomos ao aniversário, ele era no
bairro de Ponta Grossa, entre a Praça Santo Antonio e a Rua Formosa. A nossa tática
funcionou as mil maravilhas. Lá para as tantas, quando nós estávamos comendo e
bebendo, o pai da debutante perguntou quem eram aqueles rapazes que nunca os tinha
visto, e ela disse que não sabia, fomos todos obrigados a nos retirarmos. Era muito
engraçado, pois os aniversários nós sabíamos através dos jornais nas páginas sociais.
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REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO XVIII
-Meu pai me espancava sempre, às vezes era, porque, minha madrasta fazia
carga em cima de mim, tudo o que acontecia em casa só poderia ser eu, assim dizia ela,
ele acreditava e muitas das vezes eu nem estava em casa.
-Hoje o senhor não vai me bater não, pois eu não fiz nada e se me bater vai ter
trôco!
- Meu pai me pegou pelos braços e eu o empurrei, e ele caiu sentado em uma
cadeira, e, como eu sabia que a pisa ia ser dobrada, vislumbrei que a janela da sala onde
meu pai dava aulas particulares para concurso público, estava aberta, me atirei sobre ela
caindo quase de cabeça na calçada da rua e fui embora.
-Eu estava viajando do Ceará para São Paulo, em meu caminhão, e tinha que
parar para ir ao banheiro, fazer as refeições e dormir nos hotéis de beira-de-estrada.
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-Quando estava viajando a um bom tempo, parei para ir ao banheiro de um posto
de gasolina, e na volta, ao subir na cabine do caminhão, escutei um barulho no final da
carroceria, fui verificar, e qual não foi a minha surpresa, haviam colocado uma porta
entre a carroceria e o chassi, e lá estava deitado um rapaz, perguntei-lhe o que fazia ali e
ele respondeu:
- Eu venho desde o Ceará viajando nessas condições, e como soube que o senhor
ia para São Paulo, e como não tenho dinheiro, foi o único jeito de viajar!
-Alguns anos depois, recebi uma carta dele contando como começara a vida em
São Paulo, contou ele na carta:
- Após contar-me a história, aconselhou-me ir para casa dizendo que São Paulo
não era fácil e era melhor ficar morando com meus pais. Despedimo-nos ali e fui
temeroso para casa. Chegando em casa meu pai estava acamado, até o médico havia lhe
visitado, pois quase que teve um enfarto. Nada me aconteceu, e daí em diante, meu pai
só batia em mim se eu merecesse.
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REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO XIX
A VINGANÇA
-A minha madrasta era por demais sovina, até queijo, doce e bolachas eram
guardados enrolados em uma sacola dentro de um cesto de roupas sujas, tudo isso para
que eu e meu irmão quando viéssemos do trabalho, não comêssemos. A minha irmã
Clesia, era quem deixava lanches para nós. Além das pisas que eu levava por causa dela,
ainda tinha os lanches não comidos. Às vezes ela deixava rodelinhas de batata doce e os
bicos de pães dentro do forno do fogão e, quando íamos comer, o prato estava cheio de
formigas. Resolvi me vingar. Ela recebia todos os meses do meu pai, além de uma
mesada, o nosso abono-família, mais tal abono não gastava conosco, e sim, colocava o
dinheiro em uma miniatura de cofre, o qual quando se colocava uma moeda, havia uma
mola que dava passagem à moeda e depois voltava para o lugar fechando a passagem.
Ao lado existia um buraquinho que servia para se pegar uma cédula de dinheiro e
enrosca-la de tal forma que ficava parecida com um canudinho de festa de aniversário e
era introduzida naquele lugar.
-No quarto dela, existia duas portas, uma delas dava para o corredor e a outra
para a sala onde meu pai dava aulas. A porta do quarto sempre ficava fechada de chave,
pois eles gostavam de entrar pela porta da sala. A porta da sala, também, tinha
fechadura e ferrolho. Quando meu pai estava para ir trabalhar, e estava tomando banho,
pois minha madrasta encontrava-se no emprego como funcionária da Delegacia Fiscal,
emprego federal, eu abria o ferrolho de cima, da porta da sala, pois quando ele ainda
não tinha saído, ficava aberta, e esperava a saída dele. Quando ele ia embora, eu
empurrava as duas bandas da porta, pois ela era de duas bandas e ela se abria, porém, a
lingueta da fechadura ficava aberta e eu quando saía pegava as duas bandas e as
encaixava. Quando estava lá dentro do quarto, pegava uma faca de mesa sem serra e a
introduzia na mola e emborcava o cofrinho e a moeda escorregava pela faca, quando era
de dez centavos eu não queria, mas, se fosse de cinquenta centavos eu a reservava.
Quanto às cédulas, eu pegava uma tesourinha e introduzia sua ponta naquele orifício do
cofre colocando-o de cabeça para baixo até que aparecesse uma pontinha da cédula e
puxava com a tesoura. Às vezes a cédula rasgava uma pontinha, mais funcionava, pois o
dinheiro era colocado rodando e saia da mesma maneira.
-Nas festas de fim de ano, minha madrasta abria o cofrinho para contar o
dinheiro, e sempre ela estranhava que alguma coisa não estava certa, pois pensava que
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havia mais dinheiro. Nunca descobriu, em virtude de pensar que o dinheiro de cédula
não poderia ser retirado, inclusive, a chave ficava escondida, literalmente, a sete
chaves, com ela. Era assim que eu me vingava, pois nunca havia comprado coisas para
nós com o nosso dinheiro do abono família.
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REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO XX
TROCA DE NOME
-Às vezes o trabalho era tanto, que eu, após o serviço, forrava uma folha de
papel tirada da máquina rotativa de imprimir o jornal, e deitava-me no assoalho de
minha sala para tirar um cochilo. De vez de quando o paginador gritava:
- Olha a prova!
-Prova era como se chamava a folha de revisão para ser corrigida, e, enquanto
não havia serviço, eu tirava um cochilinho. Um dia, a minha irmã Clesia, vendo que eu
não retornei à casa, mandou uma pessoa verificar se eu estava no jornal, não me viu
deitado no chão, porque, do ângulo de onde olhara não me via, e ela teve que procurar
em delegacias, no pronto socorro e necrotério, é claro que não iria me encontrar.
Geralmente eu chegava um pouco mais das cinco horas da manhã e nesse dia, não fui
para casa, redundando nessa procura. Lá para as quatro horas da tarde, a moça que fazia
a limpeza da sala me encontrou dormindo, e minha irmã deu a maior bronca.
-O diretor do jornal, o Arnoldo Jambo, a orientação que ele nos passava, era de
que se viesse uma matéria da Assembleia Legislativa, Câmara de Vereadores e
Governos, não as modificasse, ao menos, se encontrassemos erro de concordância ou de
grafia. Certa vez, eu quando acabei o meu expediente, fui para casa. Lá para as tantas,
mais ou menos às treze horas, o motorista do jornal fora me buscar a mandado do
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jornalista Arnoldo Jambo, com urgência. Eu estava dormindo. Quando cheguei, ele não
deixou nem eu perguntar o que queria, foi logo dando um esporro daqueles.
-Eu não disse ao senhor que as matérias vindas da Assembleia Legislativa não
deveriam ser modificadas! O senhor colocou uma vírgula a onde não devia e o deputado
telefonou e só faltou me engolir, pois tal vírgula esculambava com o Governador!
-Seu Arnoldo, o meu pai que é o meu pai não me trata assim, primeiro ele
pergunta para depois reclamar ou me dar uma pisa e o senhor gritou comigo!
-Ele disse que eu merecia mais, porém só podia pagar quatro mil cruzeiros e não
os cinco que eu havia solicitado.
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REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO XXI
DE EMPREGO NOVO
-O salário contratado era cinco mil cruzeiros, muita vantagem, pois deixaria de
trabalhar a noite e passaria para trabalhar de dia apenas um horário, e ganhando mais
dois mil cruzeiros. Havia chegado para trabalhar mais ou menos no dia doze do mês, e
no dia vinte e seis, era o fechamento da folha de pagamento, e Zacarias nesse dia
mandou que eu fosse receber o dinheiro, porque, o senhor Domício queria fechar a
folha, qual não foi a minha surpresa, lá estava ao invés de cinco mil, oito mil cruzeiros.
Não quis receber, pois era mais do que havia contratado e teria de devolver caso
recebesse. Fui falar com Zacarias e ele perguntou-me:
-O tempo que eu passei na revisão do Diário Oficial, foi bom, aprendi muito,
pois José o “Jacaré”, sabia demais a nossa língua pátria. O problema era que ele faltava
muito. O Claudio Jucá nem se fala. Às vezes existiam escritores que traziam livros para
serem revisados, e eu e “Jacaré” reversávamos na revisão e ganhávamos, em nosso
tempo fora do expediente, um bom dinheirinho.
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]
Zacarias era o chefe e o Carlos Duarte o Auxiliar. O Zacarias Santana chegou até a ser
o Diretor Geral do Jornal Gazeta de Alagoas.
-Um dia José, o “Jacaré”, me levou para tomar umas cervejas com ele, nesse
tempo eu já estava com 18 anos de idade. Fomos para a venda do Luiz, que ficava na
Praça Rodolfo Lins, conhecida popularmente como a Praça do Pirulito no centro de
Maceió, próxima a praça conhecida como da Faculdade. O Luiz perguntou se eu queria
pagar por semana, por quinzena ou por mês. Somente naquele momento eu entendi o,
porque, de tanta bebedeira de “Jacaré”. Respondi:
-Quando “Jacaré” bebia muito, ele às vezes ficava bêbedo pelas calçadas sem ir
para casa, era preciso que seus familiares viessem buscá-lo. A sua esposa era costureira,
trabalhava muito e vivia chateada com ele.
-Vou passar uma semana sem vir ao emprego, porque, vou tomar o maior porre
de minha vida, mas, após essa semana, eu não beberei mais, apenas fumarei!
-Os dias se passaram e quase quinze dias depois, e de repente, lá vem José. De
terno novo, pois o mesmo somente vestia terno, barba feita, cabelo cortado, e dizendo:
-Eu lhe avisei que ia passar uns dias sem vir ao trabalho e quando voltasse não
beberia mais e não faria mais vergonha a minha mulher e aos meus familiares!
-E assim, foi, o meu amigo José, o “Jacaré”, deixou de beber até o dia em que o
Grande Mestre o chamou para perto dele.
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-Ele bebia muito e, um belo dia, eu já trabalhando na Impressa Oficial, fora
convidado por ele para tomar uns drinques eu sua residência lá no bairro do Trapiche da
Barra. A casa ainda estava uma parte dela em construção. Quando cheguei lá, fora
recepcionado por um cachorro Pastor Alemão que me dera as boas vindas, com os
dentes de fora, doido para me abocanhar.“TITO” brigou com ele, e dizendo-me:
-Passarinho!
-Apelido dado por Zacarias Santana a mim e ao meu irmão Antonio Carlos em
virtude de um artigo escrito por meu pai. Zacaria sempre dizia:
-Não tenha medo que ele não vai lhe morder!- Brigou com o cachorro, e em
seguida me contou:
-Que um cachorro havia lhe mordido na perna quando ele pisou em seu rabo e,
como vingança, ele deu a maior mordida na orelha do cachorro que saiu ganindo muito
e, desse dia em diante, não quis mais conversa em mordê-lo!
-Edvaldo Farias de Menezes, era meio louco. Usava sempre um óculos “fundo
de garrafa”, mas, era uma boa pessoa, que Deus o tenha em um bom lugar.
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REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO XXII
SAINDO DE CASA
-Dei uma brigada com a minha madrasta, era umas três horas da tarde, e somente
voltei às vinte e três horas e as coisas já estavam mais acalmadas. A briga se deu em
virtude de minha madrasta colocar os móveis de minha irmã Clotilde, no corredor,
dizendo que ia jogá-los no lixo. Nesse tempo, minha irmã estava de férias do Banco de
Crédito Real e fora ao Recife tratar de sua transferência para aquela cidade. Achei
melhor, depois de conversar com o meu irmão Antonio Carlos, se ele pagaria uma
pensão para mim já que ele possuía dois empregos e ele disse que pagava. Nessa época
eu trabalhava no Jornal de Alagoas. A pensão em comento, era a pensão Monalisa, que
ficava a duas quadras da minha residência. Nessa época eu passei a lanchar em um bar,
que não era propriamente um bar, e, sim, uma lanchonete por nome “Bar da Noite”, lá
no Mercado Público de Maceió. Era de um senhor cujos filhos tomavam conta. Havia
um que estudava até às dez horas da noite e ficava na lanchonete até amanhecer o dia.
Ele no futuro formou-se em Ciências Contábeis, trabalhou na Assembleia Legislativa,
depois Tribunal de Contas de Alagoas e casara com a irmã do Feijó, que foi presidente
da Federação Alagoana de Futebol e proprietário do Corinthians Alagoano, o nome dele
era Adelmo.
-Passei pouco tempo naquela pensão, pois, logo que deixei o emprego do jornal
não tinha como ajudar o meu irmão nas despesas, embora fosse ele quem pagava a
pensão, mais havia outras despesas. Fora morar com minha irmã Clesia na Rua onde
está situado o Edifício Luz, hoje Secretaria de Segurança Pública. Naquele tempo
funcionava ali a Petrobrás. Tal rua era conhecida como “Sovaco da Ovelha”.
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REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO XXIII
-Quando trabalhava para o Diário Oficial e morando com a minha irmã, tinha
um desejo, o de me tornar mecânico, e assim, pela manhã, na Impressa Oficial até às
treze horas e das treze e meia até às cinco e meia, na oficina da Ford, ou seja, Flávio
Luz, que ficava em frente à casa de minha irmã. Passei apenas uns quatro meses no
setor de eletricidade de automóveis e caminhões, aprendendo consertar partidas e
reduções e instalações elétricas. Não deu certo, pois, eu era ajudante de uma pessoa
chamada de José, era o único ajudante e trabalhava de graça, e, quando ele pedia uma
chave, por exemplo, “nove por dezesseis” de “estria ou de boca” ou outro tipo de chave,
eu corria para leva-las. Depois de certo tempo apareceram outras pessoas, inclusive um
cara da portaria, querendo aprender, também, deixei a oficina, lá ia por água abaixo o
meu sonho de ser mecânico.
-Após deixar a oficina, fui trabalhar à tarde, das treze horas e trinta minutos até
as 18:00 horas, no Clube Fênix Alagoano, na secretaria, recebendo mensalidades e
cadastrando novos sócios, como, também, confeccionando carteiras de sócios. Às vezes,
quando retornava do colégio, ficava de plantão para atender aos associados que jogavam
baralho. Sempre eles pediam um baralho novo. A marca do baralho era COPAC. Eu
ficava uma fera, pois, tinha que de hora em hora trocar o baralho. Os meus plantões só
eram bons, quando os fazia juntamente com um colega o qual eu o apelidei de “Três em
um” em virtude de seu nome ser José Nilton Ricardo. O gerente geral era o senhor
Mota, pai do Dr. Geraldo Mota, e ele era muito bom comigo e com José Nilton. Às
vezes o José Nilton ia buscar sorvete, chocolate, pudim e sanduiches, para a gente
lanchar por conta do clube, a mando do senhor Mota. Às vezes José Nilton mergulhava
na piscina do clube sem autorização. Nunca mergulhei.
-De quinze em quinze dia, aos domingos, tinha que ficar de plantão no fichário
médico na entrada da piscina, não deixando entrar as pessoas sem exame médico
atualizado. Tinha que mandar faze-lo, pois, existia um médico de plantão. Havia umas
mocinhas cujos exames não estavam em dia e o médico havia faltado, que pediam pelo
amor de Deus para que eu as deixasse entrar. Deixava, às vezes, e assim elas traziam-me
lanches, sorvetes e refrigerantes. Passava o dia todo embaixo de um guarda-sol e com
69
desejo de estar na praia da Avenida da Paz que ficava em frente, cuja praia era a mais
frequentada naquela época. Quando tinha namorada, sabia que ela estava naquela praia.
Todas as vezes que alguém mergulhava na piscina eu levava um banho daqueles.
-Poucos meses depois eu fiquei sozinho na secretaria do clube, pois José Nilton
Ricardo havia sido chamado para trabalhar no Banco do Brasil na cidade de Santana do
Ipanema, concurso para qual cidade ele fizera e a mesma era sua terra natal.
-Era carnaval, o presidente do clube era o Dr. Jarbas Gomes de Barros, irmão de
Carlos Gomes de Barros que fora deputado em Alagoas, Osvaldo Gomes de Barros, que
no futuro viera a ser prefeito de Novo Lino, Alagoas, Manoel Gomes de Barros, e tio de
Manoel Gomes de Barros, ex-governadores de Alagoas, pai e filho. O diretor social era
o Dr. Ardel Jucá.
70
-Sim, o dito cujo que havia me reprovado na primeira série de ginásio no
Colégio Diocesano, quando afirmou que se o nosso time fosse campeão do colégio nós
estávamos passados em suas três matérias. O cara havia deixado à batina.
-Próximo ao carnaval, a confecção de carteiras aumentava, as meninas ou
mulheres que me procuravam, tinham de trazer duas fotos 3x4, mas, quando eu as
achava bonitas, dizia que eram três e não duas, conseguindo com isso uma verdadeira
coleção, chegando a encher uma caixa de sapatos vazia.
71
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO XXIV
-Em 1968, estando eu na praia de Olinda a conversar com uma moça que
conhecia da praia, disse-me ela que, estava indo morar no Paraná!
- E ela!
- A Cleide é minha prima! inclusive ela está de férias no Recife, se você for à
Rua Nova no Centro de Recife, existe um foto que fica em um primeiro andar, do
mesmo lado da igreja, este foto pertence a nossa tia, se quiser encontrar-se com ela, vá
lá!
- Pela segunda vez, o destino me colocou no caminho daquela moça, mas, não
fui ao encontro!
72
REMINISCÊNCIAS
CAPITULO XXV
-Quando ainda tinha dez anos de idade, na Rua da Floresta, eu como alhures já
havia dito, que gostava de brincar de pega, de rouba bandeira, de bola, comecei a notar
que quando eu corria, a perna direita, principalmente na altura da virilha, doía muito,
então, eu ficava um pouco sentado na calçada esperando a dor passar. Essas dores foram
aumentando até que eu fiquei de cama por uma semana. Notava que, quando alguém lá
de casa ia trocar o lençol da cama e o mesmo batia em minha barriga, eu gritava, e,
quando estava comendo uma coxa de galinha segurando com uma das mãos, eu tinha
uma tremedeira danada e a comida ia bater longe, foi quando meu pai falou com o seu
amigo, com o Dr. Jacques de Azevedo, médico cirurgião. Ele determinou que meu pai
procurasse fazer um exame de sangue para ver o que estava acontecendo, pois, ele
desconfiava que fosse Apendicite, e lá para as quinze horas, um doutor de um
laboratório, lembro-me bem, era um senhor gordinho e o laboratório ficava na Rua
Pedro Monteiro, perfurou um dos meus dedos colhendo amostras de sangue. À noite,
quando meu pai chegou do trabalho, disse que eu tinha que me operar naquela mesma
noite, de urgência. Fui internado no Hospital São Vicente, anexo a Santa Casa de
Misericórdia de Maceió. Lá para as vinte e três horas uma freira perguntou-me:
- Já rezou?- e eu respondi:
- Já!
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vinham pingando de pus, tiveram que colocar um dreno.O apendicite estava
estrangulado em três pedaços e completamente preto, e o doutor Jacques de Azevedo
disse:
-Pode comprar o caixão que seu filho é caso perdido, é difícil ele escapar!
-O doutor Cortez tinha que retornar ao hospital às sete horas, pois estava
marcada outra operação. Ao sair da mesa de operação, resolveu dar uma passadinha no
meu apartamento para saber como eu estava. Quando entrou, percebeu aquele alvoroço,
as freiras estavam aperreadas e a minha irmã Clotilde chorava muito. O doutor tratou de
tomar o meu pulso e não encontrou pulsação, mandou que a enfermeira aplicar-se uma
injeção de CORAMINA para ver se restabelecia a pulsação.
-A minha sorte era que a onde a enfermeira ia buscar a injeção, era na sala ao
lado e ela a aplicou.
-Eu estava proibido de ingerir líquido por uma semana. Para matar minha sede,
as enfermeiras umedecia um chumaço de algodão e passava em meus lábios, mas, a
sede era tamanha que, quando elas bombeavam, ou seja, se descuidavam, eu
abocanhava o algodão e avidamente o chupava, apesar dos protestos delas.
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-Eu sempre fui guloso e no hospital não dispensava uma boa refeição. Fui
liberado para comer purê de batata inglesa com arroz e carne grelada com um pouco de
manteiga. No lanche, uma chávena de suco de laranja lima, e à noite, uma sopa bem
magra. Comia tudo com a maior vontade como se não estivesse operado.
-Deram-me alta e voltei para a minha residência todo contente, mas, sem antes
de me despedir dos meus novos amigos, o enfermeiro José e a enfermeira Benedita.
-Passei mais três meses de repouso sem sair praticamente de minha cama, a
ponto de o colchão ficar com a marca de meu corpo, e, nesses três meses e vinte dias,
perdi aulas sendo então reprovado.
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forçava aquele monte de peles para baixo tentando resolver a questão, até que um dia eu
decidi:
- E assim foi, consegui, e qual não foi a minha alegria em conseguir, tratei de
vestir a roupa, mas, quando a vesti, a emenda da bermuda ao tocar naquela parte recém
liberta, que estava em carne viva, como se diz, dei aquele berro, pois, doía muito e
ardia, até que tomei um banho e as coisas se acalmaram.
-Falei todo contente com o doutor Jacques de Azevedo e ele me disse que eu
pulei uma fogueira, pois poderia ter passado o tétano e tivesse de cortar o meu membro.
76
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO XXVI
-Depois que meu pai permutara a casa de Bebedouro com a do Parque Rio
Branco, próximo ao mercado público, com minha mãe, ela fora morar na cidade de
Recife.
-O ano letivo estava perdido mesmo, e a minha mãe Cezira nessa época, morava
em uma pensão na cidade do Recife. Fui visita-la, pois, naquela época ou se viajava de
ônibus que era um tormento, pois, não havia estradas, todas elas eram de terra e barro,
ou de trem, preferi viajar de trem, viagem a qual eu já a conhecia. Meu pai me
recomendou ao encarregado dos vagões de passageiros para que ele tomasse conta.
Quando cheguei à estação ferroviária de Recife, minha mãe estava esperando-me.
-O quarto de minha mãe, na pensão, ficava no terceiro andar. Minha mãe media
cerca, mais ou menos, de um metro e cinquenta de altura, era franzina e não admitia que
eu subisse as escadas, pois, estava operado, e carregava-me nas costas.
-Um dia fomos ao bairro de Cordeiro visitar minha prima Clesia, sim, a minha
prima tinha o mesmo nome de minha irmã. Ela era casada com José Pimentel, filho de
Amaro Pimentel, empresário do ramo das molas de caminhão, pois, possuía um fábrica
lá no bairro de Caxangá, próximo ao mercado de Casa Amarela, conhecida por “Molas
Camaragibe”, convem lembrar!
-Passei alguns dias no Recife, e minha prima pediu a minha mãe para que ela
me deixasse passar o carnaval em sua casa, já que eu não tinha nada para fazer e eu era
mais ou menos da idade de seu filho, o Amaro Pimentel, serviria de companhia para ele.
Minha mãe deixou.
-A casa do meu primo Amaro, era muito grande, tinha vários quartos, uma sala
enorme onde minha prima gostava de fazer crochê e costurar. Havia uma garagem para
uns dois carros e era lá que eu e Amaro levantávamos a saia de uma empregada, muito
77
safada, para ver as suas partes íntimas e nos esfregarmos nela. Amaro sempre dava um
dinheiro a ela. Minha prima nunca desconfiou da empregada e de nós.
-No carnaval, fizemos o Corso, era uma fila de carros uns atrás dos outros e
sempre retornando por várias ruas que eram interditadas para o trafego normal. Lembro-
me que fomos na caminhoneta de José Pimentel buscar algumas meninas na cidade de
Olinda, meninas filhas de um amigo de José. Eu estava com uma bermuda branca, e
havia dois bancos na carroceria da caminhoneta um oposto ao outro, bancos estes que
faziam parte da carroceria, e quando levantados, eram presos por correntes. As meninas
ficaram de um lado e eu e Amaro do outro. Como já dissera, a bermuda era branca e já
fazia dois dias que eu estava com ela por não ter levado outra. Havia, lembro-me bem,
uma manta na carroceria e eu com vergonha de que as meninas vissem a sujeira da
bermuda, cobri-me com ela. Pura besteira, pois era carnaval.
-No último dia de carnaval minha mãe fora buscar-me e, após tomar uma sopa
de legumes, fomos apanhar um ônibus que nos levaria ao centro de Recife, pois minha
mãe morava próximo ao Mercado de São José. Ao tomarmos o ônibus, o mesmo
encontrava-se lotado, nós ficamos em pé. Em um dado momento, lá veio aquele sintoma
o qual sempre era acometido desde que me entendia de gente, a vontade de vomitar, no
futuro soubera que era “Labirintite”. Deu-me o maior enjoo, eu procurei junto com
minha mãe, por cima das pessoas que estavam sentadas, abrir uma das janelas do
ônibus, sem sucesso, inclusive um senhor que estava sentado, um cidadão bem vestido e
ao seu lado uma jovem, também, bem vestida, tentou abrir a janela que lhe estava
próxima, não conseguiu, o jeito foi eu vomitar por cima dele, o seu cabelo bem
penteado e cheio de brilhantina, ficou cheio de marcarão e verduras, escorria aquele
caldo, por suas faces, a camisa ficou inutilizada por aquela mistura. Pedi-lhe mil
perdões, foi quando uma imbecil de uma mulher, pois aquela não poderia ser chamada
de senhora, disse:
-Se fosse comigo, esse moleque levaria a maior pisa, quebraria a sua cara!
-Minha mãe queria lhe bater, foi quando o rapaz que fora prejudicado disse:
-Minha senhora, respeite o garoto, ele não teve culpa, eu mesmo tentei abrir a
janela e não consegui, eu sou médico e entendo tudo isso!
-Carnaval tem todos os anos, não tem nada não, talvez eu tenha me livrado de
coisa pior, o jeito é voltar para casa e se houver tempo, ainda hoje retornarei!
-Foi esse um dos carnavais “inesquecíveis”, nessa época em contava com quase
onze anos de idade!
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-Quando eu contava com sete anos de idade, fui juntamente com minhas irmãs,
Clotilde, Clesia e meu irmão Antonio Carlos, visitar minha mãe no Recife. Ela nessa
época morava na Rua da Concordia. Chegamos à estação ferroviária de Maceió por
volta das cinco e meia e, às seis horas o trem partiria. Era uma viagem por demais
cansativa. O trem passava por inúmeras estações, a começar a de Bebedouro. Passava
em Fernão Velho, Satuba, Rio Largo, Murici, Branquinha, União dos Palmares e São
José da Laje, depois ia direto para Catende-Pernambuco, existe até uma musica que diz:
-Vou direto para Catende, Vou direto para Catende com vontade de chegar!
-Havia umas estações que a máquina tinha que fazer manobras, a começar por
uma estação após Rio Largo. O funcionário da estação desatrelava os vagões da
máquina e ela seguia sozinha até outra linha ou até um Viradouro, onde a máquina era
virada através de força motriz e já de frente para a outra linha, ela fazia o percurso e
adentrava em um desvio e vinha de ré até de novo ser atrelada a composição dos
vagões.Havia duas posições para que os passageiros viajassem, o banco no qual ele
sentava, sempre era virado para frente, mas, quando existia a troca de linhas e posições,
levantava-se o encosto do banco e colocava-o na outra posição de tal forma, se antes
estávamos indo de frente agora continuávamos de frente, mas, com a posição do encosto
invertida. Havia uma outra estação que o trem fazia a mesma manobra, era a conhecida
por “Parque Vira”, já em pernambuco.
-Durante a viajem, havia alguns túneis, e como o trem tinha que passar dentro
deles, e a máquina que puxava os vagões era movida a lenha e água, conhecida como
“Maria Fumaça”, tínhamos, quando avisados de que passaríamos por um deles, de
fecharmos as janelas para que a fumaça não entrar-se e nos sufocasse. Além dos túneis,
existiam os pontilhões de ferro que eram um verdadeiro perigo, pois, podíamos estar
com a cabeça para o lado de fora da janela e de repente aparecerem os pontilhões, pois,
eles tinham umas curvaturas para baixo e outras para cima, como se fora uma montanha
russa.
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-Cerca de quatroze horas durava a viagem, e quando o trem ingressava na
estação central do Recife, era o maior alívio, pois, acabara o nosso sofrimento e
sabíamos que a nossa mãe nos estava esperando.
-Nesse dia não foi diferente, a mamãe estava a nossa espera. Pegamos um carro
de praça, pois, naquele tempo não havia taxi e fomos para casa. O veículo tinha a
obrigação de passar junto ao rio Capibaribe, onde vislumbrávamos a figura de um negro
vestido de mestre-cuca, despejando óleo em uma frigideira, era o negro “Benedito”,
feito de gás neon, era a propaganda do óleo Bem-te-vi, de Alimonda Irmãos, firma
conceituada naquela época, contornando-o e ingressando na Avenida Guararapes, indo
no sentido da pracinha do Jornal do Comercio, e do Palácio Campo das Princesas, o
Palácio do Governo de Pernambuco, e, quando passávamos em frente a ele, o motorista
tinha que vestir seu paletó para não levar multa, porque, tinha que fazer um zigue-zague
em frente ao palácio e era norma deles usarem paletós, caso contrário era um
desrespeito.
-Fomos visitar meu tio Petrônio, o tio Tono como ele era conhecido, morava na
cidade de Olinda, Pernambuco, foi lá que eu me encantei pelo Sport Clube do Recife,
ficando no futuro, sócio daquele clube.
-Tio Tono era um exímio faz tudo, lembro-me que ele montou sozinho uma
eletrola Telefunken com peças vindas da Alemanha, inclusive fizera o móvel dela. Ele,
também, tinha controle de gastos de energia, fez uma engenhoca com pequenas luzes
80
coloridas, cada luz representava uma parte da casa, por exemplo, se a luz do banheiro
estivesse acessa e não tivesse ninguém, estava acessa a luz vermelha e ele reclamava:
-O tio Dino, era, também, sovina, mas este ganhava pouco, trabalhava em uma
fábrica de solados e salteiras de borracha para sapatos, chamada de RED, ficava na rua,
salvo engano, do Rangel, no centro de Recife. Ele era evangélico. Nesse tempo
passamos uma semana em sua casa, ou seja, a casa da igreja Batista, foi lá que nós, eu,
meu irmão e meus primos, nessa época só existiam dois deles, o Elvio e o Élcio,
tomávamos o suco-de-uva e deixávamos água no lugar, o meu tio ficava muito bravo,
pois dizia que o suco-de-uva era da igreja para os sermões. Todas as manhãs nós
tomávamos café misturado com leite condensado, era uma lata de leite por dia.
Comíamos, também, rapadura batida, feita com erva doce, que o seu sogro comprava na
feira da Real da Torre. O sogro dele andava quase com a cara no chão, pois tinha um
defeito na coluna. A esposa do meu tio era a dona Olga, tia Olga como nos a
chamávamos. Era um tempo bom.
-O tio Tota era o intelectual dos quatro irmãos, incluindo minha mãe. Ele
ensinava português e inglês e sabia taquigrafia em inglês, além de professor era
funcionário da USAID, pronunciava-se USEID, uma firma americana custeada pelo
governo dos Estados Unidos. Lá ele era interprete. Tinha dois filhos e uma filha, um dos
filhos era cantor, o Aderson, o outro era o Aloísio, não me lembro o que ele fazia, mas,
a filha chamava-se Clesia e como já dissera algumas vezes, era casada com um filho de
um industrial das molas para caminhões, chamadas molas Camaragibe, muito
conhecidas no Brasil todo, sua esposa era a tia Carmélia.
-Em mais uma viagem, eu fora sozinho e a minha mãe ainda morava na Rua da
Concordia. A casa era tipo um barraco, toda de madeira, era uma vila, onde existia
vários deles. O chão era de terra batida, e quando chovia, a água entrava um pouco
formando aquela lama. Lembro-me que estava quase na hora do almoço e minha mãe
ainda não tinha o dinheiro para comprar comida, mas de repente disse:
81
-Tenho uma ideia, o senhor José mandou que eu colocasse sola em seus sapatos,
vou fazer agora!
-E assim ela fez, porque, minha mãe era pau para toda obra, colocava sola e
salteiras em sapatos, fazia todo tipo de roupa tanto masculina como feminina, menos
paletó. Tinha todos os apetrechos, do pé-de-ferro, onde era colocado o sapato para bater
a sola, a enfieira de costura-la, a cera de abelha para parafinar o cordão de enfieira,
enfim, tudo que era necessário à confecção de um solado. Pegou um pedaço de couro
“sola”, colocou o sapato do lado direito sob o couro e decalcou-o com o auxilio de um
lápis, depois fez o mesmo com o pé esquerdo, pegou uma faca amolada e cortou os
desenhos, depois colocou um dos pés de sapato com a parte de dentro voltada para o pé-
de-ferro,colocou a sola e pregou uma brocha, ou seja, uma taxa tipo prego, tanto na
ponta como no calcanhar, para poder fixa-la, depois recortou-a com uma faca para tirar
aquilo que sobrava, após, fez um corte circulando na sola toda, pegou uma espécie de
agulha que tinha um buraco um pouco grande, foi por onde passou a enfieira, não sem
antes passar nela a cera de abelha, e costurou a sola, e assim por diante. Fez o mesmo
com o outro pé. Tudo acabado, ela ainda raspou a sola com um pedaço de vidro e deu
um acabamento com uma tinta preta, deixando o par de sapatos no sol para secar.
Quando o mesmo estava seco, ela levou para o homem que a contratou, recebeu o
dinheiro correspondente, e fomos ao mercado de São José que ficava ali próximo,
comprar pão, linguiça e ovos, para o nosso almoço.
-Minha mãe gostava, assim como eu e atualmente, minha filha caçula, Maisa
Isabella, gostamos de assistir filmes, ela gostava muito de filmes de cawboy e naquelas
tardes, sempre passavam dois deles pelo preço de um, e após o almoço, fomos ao
cinema, ele custava um cruzeiro e cinquenta eu não paguei, pois, minha mãe tinha um
conhecido na portaria que me deixou entrar de graça. Minha mãe era uma vencedora e
lutadora pela vida, não tinha tempo ruim para ela.
82
REMINISCÊNCIAS
CAPITULO XXVII
83
-Aproveitando o ensejo, vou contar um fato interessante que se deu entre meu
pai e meu irmão Antonio Carlos. Meu pai escrevia diariamente para a Gazeta de
Alagoas, uma coluna que se chamava “Falando De”. Ele falava de qualquer coisa, ao
ponto de escrever sobre um passarinho que nós criávamos, e que ele fugira e depois
voltara por sua própria conta para a gaiola, ensejando com isso um apelido que nos
botaram que ainda hoje perdura quando as pessoas do nosso tempo de jornal nos
encontram. O apelido é de “Passarinho“.
-Mais o fato interessante não é sobre o passarinho. Uma vez meu pai fora
participar de um congresso de jornalistas no Rio de Janeiro, em um lugar conhecido
como San Susi, era em Nova Friburgo. Ele deixou escritos alguns artigos e pediu que o
meu irmão todos os dias os levasse para ser publicados e reservasse um exemplar do
jornal para quando ele voltasse, ler. Ele não sabia quantos dias iria ficar no Rio. Como
ele demorou mais do que os artigos que deixara, meu irmão então escreveu no lugar
dele uns três artigos.
-De volta à Maceió, ao ler os artigos que foram publicados, ficou em dúvida
quanto alguns e dizia:
-Após muito quebrar a cabeça, ele descobriu que fora o Antonio Carlos. Meu
irmão tem tendência a ser um ótimo escritor, a exemplo de que dividira um prémio da
Academia Alagoana de Letras, com a escritora Margarida Mesquita, em virtude de ter
apresentado uma cópia para revisão a nossa amiga, poetisa e imortal da Academia
Alagoana de Letras, Adélia Magalhães, que escondida dele inscreveu o seu conto no
concurso.
EM PARIPUEIRA
-Meu pai alugara uma casa em Paripueira, na época aquele lugar pertencia a
Maceió, hoje é um município. A casa ficava na parte Norte próximo ao retiro dos
evangélicos, fora alugada ao senhor José Rosas.
-De vez em quando, meu pai mandava-nos comprar peixes, às vezes tínhamos
que andar muito para compra-los, era exatamente em um lugar conhecido como Tabuba.
Caminhávamos pela beira da praia, transpúnhamos um rio em um lugar chamado Sonho
Verde e seguíamos no sol quente circundando a praia, contando as curvas e olhando
para trás para vermos a distância já percorrida. Eram umas seis léguas.
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vermelha e de gosto ruim. Quando retornava eu geralmente vinha chorando, pois, ainda
contava com dez a onze anos de idade, e tinha que carregar, também, o produto das
compras.
-Existia um peixe chamado de Cangulo que para ser cozido, tinha-se que tirar-
lhe o couro. Lá em casa jamais se acertou em deixa-lo saboroso, porém, a esposa de
José Rosa tinha o dom de deixa-lo. Era a dona Guilhermina, cozinhava-o utilizando
pimenta de cheiro. O casal possui uma filha por nome de Severina, que mais tarde viera
a ser a Tabeliã de Paripueira e depois da cidade de São Luiz do Quitunde, Alagoas.
-O meu pai, juntamente com a minha madrasta, compraram uma casa e mais um
terreno a um pescador chamado de Saboia, cuja casa ainda hoje se encontra edificada e
onde moram os meus irmãos, o Alanio e o Antonio Neto. A casa fica em frente à do pai
do Desembargador Aderbal Mariano.
-Eu não gosto de Paripueira, talvez seja por ter sofrido tanto em minha infância
quando lá passava as minhas férias. Lembranças amargas.
-Mais por falar, ainda, em Paripueira, o avô do Paulo Pontes, tinha um sítio que
ficava em Paripueira após a ponte do Rio Forte. Nas férias, o Paulo às vezes me
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chamava para passar alguns dias. Uma dessas férias era o mês de dezembro, e lá vou eu
para Paripueira. Durante o dia íamos tomar banho de mar, de rio ou colher frutas. À
noite selávamos duas éguas que pertenciam ao avô do Paulo e íamos galopando pelo
asfalto até perto da igreja católica, a beira mar, para a casa no deputado e ex-governador
de Alagoas, o Lamenha Filho, pois todas as noites havia uma reunião de rapazes e
moças e o Lamenha colocava musicas para a moçada dançar. Naquela época eu e Paulo
éramos amigos de suas filhas e de seu filho Antônio, inclusive Antonio fora meu colega
de Diocesano. Boas lembranças, apenas das danças, pois de resto eu não gostava de
Paripueira.
EM SANTANA DO IPANEMA
-Nas férias, eu era sempre convidado por colegas que moravam em interiores
para conhecer e passar uns dias lá. Em uma ocasião, fora convidado para passar uns
quinze dias na casa de meu amigo José Cliton Azevedo, na cidade de Santana do
Ipanema, Alagoas. Naquele tempo não havia estrada boa, somente até o município de
Palmeira dos índios, estrada construída ainda no governo de Arnon de Melo, pai de
Fernando Collor de Melo. A viagem se prolongava, quando chovia, por cerca de umas
quatorze horas. Chegando lá, saltei em frente à AABB, Associação dos Funcionários do
Banco do Brasil, e fora procurar a residência do meu amigo. Nessa época, eu namorava
a uma menina que estudava interna no Colégio Sacramento em Maceió, e, quando achei
a casa do amigo, bati palmas e ele viera atender. Mas, ele disse:
-Não solte a mala não, porque, existe uma pendência que precisa sem resolvida,
se não resolver pode voltar para Maceió, pois, aqui você não fica!
-Sua namorada a Vitoria, botou ponta em você e se não terminar o namoro não
entra aqui em casa!
-Perguntei-lhe onde ela morava, eram duas casas após a dele. Fui lá, carregando
uma mala pesada. Era uma casa de porta e janela, como a maioria das do interior. Bati
palmas e ela veio e disse:
-Após isso, o José Cliton deixou-me entrar em sua casa. No Sábado, houve um
bingo e eu participei do mesmo. Era o sorteio de um caminhão e de dois carros. Fora
realizado lá no comercio próximo ao Banco do Brasil. Não tinha caneta para marcar o
bingo, mas, próxima de mim, estava uma conhecida, a Eliane, que, também, estudava
no Colégio Sacramento, era uma menina baixinha, mas, muito bonita, tinha olhos verdes
e filha de um deputado estadual. Embora a anterior fosse também filha de
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político influente naquela cidade e no Estado de Alagoas. Caneta vai, caneta vem, e de
repente ficamos de mãos dadas. Começamos um namoro bem ali. No outro dia, haveria
um baile na AABB e fomos. Ao dançar com ela, a anterior queria reatar o namoro mais
já era tarde. A namorei por cerca de quatro meses apenas.
-No domingo fora acordado às cinco horas da manhã pelo pai de Cliton, o senhor
Antonio Azevedo, e ele, dissera:
-Acorda o senhor também, pois aqui em casa todos tem que ir a missa!
-Na casa havia um terraço em sua entrada onde nós costumávamos jogar
palavras cruzadas, era um jogo para várias pessoas, no qual nós ficávamos com uma
espécie de bandeja de madeira com umas pedrinhas de madeira, representando várias
letras e íamos formando palavras e colocando-as na mesa, e, se era uma palavra não
conhecida pelos demais, consultávamos o dicionário para ver se existia. Cada letra tinha
um número para o somatório de pontos. Passávamos o dia todo jogando, era bom,
porque, aprendíamos português!
-Jose Cliton tinha outro irmão, e irmãs, o outro era o Carlos Guido que estudara
com meu irmão Alanio.
-Certa vez fora passar parte de minhas férias em União dos Palmares na casa de
meu vizinho José Vicente, pai de meu colega Genivaldo, o “Nado”. Era uma casa que
tinha um armazém anexo. Seu José Vicente era comerciante de arroz, feijão e algodão,
como dissera alhures. O filho mais velho dos homens era o Zé Vicente Filho, meu
amigo, também. Aos sábados era dia de feira em União dos Palmares, e muitos dos
produtos que o senhor José Vicente vendia, vinham transportados em cavalos. Os donos
dos animais prendia-os em argolas existentes e chumbadas na calçada do prédio. Hoje
quando alguns rapazes ou meninos, ao estacionarmos nossos veículos, perguntam:
-Lembro-me de União dos Palmares em minha infância dos treze anos de idade,
quando os homens descarregavam os animais, eu e o Zé Vicente Filho perguntávamos:
-Tomo conta? Pois, damos banho, comida e o colocamos na sombra para secar!
-Uns concordavam, outros não. Tinha um homem muito chato, ele possuía uma
égua muito bonita e nova. Havia outro que possuía um potro novo e garanhão, de cor
preta, cujo animal era doido para cruzar com aquela égua. O dono da égua a colocava
bem longe do potro negro. Um dos sábados, eu e Zé Vicente resolvemos dar uma de
cupido. Ficamos um em uma ponta da calçada e o outro na outra extremidade. Lá estava
87
]
o potro amarrado por um laço em uma das argolas existentes. Quando vim de lá para cá,
abaixei-me e afrouxei um pouco o laço, rapidamente. Depois o Zé Vicente fora para lá e
deu mais um puxão no laço, essas manobras fizeram o laço se soltar e o potro negro
ficara livre e fora cruzar com a égua. Quando o dono da égua viu o que estava
acontecendo, virou uma fera e começou a açoitar o potro e a briga entre os donos
começou, era de relho. Depois que o potro cruzou com a égua, não houve jeito, após o
episódio, o dono da égua deixava tomarmos conta do animal. O tomar conta consistia
em, eu e Zé cruzarmos a ponte do rio Mundaú e darmos um galope pelo centro de
União, Zé Vicente conduzindo o cavalo e eu na garupa, em couro cru, sem sela, depois
voltávamos e nos atirávamos no rio com cavalo e tudo, enquanto nadávamos,
puxávamos o animal pelas rédeas até uma pedra lajedo, dávamos banho com sabão e
depois retornávamos à margem, penteavamos a clina e o rabo do cavalo, levava até
embaixo de uma árvore do quintal da casa e dávamos comida. Cobrávamos, de uns, um
cruzeiro, e de outros cinquenta centavos, dependia do trabalho.
-O café da manhã na casa de Zé Vicente era farto, todos os dias havia cuscuz
feito com milho ralado, e molhado com um leite de gado quente, e abafado. Era muito
bom. A família do senhor Zé Vicente era grande como já dissera lá atrás e todos
participavam conjuntamente do café da manhã.
-Somente havia três coisas que eu não gostava. Uma delas era ir com os meninos
buscar água em uma nascente, era um olho d’água que ficava a uns seiscentos metros da
casa. Outra atividade era subir em uma escada de muitos degraus com uma lata cheia de
milho, ou de feijão ou de arroz, até a parte superior dos silos para derramar aquela
mercadoria, pois a mesma quando se ia encher os sacos para vender, tínhamos que abrir
uma comporta que ficava quase a um metro do chão, colocar a boca do saco ali e depois
de cheio, fechar a tampa do silo, e o excesso de grãos que caiam, tínhamos que apanhar
e recolocar no silo de novo, subindo na escada. A terceira, era apanhar algodão em uma
plantação próxima, era outra coisa ruim, pois, para colher os capuchos de algodão,
sempre cortávamos a mão em uma casca no formato de uma concha.
-Havia uma fábrica que fabricava um docê chamado Palmares, e era nessa
fábrica que nós íamos saborear o docê saído quantinho dos tachos.O gerente da fábrica
era amigo de José Vicente, pai de meus amigos onde eu estava hospedado.
-Uma vez fomos passar três dias na Fazenda conhecida por “Estrela”, ela era do
irmão do senhor José Vicente. Pela manhã nos íamos até o barracão da fazenda comer
bolachão com café e tomar leite cru que acabara de ser ordenhado do peito da vaca. À
tarde, nos íamos andar de cavalo. Havia duas éguas a nossa disposição, mãe e filha.
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animal que fixava a cela, e que possuía uma fivela feito um cinturão e era apertada. Zé
Vicente na frente e eu atrás. Alguns minutos de cavalgada, a Cila afrouxou-se e a sela
passou a rodar, e eu comecei a ficar por baixo da barriga da égua, e enquanto ela
cavalgava, batia com as patas dianteiras na minha cabeça. Comecei a gritar por socorro
e pelo Zé Vicente, até que ele me ouviu e parou a sua montaria, foi quando a minha
parou, também, como era de seus costumes.
-Aos sábados à noite íamos ao cinema no centro de União. Perto de casa havia a
pousada de seu Jonas, ele tinha um filho que era nosso amigo, o Joninha. Quase todos
os dias, eu e José Vicente, Joninha e outros meninos íamos tomar banho no Rio
Mundaú, e depois, íamos ao alto do sítio de seu Jonas ver mulheres e filhas lavarem
roupas e tomarem banho nuas. Ficávamos deitados em uma elevação que ficava em
direção do rio e lá as lavadeiras não nos viam e ali deliciávamos com aquele panorama
de quando a “EVA” viera ao mundo.
-Uma vez, foi o maior espetáculo, parecia que estávamos em uma tourada em
Madri, pois um dos animais não querendo ser abatido, soltou-se da corda que o prendia
e começou a atacar a todos. Foi aquele corre-corre, teve até um homem que se pendurou
em um dos ganchos de pendurar carne, e o animal queria, porque, queria, chifra-lo na
bunda.
-Foi lá em União que namorei uma menina chamada Petrúcia, que era, também,
cobiçada por um rapaz chamado Aldo Baía, filho de uma fazendeira chamada Helena, e
que mais tarde viera conhecer seus irmãos, um é o Chico Baía, primo de meu amigo de
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juventude, o Luiz de França, da cidade de Viçosa, Alagoas, irmão do saudoso Chico
“Tampa”.
-Quando eu era garoto, e em razão da morte de meu avô, ficara com medo de
escuridão, porém, em União, fora a um enterro de um conhecido de José Vicente e tive
que voltar do cemitério sozinho e no meio de vários sítios, aproximadamente às seis
horas da tarde, o medo havia acabado por completo.
EM VIÇOSA
-Se baterem neles vão ter que brigar com nós também!
-Quando ficava namorando na calçada da igreja, essa rua era a principal artéria
da cidade, pois era à entrada de Viçosa. O Zezé ficava circulando com o seu jeep de
quatro portas e gritava:
-Dizia isso com a minha namorada, embora não estivéssemos fazendo nada,
somente agarrados. Isso que era paixão não correspondida!
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-Em outra ocasião, eu fora convidado para passar dois dias em Viçosa pelo meu
amigo Lauro Braga, que Deus o tenha, pois haveria um grande baile. O pai do Lauro
era o comandante do destacamento de polícia militar de lá, e delegado, Major Braga.
Ficamos hospedados na caserna dormindo nas camas dos soldados que estavam de
folga. Durante essa época não estava mais namorando a Veronica, e quando eu e Lauro
dançávamos com as moças de lá, elas perguntavam a onde estávamos hospedados e nós
respondíamos:
-Na delegacia!
-Era aquele espanto, pois pensavam que éramos presos. Tínhamos que explicar
que o Major Braga era o delegado e era pai de Lauro.
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REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO XXVIII
-Eu quando estudava, ainda, no Colégio Diocesano, fui ensaiar para o desfile de
16 de Setembro, comemoração da Emancipação Política de Alagoas, quando Alagoas se
emancipou de Pernambuco, levando a minha bicicleta, pois, sairia no primeiro pelotão
abrindo o desfile. O dia 16 de Setembro era um dia de Domingo e, na sexta-feira, fora
ensaiar, mas, a catraca da bicicleta quebrou e o irmão marista encarregado para enfeitar
as bicicletas, desclassificou a minha, pois, dizia que não haveria tempo de consertá-la,
ensaiar, e enfeita-la. Foi uma decepção danada, pois, ao invés de desfilar no primeiro
pelotão cuja roupa era a de gala, a do Colégio Marista, tive que desfilar no último
pelotão com a farda escolar de cor caqui e de grossa listra vermelha, com um casquete
na cabeça, da mesma cor da farda, acenando uma bandeirinha do Brasil. Nosso colégio
naquele ano tirou o terceiro lugar.
-No ano seguinte, mandei revisar a minha bicicleta, e sai no primeiro pelotão.
Estava usando calça comprida de cor azul-marinho e camisa de manga comprida branca,
cuja camisa tinha o emblema do Marista, estava, também, usando na cabeça, um gorro
azul-marinho e calçava luvas brancas. Nos reunimos no colégio, mas, antes fomos olhar
a saída das meninas do Colégio de São José. De volta ao colégio, nos dirigimos ao local
da concentração que era na Avenida conhecida como Avenida da Paz, a Avenida Duque
de Caxias. Todos os colégios estavam concentrados ali. Participaram do desfile os
Colégios: Diocesano, de São José, Sacramento, Guido de Fontgalland, Estadual de
Alagoas cujo mascote era o anãozinho, o Dorgival, que mais tarde viera a ser advogado,
Experimental, Escola Industrial de Alagoas, hoje CEFET, Orfanato São Domingos,
Colégio convidado, o Colégio Diocesano de Garanhuns- Pernambuco e outros.
-A Escola Industrial tinha a melhor banda de Alagoas, ela tinha uns toques
diferentes, inclusive, no meio dos dobrados, mesclava-os com músicas americanas, o
jazz e populares brasileiras, era comandada por um maestro famoso, e mais tarde, pelo
meu amigo Edson, da cidade de Arapiraca-Alagoas, e seguida pelo Colégio Estadual,
mas, nesse ano, a banda vencedora fora a nossa.
92
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Fontgalland, pois havia um colega nosso chamado Marcos, o Marquinho, pois ele era
de pequena estatura, não era anão, que vinha desfilando montado em um cavalo branco,
portando uma espada e com vestimentas daquelas que Dom Pedro Vestia. O Efeito era
colossal, pois, o cavalo estava cheio de plumas, era lindo. Mas quando o Secretário de
Educação anunciou o vencedor, quase caímos de costa, pois, fora o Colégio Diocesano
que ganhara em primeiro lugar.
-Eu havia contribuído para aquela vitória, a qual eu tinha certeza pela qualidade
do desfile. Eu em minha bicicleta, quando o colégio da frente parava, a ala dos ciclistas
tinha que permanecer, todos eles, em cima das bicicletas, equilibrando-se sem cair, até
que o outro colégio avançasse. A um toque do apito, todos nós tínhamos que descer da
bicicleta e começar a marchar segurando o guidom até que outro apito fizesse-nos subir
na bicicleta e assim por diante.
-Tempos depois não existia mais aquele glamour dos desfiles de antes, por não
haver mais incentivo de taças e medalhas, acabara o amor cívico!
93
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO XXIX
-Contratamos a orquestra por CR$ 15.000,00 (quinze mil cruzeiros) uma fortuna
para quem não tinha nada. Alugamos a ASA- Associação dos Sargentos de Alagoas,
pertencente aos Sargentos do Exército.
-Eis que chegara o dia do baile de carnaval! Era aproximadamente onze horas
da noite, os músicos a postos e nada de clientes. Nesse dia estavam sendo realizados
vários bailes, um na Fênix, outro no Iate e um no Alagoinha. O nosso deserto. De vez
em quando um colega chegava perto de mim e dizia:
-Estava eu deveras aperreado, tive uma ideia, pedi ao um dos maestros que
começasse a tocar o Vassourinha, um frevo quente e conhecido por todos os foliões. Ele
não queria, dizendo que não tinha graça tocar sem ninguém, mesmo assim, começou a
tocar, e no segundo frevo, várias pessoas em seus carros começaram a parar na frente do
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clube e perguntar o que era aquilo e nós dizíamos que era carnaval fora de época. Em
pouco tempo o clube se encheu, esvaziaram os outros bailes, não havia lugar para mais
ninguém e chegando mais. As pessoas que iam comprando ingresso, tinham que
comprar das mãos de uma das formandas um broche por CR$ 2,00 (dois cruzeiros) e
assim ia engordando o caixa da turma. Quando o baile terminou, as pessoas pediram
mais e tive que pagar mais Cr$ 500,00 (quinhentos cruzeiros) para a orquestra tocar por
mais meia hora.
-Quando demos balanço nas finanças, quase caímos de costa, pois era tanto
dinheiro que não sabíamos como gastá-lo. Pagamos a orquestra, as bebidas e comidas,
garçons e o aluguel do clube e sobrara muito dinheiro. Com a sobra, fizemos um
coquetel para os professores, um almoço no mais famoso bar e restaurante da Capital e
conhecido internacionalmente, era o Bar das Ostras, almoço para setenta e duas pessoas,
incluindo professores, alunos e familiares. Sobrara, ainda, dinheiro, fizemos o baile de
formatura no Clube Fênix, um almoço para os encarregados da formatura e a sobra
final, fora distribuído Cr$ 8,00 (oito cruzeiros) para cada organizador da formatura.
-Anos depois, aparece o Maceió Fest, o qual se dizia que fora o Ronaldo Lessa
que fizera o primeiro carnaval fora de época de Alagoas, lerdo engano, o primeiro
havia sido o meu!
-Em Maceió gostávamos de participar do corso, eram duas filas de carros, uma
indo, e outra voltando. Os proprietários tinham que licenciar os carros no DETRAN
para o Corso. Quando os carros se cruzavam, era aquela alegria. Ficávamos esperando
que aquela menina que nos interessava retornasse e ficávamos flertando, as vezes
jogando confetes e, doutras feitas, atirando jatos de lança perfume. Naquela época havia
os lança-perfumes da marca Rhodoro e Colombina, o primeiro era feito de latão, e o
segundo de uma ampola de vidro, muito perigoso, pois, ao se colocar no bolso da calça,
poderia haver um acidente, nos cortar.
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morena era sua prima de nome Isabel e morava em Viçosa, Alagoas. Fiquei namorando
a Isabel e a loura não gostou e passou a me chamar de “enrolão” e todas as vezes que
estava em companhia de sua mãe, sempre dizia:
-Até hoje ela me chama de tal coisa, e é formada em direito, minha colega de
profissão, minha presada amiga Elisirene!
96
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO XXX
-Em 1962, o Brasil fora campeão mundial de futebol. Nas quartas de finais, um
dos jogos seria contra a Inglaterra. Nessa época eu trabalhava no Diário Oficial como
revisor. Fizeram uma aposta quem ganhava o jogo entre o Brasil e a Inglaterra. Eu
marquei o bolão com o escore de 3x1 para o Brasil. O jogo seria em um domingo em
Vinã Del Mar no Chile. Era o dia 10 de junho de 1962 e no dia 13, na quarta-feira da
semana seguinte, seria o meu aniversário. Marquei com o meu amigo Pedro Roberto
Barbosa, que é pai da Jornalista Gilka Mafra, para irmos ao cinema São Luiz, antigo
Cine Art. Na entrada, nos encontramos com um amigo comum e ele nos convidou para
assistirmos ao jogo, naquela época era através de transmissão por rádio, e tomar um litro
de Whisky que ele havia ganho, e, assim fora acertado. Ao término do filme, nos
dirigimos a um bar que ficava em frente à Praça Montepio. Esse bar possuía mesas de
sinucas, e, quando começou o jogo, nos abrimos o litro de Whisky e ficamos ouvindo o
jogo ao som, também, de um senhor que tocava clarinete acompanhado por seu filho em
um tambor.
-Dissera-lhes que havia participado de um bolão e que o escore era 3x1 para o
Brasil. Ao término do jogo, realmente o Brasil vencera a Inglaterra por 3x1, eu ganhara
o bolão cujo dinheiro iria me servir para gastá-lo em meu aniversário. O colega Pedro
Roberto jamais havia colocado uma gota de álcool na boca, e, nesse dia, por insistência
nossa, ele começara a beber, cujos argumentos eram de que eu ganhara o bolão e de que
estávamos, também, festejando a vitória do Brasil e o meu aniversário antecipadamente.
Pedro Roberto, menino dedicado aos estudos, só tirava nota dez, seus pais tinham um
verdadeiro orgulho dele. Nessa época estudava no Colégio Estadual de Alagoas,
Colégio de muita rigidez. Ficara bêbado, fiquei apreensivo como chegar em casa com o
Pedro naquele estado de embriagues? Fizemos de tudo, saímos arrastando-o
literalmente, pelo centro de Maceió, foi quando tive uma ideia maluca, pensando que
funcionaria. Arrastamos o Pedro, cada um de nós segurando por um braço e
empreendemos um passeio pela Ladeira do Brito, e ao começarmos a subir, verificamos
que havia mais duas ladeiras, cada qual de um lado da principal, uma delas dava, como
até hoje dar para os fundos do Colégio de Sacramento. É uma ladeira íngreme, até hoje
não sei como nós não embolamos de ladeira a baixo, nós três. Ao passarmos pelo
contorno do Parque Gonçalves Ledo, em frente à casa de nosso colega Arabutã, a mãe
dele disse que Pedro era seu parente e o deixasse lá um pouco para se recuperar, e se
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isso não acontecesse ela iria telefonar para os pais de Pedro para que eles viessem
busca-lo.
-Nessa época, não sabíamos que os pais de Pedro estavam sem falar com os pais
de Arabutã, talvez a mãe de Arabutã vira uma oportunidade de fazerem as pazes, não
sei. Lá para as tantas a mãe de Pedro já aperreada fora lá em casa e eu com medo da
represália disse que não sabia onde ele se encontrava.
-A mãe de Arabutã telefonou para seus pais e eles foram busca-lo. Dona Nilse,
mãe de Pedro, passou um bocado de tempo sem dirigir-me a palavra, vez que, o Pedro
perdera as provas parciais de meio do ano, foi um episódio que não quis mais repetir,
quem quisesse beber que bebesse.
AS NAMORADAS
-No Beco de São José, centro de Maceió, localizado por trás da Avenida Moreira
Lima, fundos da hoje Casa Vieira, tive três namoradas, apesar de ser apenas um
pequeno trecho de rua. Uma delas era a Nadine, namorada de Pedro Roberto. Os
senhores a partir das próximas narrativas vão pensar que era inveja ou perseguição de
mim para com o Pedro Roberto, mas, apenas consequências do destino. Nadine era uma
garota loura, bonita e baixinha, gostava muito do Pedro, ela parecia a artista americana
Sandra Die, era muito esperta não demorava com namorados. Tomava-me por
confidente, como era o meu carma naquela época, servia de confidente para várias
meninas, chegando até haver dificuldades em namorar, pois, muitas delas somente me
queriam como amigo, eu era o “Muro das Lamentações”!
-Pedro flagrara por muitas vezes eu conversando com ela, notava que ele não
gostava, porém, era ela que quando me via me chamava para conversar. Um belo dia,
Pedro terminara o namoro com Nadine e ela viera chorar em meus ombros, cuja
consolação tornara-se namoro. Nadine namorou pouco tempo comigo, acho que uns três
meses, quando menos esperei, ela terminou comigo e entabulou, em seguida, um
namoro com outro meu colega, o Valdir. Depois de alguns anos, não via mais Nadine,
soubera por familiares que ela havia se formado em Medicina e morava em outro
Estado.
-Outra que namorei foi a Vera, mais foi um namoro passageiro. Outra vizinha de
Vera, fora a Fatima, que no futuro tornara-se médica, e o namoro acabou assim que
saímos do cinema Plaza, no bairro do Poço, quando assistimos a um filme chamado
“Intriga Internacional” dirigido por Alfred Hitchcock, e estrelado por Cary Grant, James
Mason e outros.
-Era próxima a época de carnaval, uma amiga chamada Lucia havia terminado o
namoro com o Pedro Roberto e engatilhamos o nosso, era linda, tinha olhos verdes,
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passamos o carnaval namorando, e pouco tempo depois acabou-se, hoje ela é
empresária.
-Tive outra namorada, mas, dessa feita não era nada do Pedro. O pai era Fiscal
de Rendas Estadual, morava em um sítio, era natural de Viçosa, Alagoas. O namoro
aconteceu na marra, pois seu pai era metido a bravo e não queria que a filha namorasse,
pois naquela época contava apenas com quinze anos.
-Havia uma quadrilha de São João a qual quadrilha era pertencente ao Colégio
de São José. O meu irmão Alanio era o sanfoneiro. Uma vez, Alanio faltou ao ensaio, e
souberam que eu tocava sanfona, lerdo engano, pois, quase não aprendi nada. Meu pai
colocou-me para estudar sanfona, não aprendi, para estudar piano, idem, e pandeiro,
pior ainda. Mesmo assim, pediram para eu acompanhar o ensaio tocando sanfona.
Naquela época não chamavam sanfona e sim de acordeom. Eu só sabia uma música,
chamada de “Caminho da Roça”, e, após uma hora e meia tocando a mesma coisa, fui
obrigado a parar, pois, ninguém aguentava mais.
-Soube que o senhor gosta de botar os rapazes para correr, mas, eu não vou não!
-Cabra macho!
-Gostei de você! Vou deixar, mas, se fizer a minha filha sofrer vai se haver
comigo!
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bairro do Farol, Avenida Fernandes Lima esquina com a Avenida Rotary. Que mais
tarde funcionou a empresa Casa Lemos. Nesse dia ela pediu-me que falasse com a sua
mãe para namorarmos na porta. De longe disse:
-Minha mãe é aquela que está sentada naquele sofá no meio daquelas duas
mulheres o nome dela é!
- Meu nome é Alde! - Estou namorando a sua filha e queria namora-la na porta,
com o seu consentimento!
- Ela me olhou com curiosidade e espanto, pois, a filha tinha apenas treze anos,
mais, parecia ter dezoito, era muito desenvolvida, e perguntou-me:
- Respondi.
- Ela disse:
- Admiro muito seu pai é um homem ilustre, já fora meu professor, porém, ele é
um homem pobre e não dá para você rapaz, namorar a minha filha!
- Agradeci, dei boa noite e sai dali a mais de mil, nunca tinha passado por
tamanha humilhação! - De volta a Talma perguntou:
-Mais ela argumentou que poderia ficar de castigo, mas, não deixava de namorar
comigo nunca. Ato contínuo sua mãe a chamara e ela ficou sentada perto dela o tempo
todo. Namoramos por mais um tempo e a sua mãe colocou a filha mais nova para vigiar
a irmã, porem, ela tinha ficado minha amiga e não contava nada.
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REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO XXXI
-O finado Carioly, naquela época, era um mini empresário, vendia seus produtos
sobre uma lona estendida na calçada do Órgão Serviço de Peste em Alagoas, ele vendia
peças de bicicletas, eu as comprava sempre, no futuro tornara-se um grande empresário,
fundando as empresas Carioly. As bicicletas naquela época eram emplacadas, tinham
que estar devidamente aparelhadas com farol, olho de gato e retrovisor. O
emplacamento se dava na Rua do Comércio, e os faróis eram movidos a dínamos.
-Vou chamar a polícia, pois, aqui não é permitido tomar banho, inclusive nus!
-A maioria nua e tomando banho de piscina em frente à rua. Tivemos que fazer o
que hoje fazem os políticos, comprar o vigia, com dinheiro e mercadorias para que ele
não chamasse a polícia. Fora um momento de tensão!
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REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO XXXII
-Ás vezes, à tarde, eu e os Pontes, íamos brincar nos fundos da igreja, lá existiam
umas catacumbas e nos corríamos por cima do muro. Às vezes adentrávamos na igreja e
tomávamos o vinho de missa e o padre ficava uma fera. Havia as novenas, da festa de
São Benedito, e todos os meninos, tanto da rua na qual eu morava como na rua da
própria igreja, disputávamos os apetrechos, castiçal, turibulo e outros, para entrarmos
juntamente com o Padre Sarmento para acompanhar a missa. Um dia, fui o encarregado
para levar o turibulo, e o mesmo continha carvão em brasa e colocávamos incenso para
ser queimado. Para manter as chamas, tínhamos que balança-lo e às vezes fazer um
movimento rotativo como se fora um ventilador, para atiçar as brasas e, nesse
movimento, fora brasa para todos os lados, chegando até a queimar um pouco o tapete
do altar, e o Padre ficou bravo e não quis mais o meu auxilio, sempre fui muito
“Ajeitado”.
O CEGO MOACIR
-É a prática!
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REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO XXXIII
-Santos, eu sei que você estar um pouco cansado e vou lhe arranjar um cargo
leve!
-Divaldo, eu não era um velho decrépito quando fiz vários discursos para você
em praça pública!
-Em outra ocasião, havia uma relação de cargos públicos e Divaldo prometeu a
meu pai colocar o meu irmão Alanio em um deles. Era o de Adjunto de Promotor, havia
quarenta e quatro vagas, salvo engano. Na véspera da publicação das nomeações, o Dr.
Eraldo Bulhões, que tinha sido um dos professores de meu irmão, não vira o nome dele
na relação e interpelou o Divaldo.
-Divaldo respondeu:
-Que depois daria um cargo melhor para o filho de seu compadre, pois, tinha
prometido o cargo para o filho de um político do interior!
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- Foi quando Eraldo disse:
- É uma covardia o que você está fazendo com o seu compadre e se não colocar
o nome de Alanio na relação eu vou sair do cargo que ocupo!
-Alanio quando tinha 18 anos, fugira com a irmã de Fernando Toledo. Ela era
filha de Usineiro, tinha na época 13 anos e Alanio 18, acharam por bem fazer o
casamento mesmo contra a vontade. Poucos anos depois, em um dia dos Pais, Alanio
fora almoçar na casa de nosso pai e a esposa na casa do pai dela. Lá para as cinco da
tarde, Alanio fora busca-la para irem para casa, foi quando a sua sogra dera a notícia:
-Aquilo fora um balde de água fria em Alanio, pois, gostava muito dela e até
hoje, tenho a impressão que ele ainda gosta, pois, sua vida mudou muito. A princípio,
ele teve forças para continuar a faculdade de direito, pois, naquela época, Alanio tocava
em um conjunto chamado de “Tander Boys” depois fora trocado para “Grupo Seis”.
Não Trabalhava naquele tempo e o tio de sua esposa o chamava de violeiro. Após a
separação, Alanio enfrentou os estudos com afinco e formou-se. Quando estava de
posse dos convites, ele desenhou uma viola em um deles, grifou seu nome e colocou a
palavra “O Violeiro” e mandou o convite para o consultório do odontólogo tio de
Mirian Toledo, esse era o nome dela. Soubera que ele ficara uma fera.
-Alanio tivera um filho com uma ex-namorada minha, seu nome Rodrigo e outro
de seu casamento com Viviane uma moça de Penedo cujo nome do filho é Diego
Dardenos. Dardenos é o segundo nome de Alanio.
-Ele fora em Arapiraca sócio de Geraldo Magela Pirauã, hoje Promotor Público,
em um escritório de advocacia. Alanio anos depois, fora exonerado, como os demais, do
cargo de Adjunto de Promotor, por não ter feito concurso para tal, devido a uma ação
proposta por Mendonça Neto, ex-deputado federal.
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REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO XXXIV
-No dia do impeachment, era mais ou menos três horas da tarde, quando eclodiu
o barulho de armas sendo acionadas. Nesse momento, eu estava com meus amigos
jogando bola, um jogo chamado de “Zorra”, entre o muro do Colégio São José e um
poste existente. O tiroteio fora na Praça da Catedral, e no começo da Moreira Lima,
onde eu me encontrava, já vinha gente correndo com medo.
-Tudo começara quando o sogro de Muniz Falcão que era deputado estadual, o
Humberto Mendes, ingressara na Assembleia vestido de capa de chuva, em uma tarde
por demais quente, cujo sol ainda estava a pino, portando uma metralhadora, na
companhia de seus filhos Robson e Valter Mendes, também, armados.
-Certo dia, meu pai chegou aperreado em casa, quase chorando, pois, ele era
jornalista do Jornal Gazeta de Alagoas, pertencente a Arnon de Melo, pai de Fernando
Collor e era o editorialista de primeira página, contra o governo de Muniz Falcão, e o
cunhado de Muniz, o Robson Mendes, por muitas vezes contratara a sua morte, sendo
sempre contestado pelo próprio Muniz quando dizia:
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-O professor Antonio Santos é um profissional, ele não fala mal de mim e sim do
meu governo, pois, ele é meu amigo independente de Jornal, quisera que ele trabalhasse
para o jornal do Governo!
-De outra feita era impedido por Djalma Falcão e Camuser Falcão. Por essas
razões, o meu pai havia chegado em casa aperreado, em virtude de ser maçom, e o
Robson ser também, e havia uma ordem de prisão para Robson Mendes, e como ele era
irmão maçom de meu pai, fora decidido que ele ficaria escondido em nossa casa. Dias
depois resolveram tirar o Robson de Alagoas e mandaram-no para outro Estado o qual
desconheço, que alívio para nós não termos um inimigo em casa.
-Certo dia estávamos jogando bola na esquina do Colégio de São José com
Avenida Moreira Lima, quando de repente ficamos ofuscados por um brilho de metal.
Era um objeto voador parecido com um prato, metálico, depois tomava a forma de um
charuto e todos os presentes que observaram aquele objeto, viram que ele ficava algum
tempo parado no ar, depois se movimentava com rapidez até que de repente desapareceu
com uma velocidade vertiginosa. Achamos na época que era um disco voador, não me
deixando mentir, Paulo Pontes, André Pontes, e outros colegas que moravam na Rua
Fernandes de Barros, conhecida por Rua da Floresta. Várias pessoas em Maceió viram
tal objeto voador. Por safadeza, um membro da família Becker que tinha um foto do
mesmo nome, na Rua Barão de Penedo, fez uma montagem e a publicou nos jornais da
época. Ele amarrou um lençol branco de uma parede à outra e colocou um prato por trás
do lençol, oposto a um refletor que dava um efeito parecido com um disco voador e
publicou, quando na realidade ele não havia presenciado tal objeto como nós
presenciamos.
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REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO XXXV
AS FRUTAS
-A boca de uma criança era abençoada e que não iria mais subir!
-Deu muito trabalho para convencê-lo, e ele subiu e a podou, nunca mais a
árvore deu frutos que prestassem!
-Quem também tinha frutos gostosos era o Dr. Armando Montenegro, sogro do
atual desembargador Alcides Gusmão, pois, em sua casa havia um pé de abacateiro que
dava abacates enormes, sempre trocávamos sapotas por abacates.
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REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO XXXVI
-Não fora por covardia, pois, chegara à conclusão de que os mandantes para
enfrentar a polícia não ficavam a frente e sim por trás, os verdadeiros covardes eram
eles e não nós, inclusive não sabíamos ao certo o por quê daquele ato de enfrentamento.
Havia naquela época uma verdadeira lavagem cerebral nos estudantes, que acarretou
muitas prisões e mortes, como até hoje existe. Nunca mais participei daqueles
enfrentamentos!
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REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO XXXVII
-Havia um gay por nome de Sandoval Duarte, ele era baiano e artista plástico, e
o prefeito da época era o Sandoval Caju, e em outro cartaz:
- “Sandoval Caju tem pinta de louco e Sandoval Duarte é louco por pinta”
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REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO XXXVIII
A DANÇA DA ÉPOCA
LANÇANDO MODA
-Havia na Rua Nova, hoje Barão de Penedo, de esquina com a Rua Joaquim
Távora, uma loja que vendia botas de vaqueiros, selas, arreios etc. Um dia eu passando
por lá, avistei uma bota feita de couro cru e pintada de amarelo, era um amarelo muito
chamativo. Não tive dúvida, comprei a tal bota, calcei e fui desfilar na Rua do Comércio
em Maceió. Por onde eu passava levava uma vaia daquelas por intermédio de meus
colegas. Porém, uma semana depois, alguns perguntaram a onde eu a comprei e em
poucos dias, todos estavam usando o mesmo tipo de bota.
-Não vou citar nome, porém, aconteceu um fato perigoso e ao mesmo tempo
engraçado. Um dia eu estava em frente ao Colégio Sacramento no Farol, quando me
encontrei com uns colegas que me disseram:
- Disse-lhes que aquilo era um trote e que fossem pegar uma outra pessoa!
-De repente, surgia na esquina do Parque Gonçalves Ledo, com a rua do Colégio
Sacramento, um amigo nosso, que era conhecido como pessoa que tinha o pavio curto e
eles, disseram:
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-Fulano é verdade o que estão comentando de você?
-Fulano, dizem que tem um cara que anda falando de você. Diz ele que você
arriou as calças, sentou-se no colo dele e ainda ficou pegando em sua orelha, isso é
verdade?
-O fulano ficou de todas as cores e quis saber quem era aquela pessoa que
andava falando dele!
-Dissemos que o nome dele era CELITE e que trabalhava na Loja São Luiz na
Rua do Comércio! - E ele disse:
-Hoje à tarde eu vou falar com esse cara e ver se ele tem coragem de me dizer
tudo isso!
-Eram umas 16:00 horas quando nós estávamos na Rua do Comércio encostados
nas paredes da Loja do Murilo Lopes, “A Tartaruga”, cuja loja o senhor Murilo sempre
colocava graxa nas paredes que era para sujar nossas roupas, pois, sempre empatávamos
a entrada dos clientes na loja, quando chegou o nosso amigo. Ele quando chegou fora
direto para a Loja São Luiz que ficava em frente. Aquela loja vendia materiais de
construção e notamos que por baixo da camisa, havia certo volume, depois ficamos
sabendo que era o revolver de seu pai, que era advogado.
-Quem é o safado por nome de CELITE? Onde está esse cabra safado e covarde?
- Foi quando o gerente lhe dissera que era uma safadeza de algum amigo dele,
pois CELITE era a nova marca de um vaso sanitário e, quando disseram que ele pegava
na orelha do CELITE, queriam dizer que era na cordinha da descarga!
-O nosso amigo passou vários meses sem falar comigo e com os demais colegas.
Ele nessa época era aluno do Colégio Marista de Maceió e hoje é um dos famosos
advogados de Alagoas, meu amigo e de uma respeitável família.
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REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO XXXIX
MORANDO EM ARAPIRACA
A RECEPÇÃO
-Fui até a Praça Marques da Silva e fiquei em frente a uma loja que depois viera
saber que era de um senhor da família Mota, pai do Radjalma, um conhecido de meu
irmão Antonio Carlos. Aquela loja vendia bolsas de viagens, carteiras de porta-cédulas,
cinturões e outros apetrechos. Eu sempre fui fissurado por porta-cédulas. Estava
distraído, e, quando me dei conta, estava cercado por uma dúzia de rapazes, entre eles
havia um que falou:
-Esses caras vêm de Maceió para perturbar a nossa paz e tomar nossas
namoradas, pois, as meninas são loucas por bancários, merece uma pisa e vamos dar!
-Era óbvio que era comigo, pois, além de vir de Maceió, viera trabalhar no
Banco do Estado. Não teve argumento que o demovesse de seu intento em aplicar-me
uma pisa. De repente, ouviu-se uma voz que dizia:
-Era um colega que conheci em Maceió quando nas minhas tardes frequentava o
comércio para assistir as passagens das meninas dos colégios e conversar com os
amigos, encostados em carros, que nós denominávamos “limpar carros” e às vezes,
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encostados na parede da Loja “Tartaruga” do senhor Murilo Lopes. Era o Benjamin,
filho de um homem com o mesmo nome que, mais tarde, viera a saber, que possuía uma
loja de defensivos agrícolas. Não tiveram coragem de enfrentar o Benjamim, foram
embora.
-A estrada era de areia e possuía muitas curvas, algum tempo depois, chegamos,
e a respeito de o prefeito ser seu tio, era verdade. A festa se desenrolava em um grande
armazém. Bebemos, comemos e dançamos com as moças que lá se encontravam.
PRIMEIRAS DESPESAS
-Retruquei que não possuía dinheiro para aquilo, pois, ainda não havia nem
começado a trabalhar e somente receberia o salário após um mês de trabalho!
-As moças ficaram curiosas, pois, não sabiam que os Irmãos Redondos vendiam
móveis. Qual não fora a surpresa de todos os presentes, o empregado veio trazendo um
caixão de madeira, enorme, e o Sarmento disse:
113
-As moças começaram a ri e eu fiquei de cara no chão, envergonhado. Sarmento
pediu que o ajudasse a carrega-lo, fiz o que ele pediu, mas, com uma vergonha danada,
sem olhar nos olhos das moças e sem olhar para trás.
A APRESENTAÇÃO
-Uma noite ao caminhar pelo segundo trecho da Avenida Rio Branco, avenida
principal da cidade, pois, lá se localizava o Clube dos Fumicultores, dei de cara com
uma linda garota, tinha duas barroquinhas, uma em cada canto da boca, olhos verdes,
enfim, uma boneca, parecia à atriz de hoje chamada de Ana Paula Arósio. Fiquei
encantado e, como não gostava de perder tempo, principalmente no que se tratava do
coração, disse que a queria como namorada, porém, ela alegara que era muito nova só
trinta treze anos de idade. Nessa época eu tinha vinte e um, oito anos mais velho do que
ela. Mesmo assim, ficamos namorando as escondidas.
-Chegou a festa de São João, eu não era sócio do Clube dos Fumicultores, mas
recebi um convite para ir ao baile. Lá chegando, tratei de tirar a minha namorada para
dançar. Foi muito engraçado, sua mãe dissera que ela não dançava e que era muito nova.
Mesmo assim, insisti e ela desobedecendo à mãe, foi dançar comigo. Dias depois me
apresentei à mãe dela e pedi consentimento para namorar, consentiu, mas com reservas
e um pé atrás.
114
empregada de minha namorada. Tradição é tradição. No outro dia foi o maior
comentário na casa dela.
-Ao chegarmos a Viçosa, eu já não tinha mais o que botar para fora, só se fosse
as tripas. Havia vomitado o percurso todo, com mais frequência nas curvas. Cheguei
doente. Havia uma propriedade dentro da cidade, apenas limitada com o centro por um
rio. Seria ali o casamento. Ao chegarmos, a filha do proprietário, que era prima do
noivo, veio nos receber e ao notar o meu enjoo fora buscar remédio. Não havia remédio
que desse jeito. Ela era muito educada e bonita. Ficamos trocando olhares apaixonados.
“Caiu na rede é peixe”- Por isso marcamos de nos encontrar quando eu fosse à
Maceió!
-MJ, eram as iniciais da namorada de Arapiraca, já havia dançado e, as iniciais
da novata eram TT. Deixo de citar nomes em razão delas serem hoje mulheres casadas e
com filhos, todos beberam menos eu, lá para as tantas, a festa acabou e tratamos de
regressar a Arapiraca.
-De volta, tínhamos que enfrentar mais uma vez as tais curvas e, agora, era
somente decida, na ida somente subida. Os meus colegas estavam embriagados, fora
uma farra daquelas. Apenas eu não havia bebido, por isso, de repente a camioneta faltou
freio e eu, somente eu, via pela janelinha da cabine o motorista aperreado querendo
freiar o veículo sem conseguir. O motorista fizera as curvas utilizando o freio motor.
115
-Em parte, que festa horrível para mim!
-Quinze dias depois fui a Maceió, fiquei hospedado na casa de minha irmã
Clesia, que era casada com o viúvo da irmã do Dr. Aurino Malta. Depois do almoço,
telefonei para a TT em um telefone de uma transportadora que ficava próxima a
residência de minha irmã, pois, o gerente era nosso amigo.
O JORNAL DA CIDADE
-Não tem vergonha não, uma cara desse tamanho fazendo dessas coisas!
-Adquiri um exemplar e quando olhei nas páginas sociais, o Roberval tinha feito
uma poesia comigo, mais ou menos nesses termos, pois esqueci as demais estrofes!
-Terminava assim:
116
apenas o último semestre, o nome dele era Lourenço de Almeida, contador rábula, pois,
não tinha o curso, era contador da empresa de energia elétrica de Arapiraca, pertencente
a um particular chamado Valdomiro Barbosa, irmão de Djacir Barbosa, médico em
Arapiraca, de Pedro Barbosa, pai de meus colegas Pedro, José Roberto, Heitor e Afra.
O Tal colégio era dirigido pelo professor Moacir Teófilo, pai de Rogério Teófilo, cujo
filho hoje é importante político daquela cidade e do nosso Estado de Alagoas.
-Vamos fazer uma aposta de cerveja, como eu conheço todas as obras de poetas
brasileiros! Eu recito uma e você diz o autor e vice-versa!
O HOTEL LOPES
- A pessoa respondia:
-E como resposta:
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O COZINHEIRO
-Certo dia, recebemos a notícia de que o banco não mais ia financiar os almoços
e jantares no Hotel Lopes, pois estava ficando muito caro. Nessa época eu ganhava mal,
era Cr$ 50.000,00 (cinquenta mil cruzeiros) mais a ajuda de custo da alimentação. O
banco resolveu nos dá uma ajuda de custo, porém, nos teríamos que fazer a nossa
própria compra de mantimentos e cozinhar em casa. Contratamos um rapaz, nós
desconfiávamos que fosse afeminado. Não tinha feijão e arroz que desse vencimento,
pois, faltavam com frequência, não sabíamos como isso acontecia. Meses depois,
descobrimos que ele ficava cantando lá no quintal da casa e queimava o feijão e o arroz,
por isso que sempre faltavam esses produtos, e, além do mais, jogava dentro da cisterna,
pois, na república não havia água encanada e tomávamos banho de cacimba. Sempre
que abríamos a cisterna, saia uma nuvem de mosquitos.
–A minha mãe, quando comprei umas cuecas, mascou-as com as minhas iniciais
“A e L”, quando o empregado viu aquilo inserido na cueca perguntou ao Sarmento:
-De quem é aquela ueca que tem um A e um Leme- trocava o L por Leme e
engolia as letras.
-Ele era muito inteligente, no carnaval de 1966 ele fizera uma fantasia. Fez uma
fantasia de soldado romano. Era escritinho um deles. Fez uma túnica e um saiote
colorido, de fazenda de cetim, pegou uma cuia de queijo- do- reino soldou uma lata de
óleo de cozinha sobre a cuia e adicionou um espanador vermelho dentro desse tipo de
chapéu, ficou sem tirar nem por um soldado romano. Mesmo com toda aquela
inteligência, tivemos que dispensá-lo, pois, o mesmo nos dava muitos prejuízos em
comidas queimadas e quebra de louças. Contratamos uma mulher que tinha uma filha
pequena.
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- Vão brigar para lá!
- Todos os meus colegas nos deram as costas, trancaram a casa com chave e nos
deixaram presos, brigando. Murro para cá, murro para lá, o fato é que cansamos e, com
as nossas camisas branca, de mangas compridas, meladas de sangue, e já cansados de
brigar, fomos, um ao lado do outro, puxar água da cacimba para nos lavarmos e,
tivemos de trocar de camisa. Quando chegamos ao banco, o primeiro bê-á-bá foi
comparecer à presença do gerente Gilson para recebermos uma reprimenda, e ele nos
alertou:
-O Sarmento ao chegar ao banco foi nos cabuetar como era o costume dele!
-Quando havia bailes no Clube dos Fumicultores, não perdíamos por nada desse
mundo. Os perfumes da época eram, em sua maioria, da Avon, como Toque de Amor, o
famoso Lancaster e outros, e não sei se a grafia é essa, mais lá vai assim mesmo, da
Helena Rubinstein. Minha mãe havia me presenteado com um perfume chamado
“Dance Du Fuego”, Dança do Fogo, e os meus colegas estavam sem perfume. Todos
nós colocamos o mesmo. À medida que íamos dançando com as meninas, elas
perguntavam:
- Era muito engraçado. Às vezes faltava um par de meias para um dos meninos e
eles usavam o do outro e advertia:
- Quem gostava de dizer isso era o Aécio Flávio de Brito, que mais tarde
tornara-se Juiz de Direito no Estado de Alagoas.
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-O Clube dos Fumicultores era muito restrito as pessoas da cidade e, nos
resolvemos criar o nosso próprio. Reuniram-se representantes de vários bancos, pois, já
naquela época existiam sete agências bancárias. Qual a sigla a ser criada, pensou-se:
-O nome pegou e criou-se. O prédio era de esquina, ficava colado com o Banco
do Nordeste, à frente para a Rua do Comércio e a lateral para uma rua onde
funcionavam vários bancos como: Brasil, Econômico e Banco do Estado de Alagoas.
Seu primeiro presidente foi o nosso gerente Gilson, o diretor social foi indicado o José
Cícero Sarmento Bezerra, o nosso colega Sarmento. Quem tomava conta era um homem
conhecido por “Cabeleira” por ter uma cabeleira penteada para trás e cheia de
brilhantina.
-Certo dia fora anunciado uma contenda de Judô com um professor de Recife, o
qual professor saiu a pedir de firma em firma uma ajuda para o espetáculo. Conseguiu
alguns colchões de capim e uma lona para cobri-los, imitando um tatame. O tatame fora
armado no Clube dos Bancários e no outro dia à noite, seria o espetáculo. No dia
anterior, uma sexta-feira, todos nós estávamos trabalhando o dia todo para fecharmos o
balanço semestral da agência, para o mesmo ser enviado a agência central, a ser
incorporado ao balanço geral de todas as agências. Nessa época, havia as agências de
Arapiraca, Palmeira dos Índios, Rio Largo, salvo engano, outras agências. Mas, naquela
sexta-feira, estava marcado um baile na ABA, e a atração principal era a Orquestra
Românticos de Cuba, uma orquestra internacional das melhores. Era mais ou menos
nove horas da noite, nessa época o Sarmento trabalhava na tesouraria e ele em poucos
minutos havia fechado a sua carteira, pois, o saldo da tesouraria estava correto, sendo
assim, ele fora para o baile. As Contas Correntes estavam dando uma diferença, cuja
diferença estava difícil de achar, pois existiam as Contas Populares, as Sem Limite, as
Especiais e as Públicas. Cada um de nós, exceto o Sarmento, ficou com uma parcela das
fichas para ver, por que, o saldo geral, ou seja, a rubrica de contas correntes, ficha
sintética, não batia com as analíticas. Passamos uma boa parcela da madrugada nessa
lenga-lenga. Lá para as tantas, descobrimos que o Aécio vinha dormindo um bom tempo
com uma das fichas nas mãos e o acordamos, em um dado momento, ele gritou.
-Achei!
120
pois eu era um sofrível datilógrafo e o Edson era o contrario, um exímio datilógrafo,
mandou que eu fosse para casa descansar que ele datilografava.
-Depois que a ABA foi criada, o Cabeleira resolveu fornecer comida, e nós
comíamos no almoço e no jantar de segunda a sábado, e durante a noite, a ABA
funcionava como bar. Era mais ou menos umas treze horas do sábado, um dia após o
baile, e a noite haveria a luta de judô. Depois do almoço, como estava somente amigos
no clube, o Cabeleira mandou que eu descansa-se um pouco no tablado onde haveria a
luta. Nesse interim, o Sarmento ia chegando e como era o Diretor Social, achou que eu
estava errado em dormir em cima dos colchões como se fora a minha casa. E com um
dos pés, pisou um pouco a minha barriga e dizendo:
-Eu retruquei:
-Sarmento me deixe dormir um pouco que não existe quase ninguém estranho no
recinto, e eu trabalhei a noite inteira enquanto você se divertia!
-Ele, em ato continuo, levantou um dos pés e tentou acertar a minha barriga com
toda a sua força. Entendendo a sua intenção, apoiei as duas mãos no solado de seu pé e
em um giro rápido o derrubei. Começou assim uma grande briga, na qual os presentes
tentaram apaziguar. Não houve jeito, o Sarmento estava possuído, talvez por uma
entidade maligna ou pelo efeito ainda do álcool. Não atendia a ninguém, inclusive ele
havia convidado um colega de União dos Palmares para passar o fim de semana na
republica do banco, o nome dele era Aloisio, hoje é um Procurador Estadual de
Alagoas, naquela época ele era da EMATER, um órgão do Governo Estadual. Coitado,
ao tentar acertar-me uma tapa, a mão fora parar no rosto do Aloísio. Douta feita tentou
me acertar com um cinzeiro, mas o mesmo fora parar na cabeça do Roberval. O
Sarmento estava tomado pelo ódio. Nessa época eu pesava uns quarenta e sete quilos e o
sarmento que era um pouco mais baixo do que eu, pesava uns oitenta quilos. Ele não
sabia lutar, entrava de vez e foi se dando mal, até que em uma das tentativas eu o peguei
pelos braços e coloquei os pés em sua barriga e fiz um movimento e, ele caiu com a
cabeça no chão.
-Os salões de festas dos clubes eram diferentes do da ABA, o normal era de que
o nível do salão fosse abaixo do nível onde se colocava as mesas, e, como era uma
adaptação, tivemos que colocar uma fileira de tijolos para separar o nível das mesas
com o do salão, pois, quando íamos dançar, tínhamos que pular aquele murinho de
tijolos, e fora exatamente alí que o Sarmento bateu com a cabeça, mas, não houve
121
danos, ele ficou por um bom tempo imóvel e o Cabeleira mandou-me para casa. “A luta
de judô começara antes do previsto”.
-Sai dali e fui para casa pensando, se realmente era aconselhável eu ir para a
republica, pois, o Sarmento era muito vingativo e estava com raiva de mim. Assim
mesmo, fui, porém, quando cheguei às imediações da Igreja Católica que havia no
Comercio, ouvi em minhas costas umas pisadas e encostei-me a um poste de ferro da
iluminação pública, era o Sarmento que vinha em desembalada carreira, e, do jeito que
chegou, fora logo me deferindo um potente soco, mas, eu me esquivei e ele bateu o
punho no poste e ficou gritando de dor. Nesse interim, eu fui à casa do Gilson, o
gerente, encontrei-o já de partida para Maceió, já havia ligado o motor da camioneta e
eu o fiz parar. Contei-lhe o acontecido, mas, ele era muito amigo de Sarmento e não
acreditou e, disse:
-Você prometeu não brigar mais e se isso acontecesse eu poderia solicitar o seu
desligamento do banco, não foi?
-Respondi-lhe que sim, e era por isso mesmo que não havia brigado, somente me
defendido dos golpes do Sarmento!
-Foi quando ele se acalmou e o Gilson foi até ao clube ABA tomar os
depoimentos dos presentes. Lá no clube ficou inteirado de todo o acontecido e o
Sarmento foi após uma reunião da Diretoria, deposto do cargo de Diretor Social e
proibido de frequentar a ABA pelo prazo de três meses, mesmo para fazer as refeições.
-Sarmento sempre fora afobado, contaram-me que quando ele chegou à cidade,
poucos meses depois, ele estava jogando baralho nas dependências de uma torrefação
dos filhos do senhor Mota e, em uma pequena discursão, um dos presentes chamou-o de
pederasta, hoje Gay, e ele quebrou uma garrafa de cerveja ainda cheia, na cabeça da
pessoa, ferindo-a, houve muito sangue, quem abafou o caso para não ir parar na polícia
e o Sarmento não ser processado por agressão, fora o Deputado Alonso de Abreu
Pereira, pai de um amigo nosso conhecido por Jota.
-Fulano ou fulana você é a pessoa que mais brilha nessa festa, assinado você já
sabe! - e outros telegramas.
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-Todos na festa ouviam, pois eles eram através de microfone e alto-falantes. Um
desses, pelo teor, fora passado, desconfiou o Sarmento de que fora aquele rapaz
delicado que o passara. O sarmento não teve dúvida, o procurou durante a festa do
padroeiro, cuja festa era comemorada durante nove noites. Encontrou o dito cujo.
Naquela época a população de Arapiraca era mais ou menos trinta mil pessoas e o
Sarmento fez o pobre desfilar de mãos dadas com ele pela festa toda, senão ele levaria
uma pisa daquelas. Desfilou sob os risos dos presentes e o Sarmento na maior cara de
pau não estava nem ai para os comentários. Era uma pessoa difícil. Sarmento no futuro
tornara-se Advogado.
A HIPNOSE DO DOUTOR
-O doutor Djacir Barbosa era dono da Casa de Saúde Afra Barbosa, o nome era
em homenagem à senhora sua mãe. Era médico ginecologista, tinha o hábito de
hipnotizar as pessoas, inclusive, contam, substituindo a anestesia. Certa feita, quando a
república situava-se na mesma rua da clínica, ele reuniu: Eu, Sarmento e Reinaldo
Carvalho. Dos três, apenas o Reinaldo ficou sob o efeito da hipnose. O doutor mandava
o Reinaldo tocar violino, gritar, relinchar, enfim, fazer várias coisas e ele não se dava
conta de que estava sob o efeito da hipnose. Quando recebeu ordem para acordar, não
acreditou nos relatos daquilo que ele fora submetido.
O CORRENTISTA FANTASMA
-E o Beda:
-O banco reservava certa quantia para dar esmola e era no caixa que os pobres
recebiam. O homem permaneceu no mesmo lugar e de novo.
123
-O senhor deu uma gostosa gargalhada e saiu em direção à gerência.
-O Beda quando viu aquilo ficara com receio e o porquê daquele senhor quase
maltrapilho ir falar com o gerente, e ele gritava:
- E Beda – Não!
– Pois esse senhor é aquela pessoa que deixa mofando muito dinheiro em sua
conta sem mexer!
- O Gilson afirmou que sim!- Pois aquele senhor era considerado pela Direção
Geral como um dos melhores clientes-
-O senhor Antonio não deixou que isso acontecesse, pelo contrário, disse:
- Ele era filho do chefe da Estação Ferroviária. Certo dia, o nosso colega Freitas
Dias, que hoje exerce a profissão de Advogado, fora transferido para a Agência Central
em Maceió. Ele exercia a função de caixa. Resolvemos fazer uma despedida. Como
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sempre, o Sarmento saiu pedindo aos comerciantes bebidas e comidas para a despedida
de Freitas. Foi uma festança, houve até dança. Era uma sexta-feira e a festa rolou até o
sábado, até o dia clarear. No domingo, os familiares do Arlindo vieram procura-lo, não
sabíamos onde ele se encontrava. Na segunda-feira já no segundo horário, recebemos
um telefonema da Agência Central perguntando por que o Freitas não se apresentara.
Foi quando ficamos desconfiados de que alguma coisa acontecera aos dois, Freitas e
Arlindo. Procuramos por eles pela cidade, ninguém sabia de nada. Acontece, que nos
fundos da casa da república, existia um quartinho e quando lá chegamos, encontramos
aquela cena. O Arlindo e Freitas dormindo no mesmo colchão, os dois vomitados,
estavam em coma alcóolico, tiveram que tomar injeções de glicose.
-Para o lugar do Freitas, veio outro funcionário cujo nome era Moacir, o qual os
colegas da Agência Central o apelidaram de “Estorno”, porque, tudo que fazia
estornava. Eu tinha sido o encarregado de dar-lhe as boas vindas. Quando o ônibus da
Santanense chegou, exatamente às 18h30min, eu fiquei a perguntar quem era o Moacir,
e de repente, vi um rapaz que o conhecia de Maceió, das noites de domingo no “quem-
me-quer” da Praça Deodoro, era assim que era chamado o vai-e-vem dos rapazes e
moças aos domingos naquela praça. Ele disse:
- Sou eu, mas, vou ter que voltar para Maceió, pois, esqueci a minha maleta na
rodoviária!
-Começava assim o estorno, Moacir tinha que ser estornado para Maceió!
-Roberval, como acima descrevi, era um poeta de escol e fez uma poesia com o
Moacir, mais ou menos assim, pois não decorei todas as estrofes
“No ano de trinta e oito, no dia vinte de maio, uma parteira coitada quase
morre de um desmaio, e a sua assistente quando avistou a serpente, disse, valha-me
Maria, foi aquele corre-corre, o cara que ficar morre o “Pindaiba” do Poço
nascia”.
AS PELADAS DE FUTEBOL
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ou menos às cinco horas da matina em uma quadra existente no centro de Arapiraca,
salvo engano, era em um grupo. Além de nós, havia alguns Americanos que
trabalhavam para empresa Aliança para o Progresso, era uma campanha dos Estados
Unidos. Havia um por nome de David e algumas mulheres, tinha uma galeguinha
bonitinha. Eu sempre desconfiei de que eles fossem espiões americanos, que vieram ao
Brasil para colherem informações sobre economia, produção, população, educação, etc.
Havia um funcionário do Banco do Brasil que era meu conhecido, me dava muito bem
com ele, o pai dele era um dos maiores produtores de fumo de Arapiraca, a propriedade
dele ficava entre os bairros de Cacimbas e Baichão, o nome dele era Humberto, era
funcionário do Banco do Brasil, ele era muito amigo dos americanos, e sempre os
defendia dizendo que não eram espiões.
O HÉLVIO E AS ZABEINHAS
-Nesse mesmo horário, ou seja, aos sábados, o filho do Valdomiro Barbosa, que
era um dos homens ricos de Arapiraca, como dissera alhures, explorava a distribuição
de energia elétrica para o município de Arapiraca, o nome dele era Hélvio, chegava à
porta da casa da república e gritava:
DIA DE PESAR
-Um dia soubemos que houve uma verdadeira catástrofe, pois, morreram várias
moças de uma mesma família, se afogaram na praia do Pontal do Coruripe, Alagoas,
eram alunas do Colégio das Freiras. O enterro saiu de frente da casa de minha namorada
MJ. Um velório, salvo engano, com sete caixões da mesma família. Foi uma verdadeira
comoção.
-Eu antes da MJ acabar a primeira vez com o namoro, eu tinha dado como
presente a ela dois cortes de tecido, um da cor Amarela e outro da cor vermelha, salvo
engano, já que não entendo muito de tecidos, acho que era Ana Enruga, aquele tecido
cheio de furos como se fora crochê.
-Resolvi dar, também, uma aliança de compromisso, mas, antes tive que pedir a
opinião da Antonia, “Tonha” era a nossa fada-madrinha, sempre nos apoiava em tudo.
Ela, inclusive, deu sua sugestão. Comprei a aliança de compromisso, porém, pouco
tempo depois, o namoro acabou e eu a vendi para um colega de Maceió, o Daniel.
Quando renovei o namoro não quis comprar outra, inclusive, por não ter recebido o
valor da venda. Era festa de Emancipação Política de Arapiraca, dia 30 de outubro, a MJ
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estava linda naquela farda, desfilando pelo Colégio de Bom Conselho. À noite, como
sempre, Tonha fizera a MJ sair para passear na festa que estava sendo realizada no
Bairro do Alto do Cruzeiro, marcou um lugar específico comigo para que eu me
aproximasse da antiga namorada, e com isso voltamos às boas. Ela estava muito linda,
havia mandado sua mãe, dona Maura, que era uma exímia costureira, fazer-lhe um belo
vestido com um dos tecidos que houvera lhe presenteado. Foi uma noite memorável,
pois consegui reatar o namoro com a MJ.
A INAUGURAÇÃO
-Naquela cidade havia feito muitos amigos. Uma família que até hoje faz parte
do meu círculo de amizade é a Mendes Bezerra. José Mendes, médico, e Luiz Mendes
Agrônomo, são gémeos, Roberto Mendes engenheiro, Olga professora e outra irmã a
Maria, odontóloga. Naquela época eles eram loucos, principalmente José Mendes, em
passar em um concurso de algum banco, pois, era um dos melhores empregos, dizia-se
de futuro.
-Sempre que podíamos, eu, Sarmento, Reinaldo e Aécio, íamos para a casa do
médico Geraldo Cajueiro, boa pessoa, e quando estávamos lá ele gostava de tocar em
uma caixa de fósforos acompanhando as músicas as quais a gente tentava cantar. Ele
morava na Avenida Rio Branco em uma casa que tinha uma pontezinha no terraço
externo e, embaixo dela, era aonde ele criava uns peixes. Era uma boa pessoa, muito
animado e gostava de estar junto com os mais jovens.
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-Foi obedecido!
-Eu por minha vez argumentei que era funcionário do banco da Produção! Mas,
ele disse:
– E eu com isso!
-Nunca mais!
-Mais uma vez a república se mudou para outra rua, desta feita uma rua que
vinha da direção da praça onde se situava o correio à Avenida Rio Branco. Havia três
casas, duas delas conjugadas, a outra na esquina com a Avenida Rio Branco. A primeira
era a república, a segunda morava a irmã do proprietário delas, e a terceira, morava o
próprio, o senhor Geraldo Lyra, pai de Márcia que mais tarde tornara-se a proprietária
da Loja Água de Cheiro situada no shopping Maceió, em Maceió, Alagoas. Minha mãe
havia me presenteado com um ferro elétrico, e o tal ferro era ligado em um Benjamim,
ou seja, uma espécie de tomada onde existia um bocal para colocar lâmpadas. Quando o
ferro era ligado, e em um dado momento, ele produzia um circuito e faltava energia.
-Edson Agra, nosso subgerente, fora transferido para Maceió e em seu lugar
viera o Benedito Lima, viera da carteira de Inspetoria. Benedito sempre foi uma pessoa
vaidosa, chegando até ser tachado de Narcisista. Sempre olhava para o espelho e dizia:
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-Quando chegou, se aliou, ou melhor, deu-se imediatamente com o Sarmento,
era Sarmento para cá, era Biu para lá. Nessa época eu já trabalhava nas carteiras de
cobrança e redescontos. Para a segunda, existia um relatório diário, o qual era
confeccionado e assinado por mim e assinado, inclusive, pelo Benedito.
-Também, Valdir, você vai namorar com uma mulher que tem os peitos
parecendo umas ximbras dento de uma meia!
-Um belo dia, apareceu lá na república uma rã e nós pegamos a rã, a colocamos
em uma caixa pequena, embrulhamos a caixa em papel de presente, passamos uma fita e
botamos um cartão com uma dedicatória, sem dizer de quem era e colocamos na cama
do Valdir. Ao chegar do cinema, era um dia de Sexta-feira, tomou banho e, como
sempre, passou uma tonelada de brilhantina no cabelo e como era de costume, começou
a penteá-los para trás, ao encontrar a caixa em cima de sua cama, e, ao ler a dedicatória,
perguntara:
-Quem deixou?
-Ele abriu a caixa e, para a sua surpresa, saltara tal rã sobre ele, foi aquele grito,
a rã começou a pular em cada dependência da casa!
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-Entregue esse relatório àquele burro, pois, o mesmo está errado!
-Então eu gritei:
- Se o senhor não tiver nenhuma punição, nada constando em sua ficha funcional
que o desabone, vou decidir pela sua transferência para Maceió, mas, se houver algo
desabonador, eu o demito!
-A única coisa que me deixava triste era que teria de deixar o convívio de minha
namorada MJ, com a qual conversava todos os dias, quando a esperava na porta de casa
para ver sua passagem quando vinha da escola e à noite ia até a sua casa namorar um
pouquinho. Mas, para minha paz era melhor a transferência. Benedito tinha estudado
com o meu pai, português e matemática para concurso, mas, mesmo assim, não me
considerou.
OS COMÍCIOS
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-A passagem pitoresca e inusitada. Haveria um comício na Praça Marques da
Silva, cujo comício era patrocinado pela oposição a Muniz. A família Lúcio, tradicional
família política da região, e, um dos seus membros, havia convidado um deputado
federal para falar no comício, e assim ele se expressara:
- Povo de Arara!
- E nós vaiando-o, e ele não se aguentando mais, dissera, por achar o nome
esquisito:
- O mundo viera abaixo, além das vaias, sorrisos. O tribuno era muito bom, pois,
por trás do palanque, não era um palanque armado, naquele tempo se fazia comícios em
cima de carrocerias de caminhões, estava passando um filme no cinema que ficava em
frente à praça, e o deputado no final do discurso concluiu dizendo:
- Era o título do filme, com os famosos artistas da época, Paul Newman, Edward
G. Robinson, Diane Baker, Micheline Presle e Elke Sommer, mais, Muniz nunca fora
criminoso!
131
-Após o atentado, ficara espalhada na rua, uma quantidade imensa de calçados,
sapatos, sandálias e chinelos que deu para encher um balaio de colocar pães, cedido por
Higino Vital.
132
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO XL
DE VOLTA À MACEIÓ
-Ao chegar a Maceió, fui trabalhar naquilo que eu queria, naquelas máquinas
enormes, do tamanho de um birô, máquinas da marca, salvo engano a escrita é assim,
Burronghs, como Mecanógrafo. Meu chefe era o Nilson, esposo de uma conhecida
minha, a Salete. Trabalhava junto comigo: Nivaldo o “Vadinho” que mais tarde tornara-
se gerente de uma das agências do banco, Souto Maior que se tornara médico e
Helvécio, não sei em que ele se tornara no futuro.
-O Edson Agra estava prestes a ser gerente de uma nova agência, a de Santana
do Ipanema e me convidara para ser o novo adjunto de subgerente e eu não aceitei. Ele
passou mais de três meses me chamando, não quis voltar para interior e, em meu lugar,
fora o Freitas Dias que certo tempo depois, se tornara gerente de uma das agências em
Alagoas.
-Em 1967, precisamente no mês de junho, como tinha duas férias vencidas, tirei
uma delas e fui passa-las no Recife, e de posse de uma carta de apresentação feita por
meu pai, procurei o Dr Lincoln Cavalcante, Irmão do Governador Luiz Cavalcante,
para ver se ele me arranjava um emprego na SUDENE, pois, ele era o Superintendente.
Não logrei êxito, pois, ele disse gostar demais de meu pai, mas, além de não haver vaga,
tinha que ser através de concurso público.
-Nesse tempo, eu, também, tinha vontade de ser mecânico das máquinas nas
quais eu trabalhava e, fora fazer um teste na empresa Burronghs, que ficava no Recife.
A noite fora lanchar em um Bar chamado Nicolas Bar, ficava na Avenida Guararapes.
Quando estava lanchando, eu perguntei as pessoas que estavam ao meu redor, se sabiam
onde era aquela firma e como resposta, um dos presentes me disse:
133
-Então expliquei que era formado em contabilidade, porém, queria ser mecânico
de máquinas, pois ganhava bem!
-Depois que fizer os testes amanhã, a firma a qual eu trabalho estar precisando
de contador, aqui está o meu cartão!
-No dia seguinte, fora fazer o tal teste, realmente, a empresa ficava no primeiro
andar do Banco de Londres. O teste consistia em responder a sessenta questões de
matemática, em quinze minutos. Eu como sempre, era fraco em matemática e não
consegui responder nem cinco delas. Fui reprovado, porém, compareci a empresa a qual
aquele homem havia me dado um cartão. Era tudo verdade. Fiquei de voltar no outro
mês, pois, o contador ainda não havia se desligado, ele era contador de outra empresa.
-Ao regressar à Maceió, pedi demissão, porém, um bom amigo que era o Dr.
Soares, não quis liberar-me, deu-me as outras férias. Fui para o Recife, dessa feita
trabalhei durante quase um mês e não quis receber o salário, porque, queria recebe-lo
somente na volta de Maceió quando já desligado. A pensão a qual eu ficara era a pensão
do senhor Torres, amigo de minha irmã Clotilde. Deixei para pagar as despesas da
pensão quando voltasse ao Recife no mês seguinte.
-Foi Deus quem mandou você, pois, estou desde manhã trabalhando nessa
miséria de conversão do cruzeiro novo!
-A nossa moeda de troca estava sendo substituída no Brasil. Tive que ajuda-lo,
embora ainda houvesse dois dias para eu voltar ao trabalho. Insisti em minha demissão,
e o Soares queria me colocar como chefe dos contas correntes, não quis, do duplo
controle, que era o meu setor, não quis, apenas queria me demitir do banco, e assim foi.
-Antes de viajar, após ser demitido, fui mais uma vez a Arapiraca, dessa feita
para me despedir de minha namorada MJ. Viajei de carro, era um Volkswagen de meu
amigo “Mano”, o pai dele era proprietário da Boutique Viviane, que ficava na Praça
Rodolfo Lins, conhecida por “Praça do Pirulito”, somente confiava em mim quando o
Mano ia a algum baile, algumas festas, pois, ele gostava muito de beber. Fomos e
ficamos hospedados na casa de sua tia. À noite nos dirigimos ao Clube dos
Fumicultores, eu, ele e minha namorada. Dancei muito ao som de uma eletrola. Lá para
as tantas, ele deu-me as chaves do veículo e mandou que eu fosse levar a minha
namorada em casa. Por sorte, eu não consegui dar ré no carro, pois, nunca havia dirigido
um veículo. Sorte, porque, se houvesse acertado dirigir tinha fugido com a minha
134
namorada e, naquele tempo, fugir com namorada, dava casamento e eu não me
encontrava preparado, pois, havia pedido demissão do Banco do Estado e ia começar
vida nova em uma cidade estranha.
-Dissera a minha namorada que de quinze em quinze dias viria do Recife para
vê-la, coisa que não aconteceu, e o namoro acabou.
-Uma vez consegui vir do Recife, fui dançar na casa de uma amiga comum, mas,
a ex-namorada não quis reatar o namoro. Colhendo informações, descobri o motivo, era
que um meu amigo de infância e adolescência chamado Renivan, funcionário do Banco
do Brasil, e primo de meu amigo Roberto “Cebolinha”, estava na iminência de namorar
com ela, e assim aconteceu.
135
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO XLI
MORANDO NO RECIFE
A VISITA INDESEJÁVEL
136
José Ferreira, cabo da Polícia Militar de Pernambuco, natural de Serra Talhada, cujo pai
também era militar e exercia a função de Delegado naquela cidade, o Sargento Ferreira.
Dizia-se parente de Virgulino Ferreira, o cangaceiro “Lampião”.
PASSANDO NECESSIDADE
137
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO XLII
138
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO XLIII
A FAMOSA LOLITA
-Na época que eu chegara ao Recife, o País estava sob o regime militar. A
pensão onde eu morava como ficava colada com a Secretaria de Segurança Pública de
Pernambuco, nos trazia certo receio, pois, eram constantes os gritos dos presos, que
ouvíamos, provocados pelos militares. Os soldados da Radio Patrulha nos metia medo,
pois, geralmente eram homens de grande porte, musculosos, tipo armário, basta dizer
que o emblema que eles ostentavam nos ombros que era uma figura de um raio, cabia
perfeitamente neles.
A POLÍCIA E A REPRESSÃO
139
polícia militar e, que às vezes, assumia a função de cabo da guarda na Secretaria de
Segurança Pública, disse-me:
- Aqui esta um dinheiro, quero que o amigo pague a dona Maria quando ela vier
trazer as minhas roupas lavadas e,diga a ela, que não leve as sujas, depois eu explico!
-É que amanhã vamos nos aquartelar as cinco da manhã e lá pelas duas horas
vamos combater os estudantes que estarão participando de um trote e, como eu não
gosto de bater em ninguém, não vou comparecer ao quartel e tenho a certeza que vou
ser preso por isso! - E continuou:
-Eles nos colocam em forma as cinco horas da manhã, e nos deixam até as treze
ou quatorze horas perfilados, de prontidão, no pátio, no sol ou na chuva, e dirão que a
culpa é dos estudantes, já pensou com que raiva os militares irão para as ruas?
-E não deu outra, José Ferreira fora preso. No dia do trote eu estava trabalhando
e, cuja empresa, ficava na Praça Joaquim Nabuco, no centro de Recife. Ficava em um
primeiro andar, em cima da Loja Esquisitinha e Falcão Corretora. A loja ficava no
subsolo e a Falcão no mezanino. Todos os funcionários estavam reunidos e na
expectativa de assistirmos do primeiro andar, a passagem do trote. Em um dado
momento, ouvimos um freio brusco, era o caminhão da polícia militar, daqueles que
tinham dois bancos de madeira cujos espaldares era contrapostos, ou seja, cabiam vários
soldados, todos sentados, uns de costa para os outros, conhecido por “Escama de
Peixe”. Eles desceram rapidamente, e sem contemplação, uma senhora grávida que
vinha em direção ao comercio para fazer naturalmente compras, lá na cabeceira da
Ponte Mauricio de Nassau, aquela ponte de ferro que, ainda hoje existe, fora
brutalmente atacada por eles e todos nós a uma só voz gritávamos:
-Se meu filho Wilson for espancado o primeiro soldado que eu encontrar vou
atirar nele!
-Mas havia uma certa distância não sei se era o barulho dos carros que
passavam, que encobria o som de nossas reclamações!
140
-Lá para as três horas da tarde, passou o trote dos estudantes e ingressou na Rua
Nova em direção a Pracinha dos Diários de Pernambuco.
-Uns minutos depois, lá vinha Wilson, filho do Dr. Atílio, com o braço todo
vermelho de levar pancada. Dr. Atílio ficou uma fera, porém, Wilson falou:
-Mas tarde uma namorada minha que também estava assistindo ao trote, contara
que começara a chorar e um policial tendo pena dela a colocou dentro de uma loja
dizendo:
-Tenha calma que eu não vou lhe bater, eu,também, tenho filha!
-Wilson, ainda contara, que um dos militares havia saltado utilizando o coturno,
aquela bota, nos seios de uma moça, e um rapaz bem alto que estava encostado na Loja
da TAP- Transportes Aéreos Portugueses, marcou carreira e pulou com os pés no
pescoço do militar, e, naquele momento, um grupo deles tentou pegar o rapaz, porém, as
moças que estavam na passeata, não deixaram, pelo contrário, abriam as pernas e
deixavam o rapaz se esgueirar entre elas, mesmo sob pena de levar pancadas.
141
-Se esses imbecis soubessem que hoje eu meti os pés na garganta de um soldado
covarde que pulou nos seios de uma moça, eu não estaria contando a história!
-O rapaz que Wilson havia falado que marcara carreira da empresa TAP para
pular no pescoço do militar era o Danúbio. Mundo pequeno esse meu!
142
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO XLIV
SERVIÇO SECRETO
-Na pensão de seu Torres, havia cem moradores, um deles era o senhor Luiz, um
homem de altura elevada, forte, parecia um armário, bem vestido, cabelos penteados
para trás e com brilhantina, moreno, muito educado e ainda moço. Eu sempre desconfiei
dele como sendo da Inteligência do Exército, ou da Interpol.
-Havia outro que morava em um dos quartos colado ao do José Clarisson, era o
oposto do Luiz, era baixinho e mais ou menos magro e coroa.
-Volta todo mundo, essas raparigas vivem fazendo zuada a noite toda e ninguém
toma providência nenhuma, voltem senão mando prende-los, e outra coisa, vou acabar
com esse bar, vou fecha-lo se essas raparigas não se comportarem!
-E os policiais voltaram!
-Dias depois, eu soubera que o tal velhinho, isso através da televisão, era o
Delegado de Ordem e Política Social de Recife. E, o homem chamado Luiz, eu mesmo
perguntei a ele se era da Interpol e ele sorrindo me dissera:
-Não comente nada com ninguém, realmente você adivinhou, eu sou da Interpol,
sou brasileiro e estou no Recife há poucos meses!
143
REMINISCÊNCIAS
CAPITULO XLV
-No início de minha vida no Recife, eu não conhecia quase ninguém, apenas os
meus familiares, tios e primos e a minha irmã Clotilde, pois ela morava pagando por um
quarto na casa da filha de seu Torres lá na Estrada de Belém, no bairro de Campo
Grande.
144
-A família Gates, possuía uma loja na Av. Cruz Cabugá, próxima a fábrica da
Fanta e quase em frente à revenda de carros a Auto Elétrica SAEL.
-Na rua em que morava a Fátima, morava quase toda a sua família, não me
lembro do nome de todos daquele grupo que estava no cinema, apenas o de uma prima
de Fátima era a Betinha, ela é que era filha do dono da Comercial Gates. Fátima era
filha de um engenheiro da Prefeitura do Recife.
-Uma vez Fátima me convidara para a festa de aniversário de uma moça que
estava completando quinze anos, ela tinha um defeito em um dos braços, na metade dele
havia uma mãozinha e era ali que ela sustentara uma flor. Uma menina de ouro, pois,
não tinha preconceito e nem trauma, inclusive, dancei com ela. Era rica, a festa fora
animada pelo melhor conjunto de Recife, o da Rádio Clube de Pernambuco. Outra festa
fora a de São Pedro em uma residência também de gente rica. Passei com Fátima bons
momentos.
- Fátima assim que seus pais saíram, queria tocar violão o que fazia juntamente
com seu pai, muito bem, mais eu não a deixei, pois ela dissera-me que na segunda feira
teria que entregar uma dissertação de português para compor a sua nota que estava
fraca, então, eu resolvi fazê-la. O tema era sobre o dia dos pais !
-A redação lhe rendeu a nota nove e meio! - Fátima passara na matéria do meio
do ano!
-Aos domingos, a família Gates se reunia para tomar uísque, comer churrasco e
jogar voleibol, e eu era sempre convidado, porém, nunca participei, pois, naquela época
145
eu tinha vergonha de participar da casa dos outros. Eu estava nessa época morando com
o meu tio Dino, lá em Olinda, Pernambuco, e eu pegava o ônibus da Nápoles lá na Rua
Riachuelo, e sempre que ia almoçar em Olinda, iam no mesmo ônibus dois primos de
Fátima que estudavam no Colégio Pio XII, também em Olinda, e eles perguntavam
sempre, por que, eu não fora passar a manhã de domingo com eles?
-Em um sábado eu teria que viajar para Maceió para fazer visita a minha família,
e, na sexta-feira, fui visitar a Fátima, não foi uma boa noite, pois, briguei com ela, era
muito ciumenta, não queria que eu viajasse e terminamos ali o namoro. Peguei um taxi
na Praça de Casa Forte para me deslocar até ao centro de Recife, vinhamos pela
Avenida João de Barros, porém, ao passar próximo a fábrica de refrigerantes Fratelli
Vitae, entrou um pensamento em minha mente:
-Ato contínuo, o veículo era um Fusca, me agarrei a uma correia que estava no
teto do carro, coloquei o braço esquerdo atrás do banco do passageiro e esperei pelo
pior, foi quando avistei um veículo que vinha de uma rua lateral e alertei ao motorista
do Fusca:
- Não deu outra, o carro se chocou com o nosso, e, assim, mesmo, eu que estava
preparado, bati com a testa no para-brisa que fez um pequeno galo, e, o nosso carro
ficou um pouco pendurado em um poste de energia elétrica. O carro que nos bateu era
um Karmanguia. O motorista do veículo causador, desceu do carro e entregou um cartão
de visita ao motorista do Fusca, dizendo que era Assessor Parlamentar de um deputado
e trabalhava na Assembléia Legislativa e que o procurasse que ele iria pagar o prejuízo.
Depois, deu-me uma carona até a ponte Princesa Isabel paralela com a Rua Riachuelo.
- Meu pai me ensinara não levar desaforo para casa, pois ele sempre nos dissera:
- Não insulte ninguém, porém, se for insultado, meta o braço e se chegar em casa
apanhado, leva outra surra!
- O que meu pai queria dizer se apanhasse levava outra pisa, era o de que se
acovardasse e não revidasse, ai sim, levaria outra surra. Não contei conversa, subi até o
146
segundo andar do prédio e qual não foi a minha surpresa, o cara realmente estava me
esperando. Ao abrir a porta de seu quarto, passou toda a minha raiva, comecei a rir,
pois, o cara estava vestido de mulher e todo pintado. Fui embora sobre o protesto dele,
que dizia:
-Que para me atrair teve que cuspir em meu sapato, pois, já me conhecia desde a
época em que eu morava na mesma rua, ou seja, na Rua da Aurora na pensão do senhor
Torres!
-Que dia de azar, acabara o namoro com Fátima Gates, tivera um pequeno
acidente de carro sem contar com a cusparada em meu sapato e, além disso, não pude
nem brigar, pois, o cara era um Gay. Dias depois eu descobri o Gay trabalhando na
Avenida Conde da Boa Vista em uma loja de vendas de tecidos.
-Anos depois, eu já casado, possuindo três filhos, sendo dois ainda pequenos,
levei-os para assistir a uma peça infantil de uma companhia de Recife, lá no Teatro
Deodoro, em Maceió, Alagoas e, quando a peça acabou, os atores ficaram na saída do
teatro recepcionando as crianças e, uma das atrizes, eu descobri, ao lê as informações
sobre a peça, a boneca de pano era a minha ex-namorada, a Fátima Gates, porém, os
meninos não deixaram eu me aproximar dela, porque, estavam querendo ir para casa e
estavam com medo da boneca. Perdi a oportunidade de rever aqueles momentos nos
quais vivi em Recife, pelo menos apresentá-la aos meus filhos.
147
ninguém que lhe tirasse a atenção. Perto dele havia uma cadeira vaga e de repente ele
ouviu aquela voz grave dizendo:
- Foi aquele grito de terror, paralisaram o filme para ver o que havia acontecido,
pois, não é que a pessoa que havia pedido licença era um padre vestido de batina preta
o qual o Edmilson o confundira com o Drácula!
148
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO XLVI
-Os policiais foram naquela direção, mas, na verdade, o Claúdio havia entrado a
direita. Meia hora mais tarde, apareceu de volta o Claudio e me apresentou ao Antonio.
-Depois Claudio nos convidou para irmos a um clube na Avenida Norte, era um
clube o qual eu já frequentara, cujo clube foi lá que encontrei o filho de seu José Alves
Torres, que na época em Maceió possuía a Sapataria Torres na Avenida Moreira Lima,
o Verilson que hoje possui a empresa Electrolux, na Avenida Júlio Marques Luz em
Jatiúca e na Avenida Fernandes Lima, todas em Maceió. Era a boate “Salão Azul”.
Fiquei com medo de acompanhar-me de Claudio sob as circunstâncias que acabara de
presenciar. Mas, os argumentos foram tantos que acabei indo, pegamos um taxi!
149
portuguêses, e os pais dele possuíam uma rede de padarias e uma delas ficava no bairro
da Encruzilhada. Ela ainda estava apaixonada por ele. O tal ex-namorado chamava-se
Antonio e, por uma incrível coincidência, o Antonio que estava conosco, era o próprio.
A namorada da Estrada de Belém, eu ao conhecer o rapaz por nome de Antonio, resolvi
acabar com o namoro.
150
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO XLVII
151
também, um dos seus filhos. Dançamos muito e o filho dela, que acabara de fazer
amizade comigo, me convidou para almoçar com eles no domingo, lá em sua residência
no bairro de Boa Viagem.
-No domingo, procurei o endereço e, como as minhas amigas eram pobres e seu
pai era alfaiate, não pude acreditar que o endereço de sua tia fosse aquele. Era em um
lugar chique, uma rua por trás da Avenida Boa Viagem, uma verdadeira mansão. Havia
um carro caríssimo, um Chevrolet Belair, conversível, de cor amarelo, na garagem.
Fiquei em dúvida, foi quando o primo de minhas amigas gritou que era ali mesmo que
morava. Existe aquele ditado:
- Eles estavam ricos! - A fortuna viera quando o pai dele fora escolhido para ser
um Adido Militar em outro país, pois, ele era do exército, e, o dinheiro, era somente
para guardar, pois, todas as despesas eram pagas pelo governo.
152
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO XLVIII
COISAS DO DESTINO
-Quando morei com meu tio Dino em Olinda, nesse tempo eu era sócio do Sport
Clube Recife, e, era época de carnaval. Fui até a Rua do Rangel e em um camelô,
comprei uma camisa colorida para brincar o carnaval. A família de meu tio era
evangélica, e eu tinha que brincar o carnaval sozinho. E sem conhecer quase ninguém,
fui a uma matinal do Sport Clube lá na Ilha do Retiro. O baile de carnaval estava fraco,
poucas pessoas. Lá estava eu pulando feito um macaco, sem ter ninguém para me
acompanhar, quando em um dado momento ouvi aquela frase conhecida:
- Não acreditei no que ouvira, lá estava à noiva, pelo menos pensava que ainda
fosse, à noiva do Leão. Abraçamo-nos e nos beijamos nas faces, ela estava morando no
Recife e tinha se formado em Odontologia e morava na Avenida Conde da Boa Vista.
Conversamos muito e ela perguntou-me se eu iria no outro dia, à noite, brincar carnaval
no mesmo clube, porém, disse-lhe que talvez. Ela disse-me que naquela tarde tinha que
sair mais cedo do baile, porque, tinha que comparecer a um velório de seu tio lá no
bairro de Cajueiro.
153
-Qual no foi o meu espanto, pois, ela era prima das minhas amigas de Rosarinho,
as filhas do alfaiate. Foi mais uma mancada que eu dei na minha permanência no
Recife, não peguei o endereço e nem o telefone de sua residência e de seu consultório,
nunca mais a vi.
154
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO XLIX
-Um dia o Dr. Andrade me contara a sua história, o, porque, da bebedeira. Havia
um surto muito grande de Aftosa e o gado, tanto no Maranhão, como em Pernambuco,
estava morrendo. Havia naquela época uma vacina americana, que era muito cara e, o
pai de Léa, resolveu desenvolver uma própria, e, mais barata. Conseguiu, e a sua vacina
começou a fazer efeito e, um industrial de São Paulo resolveu investir em sua
descoberta. Convidou-o como sócio e que financiava tudo, porém, não cumpriu com o
acertado, pois queria comprar a fórmula por CR$ 10.000.000,00 (dez milhões de
cruzeiros) e o pai de Léa não quis e disse-lhe:
- Daí por diante, ele começara a beber em descobrir que somente os poderosos
eram os que venciam na vida!
155
jeep pequeno, faróis quase que unidos, daqueles que o exército ainda hoje possui,
quando o motorista passando por nós em desembalada carreira gritou:
- Perguntei a Léa se realmente gritaram o meu nome e ela disse que sim, porém,
coitada da moça, não estávamos fazendo nada, apenas agarradinhos. No outro fim de
semana, estávamos de novo agarrados e lá vem o jeep, porém, eu disse a Léa:
- Dessa feita ele não me pega, pois, vou fazer com que pare para saber quem é o
motorista!
-Como a sede dos Irmãos Marista ficava em frente à casa de Léa, eu resolvera
subir os degraus e fazer uma visita aos meus colegas de Colégio Diocesano, o Antonio
Carlos Ramalho e José Júlio Leão, porém, somente o Antonio Carlos se encontrava no
recinto.
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REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO L
O NAMORO RELÂMPAGO
157
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO LI
O MÉDICO E O BANDIDO
-Eu tinha o costume de querer conhecer toda a cidade do Recife. Como fazia,
olhava os letreiros estampados nos ônibus como, por exemplo:
-Pegava o ônibus e ia conhecer aquele bairro. Uma vez vinha um ônibus com o
nome de- Nova Descoberta- peguei o tal ônibus e descobri que a Nova Descoberta
ficava na Avenida Norte acima do Morro da Conceição, lugar perigoso, lugar de
marginais. Chegando lá fui assistido por maus olhos, quando cheguei ao terminal do
ônibus.
-Passou um bom tempo e, um dia, Sergio Lyra vinha em seu primeiro carro, um
Fusca que seu pai lhe presenteara, e ao parar em frente de uma residência na Avenida
Caxangá para perguntar, não me lembro o que era, a uma senhora, por trás dele
apareceu um marginal que lhe dissera:
-Sergio obedeceu, mas, mesmo assim, o cara acionou o gatilho e Sergio se atirou
no jardim da casa que era de muro baixo. Logo em seguida, o assaltante saiu em uma
desembalada carreira e tomou a direção do Hospital Barão de Lucena, que ficava mais
adiante, indo, inclusive na direção da Cidade Universitária. Quando Sergio viu, vinha
passando um carro e ele deu com a mão e o cara parou. Ele lhe dissera:
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- Eu acabei de ser assaltado e levaram o meu carro naquela direção!
-Sergio disse que não e o cara desistiu de perseguir o bandido. Sérgio então
procurou a polícia para dar parte do roubo. Deixou seu endereço e telefone para um
possível contato. De repente, Sergio lembrou-se do tal cartão dado pelo marginal que
ele havia cuidado, o endereço era exatamente naquele lugar perigoso o qual eu havia
estado, a Nova Descoberta, acima do Morro da Conceição. Lá chegando, Sergio,
também, fora mal visto, principalmente quando perguntou pelo marginal. Ao apresentar
o cartão e o seu próprio cartão, uns homens o levaram a presença do marginal e, ao
contar a história, ele perguntou ao Sérgio:
- Sergio contou que fora na Avenida Caxangá, praticado por dois homens e a
placa do carro era de Maceió-Alagoas- Ao saber dos detalhes do roubo, o marginal lhe
assegurou:
-Se a placa fosse de Recife, a estas horas ele estaria ou em Natal, Fortaleza ou
Piaui!
-Não se preocupe que seu carro vai aparecer em uma rua qualquer do Recife e a
polícia vai lhe comunicar!
- Dias depois, a polícia comunicou ao Sergio que seu carro havia aparecido, mas,
queria NCR$ 5.000,00 (cinco mil cruzeiros novos) como gratificação para a entrega do
mesmo. Seu pai que era advogado ficou uma fera, mais teve que fornecer o dinheiro
para o resgate do veículo. É aquele negócio, Sergio fez o bem sem olhar a quem, como
diz o ditado. Por fazer o bem recebeu seu carro de volta. Essa foi a história que Sergio
me contara, pois, eu fui casado com uma prima dele, filha da cidade de Maragogi.
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5
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO LII
A BARRACA DO ZÉ PEQUENO
-Quando morei em Olinda na casa de meu Tio Dino, nessa época ele residia na
Avenida Getúlio Vargas, a via principal de Olinda. Todas as noites, quando eu
regressava do trabalho, após o café, eu ia até a beira da praia que ficava por trás daquela
avenida. Eu sempre gostei de cantar, como já narrara em capítulos anteriores. O meu
primo Bero, formou um conjunto, ele tocava guitarra e eu louco para ser o croner, hoje
vocalista de conjunto, comprei na Rua da Concordia um microfone e o cedi para
organizar o conjunto. Não fui chamado como croner, mas, quando o conjunto parava
para um breve descanso, havia um rapaz que tocava maravilhosamente violão e me
acompanhava em algumas músicas. O conjunto tocava nas barracas de praia, do Zé
Pequeno, do Samburá, do Goiamum, raramente na Rainha do Mar e em uma boate
suspeita, quer dizer, de prostitutas, chamada de Castelo do Rei que ficava na BR em
direção à cidade de Paulista, Pernambuco. Era um dia de domingo, e lá para as
10h00min horas da manhã eu fora dar uma volta na praia e ao chegar em frente a
barraca do Zé Pequeno, vi aquela bagaceira, havia existido um incêndio e o Zé que além
de explorar um ponto comercial, também, o fazia de morada junto com a mulher e os
cinco filhos, salvo engano, era esse o numero de filhos. Perdera tudo, a sorte é que os
instrumentos do conjunto de meu primo havia sido retirados de lá na véspera, porque,
eles tocaram no sábado no Castelo do Rei. Zé chorava muito e os moradores de Olinda
com pena dele, incluindo eu, fizemos uma cota e soerguemos a sua barraca em poucos
dias. Zé Pequeno era um homem humilde sempre atendeu aos clientes de mesa em
mesa.
160
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO LIII
UM FIM TRÁGICO
-Apesar da família de meu tio Dino ser evangélica, o meu primo Élvio era uma
das ovelhas desgarradas da religião, pois, era o diretor social do Atlântico Clube que
ficava em frente à Praça do Carmo, em Olinda.
-Isso é uma covardia, mais de oito pessoas querendo bater em um só, pois,
vamos deixa-lo ir embora!
-Soubera depois que, o rapaz que o gordinho queria pegar, era um sapateiro e
que ele tinha fugido para São Paulo.
-Um ano após esse episódio, eu assisti a um funeral, um dos mais movimentados
do Recife, o cortejo fúnebre percorreu a Avenida Cruz Cabugá, era o enterro de um
161
engenheiro jovem e diretor do Serviço de Águas do Recife, o enterro havia saído da
repartição em que ele trabalhava. O tal jovem era aquele gordinho que queria pegar o
rapaz. Diziam que era uma boa pessoa quando sóbrio, mas, quando bebia, tornava-se
uma fera. Ele havia sido assassinado, e como aconteceu o fato:
-Na Rua Direita com a Rangel, havia uma boate de prostitutas que possuía
escada e elevador, ela tinha três andares, e, para que não houvesse calotes, as escadas
eram fechadas e somente o elevador funcionava, e na porta de cada andar, ficava um
fiscal para evitar calotes, tanto de bebidas e comidas, quanto dos pagamentos dos
quartos e das raparigas.
162
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO LIV
O AMARELO
-Em Olinda eu soubera de outro fato. Havia um cara que passava o dia todo na
farra em um boteco que ficava na SÉ de Olinda. O boteco ficava próximo a um abismo
e as ruas que o circundavam, as pessoas tinham a obrigação de passar pelo boteco se
quisessem sair ou chegar em casa.
-Nessa época, vivia ali um sujeito descorado e muito magro. Todos os dias em
que ele passava pelo boteco, para ir trabalhar, lá estava o beberrão e o chamava assim:
- Coitado não tinha escapatória, pois, o sujeito era muito forte e sempre dava um
chute em suas nádegas ou um tapa em sua cabeça. Todo santo dia era isso. Um belo dia
o “amarelo” ia de casa para o trabalho e o beberrão o chamara para dar-lhe umas tapas,
foi quando o “amarelo” dissera-lhe:
-Quando o homem levantou a mão para lhe dar uma tapa, o magrinho aplicou-
lhe uma facada em sua axila e a morte foi irremediável. O amarelo fora a Júri Popular,
mas, fora absolvido por unanimidade.
163
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO LV
A MANDINGA
-Passei na casa de meu tio e minha tia havia me dispensado para ir à festa, pois,
havia na sala um velório sem pessoas estranhas à família.
164
-O Galego perguntou quem estava no comando, e ao comandante daquela
guarnição se estava tudo nos conformes e se precisasse de alguma coisa falasse com ele.
Não queria que nenhuma coisa desse errado sob pena dele sofrer as consequências!
-E a um sinal nós nos aproximamos, porém, com receio de sermos presos por
falsidade ideológica, pois, o galego se passara como uma autoridade superior ao
comandante da guarnição. Lá dentro tinha bastante comida e bebida. Quase uma hora
depois chega o carro alegórico transportando o Pai-de-Santo, o Pai Edú.
-O “Mangaba” sempre portava um rádio, pois, nas horas vagas, ele, também, era
cronista esportivo e escrevia para o Jornal do Comércio de Pernambuco. O rádio era
daqueles cuja antena ao invés de ser na parte de cima, era de lado, parecendo um rádio
transmissor e receptor. Ao se aproximar do Pai Edú o “Mangaba” atacou:
-Estamos aqui com o famoso Pai Edú nesta festa maravilhosa de seu aniversário!
-Mais tarde, eu, Galego e Mangaba, estávamos na fila do jantar, cada qual com
um prato na mão, para sermos servidos de Vatapá e Caruru, quando de repente se
aproxima o Pai Edú e disse para o Mangaba:
- Cabra safado!
-Você me enganou por um tempo, pois, este rádio não é de nenhuma rádio e sim
é um rádio comum, pois, nenhum dos presentes ouviram a minha entrevista na Rádio
Clube de Pernambuco!
-Naquela noite quando voltei para a casa de meu tio, minha tia queria que
permanecéssemos com as portas e janelas abertas, porém, a muito custo, nós a fizemos
165
mudar de propósito. Fechamos as portas e o defunto ficara no caixão e de vez em
quando se trocava as velas. No dia seguinte, no sábado à tarde, houve o enterro.
A DÚVIDA
-Quando ainda morava na mesma casa onde falecera o sogro de tio Dino, lá em
Olinda Carmo, a esposa dele, a tia Olga, sempre deixava algo para eu lanchar quando
viesse do meu trabalho lá da Credinorte em Recife.
-A casa era por demais pequena, meus primos dormiam dentro, e eu tinha que
dormir em um quantinho que ficava no quintal, próximo a lavanderia.
-De repente, a fresta da porta escurecera e eu, de posse do facão, olhei pelo
buraco da fechadura e alguém, também, olhou. Retrocedemos os nossos olhos. Depois,
quando a pessoa que estava do lado de fora colocou mais uma vez o olho na fechadura,
eu coloquei a ponta do facão. Foi aí que a pessoa deu aquela gostosa gargalhada e se
afastou. Eu não tive dúvida, me levantei, peguei na porta e a abri com toda a força, e a
cama desarmou fazendo aquele barulho danado, mas, ninguém da casa se acordou. Saí
para o quintal portando o facão, ainda tendo tempo de vê o ladrão em cima do muro e
ele, olhando para trás, ainda deu outra gostosa gargalhada, em ato contínuo, pulou para
o quintal do vizinho.
166
-Tia Olga, ao saber do ocorrido, disse que eu não mais iria dormir no quartinho
do quintal. Tirei de minha maleta as minhas roupas novas e sapatos, porém, deixei umas
roupas que eu não as queria mais, dentro da maleta.
- No outro dia, atardinha, Tia Olga ouvira o cachorro da vizinha latir um bocado,
porém, não se incomodou. Mais tarde quando fora à lavanderia, notou que alguém havia
levado a minha maleta. Quando cheguei do trabalho, ela contara o ocorrido.
-No dia seguinte, era um dia de Sábado, em resolvi dormir mais um pouco, pois,
não haveria expediente na Credinorte, e, quando estava no maior do sono, acordei com
um grito de pavor. Quem gritava era a vizinha, dizendo que havia entre as bananeiras de
seu quintal, uma pessoa morta e que ela estava toda ensanguentada.
167
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO LVI
-Em uma ocasião, assisti a uma cena hilariante e ao mesmo tempo de se ter
compaixão. Estava na Rua nova em Recife, era um dia pouco chuvoso, quando observei
uns policiais da cavalaria de Pernambuco perseguindo estudantes, foi quando de
repente, saindo de uma das lojas comerciais, um estudante portando uma caixa de
sapato cheia de ximbras, espalhou-as na rua e os soldados que vinham montados nos
animais, sofreram uma espetacular queda, pois, seus cavalos ao derraparem nas
ximbras, abriam as quatro patas, cavalo para um lado e policial para o outro, era assim
que os estudantes se defendiam da polícia e, nesse mesmo dia, alguns estudantes foram
encurralados na igreja que ficava na esquina da Rua Nova com a Pracinha dos Diários
de Pernambuco, os policiais chegaram até ao disparate e desrespeito de subirem ao altar
da igreja montados nos animais.
168
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO LVII
A NAMORADA E O CONTRA-SENSO
-Você está vendo aquele soldado que se encontra na beira daquela piscina, todos
os domingos quando passamos por aqui o vemos tentando pular na piscina, mas, não
tem coragem!
-Nessa família havia um contra censo, nas manhãs de domingo ia a uma igreja
católica assistir missa e a tarde ia ao Centro Espírita de Jaboatão dos Guararapes. O
centro espírita era mais ou menos grande, cabia umas trezentas pessoas sentadas. O
médium principal era um sargento de policia, quando não havia espírito incorporado ele
falava errado, um português de muita pobreza e, quando incorporava um espírito que se
dizia francês, ele falava bem, inclusive em francês. No Centro, havia várias portas de
entrada e saída, e em cada delas, ficava um homem sentado em uma cadeira. Nos
intervalos após a pregação, o médium saia de banco em banco onde as pessoas estavam
sentadas e distribuía fichas para consultas àqueles que estavam mais necessitados, sem
mesmo elas pedirem. A irmã de minha namorada havia terminado o noivado e o
médium passando por muitas pessoas parou de repente em nossa frente e deu uma ficha
para a irmã de minha namorada dizendo:
169
-Antes de minha cunhada acabar com o noivado, eu e a família de minha
namorada íamos sempre aos sábados à noite, dançarmos no clube dos funcionários dos
Correios e Telégrafos onde trabalhava o noivo de minha cunhada e, comermos uma das
melhores carnes-de-sol de Pernambuco, lá em um restaurante na cidade de Paulista.
170
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO LVIII
A PELEGRINAÇÃO
-Se pegasse um taxi não sobraria dinheiro para me manter durante o mês.
Resolvi continuar a pé. Passei por Olinda Varadouro e ingressei na chamada “Ilha do
Maruim” em direção a Avenida Cruz Cabugá.
-Ao passar próximo a uma esquina, saiu de repente um homem alto e muito
forte, da cor negra, em minha frente, e o qual gritou:
- Eu lhe dissera que não, porém, por dentro, estava apavorado e dei-lhe uns três
cigarros! E ele me agradecendo disse:
171
- Após aquele resumido discurso, eu fiquei ainda mais nervoso. O negão seguiu
o seu destino e eu o meu!
-Eu vinha pelo lado esquerdo da pista de asfalto em direção ao centro do Recife.
No meio do mato de tanto as pessoas trafegarem por aquele caminho, deixou de existir
capim e naquela madrugada havia chovido um pouco e a estradinha que depois poderia
ser construída em seu lugar uma calçada, estava molhada, havia pequenas poças de
água e, em uma delas, como a lua havia de novo surgido, foi refletida a figura de uma
cobra, e realmente era uma rodilha de cobra, ela estava na poça d’água, e como eu na
infância tive pavor à cobra, como fora detalhado em capítulos anteriores, desci ao
asfalto contornando tal poça de água e segui em frente, havia tomado o segundo susto.
- Eu retruquei.
- Sou eu!
- Quando me aproximei ele vira que eu era um rapaz, também, de sua idade e
disse:
- Eu quase atirei em você, pois tenho ordem expressa para isso! Você sabia que é
proibido passar altas horas da noite na zona militar?
-A maratona ainda não tinha acabado, pois, mais adiante eu teria que passar na
calçada da Aéronautica e lá também fora interpelado por um militar vestido de roupa
acinzentada, e portando uma pistola enorme, era uma 45, mas estava no coldre e disse:
172
- Quem é você?- Mostre-me documentos!
- Tive que mostra-lo e recebi uma nova advertência para não passar por ali
nessas horas, pois, era zona militar!
-Naquele mesmo dia fizera amizade com um rapaz que eu conhecia de vista, da
pensão do senhor Torres. O nome dele era Valdemir Oliveira, ele era de Mamanguape
um município da Paraíba. Ficamos muito amigos e ele me convidara para a noite irmos
tomar cerveja lá no Largo da Paz, bairro conhecido por “Afogados”, por conta dele, e lá
chegando fomos a um bar e botamos várias fichas naquelas eletrolas automáticas que
funcionavam para tocar vários discos à medida que acionávamos umas teclas. A minha
preferida era “Coração de Papel” de Sergio Reis, coloquei-a várias vezes!
-É engraçado, quando eu era viva esse carro nunca quebrou, agora que estou
morta, ele quebra todos os dias!
-Ao ouvir aquilo, o negão saiu em toda carreira, de tal maneira que os pés batiam
quase na bunda.
173
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO LIX
A TRAPAÇA
-Olhe! Nós marcamos com as bailarinas para voltarmos à tarde para Olinda, não
é?
-Pois, você vai dizer a minha esposa que nos vamos assistir ao jogo do Sport
contra o Náutico!
-Não deu outra coisa, inclusive mostrei a sua esposa a carteirinha do Sport do
qual eu era sócio!
174
- Fiquei confiante e fomos para a aventura na praia de Olinda, mas, antes
pegamos em Rosarinho o colega dele e fomos buscar o Pedinho, daí partimos para
Olinda!
-Quando chegamos a Olinda, verificamos que havíamos levado uma rasteira das
meninas, pois, elas não compareceram. Então fomos a um bar o qual ele conhecia. Lá
no bar começamos a beber e de repente, o amigo de Pedro ficou fora de si, tendo
inclusive puxando um velho que era o dono do bar, pela beca, não querendo pagar a
conta. Vi logo que ele era um mau caráter!
-Pediram um litro de uísque com uma jarra de água e ficaram a beber. Quando
estava vendo os navios, literalmente fiquei vendo navios, pois, de repente, o garçom
chegou para mim e o Pedro, apresentando a conta da despesa daqueles dois e, quando
nós olhamos, eles haviam sumido com as duas prostitutas, pegaram o carro e se
mandaram. Mau caráter. E o garçom a nos cobrar dizendo que eles falaram quem
pagaria a conta era um de nós dois. Dissemos que não tínhamos dinheiro e ele ameaçou
chamar a Radio Patrulha, foi quando Pedrinho deixou o relógio e sua identidade como
garantia. Nunca havia passado uma situação daquela em minha vida. A vontade que eu
tinha era ir a casa daquele sujeito para falar com a mulher dele. Em suma, era começo
de mês e eu fiquei sem dinheiro para arcar com as minhas despesas durante ele.
-No outro dia, após tomar dinheiro emprestado com o meu amigo Valdemir
Oliveira, fui ao encontro dela. Ficamos na praia, almoçamos em sua casa, apesar de seus
175
pais não me conhecerem e namoramos por um tempo, somente acabando o namoro
quando resolvi voltar a morar em Maceió.
176
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO LX
-Um dia o Valdemir Oliveira, pediu que eu fosse perto de meio dia a empresa
onde ele trabalhava, era uma loja de consertos de som, a especializada ABC. A empresa
ficava na Rua Imperial, após a praça conhecida como Praça das Cinco Pontas, onde se
localiza um antigo forte que serve de turismo. Ao chegar a Rua Imperial, após passar na
calçada de uma empresa alemã, acho que o nome se escreve assim, Borrione, que
vendia máquinas pesadas para construção, catrepilhas e outras, ouvi um grande
estampido, pensei que fora um pneu de ônibus que havia estourado, e, ao olhar para trás,
assisti um homem que vinha dirigindo um jeep de quatro portas, cair de seu banco com
as pernas para cima e o jeep subir a calçada e bater na parede, foi quando um carro
parou ao seu lado e um homem desceu e pegou uma maleta que estava no jeep, entrou
no carro e o mesmo passou por mim em toda disparada, nessa altura eu estava encostado
na parede com medo de ser, também, atingido por uma bala. Soube depois que o homem
que havia morrido era o tesoureiro daquela empresa. Na mesma tarde soubera que um
carro da empresa Souza Cruz que vendia cigarros, havia em Olinda sido assaltado,
levaram todo o dinheiro e a mercadoria, porém, deixaram o motorista despido e
amarrado dentro dos matos em um cajueiro.
-Um mês depois dos ocorridos, soube que o chefe dessa organização criminosa
era um gerente de uma transportadora que morrera metralhado pela policia, na Avenida
Caxangá quando dirigia o seu Gálaxi, era um rapaz de 26 anos de idade. O carro ficara
crivado de balas e para se ter ideia, a mala do mesmo, com a quantidade dos disparos,
havia se aberto e dentro se via vários fuzis e metralhadoras. Essa organização tinha
ligação com os Tupamaros do Uruguai, no negócio de armas e drogas para financiarem
a guerrilha dentro do Brasil contra os militares, para acabar com a ditadura militar.
-Após a morte do responsável por esse braço armado, eu soubera que um amigo
de juventude que estudara comigo no Colégio Diocesano em Maceió, acabara de ser
preso lá em Olinda Carmo, em uma casa existente, quando o exército a cercara e ele
com uma bandeira branca acionando-a, se entregou.
-Ao saber a onde ele estava preso, que era no quartel conhecido por GACosM-
Grupo de Artilharia de Costa Motorizada, em Olinda Bairro Novo, fui visita-lo, porém,
quando ia chegando à guarita do quartel, ouvi um grito!
177
-Aldinho espere por mim!
-Quando olhei para trás era o Capitão Nodier ex-namorado de minha irmã
Clotilde, no passado, quando eu era ainda menino de cinco anos, em Maceió, quando
nós morávamos no Parque Rio Branco em frente ao mercado público, e ele disse:
- Ao dizer isso, ele me fez ingressar em seu gabinete e me deu o maior espôrro!
-Dizendo-me:
- Você é louco! Pensa que eu não sei o que você veio fazer aqui! Eu também sou
amigo do irmão do Roline, é um colega de farda. Nem a família de seu amigo pode
visita-lo sob pena de ser presa e sofrer as consequências!
-Eu tive sorte mais uma vez em minha vida, pois, poderia ter sido confundido
com um revolucionário daquela época como era o Roline!
-Umas semanas antes desse episódio, minha irmã Clotilde, havia recebido um
convite de Nodier e sua esposa, para almoçar em sua residência que ficava em frente ao
quartel GaCosM e o convite era extensivo a mim. Quando almoçamos lá na casa do
capitão, ele voltara a me reconhecer, pois, me tinha visto somente quando criança e,
quando namorava a minha irmã Clotilde.
-Meu amigo fazia parte de um braço armado da turma da Dilma, nossa ex-
presidente da república, no nordeste brasileiro. Era irmão de meu amigo Copérnico o
qual eu já falara anteriormente, que combatera a ditadura e mais tarde viera a ingressar
na marinha brasileira e outro irmão chegara a ser General do Exército. Roline fora
condenado a fuzilamento, mas, como não havia fuzilamento, embora em tempos de
guerra pudesse haver, fora comutada a sua pena em perpétua, também, não havia tal
pena e fora enviado a Ilha de Fernando de Noronha, cuja ilha só poderia ter acesso,
naquela época, a ela, pelo mar. A vida na ilha fez com que Roline aprendesse a pintar e
ficou bastante forte.
-Anos depois, antes das diretas já, eu estava em Maceió olhando uma exposição
de pinturas no Teatro Deodoro, quando esbarrou em mim por duas vezes, um homem
forte e eu já queria brigar com ele, porém, ele disse.
178
-Não está me reconhecendo mais, amigo?
-Ele dissera-me que havia escapulido da Bolívia pela fronteira e estava morando
no Rio Grande do Sul, lugar onde ele morou por alguns anos e se casara com uma
gaúcha e, estava em Maceió em visita a sua família. Quando viera a abertura política,
Roline viera morar de novo em Maceió, nessa época ele estava descasado e morrera em
um acidente de veículo em Maceió.
179
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO LXI
180
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO LXII
-Outro fato que aconteceu comigo, foi quando fora tomar uns drinques em uma
palhoça, tipo bar e boite que era em Rio Doce, Olinda. Eu gostava, como até hoje gosto,
da música de Geraldo Vandré, chamada de “Pra não dizer que não falei das flores”
que diz mais ou menos assim:
Vem vamos embora/ esperar não é saber/ Quem sabe faz agora/ Não espera
acontecer- e assim por diante!
-Ela era proibida e eu não sabia. Coloquei várias fichas na eletrola do bar,
repetindo-a, e alguns minutos depois gritaram:
-Olhe a polícia!
-Vi muitas pessoas fugindo do local por uma lateral, fiz o mesmo, fugi por baixo
de umas redes, pois, o bar, salvo engano, chamava-se “Arrastão”. Dias depois soubera
que essa música era proibida e por isso o bar fora fechado. Não tive culpa de seu
fechamento, pois, não tinha ideia da proibição da música. Tudo me acontecia, era um
caso sério.
181
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO LXIII
RISCO DE MORTE
-Doutra feita, lá vinha eu de um clube que ficava no bairro de Casa Amarela, era
o Clube dos Funcionários do Banorte, e, como eu nessa época pertencia a Credinorte,
firma do grupo Banorte, frequentava. Nesse dia estava havendo boite. Lá pela
madrugada fora comer em um restaurante muito famoso que ficava no bairro do Derby,
era a Palhoça do Melo, servia um dos melhores galetos do Nordeste, pois, o melhor era
A Toca em Maceió. O ambiente era amplo e a noite eles colocavam a meia luz, mas
com luz suficiente, era um ambiente agradável.
-Ao sair da Palhoça do Melo, enveredei por uma rua estreita, próxima ao Bar
Canavial, ela era de paralelepípedo irregular. Quando seguia por aquela via, ouvi em
minhas costas o barulho que um veículo fazia naquele calçamento irregular, o mesmo
barulho que se ouve nas pistas de placas de cimento- toc, toc, toc! Quando olhei para
trás, realmente era um veículo. Encostei-me a uma parede para deixa-lo passar, foi
quando o veículo parou ao meu lado e um homem apontou uma arma para mim, mas
não atirou, pelo contrário, pediu-me mil desculpas e disse:
-Desde que você rapaz, chegou à Palhoça do Melo, eu pensei que era o assassino
de meu irmão, pois, o ambiente estava na penumbra e você pareceu com ele!
-Quis dar-me uma carona, nessa hora jamais podia aceita-la, estava tremendo
dos pés a cabeça. Não aceitei a carona. Sai a pé, atravessei ladeando o canal que passava
próximo aquela rua, para o lado do Colégio Americano Batista, e enveredei pela
Avenida Conde da Boa Vista até pegar um ônibus, pois nessa época eu morava na Rua
do Veiga por traz da TV Canal 6 e Avenida Cruz Cabugá.
182
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO LXIV
-Mais uma mancada ! - Uma tarde sai de casa da Rua do Veiga, que ficava entre
a TV canal 6 e a TV canal 2. No canal 2 estava havendo um programa ao vivo, era um
programa de calouros comandado por Ademar Paiva, famoso apresentador, nunca tive
coragem de ir até lá para cantar, ao lembrar-me do fiasco na Rádio Difusora de Alagoas,
quando fui gongado por três vezes. Nas imediações da TV, morava uma garota, tinha
uns quinze anos. Naquele momento fiz amizade com ela e ficamos de nos encontrar à
noite na porta de sua casa. Às sete horas, passei para pega-la, lá vinha ela calçando
umas alpercatas de tiras e trajando um vestido todo de florzinha, para irmos dar uma
volta pelo Parque 13 de Maio. Saímos de mãos dadas. Ela era da classe média, eu
avistara um carro na garagem de sua casa. Era bonitinha, um tipo “falsa magra”. No
quarteirão do Colégio Estadual de Pernambuco, havia vários armazéns não me lembro
se eram para estocar açúcar, só sei que as paredes dos prédios eram dobradas como as
dos prédios da zona portuária de Jaraguá em Maceió. No recuo da parede ficamos
agarradinhos, eu ainda não sabia o nome dela e perguntei-lhe.
- Como é o seu nome?
- Beija-me, Beija-me!
- Não tive dúvida e taquei-lhe um tremendo beijo, foi quando ela tomada de
surpresa me empurrou e disse:
-Você é tarado!
- Não quero mais namorar com você, no primeiro dia você me beija sem me
conhecer direito, quanto mais nos próximos dias!
-E ela me disse:
- Fora uma situação inusitada, pois o nome era igual ao pedido. Terminamos ali
o namoro.
183
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO LXV
POLÍCIA EM AÇÃO
184
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO LXVI
O CRIME
-Que não podia prestar socorro e se meter, somente a polícia civil, agora se
fosse um recruta militar, o caso era com eles!
185
se situa na cidade pernambucana de Abreu e Lima, uma importante fábrica de
embalagens, a turma era acostumada em fumar maconha sobre as lápides do cemitério
de Santo Amaro.
186
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO LXVII
-Na república, eu morava com mais quatro amigos, na Rua do Veiga, um deles
era o gordinho chamado Hélio que trabalhava na fábrica da Cervejaria Brahma, havia o
Mauro que trabalhava na fábrica de tecidos na cidade de Paulista, Pernambuco, outro
era o Celso, este era Cearense, que trabalhava juntamente comigo, na Credinorte, e o
outro era um dos chefes da Credinorte chamado de Edson Chagas, pernambucano da
cidade de Carpina, seu pai era comerciante naquela cidade e nessa época ele era noivo.
-O Celso era muito pirangueiro e quando nós pegávamos um taxi para vir para
casa de qualquer parte do Recife, o Celso sempre vinha ao lado do motorista e, quando
o taxi parava, ele descia correndo para não pagar e, quando andávamos de ônibus, ele
ficava por último e nos fazia vergonha dizendo, antes de passar na borboleta, de que não
tinha dinheiro para pagar a passagem, lá ia o Edson pagar a sua passagem. Celso
empregava quase todo seu salário em Letras de Câmbio para quando fosse entrar de
férias, resgata-las para gastar aquele dinheiro em passagens aéreas e outras quando ia
visitar a sua família em Fortaleza. Para se ter ideia, Celso a partir da sexta-feira, já ia
passar o fim de semana na casa da namorada na cidade de Jaboatão dos Guararapes para
não gastar com comida.
-Se alguém conseguisse comer toda aquela comida existente nas cambuquinhas,
não pagava o almoço, ou jantar!
187
no fim do mês. No supermercado quem era responsável em comprar as mercadorias
para a república, era o Edson Chagas. No fim do mês o Edson somava os vales, pagava
de seu bolso e descontava de nós, de mim e de Celso, e recebia por fora de Hélio e
Mauro.
-Se as despesas com bebidas e comidas fosse x, nos pedíamos que ele colocasse
na conta um valor superior, e ele nos dava a diferença, mas, antes, tirava os seus dez por
cento e, saíamos com algum dinheiro do clube para ser descontado no fim do mês. Essa
operação era realizada constantemente por nós!
-Nos fins de semana, Celso ia para Jaboatão, Hélio, Mauro e Edson que eram de
Carpina, viajavam para lá e eu ficava sozinho. Em frente ao nosso prédio de
apartamentos onde funcionava a nossa república, existia um barraco que fornecia
comidas. Eu tinha vergonha de deixar lá um pendura para pagar depois, e, por muitas
vezes, ficava com fome, porque, apenas tinha o dinheiro do transporte para ir ao clube
pedir adiantamento de dinheiro, através de vales. Lá vem outra mancada. Certo fim de
semana houve um aviso do clube que ele somente funcionaria no domingo, pois, da
sexta-feira ao sábado estaria fechado para uma reforma. Estava, como sempre, sem
dinheiro e fiquei de sexta-feira, à noite, ao domingo, sem comer nada.
-Sentia o cheiro da sopa que vinha do barraco, mas, não tinha coragem de pedir
fiado. Em casa somente existia farinha de mandioca, peguei um punhado dela e fiz uma
espécie de mingau, comi aquela gororoba quase vomitando. No sábado não aguentava
mais de comer mingau de farinha de mandioca. Finalmente chegara o domingo e eu
possuindo o dinheiro de ida e de vinda do transporte, era NCR$ 0,50 (cinquenta
centavos), vinte e cinco de ida e vinte e cinco de volta. Peguei o ônibus para Casa
Amarela em direção, ao salvador, ao Clube do Banorte. Lá cheguei com muita alegria,
pois iria comer e descontar ainda um dinheiro adiantado de meu salário. Que decepção,
pois, na porta havia um membro da diretoria que me apontava um aviso, o qual dizia:
-Que frustação, mais uma mancada, talvez desmaiasse de fome, pois, somente
comeria na segunda-feira bem cedo, quando os meninos voltassem do fim de semana.
Chegando em casa fora me deitar e, todas as vezes que tentei me levantar, a cabeça
rodava e eu retornava ao leito!
188
-Quando chegou foi logo perguntando:
- Bicho, já comeste?
189
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO LXVIII
-Em 1968, era época das eleições municipais no Brasil, os candidatos a prefeito
da cidade de Olinda, eram, o professor Barreto Guimarães e o futuro Senador da
República, o advogado e professor Marcos Freire. Nessa época eu morava em Olinda na
Av. Getúlio Vargas com o meu tio Dino e, por trás da casa dele, ficava a praia de
Olinda. Na orla morava o candidato Barreto Guimarães e ele convidara o cantor
Caetano Veloso para o comício de encerramento. Ele ficara hospedado na casa do
candidato. Caetano era bem magrinho, fiquei próximo dele aos uns dois metros de
distância. Ele era um cara chato e sem educação, não deu valor a ninguém, nem uma
boa tarde. Naquela época já gostava de vestir aquelas saias compridas.
Durante o último comício de Marcos Freire, que fora realizado em frente à Praça
do Carmo, ele deixou que uma de suas alunas, não sei e nunca soube o seu nome,
discursasse e ela em um momento disse:
-O Barreto Guimarães, vive metendo-me o pau pelas costas, quero vê se ele tem
coragem de meter pela frente.!
-Foi aquele inferno, a maior esculambação e, quando ela passava pela Rua do
Sol, lá em Olinda, a turma passou a gritar:
-Marcos Freire ganhou as eleições com mais de 70% dos votos, porém, as forças
armadas não o deixaram assumir, talvés, em virtude de não atingir o coeficiente
eleitoral, como foi o caso de Muniz Falção em Alagoas, não me lembro quem assumiu.
-Quando, ainda, morava na casa de meu tio Dino, lá na Avenida Getúlio Vargas,
em Olinda, eu fizera amizade com dois rapazes que eram donos da Panificação
Olindense, possuíam um conjunto de música e um bar na orla marítima chamado de
Samburá. Nessa época eu namorava com uma moça que residia no bairro de Cajueiro e
ela tinha sido namorada de um deles. Ela, coincidentemente, era prima de um conhecido
190
meu chamado de Breno Souto Maior que era dono da empresa Ponto Certo, na praça
Deodoro, na cidade de Maceió, Alagoas.
-Mas, a namorada não tem nada haver com a pessoa conhecida como Jairo!
-Na minha mocidade, eu conhecera em Maceió, um rapaz, que nessa época ele
tinha doze anos de idade e, como era filho único, seus pais lhe presentearam com um
automóvel Fusca, cujo carro para ele dirigi-lo, acionava os pedais do acelerador e do
freio, com as pontas dos pés.
-Ele era filho do senhor Antonio Palmeri, presidente da CAMIL, que possuía
propriedade na cidade de Cajueiro-Alagoas.
-Jairo sempre dirigia em alta velocidade, e não tinha medo de morrer. Um belo
dia, ele nessa época já contando com quatorze anos de idade, me dera um bigu, ou seja,
uma carona, do centro de Maceió até o Farol, para irmos assistir a saída das alunas lá no
Colégio Santíssimo Sacramento. Naquela época era contra-mão subir a Ladeira da
Igreja da Catedral e Jairo sempre subia, fazendo aquela estreita curva que vai para o
Colégio Sacramento. Nesse dia ele fez a tal curva, sem mesmo saber se vinha um carro
em sua mão de direção. Fiquei apavorado e não quis mais andar com ele, pois, o carro
ficara em duas rodas. Quase todos os anos, Jairo ganhava um carro novo.
-Certo dia, eles me apresentaram ao tal rapaz, e, para minha surpresa, era o meu
amigo Jairo de Maceió!
-E eles me disseram que o Jairo só diriga a cinquenta quilômetros por hora, era
muito medroso!
-Que diferença!
191
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO LXIX
-Também, na Rua do Sol, em uma das vezes que eu passava por ela, vi uma
moça interessante, era uma galeguinha que morava em uma casa tipo estilo castelo, a
casa tinha uma escadaria de mármore e embaixo, um tipo de porão parecido com
senzalas para colocação de escravos. Em resumo, ficamos namorando. O nome dela era
Elifrance, tinha cinco irmãos e duas irmãs. O mais velho da família era o Fredson,
depois vinha o Winison, o Haiala, Marcos e Alberto, e, as irmãs, Franciline e
Francileide. Fredson passara em um concurso da Receita Federal, Winison há pouco
tempo tinha deixado de servir ao exército, Haiala era mecânico, e, os outros dois eram
ainda muito novos, como também, as irmãs de Elifrance.
192
mandou fazer uma calha de madeira para cada piscina, que operava da seguinte
maneira:
-A água era corrente, se colocava a calha e deixava a piscina encher e quando ela
estava cheia, ele mandava tirar a calha e aquilo virava uma mine cachoeira, e a água
passava pela piscina e desaguava em uma tubulação que ia para o meio do mato, feito
um canal, a piscina permanecia sempre cheia.
-Aos domingos, nós, quando não íamos de ônibus, utilizávamos três veículos,
dois eram da família, um pertencia ao Haiala e o outro era uma espécie de jeep chamado
de Jeep Ster que pertencia ao Winison, o terceiro, pertencia ao namorado da Franciline
chamado de Plácido, este trabalhava na Cooperativa dos Plantadores de Cana de
Pernambuco e o seu veículo era um carro antigo, daqueles do tempo do cinema mudo,
um Chevrolet 34, de pneus médios.
-Havia naquela época uma garotinha que gostava muito de mim e todas as vezes
que eu e minha namorada estávamos juntos, ela vinha conversar conosco. Eu possuía,
na boca, uma peça com dois dentes, os dentistas a chamavam de Bridge, e, um dia ao
tomar banho em uma das piscinas, ao tossi, a peça escapuliu, pensei que a água a havia
levado ou ficara perdida na piscina. A piscina não era larga, porém, era um pouco
funda, e, eu pensei que ela havia escapulido quando da passagem da água corrente e se
perdera no mato e na tubulação. Ela ficou sabendo da perda e fora procurar na piscina.
Dai a pouco gritou:
- Eu vi! Eu vi!
- Fiquei decepcionado!
- Achei! Achei!
193
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO LXX
-No carnaval de Olinda assisti pela primeira vez o trote proporcionado pelas
Virgens de Olinda. Nessa época ainda existia o corso no centro de Recife. Fomos
brincar carnaval no corso. Preenchemos todos os lugares da Chevrolet pertencente ao
Plácido. Ela tinha dois estribos que serviram, também, de acomodação. Haiala utilizou
uma batina de padre emprestada por um pároco e o seu chapéu e fomos para o corso na
Avenida Conde da Boa Vista, cujo percurso, também, era inserido o Derby, a Rua do
Sossego, a Avenida Guararapes, Dantas Barreto e outras. Por coincidência, havia um
cidadão que tinha um jeep e estava participando do corso, cujo jeep possuía um sino e,
todas as vezes que cruzávamos com ele, ele acionava o sino e Haiala ia até lá benzer as
pessoas. Começamos a participar do corso uma semana antes do domingo de carnaval e,
naquela época, era proibido fazer críticas a governo e autoridades militares e
eclesiásticas e, o Haiala, estava brincando carnaval vestido de padre. No último dia de
carnaval, fomos parados por uma patrulha da polícia militar e o comandante dela disse
ao Haiala:
-Seu padre faz uma semana que o estamos procurando, não vamos leva-lo preso,
porém, o senhor deverá tirar o chapéu e a batina se quiser continuar a brincar carnaval!
-E assim o Haiala procedeu, a sorte é que ele estava por baixo da batina usando
uma bermuda!
- Vaca boi!
- Boi vaca!
194
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO LXXI
A FESTA DA VIRADA
-Winison casara com uma moça chamada Ana Lúcia que teve um filho por nome
de Winison Júnior, cujo filho eu o conheci quando recém-nascido e, outros dois, o
Wencles e Marlon. Ela falecera e Winison casara novamente e fora morar em Maceió.
Marlon casou-se com uma moça por nome de Paula, os dois eram vocalistas da Banda
Calcinha Preta, e ele tem outro irmão por parte de pai, que faz dupla com outro rapaz,
dupla chamada de Raphael e Gabriel. Outro irmão de Elifrance o Marcos, também tem
um filho que é músico e outros da família, todos músicos.
195
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO LXXII
-No dia do encerramento, conheci uma garota que fazia parte de uma comitiva
de um colégio de freiras da cidade de Bom Conselho, Pernambuco, não consegui
conversar com ela, porque, as freiras não davam brecha, porém, como eu não tinha no
momento um pedaço de papel, anotei o seu nome em um lenço branco pertencente a
mim, e, o nome dela, não sei, porque, me marcou, era o seguinte:
-De regresso do congresso em Palmeira dos Índios, dei uma grande mancada,
dessa feita foi pesada. Quando cheguei à Rodoviária para pegar o ônibus da Empresa
Palmeirense, eu presenciei um funcionário da empresa colocando as bagagens nas malas
do ônibus e não me preocupei. Quando cheguei à Maceió, fora pegar a minha mala e,
para surpresa minha, ela havia ficado na agência da empresa. Fiquei desapontado, pois,
naquela mala havia roupas e sapatos caros e empregara muito dinheiro para adquiri-los,
pensei que as tinha perdido, por sorte, uma semana depois os resgatei.
-Durante o congresso, meu pai havia sido convidado para almoçar na casa de
Geraldo Sampaio, dono da Rádio local, no futuro, dono de uma Emissora de Televisão e
do Parque das Flores. Era uma fazenda que ficava no alto de Palmeira dos Índios.
Durante o almoço, lembro-me bem, havia um senhor vestido a caráter servindo à mesa e
196
ao mesmo tempo nos abanando com uma espécie de leque feito com penas de pavão,
muito chique aquilo, somente ricos podiam usufruir daquilo.
-Se você quiser se encontrar com ela, é somente ir à Rua Nova no centro de
Recife onde existe em um 1º andar um Foto pertencente a nossa tia, fica do mesmo lado
do oitão da igreja da pracinha dos Diários de Pernambuco. Vá lá fazer-lhe uma visita!
- Mais uma vez aquela moça desconhecida cruzara o meu caminho e tão distante
de minha terra natal!
197
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO LXXIII
LUGARES QUERIDOS
198
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO LXXIV
-Eu conhecia um rapaz na pensão que eu morava, chamado José Maria, ele era
de Serra Talhada, Pernambuco, formado em filosofia, professor, e acabara de se formar
em direito e tinha recebido a carteira da OAB. Estava querendo montar um escritório
Jurídico-Contábil. Antes de ir à casa do diretor, fui me encontrar com ele em um
barzinho na Avenida Guararapes, e lá ele me apresentou a um rapaz que já trabalhava
com um irmão que era advogado e resolvemos abrir o escritório. Fomos ao Edifício
Inalmar próximo aos Correios e Telégrafos ver uma sala, estava tudo engatilhado.
-Ás 13:00 horas, fui a casa do diretor, lá chegando ele quis saber por qual motivo
eu estava deixando a empresa. Contei-lhe o ocorrido e, nessa época, eu ganhava muito
pouco, cerca de NCR$300,00 (trezentos cruzeiros novos) e ele disse que eu não saísse
que ele aumentaria o meu salário para NCR$900,00 (novecentos cruzeiros novos). Eu
lhe dissera três coisas - A primeira era se eu estava merecendo um aumento, pois, já
trabalhava desde 1967 e estávamos em fevereiro de 1969, portanto dois anos, por que
ele não me aumentou antes? - A segunda era, que se eu ficasse o problema iria
permanecer, pois, ele não ia brigar com o seu sócio. - A terceira e última coisa, fora uma
ideia do destino, pois, lhe dissera que estávamos no dia de sábado e se na segunda- feira
se alguém me convidasse para trabalhar pelo valor de NCR$ 220,00 (duzentos e vinte
cruzeiros novos) eu iria deixar a sua empresa.
199
-Na segunda feira, cheguei para trabalhar lá pelas nove horas e quando acabei de
sentar-me em minha cadeira, o interfone toca e a telefonista avisava de que havia uma
ligação para mim.
-Não vou declinar o nome de meu chefe por questão de segurança. Trabalhava
com afinco e comecei a notar que a empresa vinha tendo vários prejuízos, pois, se
trabalhava com papel-moeda, os financiamentos eram convertidos em Letras de Câmbio
e as gavetas do cunhado de meu chefe estavam abarrotadas de letras de Câmbio
inutilizadas. Comuniquei o fato a ele e notei que ele não gostou. Começou a me
perseguir, além de fazer o meu serviço, um funcionário, por sinal competente e direito,
o Carlos Alberto, estava de licença de saúde, e ele também empurrava o trabalho dele
para eu fazer, além de outros funcionários. Havia uma máquina chamada de “Adrema”
era onde se confeccionava as Letras de Câmbio. O funcionário dessa máquina chamava-
se Ivan e, em sua falta, o chefe, também, mandava que eu o substituísse, como, também,
a outro chamado de Souto Maior.
-Na segunda-feira, quando cheguei para o trabalho, não encontrei o meu birô no
lugar, havia um espaço entre os birôs e ao interpelar o meu chefe ele disse-me:
200
- Você agora vai trabalhar em outro prédio, na rua de trás, já mandei instalar um
interfone e lhe dei um funcionário para lhe ajudar!
-A frente do prédio dava para a mesma avenida e seu fundo para a rua de trás,
colado com uma casa de recursos, uma boite de prostituição. O funcionário escolhido
era um dos piores que eu já trabalhei em minha vida, o nome dele era Roberto.
-Para não haver engano, eu não deixava o Roberto calcular as planilhas. Nessa
época trabalhava-se com duas espécies de máquinas de calcular, uma da marca Facit e a
outra“Divisuma”, uma manual de alavancas e outra elétrica.
-Outras vezes que o interfone tocava, era outro colega de nome Masilon que
sempre dizia:
-Bicho! Vê se erra pelo menos um centavo, para eu consertar, pois, a coisa está
muito monótona!
-Certo dia, era na parte da tarde, ouvimos pisadas no corredor, pois, o piso era de
madeira. Apareceu na nossa frente um senhor moreno,vestindo terno, muito educado,
que nos interpelou:
201
Atlantic, era formado em economia. Ao dizer do meu desejo de fazer a permuta
querendo ir para a contabilidade, pelo fato de ser contador, ele me fez uma proposta.
-Se fosse tudo verdade aquilo que contara, ele me transferia para a contabilidade,
porém, se fosse mentira, ele me colocaria para fora do emprego!
- Disse-lhe que sondasse, não com meu chefe e sim com outras pessoas!
-Na semana seguinte, ele mandou que eu arrumasse as minhas coisas e fosse me
apresentar na contabilidade ao contador chamado Sinval!
-Fui trabalhar na conciliação bancária. Seu Ênio era uma pessoa maravilhosa e
seu Sinval, como se diz, uma “Mãe”. Feitosa era meu chefe. Um dia eu propus a seu
Ênio organizar o almoxarifado de material e o arquivo de correspondências, os fiz, e
para minha surpresa, o meu antigo chefe colocou o Souto Maior como chefe de
Almoxarifado dando-lhe uma comissão de chefia.
-Ok, já está demitido, saiba que você estava escolhido para ser o novo chefe do
Setor de Conciliação, porque, o seu chefe o Feitosa, vai sair daqui para assumir um
202
cargo de Gerente Financeiro de outra financeira, e você passaria a ganhar NCR$ 900,00
(novecentos cruzeiros novos).
-Triste sorte!
-Vim para Maceió e fiquei morando na casa de um dos meus irmãos, e, com
vinte dias exatos, ele me botou para fora da empresa e de sua residência. Fiquei com
uma mão na frente e outra atrás como se diz na gíria!
A CONFIRMAÇÃO
203
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO LXXV
DE VOLTA A MACEIÓ
-Meu chefe era e ainda é, uma pessoa muito boa, o meu prezado amigo
Sebastião Cardoso, hoje aposentado como Auditor Fiscal da Receita Federal em
Alagoas e exerce a profissão de advogado juntamente com um filho!
-Um dia, como eu havia trabalhado na Credinorte, fora escalado para tratar de
uns contratos de Plano Canavieiro com aquela empresa e, à noite, quando eu passeava
próximo a antiga rodoviária de Recife, encontrei-me com o antigo funcionário, o
Roberto, que me interpelou:
204
-Certo dia, ele, eu e outro amigo por nome Roberto, o “Beto”, fomos dar um
passeio pelas bandas de Richo Doce. Lá chegando, conhecemos umas garotas. Fomos
tomar banho de rio, pois, naquela região existe muitos rios dentro da mata.
-A noite lá vamos nós três ao encontro com as moças. Eu e Beto ficamos cada
qual com uma delas nos bancos existentes no Mirante da Sereia e, Márcio, desceu para a
praia.
-Estava ele no ato, quando de repente sentiu no meio de suas nádegas uma coisa
fria, a princípio pensou que era o cano de um revolver e que um ladrão o estava
ameaçando! - De repente sentiu um hálito quente e ouviu um espirro, descobrindo que
era um cachorro!
OUTRA DO MÁRCIO
-Era noite de festa na Praça da Faculdade, local onde quase todas as festas de
rua eram realizadas alí.
-Eu já namorei com você?- ela respondeu que sim!- e Márcio- e com ele?- ela
respondeu que também!
205
-E assim por diante, foram aparecendo outras garotas e as respostas eram
positivas tanto para Márcio quanto para mim!
-De repente, surgiu uma das mais lindas garotas da época, em Maceió, cuja
pessoa até hoje mantem-se bonita e elegante! - E Márcio fez a clássica pergunta:
-Eu já fui seu namorado?- e ela respondeu- Já!- e Márcio sabedor de que ele
tinha sido o primeiro e único namorado dela, perguntou: - E ele?- Não!- Mais já
namorou a minha irmã Petrúcia!
-Todas as pessoas que nos conhecia, achavam que eramos irmãos gêmeos,
devido a quase semelhança.
-Um belo dia, Ataíde me chamara para irmos a cidade do Pilar, Alagoas, para
um baile, para a escolha da Miss Pilarense. Fomos, porém, como o desfile demorou
muito, eu viera embora mais cedo.
-Uns dias após aquele baile, recebi um convite para comparecer a outro, dessa
feita era um de formatura que realizar-se-ia no Iate Clube Pajuçara.
-No dia da festa, cheguei quando o baile já havia iniciado. Ao adentrar próximo
ao salão de dança, uma moça, uma das mais bonitas que já havia visto em minha vida,
se aproximou e disse:
-Eu não sabia que Ataíde tinha arranjado uma namorada na cidade de Pilar na
noite do baile, e, a moça, era a vencedora do concurso de Miss Pilar!
-Tempos depois, ela quando estava namorando com um outro rapaz, vinha da
Praia da Avenida Duque de Caxias, em um Jeep tipo Bugre, sentada sobre uma toalha,
206
na parte trazeira do veículo, com os pés sobre o banco, como é o costume de muitos
turistas, quando o namorado ao fazer uma curva nas imediações do Cais do Porto de
Maceió, perdera o controle e o veículo se chocara com um poste e a Miss fora
arremeçada do lugar em que estava, tendo morte instantânea!
-Faz alguns anos que não vejo o Ataíde, quando solteiro, ele morava com os pais
e ajudava-os em uma fábrica de picolés e sorvetes na Rua Miguel Omena, no bairro do
Prado.
-Em 1970 eu conhecera uma moça chamada Gilma a qual me apresentara as suas
irmãs e, uma delas, chamava-se Gleide, eram da família Cavalcanti Wanderley, natural
de Maragogi, Alagoas. Era ano da Copa do Mundo. Em fevereiro, eu estava na semana
que antecede ao carnaval, na avenida conhecida como Avenida da Paz, mas o nome
passara a ser Avenida Duque de Caxias, assistindo os desfiles de blocos e ouvindo as
orquestras de frevo, quando a Gleide me convidou para passar o carnaval em Maragogi,
não aceitei. No mês de maio, eu soubera que a minha antiga namorada, aquela de
Arapiraca a MJ, estava naquele sábado à noite casando com o irmão de um amigo meu,
lá em Arapiraca.
-Aquele era o ano em que o Brasil tornara-se Tri Campeão Mundial de Futebol
e, não sei se por euforia, fiquei noivo.
-Um dia havia uma solicitação do Diretor Financeiro para entregar um trabalho
de urgência, eu estava por demais atarefado quando me ocorre um pensamento estranho,
como se alguém houvera me dado um recado, e o pensamento era o seguinte:
207
-Wilson morreu em um desastre de automóvel!
-Wilson estava fazendo medicina e era o filho único do Dr. Atílio, dono da
empresa Nordeste Veículo a qual eu havia sido contador, lá no Recife. Esse aviso entrou
em minha mente as 16:20 da tarde. Fiquei impressionado, dias depois, quando fora a
Recife visitar a minha irmã Clotilde, encontrei-me na Avenida Guararapes com um
rapaz chamado Joaquim que era o cobrador da empresa e, ao vê-me dissera.
- Pergunta-se, quem me contou, ele, porque, sempre fora meu amigo e viera-me
contar sobre a sua passagem!
A AUDITORIA DO BNH
208
-Dias depois, o diretor financeiro senhor Valdemar Pereira Lima, que havia sido
prefeito de uma cidade do interior alagoano, a cidade de Penedo, desfalcou a minha
equipe tirando uma funcionária para ser sua secretária, achando que os cinco
funcionários eram demais, e eu fora falar com ele, alegando que ao invés de tirar
funcionários eu estava precisando de mais dois, mas, não houve jeito e eu fizera uma
correspondência ao presidente narrando o fato e o diretor não gostando, deu-me 10 dias
de suspensão.
-Na hora do lanche, lá vinha o diretor, esperei que ele viesse, peguei a suspensão
que estava no mural juntamente com o ofício vindo da presidência do BNH, me
elogiando, rasguei-a em pedacinhos e, quando ele foi passando, joguei em sua careca,
ele era careca, e disse-lhe:
- Ato contínuo pedi demissão, mas, o Dr. Luiz Renato de Paiva Lima, disse que
eu cumprisse a suspensão que depois ele iria aumentar o meu salário. Nessa época,
todos os funcionários ganhavam NCR$ 499,20 (quatrocentos e noventa e nove cruzeiros
novos e vinte centavos). Não aceitei e deixei naquele mesmo dia o meu emprego. Uns
dois anos depois, encontrei-me com o senhor Valdemar nas dependências da empresa
Correios e Telégrafos na Rua João Pessoa e fizemos as pazes.
-No outro dia da minha demissão, a tarde, lá estava eu caminhando na rua que
dar para os fundos da Assembleia Legislativa, quando um carro para ao meu lado e um
conhecido meu da COHAB disse-me:
-E eu retruquei:
-E eu- aposto com você que daqui para as seis da noite estou empregado em
outro lugar!
-Quem falava comigo era o Dr. Ciridião Durval, que fora Juiz de Direito
Estadual em Alagoas e Prefeito da cidade de Passo de Camaragibe, também, em
Alagoas. Assim se deu a premonição. Lá para as seis eu estava empregado, desta feita
em outro órgão público a COBAL-Companhia Brasileira de Alimentos, na
contabilidade e o meu chefe era o Iúgo e o salário era idêntico ao da COHAB.
209
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO LXXVI
O ENGODO
-Se eu queria ganhar NCR$ 4.200,00 (quatro mil e duzentos cruzeiros novos)
como chefe dos Armazéns Gerais.
-Dois meses depois eu e Iugo deixamos o emprego. Iugo fora ser sub-contador
na TELASA-Companhia Telefônica de Alagoas, trabalhando com seu pai que era o
contador e eu fora para lá como mecanógrafo trabalhando na contabilidade, ganhando
NCR$ 600,00 (seiscentos cruzeiros novos), isso se deu em meados de 1971.
O FUXICO
-Nunca tive sorte com emprego, pois, ao sacrificar minhas noites e fins de
semana para colocar em dia a contabilidade, sem receber horas extras, ao receber meu
salário, do mesmo veio descontado NCR$ 100,00 (cem cruzeiros novos), por fuxico de
um chefe de um setor, um engenheiro que mais tarde viera a ser o presidente da
210
TELASA, vou deixar o nome em suspenso, pois, ele naquela época tinha curso até na
Alemanha, porém, não sabia de nada de telefonia, pois, o bambambã era um técnico
estrangeiro que viera do Paraná, o Cecil, cobra em montagens de Micro-Ondas, não é
aquele aparelho que se prepara comida e as esquenta e sim estações de telefonia da
época. Quando recebi o salário com desconto, liguei para o responsável que era
sobrinho do Presidente da empresa, reclamando do desconto e dizendo:
-Você vai pagar as minhas horas extras? Quando chego atrasado é porque
trabalhei quase a noite toda para colocar em dia o trabalho deixado pelo amiguinho do
presidente que me antecedeu, por que você não vai descontar o salário da amante do
Cecil que só chega atrasada?.
-Eu tinha um conhecido que antes de mim, fora chefe do setor que eu comandei
na COHAB, era o Augusto, e, quando eu fui para a COMESA fora exatamente assumir
o lugar dele na função de contador, não era perseguição não, era o destino. Depois
Augusto tornara-se advogado.
211
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO LXXVII
O GENERAL DE PIJAMA
-Mal sabia o gerente que os velhos eram primos legítimos do deputado federal
TENÓRIO CAVALCANTE, o homem que mandava e desmandava na baixada
fluminense, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, conhecido como o homem da
“Lurdinha”, esse era o apelido de sua metralhadora.
-Tenório quando fora acionado pela família dos presos, mandara um General de
“Pijama”, apelido dado àquelas figuras do exército que já estavam reformadas, à
Maceió, para libertar os presos e, chegando aqui, o general conseguiu, segundo algumas
pessoas informaram, mandar o Comandante do quartel do 20º BC para uma base do
exército lá para as bandas do Amazonas.
212
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO LXXVIII
-Após saber a onde estava entrando, aceitei mesmo assim o emprego, pois, o
salário era de NCR$ 1.000,00 (mil cruzeiros novos) com despesas de alimento e
hospedagem por conta da empresa!
213
mais de CR$ 54,00 (cinquenta e quatro cruzeiros) até, que, descobri que o balanço
anterior havia sido fechado na marreta.
-Com a ajuda de Raigran, sai perguntando a ele o que faziam com aquelas sobras
e ele respondeu que aquelas sobras eram de novo derretidas e iriam se constituir em
novos lingotes. Ali estava o “X” da questão. Porque, havia despesas com a Aciaria; as
despesas da Aciaria eram transferidas para o setor do Desbaste que se somariam as
despesas daquele próprio setor e depois se somariam as despesas da Laminação. Mandei
que fossem pesadas aquelas toneladas de sobras de ferro, de cada setor e calculados os
custos e, ao invés delas serem consideradas despesas, passaram a ser consideradas
estoque de matéria prima, e foi assim que consegui reverter um prejuízo em lucro.
-Fui muito elogiado, porém, quando chegou o mês de abril, eu fui sondado se
queria trabalhar na empresa distribuidora da Cerveja Antarctica pertencente ao senhor
214
Jeferson Lima, como chefe de escritório, ganhando CR$ 1.500,00 (mil e quinhentos
cruzeiros) empresa situada em Maceió, lá no bairro do Farol. Nessa época eu morava no
Pinheiro, no Jardim das Acácias, ficava não muito longe da empresa. Fora convidado
pelo próprio empresário. Disse-lhe:
-Não posso me desligar da empresa agora, pois ainda tem o Imposto de Renda a
ser feito!- Seria uma covardia deixa-la na mão!
- Pedi demissão e qual não foi a minha surpresa, quando ele mandou um recado
por um dos meus irmãos, que não ia precisar mais de mim. Estava eu mais uma vez
desempregado, recém-casado e devendo todos os eletrodomésticos e móveis as lojas do
comércio.
-Enquanto você não encontrar emprego, venha todos os meses buscar CR$
1.000,00 (um mil cruzeiro)!
-Disse-lhe que não era a sua rapariga e passei muitos anos sem falar com ele!
215
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO LXXIX
A SAPATARIA TORRES
-Desempregado e devendo muito, uma das vezes que passei pela Rua Moreira
Lima, onde ficava a loja na qual eu devia um bocado, o proprietário me viu e me
chamou, o nome dele era José Dias, pai de uma moça que eu no passado queria muito
namora-la, ela tinha o apelido de “Doda”. Ele sempre fora uma pessoa honesta, educado
e perguntou-me:
-Que não tinha nada não, pois, quando eu arranjasse um novo emprego, ele sabia
que eu pagaria o débito!
-Minha mãe arranjou um emprego através do marido de uma prima de meu pai, a
dona Vanusa, proprietários de uma loja na Moreira Lima, a Loja Tupy e do
Conservatório de Musica de Maceió, parente dos Drs. Ivan Brito, pai e filho, ambos
juízes de direito em Alagoas.
-O emprego era na Sapataria Torres, de José Alves Torres, hoje ele é proprietário
da firma Bellas Artes. A minha função era a de chefe de escritório. Eu gostava como
ainda gosto, do senhor Torres, somos ainda amigos. Lá aconteceu um fato interessante:
-Seu Torres ficou triste, sempre o tratou com decência. Dias mais tarde, quando
ele fora receber o premio, uma quantidade imensa de pessoas havia ganho juntamente
216
com ele e o premio fora de CR$ 400,00 (quatrocentos cruzeiros) só dava para comprar
alguma coisa. Foi àquela decepção, e,como seu Torres gostava muito do” Guanabara”,
não o colocara para fora.
-Lá o meu chefe era o Geraldo, antigo colega da COHAB e filho do senhor
Aristides, proprietário da Loja “A Radiante”.Trabalhando à noite naquela empresa,
descobrira um desfalque, cujo desfalque apresentamos ao sócio majoritário da empresa.
Ele era, também, Diretor Presidente de uma Usina Açucareira em Alagoas, chamada de
Usina Ouricuri. Após esse acontecimento, o gerente da SOCIMITA, que fora colega de
trabalho de meu irmão Antonio Carlos em uma cooperativa de crédito, convidou-me
para trabalhar lá, oferecendo o mesmo salário que eu ganhava na Sapataria Torres, não
queria aceitar, porém, ele argumentou que lá havia condição de eu fazer uma carreira
melhor. Aceitei. No terceiro mês de trabalho, já com carteira assinada, ele disse-me:
-fiquei com raiva dele, pois, havia trocado um emprego certo por um duvidoso e
pelo mesmo salário, foi quando ele disse:
-É brincadeira! Meu tio Nelson quer que você seja o sub-contador dele lá na
usina e, o seu salário será bom, peça a ele uns CR$ 2.000,00 (dois mil cruzeiros)!
-E assim foi, o nome do gerente da SOCIMITA era José Carlos Tenório, irmão
do delegado Fernando Tenório, hoje ele é ainda meu amigo!
217
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO LXXX
-Foi quando entendi que aquele complô era para me ver pelas costas, pois,
aqueles funcionários tinham o interesse de me ver bem longe para atender aos seus
propósitos!
-Não pude fazer nada, pois, alguns deles faziam trabalhos particulares para o
vice-presidente e era ele quem dava os aumentos!
-Uma vez, minha filha mais velha, era o único filho naquela época, estava
internada com infecção intestinal, e o Dr. Nelson Tenório, Presidente da usina, cuja
filha casara com o hoje desembargador Estácio Gama de Lima, mandou que eu fizesse
um trabalho de urgência e como eu não o pude fazê-lo em tempo hábil, ele me
interpelou.
218
-Não tenho nada com isso, você devia em primeiro lugar fazer as suas
obrigações!
-Primeiro minha filha! Depois o emprego!- Pois, se eu a perder não vou ter
outra igual e empregos existem muitos por aí!
- Ele era um sujeito de bom coração, porém, de um gênio difícil, deu um ponta-
pé na porta da diretoria que ela viera abaixo!
- Caboclo! - Você está certo! - Eu gostei! - Primeiro sua filha depois o emprego!
-Em outra ocasião, a usina estava passando dificuldades, o nosso salário atrasado
por mais de dois anos, apenas recebíamos de vez em quando, um vale. Nessa época eu
estava devendo a um agiota CR$ 10.000,00 (dez mil cruzeiros), empréstimo tomado
quando da reforma de minha casa, e mais CR$ 12.000,00 (doze mil cruzeiros) de juros
atrasados, já vinha dando CR$ 1.000,00 (um mil cruzeiros) por mês a título de juros e
não pude mais pagar. Foi quando o agiota dizendo que sabia que eu pagava, porém,
como a empresa estava quase falindo e ela mesma devia certa importância a ele, pediu
que eu pagasse apenas o principal, ou seja, os CR$ 10.000,00 (dez mil cruzeiros). Nessa
época eu possuía um Chevete. Meu irmão Alanio era advogado de Irmãos Peixoto em
Penedo, Alagoas, forneceu um cheque naquele valor e eu liquidei o débito com o agiota.
219
-Um dia, eu já nesse sufoco, ouvi de um colega de usina chamado de Avelar,
pessoa que já morreu e que Deus o tenha em bom lugar, que recebera todo o atrasado, e
mostrou-me um volume de cédulas que estava em seu bolso. Revoltei-me e gritei:
-Que aquilo era um absurdo uns recebiam e outros não e que o vice-presidente
todos os fins de semana levava uma maleta cheia de dinheiro para Recife, para fazer
farras e fornecer lautos jantares a seus amigos e não pagava aos operários da fábrica e
nem do escritório de Maceió!
- Já trabalho com o senhor há vinte anos e não é justo o senhor colocar para fora
uma pessoa trabalhadora e honesta!
-Ele tem razão, o senhor não paga a ninguém, porém, faz farras mesmo com o
dinheiro!
- Era o meu amigo José Amorim, e que Deus o tenha, falecera quando dirigia seu
carro na Ponte Divaldo Suruagy no dia de sua inauguração!
-Resultado, não fui demitido, apesar da torcida daqueles que queriam me ver,
mais uma vez, pelas costas.!
-Disse-lhe que eu estava sendo perseguido, meu salário como chefe era inferior
até aos dos meus auxiliares!
-A SOCIMITA fora vendida ao Paulo Cesar Farias, ao PC, aquele que depois
viera a ser tesoureiro da campanha de Fernando Collor de Melo. E a usina fora vendida
a Adelmir Lira!
220
-Ainda passei uns cinco meses trabalhando na empresa até que um dia...
-Era uma quinta-feira, depois eu soubera, houve uma reunião de meus “Amigos”
na casa do Avelar. A pauta da reunião era a maneira de como me colocar para fora e
acharam!
-Ao invés de você ficar reclamando de que o novo proprietário ainda não pagou
o nosso salário em dia, devia seu preguiçoso, trabalhar!
-Não prestou! Fora aceso o estopim! Pois, não deixei barato e parti para o
confronto e não chegamos às vias de fato, porque, um amigo meu chamado Josias, que
até pouco tempo era contador, que Deus o tenha em bom lugar, e nessa época pesava
um pouco mais de quarenta e oito quilos, agarrou o contador, ele não queria me agredir
fisicamente, mesmo tendo jogado em minha direção um cinzeiro que quase bateu na
cabeça de Nivaldo. O Josias não tinha força para segura-lo, a intenção era me colocar
para fora, como aconteceu, precisava de um pretesto. Depois, soubera, que quando ele
pegou o telefone e falou, não havia falado com pessoa nenhuma, quando disse-me:
O AMIGO ROCHINHA
- Um dia Rochinha tinha ido ao mercado comprar uma galinha que a sua esposa
o pedira para comprar. Uma semana depois, o Rochinha chega em casa dizendo:
221
- Outra do Rochinha foi a seguinte:
-Ele gostava de beber em um barzinho que ficava em uma das calçadas que dar
para a Praça dos Palmares, e um soldado da polícia militar que tinha uma esposa muito
bonita, soube que Rochinha estava de lero-lero com ela e veio tomar satisfação. Vieram-
lhe dizer que o marido daquela mulher estava chegando e a sua procura. Ele se escondeu
por trás do balcão, e quando o cabra chegou foi logo dizendo:
-A proprietária do bar disse que fazia muitos meses que ele não frequentava o
seu bar! Tendo-o convencido!
-A empresa fora vendida a José Pessoa de Queiroz Bisneto, hoje ele é dono de
várias empresas, e não querendo continuar trabalhando com ele, pedi demissão.
-Após pedir demissão, fiquei por um longo período desempregado, mas, não
parei por ai, fora ser vendedor de Box para banheiro e janelas de alumínio, na Art Box
de Arnaldo Sabararú. A primeira venda que eu fiz me dei bem e o Arnaldo cresceu os
olhos dizendo, acho que era com pena de pagar a comissão de dez por cento:
-Rapaz, eu que sou eu até agora não consegui fazer uma venda dessa e você na
primeira vez a fez!
-Deixando a Art Box, a coisa não saiu como eu pensara, era o ano de 1988, a
minha mulher do segundo casamento, estava grávida da segunda filha e eu
desempregado, não sabia como manter a casa e cuidar do pré-natal da gravidez de
minha mulher, mas, no mês de novembro do mesmo ano, ela dera a luz a uma filha que
se chama Maisa Isabella, o parto fora pela bondade de um amigo inesquecível o Dr.
José Lins Moura, obstetra e ginecologista, meu antigo vizinho, que o fez, e somente no
222
final de novembro é que fora chamado para exercer as funções de subcontador e chefe
de escritório do Hotel Ponta Verde pertencente a José Mauro de Vasconcelos. Trabalhei
naquele hotel até o meado de 1989.
-Deixei de ser contador e hoje exerço a profissão de advogado com muita honra,
pois, era uma das minhas profissões preferidas quando ainda garoto.
223
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO LXXXI
O CURSO DE DIREITO
-Fiz o vestibular pela primeira vez em junho de 1974 no CESMAC, perdi, voltei
a perder em dezembro de 1974, mas, pela experiência adquirida nos dois vestibulares
anteriores, tinha certeza que passaria no próximo, que fora realizado em junho de 1975.
Havia nessa época, 180 vagas, pois, eram constituídas de três turmas, eu passara na
metade das vagas, ou seja, no nonagésimo lugar. Havia feito juntamente comigo o
vestibular, o meu amigo Alder Flores, e o Audir que era funcionário do Banco do
Nordeste. Estava eu ouvindo o resultado do vestibular através do rádio de um aparelho
de som, cujas tampas eram os autofalantes, quando em um dado momento, o locutor
leu:
-Au...quando ele iniciou o nome, pensei que era eu, mas era o Alder Flores,
havia passado em sexagésimo lugar. Continuou a ler e mais adiante, ele leu o meu
nome. Joguei a caixa de som no chão e pulei de alegria. Minha mulher na época, a
Gleide, disse:
-Ela era muito ciumenta e antes havia dito que eu era preguiçoso e não estudava,
por isso não passava!
-Estavamos juntos a uma lanchonete dentro da faculdade, eu, meu amigo José
Calaça, hoje meu colega de escritório, o ex-prefeito de São Brás, Alagoas, o Aderbal
Quirino e o jornalista Gabriel Mousinho, quando de repente surgiu em nossa frente um
rapaz, e um casal de noivos que vinha em perseguição daquele rapaz. Começaram a
discutir e o rapaz que era noivo queria bater no outro e o meu colega Calaça interviu,
dizendo que o Curso de Direito ainda não tinha sido regulamentado e uma briga não
224
ficava bem, foi quando o rapaz insistiu e quis dar um soco no Calaça. Aconteceu uma
coisa nunca vista, talvez em cinema, quando o rapaz socou o Calaça, este o levantou no
ar e o soco foi dado em vão, pois, não o atingira. Calaça então o soltou e ele fora
embora. Ficamos todos espantados e Gabriel Mousinho disse:
- Posso publicar?-.
-O segundo fato fora que um dos professores, não convém citar nome, para tirar
uma dúvida surgida em sala de aula, na próxima aula, lá vem o professor carregando
uma quantidade de livros, que ia da virilha até embaixo do queixo, e dois filhos deles
com outra quantidade e disse:
-E saiu! -Foi quando uma colega de aula chamada de Aureni Moreno, ex-
delegada de polícia e que Deus hoje a tenha em boa guarda, dissera:
-Os livros estavam todos marcados com pedacinhos de papel e o colega Carlos
Torres, hoje Procurador de Justiça, disse:
-Não disse!
-Havia em nossa classe dois Agentes da Polícia Federal, uma era o Claudio Lima
que chegara a ser Delegado e o Paixão, acredito que o Paixão não passara no vestibular,
apenas fora colocado ali como infiltrado,pois, era ainda na época da chamada Ditadura!
225
-Era, salvo engano, o mês de setembro, e eles foram dar uma palestra sobre as
drogas, e levaram algumas bombas de maconha como eram chamadas aquelas trouxas
feitas pelos índios Chucurús de Palmeira dos Índios. Nesse dia estava Claudio, Paixão e
outro que estudava na classe vizinha. Espalharam as bombas sobre o birô e começaram
a explanação sobre os efeitos das drogas e como havia o combate a elas. Quando foram
recolhêr-las, estava faltando uma, e eles ficaram aperreados, pois, diziam que se ela não
aparecesse, o culpado poderia ser preso se descoberto e eles perderiam o emprego
devido a irresponsabilidade. Foi quando se lembraram de que a pessoa que havia se
aproximado do birô, fora a conhecida por “Gui”, não convem falar seu nome
verdadeiro, e foram ao seu encalço, encontrando-o ainda no estacionamento quando
acionava o motor de seu carro. Realmente, a droga estava com ele, pois, era viciado em
maconha, não o levaram preso por se tratar de colega de classe.
A PRISÃO
A FORMATURA
226
eu ia juntamente com a minha esposa, ele ia, chegando ao ponto de sentar-se a mesma
mesa do baile de formatura e eu lhe dissera:
227
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO LXXXII
-No sábado pela tarde, fui até a uma Auto Escola que ficava na Rua Coronel
Lima Rocha, no bairro do Farol, e pedi o aluguel de um Fusca, porém, disseram que
somente tinham um jeep quatro portas. Aceitei, embora as posições das marchas do
câmbio fossem diferentes. Quando o condutor chegou ao Jardim das Acácias onde eu
morava, e naquela época não havia trânsito quase nenhum, ele me entregou o volante.
Sentei-me na cadeira do motorista, liguei o jeep, dei a partida e o mesmo nem saltitou.
O condutor após eu dar umas duas voltas ele perguntou:
-Disse-me que apenas eu deveria aprender meia embreagem e baliza para tirar a
minha carteira!
-No domingo pela manhã, uma vizinha que tinha um fusca, ao vê o meu na porta
de casa, perguntou se eu queria ir à praia juntamente com ela, dirigindo o seu veículo.
Aceitei e já em frente ao conjunto de colégios do CEPA, eu já desenvolvia mais de
oitenta quilómetros e ela tomou a direção dizendo:
-Esse dia era a véspera de Natal e a noite, juntamente com minha esposa, fora
dar uma volta na Praça da Faculdade, dirigindo o meu Fusca!
228
-Dias depois, no começo de janeiro, eu fora à casa de um amigo, do contador
Rui Mora juntamente com um colega de trabalho, sua esposa e a minha. Na volta, por
ter bebido muito, o colega é quem trouxe o carro. Ao chegar em casa, minha mulher
começou uma briga e eu peguei a chave do veículo e sai em toda velocidade, passei pelo
meu colega que ainda estava se dirigindo a sua residência a mais de cem quilómetros
por hora, assim dissera ele!. Desci até a praia de Pajuçara e nessa noite estava sendo
realizado o Festival da Cana-de-açúcar, no Iate Clube Pajuçara. Nas imediações do
Clube de Regatas Brasil, o CRB, estavam fazendo a calçada da praia e o meio fio estava
alto, e eu cochilei no volante e as rodas prenderam no meio-fio e o carro capotou
lentamente, só acordei quando ele se desvirou sozinho. Para não ser preso e ter o carro
apreendido, sai de mansinho e fui dirigindo até em casa, a cachaça havia sumido de
repente. Mandei consertar o carro e, no mês de março de 1973, tirei a carteira de
motorista, apesar de treinar em uma camioneta com marcha Royal.
229
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO LXXXIII
-Uma vez comprara um chevete, comprei-o de segunda mão, fora do meu amigo
Eric Tenório, filho de Zé Tenório que possuía uma casa de venda de peças de
automóveis na Rua Dois de Dezembro no centro de Maceió. O carro havia sido
encomendado por ele ao seu primo Max que é dono da Mangabeira Veículos, era um
dos dois primeiros carros da marca Chevete que chegara a Maceió. Um era da cor
Branca e fora vendido para São Miguel dos Campos e o outro era da cor Vermelha que
viera para o Eric Tenório. Com uns oito meses de uso, ele me vendera. O carro era
como se dizia na época- Veio errado- Desenvolvia velocidade rapidamente.
O CARNAVAL EM SALVADOR
-Quando já estava muito adiante, um homem deu com a mão para eu parar e
pediu uma carona. Dissera-lhe que o carro estava com o número de passageiros
completo, mas ele insistiu. Nessa hora ele carregava uma câmara de ar de um caminhão.
Dissera que a câmara havia furado e ele viera consertar e que o seu caminhão estava
mais adiante. Dei-lhe a carona!- Dissera-me, ele:
230
- Que era eletricista de veículo e que trabalhava na Usina Vassouras em Sergipe!
-Olhe um fio que vem do motor de partida para a ignição, talvez exista algum
partido, pois, quando o motor esfria, o carro pega, e quando está quente ele para!
-Foi Deus que colocou o senhor em meu caminho, pois, eu ia pegar carona
naquele caminhão e graças a sua ajuda eu não tive acidente nenhum.!
-Agradeceu e mais adiante pegou o seu caminhão que estava parado à beira da
estrada!
231
- Pensei que era trote, somente para passar por nós! - Mas não era! - A lâmpada
do stop estava acesa e muito quente, a ponto de pegar fogo e causar um incêndio no
veículo!
-Durante a viagem, ele dissera-nos que era de São Paulo e seu nome era Josias.
Estava indo a Salvador buscar um documento que ficara no apartamento daquele pastor.
Ajudou na gasolina quando colocamos mais um pouco em outro posto. Quando
chegamos a Salvador, não conhecíamos quase nada, apenas tínhamos ido uma vez
quando dirigi o meu primeiro fusca. O endereço o qual nós procurávamos era em
Pituba, mas estava muito complicado encontra-lo, pois, o número era inexistente
naquela Rua e os endereços dos baianos eram complicados, uma casa era 2.560, em
outra o número 1.012 e assim por diante. Queríamos encontrar o endereço de Tereza
Pacheco, uma médica legista que era Diretora do Nina Rodrigues, o IML de lá. Mas,
não encontrávamos. A Tereza Pacheco era tia da esposa de meu cunhado, da Ivana
Pacheco. Um proprietário de um restaurante dissera que só sabia o número de seu
estabelecimento, porque, vinha no recibo da energia.
-Tínhamos outro endereço, o da Alda Villas Boas, que a essa altura já havia
casado e o endereço era ali mesmo na Pituba. Quando chegamos lá, o porteiro nos disse
que ela havia viajado para Aracajú passar o carnaval!
- Que sorte!
- Ao enveredarmos por outra rua, quem vem em cima de um Bugre, a minha
cunhada e suas duas amigas e gritou para a minha esposa.
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- Gleide me siga!
- Eu não queria, tantas pessoas para eu encontra em Salvador fui logo encontrar
minha cunhada que nos deixara no meio da estrada. Assim mesmo, a seguimos e
encontramos um lugar para ficar, era na Rua Ana Neri em uma pousada de freiras, de
mesmo nome!
-Assistimos a passagem dos Filhos de Gandi e minha esposa ficou com raiva,
porque, um deles havia colocado uma fita em minha cabeça e ela não gostou, porque, o
cara era gay!
- Era a música de Caetano Veloso que vinha sendo cantada por um grupo, e as
pessoas vestidas com roupas tipo daquelas da Clã Klus Kan, seita de americanos que
tinha ódio a negros, lá nos Estados Unidos. Um grupo de umas dez pessoas, onde se via
violinos e outros instrumentos de corda!
-Em pleno carnaval e aquela música suave!- Segui-os até Campo Grande e lá
eles ficaram em uma casa!
-Lá em Campo Grande assisti a duas cenas deploráveis, uma delas fora a de um
casal de noivos que alguns rapazes tomaram a noiva do rapaz, pegavam por todas as
partes do corpo e o segurava para ele não fazer nada. Depois assisti a uma guerra de
latas de cervejas, pois, naquela época em Salvador já existiam latas de cervejas. Uns
metiam latas uns nos outros. Sai dali com medo de ser atingido por uma delas!
-Na segunda-feira, briguei com a minha esposa, porque, ela queria que eu na
quarta-feira desse carona para a sua irmã e suas amigas. Não aceitei e resolvi, as 11:00
horas da manhã voltar para Maceió, e assim o fiz. Vim na estrada apostando carreira
com um veículo Chevrolet, era uma Caravan, apostei até São Miguel dos Campos. Ele
colocava 160 por hora e eu também, parecia que eu estava louco e minha mulher
reclamava a toda hora. Passei em casa, lá no bairro de Jatiúca, e lá para as sete horas da
noite, eu estava em Maragogi, Alagoas. Passei o resto do carnaval sem falar com a
minha esposa, coincidentemente, eu e um compadre meu, também, com a sua. Nesse
ano a música mais tocada era a “Cabeleira do Zezé”.
233
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO LXXXIV
AS VIAGENS DE FÉRIAS
-A excursão somou 65 pessoas. Fora pela empresa Aéreo-Turismo, cujo guia era
o meu presado amigo, o Carlos Sampaio, hoje advogado. Fomos primeiramente para
Foz de Iguaçú no Paraná. Chegamos às duas e meia da manhã. No dia seguinte, fomos
conhecer a cidade de Porto Iguazú no lado Argentino. Depois, as Cataratas do Iguaçú,
do Lado Argentino. À tarde fizemos uma excursão às obras da Hidroelétrica Itaipú,
pois, nessa época, ainda estava em construção. À noite fomos à Ciudad del Este,
antigamente chamava-se Ciudad Presidente Stroessner, em homenagem ao General com
esse nome, ele era um ditador. Fomos fazer compras e uma visita ao cassino local.
-No dia seguinte, fomos conhecer o lado Brasileiro das Cataratas do Iguaçú.
Após, pegamos o avião para irmos para o Rio Grande do Sul. Antes do embarque, por
ter entre nós, na excursão, um funcionário da Receita Federal, ele ficou com medo de
que algum de nós estivesse transportando contrabando, pois, eram proibidos
equipamentos eletrônicos, e ele sabia que a fiscalização fazia por amostragem, escolheu
as minhas bagagens e ficou com receio de uma mala que parecia mais a um baú, ela era
muito grande e pertencia a um conhecido meu chamado de Rubens, um dos
proprietários da Padaria Rio Branco, primo de meu amigo de infância o Adávio, nessa
época ele era Odontólogo, era muito alto e eu acho que ele calçava 45, pois, quando
abriram a sua mala, havia algumas calças jeans que eram enormes e pesavam muito,
inclusive os seus tênis. A minha mala não tinha nada, além das roupas, apenas uma
garrafa de uísque, de cinco litros. Assim que iniciamos a viagem, recebemos o almoço,
e em um dado momento, o avião começou a se jogar muito devido a uma forte
turbulência e os almoços tiveram que ser recolhidos. Ao chegarmos ao aeroporto do Rio
Grande, nos tiraram da excursão das pessoas de Maceió, cujas pessoas já estávamos
acostumados a elas e nos colocaram em outra excursão com pessoas desconhecidas,
234
foram cinco pessoas de Maceió retiradas da excursão. Havia um idoso o qual nós o
apelidamos de “Barão” em virtude dele ser parecido com a figura da cédula de dinheiro,
o Barão do Rio Branco. Ele não quis sair daquela excursão e tiveram de colocar outra
pessoa em seu lugar, na nossa. A explicação era de que o ônibus só cabia sessenta
pessoas e estávamos em sessenta e cinco, inclusive, tínhamos pago por último.
-Lá no Rio Grande do Sul, ficamos na Rua da Praia em um hotel muito chique.
As vinte e uma horas, déssemos para o jantar lá mesmo no hotel. A churrascaria
chamava-se Capitão Rodrigo. Os antigos colegas de excursão já estavam terminando o
jantar quando nós chegamos para o nosso. Começaram a chamar-nos de metidos a besta,
pois, não queríamos as suas companhias. Em nossa mesa havia umas quinze pessoas
desconhecidas, eram elas os novos colegas de viagem.
-Eu como gosto de fazer amizade com as pessoas, estava em frente a mim um
casal, e eu entabulei conversa com ele. Era marido e mulher. Ele era de uma família de
políticos da Paraíba e ela era de Minas Gerais. Ele era representante de Marca Passo,
instrumento auxiliar do coração.
-De repente, ele me perguntou de onde eu era, e como resposta disse-lhe que era
de Maceió! E ele-
-Olha querida, ele é da cidade que está morando a sua prima- e adiantou- ela é
casada com um funcionário do Banco do Brasil!
-E como resposta ele me dissera que sim!- Verdi era como até hoje o é, meu
amigo!
-Entre os novos colegas de viagem existia uma moça que era cabelereira e
morava no Rio de Janeiro , e o nome dela era igual ao da esposa do Lenon do famoso
conjunto Inglês!
-Não tem nada não, pode pedir outra que não vai pagar esta!
- Acreditei no sujeito!
- De repente anunciaram:
235
- Ha ora ouviremos o cantante Paraguaio Ernanes, não sei das quantas!
-Não me recordo o nome completo dele, pois, o sujeito além de ser o dono da
boite, era ladrão e Paraguaio!
- Nos cobraram as duas vodcas, eu não queria pagar, mas, por insistência dos
colegas, que diziam que estávamos em terra alheia era melhor pagar!
-Disse-lhe que sim!- e ele completou- ele já viajou comigo, ficamos amigos!
-No último dia de Lajes de Pedra é que viera a descobrir uns barzinhos, inclusive
uma biblioteca, que ficavam no subsolo do hotel, aí não havia mais jeito de usufrui-los.
UM PORRE DE VINHO
236
UM CASAMENTO DE GRANFINOS
-No início da subida da Serra Gaúcha, fomos nos encontrar com a outra turma de
turistas, a mesma da qual eu fizera parte, as pessoas de Maceió, em uma fazenda
chamada Bela Vista, aonde se realizaria um churrasco. Não podemos frequentar o salão,
porque, estava sendo realizado o casamento da filha do maior Joalheireiro do País, a
famosa Joalheria M. Roseman, eles eram Judeus. A musica mais tocada era aquela.
-Rara, Naguila Rara, Naguila Rara, etc. e dançavam agarrados uns do lado
dos outros como se fora um trem. Ninguém podia se aproximar!
- Lá para as tantas vieram nos oferecer uns doces e umas uvas, por estarmos com
raiva não aceitamos, em virtude, também, de termos realizado o nosso churrasco em
baixo de uma gameleira ao ar livre. Os peões faziam tudo para nos agradar, não havia
jeito!
OS ALFRED
-No hotel aconteceu uma coisa inusitada. Havia uma camareira muito curiosa e
muito mal educada. Ela tinha o costume de abrir à porta dos apartamentos e, quando os
abria, não queria saber se havia pessoas lá dentro ou não. Sempre dizia ao abrir a porta:
-E em uma das vezes, um homem de minha excursão estava nu quando ela abriu
a porta!
237
A DESPEDIDA
-Luzo e o seu vôo?- e ele respondia- a moça do balcão disse que vai chamar!
-Resultado, a moça do balcão havia dito que chamou e ele entendeu vai chamar.
Resumo da ópera, perdera o vôo. Como soubera que eu ia fazer uma excursão por
outros Estados, resolveu nos acompanhar, juntamente com outro casal que possuía uma
filha de sete anos de idade. Era um tenente do exercito, reformado, chamado Marinho,
hoje ele auxilia na igreja dos Capuchinhos em Maceió.
O NOVO PERCURSO
-Lá fomos nós sete fazer a nossa excursão particular. A primeira parada era em
Florianópolis. Chegamos lá pelas 11:00 horas. Ficamos todos no hotel o qual eu havia
reservado. Conheci no hotel um casal, ela era de prendas domésticas e ele era mecânico.
Haviam viajado de Campinas-São Paulo até alí, de carro. Eu lhes perguntei, mesmo sem
os mesmos me conhecerem direito, em tom de brincadeira:
-Diziam as más línguas que eram na época as duas cidades de maior número de
gays. Ele ficou um pouco chateado, mas, não ficou com raiva de mim, pelo contrário,
continuou a entabular conversa comigo!
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-Ela não está com os pés na cadeira e sim sobre o braço dela!
-Motorista, tem um passageiro que não quer que a filha tire os pés da cadeira!
-Se o senhor não tirar os pés de sua filha do banco, o ônibus não vai seguir
viagem!
-Em Camboriú, todas as casas eram tipo bangalôs, em todas elas havia um carro
importado na garagem, as casas estavam fechadas, diziam que eram casas de veraneio
dos Argentinos. Fomos tentar almoçar, porém, o almoço era camarão, uns camarões
pequenos, pareciam aqueles aos quais chamamos de “Pitiguiras”, era por dúzia, uma
fortuna, resolvemos lanchar.
O PASSEIO E AS MANCADAS
-Madame, eu cozinho o milho sem sal para ele não ficar duro, e quando ele é
retirado da panela eu o mergulho em uma água de salmoura!
-Que mancada!
-A segunda mancada fora a minha. Ao sairmos da praça, já era umas onze horas,
resolvemos comer os milhos lá no hotel com café, porém, a cozinha estava fechada.
Resolvemos procurar uma lanchonete ou um trailer de passaporte que estivesse aberto
àquela hora e o encontrei. Aproximamo-nos e eu dei boa noite e disse:
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-Qual não foi a minha surpresa, não era um trailer de passaporte e sim uma
unidade auxiliar da Polícia de Florianópolis. Que vergonha, os policiais ficaram rindo
da minha gafe!
-No domingo fomos fazer uma Turner pela cidade, pegamos taxi e fomos
conhecer uma parte da praia, fomos até uma lagoa conhecida por Lagoa da Conceição.
Era tipo uma praia, havia até pessoas pegando onda com pranchas de Surf. Fomos
almoçar, porém, ficamos com um pé atrás, pois, se em Balneário Camboriú uma dúzia
de camarões pequenos era uma fortuna, avalie em Florianópolis a Capital. Lerdo
engano, quase caímos de costa com os preços. Pedimos um rodizio de camarões. Eram
sete pratos por pessoa, Primeiro viera uma espécie de sopa, depois camarões ao alho e
óleo e assim por diante, muito barato o almoço.
-No outro dia, logo cedo, resolvemos viajar até Blumenau, fomos pelo Vale
Itajaí, lindo vale. Ao chegarmos à rodoviária de Blumenau, resolvemos alugar uns
armários e fomos conhecer a cidade. Havia a fábrica da Sul fabril e da Hering. À tarde
depois de um lanche, viajamos para Joinville. Pernoitamos lá, e, como eu tinha de voltar
para Florianópolis para pegar um avião para Curitiba, mas, era uma viagem cansativa,
resolvemos ir de ônibus e tive de cancelar a passagem.
-Fomos então para o bairro de Santa Felicidade, bairro chique, que possuía
muitos restaurantes. Passamos por um que era parecido com um avião, tinha asas.
Diziam que ele pertencia ao Zacarias do grupo dos Trapalhões.
240
CR$5,00 (cinco cruzeiros) de ida e de volta, e de trem, ficaria CR$1,00 (um cruzeiro),
que diferença para o hotel!
-De novo Marinho, só leva esporro!- e ele ficou bravo com a gente!
-À tarde, fomos até a Rua das Flores nos encontrar com a colega de viagem que
fora revelar as fotos, e para a minha surpresa, as fotos que eu havia tirado com aquelas
moças na Vinícola Aurora, haviam sumido, nem os negativos existiam mais. Era
armação de minha mulher com a colega de viagem!
-A noite, fomos outra vez ao bairro de Santa Felicidade, mas não quisemos
comer churrasco, optamos por massa. Disseram-nos que a casa de massa conhecida por
Madalousa era caríssima e fomos para outra. Já em capítulos anteriores, eu dizia das
minhas coincidências e aconteceu mais uma delas, pois, a casa de massa que entramos,
era a tal que pertencia ao amigo e compadre de Marinho. Não pagamos nada, tudo
cortesia.
-Fomos almoçar ali perto em uma rua por trás da Paulista, no Restaurante
Cabeça de Boi, do mesmo grupo no qual almoçamos em Foz de Iguaçu. Ao sairmos do
restaurante, Luzo nos dizia que iria fazer uma visita a uma sua prima e que a noite nos
241
encontraria no hotel para irmos a tal boite. Quando de repente, surge a tal prima, outra
coincidência, que disse:
-Vocês tenham cuidado quando andarem nas ruas e ônibus, o negócio anda sério,
uma conhecida minha sofreu um atentado!- E nos contou.
- Dizia ela:
A BOITE “O BECO”.
-Literalmente era um beco, pois, a entrada da boite mal dava para adentrarmos.
La dentro a coisa mudava de figura. Era um salão amplo com muitas mesas e um grande
palco. Soubemos que os proprietários e os quais davam sempre show, eram: Emílio
Santiago, Sonia Santos e Peri Ribeiro, grandes nomes da MPB. Naquela noite não fora
diferente, eles cantaram. A entrada era CR$ 10,00 (dez cruzeiros) por pessoa, com
direito a um drinque.
-O Luzo no outro dia, logo cedo, viajou para o Rio de Janeiro e nós só íamos no
dia seguinte. Almoçamos perto do hotel, na Paulista, e mais tarde fomos descontar um
cheque de viagem no Banco Econômico que ficava próximo a Praça da Bandeira e a um
mercado público. Ali perto, também, ficava o Setor de Engenharia do Banco do Brasil
aonde iriamos fazer uma visita a um amigo, o esposo de uma amiga de minha mulher,
aquela amiga, a Alda Villas Boas, ela era de Aracajú e ele, o Clarindo, de Junqueiro,
Alagoas.
-Que horas são?- respondemos três da tarde!- E ele- daqui a mais ou menos vinte
minutos vai cair um pé d’água!
242
-No outro dia, fomos até a Galeria Page e depois a uma livraria que ficava na
Rua Direita, quando estava dentro da livraria escolhendo uns livros de direito, levei uma
tremenda tapa na cabeça e a pessoa dizia assim:
-Foi àquela briga, cujo motorista alegava que o carro estava todo sujo e que ele
havia mandado lavar naquela manhã. Para evitar mais discursão, paguei a contra gosto.
-A casa onde ficamos não era do meu colega e sim de seu sogro, pois, a dele era
em Niteroi, porém, ele quando estava naquele endereço se hospedava em uma casa que
ficava mais abaixo da do sogro. Havia uma garagem perigosa, pois, quando ele vinha ou
o sogro, com o carro, dava um freio com antecedência, antes, para não despencar no
abismo, era uma temeridade!
-Fomos conhecer a Ilha do Governador, era muito grande. Dois dias depois,
deixamos a casa do amigo e fomos nos hospedar na Tijuca na casa de minha irmã
Ângela Katia. Ela morava próximo a Praça Sãs Penha, acho que se escreve assim, e o
quarto do casal dava para a Conde de Bomfim, em frente ao Banco Itaú, a Casa das
Banhas e a subida de um morro.
243
-O esposo de minha irmã era o Jalton, primo de Cícero Amélio, vereador por
Maceió, naquela época!
-No Rio de Janeiro, fora a um jantar de aniversário daquela moça que nós
conhecemos da viagem ao Rio Grande do Sul, aquela que revelara as fotografias. Ela
era professora de cegos, os ajudava a guiá-los pela cidade.
-No Morro do Pão de Açúcar existem dois estágios, se salta no primeiro morro e
depois o bondinho vai até o segundo. Assim que saltamos do bondinho no primeiro
morro, um japonês tirou nosso retrato sem ao menos nos pedir. Subimos até o outro
morro e, assim que déssemos, ouvi uma pessoa gritar!
-Não era possível, mais um conhecido de Maceió, dessa feita o Gilvan, filho do
senhor Aristides proprietário, na época, da A Radiante, de uma loja no Comércio de
Maceió.
-Ao descermos para o primeiro morro, o japonês estava nos esperando com um
monóculo na mão onde estava o nosso retrato. Um excelente fisionomista. Pois, ele
olhava rapidamente para as pessoas e depois para o monóculo. Tivemos que compra-lo!
-De volta dessa pequena excursão, pegamos o ônibus para a Tijuca, o qual
ônibus diziam que era a linha 232, pois, lá era por números. De repente o ônibus passou
pelo Maracanã e mais adiante subiu uma ladeira e chegou ao final de sua rota.
Descemos e perguntamos onde estávamos, e como resposta:
-Diziam que tínhamos que sair imediatamente dali, pois, era perigoso. Pegamos
outro ônibus e saltamos em uma praça muito antes da Conde Bomfim!
-Uns dois dias que passamos no Rio de Janeiro, na casa de minha irmã Ângela,
juntamente com ela e com meus sobrinhos, fomos de barca até a Ilha de Paquetá, aquela
ilha que ficou famosa onde rodou uma novela chamada “A Moreninha” da Rede Globo
de Televisão. Durante a viagem, uma senhora se aproximou de mim e perguntou se eu
era descendente de árabe, pois, eu parecia com árabe. Seu marido era descendente.
Engraçado que muita gente em Maceió, me achava com cara de árabe. Inclusive um
244
fotografo da cidade de Capela-Alagoas, um dia me disse:
-Ele errou o nome, pois, o mesmo é Omar Xarife famoso astro de cinema!
VIAGEM A FORTALEZA
-Em 1980, eu quando ainda estava casado com a minha ex-mulher a Gleide
Wanderley, resolvemos fazer uma viagem à cidade de Fortaleza. Saímos de Maceió de
ônibus, e fomos até recife, e de lá pegamos um avião para Fortaleza. Ao subirmos na
aeronave, e ao procurarmos as poltronas aonde íamos nos sentar, havia um senhor bem
gordo sentado do lado da janela e a minha esposa preferiu a poltrona do corredor e eu
fiquei perto dele. De vez em quando ela fazia um arzinho de riso, e eu não sabia o por
que de tal atitude. Quando chegamos à Fortaleza, ela me disse em tom de brincadeira o
motivo de tanto riso:
-Eu vou é voltar perto de uma morena bem gostosa! E ela disse:
-Eu duvido!.
245
-Fomos fazer compras, inclusive, por incentivo de minha irmã Clotilde, que
dizia que todas as viagens que ela fazia, comprava mercadorias para revender e, com o
lucro, ser ressarcida de parte das despesas empregadas com a viagem.
-Fomos a uma praia que diziam que era a verdadeira praia de Iracema e não no
local onde existe a estátua daquela índia que fica localizada na Praia de Mucuripe,
inclusive o cantor Vagner canta “As Velas do Mucuripe”. Na beira da praia ficava o
Restaurante chamado de “LIDO”, e a musica lançada naquela época, era “As Rosas não
Falam”, cuja música ouvimos pela primeira vez e naquele restaurante.
-Fomos conhecer a Praia do Futuro, cuja praia ainda hoje, dizem que é do futuro,
pois, quase nada mudou desde a época em que estivemos lá!
-No domingo que era o dia de voltarmos de viagem, fomos dar uma volta na orla
marítima,e, próximo a Praia que se diz que é a de Iracema, lá vinha pela calçada uma
morena colossal abraçada com um rapaz louro e notamos que ele era estrangeiro. Foi
quando eu dissera:
-É com essa morena que eu vou voltar para Recife! E minha esposa dizia:
-Voce vai voltar mais uma vez sentado perto de outro Gay!.
-Pegamos um taxi e fomos mais adiante pela orla marítima e de repente, quem é
que salta de um taxi? A tal morena e eu voltei a dizer:
-Quando ele embarcou em um avião com destino a São Paulo, ela ficara
debruçada em uma grade, assistindo o avião alçar vôo.
246
das crianças e pessoas idosas a subir no avião, por isso, fomos os últimos a embarcar.
No avião havia apenas os três últimos lugares que ficavam lá no final, perto da porta
trazeira.
-Minha mulher com ciúme, tentou trocar de lugar comigo, mas, não aceitei e
disse:
-Ria agora!
247
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO LXXXV
-Na eleição municipal de 1992, eu fora ser advogado da coligação da Chapa Por
Amor a Mata Grande, lá na cidade do mesmo nome, contratado pelo deputado Eraldo
Malta, candidato a prefeito.
-Viajei juntamente com o meu amigo, professor e advogado, Carmelo, que Deus
o tenha em um bom lugar, cunhado de meu colega de colégio Diocesano, Nairo Freitas,
grande oftalmologista. Saímos de Maceió umas cinco e meia da tarde. Tínhamos que
trabalhar apenas na apuração, pois, a eleição havia sido naquele sábado e já encerrada.
Nunca havíamos ido aquele município, não sabíamos nem como ir até lá. Resolvemos
seguir em direção a Batalha e fomos.
-Já era tarde da noite, mais ou menos vinte e uma horas. Estando perdidos,
resolvemos parar em um restaurante de beira de estrada que estava aberto, e havia uma
lâmpada acesa na entrada. Ao invés de pararmos no lado esquerdo da pista na direção a
qual seguíamos, Carmelo fora mais adiante e voltara, e parara a Pampa, esse era o
nosso veículo, na porta do restaurante. Carmelo era alto, de maneira que a sua cabeça
batia quase no teto da Pampa, acendeu a luz do salão e começou a assobiar, e a pentear
os cabelos, enquanto eu gritava:
-E ele não estava ligando para nada. É que de dentro dos matos e do restaurante,
surgira uma meia dúzia de pessoas armadas até os dentes e viera em nossa direção, foi
quando alguém deu um grito bem alto dizendo assim:
-Os homens de imediato deram meia volta e o Carmelo nem isso notou. Quem
era que me conhecia naquele fim do mundo, se eu nunca havia andado por lá? - Era um
ex-vizinho meu, o Edvaldo Abreu, eles estavam garantindo a vida de uma candidata de
uma cidade ali perto. Desci do carro e cumprimentei Edvaldo, nesse interim, é que o
Carmelo acordou para a realidade. Fui ao banheiro e a lâmpada estava destruída, de
propósito, pois, nos fundos e nas laterais do restaurante havia um imenso matagal e
plantação de cana-de-açúcar. E Edvaldo dizia-me:
248
-Vocês se arriscaram muito, ao invés de pararem da maneira que iam viajando,
fizeram a volta dando a impressão que iam nos atacar!
-Vá em frente, do seu lado direito você vai encontrar a cidade de Olho D’água
das Flores e mais adiante a esquerda, São José da Tapera, siga mais adiante e vai
encontrar uma estrada que cruza com essa, dobre a direita e vai mais adiante encontrar
Canapi!
-Seguimos viagem, porém, após passarmos por Olho D’água das Flores,
pedimos informação em um posto de gasolina e obtivemos outra rota-Nos dissera o
Frentista:
-Se forem direto, vão dar uma volta no Estado de Alagoas, quase em Paulo
Afonso, não aconselho é muito longe. Existe outra maneira mais fácil. Vão passar por
duas pontes, depois de cruzarem a segunda, vão encontrar um lugarejo chamado de
“Piau” ele é todo iluminado, depois do último poste, dobre a direita e vão direto até
chegar ao asfalto, pois a estrada é toda de barro!
-Após passarmos Piau, Carmelo ficou temeroso, pois, além de ser dia de eleição,
havia um caminhão nos seguindo, e ele dizia:
- Será que estamos certos nessa estrada?-E eu para meter medo e vendo uma
camioneta estacionada em uma casa de uma fazenda, disse-lhe:
-O caminhão que nos seguia era da Casa Guido em Maceió, com dois homens na
carroceria, em pé, que ia entregar móveis. Seguimos mais adiante e chegamos a um
cruzamento da estrada de barro com uma de asfalto!
-Havia uma placa do outro lado da pista parecendo ser de limite de velocidade,
pois, era redonda, nenhuma indicação de que fosse da entrada de uma cidade. Do lado
direito existia um posto de gasolina e resolvemos colher informações. Ao me aproximar
de um funcionário que estava na janela do escritório do posto, quando perguntei, ele
fechou com mais de mil a janela e apagou as luzes. Havia um caminhoneiro que nos
dissera que não conhecia, pois, era do Rio Grande do Sul e a esquerda ele disse que
iriamos para Delmiro Gouveia e Paulo Afonso. Tive a intuição de que era em frente.
- E era!
249
-Ao chegarmos ao centro da cidade, havia um jovem sentado no selim de uma
bicicleta e um dos pés em uma calçada, e quando nos aproximamos para colhermos uma
informação, o mesmo saiu em desembalada carreira. Comentei com Carmelo:
-O senhor foi muito educado, deu boa noite, por isso vou responder, porque,
essas pessoas são adversários políticos de meu genro que é o candidato a prefeito.
Doutorzinho já foi para Mata Grande e a estrada para lá o senhor segue em frente e
dobra a esquerda não tem errada!
250
-Na terça feira, quando ainda não havia começado a apuração de Mata Grande,
estava sendo concluída a de Canapi, recebemos um comunicado para comparecermos na
casa do prefeito da cidade, o Hélio Brandão, e fomos. No carro, que era um Corcel,
havia sete pessoas, estávamos apertados que só sardinhas em uma lata!
-Será que o Joãozinho fizera alguma besteira, pois, o meu código penal eu deixei
em Maceió!
-O veículo seguiu por vários quilómetros, descia serra, subia serra, até que
entramos em uma estrada de barro coberta de lama e chegamos a uma casa de tijolos
aparentes, e, quando eu ia entrando, uma pessoa esbarrou em mim, já estava para lá de
Bagdá, era o Paulo Malta, meu conhecido, havia bebido para comemorar a sua vitória
como prefeito de Inhapi!
-Lá em um quarto, havia umas oito pessoas, e em uma cama enorme, deitado
sobre ela, vestindo pijama, lá estava o candidato, o tio de Roseane Collor, e assim que
entramos, o Joãozinho fora logo dizendo:
251
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO LXXXVI
-Doutra feita, fui funcionar como advogado nas eleições da cidade de Major
Isidoro, o candidato era o Doca, irmão de Antonio Alves, ex-Secretário de Saúde de
Alagoas, meu antigo colega de Diocesano, conhecido por nós como “Tonho Macaco”.
Viajei juntamente com os meus colegas advogados, Roberto Pinto, que Deus o tenha, e
Queiroz, e, de última hora, o advogado Raimundo Palmeira desistira de comandar os
trabalhos do cliente, pois, resolveu ir para a cidade de Anadia defender uma amiga de
seu primo que era candidata a prefeita daquela cidade.
-Do outro lado, um corpo de advogados liderado por Fernando Maciel e Mágno
Alexandre, hoje Promotor de Justiça de Alagoas. Foi um pleito muito tumultuado!
-Havia algumas pessoas querendo fazer boca de urna, até dentro do recinto de
votação. Eu portava um crachá e uma mocinha quando me via aproximar-me dela, saia a
toda e reclamava a um senhor. De repente, estavam, em uma calçada, o Dr. Antonio
Amaral, ele era promotor de justiça aposentado, seu filho Luciano Amaral, que era
Deputado Estadual por Alagoas, e outros homens, quando aquele senhor que era pai da
mocinha e de dois rapazes, me chamou e pegou na lapela de meu paletó e disse:
-E eu lhe dizia:
252
-Solte meu paletó, você não sabe com quem está falando!
-Se eu morrer hoje, você morre amanhã, não sabe o de que a minha família é
capaz!
-Incontinente, ele soltou o meu paletó, eu não sabia que ele pertencia à mesma
coligação de meu candidato!
- Deputado, fique ai mesmo, que eu falarei já com o senhor, pois, essa senhora
estar à disposição desse promotor!
- Cabra macho! Nessa época era muito novo e acabara de tomar posse como
promotor, era o ano de 1996!
-Havia um advogado recém-formado, que a todo custo, queria que aquela pessoa
homônima que tentava votar desde a manhã, votasse, e chamava-me para brigar lá fora e
eu lhe dissera:
-De outra, vamos falar com o promotor, vamos no meu carro!-E eu lhe
respondi:
253
-As confusões eram tantas, que uma das vezes uma moça do lado oposto, pediu-
me uma orientação e foram dizer a um dos advogados que comandava a eleição do
outro candidato, que eu estava interferindo nos assuntos da outra coligação e, ele viera a
minha presença com “Sete Pedras na Mão!”, como se diz na gíria. Após os
esclarecimentos de que eu havia dado orientação correta, ele pediu-me desculpas e
disse-me:
-A partir de agora, somos amigos e não haverá mais problemas entre nós, faça o
seu trabalho que eu farei o meu!
-Dr! O que fora que o senhor dissera aquele homem que havia pegado na lapela
de seu paletó?
-Que meu pai nunca teve medo de ninguém inclusive seus filhos!
- E ele respondeu:
-Mais tarde, soubera de uma cena hilariante provocada pelo Roberto Pinto.
Disseram que ele ao descobrir uma carteira de trabalho expedida na véspera da eleição,
tentou ficar de posse dela e a pessoa correra e ele teve que dar uma tainha, ou seja, se
jogar nos pés da pessoa para pegar a carteira. Roberto Pinto era barrigudo e hoje já fora
prestar contas a Deus!
254
Promotor de Justiça. A Juíza era a Dra. Maria de Fátima Pirauá e o Promotor, meu
amigo e, filho de meu chará de segundo nome, JOSE ALDE, o Dr. Coaraci da Mata
Fonseca, sobrinho de meu dileto amigo, escritor, teatrólogo, poeta, juiz de direito e
imortal da Academia Alagoana de Letras, o Emanoel Fay Mata da Fonseca, que
recentemente falecera, que Deus o tenha.
-Na volta das eleições peguei uma carona com o Dr. Coaraci até a cidade de
Anadia, para ver como se saíra às eleições de seu tio Luiz, conhecido como “Luiz
Perrita” e a candidata à prefeita. Luiz ganhara como vereador e a candidata ganhara,
também. Voltei de Anadia com o meu amigo e advogado, o Dr. Raimundo Palmeira.
255
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO LXXXVII
EM SALVADOR
-Na mesma manhã, tínhamos que ir a delegacia e depois até o fórum Rui
Barbosa, no centro de Salvador, na 2ª Vara Criminal. Estávamos a dormir de sono solto
como se diz, quando ouvimos batidas na porta do apartamento como se quisessem
derrubá-la. Quando me levantei da cama, os meus pés afundaram em um verdadeiro rio,
pois, havia água por todos os lados. Era um vazamento no banheiro, pois, aquela chibata
conhecida por chicote, que vai da torneira a passagem da água, havia rompido e lá
embaixo, no restaurante, estava uma verdadeira piscina, pois, o piso era de madeira.
-Quando fora dormir, alguns minutos depois, ouvi um barulho como se fora
caminhões, ou seja, carretas fazendo manobras, os motoristas acionando os freios a AR,
mas, puro engano, era o barulho do vazamento de água. Por sorte as nossas bagagens
estavam sobre uma mesa e os sapatos, também, inclusive, as minhas sandálias havaianas
estavam boiando, tiveram que fechar a água da caixa.
O POLÍTICO E O DESEMBARGADOR
-Lá no restaurante havia muita água, mas, já estavam sanando o problema. Fui
tomar banho, e, quando troquei de roupa, fui tomar o café da manhã. Claudio deixou
para tomar banho depois. Naquele ambiente havia duas pessoas além de nós dois. Era
256
um senhor forte e uma moça, os quais falavam sobre política e aquilo me interessou.
Aproximei-me, os cumprimentei e passamos a conversar, e ele me perguntou o que eu
estava fazendo em Salvador e eu lhe dissera:
- Que fazia mais de trinta anos que tinha estado em Salvador, não conhecia
ninguém e vim ajudar a uma pessoa que estava presa, sou advogado e de Maceió!
-Que tinha sido prefeito de um interior de Sergipe que ficava do outro lado de
Pão-de-Açúcar, Alagoas, e que fora o Elísio Maia que havia garantido a sua vida
naquele município, e hoje estava ali para fazer a campanha de seu filho em uma cidade
que ficava a mais de novecentos quilómetros de Salvador, quase divisa com Minas
Gerais!
-Quando o seu primo Gilberto- lembro-me desse nome- viesse naquela noite de
Brasília, pedisse ajuda para mim!
- Disse-me, ainda, que o primo dela era genro de um homem chamado, acho que
era esse o nome, de Cleófane da Silveira, importante político da região da laranja, entre
Lagarto e Simão Dias em Sergipe!
-Ao dizer da promessa ao meu colega, ele não acreditou dizendo que em
promessa de político, não se devia confiar!
-A 2ª Vara estava sem juiz há mais de dois anos. Encontramos o novo juiz que se
chamava Valiebaldo Correia. Pessoa educada que nos recebeu com urbanidade!
-Comentou que assumira aquela vara há uns quinze dias, quando viera de Feira
de Santana-Ba!
257
-Foi quando ele disse para ingressarmos com um Habeas-Corpus!
-Isso era no final de junho e ficara acertado que a audiência seria no dia sete de
julho em uma quarta feira!
-Havia mais de três mil processos espalhados pelo chão do gabinete e da entre
sala. Fomos à delegacia falar com nosso cliente e quando o delegado soube que um
advogado coroa queria falar com o prisioneiro, disse:
-Foi quando o chefe de serviço disse que era um outro advogado, e de Maceió-
AL!
-Fiquei sem saber o porquê de “tamanha recepção” o que o delegado havia dito
anteriormente, e que eu e meu colega escutamos,” o advogado filho da p..”!
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-Aloísio Bezerra era um homem baixinho, cabelos pintados, pulseiras de São
Jorge e outros santos, em seus pulsos, parecia com o nosso desembargador José
Agnaldo!
-Havia santos por todos os lados, inclusive uma grande imagem de São Jorge e
lâmpadas acesas, imitando velas!
-Eu estava trabalhando em uma rádio em Feira de Santana e coloquei quinze mil
reais na Fogueira Santa, e uma semana depois, eu senti o resultado, fora chamado para
trabalhar em outra rádio aqui em Salvador! Vou colocar uns trinta mil reais, para ver no
que dá!
-Não resisti e disse-lhe que tudo aquilo era besteira, o pastor de sua igreja queria
só o seu dinheiro!
-Fora levantada uma pequena discursão e o meu colega, Dr. Claudio disse:
-Não serei eu que farei essa audiência, pois, eu e um juiz auxiliar temos um
acordo, ele faz as audiências dos processos impares e eu os pares, e o do doutor é impar!
-De repente surgira um homem alto, usando toga e, por sinal, muito educado,
dizendo que iria fazer a audiência. Durante a audiência, um ex-vendedor de livros que
eu acabara de conhecer e já era advogado, chamado de Carlos Magno, pediu ao juiz
para participar da audiência o qual pedido fora aceito. Durante a audiência fiquei
sabendo por intermédio dele, que o coroa advogado o qual o delegado havia se referido
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com desdém e com palavras ofensivas, havia sido Secretário de Segurança Pública do
Estado da Bahia, estava explicado o, porquê, de sua atitude. O juiz era professor
catedrático de duas universidades e tinha vários livros publicados. Pessoa competente e
humilde como deve ser uma pessoa de grande saber!
-Um mês depois daquela audiência, o nosso cliente fora libertado em virtude de
minha peça de Revogação da Prisão Preventiva, acho, também, pela influência do
desembargador!
260
REMINISCÊNCIAS
CAPÍTULO LXXXVIII
-Havia em Maceió dois amigos, um deles meu, também, o primeiro era o Carlos
Milito e o segundo o engenheiro conhecido por Erico. Antigamente não havia estrada de
asfalto no percurso dos Sete Coqueiros até o Alagoinha. Tínhamos que dirigir os
veículos entre os coqueiros em uma estrada de areia. Os dois amigos tinham a mania de
dirigir com um dos braços para fora do carro, como faz alguns motoristas de interior e
alguns taxistas. O veículo de Carlos Milito, se não há engano, era um Chevrolet Belair e
do Erico era outro tipo de carro grande. Uma noite os dois amigos tentaram passar ao
mesmo tempo por aquela estrada de terra entre os coqueirais e estreita, e como estavam
os dois com os braços para fora, tiveram os mesmos fraturados, pois, se chocou um
com o outro. Não sei se Milito aprendeu a lição em não mais dirigir com o braço de fora
do veículo!
-Em Maceió, havia duas pontes estreitas, todas elas eram a caminho de Riacho
Doce. Havia outro colega de nome Joaquim que, também, era engenheiro e jogador da
equipe de futebol conhecida como Flamengo de Alagoas, agremiação formada por
colegas das imediações da Rua Dias Cabral. Uma noite estávamos na igreja da Catedral
assistindo a uma missa acho que era de Natal, quando nos chegara a notícia de que dois
veículos haviam se chocado em uma daquelas pontes, e os condutores haviam morrido,
eles se conheciam, eram o Joaquim e o galego Erico, aquele mesmo, que havia se
envolvido no acidente com o Carlos Milito.
-Foram citadas essas duas pontes em virtude do que agora vou discorrer!
-Era o ano de 1973, a minha filha Audrey Lara era recém-nascida, tinha poucos
meses de vida. Fomos passear em Maragogi na casa de meu sogro o Edval Wanderley,
tio do escritor Dirceu Lindoso. Nessa época os meus compadres Petrúcio Calheiros e
Eliane Alvim, eram noivos e nossos convidados para aquela viagem. No carro
estávamos eu, minha mulher, minha filha, Petrúcio e Eliane. Era um Fusca de cor
Branca. E em outro carro, estavam o meu cunhado Carlos wanderley e nessa época, a
sua namorada Ivana Pacheco.
-Estavam ampliando as pontes para não haver mais acidentes. Tínhamos que
fazer um desvio!
261
-De volta de Maragogi, quando chegamos à cidade de Porto Calvo, em um lugar
plano, o freio do Fusca começou a esquentar e a ferver, a borracha do freio, como se
costumava dizer, virou, e o óleo começou a vazar. Não tínhamos mais condição de
prosseguir viagem. Um mecânico tentou consertar, mas não conseguiu e ele teve que
desativar os freios. O que fizemos. Passamos a minha mulher e a minha filha para o
outro carro e no meu viemos, eu, meu cunhado e meus compadres. O carro totalmente
sem freio, nem ao menos funcionava o freio de mão. Como dias antes o carro dera o
mesmo problema e meu irmão Alanio o dirigiu da praia da Pajuçara até a TV Gazeta no
Farol, subindo a Ladeira da Catedral utilizando apenas o freio motor, eu havia
aprendido como dirigir sem freio.
-ESTATÍSTICA!
-Quase o mandei para aquele canto, mas, mesmo assim, respondi contra a
vontade!
-De Maragogi!-
-A trabalho!- E assim por diante até ser liberado com- uma boa viagem!
-Filhos da p...!
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-Quase havia um atropelamento por causa de uns sacanas de estudantes!
-Após passar Riacho Doce e já chegando a Guaxuma, fui alertado pela minha
comadre da ampliação da primeira ponte. Já íamos passando direto por ela, íamos cair
em cima das ferragens, foi quando eu me lembrei do desvio a esquerda e o fiz, o carro
quase vira e eu acompanhei a curva com o meu corpo como fazem os corredores de
motocicletas nas competições, quase sai pela porta do motorista. Na segunda ponte, eu
já estava alertado.
263
e chupar rolete de cana. Uma vez, o Major fora ao cinema São Luiz juntamente com a
sua esposa, e, quando estavam acomodados, havia uma cadeira vaga ao lado do
governador na qual sentara um conhecido nosso chamado Pedro, cujo apelido era o de
“Pedro Rolete!”. Quando a sessão começou, um gaiato gritou lá de cima da galeria:
- Pedro Rolete, saia de perto do Major, depois não diga que eu não lhe avisei!.
- Fora aquela gozação. A polícia tentou encontrar o gaiato, mas, fora em vão. Já
no término do filme, o gaiato voltou a atacar:
OS CHINESES
-As vezes se tem a mania de dizer que esses chineses, como, também, os
japoneses, vêm ao Brasil somente para ficarem ricos e roubarem, porém, não se sabe
como eles enriquecem, mas, o mais velho dos chineses daquela colônia me dera à
receita. Dizia ele:
-Que todos ali tinham funções pré-determinadas, ou seja, uns vendiam pasteis
naquele calor insuportável; outros vendiam objetos nas ruas e em empresas e outros em
lojas confortáveis, com ar condicionado, vestindo ternos, mas, aos domingos e feriados,
eles eram iguais, pois, os veículos eram coletivos, como todas as residências eram no
mesmo padrão, todos tinham o mesmo direito!
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maneira, cresciam e todos os lucros eram divididos igualitariamente. Parecidos com os
brasileiros, não?
-Houve uma época, exatamente num mês de dezembro, que eu fora convidado
por meu filho para passar uns dias em sua casa, porém, tendo o encargo de levar comigo
a minha neta Micaela.
-O nosso vôo saiu a meia noite e meio, com destino a Goiana e escala em
Brasília. Ao chegarmos em Brasília, minha neta como estava com fome, pediu para que
eu comprasse um lanche para ela. A fila da lanchonete estava enorme e passamos vários
minutos para comprar o lanche. Micaela comeu um dos produtos e não quis comer os
demais, e, enquanto eu lanchava, ela pediu para ir ao toalete, e o mesmo ficava em
frente a lanchonete, e sob o meu olhar. Assim que acabei de lanchar, esperei o retorno
de minha neta, e ela nada de surgir na porta do toalete. Pedi uma moça para procurar se
uma menina de oito anos estava alí. Resposta negativa, onde se metera a minha neta?
-Se passara cerca de meia hora, quando de repente, encolhida em uma poltrona
da sala de espera do primeiro andar do aeroporto, por trás de um balcão de informações,
lá estava a Micaela com raiva e chorando, porque, não chamavam para o embarque e ela
estava com saudade de seu pai. Custei a voltar ao normal, é claro que ela levou um
carão daqueles e o vôo que partiria às 07:30 fora cancelado e somente as 12:30 é que
pegamos outro avião, o meu filho já estava aperreado com a demora de nossa chegada!
AS FAZENDAS
-Sabe de quem são essas terras, as de um lado e do outro?- Respondi que não!
265
-Olhe quanto tempo vamos viajar e essas terras não acabam nunca!
-Muito tempo depois, ele me informava que tinha que sair da pista principal e
pegar uma variante em direção à cidade de Palmeira de Goiás, e não poderíamos
prosseguir olhando aquelas terras, que ainda havia um bom pedaço.
-Fomos, eu, meu filho Christiano, meus netos Caio e Micaela viajarmos a cidade
de Pirenópolis. Cidade onde nascera a dupla sertaneja Zéze de Camargo e Luciano!
-À porta de uma pizzaria resolvi tirar umas fotos de meus netos, em meu celular.
A rua era muito estreita, e, nessa hora, eu estava de costa para uma das calçadas e nela
vinha um homem, bêbado, cambaleando, e de repente, trombara em meu ombro. Ele
vinha com uma sacola em uma das mãos e uma garrafa de cachaça na outra. Quando
nos recolhemos ao hotel, senti falta de minha carteira de cédula e voltamos para
procura-la, não a encontrando. No dia seguinte, fomos perguntar onde morava a
proprietária da pizzaria onde havíamos jantado e, encontramos a sua casa, cerca de uns
dois quilómetros!
-O passeio havia terminado para mim, e os meus netos estavam quase chorando,
pois, queriam tomar banho de cachoeira, e, como havia chovido muito na véspera, no
Estado de Goiás, os rios estavam cheios e perigosos, pois, poderia vir uma tora de
266
madeira e causar um acidente, cujo alerta fora dado pelo vigia da propriedade onde
ficava a cachoeira.
-Como perdera a graça da viagem, não quis conhecer Caldas Novas, a Pousada
do Rio Quente, a qual cidade há muito eu tinha vontade de conhece-la!
-Christiano pediu que eu fosse com ele buscar uma cama tipo maca, que serve
para depilação, lá no estabelecimento da Ferrão, em cujo estabelecimento havia muitas
divisórias. A cama era de ferro e continha um colchonete e era muito pesada. Como
tinhamos que levanta-la, eu que sou de uma estatura mediana, não estava conseguindo
levantar a cama por cima da divisória e, resolvi ingressar na outra para ter mais apoio, e,
quando abri a outra porta, ouvi um grito:
-Não!
-Lá estava uma moça fazendo depilação e eu não pude evitar de assistir aquela
cena, a moça de pernas abertas, uma toalha sobre as coxas e o inevitável, tudo de fora.
Meu filho deu aquela bronca, e eu me desculpei que não sabia!
-No outro dia, a tal moça fora conferir se eu havia visto alguma coisa e chegando
na casa onde morava a minha nora perguntou:
-Acho que ela se convenceu de que eu não a havia reconhecido, e de não ter
visto nada, puro engano!
O SENADINHO
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Rua da Praia. Em virtude da nossa amizade com os demais colegas profissionais do
direito, que têm escritórios naquele local, começaram a frequentar o nosso e, diante
disso, os intervalos de trabalho redundaram em uma parada para o cafezinho, chegando
ao ponto do escritório ser denominado de SENADINHO. Ali trocamos experiências
profissionais e outros assuntos de nossos interesses, apenas, não existem negociatas e
propinas. Frequentam o Senadinho: Leonardo Teixeira, Abdias Jucá, Welington
conhecido como “Batatinha”, José Calaça, Artur, Junio, Lígia, João Correia e tantos
outros.
CONCLUSÃO.
-Em 1983, já formado em direito e possuindo três lindos filhos, Audrey Lara
Wanderley Santos, hoje formada em Administração, Christiano Wanderley Santos,
Engenheiro de Produção e Fabiano Wanderley Santos, formado em Ciências da
Computação, me divorciei de minha esposa Gleide Wanderley, após onze anos de
convivência e fora morar com a minha atual esposa, Maria José Faustino da Silva, cujo
nome seria quando nascera, Edilene, porém, como nascera enlaçada, sua mãe colocou
Maria José, a família continuou a chama-la de Edilene, até hoje. Tenho com ela duas
lindas filhas, Monique Christine Faustino Santos e Maisa Isabella Faustino Santos.
Monique é formada em Pedagogia pela UFAL, e hoje é professora da Rede Municipal e
Maisa, já tendo uma formatura superior, quis exercer a profissão de enfermeira, e fora
estudar na UNCISAL- Universidade de Ciência da Saúde de Alagoas- Universidade
Estadual, onde se diplomou. Possuo seis netos, Caio, Micaela e Maria Fernanda, filhos
de Christiano; Clara e Vinícius, filhos de Fabiano, e Laís, filha de Monique, lindos
netos, meus tesouros.
FIM
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