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RESUMO
Em Moçambique, tem-se observado anualmente, durante a época fresca, período em que se
registam altos níveis de produção, grandes perdas de tomate (Solanum lycopersicum L.) que
podem variar de 25 a 50% da produção total. Contudo durante a época quente regista-se uma
grande escassez deste produto. Uma forma de evitar perdas pós colheita e conservar o tomate por
mais tempo é através do seu processamento; e a técnica mais simples consiste na secagem para a
obtenção do tomate seco ou em pó. Associada a secagem vários pré-tratamentos são usados
como é o caso da DO. Contudo, em Moçambique não há registos do uso da secagem de tomate
com ou sem DO, e nem dos seus níveis de aceitabilidade. De modo a contribuir para a redução
de perdas e para o aumento da disponibilidade do tomate mesmo na época quente, neste trabalho,
avaliou-se as características físico-químicas, a qualidade microbiológica e sensorial do tomate
em pó. Para tal, foi conduzido um experimento onde analisou-se vários parâmetros físicos e
químicos nomeadamente: a cor, o teor de humidade, a Aw, o teor de cinzas, o pH, o TSS, e a
acidez titulável; Identificou-se os fungos associados ao tomate em pó; E a análise sensorial foi
feita por 50 provadores não treinados, entre estudantes e funcionários da FAEF. Para a análise de
dados, usou-se o Delineamento Completamente Casualizado com 3 repetições e 3 tratamentos:
T1 (secagem sem DO); T2 (secagem com DO por meio de NaCl a 5%); e o T3 (controle). Os
dados foram analisados por meio do pacote estatístico STATA 10 e da folha de cálculo do Excel.
Assim, a secagem não provocou alterações significativas nos parâmetros da cor (L*, a*, e b*);
Contudo, a Aw reduziu de 0,93 para 0.15 e 0,13 como resultado da secagem com e sem DO,
respectivamente. Reduziu a humidade de 95,15 para 18% no T1 e 17% no T2; E aumentou o teor
de cinzas de 0,7 para 11% no T1 e 16% no T2. Em relação às características químicas a secagem
não provocou alterações significativas do pH para o T1, mas levou a redução do pH do T2 de 4,3
para 4,1. Do mesmo modo: resultou no aumento do TSS de 4,33 para 12,96 oBrix no T1; e para
13,6 oBrix no T2; e também provocou o aumento da acidez titulável de 0,37 para 2,16%, de ácido
cítrico no T1 e para 1,58% de ácido cítrico, no T2. Associados ao tomate em pó foram
identificadas duas espécies de fungos: Aspergillus niger e Penicillium notatum, que
provavelmente podem estar associados ao laboratório de solos da FAEF, onde as amostras foram
submetidas a algumas análises físico-químicas. Por fim, na avaliação sensorial, o T2, apresentou
melhores níveis de aceitabilidade em relação ao T1.
DEDICATÓRIA
A memória do meu pai, Eduardo Lourenço de Castro, exemplo de coragem, criatividade, e
carisma!
A minha querida mãe, Irene Albertina Rungo, sol da minha vida, meu norte, minha fortaleza e
meu consolo!
Aos meus irmãos: Picasso Eduardo de Castro, Solange Irene de Castro e Cidália Arlindo Cossa;
meus companheiros na jornada da vida, testemunhas e co-autores da minha história!
Aos meus irmãozinhos: Nair Maguezo Nhamussua e Adriana Orlando Nhamussua, razão da
minha alegria e esperança!
AGRADECIMENTOS
O meu primeiro suspiro de gratidão vai para a minha adorável mãe, Irene Albertina Rungo, de
quem sempre tive compreensão, mesmo se estivesse confuso, sempre tive atenção e cuidado,
principalmente quando eu não podia cuidar de mim mesmo!
Um agradecimento especial aos meus supervisores Eng. Brasilino das Virtudes Salvador (Msc) e
dra Sandra Inguane Chemane, pela atenção, paciência e acompanhamento contínuo dedicados a
mim durante a realização deste trabalho. E a todos os docentes da Faculdade de Agronomia, e
não só, que também deram o seu contributo para o meu crescimento académico e profissional,
principalmente: Dr. Domingos Cugala, Dra Ivone Muocha, dr. Mário Machipande, e Dr. Luís
Artur.
Aos meus colegas do curso, especialmente: Honorário Ubisse, Adélia Mucavele, Paulo Artur,
Viriato Cossa, Rafael Nguenha, Lucas Chiao, João Sineque, Alberto Jone, Alberto Joaquim,
Aboo Bacar, Idrisse Cossa, Jeremias Matsimbe, Machavane, Machavela, Dimande, Munguambe,
Malai, Mondlane, Bango, Ncalaboco, Nobre, Paruque, Zavala, Ngoca, Manuel, Salomão, Cuna,
Mubay, Chozana, Danan, Colaço, Mahoco, Agostinho, Cambala, Mugovo, Muhave, Paiva,
Badru, Mapanga, Matsinhe, Solemanegy, Liwela, Muanacoda, Muchiriuarapa, Muhando,
Pamela, Garine, Jeque, Cardoso, Nhumaio, Machoe, Massamby, Madvádua, Miguel, Miranda,
Batalha, Magavelane, Sambo e Gelcio; pois cada um deles, em algum momento, foi para mim:
motivo de inspiração, companheiro(a) e/ou uma fonte de aprendizado, para além do contexto
académico.
Aos técnicos de laboratório: Dona Anatércia, Sr. Basílio, Sr. Machava, Sr. Romão, Dona Graça,
Dona Belmira, Dona Ginea, Dona Lucrécia e Sr. Fernando que com muita paciência e simpatia,
me acompanharam nas determinações laboratoriais. Do mesmo modo, deixo o meu
agradecimento aos técnicos da sala de máquinas: Dona Ana, Dona Isaura, Sr. Chico, Sr. Banze,
dr. Cossa, dr. Mário (em memória), Enga Tatiana; bem como as secretárias de departamentos:
Dona Alexandrina e Dona Elisa que sempre estiveram incansavelmente disponíveis a ajudar ao
longo deste curso. E por fim, agradeço ao Sr. João Machava, representante dos vendedores de
hortícolas do Mercado Grossista do Zimpeto pela paciente e solícita atenção.
Índice
RESUMO ......................................................................................................................................... i
DEDICATÓRIA ............................................................................................................................. ii
I. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1
1.3 Objectivos......................................................................................................................... 3
VII. ANEXOS................................................................................................................................57
Lista de tabelas
Lista de figuras
Figura 22 – Placas de Petri com os testes de câmara húmida (a), Aspergillus niger ampliado
35 vezes (b), Penicillium notatum ampliado 35 vezes (c) ..................................................... 41
Lista de abreviaturas
AFTs Aflatoxinas
DO Desidratação Osmótica
I. INTRODUÇÃO
1.1 Antecedentes
O tomate (Solanum lycopersicum L.) é um fruto que pertence à família Solanaceae, a mesma
família da batata reno, do pimento, do piripiri e da beringela (Ribeiro e Rulkens, 1999). Segundo
a FAO (2012) a produção anual de tomate em Moçambique tem observado um aumento
assinalável associado, por um lado, ao aumento das áreas de produção, e por outro, ao aumento
dos rendimentos por hectare; tendo-se registado, por exemplo, em 2010 uma produção anual de
16.000 toneladas, a maior produção obtida no período entre os anos 2003 a 2010.
Devido aos altos rendimentos e a baixa ocorrência de pragas, doenças e defeitos fisiológicos,
praticamente todos os produtores comerciais de tomate, em Moçambique, apostam em produzir
apenas durante a época fresca (Pelembe, 2010). Consequentemente, nesse período, geralmente a
oferta é alta e o preço é muito baixo. Contudo, apesar dos preços baixos os consumidores não são
capazes de absorver toda a produção pois, geralmente, a oferta é muito maior que a demanda,
sendo por isso que, boa parte da produção perde-se por deterioração nas machambas dos
agricultores e nos grandes mercados (Ribeiro e Rulkens, 1999).
Actualmente, a principal forma de conservação usada para evitar perdas pós colheita de
hortícolas é a refrigeração. Contudo, depois de maduro o tomate não pode ser conservado por
mais de 7 dias (Palet, 2012). Uma outra alternativa comummente usada nas grandes cidades é o
congelamento, todavia, tanto a refrigeração como o congelamento dependem da energia eléctrica
que não é acessível para a maior parte da população de Moçambique, principalmente nas zonas
rurais. Outra forma de evitar perdas pós colheita e conservar o tomate por mais tempo é através
do seu processamento. E a técnica mais simples actualmente usada consiste no processo de
desidratação para a obtenção do tomate seco ou em pó (Cruz et al., 2009).
A desidratação regular e massiva do tomate pode ser uma importante forma de conservar e
disponibilizar este produto por longos períodos de tempo (pelo menos por seis meses)
principalmente nas zonas rurais onde o acesso a sistemas de conservação por refrigeração ou por
congelamento é limitado. Portanto, com o presente trabalho pretende-se estudar o efeito da
desidratação do tomate pelo método de secagem por convenção forçada sobre as suas qualidades
Ribeiro e Rulkens (1999) referem que, a elevada oferta de tomate, durante a época fresca resulta
em preços muito baixos e, consequentemente, em prejuízos económicos, que também resultam
das grandes perdas pós-colheita por deterioração. Segundo Corrêa et al. (2008) devido a sua alta
perecibilidade e as inadequadas condições de transporte e armazenamento, as perdas pós-colheita
de tomate podem variar de 25 a 50% da produção.
1.3 Objectivos
No início do século XVII, o tomate ainda não era reconhecido como vegetal comestível na
Europa, porque prevalecia a forte convicção de que seria venenoso como outras plantas
solanáceas, nomeadamente a mandrágora e a mortal beladona (Pelet, 2012). O mesmo autor
refere ainda que, a Itália era uma excepção, pois nos finais do século XVI, neste país já se servia
tomate frito em óleo e temperado com sal. Só no século XVIII, é que o tomate passou a ser
largamente consumido em vários países europeus; Actualmente, o seu uso como alimento é
universal e sua produção mundial é estimada em 89,2 milhões de toneladas, dos quais cerca de
24,5 milhões são destinados ao processamento (Rodrigues et al., 2012).
O fruto do tomateiro é uma baga, com lóculos e carpelos claramente delimitados (figura 1). Após
a maturação, apresenta uma coloração geralmente vermelha, apesar de algumas variedades
poderem apresentar outras colorações como amarelo ou violeta (Cruz et al., 2009). Segundo
Carlson et al. (2011), o tomate caracteriza-se por ser um fruto climatérico e seu amadurecimento
normalmente se inicia na porção distal do fruto, migrando para as regiões vizinhas pelo processo
de difusão livre até que o processo de amadurecimento atinja todo o fruto. Esse efeito é
claramente percebido pela mudança de coloração no fruto que se inicia no gel locular, ao redor
das sementes e depois migra, progressivamente, para o pericarpo.
Segundo DRAEDM (2001), a relação que existe entre a evolução dos pigmentos e o estado de
maturação dos frutos permite uma diferenciação do produto com base na cor. Portanto, para a
classificação do tomate, com base na cor, existem vários modelos todavia, comummente usa-se a
escala holandesa. Esta escala define diferentes estados de maturação entre 1 e 12 numa
progressão que vai desde tomate verde até tomate vermelho especificando a cor e o seu aspecto
gráfico como se pode observar na figura abaixo:
na estação quente, provocam baixa fertilização, frutos pequenos, queda de flores, elevado índice
de doenças e de defeitos fisiológicos.
Em Moçambique há uma preferência para variedades de tomate com baixo teor de água, pois
estas podem ser armazenadas por períodos muito longos (Ribeiro e Rulkens, 1999). Segundo
Pelembe (2010), o tomate é uma das principais hortícolas praticadas e consumidas em
Moçambique e as variedades HTX-14, Roma VF e Cal J são algumas das mais cultivadas. O
mesmo autor refere ainda que, o ciclo da cultura pode variar de 89 a 99 dias, dependendo da
variedade, e o seu rendimento também varia em função da variedade, podendo-se obter até 50
toneladas por hectare em variedades de polinização aberta e 90 toneladas por hectare em
variedades híbridas.
Viagem (2013) refere que, apesar do aumento que se vem registando, a produtividade do tomate
em Moçambique ainda se encontra muito abaixo dos padrões internacionais que variam entre 45
a 60 ton/ha. O mesmo autor refere ainda que, a baixa produtividade em Moçambique deve-se a
baixa utilização de tecnologias como irrigação, sementes melhoradas, fertilizantes e pesticidas.
Contudo segundo Mutemba (2011), devido aos baixos rendimentos económicos os agricultores
não são capazes de aumentar os investimentos nesta cultura principalmente tendo em conta o
principal constrangimento pós colheita que é a elevada oferta durante os períodos de produção o
que leva à preços baixos e consequentemente, baixos rendimentos económicos entretanto, nos
períodos não produtivos a oferta é alta e o preço é bastante elevado (figura 4). Dados do SIMA
indicam que, devido a sazonalidade da produção, em períodos de elevada oferta os preços variam
entre 30 a 150 Mts a caixa de 20 kg como indica o boletim de 10 de Julho de 2013, mas em
períodos de crise os preços variam entre 500 a 700 Mts a caixa de 20 kg como indica o boletim
de 05 de Fevereiro de 2014.
Rodrigues et al. (2012) referem ainda que, o tomate é um alimento pouco calórico, fonte de
fibras, sais minerais e de licopeno, principal responsável pela cor do fruto. O licopeno é um
carotenoide e como todos carotenoides funciona como antioxidante que age na neutralização de
radicais livres, proporcionando protecção contra danos oxidativos, além de estimular a função do
sistema imunológico. Ainda de acordo com os mesmos autores, o tomate é a melhor fonte de
licopeno e quanto mais intensa for a sua cor vermelha, maior será a concentração de licopeno.
Cruz et al. (2012) referem que, para o caso particular do tomate, a secagem promove alterações
no sabor e na textura, conferindo-lhe paladar exótico e muito apreciado pelos consumidores. No
entanto, a secagem pode também resultar em algumas qualidades indesejáveis no produto final,
tais como encolhimento, escurecimento, e redução do seu valor nutricional. De acordo com o
mesmo autor, factores tais como a luz, oxigénio e temperatura são os principais responsáveis por
reacções de degradação de licopeno em produtos de tomate. No entanto, Abreu et al. (2013)
referem que, no Brasil, a desidratação do tomate tem sido vista como alternativa importante para
evitar o desperdício do excedente da produção quando a oferta, in natura, é maior que a
demanda. Carlson et al. (2011) refere que, a desidratação do tomate pode ser feita de duas
formas, nomeadamente desidratação natural ou secagem ao sol e; desidratação artificial ou
secagem por convecção forçada.
Segundo Pelet (2012) nas aldeias do sul da Itália, depois da colheita, os melhores exemplares de
tomate, são separados, lavados, cortados ao meio, colocados sobre grandes tabuleiros e expostos
ao sol. Em seguida são polvilhados com sal, ficando assim expostos ao sol durante 3 a 5 dias; e
apresentam um rendimento de 70 a 80%, isto é, são necessários 10 kg de tomate fresco para se
obter apenas 7 a 8 kg de tomate seco ao sol. Concluído o processo de secagem, este tomate é
conservado em óleo aromático e temperado com ervas. Entretanto, de acordo com Traina (2013)
para a obtenção do tomate em pó, na Califórnia, a exposição ao sol pode durar 6 a 8 dias e resulta
num rendimento de 5%. Assim são necessários 20 kg de tomate fresco para a obtenção de 1 kg
de tomate em pó.
No caso de Moçambique, uma vez que o tomate apresenta um elevado teor de humidade, a sua
desidratação ao sol exige condições de insolação, temperaturas e humidade relativa, próprias de
zonas semi-áridas como é o caso do distrito de Chigubo na província de Gaza, que devido ao seu
clima apresenta baixos níveis de produção de hortícolas mas encontra-se próximo do distrito de
Chókwè que é uma referência nacional em termos de produção de tomate.
A velocidade do ar aquecido deve ser calibrada de acordo com o seu sentido de movimentação
em relação às bandejas; velocidades mais baixas podem ser empregadas quando o ar quente
atravessa a camada de produto disposta sobre a bandeja, conforme mostra a Figura 6 (Neto,
2008). Contudo nem todos os alimentos podem ser desidratados desta maneira, pois é preciso
que quando uma camada do produto seja distribuída sobre a bandeja o ar quente consiga
atravessá-la; produtos como cebola fatiada, cenoura em cubos, batata em cubos, entre muitos
outros alimentos desidratam rapidamente por este processo, devido ao contacto mais íntimo do ar
quente com o produto (Camargo, 2003).
b) Secadores do tipo cabine com bandejas apoiadas sobre uma base móvel
Todas as considerações feitas para os secadores de bandejas fixas podem ser aplicadas aos
secadores com bandejas de base móvel, uma vez que são apenas uma variação do primeiro caso
(Neto, 2008). Nestes secadores as bandejas se movimentam no interior da câmara de secagem ou
de um túnel de secagem, e são secadores semi-contínuos com capacidade de secagem muito
superiores aos de bandejas fixas (Camargo, 2003). Estes equipamentos, normalmente, são de
capacidade muito maior em volume do que os de bandeja fixa, sendo indicados para fábricas de
média a grande capacidade (Neto, 2003).
Rodrigues et al. (2012) referem que, a desidratação osmótica destaca-se como um pré-tratamento
eficaz, uma vez que melhora a qualidade do produto final, reduz a perda de vitaminas e de
minerais, para além disso, apresenta vantagens na economia de energia devido a redução do
tempo de secagem. Para o pré-tratamento osmótico, a solução sugerida por Camargo (2003),
deve ter uma concentração de 5% de NaCl (sal de cozinha), ou seja, para cada litro de água,
deve-se adicionar 50 gramas de sal; depois mergulha-se o tomate nessa solução durante 30
minutos.
Segundo Salm (2007), como forma de inactivar as enzimas responsáveis pelo escurecimento do
tomate seco, antes do processo de secagem pode-se proceder ao processo de branqueamento que
consiste em mergulhar o tomate por 1-5 minutos (dependendo da consistência do fruto) em água
fervida até ao aquecimento interno do produto. Segundo o mesmo autor, o branqueamento
permite acelerar a secagem, intensificar a cor, o aroma e o sabor do tomate; no entanto, este
processo também destrói as vitaminas hidrossolúveis e elimina alguns sais minerais.
Outro pré-tratamento importante para minimizar o impacto dos danos oxidativos é a adição de
antioxidantes (Carlson et al., 2011). Cruz et al. (2012) referem que, o dano oxidativo é um dos
principais causadores da degradação de constituintes químicos no tomate durante a secagem.
Para minimizar os danos oxidativos, pode-se realizar uma imersão dos pedaços de tomate em
ácido ascórbico e metabissulfito, durante 1 minuto, com 1500 mg/l e 100 mg/l de água
respectivamente (Camargo, 2003).
i. Temperatura de secagem
Segundo Raupp et al. (2009) o secador deve ser ajustado para que o ar de secagem circule com a
temperatura entre 60-80°C, sendo importante que as bandejas sejam giradas em 180 graus, de 30
em 30 minutos, para se ter maior uniformidade do produto final em menor tempo de secagem.
Contudo, de acordo com os estudos realizados por Cruz et al. (2012) diminuições dos valores
“L*” e “a*” são observadas com o aumento gradual da temperatura de secagem de 55 a 85ºC e
também concluíram que a melhor retenção da cor na secagem de tomate ocorre em temperaturas
mais baixas, entre 55 e 70oC.
Sendo, Mf a massa final do produto seco (g), Mi a massa inicial húmida (g), Ui o teor de
humidade inicial do produto fresco (%) e Uf o teor de humidade final desejada do produto seco
(%).
Para a conservação do tomate em pó, dos diversos tipos de embalagens existentes, Pelet (2012),
recomenda apenas dois: vidro e plástico. Em relação a embalagens de vidro, a autora citada
acima refere que o material é adequado por ser inerte, transparente, rígido e cristalino. Portanto,
impede a alteração físico-química do produto e proporciona uma óptima visualização do
conteúdo. No entanto, não resiste a choques ou impactos (quebra-se facilmente) e depende de
outros tipos de matérias-primas, como é o caso do metal usado na confecção das tampas e da fina
peça plástica que é usada para garantir a vedação no interior das tampas (figura 8). Por sua vez, a
embalagem de plástico também é inerte, e para além disso é flexível. Portanto, pode ser selada
sem nenhum outro material adicional. Contudo, isso depende do tipo de material usado pois
existe uma grande variedade de materiais plásticos, e dependendo da sua densidade, alguns
podem se romper facilmente.
iii. Humidade;
iv. Actividade de Água;
v. Potencial de Hidrogénio;
vi. Cor; e,
vii. Teor de Sólidos Solúveis.
iii. Humidade
O teor final de humidade do tomate após a secagem influencia sua composição química, sabor,
textura e aparência, podendo ser determinante para a escolha do consumidor (Abreu et al., 2013).
Sanguanri et al. (1993) citados por Pereira et al. (2006) afirmam que, para conseguir um
armazenamento de tomate seco sem alteração de qualidade e sem a aplicação de conservantes, é
essencial reduzir a humidade do produto para a faixa que varia de 11 a 14%, pois, isso evita o
desenvolvimento de microrganismos e mantém a estabilidade do produto.
vi. Cor
É determinante para a atractividade do produto pois sempre é considerado pelo consumidor no
momento da compra ou aquisição do produto (Silva et al., 2012). Segundo Pereira et al. (2006) a
secagem de frutas e vegetais pode provocar o escurecimento da cor e alterações negativas no
aroma devido a oxidação das moléculas.
3.2 Materiais
13 kg de tomate bem maduro 4 Tubos de ensaio;
Água corrente 9 Placas de Petri
Água destilada 1 Pipeta automática calibrada a 10 ml de KCl;
1,5 kg de Sal (NaCl) 4 Pipetas de 25 ml;
1 Faca 1 Almofariz;
2 Bandejas com fundo de telha metálica 9 Cadinhos de porcelana;
1 Bacia de 10 litros 1 Espátula;
1 Balde de 25 litros 1 Burreta;
Embalagens de vidro com tampa 10 Copos de Erlenmeyer de 250 ml;
Relógio com cronómetro 2 Colheres de sopa;
9 Copos plásticos com tampa 2 Tigelas de aço inoxidável;
9 Funis com papel de filtro Pratos, copos e colheres descartáveis.
3.2.2 Aparelhos
Balança analítica;
Agitador eléctrico;
Secador de cabine com bandejas fixas;
Estufa de secagem regulada a 105oC;
Mufla de incineração regulada a 550oC;
Liquidificador;
pH-metro;
Centrífuga;
Refractómetro;
Colorímetro;
Água-lab;
Lupa;
Máquina fotográfica; e,
Chaleira eléctrica.
3.3 Procedimentos
Os procedimentos usados para o processo de secagem foram adaptados a partir da metodologia
usada por Camargo (2003) e Traina (2013). Estes procedimentos estão esquematizados na
sequência de actividades como se pode observar na Figura 9. A partir da sequência de
actividades abaixo, obteve-se dois produtos diferentes, ou seja, obteve-se duas amostras de
tomate em pó, ambas processadas através de secagem convectiva sendo uma com, e a outra, sem
o pré-tratamento osmótico.
Para o presente experimento, foi necessário um total de 13 Kg de tomate fresco e bem maduro
cuja escala de maturação variava entre 8 a 12 (figura 2); sendo que para cada um dos tratamentos
de tomate em pó foram usados 6 Kg e para o controle foi usado 1 kg. A seguir, é apresentada a
descrição detalhada de cada uma das etapas do fluxograma apresentado na figura 9:
a) Selecção - A matéria-prima para este ensaio (1 caixa de 20 kg), foi adquirida no mercado
grossista do Zimpeto, na cidade de Maputo. No laboratório, seleccionou-se 13 kg de tomate bem
maduro (coloração vermelha e uniforme), e com firmeza adequada (não moles, em toda a
superfície). O tomate seleccionado também era livre de pragas e doenças.
b) Lavagem - O tomate seleccionado foi submetido, no laboratório, a uma lavagem com água
corrente com vista a eliminar as impurezas.
a) Determinação da cor
Para a determinação da cor foram usados os procedimentos recomendados por Moretti (2006),
como se seguem:
Colocou-se 5 g de tomate em pó dos tratamentos 1 e 2 em placas de Petri. E para o
tratamento controle colocou-se 5 ml de tomate fresco, bem maduro, previamente triturado
por meio de um almofariz.
Em seguida foram feitas leituras através de um colorímetro, previamente calibrado. Para
cada tratamento foram usadas 3 placas de Petri, perfazendo um total de 9 placas de Petri.
Como mostra a figura 12, para cada placa, fez-se leituras em 3 pontos (2 laterais e 1
central). E em cada ponto determinou-se 3 parâmetros da cor, nomeadamente:
Luminosidade (L*), intensidade da cor vermelha (a*) e intensidade da cor amarela (b*).
Placa de Petri
(C D)
% humidade = X 100
(C B )
( D B)
%Cinzas = X 100
(C B )
Para a preparação das amostras colocou-se 3 colheres de sopa, de cada um dos tratamentos de
tomate em pó (tratamentos 1 e 2) numa tigela de alumínio inox, adicionou-se 1 chávena de chá
de água quente (fervida em uma chaleira eléctrica) e misturou-se com uma colher até se obter
uma pasta homogénea. Essa pasta de tomate foi servida aos voluntários depois de uma
explicação sobre o objectivo da análise e preenchimento do questionário.
Nesta avaliação usou-se um questionário adaptado a partir do modelo usado por Munhoz et al.
(2011) como se pode ver na figura 14. Neste questionário, os avaliadores ou julgadores,
atribuíram uma pontuação ao paladar/sabor do produto dos tratamentos 1 e 2, usando a escala
hedônica verbal, tendo por limite mínimo da escala a descrição “desgostei muito”, pontuação =
1, e, por limite máximo a descrição “gostei muito”, pontuação = 7; e para o preenchimento do
questionário os voluntários deveriam colocar apenas um “X” na opção escolhida.
O tomate usado nesta pesquisa foi adquirido no mercado grossista do Zimpeto, dado que, é neste
mercado onde se concentra boa parte da produção de tomate da zona sul de Moçambique,
principalmente dos distritos de Moamba, Matutuine e Chókwè. Portanto, partiu-se da suposição
de que neste mercado o preço do tomate é baixo visto que o produto vem directamente das
diferentes zonas de produção.
a) Análise da cor
Nesta componente foram analisados 3 aspectos/parâmetros: a Luminosidade (L*), a intensidade
da cor vermelha (a*) e a intensidade da cor amarela (b*). De acordo com o teste de Fisher a 5%
de significância, não há evidências suficientes que mostram que a média de pelo menos um dos
tratamentos difere das médias dos restantes, para os três parâmetros como se pode observar nas
figuras 16, 17 e 18 abaixo.
Como se pode observar na figura acima, apesar de as diferenças não serem significativas, o T1
apresentou o maior valor de L*. Dado que a escala da L* varia de 0 (preto) a 100 (branco), com a
secagem, observou-se um ligeiro escurecimento, embora não significativo, do T2 e uma
tonalidade mais clara no T1. Contudo, olhando para a figura pode-se notar que o T2 apresentou o
valor de L* mais próximo do tratamento controle.
Segundo Pereira et al. (2006), devido as características do tomate maduro, os parâmetros que
melhor definem a cor deste fruto são as variáveis: L* e a*, servindo também como indicativos da
presença de licopeno. O mesmo autor refere ainda que, decréscimos significativos nos valores de
a* foram verificados em fatias de tomate seco com o aumento gradual da temperatura de
secagem de 55 para 85oC. Cruz et al. (2012), observaram diminuições dos valores L* e a* com o
aumento da temperatura de secagem de 55 a 85ºC e também concluíram que a melhor retenção
da cor, durante a secagem, ocorre nas temperaturas mais baixas entre 55 e 70oC. Assim, dado que
para este trabalho usou-se uma temperatura de secagem de 57oC pode-se compreender a razão da
não significância nas variações dos parâmetros da cor acima referidos.
Segundo Cruz et al. (2012), a perda da intensidade de cor vermelha, cor característica do tomate,
é decorrente da oxidação dos pigmentos carotenoides e da formação de compostos escuros,
principalmente devido à reacção de escurecimento não enzimático. Segundo Camargo (2003), o
processo de desidratação osmótica (DO) minimiza os danos causados pelo calor durante a
secagem. Observando a figura 17, pode-se notar que o T2 realmente apresentou o valor de a*
mais próximo do tratamento controle. Este dado está em concordância com a constatação de
Camargo (2003), segundo a qual, a desidratação osmótica como um pré-tratamento para a
secagem convectiva, resulta num produto de melhor qualidade em termos visuais e sensoriais
pois minimiza a perda de licopeno, sais minerais e de vitaminas.
De acordo com o estudo realizado por Pereira et al. (2006), sobre as características físico-
químicas do tomate em pó durante o armazenamento, 20-30 dias depois da secagem ocorrem
reduções da L*, a*, e b*. Todavia, neste experimento o tomate em pó (tratamentos 1 e 2)
registou um ligeiro aumento, embora não significativo, da b*. Esta disparidade certamente deve-
se as diferentes temperaturas de secagem usadas, dado que no trabalho realizado por Pereira et
al. (2006), usou-se uma a temperatura de 70oC para a secagem em quanto que no presente
trabalho a temperatura de secagem foi de 57oC.
Segundo Sakuma et al. (2005), para além do teor de humidade, é importante determinar a Aw
dos alimentos processados, pois, enquanto a Aw é uma medida qualitativa que permite avaliar a
disponibilidade de água livre, e portanto, susceptível a diversas reacções dentro do produto, o
teor de humidade é uma medida meramente quantitativa, pois apenas determina a percentagem
total de água presente no alimento, sem distinguir as moléculas de água livres das ligadas.
De acordo com a figura 19, o coeficiente de correlação de Pearson entre o teor de humidade e a
Aw é igual a um positivo (r = +1). Isso significa que, existe uma correlação directa e perfeita
entre o teor de humidade e a Aw do tomate. E, dado que o coeficiente de determinação (R2)
também é igual a um, pode-se dizer que a Aw do tomate depende única e exclusivamente do seu
teor de humidade.
. correlate aw humidade
(obs=3)
r aw humidade
aw 1.0000
humidade 1.0000 1.0000
A secagem reduziu consideravelmente a quantidade de água no tomate (em cerca de 80%), o que
para além de facilitar operações de manuseamento, facilita a conservação e melhora sua vida útil.
Segundo Silva et al. (2012), valores de Aw entre 0,4 e 0,8 correspondem a produtos susceptíveis
a reacções degradativas e de acordo com Sakuma et al. (2005), valores de Aw iguais ou
inferiores a 0,3 são ideais para a conservação de frutos e vegetais desidratados. Tendo em conta
que o tomate fresco possui cerca de 0,93 de Aw e 95% de humidade, pode-se notar que a redução
do teor de humidade ou de água dos frutos como método de conservação é uma medida eficaz,
pois, para além de evitar a rápida degradação do produto, reduz os custos em embalagens,
transporte e conservação. Segundo Camargo (2003) e Carlson et al. (2011), a remoção da água
em frutos e vegetais resulta na redução significativa do seu volume e no aumento do seu período
de prateleira sem a utilização de sistemas de refrigeração.
Em relação ao teor de sólidos solúveis (TSS), no estudo realizado por Pereira et al. (2006), sobre
as características físico-químicas do tomate em pó durante o armazenamento, encontrou-se um
valor médio de TSS de 1,68 oBrix. Este valor é muito inferior aos valores encontrados neste
trabalho. Como hipótese, considerando que os tratamentos de tomate em pó apresentaram valores
de Aw inferiores a 0,2 e teores de humidade superiores a 14%, e tendo em conta que a Aw
expressa a quantidade de água livre contida no alimento, provavelmente o alto teor de humidade,
corresponde as moléculas de água integradas nos compostos essenciais do alimento como é o
caso dos ácidos orgânicos e açúcares.
Sousa et al., (2011) referem que, o tomate fresco e bem maduro contém cerca de 5 a 6 oBrix,
sendo estes na sua maioria açúcares. Todavia, neste trabalho para o tomate fresco bem maduro
foi encontrado o valor médio de sólidos solúveis de 4.33 oBrix. Esta diferença provavelmente
deve-se a variedade usada, as condições de cultivo ou ao estágio de maturação, pois segundo
Oliveira et al. (2010), a quantidade de ácidos orgânicos presentes em frutas e vegetais varia com
o grau de maturação e condições de cultivo.
cinzas 1.0000
tss 0.9676 1.0000
de microorganismos e a deteriorização dos alimentos (Abreu et al., 2013). De acordo com Cruz
et al. (2012), em geral, é desejável ter um pH inferior a 4,5 para impedir a proliferação de
microrganismos em frutos e vegetais processados. Deste modo, pode-se constatar que o tomate
em pó, com ou sem o pré-tratamento de DO, apresentou um valor de pH desejável (tabela 5).
Entretanto, o T2 apresentou um pH mais ácido que os restantes. Provavelmente a adição de NaCl
durante o pré-tratamento de DO pode ter levado a maior libertação de iões de hidrogénio (H+)
através da sua substituição pelos iões de sódio (Na+).
Segundo De Paula et al. (2004), citados por Pereira et al. (2006), o tomate em pó processado sem
pré-tratamento, apresenta um teor médio de ácido cítrico de 2,63%. Contudo, valores
relativamente inferiores foram encontrados neste estudo, conforme mostra a Tabela 5,
provavelmente devido a variedade usada, bem como devido as condições edafo-climáticas de
cultivo. Segundo Oliveira et al. (2010), a acidez titulável do tomate corresponde a quantidade de
ácidos orgânicos presentes no mesmo e varia com o grau de maturação e condições de produção
no campo.
Segundo Sakuma et al. (2005), em análises pós-colheita de frutos e vegetais, a acidez constitui
um parâmetro determinante para a qualidade do produto. E para a determinação da acidez, para
além do pH é necessário também determinar a acidez titulável. Pois, enquanto o pH apenas
determina a concentração dos iões de hidrogénio, a acidez titulável permite determinar a
percentagem de ácidos orgânicos contidos no fruto. De acordo com a figura abaixo, existe uma
correlação fraca negativa entre a acidez titulável e o pH visto que o coeficiente de correlação de
Pearson é (r = -0,1991).
. correlate acidocitrico ph
(obs=3)
r
acidoc~o ph
acidocitrico 1.0000
ph -0.1991 1.0000
A partir do coeficiente de determinação (R2 = 0.039), pode-se notar que a acidez titulável
corresponde a apenas 3,9% do pH. Assim com base na figura 21, pode-se notar que a
desidratação do tomate não altera o seu pH mas aumenta a sua concentração de ácidos orgânicos.
Figura 22 – Placas de Petri com os testes de câmara húmida (a), Aspergillus niger ampliado 35
vezes (b), Penicillium notatum ampliado 45 vezes (c)
Segundo Maia et al. (2011) as AFTs consistem num grupo de aproximadamente 20 metabólitos
de fungos relacionados, embora só as AFTs B1, B2, G1 e G2 estão normalmente presentes em
alimentos. A AFT B1 é a mais importante desta família de compostos e é produzida por 3
espécies de fungos nomeadamente: Aspergillus flavus, A. parasiticus e A. nomius. E, em relação
a ocratoxina, Costa (2010) refere que, esta micotoxina é produzida por Penicillium verrucosum
em climas temperados e por algumas espécies de Aspergillus, sendo que a mais importante a A.
achracues.
Tendo em conta que o NaCl é usado como sal de cozinha por conferir sabor agradável aos
alimentos, certamente a maior parte dos provadores (40%) não gostou do T1 pois este foi servido
sem nenhum preparo com temperos e condimentos. Isso abre espaço para a possibilidade de se
obter melhores resultados para este tratamento. Por um lado, caso as amostras de ambos os
tratamentos tivessem sido preparadas com a adição de temperos e condimentos, provavelmente a
aceitabilidade do T1 seria alta. Mas por outro lado, a falta de hábito dos consumidores, é
levantada por Cruz et al. (2012), como um dos factores que contribuem para a rejeição do tomate
seco.
Tendo em conta que segundo Oliveira et al. (2010), o TSS é um parâmetro fundamental para a
avaliação da qualidade dos frutos frescos e processados, sendo portanto o principal componente
responsável pelo sabor dos frutos visto que, é uma característica organoléptica que representa a
concentração de açúcares e outros sólidos diluídos na polpa dos frutos. Este trabalho, sustenta
esta informação pois o tratamento com os melhores níveis de aceitabilidade (T2) é aquele que
apresenta a maior concentração de sólidos solúveis (tabela 4).
Em relação ao T1, para o T2, os níveis de aceitabilidade foram mais satisfatórios (figura 24),
visto que 70% dos julgadores gostou deste tratamento, menos de 20% não gostou e apenas 12%
mostraram-se indiferentes (não gostou nem desgostou). Dado que único aspecto que difere o T2
do T1 é o processo de DO, certamente através deste processo o T2 adquiriu o sal de cozinha e o
seu sabor tornou-se mais agradável. Assim, apesar da falta de hábito dos julgadores este
tratamento foi muito bem aceite. Isso reforça a hipótese de que, se o tomate em pó dos dois
tratamentos tivesse sido preparado em molhos mais complexos, com a adição de temperos e
condimentos, provavelmente os dois tratamentos apresentariam bons níveis de aceitação.
Entretanto, Munhoz et al. (2011) referem que, a preparação de amostras para a análise sensorial
com a adição de temperos e condimentos pode levar a alterações na tendência dos resultados.
Em relação a categoria “GOSTEI”, como se pode observar na tabela 8, existe uma diferença
significativa entre a proporção de avaliadores que gostaram de cada um dos dois tratamentos; E
assim sendo, a proporção de avaliadores que gostaram do T2 é maior em relação a proporção de
avaliadores que gostaram do T1, o que significa que, os avaliadores gostaram mais do sabor do
T2 em relação ao T1. Certamente, isso deve-se ao pré-tratamento osmótico, com NaCl a 5%,
realizado no T2, uma vez que, este sal é bem conhecido por conferir um sabor agradável aos
alimentos.
pó sem este pré-tratamento. Este facto também é sustentado por Sousa et al. (2010), com base no
seu trabalho sobre a “Avaliação Sensorial de Tomate Seco Preparados em Diferentes
Concentrações Osmóticas”, segundo os quais, a pré-secagem osmótica com NaCl a 6 e 8%
provocam bons efeitos significativos sobre as características de aceitação, textura e intenção de
compra do tomate seco.
De uma forma geral, com base nos resultados do presente trabalho a desidratação do tomate pode
ser uma forma prática de conservar o tomate e terá melhores níveis de aceitabilidade se tiver
como pré-tratamento a desidratação osmótica com NaCl (sal de cozinha) no caso da secagem
convectiva e para a secagem ao sol, pode-se adicionar sal de cozinha grosso durante a exposição
do tomate ao sol, segundo a recomendação de Pelet (2012). Este método é vantajoso pois não
requer a adição de conservantes, o produto final pode ser conservado sem a utilização de
sistemas de refrigeração, e pode ser usado com base na energia solar. Por outro lado, no caso da
secagem convectiva, como foi usada neste trabalho, a DO com NaCl a 5% numa proporção de 1
para 4, isto é, 1 Kg de tomate para 4 litros de salmoura, resultou em elevada concentração de
centros de processamento e aos deficientes sistemas de conservação, boa parte deste produto
perde-se por deterioração, principalmente nos grandes mercados (Ribeiro e Rulkens, 1999).
Segundo Ribeiro e Rulkens (1999) como forma de reduzir as perdas, devido a elevada oferta, os
agricultores são obrigados a vender o seu produto a preços inferiores ao valor de produção o que
resulta na inviabilidade económica desta cultura. Com isto, pode-se notar que Moçambique
apresenta condições edafo-climáticas adequadas e capacidade técnica necessária para a produção
desta cultura. Contudo, devido a falta de centros de processamento e a sazonalidade da produção,
o país não esta em condição de satisfazer a procura durante a época quente e nem de absorver a
oferta durante a época fresca. Consequentemente regista-se anualmente uma grande escassez de
tomate durante a época quente e uma grande oferta associada a grandes perdas pós-colheita
durante a época fresca.
De acordo com o administrador do mercado grossista do Zimpeto, Moisés Covane, citado por
NOTÍCIAS (2012), durante a época fresca, naquele mercado, ocorrem perdas de tomate por
deterioração estimadas em cinco a dez toneladas por semana. De acordo com Silva (2013), no
ano 2013, alguns agricultores do distrito de Chókwè, província de Gaza, Sul de Moçambique,
deixaram de produzir a cultura de tomate devido as grandes perdas pós colheita e a baixa
rentabilidade.
Em países como Itália e Estados Unidos da América, a produção do tomate também é sazonal,
todavia, como forma de garantir a viabilidade económica desta cultura e aumentar o seu tempo
de prateleiras são usadas várias técnicas de processamento (Pelet, 2012). Destas, a técnica mais
antiga, usada na Itália, por exemplo, é a desidratação para a obtenção de tomate seco ou em pó
que pode ser armazenado por pelo menos seis meses (Cruz et al., 2009). Para além de aumentar o
tempo de prateleira do produto, esta técnica de secagem tem a vantagem de usar a energia do sol
e não necessita da adição de conservantes, sendo por isso uma técnica simples e económica.
zonas semi-áridas como é o caso do distrito de Chigubo, que devido ao seu clima apresenta
baixos níveis de produção de hortícolas mas encontra-se próximo do distrito de Chókwe que é
uma referência nacional em termos de produção de tomate.
V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
5.1 Conclusões
De acordo com o trabalho de pesquisa realizado pode-se levantar as seguintes conclusões:
Para os parâmetros da cor: Luminosidade (L*), intensidade da cor vermelha (a*), e
intensidade da cor amarela (b*) a secagem não provocou alterações significativas. Contudo,
embora não significativo para os dois tratamentos de tomate em pó, verificou-se um
aumento de b*, e uma diminuição de a*, o que provavelmente deve-se a baixa temperatura
de secagem usada. Em relação a L* notou-se um aumento para o T1 e uma diminuição para
o T2;
Quanto a actividade de água (Aw), a secagem reduziu este parâmetro de 0,93 para 0.15 e
0,13 nos tratamentos T1 e T2, respectivamente. Como a DO terá contribuído na acentuação
dessa redução, o T2 apresenta uma Aw inferior ao T1;
Quanto ao teor de sólidos solúveis (TSS) a secagem resultou no seu aumento de 4,33 oBrix
no tomate fresco, para 12,96 oBrix no caso do T1 e para 13,6 oBrix no caso do T2, o que
certamente deve-se a redução do volume total do produto levando ao aumento da
concentração de TSS, e no caso do T2 também pode estar associado ao processo de DO;
No que tange ao pH, a secagem não provocou alterações significativas no T1, mas levou a
redução do pH no T2 de 4.3 para 4,1. Provavelmente isso deve-se ao pré-tratamento de DO
com NaCl que poderá ter levado ao aumento da libertação dos iões H+;
Em relação a acidez titulável, a secagem provocou o seu aumento de 0,37% de ácido cítrico,
no tomate in natura, para 2,16% de ácido cítrico no T1 e 1,58% de ácido cítrico, no T2. O
que pode estar relacionado com a reduzida Aw e o elevado teor de humidade encontrado
neste trabalho para os tratamentos de tomate em pó. Pois estes parâmetros sugerem que o
teor de água neste produto encontra-se ligado nas moléculas dos compostos orgânicos;
5.2 Recomendações
Aos investigadores, de modo a obter um teor de humidade final adequado, recomenda-se que o
tempo de secagem seja determinado com base na humidade final desejada. Isto é a secagem só
deverá terminar quando o produto atingir o teor de humidade recomendado ou pretendido.
Para a avaliação sensorial, recomenda-se que esta também considere outras características
organolépticas para além do sabor, tais como o aroma, a cor e a consistência (ou textura). Por
outro lado, de modo a tornar e avaliação sensorial mais adequada ou seja, mais próxima da
realidade, recomenda-se que as amostras dos diferentes tratamentos, incluindo o tomate fresco,
sejam preparadas em molhos onde o teor de NaCl é devidamente equilibrado bem como, com a
adição de temperos e condimentos específicos de acordo com os hábitos e costumes do grupo
alvo de julgadores.
Aos produtores, no caso de secagem ao sol recomenda-se a adição de sal grosso de modo a
acelerar o processo de desidratação; e para a secagem convectiva recomenda-se a desidratação
osmótica com NaCl (sal de cozinha). Este sal é vantajoso pois para além de ser de fácil acesso,
reduz o tempo de secagem, inibe o desenvolvimento de micoorganismos, reduz a perda da cor de
minerais e de vitaminas.
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Determinação dos Teores de Sólidos Solúveis Totais com Refractómetro Portátil após
Aplicação de Diferentes Defensivos. Instituto Federal Minas Gerais (IFMG) – Campus
Bambuí;
VII. ANEXOS
I. COR
Trat Rep L*
1 1 18.17
1 2 18.23
1 3 17.80
2 1 15.83
2 2 15.60
2 3 16.13
3 1 18.70
3 2 16.50
3 3 14.30
Ho: μ1 = μ2 = μ3;
. anova l trat
Teste de Normalidade
Ho: Os resíduos seguem uma distribuição normal;
Ha: Os resíduos não seguem uma distribuição normal.
. swilk erro
Teste de Heteroskedasticidade
Ho: Os resíduos são homoskedásticos;
Ha: Os resíduos não são homoskedásticos.
. hettest erro
chi2( 1) = 0.00
Prob > chi2 = 0.9986
Ho: μ1 = μ2 = μ3;
. anova a trat
Teste de Normalidade
Ho: Os resíduos seguem uma distribuição normal;
Ha: Os resíduos não seguem uma distribuição normal.
. swilk erro
Teste de Heteroskedasticidade
Ho: Os resíduos são homoskedásticos;
Ha: Os resíduos não são homoskedásticos.
. hettest erro
chi2( 1) = 1.03
Prob > chi2 = 0.3101
Trat Rep b*
1 1 20.10
1 2 20.03
1 3 20.83
2 1 19.90
2 2 20.80
2 3 21.00
3 1 15.57
3 2 16.53
3 3 14.50
Ho: μ1 = μ2 = μ3;
. anova b trat
. prcompw
Trat Media de b*
1 20.32a
2 20.57a
3 15.53a
Medias seguidas por mesmas letras nas mesmas colunas não são estatisticamente diferentes ao
nível de significância de 5% pelo teste de Tukey
Teste de Normalidade
Ho: Os resíduos seguem uma distribuição normal;
Ha: Os resíduos não seguem uma distribuição normal.
. swilk erro
Teste de Heteroskedasticidade
Ho: Os resíduos são homoskedásticos;
Ha: Os resíduos não são homoskedásticos.
. hettest erro
chi2( 1) = 0.06
Prob > chi2 = 0.8034
2 ACTIVIDADE DA ÁGUA
Ho: μ1 = μ2 = μ3;
Teste de Normalidade
Ho: Os resíduos seguem uma distribuição normal;
Ha: Os resíduos não seguem uma distribuição normal.
. predict erro, residual
. swilk erro
Teste de Heteroskedasticidade
Ho: Os resíduos são homoskedásticos;
Ha: Os resíduos não são homoskedásticos.
. hettest erro
chi2( 1) = 0.00
Prob > chi2 = 1.0000
. prcompw
1 0.146b
2 0.136c
3 0.931a
Medias seguidas por mesmas letras nas mesmas colunas não são estatisticamente diferentes ao
nível de significância de 5% pelo teste de Tukey
3 HUMIDADE
Ho: μ1 = μ2 = μ3;
Teste de Normalidade
Ho: Os resíduos seguem uma distribuição normal;
Ha: Os resíduos não seguem uma distribuição normal.
. swilk erro
Teste de Heteroskedasticidade
Ho: Os resíduos são homoskedásticos;
Ha: Os resíduos não são homoskedásticos.
. hettest erro
chi2( 1) = 0.00
Prob > chi2 = 0.9708
. prcompw
1 18b
2 17b
3 95.153a
Medias seguidas por mesmas letras nas mesmas colunas não são estatisticamente diferentes ao
nível de significância de 5% pelo teste de Tukey
4 CINZAS
Ho: μ1 = μ2 = μ3;
Teste de Normalidade
Ho: Os resíduos seguem uma distribuição normal;
Ha: Os resíduos não seguem uma distribuição normal.
. predict erro, residual
. swilk erro
Teste de Heteroskedasticidade
Ho: Os resíduos são homoskedásticos;
Ha: Os resíduos não são homoskedásticos.
. hettest erro
chi2( 1) = 1.26
Prob > chi2 = 0.2614
. prcompw
1 11.4b
2 16.4a
3 0.7c
Medias seguidas por mesmas letras nas mesmas colunas não são estatisticamente diferentes ao
nível de significância de 5% pelo teste de Tukey
Ho: μ1 = μ2 = μ3;
Teste de Normalidade
Ho: Os resíduos seguem uma distribuição normal;
Ha: Os resíduos não seguem uma distribuição normal.
. predict erro, residual
. swilk erro
Teste de Heteroskedasticidade
Ho: Os resíduos são homoskedásticos;
Ha: Os resíduos não são homoskedásticos.
. hettest erro
chi2( 1) = 0.50
Prob > chi2 = 0.4784
. prcompw
1 12.96b
2 13.6a
3 4.33c
Medias seguidas por mesmas letras nas mesmas colunas não são estatisticamente diferentes ao
nível de significância de 5% pelo teste de Tukey
6 POTENCIAL DE HIDROGENIO
Trat Rep pH
1 1 4.28
1 2 4.26
1 3 4.26
2 1 4.2
2 2 4.1
2 3 4.1
3 1 4.27
3 2 4.29
3 3 4.26
Ho: μ1 = μ2 = μ3;
. anova ph trat
Teste de Normalidade
Ho: Os resíduos seguem uma distribuição normal;
Ha: Os resíduos não seguem uma distribuição normal.
. predict erro, residual
. swilk erro
Teste de Heteroskedasticidade
Ho: Os resíduos são homoskedásticos;
Ha: Os resíduos não são homoskedásticos.
. hettest erro
chi2( 1) = 5.11
Prob > chi2 = 0.0237
. prcompw
Trat Media de pH
1 4.3a
2 4.1b
3 4.3a
Medias seguidas por mesmas letras nas mesmas colunas não são estatisticamente diferentes ao
nível de significância de 5% pelo teste de Tukey
7 ACIDEZ TITULAVEL
Trat Rep % Ac cictrico
1 1 1.63
1 2 2.19
1 3 2.67
2 1 1.65
2 2 1.49
2 3 1.60
3 1 0.35
3 2 0.32
3 3 0.44
Ho: μ1 = μ2 = μ3;
Teste de Normalidade
Ho: Os resíduos seguem uma distribuição normal;
Ha: Os resíduos não seguem uma distribuição normal.
. predict erro, residual
. swilk erro
Teste de Heteroskedasticidade
Ho: Os resíduos são homoskedásticos;
Ha: Os resíduos não são homoskedásticos.
. hettest erro
chi2( 1) = 1.66
Prob > chi2 = 0.1970
. prcompw
Trat % ac cítrico
1
2.16a
2
1.58a
3 0.37b
Medias seguidas por mesmas letras nas mesmas colunas não são estatisticamente diferentes ao
nível de significância de 5% pelo teste de Tukey
8. ANÁLISE SENSORIAL
a) Teste de diferença de proporções: Desgostei entre os tratamentos