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SÓCRATES TUPINIQUIM: ENTRE IGNORÂNCIA E TRAIÇÃO

A contrafação brasileira do sábio ateniense é um desastre! Sócrates, que aceitou a decisão


condenatória do Estado e, assim, ingeriu cicuta, ficou famoso pela atribuição que lhe foi feita
de célebres aforismos, dentre os quais: “Só sei que nada sei”.

Lula e Dilma, estultos simulacros de liderança político-administrativa, apelam para a própria


ignorância a cada vez que os fatos da economia, furiosos com o descaso com quem são
tratados pelos ilustres apedeutas políticos, rosnam-lhe na cara e aos ouvidos.

Lula, diante do fato do “mensalão”, alegava a mais desbragada ignorância, para, com o andar
da carruagem das investigações, impingir-se a condição de “traído”.

Dilma, diante da crise irrefutável, fingia estar ouvido acalentadoras marolas cujo epicentro
estava lá para as bandas do Mar Egeu, mas, agora, com o tsunami pronto para arrancar-lhe a
cabeça de "arthropoda crustacea malacostraca decapoda sapiens” do pescoço gordo, decidiu
assumir que “errara”.

Vamos aguardar para o segundo ato dessa ópera-bufa, quando a ex-guerrilheira (se os outros
eram como ela, os militares nem precisavam ter-se ocupado tanto com o problema) fará às
vezes de companheira traída?

Aguardar? Para que ela e seus aliados façam desaparecer até o brejo para onde mandaram a
vaca da economia e da administração pública?

Sócrates, ironicamente, que dizia ignorar tudo, menos a própria ignorância, foi o mestre de
Platão — aquele que, pela primeira vez, em suas obras filosófico-políticas maiores, “A
República” e “As Leis”, tratou sistematicamente do poder político. Sócrates fingia ignorância
para fazer o pseudossábio, apanhado na própria insuficiência argumentativa, conscientizar-se
da falta de fundamento de suas pretensas certezas. Fingindo-se de ignorante, Sócrates
perguntava, perguntava, perguntava... até fazer ver ao outro que este não sabia sequer das
próprias limitações.

Lula, capciosamente, dizendo ignorar tudo, mas sabendo de todas as falcatruas, foi o mestre
de Dilma — esta que, sem querer pôr metas, acabou dobrando o tempo de paciência de seus
tolos e esperançosos apoiadores. Lula fingia ignorância para fazer-se de sábio traído pelos
companheiros, apanhados com dólares na cueca, para sair impune pelas vias da inocência
edênica. Fingindo-se de ignorante, Lula enganava, enganava, enganava... até fazer ver ao outro
que este, sim, se enganara quanto ao tsunami da crise, que não passava, enfim, de uma
marola.

Dilma, que já anunciou até possíveis extinções de ministérios, quer mesmo é ganhar tempo.
Afinal, emaranhada numa teia de dependências mil até para pintar o cabelo de cor de burro
quando foge, como conseguirá tirar das mãos de aliados cargos e mais cargos, provocando
uma cascata de insatisfações até mesmo pior que o tsunami da crise?

Na minha humilde opinião, Dilma devia mesmo era começar a devorar as fofocas e as imagens
da Revista Caras, a sonhar com aquele Castelo para onde vão as celebridades do cinema, da
televisão, da canção pop e do esporte, e deixar para trás o Palácio (das desventuras) do
Planalto! Devia fazer uma trezena para a Hebe Camargo lhe conceder a gracinha de deitar num
divã apinhado de gente que, por mais fútil e pomba-lesa que seja, não faz do próprio sonho o
pesadelo dos outros nem da própria ignorância passaporte para lidar com assuntos sérios!

Quanto a Lula, viva com dignidade seu papel de Sócrates, numa versão tupiniquim: não beba
cicuta, beba litros de absinto com água de mandioca brava, para que todos nós, mãos no peito,
saudemos jubilosos... A MANDIOCA!

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