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LICENCIATURA EM ENGENHARIA TERMOTÉCNICA

IV NÍVEL
VII SEMESTRE

SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
FLUIDOS REFRIGERANTES

DISCENTE: DOCENTE:
HELDIO OMAR AGE ENGᵒ. JUVENALDO PASTOLA, MSC

Songo, Junho de 2020


[FLUIDOS REFRIGERANTES] 15 de Junho de 2020

Índice
1. Introdução..................................................................................................................................3
1.1. Objectivos Gerais:..................................................................................................................4
1.1.2. Objectivos específicos......................................................................................................4
2. Fluido Refrigerante....................................................................................................................5
2.1. Evolução..............................................................................................................................5
3. CLASSIFICAÇÃO DOS REFRIGERANTES..........................................................................6
4. Características dos refrigerantes................................................................................................6
4.1 Características Desejáveis....................................................................................................7
5. Fluidos Seleccionados...............................................................................................................7
6. Aplicação...................................................................................................................................8
7. Nomenclatura dos Fluidos Refrigerantes................................................................................11
7.1. Compostos halogenados....................................................................................................12
7.2. Compostos inorgânicos.....................................................................................................13
7.3. Compostos orgânicos........................................................................................................13
7.4. Misturas azeotrópicas........................................................................................................14
7.5. Hidro-flúor-olefinas..........................................................................................................15
8. Impacto Ambiental de Fluidos Refrigerantes..........................................................................16
8.1. O Efeito Estufa e o Processo de Aquecimento Global......................................................17
8.2. OZONO / PROCESSO DE FORMAÇÃO / DESTRUIÇÃO...........................................17
8.4. COMO O OZONO É DESTRUIDO?...............................................................................18
8.5. O Protocolo de Montreal e o Protocolo de Kyoto.............................................................19
8.6. Avaliação do impacto ambiental.......................................................................................19
9. Conclusão................................................................................................................................22
10. Referências Bibliográficas.....................................................................................................23

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[FLUIDOS REFRIGERANTES] 15 de Junho de 2020

Índice de figuras
Figura_1: Designação numérica para os halogenados………………………………………….12

Figura_2: Diagrama T-x para uma mistura azeotrópica: (a) Tsat. do ponto azeotrópico > Tsat. do
fluido puro e (b) Tsat. do ponto azeotrópico < Tsatque o fluido puro…………………….……14

Figura_4: Diagrama temperatura vs fracção de massa com diferentes constituintes………...….15


Figura_5: Exemplo de designação numérica para os HFO……………………………………..16

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1. Introdução
A refrigeração assim como a climatização é utilizada desde o início dos tempos e vem facilitando
a vida do ser humano. Ela baseia-se em retirar calor de um corpo e rejeitá-lo para o meio ou
outro corpo a uma temperatura maior. É aplicada para realizar conforto térmico, processamento,
armazenamento, conservação de alimentos e climatização de ambientes industriais, entre outros,
por isso é importante que se estude e se entenda os aspectos ou os fenómenos físicos que se
fazem sentir naquele que é o principal elemento para a troca de calor em sistemas de refrigeração
assim como de climatização que o ”fluido refrigerante”.

O desempenho do ciclo de refrigeração por compressão a vapor depende, em particular, do fluido


refrigerante; por isso, é importante a análise do coeficiente de desempenho do ciclo. Com esse
dado, é possível determinar qual fluido é mais viável para ser utilizado.

1.1. Objectivos Gerais:


 Estudar os fluidos refrigerantes

1.1.2. Objectivos específicos


 Descrever as constituições dos fluidos refrigerantes
 Demostrar as variadas aplicações dos fluidos refrigerantes
 Demostrar como é feita a nomenclatura dos fluidos refrigerantes
 Descrever os variados Impactos ambientais causados pelos fluidos refrigerantes

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2. Fluido Refrigerante
Fluido refrigerante é o fluido que absorve calor de uma substância do ambiente a ser resfriado.

O bom refrigerante é aquele que reúne o maior número possível de boas qualidades para um
determinado fim.

Fluido refrigerante, pode ser também considerado como, Produto químico responsável pelas
trocas térmicas no sistema de refrigeração e climatização. É um composto, que pelas suas
propriedades termodinâmicas é capaz de absorver calor resfriando o ambiente de maneira
controlada;

A qualidade do fluido refrigerante é um factor fundamental para funcionamento e rendimento de


um sistema de ar condicionado e refrigeração.

É de grande importância na determinação da eficiência do equipamento de refrigeração o


conhecimento das propriedades termodinâmicas do fluido refrigerante. Conforme a temperatura,
as pressões nos sistemas variam e são diferentes para cada fluido (NUNES,2015).

Segundo Marques (2010), de uma forma geral, os fluidos refrigerantes podem ser classificados
da seguinte forma: hidrocarbonetos halogenados, misturas azeotrópicas de hidrocarbonetos
halogenados, misturas não azeotrópicas de hidrocarbonetos halogenados, compostos orgânicos e
compostos inorgânicos.

2.1. Evolução
Inicialmente, foram empregados como fluidos refrigerantes substâncias com NH3,

CO2, SO2, CH3Cl, entre outras. Com o desenvolvimento de novos equipamentos, cresceu a
demanda por novos fluidos. A indústria pensou ter descoberto os fluidos ideais para os sistemas
de compressão a vapor: os CFCs (hidrocarbonetos a base de flúor e cloro). Os CFCs
apresentavam várias características desejáveis: não são inflamáveis, explosivos ou corrosivos;
são extremamente estáveis e muito pouco tóxicos. Com isso, os refrigerantes R11 e R12 se
destacavam e foram amplamente adoptados em processos industriais devido a suas
características químicas (SELLENT, 2011).

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3. CLASSIFICAÇÃO DOS REFRIGERANTES


Os refrigerantes podem ser divididos em três classes, conforme sua maneira de absorção ou
extracção do calor das substâncias a serem refrigeradas. São elas:

 Classe 1 – essa classe inclui os refrigerantes que resfriam materiais por absorção do calor
latente.

São exemplos dessa classe os CFC’s e os HFC’s;

 Classe 2 – os refrigerantes dessa classe resfriam substâncias pela absorção de seus


calores sensíveis. São elas: ar, salmoura de cloreto de sódio (sal comum);
 Classe 3 – Um exemplo desse grupo é uma solução composta de água destilada e amónia
pura (amoníaco).

Produzem um efeito de resfriamento pela absorção do calor latente.

A amônia é um gás incolor, tóxico, com odor forte e característico. É combustível ou explosiva
quando misturada com ar em certas proporções.

4. Características dos refrigerantes


Entre as diversas propriedades que devem contemplar um refrigerante para uso em sistemas de
refrigeração, as mais importantes são:

 Propriedades termodinâmicas favoráveis;


 Elevada estabilidade química quando estiver operando dentro do sistema e baixa
estabilidade química fora do sistema;
 Não ser tóxico;
 Não ser inflamável;
 Compatibilidade com o óleo de lubrificação do compressor;
 Compatibilidade adequada com os materiais do sistema de refrigeração;
 Ser de fácil detecção;
 Não oferecer perigo ao meio ambiente;
 Disponível comercialmente a custo razoável.

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4.1 Características Desejáveis


Segundo Venturini e Pirani (2005), as características desejáveis de um fluido são:

 Pressão de vaporização não muito baixa;


 Pressão de condensação não muito alta;
 Calor latente de vaporização não muito alto;
 Coeficiente de performance elevado – deve-se gerar um coeficiente elevado, pois está
essencialmente relacionado o custo de operação; não ser tóxico nem inflamável; fácil
detecção para vazamento; disponível a baixo custo; não ser poluente.

5. Fluidos Seleccionados
Na década de 1990, os principais substitutos para os CFCs foram o HCFCs, com destaque para o
R-22, que é bastante utilizado em sistemas de refrigeração; porém, como o seu vazamento
contribui para a destruição da camada de ozônio, seu uso vem sendo reduzido de acordo com as
metas estabelecidas pelo Protocolo de Montreal (MMA, 2005).

Segundo a EPA (Agência de Protecção Ambiental dos Estados Unidos), algumas das alternativas
para substituição do R-22 são o R-410A, o R-134a e o R-407C.

Os substitutos são compostos por átomos de carbono, hidrogênio e flúor. Não são prejudiciais à
camada de ozônio por não possuírem cloro em sua composição (CORRÊA, 2010).

Dentre os fluidos alternativos, o R-410A, mistura binária de 50% de HCF 32 e 50% de HCF 125,
possui uma capacidade maior de refrigeração e uma menor temperatura de descarga quando
comparado ao R-22 (FERREIRA, 2012). O R-407C é composto por 52% HCF 134a, 25% HCF
125 e 23% de HCF 32; não é inflamável, possui baixa toxicidade e sua refrigeração é similar ao
R-22.

O R-134a é também utilizado para substituir o R-12. É utilizado em ar-condicionado automotivo


e para refrigeradores e seu desempenho pode ser reduzido em temperaturas baixas. Além disso,
possui propriedades termodinâmicas adequadas, não é inflamável e nem tóxico e é compatível
com todas as ligas e materiais utilizados em equipamento de refrigeração (PIRANI, 2001).

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6. Aplicação
A aplicação de um determinado tipo de fluido refrigerante nos sistemas de refrigeração assim
como de climatização depende muito dos equipamentos nos quais servirá de fluido de trabalho e
o rendimento desejado, assim sendo vejamos as seguintes descrições a baixo:

O SUVA® 404A é um fluido refrigerante a base de hidrofluorcarboneto (HFC), fluido que não
degrada camada de ozônio. É indicado para a substituição do R-502 em equipamentos novos que
possuam baixa temperatura de evaporação.

Classificação ASHRAE: R-404A

Aplicações

Refrigeração Comercial e Industrial.

Benefícios

Oferece as melhores propriedades quando comparado com o R-502.

Sua temperatura de descarga possibilita o prolongamento da vida útil do compressor;

HFC: não apresenta potencial de degradação da camada de ozônio: Sua utilização não ser á
interrompida devido ao Protocolo de Montreal;

Baixa toxicidade, similar ao R-502;

Não inflamável.

O Suva® 407C é uma mistura de três fluidos refrigerantes à base de hidrofluorcarbono (HFC),
que não degrada a camada de ozônio. Foi desenvolvido para a substituição do R-22, em
equipamentos novos de média e alta temperatura de expansão. Também pode ser uma opção para
Retrofit.

Classificação ASHRAE: R-407C

Aplicações

Condicionador de Ar Doméstico e Comercial;

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Bomba de calor;

Chiller recíproco.

Benefícios

É indicado para aplicação de baixa temperatura onde é necessário uma maior capacidade;

HFC: não apresenta potencial de degradação da camada de ozônio: Sua utilização não ser á
interrompida devido ao Protocolo de Montreal;

Baixa toxicidade, similar ao R-22;

Não é inflamável.

O Suva® 410A é uma mistura de dois fluidos refrigerantes a base de hidrofluorcarbono (HFC),
que não degrada a camada de ozônio. Foi desenvolvido para substituir o R-22 em equipamentos
novos, de médias e altas temperaturas de evaporação, projectados exclusivamente par a trabalhar
como R-410A

Classificação ASHRAE: R-410A

Aplicações

Condicionador de Ar Doméstico;

Bomba de Calor;

Refrigeração Comercial.

Benefícios

Equipamentos desenvolvidos para trabalhar como Suva® 410A possuem capacidade superior a
equipamentos projectados para trabalhar com o R-22;

HFC: não apresenta potencial de degradação da camada de ozônio: Sua utilização não será
interrompida devido ao Protocolo de Montreal;

Baixa toxicidade, similar ao R-22;

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Não é inflamável.

O Suva® 507 é a mistura dos hidrofluorcarbonetos HFC-125 e HFC-143a, fluidos que não
degradam a camada de ozono. Indicado para substituir o R-502 em sistemas de refrigeração,
deve ser utilizado preferencialmente em equipamentos novos que apresentem baixa temperatura
de evaporação.

Classificação ASHRAE: R-507

Aplicações

Refrigeração Comercial e Industrial.

Benefícios

Possui uma menor temperatura de descarga, o que pode prolongar a vida útil do compressor;

HFC: não apresenta potencial de degradação da camada de ozônio: Sua utilização não será
interrompida devido ao Protocolo de Montreal;

Baixa toxicidade, similar ao R-502;

Não é inflamável.

A substituição do R-22 pode ser feita utilizando DuPont™ ISCEON® MO99™. Este produto é
uma alternativa para a substituição do R-22 em sistemas de condicionamento de ar e de
refrigeração com expansão directa, por se tratar de um fluido refrigerante HFC, de fácil
utilização e que não degrada a camada de ozônio.

Classificação ASHRAE: R-438A

Aplicações:

 Ar condicionado comercial, incluindo:


 Roof Tops;
 Condicionadores de ar de Janela;
 Chillers de expansão directa;
 Splits.
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 Ar condicionado residencial.
 Refrigeração (Baixa e Média Temperatura), incluindo:
 Self Cont ained;
 Unidades Condensadoras;
 Racks.

Benefícios

 Proporciona Retrofit fácil, rápido e de baixo custo, uma vez que não exige troca de
válvulas de expansão ou outros componentes mecânicos;
 HCF: não apresenta potencial de degradação da camada de ozono. Sua utilização não ser
á interrompida devido ao Protocolo de Montreal;
 Compatível com os lubrificantes a base de Óleo Mineral (OM), Alquilbenzeno (AB) ou
Poliol
 Éster (POE): Na maioria dos casos, não é necessário substituir o tipo de lubrificante do
sistema;
 Potencial de Aquecimento Global (GWP) 42% inferior ao R-404A;
 Temperatura de descarga r eduzida: Possível prolongamento da vida útil do equipamento;
 Em caso de vazamento, pode-se completar a carga de fluido refrigerante durante o
serviço de manutenção sem a remoção de todo o produto (fluido refrigerante), desde que
o sistema já esteja com ISCEON® MO99™ e que a carga seja feita na f ase líquida;
 Mantém, na maioria dos casos, o desempenho similar ao do R-22 em termos de
capacidade de refrigeração e eficiência energética;
 Permite continuar o uso de equipamentos projectados par a HCFCs.

7. Nomenclatura dos Fluidos Refrigerantes


A classificação e as designações numéricas dos refrigerantes seguem o padrão utilizado pela
ANSI/ASHRAE Standard 34-1992.

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7.1. Compostos halogenados


São substâncias químicas derivadas de hidrocarbonetos simples (das séries metano, etano e
propano) onde os átomos de hidrogênio são substituídos por átomos de elementos halógenos
(cloro, flúor ou bromo), o que dá origem à outra denominação pela qual estas substâncias são
também conhecidas - hidrocarbonetos halogenados.

Além da utilização como refrigerantes em sistemas de refrigeração por compressão de vapor, os


halocarbônicos e compostos similares passaram também a ser utilizados como agente expansor
para espumas rígidas e flexíveis, solventes para limpeza de circuitos microeletrônicos e
equipamentos cirúrgicos e como propelentes de aerosóis.

Designação numérica

a) O primeiro dígito da direita é o número de átomos de flúor no composto;


b) O segundo dígito (direita para a esquerda) é o número de átomos de hidrogênio,
adicionado de um;
c) O terceiro dígito é o número de átomos de carbono subtraído de um.

A figura abaixo é representada a designação numérica correspondente. Por exemplo: o


refrigerante clorodifluormetano, CHClF2, possui dois átomos de flúor (a=2), um átomo de
hidrogênio (b=1+1=2) e um átomo de carbono (c=1-1=0), cujo resultado é o R-22.

Figura_1: Designação numérica para os halogenados.

Exemplo: CCl3F - Tricloromonofluormetano, R-11 (CFC-11)

 CHClF2- Monoclorodifluormetano, R-22 (HCFC-22)


 CHF2CHF2- Tetrafluoretano, R-134 (HFC-134)
 CF3CH2F - Tetrafluoretano, R-134a (HFC-134a)
 CBrF3- Bromotrifluormetano, R-13B1 (B1 indica o número de átomos de Br)

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Os isómeros são designados por sufixos “a”, “b”, “c”, etc. em ordem crescente de assimetria
espacial. Assim, o refrigerante R-134a corresponde a um composto da série etano (dois átomos
de carbono), composto de quatro átomos de flúor e dois de hidrogênio, constituindo-se em um
dos isómeros espaciais do composto 134.

7.2. Compostos inorgânicos


Grupo ao qual correspondem os fluidos utilizados desde os primórdios da refrigeração por
compressão mecânica do vapor. Desse grupo destacam-se a amónia (R-717) e o dióxido de
carbono (R-744).

Designação numérica

A designação numérica é composta acrescentando-se ao algarismo 7, os algarismos


Correspondentes ao peso molecular do fluido. Como exemplo, a amónia, cuja fórmula química é

NH3 é designada conforme os pesos moleculares de seus constituintes, isso é: N=14 e H=1.
Assim: (14+3x1) = 17.

Exemplo:

 NH3- Amönia, R-717.


 CO2- Dióxido de carbono, R-744.
 SO2- Dióxido de enxofre, R-764.

7.3. Compostos orgânicos


Embora sejam bons refrigerantes são extremamente inflamáveis e explosivos. Seu uso em
aplicações comerciais e residenciais está restringido por códigos severos na maioria dos países
da Europa, Estados Unidos, Japão e Austrália. Encontram uso em aplicações industriais,
particularmente em refinarias, onda há procedimentos estabelecidos de manejo com gases
inflamáveis. Actualmente, em função das restrições ambientais, seu uso em sistemas de
refrigeração doméstica está em crescimento, principalmente o isobutano. Fazem parte também,
em pequenas quantidades, de inúmeras misturas não azeotrópicas.

Designação numérica

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A designação numérica segue a dos halogenados. Como exemplo, o propano, cuja fórmula
química é CH3CH2CH3, não possui nenhum átomo de flúor (a=0), oito átomos de hidrogênio
(b=8+1=9) e três átomos de carbono (c=3-1=2), cujo resultado é o R-290.

Exemplo:

CH4- Metano, R-50 (HC-50).

CH3CH3- Etano, R-170 (HC-170).

CH3CH2CH3- Propano, R-290 (HC-290).

CH(CH3)3- Isobutano, R-600A (HC-600A).

7.4. Misturas azeotrópicas


Uma mistura azeotrópica de duas ou mais substâncias é aquela que não pode ser separada em
seus componentes por destilação. Essas misturas se comportam como substâncias puras, isso é,
durante a mudança de fase à pressão constante, a temperatura permanece constante, possuindo
propriedades diferentes daquelas de cada um de seus constituintes

Nas figuras abaixo são apresentados os comportamentos dessas misturas para duas situações
diferentes. Em ambas, para uma dada concentração de seus constituintes, obtém-se o ponto
azeotrópico.

Figura_2: Diagrama T-x para uma mistura azeotrópica: (a) Tsat. do ponto azeotrópico > Tsat. do fluido
puro e (b) Tsat. do ponto azeotrópico < Tsatque o fluido puro.

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Designação numérica

A designação numérica é feita em ordem cronológica crescente do seu aparecimento,


adicionadas ao algarismo “5”. Actualmente, a numeração do último composto disponível
comercialmente mais é do R-512A.

São misturas cujo comportamento durante a mudança de fase é o típico das misturas, com
variações da temperatura para pressões constantes, além de mudança de composição das fases
líquido e vapor. O comportamento dessas misturas é apresentado na figura que se asseguir, onde
podem ser identificados os pontos de orvalho e de ebulição para uma dada composição em massa
de duas diferentes substâncias.

Figura_4: Diagrama temperatura vs fracção de massa com diferentes constituintes.

Designação numérica

Da mesma forma que para as misturas azeotrópicas, a designação numérica segue a ordem
crescente, por cronologia de seu aparecimento, adicionadas ao algarismo “4”. Actualmente mais
já existe o composto R-445A.

7.5. Hidro-flúor-olefinas
Em função de pressões regulatórias para a eliminação de refrigerantes com elevado GWP,
principalmente para uso em sistemas de ar-condicionado automotivo com GWP maior que 150,
os principais fabricantes de refrigerantes vem buscando, agressivamente, novas formulações a
partir de produtos fluoroquímicos insaturados. Essas substâncias consistem de dois ou mais
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átomos de carbono com, no mínimo, uma ligação dupla entre dois ou mais átomos de carbono,
além de flúor, hidrogênio e possivelmente outros halogênios. Fluorcarbonos insaturados também
são identificados como flúor alcenos ou flúor olefinas.

A ligação dupla carbono-carbono torna o composto mais reactivo, o que conduz a sua rápida
decomposição na baixa atmosfera uma vez que são menos estáveis na presença de reagentes
oxidantes. Desses novos compostos também são sujeitos à decomposição fotolítica. Como
resultado, apresentam tempo de vida na atmosfera muito curto, de 6 a 18 dias e,
consequentemente, valores de ODP e GWP extremamente baixos. Actualmente já existem
comercialmente alguns compostos, tais como o HFO-1234yf (CH 2=CFCF3), HFO-1234ze
(CHF=CHCF3) e HFO-1243zf (CH2=CHCF3).

Designação numérica

A designação numérica desses compostos é dada conforme a figura abaixo

.
Figura_5: Exemplo de designação numérica para os HFO.

8. Impacto Ambiental de Fluidos Refrigerantes


É muito difícil prever com precisão as consequências das mudanças na atmosfera. Nos anos
recentes um outro problema ambiental também de dimensões globais, o efeito estufa e o

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processo de aquecimento global, vem sendo analisado e a participação dos diversos sectores
industriais, entre eles o sector de refrigeração e ar condicionado tem sido debatida.

8.1. O Efeito Estufa e o Processo de Aquecimento Global


Além da destruição da camada de ozono, um outro efeito de alguns fluidos refrigerantes sobre o
meio ambiente é a sua contribuição para o processo de aquecimento mundial da atmosfera. A
teoria de aquecimento global estabelece que, devido a actividades humanas, a concentração de
certos gases que absorvem calor está aumentando na atmosfera. Este fato é considerado como a
causa do aumento lento da temperatura média da atmosfera.

Refrigerantes contribuem para o aquecimento global pelo fenômeno chamado efeito estufa. Este
processo ocorre devido às interacções entre a Terra, sua atmosfera e a radiação solar. A radiação
solar que atinge a superfície da Terra é parcialmente absorvida, parcialmente reflectida e
parcialmente re-irradiada, e é novamente emitida pela superfície da Terra com comprimento de
onda diferente da radiação que chega.

Alguns gases na atmosfera, como o vapor d´água, dióxido de carbono (CO 2), metano, fluidos
refrigerantes e outros gases, absorvem esta radiação e a reemitem. Estes gases são chamados de
gases de efeito estufa. O efeito líquido é o aquecimento da superfície da Terra, similar a forma
que uma estufa aprisiona a radiação aquecendo o ar (e as plantas) dentro dela, (NUNES)

8.2. OZONO / PROCESSO DE FORMAÇÃO / DESTRUIÇÃO


De acordo com (NUNES) O ozono é formado quando as moléculas de oxigénio absorvem parte
da radiação ultravioleta proveniente do sol, ocasionando a separação das moléculas em dois
átomos de oxigénio.

Estes átomos por sua vez, juntam-se com outras moléculas de oxigénio, formando assim o
ozônio (O3), que contém três átomos de oxigénio. Aproximadamente 90% do ozono da terra está
localizado em uma camada natural, logo acima da superfície terrestre conhecida como
estratosfera.

Esta camada natural atua como um escudo protector contra a radiação ultravioleta.

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Alguns dos CFC’s têm um tempo de vida na atmosfera superior a 120 anos (R-12), isto é, eles
não se dissociam na baixa atmosfera (troposfera).

Como resultado, os CFC’s migram vagarosamente para a estratosfera onde são atingidos por
maiores níveis de radiação, liberando o cloro, que por sua vez livre, liga-se repetidamente com
moléculas de ozono provocando a separação dos átomos de oxigénio da molécula em questão.

Com a ocorrência da destruição do ozônio, maiores níveis de radiação tendem a penetrar na


superfície terrestre. Além disso, devido ao longo tempo de vida dos CFC’s na atmosfera e ao
facto de que um átomo de cloro pode destruir repetidamente milhares de moléculas de ozono,
serão necessárias muitas décadas para que a camada de ozônio retorne aos níveis de
concentração anteriores.

Desde que a teoria de destruição da camada de ozono foi publicada pela primeira vez, pesquisas
científicas têm mostrado uma preocupação geral com o aumento da concentração de cloro na
estratosfera, que destruindo o ozono tem como resultado danos à saúde e ao meio ambiente,
como por exemplo:

 Aumento dos casos de câncer de pele;


 Danos aos olhos (aumento dos casos de cataratas);
 Enfraquecimento do sistema imunológico;
 Danos às plantações;
 Danos aos organismos aquáticos (algas marinhas);
 Aumento da temperatura ambiente.

8.4. COMO O OZONO É DESTRUIDO?


Primeiramente, a luz ultravioleta quebra a ligação de um átomo de cloro da molécula de CFC.

Em seguida, o átomo de cloro ataca a molécula do ozono, quebrando a ligação entre os átomos.
Forma-se uma molécula de O2 e uma de monóxido de cloro.

O monóxido de cloro é instável, tem sua ligação quebrada e forma-se novamente cloro livre, que
vai atacar e destruir outra molécula de ozônio, repetindo-se o processo.

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8.5. O Protocolo de Montreal e o Protocolo de Kyoto


Segundo (Silva), Na década de 70 foram levantadas questões sobre a relação entre a acumulação
de clorofluorcarbonos, (CFCs) na atmosfera e a consequente destruição da camada de ozônio e o
aquecimento global. Em 1985, a primeira evidência da destruição da camada de ozônio veio com
o relato do buraco na camada de ozônio na Antártica. Em 1987 um tratado internacional, o
Protocolo de Montreal, foi estabelecido para o controle do uso de CFCs, com uma proposta de
50% de redução do consumo em 1998 para países desenvolvidos O Protocolo foi
substancialmente fortalecido em 1990 (Londres), com 100% de eliminação de CFCs em 2000, e
em 1992 (Copenhague), com 100% de eliminação dos CFCs e HCFCs em 1996 e 2030,
respectivamente. Em Viena (1995) o controle sobre os CFCs se tornou mais rígido com 99,5%
de eliminação até 2020. Estas datas foram estabelecidas para os países denominados
desenvolvidos; os países em desenvolvimento têm um prazoadicional de 10 anos. Os HCFCs têm
uma eliminação posterior aos CFCs porque eles são removidos da atmosfera 5 a 10 vezes mais
rápido que os CFCs, e por isso têm um menor potencial de destruição da camada de ozono
(PDO).

Hidrofluorcarbonos (HFCs) foram desenvolvidos nos anos 80 e 90 como refrigerantes


alternativos aos CFCs e HCFCs. HFCs não contêm cloro e desta forma não destroem a camada
de ozônio, mas eles têm contribuição ao aquecimento global. HFCs são um dos seis gases cujas
futuras emissões serão controladas pelo Protocolo de Kyoto (Kyoto, 1997). Estes gases são:
dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nítrico (N2O), hidrofluorcarbonos (HFCs),
perfluorcarbonos (PFCs) e helxafluoreto de enxofre (SF6).

Pelo Protocolo de Kyoto, as emissões individuais dos gases efeito estufa serão agregadas como
equivalentes em CO2. Muitos desenvolvidos devem reduzir suas emissões equivalentes em CO2
em 5-8% abaixo dos níveis de 1990 para CO 2, CH4, N2O, e níveis de 1995 para HFCs, PFCs, SF6
durante o período de 2008-2012. Hidrocarbonetos, que são também utilizados para substituição
de CFC, não são incluídos no Protocolo de Kyoto.

8.6. Avaliação do impacto ambiental


Para aplicações estacionárias como ar condicionado central, refrigeração comercial
(supermercados) e industrial, o impacto ambiental do refrigerante a ser utilizado deve ser

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analisado utilizando o critério de Desempenho Climático de Ciclo de Viena (“Life-Cycle Climate


Performance”-LCCP).

O impacto climático mais aceitável é atingido através de uma combinação óptima de


refrigerante, projecto do equipamento, controle e manutenção. Melhor eficiência energética pode
ser atingida com alto custo utilizando modificações adicionais nos componentes do ciclo, etc. O
desempenho climático de tecnologias competidoras pode ser comparado calculando-se a
contribuição directa das emissões de produtos químicos e a contribuição indireta da energia
necessária para produzir o refrigerante e operar o equipamento.

Emissões de produtos químicos incluem emissões durante o processo de produção do


refrigerante, durante a operação do equipamento e no momento da disposição. As emissões de
produtos químicos envolvem as emissões de refrigerantes.

O impacto climático é minimizado através da selecção da tecnologia de refrigeração e da espuma


de isolamento térmico que tem o mais alto LCCP. O efeito directo da emissão de refrigerantes
depende do GWP do refrigerante ou do agente de expansão da espuma e da quantidade emitida.
A quantidade emitida depende da engenharia do produto, procedimentos de produção e da
manutenção e disposição. O impacto indirecto das emissões da geração de energia depende da
tecnologia utilizada para produção de energia (nuclear, hidráulica, eólica, termoeléctrica, etc.) e,
no caso das termoeléctricas, do combustível utilizado e da eficiência de combustão e/ou geração.

Desta forma, a escolha ambiental depende da situação particular na localização onde a actividade
irá ocorrer.

O impacto climático da geração de energia eléctrica depende do combustível utilizado em


localizações geográficas particulares e das mudanças que irão ocorrer nestes sistemas ao longo
dos anos. Por exemplo, o impacto climático da geração de energia via tecnologia nuclear, eólica,
hidroeletricidade, fotovoltaica é menor que o impacto dos sistemas a carvão, petróleo ou gás.

O impacto ambiental dos refrigerantes sobre a camada de ozono ou aquecimento global depende
da sua concentração na estratosfera. Os níveis futuros de CFCs e HCFCs serão controlados pela
actual versão do Protocolo de Montreal (Montreal, 1997). No entanto o Protocolo de Kyoto, que
irá definir os níveis futuros de HFCs está na sua infância. Se controles significativos de emissões

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de HFCs foram introduzidos sob o Protocolo de Kyoto, a indústria de refrigeração e ar


condicionado, que representa a maior fonte de emissões de HFCs deverá ter um papel importante
no desenvolvimento e implementação de políticas destinadas a atingir reduções significativas
nestas emissões.

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9. Conclusão
Feito o trabalho pode-se concluir que, os fluidos refrigerantes são os principias elementos de
trabalho dos sistemas de refrigeração e de climatização, pois sem estes produtos é impossível que
se estabeleça a troca de calor nos espaços desejados.

Estes fluidos em sistemas de refrigeração assim como de climatização desempenham um grande


papel no que diz respeito a ajuda que tem dado ao homem, e apesar de facilitar a vida do homem,
estes são também grandes contribuintes no aquecimento global durante o seu funcionamento.

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10. Referências Bibliográficas


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andAirConditioning Engineers, Atlanta, GA.
 CORRÊA, J. E. Refrigeração e Climatização. 2010. UNIVERSIDADE FEDERAL DO
PARÁ. Faculdade de Engenharia Mecânica.
 MARQUES, J. C. B. Análise de desempenho de um refrigerador de pequeno porte com
drop in de refrigerantes hidrocarbonetos. 2010. 126f. Dissertação (Mestrado em
Engenharia Mecânica) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal. 2010
 MENDES, T. Diagnóstico termodinâmico aplicado a um sistema de refrigeração por
compressão de vapor. 2012. 204f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica)
-Universidade Federal de Itajubá, Itajubá, Minas Gerais. 2012.
 NUNES, T. K. Modelagem, simulação e optimização de sistemas de refrigeração por
compressão de vapor. 2015. 94f. Tese (Doutorado em Engenharia Mecânica) –
Universidade Federal do Paraná, Curitiba. 2015.
 PIRANI, M. J. Refrigeração e Ar Condicionado: Parte I Refrigeração. (2001).
 SELLENT, J. J. Refrigerador de bebidas de alto rendimento. Universidade Tecnológica
Federal Do Paraná, Medianeira. 2011.
 SILVA, H. D. Protocolos de Montreal e Kyoto: pontos em comum e diferenças
fundamentais.

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