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Esquecimento

O esquecimento é "a outra cara" da memória (CASTELLANO, 1987), ou o aspecto mais


saliente da memória: é muito mais o que esquecemos que o que recordamos.

Vários fatores causam esquecimento. Um, clássico, é a extinção, ou perda geralmente


gradativa de uma memória por sua evocação reiterada sem reforço; ou seja, sem
aquele(s) componente(s) que a fizeram marcante quando adquirida: um choque elétrico no
caso de um aprendizado aversivo, comida no caso de um aprendizado alimentício, a
resposta no caso de um número telefônico, o pagamento no caso de um serviço prestado.
A simples passagem do tempo é outro fator no esquecimento. Influi mais, claramente,
quanto pior tenha sido a gravação original: é mais fácil esquecer um número telefônico de
um cinema, aprendido ontem, que um fato marcante da infância. A interferência
retrógrada é outro fator.

Não há dúvida que algum grau de esquecimento é necessário para poder ter uma vida útil.
É preciso esquecer para poder pensar; para poder fazer generalizações, sem as quais é
impossível desenvolver qualquer atividade cognitiva (BORGES, 1960). É difícil conceber a
criação sem esquecimento; o esquecimento diferencia a criação da clonagem.

O esquecimento é normal. O excesso de esquecimento, a perda real de memórias que não


queremos perder, é patológico, denomina-se amnésia, e será analisada mais adiante.

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