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O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor Ela canta, pobre ceifeira,
A dor que deveras sente. Julgando-se feliz talvez;
Canta, e ceifa, e a sua voz, cheia
E os que leem o que escreve, De alegre e anónima viuvez,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve, Ondula como um canto de ave
Mas só a que eles não têm. No ar limpo como um limiar,
E há curvas no enredo suave
E assim nas calhas de roda Do som que ela tem a cantar.
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda Ouvi-la alegra e entristece,
Que se chama coração. Na sua voz há o campo e a lida,
E canta como se tivesse
ISTO Mais razões para cantar que a vida.