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Graças ao desenvolvimento tecnológico, a conexão entre clientes e prestadores de

serviço se torna muito mais abrangente na atualidade. A cultura do gig economy, conceito que
compreende todas as formas de emprego alternativo – como, por exemplo, trabalhadores
freelancers ou por aplicativo -, desafia o modelo de trabalho tradicional e chega em peso ao
Brasil mediada pelas novas tecnologias e pela urbanização: essa forma de prestação de
serviços se popularizou com a chegada das principais empresas do setor no país, há menos de
uma década, e diversificou as possibilidades de atividades informais nos centros urbanos.

O trabalho informal se caracteriza de forma a facultar trabalhadores empregados no


setor privado sem carteira assinada, o caso em maior número na gig economy, assim como
trabalhadores domésticos sem carteira assinada, empregadores sem registro no CNPJ, entre
outros. Trabalhar com carteira assinada significa ter o asseguramento de seus direitos
trabalhistas; freelancers, vendedores, prestadores de serviço por aplicativos, além de não
receberem salário fixo, não tem a garantia do direito a férias remuneradas, vale-transporte,
licença-maternidade, direito à aposentadoria, décimo terceiro salário, e quaisquer outros
direitos trabalhistas.

Este é o cenário de flexibilização do trabalho – um contexto em que os trabalhadores


recebem mais liberdade e autonomia para fazerem seus próprios horários e controlarem suas
rotinas produtivas. Mais uma vantagem, é que, nesse tipo de emprego, há a possibilidade de
parar de produzir ou trocar a prestação de serviço sem aviso prévio. Assim, a flexibilização do
trabalho prevê a horizontalização da hierarquia organizacional; em outras palavras, as relações
entre líderes e liderados, no caso de se haver um mediador na prestação de serviços, como em
trabalhos por aplicativo, são mais fluidas e menos rígidas. Entretanto, nesse cenário há
também a flexibilização de direitos, que seria, justamente, a falta de garantia de direitos
propiciada pelos trabalhos informais.

O trabalho informal tem crescido exponencialmente nos últimos anos; de acordo com
o relatório anual de tendências de internet e tecnologia da analista Mary Meeker, a força de
trabalho freelancer cresceu três vezes mais rápido que o emprego tradicional entre 2014 e
2017. Além disso, uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)
apresenta que o Brasil já possui cerca de 1,4 milhões de trabalhadores inseridos na gig
economy – a expansão desse novo setor econômico é um grande impacto na estrutura
econômica brasileira.

O crescimento do desemprego é o principal fator para que haja o aumento na procura


de trabalhos informais. De acordo com o IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, os
dados lançados em maio de 2020 expõem uma taxa de desemprego igual a 14,6 para o
trimestre que se encerrava naquele mês, estável em comparação ao do trimestre anterior, de
14,4%. Tal-qualmente, um levantamento da consultoria Austin Rating posicionava o Brasil
como quarto com a maior taxa de desemprego do mundo, quando esse valor era de 13,2%. Os
trabalhadores informais, por estarem à margem do sistema de proteção social, se encontram
em situação de maior vulnerabilidade frente as instabilidades econômicas no país.

Outros dados alarmantes são os que dizem respeito ao trabalho infantil e ao trabalho
análogo a escravidão. Trabalho infantil seria o trabalho realizado por indivíduos abaixo da
idade mínima permitida, entre crianças e adolescente, variando de acordo com a legislação de
cada país. No Brasil, crianças e pré-adolescentes até 13 anos são proibidos de realizar trabalho
– entre 14 a 16 anos, admite-se a exceção de trabalho como jovem aprendiz; já entre 16 e 17
anos, há a permissão parcial, descontando-se atividades noturnas, insalubres, perigosas ou
penosas. Entretanto, apesar de haver a proibição, de acordo com dados da UNICEF (Fundo das
Nações Unidas para a Infancia), de 10 de junho de 2021, o número de crianças e adolescentes
nessa condição chegou a 160 milhões no mundo, sendo que há a previsão de que, devido aos
impactos do Covid-19, mais 9,8 milhões ingressem no trabalho infantil até 2022.

Da mesma forma, um indivíduo em condição análoga a escravidão trabalha em


contexto de trabalho forçado, jornada exaustiva, situação degradante (essa sendo de violação
de direitos fundamentais que coloquem em risco a saúde e a vida do trabalhador), ou
“escravidão por dívidas”, que seria fazer o trabalhador contrair ilegalmente um débito e força-
lo a pagar por ele. Essas condições de trabalho são fiscalizadas pela Organização Internacional
do Trabalho (OIT) e o Concelho de Direitos Humanos das Nações Unidas, que prevê, quando
identificado o caso, pena de 2 a 8 anos de prisão aos empregadores, podendo ser aumentada
quando o crime for cometido contra crianças ou adolescentes. Segundo a OIT, 40 milhões de
pessoas são vítimas de trabalho escravo no mundo, sendo o Brasil parte desse comércio ilegal.

É relevante abordar, também, a reforma trabalhista de 207, aprovada pelo governo


Temer, que representou uma mudança significativa na Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT). As alterações na legislação foram realizadas com o objetivo de combater o desemprego
gerado pela crise econômica de 2014. Entre as várias mudanças, podem ser citadas as
alterações como a permissão de que mulheres grávidas ou lactantes trabalhem em ambientes
de baixa ou média insalubridade, a imposição de um limite de tempo sob o qual se deve avisar
a empresa sobre a gravidez (sendo esse de 30 dias), a inclusão de direitos a respeito do
trabalho home-office (Tudo o que o trabalhador usar em casa será formalizado com o
empregador via contrato, como equipamentos e gastos com energia e internet, e o controle do
trabalho será feito por tarefa), e o aumento da jornada de trabalho, de 8 para 12 horas,
contanto que se respeitem as 44 horas (ou 48, incluindo as duas horas extras) semanais.
https://www.jota.info/coberturas-especiais/sociedade-digital/gig-economy-dispara-e-
gera-oportunidades-na-crise-04112021

https://blog.runrun.it/gig-economy/

https://www.politize.com.br/trabalho-informal/

https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/trabalhos-informais.htm

https://encontreumnerd.com.br/blog/o-que-e-flexibilidade-no-trabalho

https://www.jornalcontabil.com.br/21-direitos-e-beneficios-que-valem-para-o-
trabalhador-com-carteira-assinada/

https://startups.com.br/noticias/quantas-pessoas-trabalham-na-gig-economy-no-
brasil/

https://www.ufrgs.br/ifch/index.php/br/impacto-da-pandemia-no-trabalho-informal

https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2021-07/taxa-de-desemprego-fica-
em-146-no-trimestre-encerrado-em-maio

https://www.poder360.com.br/economia/brasil-tem-4a-maior-taxa-de-desemprego-
do-mundo-em-ranking-da-austin-rating/

https://www.unicef.org/brazil/comunicados-de-imprensa/trabalho-infantil-aumenta-
pela-primeira-vez-em-duas-decadas-e-atinge-um-total-de-160-milhoes-de-criancas-e-
adolescentes-no-mundo

https://livredetrabalhoinfantil.org.br/trabalho-infantil/o-que-e/

https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2021-06/mulher-
submetida-trabalho-analogo-escravidao-e-libertada-em-sp

https://observatorio3setor.org.br/noticias/mais-de-55-mil-pessoas-foram-resgatadas-
do-trabalho-escravo-no-brasil/

https://reporterbrasil.org.br/trabalho-escravo/

https://www12.senado.leg.br/radio/1/noticia/2018/12/14/lei-que-incluiu-no-codigo-
penal-punicoes-para-quem-explora-trabalho-escravo-completa-15-anos

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