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1. Introdução
O setor energético, existente atualmente no Brasil e em outros países, utiliza um sistema
elétrico que tem evoluído vagarosamente e que pode ser considerado obsoleto diante das
novas propostas de tecnologias, principalmente frente a um novo conceito tecnológico,
que são as Smart Grids (SGs).
As SGs se apresentam como uma oportunidade de evolução, desde as novas
tecnologias implementadas no sistema até o comportamento dos consumidores e das
empresas relacionadas com o setor energético. O principio da SG é utilizar inteligência
computacional em toda a rede energética, automatizando de maneira eficiente, através
de sensoriamento, monitoramento, e comunicação [Reed 2010].
Nesse sistema inteligente, a informação ajuda a prover a eficiência energética,
identificando áreas de consumo em seus diferentes níveis de necessidade e o potencial
de diferentes áreas de geração e distribuição da energia, otimizando as características de
cada ponto. Empresas, indústrias, consumidores e demais participantes do setor terão o
grau de informação que lhes compete, evitando a perda de energia, sejam na
distribuição, na transmissão ou no consumo [DOE 2011].
O restante deste artigo é organizado em: Seção 2 apresenta uma visão geral de
SG. A Seção 3 descreve motivos para se investir em SG.
2.1 Geração
Entre os aspectos incorporados no grupo de geração de energia tem-se como
ponto principal a inserção de fontes de energia renováveis (eólica, hídrica e outras)
como forma de minimizar o impacto ambiental causado pela queima de combustíveis
fósseis, que é o principal meio de geração em vários países [DOE 2011]. No entanto
algumas fontes de energia renováveis têm como característica a instabilidade nos níveis
de produção devido ao comportamento sazonal dos recursos (vento, chuva) utilizados.
Por este motivo é necessário que fontes renováveis sejam complementadas por fontes
tradicionais com a finalidade de atender a demanda, não gerar excedentes e evitar que a
rede elétrica falhe.
Outro aspecto que deve ser incorporado em uma SG relacionado à utilização de
fontes renováveis, é a predição de comportamento dos recursos utilizados. Devido ao
caráter instável de geração dessas fontes, é importante que fornecedoras de eletricidade
tenham planejamento sobre geração e consumo para garantir que o consumo será
satisfeito. Técnicas computacionais podem ser utilizadas para prever tal comportamento
[Zavala 2010].
Outro ponto visado em um sistema SG é a transmissão e distribuição de recursos
de geração, tanto em termos de capacidade de produção quanto em termos de
localização. Realizando essa descentralização obtêm-se dois benefícios, o primeiro está
relacionado com a minimização de perdas decorrentes de transporte, pois aproximando
a fonte de geração de seu alvo o caminho percorrido pela eletricidade será menor e a
perda por dissipação térmica (Efeito Joule) também.
O segundo benefício surge do fato de impedir que uma região torne-se
dependente de uma única unidade de geração de alta capacidade, como uma hidrelétrica,
pois em caso de uma falha, toda a região terá o fornecimento interrompido. Em um
sistema SG se uma unidade de geração de média capacidade falhar, ela poderá ser
coberta por unidades de geração vizinhas e não comprometer o abastecimento elétrico
de nem uma localidade.
2.3 Cliente
Na área mais externa de um sistema SG estão às tecnologias associadas ao
consumo. Para a maior parte do público estas tecnologias irão caracterizar a SG, pois
estarão em maior contato com os usuários da rede.
E no que diz respeito a estar em contato com os usuários, nada será tão relevante
quanto os medidores de energia, pois estes estarão presentes em todas as residências.
Em uma SG os medidores deixam de ser dispositivos eletromecânicos e tornam-se uma
interface de gerenciamento de recursos e comunicação entre a rede e a residência.
Alguns projetos de SG propõem que através desta interface a fornecedora de energia
possa ter conhecimento de todos os dispositivos ligados a rede em uma residência [Xu
and Li 2010].
As funcionalidades dos medidores mais prováveis em um projeto de SG serão a
aptidão para trabalhar com Tarifação Dinâmica, que é uma forma de taxação em que o
valor da energia varia ao decorrer do dia, e monitoramento e atuação remota pela
operadora, que poderá detectar anomalias em um circuito residencial, assim como
desligar uma unidade da rede no caso de inadimplência.
Ainda baseado nos medidores da abordagem SG, sistemas secundários poderão
ser acoplados a estes permitindo que usuários tenham mais controle sobre o consumo. A
ideia destes sistemas é fornecer dados mais precisos para o usuário permitindo que este
conheça em quais momentos seu consumo é maior e dentro de suas possibilidades para
reduzir esse consumo, e programar dependentes de eletricidade, como lavar roupas, para
horários em que a tarifa elétrica seja menor.
Outra tarefa que os medidores deverão ser capazes de realizar é gerenciar o
fornecimento de energia a partir de recursos externos a rede (painéis solares, geradores
hidrelétricos e baterias) minimizando o consumo de energia da rede comercial e
consequentemente reduzindo o valor pago a fornecedora. Outras propostas preveem que
usuários poderão vender sua energia excedente de para a fornecedora.
4. Estado-da-Arte
O fato de ser uma tecnologia recente nos leva a pensar que poucas nações estão
pesquisando sobre o assunto, mas o que acontece é o oposto. Todos os países que estão
preocupados com seus recursos energéticos estão acelerando suas pesquisas e
aumentando os seus investimentos na área de SG.
Sendo o conceito de SG não universal, existem diferenças claras entre os
projetos de cada país. O Reino Unido possui um território demasiado pequeno, logo,
não pretende investir tanto em linhas de transmissão e sim focar suas pesquisas em
relação ao sistema de distribuição de energia elétrica, consumo de energia e geração
renovável, enquanto que a China, um país de proporções continentais, necessita de um
maior investimento no sistema de transmissão [Sun and Wu 2010].
Os EUA demonstram está bem situado no cenário mundial. Este possui
inumeros projetos de pesquisa em seu território fomentados pelo National Institute of
Standards and Technology (NIST) [NIST 2011] e outras grandes impressas da área
energética. O interesse dos EUA está centralizado na eficiência e confiabilidade do
fornecimento e distribuição de energia elétrica.
A Europa busca aperfeiçoar as fontes de geração energia limpa. Em 2010
Portugal implementou a primeira rede de carregamento para veículos elétricos, chamada
de MOBI. E [MOBI. E 2010]. com vários pontos espalhados pelo país, se tornando
assim, referencia mundial no assunto. Já a Alemanha se destacou neste mesmo ano ao
obrigar os novos edifícios a instalarem medidores inteligentes, mostrando em tempo
real as taxas da energia que variam dependendo da demanda.
O Brasil já notou a importância das SGs para o futuro e vem claramente
fomentando investimentos e pesquisas, tendo parcerias entre universidades e empresas
do setor energético para desenvolver, com regulamentação da Agência Nacional de
Energia Elétrica (ANEEL), um padrão brasileiro. Em destaque a parceria entre a
Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG) e a empresa Light, vem testando
medidores inteligentes com a função de informar o consumo em reais.
5. Conclusão
Smart Grids é uma tendência mundial e será primordial para permitir uma revolução
necessário no sistema elétrico no que diz respeito a eficiência energética, computação
verde e redução da poluição. Investir nesta tecnologia é condição para as nações
assumirem posições de destaque no cenário mundial.
Referências
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J.Sparacino, and Adam R. (2010) “Sample survey of smart grid approaches and
technology gap analysis”, in Innovative Smart Grid Technologies Conference
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Sun, Q., Wu, J., Zhang, Y., Jenkins, N. and Janaka, E. (2010) “Comparison of the
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