Bruno Azevedo Lopes Docente: Jonas Gonçalves Coelho FAAC – UNESP – 25.11.21
Relatório sobre o filme “O diabo de cada dia”, de Antônio Campos
O conceito-imagem escolhido para este relatório é o conceito de ‘maldade’, relacionando o
maniqueísmo histórico apresentado pela narrativa estadunidense (exterior – mau, interno – bom), que é um dos pontos de vista criticados pela história de “O diabo de cada dia”. O filme, através de sua narrativa lenta e presunçosa, busca mostrar o lado obscuro presente em inocentes cidades do interior dos Estados Unidos e em suas famílias tradicionais. Entrelaçado por questões morais envolvendo a fé cristã, vemos personagens atormentados por diversos demônios internos – como o caso do pai de nosso protagonista, Willard Russell, que visualizava o soldado crucificado ao observar uma cruz – e até mesmo por suas próprias crenças – como o caso de Roy Laferty, que matou sua esposa ao acreditar que Deus daria o poder para ressuscitá-la. A única constante presente no filme e em todas as suas dispersas narrativas, que se conectam como uma colcha de retalhos, é a maldade presente na essência humana e a capacidade de cometer atrocidades em momentos de desespero, motivadas por essa maldade intrínseca. Um exemplo da maldade motivada pelo desespero e relacionada com a fé, é a cena em que Willard descobre que está perdendo sua esposa para um câncer. A partir desse ponto, a figura paterna outrora protetora, se torna autoritária e assustadora para o jovem Arvin. Motivado pela sua fé e desespero, o ex-soldado decide “sacrificar” a vida do único amigo de seu filho – seu cachorro, Jack. “Deus tinha uma tendência a pedir aos homens que fizessem sacrifícios para provar sua fé”. Além de mostrar a tendência humana de cometer maldades, também representa a distorção e má interpretação dos ensinamentos religiosos que, ao longo dos séculos, foram cometidos pela humanidade. A justificativa de certos preconceitos e de certas atitudes atrozes baseada apenas em uma interpretação distorcida da bíblia; como, por exemplo, o preconceito contra homossexuais ou até mesmo a misoginia.