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NOS EVANGELHOS
Várias experiências são sintetizadas pro Paulo com esta noção de Igreja como “povo de
Deus”: a fidelidade de Deus para com a aliança; as rupturas da história da salvação
ligadas à insuficiência da fidelidade humana com a aliança; a experiência da irrupção do
tempo final na morte e na ressurreição de Jesus Cristo; o milagre da missão
bem-sucedida entre os gentios. Assim, enquanto povo recongregado por Deus como
“corpo de Cristo”, comunidade de Deus em Jesus Cristo (1Ts 2, 14), a Igreja se encontra
em continuidade como também na descontinuidade em relação ao povo de Deus Israel.
A continuidade com Israel se baseia na fidelidade do Deus uno, na onipotência da sua
bondade e na continuidade da promissão veterotestamentária. Ela abrange vários
aspectos: por um lado ela a Igreja estã fundamentada para sempre no povo de Deus
Israel. Enquanto cristandade gentia ela é o ramo enxertado na nobre oliveira que é
Israel, ramo este que é sustentado e nutrido pelas raízes daquela (Rm 11,16). Enquanto
cristandade judaica a Igreja é o “resto” do povo de Deus Israel, que se converteu a
Cristo (Rm 11, 1-10).
Israel, no entanto, preserva sua eleição e promessa. Seu endurecimento temporário fez
com que a salvação chegasse aos gentios. Sua salvação integral é o alvo da história da
salvação (Rm 11, 11s; 23-32). Neste sentido, Igreja é parte do povo de Deus Israel. A
descontinuidade reside no caráter escatológico de morte e ressurreição de Cristo, ou
seja, na confissão de Cristo e em sua exigência de decisão. O fato de em Cristo ter se
revelado a justiça escatológica de Deus, de modo que somente a fé justifica, o povo de
Deus agora também consiste na comunhão dos crentes em Cristo, em judeus e pagãos.
Só por aí podemos compreender já agora o brotar da missão da Igreja aquilo que faz
parte da expectativa escatológica de Israel, quer dizer, a salvação do mundo pagão. Isso
significa que a Igreja também se entende como cumprimento da promessa
veterotestamentária da “nova aliança” (Rm 9,24 – 10,21). Neste sentido Igreja é o novo
Povo de Deus, que existe concretamente como comunidade individual, inclusive
também como comunidade doméstica, mas particularmente como congregação festiva
de culto divino (celebração Eucarística).
No encontro com o ressuscitado os discípulos não o experienciam apenas de modo
novo, mas experienciam a si mesmos em novas coordenadas, pois saiem tomados pelo
Espírito de Cristo, transformados desse encontro. Deste modo, para Paulo, não se pode
falar de Igreja sem menção ao Espírito de Cristo, isto é, de Deus e dos seus efeitos. O
Espírito é critério de vida na comunhão salvadora com Cristo. Daí ser a Igreja também o
“templo de Deus, tomado de Espírito” (1Cor 3,16; Ef 2,19s), templo messiânico do
Deus vivo no qual as promissões do AT se cumpriram (2Cor 6,16), o templo vivo de
Deus porque Deus nela habita no Espírito, ao qual se deve a Igreja, pelo qual ela é
edificada, o qual lhe concede os serviços e dons de que ela precisa, santifica-a para uma
vida santa perante Deus (Rm 8,9; 1Cor 2, 10s; 6,19; 12,1; 2Cor 3).
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