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Reitor
Ricardo Marcelo Fonseca
Vice-Reitora
Graciela Inês Bolzón de Muniz
Tradução:
Marília Andrade Torales Campos e
Andréa Macedônio de Carvalho
© Los Libros de La Catarata, 2016.
Colapso. Capitalismo terminal, transición ecosocial, ecofacismo
Coordenação editorial
Rachel Cristina Pavim
Revisão
Francisco Innocêncio e Luana Zacharias Karam
Revisão final
Das Tradutoras
Projeto gráfico, editoração eletrônica e capa
Reinaldo Weber
ISBN 978-65-87448-09-1
Ref. 1004
2020
“A rã não bebe água do charco em que vive”
(Provérbio sioux)
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Prólogo
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1. O conceito de colapso
Definir o colapso
Para começar, resgatarei algumas definições da palavra colapso.
Para Shmuel Eisenstadt, colapso remete ao “completo final de um
sistema político e da trama civilizatória correspondente”22. Yves Co-
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23 Citado por SERVIGNE, P.; STEVENS, R., 2015, op. cit., p. 15.
24 DIAMOND, J. Collapse: How Societies Choose to Fail or Succeed. London:
Penguin, 2006, p. 3.
25 SERVIGNE, P.; STEVENS, R., 2015, op. cit., p. 179.
26 SCHWARTZ, G. M. From Collapse to Regeneration. In: SCHWARTZ, G. M.;
NICHOLS, J. J. (ed.), After Collapse: The Regeneration of Complex Societies. Tuc-
son: The University of Arizona, 2010, p. 3-17. [cit. p. 5-6.]
27 Citado por KOLBERT, E. The Sixth Extinction: An Unnatural History. New
York: Bloomsbury, 2014, p. 16.
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32 Ibidem, p. 18.
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42 Ken Rogoff citado por SERVIGNE, P.; STEVENS, R., 2015, op. cit., p. 11.
43 FERNÁNDEZ DURÁN, R.; GONZÁLEZ REYES, L., 2014, op. cit., p. 329.
44 PRIETO, P. El libro de la selva. 2004. Disponível em: https://www.crisise-
nergetica.org/staticpages/index.php?page=20040908160821726. Acesso em: 30 abr.
2019, p. 36.
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55 Ibidem, p. 126.
56 James Howard Kunstler em BIZZOCCHI, A. Ritorno al passato: La fine
dell’era del petrolio e il futuro che ci attende. [S.l.]: Per la decrescita felice, 2009,
p. 170 e 172.
57 HOLMGREN, D. Colapso por encargo. Holmgren Design, dic. 2013. Dis-
ponível em: www.reddetransicion.org/wp-content/uploads/2014/02/colapso-por-
Encargo-por-David-Holmgren.pdf. Acesso em: 29 abr. 2019, p. 13.
58 FERNÁNDEZ DURÁN, R.; GONZÁLEZ REYES, L., 2014, op. cit., p. 13.
59 OPHULS, 2012, op. cit., p. 39.
60 Citado por SERVIGNE, P.; STEVENS, R., 2015, op. cit., p. 185.
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Os colapsos do passado
A discussão sobre os colapsos do passado, que abordo aqui de
maneira muito superficial, teve nos últimos anos um marco funda-
mental com a publicação de um livro de notável sucesso. Refiro-me
ao Colapse: How Societies Choose to Fail or Succeed (Colapso: como as
sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso) de Jared Diamond.73 Nessa
obra, o autor procura uma explicação ecológica para muitos colapsos,
vinculados ao desmatamento e à destruição do hábitat, à erosão ou à
salinização dos solos, à péssima gestão da água, à prática abusiva da
caça ou da pesca, aos efeitos da introdução de novas espécies ou ao
crescimento da população humana.74 Relacionados frequentemente
com mudanças no clima e, em geral – e como acabo de adiantar –,
com fenômenos ecológicos, os colapsos aos quais me refiro afeta-
ram sociedades complexas que nada tinham de frágeis ou isoladas.
Podemos citar o exemplo dos acádios – seu império entrou em co-
lapso como resultado de uma seca prolongada75 –, do antigo império
no Egito, do Império Romano – o desmatamento, juntamente com
outros fatores militares, econômicos e políticos, teve consequências
permanentes76 –, dos maias – seca, desmatamento, esgotamento de
recursos escassos77 – ou da civilização de Tiahuanaco78. Por outro
lado, dado que aqui a fragilidade e o isolamento se concretizaram,
também é necessário falar das causas ecológicas que cercaram o co-
73 DIAMOND, 2006, op. cit. Ver também YOFFEE, N.; COWGILL, G. (ed.).
The Collapse of Ancient States and Civilizations. Tucson: University of Arizona, 1988.
74 DIAMOND, 2006, op. cit., p. 6.
75 HEINBERG, 1996, op. cit., p. 40; LINDEN, 2007, op. cit., p. 149 et seq.
76 HEINBERG, R. Power Down: Options and Actions for a Post-Carbon
World. Forest Row: Clairview, 2007, p. 143.
77 LINDEN, 2007, op. cit., p. 68 et seq. e p. 165 et seq.; DIAMOND, 2006, op.
cit., p. 157 et seq.; HEINBERG, 2007, op. cit., p. 147.
78 KOLBERT, 2006, op. cit., p. 97.
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neste texto, Tainter, também tem dedicado seu tempo a procurar ex-
plicações para tais colapsos. A esse respeito, o autor fez referência ao
esgotamento de recursos vitais, ao estabelecimento de uma nova base
de recursos, à manifestação de catástrofes, à resposta insuficiente aos
problemas, à presença de outras sociedades complexas, à chegada de
estrangeiros, aos conflitos de classe, às disfunções sociais, ao peso de
impulsos místicos, à concatenação casual de acontecimentos e, em
suma, a fatores econômicos diversos.87 O próprio Tainter observa,
no entanto, que muitos colapsos dificilmente exibem uma dimensão
ecológica e se preocupa em apontar um argumento pelo qual tenho
me interessado: o efeito dos fatores estritamente econômicos relacio-
nados com o desaparecimento das vantagens associadas à complexi-
dade, com as crescentes desvantagens desta e com os custos cada vez
maiores para se manter essa complexidade.88
Geralmente, fala-se de dois tipos de causas associadas nos co-
lapsos. Se as endógenas são criadas pela própria sociedade afeta-
da, na forma de uma instabilidade política, econômica ou social, as
exógenas se vinculam a catástrofes de origem externa, como a mu-
dança climática, maremotos, terremotos ou invasões estrangeiras.89
Nesse sentido, Diamond, em seu livro, identificou cinco fatores de
decadência das sociedades por ele estudadas: a degradação do meio
ambiente ou o esgotamento dos recursos, a mudança climática, as
guerras, a perda repentina de parceiros comerciais e a reação defi-
ciente ante os problemas ambientais.90 Outros especialistas, como
Timothy Weiskel, têm demonstrado que na história de muitas das
civilizações do passado é possível observar um modelo comum de
“aparição gradual, breve florescimento e rápido colapso”, que muitas
vezes acaba em um grande confronto militar pelo controle da terra e
dos principais recursos.91
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92 RUDDIMAN, W. F. Los tres jinetes del cambio climático: Una historia milena-
ria del hombre y el clima. Madrid: Turner, 2008, p. 187-188.
93 PEARSON, S. The End of the World: From Revelation to Eco-Disaster. Lon-
don: Robinson, 2006, p. 173.
94 PEARSON, 2006, op. cit., p. 177.
95 AZAM, G. Le temps du monde fini: Vers l’après-capitalisme. [S.l.]: Les liens
qui libèrent, 2010, p. 67.
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102 Citado por GUÉNO, J.-P. Paroles d’exode mai-juin 1940: Lettres et témoig-
nages de Français sur les routes. Paris: J’ai lu, 2015, p. 30.
103 DIAMOND, 2007, op. cit., p. 22.
104 Antoine de Saint-Exupéry citado por GUÉNO, 2015, op. cit., p. 32.
105 DIAMOND, 2007, op. cit., p. 77.
106 Ibidem, p. 1.
107 Ibidem, p. 2.
108 Ibidem, p. 12.
109 SHENNAN, 2000, op. cit., p. 126.
110 Ibidem, p. 47.
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tica ajustada aos interesses nacionais.111 Jean Paul Sartre relatou que
tudo estava “oco e vazio: o Louvre sem as pinturas, a Câmara sem
os deputados, o Senado sem os senadores”112. Como se não bastasse,
os fluxos de informação estavam tão frágeis e tão pouco confiáveis
que se instalou a lógica do rumor, ao ponto de inúmeras pessoas
darem por certo que Paris havia sido destruída pelo exército ale-
mão.113 Combinada a isso, houve uma diminuição na credibilidade
de instituições que minimizaram o perigo militar alemão e, uma vez
acontecida a tragédia, negaram durante dias o acontecido.114
No entanto, é importante lembrar que também ocorreram situa-
ções que de certa forma atenuaram o impulso do colapso. Se, por um
lado, as instituições religiosas sobreviveram – em particular a Igreja
católica –, por outro, e certamente mais importante, a presença do
exército alemão gerou um cenário de ordem, em vez de repressivo,
principalmente porque seus integrantes mostraram, durante algum
tempo, uma conduta mais contida e mais respeitosa que a implantada
por esse mesmo exército na Europa Central e Oriental.115 O regime
de Vichy e as resistências internas e externas também iluminaram
horizontes de um futuro que convidava a concluir que o panorama
não era irreversível. De fato, e como é sabido, a França assumiu um
processo de reconstrução a partir de 1944-1945.
Devo acrescentar que o cenário que porventura tenhamos que en-
frentar em um futuro próximo será, em muitos aspectos, pior. Não nos
esqueçamos de que hoje os meios de comunicação multiplicariam os
rumores e ampliariam o pânico, a complexidade das estruturas urba-
nas dificultaria o provisionamento, haveria de se enfrentar as sequelas
da supremacia radical do automóvel, se registraria um declínio maior
da economia do que o registrado na França dos princípios da década
de 1940, obstáculos importantes dificultariam uma rápida retomada
sobre o meio rural, haveria grandes dificuldades para atender às de-
mandas em matéria de calefação, se manifestariam graves problemas
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2. As eventuais causas do
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A mudança climática
Faz algumas décadas que se registra um aumento da temperatura
média do planeta.127 Para ilustrar isso em números, basta recordar que
em 2002 a temperatura havia subido 0,8 grau centígrado em com-
paração aos níveis pré-industriais (a de países desenvolvidos subiu
124 REES, M. Our Final Century: Will Civilisation Survive the Twenty-First
Century? London: Arrow, 2004, p. 25-26.
125 CHAMBERLIN, S. The Transition Timeline for a Local, Resilient Future.
White River Junction: Chelsea Green, 2009, p. 142.
126 SERVIGNE, P; STEVENS, R., 2015, op. cit., p. 16.
127 Ver MONBIOT, 2008.
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1,2 graus).128 É verdade, contudo, que ainda que na maioria dos lugares
tenha sido registrado um aumento da temperatura, há muitos outros
em que tem havido uma diminuição desta, fato que explica por que é
preferível falar de mudança climática, e não de aquecimento global.
No Painel Intergovernamental sobre a Mudança Climática, cria-
do pelas Nações Unidas em 1989, há centenas de cientistas dedica-
dos ao estudo da relação entre a emissão de gases de efeito estufa e
as mudanças em questão. Segundo suas conclusões, se as tendências
atuais se mantiverem, a temperatura média do planeta se elevará en-
tre 1,4 e 5,8 graus entre 1990 e 2100.129 Ainda que os relatórios do
Painel sejam sempre cautelosos, é evidente que suas estimativas –
que apontam um aumento de dois graus como limítrofe para situa-
ções graves e irreversíveis – são cada vez mais pessimistas. Hamilton
acredita que, ainda que ajamos de forma rápida e contundente, será
muito difícil evitar um aumento de três graus130 e impossível evitar o
aumento de apenas dois.131 Já Barry Brook ressalta que os dois graus
de aumento da temperatura média planetária podem conduzir a três
ou quatro graus em virtude da retroalimentação que marca o ciclo do
carbono.132 É consensual, enfim, a conclusão de que os efeitos mais
delicados da mudança climática acontecerão no Hemisfério Norte.133
É evidente a responsabilidade central das grandes potências do Nor-
te no cerne deste fenômeno, e nos últimos tempos não seria ingênuo
responsabilizar também países como a China ou a Índia. Basta re-
cordar que os cidadãos estadunidenses emitem três vezes mais CO2
por pessoa que os europeus, e quase cem vezes mais do que os habi-
tantes de países pobres.134
Diversos autores consideram que o ser humano começou a mo-
dificar o clima muito antes da revolução industrial. É o caso, por
exemplo, de Richard Leakey e Roger Lewin, que têm enfatizado
128 FLANNERY, T. The Weather Makers. New York: Grove, 2006, p. 167.
129 HAMILTON, 2015, op. cit., p. 6.
130 Ibidem, p. 8.
131 Ibidem, p. 12.
132 CHAMBERLIN, 2009, op. cit., p. 143.
133 ACOT, P. Histoire du climat. Paris: Perrin, 2004, p. 261.
134 FLANNERY, 2006, op. cit., p. 299.
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150 KAKU, M. Physics of the Future: How Science Will Shape Human Destiny
and Our Daily Lives by the Year 2100. London: Allen Lane, 2011, p. 231-234.
151 LORIUS, C.; CARPENTIER, L., 2010, op. cit., p. 173.
152 HAMILTON, 2015, op. cit., p. 184-185.
153 ORESKES, N.; CONWAY, E. M. Merchants of Doubt: How a Handful of
Scientists Obscured the Truth on Issues from Tobacco Smoke to Global Warming.
London: Bloomsbury, 2010.
154 FLANNERY, 2006, op. cit., p. 288.
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161 HEINBERG, R. The Oil Depletion Protocol: A Plan to Avert Oil Wars, Terro-
rism and Economic Collapse. Gabriola Island: New Society, 2006, p. 2.
162 HEINBERG, 2010, op. cit., p. 153.
163 HOLMGREN, D. Future Scenarios: How Communities Can Adapt to Peak
Oil and Climate Change. White River Junction: Chelsea Green, 2009, p. 47-49.
164 FERNÁNDEZ DURÁN, R.; GONZÁLEZ REYES, L., 2014, op. cit., p. 99.
165 Mesa redonda organizada por Attac Catalunya em Barcelona (2 jul. 2016).
166 SERVIGNE, P.; STEVENS, R., 2015, op. cit., p. 49.
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170 RUBIN, J. Why Your World is About to Get a Whole Lot Smaller: Oil and the
End of Globalization. London: Virgin, 2010, p. 88-89.
171 Ibidem, p. 92-93.
172 HEINBERG, R. The End of Growth: Adapting to Our New Economic Rea-
lity. Gabriola Island: New Society, 2011, p. 180.
173 Ibidem, p. 181.
174 OPHULS, 2012, op. cit., p. 26.
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xar claro desde o princípio que estas não são alternativas razoáveis ao
petróleo, nem apresentam problemas semelhantes aos deste último
(muitas vezes acontecem as duas coisas). Vou dar mais atenção ao
que ocorre com o gás natural, com as fontes de petróleo e de gás não
convencionais, com o carvão, com a hidroeletricidade, com a energia
nuclear, com o hidrogênio e com as energias renováveis.
214 FERNÁNDEZ DURÁN, R.; GONZÁLEZ REYES, L., 2014, op. cit., p. 96.
215 MURPHY, P. Plan C: Community Survival Strategies for Peak Oil and Cli-
mate Change. Gabriola Island: New Society, 2008, p. 10.
216 BERMEJO, 2008, op. cit., p. 152.
217 HEINBERG, R. Snake Oil: How Fracking’s False Promise of Plenty Imperils
Our Future. [S.l.]: Post Carbon Institute, 2013, p. 53-54.
218 Ibidem, p. 68.
219 Ibidem, p. 74.
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Enfim, não há, hoje, planos sérios destinados a converter o gás natu-
ral em um substituto efetivo do petróleo.225
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ral.242 Ela não pode atender, por outro lado, às demandas do merca-
do automobilístico – apesar da irrupção do carro elétrico – e aéreo.
Convém recordar que as redes elétricas, as baterias e as peças de
manutenção são fabricadas com metais e materiais raros, e que toda
essa rede consome, novamente, combustíveis fósseis: sem petróleo, o
sistema elétrico viria abaixo.243 Segundo uma estimativa, para substi-
tuir com eletricidade os doze milhões de barris de petróleo queima-
dos a cada dia por veículos nos EUA, seria necessária a eletricidade
consumida por dois milhões de famílias no país, durante todo o ano.
Ainda que os motores elétricos sejam mais eficientes, não se pode
dizer o mesmo da eletricidade necessária para alimentá-los.244
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259 FERNÁNDEZ DURÁN, R.; GONZÁLEZ REYES, L., 2014, op. cit.,
p. 107.
260 KUNSTLER, 2012, op. cit., p. 190.
261 KUNSTLER, 2005, op. cit., p. 127.
262 KAKU, 2011, op. cit., p. 215.
263 HEINBERG, 2010, op. cit., p. 175.
264 James Howard Kunstler em BIZZOCCHI, 2009, op. cit., p. 77-78.
265 KUNSTLER, 2005, op. cit., p. 126.
266 TAINTER, J.; PATZEK, T., 2012, op. cit., p. 207.
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272 FERNÁNDEZ DURÁN, R.; GONZÁLEZ REYES, L., 2014, op. cit.,
p. 158.
273 HOPKINS, 2008, op. cit., p. 39.
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Outras matérias-primas
Este é o momento de recordar que o esgotamento dos recursos
não afeta somente as matérias-primas energéticas: ele alcança a to-
dos os tipos de matérias-primas, uma circunstância ainda mais per-
turbadora, visto que os picos de muitas delas serão verificados em
um cenário de escassez energética, o que, logicamente, dificultará as
tarefas de extração e processamento.274 Não esqueçamos que os me-
tais não renováveis são vitais na produção de energia, na fabricação
de maquinaria e de veículos de transporte e na construção de infraes-
truturas sob a forma de estradas e canais. A indústria eletrônica, por
outro lado, depende de minerais, metálicos e não metálicos, que estão
em processo de esgotamento275.
De acordo com uma versão dos fatos, e com base em dados do
governo dos EUA, apenas uma matéria-prima vital para a civiliza-
ção industrial, a bauxita, está disponível em quantidades suficientes
para garantir que tal civilização se preserve. Diante disso, existem
muitos metais que passam por um processo acelerado de exaustão.
Pensemos, por exemplo, que nas duas últimas décadas a produção de
alumínio, cobre, níquel e zinco duplicou, com perspectivas de dobrar
novamente como resultado do crescimento das economias chinesa e
indiana.276 Já usamos 95% do mercúrio disponível, 80% do chumbo,
da prata e do ouro, 70% do arsênio, do cádmio e do zinco, e 60%
274 FERNÁNDEZ DURÁN, R.; GONZÁLEZ REYES, L., 2014, op. cit.,
p. 140.
275 HEINBERG, 2011, op. cit., p. 138.
276 Bihoux em SINAÏ, A. Penser la décroissance: Politiques de l’Anthropocène.
Paris: Presses de la Fondation Nationale des Sciences Politiques, 2013, p. 98.
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301 LATOUCHE, S. Petit traité de la décroissance sereine. Paris: Mille et une nuits,
2007, p. 48.
302 VÉRON, J. La population mondiale continue d’augmenter, mais son rythme
de croissance s’est nettement infléchi. In: CORDELLIER, S. (dir.). Le nouvel état
du monde: Les 80 idées-forces pour entrer dans le 21e siècle. Paris: La Découverte,
1999, p. 14.
303 CATTON, 2009, op. cit., p. 129.
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304 O sentido geral do argumento é tirado de Albert Jacquard, citado por ARIÈS,
2002, op. cit., p. 136-137.
305 Ver, como exemplo, PROGRAMA DE LAS NACIONES UNIDAS PARA
EL DESARROLLO (PNUD). Informe sobre desarrollo humano 2001. Madrid:
Mundi-Prensa, 2001, p. 11; SENARCLENS, P. de. La mondialisation: Théories, en-
jeux et débats. Paris: Armand Colin, 2001, p. 99; e http://www.americaeconomica.
com (3 de agosto de 2007).
306 HEINBERG, 2011, op. cit., p. 225.
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A fome
Sou obrigado a fazer uma pausa para considerar uma questão
central: a da fome. Nas últimas décadas, temos assistido a uma perda
dramática da soberania alimentar. Parece, contudo, que há muito
deixamos para trás os picos em matéria de produção de carne e de
peixe, terra irrigada, uso de fertilizantes, área de cultivo e produção
de cereais.309 Se somente a metade das terras cultiváveis era explo-
rada ao final do século XX, os problemas, no entanto, não faltavam
nas terras excedentes, que apresentavam muitas vezes qualidades
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343 FERNÁNDEZ DURÁN, R.; GONZÁLEZ REYES, L., 2014, op. cit.,
p. 165.
344 Ibidem, p. 163.
345 Bruna Bianchi em BIANCHI et al., 2012, op. cit., p. 10.
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A tecnologia
Nesta lista de desventuras, temos que abrir um espaço, também,
para a tecnologia. Ainda que para o senso comum possa ser o contrá-
rio, tenho a obrigação de apontar a frequência com que a tecnologia
tem sido fortalecedora de muitos dos elementos que estão na origem
do colapso. Elizabeth Kolbert tem chamado a atenção, a esse respei-
to, sobre um dos paradoxos do momento: “Pode parecer impossível
imaginar que uma sociedade tecnologicamente avançada escolha, em
essência, destruir-se a si mesma, mas isso é o que estamos fazendo”363.
Há muitos motivos para afirmar que, na maioria das vezes, es-
tamos a serviço da tecnologia, e não o contrário. Outro aspecto da
mesma questão é que essa tecnologia da qual falo é projetada e im-
plantada em descarado proveito dos interesses das grandes empresas.
Nada mais infeliz, então, que concluir que as tecnologias oferecidas
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para nós são neutras, de modo que, se hoje estão ao serviço desses
interesses, depois de amanhã poderiam ser usadas para outros fins.
Teríamos que assistir a uma mudança drástica, que hoje seria difícil
de imaginar, na conduta de tantos cientistas – e na própria lógica
do capitalismo – que, longe de se voltarem em proveito dos interes-
ses privados, decidissem reverter muitas das aberrações geradas no
antropoceno. Em tempo, nos vemos na obrigação de nos perguntar
de quanta energia precisam as tecnologias que utilizamos, de quais
matérias-primas necessitam e em que regime de trabalho foram pro-
duzidas. Desta forma, e aproveitando a fala de Maurizio Pallante:
“Confiar no imenso potencial da tecnologia para resolver os pro-
blemas ambientais causados pelo crescimento do poder tecnológico
significa acreditar que um problema pode ser resolvido pelo fortale-
cimento da sua causa”364.
A pegada ecológica
Uma maneira pedagógica de resumir muitos dos dados que te-
nho citado até agora é a que utiliza o conceito de pegada ecológica,
que basicamente mede a superfície do planeta, tanto terrestre como
marítima, de que precisamos para manter as atividades econômicas
hoje existentes.
Atualmente, e segundo uma estimativa, precisamos de uma Terra
e meia para prover os recursos que usamos.365 Segundo alguns au-
tores, as demandas da espécie humana ficaram além da capacidade
de regeneração do planeta pela primeira vez em 1980.366 Segundo
estimativas da World Wild Foundation (WWF), a pegada ecológi-
ca triplicou entre 1960 e 2003.367 Se em 1960 utilizávamos 70% da
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3. O cenário pós-colapso
376 Sobre as sequelas a longo prazo, veja ZALASIEWICZ, J. The Earth After Us:
What Legacy Will Humans Leave in the Rocks? Oxford: Oxford University, 2009.
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indica que a ameaça seja mais fraca.378 Por outro lado, é difícil inter-
pretar os dados: os sinais anunciadores podem se revelar como um
ponto cego seguido de um colapso ou, ao contrário, este último pode
se registrar sem ser precedido de nenhum sinal evidente.379 Por outro
lado, acumulam-se dados que sugerem que a capacidade de resiliên-
cia de um sistema se reduz na medida em que o tempo necessário
para que ele se recupere aumenta.
Muitos especialistas estimam que se as regras do jogo não forem
mudadas drasticamente, o colapso poderá acontecer entre os anos de
2020 e 2050.380 A esse respeito são citadas, em particular, as conse-
quências da mudança climática, que nos colocarão ante um cenário
caracterizado por um aumento de mais de dois graus centígrados
na temperatura média mundial em comparação com os níveis pré-
-industriais, e a sucessão de picos das principais fontes energéticas
que usamos. Se considerarmos os fenômenos que aceleram os aconte-
cimentos, poucos motivos existem para o otimismo, pois é necessário
um grande esforço para colocar em marcha mecanismos que sirvam
como um freio genuíno e eficaz diante dos riscos que nos ameaçam.
As características gerais
Antes de fazer uma descrição das possíveis características da so-
ciedade pós-colapso, convém sublinhar que muitas dessas caracte-
rísticas já estão presentes na sociedade atual. Mais adiante, quando
tratar, por exemplo, das cidades do pós-colapso, muitas vezes será di-
fícil distinguir o que supostamente ocorrerá nelas e o que já acontece
em vários lugares. Diante disso, parece inevitável concluir que muitos
dos aspectos que vou mencionar seguirão diferentes pautas de acordo
com as regiões do planeta e com altos e baixos que não permitirão
ocultar a decadência geral do sistema.
378 Idem.
379 Ibidem, p. 153.
380 PRIETO, 2004, op. cit., p. 4.
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388 KOHN, M. Turned Out Nice: How the British Isles will Change as the World
Heats Up. London: Faber and Faber, 2010, p. 14.
389 GREER, J. M. The Wealth of Nature: Economics as if Survival Mattered. Ga-
briola Island: New Society, 2011, p. 155.
390 Ibidem, p. 156.
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391 FERNÁNDEZ DURÁN, R.; GONZÁLEZ REYES, L., 2014, op. cit.,
p. 291-292.
392 GREER, 2011, op. cit., p. 157.
393 FERNÁNDEZ DURÁN, R.; GONZÁLEZ REYES, L., 2014, op. cit.,
p. 292.
394 Idem.
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396 ORLOV, D. The Five Stages of Collapse: Survivor’s Toolkit. Gabriola Island:
New Society, 2013, p. 139.
397 FERNÁNDEZ DURÁN, R.; GONZÁLEZ REYES, L., 2014, op. cit.,
p. 281.
398 KREPINEVICH, 2009, op. cit., p. 98.
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gundo trará o auge dos movimentos religiosos, sem que fique claro
se terão um caráter disperso e local ou se, pelo contrário, haverá
um fortalecimento das organizações tradicionais. Kunstler entende
que, enquanto as grandes empresas perecerão, não sucederá o mes-
mo com as igrejas, que bem poderão assegurar o seu poder até se
converterem nas únicas das velhas instâncias que sobreviverão.399 É
fácil, como se pode intuir, que ganhem terreno, também, movimen-
tos racistas e xenófobos.
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428 KUNSTLER, J.H. The Geography of Nowhere: The Rise and Decline of Ame-
rica’s Man-Made Landscape. New York: Touchstone, 1994, p. 140.
429 GREER, 2009, op. cit., p. 125.
430 KUNSTLER, 2012, op. cit., p. 46.
431 LeDUFF, C. Detroit: An American Autopsy. New York: Penguin, 2014, p. 3.
432 Ibidem, p. 4.
433 BINELLI, M. The Last Days of Detroit: Motor Cars, Motown and the Collap-
se of an Industrial Giant. London: Vintage, 2014, p. 8-9.
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12. Quem vai se dar bem? Não é fácil responder a uma pergunta
relativa a quem vai se sair bem e quem, pelo contrário, perderá no
colapso. Tem sentido, ainda assim, formular duas ideias gerais. Se a
primeira tenta identificar os âmbitos nos quais os problemas encon-
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A Península Ibérica
Agregarei algumas breves apreciações sobre o cenário previsível na
Península Ibérica no caso do colapso. Como muitas das consequên-
cias planetárias às quais acabo de me referir são de aplicação estrita
na área geográfica mencionada, dedico este item a chamar a atenção,
exclusivamente, sobre eventuais elementos singularizadores.
Um primeiro dado importante obriga à identificação das seque-
las de uma herança muito delicada que reúne, no caso espanhol,
o abandono das energias renováveis, o exagerado consumo de ele-
tricidade, uma escassa eficiência energética, uma lamentável aposta
pela alta velocidade ferroviária e das rodovias e um escasso emprego
do trem no transporte de mercadorias.442 Uma herança à qual se
adicionam os efeitos de uma baixa produção de matérias-primas
energéticas acompanhada de um alto consumo de petróleo, com ca-
pacidades de financiamento muito limitadas e com uma dívida nos
bastidores. Nessas condições, o esperado é que se produza uma geral
deterioração das estradas e do sistema ferroviário e, em particular,
das vias de alta velocidade.
A mudança climática fará valer também suas consequências, mui-
tas vezes dramáticas. A principal será um aumento particularmente
significativo das temperaturas na metade meridional da Península.
Segundo certa versão dos fatos, esse aumento será mais perceptível
durante as noites do que durante o dia, maior no inverno do que
no verão e mais notável no interior do que no litoral.443 Em muitos
lugares, os verões serão insuportáveis, enquanto os invernos resul-
tarão razoavelmente toleráveis. No que diz respeito aos primeiros,
cabe destacar o antecedente dos verões quentes registrados em 2005
e 2015, com um incremento significativo da mortalidade, principal-
mente dos mais velhos. As ondas de calor serão mais frequentes, com
maiores facilidades de expansão de doenças infecciosas e a presença
crescente de cânceres. O ar condicionado estará ao alcance de uma
minoria da população, num cenário de carestia de eletricidade e de
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4. A resposta alternativa
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op. cit.; HOLMGREN, 2009, op. cit.; HOPKINS, 2008, op. cit.; HOPKINS, 2011,
op. cit.; MURPHY, 2008, op. cit.; PRIETO, 2004, op. cit.; RÍO, 2015, op. cit.; SLAU-
GHTER, 2015, op. cit.; TRAINER, 2010, op. cit. e DOLDÁN GARCÍA, 2013, op.
cit. Sobre o cenário de relações humanas e emocionais, ver BAKER, 2011, op. cit. e
BAKER, 2015, op. cit.
450 ORLOV, D. Societies that Collapse. Boston: [s.n.], 2014, p. 168.
451 BAKER, 2015, op. cit., p. 99.
452 HEINBERG, 2010, op. cit., p. 19.
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458 GREER, J.M. Collapse Now and Avoid the Rush: The Best of The Archdruid
Report. [S.l.]: Founders House, 2015.
459 ORLOV, 2013, op. cit., p. 2.
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460 FERNÁNDEZ DURÁN, R.; GONZÁLEZ REYES, L., 2014, op. cit.,
p. 202-203.
461 Ibidem, p. 208.
462 Ver GILBERT, R.; PERL, A. Transport Revolutions: Moving People and
Freight Without Oil. Gabriola Island: New Society, 2010.
463 Enrique Peñalosa citado por CHAMBERLIN, 2009, op. cit., p. 73.
464 KUNSTLER, J. H. Home from Nowhere: Remaking Our Everyday World for
the 21st Century. New York: Touchstone, 1998, p. 79.
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474 GREER, J. M. Decline and Fall: The End of Empire and the Future of Demo-
cracy in 21st Century America. Gabriola Island: New Society, 2014, p. 239.
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478 FERNÁNDEZ DURÁN, R.; GONZÁLEZ REYES, L., 2014, op. cit.,
p. 251.
479 GADREY, J.; MARCELLESI, F.; BARRAGUÉ, B. Adiós al crecimiento: Vi-
vir bien en un mundo solidario y sostenible. Barcelona: El Viejo Topo, 2013, p. 74.
480 HEINBERG, 2011, op. cit., p. 255.
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497 PAQUOT, 2015, op. cit., p. 115-116. Também KUNSTLER, 2012, op. cit.,
p. 51 et seq.
498 PAQUOT, 2015, op. cit., p. 128.
499 FLANNERY, 2006, op. cit., p. 134.
500 TRAINER, 2010, op. cit., p. 317.
501 PAQUOT, 2015, op. cit., p. 164.
502 HEINBERG, 1996, op. cit., p. 198-199.
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513 FERNÁNDEZ DURÁN, R.; GONZÁLEZ REYES, L., 2014, op. cit.,
p. 255.
514 GREER, 2009, op. cit., p. 179.
515 PRIETO, 2004, op. cit., p. 12.
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521 ZERZAN, J. Why Hope?: The Stand Against Civilization. Port Townsend:
Feral House, 2015, p. 97 et seq.
522 LYNAS, 2007, op. cit., p. 240.
523 HOLMGREN, 2013, op. cit., p. 21.
524 HEINBERG, 2011, op. cit., p. 270.
525 HEINBERG, 2007, op. cit., p. 155.
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5. O ecofascismo
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O ecofascismo primogênito:
a Alemanha hitleriana
Ecofascism Revisited [O ecofascismo revisitado], o livro de Janet
Biehl e Peter Staudenmaier544 é, acima de tudo, um estudo da pro-
posta ecofascista assumida pelos nazistas alemães. Nas páginas dessa
obra se recorda que no Partido Alemão Nacional-Socialista operou
um influente grupo de pressão ecologista entregue a tarefas como a
adoração da natureza, o renascimento da vida rural ou o vegetaria-
nismo.545 Essa corrente foi produto de uma síntese muito singular
entre naturalismo e nacionalismo de Estado, forjada no calor da in-
fluência do irracionalismo anti-ilustrado, próprio de determinadas
manifestações do romantismo alemão.546 Nos bastidores de muitas
destas posições era fácil apreciar, ademais, um vínculo entre pureza
do meio ambiente e pureza racial.547 As tradições e o idioma se rela-
cionavam então com uma paisagem ancestral que separava os seres
humanos a ela vinculados e outros completamente distanciados. Os
primeiros remetem, no caso, à “essência alemã” de que fala Rudolf
Bahro.548 Haveria que separar, então, e em virtude da lei natural,
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555 AMERY, C. Auschwitz: ¿comienza el siglo XXI?: Hitler como precursor. Ma-
drid: Turner; Ciudad de México: Fondo de Cultura Económica, 2002.
556 TRAVERSO, E. La violence nazie: Une généalogie européenne. Paris: La fa-
brique, 2002, p. 25.
557 BAUMAN, Z. Modernity and the Holocaust. Ithaca: Cornell University, 1999,
p. 10.
558 TRAVERSO, 2002, op. cit., p. 54.
559 SNYDER, 2015, op. cit., p. 14.
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Demografia e autoritarismo
O projeto ecofascista coloca em primeiro plano uma discussão
demográfica que tem o maior fundamento na ideia de que na Terra
existem muitos habitantes. Tem-se falado sobre isso e, por exemplo,
de uma possível população planetária de 1-2 bilhões de seres huma-
nos no ano de 2100,568 no entendimento de que esses índices não são
necessariamente o produto de um ecofascismo: eles poderiam cons-
tituir, simplesmente, uma resposta adaptativa a um cenário marcado
por numerosas restrições derivadas do colapso. Para Hamilton, numa
perspectiva próxima, a redução da população será produzida com ou
sem o ecofascismo.569
Mas convém mencionar, também, propostas como a que pretende
reduzir a população do planeta para 600 milhões de pessoas – um
número que seria compatível com a sobrevivência da biosfera –, pre-
sumivelmente apresentada pelo chamado clube de Bilderberg,570 no
rastro de muitas das iniciativas que retrata com ironia Susan George
em El informe Lugano [O relatório Lugano].571 George sugere que,
frente a uma crise geral, as mais altas instâncias haveriam chegado à
conclusão de que a única forma de salvar o sistema seria uma “estra-
tégia de redução da população”572. Estaríamos diante de uma forma
de resposta biológica do grande capital, que desfrutaria de um refe-
rendo adicional resgatado por Amery, para quem “se está partindo do
pressuposto de que a produção desejada da economia mundial pode
ser satisfeita por 20% da população planetária, graças às últimas ino-
vações técnico-científicas”573, com as consequências esperáveis. Na
mesma linha argumentativa há de se lembrar as numerosas teoriza-
ções que, na onda de Naomi Klein, apreciam nas catástrofes naturais
uma oportunidade, não para mudar drasticamente nossas formas de
vida e nossas relações, e sim para promover os negócios. Assinalarei
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6. As percepções populares
sobre o colapso
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Ignorância e negacionismo
Muitas vezes se dá como certo que as pessoas têm um conheci-
mento suficiente no que se refere à natureza dos elementos que justi-
ficam a conclusão de que um colapso sistêmico é possível. Há razões
demasiadas para concluir, no entanto, que não é assim. Recordarei,
por exemplo, que ainda que nos EUA 92% da população já tenha
ouvido falar da mudança climática e 90% pense que o país deveria
reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, isso não impediu que,
em 2009, entre as vinte maiores preocupações dos norte-americanos,
a mudança climática ocupasse o último lugar.602 O conhecimento
dessas matérias, comumente escasso, se traduz como um vago senti-
mento de inquietude, não materializado em angústia, nem em ação,
nem numa atitude preocupada. No melhor dos casos, se converte em
tema de conversação, quase sempre trivial, que surge da constatação
de fenômenos atmosféricos mais ou menos anômalos. Ainda que
possa se vincular com certa consciência de que algo anda mal, não
é infrequente que provoque conclusões lamentáveis, como a que faz
pensar que um aumento de quatro graus na temperatura média do
planeta pode ser saudável. Um ministro francês do Meio Ambien-
te retratou bem o cenário mental que agora me interessa: “A crise
ecológica suscita uma compreensão difusa, cognitivamente pouco
influente, politicamente marginal, eleitoralmente insignificante”603.
A alegação de ignorância – “eu não sei nada sobre isto” – pode
se converter numa afirmação que permite contornar desarmonias
emocionalmente delicadas. Ao que parece, nosso cérebro está pro-
gramado para calcular apenas o imediato, o concreto e o visível.604
Nessas condições, nem a mudança climática nem o esgotamento das
matérias-primas energéticas atraem suficientemente nossa atenção.
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A culpa e a conspiração
É claro que outras perspectivas parecem colocar no centro da dis-
cussão o conceito de culpa e se valem de uma ideia mil vezes repetida:
eu não sou culpado pelo que pode ocorrer, e fico eximido de qualquer
responsabilidade de atuar a respeito. Se com esta percepção esquece-
-se que, com frequência, somos corresponsáveis pelo que pode acon-
tecer, uma conclusão quase inevitável afirma que a ação individual é
inútil. Os problemas devem ser resolvidos, então, por aqueles que os
causaram: os governos, as empresas, os exércitos… Essa forma de ver
as coisas aproxima-se de outra, que afirma que não há sentido em se
opor a um colapso que se fará valer, façamos o que façamos. Em al-
guns casos, essa posição sugere que o colapso em questão não é senão
um castigo merecido, devido à conduta da espécie humana.
No entorno do colapso não faltam, como se poderia esperar, ver-
sões mais ou menos conspiratórias. Vou me limitar a reunir duas
delas. A primeira, que parece ser bem mais cética no que se refere ao
risco de um colapso sistêmico, promove uma discussão sobre se deve-
-se ou não falar do colapso. Conforme essa percepção, quem dirige o
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razões para concluir que as coisas não ocorrem como deveriam, tal e
qual testemunham as depressões, as neuroses, o estresse e os suicídios
nos países do Norte. E não deixa de ser sugestivo que todas estas dis-
funções tenham sido disparadas nos países que têm experimentado
significativos crescimentos econômicos.620
O ciclo se fecha com uma recusa de pensar nas gerações vindou-
ras e nas demais espécies que nos acompanham na Terra. Continua
operando uma superstição de que já falei: a de que nossos governan-
tes sempre sabem o que fazer, têm soluções alternativas e de modo
algum estão sujeitos a funestos interesses imediatistas. O pouco co-
nhecimento do enredo que se articula em torno de partidos, parla-
mentos e instituições se revela à luz de uma reflexão como esta.
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7. Conclusão
621 Ver GREER, J. M. Apocalypse: A History of the End of Time. London: Quer-
cus, 2012. Sobre como se examina o futuro e quem o faz, ver STRATHERN, O. A Brief
History of the Future: How Visionary Thinkers Changed the World and Tomorrow’s
Trends are “Made” and Marketed. New York: Carroll & Graf, 2007; sobre os estu-
dos relativos ao futuro, ver SARDAR, Z. Future: All that Matters. London: Hodder
& Stoughton, 2013; sobre alguns dos prognósticos para uso, ver REES, 2004, op. cit.
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636 Morris Berman, citado por HEINBERG, 1996, op. cit., p. 49.
637 KUNSTLER, 1994, op. cit., p. 10.
638 MÉHEUST, 2009, op. cit., p. 85.
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Este livro foi disponibilizado no site da Editora UFPR em
junho de 2020.