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PRINCÍPIOS DIAGNÓSTICOS

SUMÁRIO
1. Introdução ..................................................................... 3
2. Microscopia .................................................................. 3
Referências Bibliográficas..........................................16
PRINCÍPIOS DIAGNÓSTICOS 3

1. INTRODUÇÃO maioria das bactérias, e para a identi-


ficação definitiva de fungos e parasi-
Em 1676, Anton van Leeuhennhoek
tas. No entanto, pode ser usado para
observou bactérias na água utilizando
detectar também inclusões virais pre-
um dos seus primeiros microscópios.
sentes em células infectadas. Há cin-
No século XIX, Louis Pasteur conse-
co métodos gerais de microscopia:
guiu cultivar bactérias em laboratório
usando um meio de cultura feito com
extrato de levedura, açúcar e sais de Microscopia de Campo Claro
amônio. Ainda no século XIX, com uso
É utilizada uma fonte de luz, que
do ágar de cozinha, Hesse logrou so-
ilumina o material analisado; um
lidificar um meio de cultura que per-
condensador, que concentra a lu-
mitiu o crescimento de colônias bac-
minosidade sobre o material; e um
terianas macroscópicas. Esses foram
conjunto de lentes – lente objetiva
alguns dos acontecimentos que mar-
e lente ocular – que amplia a ima-
caram a evolução das técnicas diag-
gem das estruturas.
nóstivcas. Desde então, a capacidade
e a evolução dos métodos de identifi- A luz atravessa o condensador até o
cação de patógenos se intensificou e material, e a amostra é visualizada. A
nos permitiu obter todas as técnicas imagem é, então, ampliada, primeira-
que temos hoje. mente com lentes objetivas e, em se-
guida, pelas lentes oculares. As lentes
Doenças infecto-contagiosas ainda
objetivas podem ser de baixo poder
são de alta prevalência global. Logo,
(amplia em 10 vezes), podendo ser
técnicas de isolamento de patóge-
usada para triagem do material ana-
nos são de grande utilidade para o
lisado; de alto poder seca (amplia em
diagnóstico de infecções e para a sua
40x), localizando microorganismos
identificação etiológica, permitindo
maiores, como parasitas e alguns
condutas específicas e eficazes para
fungos; e a lente de imersão em óleo
obter controle ou cura.
(amplia em 100 vezes), que obser-
va bactérias, leveduras e os detalhes
2. MICROSCOPIA da morfologia de microorganismos
maiores. O óleo aprimora a resolu-
A microscopia tem duas funções bá-
ção por reduzir a dispersão da luz. As
sicas na microbiologia: detectar e
lentes oculares, finalmente, ampliam
identificar preliminar ou definitiva-
mais ainda a imagem, em cerca de 10
mente microorganismos. Caracterís-
a 15 vezes.
ticas morfológicas são muito utiliza-
das para a identificação preliminar da A microscopia de campo claro tem
como limitação a resolução da
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imagem (capacidade de diferenciar os desvios e criam uma imagem tri-


entre dois objetos diferentes). Além dimensional do microrganismo ou da
disso, os melhores microscópios de amostra.
campo claro não permite a visualiza-
• Microscopia de Fluorescência:
ção dos vírus.
Alguns compostos denomina-
Por fim, os índices de refração dos mi- dos “fluoróforos” são capazes de
crorganismos e do fundo são seme- absorver luminosidade de baixo
lhantes, tornando imperativo que os comprimento de onda, e então
microrganismos sejam corados para emitir energia em um comprimen-
que sejam visualizados. to de onda superior visível. Esse
• Microscopia de Campo Escuro: A processo envolve uso de corantes
diferença desta para a microscopia fluorescentes nos mcirorganismos
de campo claro é que, na micros- e posterior visualização destes em
copia de campo escuro, o conden- um microscópio fluorescente es-
sador impede que a luz ilumine pecialmente projetado. O micros-
diretamente o local. Apenas umas cópio usa lâmpada de mercúrio de
luz oblíqua e dispersa atinge o ma- alta pressão, lampada de halogê-
terial a ser visualizado, passando nio ou de vapor de xenônio, que
pelo sistema de lentes, fazendo emitem luz de comprimento de
com que o material fique iluminado onda mais curto do que as emiti-
contra um fundo preto. Sua vanta- das por microscópios tradicionais.
gem é o poder de resolução subs- A luz emitida pelo fluoróforo é am-
tancialmente aumentado em rela- pliada por lentes objetivas e ocu-
ção à microscopiade camplo claro, lares tradicionais. Os microrganis-
possibilitando visualizar bactérias mos e amostras com fluoróforos
delgadas. Sua desvantagem é a aparecem brilhantes, em contras-
má visualização das estruturas in- te com o fundo, e esse contraste é
ternas do microrganismo, já que a suficiente para que a amostra seja
luz ilumina mais o seu entorno. localizada rapidamente em menor
aumento e, então, examinada em
Microscopia de Contraste de Fase menor aumento.
Permite uma melhor visualização
• Microscopia Eletrônica: São uti-
das estruturas internas do microrga-
lizadas espirais magnéticas no lu-
nismo, na medida em que os feixes
gar de lentes. A ampliação e reso-
paralelos de luz são desviados ao
lução são drasticamente melhores
passsar através de objetos com dife-
na microscopia eletrônica, chegan-
rentes densidades. Anéis anulares no
do a visualizar inclusive partículas
condensador e nas lentes amplificam
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virais – sendo a única microscopia Iodo). Os corantes coram o mate-


capaz de visualizar esses patóge- rial celular inespecificamente, au-
nos. As amostras são geralmente mentando o contraste de fundo e
coradas ou revestidas com íons facilitando a visualização.
metálicos para criar contraste.
• Colorações diferenciais: uma va-
Há dois tipos de microscópios eletrô- riedade de colorações diferenciais
nicos. Os microscópios eletrônicos de são utilizadas para corar organis-
transmissão, os elétrons passam di- mos específicos ou componentes
retamente através da amostra; e os de material celular. A mais conhe-
de varredura, nos quais os elétrons cida de todas é a coloração de
cobrem a superfície do material em Gram, que serve de base para a
determinado ângulo, gerando uma classificação das bactérias. Outros
imagem tridimensional. exemplos são as colorações de he-
As amostras ou suspensões podem matofilina férrica e tricromo.
ser colocada sobre uma lâmina de • Colorações acidorresistentes:
vidro e examinadas ao microscópio essas colorações exploram o fato
diretamente (exemplo: exame direto de alguns microrganismos reterem
a fresco). Entanto, embora microrga- sua coloração primária mesmo ao
nismos maiores possam ser visuali- serem expostos a fortes agentes
zados por esse método, mas a visu- descolorantes, como álcoois e áci-
alização de estruturas detalhadas e dos. Alguns patógenos são ainda
internas fica mais dificultada. Alter- “parcialmente acidorresistentes”,
nativamente, a amostra ou o organis- mantendo sua coloração só quan-
mo podem ser ainda corados por uma do corados com ácido fraco. A co-
variedade de métodos para facilitar a loração de Ziehl-Neelsen é o mais
visualização. antigo desses métodos, mas re-
• Exame direto: são os métodos quer aquecimento da amostra du-
mais simples de separação de rante o processo. Já existem mé-
amostras para visualização mi- todos empregados de coloração a
croscópica. A amostra pode ser frio, como o método de Kinyoun, ou
suspensa em água ou soro fisio- por coloração fluorescente, como o
lógico (exame a fresco), mistura- método da auramina-rodamina. O
da a uma substância alcalina para método fluorescente é a coloração
claficação do material (método do de escolha, pois grande parte do
hidróxido de potássio – KOH), ou material pode ser analisada rapi-
misturada a uma substância alca- damente contra um fundo preto.
lina e um corante de contraste (ex.
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• Colorações fluorescentes: den- para aumentar a gama de micror-


tre os exemplos principais, temos ganismos capazes de crescer.
a coloração laranja de acridina,
• Ágar-chocolate: consiste em uma
coloração com cálcofluor branco
forma modificada do meio anterior.
e coloração direta com anticorpo
A hemoglobina ou sangue, quando
fluorescente.
adicionado ao meio básico aque-
cido, torna o meio amarronzado.
Cultura in vitro Esse meio permite o crescimento
da maioria das bactérias, incluindo
O sucesso dos métodos de cultura espécies que são capazes de cres-
depende de algumas variáveis: cer no meio ágar-sangue.
• Biologia do organismo; • Ágar-Miller-Hinton: esse meio é
• Local de infecção; usado para os testes de sensibili-
dade bacterianos.
• Resposta imune do paciente à
infecção; • Caldo tioglicolato: várias formu-
lações são utilizadas, e a suple-
• Qualidade do meio de cultura.
mentação com hemina e vitamina
K melhora a recuperação de bac-
Os meios de cultura podem ser divi- térias anaeróbicas.
didos em: meios enriquecidos não • Ágar-Sabouraud dextrose: este
seletivos, meios seletivos, meios é um meio que consiste em caseí-
diferenciais e meios especializados na digerida e tecido animal suple-
(estes são melhor vistos ao estudar mentado com glicose, que é usado
os métodos diagnósticos de mi- para o isolamento de fungos. Fa-
crorganismos específicos). z-se redução do pH e utilizam-se
antibióticos para inibir o cresci-
Meios enriquecidos não seletivos mento bacteriano e permitir o cres-
cimento isolado de fungos.
Projetados para permitir o crescimen-
to da maioria dos microrganismos
que não precisam de nutrição adicio- Meios Seletivos e Diferenciais
nal para crescer. Dentre eles, temos: Os meios seletivos são usados para
• Ágar-sangue: os meios contêm isolar organismos específicos, que
dois componentes primários – um podem estar acompanhados de ou-
meio básico e o sangue. Outros su- tros organismos no meio. Os meios
plementos podem ser adicionados são suplementados com substâncias
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que inibem o crescimento de micror- hidrogênio permite a diferenciação


ganismos indesejados. Esses meios entre esta e a Shigella.
podem ser diferenciais, pela adição
• Meio de Lowenstein-Jensen (LJ):
de substâncias que permitem a dife-
é usado para o isolamento de mi-
renciação entre microrganismos mui-
cobactérias. Há adição de verde-
to parecidos entre si.
-malaquita para inibir as bactérias
• Ágar-MacConkey: é um ágar se- gram-positivas.
letivo para bactérias gram-nega-
• Ágar-Middlebrook: também usa-
tivas, e também diferencial por
do para isolar micobactérias, sen-
permitir a diferenciação entre fer-
do muito semelhante ao meio de
mentadores e não-fermentado-
LJ. Ao contrário deste, no entanto,
res de lactose. Os sais biliares e o
é solidifcado com ágar.
cristal violeta presentes no meio
inibem as bactérias gram-negati- • Candida CHROMagar: é seletivo e
vas, já as bactérias fermentadoras diferencial, permitindo o isolamen-
de lactose produzem ácido e este to de diversas espécies de Candi-
precipita sais biliares, gerando uma da, bem como diferenciação entre
coloração vermelha. elas. Utiliza-se cloranfenicol para
inibir bactérias. A interação de en-
• Ágar-manitol: utilizado para isolar
zimas com subtratos gera colônias
estafilococos. Estas bactérias cres-
de diferentes cores para diferentes
cem na presença de elevadas con-
espécies de Candida: Candida al-
centrações de sal, e o S. aureus é
bicans produz colônias verdes; C.
capaz de fermentar o manitol, ge-
tropicalis, colônias roxas; e Candi-
rando colônias amareladas.
da krusei, colônias rosas.
• Ágar xilose-lisina desoxicolato
• Ágar inibidor de fungos filamen-
(XLD): usado para detecção de
tosos: formulação enriquecida e
Salmonella e Shigella em culturas
seletiva, é usada no isolamneto
entéricas. O crescimento da maio-
de fungos patogênicos não-der-
ria das bactérias não-patogênicas
matófitos. Também há adição de
é inibido. Aquelas que crescem e
cloranfenicol.
fermentam carboidratos produ-
zem colônia amarelada. A Shigella
não fermenta carboidratos e forma Diagnóstico molecular
colônias vermelhas. Já a colora-
O DNA, RNA ou proteínas de um
ção preta gerada pela Salmonella
agente infeccioso podem ser usados
devido à produção de sulfeto de
para identificar o agente.
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Detecção do material genético infeccioso podem ser detectadas,


microbiano mesmo que não estejam crescendo
ou se replicando.
Cepas específicas de microrganismos
podem ser diferenciadas conforme o As sondas de DNA podem ainda de-
DNA ou RNA ou ainda fragmentos de tectar sequências genéticas especí-
DNA produzidos após clivagem des- ficas em amostras de biópsia de te-
te com enzimas de restrição (endonu- cidos fixados e permeabilizados, por
cleases). Os fragmentos de DNA ou meio da técnica hibridização in situ.
RNA com tamanhos e estruturas di- A reação em cadeia de polimera-
ferentes podem ser distinguidos com se (PCR) amplifica poucas cópias de
base na sua mobilidade na eletrofo- DNA viral um milhões de vezes e é
rese em um gel de agarose ou polia- uma das técnicas mais recentes de
crilamida. Formas diferentes da mes- análise genética. Nessa técnica, uma
ma sequência de DNA ou fragmentos amostra é incubada com primers,
com tamanhos diferentes se movem uma DNA polimerase termoestável,
em velocidades distintas, permitindo nucleotídeos e tampões. Esses oli-
sua separação. gômeros atuam sintetizando novos
Além da eletroforese, podemos fa- DNA a partir das sequências de DNA
zer amplificação e sequenciamento da amostra inicial, e cada cópia de
de ácidos nucleicos. Sondas de DNA DNA sintetizada e novamente servi-
podem ser usadas para detectar, lo- da como molde. Esse processo é re-
calizar e quantificar sequências es- petido muitas vezes (20 a 40 vezes)
pecíficas de ácido nucleico. Espécies para amplificar a sequência de DNA
ou cepas individuais de um agente original exponencialmente.
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Figura 1. Ciclos de PCR. Fonte: Microbiologia – Murray, 7ª ed.


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A técnica de RT-PCR (reação em ca- Diagnóstico Sorológico


deia da polimerase com transcrição
Métodos de Detecção
reversa) é uma variação da PCR, en-
volvendo o uso da enzima transcrip- Os complexos antígeno-anticorpo po-
tase reversa para converter RNA viral dem ser detectados diretamente, por
ou RNA mensageiro em DNA. técnicas de precipitação ou marcação
do anticorpo com sonda radioativa,
A técnica de PCR em tempo real
fluorescenteou enzimática; ou indire-
pode ser usada na quantificação de
tamente, pela quantificação de uma
amostras. Quanto mais DNA estiver
reação provocada pelo anticorpo, a
presente, mais rápido novos DNA’s exemplo da fixação do complemento.
serão sequenciados na PCR. Já a téc-
nica de DNA de cadeia ramificada é Técnicas de precipitação e imunodi-
uma técnica de hibridização usada fusão: complexos antígeno-anticorpo
para detectar pequenas quantidades específicos e reatividade cruzada po-
de sequências específicas de DNA ou dem ser diferenciados por técnicas de
precipitação. Em um intervalo limitado
RNA. O ensaio de captura híbrida de-
de concentração do antígeno e do an-
tecta e quantifica híbridos de DNA-R-
ticorpo, chamado “zona de equivalên-
NA usando anticorpo específico para
cia”, os anticorpos formam uma rede
o complexo.
com os antígenos, e essa rede é tão
grande que não fica solúvel e precipita.
SE LIGA! O sequenciamento de DNA Os complexos antígeno-anticorpo são
tem se tornado um método suficiente- solúveis em concentrações fora dessa
mente rápido e barato para permitir a
determinação laboratorial de sequên-
concentração de equivalência.
cias microbianas para identificação de Várias técnicas de imunodifusão usam
microrganismos. o conceito de zona de equivalência
para identificar um antígeno ou detec-
Detecção de proteínas tar presença de um anticorpo. A imuno-
difusão radial simples é usada para de-
Em alguns casos, vírus e outros mi- tectar e quantificar um antígeno. Nela,
crorganismos podem ser detectados o antígeno é colocado em um orifício
com base em proteínas específicas e se difunde pelo ágar contendo anti-
ou enzimas características desses corpos. Quanto maior a concentração
microrganismos. A exemplo, a detec- desse antígeno, mais ele terá que se
ção da enzima transcriptase reversa “diluir” e se estender para atingir a zona
no soro ou cultura de células indica de equivalência, na qual irá precipitar
presença de um retrovírus. formando um anel ao redor do orifício.
Logo, a área do anel será proporcional
à concentração inicial de antígeno.
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Figura 2. Ilustração da imunodifusão radial simples. Fonte: Microbiologia – Murray, 7ª ed.

Já a imunodifusão dupla de Ouch- em direção ao outro na eletroforese


terlony determina a identidade imu- (contraeletroforese).
nológica de diferentes antígenos.
Nela, soluções separadas de antíge-
nos e anticorpos são colocados em Imunoensaios para antígenos
orifícios separados, cortados no ágar, associados a células
e os antígenos e anticorpos se difun- (Imunohistologia)
dem, um em direção ao outro. Uma Antígenos na superfície celular ou
linha visível de precipitação aparece dentro das células podem ser detec-
na região de equivalência entre antí- tados por imunofluorescência ou en-
geno e anticorpo. zimaimunoensaio (EIA).
Em outras técnicas, o antígeno é se- Na imunofluorescência direta, uma
parado por eletroforese em ágar e molécula fluorescente é ligada ao
exposto ao anticorpo (imunoeletro- anticorpo. Na imunofluorescência in-
forese). Pode também ser submetido direta, um segundo anticorpo fluo-
à eletroforese em ágar que contém rescente, específico para o primeiro
anticorpo (eletroforese em “foguete”); anticorpo, é usado para detectar o
ou ainda o antígeno e o anticorpo po- anticorpo primário e assim localizar o
dem ser colocados em orifícios dife- antígeno.
rentes para que se movimentem um
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Figura 3. Ilustração da imunofluorescência. Adaptado de Microbiologia – Murray, 7ª ed.

Já no EIA, uma enzima é conjugada identificar e quantificar linfócitos. Essa


ao anticorpo, convertendo o substra- técnica lança mão de um laser para
to em um cromóforo que sinaliza o excitar o anticorpo fluorescente liga-
antígeno. do na superfícia da célula, bem como
O citômetro de fluxo é usado para para determinar o tamanho da célula
analisar a imunofluorescência de cé- por medidas de dispersão da luz.
lulas em suspensão, sendo útil para
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Figura 4. Localização por imunofluorescência do vírus herpes simples (HSV) em células nervosas de um paciente com encefalite
herpética. Fonte: Murray – 7ª ed. De Emond RT, Rowland HAK: A color atlas of infectious diseases, 2nd ed. London, 1987, Wolfe.

Imunoensaios para anticorpos e soro do paciente. O antígeno solúvel e


antígenos solúveis capturado e concentrado por um an-
ticorpo imobilizado e detectado com
O ensaio imunoabsorvemte ligado à
um anticorpo diferente marcado com
enzima (ELISA) usa um antígeno mo-
uma enzima. Um exemplo é o exame
bilizado em superfície para capturar e
rápido de gravidez para pesquisa do
separar o anticorpo específico de ou-
beta-HCG.
tros anticorpos no soro do indivíduo.
Um anticorpo anti-anticorpo humano A análise por western blot é uma va-
ligado a uma enzima covalentemen- riação do ELISA. Proteínas virais se-
te detecta o anticorpo do paciente paradas por eletroforese de acordo
que se ligou ao antígeno. Essa rea- com seus pesos moleculares ou car-
ção é quantificada no espectrofotô- gas elétricas são transferidas para
mero conforme a intensidade da cor um papel de filtro. Ao serem expostas
produzida. ao soro do paciente, essas proteínas
capturam anticorpos virais especí-
Esse ensaio também pode ser usado
ficos, e a reação é visualizada com
para identificar antígeno solúvel no
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anticorpo anti-imunoglobulina huma- (inibiçaõ da hemaglutinação) para


na conjudado a enzima. Essa técnica identificar a cepa do agente infectan-
evidencia as proteínas reconhecidas te ou quantificar a resposta do anti-
pela amostra de soro do paciente. corpo a uma cepa específica. A agluti-
Geralmente, essa técnica é utilizada nação pelo látex é uma técnica rápida
para confirmar infecções pelo HIV e simples de detecção de anticorpos
em pacientes cujo teste ELISA deu ou antígeno solúvel: anticorpos virais
positivo. aglutinam partículas de látex cober-
Já no radioimunoensaio (RIA), um tas por antígenos virais. Ou partículas
anticorpo ou antígeno radiomarcado de látex cobertas com anticorpos são
(com iodo-125, por exemplo) é usa- usadas para detectar antígeno viral
do para quantificar complexos enzi- solúvel. Na hemaglutinação passiva,
ma-anticorpo. Pode ser realizado por em vez de látex, eritrócitos cobertos
ensaio de captura, conforme já foi de antígenos são utilizados.
descrito no ELISA, ou ensaio de com-
petição. Neste, o anticorpo no soro do Sorologia
paciente reage com antígeno produ-
zido em laboratório e complemento A sorologia é utilizada para identificar
extra. Complexos antígeno-anticorpo o agente infeccioso e a cronologia da
ligam, ativam e fixam o complemen- infecção, bem como determinar sua
to, e o complemento residual é então natureza- se é uma infecção primá-
dosado pela hemólise de hemácias ria ou reinfecção, e se é uma infecção
cobertas com anticorpo. aguda ou crônica. São usados para
identificar vírus e outros agentes de
Os ensaios de inibição de anticorpos
difícil controle e crescimento em la-
usam a especificidade do anticorpo
boratório, ou que causam doenças de
em neutralizar e prevenir uma infec-
progressão lenta.
ção (neutralização) ou outra atividade

SAIBA MAIS!
A concentração relativa do anticorpo é denominada título. A concentração de IgM, IgG, IgA
ou IgE que reage com o antígeno pode ser avaliada usando-se um segundo anticorpo anti-
-imunoglobulina específico para o isotipo do anticorpo.
Soroconversão ou reinfecção são indicadas pelo aumento de pelo menos 4 vezes no título de
anticorpo obtido no soro durante a fase aguda e aquele obtido pelo menos 2 a 3 semanas
mais tarde, na fase convalescente.
Também é usada para determinar o estágio de uma infecção lenta ou crônica. Os primeiros
anticorpos a serem detectados são aqueles contra antígenos mais expostos ao sistema imu-
ne, como os de superfície celular. Posteriormente, são detectados anticorpos contra proteínas
intracelulares e enzimas.
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MAPA MENTAL – PRINCÍPIOS DIAGNÓSTICOS EM MICROBIOLOGIA

Para isolar organismos


Permite o crescimento da
específicos e fazer
maioria dos microrganismos
diferenciação entre eles

Meios enriquecidos Meios Seletivos e


Cultura in vitro PCR
não seletivos Diferenciais

Detecção do material
genético microbiano
Microscopia
PRINCÍPIOS Diagnóstico
DIAGNÓSTICOS molecular
Detecção de proteínas
Má visualização das Microscopia de
estruturas internas Fluorescência
Diagnóstico
Microscopia de Sorológico
Contraste de Fase

Má visualização das Microscopia de Sorologia


estruturas internas Campo Escuro ELISA
Imunoensaios para anticorpos
Resolução da Microscopia de e antígenos solúveis
imagem baixa Campo Claro Western Blot
Imunoensaios para antígenos
associados a células (Imunohistologia)
PRINCÍPIOS DIAGNÓSTICOS 16

REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
Microbiologia médica / Patrick R. Murray, Ken S. Rosenthal, Michael A. Pfaller; [tradução An-
dreza Martins]. - 7. ed. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2014.
Microbiologia / Trabulsi-Altherthum; 6ª ed : Atheneu, 2015.
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