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ISSN: 2525-9954

Anais
28 de novembro

2 de dezembro de 2016
SUMÁRIO
1 - SAÚDE

A EXPERIÊNCIA DE ATENDIMENTO NO PLANTÃO PSICOLÓGICO NA TERAPIA


COGNITIVA ............................................................................................................................................. 6
A EXTENSÃO NA UNIVERSIDADE COMO FORMA DE PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO:
TERAPIA COGNITIVA NA PREVENÇÃO DO SUICÍDIO ............................................................... 9

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA PARA O DESENVOLVIMENTO MOTOR EM


CRIANÇAS DO ENSINO FUNDAMENTAL ...................................................................................... 12

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA PARA ALUNOS COM TRANSTORNO DO


DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE .............................................................................. 16

ACESSIBILIDADE AO TRATAMENTO DE TUBERCULOSE ....................................................... 21


AMAMENTAÇÃO: UMA ABORDAGEM DO PROFISSIONAL ENFERMEIRO NA REDE
PÚBLICA DE SAÚDE DE NOVA SERRANA-MG ............................................................................. 25

ANÁLISE MACROSCÓPICA E PARÂMETROS MICROBIOLÓGICOS DE NASCENTES DA


ÁREA URBANA DE CLÁUDIO – MG ................................................................................................. 29

ANSIEDADES E MEDOS DOS ACADEMICOS DE ENFERMAGEM FRENTE AO CUIDADO


AOS PORTADORES DE SOFRIMENTO MENTAL ......................................................................... 33

ARTRÓPODES-PRAGA NOTIFICADOS PELO SETOR DE CONTROLE DE ZOONOSES NO


MUNICÍPIO DE DIVINÓPOLIS – MG ................................................................................................ 36

AVALIAÇÃO DA DOR, FUNÇÃO MOTORA E QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS E


ADOLESCENTES COM PARALISIA CEREBRAL .......................................................................... 40

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA


ESCOLAR NO MUNICÍCPIO DE DIVINÓPOLIS – MG .................................................................. 45

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA E FÍSICO-QUÍMICA DA ÁGUA


CONSUMIDA EM ESCOLAS MUNICIPAIS DE DIVINÓPOLIS – MG ......................................... 49

AVALIAÇÃO DO IMPACTO DO YÔGA E DOS CINCO RITOS TIBETANOS NA QUALIDADE


DE VIDA E DEPRESSÃO DE IDOSOS DO CENTRO DE BEM-ESTAR DA CIDADE DE
DIVINÓPOLIS (MG) – Um Estudo Piloto ............................................................................................ 54

AVALIAÇÃO FUNCIONAL DOS PACIENTES CRÔNICOS ASSISTIDOS PELO SISTEMA


PÚBLICO E PRIVADO DE FISIOTERAPIA NO MUNICÍPIO DE DIVINÓPOLIS ..................... 58

CAPACIDADE FUNCIONAL: A REALIDADE DO IDOSO NO MUNICÍPIO DE CLÁUDIO –


MINAS GERAIS ...................................................................................................................................... 63

CORRELAÇÃO ENTRE ALTERAÇÕES FÍSICAS DO OMBRO COM CAPACIDADE


FUNCIONAL EM MULHERES MASTECTOMIZADAS PÓS-CÂNCER DE MAMA.................. 68

DEPRESSÃO E TRÍADE COGNITIVA EM ADOLESCENTES DE ESCOLAS PÚBLICAS DE


CARMO DO CAJURU ............................................................................................................................ 72

ESTRESSE E INTEROCEPÇÃO: UMA VISÃO DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS ................ 76


EXERCÍCIO FÍSICO REGULAR E SONO EM PACIENTES ASSISTIDOS NAS UNIDADES
BÁSICAS DE SAÚDE DE DIVINÓPOLIS .......................................................................................... 81

EXERCÍCIOS DE ESTABILIZAÇÃO NA DOR LOMBAR .............................................................. 86

FENÔMENO DA DEPRESSÃO NA ADOLESCÊNCIA EM ESCOLAS ESTADUAIS


MENSURADOS ATRAVÉS DO INVENTÁRIO DE DEPRESSÃO INFANTIL (CDI) ................. 89

FORÇA DA MUSCULATURA DO ASSOALHO PÉLVICO E SUA CORRELAÇÃO COM A


FUNÇÃO SEXUAL EM MULHERES SUBMETIDAS AOS TRATAMENTOS PARA O CÂNCER
DE COLO DO ÚTERO ........................................................................................................................... 92

HIV/AIDS NA TERCEIRA IDADE: CARACTERIZAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA REGIÃO


AMPLIADA DE SAÚDE OESTE DE MINAS GERAIS .................................................................... 97

HUMANIZAÇÃO NA EQUIPE DE ENFERMAGEM DE UMA UNIDADE DE PRONTO


ATENDIMENTO NO MUNICÍPIO DE DIVINÓPOLIS .................................................................. 101

ÍNDICE GONADOSSOMÁTICO DE HYPSIBOAS ALBOPUNCTATUS DURANTE A ESTAÇÃO


CHUVOSA .............................................................................................................................................. 105

INTERVENÇÃO COGNITIVO-COMPORTAMENTAL EM PACIENTE COM TRANSTORNO


DE ANSIEDADE: DESCRIÇÃO DE CASO ....................................................................................... 109

INVESTIGAÇÃO DA PREVALÊNCIA BACTERIANA EM VEÍCULOS DO TRANSPORTE


COLETIVO DE DIVINÓPOLIS – MG ............................................................................................... 112

MEDICAMENTOS UTILIZADOS PELOS IDOSOS CADASTRADOS NA REDE PÚBLICA DE


SAÚDE DE DIVINOPOLIS MINAS GERAIS ................................................................................... 115

OBESIDADE INFANTIL: IMPORTÂNCIA DAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ................. 119

OCORRÊNCIA DE OVOS E CISTOS DE PARASITOS INTESTINAIS EM ÔNIBUS DE


TRANSPORTE PÚBLICO DE DIVINÓPOLIS – MINAS GERAIS - BRASIL ............................. 124

PERFIL DOS PORTADORES DE TUBERCULOSE EM UM MUNICÍPIO DE MINAS


GERAIS .................................................................................................................................................. 128

PERFIL DOS USUÁRIOS DAS ACADEMIAS AO AR LIVRE (AAL) DO MUNICÍPIO DE


DIVINÓPOLIS, MINAS GERAIS ....................................................................................................... 133

PERFIL DOS USUÁRIOS DO SERVIÇO DE FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA DO CENTRO


DE REABILITAÇÃO REGIONAL DE DIVINÓPOLIS/MG ........................................................... 137

PERFIL E QUALIDADE DE VIDA DOS PACIENTES MASTECTOMIZADOS EM


ATENDIMENTO FISIOTERAPÊUTICO NA ACCCOM-DIVINÓPOLIS /MG ........................... 142

PREVALÊNCIA DE LESÕES MUSCULOESQUELÉTICAS ENTRE PRATICANTES DE


CROSSFIT .............................................................................................................................................. 147

PRINCIPAIS QUEIXAS MUSCULOESQUELÉTICAS ASSOCIADAS AO USO EXCESSIVO DE


COMPUTADORES, SMARTPHONES E TABLETS ...................................................................... 151

PROJETO EXERCITAR “UMA PROPOSTA DE INTEGRAÇÃO ENTRE OS CURSOS DE


EDUCAÇÃO FÍSICA E FISIOTERAPIA” ........................................................................................ 153
SALA DE ESPERA: LOCUS PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE? .............................................. 157
SEJA MAIS UM CÚMPLICE DO CORAÇÃO VALENTE ............................................................. 161

VISÃO DE SI, DE MUNDO E DE FUTURO EM ADOLESCENTES DE UMA ESCOLA


ESTADUAL DO MUNICÍPIO DE DIVINÓPOLIS ........................................................................... 166

2 - MEIO AMBIENTE
A AGRICULTURA FAMILIAR E AS LEIS AMBIENTAIS: UMA PESQUISA EXPLORATÓRIA
NO MUNICÍPIO DE DIVINÓPOLIS - MG........................................................................................ 170

ARBORIZAÇÃO URBANA: A PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS ALUNOS DE UMA ESCOLA


PÚBLICA DE LAGOA DA PRATA .................................................................................................... 175

ÁREAS VERDES URBANAS E O PERFIL DOS USUÁRIOS DAS ACADEMIAS AO AR LIVRE


DE CLÁUDIO-MG ................................................................................................................................ 180

AVALIAÇÃO DO EFEITO DE SURFACTANTES SINTÉTICO E BIOLÓGICO, COMPOSTO


BIOATIVO E CÉLULAS DE BACILLUS SUBTILIS SOBRE LARVAS DE CULEX
QUINQUEFASCIATUS ......................................................................................................................... 184

ESTUDO DO PERFIL DO USUÁRIO DE UM PARQUE URBANO NO MUNICÍPIO DE


DIVINÓPOLIS - MG ............................................................................................................................. 188

FITOSSOCIOLOGIA DE ESPÉCIES FLORESTAIS EM PROJETO DE RESTAURAÇÃO DE


MATA CILIAR EM DIVINÓPOLIS – MG ........................................................................................ 192

INFLUÊNCIA DA HETEROGENEIDADE AMBIENTAL SOBRE ESTRATÉGIAS DE


FORRAGEAMENTO E COMPORTAMENTO DE AVES AQUÁTICAS EM TRECHOS DO RIO
ITAPECERICA – DIVINÓPOLIS, MINAS GERAIS ....................................................................... 197

LEVANTAMENTO ETNOBOTÂNICO DE COMUNIDADES RURAIS NA CIDADE DE


CARMO DO CAJURU-MINAS GERAIS ........................................................................................... 201

PADRÕES MORFOLÓGICOS E AMBIENTAIS PODEM INFLUENCIAR A PREDACAO DE


LAGARTAS POR AVES? ESTUDO DE CASO EM FRAGMENTO DE ÁREA VERDE URBANA
COM MODELOS ARTIFICIAIS......................................................................................................... 206

PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS ALUNOS DE UMA ESCOLA PÚBLICA DO ENTORNO DO


PARQUE MUNICIPAL EM LAGOA DA PRATA, MG ................................................................... 209

RELEVÂNCIA SOCIOAMBIENTAL DA COLETA SELETIVA IMPLANTADA EM ITAÚNA-


MG SOB A PERSPECTIVA DE CATADORES E COMUNIDADE ............................................... 213

3- EDUCAÇÃO

ADOLESCENTES: RELEVÂNCIA DE TEMAS RELACIONADOS À SEXUALIDADE .......... 218

A IMPORTANCIA DA CAPOEIRA COMO CONTEUDO NA EDUCAÇAO FISICA ESCOLAR


.................................................................................................................................................................. 221

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO ESPECIALIZADO .......................... 225


A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL......... 229

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA ESCOLA ............................................................................... 233

AMOTIVAÇÃOPARA Á
PRÁTICADOHANDEBOL:UMAANÁLISEDADIFERENÇAENTREOSANOSINICIAISEFINAIS
DEESCOLASESTADUAISDEDIVINÓPOLIS- MG ...............................................................................
.................................................................................................................................................................. 238

A PARTICIPAÇÃO DOS ALUNOS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO


.................................................................................................................................................................. 242

A PRÁTICA DE LUTAS INFLUENCIA O DESEMPENHO ESCOLAR? ..................................... 246

ATLETISMO E OS BENEFÍCIOS DAS CORRIDAS PARA CRIANÇAS DO ENSINO


FUNDAMENTAL E MÉDIO................................................................................................................ 251

A VISÃO DOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO DAS ESCOLAS PÚBLICAS ESTADUAIS DA


CIDADE DE DIVINÓPOLIS/MG EM RELAÇÃO ÀS DANÇAS URBANAS ............................... 255

COMO AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA PODEM CONTRIBUIR NA RESSOCIALIZAÇÃO


DE ALUNOS DENTRO DO SISTEMA PRISIONAL ....................................................................... 259

DESINTERESSE DOS ALUNOS DO 3° ANODO ENSINO MÉDIO PELAS AULAS DE


EDUCAÇÃO FÍSICA ............................................................................................................................ 263

DIALOGANDO SOBRE GÊNERO A PARTIR DOS PRINCÍPIOS DA PRÁTICA PEDAGÓGICA


DESPORTIVA ESCOLAR ................................................................................................................... 267

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NÃO FORMAL: RELEVÂNCIA E CONTRIBUIÇÃO PARA


PROFESSORES DAS ESCOLAS ESTADUAIS DE ITAÚNA – MG .............................................. 272

EDUCAÇÃO SEXUAL: DESAFIO DO PROFESSOR DA REDE PÚBLICA ESTADUAL DE


DIVINÓPOLIS – MG ............................................................................................................................ 277

EDUCAÇÃO SEXUAL: PERCEPÇÃO DOS ADOLESCENTES .................................................... 281

FATORES MOTIVACIONAIS PARA A PRÁTICA DO FUTSAL: UMA COMPARAÇÃO


ENTRE GÊNEROS................................................................................................................................ 285

INCLUSÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS NO ÂMBITO


ESCOLAR E A EDUCAÇÃO FÍSICA ................................................................................................ 289

JOGOS E BRINCADEIRAS COMO INCENTIVO A PRÁTICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA


INFANTIL .............................................................................................................................................. 293

JUVENTUDE E O DIREITO À CIDADE ........................................................................................... 297

O FUTEBOL COMO AGENTE SOCIALIZADOR PARA CRIANÇAS E JOVENS .................... 302

O INTERESSE DOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA.. 306
O PAPEL DA EXPERIMENTAÇÃO NO ENSINO DE CIÊNCIAS................................................ 309

OS BENEFÍCIOS DA CAPOEIRA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR .................................... 312

OS BENEFÍCIOS DAS ARTES MARCIAIS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR .................... 315

PERCEPÇÃO DE CONFLITO FAMILIAR EM ADOLESCENTES DE ESCOLAS PÚBLICAS


DE DIVINÓPOLIS-MG ........................................................................................................................ 319

REFLEXÕES ACERCA DA ARTE DO EDUCAR: DOS PROCESSOS EMPÍRICOS AO


CONHECIMENTO ACADÊMICO ..................................................................................................... 322

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA DEPRESSÃO PÓS-PARTO: UMA REVISÃO


INTEGRATIVA DE LITERATURA ................................................................................................... 327

CARACTERIZAÇÃO DOS INDIVÍDUOS QUE REALIZARAM PRÁTICA/TENTATIVA DE


AUTOEXTERMÍNIO EM ITAPECERICA-MG ............................................................................... 331

INCIDÊNCIA DE TRANSTORNO DE ANSIEDADE EM ACADÊMICOS DE MEDICINA DA


UNIVERSIDADE DE ITAÚNA – MG ................................................................................................ 335

QUALIDADE E PRESENÇA DE DISTURBIOS DO SONO EM IDOSOS ASSISTIDOS EM


UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DE DIVINÓPOLIS/MG – RESULTADOS PRELIMINARES
..................................................................................................................................................... 338

A CONTRIBUIÇÃO DA PRATICA ESPORTIVA NO DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL


DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
.................................................................................................................................................................. 341
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL ................................ 345

A IMPORTÂNCIA DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL 350

A PERCEPÇÃO DO PROFESSSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR NA APLICAÇÃO


DO ATLETISMO (CORRIDA) ........................................................................................................... 354

AVIVÊNCIA DA GINÁSTICA GERAL NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA REDE


PÚBLICA ESTADUAL DE DIVINÓPOLIS-MG .............................................................................. 359

HIDRATAÇÃO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: CONHECIMENTO DO


PROFESSOR ......................................................................................................................................... 364

INCLUSÃO DE ALUNOS COM NEE NO ENSINO REGULAR: AS DIFICULDADES


ENFRENTADAS PELO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA .................................................. 369

OS ASPECTOS DOS EXERGAMES NA EDUCAÇÃO FÍSICA ................................................... 373

PSICOMOTRICIDADE E EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL .......................... 377

AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE FUNCIONAL E DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM DE


IDOSOS DE UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA DO CENTRO OESTE
MINEIRO ............................................................................................................................................... 381
A EXPERIÊNCIA DE ATENDIMENTO NO PLANTÃO PSICOLÓGICO NA TERAPIA
COGNITIVA

ASSIS, Débora Oliveira¹. SOUZA, Ronaldo Santhiago Bonfim de².

Síntese: Este trabalho apresenta as vivências e práticas dos atendimentos no Plantão Psicológico da UEMG
(Universidade Estadual de Minas Gerais) – Unidade Divinópolis. O Plantão Psicológico é um projeto de extensão
do PROAPE (Programa de Assistência e Apoio Psicológico e Pedagógico ao Estudante da Universidade Estadual
de Minas Gerais – Unidade Divinópolis), atendendo às suas necessidades. Cada estagiário (a) é responsável por
um horário semanal e o atendimento se direciona aos alunos que tenham interesse, a partir de uma demanda
espontânea. Com base na Terapia Cognitiva Comportamental e sob orientação do professor do estágio obrigatório
correspondente ao décimo período de Psicologia, os atendimentos se desenvolvem de maneira pontual e ética. Por
se tratar do serviço de Plantão Psicológico o atendimento prioriza as questões emergentes do sujeito. Os casos que
demandam mais de um atendimento ou que os pacientes dialogam sobre a possibilidade de voltarem são atendidos
como psicoterapia, pois a universidade não apresenta Clínica Escola e esse espaço é utilizado para tais
atendimentos. Portanto, todos os alunos têm acesso ao serviço e a divulgação acontece por meio do site da
universidade, por placas expostas nas salas e também na porta do plantão e por divulgação feita pelos alunos
integrantes do Plantão Psicológico de sala em sala.

Palavras-chave: Estudantes universitários; Psicologia; Demanda espontânea.

INTRODUÇÃO

As informações e dados apresentados nesse trabalho referem-se à prática do Plantão


Psicológico, apresentado como projeto de extensão do PROAPE que é um programa de atendimento
e acolhimento aos discentes da UEMG – Unidade Divinópolis. O objetivo do plantão é oferecer
atendimento emergencial à demanda dos alunos, pautados na ética e embasados na Terapia Cognitiva
Comportamental.
Os atendimentos acontecem a partir de demanda espontânea, não precisando necessariamente
ter marcado previamente, considerando o objetivo do Plantão Psicológico que é atender o sujeito em
seu sofrimento daquele momento. Porém, por não existir na universidade uma Clínica Escola o

¹Graduanda do décimo período de Psicologia noturno, ênfase Institucional, na UEMG – Unidade Divinóplis.
Email: deborassis-psico@hotmail.com
²Professor, mestre e orientador na UEMG – Divinópolis.
espaço do Plantão também oferece aosdiscentes atendimentos psicoterapêuticos que não se resumem
a somente um atendimento.
O Plantão Psicológico oferece um tipo de trabalho que funciona como intervenção que acolhe
o sujeito no exato momento em que busca ajuda para problemas, conflitos e/ou sofrimento de
natureza emocional (é o sujeito quem denomina o seu sentimento). Em grande parte dos casos o 6
atendimento acontece em uma única sessão, momento em que cabe ao (à) plantonista/estagiário (a),
primeiramente acolher a demanda e se posicionar com uma escuta acurada, a fim de conseguir
promover espaço em que o outro possa se desenvolver de modo em que apresente autonomia para
lidar com suas dificuldades, capacidade de visualizar melhor a situação que está vivendo e de
identificar os sentimentos presentes (Chaves e Henriques, 2008).
Nesse sentido, a Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) fundamenta a prática e possibilita
o atendimento ao considerar que o processamento cognitivo é um fator central nos processos do
sujeito. O modo como os indivíduos interpretam os acontecimentos e fenômenos, as cognições, os
pensamentos e comportamentos estão frequentemente associados às reações emocionais e em alguns
casos reações físicas (Wright, Basco e Thase, 2008).
A partir da TCC é possível capacitar o indivíduo a criar estratégias e habilidades para
enfrentar as situações e adquirir habilidades para dominá-las. Em muitos casos, a ausência de
conhecimento e a evitação da situação temida podem provocar um ciclo vicioso que tende a reforçar
os pensamentos, sentimentos e comportamentos negativos.
Portanto, o modelo da TCC nos ensina que a interpretação do sujeito, o que é apresentado por
ele, seus pensamentos, emoções e comportamentos são pontos centrais no desenvolvimento de um
bom atendimento, considerando como imprescindível em todo atendimento o acolhimento e a escuta
acurada, destacando o fato de que pode ser que o encontro com o paciente seja único. É papel do
estagiário(a) nesse caso, construir com o paciente, de modo a possibilitar que após a sessão ou ao
longo de um processo terapêutico o paciente consiga “caminhar sozinho”, atuando como seu próprio
terapeuta, sabendo manejar suas crises ou situações, e tendo maior autonomia para tomar decisões
(Wright, Basco e Thase, 2008).

MÉTODOS
O trabalho deu-se por meio de atendimentos semanais, utilizando-se como embasamento
teórico a TCC e contando com orientações e discussões dos casos realizadas no grupo de estágio. Há
no grupo de estágio construção e trocas muito significativas, que possibilitam desenvolvimento e
aprimoramento nos atendimentos. Aprende-se com o atendimento do outro e com as análises de seus
próprios atendimentos, no momento em que ao relatar aspectos dos casos o estagiário (a) vislumbra e
escuta sua própria fala e atendimento. Técnicas de role play são ótimas, principalmente ao considerar
que como estagiários (as) os alunos tendem a apresentar dúvidas e inseguranças que podem ser
analisadas e trabalhadas em um ambiente de aprendizagem.
Técnicas de relaxamento, de respiração controlada, de gerações de imagens mentais com o
intuito de reduzir as emoções ansiosas são utilizadas para que se obtenha diminuição dos danos e
melhor qualidade de vida para o paciente. Detecção, identificação e registro de pensamentos
automáticos podem facilitar o processo. A avaliação das distorções cognitivas são muito utilizadas
nos atendimentos, possibilitando que paciente verifique as evidências de seus pensamentos. Cabe
ressaltar, que todas as técnicas tem sua importância e podem ser muito úteis no desenvolvimento do
processo ou atendimento psicológico, porém, elas precisam ser utilizadas em um contexto adequado
e com um objetivo pré-estabelecido pelo estagiário (a).
RESULTADOS
Considerando a ética, seriedade e compromisso dos envolvidos no trabalho e a prática fundamentada
na ciência da psicologia, pode-se dizer que resultados positivos são assegurados. A prática do
Plantão Psicológico apresenta papel de grande significado na vida daquele que por algum motivo já
foi atendido no serviço, e também na comunidade acadêmica como um todo por oferecer 7
atendimento psicológico aos estudantes, considerando que os mesmos podem vivenciar adversos
sentimentos e conflitos. Além do fato de aquele passar a ser um ponto de referência para algum
momento de necessidade.

DISCUSSÃO
Chaves e Henriques (2008) ao apresentarem sua pesquisa-ação realizada em um Plantão Psicológico
ressaltam a ansiedade existente no atendimento e confronto ao não planejado. Afirmam também a
importância da escuta e do acolhimento das formas de expressões e sentimentos do outro, momento
em que ele pode se apresentar livre das diversas pressões e imposições que acometem os indivíduos
cotidianamente.

CONCLUSÕES
Conclui-se que o Plantão Psicológico é um espaço de atendimento à demanda emergencial de
natureza emocional.
A TCC é uma abordagem que possibilita e fundamenta a prática, de modo a produzir
resultados positivos.
Este é um espaço de acolhimento do sujeito e sua demanda espontânea.
Há por parte do plantonista/estagiário (a) o desafio em lidar com o não planejado e com a
possibilidade de que o encontro com o paciente seja único.

REFERÊNCIAS
Chaves, P. B. e Henriques, W. M. (2008). Plantão psicológico: de frente com o inesperado.
Psicologia Argum. 26 (53), 151-157.
Furigo, R.C.P.L., Sampedro, K.M., Zanelato, L.S., Foloni, R.F., Ballallai, R.C. e Ormrod, T. (2008).
Boletim de Psicologia.VOL.LVIII, (129), 185-192.

Wright, J. H., Basco, M. R. e Thase, M. E. (2008). Aprendendo a terapia cognitiva-


comportamental: um guia ilustrado.Porto Alegre: Artmed.
A EXTENSÃO NA UNIVERSIDADE COMO FORMA DE PRODUÇÃO DO
CONHECIMENTO: TERAPIA COGNITIVA NA PREVENÇÃO DO SUICÍDIO

SOUZA, Érica Domingues de¹; DIAS, Débora Santos Silva¹; SOUZA, Ronaldo Santhiago Bonfim
de²

Síntese: O suicídio é um processo complexo que envolve fatores biológicos, sociais, psicológicos, familiares,
culturais e religiosos, afetando tanto a pessoa que sofre quanto a todos que a rodeiam. Com o objetivo fomentar o
conhecimento, a psicoeducação e a capacitação para o manejo do comportamento suicida na cidade de
Divinópolis, sob a perspectiva da Terapia Cognitiva-comportamental, foi criado em 2015, o projeto de extensão
intitulado Terapia Cognitiva e Prevenção do Suicídio,com apoio do PAEX – UEMG, sendo que mesmo encontra-
se em continuidade. São realizados encontros semanais na Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG),
unidade Divinópolis com discussões que visam uma produção do conhecimento acerca da Terapia Cognitiva e a
Prevenção do Suicídio, abordando aspectos teóricos, práticas de humanização e do manejo do paciente em crise
suicida, assim como a discussão de intervenções e mobilização para a prevenção na rede. Estes encontros são feitos
com a participação de alunos, professores, profissionais e população local. A equipe coordenadora é composta por
professores, estagiários e profissionais de psicologia que trabalham com o planejamento, confecção de atividades e
a produção de pesquisas com foco na prevenção do suicídio. Assim ao proporcionar abertura de espaços para a
promoção do conhecimento acerca da prevenção e manejo do suicídio, o projeto tem conseguido como resultado a
promoção de diálogos, a formação dos participantes e a estimulação de estratégias de prevenção nas áreas da
educação, saúde e demais áreas.

Palavras-chave: Saúde mental; Prevenção; Manejo.

INTRODUÇÃO
O suicídio é um processo complexo, requerente de uma abordagem sistêmica, que envolve
fatores biológicos, sociais, psicológicos, familiares, culturais e religiosos, afetando tanto a pessoa
que sofre quanto a todos que a rodeiam (SILVA E COSTA, 2010; VILAS-BOAS, 2011). Em um
estudo epidemiológico, descritivo e retrospectivo baseado em dados secundários, Botti et.al (2014)
descrevem a maior ocorrência de suicídio nas regiões Oeste, Noroeste e Triângulo do Sul do estado
de Minas Gerais, sendo que 67,42% da ocorrência de suicídio são de indivíduos com faixa etária
entre 20 a 49 anos.Dessa forma, faz-se necessário efetivar intervenções de extensão e prevenção nos
âmbitos da rede de saúde e educação do estado (MADEIRA, 2015). Com o objetivo fomentar o
conhecimento, a psicoeducação e a capacitação para o manejo do comportamento suicida na cidade
de Divinópolis, sob a perspectiva da Terapia Cognitiva-comportamental, foi criado em 2015, o
projeto de extensão intitulado Terapia Cognitiva e Prevenção do Suicídio, com apoio do PAEX –
UEMG, sendo que mesmo encontra-se em continuidade.

MÉTODOS

¹ Bolsistas do projeto de extensão (Fonte de fomento: Programa de Apoio à Extensão - PAEX) Terapia Cognitiva e
Prevenção do Suicídio e estudantes do curso de Psicologia da Universidade Estadual de Divinópolis, unidade
Divinópolis.E-mail: ericadesouza@live.com
²Coordenador do projeto de extensão (Fonte de fomento: PAEX) Terapia Cognitiva e Prevenção do Suicídio e professor
de Psicologia da Universidade Estadual de Divinópolis, unidade Divinópolis.

9
São realizados encontros semanais na Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG),
unidade Divinópolis com discussões que visam uma produção do conhecimento acerca da Terapia
Cognitiva e a Prevenção do Suicídio, abordando aspectos teóricos, práticas de humanização e do
manejo do paciente em crise suicida, assim como a discussão de intervenções e mobilização para a
prevenção na rede. Estes encontros são feitos com a participação de alunos, professores, profissionais
e população local. A equipe coordenadora é composta por professores, estagiários e profissionais de
psicologia que trabalham com o planejamento, confecção de atividades e a produção de pesquisas
com foco na prevenção do suicídio.

RESULTADOS
O grupo nos dois primeiros semestre estudou a origem, princípios, conceitos e técnicas da
Terapia Cognitiva para no terceiro semestre de estudos, iniciar a psicoeducação acerca do manejo
terapêutico na prevenção do suicídio. Assim, ao proporcionar abertura de espaços para a promoção
do conhecimento acerca da prevenção e manejo do suicídio, o projeto tem conseguido como
resultado a promoção de diálogos, a formação dos participantes e a estimulação de estratégias de
prevenção nas áreas da educação, saúde e demais áreas.

Início Término N Encontros Temática principal Referência Principal

WRIGHT, J. H.; BASCO, M. R.; THASE, M.


Terapia Cognitiva: E. Aprendendo a terapia cognitivo-
19/08/2015 09/12/2015 17 13
Princípios básicos comportamental: um guia ilustrado. Porto Alegre:
Artmed, 2008. 224 p.

SALKOVSKIS, P. M; SERRA, A. M.
Terapia Cognitiva:
22/03/2016 28/06/2016 29 12 (org.). Fronteiras da terapia cognitiva. 2° Ed. São
Teoria e prática
Paulo: Casa do Psicólogo, 2012. 496 p.

WENZEL, A.; BROWN, G. K.; BECK, A.


Previsto
Terapia Cognitiva e T. Terapia cognitivo-comportamental para
11/08/2016 para 37 10
Prevenção do suicídio pacientes suicidas. Porto Alegre: Artmed, 2010.
01/12/2016
304 p.

Tabela 1. Dados gerais do grupo de estudos.

DISCUSSÃO
A Organização Mundial da Saúde (WHO, 2016), aponta que a cada 40 segundos uma pessoa
morre por suicídio no mundo e mais de 800 mil pessoas por ano. Essa realidade demonstra
crescimento dos índices a cada ano, verificando-se um aumento de 60% nos últimos 50 anos, sendo a
projeção para o ano de 2020 de mais de um milhão e meio de casos de suicídio (Volpe et.al, 2006). A
produção de conhecimento sobre a temática entre estudantes da área de saúde e demais áreas faz-se
necessário e relevante pois esse fenômeno que afeta não somente o sujeito que sofri, mas as pessoas
ao seu redor (Silva e Costa, 2010; Vilas-Boas, 2011) têm sido recorrentes.

CONCLUSÃO
Na medida em que o conhecimento sobre o fenômeno do suicídio e suas implicações é
partilhado propostas e possibilidades são abertas, pois, o conhecimento produzido fornecera
subsídios para novas propostas de intervenção e prevenção do suicídio no centro oeste mineiro.Sendo

10
a produção do conhecimento acerca do manejo e a prevenção do suicídio uma maneira de prevenir e
intervir na saúde mental de maneira eficaz.

REFERÊNCIAS

Botti, N. C. L., Mesquita, I. R. & Benjamim, M. L. N. (2014). Diferenças macroregionais da


mortalidade por suicídio: análise epidemiológica.Revista enfermagem Universidade Federal do
Pernambuco, 8(10), 3420-3428.

Madeira, J. D. (2015). Intervenção com a pessoa em crise suicida aos três níveis de prevenção:
prevenção primária, secundária e terciária.Instituto Politécnico de Setúbal. Escola Superior de
Saúde. (Dissertação de Mestrado).

Silva, M., & Costa, I. (2010). A rede social na intervenção em crise nas tentativas de suicídio:
elos imprescindíveis da atenção.Revista Tempus. Actas Saúde Colectâneas. 4(1)19-29.
Vilas-Boas, L. (2011). O Julgamento Clínico no contexto do risco de suicídio. Disponível em:
www.psicologia.pt. Acesso em: 11 de mai 2016.
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uma morte a cada 40 segundos do mundo. Disponível em:
http://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5221:grave-problema-
de-saude-publica-suicidio-e-responsavel-por-uma-morte-a-cada-40-segundos-no-
mundo&Itemid=839

11
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA PARA O DESENVOLVIMENTO MOTOR EM
CRIANÇAS DO ENSINO FUNDAMENTAL

ALVES, Mayra de Souza¹, SANTOS, Andreza Soares²

O desenvolvimento motor é de suma importância para todas as crianças e é no ensino fundamental I e II onde nós
da Educação Física podemos estimular de forma que esses alunos trabalhe todo seu corpo e mente de forma
prazerosa, educativa e recreativa. O Objetivo deste estudo é analisar como o desenvolvimento motor de cada
criança acontece, como surge suas dificuldades e como fazer para que há melhoras no desenvolvimento motor
durante as atividades nas aulas de educação física e na escola em geral, avaliando a coordenação, equilíbrio,
agilidade, força, cognitivo e interação social. E sendo assim mostrando a importância da educação física dentro e
fora do âmbito escolar para as crianças do ensino fundamental, onde vai se ter ganhos da infância, adolescência e
até sua fase adulta, mostrando que praticando atividade física terá um menor comprometimento motor e melhor
qualidade de vida. De acordo com esse estudo a falta de estímulo e assim a falta de um bom desenvolvimento
motor em crianças levara um mal desempenho nas outras matérias dentro de sala de aula e uma falta de interação
com os demais alunos devido não conseguir acompanhar o resto da turma em suas atividades exercidas na escola.

Palavras-chave: Desenvolvimento Motor; Educação Física; Ensino Fundamental; Importância do


estímulo motor e comprometimento motor.

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento motor é um processo que está relacionado a sua faixa etária, obedecendo
fatores cronológicos, biológicos, ambientais, podendo haver alterações de acordo com os incentivos
sociais, intelectuais e emocionais em decorrer de adaptações em suas atividades de vida diária
(NETO et al., 2010).
No decorrer da vida, podem ocorrer vária mudanças como o aumento das fibras nervosas e a
aquisição de estruturas cognitivas (sistema nervoso). Mudanças de ordem estrutural como o aumento
na estatura, peso corporal denominado de crescimento físico e as qualitativas na melhoria de funções
(desenvolvimento) (MANOEL, 1994).
Ressalta-se que atraso no desenvolvimento motor pode desencadear um mau funcionamento
em outras áreas escolares ou em tarefas do dia a dia que também exige uma concentração e
aprendizado para executar em perfeita condição (PAPST; MARQUES, 2010).
A Educação Física exerce de forma prazerosa e não menos importante a qualificar cada
indivíduo o funcionamento de seu corpo com um todo para que se possa ter um bom desempenho
funcional e inclusive motor em sua vida (PAPST; MARQUES, 2010).
As habilidades motoras estão vinculadas a percepção do corpo, espaço e tempo que
contribuem para uma formação escolar. Então quanto maior o estímulo motor e psicossocial melhor
será o rendimento da criança em questão intelectual (NETO et al., 2010).
São utilizadas avaliações do desenvolvimento motor para melhor intervenção, dentre essas
avaliações a idade da criança, sua força muscular, motricidade fina e ampla, fala e capacidades
funcionais para se ter um maior ganho em seu desenvolvimento (PAPST; MARQUES, 2010).

¹Graduanda em Educação Física – Licenciatura – Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG – Unidade
Divinópolis.mayradesouzaalves@hotmail.com
² Professora Designada – Curso de Educação Física – Licenciatura – Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG –
Unidade Divinópolis.

12
A presente revisão de literatura discorrerá sobre as alterações fisiológicas do corpo em si e
seus movimentos, responsáveis pelas modificações no desenvolvimento motor de crianças e de
adolescentes do ensino fundamental, e recursos disponibilizados pela Educação Física para a
estimulação destas alterações. No entanto, as particularidades do sistema motor exigem cuidados do
professor de Educação física ao eleger a conduta administrada nas aulas, para poder assegurar a
efetividade, uma vez que, a criança e adolescente se encontra em período de formação.
Portanto a educação do ser humano em si é construída de forma social e corporal num
processo de ensino e aprendizagem, conhecimento, posturas e movimentos corporais (SOUSA;
ALTMANN, 1999).
Enfim do ponto de vista de saúde pública e medicina preventiva praticar atividade física em
todas as faixas etárias para redução da prevalência do sedentarismo e contribui para uma melhor
qualidade de vida e trabalhar na prevenção de futuras doenças (LAZZOLINI et al., 1998).

MÉTODOS
Este trabalho constitui-se de uma revisão bibliográfica baseado em artigos originais e de
revisão. Foram realizadas buscas nas bases informatizadas: Scielo e Portal da Capes, com as
seguintes palavras chaves: desenvolvimento Motor; Educação Física; Ensino Fundamental I e II;
Importância do estímulo motor e comprometimento motor.
Os critérios de inclusão utilizados foram: idioma português, que apresentassem títulos e
resumos relacionados diretamente ao tema proposto.
Inicialmente, as buscas seriam realizadas com artigos de até cinco anos, porém foram
encontrados poucos artigos dentro desse limite, desde então as buscas foram realizadas sem restrição
de data. Após a seleção de artigos científicos, foi realizada a análise da qualidade metodológica
buscando analisá-las de acordo com o tema em questão.
A pesquisa é um processo sem fim, uma busca inacabável, onde o pesquisador busca uma
maior aproximação da realidade, porém essa busca é histórica e reflete à realidade sendo constante
essa busca (LIMA; MIOTO, 2007).

DISCUSSÃO
Para alguns profissionais a atuação da Educação Física para crianças antes dos dez anos de
idade era dispensável pois relatavam que até os dez anos a criança adquiri suas habilidades motoras
naturalmente sem necessidade de um profissional especializado(COTRIM et al., 2011).
Segundo Guará (2009) se colocou a educação como direito de cidadania como oportunidades
educativa dentro e fora da escola promovendo desenvolvimento amplo para as crianças e o jovem em
si.
Crianças que praticam aulas de Educação Física bem ministradas no ensino fundamental
apresentam desenvolvimento motor superior das demais crianças que não praticam essas
aulas(COTRIM et al., 2011).
Outro ponto é a falta de clareza com relação ao profissional de Educação Física e os pontos
estudados em sua formação. Pois entra muito em contradição o que o profissional de EF estuda e
aplica ora é visto como aquele que tematiza a cultura corporal de movimento como jogos, esporte,
dança, luta, ginástica, etc. em outra ocasião ele aparece como um profissional que utiliza a cultura
corporal em suas aulas administradas (LACERDA; COSTA, 2012).
Vários pesquisadores relatam momentos críticos na infância para aquisição das habilidades
motoras devido ao rápido ganho neurológico nesta fase. Durante a infância altera a arquitetura dos
circuitos neurais devido à sua maior plasticidade, tornando os padrões mais estáveis e
fortalecidos(RÉ, 2011).

13
Analisando os conhecimentos dos professores de Educação Física em relação ao
desenvolvimento motor muitos alegam a importância da avaliação dos alunos, porém muitos
relataram não utilizar desse método(NETO et al., 2010).
No século XXI a escola tem como objetivo estimular o aluno de várias formas mas de
maneira a respeitar as diferenças socioculturais e desenvolvimento global. Dentre esses critérios da
escola moderna colocam com principais estímulos como do desenvolvimento em níveis físicos,
afetivo, moral, cognitivo, de personalidade, consciência cidadã, intervenção no âmbito social,
aprendizagem de forma contínua e assim aplicando de forma que o aluno aprenda com diversidade e
com condições para o mercado de trabalho e sua vida (DESSEN; POLONIA, 2007).
Enfim vale ressaltar que a escola não opera no vazio que ali as mentes caem em significados
prévios onde os estudantes tem seus próprios valores, crenças, significados, atitudes e
comportamentos que são cada vez mais aflorados fora das salas de aulas e da escola(SOUSA;
ALTMANN, 1999).

CONCLUSÕES
O presente estudo bibliográfico apresentou evidências de que o desenvolvimento motor é de
suma importância para qualquer indivíduo em as fases de sua vida e que é na infância onde acontece
o estímulo maior e que vai remitir em sua fase adulta tanto em aspectos motores quanto o
psicossocial.
A pesquisa também mostrou que a falta da educação física no ensino fundamental pode
progredir para alterações e atraso na parte motora e até mesmo nas outras matérias e aulas da escola
comprometendo o aprendizado dessas crianças dentro e fora de sala de aula.
O professor de educação física tem o conhecimento para poder avaliar e aplicar de forma
adequada para cada criança respeitando sua idade, dificuldades e necessidade e assim
proporcionando um bom desenvolvimento motor em sua infância e consequentemente possa
transmitir em sua fase adulta e suas atividades de vida diárias.
Sendo assim a educação física visa modificar os hábitos e a prática de atividade física durante
todo o seu crescimento que é extremamente importante para um bom desenvolvimento e para
prevenção de doenças e uma melhor qualidade de vida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Habilidades Motoras Fundamentais em crianças com diferentes contextos escolares. Revista da
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14
MICHELS, G.; MATSUDO, V. Atividade física e saúde na infância e adolescência. Sociedade
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LIMA, T. C. S.; MIOTO, R. C. T. Procedimentos metodológicos na construção do conhecimento


científico: a pesquisa bibliográfica. Revista Katál, v. 10, n. 1, p. 37-45, 2007.
MANOEL, E. J. Desenvolvimento Motor: Implicações para a Educação Física Escolar I. Revista
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NETO, F. R.; SANTOS, A. P. M.; XAVIER, R. F. C.; AMARO, K. N. A importância da avaliação
motora em escolares: análise da confiabilidade da Escala de Desenvolvimento Motor. Revista
Brasileira Cineantropometria Desempenho Humano, v. 12, n. 6, p. 422-427, 2010.
PAPST, J. M.; MARQUES, I. Avaliação do desenvolvimento motor de crianças com dificuldades de
aprendizagem. Revista Brasileira Cineantropometria Desempenho Humano, v. 12, n. 1, p. 36-42,
2010.
RÉ, A. H. N. Crescimento, maturação e desenvolvimento na infância e adolescência: Implicações
para o esporte. Motricidade, v. 7, n. 3, p. 55-67, 2011.
SOUSA, E. S.; ALTMANN, H. Meninos e meninas: Expectativas corporais e implicações na
educação física escolar. Cadernos Cedes, Ano XIX, n. 48, 1999.

15
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA PARA ALUNOS COM TRANSTORNO DO
DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE

CANÇADO, Renato Presley¹;SANTOS, Andrêza Soares dos²

Síntese: A inclusão escolar está pautada nos direitos humanos onde defende o direito de todos os alunos estarem
juntos, aprendendo sobre si mesmos e sobre o outro, respeitando as diferenças individuais, sem nenhum tipo de
discriminação. O presente trabalho teve como objetivo verificar a importância da Educação Física no
desenvolvimento de alunos com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Para a realização do
mesmo foi feita uma revisão de literatura a qual utilizou livros, artigos científicos e revistas eletrônicas. Foram
utilizadas nas buscas as seguintes palavras-chave: educação física, transtorno de déficit de atenção,
hiperatividade, TDAH, inclusão. Sabe-se que o TDAH consiste em uma patologia genética que apresenta como
sintomas a desatenção, a impulsividade e a hiperatividade. Tal transtorno aparece na infância e acompanha o
indivíduo por toda sua vida. Baseando nas leituras feitas, nota-se que crianças e adolescentes com TDAH que
frequentam uma escola regularmente, podem ter problemas de relacionamento com o professor de Educação
Física. E neste momento, cabe ao educador buscar estratégias de ensino e relacionamento para solucionar os
problemas com esses alunos. O importante é não permitir que esses educandos se isolem e percam o interesse
pelas aulas, o professor deve priorizar o bom relacionamento com esses indivíduos para assim ter resultados
positivos no processo de ensino/aprendizagem. A Educação Física é muito importante para o desenvolvimento
corporal, social e motor do ser humano e também, auxilia significativa na formação do indivíduo. Portanto, com o
presente estudo foi possível observar que a Educação Física juntamente com a inclusão é capaz de contribuir
significativamente no desenvolvimento de alunos com TDAH.

Palavras–chave:Educação Física; Inclusão; TDAH.

INTRODUÇÃO
A inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais, já por alguns anos, faz parte
da política educacional do Governo, o que tem acarretado discussões sobre a inclusão desses alunos
em muitas áreas, mas principalmente na área da Educação Física, pois esta desempenha um papel
importante no desenvolvimento motor, desenvolvimento intelectual, social e afetivo de alunos com
necessidades educativas especiais (STRAPASSON; CARNIEL, 2007).
Nos últimos anos, observa-se um crescente movimento pela promoção da saúde, pelo bem-
estar e pela qualidade de vida. Sendo assim, é cada vez maior o número de pessoas que buscam
informações sobre maneiras de adquirir hábitos saudáveis (GUEDES; GUEDES, 2002; MINAYO,
2000).
A prática esportiva se mostra importante não só para a saúde física dos praticantes como
também para sua saúde mental, visto que o esporte também é amplamente utilizado como um
excelente meio de sociabilidade e educação. Deve-se ressaltar que a atividade física é um forte aliado
no processo de desenvolvimento corporal, social e aprendizado de alunos com necessidades
especiais.
O presente estudo aborda o papel da Educação Física na vida de alunos com Transtorno do

¹Aluno de Graduação do Curso de Educação Física pela Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG. E-mail:
renatocancado@yahoo.com.br
²Professora Mestre orientadora pela Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG.
Resumo apresentado no 1° Seminário de Saúde e Meio Ambiente da Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG/
Unidade Divinópolis

16
Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Patologia esta, reconhecida pela Organização Mundial
da Saúde (OMS), e que de acordo com Amorim (s.a.) é uma síndrome (conjunto de sintomas)
caracterizada por distração, agitação/hiperatividade, impulsividade, esquecimento, desorganização,
adiamento crônico, entre outras.
Este trabalho teve como objetivo verificar a importância da Educação Física no
desenvolvimento de alunos com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Esta
pesquisa torna-se relevante devido ao destaqueque inclusão escolar ganhou nos últimos anos, bem
como as indagações a respeito da formação do professor, da acessibilidade às escolas e suas
adaptações. O presente estudo vem ressaltar como a Educação Física contribui para o
desenvolvimento desses alunos com TDAH.

MÉTODOS
Para a escrita deste trabalho foi realizada uma pesquisa bibliográfica baseada na literatura
especializada através de consulta em livros, revistas eletrônicas e artigos científicos selecionados por
meio de busca no banco de dados do Google que direcionou para sites especializados no tema
abordado. Tal pesquisa contribuiu para uma melhor compreensão sobre o TDAH, a Educação Física,
a Inclusão Escolar. O material consultado e estudado também proporcionou um maior
esclarecimento a respeito da importância da Educação Física no desenvolvimento e bem-estar de
alunos com essa patologia.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Educação Física pode ser compreendida como área que aborda e teoriza as atividades
corporais em suas dimensões culturais, sociais e biológicas, cujo foco não se restringe ao esporte e à
atividade física e se amplia para questões de saúde (FIGUEIREDO, 2004).
O Conselho Federal de Educação em 1987, na Resolução 3/87, introduziu a EF Adaptada na
formação do professor de Educação Física e prevê a atuação do mesmo com o portador de
deficiência e outras necessidades especiais. No entanto, muitos professores de EF que lecionam hoje
nas escolas não possuem uma formação adequada para suprir as necessidades desses alunos, poucos
são os que sabem lidar com as necessidades múltiplas e que incluem os discentes de fato (CIDADE;
FREITAS, 2002).
Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs (BRASIL, 1997) determinam que o processo de
ensino-aprendizagem de Educação Física não se restringe ao simples exercício de certas habilidades
e destrezas, mas sim, em capacitar o indivíduo a refletir sobre suas possibilidades corporais e, com
autonomia, exercê-las de maneira social e culturalmente significativa e adequada.
Portanto, observa-se que Educação Física pode ser uma grande ferramenta de interação,
inclusão e socialização dos educandos, uma vez que possibilita o trabalho em grupo, o respeito
mútuo e a valorização do ser humano.
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno
neurobiológico que aparece na infância e que na maioria dos casos acompanha o indivíduo por toda
a vida (RODRIGUES, 2008).
No TDAH a falta de atenção é o sintoma mais importante, podendo até não apresentar
hiperatividade física, mas jamais deixará de apresentar forte tendência à dispersão, que muitas vezes
a própria pessoa se irrita com seus lapsos de dispersão (SILVA, 2003).

17
A desatenção ocorre frequentemente e os indivíduos possuem dificuldade em se concentrar
em tarefas escolares, nos jogos e brincadeiras, ao ler um livro, entre outros. Por outro lado, a
impulsividade-hiperatividade se manifesta como reação imediata a um impulso, sem avaliar as
características da causa desse impulso, são muito agitados e não conseguem ficar parados,
necessitam de se mover constantemente no ambiente onde se encontram (FALCÃO, 2011).
Deste modo, as características que compõem o quadro de alunos com esse transtorno são
causadoras de desajuste escolar, pois estes alunos fogem ao padrão de alunos para os quais nossas
escolas estão preparadas.
O TDAH é um problema que deve ser diagnosticado por um médico ou um psicólogo, o
tratamento em geral é coordenado por um médico, uma vez que existe a necessidade muito comum
de se utilizar medicamentos (MATTOS, 2005).
No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) 9394/96 assegura que todos os indivíduos com
necessidades educacionais especiais têm o direito de frequentar uma escola de ensino regular. Sendo
assim, todas as disciplinas e os professores das mesmas, necessitam se adequar a essa nova proposta
para conseguir suprir as necessidades educacionais de todos os indivíduos.
A disciplina Educação Física especificamente pode conseguir se adequar melhor a esta nova
proposta educacional, pois possui uma maior flexibilidade dos conteúdos programáticos que a
compõem (FERREIRA, 2006).
Segundo Grana (2011) nas aulas Educação Física o enfoque deixa de ser apenas o aprender a
fazer, quando se colocam as dimensões atitudinais, conceituais e procedimentais, estimulando a
verdadeira intervenção do professor quanto ao conhecimento que está por trás do fazer, além dos
valores e atitudes envolvidos nas práticas da cultura corporal de movimento.
Neste contexto, a EF por meio de suas especificidades estará contribuindo de forma
significativa no processo de inclusão escolar, quando, por intermédio de suas práticas coletivas,
valorizando as diferenças e respeitando a diversidade, observando sempre as capacidades e
habilidades individuais e praticando uma intervenção consciente e responsável (FERREIRA, 2006).

Quando se trata do TDAH, o professor trabalhará com o transtorno comportamental do


indivíduo, podendo oferecer atividades de desenvolvimento apropriado, dando ênfase ao
condicionamento físico, equilíbrio e movimentos básicos (SILVA; RIBEIRO, 2012).
Portanto, este profissional terá a função de trabalhar nessas crianças, estratégias de adaptação
e superação, identificando os pontos fortes e fracos para um melhor desenvolvimento.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após uma análise minuciosa do material pesquisado, foi possível observar que nas últimas
décadas muito se falou e interessou sobre a inclusão de alunos com necessidades especiais nas
instituições de ensino.
Os artigos estudados nos permitem afirmar que a maioria das escolas de ensino regularnão
estão preparadas para receber alunos com TDAH ou qualquer outra necessidade educacional
especial e que, seus professores necessitam de uma formação continuada e adequada de modo a
atender as necessidades destes alunos.
Devido às necessidades especiais dos alunos com a TDAH, se fazem necessários criar
alternativas e adaptações nas aulas de Educação Física para que estes possam estar inclusos de modo
significativo, o que propiciará uma melhor participação nas atividades e interação com seus colegas.

18
Com tudo isso, pode-se afirmar que é importante a inserção da educação inclusiva nas
escolas regulares e que a Educação Física contribui significativamente para o desenvolvimento das
crianças com TDAH.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Instituto Paulista de Déficit de Atenção. Disponível em: <http://dda-
deficitdeatencao.com.br/oquee/>. Acesso em 15 de outubro de 2016.

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<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro07.pdf>. Acesso em 15 outubro de 2016.
CIDADE, R. E.; FREITAS, P. S. Educação física e inclusão: considerações para a prática
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FALCÃO, M. L. C. Inclusão escolar de alunos com TDAH: um estudo de caso no Município de
Ipatinga-MG. Monografia Especialização em Desenvolvimento Humano, Educação e Inclusão
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deficiências:multiplicidade, complexidade e maleabilidade corporal. Juiz de Fora, MG: CBDCR,
2006.
FIGUEIREDO, Z. C. C. Formação Docente em Educação Física: experiências sociais e relação com
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19
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ACAO_FISICA/artigos/EdF_Ed_Especial.pdf>. Acesso em 20 outubro de 2016.
ACESSIBILIDADE AO TRATAMENTO DE TUBERCULOSE

ANDRADE, Heuler Souza¹;RODRIGUES, Heliton Santos²; ROMANO, Júlia Maria Nogueira³.


20
Síntese: A tuberculose é uma doença infecciosa, considerada um importante desafio para a saúde pública.Vários
fatores influenciam no processo de produção de serviços de saúde, problemas inerentes aos medicamentos e
abandono do tratamento. Portanto, o estudo teve como objetivo investigar a acessibilidade de pacientes aos
serviços de saúde para tratamento da tuberculose. Este estudo trata de uma revisão sistemática, através de 10
artigos científicos encontrados na Biblioteca Virtual da Saúde, utilizando-se os descritores: acessibilidade,
tratamento e tuberculose. Determinaram-se três categorias facilitadoras do acesso ao tratamento: dimensões
econômica, geográfica e organizacional. Foram encontrados na dimensão econômica resultados variados entre
regular e insatisfatório nos indicadores “perda do dia de trabalho devido à consulta médica de tuberculose” e
“despesa pelo transporte até a unidade de saúde”. A dimensão geográfica apontou índices insatisfatórios nos
indicadores “realização do tratamento de tuberculose na unidade de saúde mais próxima de casa” e “utilização de
transporte motorizado no deslocamento até a unidade de saúde”. Na acessibilidade organizacional, foram
encontrados pontos frágeis nos indicadores “recebimento de visita domiciliar durante o tratamento”,
“oferecimento de vale-transporte” e resultados satisfatórios nos indicadores “consulta médica em menos de 24
horas”, “falta de medicamentos durante o tratamento” e “espera média por consulta médica de retorno maior que
60 minutos”. Compreende-se que o sucesso no combate à endemia será alcançado, através da gestão transetorial,
na identificação dos determinantes sociais relativas às dimensões para ampliação do acesso ao tratamento de
tuberculose.

Palavras-chave: Acesso; Assistência; Indicadores.

INTRODUÇÃO
A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa, considerada um importante desafio para a saúde
pública. Trata-se de uma patologia que atinge indistintamente diversas faixas etárias e classes sociais
(ARAÚJO et al., 2015).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que 22 países concentram cerca de 80% dos casos
de tuberculose. O Brasil ocupa o 17º lugar entre 22 países, os índices mais elevados estão
concentrados nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro (BRASIL, 2014).
Uma das principais dificuldades encontradas na acessibilidade ao tratamento da TB refere-se à
situação socioeconômica, acessibilidade organizacional e a distância geográfica, ambas representam
grande barreira na acessibilidade aos serviços de atenção a TB e afeta a população pobre
excessivamente (ARCÊNCIO, 2008; SOUZA, 2015).
Para diminuir a alta taxa de abandono do tratamento, a OMS criou algumas estratégias. Dentre elas o
Tratamento Diretamente Observado de Curta Duração (DOTS). Estratégia STOP TB, que visa
permitir o acesso universal aos cuidados de TB e o Plano de Ação do Programa Nacional de Controle
da Tuberculose (PNCT) fundamentado na descentralização e horizontalização das ações de
vigilância, prevenção e controle da TB (CHIRINOS et al., 2011; SANTOS, 2007).

¹Heuler Souza Andrade – Professor Mestre do Curso de Graduação de Enfermagem da UEMG. Contato:
heuler.andrade@uemg.br
²Heliton Santos Rodrigues – Aluno do Curso de Enfermagem da UEMG
³Júlia Maria Nogueira Romano - Aluno do Curso de Enfermagem da UEMG
Considerando a TB como uma patologia de grande relevância dentro do contexto apresentado e a
acessibilidade aos serviços de saúde ser fundamental para a efetividade do tratamento, objetivou-se
com este estudo, investigar a acessibilidade de pacientes aos serviços de saúde para tratamento da
tuberculose.
21

MÉTODOS
Trata-se de um estudo de revisão sistemática, a fim de investigar qual a acessibilidade de pacientes
aos serviços de saúde para tratamento da tuberculose. Considerou-se para identificação dos estudos,
artigos originais no idioma português e publicados nos últimos 10 anos, que tenham como tema
principal acessibilidade ao tratamento de tuberculose no Brasil. Foram excluídos artigos não
referentes ao tema acessibilidade. A revisão foi realizada utilizando-se a busca de forma ampla
através da Scientific Eletronic Librany Online (SciELO) e da Biblioteca Virtual da Saúde (BVS). A
busca foi realizada pela combinação simultânea dos descritores: acessibilidade, tratamento,
tuberculose.

RESULTADOS
Foram encontrados na BVS 26 estudos, da amostra se excluíram nove artigos repetidos e seis artigos
por não preencherem os critérios de inclusão. Dessa forma, a amostra final totalizou 10 artigos.Os
estudos selecionados foram publicados entre os anos de 2009 a 2015. O período de maior ocorrência
compreende entre 2011 e 2012, com seis publicações. Em relação às dimensões de acessibilidade
analisadas, as dimensões geográfica e organizacional foram identificadas em 10 artigos e a dimensão
econômica em cinco artigos. Os dados encontrados foram analisados e categorizados em três
dimensões: econômica, geográfica e organizacional.

DISCUSSÃO
Dimensão econômica
O tratamento de TB gera gastos significativos ao portador de todas as classes sociais, porém está
diretamente relacionada a fatores econômicos com incidência significativa em classes baixas, onde
muitos não têm condições de arcar com as despesas. Os elevados gastos impõem uma barreira
econômica que comprometem a acessibilidade ao tratamento do portador de TB (ARCÊNCIO et al.,
2011).
As principais dificuldades encontradas na dimensão econômica é a perda do dia de trabalho devido a
consulta médica para o tratamento da TB e despesas pelo transporte até a unidade de saúde, estes
indicadores apresentam pontos frágeis ao portador e estão relacionados a disposição geográfica para
organização dos serviços de saúde (ARAKAWA et al., 2011).

Dimensão geográfica
A dimensão geográfica é significativa para o tratamento da TB já que a disposição das unidades de
saúde pode se tornar uma barreira de acesso ao serviço de saúde, visto que os centros de referência
para o tratamento normalmente se situam nas localidades centrais das zonas urbanas, enquanto os
portadores de TB residem nas periferias das cidades, onde se concentram os grandes níveis de
índices de peculiares da TB, como o desemprego, favelamento e drogadição, dessa forma acarreta
aumento das suas despesas na busca pelo tratamento (ENGEL et al., 2013).
Estudos expõem que as terapêuticas da TB em unidades de referências centralizadas, geram
obstáculos a acessibilidade geográfica, onde a relação de distância do domicilio do paciente e o
serviço de saúde torna-se insatisfatória. Estudos evidenciam que quanto maior a distância do
deslocamento dos usuários aos serviços de saúde, menor é a procura por estes serviços. Assim, a
distância geográfica assume grande relevância para a garantia da acessibilidade ao tratamento de TB
(ARCÊNCIO et al., 2007).

Dimensão organizacional
Compreende-se como acessibilidade organizacional as estratégias oferecidas pela instituição para
tornar mais fácil o atendimento às demandas. Questões como a organização da instituição, a
qualidade dos recursos humanos e tecnologias disponíveis direcionam como será o acesso.
(CLEMENTINO et al., 2010).
Os estudos evidenciam a relação da dimensão organizacional sobre as demais. A principal evidencia
encontrada é a eficiência ao acesso em campos com programas de controle a TB e a dificuldade ao
acesso em campos de estudo sem os programas de controle a TB. A insatisfação dos usuários é
encontrada principalmente em unidades centralizadas, fazendo necessária a descentralização dos
serviços de saúde (SOUZA et al., 2015).

CONCLUSÕES
A análise dos estudos possibilitou observar que a acessibilidade é fundamental para o controle da
TB. É necessário o planejamento das ações e qualificação dos profissionais, direcionada a cada
programa responsável por levar o acesso até os usuários vulneráveis em estado econômico,
geográfico e organizacional. O estudo identificou a evolução dos programas de controle a TB, acesso
e aceitação do tratamento pelos usuários. O sucesso no combate a endemia será alcançado através da
gestão transetorial, na identificação dos determinantes sociais relativas as dimensões para ampliação
do acesso ao tratamento de TB.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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serviços de saúde. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2011; 19(4):09. Disponível em:
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ARAÚJO, SRL. et al. Perfil epidemiológico da tuberculose pulmonar na cidade do Natal – RN. ; J
Infect Control. 2015; 4 (1): 16-19. Disponível em:
<http://jic.abih.net.br/index.php/jic/article/view/77/pdf.>Acesso: 26 set. 2015.

ARCÊNCIO, RA. et al. Barreiras econômicas na acessibilidade ao tratamento da tuberculose em


Ribeirão Preto – São Paulo. Rev Esc Enferm USP. 2011; 45(5):1121-7. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342011000500013>. Acesso em:
17 abr. 2016

ARCÊNCIO, RA; OLIVEIRA, MF; SCATENA, Villa TC. Internações por tuberculose pulmonar no
Estado de São Paulo no ano de 2004. Ciência & Saúde Coletiva. 2007; 12(2): 409-417. Disponível
em: <http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=63012214>. Acesso em: 29 set. 2015.

ARCÊNCIO, RA. A acessibilidade do doente ao tratamento de tuberculose no município de


Ribeirão Preto (2007). Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto. 2008; 140 f.: fig. Disponível
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CLEMENTINO, FS; MIRANDA, FAN. Acessibilidade: identificando barreiras na descentralização


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Disponível em: <http://www.facenf.uerj.br/v18n4/v18n4a14.pdf>. Acesso em: 28 ago. 2016. 23

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uma revisão integrativa. Texto Contexto Enferm. 2011; 20(3): 599-406. Disponível em:
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abandono dos casos de tuberculose. 2015. Disponível em:
<https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/17955/1/Tese%20Final.%20Marcia%20São%20Pedro%20
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AMAMENTAÇÃO: UMA ABORDAGEM DO PROFISSIONAL ENFERMEIRO NA REDE
PÚBLICA DE SAÚDE DE NOVA SERRANA-MG

PINTO, Daniella Campo¹; PIRES, Jeane Aparecida¹; ASSUNÇÃO, Raquel Silva².


24
Síntese: Amamentar é muito mais do que nutrir a criança. É um processo que envolve interação profunda entre
mãe e filho, com repercussões no estado nutricional da criança, em sua habilidade de se defender de infecções, em
sua fisiologia e no seu desenvolvimento cognitivo, emocional, e em sua saúde no longo prazo, além de ter
implicações na saúde física e psíquica da mãe. Logo o objetivo desta pesquisa foi identificar a atuação do
enfermeiro na assistência ao aleitamento materno nas unidades básicas de saúde no município de Nova Serrana.
Trata-se de uma pesquisa de campo, descritiva, de caráter exploratório e abordagem quantitativa realizada nas
Unidades de Saúde, básicas e policlínica do município de Nova Serrana com os enfermeiros, utilizando-se como
método para a coleta a entrevista. Para a análise dos dados, foram utilizados procedimentos de estatística
descritiva, apresentados em forma de tabelas e gráficos com frequência e percentual, foi realizada a comparação
dos dados com referencial teórico e análise qualitativa das falas com categorização das mesmas para compreensão
dos significados. Partindo do princípio de que as orientações sobre amamentação e o acompanhamento do ato
deve partir do profissional enfermeiro, para auxiliar as mães a enfrentarem suas maiores dificuldades com o
aleitamento materno, esta pesquisa evidenciou que houve certa falha do enfermeiro como base social capacitada.
Os resultados apontaram que os enfermeiros necessitam de se conscientizar mais referente ao seu papel frente à
promoção do aleitamento materno, visto que sabem das inúmeras vantagens e que são eles que devem passar estas
informações. Existe uma grande falha na visão do seu papel diante a sociedade, e que precisa ser corrigido.

Palavras-chave: Aleitamento Materno; Enfermagem; Unidade Básica de Saúde.

INTRODUÇÃO

O processo da amamentação, embora aparentemente simples e com automatismo fisiológico


singular, requer um complexo conjunto de condições interracionais no contexto social da mulher e de
seu filho. Somente a informação ou a orientação não basta para que as mulheres tenham sucesso em
sua experiência de amamentar ou que fiquem motivadas a fazê-lo. É preciso dar condições concretas
para que mães e bebês vivenciem esse processo de forma prazerosa e com eficácia, pois fatores
individuais, familiares e sociais aparecem como desafios a serem enfrentados para o sucesso da
amamentação.
Na fase inicial da vida, o leite humano é indiscutivelmente o alimento que reúne
características nutricionais ideais, com balanceamento adequado de nutrientes em quantidades
ajustadas as necessidades e a capacidade digestiva e metabólica da criança, como também fatores de
protetores e substâncias bioativas que garantem sua saúde e o crescimento e o desenvolvimento
plenos. Além proporcionar condições ideais para comunicação e a troca de afeto entre mãe e filho
(PINHO, 2011).
Com bases em evidências científicas e enfatizado pela OMS recomenda-se a prática da
amamentação exclusiva por seis meses e a manutenção do aleitamento materno acrescido de
alimentos complementares até os dois anos de vida ou mais. No entanto, existem inúmeros fatores
envolvidos na dificuldade em amamentar ou na interrupção precoce da amamentação, entre eles o
¹Autor de contato: Jeane Aparecida Pires, e-mail: jeane.aparecida@hotmail.com¹Graduanda em Enfermagem UEMG – Unidade
Divinópolis.
²Mestre em Enfermagem. Docente de Enfermagem da UEMG – Unidade Divinópolis.
desconhecimento das mães sobre o aleitamento materno (AM), além dos aspectos sociais, políticos e
culturais que condicionam a amamentação. Assim sendo “... a mulher precisa ser assistida e
amparada para que possa desempenhar a bom termo o seu novo papel social, o de mulher-mãe-
nutriz” (BRASIL, 2015).
Como futuras profissionais de Enfermagem, queremos saber se o enfermeiro atua ou não como um 25
facilitador deste conhecimento. Nesse sentido, decidimos pesquisar o conhecimento que enfermeiro
possui para orientar as mães, além de como e quando ele realiza essa orientação.

MÉTODOS
Trata-se de uma pesquisa de campo, descritiva, de caráter exploratório e abordagem
quantitativa.Este estudo foi desenvolvido nas Unidades de Saúde, Básicas e policlínica do município
de Nova Serrana, localizado no Centro Oeste Mineiro, no estado de Minas Gerais.A população do
estudo foi composta pelos profissionais Enfermeiros, atuantes nas Unidades Básicas de Saúde.
Foi usado como critério de inclusão atuar na ESF por tempo igual ou superior a três meses,
pois se apresenta como o período de experiência, definido pelas normas do direito privado da
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), conforme Decreto-lei n.º 5.452, 1943,e estar em atividade
no momento da pesquisa. Como critério de exclusão o profissional Enfermeiro que esteja de férias,
licença médica e licença maternidade no momento da pesquisa.
O instrumento para a coleta de dados constituiu-se de um roteiro de entrevista
estruturada,baseada na utilização de um questionário como instrumento de coleta de informações,
com abordagem na caracterização profissional, no conhecimento específico em aleitamento materno,
formas de abordagem as gestantes, sistematização da assistência pelos enfermeiros.
Os dados quantitativos foram transcritos em planilhas da Microsoft Excel com o mesmo
conteúdo do questionário acrescido de cálculo numerário de soma e percentual.Para a análise dos
dados, foram utilizados procedimentos de estatística descritiva, apresentados em forma de tabelas e
gráficos com frequência e percentual, foi realizada a comparação dos dados com referencial teórico e
análise qualitativa das falas com categorização das mesmas para compreensão dos significados.

RESULTADOS
Segundo resultados, notou-se a prevalência em média de 8 (20%), 10 (20%) e 15 (20%)
pacientes que os enfermeiros atendem por turno de consulta, turno compreendido como 04 horas/dia
no horário da manhã ou da tarde. Referente à duração de cada consulta a prevalência esteve em 30
(33,3%) e 40 (33,3%) minutos. Sobre a puericultura, o tempo de predomínio foi de 20 (33,3%) e 30
(40%) minutos para sua realização.
Nota-se, segundos os dados encontrados, que todos os profissionais enfermeiros em algumas
de suas consultas de pré-natal falam da importância de se amamentar o bebê. Quando o assunto é
orientar a gestante prestes a dar à luz sobre a amamentação, dez (66,6%) dos profissionais
participantes orientam emdiversificada que recebe para atendimento, como no caso de gestantes e
puérperas, e deve estar capacitado para identificar e realizar momentos educativos, que facilitem a
amamentação no ponto de vista da mãe.
Quase todas as consultas, um (6,66%) em algumas vezes e quatro (26,66%) profissionais
orientam muito raramente. Sobre as vantagens da amamentação, treze (86,66%) profissionais falam
na maioria das consultas, um (6,66%) eventualmente e um (6,66%) muito raramente em suas
consultas realizadas.Referente ao questionamento dirigido a mãe de como anda a amamentação,
quatorze (93,33%) profissionais perguntam na maioria das consultas e um (6,66%) muito raramente.
O que se observa com estes resultados é que a média alcançada não é ruim, porém, o que se
almeja é que os profissionais sempre enfatizem em suas consultas, as vantagens, a importância da
amamentação, dando orientações que facilitem o ato para a mãe, questionado sempre como anda a
amamentação, para que a taxa de aleitamento materno não decaia, e as mães não introduzam
precocemente a alimentação na criança.
Já nas questões de verdadeiro ou falso pôde-se perceber a grande divergência de informações
que são dadas às gestantes e puérperas, visto que ao responder às afirmações cada profissional,
segundo seu ponto de vista e conhecimento, julgou ser verdadeiro ou não. 26
Os profissionais estudados necessitam se conscientizar mais referente ao seu papel frente à
promoção do aleitamento materno, visto que sabem das inúmeras vantagens e que são eles que
devem passar estas informações. Existe uma grande falha na visão do seu papel diante da sociedade,
e que precisa ser corrigido.

DISCUSSÃO
A consulta de enfermagem tem como meta prestar cuidados de forma sistematizada, de
maneira geral e individualizada, abordando problemas de saúde, colocando em prática e avaliando a
assistência para que contribuam assim com a promoção, proteção, recuperação e reabilitação de sua
saúde. Para a realização da consulta de enfermagem é necessário colocar ordem nas ações a serem
executadas, como a sequência dada ao histórico de enfermagem e exame físico, diagnóstico de
enfermagem, plano terapêutico ou prescrição de enfermagem, e a avaliação (CAMPOS et al, 2011).
O profissional enfermeiro, que é capacitado em aleitamento materno, pode e deve estar
trabalhando em conjunto com a população, não somente prestando cuidados, mas também
trabalhando na promoção da saúde de maneira eficaz (ANDRADE, AMORIM, 2009).
Pouco menos de dois terços das mães responderam terem sido ouvidas sobre suas dúvidas e
preocupações à respeito do aleitamento materno, ou seja, ainda existe grande falha no sistema, onde
os profissionais agem de forma inapropriada por não investir em orientações e questionamentos tão
simples de que são tão benéficos (CRUZ et al 2010).
O profissional enfermeiro precisa estar apropriadamente qualificado para capacitar as
gestantes e nutrizes sobre a amamentação com informações adequadas e acessíveis. Esta prática
citada contribui exacerbadamente para o aleitamento materno exclusivo até os seis meses, trazendo
como consequência o bem estar do filho e da mãe (MACHADO et al, 2012).Sabendo informar sem
erros, o profissional enfermeiro consegue ser exato a respeito das vantagens e importância do
aleitamento materno, deixando a mulher mais à vontade para amamentar. Esta é uma missão para
todos os profissionais de saúde, principalmente do enfermeiro, que tem contato direto com o paciente
e pode influenciar decisivamente a prática do aleitamento materno (MACHADO, 2012).
A orientação para a lactação é um enorme desafio para o profissional de saúde, uma vez que
se está diante de uma demanda para a qual não foi preparado, e que exige emotividade e habilidade
para agir. É clara a necessidade de capacitação do profissional de saúde para intervir na assistência
em amamentação, vendo a mãe em todas as suas versões do ser mulher, buscando com isso alcançar
o almejado desejo de que todas as mães amamentem seus filhos. O profissional discutido deve
sempre se mostrar disponível em partilhar as várias situações que envolvem a experiência da mulher
em amamentar (RIBEIRO et al, 2014).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dessa pesquisa, nos foi possível perceber a relevância da assistência de enfermagem
na prática e incentivo da puérpera para a amamentação. No entanto, o município estudado apresentou
deficiência desta prática de enfermagem na assistência a gestante, a puérpera e a criança. Referente
ao incentivo à prática da amamentação por parte dos profissionais de enfermagem, percebeu-se que
essa contribuição não foi satisfatória, uma vez que os enfermeiros participantes demonstraram falhas
em suas respostas, frente à assistência.
Orientações necessárias, condutas necessárias, apresentaram-se defasadas. Portanto, faz-se
necessária a implantação de ações de educação, capacitação e incentivo a lactação na unidade básica
de saúde, permitindo mais chances de divulgar e promover o aleitamento materno, estimulando as
mães a amamentarem seus filhos. Sugere-se que o município adote metas para o acompanhamento da
assistência ao aleitamento materno, caso não o tenha, desta forma, contribuindo para a diminuição do
índice de desmame precoce.

REFERÊNCIAS
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científicas: uma revisão integrativa da literatura. Universidade Federal de Minas Gerais.
Faculdade de Medicina. Núcleo de Educação em Saúde Coletiva. Conselheiro Lafaiete, 2011.

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em: <http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/pnab.pdf>.Acesso dia 30 de Novembro de
2015.
CAMPOS, R. M. C. et.al. Consulta de enfermagem em puericultura: a vivência do enfermeiro
na Estratégia de Saúde da Família. Revista Escola de Enfermagem USP, São Paulo, v. 45, n. 3, p.
566-74. 2011
ANDRADE, E. R.; AMORIM, M. M. Atuação Do Enfermeiro No PSF Sobre Aleitamento
Materno. Perspectivas Online, Rio de Janeiro, v. 3, n. 9. 2009.
CRUZ, S. H. et.al. Orientações sobre amamentação: a vantagem do Programa de Saúde da
Família em municípios gaúchos com mais de 100.000 habitantes no âmbito do PROESF.
Revista Brasileira de Epidemiologia, Rio Grande do Sul, v. 13, n. 2, p. 259-267. 2010.

MACHADO, M. O. F. et.al.Aleitamento materno: conhecimento e prática. Revista Escola de


Enfermagem USP, São Paulo, v. 46, n. 4, p. 809-15. 2012.
RIBEIRO, D. L. et.al. Atuação do enfermeiro no Aleitamento Materno. Sociedade de Educação e
Cultura De Goiás, Goiâna, 2014. Disponível em: < www.faculdadepadrao.com.br/.../169-
aleitamento-materno-atuacao-do-enfermeiro>. Acesso dia 22 de Outubro de 2016.
ANÁLISE MACROSCÓPICA E PARÂMETROS MICROBIOLÓGICOS DE NASCENTES
DA ÁREA URBANA DE CLÁUDIO – MG

¹ROCHA, Bruna Fonseca; ²FONSECA, Alysson Rodrigo;³SOUSA, Fabrízio Furtado de.

Síntese: As nascentes configuram-se como importantes sistemas para a manutenção do equilíbrio hidrológico e
ambiental das bacias hidrográficas, estando presentes tanto nas áreas naturais, quanto nas urbanas. Este estudo
teve como objetivo a identificação, georeferenciamento e análise macroscópica da qualidade ambiental das
nascentes presentes na área urbana do município de Cláudio - MG, assim como a análise microbiológica da água.
Para tanto, os impactos ambientais nas nascentes foram avaliados a partir da interpretação do Índice de Impacto
Ambiental em Nascentes – IIAN, que considera treze parâmetros macroscópicos para avaliação e possibilita
posteriormente o estabelecimento de classes que refletem a qualidade ambiental da nascente. A análise
microbiológica da água foi realizada através do Teste do Substrato Cromogênico, que mostra a presença ou
ausência de Coliformes Totais e Termotolerantes. Foram analisadas oito nascentes, sendo que em uma dessas os
aspectos ambientais não puderam ser avaliados, pois tratava-se de uma região brejosa com afloramento difuso
d’água. Os resultados evidenciaram que as maiorias das nascentes avaliadas se encontravam em avançado estado
de degradação. Nenhuma delas foi classificada “Ótima”, uma se enquadrou como “boa” (classe B) e as demais
foram enquadradas como “razoável” (Classe C, n = 3) e “ruim” (Classe D, n = 3). Verificou-se que a cor da água
(n=7), falta de proteção das áreas das nascentes (n = 6), degradação da vegetação (n=7) e o lixo no entorno das
nascentes (n=7) foram os principais impactos negativos identificados. Os testes microbiológicos mostraram, em
todas as nascentes e nos dois períodos avaliados, a contaminação por coliformes totais e termotolerantes. Tais
resultados revelam o descaso do poder público e da própria sociedade em relação às nascentes presentes na área
urbana do município e evidenciam a necessidade de medidas de recuperação e manutenção desses mananciais.

Palavras chave: Contaminação; Impactos Ambientais; Mananciais.

INTRODUÇÃO
A exploração inadequada dos recursos naturais e a exploração imobiliária têm causado
inúmeros problemas ambientais, afetando não somente o solo e atmosfera, mas também os recursos
hídricos e em especial as nascentes. O comprometimento da qualidade ambiental desses mananciais
tem decorrido principalmente da poluição e contaminação causada pelas ações antrópicas, aliada à
exploração imobiliária, não somente nas áreas rurais, mas também urbanas (MALAQUIAS,
CÂNDIDO, 2013).
Nascentes são manifestações superficiais de aquíferos subterrâneos, mais comumente
conhecidos por lençóis subterrâneos, tanto freáticos (camada impermeável presente só na base)
quanto artesianos ou confinados (água localizada entre duas camadas impermeáveis). A emergência
da questão de proteção das nascentes está particularmente presente não somente nas áreas rurais,
mais também em espaços urbanos/metropolitanos.
Os locais onde existem as nascentes são considerados pelo Código Florestal vigente (Lei nº
12.651/2012) áreas de preservação ambiental, devendo a dimensão mínima da faixa marginal de
vegetação nativa a ser preservada, em qualquer que seja sua situação topográfica, de no mínimo 50
metros em torno das nascentes. Entretanto, a legislação específica para a maior parte das zonas
¹
Graduanda em Ciência Biológicas pela Universidade do estado de Minas Gerais. E-mail: bruninhafrocha@hotmail.com
²Doutor em Ciências – Entolomologia pela UFLA. Professor na Universidade do estado de Minas Gerais/Divinópolis
³Doutor em Engenharia Florestal pela UFLA. Professor na Universidade do estado de Minas Gerais/Divinópolis

29
urbanas brasileiras não garantiu a necessária proteção das nascentes ao longo do tempo devido, em
parte, à falta de operacionalização do aparato legal, mas também aos diversos interesses
especulativos e imobiliários do espaço urbana.
A partir das alterações antrópicas dos ecossistemas hídricos, acrescenta-se ainda a
contaminação biológica por microorganismos patogênicos associados à água, podendo decorrer de
contaminação por excretas humanas ou de outros animais bem como de substâncias nocivas à saúde
humana e assim ocasionar incontáveis doenças (CETESB, 2002). Assim, o acompanhamento dos
parâmetros químicos e microbiológicos das nascentes e em especial aquelas utilizadas pelo ser
humano torna-se imprescindível.
Dentre os municípios do centro oeste mineiro, Cláudio, com 25.771 habitantes, apresenta em
sua área urbana nascentes que contribuem significativamente para a vazão da microbacia do Ribeirão
Itapecerica (Rio Itapecerica), sendo este último, afluente pela margem esquerda do Rio Pará
pertencente à Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco.
Este estudo terá como objetivo identificar as nascentes encontradas no Município de Cláudio
- MG, realizar o seu georeferenciamento, análise macroscópica da qualidade ambiental dessas e
ainda, a análise microbiológica da água.

METODOLOGIA
Os impactos ambientais nas nascentes foram avaliados neste trabalho a partir da interpretação
do Índice de Impacto Ambiental em Nascentes – IIAN, apresentado por Felippe e Magalhães
Jr.(2012) e Malaquias e Cândido (2013). Segundo os autores, este procedimento tem como objetivo
verificar de forma qualitativa o grau de proteção em que as nascentes se encontram, através de uma
técnica de avaliação sensorial – macroscópica – e comparativa de alguns elementos-chave na
identificação de impactos ambientais e suas consequências sobre a qualidade das nascentes.
Os dados primários foram obtidos em visitas de campo organizadas, de forma que as 08
nascentes identificadas foram visitadas. Nesta metodologia, os parâmetros macroscópicos são
enquadrados em padrões para a quantificação, possibilitando assim a posterior somatória dos pontos
obtidos, através da pontuação indicada para cada parâmetro ambiental. Dessa forma é possível
atribuir às nascentes diferentes Classificações frente ao Grau de Preservação destas, sendo “A” para
ótima, “B” para boa, “C” para razoável, “D” para ruim e “E” para péssima.
Foram também realizadas, no período seco e chuvoso do ano, análises microbiológicas da
água no que se refere à presença ou ausência de coliformes totais e coliformes termotolerantes
(Escherichia coli), através da técnica de Substrato Cromogênico Enzimático (FUNASA, 2013).

RESULTADOS
Das oito nascentes amostradas, em uma delas (identificada como 5), os aspectos ambientais e
análises microbiológicas não puderam ser avaliados, por se tratar de uma região brejosa com
afloramento difuso da água.
No que se refere às classes obtidas (Tabela 1), verificou-se que nenhuma das sete nascentes
analisadas se enquadraram como “ótima” (Classe A), sendo que apenas uma se enquadrou como
“boa” (classe B). As demais foram enquadradas como “razoável” (Classe C, n = 3), “ruim” (Classe
D, n = 3).
A proteção do local, proximidade com residências e a degradação da vegetação marginal
foram os principais fatores que interferiram negativamente nos impactos evidenciados nas nascentes.

Tabela 1. Quantificação das análises dos Parâmetros Macroscópicos observados nas


nascentes avaliadas em Cláudio/MG, em Dezembro de 2015.

30
Quanto aos padrões microbiológicos, nas duas coletas realizadas, todas as nascentes apresentaram
resultados positivos para presença de coliformes totais e termotolerantes (Escherichia coli).

DISCUSSÃO
Verificou-se que seis das nascentes avaliadas encontravam-se desprotegidas (sem
cercamento) e duas nascentes (nascente 1 e 7) encontravam-se a menos de 50 metros de residências
ou estabelecimentos (TABELA 1). De acordo com Pinto et. al (2004), o cercamento é de grande
importância nas áreas de nascentes, visto que delimita o espaço onde elas se encontram, evitando a
entrada de animais e humanos, que acabam por alterar seu entorno, além de possibilitar a
contaminação da água. Além disto, Código Florestal Brasileiro (BRASIL, 2012), determina as
nascentes como Áreas de Preservação Permanente (APP), devendo ser protegidas em um raio de 50
metros norma esta que não foi atendida em quase a totalidade das nascentes avaliadas.
No que se refere à vegetação (Tabela 1), verificou-se que em duas das nascentes avaliadas
(nascente 4 e 7), esta se encontrava degradada ou ausente, não havendo nascentes em estado
adequado de preservação. Segundo Primack e Rodrigues (2007), a vegetação do entorno dos recursos
hídricos exercem importantes funções ao ecossistema, propiciando uma maior infiltração da água das
chuvas no solo e realizando a recarga dos lençóis freáticos e consequentemente permitindo a
conservação da perenidade, o que diminui a erosão.
Segundo e Richter e Neto (2007), a presença de coliformes na água indica poluição, com o
risco de haver microrganismos patogênicos, assim como sua ausência é indicativo de água potável
sob o ponto de vista microbiológico. Cabe ressaltar que a portaria 2914/2011 (BRASIL,2011)
estabelece que para consumo humano, a água deve apresentar ausência em 100 mL de amostra para o
parâmetro de Coliformes Totais e Termotolerantes.

CONCLUSÕES
O alto índice de parâmetros ambientais negativos detectados nesse estudo e as respectivas
classes obtidas, aliado à presença de coliformes totais e termotolerantes em todas as nascentes
avaliadas, evidencia a falta de planejamento e controle na ocupação da área urbana do município de
Cláudio - MG.

31
Desta forma, é fundamental que os órgãos públicos, junto à sociedade e a iniciativa privada
busquem formas de recuperação e proteção desses mananciais, assim como que as leis de proteção às
APP’s sejam devidamente respeitadas.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Portaria MS nº. 2914, de 12 de dezembro de 2011. Dispõe sobre os procedimentos de
controle e de vigilância da qualidade da água, para consumo humano e seu padrão de potabilidade.
Brasília (DF), 11 dez. 2011
BRASIL. Lei Federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Código Florestal. Ministério da
Agricultura. Disponível em: < http://www.botuvera.sc.gov.br/wpcontent/uploads/2014/09/Lei-
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CETESB – Companhia de tecnologia de Saneamento Ambiental. Análises microbiológicas da
água. São Paulo, 2002. 131p.
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em nascentes de parques municipais em Belo Horizonte - MG. Geografias, v.8, n.2, p.823, 2012.
FUNASA. Manual Prático de Análise de Água. 4a.ed. Brasília: FUNASA, Ministério da Saúde,
2013.
MALAQUIAS, G. B.; CÂNDIDO, B. B. Avaliação dos impactos ambientais em nascentes do
munícipio de Betim, MG: análise macroscópica. Revista Meio Ambiente e Sustentabilidade, v.3
n.2, p.51-65, 2013.
PINTO, L.V.A.; ROMA, T.N. de; BALIEIRO, K.R.C. Avaliação qualitativa da água de nascentes
com diferentes usos do solo em seu entorno. Revista Cerne, v.18, n. 3, jul/set. 2012.

PRIMACK, R. B.; RODRIGUES, E. Biologia da Conservação. Paraná: Editora Vida, Londrina,


2007. 327p.
RICHTER CA, NETO J.M.A. Tratamento de água: tecnologia atualizada. São Paulo: Edgard
Blucher; 2007. 332 p.

32
ANSIEDADES E MEDOS DOS ACADEMICOS DE ENFERMAGEM FRENTE AO
CUIDADO AOS PORTADORES DE SOFRIMENTO MENTAL

SOUZA, Ailton Quirino 1; FRANCINO, Daiane2; GALVÃO, Cristiano Jose Rodrigues3; CORTEZ,
Eduardo Nogueira4

Síntese: O estudo teve por objetivo analisar os sentimentos e perspectivas dos acadêmicos de enfermagem, visto a
possibilidade de futura atuação profissional em serviços de atendimentos à saúde mental do Curso de
Enfermagem da instituição de ensino superior UEMG Unidade Divinópolis-MG. Trata-se de uma pesquisa do tipo
exploratória, descritiva de abordagem quantitativa. A coleta dos dados foi realizada através do preenchimento de
um questionário com questões fechadas, durante o mês de outubro de 2016. Os dados foram tabulados no Excel®,
submetidos à frequência absoluta e relativa, e apresentados em tabelas, sendo analisados à luz do referencial
teórico. Participaram 60 acadêmicos, tendo predominância do sexo feminino, 56,67% iniciaram no ensino
superior a partir de 20 anos, a maioria dos acadêmicos tiveram a oportunidade de estarem em campo de saúde
mental e apresentaram maior prevalência nas reações: medo, tristeza e ansiedade, 43,33 % dos participantes
relataram que não gostam da área e 63,33% relataram que não trabalharia, observaram que as doenças mais
prevalentes nas famílias dos entrevistados foram: ansiedade, depressão e drogas ilícitas. Na visão do acadêmico,
quanto à responsabilidade do cuidado com o portador de transtorno mental, houve uma grande predominância
nas afirmativas: família, hospital psiquiátrico e CAPS. Em relação à dificuldade do cuidar/cuidado com o paciente
portador de transtorno mental relataram: falta de conhecimento, falta de paciência e receio. Neste estudo,
averiguou-se que as reações apresentadas pelos acadêmicos no campo de saúde mental acabaram prevalecendo
após o egresso no campo de estágio, ocasionando as dificuldades apresentada pelos mesmos em reverter essa
situação. Essas reações se dão em virtude da história da psiquiatria, onde os portadores de transtornos mentais
eram vistos com olhares preconceituosos, excluídos da sociedade e temidos por todos.

Palavras–chave: Estudantes de Enfermagem; Saúde Mental; Sentimentos; Emoções .

INTRODUÇÃO
Os enfermeiros têm um papel primordial na assistência aos pacientes com transtornos
mentais, norteando a sociedade e a família o quanto é importante a inserção destes no convívio social
para sua reabilitação psicossocial, fazendo com que os mesmo sintam-se valorizados no meio em que
vivem, entretanto os enfermeiros devem estar preparados para lidar com as limitações, para que
consigam alcançar os objetivos propostos (WAIDMAN, 2012).
E neste contexto, de reorientação do modelo assistencial, desinstitucionalização e serviços
substitutivos, ainda persiste em algumas pessoas o preconceito e em muitas o medo, dificultando o
cuidado para com estes portadores de sofrimento mental através de enfermeiros e equipe de
enfermagem (ZERBETTOet al.,2011).
Desta forma é notório, que a assistência de enfermagem aos pacientes com transtornos
mentais é importante e ao longo dos anos evoluiu em muitos aspectos, entretanto é inegável que ela
padece com muitos problemas, onde se fica enfatizado a importância de se pesquisar sobre tal

1
Graduando de Enfermagem pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)Unidade Divinópolis.
2
Graduanda de Enfermagem pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)Unidade Divinópolis
3
Graduando de Enfermagem pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)Unidade Divinópolis.
4
Docente da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) Unidade Divinópolis.
Autor de contato:ailtonsousa.enf16@gmail.com

33
assunto. Analisar os sentimentos e perspectivas dos acadêmicos de enfermagem visto a possibilidade
de futura atuação profissional em serviços de atendimentos à saúde mental. Outro fator que
influenciou a escolha deste tema é a escassa literatura sobre o mesmo.

MÉTODOS
Trata-se de um estudo exploratório e descritivo de abordagem quantitativa, realizado na
instituição de ensino superior UEMG do município de Divinópolis – MG.
A população foi composta por todos os acadêmicos dos cursos de Enfermagem que estavam
matriculados na instituição e já tinham concluído a disciplina Saúde Mental, no primeiro semestre de
2016. Foram excluídos alunos ausentes nos dias de coleta de dados e que se recusaram a participar da
pesquisa, gerando uma amostra de 60 participantes.
A coleta dos dados foi realizada através do preenchimento de um questionário com questões
fechadas. Os dados foram coletados em sala de aula, após autorização da coordenação do curso e o
professor no momento em sala de aula, durante o mês de outubro de 2016. O projeto teve aprova pela
coordenação do Curso e da Direção Geral da Universidade UEMG e pelo comitê de ética em
pesquisa, através do parecer nº1. 756.713, sendo obedecidos os critérios exigidos na Resolução nº
466/12 do Conselho Nacional de Saúde.
Os dados foram tabulados no Excel®, submetidos à frequência absoluta e relativa, e
apresentados em tabelas, sendo analisados à luz do referencial teórico.

RESULTADOS
Questionados sobre a afinidade ou “o gostar” da área saúde mental, os entrevistados
responderam da seguinte forma: 48,33% gostaram e 43,33% não gostaram.
Sobre a futura possibilidade de trabalhar na área, responderam 63,33% não trabalhariam e
36,67% trabalhariam. Com a possibilidade de marcar mais de uma opção, os motivos que os fazem
pensar nesta futura possibilidade de atuação profissional são: desenvolvimento profissional 41,67%,
gostar da área 25% e desenvolvimento acadêmico e ou curricular 19,44%.
No questionamento sobre as dificuldades de lidar com os portadores de sofrimento mental, os
acadêmicos puderam responder mais de uma opção, sendo: falta de conhecimento 26,87%, falta de
paciência 17,91% e receio 17,16%.

DISCUSSÃO
A maioria dos acadêmicos teve a oportunidade de estar em campo de saúde mental e
apresentaram maior prevalência nas reações: medo, tristeza e ansiedade, sentimentos estes normais,
devido ao primeiro contato com o campo de estágio.
A dificuldade encontrada pelos discentes em seu ambiente de estágio pode emergir diversos
sentimentos que estão ligados às relações interpessoais em seu processo de formação, assim surgindo
possíveis reações emocionais que podem interferir diretamente na assistência prestada (DIAS et.al,
2014). Mas é percebido também que estes sentimentos foram exacerbados, pois o campo de estágio
na área de saúde mental aumenta ainda mais a pressão que o aluno sente.
Houve um número significativo de alunos que afirmaram que não trabalhariam nesta área. É
importante ressaltar sobre trabalhar em que se gosta, neste estudo 43,33 % relataram que não gostam
da área e 63,33% relataram que não trabalharia. Em um estudo realizado por PINHEIRO (2015) no

34
Centro Universitário de Patos de Minas(UNIPAM), no município Patos De Minas em Minas Gerais,
sobre o estranhamento do estudante de enfermagem àépoca de prestar o cuidado à pessoa em
sofrimentomental houve uma semelhança em relação a trabalhar na área de saúde mental, onde os
estudantes deste estudo 69,2% não trabalhariam. É ideal se permitir conhecer tal área, pois o futuro
profissional ainda não sabe ao certo sua opção ou afinidade de área de atuação profissional.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
É imprescindível que se invista durante as graduações novas formas em que os acadêmicos de
enfermagem consigam modificar suas percepções relacionadas à área de saúde mental, sendo estas
voltadas para novos contextos e que os futuros profissionais devem estar aptos para agir diante dos
novos parâmetros de conhecimentos, cuidando das pessoas com transtorno mental com respeito às
suas diferenças.
A mudança ocorrida nas políticas públicas na área de saúde mental ocasionou na enfermagem
uma grande necessidade de profissionais mais capacitados para atuação neste novo modelo de
assistência, estes estando mais aptos às contratações pelos gestores de saúde.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012. Conselho Nacional de Saúde. Ministério
da Saúde. 2012. Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf
FERREIRA, N.F.; FERNANDINO, D.C.; SOUZA, G.R.M.; IBRAHIM, T.F.; FUKINO, A.S.L.;
ARAÚJO, N.C.; VIDAL, C.E.L. Avaliação das Atitudes de Estudantes da Área da Saúde em relação
a Pacientes Esquizofrênicos. Revista Brasileira de Educação Médica, 2015.Disponível
em:http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-55022015000400542&script=sci_abstract&tlng=pt
PINHEIRO, H.R.M.;MENDONÇA, A.T.O estranhamento do estudante de enfermagem à época de
prestar o cuidado à pessoa em sofrimento mental.Revista da Universidade Vale do Rio Verde,
2015. Disponívelem:http://revistas.unincor.br/index.php/revistaunincor/article/view/1832/pdf_337

WAIDMAN,M.A.P.;MARCON,S.S.; PANDINI, A.; BESSA, J.B.; PAIANO, M. Assistência de


enfermagem às pessoas com transtornos mentais e às famílias na Atenção Básica. Acta paul.
enferm., São Paulo , 2012 . Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-21002012000300005
ZERBETTO, S.R.;EFIGÊNIO, E.B.;SANTOS N.L.N.;MARTINS S.C. O trabalho em um Centro de
Atenção Psicossocial: dificuldades e facilidades da equipe de enfermagem. Revista Eletrônica de
Enfermagem, Goiânia, 2011. Disponível em:
http://www.revistas.ufg.br/index.php/fen/article/view/9079

35
ARTRÓPODES-PRAGA NOTIFICADOS PELO SETOR DE CONTROLE DE ZOONOSES
NO MUNICÍPIO DE DIVINÓPOLIS – MG

¹PEREIRA, Marcio Henrique; ²FONSECA, Alysson Rodrigo; ³ROCHA, Bruna Fonseca.

Síntese: Os artrópodes representam o maior filo dentre os animais e são abundantes em praticamente todos os
ecossistemas terrestres. Este estudo teve como objetivo realizar o levantamento da ocorrência desse táxon no
município de Divinópolis – MG, com base no arquivo de ocorrências atendidas pelo Setor de Vigilância Ambiental
do município, nos anos de 2011 a 2013. A partir das informações contidas nas fichas de notificações, foi registrado
o organismo, o local de ocorrência e data. Foi também elaborado mapa do município buscando-se identificar os
locais de maior ocorrência dos organismos. No período estudado foram registradas 3.960 ocorrências, sendo 1.208,
1.254, 1.498, nos anos de 2011, 2012, 2013 respectivamente. As ocorrências para os culicídeos obtiveram um
resultado maior que o de todas as outras pragas juntas, totalizando 2.041 notificações, o que representa uma
porcentagem de 55,31%. Para os demais artrópodes, verificou-se um maior número de notificações para os
carrapatos (37,60%, n = 721), escorpiões (22,80%, n = 437) e pulgas (22,75%, n = 436), que representaram
83,15% de todos os registros em relação aos demais grupos. De um modo geral, as ocorrências apresentaram os
maiores números nas regiões centrais do município, em comparação com as regiões periféricas, possivelmente em
função do elevado nível de urbanização, pressupondo-se nessas regiões maior abundância de alimento e abrigo
para esses organismos. Tais informações são importantes para o planejamento e execução de ações relativas às
atividades de promoção da saúde, prevenção e controle de organismos sinantrópicos e consequentemente das
doenças transmitidas.

Palavras-chave: Organismos sinantrópicos; Saúde Pública; Vigilância Ambiental.

INTRODUÇÃO
A elevada taxa de urbanização deste século tem modificado significativamente os ambientes,
principalmente através a ocupação dos ecossistemas e da necessidade cada vez maior de matéria
prima para os bens de consumo, o que tem exercido forte influência sobre a dinâmica da
zoogeografia moderna. Tais alterações têm ocasionado a extinção de espécies vegetais e animais e/ou
sua migração/adaptação para o meio antropizado, passando esses a conviver com a espécie humana
(SILVA, 2014). Tais animais, assim como outros que convivem com o ser humano, são denominados
sinantrópicos, também conhecidos como pragas urbanas (POLACHINI & FUJIMORI, 2015).
No município de Divinópolis, o Setor de Controle de Zoonoses é o órgão responsável no que
se refere aos agravos e doenças transmitidas por animais (zoonoses), atuando através do controle de
populações de animais domésticos (cães e gatos) e de populações de animais sinantrópicos
(morcegos, pombos, ratos, mosquitos, pulgas, carrapatos, abelhas entre outros).
Todas as ações desenvolvidas por esse setor são arquivadas em forma de fichas em um banco
de dados. Tal arquivo torna-se uma fonte relevante de dados, pois permite identificar, em função do
tempo (sazonalidade) e local, os principais focos de ocorrência de organismos sinantrópicos,
permitindo o mapeamento epidemiológico das pragas urbanas no município, assim como sua
correlação com fatores ambientais e sociais.

¹
Graduando em Ciências Biológicas pela Universidade do estado de Minas Gerais. E-mail:
marciohenrique,div@hotmail.com
²Doutor em Ciências – Entomologia pela UFLA. Professor na UEMG – Campus Divinópolis.
³Graduanda em Ciências Biológicas pela Universidade do estado de Minas Gerais.

36
Nesse sentido, este estudo teve como objetivo realizar o levantamento da ocorrência de
artrópodes no município de Divinópolis – MG, com base no arquivo de ocorrências atendidas pelo
Setor de Controle de Zoonoses do município, nos anos de 2011 a 2013. Acreditamos que tais
informações poderão ser relevantes para o planejamento e execução de ações relativas às atividades
de promoção da saúde, prevenção e controle de organismos sinantrópicos e consequentemente das
doenças transmitidas.
METODOLOGIA
Estudo exploratório foi realizado através de pesquisa documental nas fichas do Setor Epidemiologia
Ambiental do município de Divinópolis – MG, nos anos 2011, 2012 e 2013, totalizando 3.960
ocorrências. A partir das informações contidas nessas fichas foi registrado o organismo sinantrópico,
o local de ocorrência e data. Inicialmente os dados foram organizados em planilhas do programa
Microsoft Excel para cálculos de frequência e formação de tabelas e gráficos. Foram elaborados
mapas de risco buscando-se identificar os locais de maior ocorrência dos organismos por meio de
mapas do município. Buscou-se também correlacionar as ocorrências com fatores ambientais locais
que possam estar favorecendo a presença desses organismos.

RESULTADOS
Foram registrado um total de 3.960 ocorrências relativas ao Filo Arthropoda, sendo nos anos
2011, 2012 e 2013 registrados um montante de 1.208, 1.254 e 1.498 organismos, respectivamente.
As ocorrências para os culicídeos (Diptera: Culicidae) obtiveram um resultado maior que o de
todas as outras pragas juntas, totalizando 2.041, sendo 575 (47,64%) em 2011, 462 (36,84%) em
2012 e 1.004 (67,93%) em 2013.
Verificou-se que os carrapatos, escorpiões e pulgas somaram juntas 1.594 ocorrências, sendo
721 ocorrências referentes a carrapatos (37,60%), 437 ocorrências à escorpiões (22,80%) e 436
ocorrências referentes à pulgas (22,75%), apresentando uma percentagem de 83,15% em relação aos
demais grupos registrados, conforme representado na Figura 1.

Figura 1. Comparativo de ocorrências de artrópodes registradas no município de Divinópolis– MG,


nos anos de 2011 a 2013, com exceção dos Culicidae.

No que se refere a distribuição geográfica das ocorrências em Divinópolis A região que


apresentou um maior número de casos foi a Sudeste (2) com 859 registros, o que representa 22, 62%
e a com menor número a Região Zona Rural Noroeste (10) com 13 casos, que equivale a 0,34%.

37
DISCUSSÃO
Os culicídeos, conhecidos popularmente como mosquitos, pernilongos e muriçocas, têm
interesse para a saúde pública pelo transtorno que causam através das picadas ou por participarem na
transmissão de doenças, como a dengue, febre amarela, malária, filarioses e encefalites
(MARCONDES e FREITAS, 2013) e mais recentemente a chikungunya e Zika vírus (VENTURA et
al. 2016).
Os carrapatos são considerados como de grande importância por serem vetores de
microrganismos patogênicos incluindo bactérias, protozoários, rickétsias e vírus, e ainda, pelos danos
diretos ou indiretos causados em decorrência do seu parasitismo (SERRA FREIRE et al., 2013).
Os escorpiões, que ocuparam o terceiro lugar no número de registros analisados, são
invertebrados peçonhentos responsáveis pelo maior número de acidentes causados ao homem pelos
artrópodes (SVS, 2010). No Brasil, são relatados casos de escorpionismo em quase todos os estados,
principalmente em Minas Gerais e São Paulo, onde os escorpiões constituem problema de saúde
pública (SILVA e CATÃO, 2014).
As pulgas destacam-se por serem vetores de doenças como peste bubônica, tifo murino e
tularemia (NÚNCIO e ALVES, 2014). Estes insetos são também importantes causadores alergias,
irritações e perda de sangue de seu hospedeiro, em função do parasitismo (ALVES et al., 2009).
De um modo geral, as ocorrências apresentaram os maiores números nas regiões centrais do
município, em comparação com as regiões periféricas, possivelmente em função do elevado nível de
urbanização, pressupondo-se nessas regiões maior abundância de alimentos e abrigo para esses
organismos.

CONCLUSÕES
Verificou-se um maior número de registros para os dípteros culicídeos, seguido por
carrapatos, escorpiões e pulgas. Outros organismos, como lagartas, baratas, formigas, percevejos,
aranhas, bicho de pé, piolho de cobra, dentre outros, geraram ocorrências, porém em número
reduzido. Maior representatividade de registros foi identificada nas regiões de planejamento centrais
do município. Tal fato provavelmente ocorre em função da maior densidade populacional verificadas
nessas áreas e pelas condições ambientais que oferecem maior gama de recursos (alimento, abrigo e
água) para esses organismos.
Em função dos dados registrados nas fichas, acreditamos que se torna necessário que o setor
de Vigilância Ambiental acrescente outras informações que propiciarão uma análise mais acurada do
problema, como por exemplo, as condições físicas (ambientais) do local, a possível identificação da
espécie e ainda, as ações desencadeadas em cada caso específico. Essa maior amplitude de
informações daria uma visão técnica mais clara da situação e do organismo em questão,
possibilitando um maior conhecimento e o direcionamento de ações e políticas eficientes de
prevenção e controle desses artrópodes-praga.

REFERÊNCIAS
ALVES, A.S.; MILHANO, N.; SANTOS‐SILVA, M.; SANTOS, A.S.; VILHENA, M.; SOUSA, R.
Evidence of Bartonella spp., Rickettsia spp. and Anaplasma phagocytophilum in domestic, shelter
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MARCONDES, C.B.; FREITAS, V.F. Anopheles deaneorum: a new potential malaria vector in State
of Santa Catarina, Brazil (Diptera: Culicidae). Revista da Sociedade Brasileira de Medicina
Tropical, v. 46, n. 1, p. 121-122, 2013.

38
NÚNCIO, M.S.; ALVES, M.J. Doenças associadas a artrópodes vetores e roedores. Lisboa:
Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, 2014. 184 p.

POLACHINI, C. O.; FUJIMORI, K. Leptospirose canina e humana, uma possível transmissão


conjuntival no Município de São Paulo, Estado de São Paulo, Brasil. Revista Pan-Amazônica de
Saúde, v. 6, n. 3, p. 59-65, 2015.
SERRA-FREIRE, N.M.; NORBERG, A.N.; OLIVEIRA, J.T.M.; LÔBO, R.S.F.; SANCHES, F.G.
Carrapatos, saúde pública e bioterrorismo. Revista Uniabeu, v. 6, n. 12, p. 242-257, 2013.
SILVA, J. F. A.; CATÃO, R. C.. Análise Geográfica da Distribuição dos Escorpiões no Município
de Presidente Prudente-SP| Analysis of the Geographical Distribution of Scorpions in the
Municipality of Presidente Prudente/SP. Revista Pegada, v. 15, n. 1, p. 136-150, Jun.2014. Online.
Disponível em:<http://revista.fct.unesp.br/index.php/pegada/article/viewArticle/2922>. Acesso em:
25 Fev. 2015.

SILVA, L. M.. A influência da pressão antrópica sobre a saúde da fauna silvestre nativa brasileira no
contexto de enfermidades parasitárias. 2014. 37 f. Monografia. (Medicina Veterinária) -
Universidade Federal do Rio Grande do sul, Porto Alegre, 2014. Disponível em:
<http://hdl.handle.net/10183/104890>. Acesso em: 25 Fev. 2015.
SVS. SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE. MINISTÉRIO DA SAÚDE.Situação
epidemiológica das zoonoses de interesse para a saúde pública. Boletim Eletrônico
Epidemiológico, v. 10, n. 2, 82 p., Abr. 2010.
VENTURA, C.V.; MAIA, M.V.; BRUNA, V., LINDEN, V.V.D.; ARAÚJO, E.B., RAMOS, R.C.,
ROCHA, M.A.W.; CARVALHO, M.D.C.G., BELFORT JR., R.; VENTURA, L.O.
Ophthalmological findings in infants with microcephaly and presumable intra-uterus Zika virus
infection. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, v.79, n.1, p. 1-3, 2016.

39
AVALIAÇÃO DA DOR, FUNÇÃO MOTORA E QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS E
ADOLESCENTES COM PARALISIA CEREBRAL

PERINA, Keity Cristina Bueno¹; Pereira, Adriane de Oliveira²; Reis, Gabriela Ferreira³

Síntese: A paralisia cerebral (PC) é uma condição de deficiência motora causada por danos não progressivos no
cérebro fetal ou infantil em desenvolvimento e o sintoma mais frequente é a dor. O objetivo desse estudo foi
avaliar a dor e a função motora e sua relação com a qualidade de vida em pacientes com PC. Participaram do
estudo 20 crianças e adolescentes entre 3 a 18 anos com PC. A presença de dor nas crianças e adolescentes com PC
foi de 30%, não existindo correlação significativa entre dor e GMFCS. Encontramos uma correlação significativa
entre GMFCS e QV geral, GMFCS e a dimensão “capacidade física” e entre dor e aspecto emocional. Concluímos
que as limitações na função motora afetam a qualidade de vida geral e a dimensão “Capacidade física” da
qualidade de vida em pacientes com PC. Embora a prevalência de dor possa variar entre os estudos, está claro
que se têm evidências suficientes para se concluir que a dor é um desafio significativo para pacientes com PC.
Mesmo nosso estudo não fornecendo informações sobre a influência da dor na qualidade de vida ao longo do
tempo na paralisia cerebral, estabelece uma base científica para a implementação de um projeto que possa
orientar a seleção de medidas para estudos futuros.

Palavras-chave: Paralisia Cerebral; GMFCS; PedsQL.

INTRODUÇÃO
A paralisia cerebral (PC) é uma condição de deficiência motora causada por danos não
progressivos no cérebro fetal ou infantil em desenvolvimento. As alterações motoras na paralisia
cerebral são frequentemente acompanhadas por distúrbios de cognição, comunicação, percepção e
comportamento (ROSENBAUM et al., 2007).Em decorrência do comprometimento físico, o sintoma
mais frequente segundo Novak et al. (2012), em crianças e adultos com PC, é a dor, porém, pouco é
evidenciado devido às dificuldades de se avaliar e quantificar a dor nesses pacientes. Outro aspecto
importante a ser observado é em relação às incapacidades funcionais mais graves e a baixa qualidade
de vida (PIRPIRIS et al., 2006). Os pacientes com PC apresentam complicações físicas que
envolvem espasticidade, contraturas, dificuldade de alimentação e de comunicação, entre outras
(ROTTA, 2002; KRIGGER 2006; ROSENBAUM et al., 2007). Essas complicações interferem na
diminuição da qualidade de vida, além de incrementar as experiências de dor (FAUCONNIER et al.,
2009).Diante do exposto o objetivo do presente estudo foi avaliar a dor e a função motora e se existe
alguma relação destas variáveis com a qualidade de vida de crianças e adolescentes com PC.

MATERIAIS E MÉTODOS
Para investigar a dor, função motora e a qualidade de vida desses pacientes foram utilizados
os instrumentosPaediatric Pain Profile (PPP),Gross Motor Function Classification System
(GMFCS)e The Pediatric Quality of Life Inventory (PedsQL).

RESULTADOS

¹Docente, UEMG, Divinópolis, MG. E-mail: keity.perina@uemg.br


²Discente, UEMG, Divinópolis, MG
³Discente, UEMG, Divinópolis, MG

40
Participaram do presente estudo 20 crianças e adolescentes entre 3 a 18 anos com PC. A
média de idade dos participantes foi de 9,8 anos + 4,2. Destes, 50% dos pacientes (10) eram do sexo
feminino e 50% (10) eram do sexo masculino. A tabela 1 demonstra a porcentagem de pacientes e
sua relação com o grau de funcionalidade (GMFCS).

Tabela 1: Média da QV geral em pacientes com PC de acordo com o grau da GMFCS.


GMFCS Número de crianças Média QV geral+ Escore mínimo Escore máximo
(%) Desvio Padrão
I 7 (35%) 68,5 + 11,5 51,25 77,9
II 2 (10%) 48,8 + 33,4 25,16 72,5
III 3 (15%) 64,2 + 6,06 58,12 70,25
IV 4 (20%) 58,6 + 8,6 46,25 66,25
V 4 (20%) 48,2 + 6,8 42,19 55,9
*O escore de qualidade de vida varia de 0 a 100, onde 0 significa péssima qualidade de vida e 100 excelente qualidade de
vida.
A média dos escores de dor, qualidade de vida geral, capacidade física, aspecto emocional,
aspecto social e atividade escolar encontram-se listados na tabela 2.
Tabela 2: Média da dor, qualidade de vida geral e suas dimensões em crianças e adolescentes com
Paralisia Cerebral participantes da pesquisa

Média + Desvio Escore mínimo* Escore máximo*


Padrão
Dor 10,5 + 4,5 3 17

Qualidade de vida geral 59,9 + 14,01 25,16 77,96

Capacidade Física 49,2 + 23,05 18,75 96,87

Aspecto emocional 75,7 + 18,8 30 100

Aspecto social 62,5 + 20,5 5 95

Atividade escolar 52,07 + 25,9 0 80

*O escore de dor varia de 0 a 60, onde 0 significa nenhuma dor e 60 dor intensa, sendo que o ponto de corte é 14 que
significa dor de moderada a forte.
*O escore de qualidade de vida varia de 0 a 100, onde 0 significa péssima qualidade de vida e 100 excelente qualidade de
vida.
De acordo com o ponto de corte da escala PPP (escore igual ou acima de 14 pontos), apenas
30% (6) dos pacientes com PC foram identificados como apresentando dor por seus pais ou
cuidadores; 70% (14) dos pacientes apresentaram escores menores que 14, indicando que para a
maioria a dor não era um problema significativo. O menor escore de dor pontuado pelos pacientes foi
de 3 e o maior foi de 17. Obtivemos uma correlação significativa entre GMFCS e QV geral(r = -
0,460 e p = 0,04), dor e aspecto emocional (r = - 0,534 e p = 0,01) e uma correlação
significativamente forte entre GMFCS e a dimensão “capacidade física” (r = -0,86 e p = 0,00).
(Tabela 3).

Tabela 3: Correlação entre QV geral e suas dimensões, dor, GMFCS e idade em pacientes com PC.

41
QV Capacidad Aspecto Aspecto Atividade Dor GMFCS
geral e física Social Emocional escolar

Dor r - 0,242 - 0,350 0,085 - 0,534 0,110 0,371


p 0,3 0,1 0,7 0,01* 0,6 _ 0,1

GMFCS r - 0,460 - 0,862 - 0,119 - 0,263 0,059 0,371 _

p 0,04* 0,0* 0,6 0,2 0,8 0,1

Idade r - 0,031 0,042 - 0,271 0,065 0,064 - 0,394 - 0,107

p 0,8 0,8 0,2 0,7 0,7 0,08 0,6

* Correlação significativa quando p < 0,05.

DISCUSSÃO

Segundo (DICKINSON et al., 2007; FAUCONNIER et al.,2009; PARKINSON et al., 2013), a


presença da dor e desconforto em jovens pacientes com PC também tem uma correlação com a
redução do bem-estar e da participação desses em atividades diárias. No presente estudo obtivemos
uma correlação significativa entre dor e aspecto emocional e uma correlação não significativa entre
dor e a dimensão “capacidade física”. Um estudo realizado por Badia et al. em 2014 relataram que
Fisioterapeutas consideraram que a dor não estava relacionada com a baixa qualidade de vida na
dimensão capacidade física, o que corrobora com nossos achados. Segundo Rotta (2002), Krigger
(2006) e Rosenbaum et al. (2007) e Fauconnier et al. (2009), complicações físicas e específicas como
a espasticidade, contraturas, entre outras, interferem na diminuição da qualidade de vida, além de
incrementar as experiências de dor. Contrariando estes achados, não encontramos correlação
significativa entre dor e QV geral.Alriksson-Schmidt & Hägglund (2016), Doralp & Bartlett (2010) e
Jahnsen et al. (2004) relataram que a dor é mais comum em pacientes do sexo feminino, o que não
corrobora com nosso estudo, pois não observamos correlação significativa entre dor e sexo.
Observamos uma prevalência de dor em 30% dos pacientes estudados. Embora essa
porcentagem seja alta, estudos que objetivaram identificar o perfil da presença de dor em crianças
com comprometimento neurológico de moderado a grave expressam essa comorbidade em 51% a
78% das crianças observadas. Os resultados encontrados no nosso trabalho corroboram com os
achados de Alriksson-Schmidt & Hägglund (2016), que encontraram presença de dor em 32,4% dos
pacientes.

CONCLUSÃO
A presença de dor nas crianças e adolescentes com PC foi de 30%, não existindo correlação
significativa entre dor e GMFCS, o que pode ser explicado pelo pequeno número de pacientes
analisadose pelo fato de as questões terem sido respondidas somente por pais e cuidadores.Embora
autorrelatos sejam considerados “padrão ouro”, o PC grave não tem habilidades de comunicação
verbal para informar a presença de dor, o que faz com que o relato de pais ou cuidadores sejam
necessários. Uma combinação do relato de pais e cuidadores com o autorrelato proveria um melhor
conhecimento da dor e qualidade de vida nessa população estudada. Conseguimos observar que as
limitações na função motora afetam a qualidade de vida geral e a dimensão “Capacidade física” da
qualidade de vida em pacientes com PC. Concluímos que a dor é um desafio significativo para
pacientes com PC, emesmo nosso estudo não fornecendo informações sobre a influência da dor na
qualidade de vida ao longo do tempo na PC, pode ser utilizado como uma base científica para a
implementação de um projeto que possa orientar a seleção de medidas para estudos futuros, pois de

42
fato, carecemos de dados baseados em evidências científicas sobre o assunto abordado, sendo
importante que mais pesquisas sejam realizadas em outras regiões e assim melhorar a qualidade no
atendimento a crianças e adolescentes com PC, e maior segurança aos pais durante o tratamento.

REFERÊNCIAS
ALRIKSSON-SCHMIDT, A; HÄGGLUND G. Pain in children and adolescents with cerebral
palsy: a population-based registry study. ActaPaediatrica, v. 105, p. 665-670, 2016.

BERRIN, S. J. et al. Pain, fatigue, and school functioning in children with cerebral palsy: A path-
analytic model. JournalofPediatricPsychology, v. 32, p. 330-337.

BADIA, M. et al. Pain, motor function and health-related quality of life in children with cerebral
palsy as reported by their physiotherapists, BMCPediatrics, v. 14, n. 192, p. 2-6, 2014.
BREAU, L. M. et al. Risk factors for pain in children with severe cognitive impairments.
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DORALP, S.; BARTLETT, D. J. The prevalence, distribution, and effect of pain among
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FAUCONNIER, J. et al. Participation in life situations of 8–12 year old children with cerebral
palsy: cross sectional European study. BMJ, v. 338, p. b1458, 2009.

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impairment. Int J Nurs Stu., v. 40, p. 171-83, 2003.

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HUNT, A. et al. Development of the Paediatric Pain Profile: role of video analysis and saliva
cortisol in validating a tool to assess pain in children with severe neurological disability. J Pain
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JAHNSEN, R. et al. Musculoskeletal pain in adults with cerebral palsy compared with the
general population. J Rehabil Med., v. 36, p. 78-84, 2004.

NOVAK, I. et al. Clinical prognostic messages from a systematic review on cerebral palsy.
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PARKINSON, K. N. et al. Pain in youngpeopleaged13 to 17years with cerebralpalsy: cross-


sectional, multicenter Europeanstudy. Arch Dis Child., v. 98, p. 434-40, 2013.

PIRPIRIS, M. et al. Function and wellbeing in ambulatory children with cerebral palsy. J
Peadiatr Orthop., v. 26, n.1, p. 119-124, 2006.

43
ROSENBAUM, P. et al. A report: the definition and classification of cerebral palsy. Dev Med
Child Neurol Suppl., v. 109, p. 8-14, 2007.

44
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA
ESCOLAR NO MUNICÍCPIO DE DIVINÓPOLIS – MG

MOURÃO, Douglas Sousa¹; CARBALLO, Fábio Peron²

Síntese: A docência não é um campo de atuação profissional muito abordado em estudos científicos, menos ainda
no que diz respeito ao professor de Educação Física, especificamente.Apesar de a qualidade de vida estar
relacionada aos conteúdos da Educação Física, parece haver uma contradição entre os atributos dessa temática e
o perfil e estilo de vida dos profissionais dessa área. Os próprios docentes de Educação Física, os quais geralmente
são associados a uma imagem positiva em relação ao estilo e hábitos de vida saudáveis, acabam não sendo
condizentes com os conteúdos trabalhados nas aulas a partir do momento em que não colocam em prática na sua
própria vida o seu conhecimento teórico enquanto profissional da área da saúde. Desta forma, se torna relevante
aprofundar os conhecimentos acerca dessa população. Opresente estudo tem como finalidade analisar a qualidade
de vida de professores de Educação Física da rede pública, estadual e municipal de ensino, do município de
Divinópolis – MG. A amostra foi constituída por 28 docentes, sendo 16 do sexo masculino e 12 do sexo feminino. O
instrumento de pesquisa utilizado foi o MOS (SF-36), questionário composto por 11 questões de múltipla escolha
que avalia a qualidade de vida considerando oito dimensões do estado de saúde: Capacidade Funcional; Limitação
por Aspectos Físicos; Dor; Estado Geral de Saúde; Vitalidade; Aspectos Sociais; Limitação por Aspectos
Emocionais e Saúde Mental. A avaliação é feita em uma escala que varia de 0 a 100, onde 0 é o pior estado e 100 é
o melhor. Os resultados apresentados pelos sujeitos de pesquisa foram positivos, embora a amostra tenha sido
pequena. Conclui-se que os docentesde Educação Física apresentam melhor qualidade de vida em relação aos
demais docentes de outras disciplinas, porém surge a necessidade de novos emais amplosestudos com a classe
abordada.

Palavras-chave: Docência; Ensino; MOS (SF-36); Saúde.

INTRODUÇÃO
Qualidade de vida:
Apesar de não haver uma definição consensual do termo qualidade de vida, Both et al. (2006)
aponta que esse tem sido um tema bastante debatido na atualidade, sendo descrito pela Organização
Mundial de Saúde (OMS) em 1995 “como a percepção do indivíduo sobre sua posição na vida, no
contexto da cultura e dos sistemas de valores nos quais ele vive, e em relação a seus objetivos,
expectativas, padrões e preocupações”. Esta definição destaca a visão de que a qualidade de vida é
um termo amplo e subjetivo, que incluiprincípios socioambientais e individuais. “Os primeiros estão
relacionados à moradia, transporte e segurança, assistência médica, condições de trabalho e
remuneração, educação, opção de lazer, meio ambiente, entre outros, os segundos são determinados a
partir da hereditariedade e estilo de vida”(NAHAS, 2006 apud FARIAS et al., 2008).
Docência e a qualidade de vida no trabalho:
A docência constitui uma das profissões mais antigas, que foi se modificando com o passar
do tempo na tentativa de acompanhar o desenvolvimento tecnológico e cultural. Entretanto, a
necessidade dos professores de se adaptarem a essa evolução, na maioria das vezes, não foi
acompanhada pela melhoria das condições proporcionadas para o pleno exercício profissional
(CRUZ & LEMOS, 2005).

¹Acadêmico do Curso de Licenciatura em Educação Física da UEMG – Unidade Divinópolis


Contato: dougmourao@hotmail.com
²Coordenador do Curso de Bacharelado em Educação Física da UEMG – Unidade Divinópolis

45
O profissional da área da educação é responsável por um dos papéis mais importantes da
sociedade, o de formar pessoas. Essa não é uma tarefa fácil, muito pelo contrário, é um desafio
enfrentado diariamente pelos professores. Para que se consiga alcançar os objetivos pré-estabelecidos
de forma eficiente é necessária muita dedicação e compromisso na vida profissional, pois demanda
tempo para elaboração das aulas e tarefas administrativas, além da avaliação e observação do
desempenho e resultados dos alunos. Para isso exige-se uma boa saúde tanto física quanto mental
(CARLOTTO, 2002, 2004, apud BOTH et al., 2010). A realização destas atividades pode resultar em
sentimentos agradáveis e/ou desagradáveis, que dependem de vários fatores, como: as condições de
trabalho, estabilidade no emprego e oportunidade de progresso na carreira, a compensação e
reconhecimento pelo trabalho desenvolvido, a ralação com os alunos e com os outros professores e
colegas de trabalho, o sentimento de importância pelo seu papel perante a sociedade, tempo
adequado de lazer, e por fim estar amparado legalmente quanto às suas ações enquanto profissional
da educação (BOTH et al., 2010).
Objetivo:
Este estudo tem como objetivo analisar a qualidade de vida dos professores de Educação
Física da rede pública estadual e municipal de ensino do município de Divinópolis-MG.
Justificativa:
Com base nos modelos econômicos e sociais em que vivemos atualmente, e
consequentemente no estilo de vida geral da população para atender aos princípios e valores pré-
estabelecidos culturalmente pela sociedade para que se possa viver dignamente, podemos observar
que tal estilo de vida pode ter desencadeado várias doenças e danos à saúde dos cidadãos. Desta
forma este assunto se torna bastante relevante, e por se tratar de saúde pública é atribuído aos
profissionais da área, ou mesmo àqueles que trabalham indiretamente. Portanto é importante que o
tema em questão seja mais abordado em pesquisas científicas, para que se consiga ampliar e
aperfeiçoar os conceitos e conhecimentos já existentes (SILVA, 2006).

MÉTODOS
O instrumento de pesquisa utilizado foi o MOS (SF-36), questionário composto por 11
questões de múltipla escolha que contêm 36 itens e abrange oito dimensões do estado de saúde:
função física, desempenho físico, dor física, saúde em geral, saúde mental, desempenho emocional,
função social e vitalidade. As oito sub-dimensões podem agrupar-se em duas dimensões gerais de
estado de saúde: física e mental. A dimensão física compreende a função física, o desempenho físico,
a dor física e a saúde em geral, e a dimensão mental é constituída pela saúde mental, desempenho
emocional, função social e vitalidade (SEVERO et al., 2006).
O questionário foi aplicado a 28 professores de Educação Física, do ensino médio e
fundamental I e II, de escolas da rede pública estadual e municipal de ensino do município de
Divinópolis – MG. Os dados foram coletados na segunda quinzena do mês de Outubro de 2016, em
dias letivos. Os questionários aplicados foram entregues pelo autor do trabalho e recolhidos logo
após seu preenchimento, assim como o Termo de Consentimento Livre Esclarecido. A análise dos
resultados foi feita a partir das dimensões citadas por Severo et al. (2006).

RESULTADOS
Capacidade funcional:
De forma geral, analisando o domínio capacidade funcional, os professores investigados
atingiram valor 95 em uma escala que varia de 0 a 100. Onde 0 é o pior estado e 100 é o melhor.
Analisando separadamente por gênero, os homens obtiveram valor 100 e as mulheres 95.
Limitação por aspectos físicos:

46
Ao analisar o domínio limitação por aspectos físicos, os professores entrevistados atingiram
valor 100 em uma escala que varia de 0 a 100. Onde 0 é o pior estado e 100 é o melhor. Neste
domínio não tiveram alterações significantes em relação ao gênero dos sujeitos de pesquisa.
Dor:
Neste domínio, os docentes investigados alcançaram um valor 100 em uma escala que varia
de 0 a 100. Onde 0 é o pior resultado e 100 é o melhor. Analisando os resultados separadamente por
gênero, as mulheres obtiveram valor 100 e os homens valor 74.
Estado geral de saúde:
Ao analisar o domínio estado geral de saúde, os professores investigados alcançaram valor 67
em uma escala que varia de 0 a 100. Onde 0 é o pior estado e 100 é o melhor. Analisando os
resultados separadamente por gênero, as mulheres atingiram um valor de 62 e os homens 67.
Vitalidade:
Ao analisar esse domínio, os sujeitos de pesquisa atingiram um valor 75 em uma escala que
varia de 0 a 100. Onde 0 é o pior estado e 100 é o melhor. Analisando separadamente por gênero, as
mulheres obtiveram um valor 70 e os homens 75.
Aspectos sociais:
Analisando o domínio aspectos sociais, os professores investigados obtiveram um valor 100
em uma escala que varia de 0 a 100. Onde 0 é o pior estado e 100 é o melhor. Ao analisar os
resultados separadamente por gênero não foram constatadas alterações relevantes.
Limitação por aspectos emocionais:
Analisando o domínio limitação por aspectos emocionais, os docentes investigados atingiram
um valor 100 em uma escala que varia de 0 a 100. Onde 0 é o pior estado e 100 é o melhor. Ao
analisar os resultados separando-os por gênero não foram encontradas alterações relevantes.
Saúde mental:
Ao analisar o domínio saúde mental, os sujeitos de pesquisa investigados obtiveram um valor
84 em uma escala que varia de 0 a 100. Onde 0 é o pior estado e 100 é o melhor. Analisando os
resultados separadamente por gênero, as mulheres atingiram um valor 72 e os homens 88.

DISCUSSÃO
Rocha & Fernandes (2008) realizaram uma pesquisa com uma amostra de 91 professores do
ensino fundamental da rede pública municipal do município de Jequié – BA, porém não eram
necessariamente com professores de Educação Física. Neste estudo também se utilizou o MOS (SF-
36) como instrumento de pesquisa. Entre os entrevistados houve uma alta predominância do sexo
feminino, sendo 87 mulheres e apenas 4 homens. Os autores explicam esse “episódio que é
decorrente do processo histórico de expansão do setor educacional ocorrido no Brasil e da entrada
das mulheres no mercado de trabalho, no qual essas foram chamadas a exercer o papel de mães
educadoras”.
Os resultados encontrados pelos pesquisadores em Jequié – BA não foram positivos. Em uma
escala de 0 a 100, onde 0 é o pior estado e 100 é o melhor, o maior escore alcançado pelo público
alvo foi 65 no domínio capacidade funcional e o menor foi 46 no domínio vitalidade. Já em
Divinópolis – MG, os sujeitos de pesquisa apresentaram uma melhor qualidade de vida, o maior
escore atingido foi 100 nos domínios: limitação por aspectos físicos, dor, aspectos sociais e limitação
por aspectos emocionais, e o menor escore foi 67 no domínio estado geral de saúde.
Moreira (2015) realizou um estudo para analisar a qualidade de vida de 23 docentes de uma
escola municipal de Campina Grande – PB, não sendo necessariamente professores de Educação
Física. Moreira também utilizou o MOS (SF-36) como instrumento de pesquisa. Os escores
alcançados pelos docentes de Campina Grande foram inferiores aos escores obtidos pelos docentes
de Divinópolis em todos os domínios avaliados. Em ambas as pesquisas o menor escore obtido foi no
domínio estado geral de saúde, sendo 56 em Campina Grande e 67 em Divinópolis.

47
CONCLUSÕES
O presente estudo possibilitou conhecer a qualidade de vida do público alvo em questão
considerando os oito domínios do instrumento de pesquisa, os resultados apresentados foram
positivos. Ao comparar com os estudos de Rocha & Fernandes (2008) e Moreira (2015), foi possível
constatar que os docentes de Educação Física apresentam melhores níveis de qualidade de vida em
relação aos demais docentes de outras disciplinas. Isso pode ser explicado pelas características
atribuídas aos conteúdos da disciplina de Educação Física, que são mais dinâmicos e atrativos aos
alunos.
Apesar dos resultados finais terem se mostrado satisfatórios, a amostra foi pequena, e,
portanto, surge a necessidade de serem desenvolvidos trabalhos mais amplos que envolvam uma
maior população da classe profissional abordada. É de fundamental importância que sejam criadas
novas discussões acerca da promoção da saúde dos professores de Educação Física, desde a
valorização do profissional até a implementação de políticas públicas que visem proporcionar
melhores condições de trabalho e remuneração.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOTH, Jorge et al. Condições de vida do trabalhador docente: Associação entre estilo de vida e
qualidade de vida no trabalho de professores de Educação Física. Motricidade, v. 6, n. 3, p. 39-51,
2010.
BOTH, Jorge et al. Qualidade de vida no trabalho percebida por professores de Educação Física. Rev
Bras Cineantropom Desempenho Hum, v. 8, n. 2, p. 45-52, 2006.
CRUZ, Roberto Moraes; LEMOS, Jadir Camargo. Atividade docente, condições de trabalho e
processos de saúde. Motrivivência, n. 24, p. 59-80, 2005.

FARIAS, Gelcemar Oliveira et al. Carreira Docente em Educação Física: Uma Abordagem Sobre a
Qualidade de Vida no Trabalho de Professores da Rede Estadual de Ensino do Rio Grande do
Sul. Journal of Physical Education, v. 19, n. 1, p. 11-22, 2008.

MOREIRA, Anne Samilly Gomes. Qualidade de vida de professores do Ensino Fundamental de uma
escola da rede pública.Biblioteca Digital da Universidade Estadual da Paraíba,2015.
ROCHA, Vera Maria da; FERNANDES, Marcos Henrique. Qualidade de vida de professores do
ensino fundamental: uma perspectiva para a promoção da saúde do trabalhador. Jornal Brasileiro de
Psiquiatria, v. 57, n. 1, p. 23-27, 2008.
SEVERO, Milton et al. Fiabilidade e validade dos conceitos teóricos das dimensões de saúde física e
mental da versão Portuguesa do MOS SF-36. Revista de Exemplo, v. 19, n. 4, p. 281-7, 2006.
SILVA, Rudney da et al. Características do estilo de vida e da qualidade de vida de professores do
ensino superior público em Educação Física. Repositório Institucional da UFSC, 2006.

48
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA E FÍSICO-QUÍMICA DA ÁGUA
CONSUMIDA EM ESCOLAS MUNICIPAIS DE DIVINÓPOLIS – MG

OLIVEIRA, Rafael Antônio 1,PARREIRA, Adriano Guimarães2.

Síntese: Tendo em vista a ausência de informações acerca da qualidade da água consumida em escolas municipais
de Divinópolis - MG, o presente trabalho teve como objetivo levantar dados, de natureza microbiológica e físico-
química, de amostras de água coletadas em unidades de ensino da cidade, a luz da Portaria 2.914/2011 do
Ministério da Saúde (MS). Com a autorização da Secretaria Municipal de Educação (SEMED) as coletas foram
realizadas nos meses de julho a agosto de 2016, e os experimentos conduzidos no Laboratório de Microbiologia da
Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) - Unidade Divinópolis MG e no Laboratório de Química de
Proteínas da Universidade Federal de São João (UFSJ) - Campus Centro-Oeste (CCO). Foram assepticamente
coletadas amostras em variados pontos de cada unidade escolar: caixa d’água, bebedouro e torneira da cozinha,
seguindo manual prático de análise de água da FUNASA - 2013. Foram avaliados 8 parâmetros divididos em 3
microbiológicos e 5 físico-químicos. Para a avaliação da presença de coliformes totais e termotolerantes foi
adotada a metodologia do substrato cromogênico e empregada a técnica spread-plate para a contagem padrão de
bactérias heterotróficas totais. Em relação aos parâmetros físico-químicos foram analisados cloro residual livre,
pH, temperatura, cor aparente e turbidez, conforme protocolos padronizados. Ao longo do desenvolvimento dos
trabalhos foram percorridos aproximadamente 420 km e avaliadas amostras de água de 15 escolas, sendo 9 da
zona urbana e 6 da zona rural, selecionadas de tal forma a garantir distribuição espacial suficiente para cobrir
boa parte da extensão territorial do município. Das 15 escolas analisadas somente 3 atenderam a todos os padrões
de potabilidade, representando apenas 20% do total. As demais escolas apresentaram um ou mais parâmetros em
desconformidade legal, totalizando 80% das unidades selecionadas para avaliação no presente estudo.

Palavras-chave: Coliformes; Potabilidade; Saneamento.

INTRODUÇÃO
As doenças de veiculação hídrica podem ser transmitidas por microrganismos presentes na
água, proveniente de locais inadequados de captação, ou ainda contaminada ao longo de seu curso
pós-tratamento, seja por más condições de armazenamento, higiene ou problemas nas instalações
hidráulicas (FUNASA, 2006). As etapas que envolvem o consumo final de água, sobretudo em nosso
país, podem representar momentos críticos no que se refere aos riscos que representam a saúde da
população, de tal forma que todo o esforço desenvolvido nas diversas etapas dos sistemas de
tratamento pode estar comprometido pelo manuseio inadequado da água em nível intradomiciliar
(BRASIL, 2006).
Em Divinópolis MG, a distribuição de água na zona urbana se dá por meio de sistemas de
abastecimento operado por Agência de Saneamento, já na zona rural da cidade, contudo, o
fornecimento de água se dá por meio de Soluções Alternativas Coletivas de Abastecimento (SAC’s)
por meio de poços artesianos ou amazonas. Embora as escolas municipais da área urbana da cidade
contenham instalações sanitárias adequadas e acesso à água tratada, não há monitoramentos
periódicos que atestem a qualidade da água consumida no interior das unidades escolares. Situação
ainda mais preocupante é atribuída às escolas municipais da zona rural da cidade, já que fazem uso
de volumes de água provenientes de SAC’s sem o devido conhecimento de sua qualidade ou com
dados desatualizados ou inexistentes.
Com base nestas considerações e, conforme a legislação pertinente, observa-se a necessidade
de um monitoramento constante da qualidade da água destinada ao abastecimento em ambientes
escolares, a fim de se verificar se a mesma encontra-se em condições de potabilidade que não ofereça
nenhum risco a saúde de seus usuários (FREITAS, 2002).Neste contexto, o presente trabalho teve
1
Acadêmico Curso Ciências Biológicas – UEMG Unidade Divinópolis. e-mail: rafa.ol@hotmail.com.br
2
Professor Orientador – UEMGUnidade Divinópolis.

49
como objetivo principal avaliar a qualidade da água consumida em escolas da rede pública municipal
de Divinópolis MG com base nos padrões de potabilidade da água para consumo humano
estabelecidos pela Portaria de nº 2.914/2011 do Ministério da Saúde (MS) Brasil (2011).

MÉTODOS
Foram selecionadas para o presente estudo um total de 15 escolas, sendo 9 da zona urbana e 6
da zona rural, selecionadas de tal forma a garantir uma distribuição espacial diversificada capaz de
cobrir boa parte da cobertura territorial das unidades escolares do município. Cada escola foi
rotulada com uma sigla associada a seu nome original. Foram selecionados 3 pontos amostrais para
cada escola e rotulados de acordo com o local de coleta: caixa d’água (CX), bebedouro (BB) e
torneira da cozinha (TC).Foram avaliados 8 parâmetros por ponto, divididos em 3 parâmetros
microbiológicos (coliformes totais, coliformes termotolerantes e contagem padrão de heterotróficos
totais) e 5 parâmetros físico-químicos (cloro residual livre, pH, temperatura, cor aparente e turbidez)
e os resultados comparados conforme padrão de Valor Máximo Permitido (VMP) exigido pela
Portaria n° 2.914/2011 - MS.
Com a autorização da Secretaria Municipal de Educação (SEMED) as coletas foram
realizadas entre junho a agosto de 2016. Ao longo do desenvolvimento dos trabalhos foram
percorridos aproximadamente 420 km e foram empregadas técnicas de coleta que atenderam as
recomendações do manual prático de análise de água (FUNASA, 2013). Foram ainda preenchidos
formulários de anotações de campo com todas as informações referentes às escolas, inclusive
georreferenciamento que foi levantado no ato da coleta. As amostras foram acondicionadas em
caixas de isopor contendo gelo e lacradas para manutenção da refrigeração desde o momento da
coleta, transporte e entrega ao laboratório. Os experimentos foram conduzidos no Laboratório de
Microbiologia da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) - Unidade Divinópolis MG e no
Laboratório de Química de Proteínas da Universidade Federal de São João (UFSJ) - Campus Centro-
Oeste (CCO). As análises microbiológicas foram realizadas em intervalos máximos de 3 horas e as
análises físico-químicas em intervalos máximos de 8 horas.
Em relação as análises microbiológicas, para a determinação da presença/ausência de
coliformes totais e coliformes temotolerantes,foi empregada a metodologia do substrato cromogênico
(KONEMAN, 2008). As amostras positivas para coliformes totais foram submetidas à avaliação da
presença/ausência de coliformes termotolerantes e para a quantificação de heterotróficos totais foi
empregada a técnica spread-plate (TORTORA et al., 2005). Já em relação à avaliação físico-química
foram adotados protocolos padronizados e procedimentos que seguem o manual prático de análise de
água (FUNASA, 2013).

RESULTADOS
Do total de 15 escolas avaliadas somente 3 atenderam a todos os padrões de potabilidade
previstos na Portaria n° 2914/11 - MS, sendo as mesmas a escola São Geraldo (SG) e Professor
Darcy Ribeiro (PD) da zona urbana da cidade e Professora Veneza Guimarães de Oliveira (PV) da
zona rural. Tais escolas não apresentaram quaisquer tipos de contaminação microbiológica e/ou
parâmetros físico-químicos fora do VMP da Portaria 2914/11-MS, representando apenas 20% do
total das unidades avaliadas. Já as demais escolas apresentaram resultados insatisfatórios, em um ou
mais parâmetros avaliados, estando em desconformidade legal e totalizando assim 80% das unidades
estudadas.
Entre as escolas da zona urbana com resultados insatisfatórios, a escola Professora Maria de
Lourdes Teixeira (PM) foi a que obteve a maior quantidade de parâmetros fora dos padrões e com os
piores resultados. Tendo em vista a ausência de cloro no ponto amostral BB observou-se também
contaminação microbiológica para aquela amostra analisada. Já no caso das amostras coletadas em
escolas da zona rural, merece destaque a escola Maria Valinhas Ramos (MV) dentre aquelas com

50
resultados insatisfatórios levantados, a qual apresentou a maior quantidade de parâmetros em
desconformidade legal e com os piores resultados das análises. Como consequência da ausência de
cloro nos 3 pontos amostrais CX, BB e TC, verificou-se contaminação microbiológica em todas as
amostras analisadas para aquela unidade escolar.Merece destaque ainda o resultado de 128.250
UFC/mL para a amostra coletada na escola MV e 63350 UFC/mL para a amostra da escola PM,
ambos no ponto amostral BB, referente ao parâmetro contagem padrão de bactérias heterotróficas,
que de acordo com a Portaria nº 2.914/2011 - MS tais resultados ultrapassam de forma significativa o
VMP de 500 UFC/mL estabelecido pela legislação.

DISCUSSÃO
O parâmetro físico-químico cloro residual livre foi o que apresentou maior frequência de
resultados fora do VMP definido pela legislação, comparativamente a todos os demais parâmetros
analisados. Na sequência, destacam-se os parâmetros microbiológicos: bactérias heterotróficas,
coliformes totais e coliformes termotolerantes, respectivamente. Tal resultado insatisfatório
relaciona-se à inexistência de cloração da água e, em consequência, presença de contaminação
microbiológica. Outro fator que pode contribuir para o quadro apresentado relaciona-se ao fato de
que os bebedouros das escolas possuem filtro de carvão ativado, o qual inibe a ação do cloro, já que
tal ponto amostral foi o que apresentou maior quantidade de resultados negativos quanto ao
parâmetro cloro residual livre. Este resultado é semelhante àquele obtido por Scuracchio e Farache
(2011), que discutem que esses filtros retiram o cloro da água e, quando não substituídos e
higienizados adequadamente, favorecem a proliferação de microrganismos, inclusive possibilitando a
formação de biofilmes.
Resultado preocupante refere-se a presença de coliformes totais e coliformes termotolerantes
nos pontos amostrais das duas escolas, PM e MV, principalmente no ponto BB, já que coliformes
termotolerantes são indicadores de contaminação fecal, tendo como principal representante desse
grupo a bactéria Escherichia coli, encontrada nas fezes de animais de sangue quente, inclusive de
seres humanos. Sua concentração na água possui relação direta com o grau de contaminação
tornando a água imprópria para consumo (FUNASA, 2013).O resultado do parâmetro contagem
padrão de bactérias heterotróficas das escolas MV e PM que ultrapassaram o VMP de 500 UFC/mL
também é preocupante. Embora a maioria dessas bactérias não seja patogênica, a grande quantidade
de microrganismos presentes pode representar riscos à saúde, como também deteriorar a qualidade
da água provocando odores e sabores desagradáveis (FUNASA, 2013).
Em relação aos resultados negativos das escolas da zona urbana, estes podem ser justificados
pela utilização de filtros de carvão ativado que inibem a ação do cloro. Em trabalho de Cavassin et
al. (2000), os autores concluíram que, após a filtração, os valores de cloro residual livre
encontradosentre 0,0 a 0,5 ppm relacionavam-se a atuação do carvão ativado, adsorvendo este
elemento durante o processo de filtração e assim por isso favorecendo a proliferação de bactérias.
Em relação aos resultados negativos das escolas da zona rural estes podem ser justificados pela
ausência de cloração ou até mesmo pela contaminação já no ponto de captação da água, tendo em
vista que a maioria das escolas rurais é atendida por SAC’s, muitas vezes carentes de estrutura
adequada ou localizadas em pontos que favorecem a contaminação. Conforme Helmer (1975, citado
por VALIAS et al., 2002) a contaminação da água nas comunidades rurais pode ocorrer nas fontes de
captação, rede de distribuição e reservatórios, pois é comum ocorrer a disposição inadequada de
resíduos orgânicos proveniente de atividades humana e animal, favorecendo maior oportunidade de
contaminação da água. De acordo com resultados de Valias et al. (2002) amostras provenientes de
poços rasos e nascentes apresentaram-se em desacordo aos padrões microbiológicos, portanto
contaminadas.
Apesar da distribuição de água na zona urbana seguir padrão de sistemas de abastecimento,
operado por Agência de Saneamento e com controle de qualidade, os resultados das amostras
coletadas nas escolas da área urbana não estiveram em conformidade legal na sua totalidade.
Conforme Brasil (2006b), uma série de interferências podem comprometer a qualidade da água
tratada, tais como: condições inadequadas dos reservatórios de distribuição, falta de manutenção ou
limpeza periódica na rede de distribuição, a intermitência do abastecimento gerando supressões e
riscos de contaminação na rede e as condições inapropriadas de armazenamento domiciliar.
CONCLUSÕES
O elevado percentual de amostras de água fora dos padrões de potabilidade é preocupante e a
contaminação microbiológica constatada em alguns pontos torna a água imprópria para o consumo
naqueles locais.Merecem maior atenção do poder público as escolas da zona rural que são atendidas
pelas SAC’s, muitas vezes desprovidas de tratamento adequado e de controle da qualidade da água
fornecida.Há necessidade de maior atenção com a conservação, limpeza e manutenção de
reservatórios e bebedouros nas escolas municipais de uma forma geral.Boas práticas de higiene
contribuem para que a água não se contamine, minimizando os riscos à saúde dos usuários.As
informações levantadas neste trabalho podem ser úteis no sentido de que providências sejam tomadas
no intuito de reverter as situações desfavoráveis levantadas.Os resultados obtidos demonstram a
necessidade de avaliação permanente da qualidade da água consumida nos ambientes escolares tendo
em vista as variáveis encontradas e possível contaminação no interior de caixas d’água, bebedouros e
tubulações no interior dos estabelecimentos de ensino.

AGRADECIMENTOS
Á UEMG pelo financiamento da Bolsa PAEX e disponibilização do Laboratório de
Microbiologia, a UFSJ Campus CCO pela cessão de Laboratório para realização de algumas análises
microbiológicas e físico-químicas, a SEMED e diretoras escolares e ao professor orientador,
coordenador do projeto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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vigilância em saúde ambiental relacionada à qualidade da água para consumo humano.
Brasília, 2006a. 284 p.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Vigilância e controle da


qualidade da água para consumo humano. Brasília, 2006b. 212 p.

BRASIL. Portaria N° 2.914/2011 do Ministério da Saúde. Brasília, DOU, 2011.

CAVASSIN, E. D.; BELEI, R. A.; PACHENSKI, L. R.; OLIVEIRA, C. H.; CARRILHO, C. M. D.;
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hospitalar. Semina: Cio Biol. Saúde, Londrina, V. 20/21, n. 2, p. 49-56, jun. 1999/2000.

FREITAS, V. P. S. Padrão físico-químico da água de abastecimento público da região de Campinas.


Revista Instituto Adolfo Lutz, Campinas, v.61, n.1, p. 51-58, 2002.

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Brasília: Ministério da Saúde, 2013. P 8-9/11-12/58.
KONEMAN. Diagnóstico Microbiológico. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2008. P. 210-90.
SCURACCHIO, P. A.; FARACHE FILHO, A. Qualidade da água utilizada para consumo em
escolas no município de São Carlos - SP. Alim. Nutr., Araraquara, v. 22, n. 4, p. 641-647, out./dez.
2011.
52
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894p.,2005.

VALIAS, A.P.G.S.; ROQUETO, M.A.; HORNINK, D.G.; KOROIVA, E.H.; VIEIRA, F.C.; ROSA,
G. M.; SILVA, M.A.M.L. Avaliação da qualidade microbiológica de águas de poços rasos e de
nascentes de propriedades rurais do município de São João da Boa Vista - São Paulo. Arq. Ciên.
Vet. Zool. UNIPAR, 5(1): p.021-028, 2002.
AVALIAÇÃO DO IMPACTO DO YÔGA E DOS CINCO RITOS TIBETANOS NA
QUALIDADE DE VIDA E DEPRESSÃO DE IDOSOS DO CENTRO DE BEM-ESTAR DA
CIDADE DE DIVINÓPOLIS (MG) – Um Estudo Piloto

SILVA, Bruna Stefanny Nascimento¹; CAMPOS, Lorena Lima²;CARREGAL, Virgínia Mendes ³

Síntese: O envelhecimento é um fenômeno de abrangência mundial, expressivo e impactante nos países


desenvolvidos e em desenvolvimento. Um estilo de vida ativo e a prática de atividades físicas regulares
proporcionam diversos benefícios para a saúde dos idosos, sendo importante para a melhoria da qualidade de
vida e independência nas suas atividades de vida diária. O presente estudo objetivou avaliar o aprimoramento na
qualidade de vida e a atenuação da depressão antes e após a prática do Yôga e dos Cinco Ritos Tibetanos em
idosos que frequentam o Centro de Bem-Estar da cidade de Divinópolis, MG. Neste estudo piloto, foram
entrevistados 24 idosos com idade entre 55 e 71 anos de ambos os sexos, com predominância do sexo feminino,
porém, somente 12 participantes foram incluídos no estudo. A análise da qualidade de vida foi realizada através
dos questionários SF-36 e da Escala de Depressão Geriátrica Completa de Yesavage. Observou-se diferença
estatística significante no escore total do SF-36, com antes tendo uma média de 116,2 e depois subindo para 126,4,
com p<0,05 (*). Avaliando por domínios separadamente obtivemos aumento nas médias com indicativo de
melhora nos domínios: capacidade funcional: antes 75,00 após 75,42; limitação por aspectos físicos: antes 76,67
após 77,08; dor: antes 68,08 após 76,08; estado geral de saúde: antes 63,33 após 67,33; vitalidade: antes 70,42 após
75,83; aspectos sociais: antes 74,17 após 82,33. Os domínios estado emocional e saúde mental não apresentaram
diferença nos esores. No total da GDS não foi observada diferença estatística significante, mas 6 participantes
apresentaram escore maior que 5 pontos, reduzindo para 5 participantes depois, indicando uma possível melhora
no quadro depressivo desses participantes. A influência do fator tempo pode estar diretamente relacionada ao
efeito do exercício no aprimoramento da qualidade de vida e na atenuação da depressão de acordo com os
resultados levantados.

Palavras-chave: Cinco Ritos Tibetanos; Depressão; Idoso; Qualidade de vida; Yôga.

INTRODUÇÃO
Conforme o Relatório Mundial de Saúde e Envelhecimento, o número de pessoas com mais
de 60 anos no Brasil deverá crescer muito mais rápido do que a média internacional. Silva e
colaboradores (2010) ressalvam a importância da atividade física no aumento da força física e da
flexibilidade do idoso, além da diminuição da incidência de doenças cardiovasculares e do aumento
da autoestima, trazendo-o à sociabilidade e ao convívio intergeracional, com a possibilidade de se
extinguir quadros depressivos. A prática do Yôgaé um conceito milenar, que trabalha corpo e mente
ao mesmo tempo, através de exercícios físicos e respiratórios, buscando uma melhor integralidade do
indivíduo. Os cinco ritos tibetanos(CRT) são exercícios que quando executados estimulam os sete
vórtices de energia do nosso corpo, os quais têm impacto direto no sistema endócrino, quepor sua
vez, regula todas as funções do organismo.Diante da escassez de dados comparando os benefícios
relatados com a prática do Yôga, dos CRT sobrea qualidade de vida (QV) e a depressão em idosos,
este estudo se torna relevante para que se possa aprimorar a compreensão do estado geral de saúde
dos indivíduos idosos do Município de Divinópolis, e também intervir por meio da prática do
exercício para uma melhora do estado geral de saúde desses indivíduos.

1
Discente do curso de Fisioterapia, UEMG, Unidade Divinópolis;
²Discente do curso de Fisioterapia, UEMG, Unidade Divinópolis; E-mail: lorena.lima.c2014@hotmail.com
³Docente do curso de Fisioterapia, UEMG, Unidade Divinópolis.

54
MÉTODOS
O trabalho trata-se de um estudo piloto experimental que avaliou os efeitos da atividade
física, nas modalidades Yôga e com a recomendação da prática individual domiciliar dos CRT, na
QV e no índice de depressão em idosos que frequentam o Centro de Bem-Estar de Divinópolis
(MG), avaliados através dos questionários de qualidade de vida SF-36 e da escala de Depressão
Geriátrica Completa (GDS) de Yesavage e colaboradores (1983). Foi utilizada uma amostra baseada
em população representativa de uma região, não probabilística e consecutiva de conveniência, sendo
entrevistados 24 idosos, porém apenas 12 preencheram todos os critérios de inclusão para o estudo.
Os participantes foram orientados e esclarecidos quanto aos procedimentos do estudo e
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Em seguida foi realizada uma avaliação
para a coleta dos dados pessoais e de dados vitais desses participantes. Foram aplicados, pelo mesmo
examinador, os dois questionários antes e após a intervenção por meio da prática da atividade física.
A prática do Yôga foi realizada duas vezes na semana, por 45 minutos, o protocolo com
duração de seis semanas consecutivas. Para as análises estatísticas dos dados dos escores do SF-36 e
da GDS foi utilizado o teste T de Student, não paramétrico, com pós-teste de Mann-Whitney, e nível
de significância p< 0,05. Foram também calculados a média e o desvio padrão por meio de análise
por coluna estatística. Foi utilizado o software GraphPad Prim 5 para Windows, versão 5.01 de 7 de
agosto de 2007.

RESULTADOS
Apopulação estudada teve como características apredominância do sexo feminino (75%),
com idade entre variando de 55 a 71 anos. A avaliação do índice de massa corporal (IMC)
demonstrou que 25% dos participantes apresentaram valores de IMC normal, 58,3% de sobrepeso e
16,7% de obesidade grau 1.Destaca-se que 75% da população apresentou patologias associadas ao
sistema cardiovascular, sendo seis idosos com hipertensão arterial sistêmica, quatro com diabetes
mellitus e um com infarto agudo do miocárdio. Apenas dois idosos não apresentaram nenhum tipo de
patologia. Associando com as co-morbidades um apresentou depressão e dois apresentaramdoença
tiroidiana.Os fármacos mais frequentemente utilizados foram os anti- hipertensivos (6 em12),
anticoagulantes(3em 12) e os hipoglicemiantes (2 em 12), sendo que somente um participante
utilizava antidepressivo.
Tabela 1:Total dos escores obtidos pelo SF-36, e seus respectivos domínios, e pela GDS:

Avaliação Avaliação Pré Avaliação Pós Valor de p


Média (SD) Média (SD)
GDS¹ 5,917 (4,274) 5,500 (3,989) 0,4538
SF-36² 116,2 (15,83) 126,4 (13,83) 0,0416 *
Capacidade 75,00 (20,89) 75,42 (19,94) 0,5000
funcional
Limitação por 76,67 (34,53) 77,08 (31,00) 0,4871
aspectos físicos
Dor 68,08 (24,80) 76,08 (24,41) 0,1975
Estado geral de 63,33 (16,91) 67,33 (14,11) 0,2706
saúde
Vitalidade 70,42 (13,05) 75,83 (18,07) 0,1549
Aspectos sociais 74,17 (25,16) 82,33 (22,86 0,1994
Aspectos 69,50 (41,31) 69,42 (36,12) 0,3665
emocionais
Saúde mental 74,67 (13,89) 74,33 (18,56) 0,4884
* p<0,05. SD: desvio padrão
¹Valor de Referência do questionário GDS: >10 = suspeita de depressão.

55
²Valor de Referência do questionário SF-36: acima de 50 pontos e considerado saúde preservada.

DISCUSSÃO
Evidências demonstram que a adoção de um estilo de vida mais ativo está associada à
prevenção ou à atenuação das limitações funcionais, portanto, o exercício pode melhorar o
desempenho da população idosa em suas atividades cotidianas de forma segura e independente e,
consequentemente, melhorar sua QV.
Ao analisarmos os escores do SF-36 antes e após a prática do exercício, observou-se
diferença estatística significante somente no escore total (p<0,05). Já foi claramente demonstrado
que a participação em programas de atividades físicas é uma forma independente para reduzir e/ou
prevenir uma série de declínios funcionais associados com o envelhecimento (VOGEL et al. 2009;
NELSON et al. 2007; OMS, 2015), corroborando com os resultados positivos obtidos separadamente
nos diferentes domínios do SF-36. Nos domínios limitação por aspectos físicos e dor foi observado
um aumento na média no final do estudo, demonstrando que a atividade física contribuiu de forma
significativa nesses domínios. Chow e Harrison (2011), após submeterem indivíduos osteoporóticos
à um programa de atividade física, observaram uma diminuição da dor, aumento da mobilidade e da
capacidade funcional. Foi observado também um aumento na média antes e após a intervenção nos
domínios estado geral de saúde e vitalidade. Estado geral de saúde significa ter uma condição de
bem-estar que inclui um bom funcionamento do corpo, o vivenciar uma sensação de bem-estar
psicológico e principalmente uma boa qualidade nas relações que o indivíduo mantém com as outras
pessoas e com o meio ambiente (NAKAGAVA & RABELO, 2007).
Ao analisarmos os aspectos sociaispodemos observar que este foi o domínio que teve maior
influência positiva com a intervenção, com um aumento da média do escore no final da intervenção e
também com diversos relatos positivos apontados pelos participantes, visto que o convívio social é
muito benéfico para essa parcela da população. Porém, com relação aos domínios capacidade física,
aspectos emocionais e saúde mental não foi observada uma mudança nas médias obtidas antes e após
o protocolo de atividade física. Os resultados obtidos em nosso estudo podem ser explicados pelo
curto intervalo de tempo do protocolo, talvez insuficiente para gerar um impacto significativo nos
domínios relacionados com a saúde mental dos participantes, visto que o diagnóstico de depressão,
principalmente em idosos, é difícil e às vezes pode até mesmo passar despercebido. A presença de
co-morbidades cardiovasculares também pode explicar este fenômeno. MORAES e
colaboradores(2007), ao analisar 1.920 idosos ao longo de 6 anos, verificaram que idosos que se
tornaram depressivos tendem mais ao sedentarismo do que aqueles sem depressão.
Ao analisarmos os escores da GDS, observamos um ligeiro aumento na média do escore no
final do estudo, porém sem diferença estatisticamente significante. Este resultadopode ter
influenciado o resultado dos domínios que avaliam o estado mental encontrado na avaliação dos
escores do SF-36. Nos idosos, a depressãoencontra-se entre as doenças crônicas mais comuns que
aumentam a possibilidade de desenvolver incapacidade funcional, gerando um problema
significativo de saúde pública (CARREIRA et al., 2011; LEITE et al., 2006).
A análise dos resultados nos permite inferir que houve um aprimoramento na QV dos idosos
quando comparada antes e após a prática do Yôga e dos CRT, fenômeno também relatado pelos
próprios participantes do estudo. Sabemos que a prática de uma atividade física regular é a melhor
forma de prevenção de doenças, garantindo uma melhor QV com também uma redução no índice de
depressão nessa população, aumentando a capacidade funcional, a vitalidade e estimulando a
autoestima dos idosos. Além disso, os achados deste estudo contribuem para estimular outros estudos
que visem analisar o impacto de terapias alternativas para se aumentar a QV e se reduzir a incidência
de depressão em adultos.

56
CONCLUSÃO
A atividade física proporcionou para cada participante uma melhora no seu quadrode saúde e
manutenção do estado geral. A partir dos resultados do estudo podemos inferir que o Yôga e os
Cinco Ritos Tibetanos influenciaram de forma positiva na qualidade de vida dos idosos, como
evidenciado pelo aumento nos escores individuais e totais do SF-36 e da GDS. Estudos futuros se
fazem necessários para se comprovar a contribuição do fator tempo e a sua influência no aspecto
emocional de idosos que praticam essas atividades.

AGRADECIMENTOS
Nossos agradecimentos ao Centro de Bem Estar da cidade de Divinópolis e ao Centro de
Yôga Shivananda.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
CARREIRA, L. Prevalência de depressão em idosos institucionalizados. Revista Enfermagem
UERJ, Rio de Janeiro, v. 19, n. 2, p. 268-273, 2011. Disponível em:
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envelhecimento: estudo nos participantes do Programa Universidade Aberta à Terceira Idade.
Revista Brasileira Saúde Materno Infantil, v.6, n.1, 2006.

NAKAGAVA, B.K.C.; RABELO, R.J. Perfil da qualidade de vida de mulheres idosas


praticantes de hidroginástica. Revista Digital de Educação Física. Batinga-MG, v.2, n.1, fev/jul
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MORAES, Helena. O exercício físico no tratamento da depressão em idosos: revisão


sistemática Rev. psiquiatra. RS vol.29 no.1 Porto Alegre Jan./Abr. 2007. Medicine Science Sports
Exercice. 2007, Aug; 39(8):1435-45.

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VOGEL, T.; BRECHAT, P. H.; LEPRETTE, P. M.; KALTENBACH, G.; et al. Health
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YESAVAGE J.A.;BRINCKTL, R.; et al. Development and validation of geriatric depression


screening scale: a preliminary report. J Psychiatr Res 1983;17:37-42

57
AVALIAÇÃO FUNCIONAL DOS PACIENTES CRÔNICOS ASSISTIDOS PELO SISTEMA
PÚBLICO E PRIVADO DE FISIOTERAPIA NO MUNICÍPIO DE DIVINÓPOLIS

FURTADO, Humberto Santos ¹; CAMPOS, Paloma Fernanda Rodrigues ²; MATTAR, Grazielle


Siqueira ³.

Síntese: No cenário brasileiro atual, pessoas com deficiência representam 23,9% da população (IBGE, 2010),
juntamente com o envelhecimento populacional outros fatores como violências urbanas, tem demonstrado forte
potencial na limitação funcional individual. Vários estudos têm demonstrado que além desses fatores, as doenças
crônico-degenerativas também são capazes de alterar o nível de funcionalidade dos indivíduos, acarretando uma
maior procura por cuidados em saúde. Considerando os aspectos multidimensionais da incapacidade, é necessário
ampliar a compreensão deste processo; observando com mesmo grau de importância todas as dimensões da saúde,
incluindo as alterações nas estruturas e funções corporais, as atividades e a participação social; bem como
oferecer formas de tratamento que possibilitem a melhora funcional independentemente do nível socioeconômico
encontrado no sistema público e no sistema privado de saúde. Neste estudo transversal realizou-se a avaliação do
nível de funcionalidade entre 24 pacientes com patologias crônico-degenerativas em tratamento fisioterapêutico,
assistidos pelo sistema público e privado do município de Divinópolis. A análise da incapacidade foi realizada
através do WHODAS 2.0, que demonstrou correlação significativa entre os pacientes da clínica privada e pública
no município, com média de 25,83 para clínica pública e 20,85 (p < ,000) para clínica privada. A influência dos
fatores sociodemográficos pode estar diretamente relacionada com o nível de incapacidade e percepção de saúde
dos indivíduos de acordo com os resultados levantados.

Palavras-chave: Doenças Crônicas; Funcionalidade; Incapacidade.

INTRODUÇÃO
De acordo com o atual cenário epidemiológico, as pessoas portadoras de deficiência no
Brasil representam 23,9% da população (IBGE, 2010). Algumas dessas condições, juntamente com o
envelhecimento populacional, apresentam maior potencial para limitação da capacidade funcional
individual (LIMA-COSTA et al, 2003).
Capacidade funcional pode ser entendida como a capacidade que o indivíduo possui para
realizar suas atividades básicas e instrumentais de vida diária e envolve todas as funções corporais,
atividades e participação na sociedade (GUIMARÃESet al, 2004). Alguns estudos têm demonstrado
que doenças crônico-degenerativas também são capazes de alterar o nível de capacidade funcional
dos indivíduos, acarretando uma maior procura por cuidados em saúde e afastamento do trabalho, o
que tem gerado dispendiosos gastos do sistema previdenciário e do sistema de saúde público do país
(CARVALHO, 2003; LIMA-COSTA et al, 2003).
Ao longo dos últimos anos foram propostos alguns modelos para nortear as discussões e
as pesquisas sobre o tema da incapacidade, como o modelo proposto por Saad Nagi em 1960 e sua
versão modificada pela OMS, a International Classification of Impairments, Disability and
Handicap (ICIDH) em 1980.

¹ Discente do curso de Fisioterapia da Universidade do Estado de Minas Gerais, Divinópolis-MG;


²Discente do curso de Fisioterapia da Universidade do Estado de Minas Gerais, Divinópolis-MG;
³Fisioterapeuta Especialista em Ergonomia e Saúde do Trabalhador, Docente do curso de Fisioterapia da Universidade do
Estado de Minas Gerais, Divinópolis-MG. E-mail: grazielle.mattar@uemg.br

58
Embora esses modelos contribuíram para uma compreensão mais abrangente do processo
de incapacidade, somente em 2001, a OMS estabeleceu uma nova abordagem conceitual para a
incapacidade por meio da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde
(International Classification of Functioning, Disability and Health, 2000), conhecida como CIF.
Nesta abordagem a incapacidade abrange as diversas manifestações de uma doença como: prejuízos
nas funções do corpo, dificuldades no desempenho de atividades cotidianas e desvantagens na
interação do indivíduo com a sociedade (SAMPAIO, 2005).
As rápidas transições no perfil demográfico, econômico e epidemiológico levam a um
contexto de acentuada desigualdade social, pobreza e fragilidade das instituições. Sendo assim, as
informações sociodemográficas, econômicas e epidemiológicas, precisam ser valorizadas por
possibilitarem um diagnóstico e prognóstico mais eficaz, principalmente ao que se diz respeito às
abordagens terapêuticas nas doenças crônico-degenerativas (VERAS, 2009).
Diante da falta de dados sociodemográficos e do perfil dos pacientes com patologias
ortopédicas crônico-degenerativas em tratamento fisioterapêutico, assistidos pelo sistema público e
privado do município de Divinópolis, acreditamos que seria relevante verificar esses fatores, avaliar
e comparar o nível de funcionalidade desses pacientes. Considerando os aspectos multidimensionais
da incapacidade, é necessário ampliar a compreensão deste processo, pois os resultados poderão
nortear sobre a melhora funcional independentemente do nível socioeconômico encontrado no
sistema público e privado.

MÉTODOS
Trata-se de uma pesquisa observacional transversal, desenvolvida em duas clínicas de
fisioterapia do município de Divinópolis, denominadas: Privadas (A) e Pública (B).
A amostra foi do tipo estratificada probabilística com significância de 5%, constituída por 24
pacientes com diagnóstico clínico de doenças crônico-degenerativas, de ambos os sexos, com idade
de 20 a 75 anos e com sintomas recorrentes por mais de três meses. Além disso, não foram incluídos
no estudo pacientes com doenças neurológicas ou em sintomas agudos da doença. Esta pesquisa foi
aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) instituído pela Resolução nº 01/2006 da FUNEDI
Divinópolis com o Parecer n° 1.615.230.
Os fisioterapeutas responsáveis pelos atendimentos dos pacientes das clínicas A e B
foram esclarecidos sobre a abordagem e orientados quanto à pesquisa e como deveriam proceder
para que o paciente fizesse parte da amostra. A coleta de dados foi realizada no espaço
disponibilizado dentro das clínicas, antes ou após os atendimentos fisioterapêuticos. O paciente foi
esclarecido quanto aos procedimentos do estudo e assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido. Em seguida foram aplicados pelo examinador, dois questionários: o primeiro, contendo
informações sociodemográficas de comportamento e saúde (sexo, idade, escolaridade, práticas de
atividade física, entre outros) e o segundo, para avaliar a incapacidade, oWorld Health Organization
Disability Assessment Schedule (WHODAS 2.0 versão 12 ítens), que avalia o nível de
funcionalidade/incapacidade a partir de seis domínios: cognição, mobilidade, autocuidado, relações
interpessoais, atividades de vida e participação. Sendo que para todos estes domínios, proporciona
um perfil e uma medida geral de funcionalidade e deficiência que é confortável e aplicável
transculturalmente em todas as populações adultas (MOREIRA et al, 2014). As análises estatísticas
foram realizadas com o auxílio do programa IBM® SPSS® Statistics Version 19 com o qual se
aplicou a estatística descritiva para caracterizar cada uma das clínicas, além de demonstrar a
comparação entre elas. Os dados foram expressos pela média dos valores obtidos pelo grupo
estudado e analisados quanto à sua significância estatística pelo T-Test de Student para análise de
duas amostras dependentes, além da comparação dos domínios do WHODAS 2.0. Para a análise foi
estabelecido o valor de p < 0,05.

59
RESULTADOS
Os dados obtidos no estudo são apresentados a seguir. A idade apresentada pelos
participantes apresentou uma média de 54,75 (±10,332) sendo a idade mínima de 29 e a máxima de
73 anos. Na tabela 1, estão expressos os valores descritivos das amostras dos dois grupos,
delimitados para este estudo, distribuídos aleatoriamente como clínica privada (A) e pública (B) para
descrição dos dados. Na tabela 2, os dados apresentados referem-se a média e significância dos
valores obtidos na avaliação do WHODAS 2.0 mostrando a comparação entre os valores obtidos na
clínica A e B. A tabela 3, apresenta a correlação dos domínios do WHODAS 2.0, comparando os
valores de A e B, levando em consideração o valor 1 (Nenhum) grau de dificuldade para realizar os
domínios propostos pelo instrumento de avaliação.

Tabela 1. Características sociodemográficas, comportamentais e de saúde dos indivíduos participantes


Variáveis Clínica A Clínica B Variáveis Clínica A Clínica B
Sexo Desconforto
Masculino 58% 17% Físico
Sim 92% 83%
Escolaridade 1ª vez na
Fundamental 25% 74% Fisioterapia
Médio 58% 16% Sim 25% 25%
Superior 17% 10%
Renda Mesmo motivo
Nenhuma 8% 8% Sim 22% 44%
Até 1 salário 17% 50%
De 1 a 3 salários 41% 34%
3 a 6 salários 17% 8%
6 a 9 salários 8% 0%
Trabalha
Sim 59% 59%

Tabela 2. Média (desvio-padrão) e intervalo de confiança da média (95%) do escore obtido no WHODAS 2.0
Variáveis Média (desvio-padrão) Intervalo de Confiança Valor p
(95%)
Escore Total Privada (A) 20,58 (±6,345) 20,74 – 30,93
*,000
Escore Total Pública (B) 25,83 (±8,021) 16,55 – 24,62

Tabela 3. Correlação entre os domínios avaliados no WHODAS 2.0 correspondentes a CIF


Domínios Clínica A Clínica B Clínica A Clínica B
Cognição S3 – 76,9% S3 – 69,2% S6 – 61,5% S6 – 53,8%
Mobilidade S1 – 30,8% S1 – 30,8% S7 – 30,8% S7 – 23,1%
Autocuidado S8 – 53,8% S8 – 53,8% S9 – 69,2% S9 – 46,2%
Relações Interpessoais S10 – 69,2% S10 – 92,3% S11 – 76,9% S11 – 92,3%
Atividades de Vida Diária S2 – 76,2% S2 – 15,4% S12 - 53,8% S12 – 38,5%
Participação S4 – 76,9% S4 – 69,2% S5 – 30,8% S5 – 7,7%

DISCUSSÃO
De acordo com a tabela 1, podemos verificar que a maioria dos participantes da clínica A
são do sexo masculino (58%), enquanto que na clínica B a maioria são do sexo feminino (83%). Há
uma importante diferença em relação a escolaridade dos participantes, sendo que os que
completaram o ensino médio e superior na clínica A superam a mesma relação dos participantes da
clínica B. Fazendo uma comparação com o nível de escolaridade e o domínio de cognição,
apresentado na tabela 3, que avalia comunicação e atividades de raciocínio, demonstra-se uma
diferença de 7,7 % entre as clínicas A e B; caracterizando que as pessoas com maior capacidade de

60
comunicação e raciocínio estão presentes em clínicas particulares. Em relação a renda familiar a
maioria dos participantes da clínica B disseram possuir renda de até 1 salário (50%) e da clínica A
disseram possuir renda de 1 a 3 salários (41%) e somente na clínica A há participantes que possuem
de 6 a 9 salários (8%). Os resultados apresentados na tabela 2, vem demonstrar a importância da
avaliação de saúde e deficiência na prática clínica de fisioterapia, podemos ressaltar que os valores
estão estatisticamente significantes (p < 0,05) entre os pacientes das clínicas A e B. Esse estudo
demonstra que a utilização de instrumentos que avaliem e caracterizam o perfil funcional específico
dos pacientes, tem como objetivo aumentar a qualidade e a individualidade dos dados relativos ao
seu estado funcional, mas também auxilia no planejamento do tratamento e na reavaliação. Os
resultados da tabela 3, nos revelam uma característica própria do WHODAS 2.0, que o distingue de
outras medidas de deficiência, que é a sua relação direta com a CIF, tornando um instrumento
auxiliar aos fisioterapeutas no que diz respeito a dados funcionais. Da mesma forma, uma patologia
pode influenciar na capacidade funcional, que se relaciona com a capacidade de um indivíduo de
realizar uma determinada função em um ambiente padronizado. Portanto, torna-se relevante avaliar a
associação entre esses dois aspectos distintos, uma vez que são domínios relevantes para a
caracterização da funcionalidade e incapacidade dos pacientes. Além disso, a abordagem profissional
aos pacientes com doenças crônico-degenerativas deve levar em conta a importância dos fatores
ambientais e pessoais (aspectos do mundo físico, social e comportamental) nos processos de
funcionalidade e incapacidade desses pacientes, uma vez que esses fatores interagem com todos os
domínios de saúde descritos pela CIF (SABINO, 2008).

CONCLUSÕES
Os resultados do presente estudo demonstram que há uma correlação significativa entre
os pacientes da clínica privada e pública do município de Divinópolis. A influência dos fatores
sociodemográficos podem estar diretamente relacionados com o nível de incapacidade e percepção
de saúde dos indivíduos. A análise dos dados apresentados ilustra o fato de que as doenças crônico-
degenerativas promovem diferentes aspectos no processo de funcionalidade/incapacidade.

REFEÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, V. Balanço da reforma previdenciária no Brasil.In: Bayma F, Kasznar IK, editores.
Saúde e previdência social: desafios para o terceiro milênio. São Paulo: Pearson Education do Brasil;
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tratamento fisioterapêutico.Rev. Neurociências. v.12, n3, 2004.
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LIMA-COSTA et al. Desigualdade social e saúde entre idosos brasileiros: um estudo baseado na
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios.Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro v.19, n.
3, p. 745-757, 2003.

MOREIRA, Aurora et al. Tradução e validação para o português do WHODAS 2.0 – 12 itens em
pessoa com 55 ou mais anos. Rev. Portuguesa de Saúde Pública. 2015. OMS. Organização Mundial
de Saúde. Disponível em http:// who.int. – Acesso em 11 de agosto de 2016.
NÚBILA, Heloísa B. V. Uma introdução à CIF – Classificação Internacional de
Funcionalidade, Incapacidade e Saúde.Rev. Bras. Saúde ocup.São Paulo, 35 (121): 122-123, 2010.

61
SABINO, G.S. et al. Utilização da classificação internacional de funcionalidade, incapacidade e
saúde na avaliação fisioterapêutica de indivíduos com problemas musculoesqueléticos nos
membros inferiores e região lombar. Acta Fisiatr, v.15, n 1, p. 24-30, 2008
SAMPAIO, R.F. et al. Aplicação da Classificação Internacional de Funcionalidade,
Incapacidade e Saúde (CIF) na prática clínica do fisioterapeuta.Revista Brasileira de
Fisioterapia, v.9, n.2, p.129-136, 2005.
VERAS, Renato. Envelhecimento populacional contemporâneo: demandas, desafios e
inovações.Rev. Saúde Pública. 43 (3): 548-554, 2009.

62
CAPACIDADE FUNCIONAL: A REALIDADE DO IDOSO NO MUNICÍPIO DE CLÁUDIO –
MINAS GERAIS

AMARAL,Fernanda Maria Francischetto daRocha¹; ARANTES, Thamyres Silva²; BORGES,


Naiara Cristina Oliveira²; MAIA, Maísa Gonçalves Ferreira².

Síntese:O envelhecimento ocorre de maneira rápida em todo o mundo, o que remete em alterações na capacidade
funcional do idoso. Nesse contexto, tornou-se relevante avaliar a capacidade funcional do idoso e assim detectar
precoces sinais de independência no âmbito de atividades funcionais. O objetivo geral deste estudo foi descrever o
nível de funcionalidade dos idosos no município de Cláudio-MG. Tratou-se de um estudo quantitativo, do tipo
descritivo, de caráter exploratório. Para coleta de dados foram utilizados os seguintes instrumentos, um
questionário socioeconômico, o índice de Katz, as escalas de Lawton e Brody para avaliar as Atividades Básicas de
Vida Diária, Atividades Instrumentais de Vida Diária e as Atividades Avançadas de Vida Diária. Constituíram o
estudo 258 idosos que atenderam aos critérios de inclusão, sendo 94 homens e 74 mulheres, com média de idade de
70,84 anos e faixa etária entre 60-69 anos (50,39%). Realizou-se a análise da funcionalidade da população em
estudo, segundo variáveis sócio demográficas e de saúde global, onde estimou-se a prevalência de independência
funcional em Atividades Básicas de Vida Diária (AVDs), em Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVDs), e
em Atividades Avançadas de Vida Diária (AAVDs). A prevalência de independência em ABVDs foi de 98,45%,
enquanto a prevalência de independência em AIVDs correspondeu a 66,66% e a independência em AAVDs foi de
69,38%. Os resultados apresentados são similares aos observados na literatura e apontam que seus participantes
possuem sua capacidade funcional preservada e que estão em sua maioria independentes e funcionais para o
desenvolvimento das atividades de vida diária.

Palavras-chave: Funcionalidade; Idosos; Independência.

INTRODUÇÃO
O envelhecer é um fato que ocorre no Brasil e em todo o mundo. O aumento da longevidade
dos indivíduos ocasiona o crescimento de doenças e distúrbios no organismo relacionado ao
envelhecimento, com destaque às doenças crônico-degenerativas. (MACIEL; GUERRA, 2004).
No Brasil o envelhecimento da população acontece de maneira rápida e acelerada (VERAS
2009). Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2002, apontam entre os
anos de 1991 a 200, que o numero de idosos aumentou duas vezes e meia (35%) em relação ao resto
da população (14%), este aumento foi confirmado como o resultado do Censo de 2010 do IBGE que
demonstram que há mais de 20 milhões de idosos no país. (IBGE, 2016).
A capacidade funcional é definida como a habilidade para realizar atividades que possibilitam
à pessoa cuidar de si mesmo e viver de forma independente. Sua mensuração tem sido foco no exame
do idoso, pois se correlaciona com a qualidade de vida (LINO et al, 2008).
A construção do conceito de Atividades Básicas de Vida Diária – ABVD iniciou-se na década
de 60, onde surgiram os primeiros índices para avalia-las. As ABVDs foram definidas como as
atividades que envolvam ações, tais como: alimentar-se, vestir-se, banhar-se, mobilizar-se e
deambular. As Atividades Instrumentais de Vida Diária – AIVD se referem às atividades que
proporcionam independência no lar e em demais atividades do individuo, como manipular
medicamentos, administrar as próprias finanças, realizar compras e utilizar os meios de
transporte(FARIAS; BUCHALLA, 2005; FREITAS et al., 2012)

¹Professora da Universidade do Estado de Minas Gerais-UEMG E-mail: Fernanda.amaral@uemg.br


²Discentes do Curso de Fisioterapia da Universidade de Minas Gerais-UEMG

63
Já a concepção de Atividade Avançada de Vida Diária – AAVD abrange atividades
voluntárias, sociais, ocupacionais e de recreação, como por exemplo: atividades esportivas,
capacidade de conduzir veículos motorizados e a participação social.
Este estudo teve como objetivo descrever o nível de funcionalidade em idosos; além de
identificar as comorbidades relatadas nos idosos investigados e descrever as características sócias
demográficas e hábitos de vida de idosos cadastrados na Secretaria de Saúde do município de
Cláudio- Minas Gerais.

MÉTODOS
Esta pesquisa se propôs a uma investigação com abordagem quantitativa, do tipo descritivo,
de caráter exploratório, onde o cenário de estudo foi o município de Claudio-MG, que conta com
25.771 habitantes, sendo 3.737 idosos com idades entre 60 a 105 anos, distribuídos em nove
unidades (Central e PSF). A amostra foi composta por 258 idosos com idade entre 60 a 105 anos,
ambos os sexos, residentes no município de Cláudio. O critério de seleção foi feito com base no
cadastro das unidades de forma aleatória. Os critérios de inclusão foram: o indivíduo apresentar
idade de acima 60 anos; ter residência permanente no domicilio, apresentar escore acima de 18 no
Mini Exame do Estado Mental (MEEM) e concordar em participar da pesquisa (TCLE). Já os
critérios de exclusão foram: apresentar no MEEM escore inferior a 17, ter doenças ou sequelas que
impede a realização da pesquisa, uso de cadeira de rodas ou retenção provisória ou definitiva ao
leito, estar em estágio terminal e não concordar em participar da pesquisa.
Para coleta de dados foram utilizados um questionário de auto relato informando dados sócio
demográficos, o Índice de Katz para coleta dos dados das atividades básicas de vida diária (ABVD),
Inventário do Desempenho de atividades avançadas de vida diária (AAVD) e a Escala de Lawton e
Brody (1969) para avaliar atividades instrumentais de vida diária (AIVD). Os instrumentos de coleta
de dados foram aplicados individualmente nas residências dos idosos, com agendamento prévio,
onde os mesmos só foram aplicados após a leitura e concordância com o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido. Todos os dados foram digitados no Excell para análise estatística.

RESULTADOS
Participaram desta pesquisa 258 idosos, com idade entre 60 e 100 anos, sendo a média da
amostra de 70,84 anos e a faixa etária de 60 a 69 anos.Dentre os participantes, 94 eram homens
(36,43%) e 164 eram mulheres (63,57%). Destes, sua maioria eram casados (51,16%), tinham ensino
fundamental (43,41%).
Sobre a presença de doenças foi identificado a prevalência da Hipertensão Arterial Sistêmica
70,15% (181 idosos), Segundo Nunes et al, 2009, com o processo do envelhecimento ocorre uma
tendência para o aumento da pressão arterial acima dos parâmetros normais, de acordo com o
avançar da idade.
Com relação aos hábitos de vida, foi identificado que 75,58% não eram fumantes e que
81,78% não tinham hábito de ingerir bebida alcoólica, 227 idosos (87,98) relataram não terem caído
nos últimos 6 meses, e declararam serem sedentários(74,7%) e não praticavam alguma atividade
física (62,02%).
Na Tabela 1, encontra-se a distribuição dos entrevistados por funcionalidade, nas atividades
incluídas na Índice de Katz. Foi possível observar que 254 idosos apresentaram independência ao
realizar atividades básicas de vida diária, que envolvem atividades relacionadas a sobrevivência,
como alimentar-se, vestir-se, banhar-se, mobilizar-se e deambular.

Tabela 1: Índice de Katz- Atividades Básicas de Vida Diária


ABVD

64
Variáveis Números de Pessoas %
Independente 254 98,45
Dependência Moderada 1 0,39
Muito dependente 3 1,16

A distribuição dos entrevistados, segundo condição funcional em Atividades Instrumentais de


Vida Diária, Escala de Lawton e Brody se encontra na Tabela 2. Da mesma forma que para as
atividades básicas, observou-se que 172 idosos apresentaram independência total na realização de
atividades instrumentais, como manipular medicamentos, administrar as próprias finanças, realizar
compras e utilizar os meios de transporte.

Tabela 2: Escala de Lawton e Brody– de Atividades Instrumentais de Vida Diária


AIVD
Variáveis Número de pessoas %
8 Pontos (independente) 172 66,66
6-7 Pontos (dependência ligeira) 53 20,54
4-5 Pontos (dependência moderada) 13 5,03
2-3 Pontos (dependência grave) 12 4,65
0-1 Ponto (dependência total) 8 3,10

Na tabela 3, os entrevistados estão distribuídos em relação às Atividades Avançadas de Vida


Diária, observando-se que 179 idosos ainda fazem atividades relacionadas a atividades voluntárias,
sociais, ocupacionais e de recreação, como por exemplo: atividades esportivas, capacidade de
conduzir veículos motorizados e a participação social.

Tabela 3: Atividades Avançadas de Vida Diária


AAVD
Variáveis Número de Pessoas %
Ainda Faz 179 69,38
Parou de Fazer 52 20,15
Nunca Fez 27 10,47

DISCUSSÃO
Em relação a faixa etária e estado civil prevalente neste estudo,contradiz com os resultados
encontrados em outros estudos realizados com idosos longevos, onde a faixa etária era 70 a 79 anos e
o estado civil viúvos. (INOUYE; PEDRAZZONI, 2007; NOGUEIRA et al., 2010; ROSSET et al,
2011; BRITO et al., 2013; LENARDT; MIRANDOLA, 2014).
Houve prevalência do sexo feminino, o que é um fenômeno notório na velhice, conforme a
Síntese de Indicadores do IBGE, que mostrou que no ano de 2013 as mulheres idosas
corresponderam a 55,5% na população, com faixa etária a partir de 60 anos (IBGE, 2014).
Segundo Nunes et al, 2009, com o processo do envelhecimento ocorre uma tendência para o aumento
da pressão arterial acima dos parâmetros normais, de acordo com o avançar da idade.
Já os dados relacionados aos hábitos de vida, corroboram os resultados identificados por
(GONÇALVES et al., 2010), os quais mostram que a inatividade física é mais frequente na
população idosa.
No estudo observou-se maior prevalência de independência nas ABVDs do que nas AIVDs e
AAVDs. Hierarquicamente, as perdas ocorrem de Atividades Instrumentais de Vida Diária para
Atividades Básicas de Vida Diária, devido às AIVDs exigirem maior integridade física e cognitiva
comparada às AVDs (SANTOS, 2011; BARBOSA et al., 2014).

65
Nesta avaliação, verificou-se que a maioria dos idosos encontrava-se na situação de
independência para ABVDs 254 (98,45%) dos entrevistados eram capazes de realizar todas as
atividades sem nenhuma assistência. Observou também que 172 (66,66%) dos idosos encontravam-
se em situação de independência total para AIVDs. Barbosa e colaboradores (2014) em um estudo
transversal com 329 idosos de uma unidade de estratégia de saúde da família de Montes Claros-MG,
encontraram 25,9% (n=74) de dependência considerando somente as AIVDs. Em outro estudo
realizado com 316 idosos em Lafaiete Coutinho-BA, a prevalência de dependência para AIVDs foi
de 41,0% (FREITAS et al., 2012).

CONCLUSÃO
Com o presente estudo, alcançamos nossos objetivos, com resultados satisfatórios em relação
a capacidade funcional e o nível de independência dos idosos do município. Acredita-se que
identificar a capacidade funcional do idoso e sua competência para realizar as atividades da vida
diária aproxima o profissional de saúde da realidade vivida pelos mesmos e seus cuidadores.
Também possibilita um melhor planejamento da assistência a ser prestada especialmente
quando há déficits, que irão interferir na qualidade de vida do idoso e de seus familiares.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Rev. Texto Contexto Enfermagem, Florianópolis, v.22, n.1, p. 43-51, Jan-Mar, 2013.

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saúde da Organização Mundial da Saúde: Conceitos, usos perspectivas. Revista Brasileira
Epidemiológica , v.8, n.2, p.187–93, 2005.

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INOUYE, Keika; PEDRAZZANI, Elisete Silva. Nível de instrução, status socioeconômico e


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Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 15, n. spe, p. 742- 747, Oct. 2007.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE): Disponível


em:<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010>Acesso em maio/2016.

LINO, V. T. S.; et al . Adaptação transcultural da Escala de Independência em Atividades da


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MACIEL, A. C. C.; GUERRA, R. O. Fatores associados á alteração da mobilidade em idosos


residentes na comunidade. Santa Cruz - RN, v.9, n. 1,29 de set. 2004.
(Disponívelem:<http://www.crefito3.com.br/revista/rbf/rbfv9n1/pdf/FATORES%20ASSOCIADOS
%20%C3%80%20ALTERA%C3%87%C3%83O%20DA%20MOBILIDADE.pdf>. Acesso em: 31
maio 2016.

MIRANDOLA, Andrea Ribeiro. Capacidade funcional, capacidade de tomar decisão e qualidade


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66
Grande do Sul. Instituto de Geriatria e Gerontologia. Programa de Pós-Graduação em Gerontologia
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NOGUEIRA, Silvana L. et al. Fatores determinantes da capacidade funcional em longevos. Rev.


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programa de saúde pública de Belém/PA: implicações para a enfermagem. 2011, 160 f.; Tese
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VERAS, Renato. Envelhecimento populacional contemporâneo: Demandas, desafios e


inovações.Rev. de Saúde Pública, São Paulo, v.43, n.3, p.548-554, 2009.

67
CORRELAÇÃO ENTRE ALTERAÇÕES FÍSICAS DOOMBRO COM CAPACIDADE
FUNCIONAL EM MULHERES MASTECTOMIZADASPÓS-CÂNCER DE MAMA

OLIVEIRA, Franciele Fraga¹; RIBEIRO, Mariana Caroline²; FERREIRA, Rosana


Rafaella³;DÂMASO, Carolina4; LIMA, OnésiaCristina Oliveira5

Síntese: Mulheres submetidas à mastectomiapós-câncer de mama podem evoluir com alterações funcionais do
membro superior que comprometem a sua qualidade de vida. O objetivo deste estudo foi avaliar a correlação
entre dor, força muscular e amplitude de movimento do ombro com capacidade funcional do membro superior
em mulheres mastectomizadas pós-câncer de mama. Foram avaliadas 29 mulheres mastectomizadas e28 mulheres
no grupo controle. Todas as participantes foram submetidas à avaliação do índice do dor, da força da
musculatura do ombro, amplitude de movimento (ADM) de ombro e à análise da funcionalidade do membro
superior. O estudo constatou que mulheres submetidas à mastectomia apresentam aumento significativo nos
níveis de dor e redução na funcionalidade do membro superior ipsilateral à cirurgia quando comparadas ao grupo
controle. Observou-se ainda que o membro ipsilateral à cirurgia apresenta redução na força muscular de
extensores, abdutores, adutores, rotadores internos e rotadores externos de ombro, bem como redução na ADM
para flexão, extensão, abdução e adução de ombro quando comparado ao membro contralateral à cirurgia. Foi
detectada correlação negativa moderada entre índice de funcionalidade e perda na angulação paraflexão e
extensão de ombro; correlação negativa moderada entre índice de funcionalidadeeperdanaforça de flexores e
extensores de ombro e por fim, correlação positiva forte entre índice de funcionalidade e dor. Em conjunto, os
resultados obtidos podem servircomo subsídio científico para atuação precoce do Fisioterapeuta no tratamento
destas pacientes, visando à restauração da funcionalidade.

Palavras-chave: Amplitude de movimento; Capacidade funcional; Dor; Fisioterapia; força


muscular.

INTRODUÇÃO
O câncer de mama é uma neoplasia maligna que se desenvolve no tecido da mama, sendo o
segundo tipo de câncer mais freqüente no mundo (RODRIGUES et al., 2015). O tratamento
cirúrgico é uma abordagem terapêutica amplamente utilizada no tratamento desta doença, porém
mulheres submetidas à cirurgia podem evoluir com alterações funcionais do membro superior
ipsilateral à mastectomia (COUCEIRO et al., 2009). O objetivo deste trabalho foi avaliar força
muscular,1dor e ADM do ombro em mulheres submetidas à mastectomia pós-câncer de mama e
identificar quais destasalterações apresentam correlação com a capacidade funcional de membro
superior ipsilateral à mastectomia.

MÉTODOS
Este estudo foi realizado com um grupo experimentalcomposto por mulheres submetidas à
mastectomia pós-câncer de mama e por um grupo controle. Todas as participantes foramsubmetidas
à análise dos seguintes parâmetros: 1) força da musculatura do ombro através do teste de força
muscular manual; 2) ADM de ombro com uso de goniômetro; 3)dor com uso da escala análogo
visual; 5) capacidade funcional do membro superior através do questionário
DisabilityArmShoulderandHand (Dash).Dados paramétricos foram analisados com teste T pareado,

1,2,3
Acadêmicas do 10º Período do Curso de Fisioterapia da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) - Unidade
Divinópolis
4,5
Professores do Curso de Fisioterapia da UEMG - Unidade Divinópolis E-mail: onesialima@yahoo.com.br

68
dados não paramétricos foram analisados com teste Wilcoxon e correlação foi avaliada com o teste
de correlação de Pearson.Significância estatística foi estabelecida em p <0,05. Correlação forte foi
estabelecida em r = 0,7 a 1,0; correlação moderada r = 0,4 a 0,6e correlação fraca = 0,1 a 0,3 (Filho,
2009). 1
RESULTADOS
Observou-se que mulheres submetidas à mastectomia apresentam aumento significativo nos
níveis de dor e menor índice de capacidade funcional quando comparadas ao grupo controle (Figura
1 e 2). A análise da força muscular demonstrou que com exceção aos flexores do ombro todos os
grupamentos avaliados apresentaram força significativamente menor no lado ipsilateral à cirurgia
comparada ao lado contralateral (Figura 3). A análise de ADM do complexo do ombro demonstrou
que exceto para rotação interna e externa de ombro, todos os movimentos avaliados apresentaram
menor amplitude no membro ipsilateral comparado ao contralateral (Figura 4). As análises de
correlação demonstraram existência de correlação negativa moderada entre índice de funcionalidade
e força de flexores e extensores de ombro (Figura 5). Correlação negativa moderada foi encontrada
entreíndice de funcionalidade e ADM de flexão e extensão (Figura 6)e observou-secorrelação
positiva forte entre índice de funcionalidade e dor (Figura 7).

Figura 1. Índice de dor no ombro de mulheres Figura 2. Escore de funcionalidade de


submetidas à mastectomiapós-câncer de mama e membro superior em mulheres submetidas à
mulheres do grupo controle, n pós-mastectomia= mastectomia pós-câncer de mama e
mulheres do grupo controle. n pós-
29 pacientes; n controle = 28 pacientes; Teste de
mastectomia = 29 pacientes; n controle = 28
Wilcoxon pacientes; TesteT pareado.

Figura 3.Análise da força


da musculatura do ombro
de mulheres submetidas à

69
mastectomia pós-câncer de mama. n= 29 pacientes; Teste de Wilcoxon.

Figura 4.Análise da ADM de ombro de mulheres submetidas à cirurgia pós-câncer de mama. n= 29


pacientes; Teste de T pareado.

Figura 5.Análise da correlação entre índice de Figura 6.Análise da correlação entre índice de
funcionalidade de membro superior e força da funcionalidade de membro superior e amplitude
musculatura do ombro de mulheres submetidas de movimento de ombro em mulheres
à cirurgia pós-câncer de mama. n = 29 submetidas à cirurgia pós-câncer de mama. n =
pacientes, correlação de Pearson. 29 pacientes, correlação de Pearson.

70
Figura 7. Análise da correlação entre índice de
funcionalidade de membro superior e índice de dor em
mulheres submetidas à mastectomiapós-câncer de mama. n
= 29 pacientes, correlação de Pearson.

DISCUSSÃO
Este estudo demonstrou que o membro superior ipsilateral à mastectomia apresenta alterações
tais como dor, redução na ADM e redução na força dos músculos do ombro. Estes achados estão de
acordo com resultados de outros estudos sobre a prevalência de alterações físico-funcionais em
decorrência da mastectomia (SOUSAet al., 2013). Segundo Camargo (2000) é comum a articulação
de o ombro ser afetada devido à hipomobilidade do membro superior homolateral à cirurgia, onde os
movimentos de abdução e flexão do ombro são comumente afetados. Essas alterações podem ser
atribuídas à dor e até mesmo à cicatriz cirúrgica (BREGAGNOLet al., 2010). O presente estudo
demonstrou ainda que dor, redução na ADMde flexão e de extensão de ombro, bem como redução na
força muscular de flexores e de extensores de ombro são alterações que estão correlacionadas com
redução na funcionalidade de membro superior. Esses achados apontam a importância da intervenção
fisioterapêutica para reabilitação da paciente pós mastectomia.

CONCLUSÃO
Este estudo fornece evidências sobre a presença de alterações físico-funcionais em
decorrência da mastectomia, o que reforça a necessidade da intervenção precoce daFisioterapia na
reabilitação de pacientes mastectomizadas. Além disso, os resultados fornecem subsídio científico
para guiar a atuação do Fisioterapeuta no tratamento destas pacientes por demonstrar quais alterações
físicas correlacionam-se com redução na funcionalidade do membro superior ipsilateral à
mastectomia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BREGAGNOL R. K; DIAS, A.S. Alterações Funcionais em Mulheres Submetidas à Cirurgia de
Mama com Linfadenectomia Axilar Total. Rev Brasileira de Cancerologia.v.56, n.1,p.25-33, 2010.
CAMARGO M.C.; MARX, A.G. Reabilitação física no câncer de mama. São Paulo: Roca; 2000.
COUCEIRO, T.C.M.; MENEZES, T.C.;VALENÇA, M.M. Síndrome Dolorosa Pós-Mastectomia. A
Magnitude do Problema. Rev Bras Anestesiol.v.59, n.3, p.358-365, 2009.

FILHO, D.B.F.; JÚNIOR, J.A.S. Desvendando os Mistérios do Coeficiente de Correlação de Pearson


(r). Rev Política Hoje. v.18, n.1, 2009.

RODRIGUES, J.; Cruz, M.S.; PAIXÃO, A.N. Uma análise da prevenção do câncer de mama no
Brasil. Ciênc. saúde coletiva.v.20, n.10, Out, p.3163-3176. 2015.

SOUSA, E.; CARVALHO, F.N.; BERGMANN, A.; FABRO, E.A.N.; DIAS, R.A.; KOIFMAN, R.J.
Funcionalidade de Membro Superior em Mulheres Submetidas ao Tratamento do Câncer de Mama.
Rev Brasileira de Cancerologia .v.59, n.3, p.409-417, 2013.

71
DEPRESSÃO E TRÍADE COGNITIVA EM ADOLESCENTES DE ESCOLAS PÚBLICAS
DE CARMO DO CAJURU

OLIVEIRA, Gislene Cordeiro¹; SOUZA,Ronaldo Santhiago Bonfim de².

Síntese: A depressão é considerada pela OMS enquanto um dos maiores problemas de saúde do mundo, e entre os
adolescentes, a prevalência aumenta sensivelmente no início da puberdade. Tal temática é considerada de extrema
importância devido às suas implicações psicossociais, incidência e recorrência. Diante da alta ocorrência deste
transtorno, e do reconhecimento do papel das cognições no mesmo, este estudo visou investigar a depressão no
contexto dos fatores de risco da adolescência, bem como avaliar a tríade cognitiva dos adolescentes, na busca de
investigar as visões de si, de mundo e de futuro deste público. A tríade cognitiva pode ser definida enquanto
padrões cognitivos, que através deles, os indivíduos pensam e interpretam os eventos em relação a si mesmos, aos
outros/mundo e ao futuro; e que no caso da depressão, o indivíduo tende a ver tais esferas de maneira negativa;
isso é o que chamamos de tríade cognitiva negativa. O presente estudo é decorrente de estágio curricular, e
objetiva identificar os fatores de risco e fatores de proteção para a depressão em adolescentes da cidade de Carmo
do Cajuru, Minas Gerais. E para isso, está sendo realizada uma pesquisa em três escolas públicas avaliando-se
adolescentes com idades entre 13 e 17 anos, utilizando-se dos instrumentos Inventário da Tríade Cognitiva para
Crianças e Adolescentes (ITC-CA) e Inventário de Depressão Infantil (CDI). O estudo da depressão e da tríade
cognitiva em adolescentes possibilita o planejamento de intervenções, que implicam a construção de competências
no individuo perante os impasses da vida, visando inclusive promover o protagonismo e autonomia do mesmo.

Palavras-chave: Adolescência, Avaliação Cognitiva, Fatores de risco; Fatores de proteção.

INTRODUÇÃO
A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera a depressão como um dos maiores
problemas de saúde do mundo, e tem sido uma das variáveis mais estudadas e fortemente
correlacionadas com o suicídio (COSTA, 2012). A mesma estima que em 2020 a depressão seja a
patologia que mais afetará a população em geral (COSTA, 2012).
Sabe-se que as causas para a depressão são diversas e, que antes da puberdade a prevalência da
depressão aumenta de 1% para 3% e na fase da adolescência aumenta de 3% para 9% (COSTA,
2012). Importante ressaltar que transtorno depressivo maior pode ocorrer em qualquer faixa etária,
porém, a probabilidade de início aumenta sensivelmente no começo da puberdade (DSM-V, 2014).
Tal transtorno acarreta impacto tanto na vida do paciente quanto de seus familiares, comprometendo
aspectos sociais, ocupacionais e outras áreas de funcionamento (POWELL et. al, 2008).
O modelo cognitivo da depressão de Beck implica dois elementos básicos: a tríade cognitiva
e as distorções cognitivas (POWELLet. al, 2008). A tríade cognitiva, que pode ser definida enquanto
padrões cognitivos, que através deles, os indivíduos pensam e interpretam os eventos em relação a si
mesmos, aos outros/mundo e ao futuro (FROESELER, 2014). No caso da depressão, o indivíduo
tende a ver a si mesmo enquanto inapto, e ver o mundo e o futuro de maneira negativa; isso é o que
chamamos de tríade cognitiva negativa (POWELL et. al, 2008). A tríade influencia todos os níveis
dos esquemas cognitivos, desde as crenças nucleares até os pensamentos automáticos.
Tomemos como exemplo um paciente deprimido: ele tende a ver a si próprio como
defeituoso, incapaz, possuidor de defeitos morais, físicos e psicológicos (visão do self); tende a
interpretar a realidade como ameaçadora, exigente e cheia de obstáculos insuperáveis, e interpreta
¹
Graduanda do curso de Psicologia da UEMG – Unidade Divinópolis. Email: gislenecordeiro95@hotmail.com
²
Professor orientador do curso de Psicologia da UEMG – Unidade Divinópolis.

72
negativamente as situações (visão dos outros/mundo); e prevê que o sofrimento e a incapacidade que
sente atualmente permanecerão indefinidamente, esperando do futuro a permanência das privações,
das dificuldades e do fracasso (visão de futuro) (FROESELER, 2014). Desta maneira, as crenças
negativas desse sujeito a respeito de si mesmo, dos outros e do futuro são mediadores na manutenção
dos sintomas emocionais, comportamentais e motivacionais da depressão (FROESELER, 2014).
As distorções cognitivas podem ser compreendidas enquanto erros sistemáticos na percepção
e no processamento de informações do indivíduo. Segundo o modelo de Beck, diante da depressão, o
paciente tende a estruturar suas experiências de forma absolutista e inflexível, resultando em erros de
interpretação quanto ao desempenho pessoal e ao julgamento das circunstâncias externas (POWELL
et. al, 2008).
Com isso reconhecer os quadros de depressão em adolescentes se faz necessário para propor
possibilidades de elaboração e ressignificação, pois este quando apresentado nesta faixa etária
interfere na construção da vida destes sujeitos dificultando as possibilidades de enfrentamento das
adversidades vivenciadas. No entanto cabe a este estudo analisar e avaliar se estes fatores
mencionados contribuem e como contribui para o processo de desenvolvimento significativo para os
adolescentes da cidade de Carmo do Cajuru.

OBJETIVOS
O presente trabalho objetiva reconhecer os quadros de depressão em adolescentes no
município em questão, e identificar a tríade cognitiva dos mesmos, descrevendo a percepção das
crenças de si, do mundo e as expectativas enquanto ao futuro.

MÉTODOS
O projeto de pesquisa do presente trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
(Coepe) da UEMG, Unidade Divinópolis, com o parecer de número 1450384. Participam deste
estudo adolescentes com idade entre 13 e 17 anos, provenientes de escolas públicas estaduais da
cidade de Carmo do Cajuru, Minas Gerais. A seleção da amostra é feita por conveniência. São
utilizados dois instrumentos, sendo eles: Inventário da Tríade Cognitiva para Crianças e
Adolescentes (ITC-CA) e o Inventário de Depressão Infantil (CDI). O Inventário da Tríade
Cognitiva para Crianças e Adolescentes faz-se uma versão adaptada do Cognitive Triad Inventory
for Children, e foi construído para investigar a tríade cognitiva negativa em crianças e adolescentes,
contendo 36 itens que avaliam as visões de self, mundo e futuro dos avaliados. Por uma escala Likert
de três pontos (“Sim”, “Talvez” e “Não”), os sujeitos devem indicar se as questões descrevem ou não
seus pensamentos no momento da aplicação. O CDI configura-se como o primeiro instrumento de
avaliação de sintomas depressivos na infância. Composto por 27 itens o inventário destina-se à
avaliação de jovens com idades entre sete e 17 anos, sendo largamente utilizado na literatura.
No primeiro momento foram realizados os contatos com os responsáveis pelas instituições
escolares para ver a possibilidade da realização da pesquisa. Quanto à participação a escola assinou o
Termo de Concordância para a Instituição, e em seguida foi apresentado aos alunos a proposta de
trabalho, os procedimentos da pesquisa e as questões éticas cabíveis, de forma simplificada e clara.
Os sujeitos são selecionados de forma aleatória, segundo o interesse dos adolescentes. Todos
os adolescentes são convidados a participar da pesquisa desde que tivessem a idade compatível,
consciência dos objetivos da pesquisa e concordasse voluntariamente em participar do estudo. São
excluídos os participantes que não atenderem aos critérios de inclusão ou que não foram autorizados
pelos pais. Posteriormente são entregues os termos de Consentimento Livre e Esclarecido para os
pais/responsáveis para aqueles que queiram participar da pesquisa, sendo necessária a assinatura do

73
responsável legal e a do próprio voluntário. A assinatura desse documento é obrigatória tendo em
vista que este projeto segue os critérios éticos e legais da Portaria 466 de 04 de Dezembro de 2012,
sendo indispensável para a participação nesta pesquisa. As aplicações dos instrumentos acontecem
dentro das próprias instituições nos horários de aulas, sendo este combinado previamente com os
diretores e coordenadores responsáveis. Os instrumentos são todos de auto-relato, com
preenchimento pelos próprios sujeitos, aplicados de forma coletiva e com tempo médio de 30
minutos a condução da avaliação.

RESULTADOS
A amostra até o presente momento é composta por 289 indivíduos, mas os dados são
preliminares, pois a pesquisa ainda se encontra em andamento. Os dados obtidos através dos
instrumentos ainda serão analisados.

Total
Idade Masculino Feminino por
idade
13 14 29 43
14 14 44 58
15 17 65 82
16 26 44 70
17 12 24 36
Total: 83 206 289

Tabela 1: Tabela do número de alunos


participantespor idade.

DISCUSSÃO
O estudo da depressão e da tríade cognitiva entre os adolescentes poderá fornecer
apontamentos para possibilidades de intervenções futuras a fim de favorecer ao ambiente e aos
próprios adolescentes aparatos preventivos, e favorecê-los no enfrentamento de dificuldades que
possam vivenciar. Este estudo também objetiva contribuir para a veracidade deste construto na
promoção de saúde e bem-estar do desenvolvimento biopsicossocial dos indivíduos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo dos fatores de proteção e risco na adolescência possibilita o planejamento de
intervenções com foco nos fatores de proteção, que implicam a construção de competências no
individuo perante as adversidades da vida, visando inclusive promover o protagonismo e autonomia
do mesmo.

REFERÊNCIAS

COSTA, I. A. N. C. Adolescência: Ideação Suicida, Depressão, Desesperança e Memórias


Autobiográficas. Dissertação de Mestrado. Instituto Universitário de ciências psicológicas, sociais

74
e da vida, 2012.Disponível em: http://repositorio.ispa.pt/bitstream/10400.12/2270/1/14501.PDF.
Acesso em 25 de setembro de 2016.

DSM-V: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais/American Psychiatric


Association; tradução: Maria Inês Corrêa Nascimento, Paulo Henrique Machado, Regina Machado
Garcez, Régis Pizzato e Sandra Maria Mallmann da Rosa; revisão técnica: Aristides Volpato
Cordioli (Coordenação), Christian Kieling, Cristiano Tschiedel Belem da Silva, Ives Cavalcante
Passos, Mário Tregnago Barcellos. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

FROESELER, M. V. G. Construção e avaliação de propriedades psicométricas iniciais do Inventário


de Pensamentos Automáticos Negativos e Positivos para Adolescentes (IPANPA). Dissertação
(Mestrado em Psicologia) – Programa de Pós Graduação em Psicologia, Universidade Federal de
Minas Gerais, Belo Horizonte MG, 2014. Disponível em:
http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace /handle/1843/BUOS-9LKKHK. Acesso em 20 de
setembro de 2016.

POWELL, V. B.; ABREU, N.; OLIVEIRA, I. R. & SUDAK, D. (2008). Terapia cognitivo-
comportamental da depressão. Revista Brasileira de Psiquiatria, 30(Supl II), 73-80. Disponível
em: http://www.scielo.br/pdf/rbp/v30s2/a04v30s2.pdf. Acesso em 28 de setembro de 2016.

75
ESTRESSE E INTEROCEPÇÃO: UMA VISÃO DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

TEIXEIRA, Mariana Guglielmelli¹; FALCÃO, Wemerson Soares²; PENHA, Daniel Silva Gontijo³

Síntese: Embora o estresse seja um resposta de defesa, a intensidade e duração das reações deve ser proporcional
à ameaça, resultando na superação da adversidade ou adaptação. Na ausência da proporcionalidade, seja por
tornar o organismo incapaz de superar a ameaça ou causar exaustão, causa prejuízo à saúde. Para tentar reduzir
o impacto do estresse no organismo podem ser utilizados exercícios de consciência corporal. Este treinamento é
capaz de influenciar a modulação da intensidade do estresse causando sua redução, além de auxiliar no retorno ao
estado fisiológico basal e conclusão da resposta. Dentre as técnicas de consciência corporal destaca-se o treino da
interocepção, habilidade que nos permite perceber as sensações no interior do corpo. Este estudo foi elaborado
com o objetivo de conhecer as representações sociais dos participantes de grupos de treinamento de interocepção
sobre o estresse e também sobre os efeitos das práticas de interocepção na redução do estresse.O projeto foi
desenvolvido em uma abordagem qualitativa. A pesquisa foi embasada na teoria das representações sociais. O
recurso metodológico utilizado foi a entrevista semiestruturada. Foram selecionados para participar da pesquisa
integrantes dos grupos de treinamento em interocepção para redução do estresse que funcionam no Centro de
Reabilitação Regional (CRER) em Divinópolis, MG, que participaram de pelo menos 7 sessões do grupo. Foram
entrevistadas 15 pessoas, com idades entre 32 e 73 anos, do sexo feminino.Para os participantes do estudo, o
estresse é uma reação que envolve manifestações corporais e mentais que podem ser percebidas no dia-a-dia. Para
eles, as práticas de interocepção para redução do estresse desencadeiam descargas sob forma de manifestações
corporais que quando terminam trazem alívio. Através do treinamento interoceptivo é possível aumentar a
capacidade de lidar com o estresse, reduzindo o desconforto e melhorando a capacidade de repouso, trazendo
bem-estar físico, psíquico e social.

Palavras-chave: Consciência corporal; Fisioterapia; Treinamento interoceptivo.

INTRODUÇÃO
O estresse é uma resposta desencadeada para proteger o organismo e permitir adaptação em
condições ambientais desafiadoras. As respostas fisiológicas e comportamentais visam enfrentar
condições difíceis direcionando a energia e os recursos do organismo para a sobrevivência. No
entanto, embora seja uma resposta protetora, é altamente desgastante e serve para nos proteger de
riscos imediatos com duração limitada, ou seja, adequada para uma resposta aguda (VANITALLIE,
2002). Quando a resposta de estresse não é concluída e se prolonga, torna-se crônica, causando
prejuízos à saúde do organismo, deixando-o mais vulnerável ao adoecimento (McEWEN, 2000).
Para tentar reduzir o impacto do estresse no organismo podem ser utilizados exercícios para
treinamento da consciência corporal. Este treinamento é capaz de influenciar a modulação da
intensidade do estresse e causar sua redução, além de auxiliar no retorno ao estado fisiológico basal e
conclusão da resposta. Dentre as técnicas de consciência corporal destaca-se o treino da
interocepção, habilidade que nos permite perceber as sensações no interior do corpo (CAMERON,
2001). Este tipo de trabalho é capaz de influenciar a modulação da intensidade da resposta de
estresse e causar sua redução, além de auxiliar no retorno ao estado fisiológico basal após a cessação
do estímulo estressor, ajudando na conclusão da resposta.
Este trabalho foi realizado com o objetivo de conhecer as representações sociais dos

¹Discente do Curso de Fisioterapia da UEMG – Unidade Divinópolis


²Discente do Curso de Fisioterapia da UEMG – Unidade Divinópolis
³Docente do Curso de Fisioterapia da UEMG – Unidade Divinópolis; E-mail: danielsilva999@yahoo.com.br

76
participantes de grupos de treinamento de interocepção sobre o estresse e também sobre os efeitos
das práticas de interocepção na redução do estresse.

METODOLOGIA
O projeto foi desenvolvido em uma abordagem qualitativa. A pesquisa foi embasada na teoria
das representações sociais (MOSCOVICI, 2003). O recurso metodológico utilizado foi à entrevista
semiestruturada. Foram selecionados para participar da pesquisa integrantes dos grupos de
treinamento em interocepção para redução do estresse que funcionam no Centro de Reabilitação
Regional (CRER) em Divinópolis, MG. A participação foi voluntária e gratuita. As sessões possuíam
frequência semanal, duração de uma hora e trinta minutos e foram conduzidas por um fisioterapeuta
treinado na técnica. Após breve explanação teórica sobre a natureza da técnica, foram realizados
exercícios de interocepção em ambiente tranquilo e silencioso. Os exercícios envolveram a
focalização da atenção nas sensações provenientes de várias partes do corpo (body scan). Na parte
final da prática, cada participante fez observações sobre suas experiências durante o exercício. Os
participantes também foram encorajados a realizar os exercícios ensinados ao longo das suas
atividades diárias, em todos os momentos em que percebessem a ativação da resposta de estresse.
Foram incluídos no estudo pessoas que participaram de pelo menos 7 (sete) sessões. O
número de entrevistados foi determinado no decorrer da pesquisa de acordo com o critério de
redundância das informações. A análise dos dados foi feita com base em unidades temáticas
(BARDIN, 2009).

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram entrevistadas 15 pessoas, com idades entre 32 e 73 anos, sendo todas do sexo
feminino. Após análise inicial dos depoimentos, as categorias identificadas foram divididas em três
temas: (1) definição e percepção do estresse; (2) experiências e manifestações corporais durante as
práticas; e (3) resultados da prática e mudanças no cotidiano. Os temas foram discutidos com base na
literatura e na fala dos participantes, cujos nomes foram substituídos por iniciais para preservar a sua
identidade.
(1) Definição e percepção do estresse
Pela análise dos relatos foi possível observar que os entrevistados definiram o estresse como
reações corporais e mentais, percebidas em seu dia-a-dia.
Se eu fico estressada com alguma coisa... no dia-dia... parece que a minha respiração paralisa um
pouco... o coração está disparado (E.G.S, 69 anos).
O estresse se manifesta em grande parte através de modificações na atividade do sistema
nervoso autônomo. As situações estressantes do cotidiano envolvem aspectos emocionais e
geralmente desencadeiam respostas caracterizadas pela coativação dos sistemas simpático e
parassimpático. Prevalecendo o tônus parassimpático nas vias aéreas, ocorre a broncoconstrição, que
aumenta a resistência das vias aéreas, prejudicando a passagem do ar. Na atividade cardíaca,
prevalece o tônus simpático, que aumenta frequência cardíaca (RITZ et al., 2000).
Eu tremo, a respiração fica difícil... eu fico num nível de irritação... você tem a sensação de
quando você está num labirinto (F.G.F, 32 anos).
Esse fenômeno de coativação é acentuado quando ocorre a percepção de uma situação como
inevitável ou inescapável (RITZ et al., 2000), aumentando a atividade vagal, responsável pela
broncoconstrição.
Eu fico ansiosa... tenho insônia... eu percebo o estresse dessa forma (J.A, 69 anos).
A ativação da resposta de estresse promove manifestações comportamentais e físicas que
estimulam o estado de alerta e vigília, inibindo atividades vegetativas como repouso e o sono
(CHROUSOS, 2009). Ao estimular o eixo HPA, o estresse é capaz de provocar insônia, ocasionando

77
o despertar. Para que ocorra o sono, as atividades do eixo HPA devem estar diminuídas, mas o
estímulo do estresse impede que isso ocorra (PALMA et al., 2007). Além disso, a privação de sono
agrava o quadro, funcionando também como um estímulo estressor, ou seja, aumentando o nível de
estresse no organismo (COENEM; LUIJTELAAR, 1985)
Ele vem pra mim em forma de nervoso... desconforto total... às vezes a gente chega a fazer e
falar coisas que não deveria (M.L, 57 anos).
Para Calabrese e colaboradores (2009), as alterações do humor podem ser desencadeadas pelo
estresse. Isso é particularmente importante no estresse crônico ou no estresse agudo de maior
intensidade. As manifestações como irritabilidade e nervosismo podem estar associadas aos prejuízos
na função do córtex pré-frontal desencadeados pelo estresse, assim como a incapacidade de prever a
consequência dos atos (ARNSTEN, 2009).
(2) Experiências e manifestações corporais durante as práticas
Os relatos das experiências vividas durante as práticas incluíram descargas sob forma de
manifestações sensório-motoras como tremores, movimentos involuntários, parestesias, paresias e
paralisias, além outras reações como taquicardia, sensação de alteração da temperatura corporal e
sudorese. As manifestações foram relatadas como transitórias, sendo muitas vezes seguidas por uma
sensação de alívio ou relaxamento.
Eu já percebi taquicardia, frio nas extremidades, formigamento, rigidez, tudo isso no
decorrer da prática (R.A.C, 47 anos).
Perdi toda a sensibilidade dos meus braços, as mãos, as pernas, tudo congelou... arritmia...
(M.L, 57 anos).
Sensação de tremor no corpo... dores, o coração acelerado... a perna congelada... queimor
na sola dos pés... sensação que eu estava levitando ... peso nos braços, às vezes um peso nas pernas
(J.A, 69 anos).
A resposta de estresse pode desencadear diferentes tipos de reações autonômicas, (ULRICH-
LAI; HERMAN, 2009), incluindo variações na temperatura corporal (CHROUSOS, 2009) e aumento
da atividade cardíaca (LAZARUS et al., 1963). Pode também provocar contrações musculares,
aumento ou redução do tônus muscular e imobilidade tônica (BRACHA, 2004). De acordo com
Levine (1997), quando o estresse não é resolvido, deixa uma ativação residual no sistema nervoso
que prejudica o bem-estar. Segundo o autor, esses resíduos são respostas incompletas do sistema de
estresse. Tais respostas podem ser eliminadas através de abordagens corporais com foco nas
sensações, para permitir sua descarga sob forma de manifestações como as descritas nos relatos
acima.
(3) Resultados da prática e mudanças no cotidiano
Foram descritas experiências como melhoria da capacidade de lidar com o estresse, aumento
da capacidade perceber as necessidades do organismo, redução de sintomas álgicos, diminuição da
ansiedade, melhoria da qualidade do sono, crescimento pessoal e melhor convívio social.
Percebi este equilíbrio que eu estava procurando... se controlar, passar por aquele momento
ali tranquilo... então este controle no dia-dia para mim está sendo ótimo (M.A.F.G, 58 anos).
Eu aprendi a respeitar mais o meu corpo, quando eu estou cansada, quando sinto dor...... se eu
acordo e vejo que estou cansada, eu respeito o meu corpo, não me forço... (M.A.N.E, 49 anos).
Saio da vivência da experiência do treinamento muito melhor do que eu entrei... foi um grande
aprendizado... como se eu tivesse interiorizado..., é como se o corpo tivesse aprendido isso (C.M.N,
67 anos).
Eu me vejo hoje mais focada... mais serena... eu melhorei bastante minhas dores no
pescoço... eu não tenho as dores que eu tinha no braço... eu senti bastante melhora (M.L, 57 anos).
Eu percebi que eu consigo me controlar mais... eu consigo passar aquele momento sem brigar, sem
ofender o outro... (L.F.R, 50 anos).
O córtex pré-frontal é a região mais evoluída do cérebro, responsável por habilidades
cognitivas da mais alta ordem, regulando nossos pensamentos, emoções, concentração,

78
comportamentos e relações interpessoais, permitindo adaptação ao ambiente. No entanto, também é a
região do cérebro mais sensível aos efeitos do estresse, que prejudica suas funções (ARNSTEN,
2009). É possível que a diminuição do estresse relatada, tenha produzido as melhorias de respostas
cognitivas como as habilidades sociais e capacidade de lidar com o estresse. Além disso, as técnicas
que focalizam a atenção na experiência corporal, além de reduzir o estresse, também são conhecidas
por aumentar o bem-estar físico, mental e social (MALMGREN-OLSSON et al., 2001).
Eu gosto... de ver pelos depoimentos o quanto as pessoas tem melhorado aplicando, eu e
outras pessoas tem melhorado no seu dia-dia, na vida com essa participação (M.L.N, 63 anos).
Para Mannerkorpi e colaboradores (1999), ao participar de um grupo de prática, é possível
que a pessoa adquira outra perspectiva de seus problemas ao compartilhar suporte mútuo.
Cada prática que eu venho e faço, está sendo melhor para dormir (M.A.N.E, 49 anos).
Antes eu estava tomando até medicação, hoje eu parei com estas medicações, porque eu consigo
dormir só com a prática da atividade ensinada lá... (R.A.C, 47 anos).
Eu estou bem mais calma, estou dormindo melhor... parece que quando a gente tem um
controle sobre a gente há um amadurecimento (E.G.S, 69 anos).
O estresse estimula atividades relacionadas com a vigília e inibe estados neurovegetativos
como o sono (CHROUSOS, 2009). Este fato poderia explicar, portanto, relatos de melhoria da
qualidade do sono, ao se reduzir o estresse percebido no organismo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para os participantes do estudo, o estresse é uma reação que envolve manifestações corporais
e mentais que podem ser percebidas no dia-a-dia. Para eles, as práticas de interocepção para redução
do estresse desencadeiam descargas sob forma de manifestações corporais que quando terminam
trazem alívio. Através do treinamento interoceptivo é possível aumentar a capacidade de lidar com o
estresse, reduzindo o desconforto e melhorando a capacidade de repouso, trazendo bem-estar físico,
psíquico e social.

REFERÊNCIAS
ARNSTEN, Amy FT. Stress signalling pathways that impair prefrontal cortex structure and function.
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80
EXERCÍCIO FÍSICO REGULAR E SONO EM PACIENTES ASSISTIDOS NAS UNIDADES
BÁSICAS DE SAÚDE DE DIVINÓPOLIS

LEAL, Dayse Aparecida Gambôa1*; ASSUNÇÃO, Karina Nunes1; SILVA, Ludmilla Fernanda1;
FARIAJÚNIOR, Newton Santos2.

Síntese: Nos últimos anos tem-se ampliado o interesse e os estudos pelos distúrbios do sono. Pesquisas indicam alta
prevalência destes em pessoas adultas, sendo considerado um problema de saúde pública. O exercício físico além
de ser considerada uma intervenção não farmacológica para a melhora da qualidade do sono é fundamental para
o desenvolvimento da qualidade de vida, manutenção da saúde mental e socialização. Devido à falta de
conhecimento de alguns profissionais, o mesmo não é muito utilizado para o sono. Este estudo teve como objetivo
comparar a qualidade de sono e presença de distúrbios do sono em pacientes praticantes (PEFR) e não praticantes
de exercício físico regular (NPEFR), assistidos em Unidades Básicas de Saúde (UBS´s) de Divinópolis. O estudo foi
do tipo observacional, transversal, realizado pelas alunas do curso de Fisioterapia da Universidade do Estado de
Minas Gerais – UEMG, Unidade Divinópolis, com pacientes recrutados a partir das UBS´s Niterói, São José e
Centro Social Urbano (CSU), avaliando a qualidade do sono, presença de distúrbios do sono, sonolência diurna
excessiva, risco para apneia obstrutiva do sono e qualidade de vida. O grupo PEFR apresentou menor sonolência
diurna excessiva, pior qualidade de sono, maior presença de distúrbios do sono, melhor qualidade de vida, tanto
nos aspectos físicos quanto nos aspectos emocionais, além de nenhum acidente de trabalho. Pacientes PEFR
assistidos em UBS´s de Divinópolis apresentaram menor prevalência de má qualidade do sono e SDE, apesar de
não serem estatisticamente significantes, além de melhor qualidade de vida e menores acidentes de trabalho.

Palavras-chave:Apneia do sono; Hipersonia; Qualidade de vida; Sono.

INTRODUÇÃO

Sono é definido como estado saudável e restaurador, naturalmente regenerador e prazeroso,


necessário para recuperar a exaustão física comum à experiência humana, devido ao constante estado
de alerta e gasto energético (DEMENT, 1990).
De acordo com estudos, os distúrbios do sono têm alta prevalência em pessoas adultas,
atingindo de 37,2 a 69,4% da população. Cerca de 16,6% da população com idade > 50 anos relatou
problemas de sono extremo ou severo (STRANGES et al., 2012). Um estudo realizado em uma
cidade do estado de São Paulo mostrou a ocorrência dos distúrbios em 46,7% das pessoas
entrevistadas, atingindo em sua maioria mulheres, pessoas idosas e com obesidade (ZANUTO et al.,
2015).
Os distúrbios do ciclo sono vigília são considerados um problema de saúde pública.
Geralmente não são detectados e tratados, pois há um desconhecimento da população sobre o
mesmo. Estes distúrbios do sono podem levar a redução do processamento cognitivo, déficit de
memória, transtornos psiquiátricos, maior número de acidentes de trânsito e industriais, além de
irritabilidade, alterações metabólicas e endócrinas, desenvolvimento de doenças cardiovasculares,
aumentando assim o número de hospitalizações e de mortalidade.

¹,¹,¹Acadêmicas do curso de Fisioterapia da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) Unidade Divinópolis. E-
mail: dayse_apg@hotmail.com
²Doutor em Pesquisa em Cirurgia - FCMSCSP
Professor do curso de Fisioterapia da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) – Unidade Divinópolis

81
Atualmente, o exercício físico é considerado uma alternativa não farmacológica para a
melhora da qualidade de sono (MARTINS, et al, 2001). Favorece hábitos de vida mais saudáveis
reduzindo o aparecimento de doenças, representando assim uma economia para a saúde pública, uma
vez que diminui a procura por postos de saúde e hospitais. Sendo de fácil aplicação e acesso à
população, o exercício físico tem contribuído para a melhora do sono e qualidade de vida, porém
pela falta de conhecimento de alguns profissionais o mesmo não é muito utilizado para essa
finalidade.
Este estudo teve como objetivo comparar a qualidade de sono e presença de distúrbios do
sono em pacientes praticantes (PEFR) e não praticantes de exercício físicos regulares (NPEFR),
assistidos em Unidades Básicas de Saúde (UBS´s) de Divinópolis.

MÉTODOS

O estudo foi do tipo observacional, transversal, realizado pelas alunas do curso de


Fisioterapia da Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG, Unidade Divinópolis, com 64
pacientes recrutados a partir das UBS´s Niterói, São José e Centro Social Urbano (CSU), no decorrer
de janeiro a outubro de 2016. Os pacientes foram selecionados de acordo com os critérios de
inclusão e exclusão após serem avaliados clinicamente. Foram avaliadas a qualidade e presença de
distúrbios do sono, através do Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh (PSQI), a prevalência de
sonolência diurna excessiva (SDE) e risco para presença de apneia obstrutiva do sono (AOS), através
da Escala de Sonolência de Epworth (ESE)e do Questionário de Berlim respectivamente, além da
qualidade de vida através do Questionário de Qualidade de Vida SF-36.
O desenho do estudo seguiu as normas do “Strengthening the Reporting of Observational
Studies in Epidemiology (STROBE) statement” e concordou com os padrões éticos estabelecidos na
Declaração de Helsinque 1961 (revista em Hong Kong em 1989, e de Edimburgo, na Escócia, em
2000) e nas Diretrizes e Normas Reguladoras para pesquisas envolvendo seres humanos do Conselho
Nacional de Saúde do Ministério da Saúde brasileiro, resolução 196/96 atualizada pela 466/2012.
O presente projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da
Universidade do Estado de Minas Gerais, sob número de protocolo 1.475.521/2016. De todos os
pacientes envolvidos foi obtido o Termo de Consentimento Livre Esclarecido, sendo permitido o
afastamento a qualquer tempo sem qualquer ônus.

RESULTADOS

Um total de sessenta e quatro pacientes foi recrutado a partir das UBS´s Niterói, São José e
CSU e dos grupos de exercício físico das respectivas unidades enquanto aguardavam atendimento
médico e antes da realização dos exercícios.
A tabela 1 apresenta os dados demográficos, antropométricos e comorbidades
cardiovasculares dos pacientesPEFR e NPEFR envolvidos no nosso estudo. A tabela 2 demonstra os
resultados dos questionários aplicados para verificar a qualidade de sono e presença de distúrbios do
sono da amostra.
O grupo PEFR apresentou melhor qualidade de vida, tanto nos aspectos físicos quanto nos
aspectos emocionais, além de nenhum acidente de trabalho, enquanto no grupo NPEFR 4 pacientes
já apresentaram acidentes.

Tabela 1 – Características demográficas, antropométricas e comorbidades cardiovasculares dos


pacientes envolvidos no estudo.

82
PEFR NPEFR

Características (n=32) (n=32)

Idade, anos 63,31 ± 8,57 57,66 ± 13,21

Sexo masculino, no (%) 5 (14,2) 6 (18,75)

IMC, kg/m2 26,65 ± 5,17 26,66 ± 5,31

Circunferência de pescoço, cm 36,65 ± 3,41 37,41 ± 3,85

Circunferência de abdome, cm 91,97 ± 10,81 92,69 ± 12,03

Tabagistas 8 (25,0) 4 (12,5)

Comorbidades Cardiovasculares, no (%)

Doenças cardíacas 5 (15,62) 2 (6,25)

Diabetes mellitus 8 (25,0) 5 (15,63)

Hipertensão 14 (43,75) 18 (56,25)

Os dados estão expressos em média (±DP) ou no (%). cm: centímetros; DP: desvio padrão; IMC: índice de massa
corporal; Kg: kilograma; min: minutos; m 2: metros quadrados; n o: número; NPEFR: não praticantes de exercício físico
regular; PEFR: praticantes de exercício físico regular.

Tabela 2: Qualidade e presença de distúrbios do sono nos pacientes assistidos nas UBS´s

PEFR (n=32) NPEFR (n=32) Valor P

ESE Total 7,75 ± 5,09 8,53 ± 5,07 ns

Sonolência diurna excessiva (ESE≥ 10), no (%) 12 (37,5) 13 (40,67) ns

Questionário de Berlim (alto risco AOS), no (%) 14 (43,75) 14 (43,75) ns

PSQI total 7,09 ± 3,67 6,97 ± 3,08 ns

Má qualidade de sono 21 (65,62) 26 (81,25) ns

Presença de distúrbios do sono 8 (25,0) 5 (15,62) ns

Os dados estão expressos em média (±DP) ou no (%).AOS: apneia obstrutiva do sono; cm: centímetros; DP: desvio
padrão; ESE: escala de sonolência de Epworth; ns: diferença estatisticamente não significante; n o: número; NPEFR:
não praticantes de exercício físico regular; PEFR: praticantes de exercício físico regular; PSQI: Índice de Qualidade de
Sono de Pittsburgh; UBS´s: Unidades Básicas de Saúde.

Para variáveis quantitativas, foi utilizado o Test t Student (dados paramétricos) e o teste de Mann-Whitney (dados não
paramétricos). Para dados qualitativos, utilizou-se o teste Qui-quadrado ou teste Exato de Fisher, quando apropriado.

*p< 0.05.

83
DISCUSSÃO

Observou-se uma prevalência maior de pacientes do sexo feminino em ambos os grupos, com
média de idade acima de 60 anos apenas no grupo PEFR. O valor do índice de massa corporal(IMC)
médio demonstra que os pacientes apresentaram sobrepeso em ambos os grupos. A presença de
tabagistas, fator de risco para distúrbios do sono (AASM, 2007), foi maior em pacientes do grupo
PEFR. A circunferência de pescoço e abdome, também fatores de risco para distúrbios do sono,
apresentaram-se, em média, dentro dos valores de normalidade para ambos os grupos.
Quando analisamos o item comorbidades cardiovasculares notamos que 43,75% dos PEFR
possuem hipertensão arterial sistêmica (HAS), o que explica a recomendação deste na prevenção
primária e no tratamento da HAS, pois está associado à redução de fatores de riscos cardiovasculares
e redução da morbimortalidade quando comparado aos indivíduos sedentários (MYERS et al. 2002;
FAGARD, 2006). O número de idosos PEFR que possuem DiabetesMellitus e doenças cardíacas foi
maior quando comparado ao grupo NPEFR. Em seu estudo, CAROMANO et al., 2006 relataram a
necessidade do início tardio da prática de exercícios físicos por indivíduos sedentários em virtude da
melhora emergencial da saúde devido a agravos já instalados que possa significar risco à vida.
Através ESE, a SDE apresentou maior prevalência em NPEFR, apesar de não haver diferença
estatisticamente significante. Em um estudo realizado com idosas hipertensas observou-se que 47,7%
das idosas com SDE realizam baixo nível de atividade física, ao contrário do grupo sem SDE, no
qual 73,3% possuem nível de atividade física moderada (PEDROSA & HOLANDA, 2010). O risco
para AOS foi igual para ambos os grupos. Estudos apontam que osdistúrbios respiratórios do sono
têm relação com HAS e de eventos cardiovasculares (KALES et al., 1984; SAMPOL et al., 2003).
Quanto ao PSQI, ambos os grupos apresentaram resultado médio acima de 5, significando má
qualidade de sono, com o grupo NPEFR possuindo maior prevalência desta má qualidade. Já os
distúrbios do sono foram mais presentes no grupo PEFR, provavelmente por apresentarem mais
pacientes com doenças cardíacas e tabagistas. Um estudo realizado em Teresina com 100 idosas
praticantes e não praticantes de atividade física revelou, ao contrário do nosso estudo, má qualidade
do sono em 62% do grupo de praticantes contra 40% do grupo de sedentárias e distúrbios do sono em
42% das idosas sedentárias contra apenas 6% do grupo ativo (FREIRE et. al, 2014).
O grupo PEFR apresentou melhor qualidade de vida e menos acidentes de trabalho,
mostrando assim a importância da realização de exercícios físicos regulares e de uma boa qualidade
de sono, que podem refletir nas atividades laborais.

CONCLUSÕES

Pacientes PEFR assistidos em UBS´s de Divinópolis apresentaram menor prevalência de má


qualidade do sono e SDE, apesar de não serem estatisticamente significantes, além de melhor
qualidade de vida e menores acidentes de trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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84
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ZANUTO, E.A.C. et.al. Distúrbios do sono em adultos de uma cidade do Estado de São Paulo. Rev.
Bras de Epidemiol., v. 18, n. 1, p. 42-53, 2015.

85
EXERCÍCIOS DE ESTABILIZAÇÃO NA DOR LOMBAR

SEIXAS, Ana Flávia Avelar¹; BREVES, Daniel de Souza²; MARQUES, Mariany Risteli
Aparecida²; GONÇALVES, Ramon Alves ³

Síntese: Com o envelhecimento ocorre uma diminuição da função dos órgãos que acaba por tornar o idoso
fragilizado e suscetível a doenças, como a lombalgia. A região lombar é a mais propensa a essas patologias devido
à extensão das cargas que ela suporta. No presente projeto de pesquisa foi realizado um estudo com idosos do
Centro Social Urbano (CSU), localizado bairro Interlagos, na cidade de Divinópolis-MG, sobre a relação da dor
lombar com o processo de envelhecimento e a eficiência da fisioterapia para a melhora da lombalgia. Após a
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, realizou-se a avaliação dos pacientes. Para
quantificar o quadro álgico foi aplicada a Escala Visual Analógica de dor (EVAdor). A fim de testar o equilíbrio
funcional, utilizou-se o Questionário Rolland Morris. Participaram do estudo usuários do CSU com idade acima
de 60 anos, de ambos os sexos e que sofriam de dor lombar. Apesar de o envelhecimento ser um processo natural
para a sociedade, é importante almejar melhoria na qualidade de vida daqueles que já envelheceram ou daqueles
que estão em processo de envelhecimento. O estudo foi prospectivo, de intervenção sob a forma de ensaio clínico
em pacientes com dor lombar não complicada, assistidos no âmbito dos cuidados primários em saúde. O desenlace
primário foi a variação na pontuação do score de Roland-Morris antes e após as intervenções, enquanto os
desenlaces secundários incluíram as variações nos índices de Escala Visual Analógica de dor, antes e depois das
intervenções. Os resultados mostraram variação estatisticamente significativa no grupo, nos escores do
Questionário de Incapacidade de Roland-Morris, da Escala Visual Analógica – EVA e no Teste T. O estudo
revelou que os exercícios físicos, sob a orientação de fisioterapeutas, podem melhorar queixas de idosos que
sofrem de dor lombar, seja ela aguda, subaguda e crônica.

Palavras-chave: Coluna Vertebral; Envelhecimento; Lombalgia.

INTRODUÇÃO

A população idosa mundial está aumentando muito nas últimas décadas. Avalia-se que, em
2030, o número de idosos poderá atingir o total de setenta milhões nos países desenvolvidos. Projeta-
se para o Brasil que, em 2025, a população total aumentará cinco vezes em relação à de 1950; o
número de indivíduos acima de 65 anos terá aumentado quinze vezes (LACOURT e MARIN, 2006).
Os maiores problemas de saúde relacionados ao envelhecimento são as doenças crônicas e
suas complicações: fraturas após quedas, osteoartrose e a dor lombar (DL), afetando
consideravelmente a qualidade de vida de idosos. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) (2010) mostram que aproximadamente 7,5 milhões de idosos brasileiros sofrem
de DL.

METODOLOGIA

Este estudo foi realizado no Centro Social Urbano, onde se localiza a unidade de saúde do
bairro Interlagos na cidade de Divinópolis/MG.Foram aceitos indivíduos de ambos os sexos, com
idade acima de 60 anos, que possuíam dor lombar há pelo menos três meses.

¹Professsora do curso de Fisioterapia da UEMG/Divinópolis; E-mail: danielbreves10@yahoo.com.br


²,³Alunos do 10º período do curso de Fisioterapia da UEMG/Divinópolis

86
Como critério de exclusão, usuários que possuam doenças graves que impossibilite a prática
da atividade e dor agudizada em um ou mais dos quatro segmentos da coluna vertebral.
Para quantificar o quadro álgico foi aplicada a Escala Visual Analógica de dor (EVAdor). O
Questionário de Rolland Morris (QRM) foi usado para a avaliação da incapacidade física percebida
pelas pessoas com dor lombar.Também foi executado o protocolo de exercício de alongamento e de
estabilização da coluna vertebral, elaborado pelos autores.
Foi um estudo comparativo baseado em três tempos diferentes:
1 –Revisão Bibliográfica.
2 –Avaliação dos participantes e execução do projeto.
3 –Reavaliação dos participantes e levantamento de dados.

RESULTADOS

Os resultados são expostos na análise da avaliação e reavaliação.Na reavaliação realizada, o


número de participantes diminuiu, pois houve a participação de apenas doze pessoas. Os demais não
estiveram presentes durante a segunda avaliação.
Os primeiros dados verificados foram os escores do Questionário de Incapacidade de
Roland-Morris (QIRM), da Escala Visual Analógica (EVA), antes dos atendimentos. A finalidade foi
avaliar o nível de incapacidade, a intensidade da dor e a qualidade de vida, entre os indivíduos que
participaram do estudo.
Verifica-se que houve diferença estatisticamente significativa no grupo depois do
tratamento em relação à intensidade da dor.
Quanto aos testes aplicados para detectar a localização da dor na coluna vertebral, foi
constatado que a predominância da dor é na região lombar (GRÁFICO 1):

79.20%
33.40%
20.90%

Coluna cervical Coluna torácica Coluna lombar

Gráfico 1 – Localização da dor na coluna vertebral

Fonte: Elaborado pelos autores

O gráfico mostra que a dor predominante é na coluna lombar, atingindo um índice


percentual de 79,2%. A seguir aparece a dor na coluna cervical (33,4%) e na coluna torácica
(20,9%).
Algumas pessoas apresentam dor em mais de um segmento da coluna vertebral.
Foi feita a comparação entre a primeira e a segunda avaliação (TABELA 1).

TABELA 1 – Comparação entre a primeira e a segunda avaliação dos participantes do projeto

Rolland Morris Rolland Morris Escala analógica Escala analógica


(antes) (depois) de dor (antes) de dor (depois)
Válido 12 12 12 12
Mínima 5 1 3 1
Máxima 17 16 8 4
Média 9,42 4,75 5,67 3
Fonte: Elaborado pelos autores

87
Com base no teste T, a análise do teste de Rolland Morris teve uma significância de 0,12% e
a análise da escala analógica de dor teve uma significância de 0, 010%.
O resultado foi positivo, pois o resultado dos testes apresentou uma significância abaixo de
0,05%.

DISCUSSÃO

Os instrumentos de avaliação utilizados neste estudo são importantes por permitirem um


melhor direcionamento do tratamento para os aspectos que podem ser trabalhados de forma mais
específica, além de auxiliar na verificação da eficácia de um programa de reabilitação.
No presente estudo foram aceitos 24 indivíduos portadores de dor lombar crônica ou dos
demais segmentos da coluna vertebral, com tempo de evolução de dor superior a três meses. Dos
participantes do projeto, 79,2% eram mulheres e 20,8% eram homens. Estes resultados assemelham-
se com o estudo de Tsukimoto (2006), onde a amostra era constituída por 72,1% de mulheres.
Somente 12 indivíduos compareceram na 2ª avaliação realizada.
O Questionário de Incapacidade de Roland-Morris é uma excelente ferramenta de avaliação
da incapacidade funcional, quanto maior o seu escore, maior a intensidade da dor, menor a
funcionalidade, ou seja, uma pior qualidade de vida.
Em relação à Escala Visual Analógica de dor, a avaliação feita por este instrumento mostrou
que os indivíduos que classificaram suas dores como muito forte e quase insuportável, apresentaram
maior escore na EVA.

CONCLUSÃO

Os exercícios de alongamentos e estabilização aplicados no grupo mostraram-se bastante


eficazes, pois apresentaram uma significância válida nos testes que foram usados após a realização
dos vinte encontros realizados, mostrando melhora da funcionalidade e do quadro álgico de pessoas
que realizam essa prática.

REFERÊNCIAS

IBGE. Censo 2010: IBGE mostra a cara do Brasil e do Estado. 2011. Disponível em:
<http://ocponline.com.br/noticias/censo-2010-ibge-mostra-a-cara-do-brasil-e-do-estado/>. Acesso
em: 30 maio. 2016.
LACOURT, Marcelle Xavier; MARIN, Lucas Lima. Decréscimo da função muscular decorrente do
envelhecimento e a influência da qualidade de vida do idoso: uma revisão de literatura. In: RBCEH
– Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano, Passo Fundo, 114-121-jan. ̸jul.
2006.
TSUKIMOTO, Gracinda Rodrigues et al. Avaliação longitudinal da Escola de Postura para dor
lombar crônica através da aplicação dos questionários Roland Morris e Short Form Health Survey
(SF-36). Acta Fisiátrica, v. 13, n. 2, 2006.

88
FENÔMENO DA DEPRESSÃO NA ADOLESCÊNCIA EM ESCOLAS ESTADUAIS
MENSURADOS ATRAVÉS DO INVENTÁRIO DE DEPRESSÃO INFANTIL (CDI)

SOUZA, Ronaldo SanthiagoBonfim de¹; Silva, Débora Santos Dias²; VILELA, Geralda Custódia
Borges².

Síntese: A depressão pode ser considerada um transtorno mental que se caracteriza pela perda de interesse e
prazer por tudo, pelo sentimento de tristeza e baixa autoestima. O número de pessoas com depressão tem
aumentado significativamente nos últimos anos sendo considerado um dos transtornos emocionais mais
prevalentes na infância e adolescência e se tornando um problema de saúde pública. Inicialmente acreditava-se
que acometia apenas adultos e idosos, mas, hoje a depressão em crianças e adolescentes se tornou algo
preocupante que deve ser investigado. Nesse sentido o objetivo desse trabalho foi de avaliar adolescentes
estudantes de escolas públicas do ensino fundamental e médio na cidade de Itaúna no centro oeste mineiro, quanto
à sintomatologia depressiva e qual a frequência no sexo masculino comparado ao sexo feminino. Foram avaliados
205 alunos com faixa etária entre 13 e 17 anos, usandocomo instrumento de avaliação o Inventário de depressão
infantil (CDI) muito utilizado na literatura nacional e internacional. Os resultados mostraram um alto índice de
sintomas depressivos nos participantes, com maior prevalência no sexo feminino comparado ao sexo masculino.
Assim faz necessário que novos estudos e investigações sejam feitos assim como intervenções nesses sujeitos que se
encontram em sofrimento, possibilitando a elaboração e ressignificação desses jovens que se encontram nesta
faixa etária.

Palavras-chave:Adolescentes; Avaliação; Sintomas depressivos.

INTRODUÇÃO
A depressão sendo um transtorno mental que segundo Abelha (2014) se caracteriza pela
perda de interesse e prazer por tudo, pelo sentimento de tristeza e baixa autoestima. E diante do
crescente número de transtornos depressivos na população como afirma a Organização Mundial da
Saúde (OMS) que a partir do ano de 1960 a depressão já estava na lista dos grandes problemas para a
saúde pública. Sendo que em 2001, esse transtorno encontrava-se no quarto lugar, havendo projeções
que ele atinja o segundo lugar até o ano de 2020. E que até a década de 1960 a depressão era
diagnosticada apenas em adultos, acreditava-se que na fase da infância e na adolescência, seria muito
raro, ou até mesmo inexistente (Coutinho et al., 2008).
Entretanto nos últimos anos tem crescido significativamente o número de adolescentes com
depressão, sendo considerado um dos transtornos emocionais mais prevalentes na infância e
adolescência (Gomes et al., 2003 apud OMS, 1993). Considerando que os sintomas depressivos
culminam diretamente no enfraquecimento do desenvolvimento humano, os autores Monteiro e Lage
( 2007) afirmam que reconhecer os quadros de depressão em adolescentes se faz necessário para
indicar possibilidades de elaboração e ressignificação, pois estes quando apresentado nesta faixa
etária interferem na construção da vida destes sujeitos, dificultando as possibilidades de
enfrentamento das adversidades vivenciadas.
Diante disso, o objetivo deste estudo foi de rastrear sintomas depressivos em adolescentes de
12 a 17 anos, estudantes do ensino fundamental e médio de escola publica. Analisar se as causas

¹Professor de Psicologia da Universidade Estadual de Minas Gerais- UEMG, unidade Divinópolis e Doutorando em
Desenvolvimento Humano na UFMG.
²Graduandas de Psicologia da Universidade do estado de Minas Gerais – UEMG, unidade Divinópolis. Email:
deboradias_23@hotmail.com

89
estão relacionadas aos aspectos psicossociais, se há maior frequência de sintomas depressivos no
sexo feminino ou masculino.

MÉTODOS
Esta pesquisa foi realizada em escolas da rede pública na cidade de Itaúna, região centro
Oeste de Minas Gerias. Foram avaliados 205 alunos na faixa etária de 12 a 17 anos usando como
instrumento de avaliação o Inventário de Depressão Infantil- CDI composto por 27 itens distribuídos
entre os sintomas cognitivos, afetivos de conduta e somáticos tendo por objetivo à avaliação da
sintomatologia depressiva em pessoas na faixa etária entre 7 e 17 anos, sendo largamente utilizado na
literatura nacional e internacional (Cruvinel et al., 2008).
Os itens desse instrumento abrangem as reações afetivas, aspectos cognitivos,
comportamentais e sintomas somáticos. Sendo utilizado uma escala de resposta de três pontos, sendo
0 ausência de sintomas, 1 presença de sintomas, 2 gravidade dos sintomas para assinalar a alternativa
que melhor descreve seus sentimentos com relação as últimas duas semanas. Normas foram
estabelecidas para o uso com crianças e adolescentes, tendo como ponto de corte 17 pontos(Gomes et
al., 2013).

RESULTADOS
A amostra foi composta por 205 alunos com média de idade de 14,38 (DP1,5), sendo 76 do
sexo masculino e 129 do sexo feminino. Os resultados mostraram que 60 dos 205 participantes
apresentaram sintomas depressivos representando 29% da população avaliada. A média entre
sintomas depressivos no sexo masculino foi de 20% e no sexo feminino uma média de 35%.

Idade Frequência Porcentagem


12 32 15,6
13 48 23,4
14 7 3,4
15 64 31,2
16 43 21,0
17 11 5,4
Total 205 100,0

Tabela 1- Idade dos participantes

Sexo Frequência Porcentagem


Masculino
76 37,1
Feminino
129 62,9
Total 205 100,0

Tabela 2- Sexo dos participantes


DISCUSSÃO

90
Acredita-se que adolescentes são propensos a quadros depressivos mediante o momento de
transição que vivenciam nessa época da vida e que as causas são relacionadas na maioria das vezes
aos aspectos psicossociais, violências física e psicológica, falta de apoio familiar, divórcio dos pais,
perda de vínculos afetivos, dentre outros.O estudo sobre a depressão na adolescência poderá nos
direcionar para futuras intervenções a fim de favorecer aos adolescentes ações para promover e
prevenir enfrentamento das adversidades que possam vivenciar. Este estudo também tem como
objetivo contribuir para a veracidade deste construto na promoção de saúde e bem estar do
desenvolvimento psicossocial do indivíduo.

CONCLUSÃO

A partir de resultados obtidos neste estudo através de avaliação, podemos concluir que os
adolescentes tem apresentado um alto índice de sintomas depressivos, fazendo-se necessárias
intervenções e novos estudos com esses adolescentes. O estudo reafirmou ainda que o Inventário de
Depressão Infantil tem muita eficácia para avaliar índice de depressão em adolescentes.

REFERÊNCIAS
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de Janeiro July/Sept. 2014. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-462X2014000300223 Acesso em:
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<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-
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MONTEIRO, K.C.C.; Lage, A.M.V. A depressão na adolescência. Psicologia em Estudo, Marigá,
v. 12, n.2, p.257-265, 2007. Disponivel em:
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&tlng=pt&user ID=-2 acesso em 19 de setembro de 2016

91
FORÇA DA MUSCULATURA DO ASSOALHO PÉLVICO E SUA CORRELAÇÃO COM A
FUNÇÃO SEXUAL EM MULHERES SUBMETIDAS AOS TRATAMENTOS PARA O
CÂNCER DE COLO DO ÚTERO

OLIVEIRA, Danielli Ramalho de Araújo Rosas¹; CAMARGOS,Paula Wiermann¹; SILVA,


Rosimeire Menezes¹; RAMALHO,Vitória de Oliveira¹; LIMA, Virginia Vitalina de Araújo e
Fernandes ²; DAMÂSO, Carolina Silva³

Síntese: Os diversos tipos de tratamento do CCU podem causar prejuízos ao assoalho pélvico e levar a disfunções
sexuais, por afetar sua estrutura, vascularização pélvica e inervação autonômica. Neste contexto o objetivo deste
estudo foi verificar a correlação entre a força muscular do assoalho pélvico e a função sexual em mulheres
submetidas a tratamentos para o CCU.

Palavras-chave: Disfunções vaginais; Força perineal; Satisfação sexual.

INTRODUÇÃO
De acordo com a Organização Mundial da Saúde o câncer é um problema de saúde pública,
considerado uma doença de crescimento lento e silencioso que afetam as células intraepiteliais de
forma progressiva. (BRASIL, 2015; CASTRO, 2010; FELICIANO, 2010).
Existem diversos tipos de tratamento para o controle do câncer, que dependem do estágio em que a
doença se encontra. Podendo ser realizados procedimentos cirúrgicos, radioterapia, quimioterapia
e/ou a associação de mais de uma modalidade. Essas modalidades de tratamento podem causar
prejuízos ao assoalho pélvico (FITZ, 2011; FRIGO, 2015).
O tratamento de câncer do colo do útero apresentou impacto negativo na função sexual das
mulheres (CORREA, 2015) e, em algum momento do tratamento para CCU, ocorrerá uma lesão das
fibras musculares do assoalho pélvico, seja durante ahisterectomia parcial ou total, ou na radioterapia
e quimioterapia. As fibras lesionadas sejam do tipo I (30% contração lenta) ou tipo II (70%
contração rápida) poderão levar à insatisfação sexual. Levando as mulheres a baixa autoestima,
depressão, angústia e irritação com piora significativa da qualidade de vida das mesmas
(NASCIMENTO, 2009).
A musculatura do assoalho pélvico é responsável pelo posicionamento dos órgãos pélvicos, e
pelo reflexo sensório-motor que auxiliam no controle esfinctérico, na excitação e no orgasmo. O
desequilíbrio dessa musculatura pode levar ao prolapso genital, a incontinência urinária de esforço e
também às disfunções sexuais (KNORST, 2012). O presente estudo verificou a correlação entre a
força do assoalho pélvico e a função sexual em mulheres submetidas a tratamentos para o câncer de
colo do útero, ou seja, quanto maior a força perineal melhor a função sexual de mulheres submetidas
aos diferentes tratamentos do câncer de colo do útero.

MÉTODOS
Trata-se de um estudo exploratório transversal de abordagem quantitativa, realizado em seis
mulheres diagnosticadas com CCU e que tenham se submetido a algum tipo de tratamento
oncológico na ACCCOM - Associação de Combate ao Câncer do Centro Oeste de Minas.

¹Acadêmica do Curso de Fisioterapia da UEMG – Unidade Divinópolis;


²Professora Orientadora da UEMG – Unidade Divinópolis; ³Professora Coorientadora da UEMG – Unidade Divinópolis.

92
Como critério de inclusão as participantes deveriam ter realizado tratamento com
radioterapia, quimioterapia, procedimentos cirúrgicos ou combinação de mais de um procedimento,
para controle do câncer de colo uterino na ACCCOM; ter finalizado tratamento por no máximo um
ano; com idade máxima de 65 anos; ser sexualmente ativa, não apresentar infecção urinária no
momento da avaliação e aceitar participar da pesquisa confirmando sua concordância através da
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
A coleta de dados foi realizada através da aplicação de um questionário sociodemográfico, do
Índice de Função Sexual Feminina (IFSF) e em seguida por uma avaliação da força da musculatura
do assoalho pélvico (FMAP), primeiramente através do toque bidigital para conscientização das
participantes quanto a contração perineal e posteriormente a graduação desta contração utilizando o
perineômetro (Perina 996-2 da marca Quark). Foram estabelecidos os valores de média e desvio-
padrão do IFSF e da FMAP. Utilizando o teste de correlação de Pearson para verificar se as variáveis
IFSF e FMAP estão associadas. Os dados foram tratados no software SPSS, versão 16.0. Para efeito
de análise foi adotado um nível de significância de p ≤ 0,05.

RESULTADOS
Dos 140 prontuários analisados, foram selecionadas 19 pacientes, das quais, quatro não
aceitaram participar do estudo, duas faleceram, uma não foi encontrada, seis, no exame físico,
apresentaram um dos fatores dos critérios de exclusão (infecção urinária/ não ser sexualmente ativa)
restando seis mulheres aptas a participar do estudo.
Das seis participantes, com idade entre 23 e 54 anos, quatro eram casadas, três tinham ensino
médio incompleto, três com renda familiar de até um salário mínimo, as seis mulheres negaram
hábito de fumar, etilismo, diagnóstico clinico de IU, serem portadoras de diabetes e quadro de
depressão, duas apresentaram hipertensão arterial e estágio da doença NIC III, todas as mulheres
realizaram algum procedimento cirúrgico. Sendo três cirurgias de alta frequência (CAF) e duas
histerectomia parcial e uma histerectomia total, quatro relataram dispareunia, uma relatou ter
sangramento durante a relação, duas, secura vaginal, cinco relataram falta de prazer, e três, em algum
momento deixaram de ter relações sexuais devido aos sintomas apresentados.
Na tabela 1 fica evidente que nem sempre uma mulher que tenha maior força dos músculos
do assoalho pélvico tem uma maior pontuação do IFSF.

Tabela 1: Escores dos domínios e total do IFSF, média de pico de pressão da contração e
duração da contração (n=6)
Escore Duração
Lubrificaç Pico de
Amostra Idade Desejo Exitação Orgasmo Satisfação Dor Total da
ão pressão
IFSF contração

P1 54 4,27 5,7 5,4 5,6 6 6 32,9 8 11

P2 42 4,27 5,1 5,7 5,6 6 4,4 31 18,6 27

P3 49 1,8 1,5 1,2 3,2 2,8 1,2 11,7 5,8 16

P4 39 3,6 3,6 5,7 4,4 4,4 5,2 26,9 12,8 10

P5 45 4,2 3,9 2,4 3,2 4 4,4 18,9 40,53 28

93
P6 23 3 4,5 4,2 3,2 1,2 1,6 22,4 17,6 23

As mulheres avaliadas obtiveram média de força de 17,22 mmHg (±12,493), duração de


contração de 19,17 segundos (±7,935) e escore total do IFSF de 23,97 (±7,956).
A tabela 2 mostra que não houve correlação significativa entre as variáveis escore total do
IFSF, força e duração da contração dos músculos do assoalho pélvico. Entretanto houve uma
tendência de correlação positiva entre as variáveis FMAP, duração da contração e tendência de
correlação negativa entre as variáveis IFSF e FMAP e entre IFSF e duração da contração, ou seja,
quanto maior a FMAP maior a duração da contração e quanto maior IFSF menor os valores de
FMAP e duração da contração.

Tabela 2: Correlação entre as variáveis duração da contração, força da musculatura do


assoalho pélvico (FMAP) e o índice de função sexual feminina (IFSF) (n=6)

FMAP Duração da contração

Duração da contração r 0,747 1


p 0,088
IFSF r -0,129 -0,180
p 0,807 0,734

DISCUSSÃO

Não foi possível observar, no presente estudo, correlação significativa entre os valores da
FMAP, o tempo de contração e os escores do IFSF. Este fato pode ser explicado devido ao número
reduzido de mulheres avaliadas e do tipo de modalidade terapêutica usada para o tratamento do
câncer. Uma vez que a radioterapia, que dentre as modalidades disponíveis, é a que mais causa
impacto negativo a região pélvica e sequelas na função sexual, não foi utilizada como intervenção
em nenhuma das pacientes avaliadas, conforme relatado no estudo de revisão bibliográfica realizado
por CORREA, 2013.
Em estudos realizados com mulheres sadias, Camargo (2016) e Piassaroli (2010) evidenciou
melhora na vida sexual após realização de treinamento da musculatura do assoalho pélvico visando
ganho de força, mostrando que o mesmo pode influenciar na satisfação sexual, enquanto outro
(FORTUNATO, 2014) encontrou correlação da força com a satisfação sexual, ou seja, que quanto
maior a FMAP maior a satisfação sexual.
De acordo com Knorst (2012) o desequilíbrio da musculatura do assoalho pélvico pode levar
a incontinência urinária de esforço e também às disfunções sexuais. No presente estudo nenhuma das
pesquisadas apresentou incontinência urinária de esforço, porém 3 das 6 mulheres apresentaram
disfunção sexual de acordo com a nota de corte do IFSF. As disfunções sexuais femininas de acordo
com uma pesquisa realizada por West (2004) apudAntonioli (2010) aponta uma prevalência de 64%
de mulheres com disfunção do desejo, 35% com disfunção orgásmica, 31% de excitação e 26% de
dispareunia. E que outra pesquisa realizada por Abdo (2004) no mesmo ano mostrou que 49%
tinham pelo menos uma disfunção sexual, sendo 26,7% disfunção do desejo, 23% dispareunia e 21%
disfunção do orgasmo.

94
No presente estudo a média do teste de força muscular, duração da contração em segundos e
o escore obtido no IFSF foram de 17,22, 19,16 e 23,96, respectivamente. Quando comparado ao
estudo de Fortunato (2014) que obteve média de 4,92 para força muscular, de 6,01 para duração da
contração e 25,46 para o IFSF, podemos observar que, nesta pesquisa, as mulheres estudadas
alcançaram melhor resultado quanto à força e duração da contração exercida pelo MAP.
Sugere-se realização de novos estudos, com maior número amostral, para
aprofundamento do conhecimento da influencia da força dos MAP sobre a função sexual em
mulheres diagnosticadas com CCU.
Visto que a disfunção sexual feminina é uma condição comum que muita das vezes não é
abordada nas consultas ginecológicas e que se restringe em restauração da doença e do
funcionamento dos órgãos, não atendendo a sexualidade feminina como um todo. (MAGNO, 2011;
TRINDADE, 2008).

CONCLUSÕES

O presente estudo não encontrou correlação entre a FMAP e o IFSF em mulheres


submetidas ao tratamento do câncer de colo do útero.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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sample of Brazilian women—results of the Brazilian study on sexual behavior
(BSSB). International Journal of Impotence Research, v. 16, n. 2, p. 160-166, 2004.
ANTONIOLI, Reny de Souza, SIMÕES, Danyelle. Abordagem fisioterapêutica nas disfunções
sexuais femininas. Rev Neurocienc. V. 18, n. 2 p. 267-274, 2010.
BRASIL, Ministério da Saúde, Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva.Estimativa
2016: incidência de câncer no Brasil / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva –
Rio de Janeiro: INCA, 2015. Disponível em: <http://www.inca.gov.br/estimativa/2016/>. Acesso
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CAMARGO, Aline de Sousa Santos et al. A influência da força muscular do assoalho pélvico no
grau de satisfação sexual feminina. AMAZÔNIA: SCIENCE & HEALTH, v. 4, n. 2, p. 2-8, 2016.
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do PSF no combate ao câncer de colo de útero. Trabalho de Conclusão de curso apresentado ao
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TRINDADE, Wânia Ribeiro; FERREIRA, Márcia de Assunção. Sexualidade feminina: questões do
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96
HIV/AIDS NA TERCEIRA IDADE: CARACTERIZAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA
REGIÃO AMPLIADA DE SAÚDE OESTE DE MINAS GERAIS.

ANDRADE; Heuler Souza¹.ALVES, André Luiz do Nascimento²; MOREIRA, Franciele de


Oliveira³;

Síntese: O perceptível aumento no número de casos de HIV/ AIDS, entre adultos mais velhos, vem sendo relatado
no mundo inteiro. Um fato relevante a respeito da pandemia do HIV/AIDS, que consiste no crescente e silencioso
envolvimento da população idosa, o que demonstra ser o indício de uma nova característica da doença. O objetivo
conhecer o perfil epidemiológico de idosos infectados pelo HIV/AIDS, na região ampliada de saúde Oeste de
Minas Gerais. Para identificar este perfil, utilizar-se do método de pesquisa quantitativa, através de uma análise
na base de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) disponibilizados pela
Superintendência Regional de Saúde com sede em Divinópolis. O numero casos de HIV/AIDS em indivíduos com
mais de 60 anos, mostraram-se em um abrupto crescimento na atualidade. A caracterização epidemiológica dos
idosos com HIV/AIDS da Região Ampliada de Saúde Oeste de Minas Gerais mostrou-se em um aumento
progressivo ano a ano do numero de casos notificados, sendo predominantes indivíduos do sexo masculino, a etnia
branca e parda, heterossexualização, baixo grau de instrução e procedência.

Palavras-chave: Imunodeficiência; Idoso; Epidemiologia .

INTRODUÇÃO
O vírus da imunodeficiência humana (HIV) é pertencente à classe dos retrovírus Lentiviridae
causador da síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS). A AIDS ocorre em consequência da
ação do HIV, infectando as células do sistema imunológico em predominância aos linfócitos T CD4,
levando a uma maior suscetibilidade a doenças infecciosas (BRASIL, 2008; BRASIL, 2010).O
significativo aumento no número de casos de HIV/AIDS, entre adultos mais velhos, um fato
relevante que demonstra ser o indício de uma nova característica da doença (TODELO,2010).O
objetivo desse estudo foi conhecer o perfil epidemiológico de idosos infectados pelo HIV/AIDS, na
Região Ampliada de Saúde Oeste de Minas Gerais, no período de 2010 a 2015.Tendo em vista a
perceptível transição demográfica da sociedade, o aumento da expectativa de vida e a progressão da
ciência e da tecnologia em favor a qualidade de vida ao indivíduo, percebe-se a importância de se
conhecer o número de casos de HIV/AIDS na população idosa e suas variáveis. Podendo assim,
evidenciar a realidade regional vivida na terceira idade, explicitando seus pontos críticos e
relevantes, para então subsidiar ações eficazes a fim de prevenir, promover e recuperar a saúde dessa
classe, estimulando também a produção técnico-cientifica em favor da qualidade de vida deste
público.

MÉTODOS
Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo, realizado na Região Ampliada de Saúde
Oeste de Minas Gerais. A base de dados analisada foi dos anos de 2010 a 2015. Fizeram parte do

¹ Heuler Souza Andrade, Professor Mestre do curso de graduação em Enfermagem da UEMG – Unidade Divinópolis.
Contato: heuler.andrade@uemg.br .
² André Luiz do Nascimento Alves, Aluno do curso de graduação em Enfermagem da UEMG – Unidade Divinópolis.
³ Franciele de Oliveira Moreira, Aluna do curso de graduação em Enfermagem da UEMG – Unidade Divinópolis

97
estudo os 54 municípios pertencentes à região citada. Para a definição dos participantes, utilizou-se a
faixa etária preconizada pelo Ministério da Saúde que considera idoso o indivíduo de 60 anos ou
mais (BRASIL, 2008). Optou-se pelos casos de HIV notificados pelo Sistema de Informação de
Agravos de Notificação (SINAN). A coleta de dados foi realizada no período de março a abril de
2016. Foram consideradas as seguintes variáveis constantes da ficha de Notificação Compulsória da
AIDS, do Ministério da Saúde: sexo, idade, raça/cor, escolaridade em anos, ocupação, prática sexual,
uso de drogas injetáveis (DI), hemofilia, transfusão sanguínea, acidente com material biológico e
situação atual do caso. Na avaliação dos resultados foi utilizado o coeficiente de incidência de
HIV/AIDS como indicador de força e morbidade. Os dados foram processados no software Windows
Excel 2015. Para análise descritiva foi realizada a distribuição de frequências e o cálculo do
coeficiente de incidência. A taxa de incidência foi expressa segundo a sua distribuição por 100.000
habitantes. Este estudo foi submetido à autorização e aprovado pela Superintendência Regional de
Saúde. O percurso metodológico deste estudo seguiu de acordo com os preceitos da ética e bioética
bem como as exigências para produção técnica-científica da Resolução do Conselho Nacional de
Saúde (CNS) n° 466/2012, porém sem a necessidade de submissão a um comitê de ética por se tratar
de pesquisa de dados secundários.

RESULTADOS
O número de casos de HIV/AIDS, no período de 2010 a 2015, na amostra pesquisada foi 57
pessoas. Entre os participantes, a maior ocorrência foi do sexo masculino com 37 (64,9%) casos. Em
relação faixa etária, observou-se a predominância em indivíduos entre 60 a 69 anos, com 38 (66,7%)
casos. A raça branca prevaleceu entre a maioria identificada, com 24 (42,1%) casos. Quanto à
escolaridade, 11 (19,3%) pessoas tinham de 1 a 3 anos de estudo. Dentre as ocupações observadas, a
maior parte era de Aposentados/Pensionistas, representado por 12 (21,1%) casos. Destaque para o
campo “Ignorado”, que somou 10 (17,5%). Quanto às características epidemiológicas, foi
constatado, a predominância de casos em heterossexuais, totalizando 45 (78,9%) casos. Observou-se
1 (1,8%) caso de uso de drogas injetáveis. Não foram notificados casos de hemofilia, transfusão
sanguínea e acidentes com material biológico. Entre os casos notificados, foi apurado que, no
período da coleta de dados, 49 (86,0%) pacientes encontravam-se vivos.A taxa de incidência de HIV
variou de 0,25 a 2,21 por 100.000 habitantes, entre 2010 e 2015. A tendência no número de casos
notificados está ascendente.

DISCUSSÃO
Os casos de HIV/AIDS em indivíduos com mais de 60 anos, mostraram-se em um abrupto
crescimento na atualidade. Estudo semelhante realizado no estado de Pernambuco evidenciou um
significativo crescimentona faixa etária de 60 a 69 anos passando a ser a quarta maior faixa etária de
maior ocorrência de casos no país (POTTES, et al., 2007). Com a revolução da indústria
farmacêutica, ampliando a oferta e acessibilidade dos estimulantes sexuais, e a falta de incentivo ao
sexo seguro direcionada a este público, fez aumentar o número de casos notificados nessa faixa
etária. Elementos estes que podem estar contribuindo para a construção deste novo perfil da
epidemia, a disposição de tecnologia que melhora do desempenho sexual, e a resistência no uso de
preservativo. Embora pôde-se constatar significativa frequência de casos em ambos os sexos, a
relevância de casos do sexo masculino é de fato um dado de grande preocupação, pois, mostra-se que
os homens pouco priorizam a busca por medidas preventivas contra a infecção. Compreende-se que
grande parte dos idosos do sexo masculino preservam certos costumes em relação à visão da
promiscuidade e do poder centralizado no homem. Fato este que se assemelha a outros estudos já
publicados (TOLEDO, 2010). A predominância racial encontrada neste estudo revela o grande
envolvimento de idosos da etnia branca e parda.Em estudo semelhante no período 1986 a 2010, o

98
total de casos notificados na variável raça/cor apresenta-se um total 91 casos notificados como raça
branca e raça parda 21 casos notificados, demonstrando assim que as etnias branca e parda
prevalecem ainda em mais da metade dos casos notificados da variável (MELO et al., 2016). Com
relação à escolaridade, neste estudo, constata-se a maior ocorrência de notificações da doença entre
os indivíduos com menor escolaridade. Em estudo similar foi encontrado proporções semelhantes em
indivíduos com baixa ou nenhuma escolaridade, o que se retrata á condição de pior vigilância,
assistência médica e políticas publicas com cobertura eficaz aos menos favorecidos economicamente,
sob a hipótese que a escolaridade é uma variável importante de estratificação social. (RODRIGUES
E CASTILHO, 2004). Dentre as ocupações listadas na ficha de notificação compulsória do
HIV/AIDS, atenta-se para um numero maior de casos entre aposentados/pensionistas e pessoas do lar
como também a motoristas de caminhão, que demonstra uma epidemia de múltiplas dimensões, vista
a princípio como uma epidemia especifica de indivíduos jovens, profissionais do sexo e considerados
de “grupos de risco”, passou a atingir qualquer individuo da sociedade, independente do sexo, idade
ou ocupação (MELO et al., 2016). Neste estudo foi constatado que a transmissão heterossexual
representa em notável escala entre os casos de contaminação do HIV entre homens e mulheres,
apesar de notar-se que ainda apresentam-se casos notificados de transmissão por prática
homossexual. Embora não seja frequente entre os idosos, o uso de DI está fortemente associado ao
HIV, pois é uma das categorias de exposição de maior tendência entre os infectados. Com a
disseminação do CRACK no mercado mundial diminuiu o uso de cocaína, especialmente a injetável.
(LAZARINI et al., 2012). Para as demais categorias descritas em hemofilia, transfusão sanguínea e
acidente por material biológico, não foram notificados casos. Embora seja um fator positivo é preciso
que os serviços de vigilância aos casos de HIV associados à transfusão sanguínea e acidentes por
material biológico sejam de qualidade. Estudo que avaliou essa questão em três estados brasileiros
apontou graves falhas nesses serviços (ANDRÉEV, 2010). Em relação à situação atual dos casos,
observa-se fato progressivo em relação à mortalidade por AIDS, o declínio de óbitos relacionados à
patologia, que subentende-se que a abordagem clínica terapêutica do HIV tem se transformado por
efeito do avanço do conhecimento acerca desse tema. O tratamento objetiva prolongar a sobrevida e
proporciona a qualidade de vida aos infectados, pela redução da carga viral a níveis suprimidos e a
restauração do sistema imunológico, tal este garantido pelo Sistema Único de Saúde (MELO E
PIMENTA, 2012). Analisando a magnitude da infecção por HIV/AIDS na população idosa,
percebeu-se que a doença apresenta grande relevância epidemiológica, não pelos números absolutos,
entretanto pelas taxas de incidência ano a ano. Estudo semelhante realizado no período de 1990 a
2003 encontrou maior número de casos diagnosticados nas Regiões Sudeste e Sul (80%), vindo ao
encontro dos dados do presente estudo, pois as duas regiões apresentaram 84,2% dos casos
diagnosticados. Tal estudo descreve que a baixa participação de outras regiões, sobretudo a Norte,
pode ser reflexo de uma introdução retardada da epidemia de AIDS nessas macrorregiões e de
problemas com o sistema de vigilância epidemiológica (SOUSA, et al., 2007). A respeito das
limitações deste estudo, constatamos em grande parte dos itens encontrados na ficha de notificação,
uma subnotificação e ineficácia no preenchimento dos mesmos, que ocasiona deformidades na
interpretação de dados, bem como trazem grandes prejuízos para vigilância epidemiológica quanto à
implementação de estratégias e políticas publicas em saúde para determinadas populações. (MELO,
PIMENTA, 2012).

CONCLUSÃO
A caracterização epidemiológica dos idosos com HIV/AIDS da Região Ampliada de Saúde
Oeste de Minas Gerais mostrou-se em um aumento progressivo ano a ano do numero de casos
notificados, sendo predominantes indivíduos do sexo masculino, a etnia branca e parda,
heterossexualização, baixo grau de instrução e procedência, que subentende-se displicência
relacionada à falta de informação sobre medidas preventivas resultados que demonstram nessa
população a tendência atual da epidemia na região ampliada oeste de Minas Gerais. O crescimento

99
da população de idosos é um fato universal e está processando-se a um nível sem precedentes. Em
virtude ao gradativo aumento do número de casos de HIV/AIDS nessa faixa etária, salienta-se a
necessidade de conhecer este novo contexto, com o intuito de proporcionar subsídios para
formulação e avaliação de políticas públicas e para a elaboração de medidas efetivas visando a
promover prevenção e orientação, bem um atendimento especializado a essa população.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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100
HUMANIZAÇÃO NA EQUIPE DE ENFERMAGEM DE UMA UNIDADE DE PRONTO
ATENDIMENTO NO MUNICÍPIO DE DIVINÓPOLIS

SILVA, Fernanda Marcelino de Rezende1; LIMA, Lucia Vieira Da Silva2 ; GOMES, Jessyka
Cristina Pereira Tiradentes 3.

Síntese: No âmbito dos conflitos nas relações de trabalho na área da saúde, o processo de humanização das
relações interpessoais tem sido considerado um mecanismo de enfrentamento e minimização destes conflitos.
Logo, o objetivo desse estudo foi conhecer a percepção da equipe de enfermagem sobre a humanização nas
relações interpessoais no processo de trabalho e a existência desta em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA)
no município de Divinópolis, MG. Trata-se de uma pesquisa do tipo exploratória e descritiva, com abordagem
qualitativa. O estudo foi realizado na UPA Padre Roberto do município de Divinópolis, com os enfermeiros e
técnicos de enfermagem que atuam nos turnos matutino e noturno, por meio de entrevista. Foi realizada análise
descritiva para mostrar o perfil dos profissionais que atuam na UPA e Análise de Conteúdo para evidenciar a
percepção dos participantes sobre a humanização nas relações de trabalho. Os resultados demostraram que 63%
dos participantes classificaram a relação interpessoal em seu ambiente de trabalho como boa. Referente à
humanização contatou-se que 43% dos participantes classificaram a humanização em seu serviço como suficiente.
Em resumo, o que foi observado não condiz com o que foi obtido como resposta, onde a humanização nas relações
interpessoais no processo de trabalho da unidade estudada mostra-se de maneira insatisfatória. Dessa forma
entende-se que a pesquisa teve grande relevância, pois através dela foi possível refletir sobre o ambiente laboral,
sobre as condutas da equipe, sobre o posicionamento do gestor em relação às questões levantadas pelos
trabalhadores.

Palavras-Chave: Área da Saúde; Conflitos Laborais; Processo de trabalho; Relacionamento


Interpessoal.

INTRODUÇÃO
As instituições de saúde são individualmente vulneráveis aos conflitos laborais, pelo fato da
totalidade e a finalidade do trabalho dos profissionais de saúde ser, normalmente, complicado e
estressante. Tendo em vista a sua constante compleição, saber suportar o conflito é fundamental para
colaborar para o efetivo funcionamento das instituições de saúde e, em consequência, para a
excelência do cuidado aos usuários (ALMEIDA, 2007).
Os conflitos quando não externados, não informados e não administrados, criam
inadequações entre as pessoas no âmbito de trabalho. Entre os profissionais de saúde ao provocar
uma postura invasiva ou manter-se distantes as pessoas atrapalham o diálogo e o contato
interpessoal, aspecto primordial nas funções básicas em uma gestão humanizada. Nesse âmbito, o
trabalho torna-se mecânico, sem afeto e automatizado, tornando-se alienante e alienado. Onde
deveria ter cada vez mais a palavra, tem-se cada vez mais a formalização através de documentos
escritos (ADORNO, 2014).
A fim de evitar ou minimizar estes conflitos, a humanização do ambiente de trabalho consiste
na necessidade de incorporar o amor e o respeito nas relações profissionais e interpessoais. Por meio
da humanização na equipe de saúde é possível haver melhor enfrentamento e administração dos

1
Fernanda Marcelino de Rezende e Silva – Professora do Curso de Graduação de Enfermagem da UEMG. Contato:
fernanda.silva@uemg.br.
2
Lucia Vieira Da Silva Lima – Aluna do Curso de Graduação de Enfermagem da UEMG.
3
Jessyka Cristina Pereira Tiradentes Gomes – Aluna do Curso de Graduação de Enfermagem da UEMG.

101
ressentimentos, em que a capacidade de se colocar no lugar do outro se torne rotina e a própria
equipe passe a cuidar de si e do o cliente com respeito e dignidade (AMESTOY, et. al., 2006).
Durante o desenvolvimento da disciplina Práticas Disciplinares Integradas (PDI) na Unidade
de Pronto Atendimento (UPA) Padre Roberto, pode-se perceber que as relações entre os profissionais

da equipe de enfermagem são tensas. Observou-se o drama de profissionais, alguns deles com dupla
jornada de trabalho, onde frequentemente deixaram transparecer conflitos pessoais, o cansaço e o
estresse que somados a dinâmica da rotina da unidade gerou embates entre os membros da equipe
com consequência maléfica ao relacionamento interpessoal causando dano à qualidade da
assistência. Diante do exposto, o objetivo deste estudo foi conhecer a percepção da equipe de
enfermagem sobre a humanização nas relações interpessoais no processo de trabalho e a existência
desta em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no município de Divinópolis, MG.

MÉTODOS
A presente pesquisa é do tipo exploratório e descritivo, com abordagem qualitativa.
O cenário de estudo foi representado pela UPA Padre Roberto, localizada na cidade de
Divinópolis-MG.
A amostra constituiu-se de 154 profissionais, distribuídos em plantão diurno e noturno, sendo
40 enfermeiros e 114 técnicos de enfermagem.
A investigação ocorreu por meio de entrevista com os profissionais participantes da pesquisa.
Esse instrumento foi usado para a produção dos dados, pois possibilita uma investigação mais ampla
sobre os entrevistados. Fazendo assim o uso de um roteiro semiestruturado.
O questionário foi entregue aos participantes numa sala reservada, durante o horário de
trabalho, em intervalo do almoço e do café. Para garantir a privacidade os participantes foram
identificados pela letra do alfabeto H, seguidos da numeração cardinal conforme a ordem da
realização das entrevistas.
Para analisar os dados, realizou-se a análise descritiva dos profissionais que atuam na UPA e
análise de conteúdo para evidenciar a percepção dos participantes sobre a humanização nas relações
de trabalho. Para MINAYO (2010), a análise de conteúdo deve ocorrer por etapas, sendo a primeira
etapa definida como pré-análise, fase em que há a organização do material coletado, retomando as
hipóteses e os objetivos da pesquisa através da leitura criteriosa do material. Já a segunda etapa se
baseia na exploração do material, com busca por categorias com o objetivo de reduzir o texto através
dos significados relevantes das falas, visando explorar e absorver a essência das respostas. E por fim
o tratamento dos resultados obtidos e interpretação, onde os dados são interpretados com destaque
nas informações e explorados segundo cada evidência encontrada nas respostas.
A presente pesquisa obedeceu aos preceitos éticos preconizados pela resolução nº466/12 e
foi encaminhada e aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade do Estado de Minas
Gerais, sob número 701.628. Ademais foi encaminhada e aprovada pela Secretaria Municipal de
Saúde de Divinópolis para execução da pesquisa na UPA Padre Roberto. A pesquisa apresentou risco
mínimo, tendo a possibilidade de possíveis danos à dimensão moral, social ou emocional do ser
humano, com o risco de constrangimento durante a entrevista.

RESULTADOS
Nota-se que 63% dos participantes classificam a relação interpessoal em seu ambiente de
trabalho como boa. Sendo que 17% a classificam como excelente e 20% como razoável. Já referente
à humanização contatou-se que 43% dos participantes classificam a humanização em seu serviço
como suficiente, 30% como excelente e 23% como razoável.
Percebe-se também que 70% dos participantes concordam plenamente que a humanização
tem papel crucial no ambiente de trabalho.

102
Sobre o entendimento da equipe referente à humanização foi evidenciada três respostas
prevalentes: respeito com o colega, trabalho em equipe e ser solidário que após analisar a gênese do
sentimento dos profissionais chegou-se a categoria trabalho em equipe onde o respeito com o colega
e a solidariedade já está implícita no trabalho em equipe.
Sobre os meios utilizados para se ter humanização chegou-se a categoria Diálogo, pois esse
envolve a solidariedade, a compreensão e o saber ouvir o outro, envolve também a abordagem do
profissional e da equipe.
Sobre quais os obstáculos que impedem a humanização chegou-se a uma categoria e
subcategoria. A Sobrecarga de trabalho como categoria principal e a subcategoria Estresse, pois
julga-se que um seja o agente causador do outro, o individualismo como inferência não configurou-
se como categoria principal por entender que ele também ocasiona a sobrecarga de trabalho e o
estresse, dessa forma a discussão de ambas, categoria e subcategoria alcançam essa inferência.

DISCUSSÃO
Em estudo realizado por RODRIGUES (2012), tem-se que o relacionamento entre os
membros da equipe de enfermagem muitas das vezes não é saudável e interfere diretamente na
assistência e na satisfação do trabalho. A falta de diálogo, a utilização de métodos de defesas
inadequados, a falta de paciência e de cooperação em equipe geram estresse nos profissionais. Então
o conturbado trabalho em equipe acaba por sobrecarregar os demais profissionais. Ou seja, é
necessário motivar a equipe para que ela seja unida, harmoniosa e comprometida com a assistência,
contribuindo para a melhoria da qualidade de vida do paciente, da família e da própria equipe.
Cabe ressaltar que humanizar as relações de trabalho pode ser um caminho para prevenir
agravos à saúde dos trabalhadores, embora ainda não existam estratégias prontas, que sejam
resolutivas aos agravos causados pela exposição aos riscos psicossociais e a falta de humanização no
seu processo de trabalho (ROSA; FONTANA, 2010).
A equipe de enfermagem da UPA entende que através do diálogo é possível estabelecer a
humanização no ambiente de trabalho e melhorar as condições para que seja alcançado o objetivo da
enfermagem, que é prestar a assistência aos pacientes e seus familiares com qualidade e
humanização. Porém o que foi observado na unidade não harmoniza com o que foi adquirido como
resposta.
Percebe-se que o individualismo entre os membros da equipe é um importante agente
causador de desgaste físico e emocional dos participantes da pesquisa, e está relacionado a
sobrecarga de trabalho que culmina no estresse generalizado da equipe. Combater essa pratica é tão
importante quanto a capacitação profissional. Os problemas oriundos da escala de turnos, a falta de
interação entre a equipe a falta de resolução de problemas foram observados como elementos
potencializadores do estresse da equipe de enfermagem.

CONCLUSÕES
A pesquisa teve como objetivo investigar a humanização na UPA entre os membros da equipe
de enfermagem, tendo satisfeito seu objetivo principal. O acesso aos profissionais para responderem
os questionários foram as dificuldades principais.
Observou-se durante a pesquisa o ambiente estressante característico de uma unidade de
atendimento de urgência e emergência que esses profissionais estão inseridos, dessa forma entende-
se que a pesquisa teve grande relevância, pois através dela foi possível refletir sobre o ambiente
laboral, sobre as condutas da equipe, sobre o posicionamento do gestor em relação as questões
levantadas pelos trabalhadores.

103
A pesquisa científica levanta questões muitas vezes polemicas, na intenção de contribuir com
a discussão e reflexão de situações cujas hipóteses, precisam ser afirmadas ou refutadas na
expectativa da melhoria do universo estudado.
Essa pesquisa não representa o universo de unidades de urgência e emergência, uma vez que
as políticas organizacionais são delineadas conforme a realidade dos municípios e os níveis de
atenção, porem fornece a oportunidade de fazer investimento na política de humanização
circundando todas as pessoas que formam a equipe de enfermagem da UPA, oferecendo a
possibilidade do diagnóstico aos problemas identificados durante a pesquisa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Terapia Intensiva sobre A Humanização no seu Trabalho. Revista Ciência Cuidado de Saúde,
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104
ÍNDICE GONADOSSOMÁTICO DE HYPSIBOAS ALBOPUNCTATUS DURANTE A
ESTAÇÃO CHUVOSA

SANTOS, Marco Túlio Alves¹;PACHECO, Camila Mariangela²

Síntese:Os anfíbios são caracterizados pela alta permeabilidade na pele que os permitem absorver água com
grande facilidade, o que também os tornam vulneráveis à perda de água. Essas características exigem que os
anfíbios dependam de ambientes relativamente úmidos, ou até mesmo do ambiente aquático em alguma fase da
vida. O ciclo reprodutivo em anfíbios anuros é mantido pela interação entre ritmo endógeno e fatores externos,
dentre os fatores externos ambientais mais conhecidos que controlam o ciclo reprodutivo sazonal em anfíbios,
estão à temperatura, umidade e o fotoperíodo. O índice gonadossomático (IGS) é utilizado na biologia reprodutiva
que demonstra a razão entre a massa gonadal para o total da massa corporal, indicando o investimento energético
da espécie na reprodução.Foram coletados seis indivíduos de Hypsiboas albopunctatus durante a estação chuvosa,
em dezembro de 2015, em um fragmento urbano em Divinópolis, MG. Os animais foram submetidos à eutanásia
através da superdose de anestésico (hidrocloreto de benzocaína), realizou-se um corte na região ventral para
remoção dos testículos. Aferiu-se o comprimento rostro-cloacal (CRC) dos animais, bem como seu peso corporal
(PC) e peso gonadal (PG), esse últimos foram mensurados para o cálculo do índice gonadossomático, através da
fórmula IGS=PG/PCx100. Os espécimes analisados obtiveram as seguintes médias: peso corporal de 5,89g; peso
testicular 0,006g e IGS 0,102%. O Valor do índice gonadossomático de H. albopunctatus é menor do que o
encontrado em outros estudos.

Palavras-chave: Anuros; Espermatogênese; Reprodução.

INTRODUÇÃO
Os anfíbios representam a classe de vertebrados terrestres mais basal, sendo os intermediários
entre a forma de vida totalmente aquática, os peixes, e os amniotas terrestres (Lofts, 1984; Duellman
e Trueb, 1986).
Esses animais são caracterizados pela alta permeabilidade na pele que os permitem absorver
água com grande facilidade, o que também os tornam vulneráveis à perda de água. Além disso, seus
ovos, por serem constituídos por cápsula gelatinosa, são desprovidos de proteção para o ambiente
terrestre. Essas características exigem que os anfíbios dependam de ambientes relativamente úmidos,
ou até mesmo do ambiente aquático em alguma fase da vida (Duellman e Trueb, 1986). Esse
histórico de vida bifásico caracteriza o nome da classe anfíbia, mas há exceção quanto a essa
característica em algumas espécies da classe, cujos representantes são essencialmente aquáticos. Os
anfíbios são distinguidos em três ordens: Gymnophiona (cecílias), Urodelos (salamandras) e Anuros
(sapos, rãs e pererecas).
Atualmente são conhecidas no mundo 5067 espécies de anfíbios anuros (IUCN, 2004).
Dentre elas 988 é registrada no Brasil, sendo esse país o portador maior riqueza de anuros do planeta,
com 988 espécies registradas até o momento, e uma taxa de endemismo de 64% (SBH, 2014).
O sucesso de dispersão e reprodução dos anuros, assim como nos demais vertebrados,
depende, dentre outros fatores, da adaptação de seus órgãos e ciclos reprodutivos as condições
ambientais as quais esses animais se encontram. O ciclo reprodutivo em anuros é mantido pela

¹Aluno do Curso de Ciências Biológicas da Universidade do Estado de Minas Gerais, Unidade Divinópolis E-mail:
marcotulioas@hotmail.com
2
Professora do Curso de Ciências Biológicas da Universidade do Estado de Minas Gerais, Unidade Divinópolis

105
interação entre ritmo endógeno e fatores externos (Paniagua et al., 1990). Dentre os fatores externos
ambientais mais conhecidos no controle do ciclo reprodutivo sazonal em anfíbios estão a
temperatura, a umidade e o fotoperíodo (Paniagua et al., 1990; Figueiredo et al., 2001; Parua et al.,
2011).
Esses fatores estimulam o hipotálamo a sintetizar e secretar o hormônio liberador de
gonadotrofina (GnRH), que estimula as células gonadotrópicas da hipófise a sintetizar e secretar o
hormônio folículo estimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH), conhecidos pela literatura por
serem os precursoresda espermatogênese (Aires, 2008).
Por reconhecer que a reprodução é fundamental para perpetuação dos indivíduos, o
conhecimento sobre os aspectos reprodutivos de qualquer espécie torna-se fundamental para sua
sobrevivência, já que traz informação sobre capacidade espermatogênica e morfofuncionamento
testicular, podendo assim, apontar as épocas críticas para a cópula.
Diante disso, este estudo teve como objetivo mensurar o índice gonadossomático (IGS) de
Hypsiboas albopunctatus (Fig.1)que é calculado pela razão do peso gonadal, com peso corporal
multiplicado por cem. Uma vez que, através desta razão identifica-se o investimento na produção
gamética do indivíduo, pois quanto maior o contingente de células germinativas, consequentemente
maior será o seu peso testicular. Sendo assim, o cálculo do índice gonadossomático torna-se
extremamente relevante por garantir informações sobre a biologia reprodutiva da espécie estudada.

Figura 1: Hypsiboas albopunctatus. Foto: Pacheco, CM.

MÉTODOS
Foram coletados seis indivíduos de Hypsiboas albopunctatus durante a estação chuvosa, em
dezembro de 2015. A coleta realizou-se através de procura ativa noturna na Margem do rio Pará
dentro dos limites do Parque Florestal do Gafanhoto que está localizado no município de

106
Divinópolis, às margens da rodovia MG 050 e do Rio Pará (20º8’21” S e 44º52’17” W). O Parque
possui 19,2 hectares e era constituído originalmente por vegetação de Cerrado, caracterizado
principalmente pela fitofisionomia de Mata Ciliar. Atualmente, apresenta uma mata sem
estratificação definida, com árvores de pequeno porte e presença de inúmeras espécies exóticas.
Além disso, o fragmento está isolado, envolto por uma paisagem de atividades antrópicas, como
pastagens e cultivos de monoculturas.
Os animais coletados foram acondicionados em sacos plásticos, juntamente com um pouco de
água e vegetação e transferidos para o laboratório de zoobotânica da UEMG, Unidade Divinópolis.
Os espécimes foram submetidos à eutanásia através da superdose de anestésico (hidrocloreto de
benzocaína) e em seguida foi realizado um corte na região ventral para remoção dos testículos.
Aferiu-se o CRC (comprimento rostro-cloacal) dos animais, bem como seu peso corporal (PC) e
peso gonadal (PG), esse últimos foram mensurados para o cálculo do índice gonadossomático, que é
obtido através da fórmula IGS=PG/PCx100. Em seguida, foram calculadas as seguintes médias:
índice gonadossomático (IGS), peso corporal e peso testicular, tendo como base a aferição dos seis
indivíduos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os espécimes analisados obtiveram as seguintes médias: peso corporal de 5,89g; peso
testicular 0,006g e IGS (índice gonadossomático) 0,102%. O Valor do índice gonadossomático de H.
albopunctatus é menor do que o encontrado em outros estudos, tanto em peixes ósseos 0,23%
(Ramos e Konrad, 1999), quanto em codornas japonesas 3,68% (Lanna et al. 2013). Comparado com
outros vertebrados mais investigados como, por exemplo, mamíferos o índice gonadossomático de
H. albopunctatus é relativamente baixo (Kenagy & Trombulak, 1986). Assis (2011), ao analisar a
biometria do testículo de rã-touro, Lithobates catesbeianus,obteve o índice gonadossomático de
0,094%, resultado semelhante ao encontrado no presente trabalho, o que indica que as espécies da
ordem Anura, apresentam investimento gamético similar entre si durante a estação chuvosa.
Os fatores exógenos atuam sobre a regulação do ciclo neuroendócrino dos anuros, o que
reflete diretamente no índice gonadossomático de H. albopunctatus, que por sua vez têm seu
processo espermatogênico maximizado, assim como o contingente de células germinativas e seu
peso gonadal.

CONCLUSÃO
Foi possível perceber que o IGS de anuros é baixo quando comparado aos demais
vertebrados.

AGRADECIMENTOS
Agradeço à FAPEMIG, pelo amparo financeiro concedido a este trabalho. Presto
agradecimento ao Laboratório de Biologia Estrutural de Viçosa – UFV, pelo apoio durante
oprocessamento histológico, e à Universidade Federal de São João Del Rey - Campus Dona Lindu,
por disponibilizar o fotomicroscópio para o registro fotográfico.

REFERÊNCIAS
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107
ASSIS, L. (2011). Análise estereológica e funcional do testículo de rãs-touro (Lithobates
catesbeianus) sexualmente maduras, com ênfase na cinética espermatogonial, proliferação e número
de células de Sertoli por cisto espermatogênico. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de
Minas Gerais, Instituto de Ciências Biológicas.43-46.

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108
INTERVENÇÃO COGNITIVO-COMPORTAMENTAL EM PACIENTE COM
TRANSTORNO DE ANSIEDADE: DESCRIÇÃO DE CASO.

BRITO, Tatiane de.¹, SOUZA, Ronaldo Santhiago Bonfim de²

Síntese: O estudo de caso aqui mencionado refere-se a um atendimento realizado com um Funcionário de um
Hospital Particular encaminhado em função de histórico Psiquiátrico em decorrência de transtorno de ansiedade.
A ansiedade é um estado fisiológico, selecionado naturalmente na espécie humana, cuja função é de, basicamente,
preparar o organismo para enfrentar algum tipo de perigo, em condições normais ela é benéfica ao ser humano,
porém em condições exacerbadas pode oferecer prejuízos físicos e cognitivos. Os pacientes com transtorno de
ansiedade na maior parte das vezes pensam exageradamente no futuro e assim podem ficar confusos com relação
a alguns pensamentos pela dificuldade em vivenciar a realidade, a catastrofização pode ser uma resposta a essa
dificuldade. O intuito dessa intervenção foi de desenvolver habilidades de resolução de problemas, enfrentamento
e habilidades sociais, tendo em vista a dificuldade do paciente de lidar com conflitos em seu trabalho, que sempre
que levavam as crises de ansiedade fortíssimas e difíceis de serem controladas. Para o tratamento na abordagem
cognitivo comportamental foram usados para os casos de ansiedade recursos como psicoeducação, manejo da
ansiedade e reestruturação cognitiva com o objetivo de direcionar o paciente para suas próprias decisões onde ele
passe de uma atitude onde evitava manifestar seus desejos por medo, a uma postura menos rígida e mais
confiante.

Palavras-chave: Psicoeducação; Terapia; Tratamento.

INTRODUÇÃO
Esse estudo trás os resultados com base no processo terapêutico de um caso de ansiedade, de
acordo com o DSM IV (2014, p.189), a ansiedade inclui características de medo e ansiedade
excessivos e perturbações comportamentais relacionadas, os ataques de pânico geralmente são
respostas ao medo, sentido durante a crise. Manifestam-se também através de taquicardia, sudorese
excessiva, tremores nas mãos ou em outras partes do corpo, respiração dificultada ou faltando,
sensação de medo ou perda do controle, todos esses sintomas durante o ataque de ansiedade se
tornam piores e reforçam crenças de morte ou incapacidade.
Beck (1997, p.87) nos fala que "pessoas com transtornos psicológicos [...], com frequência,
interpretam erroneamente situações neutras ou até mesmo positivas e, desse modo, seus pensamentos
automáticos são tendenciosos", dessa maneira o estudo desse caso faz-se importante com o objetivo
de identificar quais os pensamentos automáticos mais comuns no paciente com transtorno de
ansiedade e de que maneira a Terapia Cognitivo Comportamental pode auxiliar no manejo e
tratamento.

MÉTODOS
O atendimento foi estruturado em 10 sessões, atendendo aos seguintes critérios:
 Psicoeducação: O sujeito é informado sobre os sintomas e medos que a ansiedade causa.
 Manejo da Ansiedade: O sujeito visa adquirir habilidades como técnicas de respiração,
aceitação das sensações entre outros.

¹Discente do 10° período do curso de Psicologia da UEMG. E-mail: tbritt_psico@outlook.com


²Professor, mestre e orientador na UEMG – Divinópolis.

109
RESULTADOS

O paciente queixava-se de não conseguir dormir pensando nas atividades que teria que
executar no outro dia, a preocupação excessiva com o futuro acabava por paralisa-lo, a partir do
momento em que percebeu que esse é um dos sinais da ansiedade e que havia maneiras de lidar com
isso, passou a usar de recursos que o possibilitassem conseguir esse feito, como o uso de um diário
onde o mesmo anotava as tarefas a serem realizadas no dia seguinte, e a capacidade de realizar
somente aquilo que conseguisse, auxiliaram em uma melhora significativa da qualidade do sono.
O manejo da ansiedade também contribui muito para que o paciente perceba que durante as
crises os sintomas da ansiedade pioram muito, e que o nervosismo tende a agravar ainda mais a
situação, as técnicas de respiração auxiliam no sentido de que o paciente passa a ter controle sobre as
reações fisiológicas de seu corpo, e que por mais que não possa parar a crise, pode aprender a lidar
com ela e a controla-la.
Reestruturar cognitivamente pensamentos e crenças significa, no caso de transtorno de
ansiedade, questionar os pensamentos, procurar evidências a favor e contra as avaliações e
interpretações dos eventos da realidade.O paciente, por exemplo, em situações de crise acreditava
veementemente que iria morrer em função de suas reações fisiológicas, a partir da reestruturação
cognitiva identificando seus pensamentos e os comportamentos interligados somado as técnicas de
respiração, a exposição do paciente a sensações dolorosas (para mostra-lo que isso não o levaria a
morte e que ele pode controlar essas sensações) tudo isso contribuiu para uma melhora no quadro.

DISCUSSÃO
A psicoeducação é uma ferramenta indispensável no manejo da ansiedade, tendo em vista que
o sujeito percebe a funcionalidade ou não de suas reações comportamentais frente às crises. Os erros
cognitivos são erros de julgamento ou equívocos dos nossos pensamentos na forma de avaliar o que
acontece a nossa volta, os pacientes com transtorno de ansiedade tem uma dificuldade muito grande
de pensar sobre o futuro, de agir ou pensar em longo prazo, o que gera uma dificuldade na tomada de
decisões ou uma maneira equivocada de resolver questões que são simples.
A partir da identificação dos pensamentos automáticos do paciente é possível estabelecer um
trabalho à partir das técnicas anteriormente mencionadas, com o objetivo de fazê-lo perceber que
aquele pensamento não corresponde a realidade. A dificuldade de encarar e perceber o futuro, por
exemplo, fazia o paciente pouco concentrar-se no presente, quando as crises de ansiedade apareciam

110
com todos os sintomas fisiológicos, o único pensamento era de que ira morrer. O papel da terapia
Cognitivo Comportamental é oferecer ao sujeito, através de evidencias e técnicas, que esses
pensamentos não correspondem e que ele pode sim tomar decisões, se sentir capaz direcionando-o
para a autonomia.

CONCLUSÕES
Em 10 sessões de terapia, o paciente tem tido melhora significativa em sua ansiedade, as
crises diminuíram consideravelmente, está sendo alcançada a capacidade de resolver conflitos e
tomar decisões sob pressão (o que anteriormente desencadeava as crises) as noites de sono
melhoraram, os pensamentos com o futuro ainda o incomodam, porém já consegue pensar em longo
prazo sem sentir-se mal, ou iniciar uma crise. Outros recursos poderiam ter sido utilizados, como
escalas ou outros instrumentos de avaliação, porém diante do tempo disponível para os atendimentos,
o que foi possível realizar para esse caso, foram os recursos anteriormente citados.

REFERÊNCIAS
BECK, Judith S. (1997). Terapia cognitiva: teoria e prática. Porto Alegre: Artes Médicas.

M294 Manual diagnóstico e estatístico de transtorno5 DSM-5 / [American Psychiatnc Association,


tradução, Maria Inês Corrêa Nascimento, revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli. Porto Alegre:
Artmed, 2014. xliv 948 p.; 25 cm / ISBN 978-85-8271-088-3

1. Psiquiatria. 2. Transtornos mentais. I. American Psychiatric Association.

OLIVEIRA, Maria Ines Santana de. Intervenção cognitivo-comportamental em transtorno de


ansiedade: relato de caso. Rev. bras.ter. cogn., Rio de Janeiro, v.7, nº 1, p.30-34, junho 2011 .

Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-


56872011000100006&lng=pt&nrm=isoAcessos em 15 nov. 2016.

111
INVESTIGAÇÃO DA PREVALÊNCIA BACTERIANA EM VEÍCULOS DO TRANSPORTE
COLETIVO DE DIVINÓPOLIS – MG

MELO, Jordy Junio Nogueira1; PARREIRA, Adriano Guimarães.2

Síntese: Com o avanço da globalização e maior integração entre os continentes os microrganismos passaram a ser
transportados de forma mais rápida e intensa entre as diversas regiões do globo. Tal fato reflete em maior
diversidade microbiana nas cidades, cujos sistemas de transporte de massa vem passando por processos de
racionalização de custos e consequentemente redução da disponibilidade de horários. Desta forma, criam-se
espaços confinados com grande aglomeração de pessoas e potencialmente disseminadores de microrganismos,
alguns deles causadores de infecções. Neste contexto, o presente trabalho buscou avaliar a diversidade microbiana
no interior de ônibus urbanos que atendem a quatro rotas distintas na cidade de Divinópolis MG, polo do Centro-
Oeste mineiro. As amostras para exame microbiológico foram coletadas por meio de esfregaços no interior dos
veículos destinados ao transporte público da cidade empregando-se zaragatoa (“swab”) estéril contendo meio de
transporte Stuart e encaminhadas ao Laboratório de Microbiologia da Universidade do Estado de Minas Gerais
Unidade Divinópolis, onde se realizaram os testes laboratoriais visando isolamento e identificação bacteriana.
Foram coletadas um total de 80 amostras nos ônibus do transporte coletivo que atendem as quatro rotas
escolhidas. Deste total, onze espécies foram identificadas como potencialmente patogênicas e sete delas
apresentaram relatos na literatura de resistência a antibióticos. Do total das coletas realizadas foram isoladas,
após etapas de plaqueamento e contagem, um total de 1097 unidades formadoras de colônias por mililitro. Com
bases nos resultados levantados pode-se traçar um perfil até então desconhecido das espécies bacterianas
rotineiramente encontradas no interior de veículos do transporte público da cidade de Divinópolis MG, com
destaque para isolados com histórico de resistência a antimicrobianos, encontrados principalmente na rota
hospitalar, assim como o levantamento de dados quantitativos de valor significativo.

Palavras–chave: Bactérias; Contaminação; Ônibus; Oportunistas.

INTRODUÇÃO
O ser humano está em contato permanente com uma grande variedade de microrganismos,
principalmente bactérias, com os quais estabelece uma relação predominantemente simbiótica. A
relação harmônica entre microrganismo/hospedeiro depende de vários fatores, dentre eles: o estado
das defesas do hospedeiro, número de microrganismos presentes e nível de virulência dos mesmos
(JERÔNIMO, 2013).
Com o advento da globalização, os microrganismos passaram a ser transportados de forma
mais rápida e em maior escala entre cidades, países e continentes, criando ambientes com
diversidades microbianas complexas e até então inexistentes. Mesmo com a globalização das
informações existem poucas pesquisas ou relatos sobre o papel de sistemas de transporte de massa na
veiculação e disseminação de microrganismos, tornando assim os usuários do transporte público nas
cidades vítimas ou eventuais disseminadores de doenças. Com base nestas constatações o presente
trabalho buscou avaliar a diversidade microbiana no interior de ônibus urbanos da cidade de
Divinópolis MG que atendem a quatro rotas distintas.

MÉTODOS

¹Discente do curso de ciências biológicas da Universidade do Estado de Minas Gerais campus Divinópolis; E-mail:
jhodibio@hotmail.com
²Biólogo, Mestre, Doutor em Microbiologia e Docente da Universidade do Estado de Minas Gerais campus Divinópolis

112
Os veículos do transporte coletivos urbanos selecionados para o presente estudo foram
escolhidos com base nos itinerários diferenciados que atendem, quais seja, uma rota hospitalar, uma
rota tipicamente urbana, uma rota que percorre um trajeto periurbano da cidade, ou seja, zona urbana
e rural, e um itinerário que atende a uma unidade de pronto atendimento (UPA).
As amostras para exame microbiológico foram coletadas por meio de esfregaços nas
superfícies internas dos veículos empregando-se zaragatoa (“swab”) estéril contendo meio de
transporte Stuart, totalizando cinco pontos de amostragem no interior de cada ônibus.
Posteriormente, as amostras foram transportadas no prazo máximo de 48 horas ao laboratório de
Microbiologia localizado na UEMG Unidade Divinópolis, onde foram realizados procedimentos
laboratoriais de isolamento e identificação microbiana.
A identificação bacteriana foi realizada conforme as características morfológicas e
bioquímicas das colônias observando-se o tamanho, cor, forma e textura, sendo também realizada
coloração de Gram de grande parte dos isolados obtidos. Para a identificação em nível de espécie
bacteriana foi utilizado equipamento que emprega tecnologia de espectrometria de massas e por meio
da análise de proteínas ribossomais é possível realizar a identificação dos microrganismos em nível
de espécie. A quantificação bacteriana realizou-se por meio de diluições, plaqueamentos e posterior
contagem das unidades formadoras de colônias (BRASIL, 2001; ASSIS, 2011).

RESULTADOS
Do total de 80 coletas realizadas foram isolados microrganismos com os mais diferentes
perfis, sendo as espécies bacterianas distribuídas em três grupos, as que não tiveram relatos de
importância em saúde pública: Arthrobacter polychromogenes, Bacillus badius, Bacillus
megaterium, Bacillus safonsis, Bacillus subtilis, Bacillus pseudomycoides, Corynebacterium
efficiens, Curtobacterium albidum, Lysinibacillus sphaericus, Paenibacillus macquariensis; espécies
com relatos de importância em saúde pública: Corynebacterium lipophyloflavum, Exiguobacterium
aurantiacum, Gordonia rubripertincta, Mycobacterium avium e espécies mencionadas por alguns
autores como potencialmente portadoras de genes de resistência a antimicrobianos: Corynebacterium
amycolatum, Enterobacter asburiae, Kocuria marina, Staphylococcus capitis, Staphylococcus
epidermidis, Staphylococcus saprophyticus, Staphylococcus xylosus.
Após as etapas de isolamento e plaqueamento foram contabilizadas 1097 unidades
formadoras de colônias por mililitro (UFC mL-1) das 80 amostras coletadas. Deste total a rota
urbana contabilizou 124 UFC mL-1, a rota hospitalar 170 UFC mL-1, a rota Periurbana atingiu um
total de 373 UFC mL-1 e a rota que atende a unidade de pronto atendimento 24hrs (UPA 24 h) um
total de 430 UFC mL-1.

DISCUSSÃO
O presente estudo apontou para uma alta prevalência de bactérias com relatos na literatura de
importância em saúde pública, as quais representam motivo de preocupação. Fato importante a ser
considerado é que do total de espécies bacterianas identificadas, sete delas apresentaram relatos de
resistência a vários tipos de antibióticos, sendo as mesmas isoladas de veículos que atendem a
Unidade de Pronto Atendimento da cidade (UPA) e ao Hospital de referência da macrorregião, o que
representa um dado preocupante, tendo em vista esta rota ser rotineiramente utilizada por passageiros
possivelmente imunossuprimidos ou imunodeficientes.
Outro agravante refere-se ao fato de que a espécie Staphylococcus epidermidis, encontrada na
rota hospitalar, pois esta apresenta atualmente um dos maiores riscos a pacientes imunossuprimidos
ou imunodeficientes submetidos a implantes de biomateriais, pois possui a capacidade de formar

113
biofilmes em dispositivos médicos tais como catéteres intravenosos periféricos ou centrais, o que
dificulta a chegada de antimicrobianos ao sítio de ação.
Além do gênero Staphylococcus muitos outros, eventualmente patogênicos, e com relatos de
resistência a antibióticos foram encontrados, principalmente nos veículos que atendem a rota
hospitalar, comprovando que os ônibus do transporte coletivo podem ser importantes carreadores de
bactérias de importância médica. A rota em que se observou o maior número de unidades formadoras
de colônias (UFC) foi a rota que atende a UPA, seguida pela Periurbana. A partir da análise
quantitativa percebe-se que a limpeza rotineira dos coletivos não reduz significativamente a
contagem bacteriana, tendo em vista que os isolamentos realizados apontaram para altos valores de
UFC mL-1 (KOKSAL; YASAR; SAMASTI, 2009; SCHAEFLER, 1971).

CONCLUSÃO
Tomando-se como base os dados encontrados neste trabalho concluímos que há necessidade
de monitoramento periódico da presença microbiana no interior dos veículos destinados ao transporte
público coletivo e maior atenção a situação higiênico-sanitária dos mesmos, podendo-se estender a
reflexão a outras situações que envolvem prestadores de serviços de transporte de passageiros. O
presente estudo representa ainda trabalho de natureza inédita, em tema com poucos relatos na
literatura, e que permitiu traçar um perfil microbiológico naqueles ambientes até então inexistente na
cidade.

AGRADECIMENTOS
A UEMG Campus Divinópolis, ao departamento de química de proteínas da UFSJ, aos
voluntários Rayane costa e Luciana Aparecida, Rodrigo Alves e a Setrans Divinópolis pelo apoio ao
projeto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSIS, Diego. A espectrometria de massas aplicada na classificação e identificação de
microorganismos. Revista da Universidade Vale do Rio Verde, [s.l.], v. 9, n. 2, p.344-355, dez.
2011.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária Microbiologia Clínica para o Controle de


Infecção Relacionada à Assistência à Saúde. Módulo7: Detecção e Identificação de Micobactérias de
Importância Médica/Agência Nacional de Vigilância Sanitária. – Brasília: ANVISA, 2013. 43p.: il.9
volumes
JERÓNIMO, Ana Rita Gonçalves. Patogênese de infecções causadas por bactérias da flora
endógena. 2013. 63 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Ciências Farmacêuticas, Universidade
Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Lisboa, 2013.
KOKSAL, F.; YASAR, H.; SAMASTI, M.. Antibiotic resistance patterns of coagulase-negative
staphylococcus strains isolated from blood cultures of septicemic patients in Turkey.
Microbiological Research, [s.l.], v. 164, n. 4, p.404-410, 2009.
SCHAEFLER, S. Staphylococcus epidermidis BV: Antibiotic Resistance Patterns, Physiological
Characteristics, and Bacteriophage Susceptibility. Applid Microbiology, Nova York, v. 22, n. 4,
p.693-699, out. 1971.

114
MEDICAMENTOS UTILIZADOS PELOS IDOSOS CADASTRADOS NA REDE PÚBLICA
DE SAÚDE DE DIVINOPOLIS MINAS GERAIS

ASSUNÇÃO, Raquel Silva1; RIBEIRO, JadeSantos 2; BATISTA, Marcella Fonseca3.

Síntese: O uso de medicamento é uma ferramenta importante para toda a sociedade, mas nos idosos é dado maior
destaque devido à idade e os efeitos colaterais que provocam. O objetivo desse estudo foi analisar a quantidade e
os tipos de medicamentos mais usados por idosos. Trata-se de um estudo de caráter exploratório, descritivo, com
abordagem quantitativa, realizado no Sistema de Informação em Saúde de Divinópolis/MG. Os critérios de
inclusão foram a pessoa ter idade igual ou superior a 60 anos, ser cadastrada no SIS e adquirir medicamentos na
farmácia central do serviço público municipal. A amostra obtida, considerando-se o desvio padrão de ± 3%, foi de
933 idosos. Os resultados mostraram que o número de medicamentos tomados por idosos varia de 1 a 19 tipos,
onde 14,04% utilizam 01 medicamento e 11,03% entre 10 a 19 tipos. Os medicamentos mais utilizados são o
Omeprazol 20 mg, por 30,76% dos idosos, seguido do Hidroclorotiazida 25 mg. Os idosos fazem uso de grande
quantidade de medicamentos o que preocupa, uma vez que possíveis complicações podem acontecer diante dos
efeitos colaterais dos fármacos, devido à vulnerabilidade do paciente idoso e da dificuldade que possa apresentar
para usar de forma correta a medicação prescrita.

Palavras-chave: Assistência aIdosos; Uso de Medicamentos; Efeitos colaterais de medicamentos.

INTRODUÇÃO
O processo de envelhecimento é um fenômeno mundial em decorrência de fatores como a
queda da fecundidade, melhoria nutricional, elevação dos níveis de higiene pessoal e ambiental, em
virtude dos avanços tecnológicos. (SANTOS et.al., 2013).Este processo de envelhecimento é
acompanhado por uma maior demanda pelos serviços de saúde e por medicamentos, o que predispõe
enormemente a população geriátrica aos riscos da prática de polifarmácia e aos efeitos adversos dos
medicamentos.
As mudanças que compõem e influenciam o envelhecimento são complicadas. No estado
biológico, o envelhecimento é associado ao acúmulo de uma grande variedade de agravos
moleculares e celulares. Com o tempo, esse dano leva a uma lesão gradual nas reservas fisiológicas,
um aumento do risco de contrair diversas doenças e um declínio geral na capacidade inerente do
indivíduo. Em última instância, resulta no falecimento. Contudo, essas alterações não são lineares ou
consistentes e são somente vagamente integradas à idade de uma pessoa em anos. (OMS, 2015).
A assistência farmacêutica já estava incluída no campo de ação do Sistema único de Saúde -
SUS em 1990, por definição no seu Artigo 6º, da Lei nº 8.0802. Porém, apenas em 1998, com a
publicação da Portaria nº 3.916, foi instituída a Política Nacional de Medicamentos (PNM), que
possui como uma das suas diretrizes a reorientação da Assistência Farmacêutica, sendo esta
coordenada e disciplinada pelos três gestores do SUS e fundamentada na descentralização da gestão,
na promoção do uso racional dos medicamentos, na otimização e eficácia do sistema de distribuição
no setor público, e no desenvolvimento de iniciativas que possibilitem a redução dos preços dos
produtos farmacêuticos. (ALMEIDA; ANDRADE, 2014)

1
Raquel Silva Assunção – Professora Mestre do Curso de Graduação de Enfermagem da UEMG. E-mail:
raquel.s.assuncao@gmail.com.
2
Jade Santos Ribeiro – Aluna do Curso de Graduação de Enfermagem da UEMG.
3Marcella Fonseca Batista – Aluna do Curso de Graduação de Enfermagem da UEMG.

115
O uso de muitos medicamentos pode culminar em alterações fisiológicas e consequências
fatais, que levam a uma farmacocinética diferenciada e maior sensibilidade aos efeitos terapêuticos e
adversos dos fármacos. Podem também ocorrer iatrogênias, definidas como eventos indesejáveis, não
planejados, que causam ou têm o potencial de ocasionar resultados prejudiciais ao paciente; podem
ou não ser resultado de negligência ou falha do profissional envolvido com a assistência. (SANTOS
et.al., 2013).A sensibilidade de fármacos varia em função do número de receptores e da capacidade
de ligação a eles. Alguns medicamentos podem provocar alterações no paladar, o que dificulta a
ingestão de alimentos. Essas alterações classificam-se com disgeusia, anormalidade causada por
agentes quimioterápicos e radioterápicos; hipogeusia, diminuição da acuidade do paladar, a qual
pode ser causada por anestésico ou ácido acetilico; hipergeusia, aumento da acuidade do paladar.
(PAPALÉO NETO, 2007).

MÉTODOS
Neste trabalho foi realizada uma pesquisa quantitativa, descritiva e exploratória. O estudo foi
realizado na Secretaria Municipal de Saúde (SEMUSA) do município de Divinópolis.
A população de estudo consiste em todos os idosos cadastrados no Sistema Integrado de Saúde
(SIS) da Farmácia Central do município e que fazem uso de medicamentos.
A amostra da pesquisa é composta por pessoas com idade igual ou superior a 60 anos (idosos).
Utilizou-se uma planilha da ferramenta Microsoft Excel para o agrupamento dos dados coletados no
SIS, que contém os nomes e a quantidade de medicamentos que cada idoso toma. Adotou-se como
critérios de inclusão as pessoas serem cadastrados no SIS, terem idade igual ou superior a 60 anos
(idosos) e adquirir medicamentos na farmácia central do serviço público municipal. De acordo com
este critério foram encontrados 7390 idosos cadastrados no SIS.
A coleta de dados foi feita no Sistema Integrado de Saúde (SIS), sendo caracterizado como
dados secundários. Conforme GIL(8) dados secundários são os dados já existentes na forma de
arquivos, bancos de dados, índices ou relatórios escritos.
O tratamento dos dados consiste na somatória dos resultados utilizando-se tabelas da
ferramenta Microsoft Excel, com a definição de percentuais em relação ao total.
Os dados foram agrupados conforme o número e tipos de medicamentos tomados por idosos.
Após esta fase, os medicamentos foram classificados quanto às classes química e terapêutica.
A análise de dados foi feita por meio da interpretação dos resultados demonstrados em tabelas,
considerando o percentual encontrado, comparando-se os dados encontrados com outros estudos
pertinentes ao tema.
A realização da pesquisa ocorreu mediante a autorização da Secretaria Municipal de Saúde de
Divinópolis, conforme determina a Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012, que define as
diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos.

RESULTADOS
Os idosos consomem medicamentos, assim como toda a faixa etária da população. Mas um
medicamento tem repercussão importante no idoso. Segundo Gorzoni et al.(9) os idosos apresentam
várias doenças por uso concomitante de três ou mais medicamentos, junto a isto observa-se as
alterações como a composição corporal, a função renal e hepática onde é provocada pelo o
envelhecimento humano. Este consumo de medicamentos faz com que se desencadeiem
constantemente efeitos colaterais e interações medicamentosas com graves consequências aos idosos.
Os dados da pesquisa demonstram que os idosos pegam medicamentos para o tratamento das
doenças que os acometem, onde estão utilizando-os em número bastante expressivo.Dado a
importância do tema e com o objetivo de alcançar-se os resultados que se aproximam o máximo da
realidade, utilizou-se para o cálculo da amostra o desvio padrão de 0,03 (3%) chegando-se a uma
população alvo de 933 idosos.Os resultados mostraram que o número de medicamentos tomados por

116
idosos varia de 1 a 19 tipos, onde 14,04% utilizam 01 medicamento e 11,03% entre 10 a 19 tipos. Os
medicamentos mais utilizados são o Omeprazol 20 mg, por 30,76% dos idosos, seguido do
Hidroclorotiazida 25 mg.

DISCUSSÃO
Os dados da pesquisa nos demostrou que o uso abusivo de medicamentos pelos idosos é muito
grande, esses fármacos são usados para tratamentos em longo prazo e muitos levam a ter efeitos
colaterais com isto surgem vários sintomas de onde é necessária indicação do médico para prescrever
novos fármacos para novos com isso o idoso se torna cada vez mais propício a esse problema.
Os medicamentos mais utilizados pelos idosos visto na pesquisa foi para complicações muito atuais
do dia a dia como hipertensão, diabetes, e dores em geral vendo que os fatores que levaram a esse
estado poderia ser evitada com vida saudável e as práticas de atividades físicas, outro medicamento
muito citado também foram os anti-hipertensivos que se dá pelo idoso ser muito sozinho levando a
depressão. Cabe ao profissional enfermeiro ficar atento as indicações a estes idosos, orientando ao
mal que se dá de muita quantidade.
Secoli (2010), descreve alguns medicamentos ou classes terapêuticas envolvidas em reações adversas
medicamentosas, que apresentam consequências graves nos idosos,como: Antiinflamatórios não
esteroidais, Anticolinérgicos, Benzodiazepinicos, Beta-bloqueadores; Digoxina e Neurolépticos.

CONCLUSÕES
No processo de envelhecer passamos por várias modificações fisiológicas e com o passar do tempo
estas podem trazer ao indivíduo maior fragilidade e dependência de cuidado.
Um dos cuidados a ser prestado à pessoa idosa é a medicação prescrita por profissionais de
saúde para o tratamento dos agravos à sua saúde física e mental.
A pesquisa nos demostrou estar os idosos da Farmácia Central de Divinópolis fazendo uso de
grande quantidade de medicamentos, diariamente.
Mesmo cientes de que os medicamentos representam importante auxílio no tratamento e
controle das doenças, os dados preocupam, uma vez que possíveis complicações podem acontecer
diante dos efeitos colaterais desencadeados por cada fármaco, devido à vulnerabilidade do paciente
idoso e da dificuldade que possa apresentar para usar de forma correta a medicação prescrita.
Os dados ainda nos fizeram refletir sobre a importância de conhecer a ação de cada
medicamento e os efeitos colaterais que apresentam, para que a assistência a ser dada a cada usuário
possa contribuir para a eficácia do tratamento com o menor risco possível para o idoso.
Cabe aos profissionais da saúde orientar quanto ao uso correto de cada medicamento, dando
ênfase a ações que possam promover a saúde, prevenir doenças e tratá-las com vista à melhoria das
condições de vida do idoso e redução do risco de danos à sua saúde.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Caroline C. ANDRADE, Kaio V.F. Assistência farmacêutica no sistema único de saúde
(SUS): conceito, históricos e dispositivos legais. Revista Saúde. Com, v.10, n.1, p.80-86, 2014.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE – OMS. Relatório Mundial de Envelhecimento e
Saúde. 2015. Acesso em 20\12\2015, às 13h30.
PAPALÉO NETTO, M. Interação droga-nutriente em idoso. Gerontologia, São Paulo: Atheneu, p.
455-467, 2007..

117
SANTOS et al. Consumo de medicamentos por idosos, Goiânia, Brasil. Revista Saúde Pública,
v.47, n.1, p.94-103, 2013.

118
OBESIDADE INFANTIL: IMPORTÂNCIA DAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

SANTOS, Ana Paula Oliveira1;FONSECA, Cletiana Gonçalves2

Síntese: A obesidade infantil vem crescendo de forma significativa e, hoje representa um problema de saúde
pública. A obesidade é uma doença multifatorial desencadeada, principalmente pelo sedentarismo e hábitos
alimentares inadequados. A obesidade pode resultar no desenvolvimento de doenças como hipertensão, diabetes,
dislipidemia, problemas psicológicos, dentre outras. A intervenção da escola é uma das estratégias para reversão
da tendência mundial no combate a obesidade infantil. Especificamente, as aulas de Educação Física devem
promover a compreensão dos alunos da importância de hábito alimentar adequado e da prática de atividade física
regular.

Palavras–chave:Educação física escolar; Escola; Sedentarismo.

INTRODUÇÃO
A obesidade é considerada uma epidemia mundial que afeta todas as faixas etárias e grupos
socioeconômicos. A Obesidade é definida como uma quantidade excessiva de gordura corporal
associada a riscos à saúde e complicações metabólicas (WORLD HEALTH ORGANIZATION,
1995). Pode ser avaliada por meio da relação entre a massa corporal e a estatura. Além disso, o termo
sobrepeso é utilizado como uma classificação para indivíduos com massa corporal acima do que é
considerado normal, para uma dada estatura (ACSM, 2010). A obesidade é uma doença multifatorial.
A vida moderna e as tecnologias induzem os indivíduos ao sedentarismo e, consequentemente
ao gasto energético reduzido. O sedentarismo combinado ao consumo energético elevado e, com alto
teor de gordura, resulta em um quadro de aumento exacerbado da massa corporal (TAVARES;
NUNES; SANTOS, 2010; FERREIRA; MAGALHÃES, 2006; ABREU, 2011).Dados atuais
mostram que até mesmo o número de crianças obesas vem crescendo nos últimos anos. De acordo
com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o número de crianças com sobrepeso e obesidade no
mundo pode chegar a 75 milhões em 2025. Em janeiro de 2016 a OMS divulgou o Relatório da
Comissão pelo fim da Obesidade Infantil com recomendações aos governos para a reversão da
tendência de crescimento do sobrepeso e obesidade. O Relatório apresenta algumas recomendações
como: a implementação de programas abrangentes que promovam a ingestão de alimentos saudáveis;
implementação de programas que promovam a atividade física e redução do sedentarismo em
crianças e adolescentes; fornecimento de orientações sobre dieta saudável, sono e atividade física na
infância, promoção de hábitos saudáveis e a implementação de programas que promovam ambientes
escolares saudáveis, incluindo a Educação Física de qualidade no currículo base.A obesidade na
infância pode gerar consequências para a saúde. A obesidade é um dos fatores de risco
cardiovasculares, assim como, Diabetes Mellitus Tipo 2, hipertensão arterial e dislipidemia
(FRANCISCHI et al., 2000). Além dos riscos à saúde, as crianças podem desenvolver complicações
psicológicas, sociais e distúrbios alimentares. As alterações corporais podem induzir isolamento
social, devido à vergonha, gerar situações consideradas bulling e provocar o consumo excessivos de
alimentos, que pode resultar até mesmo em quadros clínicos de compulsão alimentar (PIMENTA;
PALMA, 2001).
¹Graduanda do Curso de Educação Física Licenciatura da Universidade do Estado de Minas Gerais – Unidade
Divinópolis.
²Professora da Universidade do Estado de Minas Gerais – Unidade Divinópolis. E-mail: cletiana.fonseca@uemg.br.

119
Assim como foi proposto pela OMS no Relatório da Comissão pelo fim da tendência
estimada para Obesidade Infantil, a escola tem um papel fundamental na prevenção contra a
obesidade. A intervenção na escola pode acontecer de forma integrada, por meio de todas as
disciplinas. No entanto, a Educação Física Escolar tem uma função primordial, pois pode
proporcionar uma consciência corporal e gasto energético elevado através de atividades culturais
como jogos, brincadeiras, ginásticas, esportes e lutas de forma prazerosa, para que os alunos se
tornem ativos fisicamente e, fazendo com que esse comportamento se estenda a vida adulta (FILHO,
2013). Portanto, o objetivo do presente estudo é ressaltar a importância da Educação Física Escolar
no combate a obesidade infantil.

MÉTODOS
O presente estudo utilizou uma busca bibliográfica por palavras-chave, como por exemplo,
obesidade infantil, educação física escolar e Organização Mundial de Saúde, nas principais bases de
dados de artigos científicos, nas áreas de ciências biomédicas e educação física (Web of Science,
Google acadêmico, dentre outros).

REVISÃO DE LITERATURA

Prevalência da obesidade infantil


A OMS apresentou que aproximadamente 41 milhões de crianças menores que 5 anos estão
obesas ou com sobrepeso. Os pesquisadores identificaram que o número de crianças com sobrepeso
passou de 31 para 41 milhões entre 1990 e 2014. Segundo o documento, o maior aumento de casos
foi registrado em países em desenvolvimento, onde o número passou de 7,5 milhões para 15,5
milhões (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2016).O Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística, 2010 avaliou a evolução de indicadores antropométricos na população de 5 a 9 anos de
idade e, encontrou que entre os anos de 1974/1975 e 2008/2009 ocorreram aumentos da prevalência
de excesso de peso corporal de 10,9 para 34,8% (sexo masculino) e 8,6 para 32,0% (sexo feminino) e
obesidade de 2,9 para 16,6% (sexo masculino) e 1,8 para 11,8% (sexo feminino). Além disso, na
população de 10 a 19 anos de idade, encontrou aumento da prevalência de excesso de peso corporal
de 3,7 para 21,7% e 7,6 para 19,4%, nos sexos masculino e feminino, respectivamente. E a obesidade
aumentou de 0,4 para 5,9% (sexo masculino) e de 0,7 para 4,0% (sexo feminino).Além disso, a
Associação Brasileira para Estudos da Obesidade e da Síndrome Metabólica, 2016 mostrou o mapa
brasileiro da obesidade em cada região do país, dividido pela faixa etária. Na região norte o
porcentual de crianças acima do peso entre 5-9 anos é de 25,65% da população e 17,45% para
adolescentes entre 10-19 anos. Na região nordeste o porcentual identificado é 28,15% (5 a 9 anos) e
16,6% (10 a 19 anos). Na região centro-oeste crianças entre 5-9 anos de idade acima do peso
representam 35,15% da população e 22,15% da população entre 10-19 anos. Na região sudeste o
índice chega a 38,8% (5 a 9 anos) e 22,8% na faixa etária de 10 a 19 anos. Na região sul encontra-se
os maiores valores, 35,9% entre 5-9 anos e 24,6% entre 10-19 anos. Em 2011 foi realizada uma
pesquisa na cidade de Divinópolis, Estado de Minas Gerais, para verificar fatores associados à
obesidade e sobrepeso em escolares na faixa etária entre 6 a 14 anos de idade. Foram realizadas
avaliações com 1.187 alunos, e desses 290 apresentaram excesso de peso, o que representou 24,4%
da população estudantil da região (SOUZAet al., 2014).

120
Obesidade na infância e adolescência
A obesidade é uma doença caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, que
acarreta problemas a saúde de crianças, adolescentes, adultos e idosos (TARDIDO; FALCÃO,
2006). A obesidade é uma doença multifatorial que pode resultar em alterações fisiológicas e
psicológicas (ENES; SALTER, 2010). Existem fatores que agravam a probabilidade da obesidade na
infância como, por exemplo, desmame precoce, introdução de alimentos altamente calóricos,
distúrbios alimentares e o sedentarismo. Crianças e jovens trocam arroz, feijão, carne e verduras, por
refeições rápidas e adquirem hábitos inadequados, além de passarem grande parte do tempo em
frente aos computadores e televisão (CADERNO DE ATENÇÃO BÁSICA – OBESIDADE, 2006).
Também devemos observar as influências familiares, pois as crianças crescem observando o estilo de
vida dos pais. A probabilidade de uma criança se tornar obesa aumenta quando seus pais também são
obesos. Constatada na infância, a obesidade pode resultar em problemas psicológicos e sociais. A
insatisfação com o corpo pode provocar distúrbios alimentares graves (PIMENTA; PALMA, 2001).
A adolescência é um período de alerta, pois nessa fase ocorrem transformações físicas e
mudanças psicossociais. Uma dieta inadequada e o estilo de vida sedentário podem contribuir para o
desencadeamento da obesidade. Como consequência pode ocorrer o aparecimento precoce de
hipertensão arterial, diabetes mellitus tipo 2,dislipidemia, distúrbios emocionais, ocorrendo também
comprometimento da postura e alterações no aparelho locomotor (ENES; SLATER, 2010).
A obesidade pode ser avaliada através do cálculo do índice de massa corporal (IMC) e, é
considerado um fator de risco para doenças cardiovasculares. O IMC é a relação entre a massa
corporal (kg) pela estatura ao quadrado (m2). Além disso, o valor encontrado de IMC (kg/m2) está
diretamente ligado à aptidão física relacionada à saúde do indivíduo, que pode ser classificado como:
com deficiência de peso (IMC < 18,5), normal (IMC 18,5 - 24,9), sobrepeso (IMC 25 - 29,9),
obesidade classe I (IMC 30 - 34,9), classe II (IMC 35 - 39,9) e classe III (IMC > 40) (ACSM, 2010).
O diagnóstico de risco de sobrepeso em crianças menores que 10 anos de idade pode ser
avaliado pela relação estatura pela idade e/ou massa corporal pela idade. Podem ser utilizadas
também medidas complementares, como dobras cutâneas triciptal e subescapular (WORLD
HEALTH ORGANIZATION, 1995). Já para crianças e adolescentes entre 10 e 20 anos, a obesidade
pode ser detectada por meio da avaliação do índice de massa corporal, considerando a idade e sexo.

Causas da obesidade
Os hábitos alimentares inadequados e o sedentarismo são fatores determinantes para o
surgimento da obesidade (TARDIDO; FALCÃO, 2006). A relação consumo e gasto energético
podem influenciar diretamente no aumento da massa corporal. Há três situações que exemplificam a
relação consumo e gasto energético: equilíbrio energético positivo: o consumo de nutrientes excede o
gasto energético, implicando no aumento da massa corporal; equilíbrio energético negativo: o gasto
energético excede o consumo, resultando em diminuição da massa corporal; equilíbrio sinergético: o
gasto e consumo de energia é semelhante e resulta na manutenção da massa corporal (VILARTA et
al., 2007).A recomendação da OMS é de que crianças e jovens entre 5-17 anos pratiquem atividade
física pelo menos 60 minutos por dia, sendo atividades aeróbicas e de intensidade vigorosa. A
estimativa de atividade física diária feita pela OMS é para crianças saudáveis. Crianças com
restrições médicas devem realizar atividades adaptadas e sempre que possível buscar atingir essas

121
recomendações. No caso de crianças diagnosticadas com obesidade a necessidade diária de atividade
física é ainda maior, para redução da massa corporal (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2011).

Importância das aulas de educação física para prevenção e reversão da obesidade

A obesidade é considerada epidemia mundial e sua prevalência vem aumentando de forma


alarmante. A prevenção é o método mais eficaz para o controle desta epidemia, sendo a escola um
dos pilares para conscientização de uma alimentação saudável e para a prática de atividade física
diária (COELHO et al., 2008).A Educação Física é uma disciplina primordial para o
desenvolvimento da conscientização sobre a importância de prevenir a obesidade e ressaltar as
complicações decorrentes da mesma (FILHO, 2013).Um dos objetivos dos Parâmetros Curriculares
Nacionais do ensino fundamental se refere à capacidade dos alunos de assimilar a importância de
“conhecer e cuidar do próprio corpo, valorizando e adotando hábitos saudáveis como um dos
aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com responsabilidade em relação à sua saúde e à
saúde coletiva”. O professor de Educação Física deve ser um profissional competente, que saiba
orientar de forma correta, prazerosa e benéfica as atividades físicas. Além disso, com intuito de
combater o sedentarismo, os alunos devem compreender a importância e os benefícios das atividades
físicas e, assim tornarem adeptos por toda sua vida (PARÂMETROS CURRICULARES
NACIONAIS, 1997; FILHO, 2013).O sedentarismo é o principal fator a ser combatido, como forma
de prevenção a obesidade. O trabalho de prevenção nas escolas deve ser incorporado ao currículo
escolar de forma interdisciplinar (CORNACHIONI; ZADRA; VALENTIM, 2011).

CONCLUSÃO
A tendência de aumento da obesidade infantil é muito preocupante. Baseado nas evidências
apresentadas por essa revisão de literatura, o sedentarismo é o principal fator causador da obesidade.
Portanto, os dados apresentados reforçam a importância das aulas de Educação Física Escolar
para promover a conscientização e a prática de atividades físicas e/ou exercícios físicos regulares.As
aulas de educação Física escolar devem buscar as atividades propostas pelos parâmetros curriculares
nacionais e também a compreensão da importância de hábitos saudáveis, manutenção e/ou redução
da massa corporal e, consequentemente prevenção de doenças associadas à obesidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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VILARTA, R. (Org.) et al. Alimentação Saudável, Atividade Física e qualidade de vida. Campinas,
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123
OCORRÊNCIA DE OVOS E CISTOS DE PARASITOS INTESTINAIS EM ÔNIBUS DE
TRANSPORTE PÚBLICO DE DIVINÓPOLIS – MINAS GERAIS, BRASIL.

ALMEIDA, Rodrigo Alves de¹; FILIPPIS, Thelma de²

Síntese: As parasitoses intestinais representam uma das doenças mais comuns no mundo, sendo endêmicas em
países do terceiro mundo, onde se constituem problemas de Saúde Pública. Uma das vias de contaminação se dá
de forma passiva oral sendo o transporte público um dos possíveis meios de disseminação de parasitos. Neste
trabalho foi avaliada a ocorrência de ovos e cistos de parasitos em transportes públicos da cidade de Divinópolis,
MG, Brasil. A foi feita em quatro linhas de ônibus que atendem zonas hospitalares e periféricas,utilizando o
método de Graham e o método de swab. Foram analisadas um total de 160 lâminas sendo 80 lâminas pelo método
de Graham, onde foram encontrados um cisto sugestivo de Blastocystis hominis e um ovo semelhante à
Hymenolepis sp. e, 80 lâminas pelo método do swab, onde foram visualizados quatro ovos semelhantes ao
Ascaris sp. e um cisto de Blastocystis hominis. A prevalência de formas parasitárias nos ônibus de Divinópolis foi
baixa, tendo sido mais elevada nas linhas que circulam na área hospitalar-UPA e nos ônibus que atendem a região
periurbana. O método de swab se mostrou mais sensível que o método de Graham para a coleta de formas
parasitárias.

Palavra-chave: Graham, Swab; Cistos; Ovos; Ônibus

INTRODUÇÃO
As parasitoses intestinais são uma das principais endemias nos países em desenvolvimento e
constituem um grande problema em saúde pública (LODO et al., 2010) . A maiores prevalências são
registradas em crianças mas estudos mostram que também podem ser encontradas em adultos
(KOMAGOME et al., 2007; VASCONCELOS et al., 2011). De acordo com a Sociedade Brasileira
de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), uma entre quatro pessoas sofre de parasitoses. A
informação sobre as doenças parasitárias para as comunidades é escassa ou nula em algumas regiões,
ou quando existente, o ensino é desatualizado e fragmentado (CARVALHO et al., 2002). As
parasitoses são mais frequentes em locais onde não há saneamento básico, mostrando prevalências
diferentes de acordo com as condições de cada região ( MATOS e CRUZ, 2012; SANTOS et al.
2010).
Alguns ovos de parasitos possuem grande resistência às agressões ambientais e grande
capacidade de aderência a superfícies, o que os auxilia em sua disseminação, como no caso dos ovos
de Ascaris lumbricoides (MASSARA et al., 2003).Os principais meios citados como vias de
disseminação de ovos e cistos de parasitos intestinais são os alimentos e água contaminados, animais
domésticos, cédulas, moedas e transporte público (LEVAI et al., 1986; MURTA e MASSARA,
2009; RAGOZO et al., 2002; SOARES e CANTOS 2006; SUDRÉ et al., 2012). Entre estes meios de
disseminação podemos destacar o transporte público, por ser um ambiente fechado e com grande
circulação de pessoas das mais diversas classes sociais. Um estudo realizado em ônibus da cidade de
Belo Horizonte, MG, descreveu a ocorrência de ovos de helmintos em 100% dos veículos analisados
(MURTA e MASSARA, 2009). Já na cidade de Vitória, ES, a frequência de formas parasitárias nos
ônibus foi baixa tendo sido encontrados apenas cistos de protozoários (FERNANDES et al., 2012).

¹Estudante de graduação do curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Estado de Minas Gerais. E-mail:
rodrigo.a11@hotmail.com
²Professora Doutora em Parasitologia.

124
Considerando a importância dos ônibus de transporte público como meios de disseminação
de parasitos, realizamos este estudo em veículos da cidade de Divinópolis, MG. As informações têm
importância na área de saúde pública para que possam ser direcionadas ações preventivas, reduzindo
assim a morbidade das doenças parasitárias.

METODOLOGIA
A coleta dos ovos e cistos de parasitos intestinais foi feita em quatro linhas de ônibus, dois
veículos que fazem atendimento a hospitais da cidade de Divinópolis, um veículo urbano que não
atende a hospitais e outro veículo que atende um bairro periférico. A pesquisa foi realizada em cinco
locais diferentes em todos os ônibus: suporte da porta de entrada, corrimão superior, bancos, haste da
cabeceira e suporte do corrimão. Para a coleta do material foram utilizadas duas metodologias.
Inicialmente foi utilizado o método de Graham, uma técnica que consiste em colar uma fita adesiva
transparente de 6 cm por cinco ou seis vezes sobre cada local de coleta e, em seguida, fixá-lo
longitudinalmente sobre a lâmina devidamente identificada. As lâminas foram examinadas em
microscopia óptica, onde os ovos de helmintos, cistos e oocistos de protozoários foram identificados
e contados com aumento de 10x e confirmação em 40x.
Considerando a baixa positividade com o uso da técnica da fita adesiva, decidiu-se utilizar
uma segunda técnica, do tipo swab, que consistiu em utilizar cotonetesumedecidos com soro
fisiológico como zaragatoas. O cotonete era esfregado no local da coleta e colocado em um tubo tipo
Falcon contendo 3 ml de uma solução conservante de Mertiolato, Iodo e Formol (MIF) ficando a
extremidade de coleta mergulhada no líquido. Em seguida as amostras eram levadas ao laboratório,
centrifugadas a 6.000 RPM por um minuto. O sedimento foi depositado em lâminas cobertas por
lamínulas, tendo sido analisadas duas lâminas por amostra utilizando microscópio óptico, nos
aumentos de 10x e 40x.

RESULTADOS
Utilizando o método de Graham foram analisadas 80 lâminas, havendo uma positividade de
2,5% (duas lâminas), onde foram encontrados um cisto sugestivo de Blastocystishominisna fase
granular e um ovo semelhante aos ovos de Hymenolepissp.
Usando o método de swab, em 80 lâminas analisadas, obtivemos uma positividade de 5%
(quatro lâminas) sendo encontrados quatro ovos sugestivos de Ascaris sp. e um cisto de
Blastocystishominis na forma vacuolar.
Além dos ovos e cistos de parasitos, foram encontradas outras estruturas como grãos de pólen,
células vegetais, algas, valendo a pena ressaltar a presença de um ácaro coletado, utilizando a fita
adesiva, no banco do ônibus que circula na região periurbana. Entretanto, o estado de preservação do
mesmo não permitiu a sua identificação.

DISCUSSÃO
Os ovos de helmintos e cistos de protozoários têm grande importância na saúde pública, pois
os parasitos, em determinadas condições, podem causar nos infectados diarréia e dores abdominais
(MURTA e MASSARA, 2009). A presença de ovos de Ascaris sp. pode ser justificada pelo mesmo
possuir uma membrana externa que o protege contra diversos fatores como terapêuticos, químicos e
ambientais, além de possuir grande capacidade de aderência a superfícies. O clima, associado à
presença de vetores e a resistência de ovos e cistos, favorecem uma ampla distribuição de parasitos
(LEVAI et al.,1986; MURTA e MASSARA, 2009). A prevalência das parasitoses no Brasil se
mostra elevada nas regiões com baixo índice de saneamento básico (SANTOS et al., 2010).
Entretanto, estudos realizados nas áreas urbanas das regiões sudeste e sul com boas condições de
saneamento básico têm mostrado uma redução na prevalência geral das parasitoses, havendo uma
diminuição das infecções por helmintos e um predomínio dos protozoários, principalmente
Blastocystishominis(BORGES, MARCIANO e OLIVEIRA, 2011; MINÉ e ROSA, 2008; SANTOS

125
et al., 2010). Em um estudo similar realizado em Belo Horizonte foram analisadas 330 lâminas com
positividade de 17,3% (57 lâminas), e todos os 30 veículos mostraram-se contaminados, dos quais 22
estavam positivos para mais de um ovo de helmintos (MURTA e MASSARA, 2009)sendo eles de
Ascaris sp., Hymenolepissp. eEnterobiusvermicularis, à semelhança do que foi encontrados em
nosso estudo.
A baixa ocorrência dos parasitos intestinais também pode ser justificada pela dependência
destes com a umidade do solo, a longa estação seca é uma circunstância limitante a proliferação
destes parasitos (ALVES et al., 2003; BIASI et al.,2010) ou a baixa prevalência de helmintos e
protozoários na população estudada (FERNANDES et al., 2012).
Em nosso estudo, a positividade foi ligeiramente superior nos ônibus das linhas que atendem
às regiões hospitalar-UPA e periferia, correspondendo ao esperado, pois a primeira linha atende um
número elevado de pessoas que visitam a UPA e a segunda linha, uma população que vem de uma
região com piores condições de saneamento básico.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A prevalência de formas parasitárias nos ônibus de Divinópolis foi baixa, com maior positividade
nos ônibus que circulam na região hospitalar-UPA e na periferia de Divinópolis. O método de swab
mostrou-se mais sensível do que o método de Graham para a coleta das formas parasitárias.

REFERÊNCIAS
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127
PERFIL DOS PORTADORES DE TUBERCULOSE EM UM MUNICÍPIO DE MINAS
GERAIS

ANDRADE, Heuler Souza¹;FONSECA, João Carlos Nogueira da²; SANTOS, Rita de Cássia
Fonseca³

Síntese: A Tuberculose (TB) é uma das doenças mais antigas conhecidas pela humanidade, contudo ainda nos dias
atuais possui um grande impacto social. O estado de Minas Gerais apresentou no período de 2002 a 2009, 47.285
casos de TB, com uma taxa de incidência de 22,3/100 mil habitantes. No município de Divinópolis-MG, em 2012 a
taxa de incidência da TB foi de 12,9/100.000 habitantes. Atualmente, não existem muitos estudos sobre a
caracterização da doença no município, e pouco se conhece a respeito do perfil dos portadores de TB em
Divinópolis. Trata-se de um estudo descritivo, epidemiológico, quantitativo e de caráter historico realizado no
município de Divinópolis – Minas Gerais. Coleta de dados realizada na Superintendência Regional de Saúde
mediante apresentação de oficio, solicitando informações pertinentes ao estudo nos anos analisados. No período de
2010 a 2015 foram notificados 104 casos novos de tuberculose pulmonar em residentes no município de
Divinópolis. A taxa média de incidência dos anos estudados foi de 8,71/100.000 habitantes. Houve predomínio da
doença no sexo masculino com 70 casos (67,3%) e em adultos acima de 50 anos com 60 casos (57,7%). A análise
apontou que 69 (66,3%) casos fecharam como cura. A partir dos resultados deste trabalho almeja-se que as ações
e programas de controle da doença no município, possam ter uma abordagem direcionada para a população
identificada pelo estudo como sendo o grupo de maior risco e acometimento.

Palavras-chave: Baciloscopia; Divinópolis; Incidência.

INTRODUÇÃO
A Tuberculose (TB) é uma das doenças mais antigas conhecidas pela humanidade, contudo
ainda nos dias atuais possui um grande impacto social em todo planeta. Estudos apontam que no
mundo, uma em cada três pessoas seja portadora da bactéria Mycobateruim tuberculis, entretanto
apenas uma pequena parcela dessa população poderá apresentar a doença. Indivíduos que possuem
baixas condições de vida e que não são imunocompetentes têm maiores chances de desenvolver a
patologia. Acredita-se que no mundo, em 2012, cerca de 8,6 milhões de pessoas foram acometidos
pela doença e desses, 1,4 milhões resultaram em óbito (CONDE; SOUZA; KRITSKI, 2002;
MACHADO; FONSECA; E BUENAFUENTE, 2015; PINTO et al., 2015).
Atualmente, o Brasil está entre os 22 países que concentram 80% dos casos de TB no mundo.
Desse grupo o país ocupa a 18ª posição em relação ao número absoluto de casos e a 22ª considerando
o coeficiente de incidência. Entre os anos de 2005 a 2014 foram relatados no Brasil, uma média de
75 mil novos casos de TB. De acordo com Ministério da Saúde, em 2015 foram registrados 63.189
casos novos de TB no Brasil. Esse dado aponta uma redução de 20.2% no coeficiente de incidência
quando comparado ao de 2006, que era de 38,7/100 mil hab. e passou a ser 30,9/100 mil hab.
(BRASIL, 2014; BRASIL, 2016).
Diante dos atuais registros de incidência da TB no Brasil e no mundo, e apesar dos inúmeros
programas de combate, faz-se necessário conhecer o perfil dos pacientes diagnosticados com
tuberculose, a fim de subsidiar melhores direcionamentos das ações de promoção, prevenção e
controle da doença. O presente projeto objetiva analisar os casos novos de tuberculose pulmonar na

¹Enfermeiro, Professor Mestre em Ciências, UEMG. Divinópolis (MG), Brasil. E-mail: heulerandrade@gmail.com
²Discente, Graduação do Curso de Enfermagem, UEMG. Divinópolis (MG), Brasil. E-mail: jcnet2@gmail.com.
³Discente, Graduação do Curso de Enfermagem, UEMG. Divinópolis (MG), Brasil. E-mail: ritaresgate@hotmail.com

128
cidade de Divinópolis no período de 2010 a 2015, uma vez que são escassas as pesquisas sobre a
patologia no município.

MÉTODOS
Trata-se de um estudo descritivo, epidemiológico, quantitativo, de caráter histórico realizado
no município de Divinópolis – MG no ano de 2016. A coleta de dados foi realizada na
Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Divinópolis, no mês de maio de 2016, após aprovação
da diretoria da instituição. A população elegível foram os casos novos de TB na forma pulmonar
notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), de residentes na cidade
de Divinópolis no período compreendido entre os anos de 2010 e 2015, totalizando 104 casos.
Utilizaram-se como critérios de exclusão as notificações que não atenderam os critérios
pertinentes ao estudo.Os dados coletados foram processados no software Microsoft Excel 2016, onde
foram analisadas as seguintes características: clínicas (motivo de encerramento), laboratoriais
(baciloscopia,radiografia de tórax e cultura de escarro), sociodemográficas (sexo, etnia, idade e
escolaridade, institucionalização e moradores de rua), e comorbidades (HIV). Para a análise
descritiva dos dados será realizada a distribuição de frequência das variáveis. Na avaliação de
resultados foram analisados os indicadores de força de morbidade e magnitude: Taxa de incidência
de tuberculose pulmonar bacilífera; Proporção de casos de tuberculose curados; Proporção de casos
de tuberculose que abandonaram o tratamento.

RESULTADOS
No período de 2010 a 2015 foram notificados 104 casos novos de tuberculose pulmonar em
residentes do município de Divinópolis. A taxa média de incidência desses últimos cinco anos foi de
7,81/100 mil habitantes. Em relação à faixa etária foi observado o predomínio em adultos acima de
50 anos totalizando 60 (57,7%) casos. O ensino fundamental é o nível de escolaridade com maior
incidência representando 39 (37,5%) casos.No que se refere à parte de diagnósticos, na primeira
baciloscopia de escarro 54 (51,9%) dos pacientes tiveram resultados positivos e 26 (25%) foram
negativos. Na segunda baciloscopia, 33 (31,7%) apresentaram resultados positivos e 19 (18,3%)
negativos. Entre os agravos associados a TB, destaca-se o HIV positivo presente em 9 (8,7%)
notificações. A pesquisa apontou ainda que 69 (66,3%) casos foram finalizados como cura.

DISCUSSÃO
Percebe-se que, apesar das estratégias de controle empregadas pelo serviço de saúde, as taxas
de incidência da doença em Divinópolis, apresentaram variações de ano para ano com acréscimos e
declínios sequenciais. Tal oscilação pode estar relacionada a diversos fatores, como a subnotificação
dos casos de tuberculose no estado, ou ainda a falta de um sistema de saúde com políticas efetivas.
Alguns autores destacam que a predominância masculina em casos de TB não está bem
esclarecida, porém alguns fatores podem estar relacionados com esse dado, sendo eles: baixa ou
nenhuma procura aos serviços de saúde, maior exposição a determinados fatores de risco e menor
importância ao autocuidado (COUTINHO et al., 2012; REIS et al., 2013).
Em Divinópolis, os adultos acima de 50 anos concentram o maior número de casos de TB estando
em concordância com outros estudos, tal característica pode estar relacionada à eficácia da vacinação
BCG na infância e na maior suscetibilidade ao adoecimento da população nessa faixa etária.
(CALIAR, FIGUEIREDO, 2012; COÊLHO et. al. 2010).
O estudo evidenciou também uma baixa escolaridade na maioria das notificações, assim
como apontado por outros autores. Essa característica nos pacientes de TB pode influenciar
negativamente na percepção e disseminação da doença (MACHADO; FONSECA;
BUENAFUENTE, 2015; PINTO et al.,2015;YAMAMURA et al., 2015).
Em se tratando de diagnósticos de TB, a baciloscopia de escarro continua sendo o método prioritário,
por ser um exame de baixo custo e de fácil execução que permite identificar cerca de 70% dos casos

129
de TB Pulmonar. Apesar disso, o presente estudo apresentou que aproximadamente 23% e 27% dos
pacientes não realizaram a primeira e segunda baciloscopia de escarro. Considerando a baciloscopia
como um exame de baixo custo, fácil acesso e com níveis consideráveis de assertividade para o
diagnóstico da doença, seria importante que as equipes de saúde envolvidas no atendimento ao
paciente portador ou suspeito de TB, se atentassem mais na realização desse exame a fim de
melhorar esses índices.(AUGUSTO et al., 2013; SICSÚ et al., 2016).
No que tange a comorbidade associada a TB, a infecção pelo Vírus da Imunodeficiência
Humana (HIV) é considerada uma das mais graves. Estudos apontam que pessoas infectadas por
HIV estão de 21 a 34 vezes mais propensas a desenvolver TB quando comparadasa população geral,
o que afirma a importância desse exame em portadores de TB. Apesar dessa importância, na
pesquisa observa-se que cerca de 17% dos casos analisados não realizaram o exame(AUGUSTO et
al., 2013; BRASIL, 2011; MAGNABOSCO et al., 2016; LEMOS et al., 2016).
Em relação a variável situação de encerramento, apesar dos índices encontrados para cura
estarem próximos ao de outros estudos na região (66%), ainda está abaixo do preconizado pela OMS
(85%).Quanto ao abando de tratamento, a cidade se manteve dentro do preconizado (5%) apenas nos
anos de 2010 e 2011, tendo seu maior pico no ano de 2013 com taxa de 18% (AUGUSTO et al.,
2013; HINO et al., 2011; PAIXÃO; GONTIJO, 2007).

CONCLUSÕES
Os resultados do presente estudo demonstram grandes oscilações nos índices de TB no
período analisado e apontam também, que 2015 fechou como uma das menores taxas de incidência
de todo o período. Diante de exposto podemos concluir que os índices apresentaram melhora,
contudo, estes ainda estão abaixo do preconizado pelo MS.
É importante compreender, que é imprescindível o preenchimento correto das fichas de
notificações da doença, uma vez que dados extremamente relevantes para o direcionamento das
ações de combate foram ignorados. Sendo assim, destaca-se a importância do trabalho
multidisciplinar envolvendo a população, os gestores do município e os profissionais de saúde para
combate da doença.
A partir dos resultados deste trabalho almeja-se que as ações e programas de controle da
doença no município, possam ter uma abordagem direcionada para a população identificada pelo
estudo como sendo o grupo de maior risco e acometimento.

REFERÊNCIAS
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e 2009. J. Bras. pneumol., São Paulo, v. 39, n. 3, p. 357-364, Junho de 2013. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-37132013000300357&lng=en&
nrm=iso>. Acesso em 12 out. 2016.
BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Informática do SUS [Internet]. Brasília; 2014.
Disponível em <http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=01>. Acesso em 24 set.
2016.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.
Tuberculose na Atenção Primária à Saúde. Brasília – DF. 2011.
BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística. Contagem Populacional (2010). Disponível em <http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/
perfil.php?lang=&codmun=312230>. Acesso em 01 out. 2016.

130
CALIARI, Juliano Souza; FIGUEIREDO, Rosely Moralez de. Tuberculose: perfil de doentes, fluxo
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131
SICSU, Amélia Nunes et al. Intervenção educativa para a coleta de escarro da tuberculose: um
estudo quase experimental. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 24, e2703, 2016.
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11692015000500910&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 01 out. 2016.

132
PERFIL DOS USUÁRIOS DAS ACADEMIAS AO AR LIVRE (AAL) DO MUNICÍPIO DE
DIVINÓPOLIS - MINAS GERAIS

ROSA, Eneder Donizete¹;NASCIMENTO-CARDOSO, Amanda Mayara do²; SOUSA,Fabrízio


Furtado de³; AMARAL, Kátia Jessica Brandão³

Síntese: O objetivo do presente trabalho foi identificar o perfil dos frequentadores das academias ao ar livre
(AAL) de Divinópolis-MG. Para isso foram entrevistados os usuários das AAL implantadas na cidade. Os
respondentes foram escolhidos ao acaso e entrevistados pessoalmente. Na pesquisa foi utilizado um questionário
constituído de perguntas sobre aspectos relacionados aos dados pessoais dos usuários, utilização e aspectos sociais
relacionados a pratica de atividades e ou exercícios físicos nestas academias. Após a análise dos questionários
constatou-se que: 66% são mulheres e a maior faixa etária concentrou-se entre nos indivíduos acima de 36 anos.
Boa parte dos entrevistados realiza atividades nestes locais julga ser necessário haver acompanhamento de um
profissional de Educação Física na orientação e na supervisão da realização das atividades/exercícios físicos na
AAL (87%). Assim, com base nos resultados, é possível destacar que se faz necessária a inclusão deste profissional
nestes espaços, uma vez que este profissional é de suma importância para o desenvolvimento correto e adequado
das atividades e exercícios físicos realizados nestes locais.

Palavras-chave: Atividade Física; Orientação; Saúde.

INTRODUÇÃO
A prática de atividade física é reconhecida como um meio efetivo na prevenção e tratamento
das doenças crônicas não transmissíveis, bem como um fator associado à melhora da qualidade de
vida dos indivíduos (BLAIR, 2009). Dessa forma, a utilização de ambientes públicos para tal
finalidade tem recebido grande importância, tendo, pois o objetivo de aumentar o nível de atividade
física da população, reduzindo assim os danos à saúde dos indivíduos.Uma das estratégias que vem
sendo utilizada para aumentar a prática de atividade física nesses locais é a instalação de
equipamentos de fácil utilização, os quais constituem as chamadas Academias ao Ar Livre (AAL). O
uso dessas AAL está associado com um melhor bem-estar físico, psicológico e social da comunidade
(FERMINO e REIS, 2013).
As AAL têm sido amplamente implantadas em diversas cidades brasileiras como forma de
incentivo à prática de atividade física e especula-se que existem mais de 7.500 unidades instaladas
em mais de 2.000 municípios (SALIN, 2013). No entanto, até o presente momento não existem
estudos que tenham identificado o perfil dos usuários e o padrão de uso destas estruturas. Também, o
potencial que as AAL podem apresentar para a promoção de atividade física na comunidade é ainda
desconhecido. A identificação destas características permitirá que os gestores direcionem as
intervenções para alcançar os grupos populacionais desfavorecidos, o que pode reduzir as
desigualdades observadas nos níveis de atividade física (BAUMAN, et al., 2012).
Tendo em vista a importância que essas academias representam para a melhora da qualidade
de vida dos indivíduos assim como a promoção de saúde e bem estar que elas proporcionam, o
objetivo do presente estudo é identificar o perfil dos frequentadores e o padrão de uso das academias

¹Discente do Curso de Educação Física - Bacharelado da UEMG - Unidade Divinópolis.


²Professora Orientadora do Projeto e dos Cursos de Educação Física - Licenciatura e Bacharelado da UEMG - Unidade
Divinópolis.
³
Professores Colaboradores do Projeto e dos Cursos de Educação Física - Licenciatura e Bacharelado da UEMG -
Unidade Divinópolis

133
ao ar livre (AAL) de Divinópolis, Minas Gerais.

MÉTODO
O estudo está sendo realizado nas Academias ao Ar Livre da cidade de Divinópolis-MG. Esta
pesquisa apresenta uma abordagem de natureza descritivo exploratória, a qual, segundo Thomas;
Nelson e Silverman (2012) permite que sejam verificadas as características específicas do contexto
que será avaliado. A população deste estudo são os frequentadores das AAL do município de
Divinópolis. O levantamento junto à amostra foi realizado por meio da aplicação de questionários.
Foi utilizado um questionário semiestruturado com 20 (vinte) perguntas que aborda de
maneira geral dados do usuário, frequência, conhecimento sobre atividade física, entre outras
informações. Os respondentes foram escolhidos aleatoriamente e entrevistados pessoalmente. A
coleta foi realizada em todos os dias da semana. Os dados referentes à caracterização da amostra
pesquisada foram apresentados utilizando-se de estatística descritiva (porcentagem simples). Quanto
aos aspectos éticos, o presente estudo contemplou a Resolução nº 196/1996 do Conselho Nacional de
Saúde. Todos os participantes assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido,
concordando em participar do estudo.

RESULTADOS PARCIAIS
Um total de 126 indivíduos foram entrevistado através de questionários aplicados nas
Academias ao Ar Livre (AAL) da cidade de Divinópolis-MG. Deste total 34% são homens e 66%
são mulheres. Também podem ser observados outros resultados importantes conforme mostrado na
tabela 1.
Tabela 1: Apresentação dos resultados e frequência (%) das variáveis pesquisadas dos usuários das
AAL de Divinópolis-MG (Dados Parciais).
Variáveis n %
Escolaridade
Analfabeto 0 0
Fundamental Incompleto 18 14
Fundamental Completo 15 12
Médio Incompleto 25 19
Médio Completo 38 30
Superior Incompleto 6 5
Superior Completo 24 19
Faixa Etária
15 - 25 anos 11 9
26 - 35 anos 24 19
≥ 36 anos 91 72
Com que frequência vem a esta AAL?
Primeira vez 22 17
De 1 a 2 vezes por semana 22 17
De 3 a 4 vezes por semana 41 33
Mais de 5 vezes por semana 41 33
Tempo de permanência na AAL
≥ 31 min/dia 98 78
≤ 30 min/dia 28 22
Tempo que frequenta a AAL
≤ 3 meses 51 40
≥ 4 meses 5 4
≥ 6 meses 70 56

134
Tabela 1 (cont)
Quanto aos dias de frequência nas academias, 76% da população pesquisada prefere
frequentar a academia entre os dias de segunda e sexta-feira. Em relação à satisfação com a saúde,
54% afirmam estar satisfeitos, 28% se diz muito satisfeito e 15% afirmam não estar nem satisfeitos e
nem insatisfeitos com sua saúde. Na tabela 2, podem ser encontrados valores quanto aos aspectos
sociais assim como da necessidade de haver acompanhamento de um profissional de educação física
durante a prática das atividades físicas/exercícios físicos.

Tabela 2: Apresentação dos resultados e frequência (%) das variáveis sociais pesquisadas dos
usuários das AAL de Divinópolis-MG (Dados Parciais).
Variáveis n %
Frequenta a AAL acompanhado?
Sim 87 69
Não 39 31
Encontra pessoas que conhece na ALL?
Não 16 13
Às Vezes 46 36
Sempre 64 51
Conheceu pessoas novas após a implantação da AAL?
Sim 70 56
Não 56 44
Julga ser necessário haver acompanhamento de um
profissional de Educação Física na Orientação e na
Supervisão da realização das atividades/exercícios
físicos na AAL?
Sim 110 87
Não 16 13

DISCUSSÃO
A prática de atividade física tem se tornado um assunto muito discutido na atualidade. Assim,
diversas instituições ligadas à saúde têm divulgado recomendações acerca dos benefícios decorrentes
da prática da atividade física e do exercício físico no combate ao sedentarismo. Uma dessas
instituições é o American College of Sports Medicine (ACSM) que recomenda que o indivíduo deva
acumular 30 minutos de atividade física de intensidade moderada ao longo do dia, no mínimo três
vezes por semana (HASKELL, 2014). De acordo com os dados apresentados, 78% da população
pesquisada estão de encontro com as recomendações do ACSM, pois costumam frequentar as AAL
por um tempo igual ou superior a trinta minutos em mais de três dias por semana.
De acordo com Carvalho, Guedes e Silva (1995) a atividade física será sempre benéfica desde
que realizada de forma regular, controlada e bem orientada, mas também, pode ser prejudicial
quando não forem tomadas as devidas precauções, principalmente, para pessoas que resolvem sair de
longos períodos de sedentarismo. Esta questão vai de encontro à necessidade percebida pelos
frequentadores de haver um profissional de Educação Física no que tange a orientação das práticas
corporais praticadas neste locais.

CONCLUSÕES
Este trabalho, ainda em construção, tem como objetivo esgotar a discussão sobre a temática.
Ainda assim é possível dizer que outras pesquisas devem ser realizadas no sentido de conhecer mais
sobre os frequentadores das AAL da cidade de Divinópolis. Dessa forma, pesquisas sobre os fatores
motivacionais, qualidade de vida e saúde devem ser realizadas no sentido de entender mais sobre as
reais necessidades dessa população. Ademais, é importante destacar que se faz necessária a inclusão

135
do profissional de Educação Física nestes espaços, uma vez que este é de suma importância para o
desenvolvimento correto e adequado das atividades e exercícios físicos realizados nestes locais.

REFERÊNCIAS
BAUMAN, A.E.; REIS R.S.; SALLIS, J.F.; WELLS, J.C.; LOOS, R.J.F.; MARTIN, B.W. Correlates
of physical activity: why are some people physically active and others not? Lancet, v. 380, n. 9838,
p. 258-71, 2012.

BLAIR SN. Physical inactivity: the biggest public health problem of the 21st century. Br J Sports
Med. 2009; 43 (1): 1-3.

CARVALHO, T.; GUEDES, D. P.; SILVA, J. G. S. Atividade física e saúde: Orientações básicas
sobre atividade física e saúde para profissionais das áreas de Educação e Saúde. Brasília: Ministério
da Saúde, Ministério da Educação e do Desporto, 1995. 68 p.

FERMINO, R.C.; REIS, R.S. Variáveis individuais, ambientais e sociais associadas com o uso de
espaços públicos abertos para a prática de atividade física: uma revisão sistemática. Revista
Brasileira de Atividade Física & Saúde, v. 18, n. 5, p.523-535, 2013.

HASKELL, WL; LEE, IM, Pate RR, POWELL, KE, BLAIR, SN, FRANKLIN, BA, et al. Physical
activity and public health: updated recommendation for adults from the American College of Sport
Medicine and the American Heart Association. Med Sci Sport Exerc. 2007;3(2):1423–34.

SALIN, M.S. Espaços públicos para a prática de atividade física: O caso das academias da
melhor idade de Joinville-SC. 2013. 113 p. Tese (Doutorado em Ciências do Movimento Humano) -
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2013.

THOMAS, J.R; NELSON J.K, SILVERMAN S, J. Métodos de pesquisa em atividade física. Porto
Alegre, RS: Artmed, 2010.

136
PERFIL DOS USUÁRIOS DO SERVIÇO DE FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA DO
CENTRO DE REABILITAÇÃO REGIONAL DE DIVINÓPOLIS/MG

DA SILVA, Joice Cristina


DEL BELLO, Patricia
PEREIRA, Yara Da Rocha
SANTANA, Caroline Alvarenga de Assis
JUNIOR, Newton Santos Faria

Síntese:: As doenças respiratórias são definidas como todo processo inflamatório, infeccioso ou não, que incide no
trato respiratório, podendo ser agudas ou crônicas. Milhões de pessoas sofrem de doenças respiratórias em todos
os países do mundo que tem como um importante fator de risco a poluição ambiental. Na cidade Divinópolis a
indústria siderúrgica é uma das causas da poluição do ar, prejudicando a saúde da população, especialmente
daqueles que residem próximo à siderurgia. Pacientes com doença respiratória tem indicação de Fisioterapia
Respiratória. O Centro de Reabilitação Regional oferece serviço de Fisioterapia Respiratória que assiste
pacientes com doença respiratória no Município de Divinópolis. OBJETIVO: Traçar o perfil da população
assistida de Março à Setembro de 2016, pelo Serviço de Fisioterapia Respiratória. MATERIAIS E MÉTODOS:
Foram selecionados os prontuários de todos os pacientes que realizaram fisioterapia respiratória no CRER. Os
prontuários foram analisados através do programa SPSS (Statistical Package for the Social Sciences), versão
22.0.0. As variáveis estudadas foram: sexo, idade, diagnóstico médico, peso, altura, região de moradia e profissão.
RESULTADOS: O estudo mostrou que a maioria da população era composta pelo sexo masculino, com idade
média de 58,6 anos, desses, 50% com DPOC. CONCLUSÃO: A população estudada caracteriza os indivíduos que
receberam assistência fisioterapêutica respiratória no CRER. A grande variedade de patologias e a variação na
idade dos usuários com doença respiratória exigem que o serviço de Fisioterapia Respiratória do município tenha
profissionais com habilidade e competência técnica para prestar assistência de qualidade à demanda do serviço.

Palavras Chave: Doenças respiratórias; Fisioterapia Respiratória; Perfil.

INTRODUÇÃO
As doenças respiratórias podem ser definidas como “todo processo inflamatório, infeccioso
ou não, que incide no trato respiratório”. Podem afetar tanto as vias aéreas superiores como
inferiores (FAÇANHA; PINHEIRO, 2004).
As doenças respiratórias agudas (DRA) abrangem eventos mórbidos de diferentes etiologias e
distinta gravidade que comprometem o trato respiratório (DIAS, 2003).Já as doenças respiratórias
crônicas (DRC) causam limitações, que interferem na vida do paciente e da família. As mais comuns
são: a asma, rinite alérgica e a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Os cuidados dirigidos
aos pacientes e suas famílias devem ser prestados por uma equipe multidisciplinar (COSME;
MARTINS, 2006).
Atualmente, Divinópolis é reconhecida como polo da moda de Minas Gerais, entretanto, a
atividade siderúrgica, mesmo em menor escala prejudica a saúde da população devido à poluição
ambiental.

Caroline Alvarenga de Assis Santana – docente e Coordenadora do Curso de Fisioterapia da Universidade do Estado de
Minas Gerais – Divinópolis / orientadora.
Newton Santos de Faria Junior – docente do curso de Fisioterapia e co-orientador.
Joice Cristina da Silva; Patrícia Del Bello; Yara da Rocha Pereira – discentes do Curso de Fisioterapia UEMG – unidade
Divinópolis / pathy_bello@hotmail.com

137
A Secretaria Municipal de Saúde (SEMUSA) de Divinópolis conta com parcerias
Universitárias que proporcionam ampla assistência à saúde da população. Os pacientes que
necessitam de atendimentofisioterapêutico são encaminhados das Unidades Básicas de Saúde, por
protocolo específico disponibilizado pela SEMUSA, para o Centro Regional de Reabilitação
(CRER), que oferece o serviço de Fisioterapia Respiratória.
Os pacientes com DRA ou DRC que tem indicação de Fisioterapia Respiratória são atendidos
noCRER através da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). A fisioterapia respiratória
promove melhora na função pulmonar através de terapia de higiene brônquica, de expansão e
reabilitação pulmonar, envolvendo exercícios físicos, melhorando a capacidade funcional e a
qualidade de vida dos pacientes (ZANCHET; VIEGAS; LIMA, 2005).
Conhecer o perfil da população que utiliza o serviço de Fisioterapia Respiratória possibilita planejar
e oferecer uma melhor assistência à saúde desta população.
O objetivo deste trabalho foi traçar o perfil da população assistida pelo Serviço de
Fisioterapia Respiratória do CRER– Divinópolis.

MÉTODOS
Trata-se de um estudo quantitativo e descritivo, onde foi traçado o perfil dos usuários do
serviço de Fisioterapia Respiratória do CRER, Município de Divinópolis, Minas Gerais.
A coleta de dados foi realizada no CRER através da análise dos prontuários dos indivíduos
que realizaram Fisioterapia Respiratória, no local, entre março e setembro de 2016.Osusuários que
realizaram apenas tratamento cardiovascular foramexcluídos. A análise descritiva teve o objetivo de
caracterizar a população, sendo feita com valores de média, moda e mediana, utilizando o programa
SPSS (Statistical Package for the Social Sciences), versão 22.0.0.

RESULTADOS
A população estudada continha 10 indivíduos do sexo masculino (62,5%) e 6 do sexo
feminino (37,5%). A dispneia se mostrou presente em 75% dos casos, seguida pela tosse produtiva
(50%). 50% dos pacientes fazem uso de broncodilatadores, 43,75% de antibióticos e 6,25% usam
corticóides.

Tabela 1: Características da amostra quanto à frequência.


N %
Sexo Masculino 10 62,5
Feminino 6 37,5
Dispneia Sim 12 75
Não 4 25
Tosse Produtiva 8 50
Seca 8 50
Uso de broncodilatadores Sim 8 50
Não 8 50
Uso de antibióticos Sim 7 43,75
Não 9 56,25
Uso de corticoides Sim 1 6,25
Não 15 93,75

A idade média encontrada na população geralfoi 58,6 anos. A maioria do sexo masculino
(62,5%), com idade média de 58,9 anos. Já a população feminina representava 37,5%, com idade
média de 58,1 anos.

138
A DPOC é a patologia mais frequente (50%), seguida pela Bronquiectasia e Pneumonia
(12,5%cada). Tuberculose, fibrose cística, pneumonite e broncoespasmo afetam apenas 6,25% cada.

Tabela 2: Patologias mais frequentes na população estudada


Patologias % Masc.% Fem.%
DPOC 50 60 33,33
Bronquiectasia 12,5 0 33,33
Pneumonia 12,5 20 0
Tuberculose 6,25 0 16,67
Fibrose cística 6,25 10 0
Pneumonite 6,25 10 0
Broncoespasmo 6,25 0 16,67

A tabela 3 mostra que a região sudeste possui 25% dos indivíduos afetados, seguida da região
sudoeste (18,75%). As demais regiões representam 12,5%, exceto a região nordeste com apenas
6,25%.
Tabela 3: Região com maior concentração de indivíduos afetados
Região %
Sudoeste distante 12,5
Nordeste 6,25
Sudoeste 18,75
Sudeste 25
Noroeste 12,5
Oeste 12,5
Central 12,5

Em relação as profissões sabe-se que a maior parte é composta por aposentados (43,75%),
seguido de siderúrgicos (18,75%). Já os estudantes representam 12,5% e as demais profissões
apenas 6,25% cada.

DISCUSSÃO
O estudo sobre o perfil dos usuários do serviço de Fisioterapia Respiratória do CRER
mostrou uma população caracterizada por indivíduos principalmente do sexo masculino,
aposentados, com idade média geral de 58,6 anos, sendo 50% da população estudada acometidos
pela DPOC.
Yaksic(2003) em estudo sobre o perfil da população brasileira com DPOC verificou que 70%
era do sexo masculino e que a DPOC em homens ocorre pela maior exposição ocupacional e pelo
tabagismo. O diagnóstico de bronquiectasia e a asma prevaleceram no sexo feminino corroborandoo
estudo de Gonçalves e colaboradores(2015), sobre Doença Pulmonar Crônica, onde verificou-se que
apesar da maioria da população ser do sexo masculino, essas patologias também prevalecerem no
sexo feminino.
Quanto à medicação, 50% da população faz o uso de broncodilatador, assim como no estudo
de Marchioroe colaboradores(2014), onde foi relatado que o uso de broncodilatador é maior que o de
corticoides.
A dispneia presente em 75% e a tosse produtiva em 50% dos usuários coincidem com o
estudo de Andradee colaboradores (2014), que afirmaram a dispneia como sintoma prevalente nos
pneumopatas.
A região sudeste de Divinópolis possui uma siderúrgica em funcionamento e é a região onde
a maioria dos pacientes reside. Ferreira e colaboradores(2013), em estudo sobre a qualidade do ar em

139
Divinópolis, verificou que o período de maior concentração de partículas em suspensão, coincide
com o período de maior notificação de casos de doenças respiratórias.
No estudo de Ferreira (2012) sobre o perfil dos usuários de um programa de saúde no Rio de Janeiro,
verificou-se que a maioria dos indivíduos eram aposentados, dado encontrado também neste estudo.

CONCLUSÃO
Este estudo possibilitou a caracterização dos indivíduos quanto à sua condição de saúde e
condição sociodemográfica, que é de grande importância para a assistência fisioterapêutica,
especialmente no controle de fatores de risco para as doenças respiratórias, possibilitando assim o
investimento em prevenção e tratamento.
O serviço de Fisioterapia Respiratória no CRER é crescente e a assistência àusuários com
patologias diversas e a grande variação na idade desses usuários exigem que o serviço de Fisioterapia
Respiratória do município conte com a atuação de profissionais com habilidade e competência
específica para prestar assistência de qualidade à demanda do serviço.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2005.

141
PERFIL E QUALIDADE DE VIDA DOS PACIENTES MASTECTOMIZADOS EM
ATENDIMENTO FISIOTERAPÊUTICO NA ACCCOM-DIVINÓPOLIS /MG

¹ DIAS, Karina de Souza; ¹DÂMASO, Carolina Silva.


²FERREIRA, Jéssica Marlene; ²GONÇALVES, Gabriela Aparecida; ²RIOS, Edson Junior Lara.

Síntese: O Instituto Nacional do Câncer define câncer como o crescimento excessivo e desorganizado das células
dos tecidos e órgãos, com potencial para se espalhar para diversas regiões do corpo acumulando-se e formando
os tumores, que podem ser malignos ou benignos. O câncer de mama é o segundo mais frequente no Brasil e o
mais incidente no sexo feminino em todo mundo. Após a mastectomia são inúmeras as complicações enfrentadas
pelos pacientes, dentre elas encontra-se o estigma da doença, a mutilação, limitações nas atividades da vida
diária, o estado psicológico, emocional, social, sexual, entre outros, que afetam sua qualidade de vida. O
fisioterapeuta tem como objetivo o alívio dos sintomas e o bem estar do paciente, minimizando as disfunções
físicas, prevenindo ou restabelecendo a perda da função, visando permitir o retorno rápido às atividades de vida
diárias e profissionais resultando em uma melhor qualidade de vida. O presente estudo foi realizado na
ACCCOM Divinópolis – MG, com uma amostra de 31 pacientes, onde aplicou-se um questionário Sócio-
Demográfico, para traçar o perfil, e ao Questionário SF-36, para a análise da qualidade de vida das mesmas.
Nota-se uma amostra composta exclusivamente por mulheres, com faixa etária entre 38 e 76 anos, com
predominância de fatores hereditários. Observa-se a importância da fisioterapia no tratamento do câncer e
melhora da qualidade de vida, uma vez relatado pelas mesmas e em resposta aos índices obtidos pelos
instrumentos de avaliação para da qualidade de vida.

Palavras-Chaves: Câncer De Mama; Fisioterapia; Mastectomia.

INTRODUÇÃO
Câncer (CA) é o nome dado ao crescimento excessivo e desorganizado das células dos
tecidos e órgãos, que se espalham para diversas regiões do corpo. O acúmulo dessas células forma
os tumores, que podem ser malignos ou simplesmente formação de uma massa localizada de células
que se multiplicam vagarosamente (INCA, 2015).
Dentre várias áreas de acometimento, o CA de mama é o segundo mais frequente no Brasil,
respondendo por cerca de 25% dos casos novos a cada ano, e embora seja raro, pode acometer
também homens, o que representa apenas 1% do total de casos da doença (INCA, 2015).
O tratamento do CA de mama é realizado por meio de procedimentos cirúrgicos e técnicas
coadjuvantes, no qual incluem radioterapia, quimioterapia e hormonioterapia (LAHOZet al., 2010).
Godinho et al. (2002) destacam, a segmentectomia, a quadrantectomia, a tumorectomia e a
mastectomia radical como procedimentos cirúrgicos para remoção do tumor na mama.
Manaia & Moreira (2005), consideram que após a mastectomia são inúmeras as
complicações enfrentadas pelas pacientes, dentre elas, o estigma da doença, a mutilação, a estética
afetada, limitações nas atividades da vida diária após a cirurgia, o estado psicológico, emocional,
social, sexual, entre outros, que afetam sua qualidade de vida.
A intervenção fisioterapêutica em pacientes após a mastectomia deve abranger tanto as
limitações físicas como os aspectos psicológicos da paciente. Deve-se abordar tanto o impacto físico
e psicológico ocasionado pela doença, como pela remoção da mama, visando sua completa
reabilitação, nos âmbitos físico, psicológico, social e profissional (AMARAL et al., 2005).

¹ Docentes do curso de Fisioterapia UEMG Divinópolis – MG.


²Discentes do Curso de Fisioterapia UEMG Divinópolis – MG.
Autor de contato: Karina de Souza Dias - email: karinadocente@yahoo.com.br

142
Dados recentes do INCA mostram o aumento da incidência de câncer de mama no Brasil e
no mundo, o qual gera um forte impacto na qualidade de vida dos pacientes em tratamento. Traçar o
perfil e mensurar a qualidade de vida de pacientes mastectomizados torna-se norteador para novas
estratégias de intervenção terapêutica no sentido de promoção de saúde e reabilitação do indivíduo,
atuando desta forma diretamente em suas disfunções, para que o paciente retome com qualidade as
suas atividades e funções.

OBJETIVOS
Traçar o perfildos pacientes mastectomizados em atendimento fisioterapêutico na ACCCOM
Divinópolis - MG e observar sua qualidade de vida após o tratamento cirúrgico para câncer de
mama.

MATERIAIS E MÉTODOS
Trata-se, de um estudo de caráter transversal descritivo, no qual foi realizado coleta de dados
sobre o perfil e qualidade de vida das pacientes em tratamento fisioterapêutico na ACCCOM
Divinópolis – MG, após abordagem cirúrgica para tratamento de CA de mama.
Após a autorização da pesquisa pelo representante legal da ACCCOM, foi realizado a
triagem dos pacientes que se enquadravam para a proposta desta pesquisa, totalizando 51 pacientes,
dos quais foram incluídos os paciente submetidos à qualquer cirurgia para tratamentode CA de
mama desde que acompanhados pelo serviço de fisioterapia nos meses de agosto e setembro de
2016 e após a assinatura dos mesmos do termo de consentimento livre e esclarecido.
A abordagem aos pacientes aconteceu de forma direta no serviço de Fisioterapia na sede da
ACCCOM Divinópolis – MG, nos dias e horários marcados para atendimento fisioterapêutico.
Dentre os 51 pacientes, 33 participaram do estudo, respondendo a um questionário próprio
criado pelos pesquisadores para traçar o perfil das pacientes, e ao SF-36, para avaliar a qualidade de
vida das mesmas.De acordo com os critérios, 18 pacientes foram excluídos.
Após a coleta dos dados, os mesmos foram digitados no MS Excel e migrados para o
programa de análise estatística SPSS versão 20.0 onde se obteve a porcentagem, média, mediana,
mínima, máxima e desvio padrão para a especificação da amostra, e posteriormente gerados gráficos
e tabelas para facilitação da discussão e análise dos dados.

RESULTADOS
Encourou-se uma amostra 100% feminina, composta de 33 mulheres entre 38 e 76 anos,
divididas entre 9 cidades de Minas Gerais, com ou sem fatores hereditários para o acometimento do
CA.
Os dados mostram que todas as participantes realizaram retirada de linfonodos axilares,
sejam por acometimento prévio ou segurança no ato de retirada do tumor. Outro fator a ser
observado, foi que o lado da lesão de maior acometimento foi o direito, fator este ocorrido em 21
pacientes.
Entre dados gestacionais e de amamentação, os quais alguns autores relacionam com a
incidência do CA de mama, nota-se que das entrevistadas, 31 tiveram gestações, e 27 delas
amamentaram, independentemente do período de amamentação.
Um dado relevante foi o índice de mulheres afastadas de suas atividades profissionais em
decorrência do tumor e tratamento em questão. Os dados encontrados, mostram que das 33
mulheres avaliadas, apenas 2 delas, ainda exercem atividade profissional, e 13 pacientes já não
trabalhavam quando diagnosticadas.
Sobre os achados referentes ao tratamento fisioterapêutico enquanto parte da equipe
multidisciplinar, relacionando à expectativa e recuperação das pacientes após início do tratamento,
25 pacientes dentre as avaliadas, notaram significativa melhora em relação à AVDs, atividades

143
pessoais e de lazer. Todas as pacientes da amostra consideram a fisioterapia importante para o seu
tratamento e sentem-se melhor após o início das sessões.
Para mensuração da qualidade de vida, foi aplicado SF-36, o qual avalia a qualidade de vida
fragmentando em 8 domínios. Os dados dos domínios e resultados obtidos no questionário SF-36
estão exemplificados pelo Quadro 1.
DOMÍNIOS MÉDIA DESVIO MEDIANA MÍNIMA MÁXIMA
PADRÃO
Capacidade Funcional 58,939 26,538 53,939 10 100
Limitação por Aspectos Físicos 23,484 34,764 18,484 0 100
Dor 54,545 29,566 49,544 0 100
Estado Geral de Saúde 64,484 21,774 59,484 5 97
Vitalidade 60,878 26,086 55,878 9 100
Aspectos Sociais 74,621 26,605 69,621 12,5 100
Aspectos Emocionais 44,443 44,614 39,443 0 100
Saúde mental 68,727 21,270 63,727 12 100
QUADRO 1 – ANÁLISE DO SF-36. Fonte: Nossa, 2016.

DISCUSSÃO
No estudo realizado, onde a média de idade foi 56,7 anos, e a média de filhos foi 2,5, os
dados sobre amamentação são relativamente negativos e controversos à literatura, pois da amostra,
27 das mulheres avaliadas amamentaram, com uma média geral de 15,39 meses de amamentação, e
entre as que não amamentaram, 2 delas não tiveram filhos.
Gradim (2011), relata os benefícios conhecidos pela amamentação em reduzir o CA de
mama, pois o CA de mama tem causas hormonais associadas ao estrógeno, tornando a lactação um
fator de proteção para essa doença.
Em relação a hereditariedade, Dantas et al.(2009) leva a concluir que o CA de mama é um
dos mais associados à alteração genética, não excluindo outros fatores ambientais associados. Na
amostra do presente estudo, a variável hereditariedade está presente em 18 das 33 mulheres
abordadas, o que representa 55% da amostra com histórico familiar.
No tratamento de CA de mama, o paciente sofre perdas e sintomas físicos adversos, o que
conduzem o comprometimento de suas habilidades funcionais e vocacionais conduzindo a um
futuro incerto (FERREIRA et al., 2014). Ao obter-se uma média total de 58,94 pontos no domínio
Capacidade Funcional, nota-se um bom score, não representando um fator preocupante em relação à
outros domínios.
Os movimentos articulares do ombro, diretamente relacionado às limitações físicas pós
cirurgia, são os mais afetados, devido à hipomobilidade do membro superior acometido
(CAMARGO &MARX, 2000).O domínio Limitação por Aspectos Físicos, obteve uma média
relativamente baixa no SF36, sendo o domínio mais preocupante na análise do questionário com
score de 23,48 pontos no estudo.
A dor é um sintoma vivenciado pelas mulheres que realizaram o tratamento do CA de mama,
e tem o início logo após a cirurgia ou com a radioterapia, localizada na região afetada, sendo mais
frequente durante a realização de movimentos amplos (FERREIRAet al., 2014). Ao analisar o
domínio Dor, obteve-se uma média de 54,54 pontos, sendo uma queixa muito comum nas pacientes
porém sem significância relativa ao resultado final obtido.
Segundo Almeida (2006), Oliveira (2012) e Mendes et al. (2014), as mudanças e
dificuldades decorrentes da mastectomia, podem gerar sentimentos negativos na vida das pacientes
e consequentemente alterar a imagem corporal, autoestima e relacionamento social, assim como, a
limitação física funcional do membro superior afetado pode dificultar as atividades de vida diária e
repercutindo no convívio social dessas pacientes.O estudo mostra que os aspectos sociais com
média de 74,62 pontos, não tiveram correlação com a média inferior obtido nos aspectos emocionais

144
de 48 pontos e aspectos físicos 23 pontos. Isso mostra que o convívio social desses pacientes não foi
influenciado pela limitação física e emocional.
Gomes et al (2015), discute a relação entre a autoestima e a qualidade de vida das mulheres
afetadas pelo CA, visto que as prioridades individuais são variáveis relacionadas a idade e as fases
da vida da mulher, sendo que as mais velhas apresentam melhor QV relacionada a domínios
específicos relacionados à imagem, por atribuírem menor valor relativo às mamas e à feminilidade.
A relação entre as pacientes que relatam tal mudança relacionando entre idade, desconforto
com o corpo e comprometimento em relacionamento afetivo conjugal após tratamento, notou-se
discreta mudança após o tratamento cirúrgico, visto que das entrevistadas apenas 14 delas, o que
representa 42% da amostra, sentem desconforto ao se olhar no espelho, e 9, ou 27%, relatam
mudança em seu relacionamento conjugal, em qual a maioria delas são mais jovens.
Os aspectos emocionais observados na amostra, demonstram uma média geral baixa, com
score médio de 44,4 pontos. Já no domínio saúde mental, os resultados apresentam uma média
superior, somando 68,73%, o que representa a frequência de 25 mulheres com score acima de 60
pontos e nenhuma paciente com score de 0 pts.
Segundo Souza et al (2013), a atuação da fisioterapia tem um papel fundamental na
recuperação das paciente com CA de mama, minimizando os acometimentos e melhorar da
performance nas AVD’s. Picaró & Perloiro (2005) relatam que a fisioterapia vem atuando na
prevenção do linfedema, na diminuição da dor e manutenção das amplitudes articulares, seja por
intervenção direta ou com reeducação e orientação para as pacientes atuando sobretudo para a
melhora da capacidade funcional afetada pelo processo de tratamento.

CONCLUSÕES
Em virtude dos fatos mencionados, o estudo em questão baseia-se em uma amostra
homogênea contendo mulheres entre 38 e 76 anos, em que a maior parte delas possui fator genético
e hereditário para desenvolvimento do CA, sendo as mesmas distribuídas entre 9 cidades de
diferentes regiões de Minas Gerais.
A partir do estudo realizado, é possível concluir que a fisioterapia enquanto participante da
equipe multidisciplinar de tratamento ao paciente com CA de mama em específico, é de
fundamental importância, visto que, em geral todas as participantes do estudo mostraram-se
satisfeitas com a fisioterapia e relativamente funcionais, como demonstram o SF-36 após a cirurgia,
sofrendo menos as influências negativas advindas com o tratamento para retirada do tumor.De
maneira geral, a fisioterapia mostrou-se eficaz para a média geral significativa do SF-36, visto que
dentre as 33 mulheres abordadas, 25 delas relatam grande melhora em suas vidas pessoais
associadas ao tratamento fisioterapêutico.

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146
PREVALÊNCIA DE LESÕES MUSCULOESQUELÉTICAS ENTRE PRATICANTES DE
CROSSFIT

PERINA, Keity Cristina Bueno¹; FREITAS, Ariane²; MARTINS, Thaisa³; GUEDES, Vinicius4

Síntese:CrossFit é um programa de treinamento e condicionamento físico que vem progressivamente ganhando


reconhecimento entre a população fisicamente ativa. Consiste em movimentos funcionais executados em alta
intensidade. Cada participante preencheu um questionário para colher informações sobre: lesões prévias ou
adquiridas durante a prática do CrossFit, estrutura lesionada, incapacidade gerada pela lesão e questões sócio-
demográficas. Dos 65 atletas entrevistados, 12 tiveram um total de 15 lesões durante a prática de CrossFit. Os
locais mais frequentes foram 5 lesões no joelho (33%), seguido de 4 lesões no ombro (27%), 2 lesões de punho
(13,3%), 2 lesões na perna distal (13,3%), 1 lesão no cotovelo (6,7%) e 1 lesão na mão (6,7%). A prevalência de
lesões musculoesqueléticas em praticantes de CrossFit no presente estudo foi de 18,5%, se assemelhando à outros
esportes como levantamento de peso, ginástica e corrida. É imprescindível um maior conhecimento dos
profissionais da área de saúde a respeito da modalidade e um coach capacitado é fator determinante na prevenção
de lesões. Concluímos que a prevalência de lesões musculoesquelética em praticantes de CrossFit ainda é um tema
com várias controvérsias, para isso, mais estudos sobre o assunto são necessários, para se conhecer a real
prevalência entre praticantes no Brasil, e para que os responsáveis por supervisionar os treinos tracem planos de
intervenção para diminuir a incidência de lesões entre os praticantes.

Palavras-chave: CrossFit; Lesões; Atividade física; Prevalência.

INTRODUÇÃO

CrossFit é um programa de treinamento e condicionamento físico que vem progressivamente


ganhando reconhecimento entre a população fisicamente ativa. Criado pelo ex-ginasta norte
americano Greg Glassman, o CrossFit consiste em movimentos funcionais executados em alta
intensidade (KUHN, 2013). Inicialmente foi criado para treinamento militar e gradualmente se
espalhou entre a população civil (SPREY et al., 2016). São vários os benefícios que o CrossFit
proporciona, em destaque o aumento na qualidade de vida. A execução de movimentos funcionais
em alta intensidade gera uma grande demanda do sistema músculo esquelético, combinando a
sustentação de cargas em amplitudes de movimentos (ADM) extremas. Diante disso, o risco de
lesões provenientes desta demanda é evidente, embora em pequena escala (HAK et al., 2013).No
Brasil, o CrossFit está aumentando sua popularidade e ganhando cada vez mais adeptos. Estima-se
um número de 440 boxes afiliados no Brasil, totalizando aproximadamente 40.000 atletas (SPREY et
al., 2016).Por ser uma modalidade nova em ascensão no país, o CrossFit ainda é pouco estudado e
gera discussões a respeito de seus benefícios e potenciais riscos de lesão (TIBANA et al., 2015). No
entanto, somente um estudo foi realizado para identificar a prevalência de lesões ocorridas durante a
prática do CrossFit no Brasil (SPREY et al., 2016). Diante do exposto, o objetivo do presente estudo
foi identificar a prevalência de lesões musculoesqueléticas entre praticantes de CrossFit.

¹Docente,UEMG, Divinópolis,MG; keity.perina@uemg.br


²Discente, UEMG, Divinópolis, MG
³Discente, UEMG, Divinópolis, MG
4
Discente, UEMG, Divinópolis, MG

147
MÉTODOS
Para investigar a prevalência de lesões musculoesqueléticas entre praticantes de CrossFit,
cada participante preencheu um questionário para colher informações sobre: lesões prévias ou
adquiridas durante a prática do CrossFit, estrutura lesionada, incapacidade gerada pela lesão e
questões sócio-demográficas.

RESULTADOS

Um total de 65 atletas foram analisados, incluindo 27 mulheres (41,5%) e 38 homens (58,5%),


com idades entre 14 e 48 anos que se enquadravam nos critérios de inclusão. A média de idade foi de
26,86 + 8,25. A maioria dos atletas estavam entre 19 e 29 anos (55,4%). Nós identificamos 7
indivívuos com idade igual ou inferior a 18 anos, incluindo dois de 14 anos, três de 15 anos, um de 17
anos e um de 18 anos. A maioria estava praticando o CrossFit há menos de 6 meses (n = 34; 52,4%), de
2 a 3 vezes por semana (n = 36; 55,4%) (tabela 2).
Tabela 2. Lesões durante a prática no CrossFit e suas variáveis
Variáveis Lesões durante a prática do CrossFit
Sim Não Total

Sexo n(%)
Feminino 8 (12,3) 19 (29,2) 27 (41,5)
Masculino 4 (6,2) 34 (52,3) 38 (58,5)

Frequência no CrossFit
2 a 3 vezes por semana 6 (9,2) 30 (46,2) 36 (55,4)
4 a 5 vezes por semana 5 (7,7) 20 (30,8) 25 (38,5)
> 5 vezes por semana 1 (1,5) 3 (4,6) 4 (6,1)
Tempo de Prática
< 6 meses 5 (7,7) 29 (44,6) 34 (52,3)
7 a 12 meses 2 (3,1) 6 (9,2) 8 (12,3)
13 a 24 meses 2 (3,1) 12 (18,5) 14 (21,6)
25 a 36 meses 3 (4,6) 6 (9,2) 9 (13,8)
Idade
< 18 anos 2 (3,1) 5 (7,7) 7 (10,8)
19 a 29 anos 9 (13,9) 27 (41,5) 36 (55,4)
30 a 39 anos 1 (1,5) 16 (24,6) 17 (26,1)
40 a 49 anos 0 (0) 5 (7,7) 5 (7,7)

Dos 65 atletas entrevistados, 18,5% (12) tiveram um total de 15 lesões durante a prática de
CrossFit. Dos 12 atletas lesionados, 8 (67%) eram do sexo feminino e 4 (33%) do sexo masculino. Das
15 lesões relatadas, os locais mais frequentes foram 5 lesões no joelho (33%), seguido de 4 lesões no
ombro (27%), 2 lesões de punho (13,3%), 2 lesões na perna distal (13,3%), 1 lesão no cotovelo (6,7%)
e 1 lesão na mão (6,7%). O número de lesões foi maior no sexo feminino (12,3%), nos atletas que
praticavam o CrossFit de 2 a 3 vezes por semana (9,2%), nos atletas que praticavam o CrossFit há
menos de 6 meses (7,7%) e naqueles entre 19 e 29 anos (13,9%). Mesmo o número de lesões no sexo
feminino tendo sido duas vezes maior do que no sexo masculino, não encontramos uma correlação
significativa quando comparamos as duas variáveis (r = 0,243 e p = 0,05). Não houve correlação

148
significativa entre tempo de prática e presença de lesões no CrossFit (r = - 0,147 e p = 0,2), mas houve
uma fraca correlação entre tempo de prática e número de lesões no CrossFit (r = 0,280 e p = 0,02).
Houve uma fraca correlação entre presença de lesões no CrossFit e idade (r= 0,253 e p= 0,04), mas não
houve correlação entre número de lesões no CrossFit e idade (r = - 0,175 e p = 0,1).

DISCUSSÃO
A prevalência de lesões no nosso estudo foi de 18,5% (12 atletas), com um total de 15 lesões
durante a prática de CrossFit, corroborando com o estudo de Weisenthalet al. (2014), que obtiveram
uma taxa de lesão de 19,4% (75). Sprey et al. (2016) e Hak et al. (2013), observaram em seus
estudos, uma taxa de prevalência de lesões durante a prática de CrossFit maior do que no presente
estudo, com 31% e 73,5%, respectivamente. Das 15 lesões relatadas no presente estudo, o local mais
frequente foi joelho (33%), seguido de lesões de ombro (27%), punho (13,3%), perna distal (13,3%),
cotovelo (6,7%) e mão (6,7%). A prevalência de lesões no ombro encontrada no nosso estudo (27%)
corrobora com o estudo de Weisenthalet al. (2014) (25%), porém o local de lesão mais frequente no
presente estudo foi o joelho (33%), enquanto nos trabalhos de Weisenthal et al (2014) e Hak et al.
(2013) foram o ombro (25%), seguido de coluna lombar (14,3%) e joelho (13,1%).Segundo HAK et
al. (2013) as taxas de lesões no CrossFit são similares a esportes como levantamento de peso
olímpico, levantamento de peso e ginástica, e menores quando comparados à esportes de contato
como Rugby.Apesar do número de lesões no sexo feminino ter sido duas vezes maior do que no sexo
masculino, não encontramos uma correlação significativa quando comparamos as duas variáveis (r =
0,24 e p = 0,05), corroborando com os achados de Sprey et al. (2016). Já Weisenthalet al. (2014),
observaram que o sexo masculino é mais propenso a lesões (p = 0.03).Assim como no estudo de
Weisenthal et al. (2014), no presente estudo, a maioria dos atletas praticava o CrossFit há menos de
6 meses, porém, a maioria se exercitava de 2 a 3 vezes por semana (55,4%), enquanto no trabalho
citado acima, a maioria dos atletas se exercitava de 4 a 5 vezes por semana (72,8%). Não houve
correlação significativa entre frequência de prática por semana e presença de lesões no CrossFit (r = -
0,147 e p = 0,2), mas houve uma fraca correlação entre tempo de prática e número de lesões no
CrossFit (r = 0,280 e p = 0,02). Os achados de Sprey et al., (2016) mostram que atletas com mais de
6 meses de prática, apresentaram uma maior taxa de lesões do que aqueles com menos de 6 meses de
prática. Segundo Verma & Vega em 2016 uma frequência de treino intensa e um maior tempo gasto
durante o treinamento do CrossFit, são fatores que aumentam as chances de ocorrer lesões, o que não
vai de acordo com o presente estudo, que não encontrou correlação entre presença de lesões no
CrossFit e frequência de prática por semana (r= - 0,094 e p= 0,4) e número de lesões no CrossFit e
frequência de prática por semana (r = 0,138 e p = 0,2). Houve uma fraca correlação entre presença de
lesões no CrossFit e idade (r= 0,253 e p= 0,04), mas não houve correlação entre número de lesões no
CrossFit e idade (r = - 0,175 e p = 0,1). Sprey et al. em 2016 relataram que a prática do CrossFit por
pessoas menores de 18 anos, podem apresentar um risco maior de lesão, porém Weisenthalet al.
(2014) não encontraram diferença na taxa de lesões por idade, corroborando com nosso estudo (r= -
0,17 e p= 0,16).

CONCLUSÕES
A prevalência de lesões musculoesqueléticas em praticantes de CrossFit no presente
estudofoi de 18,5%, se assemelhando à outros esportes como levantamento de peso, ginástica e
corrida. Esse resultado relativamente baixo, pode ser explicado pelo pequeno número amostral, tendo
em vista que o CrossFit ainda é uma prática esportiva recente. Atualmente o CrossFit vem ganhando
espaço e novos adeptos no Brasil, tornando-se imprescindível um maior conhecimento dos
profissionais da área de saúde a respeito da modalidade e um coach capacitado é fator determinante
na prevenção de lesões.

149
Concluímos que a prevalência de lesões musculoesquelética em praticantes de CrossFit ainda
é um tema com várias controvérsias, para isso, mais estudos sobre o assunto são necessários, para se
conhecer a real prevalência entre praticantes no Brasil, e para que os responsáveis por supervisionar
os treinos tracem planos de intervenção para diminuir a incidência de lesões entre os praticantes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HAK, P, T.; HODZOVIC, E.; HICKEY, B. The nature and prevalence of injury during CrossFit
training Journal of Strength and Conditioning Research, n.l, p.1-7, 2013.
SPREY, J. W. C. et al. An Epidemiological Profile of CrossFit Athletes in Brazil. Orthopaedic
Journal of Sports Medicine, v. 4, n. 8, 2016.
TIBANA, R. A.; ALMEIDA, L. M.; PRESTES, J. Crossfit® Riscos ou Benefícios? O que Sabemos
até o Momento? Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 23, n. 1, p.182-185, 2015.
VERMA, A; VEGA, A. R. Survey of Incidence of Injuries in Crossfit Training. Med Sci Sports
Exerc., v. 48, n. 5, p. 861, 2016.

WEISENTHAL, B. M. et al. Injury Rate and Patterns Among CrossFit


Athletes. OrthopaedicJournalofSportsMedicine, v. 2, n. 4, p.2-4, 2014.

150
PRINCIPAIS QUEIXAS MUSCULOESQUELÉTICAS ASSOCIADAS AO USO EXCESSIVO
DE COMPUTADORES, SMARTPHONES E TABLETS.

SEIXAS, Ana Flávia Avelar; CUNHA, Daniela Elaine Martins*; SOARES, Maycon dos Santos

Síntese: A tecnologia inventada, através do tempo, trouxe muito conforto e benefícios para o dia a dia das pessoas;
porém, muitos não souberam como usar e acabaram sendo prejudicados e controlados por ela. Em curto prazo, a
mesma, traz conforto, facilidades, diminui o tempo de qualquer tarefa a ser realizada e muitas outras vantagens,
mas a médio e longo prazo, se utilizada de maneira excessiva e errônea, principalmente do ponto de vista
biomecânico, pode trazer muito prejuízo para a saúde mental, psicológica, espiritual e física do ser humano
(MENDES, 2000). O objetivo desse trabalho foi realizar um estudo descritivo sobre o tempo de uso de dispositivos
de comunicação, como smartphones, computadores e tablet’s, com os docentes e discentes do curso de fisioterapia
da Universidade Estadual de Minas Gerais e de posse desses resultados avaliar a prevalência de queixas
osteomusculares e relacioná-las com a frequência de uso destes aparelhos. Como amostra foram selecionadas 143
pessoas relacionadas ao curso de fisioterapia (tanto docentes quanto discentes), sendo 82,6% do sexo feminino. O
tempo de uso varia entre 1 a 12 horas por dia, 59,7% relataram sentir dores e 90% das pessoas que sentem dores,
não possuem diagnóstico definido. Os resultados indicaram porém, que o tempo de uso não tem um impacto tão
grande em relação ás dores, sugerindo dessa forma, que o grande prejudicial é a postura adotada durante o uso
dos aparelhos em questão.

Palavras-chave: Dor Articular; Dor Muscular; Tecnologias; Tecnologia Culturalmente Apropriada;


Postura.

INTRODUÇÃO
Sabe se que hoje as modernidades de conforto são cada vez mais indispensáveis, como os
tablets, notebooks e afins. Apesar de serem citados com frequência os distúrbios osteomusculares
relacionados ao trabalho, essas alterações não são apenas durante as atividades laborais, visto que, os
prejuízos maiores são causados pela postura ergonomicamente prejudicial por longos períodos de
tempo, o que ocorre tanto para lazer, quanto para trabalho.
Considerando a grande expansão dessa tecnologia e os impactos que ela pode causar, em virtude
do uso inadequado dos equipamentos e, tendo em vista ainda a preocupação com as consequências
desse comportamento, faz-se necessário o estudo de tal temática por parte dos pesquisadores. Outro
fato que influenciou os pesquisadores foi o número insuficiente de estudos nessa área (JUNIO,
2015).

METODOLOGIA
Foi realizado um estudo transversal na Universidade do Estado de Minas Gerais, no Campus
de Divinópolis, no curso de fisioterapia.
Foi utilizado um questionário com dados sociodemográficos, hábitos de vida e sintomas
musculoesqueléticos elaborados pelos pesquisadores, para a avaliação dos valores obtidos com o
exame aplicado foi utilizado o teste T Student.

Alunos do 10º período do curso de Fisioterapia da UEMG/Divinópolis; E-mail: ddae517@gmail.com


Professsora do curso de Fisioterapia da UEMG/Divinópolis

151
RESULTADOS

Como amostras foram selecionadas 143 pessoas, sendo 82,6% do sexo feminino; a média de
horas de uso dos entrevistados é de 1 a 12 horas por dia; entre eles 18% dos participantes não
informaram as horas de uso; e 15% usam menos de 1 hora por dia; Avaliando os questionários
respondidos, pode se notar que: 59,7% dos usuários relatam sentir dores; podendo assim classificar
que 14,1% sentem dores fracas; 21,5% relatam sentirem dores moderadas; 5,4% sentem dores
intensas; 0,7% sentem muito intensa e 18% dos participantes que observaram desconfortos
musculares não relataram a intensidade; Quase todos os usuários que relatam dor, exatamente 90%
desse total, não possuem diagnóstico definido; e 9,4% realizaram cirurgias; Metade das pessoas
questionadas praticam atividades físicas e são dividas em pessoas que se exercitam 2 vezes por
semana (9,4%) e acima de 3 vezes (90,6%).

DISCUSSÃO
Segundo VILELAS JOSE e LOPES SUSANA o momento é propício para avaliar o impacto
do uso do computador pelos adolescentes e jovens, pois, nos últimos anos, constatou-se um crescente
número de usuários destas novas tecnologias. O acesso constante dos adolescentes e jovens aos
computadores apresenta um desafio para os pais e para os profissionais de saúde. A distribuição T-
student obteve-se um coeficiente de -0,005, o que evidência não haver correlação entre as queixas
osteomusculares e o tempo de uso desses dispositivos e a prática de atividade física regular,
ressaltando a postura inadequada durante a utilização dos mesmos.

CONCLUSÃO
Apesar de a literatura indicar que doenças novas vêm surgindo tais como: “síndrome do pescoço
de texto” (dores no pescoço e região), nevralgia óptica, nomofobia ( trata-se do medo de ficar
incomunicável, longe do telefone ou desconectado da internet.) e também um aumento gradativo das
patologias já conhecidas: síndrome do túnel do carpo, tenossinovite De Quervain,entre outras, vem
surgindo em decorrência do uso excessivo dos itens eletro-eletrônicos, nossa pesquisa indica que não
é o tempo de uso que gera essas patologias, e sim a postura adequada ao usá-los.

REFERÊNCIAS
MENDES, R.A. GINASTICA LABORAL (GL) – Implantação e benefícios nas indústrias da
cidade industrial de Curitiba (CIC). Dissertação de Pós-Graduação do Centro Federal de
Educação Tecnologia, CEFET-PR, 2000.
LIMA, L. de. O avanço da web e a criação de conteúdos colaborativos. Revista Temática, V.9, n.10,
out. 2013. Disponível em http://www.insite.pro.br/2013/outubro/avanco_web_colaborativos.pdf/
acesso em: 10 de junho 2016.

JUNIO, J.F.V. et al. Tecnologia X saúde: Estudo Sobre A Ocorrêcia de Lesões Musculoesquelética
Em Universitários Usuários de Notebooks.
VILELAS, J.M.S; LOPES, S. M.R; o computador e o desenvolvimento de alterações
musculoesqueléticas em adolescentes e jovens,Revista Baiana de Enfermagem, Salvador, v. 26, n.
2, p. 523-532, maio/ago. 2012.

152
PROJETO EXERCITAR “UMA PROPOSTA DE INTEGRAÇÃO ENTRE OS CURSOS DE
EDUCAÇÃO FÍSICA E FISIOTERAPIA”

FALCÃO, Wemerson Soares¹ ; TEXEIRA, Mariana Guglielmelli ²; NUNES, Guilherme Aparecido³,


MOURA, Talita Ramos³; PERON, Fabio 4; AQUINO, Cecilia Ferreira4 ; AUGUSTO, Viviane
Gontijo4; TAVARES, Patrícia Aparecida4; MATTAR, Grazielle Siqueira5

Síntese: Propõe ações interdisciplinares entre os cursos de Fisioterapia e Educação Física, juntamente com os seus
acadêmicos, proporcionando aos pacientes que obtêm alta do Centro de Reabilitação Regional (CRER) em
Divinópolis, um grupo de atividade física tendo em vista minimizar os efeitos do sedentarismo e manter os ganhos
funcionais conseguidos no tratamento fisioterapêutico. Este projeto conta com a parceria da Secretaria Municipal
de Saúde, coordenadora do Centro de Reabilitação Regional (CRER) em Divinópolis, além do convênio da
Prefeitura Municipal de Divinópolis em parceria com o curso de Educação Física da UEMG para utilização do
Divinópolis Tênis Clube (DTC), espaço utilizado para prática de atividade física do grupo. O projeto está
vinculado ao Programa Institucional de Apoio a Extensão da UEMG-Divinópolis e a Fundação Renato Azeredo
(FRA).

Palavras-chave: Ações interdisciplinares, Atividade física, Pacientes, Sedentarismo.

INTRODUÇÃO
O perfil de morbimortalidade é o resultado da interação de diversos fatores interdependentes
e pode ser considerado um indicador relativamente sensível das condições de vida e do modelo de
desenvolvimento de uma população. (PRATA, 1992). Nos últimos cinquenta anos, muitos países têm
passado por transição epidemiológica, que pode ser entendida como uma mudança de padrões de
morte, morbidade e invalidez, que ocorrem em conjunto com as transformações demográficas e
socioeconômicas de uma população específica (SANTOS-PRECIADO et al., 2003). A mudança no
paradigma epidemiológico e nos conceitos de saúde, capacidade e incapacidade, traz a necessidade
de novos modelos na abordagem de saúde e do cuidado, rompendo com a tradição da assistência
orientada para a doença, em direção a uma abordagem orientada para a função e a qualidade de vida.
(NEVES & ACIOLE, 2011). A fisioterapia como campo de saber na saúde amplia o seu objeto de
estudo, no que diz respeito à prevenção, tratamento e reabilitação para, assim, promover o bem estar
individual e coletivo do ser humano. Exerce então, um papel importante na reabilitação do paciente e
na sua reinserção no convívio social (MAGALHÃES & SOUZA, 2004). Assim como a fisioterapia,
a atividade física também é capaz de alterar a situação de saúde do indivíduo. Segundo aOrganização
Mundial de Saúde (OMS, 2011), a atividade física está entre os principais fatores para qualidade de
vida e aumento da expectativa de vida.
Dessa maneira o projeto foi implantado para que haja uma nova política de cuidado com a
saúde que tenha como objetivo preservar as habilidades físicas e mentais necessárias à manutenção
de uma vida independente e autônoma, ainda que convivendo com limitações.Sabendo dos
benefícios da atividade física na melhoria da funcionalidade e qualidade de vida dos indivíduos,

¹Acadêmico do Curso de Fisioterapia da UEMG – Bolsista do Projeto


²Acadêmica do Curso de Fisioterapia da UEMG – Voluntária do Projeto
3
Acadêmicos do Curso de Educação Física da UEMG – Voluntários do Projeto
4
Docentes dos Cursos de Graduação em Educação Física e Fisioterapia da UEMG
5
Fisioterapeuta, Especialista em Ergonomia e Saúde do Trabalhador, Docente do Curso de Graduação em Fisioterapia
UEMG – Coordenadora do Projeto grazielle.mattar@uemg.br

153
tornou-se relevante a implantação de um programa de exercício físico para os pacientes que obtêm
alta do CRER, com o objetivo de manutenção dos ganhos funcionais obtidos com o tratamento.

MÉTODOS

Os pacientes que obtiverem alta do tratamento fisioterapêutico realizado no CRER, local


onde foram realizados os encaminhamentos e aplicação do instrumento de avaliação proposto e o
preenchimento da ficha com dados sóciodemográficos dos participantes. Todos participantes
assinaram o termo de consentimento livre esclarecido.
Foi aplicado no início do programa de atividade física, os seguintes instrumentos de
avaliação: escala verbal de dor, avaliação da funcionalidade: instrumento World Health
Organization Disability Assessment Schedule (WHODAS 2.0), Avaliação de Qualidade de Vida:
utilizado o questionário genérico SF-36. Todos os instrumentos de avaliação foram aplicados pelos
acadêmicos de Fisioterapia (7º período) (SILVEIRA et al., 2013).
O grupo de atividade física foi dividido em grupo A e grupo B, cada grupo tem a duração de
3 meses, e as atividades foram realizadas no DTC. O programa de exercícios aplicado pelos
acadêmicos do curso de Educação Física (3º e 5º período) teve duração de 50 minutos à 1 hora,
dividido em fase de aquecimento, estímulo e desaquecimento. As análises estatísticas foram
realizadas com o auxílio do programa IBM® SPSS® Statistics Version 19, com o qual se aplicou a
estatística descritiva para caracterizar cada um dos grupos, além de demonstrar a comparação antes e
após a prática de atividade física. Os dados foram expressos pela média dos valores obtidos pelo
grupo estudado para cada aspecto avaliado pelo SF-36, Whodas 2.0 (soma das respostas de S1 a S12)
e escala verbal de dor, e analisados quanto à sua significância estatística pelo teste t de Student para
analise de duas amostras dependentes. Para a análise foi estabelecido o valor de p < 0,05. Na
comparação entre os valores obtidos na avaliação e reavaliação, foram verificados valores
estatisticamente significantes (p < 0,05), exceto para o domínio Vitalidade do SF-36.

RESULTADOS

Os dados demonstram que o sexo predominante foi o feminino com 59,4% dos componentes
dos grupos. Com relação à renda familiar 56,3% disseram que ter renda de até 1 salário mínimo, os
dois grupos apresentam maior número de pessoas que já realizaram tratamento fisioterapêutico pela
segunda vez, quantificando 59,4% dos participantes. Quanto à atividade física 84,4% disseram que
não praticam atividade física.

Tabela 1. Média e significância dos valores obtidos na avaliação e reavaliação através dos questionários SF-36,
WHODAS 2.0 e Escala Verbal de Dor

VARIÁVEIS MÉDIA INICIAL MÉDIA FINAL VALOR p


Capacidade
46,56 (± 20,337) 57,66 (± 23,657) 0,000*
funcional
Limitação por
28,13 (± 36,890) 45,31 (± 43,736) 0,008*
aspectos físicos
Dor 47,21 (± 19,857) 54,34 (± 20,556) 0,019*
Estado geral de
51,19 (± 13,260) 53,94 (± 15,267) 0,002*
saúde
Vitalidade 52,19 (± 17,130) 60,63 (± 19,292) 0,640
Aspectos sociais 60,46 (± 26,910) 69,93 (± 26,911) 0,001*

154
Limitação por
36,46 (± 40,920) 50,00 (± 45,594) 0,009*
aspectos emocionais
Saúde mental 58,75 (± 19,182) 66,84 (± 18,476) 0,007*
Escala verbal de dor
5,28 (± 3,040) 3,47 (± 2,527) 0,001*
(0 a 10)
Whodas 2.0 26,16 (± 6,887) 25,00 (± 10,299) 0,000*
Total de dias que as
dificuldades
relatadas no Whodas 16,66 (± 10,876) 10,00 (± 8,784) 0,015*
2.0 estiveram
presentes
Total de dias que se
sentiu totalmente 6,88 (± 9,346) 4,47 (± 7,729) 0,000*
incapacitado
Total de dias que
teve que reduzir as 9,75 (± 10,179) 5,94 (± 7,935) 0,008*
atividades
Legenda: * = diferença estatisticamente significativa (p < 0,05) entre avaliação inicial e final do grupo.
Legenda: * = diferença estatisticamente significativa (p < 0,05) entre avaliação inicial e final do grupo.

DISCUSSÃO

Considerando os oito domínios previstos no SF-36 e os escores referentes ao mesmo, a tabela


1demonstra a concentração relativa aos componentes dos grupos dispostos para este estudo. Na
comparação entre os valores obtidos na avaliação e reavaliação, foram verificados valores
estatisticamente significantes (p < 0,05) para o SF36 e o WHODAS 2.0, exceto para o domínio
Vitalidade do SF-36, sendo que os resultados obtidos nos permitem afirmar que, quando se
comparam as médias dos escores iniciais com os finais, é possível compreender que a prática de
atividade física pode influenciar o aumento da qualidade de vida das pessoas, ao contrário daquelas
que não a praticam. Tal condição atende a um dos objetivos da Portaria n.º 154, aprovada em 2008,
que cria os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf) e prevê a prática de atividade física como
uma de suas ações, considerando que ela deve propiciar melhoria da qualidade de vida da população,
entre outros. Os resultados apresentados neste estudo corroboram pesquisas prévias que demonstram
a influência da atividade física na qualidade de vida das pessoas (MOTA ET AL., 2006).

CONCLUSÃO

A realização deste projeto de extensão possibilitou evidenciar a importância da atuação


dos profissionais de fisioterapia e educação física junto à comunidade, favorecendo a inserção desses
profissionais dentro do sistema público de saúde, com base no enfoque social e inclusivo.
Além disso, foi possível obter uma base de dados sobre o impacto da atividade física na
funcionalidade e qualidade de vida dos usuários dos serviços de fisioterapia, esperando assim,
reduzir o tempo de tratamento no sistema e a recidiva do processo patológico que gerou a
necessidade de atendimento fisioterapêutico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MAGALHÃES, M.S.; SOUSA, F.J.P. Avaliação da assistência fisioterapêutica sob a óptica do


usuário. Fisioterapia Brasil, Fortaleza, v. 5, n.5, p. 350-6, 2004.

155
MOTA, J. et al. Atividade física e qualidade de vida saúdeassociada à saúde em idosos participantes
e não participantes em programas regulares de atividade física. Rev. bras. educ. fís. esporte, São
Paulo, v. 20, n. 3, p. 219-252, jul./set. 2006.

NEVES, Laura Maria Tomazi; ACIOLE, Giovanni Gurgel. Desafios da integralidade: revisitando as
concepções sobre o papel do fisioterapeuta na equipe de saúde da família. Comunicação Saúde
Educação, v.15 n.37, p.551-64, 2011.
OMS. Organização Mundial de Saúde, 2011. Disponível em http:// who.int. – Acesso em 15 de
outubro de 2014.
PRATA, P. R. The Epidemiologic Transition in Brazil. Cad. Saúde Públ., Rio de Janeiro, 8 (2): 168-
175, abr/jun, 1992.
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n.3, p. 234-240, 2013.

156
SALA DE ESPERA: LOCUS PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE?

ASSUNÇÃO, Raquel Silva1; PARDINI, Rafaela Dias2; SANTOS, Valdirene Maria3.

Síntese: A educação em saúde na sala de espera é uma importante ferramenta de trabalho quando utilizada como
meio de entrosamento, comunicabilidade e problematização da realidade. Dentro deste contexto, o objetivo desse
estudo foi identificar o uso da sala de espera como local para efetivação da promoção da saúde. Trata-se de um
estudo de caráter exploratório, descritivo, com abordagem qualitativa e quantitativa, realizado nas Unidades
Básicas de Saúde da Família do município de Divinópolis com os enfermeiros atuantes, usando como instrumento
para coleta dos dados a entrevista de roteiro estruturado e semiestruturado. Os resultados foram analisados
através do método de análise de conteúdo, com categorias pré-estabelecidas, por meio da análise temática. Os
dados nos mostram ser a promoção da saúde considerada importante pela maioria dos enfermeiros, o
planejamento para esta ação é feito por 70% dos pesquisados. A sala de espera é vista por 80% como um local que
poderia ser utilizado para tal fim, mas a maioria não a utiliza por considerar inapropriada, devido à demanda
excessiva de trabalho, a estrutura ineficiente e ao desinteresse das pessoas que nela aguardam atendimento.
Aqueles que a utilizam o fazem para dar orientações de saúde e organização e divulgação de ações. Em síntese os
resultados demonstram que a proposta da promoção da saúde na sala de espera em suas diferentes dimensões
ainda está insuficientemente implementada nas unidades. Recomenda-se que outros estudos sejam desenvolvidos
no intuito de aprofundar as discussões relacionadas ao tema e embasar os profissionais quanto às suas práticas.

Palavras-Chave: Enfermagem; Promover Saúde; Unidade Básica de Saúde.

INTRODUÇÃO
A promoção da saúde é definida como um conjunto de estratégias e maneiras de produzir
saúde, em um contexto tanto individual quanto coletivo, que se caracteriza pela articulação e
cooperação intrassetorial e intersetorial, além da formação da Rede de Atenção à Saúde, buscando se
unir com as demais redes de proteção social, com vasta participação e amplo controle social. A Carta
de Ottawa de 1986 veio para reafirmar a importância da promoção à saúde e apontar a influência dos
aspectos sociais sobre a saúde dos indivíduos e da população, caracterizando-se como o processo em
que capacita a comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo a
participação dos mesmos no controle deste processo (BRASIL, 2015).
A promoção da saúde tem se destacado em diversos ambientes à saúde sendo parte integrante
do trabalho do enfermeiro, e também de sua equipe. A promoção da saúde logo é uma atividade que
pode ser realizada em inúmeros espaços, como em domicílio, na unidade básica de saúde,
consultórios, sala de vacina, hospitais, praças, e também na sala de espera, sendo estes essenciais
para execução da mesma (MARCON; ROECKER, 2011).
Portanto o grupo de sala de espera pode funcionar como um espaço em que as práticas de
educação em saúde sejam realizadas, mesmo que sua função primordial não seja esta. Ela pode levar
a discussões acerca dos processos do cotidiano das pessoas, criando espaços para reflexões e posição
crítica diante às ações destes na instituição de uma qualidade de vida, assim como na manutenção da
saúde, efetivando de fato a participação ativa de todos e não apenas das pessoas em risco de adoecer
(ROSA et. al., 2011).

1
Raquel Silva Assunção – Professora Mestre do Curso de Graduação de Enfermagem da UEMG. Contato:
raquel.s.assuncao@gmail.com.
2
Rafaela Dias Pardini – Aluna do Curso de Graduação de Enfermagem da UEMG.
3
Valdirene Maria Santos – Aluna do Curso de Graduação de Enfermagem da UEMG.

157
Atividade esta que também realiza aproximação satisfatória entre profissional e usuário,
levando ao respeito mútuo, e que cria ações para a superação de possíveis problemas entre os
usuários, o serviço de saúde e da própria comunidade. Sendo um importante alicerce na melhoria da
qualidade do atendimento prestado, além de garantir um acolhimento aos clientes que, por resultado,
leva a um atendimento mais humanizado (ROSA et. al., 2011).
Sabemos que existem inúmeras salas de espera em várias unidades, e nelas estão presentes
muitos usuários aguardando atendimento, logo este espaço faz-se favorável para executar ações de
promoção da saúde, permitindo a troca de experiências entre profissionais e usuários, com repasse de
informações.Neste contexto, o objetivo deste estudo é identificar o uso da sala de espera como local
para efetivação da promoção da saúde.
Visto então que a cada dia tornam-se mais necessárias atividades de promoção da saúde,
devido ao aumento da expectativa de vida, que junto a si trás o aumento do índice de doenças
crônicas não transmissíveis, e acrescentando o estilo nada saudável da população, a relevância desta
pesquisa esta em entender o porquê não se observou o uso da mesma para esta atividade, trazendo
assim sua pertinência social e pessoal, ampliando teorias e confirmando hipóteses.

MÉTODOS
Trata-se de um estudo exploratório, descritivo, com abordagem qualitativa e quantitativa, por
possibilitar uma melhor investigação sobre a problemática da pesquisa e para estudar o uso da sala de
espera como local para efetivar a promoção da saúde.
O cenário de estudo foi representado pelas unidades de atenção primária (UAPS) do
município de Divinópolis/MG, respeitando-se os critérios de inclusão e exclusão.
A amostra constituiu-se de 48 profissionais enfermeiros atuantes nas Unidades Básicas de
Saúde da Família.
A coleta dos dados foi realizada por meio de entrevista, instrumento este usado para a
produção dos dados, que permite maior flexibilidade para possíveis intervenções e possibilita uma
investigação mais ampla sobre os entrevistados. Fazendo assim o uso de um roteiro estruturado e um
semiestruturado (AZEVEDO, C. H. S. et.al., 2012).
O estudo foi aprovado pela Secretaria Municipal de Saúde (SEMUSA) do município de
Divinópolis/MG, e seguiu as recomendações estabelecidas conforme determina a resolução 466/12,
que considera o respeito pela dignidade humana e pela especial proteção devida aos participantes da
pesquisa científica envolvendo seres humanos (BRASIL, 2012).
Utilizou-se a análise de conteúdo para tratamento e exploração dos dados com categorias pré-
estabelecidas e observando a relevância das respostas. Os dados quantitativos foram apresentados em
forma de tabelas com análise percentual, construídas com o auxilio do Microsoft Excel 2010. Os
resultados foram então reunidos para melhor compreensão dos mesmos.

RESULTADOS
Os dados nos mostraram que mais de 50% dos pesquisados concordam plenamente com a
definição de promoção da saúde e 90% concordam plenamente que a promoção da saúde tem se
destacado em diversos ambientes da atenção à saúde, sendo parte integrante do trabalho do
enfermeiro. Outros dados apontam para o fato de 80% dos pesquisados concordar plenamente que a
sala de espera pode ser utilizada para outras atividades. E para confirmação revela-se que 80% dos
pesquisados concordam plenamente que a sala de espera também pode ser utilizada como um espaço
para atividades de promoção da saúde.
Ainda sobre os resultados, obtém-se que 70% dos pesquisados concordam plenamente que a
unidade demanda de mais profissionais para a realização de atividades de promoção da saúde, e que

158
mais de 50% dos pesquisados concordam parcialmente que a sala de espera é vista pelos
profissionais da unidade como local para efetivação da promoção da saúde.
Através do estudo constatou-se também que 70% dos pesquisados concordam plenamente
que o enfermeiro é uns dos profissionais que deve se responsabilizar pela execução de atividades de
promoção da saúde na unidade de saúde, e que 70% dos pesquisados se dividiram em concordam
plenamente e parcialmente de que existe na unidade planejamento para a realização de atividades de
promoção da saúde. No entanto, certificou-se que 40% dos pesquisados concordam parcialmente e
30% discordam parcialmente que diante do planejamento existe sim tempo para execução de
atividades de promoção da saúde.
Obteve-se, além disso, que mais de 50% dos pesquisados concordam plenamente que este
espaço faz-se favorável para executar ações de promoção da saúde. Por fim averiguou-se que mais de
50% dos pesquisados se dividiram em concordam plenamente e parcialmente que a estrutura física
da sala da espera da unidade em que trabalham é adequada para execução de atividades de promoção
da saúde.

DISCUSSÃO
Os dados nos mostram ser a promoção da saúde considerada importante pela maioria dos
enfermeiros, o planejamento para esta ação é feito por 70% dos pesquisados. A sala de espera é vista
por 80% como um local que poderia ser utilizado para tal fim, mas a maioria não a utiliza por
considerar inapropriada, devido à demanda excessiva de trabalho, a estrutura ineficiente e ao
desinteresse das pessoas que nela aguardam atendimento. Aqueles que a utilizam o fazem para dar
orientações de saúde e organização e divulgação de ações. O que fica notório ao longo da pesquisa, é
que os profissionais reconhecem a relevância da promoção da saúde na sala de espera, sabem dos
benefícios, sabem que podem fazer certo esforço para executá-las, mas não o fazem.
Ainda que o Ministério da Saúde recomende o uso da educação em saúde nos serviços,
enfatizando a importância da atenção básica, o que se tem observado é que os trabalhadores da saúde
têm grande dificuldade em executar a mesma sem condições ideais, que acaba por desmotivar o
profissional (ALVES; AERTS, 2011).
Em síntese os resultados demonstram que a proposta da promoção da saúde na sala de espera
em suas diferentes dimensões ainda está insuficientemente implementada nas unidades.

CONCLUSÕES
A partir da investigação realizada nas Unidades de Saúde percebeu-se a necessidade de
dialogar com os enfermeiros responsáveis pelas equipes sobre a efetivação da promoção da saúde em
ambientes propícios. Ficou notória a ausência de reflexão por parte do profissional enfermeiro sobre
o que é promoção da saúde e como a mesma é inserida no cotidiano dos profissionais da saúde.
Muitos deles demonstraram contradições em suas respostas durante a pesquisa, afirmando saber da
importância de se promover saúde e a não colocando em prática em sua unidade.
A ideia é que os dados gerados na pesquisa contribuam na busca de um olhar mais crítico
sobre o processo de trabalho dos profissionais envolvidos no cuidado à saúde, levando a análise
sobre o uso da sala de espera como local para efetivar a promoção da saúde, principalmente face a
missão institucional da unidade de saúde centrada no modelo de prevenção e promoção da saúde, que
preza a qualidade de vida e bem estar.
Os resultados apresentados contribuíram para reflexão desta temática, mas destaca-se ainda a
necessidade de aprofundamento tanto na prática quanto na formação de profissionais da saúde sobre
a relevância de se promover saúde.
Assim sendo, consideramos que estratégias de pesquisa em serviço, como esta realizada, são
essenciais à qualificação e melhora cotidiana das Unidades Básicas de Saúde.

159
REFERÊNCIAS
ALVES, G. G; AERTS D. As práticas educativas em saúde e a Estratégia Saúde da Família. Revista
Ciência & Saúde Coletiva, Rio Grande do Sul, v. 16, n. 1, p. 319-325. 2011.
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práxis dos enfermeiros. Revista Escola Anna Nery, Rio de Janeiro, v.15, n. 4. 2011.
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Revista Erechim Perspectiva, v.35, n.129, p. 121-130. 2011.

160
SEJA MAIS UM CÚMPLICE DO CORAÇÃO VALENTE

MAGALHÃES, Anadely Aparecida Silva1; GONÇALVES, Gabriela Aparecida2


PEREIRA, Yara Rocha2;

Síntese: As doenças cardiovasculares possuem uma alta prevalência, sendo responsáveis por um significativo
número de mortes no Brasil. Uma das características destes agravos é a forte associação com fatores de risco.
Considera-se que o fator de risco pode ser herdado ou adquirido ao longo da vida. Dentre vários estudados na
literatura, destaca-se a obesidade, cigarro, estresse e o sedentarismo. Deste, uma série de outras doenças podem
atacar o organismo e levar a sérias consequências. A gordura visceral, que é aquela que se acumula na região do
abdômen e fica em torno dos órgãos, está relacionada a diversas disfunções metabólicas. Destaca-se a “Síndrome
Plurimetabólica”. Esta envolve além da obesidade, dislipidemia, hipertensão arterial dentre outras patologias. As
analises deste estudo foram baseadas nos dados colhidos em 182 participantes que foram submetidos a avaliação
da cintura abdominal, pressão arterial e ao final receberam orientações a cerca dos fatores de risco
cardiovasculares. A média dos valores da cintura abdominal foi acima dos valores propostos na literatura sendo,
94 cm para homens e 87 cm para mulheres. Assim, através de ações preventivas mediantes resultado da avaliação
da circunferência abdominal (CA), buscou-se conscientizar a população de que, mudanças simples em ações do
cotidiano, podem ser valiosas na busca de uma melhor qualidade de vida.

Palavras chaves: Fatores de risco; Medida da cintura abdominal; Prevenção.

INTRODUÇÃO
As doenças cardiovasculares constituem uma das principais causas de incapacidade e morte
em todo o mundo. Existe relação importante entre o excesso de peso e o risco de doenças
cardiovasculares (RIBEIRO,2006).
Nos últimos anos, o tecido adiposo deixou de ser considerado um mero reservatório de
energia, sendo reconhecido como órgão com variadas funções, exercendo papel central na gênese da
resistência à insulina ou síndrome plurimetabólica (RIBEIRO, 2006). Também é conhecido que o
adipócito, de acordo com sua localização, apresenta características metabólicas diferentes, sendo
que a adiposidade intra-abdominal é a que apresenta maior impacto sobre a deterioração da
sensibilidade à insulina. (BARNES, 2012).
Dentre as várias técnicas científicas destinadas a traçar uma relação entre a obesidade e
qualidade de vida, destacam-se a mensuração da circunferência abdominal, estudos de composição
corpórea; espessura da prega cutânea e o índice de massa corpórea (IMC). A avaliação da CA
baseia-se na medida da circunferência do abdome à altura da cicatriz umbilical, em ortostatismo, ao
final da expiração, pode-se diagnosticar obesidade andróide. Uma circunferência abdominal >94 cm
nos homens e >80 cm nas mulheres foi identificada como marcadora de risco, e valores>102 cm no
homem e >88 cm nas mulheres identificam alto risco de hipertensão arterial, dislipidemia e
diabetes(HASSELMANN, 2012).
O fisioterapeuta como profissional da saúde tem toda a sua história voltada para a reabilitação. Mas
com o tempo observou-se que a tão almejada qualidade de vida só é possível quando coloca-se em
prática a prevenção. Assim, é função deste profissional incentivar e promover ações que buscam a
prática de medidas preventivas. A adoção de um estilo de vida mais saudável está diretamente

¹Docente do curso de fisioterapia da UEMG, Divinópolis – Minas Gerais E-mail: anadely.silva@hotmail.com


²Discentes do curso de fisioterapia da UEMG, Divinópolis – Minas Gerais

161
relacionada com melhoria do estado de saúde do indivíduo. Neste contexto, o presente estudo teve o
objetivo de repassar a população informações preventivas a respeito dos fatores de risco no âmbito
das doenças cardiovasculares.

MÉTODOS
Participaram deste projeto indivíduos de ambos os sexos em eventos destinados a orientações
preventivas em praças, centro de saúde e escolas. A circunferência do abdominal foi obtida
colocando-se uma fita métrica inelástica na região do quadril na área de maior protuberância
abdominal, sem comprimir a pele (REZENDE, 2006). Mensuração da pressão arterial com
esfignomanômetro fixado em membro superior esquerdo após 3’ de repouso em posição sentado.
Independente do valor encontrado de cintura abdominal e pressão arterial, todos os
participantes receberam informações acerca dos temas, malefícios do cigarro, sedentarismo, hábitos
alimentares, fatores genéticos e hereditários. Os autores deste estudo piloto pretendem dar
continuidade no próximo ano.

RESULTADOS
Consagrado pela literatura a medida da cintura abdominal apresenta um importante indício de
doenças cardiovasculares. Este foi o objetivo traçado neste estudo, onde após avaliação deste
parâmetro, repassar orientações preventivas sobre os principais fatores de risco para o coração.
Consistiram de cinco ações no transcorrer do ano de 2016 em diferentes bairros da cidade de
Divinópolis. As ações foram executadas pelos autores deste estudo além da participação dos alunos
do último ano do curso de fisioterapia UEMG durante o estágio de Reabilitação cardiopulmonar.
A amostra foi composta de 182 voluntários, 59 homens e 123 mulheres. (Tabela 1)

Tabela 1 – Dados expressos em valor absoluto (número da amostra) e médias/DP referentes


medidas antropométricas
Caracterização da amostra
Amostra Idade Altura Peso
Homens 59 54 ± 0.3 1.6 ± 0 66 ± 4
Mulheres 123 55 ± 2 2±0 79 ± 2
Total 182

Os valores da pressão arterial e circunferência abdominal demostram, em ambos os grupos,


valores ditos de riscos aumentados para doenças cardiovasculares. Para mulheres recomenda-se
valores abaixo de 80 cm e para homens inferiores a 94cm. (Tabela 2)

Tabela 2 - Dados expressos em média mediante avaliação da Circunferência Abdominal (CA),


Pressão Arterial Sistólica (PAS) e Pressão Arterial Diastólica (PAD)

Valores da circunferência abdominal e Pressão


arterial
CA PAS PAD
(cm) (mmHg) (mmHg)
Mulheres 87 124 78
Homens 94 134 83

162
Pelo gráfico 1, os valores que demonstram maiores preocupações no que tange fatores de
risco foram encontrados quando analisados os dados individuais. 59% dos homens apresentaram os
valores acima de 94 cm e no grupo composto por mulheres 65,9%.

150

100

50

0 Mulheres
idade Altura Peso CA PAS PAD Homens

Gráfico 1 – Valores expressos em média dos dados da pressão arterial sistólica e diastólica na
amostra estudada.
DISCUSSÃO
As ações de onde se obtiveram os subsídios do estudo almejaram não apenas a busca de
dados para o desenvolvimento deste, mas também orientar de forma individualizada quanto ao risco
particular de doenças coronarianas e vasculares, como apontado pela Associação Brasileira de
Estudos Sobre Obesidade. Ressalta ainda a importância de momentos de orientação à população que
visem minimizar dano e iatrogenia, levando a uma saúde melhor para a população e também,
norteando de forma mais adequada às equipes de saúde (ABESO, 2016).
Os resultados obtidos demonstram que apesar do acesso a informações sobre riscos de
doenças cardiovasculares, os índices da amostra obtida na cidade de Divinópolis, ainda não são
satisfatórios,pois mais da metade dos homens e mulheres abordados tem seus valores de
circunferência abdominal além dos recomendados descritos na literatura, o que postulado por
Araújo (2011), queafirma existir correlação entre doenças cardíacas e obesidade abdominal.
Quando analisada apenas a variável CA, sabe-se que 59% dos homens apresentaram os
valores acima de 94 cm e no grupo composto por mulheres, 65,9%. Para mulheres recomendam-se
valores abaixo de 80 cm e para homens inferiores a 94 cm. Esses dados vão de encontro com a
literatura e são indicativos de um alto índice de predisposição para as doenças cardiovasculares e
obesidade visceral (BARNES, 2012).
No estudo de OLINTO e colaboradores (2006), relata também que as mulheres apresentaram
uma prevalência superior de obesidade abdominal quando comparadas aos homens. Porém como os
valores de CA apresentam superiores em ambos os sexos, é extremamente importante acentuar tais
ações preventivas e de promoção de saúde não só para o indivíduo, mas também para a família, e
para toda população.
Os dados desta pesquisa corroboram com HAUN e colaboradores (2009), sobre a razão
cintura/estatura comparado a outros indicadores antropométricos de obesidade como preditores de
risco coronariano elevado, onde sua amostra também foi composta predominante pelo sexo
feminino. Porém quando analisados os mesmos dados relativos (PAS, PAD, CA e peso), é notório
que o sexo masculino tem prevalência, aferindo-se, portanto à aspectos biológicos (sexo,
concentração hormonal), culturais (hábitos de se cuidar) e estilo de vida (alcoolismo, tabagismo,
sedentarismo), igualmente descrito pelo estudo de Barreto e colaboradores, 2003.
As doenças cardiovasculares estão entre as patologias que mais matam em todo o mundo. É
bastante consolidada a concepção de que estas doenças estão diretamente ligadas a fatores de risco
como o sedentarismo, obesidade, cigarro dentre outros. Muitas vezes a falta de conhecimento
adequado leva a ocorrência de erros que poderiam ser evitados com simples atos, ou seja, mudança

163
no estilo de vida sendo principalmente a prática de exercícios regulares. Visto neste trabalho que, a
maior parte dos indivíduos abordados desconhece a relação da perimetria abdominal aumentada
com a presença de diabetes, hipertensão, dislipidemia dentre outras. (ABESO, 2016).
Contudo, apesar de se conhecer os riscos e os fatores agravantes, a população ainda se
mostra omissa aos cuidados pessoais e com sua saúde, gerando assim dados que colidem com os
ideais e apontam grandes chances de futuros afetados pelas patologias do coração.

CONCLUSÃO
Mesmo com uma pequena amostra foi possível observar a necessidade de ações preventivas
baseadas em simples metodologias de avaliação. São resultados que expressam a atual
contextualização em que vivemos, onde é notório o ganho de peso da população. São inúmeros os
prejuízos que vão se acumulando ao longo dos anos sobrecarregando todo o organismo mais
principalmente, o sistema cardiovascular.
Este panorama somente pode ser alterado com mudança de hábitos que, são adquiridos com
boas práticas de alimentação, exercício físico e acima de tudo qualidade de vida.

REFERÊNCIAS
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165
VISÃO DE SI, DE MUNDO E DE FUTURO EM ADOLESCENTES DE UMA ESCOLA
ESTADUAL DO MUNICÍPIO DE DIVINÓPOLIS

ARANTES, Fernanda Amorim¹; REIS, Suzana Caldeira Couto ²; SOUZA, Ronaldo Santhiago
Bonfim de³

Síntese: A tríade cognitiva compõe-se da visão negativa de si mesmo, na qual a pessoa se percebe como
inadequada ou inapta; na visão negativa do mundo, compreendendo relações, trabalho e atividades; e na visão
negativa de futuro, que se vincula cognitivamente ao grau de desesperança. O objetivo deste estudo foi avaliar a
tríade cognitiva em adolescentes escolares na faixa etária entre 14 e 16 anos. Participaram do estudo, 43 (quarenta
e três) adolescentes de ambos os sexos (M=14,95; DP=0,532), frequentes em Escola Municipal no município de
Divinópolis. O instrumento utilizado para a avaliação da tríade cognitiva em adolescentes foi o Inventário da
Tríade Cognitiva para Crianças e Adolescentes (ITC-CA), que é a versão adaptada do Cognitive Triad Inventory
for Children (CTI-C). É possível evidenciar pela análise dos dados obtida pelo Inventário da Tríade Cognitiva que
nesta escola, adolescentes do sexo feminino apresentam uma visão positiva de self, mundo e futuro comparado
com o sexo masculino. Resultado este encontrado, pela avaliação da média do sexo feminino comparado com a
média do sexo masculino, sendo estes, com estatística significativa, por apresentar p<0,05. Já os resultados obtidos
em relação a sexo e idade, além da visão negativa de mundo e positiva de futuro entre os adolescentes na
comparação entre as idades de 14 e 15, 14 e 16 e 14 e 15 anos, a visão de self positivo e negativo também não é
possível visualizar uma significância estatística, por apresentarem valores de p>0,05, o que já é visto entre
adolescentes de 14 e 15 anos na visão positiva de mundo e visão negativa de futuro, com p<0,05.

Palavras-chave: Estágio curricular; Terapia cognitiva; Tríade cognitiva.

INTRODUÇÃO
A ansiedade é uma combinação de sintomas somáticos e psíquicos que estão associados à
sensação de vulnerabilidade e ao apoio familiar inadequado (BORGES; ANGELOTTI, 2002). A
depressão é caracterizada em crianças e adolescentes pela apresentação de uma tríade cognitiva
negativa, que levam os jovens deprimidos a expressarem suas experiências por meio de uma visão
negativa de si mesmas, dos outros e do futuro (FRIEDBERG et al., 2011). A depressão tem
significativo impacto na vida de adolescentes e adultos, bem como de seus familiares, com
comprometimentos nos aspectos sociais, ocupacionais e em outras áreas de funcionamento
(POWELL et al., 2008). De 3 a 5% da população, em alguma fase da vida, será afetada pela
depressão. A variância da prevalência da depressão situa-se na faixa de 0,4 a 10% entre os jovens,
sendo que a maior incidência é em meninas e existem indícios de aumentos ao longo da passagem da
infância para a adolescência (TEODORO et al., 2015).O ambiente e o contexto escolar exercem
enorme influência sobre o comportamento, o desenvolvimento e o humor dos adolescentes. A
alteração de humor entre os jovens pode ser caracterizada pela irritabilidade e instabilidade
(TEODORO et al., 2015). Na adolescência, a depressão influencia negativamente o desempenho
escolar, por vezes associando-se ao uso de álcool e drogas e a tentativas de suicídio (CRUVINEL et
al., 2003).Sendo assim, a escolha por trabalhar com adolescentes nesta faixa etária é baseada no fato
de que a depressão entre os jovens é comum, recorrente e debilitante e envolve um grau elevado de
morbidade e mortalidade, principalmente em relação ao suicídio.
¹
Graduanda do curso de Psicologia da UEMG – Unidade Divinópolis. E-mail: fernandaamorimarantes@gmail.com
²
Graduanda do curso de Psicologia da UEMG – Unidade Divinópolis.
³
Professor orientador do curso de Psicologia da UEMG – Unidade Divinópolis.

166
E, por a adolescência caracterizar-se por um período de vulnerabilidade intensa, assim,
patologias, como a depressão, podem passar despercebidas pelas pessoas que se relacionam com o
adolescente e, até mesmo, por profissionais da área da saúde (PARANHOS et al., 2010).Com isso, a
tríade cognitiva e as distorções cognitivas são elementos básicos na composição do modelo cognitivo
criado por Beck para o tratamento da depressão. A tríade cognitiva compõe-se da visão negativa de
si mesmo, na qual a pessoa se percebe como inadequada ou inapta; na visão negativa do mundo,
compreendendo relações, trabalho e atividades; e na visão negativa de futuro, que se vincula
cognitivamente ao grau de desesperança (POWELL et al., 2008).A visão negativista sobre si mesmo
deve ser mais acompanhada, pois ela é responsável por gerar distorções sobre o mundo e o futuro.
Assim, a percepção distorcida sobre si dificulta as relações com o outro e leva o sujeito a evitar
pensar no futuro, pois esse se tornaria aversivo (CARNEIRO et al., 2012).Sendo assim, o significado
do trabalho parte da premissa de avaliar a visão de si, mundo e futuro dos adolescentes de uma
escola municipal do município de Divinópolis, permitindo um olhar criterioso para os resultados dos
dados avaliados. Diante das pressões e cobranças do mundo moderno resultando em males à saúde
psíquica como o estresse, a ansiedade e a depressão, que afetam o bem-estar físico e emocional,
influenciando a produção e o desempenho acadêmico e debilitando a capacidade de raciocínio,
memorização, motivação e interesse do estudante (MORAIS et al., 2010), empenhar em investigar a
tríade cognitiva dos adolescentes em escolas públicas justifica-se não só para o entendimento da
visão de self, de mundo e de futuro dos adolescentes como também para que a escola trabalhe a
motivação, o afeto, a auto-estima e o interesse dos alunos que apresentarem uma tríade cognitiva
negativa.Com isso, a hipótese parte da ideia de que adolescentes do sexo feminino, mais do que os
do sexo masculino, apresentarão uma tríade cognitiva negativa visto que a literatura aponta que a
depressão é mais comum em meninas.

MÉTODOS
Foi realizado um estudo transversal com aplicação das escalas, Inventário da Tríade
Cognitiva para Crianças e Adolescentes (ITC-CA). Além dessa escala foi aplicado um Questionário
Socioeconômico em todos os adolescentes participantes. As escalas foram aplicadas em alunos de
uma escola estadual do município de Divinópolis. Participaram do estudo, 43 (quarenta e três)
adolescentes, de ambos os sexos, na faixa etária entre 14 e 16 anos. As escalas foram aplicadas nas
dependências da escola, durante o primeiro semestre de 2016.Os instrumentos foram aplicados
coletivamente, em grupos de até 4 (quatro) estudantes, em sala específica e pré-determinada pela
direção da escola.

RESULTADOS
A maior parte dos adolescentes participantes era do sexo feminino (60,5%, n=26) e (39,5%,
n=17) era do sexo masculino. Com relação à idade havia adolescentes de 14, 15 e 16 anos (M=14,95;
DP=0,532). A grande maioria estava com a idade de 15 anos (72,1%, n=31), seguidos dos de 14 anos
(16,3%, n=7) e dos de 16 anos (11,6%, n=5). Os alunos cursavam o nono ano do Ensino
Fundamental, e o 1º ano do Ensino Médio. As questões relativas à visão positiva e negativa de self,
de mundo e de futuro foram comparadas entre sexo e entre idade. A análise dos Inventários da Tríade
Cognitiva evidenciou que, adolescentes do sexo feminino nas questões de selfpositivo apresentaram
(M=9,50; DP=2,285) e os adolescentes do sexo masculino (M=8,12; DP=0,928). Este estudo foi
estatisticamente significativo, apresentando (p<0,05). Com relação às questões de mundo positivo, a
média do sexo feminino foi de (M=9,81 e DP=2,281, enquanto os adolescentes do sexo masculino
apresentaram (M=8,41; DP=1,583). Este estudo apresentou significância estatística (p<0,05). Na
análise das questões de futuro positivo, adolescentes do sexo feminino apresentaram (M=8,77,

167
DP=2,833), enquanto os do sexo masculino apresentaram (M=6,65; DP=0,786). Este estudo também
apresentou significância estatística (p<0,05). O estudo comparando selfpositivo e self negativocom
idade não foi estatisticamente significativo (p>0,05). Nas questões de selfnegativo observamos que
os adolescentes de 14 anos apresentaram (M=16,29; DP 1,976), os de 15 anos (média 14,87, DP
2,566) e os de 16 anos (M=14,60 e DP 5,079). Este estudo não apresentou significância estatística
(p>0,05). Analisando as questões de mundo positivo e idade, verificamos uma significância
estatística (p<0,05) na comparação das idades de 14 e 15 anos. Adolescentes de 14 anos
apresentaram (M=8,00; DP=1,414), adolescentes de 15 anos (M=9,52; DP=2,127) e adolescentes de
16 anos (M=9,40; DP=2,702. Não encontramos relevância estatística nos estudos da visão negativa
de mundo na comparação entre as idades de 14 e 15, 14 e 16 e 15 e 16 anos. Todas as comparações
apresentaram (p>0,05).

Variáveis Masculino Feminino Significância


Self Positivo 8,12 17,71 p<0,05
Self Negativo 17,71 14 p<0,05
Mundo Negativo 8,41 9,81 p>0,05
Mundo Positivo 12,94 12,23 p>0,05
Futuro Negativo 6,65 8,77 p<0,05
Futuro Positivo 16,12 14,62 p<0,05

DISCUSSÃO
Na análise de self positivo com sexo, o estudo mostrou que as adolescentes do sexo feminino
têm uma visão mais positiva de self do que os do sexo masculino; consequentemente na análise de
self negativo os adolescentes do sexo masculino mostram uma visão mais negativa de self. Nas
análises de mundo positivo e futuro positivo as adolescentes do sexo feminino mostraram melhores
resultados que os adolescentes do sexo masculino. Na comparação das questões de self positivo e self
negativo com idades, o estudo demonstrou que os adolescentes de 16 anos têm uma visão mais
positiva de self, seguidos dos de 15 e 14 anos, respectivamente. Os adolescentes de 14 anos têm uma
visão mais negativa de self em comparação com os de 15 anos e os de 16 anos. Os adolescentes de
15 anos têm uma visão mais positiva de mundo em comparação com adolescentes de 16 anos e de 14
anos. Os adolescentes de 16 anos apresentaram uma visão mais positiva de futuro em comparação
com os de 15 e os de 14 anos. O estudo comparando visão negativa de futuro entre adolescentes de
14 e 15 anos foi estatisticamente significativo (p<0,05) e demonstrou que os estudantes de 14 anos
apresentaram uma visão mais negativa de futuro em comparação com os de 15 anos. Os adolescentes
de 16 anos apresentaram uma visão mais negativa de futuro. A partir deste trabalho, não foi possível
confirmar nossa hipótese inicial de que as adolescentes do sexo feminino, mais do que os
adolescentes do sexo masculino, apresentariam uma tríade cognitiva negativa, tendo em vista que a
literatura aponta que a depressão é mais comum em meninas. Seriam necessários mais estudos para
verificar se esta tendência é verificada somente nesta escola ou se é uma realidade presente na cidade
de Divinópolis.

CONCLUSÕES
Os instrumentos de avaliação psicológica buscam avaliar as crianças e adolescentes para
definição de um diagnóstico mais preciso. O Inventário da Tríade Cognitiva juntamente com outros
instrumentos pode auxiliar profissionais na detecção da presença da depressão. Com esse estudo foi

168
possível conhecer o perfil cognitivo dos adolescentes que estudam na escola onde se realizou a
pesquisa, revelando sua visão de si, de mundo e de futuro.

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04712015000100008&lng=pt&tlng=pt.

169
A AGRICULTURA FAMILIAR E AS LEIS AMBIENTAIS: UMA PESQUISA
EXPLORATÓRIA NO MUNICÍPIO DE DIVINÓPOLIS - MG

SILVA,Danielly Fernanda¹. FONSECA, Alysson Rodrigo².

Síntese: Esta pesquisa buscou verificar a percepção e conhecimento de agricultores familiares do município de
Divinópolis/MG quanto ao conceito e importância das Àreas de Preservação Permanentes (APP’s) e das Reservas
Legais (RL’s), através de entrevista semi estruturada. De um modo geral verificou-se que os produtores
entrevistados apresentaram um conhecimento parcial e fragmentado sobre as APP’s e a RL. Aliado a isso, a
maioria dos entrevistados relataram não possuir registro da RL em cartório ou sua inscrição no Cadastro
Ambiental Rural - CAR.Os resultados evidenciam a necessidade de instrução e capacitação dos proprietários
rurais quanto à legislação ambiental, assim como a criação de mecanismos de incentivo e suporte para a
regularização ambiental das propriedades.

Palavras–chave: Produção agropecuária; Legislação Ambiental; Código Florestal.

INTRODUÇÃO
As Áreas de Preservação Permanentes (APP’s) são consideradas pelo novo Código Florestal
como áreas protegidas, cobertas ou não por vegetação nativa, com a função de preservar os recursos
hídricos, a paisagem e estabilidade geológica e a biodiversidade. Já a Reserva Legal (RL) tem como
finalidade preservar parte dos recursos naturais das propriedades rurais, assegurar o uso econômico
de modo sustentável de forma a auxiliar na conservação e reabilitação dos processos ecológicos e
ainda, promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre
e flora nativa (BRASIL, 2012). A discussão sobre a importância, regulamentação, controle e
recomposição dessas áreas de preservação têm sido muito intensa no âmbito do legislativo, entidades
governamentais e não governamentais, sem na maioria das vezes levar em consideração os
detentores dessas áreas, ou seja, os produtores rurais.
Segundo dados do PDR (2009), o não cumprimento da legislação ambiental por produtores
da agricultura familiar no município de Divinópolis- MG é evidenciado pelo índice de apenas 12,9%
da área total destas propriedades serem ocupadas por APP’s e RL’s, o que pode indicar uma falta de
conhecimento e/ou incentivo por parte do produtor rural na preservação, recuperação e registro
dessas áreas. Mendes (2007) e Filho et. al. (2007) acreditam que um dos maiores problemas em
torno do não cumprimento da lei ambiental, especialmente no que se refere às APP’s e reservas

¹Graduanda em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado de Minas Gerais. E-mail: dany_fernanda@hotmail.com
2
Doutor em Ciências - Entomologia pela Universidade Federal de Lavras - UFLA. Professor na Universidade do Estado
de Minas Gerais – UEMG/campus Divinópolis.

170
legais refere-se à ausência ou ineficiência de incentivos fiscais e econômicos para a recuperação e
preservação dessas áreas, à fiscalização negligente e ainda, à falta de conhecimento da legislação por
parte dos agricultores, dificultando o entendimento da importância de se preservar parte do seu
terreno. Torna-se importante, portanto, conhecer como os impactos econômicos, ambientais e sociais
são percebidos pelos proprietários rurais diretamente afetados pelas leis ambientais, assim como eles
percebem a importância dessas áreas.

MÉTODOS
O presente trabalho foi fundamentado nos preceitos metodológicos da pesquisa quali-
quantitativa, utilizando uma metodologia de pesquisa de cunho exploratório descritivo,
namodalidade de estudo de caso, sendo a população-alvo os produtores rurais da agricultura familiar
de Divinópolis - MG, que apresenta área de 716 km² e população de 216.099 habitantes (IBGE,
2010).
Foram convidados a participar da pesquisa todos os produtores rurais pertencentes à
agricultura familiar, que buscaram algum tipo de assistência técnica no escritório da Empresa de
Assistência Técnica e Extensão Rural – EMATER, no município de Divinópolis, entre janeiro a
julho de 2015, totalizando 30 indivíduos.Como instrumento de coleta de dados foi utilizado um
roteiro de entrevista semi estruturada, além de pesquisa no banco de dados secundários do Programa
de Aquisição de Alimentos (PAA), disponibilizado pela Secretaria Municipal de Agronegócios de
Divinópolis – SEMAG e EMATER.
Os dados obtidos nas questões estruturadas da entrevista foram tabulados utilizando-se
análises estatísticas descritiva, como média e frequência e apresentados em gráficos e/ou tabelas. As
informações obtidas nas questões abertas foram analisadas através da metodologia de Análise de
Conteúdo proposta por Bardin (2009). Por se tratar de uma pesquisa que envolve diretamente seres
humanos (Resolução do Conselho nacional de Saúde CNS 466/12), o projeto foi encaminhado para
um Comitê de Ética, devidamente cadastrado junto à Comissão Nacional de Ética e Pesquisa -
CONEP e aprovado através do Parecer Consubstanciado CAAE:31293114.0.0000.5115.

RESULTADOS
Dentre os 30 produtores rurais que aceitaram participar das entrevistas, a maior parte
apresentava idade entre 25 e 59 anos 63,3%; 26,7% situavam-se na faixa etária entre 60 e 80 anos e
jovens entre 19 e 24 anos corresponderam a 10% dos produtores entrevistados. Destes, 93,3% eram
do gênero masculino e 6,7% do gênero feminino. Em relação ao grau de escolaridade, 76,7% dos
entrevistados possuíam o ensino fundamental incompleto, 13,3% o ensino médio completo e apenas
10% o ensino superior.
Arespeito dos dados da unidade de produção rural, verificou-se que 93,3% dos entrevistados
eram proprietários das terras, havendo 6,7% de arrendatários. As áreas das propriedades, variaram de
3 a 54 hectares, sendo 16,7% os que possuíam de 3 até 6 hectares; 16,7% acima 6 até 9 hectares;
16,7% acima de 9 até 15 hectares; 6,6% acima de 15 até 20 hectares; 23,3% acima de 20 até 30
hectares e 20% com área acima de 30 ha, sendo a maior propriedade registrada com 54 ha. Ao
analisar a questão de moradia, 86,7% moram na propriedade e 13,3% moram na cidade.
Quando questionados se recebem assistência técnica, 90% responderam positivamente, sendo
as entidades prestadoras de serviço a EMATER 50% e a Associação dos Pequenos Produtores da
Agricultura Familiar de Divinópolis – APRAFAD 6,7%. Um montante de 23,3% recebem assistência
de ambas as prestadoras citadas e 10% pagam por assistência particular. A respeito da frequência das
visitas, 74,1% recebem assistência uma vez por mês, 11,1%(n=3) duas vezes mensalmente, 11,1%
recebem uma vez por semana e 3,7%recebem de dois em dois meses.
Quando questionados se tinham conhecimento sobre a definição de Área de Preservação
Permanente (APP), 86,7%responderam que sim e 13,3%que não ou que somente tinham ouvido
falar. Para os produtores que responderam saber o significado de APP, foi argumentado a estes qual
sua definição do termo. Para 50% dos entrevistados, as APP’s seriam“áreas destinadasà proteção e
preservação de nascentes e cursos d’água e que por lei há uma área mínima a ser destinada na
propriedade para este propósito”. Segundo 30,8%seria uma “reserva presente nas propriedades” e
para 19,2%uma “área que teria como objetivo preservar o meio ambiente, não podendo ser
alterada”.
Sobre a importância das APP’s, 60%responderam que estas áreas são importantes para preservar os
rios, nascente e o meio ambiente, 16,7%que aumentam o nível de água, 10% disseram ser
importantes para a conservação do solo e evitar a erosão e 13,3% não responderam. Quando
questionados se possuem algum conhecimento sobre a legislação ambiental vigente que trata das

APP’s, 73,3% produtores responderam não saber sobre o assunto e 26,7% disseram ter
conhecimento parcial sobre o tema.Os produtores que responderam não ter APP’s em suas
propriedades 6,7% ou as possuem parcialmente preservadas 23,3%foram questionados se tem algum
interesse em recuperar essas áreas,23,3 não demonstraram interesse nesta recuperação.
A respeito da definição de Reserva Legal, para 20,3%, é 20% da área do terreno, 16,7% uma
Reserva dentro da propriedade, 13,3% uma área que não pode mexer, 10% uma porcentagem do
terreno, 6,7 % área registrada para proteção do meio ambiente e 30% não souberam dar uma
definição.Sobre a importância das reservas legais, 36,7% responderam “ser importante para a
conservação e preservação do meio ambiente”, 26,7% disseram “não saber qual a importância”;
16,6% apontaram ser “para proteger a fauna e a flora”, 13,3% não responderam e 6,7% (n=2)
disseram ser “importante para proteção contra o desmatamento”.
Questionados a respeito da existência e condição de preservação daRLemsuas propriedades,
86,6 % produtores relataram“estar preservada totalmente”, 6,7% “preservada parcialmente” e
6,6%afirmaram “não possui Reserva Legal”. Sobre a averbação em cartório das reservas legais e/ou
registro no CAR, 36,7% produtores relataram a averbação da RL nas suas propriedades, 10%
disseram já terem feito o CAR e 6,7 % estão em processo para realização deste. Um montante de 14
produtores ainda não tem a RL averbada e/ou seu cadastro no CAR.

DISCUSSÃO
Sobre os dados referentes à caracterização socioeconômica verificou-se uma baixa
escolaridade dos agricultores entrevistados e ainda, que a maioria das propriedades eram pequenas,
não ultrapassando os54 ha. Todas estas propriedades são consideradas pequenas unidades de
produção familiar, tendo-se como referência para esta classificação a Lei 8.629, de 25 de fevereiro de
1993 (BRASIL, 1993), na qual são consideradas pequenas propriedades aquelas que têm a sua área
compreendida entre 1 e 4 módulos fiscais.
As principais fontes de consultoria são obtidas através da EMATER e da APRAFAD. Costa e
Costa (2011)afirmam que dentre as várias finalidades atribuídas à extensão rural estão a demelhorar
as condições econômicas e sociais da população rural, fornecer aos produtores os conhecimentos
científicos de forma a aplicá-los nos problemas da família agricultora, e com isso melhorar as
condições de vida e de trabalho, além de auxiliar no contrato de programas governamentais de
incentivo ao produtor da agricultura familiar, como o Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar e o Programa de Aquisição de Alimentos, respectivamente o PRONAF e o
PAA.
A respeito do conhecimento sobre a legislação ambiental vigente, em especial sobre às APP’s
e RL, de um modo geral, as respostas foram corretas, entretanto, fragmentadas, destacando apenas

172
importâncias pontuais, evidenciando que o conhecimento sobre essa parte da legislação é limitado e
incompleto.
A respeito das Áreas de Preservação Permanente, verificou-se a predominância de respostas
direcionadas para a importância da preservação de mananciais, como rios, córregos e nascentes e
ainda, da biodiversidade e do solo. Segundo Sant’anna et al.(2012), as APP’s são fundamentais para
a manutenção dos sistemas naturais, e a produtividade e sustentabilidade das atividades
agropecuárias. No entanto, costuma faltar, ao pequeno proprietário rural, informações precisas da
legislação especifica, incentivos financeiros e uma real percepção da importância de manutenção
destas áreas naturais em sua propriedade, o que faz com que eles não reconheçam a importância de
mantê-las preservadas.Klein et al. (2015) relataram em seu trabalho realizado em um município do
Paraná, que alguns agricultores afirmaram uma certa resistência na constituição de APP’s, pois os
mesmos acreditavam que deixar de cultivar na beira de rios prejudicaria o faturamento mensal.
Ao analisar as respostas obtidas sobre a RL, foi perceptível que os produtores ouviram ou
leram comentários/reportagens sobre o assunto, mas não possuem compreensão clara do que
realmente são essas áreas. Metzger (2011) ressalta a importância da RL como sendo uma área dentro
da propriedade rural que deve ser preservada por abrigar parcela representativa do ambientenatural
da região onde está inserida, tornando possível a reabilitação e a conservação da biodiversidadeda
fauna e flora local.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi possível perceber que os produtores entrevistados apresentavam uma percepção
fragmentada e limitada sobre a legislação ambiental vigente e em especial à RL e as APP’s, não
possuindo de fato um conhecimento real do que é exigido. Este pouco embasamento teórico pode ser
explicado, em parte, à baixa escolaridade, aliado à falta de informação que chega a estes.
Foi também notório que os entrevistados estabeleceram uma diferença de percepção entre a
APP e a RL, sendo que o interesse em recompor as APP’s se mostrou mais presente entre os
proprietários, especialmente por estabelecerem uma relação nítida com a preservação da água e do
solo. Ressalta-se também que a perda de área produtiva e consequente diminuição de renda das
propriedades pareceu ser o principal motivo pela falta de interesse de alguns produtores em recompor
ambas as áreas de proteção ambiental.
A partir dessas constatações, torna-se necessário uma ampliação do diálogo com a população
rural, a fim de sensibilizar os agricultores da importância da existência dessas áreas, não somente
para a manutenção do equilíbrio ecológico, mas como elemento imprescindível para a sustentação de
suas atividades agrícolas.

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Viçosa, v. 23, n.1, p. 65-100, 2012.

174
ARBORIZAÇÃO URBANA: A PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS ALUNOS DE UMA
ESCOLA PÚBLICA DE LAGOA DA PRATA

MARTINS, Letícia de Fátima¹, SOUSA, Fabrízio Furtado de²

Síntese: Sãonecessários estudos que possibilitem obter informações básicas sobre a percepção das pessoas sobre a
arborização urbana, uma vez que esse tipo de estudo fornece subsídios para que sejam desenvolvidas políticas
públicas que visem mantê-la e ampliá-la e que sejam realmente efetivas.Na manutenção e ampliação da
arborização urbana a Educação Ambiental (EA) é uma ferramenta de grande valia para disseminar o importante
papel de proteção e conservação deste importante componente do verde urbano. O presente estudo objetivou
avaliar a percepção dos alunos da Escola Estadual Monsenhor Alfredo Dohr, em Lagoa da Prata/MG, em relação
à arborização pública do município. Para tanto, foram aplicados questionários a 200 alunos, tanto do ensino
fundamental quanto do ensino médio. O questionário abordou de modo geral, dados do entrevistado, seu
conhecimento sobre a arborização urbana, percepção de sua importância ambiental, entre outras questões. Os
resultados apontam que, na percepção da maioria dos alunos, a arborização das ruas da cidade é vista de forma
positiva. Já a supressão de árvores é vista pela maioria de forma negativa. Diagnosticou-se também que os
principais benefícios da arborização reconhecidos pelos entrevistados foram: a redução da poluição do ar, a
melhoria do clima da cidade e a sombra proporcionada.

Palavras-chave: Verde intra-urbano; Paisagem urbana; Conjunto arbóreo .

INTRODUÇÃO
A vegetação desempenha importantes funções nos ecossistemas urbanos, contribuindo assim
para a melhoria da qualidade de vida nas cidades. Um importante componente do verde intra-urbano,
são as árvores da arborização pública. De acordo com Rodrigues et al. (2002), além desua função
paisagística, estas árvores promovem os seguintes benefícios: (a) purificação do ar pela fixação de
poeiras e gases tóxicos e pela reciclagem de gases através dos mecanismos fotossintéticos; (b)
melhoria do microclima da cidade, pela retenção de umidade do solo e do ar e pela geração de
sombra; (c) influência no balanço hídrico, favorecendo a infiltração da água no solo e provocando
evapotranspiração mais lenta; (d) abrigo à faunae (e) amortecimento de ruídos.
De acordo com Del Rio e Oliveira (1999), para um melhor planejamento e compreensão dos
ambientes, fazem-se necessários estudos que foquem a percepção da população em relação ao meio
ambiente, pois no uso cotidiano dos espaços, dos equipamentos e serviços urbanos, a população
sente diretamente o impacto da qualidade ambiental. Assim, estudos de percepção possibilitama
obtenção de informações fundamentais para a gestão sustentável das cidades, incluindo-se neste
contexto os processos relacionados à arborização urbana.

OBJETIVOS
Objetivou-se neste trabalho caracterizar a percepção, no que diz respeito às questões e aos
conceitos ambientais, que os alunos de uma escola pública de Lagoa da Prata/MG têm a respeito da
arborização urbana, visando fornecer subsídios para melhorá-la.

1
Graduanda do curso de Ciências Biológicas da UEMG/Unidade Divinópolis-MG. E-mail: leticia.martins93@gmail.com
²Professor orientador da UEMG/Unidade Divinópolis-MG.

175
MÉTODOS
O presente trabalho utilizou-se como modalidade de pesquisa, o estudo de caso e foi
considerada como população de estudo 200 alunos. A direção escolar permitiu a realização do
trabalho, e o processo de pesquisa foi iniciado com os pesquisadores, apresentando o projeto aos
alunos que foram convidados a participar da pesquisa.
A coleta de dados foi realizada por meio da aplicação de questionários. Foi utilizado um
questionário semiestruturado com doze perguntas, que aborda de maneira geral dados do aluno,
conhecimento sobre a arborização urbana, percepção de sua importância ambiental, entre outras
questões.
De acordo com Chaer, Diniz e Ribeiro (2011), o questionário é uma técnica de investigação
que deixa o propósito a ser alcançado muito claro, já que o mesmo é composto por um número de
questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões,
crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas etc.
Os dados foram tabulados e analisados de acordo com suas frequências absoluta e relativa. O
processo de categorização foi adotado para a análise qualitativa dos dados, já para a análise
quantitativa foi estabelecido porcentagens para as questões fechadas e foi realizado o cruzamento dos
resultados obtidos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram aplicados no total, 200 questionários, sendo que, a maioria dos entrevistados 55,0%
era do sexo feminino e 42,5% do sexo masculino. Esta diferença entre os gêneros deu-se em função
da composição das turmas, que apresentavam mais alunas do que alunos, e também pelo fato das
meninas serem mais frequentes e participativas do que os meninos. Os resultados obtidos na pesquisa
estão sintetizados na Tabela 1.

TABELA 1 – Características e percepção da arborização urbana, segundo os alunos de uma escola


pública do município de Lagoa da Prata/MG.
Variáveis n %
Sim 119 59,5
Existem árvores na calçada de sua residência?
Não 81 40,5
Sua residência está localizada no mesmo lado Sim 116 58,0
da rua que os postes de iluminação pública? Não 81 40,5
Mais baixa que a fiação 65 32,5
Qual o tamanho da árvore presente na calçada
Mais alta que a fiação 27 13,5
de sua residência?
Não sei 23 11,5
Menos de 3m 22 11,0
Qual a distância entre a árvore e o poste de
Mais de 3m 40 20,0
iluminação pública?
Não sei 52 26,0
Sombra 44 22,0
Estetica 2 1,0
Para você, qual a principal função (marque Preservação da natureza 68 34,0
apenas uma opção) da arborização pública
para a cidade? Abrigo para pássaros 3 1,5
Reduzir poluição do ar 69 34,5
Transmitir paz 4 2,0
Você estaria disposto a contribuir com a Sim 147 73,5
arborização da cidade, participando como
voluntário em mutirões de plantio de árvores? Não 51 25,5
Você estaria disposto a contribuir com a
Sim 163 81,5
arborização da cidade, se responsabilizando
pelo cuidado de uma árvore plantada na
Não 33 17,5
calçada de sua residência?

176
Você estaria disposto a contribuir Sim 127 63,5
financeiramente para a ampliação e
manutenção da arborização de nossa cidade? Não 66 33,0
Com qual valor você estria disposto a Menos de R$5,00 17 8,5
contribuir financeiramente para a ampliação e Entre R$ 5,00 e R$10,00 49 24,5
manutenção da arborização de nossa cidade? Mais de R$ 10,00 9 4,5
Positiva 111 55,5
Qual é sua impressão geral da arborização de
Negativa 25 12,5
rua em nosso município.
Neutra 59 29,5
Qual é sua impressão do trabalho de Positiva 20 10,0
supressão de árvores (cortes de árvores) Negativa 123 61,5
realizado pela prefeitura? Neutra 54 27,0

Indagados sobre a existência de árvores na calçada de suas residências, 59,5% dos


entrevistados afirmaram existir pelo menos uma árvore na calçada de sua residência, já 40,5%
alegaram não possuir árvores na calçada. Contudo, quanto maior o nível de urbanização, maior é a
necessidade de arborização de ruas, pois ela contribui com a saúde ambiental do ecossistema urbano
(MENEGUETTI, 2003).
Quando perguntados a respeito da residência, se é ou não localizadas no mesmo lado que os
postes de iluminação pública, a maioria 58,0% alegaram que sim, suas residências são do mesmo
lado, e 40,5% disseram que não possuem postes de iluminação pública no lado da rua em que se
localiza sua residência. Sendo assim, percebe-se que as informações entre ter árvores na calçada e
possuir iluminação pública no mesmo lado da residência, se intercalam porque a população evita
plantar árvores nas calçadas, pois uma calçada mal iluminada e com árvores aumenta o risco de
meliantes se esconderem.32,5% dos entrevistados informaram que o tamanho da árvore existente na
calçada de sua residência é menor que a da fiação da iluminação pública. Já, no que se refere à
distância entre a árvore e a fiação, 20,0% afirmaram ser maior que 3m, demonstrando assim, que
apesar do plantio de árvores pelos moradores ser importante, é necessária muita atenção. Este dado é
importante para o planejamento da arborização, pois nas árvores próximas à fiação deve ser realizada
poda periódica, respeitando-se as distâncias mínimas de segurança. E a intensidade desta poda varia
conforme o modelo de rede existente.
Quando questionados sobre a possibilidade de contribuírem financeiramente para a promoção
da arborização urbana, observou-se que a maioria dos entrevistados 63,5% afirmaram não estar
dispostos a contribuir financeiramente. Apenas 24,5% dos alunos entrevistados mostraram-se
dispostos a contribuir com uma quantia entre R$5,00 e R$10,00. Nota-se, assim, que se, de um lado
os moradores reconhecem a importância e os benefícios da arborização, por outro, não desejam
contribuir financeiramente com a manutenção da arborização urbana.Esses resultados divergem dos
encontrados em outros estudos, como Malavasi e Malavasi (2001), no qual 91% dos entrevistados
afirmaram estar dispostos a contribuir anualmente com valores entre R$ 1,00 e R$ 5,00 para a
manutenção da arborização urbana. Essas diferenças podem estar relacionadas a uma série de fatores,
entre eles o nível socioeconômico da população entrevistada e a desconfiança ou descrença, por parte
da mesma, quanto ao emprego correto da sua contribuição financeira na manutenção da arborização
de suas ruas.
Quando indagados sobre a impressão geral em relação à arborização das ruas de seu
município, 55,5% dos entrevistados classificou sua rua como “razoavelmente arborizada”. Essa
classificação pode ser subjetiva, pois depende do maior ou menor grau de vivência do morador
naquele local, além disso, os entrevistados podem tomar como base para dar a resposta apenas à
arborização de sua rua ou bairro e não da cidade como um todo.
Por fim, quando perguntados sobre a impressão do trabalho de supressão de árvores,
realizado pela prefeitura, 61,5% o perceberam de forma negativa, segundo Malavasi e Malavasi
(2001), as prefeituras municipais não apenas devem executar a arborização urbana, como também

177
zelar pela sua manutenção. Tais competências devem ser explícitas nos planos diretores e nas leis do
uso do solo dos municípios ou regiões metropolitanas.
A opinião dos alunos a respeito de afirmativas sobre arborização urbana está sintetizada na
Tabela 2. Todos os alunos entrevistados consideraram-na importante na cidade. O fator redução de
poluição do ar foi apontado pela grande maioria dos alunos,84,5% como a maior vantagem da
presença de árvores nas vias públicas.
Com relação à presença de iluminação pública acima da arborização, verificou-se que é um
problema, pois na maioria das casas que possuem árvores, elas se encontram abaixo da fiação. Sendo
assim, percebe-se que as informações entre ter árvore na calçada e possuir iluminação pública no
mesmo lado da residência se intercalam porque a população evita plantar árvores nas calçadas, pois
uma calçada mal iluminada e com árvores aumenta o risco de meliantes se esconderem.

TABELA 2 – Opinião de alunos de uma escola pública de Lagoa da Prata/MG sobre afirmativas
relacionadas à arborização urbana.
Opinião a respeito de afirmativas
sobre a arborização urbana (%)
Afirmativa
Discord
Concordo Neutro
o
a) Reduzem a poluição do ar. 84,5 11,0 7,0
b) Ajudam na infiltração da água da chuva. 59,0 13,5 23,0
c) Servem de abrigo para animais silvestres. 74,0 4,5 17,0
d) Melhoram o clima da cidade. 84,0 4,5 6,5
e) Atrapalham a iluminação pública/Escurecem a
15,0 58,5 23,0
cidade a noite.
f) Sua sombra são pontos de encontro, permitem a
80,0 3,0 11,5
socialização.
g) Permitem a recreação (brincar, descansar, etc.). 60,0 4,5 28,0
h) A prefeitura deve ser a principal responsável pela
58,0 12,0 25,0
manutenção da arborização urbana.
i) Os moradores devem ser os responsáveis pela
59,5 11,5 24,5
manutenção da arborização urbana.

CONCLUSÕES
Os resultados do presente trabalho demonstraram que, os moradores de Lagoa da Prata- MG
percebem a importância da arborização urbana e reconhecem os principais benefícios
proporcionados por ela. No entanto, não estão dispostos a contribuir financeiramente para sua
manutenção e ampliação. A arborização da cidade é percebida de forma positiva, mas a supressão e
poda de árvores são percebidas de forma negativa.

REFERÊNCIAS
CHAER, G.; DINIZ, R. R. P.; RIBEIRO, E. A. A técnica do questionário na pesquisa educacional.
Evidência, Araxá, v. 7, n. 7, p. 251-266, 2011
DEL RIO, V.; OLIVEIRA, L. Percepção Ambiental: A experiência brasileira. São Paulo:
UFSCAR/Studio Nobel, 1999. 265 p.

178
MALAVASI, U. C., MALAVASI, M. M. Avaliação da arborização urbana pelos residentes – estudo
de caso em Mal. Cândico Rondon – Paraná. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 11, n. 1, p. 189-193,
2001.
MENEGUETTI, G.I.P. Estudo de dois métodos de amostragem para inventário da arborização
de ruas dos bairros da orla marítima do município de Santos-SP. 2003. 100p. Dissertação
(Mestrado em Recursos Florestais) – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba,
2003.
RODRIGUES, C.A.G; BEZERRA, B.C.; ISHII, I.H.; CARDOSO, E.L.; SORIANO, B.M.A.;
OLIVEIRA, H. Arborização Urbana e Produção de Mudas de Essências Florestais Nativas em
Corumbá, MS. Corumbá: EMBRAPA Pantanal, 2002, 27 p.

179
ÁREAS VERDES URBANAS E O PERFIL DOS USUÁRIOS DAS ACADEMIAS AO AR
LIVRE DE CLÁUDIO-MG

SILVA, Thaís Ribeiro da¹; SOUSA,Fabrízio Furtado de²;AMARAL, Kátia Jéssica Brandão³;
FREITAS, Leonardo Gomes de.

Síntese: O presente trabalho teve por objetivo identificar o perfil dos frequentadores e o padrão de uso das
academias ao ar livre (AAL) de Cláudio-MG, visando fornecer subsídios para melhorar a satisfação de seus
usuários. Para isso foram entrevistados os usuários de duas AAL da cidade, os respondentes foram escolhidos ao
acaso e entrevistados pessoalmente. Na pesquisa foi utilizado um questionário constituído de perguntas sobre
aspectos relacionados aos dados pessoais dos usuários, frequência e sugestões para a utilização do espaço. Após a
análise dos questionários constatou-se que: 34,24% eram do sexo masculino; a faixa etária estava entre 12 e 68
anos; 9,6% são hipertensos; 4,1% são diabéticos; 60,3% possuem renda domiciliar de R$1.000,00 a
R$2.999,00.Observou-se também que, 45,2% dos frequentadores eram de trabalhadores ativos, 32,9% eram
estudantes e 15,1% donas de casa. Os desempregados e aposentados perfizeram, respectivamente, 4,1 e 2,7% da
amostra. As principais reivindicações dos usuários foram: manutenção da área verde e dos equipamentos,
melhorias na limpeza, presençade monitor para instruir como usar adequadamente os equipamentos, e
implantação de bebedouros no local. Assim, com base nos resultados, é possível destacar que são necessárias
melhorias para que estes locais possam oferecer mais e melhores benefícios para a população.

Palavras-chave: Espaços verdes urbanos; Equipamento público; Qualidade de vida.

INTRODUÇÃO
Segundo Fermino e Reis (2013), a combinação de disponibilidade de locais, estruturas e
equipamentos nos espaços verdes urbanos podem contribuir para atrair a população a visitá-los, o
que, potencialmente, possibilitaria o seu maior uso e a prática de atividade física. Portanto, as
academias ao ar livre instaladas em áreas verdes são um exemplo de equipamento público que atende
a este pressuposto.
As academias ao ar livre têm sido amplamente implantadas em diversas cidades brasileiras
como forma de incentivo à prática de atividade física e especula-se que existem mais de 7.500
unidades instaladas em mais de 2.000 municípios (SALIN, 2013). No entanto, até o presente
momento existem poucos estudos que tenham identificado o perfil dos usuários e o padrão de uso
destas estruturas. Sendo assim, o potencial que as academias ao ar livre podem apresentar para a
promoção de atividade física na comunidade também é desconhecido. A identificação destas
características possibilitaria aos gestores direcionarem as intervenções para que alcancem diferentes
grupos populacionais, reduzindo assim, as desigualdades observadas, entre estes grupos, nos níveis
de atividade física (BAUMAN et al., 2012).

OBJETIVO
O objetivo deste trabalho foi identificar o perfil dos frequentadores e o padrão de uso das
academias ao ar livre (AAL) de Cláudio, Minas Gerais, visando fornecer subsídios para melhorar a
satisfação de seus usuários.

1
Aluna do Curso de Ciências Biológicas da UEMG/Unidade Divinópolis, bolsista do PAPq/UEMG. E-mail:
thais.tata.1994@hotmail.com
Professor orientador da UEMG/Unidade Divinópolis.
Professor colaborador da UEMG/Unidade Divinópolis.

180
MATERIAIS E MÉTODOS
Foi considerada como população de estudo os frequentadores de duas AALs do município de
Claúdio/MG. O levantamento junto à amostra foi realizado nos meses de abril a setembro do ano de
2016, por meio de entrevista. Foi utilizado um questionário semiestruturado com 19 (dezenove)
perguntas,que abordou de maneira geral dados do usuário, frequência, conhecimento sobre o local,
entre outras informações. Os respondentes foram escolhidos ao acaso e entrevistados pessoalmente.
A coleta foi realizada em dois dias da semana (segunda e quarta-feira), e dois dias do final de
semana (sábado e domingo) em quatro horários do dia (8:00 h às 9:00 h, 11:00 h às 12:00 h, 14:00 h
às 15:00 h, 17:00 h às 18:00 h). Esta opção foi adotada com o objetivo de contemplar diferentes
perfis de usuários.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram entrevistadas, por meio de questionários, 73 pessoas em duas AALs do município de
Cláudio-MG, uma no povoado de Bocaina e a outra na Rodovia MG-260. Deste total 34,2% eram
homens e 65,8% mulheres. Observou-se que as mulheres são mais frequentes, diferindo assim do
estudo do Ministério da Saúde, no qual foi verificado que os homens, fazem mais exercícios físicos
que as mulheres, ou seja, segundo este estudo, 41,2% dos homens praticam algum exercício em seu
tempo livre, no entanto, apenas 27,4% das mulheres fazem o mesmo (LEAL, 2014). Verificou-se,
também, que 37,0% dos usuários entrevistados possuíam o ensino fundamental incompleto e a renda
de 60,3% dos usuários estava compreendida entre R$ 1.000,00 e 2.999,00 (TABELA 1).
Em relação à hipertensão, 9,6% declararam possuir, enquanto 4,1% declararam possuir
diabetes, constatando-se, assim que, há maior número de usuários hipertensos do que diabéticos.
Resultados divergentes dos encontrados por Iepsen e Silva (2015), em AAL de Pelotas, onde 45,8%
dos frequentadores relataram ter pressão alta, 10,5% ter diabetes e 64,4% utilizavam algum tipo de
medicamento; sendo que, estudos de base populacional realizados nesta mesma cidade encontraram
prevalências que correspondem a pouco mais da metade da encontrada entre os frequentadores das
AAL estudadas, ou seja, 23,6% de hipertensão arterial e 5,6% de diabetes mellitus. Segundo estes
mesmos autores, resultados semelhantes aos seus foram encontrados em usuários de uma Academia
da Cidade de Belo Horizonte (41,6% hipertensos, 9,3% diabéticos, 68,4% tomam algum
medicamento) e de usuários das Academias da Melhor Idade de Joinville (46,3% hipertensos, 22,0%,
diabéticos). Com relação ao sexo, a hipertensão está mais presente no sexo feminino com 10,4%. Já a
diabetes não se diferencia entre os sexos, sendo que 4,2% das mulheres e 4,0% dos homens a
manifestam (TABELA 1). Sendo assim, a prática de atividade física nas AALs entre estes usuários
(diabéticos e hipertensos) é importante, pois ajuda no tratamento da morbidade.
Constatou-se que 58,9% dos usuários estão muito satisfeitos com a saúde. Resultados
semelhantes foram observados por Fermino e Reis (2013) em Curitiba-PR, Salin (2013) em
Florianópolis-SC e Iepsen e Silva (2015)em Pelotas-RS, em que, respectivamente, 50,9%, 47,2% e
48,3% dos usuários de AAL destas cidades perceberam sua saúde como sendo boa.
Dentre as sugestões citadas pelos usuários, 16,4% questionaram a falta de bebedouros no
local, o fato é que a AAL fica muito distante de suas casas, o que se torna difícil tomar água após as
atividades. 9,6% dos usuários questionaram que o espaço poderia ser maior. Quanto a essa questão,
Marcelinno (2015) afirma que, muitas vezes a solução não está em construir mais equipamentos e
nem aumentar o espaço, mas sim na revitalização e recuperação do espaço, destinado à função que se
originou, ou em fazer adaptações necessárias que somem a outras finalidades.
Os usuários que declararam a falta de um profissional de educação física para ensinar a usar
os equipamentos corretamente foram 8,2%. A atividade física será sempre benéfica desde que
realizada de forma regular, controlada e bem orientada, mas também pode ser prejudicial quando não
forem tomadas as devidas precauções, principalmente, para pessoas que resolvem sair de longos
períodos de sedentarismo (CARVALHO et al., 1995).
Observou-se que, poucas pessoas se preocupam com a presença de vegetação nestes locais,

181
uma vez que apenas 5,5% dos usuários afirmaram que faltam árvores no entorno da AAL, mesmo
este sendo pouco arborizado. A presença de áreas verdes no entorno das AALs é um fator importante
para o bem-estar dos usuários, pois, a vegetação, principalmente arbórea, proporciona vários
benefícios, dentre eles: (a) ar mais puro aos praticantes de atividades físicas; (b) uma paisagem que
trás mais tranquilidade e (c) redução do ruído dos carros. Proporcionando aos usuários uma prática
de atividades mais relaxante e saudável.

Tabela 1: Descrição da frequência e das variáveis demográficas e socioeconômicas dos usuários das
Academias ao Ar Livre (AAL) da cidade de Cláudio- MG, 2016.

Variáveis n %
Sexo
Masculino 25 34,2
Feminino 48 65,8
Escolaridade
Analfabeto 1 1,4
Fund. incompleto 27 37,0
Fund. completo 8 11,0
Médio incompleto 9 12,3
Médio completo 21 28,8
Superior incompleto 4 5,5
Superior completo 3 4,1
Estado Civil
Solteiro 41 56,2
Casado 24 32,9
Separado/Divorciado 3 4,1
Viúvo 4 5,5
Outro 1 1,4
Renda Domiciliar
≤ R$ 999 26 35,6
R$ 1.000-2.999 44 60,3
R$ 3.000-4.999 2 2,7
R$ ≥5.000 1 1,4
Possui hipertensão
Sim 7 9,6
Não 66 90,4
Possui diabetes
Sim 3 4,1
Não 70 95,9
Profissão / Principal ocupação
Estudante 24 32,9
Dona de casa 11 15,1
Trabalhador ativo 33 45,2
Aposentado 2 2,7
Desempregado 3 4,1
Com que frequência você vem a esta AAL?
Primeira vez 8 11,0
De 1 a 2 vezes por semana 30 41,1
De 3 a 4 vezes por semana 25 34,2
Mais de 5 vezes por semana 10 13,7
Quanto tempo você fica neste local?
≥ 31 min/dia 32 43,8
≤ 30 min/dia 41 56,2

182
Quais os dias da semana você geralmente
Frequenta esta AAL?
Principalmente de 2ª a 6ª feira 55 75,3
Principalmente sábado e domingo 8 11,0
Durante toda a semana (2ª a domingo) 10 13,7

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do que foi abordado neste trabalho, percebe-se a importância das AAL’s para a
população Claudiense, posto que, as mesmas proporcionam de forma gratuita a atividade física e o
lazer, principalmente para a população de menor poder aquisitivo. Porém, conclui-se que não basta
apenas implantar estes espaços, devem ser proporcionadas condições para que possam atender com
qualidade seus usuários. Percebe-se ser necessária uma melhor compreensão, por parte dos atores
envolvidos, das políticas públicas de lazer do município, caso existam. Os usuários ainda possuem
muitas necessidades que precisam ser atendidas pelos órgãos municipais responsáveis.
Em relação aos problemas encontrados, o mais preocupante, foi o fato das pessoas,
geralmente, não relacionarem a importância das áreas verdes com a prática de exercícios físicos
nesses locais. Apesar das áreas verdes serem um assunto polêmico dentro de educação ambiental,
muitas pessoas ainda veem as árvores apenas como decoração. É muito importante que as pessoas
percebam o papel desempenhado por estas áreas verdes, tanto para melhoria ambiental quanto para o
bem-estar humano.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAUMAN, A. E. et al. Correlates of physical activity: why are some people physically active and
others not? The Lancet, London, v. 380, n. 9838, p. 258-71, 2012.

BRASIL. Ministério da Saúde. Política nacional de promoção da saúde. – Brasília: Ministério da


Saúde, 2006.

CARVALHO, T.; GUEDES, D. P.; SILVA, J. G. S. Atividade física e saúde: Orientações básicas
sobre atividade física e saúde para profissionais das áreas de Educação e Saúde. Brasília: Ministério
da Saúde, Ministério da Educação e do Desporto, 1995. 68 p.

FERMINO, R.C.; REIS, R.S. Variáveis individuais, ambientais e sociais associadas com o uso de
espaços públicos abertos para a prática de atividade física: uma revisão sistemática. Revista
Brasileira de Atividade Física & Saúde,Pelotas,v. 18, n. 5, p.523-535, 2013.

IEPSEN, A. M.; SILVA, M. C. Perfil dos frequentadores das academias ao ar livre da cidade de
Pelotas – RS. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde. Pelotas, RS, v. 20, n. 04, p. 413-
424, 2015.

LEAL, A. Estudo mostra que homens praticam mais atividade física que mulheres. 2014.
Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2014-10/estudo-mostra-que-homens-
praticam-mais-atividades-fisicas-que-mulheres>. Acesso em: 04 nov. 2016.

MARCELINNO, N. C. Subsídios para uma Política de Lazer: o papel da administração pública. In:_
(Org.). Política públicas de lazer. Campinas: Alínea, 2015. Cap. 1, p.11-17.

SALIN, M. S. Espaços públicos para a prática de atividade física: O caso das academias da
melhor idade de Joinville-SC. 2013. 113 p. Tese (Doutorado em Ciências do Movimento Humano) -
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2013.

183
AVALIAÇÃO DO EFEITO DE SURFACTANTES SINTÉTICO E BIOLÓGICO,
COMPOSTO BIOATIVO E CÉLULAS DE BACILLUS SUBTILIS SOBRE LARVAS DE
CULEX QUINQUEFASCIATUS

SOUSA, Fernando Vieira de¹; ALVES, Stênio Nunes²; GONÇALVES Daniel Bonoto ²;PARREIRA,
Adriano Guimarães³.

Síntese: O presente trabalho avalia a suscetibilidade de larvas de Culex quinquefasciatus frente a surfactantes de
origem biológica e sintética, composto bioativo e isolados de Bacillus subtilis. Larvas de 3° e 4° instares de C.
quinquefasciatus foram selecionadas e expostas a variadas concentrações dos diferentes agentes testados. A
recipientes plásticos foram adicionadas água livre de cloro, ração, os compostos avaliados e as larvas, observadas
em intervalos de 24h até se transformarem em indivíduos adultos. Após o levantamento dos dados foi possível
avaliar a efetividade larvicida de todos os elementos estudados. Dentre eles o surfactante sintético e o composto
bioativo apresentaram CL50 significativa, indicando ação larvicida efetiva. O estudo de novos agentes larvicida é
uma importante estratégia na busca de alternativas de controle da infestação de mosquitos, especialmente para
aqueles resistentes aos inseticidas tradicionais, e o presente trabalho contribuiu neste sentido revelando
significativo efeito larvicida de dois novos compostos, dos quais um deles passível de proteção intelectual.

Palavras-chave: Biossurfactantes; Larvicida; Culex quinquefasciatus.

INTRODUÇÃO

Mosquitos são insetos dípteros pertencentes à família Culicidae, conhecidos também como
pernilongos, muriçocas ou carapanãs. Entre os Culicidae encontramos a maior subfamília, Culicinae,
com cerca de 3000 espécies divididas em 10 tribos que reúnem 34 gêneros. Destes, os gêneros Aedes
e Culex são de grande importância sanitária no Brasil, por serem os vetores da dengue e filariose,
respectivamente (PESSÔA, MARTINS, 1988). Estão presentes em todo o território nacional e sua
ocorrência está intimamente associada à presença do ser humano, pois, apesar de sugar sangue de
animais, são antropofílicos, ou seja, têm especial preferência pelo sangue humano. Na tentativa de
combatê-los, a indústria química vem investindo na busca de novos produtos, pois existem relatos de
vários casos de resistência aos empregados atualmente para o controle tanto de Culex como também
espécies de Aedes (CAMPOS, ANDRADE, 2003; MAZZARRI, GEORGHIOU, 1995; RAWLINS,
WAN, 1995; BROWN, 1986). Com base nestas considerações e na constatação de que há poucos
relatos da ação de biosurfactantes, do composto bioativo proposto e de células de B. subtilis em
estudos de suscetibilidade de larvas de Culex, a utilização destes agentes pode revelar potenciais
alternativas de controle da proliferação de C. quinquefasciatus. Dessa forma, o presente trabalho teve
como objetivo principal avaliar a suscetibilidade de larvas de C. quinquefasciatus a diferentes
concentrações dos agentes supracitados.

MÉTODOS

¹Graduanda em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado de Minas Gerais. E-mail: dany_fernanda@hotmail.com
2
Doutor em Ciências - Entomologia pela Universidade Federal de Lavras - UFLA. Professor na Universidade do Estado
de Minas Gerais – UEMG/campus Divinópolis.

184
As larvas de C. quinquefasciatus foram obtidas de criadouro semi-natural na Universidade
Federal de São João Del Rei - Campus Centro-Oeste Dona Lindu em Divinópolis, MG. Para isso, as
fêmeas dos mosquitos ovopositaram em cubas plásticas (50 X 40 X 25cm), contendo cerca de 25 L
de água deionizada e 200g de ração rotineiramente utilizada para a alimentação de camundongos
(Labina - Purina®). A criação foi feita em condições naturais de temperatura e fotoperíodo.
Nos testes de suscetibilidade foram empregados um total de quatro agentes com potencial
ação larvicida. A surfactina de origem biológica foi produzida a partir do cultivo de isolados de
Bacillus subtilis (ATCC 19659) em laboratório, o surfactante sintético Dodecil Sulfato de Sódio
(SDS) foi obtido comercialmente da VETEC® química, as células de Bacillus subtilis (ATCC 19659)
foram cultivadas em laboratório e o composto bioativo contendo enzimas e bactérias obtido
comercialmente e suas características estudadas em laboratório. As concentrações testadas foram 1;
0,1; 0,01 e 0,001mg/mL para Surfactina, SDS e Bacillus Subtilis e 10; 1; 0,1 e 0,01mg/mL para o
composto bioativo.
Para cada teste de suscetibilidade foram empregadas 240 larvas de 3° e 4° instares de C.
quinquefasciatus, distribuídas em quatro concentrações dos agentes avaliados. Foram utilizados 12
recipientes plásticos contendo um número de 20 larvas em cada, além de 100mL da solução testada
nas diferentes concentrações, os tratamentos, e ração. Nos recipientes com o grupo controle foram
adicionados 100 mL de água e ração apenas. Todos os testes seguiram o protocolo da Organização
Mundial de Saúde(OMS, 1981). Para análise dos resultados foram utilizados o programa Excel 2013,
Micro probit 3.0 e DL50 para a determinação das concentrações letais.

RESULTADOS
Após a análise dos dados foi obtida para o SDS CL50de 0,119 mg/mL, enquanto para o
composto bioativo foi obtida CL50de 1,832 mg/mL, com intervalos de confiança de 95%. Já a
surfactina e isolados de Bacillus subtilis apresentaram baixa atividade larvicida, não sendo possível o
levantamento da CL50 como nos outros agentes.
As larvas expostas ao SDS já nas primeiras 24 horas alcançaram um percentual cumulativo de
mortalidade de aproximadamente 26% e de forma progressiva levou a óbito 45% das larvas até o
final das 168 horas de condução do experimento. O bioativo, nas primeiras 48 horas, promoveu
aproximadamente 16% de mortalidade total das larvas e após este período apresentou-se promissor
com 35% de mortalidade ao final das 168 horas. A surfactina e o Bacillus subtilis foram mais
discretos comparativamente ao SDS e o composto bioativo.

DISCUSSÃO
Em relação ao SDS, os dados obtidos no presente trabalho, relativos a seu alto grau de
letalidade larval, podem ser explicados por vários relatos na literatura indicando toxicidade para
vertebrados e invertebrados, promovendo lise celular por se tratar de um poderoso agente tensoativo
sintético (MARIANI, DE PASCALE, FARAPONOVA, 2006). A ação larvicida do composto
bioativo, quando comparado a outros trabalhos relacionados, evidencia a ação dos microrganismos
nele presentes assim como das enzimas associadas como seu principal mecanismo de ação, conforme
observado por outros autores, e que pode ser potencializado com associação de vários
microrganismos devido a liberação de toxinas, possibilidade a ser testada brevemente (IBARRA et
al, 2003; WIRTH et al, 2015).
O biossurfactante surfactina e os isolados de Bacillus subtilis, mesmo apresentando baixa
atividade larvicida, podem representar interessantes alternativas de controle de infestação de
mosquitos, uma vez que associados aos inseticidas comumente utilizados indicam diminuição
potencial nas concentrações destes últimos. No que se refere ao controle de sua proliferação, a

185
maioria das tentativas de controle não tem surtido os efeitos desejados devido, sobretudo a grande
capacidade de reprodução e flexibilidade genômica dos mosquitos, associado ao fato da resistência
crescente aos inseticidas tradicionais, o que tem levado ao ressurgimento de parasitoses e viroses
transmitidas por mosquitos diversos (WILKE, 2008). No entanto, vários relatos na literatura apontam
para o sucesso no uso de surfactantes produzidos por isolados de Bacillus sp no que se refere ao
controle da infestação de mosquitos do gênero Culex e Aedes, principalmente. Alguns autores
observaram importante atividade larvicida e pupacida em C. quinquefasciatus e A. aegyptiinduzida
por surfactina produzida por isolados de Bacillus subtilis (VCRC B471) (GEETHA et al, 2010).
No Brasil não há relatos dos efeitos de surfactantes de origem biológica produzidos por
isolados de B. Subtilis e P. aeruginosa sobre larvas de C. quinquefasciatus. No entanto foi
comprovado em alguns estudos que agentes tensoativos sintéticos apresentam acentuada ação
mosquitocida, haja vista que os mosquitos afundam e morrem no momento da oviposição nos
sistemas aquosos, dada a redução da tensão superficial da água na presença daqueles agentes
(GUGLIOTTI, 2010).

CONCLUSÕES
O presente trabalho mostrou que SDS assim como o composto bioativo avaliados mostraram-
se como agentes larvicida em potencial para o controle da proliferação de mosquitos C.
quinquefasciatus. O produto bioativo testado mostrou-se eficaz e promissor como agente
bioinseticida, sendo solicitado pedido de depósito de patente junto ao Núcleo de Inovação
Tecnológica da UEMG.

AGRADECIMENTOS
À UEMG e a UFSJ-CCO pela disponibilização dos Laboratórios e a FAPEMIG pelo
financiamento da bolsa de Iniciação Científica.

REFERÊNCIAS
BROWN, A.W.A. Insecticide resistance in mosquitoes: a pragmatic review. Journal of American
Mosquito Control Association; v.2, p.123-40, 1986.

CAMPOS, J.; ANDRADE, C.F.S. Susceptibilidade larval de populações de Aedes aegypti e Culex
quinquefasciatus a inseticidas químicos. Revista de Saúde Pública, v.37, p. 523-7, 2003.

GEETHA, I. MANONMANI, A.M. PAILY, K.P. () Identification and characterization of a mosquito


pupicidal metabolite of a Bacillus subtilis subsp. subtilis strain. Appl Microbiol Biotechnol. n. 86.
p. 1737–1744. 2010.
GUGLIOTTI, M. Agência Fapesp - Inovação: Surfactante combate simultaneamente mosquitos e
algas. Postado por InovaBrasil às 7/21/2010 06:01:00 PM (inovabrasil.blogspot.com/.../inovacao-
surfactante-combate.html),acessado em 15-02-2016.

IBARRA, J.E.; RINCÓN, M.C. del; ORDÚZ, S.; NORIEGA, D.; BENINTENDE, G.;
MONNERAT, R.; REGIS, L.; OLIVEIRA, C.M.F. de; LANZ, H.; RODRIGUEZ, M.H.;
SÁNCHEZ, J.; PEÑA, G.; BRAVO, A. Diversity of Bacillus thuringiensis strains from Latin

186
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Microbiology, v.69, p.5269‑5274, 2003. DOI: 10.1128/AEM.69.9.5269‑5274.2003.

MARIANI, L. DE PASCALE, D. FARAPONOVA, O. TORNAMBE. A. SARNI, A. GIULIANI, S.


et al. A utilização de uma bateria de testes em ecotoxicology marinho: A toxicidade aguda de sulfato
de dodecilo de sódio. Environmental Toxicology. n. 21. p. 373-379. 2006.

MAZZARRI, M.B.; GEORGHIUOU, G.P. Caracterization of resistance to organophosphate,


carbamate and pyrethroid insecticides in field populations of Aedes aegypti from Venezuela.
Journal of American Mosquito Control Association; v.11, p.315-22, 1995.

PESSÔA, S. B. & MARTINS, A.V. Parasitologia Médica. 11° ed. Rio de Janeiro: Guanabara-
Kogan, p.827,1988.

RAWLINS, S.C; WAN, J.O.H. Resistance in some Caribbean populations of Aedes aegypti to
several insecticides. Journal of American Mosquito Control Association; v.11, p.56-59, 1995.

WILKE, A.B.B. Controle Genético de mosquitos Culex quinquefasciatus. Faculdade de Saúde


Pública (dissertação de Mestrado), Universidade de São Paulo. 110 p. 2008.

WIRTH, M.C. WALTON, W.E. FEDERICI, B.A. A evolução da resistência em Culex


quinquefasciatus Say ( Diptera : Culicidae ) selecionada com um recombinante de Bacillus
thuringiensis estirpe produtora Cyt1Aa e Cry11Ba e a toxina binária, Bin, de Lysinibacillus
sphaericus. Journal of Medical Entomology. n. 52. p. 1028-1035. 2015.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Instruciones for determining the susceptibility or resistence


of mosquito larvae to insecticides. Vector Biology and control; n. 81. 1981.

187
ESTUDO DO PERFIL DO USUÁRIO DE UM PARQUE URBANO NO MUNICÍPIO DE
DIVINÓPOLIS - MG

SILVA, Luciana Aparecida Alves¹; SOUSA, Fabrízio Furtado de²

Síntese: O presente trabalho teve por objetivo caracterizar o perfil dos visitantes do Parque Dr. Sebastião Gomes
Guimarães, localizado em Divinópolis/MG. Foi considerada como população de estudo os seus frequentadores. A
pesquisa foi realizada por meio da aplicação de 236 questionários, constituído por doze perguntas sobre aspectos
relacionados aos visitantes, entre os meses de junho a outubro de 2015. Constatou-se que a maioria dos usuários
são aposentados (39,4%) ou estudantes (30,5%); dentre os motivos que levam os visitantes ao parque, a
preocupação com a saúde é o mais importante (46,6%) e o equipamento mais utilizado pelos usuários é a pista de
caminhada (34,7%). Foi possível delimitar opiniões, valores, anseios, críticas, interesses e sugestões por parte da
população quanto ao espaço usado para laser, saúde e prática de esportes.

Palavras-chave: Unidades de conservação; Áreas verdes; Parque urbano.

INTRODUÇÃO
A relação entre meio ambiente e sociedade vem se tornando uma das principais preocupações
contemporâneas, pois o homem passa a refletir sobre a exploração demasiada dos recursos naturais e
as vastas consequências dessas ações, e passa a valorizar cada vez mais o espaço que incorpora os
elementos naturais dentro das cidades. Segundo Jacobi (2003), a reflexão sobre as práticas sociais,
em um contexto marcado pela degradação permanente do meio ambiente e do seu ecossistema,
envolve uma necessária articulação com a produção de sentidos sobre a questão ambiental.
Neste contexto, a criação de espaços públicos que permitam à comunidade ter contato com
espécies da flora e da fauna, além de possibilitar as práticas de lazer, é importante para que os
indivíduos desenvolvam sua consciência ambiental. Além disso, estes espaços públicos, também
denominados áreas verdes urbanas, podem trazer vários benefícios ao ser humano, dentre as quais se
destacam: controle de poluição sonora e acústica; equilíbrio no índice de umidade do ar; proteção de
nascentes e mananciais e, ainda, a constituição de refúgios que possibilitam às pessoas a realização
de atividades recreativas e de lazer em contato direto com a natureza (NUCCI, 2008; VIEIRA,
2004).
No âmbito municipal, a criação de parques urbanos permite a utilização sustentável de áreas
verdes urbanas, de modo que essas áreas possam cumprir funções ecológicas benéficas à comunidade
e à qualidade ambiental no espaço urbano. É neste contexto que se enquadra a proposta do Parque da
Ilha (Parque Ecológico Prefeito Sebastião Gomes Guimarães), onde se pretende aliar as condições
naturais existentes no espaço físico para que os cidadãos de Divinópolis possam repensar o seu papel
como agentes transformadores e conservadores dos recursos do meio físico.
SAVI (1997) e SOUSA et al. (2014) ressaltam a importância de se conhecer o perfil do
usuário de um parque, para que sejam elaboradas estratégias mais eficazes para os planos de uso
público, de forma a contribuir para o planejamento de ações de educação, interpretação ambiental,
manejo e de atividades a serem desenvolvidas nesses locais. Dessa forma, o presente trabalho visou
caracterizar o perfil dos visitantes do Parque Ecológico Dr. Sebastião Guimarães, em
Divinópolis/MG.

1
Estudante de graduação do curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Estado de Minas Gerais. e-mail:
Luciana_ap@live.com
1
Professororientador da UEMG/Unidade Divinópolis.

188
METODOLOGIA
Foi considerada como população de estudo os frequentadores do Parque Ecológico Prefeito
Dr. Sebastião Gomes Guimarães. O levantamento junto à amostra foi realizado por meio da
aplicação de 236 questionários, nos meses de junho a outubro do ano de 2015, nos horários de
07h00minh às 11h00minhe 15h00minh às 18h00minh, em dias da semana alternados.
Foi utilizado um questionário semiestruturado com 12 (doze) perguntas, que abordaram de
maneira geral dados do visitante, motivo da visita, frequência, conhecimento sobre o local, entre
outras informações. Os respondentes foram escolhidos ao acaso e entrevistados pessoalmente.
Os dados foram tabulados e analisados de acordo com suas frequências absoluta e relativa. O
processo de categorização foi adotado para a análise qualitativa dos dados, já para a análise
quantitativa foi estabelecida porcentagens para as questões fechadas, realizando uma análise
estatística utilizando-se para isso o programa SPSS 22.0 para Windows.

RESULTADOS
Dos 236 entrevistados que constituíram a amostragem do estudo, 58,5% eram do gênero
feminino. Em relação à faixa etária dos visitantes, constatou-se que a maioria(54%) dos entrevistados
apresentaram idade igual ou superior a 41 anos. Com relação às faixas etárias características da
população economicamente ativa – formada por indivíduos com idade entre 21 a 30 anos, e 31 a 40
anos – o resultado apontou que tais faixas representaram 13,8% e 11,8% da amostra,
respectivamente. Quanto aos entrevistados com idade entre 10 e 21 anos, seu percentual representou
19,9% da amostra. O público da terceira idade (acima de 60 anos) apresentou o segundo maior
percentual de utilização da área com 34,6
Em relação ao grau de escolaridade dos entrevistados, o estudo demonstrou que 19,5% não
possuíam o ensino médio completo; 30,5% possuíam o ensino médio completo; 5,5% possuíam o
ensino fundamental incompleto e 12,7% possuíam o ensino fundamental completo. Destaca-se que
os entrevistados com nível superior completo representaram 17,4% da amostra; já os percentuais de
indivíduos com nível superior incompleto foram de 12,7%; 1,7% dos entrevistados possuíam curso
técnico completo. Ressalta-se que nenhum dos entrevistados se enquadrava na categoria analfabeto.
Avaliando a ocupação profissional dos entrevistados, o estudo mostrou que a minoria (22,8%)
é composta por trabalhadores ativos. De acordo com a Classificação Brasileira de ocupação
(IBGE,2012) pode-se classificar as respostas dos usuários quanto à sua principal ocupação em 11
categorias: aposentados (39,4%); estudantes (30,5%); Vendedores do comércio em lojas e mercados
(9,3%); Profissionais das ciências e das artes (5,5%); Trabalhadores da produção de bens e serviços
industriais (4,7%); Donas de casa (3,4%); Membros superiores do poder público, dirigentes de
organizações de interesse público e de empresas e gerentes (2,1%); Desempregados (2,1%); Forças
armadas, policiais e bombeiros militares (0,4%); técnicos de nível médio (0,4%) e Trabalhadores de
manutenção e reparação (0,4%).
Quanto ao bairro de residência dos usuários, foi adotada a classificação proposta pelo Plano
Diretor Participativo do Município de Divinópolis (FUNEDI, 2012) que apresenta os bairros de
Divinópolis delimitados por regiões de acordo com sua localização. Pode-se afirmar que a maioria da
população (55,5%) reside na região Nordeste de Divinópolis, sendo os bairros mais frequentes
Niterói e São Luís, com uma distância média de 900m; 27,5% residem na região Central, cuja
distância média 2400m; 7,6% residem na região Sudeste, cm distância média de 5800m.
De acordo com a análise dos dados, 46,6% da população de estudo frequenta o parque de 1 a
2 vezes na semana, 40,3% frequentam de 3 a 4 vezes, 10,2% frequentam mais de 5 vezes por semana
e apenas 3% estavam indo ao parque pela primeira vez.
Ao serem questionados se utilizavam algum equipamento disponível do parque, a maioria
(96,6%) responderam que sim, e apenas 3,4% responderam que não. Dentre os equipamentos e/ou
espaços utilizados, o mais frequente é a pista de caminhada (35,6%), seguido pela academia ao ar

189
livre (33,1%), quadra de esportes (23,3) e por fim a pista de skate (5,5%). O estudo mostrou que
99,1% dos entrevistados pretendem retornar ao parque, e apenas 0,8% não tinham pretensão de
retornar. Dentre os motivos que levam os visitantes ao parque, as atividades voltadas para saúde
(43,6%) foram apontadas como as mais significativas, seguidas pela justificativa de praticar esportes
(43,2%); e por fim, utilização do parque para laser (13,1%).
Por fim, dentre as sugestões mais dadas referentes ao parque da ilha, 49,2% dos entrevistados
citaram manutenção da área verde e dos equipamentos do local. 47,9% das pessoas responderam
melhoria na segurança; 42,4% citaram que a iluminação é escassa; 41,5% citaram melhorias na
limpeza; 4,2% atentaram para a necessidade de orientação profissional para utilização dos aparelhos;
Por último 8% das pessoas citaram maior divulgação do parque na cidade e entornos.

DISCUSSÃO
TOMIAZZI et al. (2006) encontrou resultados semelhantes no tocante à maioria dos usuários
serem do sexo feminino, e considera que demonstram uma tendência da participação efetiva da
mulher em atividades de lazer, recreação e necessidade de contato com a natureza fora do ambiente
domiciliar. A faixa etária predominante igual ou superior a 41 anos sugere a tendência
contemporânea de crescente procura por atividades físicas e de lazer com o aumento da idade,
principalmente após os 40 anos. Provavelmente, essa opção de lazer, para o público nessa faixa
etária, esteja associada ao novo conceito de qualidade de vida, conceito esse que preza o contato com
a natureza e a prática de atividades ao ar livre. Segundo TOMIAZZI et al. (2006), a idade é um dos
principais fatores que influenciam as atividades recreativas, porque define a forma de recreação da
qual o indivíduo participará. Sendo que, no caso do Parque da Ilha, a idade do usuário está
relacionada às atividades ofertadas ao uso público.
Os resultados tendem a demonstrar a ligação entre a disponibilidade de tempo e a intensidade
em ocupações recreativas, fato que, para TOMIAZZI et al. (2006), são direcionadas pelo tipo de
ocupação e atividade diária exercida pelas pessoas, o que pode influenciar na participação devido à
necessidade de relaxamento e tranquilidade.
Pelos resultados obtidos, observou-se que o local de residência típica dos entrevistados é o
próprio município de Divinópolis, não havendo nenhum entrevistado de outro município. A presença
marcante de visitantes do próprio local evidencia a popularidade e a importância do parque como
opção de lazer, recreação e de fornecimento de serviços ambientais associados a questões relativas à
melhoria de qualidade de vida regional.
A maior preocupação dos entrevistados quanto ao parque é a falta de segurança oferecida aos
usuários, que realizariam mais atividades e frequentariam com mais frequência e tranquilidade o
espaço se houvessem medidas que sanassem esse problema. Por conseguinte, realizar manutenções,
tanto nas áreas verdes (mato muito alto no entorno da pista de caminhada) quanto nas instalações
(como banheiros e bebedouros, além de muitos postes sem iluminação) seria um grande ganho para a
população.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o presente trabalho foi possível coletar informações básicas dos usuários do Parque,
permitindo delimitar e classificar opiniões, valores, anseios, expectativas, críticas, interesses e
sugestões por parte da população quanto ao espaço usado para laser, saúde e prática de esportes. É de
suma importância que essas informações levantadas sejam utilizadas com o propósito de conciliar a
conservação ambiental e a utilização pública, cruciais para manutenção e melhora destas áreas.

190
AGRADECIMENTOS
A autora agradece à FAPEMIG pela concessão da bolsa de iniciação científica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Fundação Educacional De Divinópolis. Configuração territorial de
Divinópolis. Divinópolis: FUNEDI, 2014.

Instituto Brasileiro De Geografia E Estatística - IBGE. Cidades. Disponível em:


http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/home.php. Acesso em: 10 set. 2014.

JACOBI, P. Educação Ambiental, Cidadania e Sustentabilidade. In: Cadernos de


Pesquisa, n. 118, março de 2003.

NUCCI, J. C.Qualidade ambiental e adensamento urbano: um estudo de ecologia e planejamento


da paisagem aplicado ao distrito de Santa Cecília (MSP). 2. ed., Curitiba: O Autor, 2008.

SANTOS, R. Planejamento e Gestão Ambiental. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 2010.


SAVI, M. Manejo de visitantes para implementação de Parques – estudo de caso Parque Estadual
Marumbi. In: Congresso Brasileiro De Unidades De Conservação, 1., 1997, Curitiba. Anais...
Curitiba: Universidade Livre do Meio Ambiente: Rede Nacional Pró-Unidades de Conservação,
1997.
SOUSA, F. F. A mobilização comunitária como suporte para a implantação do
Conselho Consultivo do Parque Ecológico Francisco de Assis Resende, em Lagoa
da Prata, MG. 2012, 14f. Trabalho de Conclusão de Curso (especialização em Gestão Pública
Municipal) – Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2012.

191
FITOSSOCIOLOGIA DE ESPÉCIES FLORESTAIS EM PROJETO DE RESTAURAÇÃO
DE MATA CILIAR EM DIVINÓPOLIS – MG

FREITAS, Chirrane da Silva¹, SOUSA, Fabrizio Furtado de²

Síntese: A fitossociologia analisa agrupamentos de plantas, inter-relação e dependência aos fatores bióticos em
determinado ambiente, descrevendo uma comunidade vegetal pelas relações de grandeza entres as espécies de
uma mesma forma de vida ou de uma guilda e estuda aestrutura da floresta, através dos parâmetros como
densidade, frequência e dominância das espécies. Sendo assim, o objetivo do presente estudo foi avaliar o
desenvolvimento da vegetação de uma mata ciliar em processo de restauração florestal, verificando-se a
fitossociologia das espécies plantadas. A área estudada foi restaurada há 69 meses, e possui 7020 m2 de extensão e
localiza-se às margens do rio Itapecerica, no perímetro urbano de Divinópolis/MG. Foram analisados todos os
indivíduos do estrato arbóreo, obtidos em amostragens realizadas em três parcelas de 27 x 26 m. As árvores foram
identificadas in loco. Em cada árvore amostrada foi medida a circunferência à altura do peito (CAP). Os dados
coletados em campo foram utilizados no cálculo dos parâmetros fitossociológicos (densidade, frequência e
dominância em seus valores absolutos e relativos e o índice de valor de importância simplificado). Observou-se a
presença de 70 espécies arbóreas e arbustivas, pertencentes a 56 gêneros, distribuídos em 27 famílias botânicas. As
espécies com maior valor de importância foram Inga uruguensis; Triplarisamericana, Citharexyllummyrianthum,
Ingalaurina,Handroanthus roseo-alba, Syzygiumcumini,Schizolobiumparahyba, Carinianaestrellensis, e
Enterolobiumcontortisiliquum. Maior densidade relativa de indivíduos foi Inga uruguensis.

Palavras-chave: Área urbana; Avaliação fitossociologia; Recuperação de APP.

INTRODUÇÃO
As matas ciliares podem ser compreendidas como sistemas florestais estabelecidos
naturalmente em faixas às margens dos rios e riachos, no entorno de lagos, represas e nascentes. Elas
possuem a importante função ambiental de preservar os recursos hídricos, a estabilidade geológica, a
biodiversidade, o fluxo gênico de flora e fauna, proteger o solo e assegurar o bem-estar das
populações humanas, sendo, por isso, consideradas áreas de preservação permanente (APP) pelo
Novo Código Florestal Brasileiro (Lei nº 12.651/2012).
Apesar de sua importância e da proteção legal, as matas ciliares sofrem pressão antrópica por
uma série de fatores, devido ao crescimento imobiliário urbano; a abertura de estradas, para
implantação de culturas agrícolas e de pastagens (MARTINS, 2001). Desta forma, a pressão
antrópica geralmente leva à degradação ambiental destes ecossistemas; todavia, em razão das
importantes funções ecológicas que exercem, sua recuperação se torna imprescindível.
De acordo com Rodrigues e Gandolfi (2004), a recuperação de sítios degradados não é um
processo simples, pois estes tiveram eliminado, após distúrbios, juntamente com a vegetação, os seus
meios bióticos de regeneração, impedindo, assim, o retorno natural do ecossistema à condição
inicial. Nesses casos é necessária uma forte intervenção antrópica para que sejam superados
impedimentos existentes à recuperação natural do ecossistema, possibilitando o retorno da área à
condição original ou preexistente ou a algum estado estável permanente.
A fitossociologia analisa agrupamentos de plantas, inter-relação e dependência aos fatores
bióticos em determinado ambiente, descrevendo uma comunidade vegetal pelas relações de grandeza
entres as espécies de uma mesma forma de vida ou de uma guilda. Os estudos podem ser realizados

1
Graduanda do curso de ciências biológicas da UEMG/unidade Divinópolis-MG, email: chirrane.freitas@gmail.com
1
Engenheiro Agrônomo, Dr., Professor da UEMG/unidade Divinópolis-MG, email: fabriziofurtado@gmail.com

192
mediante análise da estrutura da floresta, através dos parâmetros como densidade, frequência e
dominância das espécies. Esses parâmetros caracterizam a condição de ocorrência em que se
encontram as espécies e, quando somadas na forma relativa, definem o valor de importância (VI) de
uma espécie em relação às demais (LONGHI, 2000).
LONGHI et al. (2000), também comenta que a importância e o conceito desses parâmetros
descrevem a densidade absoluta (DA) como o número total de indivíduos de uma espécie em
determinada área e a densidade relativa (DR) como a participação de uma determinada espécie sobre
as demais. A frequência absoluta (FA) mostra a ocorrência de cada espécie no total de unidades
amostradas e a frequência relativa (FR) expressa a frequência de uma espécie em relação às outras,
sendo um parâmetro utilizado para dar uma visão de como as espécies se distribuem na área,
enquanto a dominância absoluta (DoA) é a forma de expressar o espaço de superfície horizontal
ocupado por determinada espécie, sendo calculada por meio da área basal, e a dominância relativa
(DoR) expressa o espaço horizontal que uma espécie está ocupando, em relação às outras.
Tendo em vista a importância destes estudos fitossociológicos, principalmente em área de
recuperação de mata ciliar, este trabalho teve por objetivo avaliar a fitossociologia da vegetação de
uma mata ciliar em processo de restauração florestal.

MÉTODOS
A área de estudo constitui-se de faixa de preservação permanente às margens do rio
Itapecerica, no perímetro urbano de Divinópolis-MG, recuperada em janeiro de 2011. A área possui
aproximadamente 7.020m2 e encontra-se nas seguintes coordenadas geográficas: latitude
20º10’06,6’’ sul e longitude 44º53’49,2’’ oeste.
Para avaliação da recuperação da cobertura vegetal da área em questão, foram avaliadas 3
parcelas de 26 x 27 m.Em campo forammensuradas, com o uso de fita métrica, as circunferências do
caule à altura do peito (CAP), que corresponde ao perímetro do indivíduo arbóreo ou arbustivo,
medido a 1,30m a partir do nível do solo. As medidas de CAP obtidas em campo foram convertidas
em diâmetro a altura do peito (DAP) pela relação DAP = CAP/π. Foram amostradas todas as árvores
com DAP igual ou superior a 5,0cm.
A identificação das espécies foi realizada in loco. Para a verificação da suficiência amostral
da vegetação foi realizada a análise da curva do número de espécies amostradas versus área
amostrada.
Para análise da estrutura da vegetação, calculou-se a avaliação do desempenho individual das
espécies utilizando os parâmetros fitossociológicos, que obteve valores de densidade, frequência e
dominância absolutas e relativas e valores de importância das espécies. Visando estudar as espécies
na comunidade vegetal em recuperação, incluindo a sua descrição, caracterização e desenvolvimento
(LANDA, 2002; MACHADO et al., 2008; FREITAS; MAGALHÃES, 2012).

RESULTADOS
Na área estudada foram amostrados 401 indivíduos com altura média 5,5m, DAP 7,4cm,
sendo 70 espécies arbóreas e arbustivas, pertencentes a 56 gêneros, distribuídos em 27 famílias
botânicas. As famílias mais representativas no estudo foram Anacardiaceaee Fabaceae. As parcelas
amostradas foram suficientes para representar a composição florística da área analisada, sendo
possível observar tendência à estabilização na curva espécie-área a partir 1000m².
Das espécies amostradas, 12 são exóticas (E) e sem classificação (SC) no grupo ecológico, no
grupo das pioneiras (P) pode-se observar 14 espécies; no grupo das pioneiras (P) e secundárias
inicias (SI), pode-se observar 6 espécies; no grupo das pioneiras (P) e secundárias tardias (ST), pode-
se observar 2 espécies; no grupo secundarias (S), pode-se observar 5 espécies; no grupo secundárias
inicias (SI), pode-se observar 6 espécies; e no grupo das clímax (C), pode-se observar 6 espécies.

193
Os resultados da avaliação fitossociológica, as espécies que obtiveram o maior valor de
importância (VI) foram: Inga uruguensis H. & A(58,973); Triplarisamericana L. (14,194);
Citharexyllummyrianthum Cham (11,356); Ingalaurina (Sw.) Willd. (10,212); Handroanthus roseo-
alba (Ridl.) Sand. (7,900); Syzygiumcumini L. (8,201); Schizolobiumparahyba (Vell.) S.F. Blake.
(8,997); Carinianaestrellensis (Raddi)kuntze. (7,142) e Enterolobiumcontortisiliquum (Vell.)
Morong. (6,950).

DISCUSSÃO
Houve uma riqueza maior que no trabalho feito por Teixeira (2013), em uma área recuperada
as margens do rio Itapecerica, sendo amostrados apenas 207 indivíduos pertencentes a 26 espécies.
Segundo NAVESe RODRIGUES (2001), a Fabaceae é a família com maior riqueza florística
em trabalhos realizados em mata ciliar no Brasil. Para Avila et al. (2011), o número de espécies
amostradas é estimado suficiente quando a curva tende a estabilização.
TEIXEIRA (2013) avaliou em seu trabalho três espécies exóticas e observou que mesmo
possuindo desenvolvimento rápido, estas espécies não devem ser introduzidas em projetos de
recuperação. Segundo NAPPO et al. (2001) a utilização de espécies de dois ou mais grupo
ecológicos, são chamados de combinação. Trata-se de uma estratégia de recuperação de áreas
degradadas, com intuito de sucessão dos povoamentos. Nos estudos avaliados pode-se observar a
combinação dos grupos no plantio, apresentando adaptações suficientes.
Entre essas espécies, Ingauruguensis e Triplarisamericana tiveram sua importância
aumentada, por causa da dominância relativa, por apresentar indivíduos com maior diâmetro, que
influi no aumento da área basal e na frequência absoluta por estarem presentes nas três parcelas
amostradas. Comparando com TEIXEIRA (2013), o Ingauruguensis e Syzygiumcumini foram
também às espécies que obtiveram maior valor de importância dentre as outras espécies,
apresentando os valores respectivamente (36,45) e (36,36). Segundo Martins (2001) a importância de
uma dada espécie se caracteriza pelo número de árvores (abundância e dominância), não importando
se as árvores aparecem isoladas ou em grupos.
Segundo LORENZI (2000), as espécies Inga uruguensis, conhecida popularmente como,ingá
do brejo,pau formiga (Triplarisamericana), pau viola (Citharexyllummyrianthum) e tamboril
(Enterolobiumcontortisiliquum) pertencem ao grupo ecológico das pioneiras, são características de
mata ciliar e apresentam preferência por solos bastante úmidos e até brejosos, possuindo
desenvolvimento rápido. O ipê- amarelo (Handroanthusroseo-alba) e o jequitibá branco
(Carinianaestrellensis) são espécies pertencentes ao grupo das secundárias tardias, que são
respectivamente características de afloramentos rochosos e calcários e a outra com preferência de
solos úmidos e profundo. A birosca (Schizolobiumparahyba), pertence ao grupo ecológico das
pioneiras, são árvores com preferências de matas aberta e capoeiras, nativa que possui o mais rápido
crescimento.
O ingá-branco (Ingalaurina.), segundo Lorenzi (2003), apresenta características de matas
úmidas, sendo considerada pertencente ao grupo ecológico das secundárias iniciais. De acordo com
GANDOLFI et al. (1995), as espécies secundárias inicias ocorrem em condições de sombreamento
médio ou baixa luminosidade. Sendo importantes para recuperação da mata ciliar, uma vez que as
espécies pioneiras irão apenas dar o suporte para as secundárias se desenvolverem no processo.
OJambolão (Syzygiumcumini) trata-se de uma árvore exótica, originária da Índia e Sri Lanka,
não possui classificação no grupo ecológico, sendo de origem tropical, pode ser cultivada em todo
território brasileiro, principalmente em regiões de solos úmidos e apresentam crescimento rápido.
(LORENZI et al., 2003). Porém, deve-se priorizar o plantio de espécies nativas nas áreas a serem
restauradas (MARTINS, 2001; KAGEYAMA; GANDARA, 2004).
KAGEYAMA e GANDARA (2004) afirmam que, nas florestas implantadas por processos de
restauração, ainda são duvidosas as possibilidades de polinização, dispersão, regeneração e predação
natural – e estes são fatores essenciais na manutenção dos processos ecológicos. Portanto, ainda não
se pode afirmar que esses reflorestamentos conseguirão, efetivamente, constituir um novo
ecossistema capaz de se regenerar e abrigar a fauna do mesmo modo que as florestas naturais.
Existem muitas lacunas de conhecimento acerca do desenvolvimento e da sustentabilidade
dos plantios de restauração florestal. Com a ausência de uma prática de monitoramento sistemático
dessas áreas restauradas, perde-se a oportunidade única de aumentar o conhecimento sobre os
inúmeros processos e fatores envolvidos na recolonização e restabelecimento de comunidades
vegetais e animais (SIQUEIRA; MESQUITA, 2007). As áreas restauradas são verdadeiros
laboratórios para estudos de Ecologia (RODRIGUES; GANDOLFI, 2004).
De acordo com AVILAet al. (2011), os estudos fitossociológicos possibilitam o auxílio nas
estratégias de recuperação, permitindo identificar a estrutura da vegetação, considerando as
condições ambientais. Mas é necessária a instalação de áreas de pesquisa para fornecer informações
de modelos de recuperação, considerando as matas ciliares como corredores ecológicos, preservação
dos hídricos e de funções sociais e ambientais.

CONCLUSÕES
Os resultados obtidos permitiram concluir que houve uma maior representação de indivíduos
nas famílias Anacardiaceae e Fabaceae, sendo que algumas das espécies das famílias citadas são
exóticas, e para recuperação de áreas degradas, faz-se necessário o uso de espécies nativas, mesmo
sendo de desenvolvimento rápido e atrativo a fauna.
Inga uruguensis; Triplarisamericana, Citharexyllummyrianthum, Ingalaurina,Handroanthus
roseo-alba, Syzygiumcumini,Schizolobiumparahyba, Carinianaestrellensis, e
Enterolobiumcontortisiliquum foram às espécies que representaram 46,1% do valor de importância
total.

REFERÊNCIAS

AVILA, A. L.; ARAUJO, M.M.; LONGHI, J. S.; GASPARIN, E. Caracteização da vegetação e


espécies para recuperação de mata ciliar, Ijuí, RS. Ciência Florestal, Santa Maria, v.21, nº 2, p. 251-
260, abr/jun. 2011.
FREITAS, W.K.; MAGALHÃES, L.M.S.Métodos e parâmetros para estudo da vegetação com
ênfase no estrato arbóreo. Floresta e Ambiente, Seropédica, v. 19, n. 4, p. 520-540, out./dez. 2012.
KAGEYAMA, P.; GANDARA, F.B. Recuperação de áreas ciliares.In: RODRIGUES, R.R.;
LEITÃO FILHO, H.F. (Eds.) Matas ciliares: conservação e recuperação. 2 ed. São Paulo:
EDUSP/FAPESP, 2004. p. 249-270.

LANDA, G.,G. Ecologia geral. Lavras: Gráfica Universitária da UFLA, 2002. 187 p.
LONGHI, S. J., ARAÚJO, M.M., KELLING, M.B, Aspectos fitossociológicos de fragmento de
floresta estacional decidual, Santa Maria, RS. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 10, n. 2 p. 59-74,
2000.
LORENZI, H, Souza, H. M.; Torres, M. A. V e Bacher, L.B. Árvores exóticas no Brasil:
madeireiras ornamentais e aromáticas. Nova Odessa: Editora Plantarum, 2003
LORENZI, H. Árvoresbrasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil, vol. 1. 3.ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2000.
MACHADO, E.L.M.; GONZAGA, A.P.D.; FONTES, M.A.L. Técnicas de levantamento,
caracterização e diagnóstico da vegetação: princípios e prática. Lavras: UFLA, 2008.

195
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NAPPO, M. E.; GOMES, L. J.; CHAVES. M. M. F..Reflorestamentos mistos com essências nativas
para recomposição de matas ciliares. BoletimAgropecuário, Lavras: UFLA, n. 30, 2001.
NAVE, A.G. Heterogeneidade florística das matas ciliares. In: RODRIGUES, R.R.; LEITÃO
FILHO, H. F. (Eds.) Matas ciliares: conservação e recuperação. 2 ed. São Paulo: EDUSP/FAFESP,
2001. p. 45 - 71
RODRIGUES, R.R.; GANDOLFI, S. Conceitos, tendências e ações para recuperação de florestas
ciliares. In: RODRIGUES, R.R.; LEITÃO FILHO, H.F. (Eds.) Matas ciliares: conservação e
recuperação. 2 ed. São Paulo: EDUSP/FAPESP, 2004. p. 235-248
SIQUEIRA, L.P. de. Monitoramento de áreas restauradas no estado de São Paulo, Brasil.
Dissertação de Mestrado em Recursos Florestais, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”,
Universidade de São Paulo, Piracicaba, 128p., 2002.
SIQUEIRA, L.P. de; MESQUITA, C.A.B. Meu pé de Mata Atlântica: experiências de
recomposição florestal em propriedades particulares no Corredor Central. Rio de Janeiro: Instituto
BioAtlântica, 2007. 188p.
TEIXEIRA, C., BRAGA, F. A., SOUSA, F.F. Avaliação fitossociológica das espécies plantadas as
margens do rio Itapecerica em Divinópolis, MG. MG.BIOTA. Belo Horizonte, v.6, n.1,
abri/jun./2013.

196
INFLUÊNCIA DA HETEROGENEIDADE AMBIENTAL SOBRE ESTRATÉGIAS DE
FORRAGEAMENTO E COMPORTAMENTO DE AVES AQUÁTICAS EM TRECHOS DO
RIO ITAPECERICA – DIVINÓPOLIS, MINAS GERAIS

SILVA, Daniel Almeida¹; LOBATO, Débora Nogueira Campos²

Síntese: Aves aquáticas são aquelas que dependem direta ou indiretamente de ambientes aquáticos. Estes
ambientes têm sofrido deterioração decorrentes de ações antrópicas. Com isso as alterações nestes ambientes
podem interferir e mudar os padrões de comportamento e distribuição destas aves. O objetivo desta pesquisa foi
associar os diferentes fatores ambientais com a distribuição e comportamento de aves aquáticas em Divinópolis,
Minas Gerais.Foram demarcados 4 transectos amostrais ao longo do rio Itapecerica, são eles: no encontro do rio
Itapecerica com o rio Pará (P1), no Bairro Candelária (P2), no Parque Linear Municipal (P3) e no Parque
Sebastião Gomes Guimarães(P4). Foram realizadas 4 visitas consecutivas, mensais com duração de 1 hora em
cada ponto, alternadas entre a parte da manhã (07:00 as 11:00) e na parte da tarde (14:00 as 18:00), para
observação das aves aquáticas, e foi aplicado um protocolo de avaliação ambiental para se caracterizar o grau de
degradação pontos amostrais. A pontuação das áreas amostrais de acordo com os Protocolo de Avaliação
Ambientais em ordem decrescente sua classificação de alterações foi: P4 (56) – Alterado, P3 (53) - Alterado, P1
(50) –Alterado e P2 (22) – Impactado.Entre os pontos amostrais as quantidades de registros de espécies
observados demonstraram uma maior dentro dos parques urbanos, que na região antropizada e na zona rural do
município.Até o momento foram registradas 18 espécies pertencentes a 16 gêneros e 8 famílias, sendo a família
Ardeidae com a maior quantidade de espécies, 6 (33,33%).Os pontos com mais comportamentos agonísticos foram
P4 com 2 (14); P1 com 2,52 (13) P2 com 1,94% (10) e P3 com 1,75% (9). A manutenção de matas nos centros
urbanos é importantes como refúgio, manutenção da vida das aves aquáticas.

Palavras chave:Comportamento animal; Qualidade ambiental; Rios urbanos.

INTRODUÇÃO
São consideradas aves aquáticas aquelas que dependem, direta ou indiretamente, dos recursos
provenientes de ambientes aquáticos como rios, lagoas e brejos para alimentação, nidificação e
sobrevivência. (SICK, 1997). Segundo Hermy e Cornelis (2000) estas aves se destacam por sua
diversidade taxonômica, características bioindicadoras e importância ecológica na escala trófica.
Estas aves, a depender de vários fatores, como a qualidade de hábitats, são capazes de
apresentar variações nas estratégias de forrageamento, na distribuição, adaptações e interações entre
os organismos. Sendo assim, avaliações das comunidades destes organismos é uma ferramenta
importante que pode indicar o grau de conservação ou degradação ambientes aquáticos.
Os ambientes aquáticos têm sofrido deterioração de suas paisagens decorrentes de ações
antrópicas e principalmente pelo processo urbanização e atividades agropecuárias (CARVALHO,
2014). Tais impactos vêm comprometendo a sobrevivência de muitos organismos que dependem
destes ambientes, como as aves aquáticas, que são afetadas, mais intimamente, pela destruição das
matas ciliares e pela emissão de resíduos tóxicos nos corpos d’água.
Em determinados casos, a riqueza pode aumentar quando sistemas de corpos d’água são
parcialmente alterados por ações antrópicas, devido à “hipótese do distúrbio intermediário”
(MALAVASI et al. 2009), em que alterações parciais do sistema original tornam o ambiente mais

Daniel Almeida Silva (danielbio.as@gmail.com); ¹Graduando do curso de Ciências Biológicas – Universidade do Estado
de Minas Gerais, Divinópolis;
²Professora Orientadora – Universidade do Estado de Minas Gerais, Divinópolis; Projeto fomentado pela Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais - FAPEMIG

197
heterogêneo.Ambientes espacialmente heterogêneos (ou complexos) possuem maior espectro de
recursos, maior variedade de microhabitats e microclimas (BEGON et al., 2006). O grupo das aves,
em particular, parece estar intimamente relacionado a complexidade do habitat. Assim alterações nas
estruturas dos habitats são rapidamente repassadas nas distribuições, interações e comportamento das
aves aquáticas.
O comportamento das aves e pode ser entendido como expressões das respostas integradas
aos diferentes estímulos do meio, incluindo movimentos, atividades e hábitos (DEL-CLARO e
PREZOTO, 2003).
O objetivo do trabalho foi correlacionar à riqueza, distribuição e interações comportamentais
das aves aquáticas com os diferentes tipos de hábitats em trechos do rio Itapecerica dentro da área
urbana e na zona rural de Divinópolis - Minas Gerais.

MATERIAIS E MÉTODOS
Área de Estudo
O estudo foi desenvolvido ao longo de 4 pontos amostrais ao longo do rio Itapecerica, são
eles: No encontro do rio Itapecerica com o rio Pará, na zona rural há cerca 1,8km do bairro
Candelária (20°05’27”S, 44°51’42”O), área mais afastada da região central no limite dos municípios
de Divinópolis e Carmo do Cajuru, no Bairro Candelária (20°06’38”S, 44°52’34”O); no bairro
Candelária próxima a ponte que conecta os bairros Bom Pastor ao Bairro Vila Romana da MG – 050;
no Parque Linear Municipal, no Bairro Danilo Passos (20°07’01”S, 44°52’31”O), localizada
próxima a uma cachoeira que separa os Bairros Danilo Passos I do bairro Danilo Passos II e no
Parque Sebastião Gomes Guimarães conhecido como “Parque da Ilha” (20°08’04”S, 44°52’52”O)
(P4). Foi criado pelo Decreto Lei 3.606/1994. O parque, com 20,4 hectares, está localizado na área
Central, que separa o Bairro Niterói do centro da cidade.
Caracterização da área de estudo
A caracterização da paisagem das quatro regiões distintas foi realizada com aplicação de
protocolos de avaliação ambiental (Protocolo de Avaliação Rápida da Diversidade de Habitats em
trechos de bacias hidrográficas, modificado do protocolo de Hannaford et al.,1997) (Callisto et al,
2002)
Delineamento amostral
Foram realizadas 4 visitas consecutivas, mensais com duração de 1 hora em cada ponto
totalizando 20 visitas a cada ponto sendo 10 visitas na parte da manhã e 10 visitas na parte da tarde.
As visitas foram na parte da manhã (07:00 as 11:00) e na parte da tarde (14:00 as 18:00), entre os
meses de agosto a novembro de 2016, totalizando 20 dias amostrais e 80 horas de observações.
Foram contabilizados todos os espécimes vistos e ouvidos, sendo anotados a espécie e a quantidade
de indivíduos. Os registros de comportamento dos indivíduos foram divididos entre agonísticos
(intraespecíficos ou interespecíficos), agrupamento e pareamento (formação de casais)

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Avaliação dos pontos amostrais
A pontuação das áreas amostrais de acordo com o Protocolo de Avaliação Ambientais em
ordem decrescente sua classificação de alterações foi: Encontro dos Rios (50) – Alterado; Bairro
Candelária (22) –Impactado, Parque Danilo Passos (53) – Alterado; Parque da Ilha (56) – Alterado.

198
Os trechos classificados em alterados apresentam intensa pressão de atividades antrópicas,
como criação de gado e lançamentos pontuais de esgotos domésticos in natura e construções urbanas.
Já nos trechos impactados pode-se observar que a qualidade ambiental estava comprometida, devido
lançamento de esgotos domésticos e industriais e ausência de mata ciliar, assoreamento, e
construções muito próximas ao corpo hídrico. Os resultados foram semelhante às observações de
CALLISTO et al. (2002) e CARVALHO et al. (2014).

Aves aquáticas
Até o momento foram registradas 18 espécies pertencentes a 16 gêneros e 8 famílias, sendo a
família Ardeidae com a maior quantidade de espécies, 6 (33,33%). A quantidade de espécies
presentes no estudo permaneceu semelhante há estudos em áreas úmidas com aves aquática
(MOREIRA E JÚNIOR, 2014). Moreira e Júnior (2014) registrou 10 espécies ao longo do rio
Uberabinha, em Uberlândia.
A riqueza de espécies se manteve equivalente em todos os pontos amostrais, Encontro dos
rios com 16 espécies, Bairro Candelária com 15, Parque Danilo Passos com 16 e Parque da Ilha com
15 espécies.
A abundância de indivíduos destas espécies se mostrou em maior número ainda dentro das
zonas urbanas da cidade de Divinópolis, encontro dos Rios 195 indivíduos, bairro Candelária 520,
Parque Danilo Passos 586 e Parque da ilha 482. Deve-se ressaltar que no Bairro candelária, mesmo
recebendo baixa nota de avaliação ambiental houve o registro de grandes agrupamentos de P.
brasilianus, E. thula e A. Alba em duas amostragens o que aumentaram e muito a quantidade de
indivíduos deste ponto. E a baixa quantidade de indivíduos no Encontro dos Rios, após receber notas
maiores pode ser devida utilização deste ponto pela comunidade como local de pesca, afugentando as
aves.
As espécies com o maior número de indivíduos avistados foram de P. brasilianus
representando 35,67% do total, seguido por A. brisiliensis (16,60%) e Egretta thula (6,66%).
Resultados parecidos foram observados por ALVESet al. (2012). Segundo MOREIRA e JÚNIOR
(2014) a maior ocorrência de P. brasilianus se deve à sua maior capacidade de dispersão, como
também ao fato dessa espécie apresentar um comportamento gregário, resultando em um grande
número de indivíduos na maioria dos pontos de observação.
A espécie com maior frequência de aparições foi Amazonetta brasiliensis, presente em
76,25% das amostragens, seguido por Phalacrocorax brasilianus (73,75%), Gallinula galeata
(71,25%) e Phimosus infuscatus (68,75%). Segundo PIMENTA et al. (2007) a alta frequência de A.
brasiliensis, pode ser explicada pela qualidade da água. Estes espécimes vivem preferencialmente em
ambientes eutróficos, onde a disponibilidade de alimento se torna maior devido a quantidade de
matéria orgânica, já que os mesmos apresentam características filtradoras.

Comportamento
Os comportamentos agonísticos foram observados em 8,94% (46) do total de registros de
espécies. Os pontos com maiores números de registros foram: P4 com 2 (14); P1 com 2,52 (13) P2
com 1,94% (10) e P3 com 1,75% (9). Foram observados comportamentos agonísticos
interespecíficos entre Chloroceryle americana, C. amazona, Megaceryle torquata,G. galleata e A.
brasiliensise intraespecíficos em C. amazona, G. galeata, P. infuscatus, Aramides cajaneus e M.
torquata.
Em condições de escassez de recursos alimentares a defesa territorial seria um recurso para a
garantia da disponibilidade de alimento onde este pode estar muito disperso (ARMSTRONG, 1992)
Pareamentos de casais observados em A. brasiliensis presente em 65,62% das amostragens e em
todos os pontos. Deve-se ressaltar que a espécie A. brasiliensis apresenta dimorfismo sexual, no qual
é possível diferenciar visivelmente a diferença entre macho e fêmea. Estudos de biologia reprodutiva

199
destas aves por Nascimento e Antas (1990) corroboram com as observações feitas, com pareamentos
iniciados no mês de setembro.
Agrupamentos abundantes apenas de P. brasilianus, E. thula e Ardea alba, com quantidade
máxima de indivíduos observados juntos respectivamente de 95, 29 e 27 indivíduos Esta ausência de
registros de agrupamentos destas espécies pode ser indicativa de que, a depender da disponibilidade
de alimento, algumas espécies aves aquáticas alterem o seu comportamento gregário.(GWYNNE at
al., 2010).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados demonstram uma tendência de maior quantidade de registros de aves aquáticas
e de comportamentos nos trechos do rio Itapecerica nas regiões centrais da cidade de Divinópolis. A
pesquisa terá continuidade de amostragens e a aplicação de dados estatísticos poderão fomentar as
tendências. Deve-se ressaltar que os dados da pesquisa reforçam a importância de fragmentos de
mata preservados dentro dos grandes centros como refúgio para estes espécimes, onde encontram
ambientes diversificados e podem utilizar estes locais como zonas de alimentação para rotas de
transição entre ambientes.

REFERÊNCIAS
ARMSTRONG, D.P (1992) Correlation between nectar supply andaggression in territorial
honeyeaters: causation or coincidence? Behavioral Ecology and Socialbiology30: 95-102.
BEGON, M.; TOWNSEN, C.R. & J.L. HARPER. 2006. Ecology: from individuals to ecosystems.
Blackwell Publishing, Oxford.
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em atividades de ensino e pesquisa (MG-RJ). Acta Limnologica Brasiliensia, v.34, n.1, p.91-98,
2002.
CARVALHO, Emerson Machado de; RUSSO, Marcia Regina; NAKAGAKI, Jelly Makoto.
"Utilização de um protocolo de avaliação rápida da diversidade de habitats em ambientes
lóticos." Revista Ibero-Americana de Ciências Ambientais 5.1 (2014): 129-139.
DEL-CLARO, K.; PREZOTO, F. As distintas faces do comportamento animal. São Paulo: Conceito,
2003.
GWYNNE, J.A; RIDLEY, R.S.; TUDOR G.; ARGEL M. Aves do Brasil: Pantanal e Cerrado.1° ed.
São Paulo. Editora Horizonte. 2010. 322p
HERMY, M.; CORNELIS, J. 2000. Towards a monitoring method and a number of multifaceted and
hierachical biodiversity incatiors for urban and suburban parks. Landscape and Urban Planning, 49:
149-162.

MOREIRA, Sandro Gonçalves;JÚNIOR, Oswaldo Marçal. "Fatores ambientais e atividades


humanas associados à distribuição de aves aquáticas na área urbana de Uberlândia–MG." Revista do
Centro Universitário de Patos de Minas. ISSN 2178: 7662.
MALAVASI, R.; BATTISTI, C. & CARPANETO, G.M. 2009. Seasonal bird assemblages in a
Mediterranean patchy wetland: corroborating the intermediate disturbance hypothesis. Polish Journal
of Ecology, 57: 171-179.
SICK, H. (1997). Ornitologia Brasileira. 4a ed. Editora UnB, Brasília.425p

200
LEVANTAMENTO ETNOBOTÂNICO DE COMUNIDADES RURAIS NA CIDADE DE CARMO
DO CAJURU, MINAS GERAIS.

NUNES, Rayane Gonçalves¹; ARAÚJO, Graziela Fleury Coelho²; QUEIROZ, Estela De


Rezende³; SILVA, Andréia Fonseca.

Síntese: Populações rurais recebem como herança cultural a utilização de plantas medicinais mas, a influência dos
valores urbanos na realidade dessas comunidades provoca alterações na fitoterapia tradicional com impactos na
cultura local. Nesse sentido, a pesquisa etnobotânica busca preservar este patrimônio cultural auxiliando sobre o
uso sustentável da biodiversidade através da valorização e do aproveitamento do conhecimento empírico das
sociedades. A presente pesquisa teve como objetivo realizar um levantamento do uso popular e tradicional das
plantas medicinais utilizadas pelas comunidades rurais de Santo Antônio da Serra e Ribeiros, ambas situadas no
perímetro de Carmo do Cajuru/MG. Foram coletadas informações de 76 moradores das duas comunidades
rurais, por meio de questionário semi-estruturado. As comunidades fazem uso de 62 espécies diferentes,
pertencentes a 32 famílias vegetais, sendo Asteraceae e Lamiaceae as familias botânicas com maior número de
registro. As espécies mais citadas foram Poejo(Mentha puleguim L.), Hortelã(Menthaspicata L.) e
Marcela(Anthemis cotula L.), sendo a folha a parte vegetal mais utilizada e o chá por decocção a forma de preparo
mais comum para os medicamentos caseiros. As indicação terapêuticas das plantas medicinais foram variadas
com 95 doenças distintas. Entre os problemas mais comuns foram citados as doenças do aparelho respiratório e
doenças do aparelho digestivo, relacionados de acordo com CID-10. Os resultados confirmam que as populações
que vivem nestas comunidades apresentam um uso representativo das plantas medicinais como uma das formas
de tratar doenças simples e mais frequentes. O repasse do conhecimento popular contribui para a qualidade de
vida dos habitantes destas comunidades, sendo um recurso terapêutico e econômico relevante.

Palavras-chave: Conhecimento tradicional; Plantas medicinais; Práticas populares.

INTRODUÇÃO
A utilização das plantas para fins medicinais remonta os primórdios da humanidade
(ALMEIDA, 1993). Registros arqueológicos demonstram que várias civilizações antigas faziam uso
destas plantas para o tratamento de enfermidades (BIESKI, 2005). Atualmente, as plantas medicinais
são conhecidas por grande parte da população mundial como um recurso medicinal alternativo para o
tratamento de doenças (BEVILACQUA, 2010 apud CARNEIRO, M. F.; SILVA, M. J. P. et al.,
2014) embora seu uso seja mais extensivo nas comunidades interioranas e mais afastadas dos
grandes centros urbanos. A principal razão hoje pela qual a população é adepta a utilização de
espécies vegetais para tratamento de doenças é devido ao baixo custo em comparação aos
medicamentos sintéticos, o que leva a redução de gastos com estes produtos (BADKE et al., 2012).
Segundo a WWF (World Wide Fund for Nature), o Brasil é o país da mega biodiversidade,
apresentando 20% das espécies conhecidas no mundo.Embora não se tenha muito investimento para
pesquisas com plantas medicinais, calcula-se que pelo menos metade das plantas contenham
substâncias chamadas de princípios ativos, as quais têm propriedades curativas e preventivas para
muitas doenças (LORENZI & MATOS, 2002).Nesse sentido, a pesquisa etnobotânica pode auxiliar

1
Graduanda do curso de Ciências Biológicas, Universidade do Estado de Minas Gerais/ Divinópolis
(rayanegoncalvesnunes@hotmail.com).
²Biologa, mestre em Biologia Vegetal, UEMG/Divinópolis (graziela.araujo@uemg.br).
³Química, doutora em Agroquímica - Área de concentração- Química/Bioquímica, UEMG/Divinópolis
(estela.queiroz@uemg.br).
Bióloga - M. Sc. Botânica/ Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – EPAMIG (andreiafs@gmail.com)

201
na elaboração de trabalhos sobre uso sustentável da biodiversidade através da valorização e do
aproveitamento do conhecimento empírico das sociedades, a partir de definição de manejo,
incentivando a geração de conhecimento científico e tecnológico voltados para o uso sustentável dos
recursos naturais (FONSECA-KRUEL&PEIXOTO, 2012). Minas Gerais conta com diversos
levantamentos etnobotânicos, embora na região do Centro-Oeste Mineiro esse tipo de pesquisaainda
seja escasso (OLIVEIRA & MENINI NETO, 2012) sendo que não há registro do uso de plantas
medicinais para a cidade de Carmo do Cajuru. Mediante o exposto, a pesquisa teve como objetivo
realizar o levantamento do uso popular e tradicional das plantas medicinais utilizadas por duas
comunidades rurais, ambas situadas no perímetro de Carmo do Cajuru/MG.

METODOLOGIA
A pesquisa foi realizada em duas comunidades rurais presentes no município de Carmo do
Cajuru/MG. Estas comunidades foram escolhidas por representar os maiores núcleos populacionais
relativamente isolados da região urbana: campo rico para registro do perfil de utilização de plantas
medicinais e da caracterização de como é realizada a transferência de informação popular ampliando
o conhecimento etnobotânico para a região.O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética
em Pesquisa com seres humanos da Fundação Educacional de Divinópolis (CEP FUNEDI/UEMG).
Para coleta de dados foi realizada uma pesquisa utilizando um questionário semi-estruturado, perante
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O participante respondeu perguntas simples a respeito
da investigação sobre os dados sóciodemográficos e o conhecimento e uso das plantas medicinais.
Em seguida, foi analisado os resultados quantitativos do questionário.As plantas citadas pelos
entrevistados e encontradas na residência ou em locais próximos foram fotografadas, coletadas e
processadas de acordo com técnicas usuais em botânica (FIDALGO & BONONI, 1989). Realizou-se
a identificação das espécies através de consulta à literatura e às especialistas.

RESULTADOS
Nessa pesquisa, foram realizadas 76 entrevistas. Destes, 67% tem o ensino fundamental
incompleto. Os resultados apontam que o uso e conhecimento etnobotânico está concentrado entre as
pessoas de faixa etária mais madura (51-70 anos) e do sexo feminino. A maior parte das mulheres
(58%) são donas de casas e dos homens agricultores e lavradores (57%). A transferência de
informações sobre o uso das plantas medicinais demonstrou que 92% dos entrevistados aprenderam a
fazer o uso com as pessoas mais velhas da família, sendo os pais e avós os mais citados. Apenas 8%
disseram ter obtido as informações atráves de outras pessoas. Foram citadas 62 espécies diferentes,
pertencentes a 32 famílias vegetais, na qual 4 não foram identificadas. Asteraceae e Lamiaceae se
destacaram como as famílias botânicas com maior número de registro. As espécies mais citadas
foram Poejo(Mentha puleguim L.) 42%, Hortelã(Menthaspicata L.) 39%, Marcela(Anthemis cotula
L.) 34%, Alecrim(Rosmarinus officinalis L.) 32% Erva cidreira (Cymbopogon citratus (DC.) Stapf)
32%, Funcho (Foeniculum vulgare Mill) 30%, Boldo (Plectranthus barbatus Andrews) 19%. As
formas de obtenção destas plantas foram através do cultivo em casa (57%), doações de vizinhos e
parentes (27%) e coletas em matas/cerrado (16%).A parte vegetal mais utilizada para o preparo dos
medicamentos caseiros foi a folha (52%) seguida do ramo (12%), flor (12%), raiz (10%), casca (6%),
semente (3%) e outros (4%). O chá foi a principal forma de preparação. Outras maneiras de usar as
plantas foram o suco (10%), solução em álcool (6%), maceração (3%), e os outros (7%). As
indicações terapêuticas das plantas medicinais foram variadas com 95 doenças distintas. Entre estas
enfermidades, as doenças do aparelho respiratório representaram 24%, incluindo gripe, resfriado,
inflamação da garganta, bronquite, tosse. As doenças do aparelho digestório (16%), que incluem
dores e queimação do estômago, diarreia, virose, parasitas e problemas ligados ao intestino são
tratadas pela comunidade com auxílio do boldo (Plectranthus barbatus Andrews), marcela (Anthemis

202
cotula L.), funcho (Foeniculum vulgare Mill) e bálsamo (Cotyledon orbiculata L.). Já as doenças
relacionadas às inflamações representaram 13,6%, com tratamento feito com a tanchagem (Plantago
major L.), o algodão (Gossypium hirsutum L.) e cervejinha do campo (Fridericia platyphylla
(Cham.) L.G.Lohmann) para tratar infecção renais.

DISCUSSÃO
Esta pesquisa demonstra que a transmissão da informação sobre o uso das plantas medicinais
é realizada de forma oral, de avós e pais para seus filhos. Contudo, as pessoas que fazem uso desta
medicina popular se concentram na faixa etária de adulta à idosa e são predominantemente mulheres.
Os mais jovens, escolarizados, demonstram pouco interesse e uso de tal conhecimento. A
escolaridade dos entrevistados que fazem uso das plantas medicinaisfoi baixa onde a maioria não
completou o ensino fundamental, fato relatado como fruto das poucas oportunidades de estudar
devido à distânciadas escolas, à falta de condições financeiras e à necessidade de trabalhar
precocemente.De acordo com Medeiros et al.(2004), os meios modernos de comunicação estão
causando a perda da transmissão oral do conhecimento sobre o uso de plantas, diminuindo os saberes
etnobotânicos que a sociedade pratica através de gerações. Neste estudo há um indício de que as
pessoas da área rural com menor escolaridade tem um uso mais extensivo das plantas medicinais. Os
resultados desta pesquisa confirmam ainda que as mulheres possuem maior conhecimento das ervas,
possivelmente pelo maior contato delas com as plantas em função de suas atividades cotidianas
conforme citado por Melis e Vieira (2007). Em conjunto, estes dados demonstram a importância de
pesquisas deste cunho para o registro e preservação do conhecimento tradicional repassado por
gerações. O levantamento indicou que a maioria das espécies utilizadas para fins medicinais são
cosmopolitas e de uso comum, embora algumas espécies como Cipó de São João (Pyrostegia
venusta Mier), cervejinha do campo (Fridericia platyphylla (Cham.) L.G.Lohmann), carqueja
(Baccharis trimera (Less.) DC.), ipê roxo (Handroanthus impetiginosusMattos) sejam nativas da
região. Poucas plantas, apesar de constar o nome, não foram identificadas pela impossibilidade de
coleta, fato que dificulta a qualidade do levantamento etnobotânico. Em acordo, Brasileiro et al.
(2008) ressaltam que o mesmo nome popular para diferentes espécies vegetais, dificulta a
identificação das plantas medicinais.A parte vegetal mais utilizada para o preparo dos medicamentos
caseiros foram as folhas,órgão que pode ser amplamente utilizado sem prejuízo à conservação do
recurso vegetal, uma vez que não impede o desenvolvimento e a reprodução, sendo retirada apenas
partes que podem ser repostas pela própria planta (FARIAS et al., 2015). Como existem plantas
medicinais nativas inclusive do Cerrado, a extração sustentável das partes utilizadas é relevante e
necessária, pois, como no caso do barbatimão (Stryphnodendron adstringens(Mart.) Covile) a
retirada incorreta da casca no caule pode acarretar na morte da planta, conforme citado por Carvalho
(2001). Sobre o uso de espécies de plantas para determinado problema de saúde, Chaves & Barros
(2012) relatam a necessidade de pesquisas para testes farmacológicos das plantas citadas em estudos
etnobotânicos, com o intuito de dar segurança as populações que fazem uso de medicamentos de uso
caseiro. Das plantas citadas, apenas 18 se encontram na Resolução RDC n.10 (ANVISA 2010) que
estabelece as plantas medicinais de uso comprovado.

CONCLUSÃO
Os dados apresentados nesta pesquisa apontam que as duas comunidades fazem um uso
representativo das plantas medicinais. Este levantamento contribuirá para o conhecimento
etnobotânico da cidade Carmo do Cajuru/MG e constitui-se de uma iniciativa que permitirá a
continuidade de estudos posteriores. Nesta pesquisa, observou-se uma discrepância nas formas de
uso e na aplicação terapêutica das plantas havendo uma necessidade de ações extensionistas que
visem aprimorar e complementar o conhecimento etnobotânico da região.

203
AGRADECIMENTOS
Aos moradores das comunidades rurais que colaboraram com nossa pesquisa e
compartilharam seu conhecimento. E ao professor Fabrízio Furtado de Sousa, por contribuir com
análise de dados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Resolução no 10, de 9 de
março de 2010. Dispõe sobre a notificação de drogas vegetais. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Brasília, n.46 p.52, 10 de março de 2010. Seção 1. Disponível em:
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Municipal de Jardinagem / Curso de Plantas medicinais – São Paulo, 2010. Disponível em:
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Lavras-MG, 2005.
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Científico Conhecer - Goiânia, v.11 n.21; p.3229, 2015.
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2004.

204
MELIS, J.V.; VIEIRA, A.O.S. O conhecimento de plantas medicinais em uma comunidade rural de
Londrina, Paraná. Revista Brasileira de Biociências, v.5, n.1, p.411-413, 2007.

OLIVEIRA, E.R.; MENINI NETO, L.Levantamento etnobotânico de plantas medicinais utilizadas


pelos moradores do povoado de Manejo, Lima Duarte – MG. Revista Brasileira Plantas
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WWF – BRASIL. Oqueé Biodiversidade. Disponível em:
<www.wwf.org.br/informaçoes/questoes_ambientais/biodiversidade/index.cfm>. Acesso em: 12 ago.
2016.

205
PADRÕES MORFOLÓGICOS E AMBIENTAIS PODEM INFLUENCIAR A PREDACAO
DE LAGARTAS POR AVES?

ESTUDO DE CASO EM FRAGMENTO DE ÁREA VERDE URBANA COM MODELOS


ARTIFICIAIS.

SILVA, Isabella Ferreira¹; LOBATO, Débora Nogueira Campos²

Síntese: A predação é um dos fatores que afetam a distribuição e a abundância das espécies. Esse processo atua no
controle de populações nas florestas tropicais. Ele pode resultar na aquisição de estratégias físicas e
comportamentais de fuga dos predadores pelas presas.Predadores geralmente reconhecem suas presas
visualmente através de características como presença de movimento, destaque no ambiente e sinais que são
deixados pela presa como folhas danificadas. Foi realizado um estudo experimental buscando relacionar as
características visuais de presas com o risco de ataque por predadores, visando compreender as seguintes
questões: (i) predadores visualmente orientados atacam presas chamativas, ou as evitam? (ii) presas com cabeça
definida são mais atacadas? (iii) verificar se os padrões de coloração são efetivos como alerta para predadores.
Foram confeccionados modelos de lagartas de lepidópteras com massa de modelar para usar como presas nos
experimentos realizados no Parque do Gafanhoto em Divinópolis, no período de julho de 2015 à agosto de 2016.
Dos 1200 modelos utilizados em campo, na área de mata fechada 95 tiveram sinais de predação por aves, sendo 64
crípticos e 31 aposemáticos. E na área da mata aberta 62 modelos tiveram sinais de predação, sendo 45 crípticos e
17 aposemáticos, os ataques foram direcionados as extremidades do corpo, principalmente na região cefálica das
larvas artificiais.

Palavras chave: Aposemáticos; Crípticos; Lagartas.

INTRODUÇÃO
Interações entre espécies compõem todos os ecossistemas terrestres e envolvem todos os tipos
de vida, ocorrendo de maneiras harmônicas, benéficas ou não prejudicial as espécies participantes,
ou mesmo onde há prejuízo para um dos componentes dessa interação. Um exemplo dessa interação
não harmoniosa é a predação, definido como o consumo de um organismo por outro, estando à presa
viva ao sofrer o primeiro ataque (Begon 1996), influenciando diretamente nas populações de animais
predados.
Os inimigos naturais identificam suas presas recorrendo a pistas químicas e visuais deixados
pelas mesmas. Existem situações onde detectar a presa em si é difícil e seus predadores as localizam
através de pistas visuais ambientais como fezes ou folhas danificadas.
As larvas da ordem Lepidóptera possuem muitas defesas contra diversos grupos de
predadores (principalmente aves) e parasitoides representando os padrões de coloração críptica e
aposemática uns dos mais importantes mecanismos de escape de predadores neste estágio de
desenvolvimento (Witz 1990).
O estudo tem como o objetivo identificar a intensidade de predação à larvas de lepidópteras
crípticas e aposemáticas em diferentes áreas (mata secundária aberta e fechada), analisar a
intensidade de ataques as diferentes partes do corpo das lagartas crípticas (cabeça e abdômen),

¹Graduanda do Curso de Ciências Biológicas da UEMG Unidade Divinópolis; E-mail: isabellafs_isa@hotmail.com


²Professora Orientadora da UEMG Unidade Divinópolis

206
relacionar os padrões comportamentais das lagartas com o comportamento predatório das aves e
insetos.

MÉTODOS
O estudo foi realizado em fragmento florestal (Parque do Gafanhoto – 20º08’21'’ S - MG
050. Utilizamos massa de modelar atóxica da marca Massabel para confecção de larvas de
lepidópteras artificiais divididas em três padrões crípticos (i)Verde comum com cabeça marrom claro
e cabeça bem definida; (ii) Verde escuro com cabeça marrom escuro e cabeça bem definida; (iii)
Marrom escuro com cabeça verde escuro e cabeça bem definida, e três aposemáticos (a) Vermelha
com listras laranja e cabeça bem definida;(aa) Preta com listras amarelas; (aaa) Amarela com listras
pretas. Determinou-se a escolha das áreas levando em consideração a vegetação existente, onde
distribuiu-se em 10 árvores aleatórias, com distância de 5m a 10m. Os modelos foram colocados em
pares nos galhos, folhagens e troncos.

RESULTADOS
Lagartas que apresentaram sulcos em forma de “V”, em forma de letra “U” invertida ou
riscos pronunciados em várias direções foram considerados predados por aves.
Dos 2400 modelos utilizados em campo, na área de mata fechada 321 tiveram sinais de
predação por aves, sendo 205 crípticos e 116 aposemáticos. E na área da mata aberta 265 modelos
tiveram sinais de predação, sendo 169 crípticos e 96 aposemáticos.
Em relação à localização da área corporal dos ataques, 324 foram direcionados para região
cefálica dos modelos. Também foram observados sinais de ataque as larvas por insetos e roedores em
ambos os modelos, porem estes dados não foram contabilizados.

DISCUSSÃO
Os predadores visualmente orientados realizaram predação preferencial entre os modelos de
lagartas. O maior número de predação entre os modelos crípticos (63,82%) indicam que os padrões
de coloração da presa são efetivos como alertas durante a predação.
Os vestígios de predação nos modelos aposemáticos (36,18%) geralmente eram sutis,
enquanto que para várias lagartas crípticas a intensidade do ataque era visivelmente maior o que
pode estar relacionado com a especicidade do predador, demonstrando a importância dos dois
mecanismos de defesa na área de estudo.
Os predadores deveriam associar as cores desses modelos aposemáticos com experiências
desagradáveis ou tentativas frustradas de captura e, desse modo, evitar ou diminuir o investimento de
caça em animais que possuem essas cores (VASCONCELLOS-NETO e GONZAGA 2000).
Quando comparados os resultados entre a área mais densa e a área mais aberta, houveram
diferenças entre as taxas de predação, sendo maior na área de vegetação mais densa. Estudos
observaram que, em hábitats estruturalmente mais complexos, as espécies de presas sofrem maior
intensidade de predação devido ao aumento da diversidade de aves insetívoras (AQUILINO et
al.,2005; THOMSON & HOFFMANN, 2010).
A localização dos ataques de predadores nas presas artificiais demonstra uma preferência dos
predadores para as extremidades da presa e a região cefálica. Esta preferência é um fator favorável
visto que permite matar mais rapidamente a presa, diminuindo a probabilidade de escape da presa. A
maioria dos ataques de predadores foi direcionada a região cefálica das réplicas equivalente a
55,29% e 44,71% no tronco dos modelos, indo de encontro com alguns autores, segundo eles o
direcionamento do ataque a regiões vitais do corpo da presa, especialmente a cabeça, é a tática mais
amplamente usada para causar a morte rápida.

207
CONCLUSÕES
Os resultados comprovam a eficiência da metodologia de modelos artificiais, e indicam que o
estágio larval de lepidópteras está sujeito a uma forte pressão de predação. A utilização de presas
artificiais nos permite padronizar experimentalmente apenas a informação visual, tornando possível
quantificar sua eficácia para a elaboração de um teste de hipóteses.
As espécies se adaptamde acordo com as mudanças no ambiente, e as relações predador x
presa assim como os mecanismos de captura e escape estão em constante co-evolucao. Desta forma o
entendimento dessas estratégias, podem contribuir na compreensão das flutuações populacionais e na
dinâmica de comunidades de aves silvestres em ambientes urbanos.

REFERÊNCIAS
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natural enemy diversity on herbivore suppression: an empirical study of a model tritrophic system.
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BEGON, M.,J.L. Harper e C.R. Townsend. 1996. Ecology: Individuals, Populations and
Communities. Blackwell Science, Oxford, Inglaterra.
VASCONCELLOS-NETO, J.; GONZAGA, M.O. Evolução de padrões de coloração em artrópodes.
In: MARTINS, R.P.; LEWINSCHN, T.M.; BARBEITO, S.M.S. Ecologia e comportamento de
Insetos.Rio de Janeiro: PPGE-UFRJ, 2000.
WITZ, B. 1990. Antipredator mechanisms arthropods: a twenty years literature sourvey. Florida
Entomologist, 73: 71 – 99.

208
PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS ALUNOS DE UMA ESCOLA PÚBLICA DO ENTORNO
DO PARQUE MUNICIPAL EM LAGOA DA PRATA, MG.

COSTA, Raiany Sousa¹; SOUSA, Fabrízio Furtado de²

Síntese: Este trabalho teve como objetivo caracterizar a percepção, no que diz respeito às questões e aos conceitos
ambientais, dos alunos de uma escola pública localizada no entorno imediato do Parque Ecológico Francisco
Resende de Assis (PEFAR) em Lagoa da Prata - MG. Para isso, foi aplicado um questionário semiestruturado
constituído de perguntas relacionadas ao parque e à percepção de sua importância ambiental. Os dados foram
analisados por meio da metodologia de Bardin. Constatou-se que, embora muito utilizado pelos alunos, o parque
não é percebido como uma unidade de conservação, mas sim como um local para prática de esportes e lazer. Esta
percepção do parque dificulta a sua preservação. Observando-se, assim, que são necessárias atividades de
educação ambiental que reforcem o caráter conservacionista do parque, haja vista que este só será valorizado
quando se tornar reconhecido pela população local.

Palavra-chave: Parque ecológico; Educação ambiental; Percepção ambiental.

INTRODUÇÃO
A necessidade de introduzir vegetação no espaço urbano se deve a fatores de ordem
psicológica, fisiológica, econômica, política, estética e ambiental, em razão da precariedade
crescente de condições e de qualidade da vida urbana. Neste contexto, a criação de espaços públicos
que permitam à comunidade ter contato com espécies da flora e da fauna, além de possibilitar as
práticas de lazer, é importante para que as pessoas desenvolvam sua consciência ambiental. Estes
locais também possibilitam o desenvolvimento de atividades de Educação Ambiental.
Segundo Reigota (1998), a Educação Ambiental aponta para propostas pedagógicas centradas
na conscientização, mudança de comportamento, desenvolvimento de competências, capacidade de
avaliação e participação dos educandos. A Educação Ambiental propicia o aumento de
conhecimentos, mudança de valores e aperfeiçoamento de habilidades, condições básicas para
estimular maior integração e harmonia dos indivíduos com o meio ambiente.
É nesta conjuntura que se enquadra a proposta do Parque Ecológico Francisco de Assis
Resende - PEFAR, onde se pretende aproveitar as condições naturais existentes no local para que os
cidadãos de Lagoa da Prata possam repensar o seu papel como agentes transformadores e
conservadores dos recursos do meio físico.
Além disso, o PEFAR é uma importante área protegida, localizada no espaço urbano, em uma
região da cidade na qual há carência de áreas verdes. Segundo Medeiros (2003), as áreas protegidas
são espaços territorialmente demarcados cuja principal função é a conservação e/ou a preservação de
recursos naturais e/ou culturais a elas associados.
Sendo assim, o presente trabalho tem como objetivo caracterizar a percepção, no que diz respeito às
questões e aos conceitos ambientais, que alunos de uma escola pública localizada no entorno
imediato do Parque Ecológico Francisco de Assis Resende têm a respeito da unidade de conservação,
visando fornecer subsídios para melhorar a inserção deste parque municipal na comunidade e
possibilitar que ele atinja seus propósitos conservacionistas.

1
Estudante de graduação do curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Estado de Minas Gerais. e-mail:
raianysc@gmail.com
²Professororientador da UEMG/Unidade Divinópolis

209
METODOLOGIA
A presente pesquisa tem como fundamento teórico a análise qualitativa, no qual o
pesquisador não tem como objetivo o levantamento de dados estáticos. Segundo Goldenberg (2004),
a modalidade de pesquisa qualitativa não se preocupa com a representatividade numérica, mas sim,
com o aprofundamento da compreensão de um grupo social específico. No caso deste estudo, o
grupo social pesquisado é formado pelos alunos do ensino médio da Escola Estadual Monsenhor
Alfredo Dohr (EEMAD), localizada no bairro Chico Miranda, em Lagoa da Prata/MG. Esta escola
foi escolhida por estar próxima ao Parque Ecológico Francisco de Assis Resende (PEFAR).
A pesquisa foi iniciada com a permissão da direção escolar na qual os pesquisadores
apresentaram o projeto aos alunos e os convidaram para participar das entrevistas. Aos alunos que
aceitaram participar da pesquisa, foi apresentado um termo de consentimento livre e esclarecido onde
consta que a identidade será mantida em sigilo, contribuindo assim para a veracidade das respostas
apresentadas pelos mesmos.
A coleta de dados foi realizada por meio da aplicação de um questionário semiestruturado
composto por sete perguntas, que abordaram de maneira geral os dados do aluno, conhecimentos
sobre o parque, percepção de sua importância ambiental, entre outras questões.

RESULTADOS
Os resultados obtidos pela pesquisa demostram que a população não reconhece este parque
urbano como uma unidade de conservação, ele é visto apenas como uma área de lazer, que por um
acaso possui uma vasta extensão verde. Embora muito utilizada pelos mesmos a prainha (área de uso
intensivo do parque), assim intitulada por eles, não exerce o papel de área de conservação ambiental,
sendo somente usada como uma área para prática de esporte, turismos e diversão. Este fato dificulta
ainda mais a sua conservação. Ademais, a falta de um trabalho educativo ambiental favorece a
depredação deste lugar, ajudando no aumento da poluição e de problemas sociais, pois um parque só
é conservado quando se torna útil para as pessoas, dando a elas conforto e lazer.

DISCUSSÃO
A pesquisa foi realizada em agosto de 2015 e os questionários foram aplicados às turmas do
3° ano do ensino médio da Escola Estadual Monsenhor Alfredo Dohr. Desta turma, 52 alunos
aceitaram participar da pesquisa e responderam o questionário. Estes alunos apresentaram uma faixa
etária entre 17 e 19 anos, sendo que 42,3% eram do sexo masculino e 57,7% do sexo feminino.
As respostas obtidas foram avaliadas pela análise de conteúdo e foram categorizadas pela
motivação que os leva a frequentar o parque ecológico. Observou-se que a grande maioria dos
entrevistados se posicionou de maneira positiva em relação à praia municipal de Lagoa da Prata (área
de lazer do parque), onde os mesmos se demostraram preocupados em relação à poluição causada
pelos turistas e pelos habitantes da cidade, revelando indignação e descaso com a área verde do
parque. Estes fatos foram tomados como categorias de análise desta investigação sendo elas:
conhecimento do meio ambiente do parque, relação de uso do Parque; pontos positivos; pontos
negativos; economia e turismo e conhecimento do Parque Francisco de Assis Resende.
Foi analisado o conhecimento da população sobre o Parque Francisco de Assis Resende,
através de perguntas relacionadas com o meio ambiente que o parque oferece, permitindo entender o
que os alunos pensam sobre o parque e seu ambiente interno. Foi levantado, também, o fato destes
conhecerem o parque como uma unidade de conservação dentro da cidade de Lagoa da Prata.
As respostas obtidas foram quase que unânimes sobre a praia municipal, pois os alunos
elegeram este lugar com uma área de lazer, sendo um ambiente muito agradável e bonito. Atribuindo
à praia municipal o fluxo de turismo da cidade, sendo também descrita como uma área para a prática
esportiva. Em contrapartida, alguns entrevistados se mostraram revoltados com a falta de educação

210
de alguns habitantes da cidade e de turistas, que além de não saberem aproveitar a praia municipal,
deixam o lixo geradopor eles espalhado no local, apesar de existir ali várias lixeiras.
Para os entrevistados o Parque Ecológico Francisco de Assis Resende é um lugar que
propicia um ambiente agradável, onde se pode desfrutar da natureza, de uma área para esporte e
lazer, sendo fundamental para a cidade e para toda a população de Lagoa da Prata.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A sociedade contemporânea está vivenciando um momento crítico ambiental, sendo assim,
entender a percepção das pessoas em relação aos espaços verdes urbanos e sobre a necessidade
destes nas cidades, tanto para melhorar a qualidade do ar, quanto para paisagismo local é de extrema
importância. Além de permitir que a comunidade local tenha uma interação com a fauna e flora,
possibilita também, práticas de lazer e proporciona espaço físico para a programação de ações de
educação ambiental que permitam conscientizar a sociedade sobre a importância de se preservar
estes espaços, bem como o meio ambiente em geral.

AGRADECIMENTOS:
Agradeço a Deus por oportunizar a realização desse sonho.
Agradecimento ao Orientador Fabrízio Furtado, por aceitar me orientar na execução deste
trabalho.
A minha irmã Naony Sousa Costa e minha família.
A voluntária Chirrane Freitas.
As colaboradoras Luciana Aparecida e Bruna Tamires.

REFERÊNCIAS
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212
RELEVÂNCIA SOCIOAMBIENTAL DA COLETA SELETIVA IMPLANTADA EM
ITAÚNA-MG SOB A PERSPECTIVA DE CATADORES E COMUNIDADE

SILVEIRA, Débora Chaia¹; SOUSA, Fabrízio Furtado de²;


GONTIJO, Roger Alexandre Nogueira³.

Síntese: O presente trabalho teve por objetivo avaliar os aspectos sociais, ambientais e de bem estar social
provenientes do sistema de gerenciamento de resíduos sólidos do município de Itaúna/MG através da percepção
da população de estudo. O trabalho constou de uma pesquisa descritiva, de natureza qualiquantitativa, sendo a
população de estudo os catadores associados à Cooperativa de Reciclagem e Trabalho de Itaúna/MG (COOPERT)
e moradores do bairro Parque Jardim Santanense, local onde anteriormente se realizava deposição de resíduos
sólidos. Para a coleta de dados, foram realizadas entrevistas semiestruturadas contendo questões de múltipla
escolha e questões discursivas, e aplicadas aos dois grupos de entrevistados. Os resultados foram tabulados
utilizando-se o programa estatístico SPSS 22.0 para Windows, e as questões discursivas foram analisadas pela
análise de conteúdo de Bandin. De uma maneira geral, observou-se que os catadores estão satisfeitos com o
trabalho na cooperativa e o vêem como importante instrumento social e ambiental para o município. Os
moradores do bairro Parque Jardim Santanense aprovam o sistema de coleta seletiva e a implantação do aterro
sanitário e da usina de triagem de lixo em local afastado da área residencial.

Palavras-chave: Aterro sanitário; Catadores; Coleta seletiva; Resíduos sólidos.

INTRODUÇÃO
De acordo com a Fundação Estadual do Meio Ambiente – FEAM (2002, p.7), “lixo é todo e
qualquer tipo de resíduo sólido produzido e descartado pela atividade humana doméstica, social e
industrial”. Porém, Pereira Neto (2007) destaca que tal definição encontra-se ultrapassada, pois
contradiz as políticas atuais de proteção ao meio ambiente, de controle de desperdício e de
gerenciamento de resíduos sólidos.
O manejo de resíduos sólidos urbanos (SRU) tem sido assunto de crescente atenção e
preocupação por parte do poder público e da população em geral. Segundo a Associação Brasileira
de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais - ABRELPE (2014), de 2010 a 2014, a
produção de resíduos no Brasil cresceu 29% e esse aumento faz que serviços de logística,
infraestrutura, recursos humanos e financeiros se tornem cada vez mais necessários.
Diante da progressiva geração de resíduos sólidos no Brasil, políticas de gestão de resíduos
sólidos se fazem necessárias a fim de minimizar a degradação ambiental causada pela disposição
final inadequada dos resíduos sólidos, bem como a marginalização social vivida por cidadãos que
fazem de lixões sua fonte de sobrevivência.
A Lei nº 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) exige que os
municípios elaborem o plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos para terem acesso a
recursos federais destinados à limpeza urbana e ao manejo destes resíduos.

1
Graduanda em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG/Unidade Divinópolis. E-
mail: debora-chaia@hotmail.com
²Professor orientador da UEMG/Unidade Divinópolis
³Professor colaborador da UEMG/Unidade Divinópolis

213
A implantação de Aterros Sanitários nos municípios é indispensável, visto que constitui uma
forma ambientalmente adequada para disposição final de resíduos sólidos, pois é um “sistema que
apresenta maior controle de poluição ambiental. Inclui drenagem pluvial, drenagem e tratamento de
chorume, drenagem e tratamento de gases, e constante processo de controle e monitoramento”
(PEREIRA NETO, 2007, p. 70).
A criação de cooperativas de reciclagem foi uma solução encontrada por muitos municípios
brasileiros para a realização da triagem dos materiais recicláveis, o que simplifica, mas não dispensa
a separação na fonte geradora. As cooperativas também possibilitam a geração de renda e dignidade
para pessoas que retiram seu sustento do lixo.
Tendo em vista as iniciativas gradativamente adotadas por alguns municípios brasileiros para
o aperfeiçoamento do manejo e destinação dos resíduos sólidos urbanos e as consequências sociais e
ambientais provenientes desta mudança de cenário, este estudo buscou avaliar os aspectos sociais,
ambientais e de bem estar coletivo oriundos da implantação do sistema de coleta seletiva no
município de Itaúna/MG, através da percepção dos catadores associados à Cooperativa de
Reciclagem e Trabalho de Itaúna/MG (COOPERT) e de moradores de um bairro residencial onde
antes havia uma área de aterro controlado e triagem de resíduos sólidos.

MÉTODOS
O estudo foi realizado no município de Itaúna, localizado na região centro-oeste de Minas
Gerais. O município possui área de 495,875 km2 e população estimada em 91.453 habitantes (IBGE,
2016).
Itaúna conta com um sistema de coleta seletiva nos moldes de separação “seco e molhado”
desde o ano de 2002 e um aterro sanitário implantado no ano de 2009. A Cooperativa de Reciclagem
e Trabalho de Itaúna/MG – COOPERT realiza a coleta, triagem e comercialização dos materiais
recicláveis previamente separados pela população. O aterro controlado municipal e a usina de
triagem de lixo, anteriormente localizados no bairro residencial Parque Jardim Santanense foram
desativados, respectivamente, após a implantação do aterro sanitário e do novo galpão de triagem de
resíduos em local afastado da área residencial.
O trabalho constou de um estudo descritivo, de natureza qualiquantitativa, utilizando-se de
entrevistas individuais semiestruturadas em forma de questionário.Foram entrevistados dois grupos
distintos. O primeiro grupo era formado pelos catadores da COOPERT e o segundo constituído pelos
residentes da área próxima ao antigo aterro controlado e usina de triagem de resíduos do bairro
Parque Jardim Santanense.
Para análise e tratamento dos dados provenientes das questões de múltipla escolha, utilizou-se
o programa estatístico SPSS 22.0 para Windows e para as questões discursivas realizou-se a análise
de conteúdo baseado nas abordagens de Bardin.

RESULTADOS
No primeiro grupo de entrevistados (cooperados da COOPERT), 38 pessoas responderam os
questionários. A maioria dos entrevistados – 63,2% (n=24) – foi do sexo feminino e 36,8% (n=14)
pertencem ao sexo masculino. As idades variaram de 19 a 60 anos, os homens estão bem distribuídos
entre as faixas etárias, no entanto, no caso das mulheres, a maior parte encontra-se na faixa etária de
25 a 44 anos.
Encontram-se no grupo de entrevistados indivíduos solteiros, casados, amasiados e viúvos.
Dentre os 18 indivíduos casados, a maior porcentagem está entre os homens: 71,40% (n=10) e dentre
os 34,2% (n=13) de entrevistados solteiros, a maior parte é representada por mulheres: 41,70%
(n=10). Amasiados e viúvos representam um total de 18,4% (n=7).
No tocante à escolaridade, a maioria dos entrevistados, 63% (n=24), declarou possuir fundamental
incompleto, o restante do grupo varia entre fundamental completo, 7,9% (n=3), médio incompleto,

214
15,8% (n=6), e apenas 3,2% (n=5) possui médio completo, sendo a distribuição de escolaridade
relativamente equilibrada entre homens e mulheres. A renda domiciliar mensal declarada por 86,8%
(n=33) dos catadores foi de R$1.000,00 a R$2.999,00 e os outros 13,2% (n=5) relataram renda de
R$3.000,00 a R$4.999,00. 73,7% (n=28) dos entrevistados consideram a renda adquirida com a
venda dos materiais recicláveis suficiente para sustentar a família.
Apenas 15,8% dos indivíduos (n=6) declararam ter adquirido problemas de saúde decorrentes
de suas atividades laborais. Ao serem indagados sobre terem sofrido algum tipo de abuso ou
violência no exercício de suas atividades, 15,8% (n=6) dos entrevistados responderam
afirmativamente.
A jornada de trabalho diária declarada por todos os entrevistados foi de 7 horas e todos eles
recebem benefícios sociais do governo, sendo que 94,7% (n=36) recebem Bolsa Reciclagem e 5,3%
(n=2) recebe Bolsa Reciclagem e Bolsa Família concomitantemente.
Ao serem perguntados sobre as condições de trabalho na COOPERT, 23,7% (n=9) dos
entrevistados declararam considerá-las ótimas; 47,4% (n=18) a consideram boas; 23,7% (n=9),
razoáveis e 5,3% (n=2) consideram as condições ruins.
Dentre os entrevistados, 52,6% (n=20) trabalharam anteriormente no terreno localizado no
bairro Parque Jardim Santanense, onde se encontravam o antigo aterro controlado e a usina de lixo.
Indagados sobre suas expectativas de futuro enquanto catadores da COOPERT, 78,9% (n=30) dos
entrevistados possuem ótimas ou boas expectativas.
Com relação ao atual local de trabalho dos catadores, o novo galpão para triagem de resíduos,
36,8% (n=14) dos entrevistados o consideram ótimo; 31,6% (n=12), bom e os outros 31,6% (n=12),
razoável. Ao serem questionados sobre a importância da COOPERT e do aterro sanitário municipal
para o município, todos os entrevistados foram unânimes em afirmar a relevância dos mesmos.
O segundo grupo de entrevistados foi composto por 12 moradores próximos à área do antigo
aterro controlado e usina de lixo. Indagados sobre aspectos positivos e negativos do sistema de coleta
seletiva do município, 16,7% (n=2) considera positiva a regularidade com que o trabalho de coleta é
realizado e 16,7% (n=2) acha importante a possibilidade de se reciclar materiais e de manter a cidade
mais limpa com a realização do serviço. 33,3% (n=4) acha que o serviço tem melhorado com o
tempo, mas ainda necessita de mais melhorias e 16,7% (n=2) reclama que parte da população ainda
não está consciente com relação ao cumprimento do seu papel no processo. 16,7% (n=2) declararam
que os coletores deixam lixo espalhado ao realizar a coleta e 33,3% (n=4) dos moradores estão
insatisfeitos com a taxa de lixo imposta pela prefeitura municipal.
Com relação aos fatores positivos e negativos da implantação do aterro sanitário municipal,
66,7% (n=8) dos entrevistados se mostraram bastante satisfeitos pela retirada do aterro controlado
para dar lugar a construção do aterro sanitário em local afastado e 25% (n=3) ressaltou ainda a
diminuição significativa de animais vetores de doenças como mosquitos e ratos no local e o fim do
mau cheiro. 16,7% (n=2) dos moradores declararam que o aterro sanitário é importante para a
destinação correta dos resíduos produzidos pela população. Apenas 8,3% (n=1) vê de forma negativa
o aproveitamento político a partir da implantação do aterro sanitário e do sistema de gerenciamento
de resíduos.
Indagados sobre os aspectos do aterro controlado presente no bairro, 58,3% (n=7) dos
entrevistados ressaltaram o mau cheiro presente no local que incomodava muito a vizinhança e a
constante presença de moscas, 25% (n=3) dos indivíduos disseram não ser prejudicados com mau
odor em suas casas, 8,3% (n=1) disse haver animais como ratos e cachorros no local e25% (n=3)
destacou a falta de organização no local devido ao acúmulo de resíduos, prejudicando seu
tratamento.
Os entrevistados foram perguntados sobre como ficou o bairro após a retirada do aterro
controlado e obtiveram-se as seguintes respostas: 33,3% (n=4) deles disseram que o bairro ficou
melhor, 25% (n=3) relatou o fim do mau cheiro antes presente no local, 8,3% (n=1) destacou que,
apesar da amenização dos incômodos à vizinhança, há perigo devido à presença de alguns materiais

215
em decomposição no local. 41,7% (n=5) dos entrevistados estão satisfeitos com a área desocupada
pelo aterro controlado e pela usina de lixo e a consideram uma área de lazer importante para os
moradores do bairro.
DISCUSSÃO
De acordo com GAMEIRO et al (2011), o trabalho de catação de material reciclável exige
mão de obra pouco especializada, de modo que, o reaproveitamento dos resíduos sólidos contribui
com a inclusão social de trabalhadores pouco instruídos e daqueles que são marginalizados pelo
sistema formal de emprego.
Os catadores vêm adquirindo mais respeito por parte da sociedade e o fato de estarem
organizados em cooperativa contribui muito para isto. CUNHA (2011) esclarece que as cooperativas
e associações possibilitam a distinção entre o catador associado e o de rua, sendo que os primeiros
são considerados mais limpos e organizados e os segundos são muito inferiorizados.Segundo
AQUINO et al (2015), ao se organizarem em cooperativas ou associações, os catadores geralmente
alcançam benefícios, como local adequado para triagem de materiais e a venda dos mesmos,
podendo obter melhores preços, proporcionando assim, mais dignidade e renda.
PEREIRA NETO (2007) discorre que a implantação de unidades de triagem e de aterros
sanitários permite que catadores resgatem sua cidadania e melhorem sua qualidade de vida.
É de extrema importância que se realize um amplo processo de informação, aliado à educação
ambiental para que a população contribua com todo o processo de gestão de resíduos sólidos, pois
ela é agente ativo na contribuição para o funcionamento do mesmo.
A manutenção de resíduos sólidos em local afastado da área residencial contribui com o bem
estar da população. O aproveitamento de terrenos onde se manipulava resíduos para construção de
áreas úteis para a comunidade local constitui-se de imenso ganho ambiental e social.

CONCLUSÕES
A criação de cooperativas de reciclagem garante renda e dignidade a cidadãos que poderiam
estar em situação de marginalidade do ponto de vista social.O catador organizado tem conseguido
maior espaço perante a sociedade e sua profissão tem adquirido maior respeito e importância.
A instalação de pontos ineficientes de manejo de resíduos sólidos em área residencial se
mostra um grave problema ambiental e social. É essencial que estes pontos sejam devidamente
organizados e se encontrem distantes da zona residencial.
O uso de aterro sanitário é a forma mais adequada para disposição final de resíduos sólidos.
No entanto, é importante que haja formas de tratamento, como a reciclagem, que diminuem a
quantidade de resíduos aterrados, aumentando assim a vida útil do aterro. Essas ações minimizam os
impactos negativos que acarretam danos ao meio ambiente e à saúde coletiva.

AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Programa Institucional de Apoio à Pesquisa da UEMG – PAP pela concessão da
bolsa de pesquisa que foi essencial para a execução do trabalho.À minha família, ao meu namorado e
aos meus amigos, agradeço pelo grande apoio durante toda a realização do estudo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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216
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EditoraUFV, 2007

217
ADOLESCENTES: RELEVÂNCIA DE TEMAS RELACIONADOS À SEXUALIDADE

LASMAR, Rone; PACHECO, Camila Mariangela

Síntese: A adolescência tem sido alvo de grande preocupação devido a precocidade do início da atividade sexual,
expondo-os a diversos riscos seja de saúde, social, emocional ou outros, quando não exercida de forma adequada.
Por reconhecer os diversos anseios envolvendo a sexualidade e os jovens o presente estudo buscou conhecer quais
assuntos envolvendo o tema é considerado de relevância para estudantes de escolas públicas em Divinópolis,
Minas Gerais. No presente estudo, foi constatou que os entrevistados se interessam por assuntos envolvendo DSTs
e aspectos reprodutivos. Assim percebe-se que os envolvidos no estudo ainda se preocupam por questões
relacionadas ao ato sexual e sua implicação na saúde e sociedade.

Palavras-Chave: Alunos; Educação sexual; Juventude.

INTRODUÇÃO
Adolescência é o período de transição entre a infância e a vida adulta, caracterizado pelo
desenvolvimento físico, mental, emocional, sexual e social e pelos esforços do indivíduo em alcançar
os objetivos relacionados às expectativas culturais da sociedade em que vive (EISENSTEIN, 2005).
A adolescência se inicia com as mudanças corporais da puberdade e termina quando o indivíduo
consolida seu crescimento e, em partes, sua personalidade (HEALD, 1985).
Há percepções diferenciadas sobre a capacidade do adolescente com relação as sua
responsabilidade e autonomia no que diz respeito as relações de trabalho (BRASIL, 1990, 1988), a
inimputabilidade perante a lei, ao voto (BRASIL,1965), casar-se, firmar contratos ou obrigações
(BRASIL, 2002 ), e também o exercício da sua sexualidade (BRASIL, 2005). Sendo o último item,
palco de grande preocupação devido a precocidade do início da atividade sexual, a qual contribui
para expor os adolescentes a diversos riscos seja de saúde, social, emocional ou outros, quando não
exercida de forma adequada.
A educação sexual como tema transversal nas disciplinas curriculares, em partes, se deve a
ausência de maturidade necessária para exercerem comportamentos e identidade sexual, e até
mesmo não conseguirem perceber os perigos e armadilhas que uma vida sexual pode esconder.
Desta forma cabe ao poder público, aos pais e as instituições de ensino, fomentar informações
corretas, prestar o auxílio a estes jovens, para a plenitude de uma escolha saudável.

1
Graduanda no 3◦Periodo do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas;
2
Graduando no 8◦Periodo do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas; 3Professora Orientadora.

218
Diante disso, os alunos de escolas públicas em Divinópolis, MG, através de questionário,
informaram quais os assuntos relacionados à sexualidade que eles julgam ser importantes.

METODOLOGIA
Este estudo quantitativa foi realizado entre os meses de agosto a outubro do ano de 2016 no
qual foi aplicado um questionário aos estudantes do ensino fundamental e do primeiro ano ensino
médio pertencentes a quatro escolas estaduais do município de Divinópolis, Minas Gerais. Dentre
as questões está havia uma que avaliava a importância, segundo os estudantes, da abordagem de
temas específicos relacionados à sexualidade.

RESULTADOS

A amostra foi composta de 149 alunos do ensino fundamental II e 93 do ensino médio,


totalizando 242, dos quais 53% (n=128) eram do sexo feminino e 47% (n=114) do sexo masculino,
com idades entre 13 e 23 anos.
Ao avaliar a importância dada pelos estudantes a determinados assuntos dentro da
sexualidade nota-se que eles consideram de relevância as condições saúde-doença envolvendo a
temática, já que 35,41% apontaram que a abordagem das DSTs é de grande importância, seguida por
gravidez indesejada com 26,65% dos entrevistados (Tab. 1).

Tabela 1. Assuntos de maior relevância na visão dos entrevistados a serem abordados em aulas
sobre a temática.

Sem Pouca Muito


significância importância Importante importante Imprescindível
Puberdade 21,04 8,33 32,54 21,03 17,06
Prevenção de Aproximação
Abusiva 21,86 8,91 18,62 26,32 24,29
Reprodução 21,86 8,50 31,58 25,91 12,15
Métodos Contraceptivos 20,24 4,86 24,70 23,88 26,32
Gênero/Diversidade
27,54 17,41 31,98 15,38 7,69
D.S.T 20,25 5,26 10,53 28,74 35,22
Noções Família 22,66 9,72 29,15 25,51 12,96
Aspectos Emocionais.
Relacionamentos Íntimos 30,37 12,15 35,22 14,57 7,69
Menstruação 21,96 15,85 25,20 25,61 11,38
Masturbação 35,63 24,29 21,46 10,93 7,69
Gravidez Indesejada
23,48 9,31 15,79 25,10 26,32

DISCUSSÃO
Em partes, o interesse dos jovens às DSTs se deve a exposição aos fatores de riscos aos quais
estão expostos. FERREIRA et al. (1998) apontam que a multiplicidade de parceiros, a falta de
orientação adequada para uma saúde sexual e o início precoce da atividade sexual são aspectos
críticos que expõem os jovens às DSTs, assim, programas efetivos de formação da educação sexual

219
tornam urgentes e imprescindíveis. Quanto ao outro tema de interesse apontado pelos estudantes,
gravidez indesejada, torna-se relevante devido às implicações na vida do indivíduo, como abandono
da escola, dificuldade de inserção no mercado de trabalho, redução do padrão de vida,
desestruturação familiar e possível consequente circularidade da pobreza (KIRBY, 2001)
A espontaneidade revelada ao se expressar, demonstrando quais assuntos seriam relevantes e
esclarece uma possível preferência por ações de educação sexual, comprovando a importância fulcral
desses temas no desenvolvimento da adolescência (BRACONNIER, 2001), uma vez que este pode
ser uma fonte de sustentação, de modo individual e também coletivo, dando-lhes uma sensação de
familiaridade proporcionando maior conforto e claramente demonstra a possibilidade de se construir
um alicerce sólido a partir da escola e família rumo a um futuro de cidadãos conscientes quanto as
práticas saudáveis de suas expressões para a sexualidade

CONCLUSÃO
Contudo, em pleno século 21, observamos que a educação para uma vida sexual consciente
e saudável caminha a passos tímidos enquanto o avanço das enfermidades tem um ritmo vertiginoso.
É preciso uma realidade em que a grande maioria entenda os riscos, percebam que eles são reais e
que as consequências vão além do indivíduo, penalizando as pessoas que estes adolescentes mais
consideram preciosos: seus pares afetivos, suas famílias e a si mesmos.

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220
A IMPORTANCIA DA CAPOEIRA COMO CONTEUDO NA EDUCAÇAO FISICA
ESCOLAR

FERREIRA, Daniel Aparecido¹; NASCIMENTO-CARDOSO, Amanda Mayara².

Síntese: Este estudo de natureza descritivo-exploratório, teve por objetivo analisar as dimensões que mostra a
importância da capoeira como conteúdo escolar os estudantes de 11 e 12 anos do 6º ano do fundamental II da
Escola Estadual Henrique Galvão da rede de ensino de Divinópolis-MG à praticarem capoeira nas aulas de
educação física, como o eixo principal é a inserção da pratica. Foi utilizado como instrumento para coleta de
dados um questionário contendo quatro questões sobre a modalidade no âmbito escolar, sendo assim foi aplicados
a uma amostra de 45 estudantes ambos os sexos de duas turmas de uma escola de Divinópolis. Os resultados
evidenciam que as dimensões, conhecimentos culturais, conhecimentos corporais, benefício à saúde, técnicas de
lutas, afetividade, companheirismo, disciplina, respeito e a maioria dos entrevistados não sabiam que a capoeira
estava presente no Conteúdo Básico Comum (CBC). Nesta perspectiva, o professor de Educação Física ao
conhecer a importância da pratica da capoeira em suas aulas, poderá adotar regras, estratégias e métodos mais
eficazes, aumentando seu leque de conhecimento, saindo um pouco das normalidades da escola com uma aula
lúdica e com bastante conhecimento, podendo assim atingir as expectativas de seus alunos, a partir de um
processo de ensino aprendizagem significante.

Palavras–chave: Educação Física escolar; Capoeira; Conteúdo.

INTRODUÇÃO

A capoeira é considerada um patrimônio cultural do Brasil, ela é a libertação de vários


negros que viviam nas senzalas e consolidou-se como uma revolução para os escravos negros da
época. Temos como referência no esporte, Mestre Bimba, criador da capoeira regional e Mestre
Pastinha, defensor da capoeira de angola (NORBERT 2000).
Ainda segundo o autor a capoeira conta com três estilos: Capoeira Angola, que tem um
jogo lento e rasteiro onde os praticantes ficam bem próximos um do outro. A Capoeira Regional que
é praticada através de um jogo rápido e no alto, onde acontecem as acrobacias (saltos e floreios). E
por fim a Capoeira Benguela que é a intercalação dos dois outros estilos.
É necessário ressaltar que para o alcance de bons resultados, é importante aplicar muito
além do que somente os aspectos técnicos da luta. O ensino das técnicas e dos movimentos deve ser
acompanhado da transmissão da cultura, da história, de sua origem e de sua evolução até os dias
atuais. A capoeira pode ser introduzida perfeitamente no âmbito escolar, pois a mesma atende vários
aspectos de conhecimento cultural e corporal, musicalidade e outras atividades que esta prática
proporciona, na medida em que instiga o autoconhecimento e a análise crítica de possibilidades e
limites, facilitando o desenvolvimento das diversas formas de inteligência e o convívio social.
(SANTOS e OLIVEIRA, 2001 apud MEDEIROS e PERES, 2007).
A capoeira com seus vastos benefícios só tem a somar dentro da escola. Conhecer quais
os motivos que levam os alunos à prática de atividades motoras na escola pode melhorar as
atividades escolares e auxiliar no método de ensino-aprendizagem, considerando que a aprendizagem
e a motivação são fases interdependentes no homem (BERLEZE; VIEIRA e KREBS, 2002).

¹Graduando em Educação Física Licenciatura da UEMG- Campus Divinópolis-MG aparecidoferreira850@yahoo.com


²Mestra em Ciências da Motricidade pelo Instituto de Biociência- UNESP

221
O conhecimento dos motivos que leva os adolescentes a buscarem e a praticarem uma
atividade motora, conforme Paim (2001) é uma perspectiva de fundamental importância para os
professores de Educação Física, de modo que seu desempenho seja estruturado de acordo com o
interesse do praticante, proporcionando assim uma melhor escolha das atividades, o ritmo da aula, o
comportamento relacional e a maneira de motivar para uma prática alegre e prazerosa.
Santos (2002) apresenta a importância da capoeira na Educação Física Escolar,
mostrando as varias questões que justifica essa inserção, colocando como exemplo: a expressão
cultural afro-brasileira, uma luta de classe, lutas por justiça dentre outros. Podendo trabalhar a
capoeira não somente como luta, mais também como folclore, danças, esporte, lazer e arte.
De acordo com Silva (2003) a capoeira inclusiva deve ser cuidadosa nos seus métodos e
pedagogia, deve interagir e favorecer as reflexões sobre os valores com o intuito de criar vínculos
saudáveis e que facilitem e contribuam para a formação da identidade de seusalunos. A capoeira vem
ocupando lugares importantes e que tem como objetivo contribuir de maneira significativa na
inclusão.
Mesmo a capoeira tendo múltiplos enfoques, sua prática ainda é pouco difundida nas
escolas. O presente trabalho visa entender a visão dos alunos do 6º ano do ensino fundamental da
escola estadual Henrique Galvão do município de Divinópolis, sobre a validade da inserção das
vivencias da Capoeira como conteúdo das aulas de Educação Física.

MÉTODOS

O referido trabalho refere-se a uma pesquisa descritivo-exploratória. A realização da


pesquisa exploratória, segundo Richardson (1999), contribui para o aumento das possibilidades de se
fazer ponderações em relação aos aspectos estudados, podendo ser identificados e elucidados.
O estudo foi realizado na Escola Estadual Henrique Galvão no município de Divinópolis/
MG. Participaram da pesquisa 45 estudantes do 6° ano do Ensino Fundamental 2. Os dados foram
coletados por meio da aplicação de um questionário elaborado pelo autor. O questionário consiste de
quatro questões, e aborda os seguintes aspectos: 1- “Você aprovaria a inserção da capoeira como
conteúdo das aulas de Educação Física?” 2- “A capoeira traz inúmeros benefícios à saúde dos
praticantes, você gostaria de ter a oportunidade de vivenciar a prática de capoeira na escola durante
as aulas de Educação Física?” 3- “Além das vivencias de lutas e movimentos corporais, o praticante
de capoeira também aprende a tocar instrumentos e cantar músicas típicas. Em sua opinião, isso pode
contribuir de alguma maneira na sua formação escolar?” 4- Você sabe que a Capoeira faz parte do
Conteúdo Básico Comum (CBC) de Educação Física, que é o documento que aborda quais os
conteúdos devem ser trabalhos nas escolas?”.
Ressalta-se que houve, também, a revisão bibliográfica veiculadas em artigos científicos
obtidos no portal da Capes e Pub Med, livros, revistas cientificas e textos da internet. As informações
serão agrupadas e categorizadas apresentando o panorama atual referente ao tema.
Para a realização da pesquisa, houve um primeiro momento, estabelecendo contato com a
direção da instituição. Foi agendado um horário para aplicação do questionário e assinatura do
TCLE. Ressalta-se que tanto direções, quanto aos alunos assinaram o TCLE (modelo em anexo).

RESULTADOS

Na questão 1 91,3% dos alunos entrevistados responderam de forma positiva que


gostariam da inserção da Capoeira como conteúdo das aulas de Educação Física, e apenas 8,7%
responderam de forma negativa.

222
Na questão 2, 84,8% dos alunos entrevistados responderam que sim, gostariam de ter a
oportunidade de vivenciar os benefícios da Capoeira durante as aulas de Educação Física, e 15,2%
responderam que não.
Na questão 3, 78,3% dos alunos entrevistados responderam de forma positiva, em relação
se acreditam que os benefícios da Capoeira podem contribuir para sua formação escolar, e 21,7%
responderam de forma negativa.
Na questão 4, 12,4% dos alunos entrevistados responderam positivamente, demonstrando
que tem conhecimento que a Capoeira faz parte do CBC, e 87,6% responderam não.

DISCUSSÃO

Os resultados obtidos foram A Capoeira é um esporte pautado por aspectos culturais e


movimento corporal, por isso enquadra perfeitamente nas exigências da educação física escolar.
Sendo assim, os conteúdos da capoeira contribuem para a formação de seres humanos capazes de
conviver com as diferenças (SOARES e JULIO, 2011).
A capoeira, segundo Cacciatore, Carneiro e Garcia (2010) desenvolve nos alunos
habilidades que vão além dos aspectos físicos, como é um tema amplo, pode-se trabalhar de modo
lúdico, onde brincando, os alunos percebam seu corpo e de suas capacidades motoras, facilitando o
crescimento cognitivo e afetivo. Além disso, a capoeira trabalha também de modo eficaz elementos
como: lateralidade, psicomotricidade, domínio do tempo e espaço, coordenação dos movimentos,
entre outros.
O Ministério da Educação (MEC) acentua que a capoeira esteja incluída na disciplina no
Currículo da Educação Física. Nessa direção, também nos Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCNs) são sugeridos temas como a “Pluralidade Cultural”, e nas aulas de Educação Física escolar
deve ser trabalhado os esportes, jogos, danças, brincadeiras e lutas, neste caso, a capoeira contempla
todos os esses aspectos, sendo uma possibilidade muito ampliada (WIELECOSSELES, 2011).
Está explícito na Lei nº 10.639, no artigo 26-A, a obrigatoriedade do ensino da história e
cultura afro-brasileira em todo o currículo escolar. Assim, todos os educadores terão que incluir em
algum momento de suas aulas a temática da história e cultura dos negros e índios brasileiros. Dessa
forma, a capoeira aparece como uma possibilidade de se discutir uma diversidade de questões
propostas na referida lei (SOUZA, LOURENÇO, 2009).
O PCN da Educação Física, incentiva a participação dos alunos em esportes, jogos e lutas
no contexto educacional. Sendo assim, a utilização da capoeira que é uma junção de todos esses
elementos é uma forma interessante de desenvolver de forma plena competências e habilidades tanto
em crianças quanto em jovens (SOARES, JULIO, 2011).

CONCLUSÕES

De acordo com os dados do questionário grande maioria dos alunos teriam uma boa
aceitação pela inserção da Capoeira nas aulas de Educação Física e conseqüentemente teriam
interesse de ter a oportunidade de vivenciar suas práticas.
Os mesmos enxergam na Capoeira uma boa ferramenta para colaborar em sua formação
escolar, pois terão acesso a uma nova cultura, que engloba práticas corporais, aprendizado de
instrumentos, e também músicas típicas.
Em contrapartida, a maioria dos entrevistados não tinha ciência que a Capoeira está
presente no CBC (Conteúdo Básico Comum), e deve ser trabalhada nas aulas de Educação Física.
Isso traz a reflexão de que mesmo sendo válida a inserção da Capoeira na Escola, existe uma grande
desinformação de que ela deva estar presente no currículo, embasada pelo CBC.

223
Com a introdução da Capoeira nas aulas de Educação Física seria um conteúdo de grande
valia não somente nessa disciplina, mais também em várias outras, pois a Capoeira carrega consigo
uma grande interdisciplinaridade que é possível com somente um tema se trabalhar grande conteúdo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERLEZE, A.; VIEIRA, L. F.; KREBS, R. J. Motivos que levam crianças para a prática de
atividades motoras na escola. Revista da Educação Física/UEM, Maringá, v.13, n. 1, p.99107,
2002.
BRASIL, _Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: educação física.
Brasília: MEC/SEF, 1997.96 p.
CACCIATORE, Rodrigo de Oliveira; CARNEIRO, Nelson Hilário e GARCIA JUNIOR, Jair
Rodrigues, Aprendizagem da Capoeira e Desenvolvimento das Capacidades Físicas de Pré-
escolares Por Meio do Lúdico. Colloquium Vitae, jan/jun 2010, v. 02, n. 01, v. 021.
ELIAS, Norbert e SCOTSON, John L. Os estabelecidos e os outsiders. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
2000
Lei nº 10.639 - de 9 de janeiro de 2003disponivel em
http://temasdaeducacao.blogspot.com.br/2010/03/lei-10639-de-9-de-janeiro-de-2003.html acesso 10
nov. 2016.
MEDEIROS, José Eduardo e PERES, Luiz Sérgio. A Capoeira na Escola: Perspectivas para a
Educação Física Escolar- Uma Abordagem Teórica e Pratica. Cascavel (PR), UNIOESTE, 2007.
PAIM, M. C. C. Motivos que levam adolescentes a praticar o futebol. Revista Digital, Buenos Aires,
ano 7, n.43, diciembre, 2001.
RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
SANTOS, Luiz S. – Capoeira: Uma expressão Antropológica da Cultura Brasileira – Maringá:
Programa de Pós-Graduação em Geografia – UEM, 2002. 230 p.
SILVA, Petronilha B. G.; SILVÉRIO, Valter R. (orgs). De Preto a Afro Descendente - trajetos de
pesquisa sobre relações étnico-raciais no Brasil. São Carlos: Edufscar, 2003. pp. 181-197.

SOUZA, Sérgio Augusto Rosa de, e OLIVEIRA, Amauri A. Bássoli de, Estruturação da Capoeira
como Conteúdo da Educação Física do Ensino Fundamental e Médio, Revista da Educação Física/
UEM, Maringá,V.12, n.2, p.43-50, 2. Sem 2001

224
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO ESPECIALIZADO

CÂNDIDO, Alice Henriqueta Adami ¹; CARBALLO, Fábio Peron ²;

Síntese:A Educação Física tem grande importância na vida do educando e é parte fundamental em relação ao seu
desenvolvimento em todos os âmbitos. Sua prática é evidenciada, sobretudo nas escolas e, ainda mais importante
em ambientes de ensino especializado, contribuindo assim com o aperfeiçoamento das atividades motoras dos
alunos especiais. Este estudo possui os objetivos de verificar se as instituições de ensino especializado oferecem as
aulas de Educação Física e qual a sua importância para os alunos. Trata se de uma pesquisa transversal,
exploratória, descritiva, de abordagem quantitativa. Na região foram encontradas dezessete instituições de ensino
especializado, destas, sete instituições não possuem o professor de Educação Física e dentre as dez que possuem,
somente em sete os docentes de Educação Física se disponibilizaram a responder ao questionário.

Palavras-chave: Inclusão; Integração; Docência.

INTRODUÇÃO
A inclusão social é um processo que pode ser compreendido como a adaptação da sociedade
para poder incluir, nos sistemas gerais e sociais, pessoas com necessidades especiais.Assim, elas se
preparam para assumir o seu devido papel na sociedade, como afirma Sassaki(2003). Dessa forma a
inclusão deixa de ser responsabilidade somente da pessoa com necessidades especiais e, passa a ser
um compromisso da sociedade.
Ainda segundo Sassaki (1997), a história dessas pessoas que apresentamNecessidades
Educacionais Especiais(NEE) pode ser dividida em quatro fases distintas: fase da exclusão, de
segregação, de integração (onde a escola se apresentava da mesma forma, os alunos que teriam que
se adaptar ao sistema escolar) e a fase da inclusão (que propõe um grande e único sistema
educacional de qualidade para todos, sem exceção, com deficiência ou não).
Essa educação deveria constituir um eixo transversal do projeto político pedagógico em vez de
um apêndice. A expectativa esperada na formulação de um projeto integral, universal e transversal
implica alcançar níveis importantes de cooperação institucional, setorial e disciplinar, como afirma
Basttistella (2016).
A escola especial foi criada com o intuito de substituir a escola do ensino regular ao atendimento
a alunos com deficiência, tomando assim o compromisso da escola comum. Entendia-se que esses
alunos não eram capazes de atender as atividades normais e nem manter o compromisso primordial
da escola comum, nem serem incluídos no mundo social, cultural e científico, a não ser em
momentos específicos e fora dessa escola. Entendia-se que esses alunos necessitavam de tratamento
escolar especial, o que incluía currículos e ensino adaptados, menor número de alunos na sala,
professores especializados e outras particularidades de organização pedagógica do processo
educacional (BRASIL, 2006).
O desafio das escolas comum e especial diante da inclusão é o de tornar claro o papel de cada
uma, pois, uma educação para todos, não nega nenhuma delas. Se os objetivos educacionais dessas
não são sobrepostos, nem substituíveis, uma das funções da escola especial é complementar a escola
comum; atuando sobre o saber particular que, invariavelmente, vai determinar a construção e
possibilitar o saber universal (BRASIL, 2006).

¹Aluna do Curso de Educação Física Licenciatura UEMG- Divinópolis. E-mail: aliceha@yahoo.com.br


²Professor Dr. Fábio Peron Docente em cursos de graduação da UEMG- Divinópolis

225
Segundo Diehl (2006, p.109), a Educação Física Adaptada (EFA) propõe uma abordagem
pedagógica diferente, de forma que possa auxiliar os alunos nas aquisições de hábitos de vida ativa e
assim levá-los a conhecer melhor o seu corpo. Devendo, o docente, sempre estar atento em sua
metodologia, de forma que ela sempre atenda às necessidades das crianças e jovens envolvidos, seja
com ou sem deficiência, em situação de inclusão ou em grupos específicos.
A Educação Física é de extrema importância na formação dos alunos.Com ela podemos
estimular e desenvolver habilidades motoras, cognitivas e afetivas. Sendo assim, este estudo teve por
objetivos verificar se as instituições de ensino especializado oferecem, regularmente, as aulas de
Educação Física e qual a sua importância para os alunos.

METODOLOGIA
Trata se de uma pesquisa transversal exploratória descritiva de abordagem quantitativa, com
profissionais Educadores Físicos que trabalham em atendimento aos NEE, por meio da aplicação de
um questionário elaborado pelos autores. Este é constituído por sete questões, sendo cinco fechadas e
duas abertas. É uma pesquisa transversal porque acontece em um curto período de tempo.
Exploratória, porque visa primeiro, a aproximação do pesquisador com o tema e em seguida
investigar e buscar relações existentes e conhecer o tipo de relação.Também, Descritiva, porque
observa, registra e descreve característica de um determinado fenômeno. Descreve o fato em si e
quantitativa porque se trabalha com números e se emprega estática para classificar e analisar as
porcentagens (FONTELLES et al; 2009).

ANÁLISE E DISCUSSÃO
Na região foram encontradas dezessete instituições de ensino especializado (Centros Municipais
de apoio a Educação Inclusiva e APAEs). Nas cidades de Carmo da Mata, Carmópolis de Minas,
Carmo do Cajuru e Cláudio existe uma, três em Divinópolis, Itaúna, Mateus Leme, Nova Serrana,
duasem Oliveira, Passa Tempo, Pará de Minas, São João Del Rei e São Francisco de Paula.
Destes números supracitados, sete instituições (14,17%) não possuem o professor de Educação
Física, sete instituições (41,17%) possuem o professor de E.F e se disponibilizaram a responder ao
questionário e três instituições (17,65%) mesmo possuindo o professor de E.F, não tiveram
disponibilidade para responder ao questionário.
De acordo com os dados dos sete docentes que se disponibilizaram a responder, somente um
professor (14%) é somente graduado e os seis demais (86%) possuem pós-graduação. Assim,
percebe-se que os profissionais da educação que lidam com esse público, especificamente, buscam
aprender mais, levando ao autodesenvolvimento o tempo todo, pois, a educação assumiu uma
trajetória acelerada de mudanças. Os paradigmas da educação especial do passado não servem mais.
Sendo assim, lembrando a visão de Freire (2007), os docentes em suas práxis necessitam se
reinventar constantemente para que haja uma aprendizagem significativa.
Em relação ao tempo de atuação, um professor (14,29%) atua há oito meses, um professor
(14,29%) há 10 meses, um professor (14,29%) há 11 meses, dois professores (28,57%) há um ano e
seis meses e um professor (14,29%) há 10 anos.
Sobre as diferentes necessidades especiais desses alunos relatadas pelos professores, foram
encontrados: Paralisia Cerebral, Dificuldade de Aprendizado, Deficiência Visual, Deficiência
Auditiva, Cadeirantes e Paraplégicos, Deficiências Múltiplas, Autistas eSíndrome De Down.
Quando questionados se receberam suporte acadêmico para trabalhar com crianças com
necessidades especiais, seis professores (86%) confirmaram que foi oferecido um suporte e um
professor (14%) mesmo com o suporte acadêmico, procurou por conta própria outras fontes para
melhor entender do assunto.

226
A respeito da quantidade de aulas de Educação Física proporcionada a esses alunos, dois
professores (42,85%) lecionam uma aula na semana e cinco professores (57,14%) lecionam duas
aulas na semana.A LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) - 9394/96, afirma que a Educação
Física passou a ser um componente curricular obrigatório no ensino básico, porém, sua carga horária
não é devidamente estabelecida. Esta mesma Lei promove a inclusão das pessoas com deficiência.
(BRASIL, 1996).
Quando questionados se seria importante aumentar a quantidade de aulas de E.F,cinco
professores (71%) concordaram e dois professores (29%), discordaram. De acordo com os que
discordaram, uma grande maioria já recebe outros estímulos como a fisioterapia, e a ideia da
Educação Física como componente curricular visa à prevenção e a manutenção da saúde;devendo ser
enfatizada a participação, a decisão e a autonomia do aluno e, não o deixando sobrecarregado ou
dependente (sendo que esses dois professores têm aulas duas vezes na semana). Já os outros 71%
concordam com a necessidade de se fazer um trabalho completo, onde, a coordenação motora seja
mais detalhada (já que muitos têm dificuldades de executar movimentos básicos, sendo tendenciados
a ter sobrepeso por ter uma vida sedentária).Aumentando assim os estímulos, automaticamente
aumentam-se os resultados e benefícios.
Também foram indagados se o aluno com necessidades especiais inserido no ensino regular
receberia o mesmo suporte que no ensino especializado, todos os sete professores (100%)
responderam que“não”. Eles defendem a ideia que esses alunos necessitam de atendimento exclusivo
e inclusivo, onde, as escolas do ensino regular não estão preparadas para isso;tanto na estrutura do
ambiente, quanto em relação ao profissional que vai lidar com os alunos, pois alguns necessitam de
toda atenção e cuidado.
Em relação à importância da E.F na vida escolar dos alunos com necessidades especiais os sete
professores (100%) defendem que a Educação Física é indispensável na vida dos alunos, porque, vai
muito além de incentivar o desenvolvimento psicomotor dos alunos.Também, assegura e promove
um conhecimento do corpo, de suas capacidades, de sua autonomia e assim, não se sentem excluídos;
se sentem úteis e capazes de vencer na vida. A Educação Física deve ser trabalhada de forma
consciente, respeitando os limites do aluno e estimulando, fazendo com que ele vença barreiras
colocadas pela sociedade e muitas vezes por eles mesmos;além de auxiliar na manutenção da saúde.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A prática esportiva é valorizada desde a antiguidade, sabendo que ela gera grandes benefícios e
isso não seria diferente no Ensino Especializado.Sabe-se que as atividades físicas não se restringem
somente ao corpo.Pode se dizer que é um conjunto de corpo e mente quegera vários fatores
importantes como: a integração social, amplitude de movimentos, agente modificador de
comportamento com a consequência de evoluir para formação de equipes esportivas o que colabora
muito na autoestima dos alunos (ARNS, 2001).
Esta pesquisa buscou analisar as aulas de E.F nas instituições do Ensino Especializado,
ressaltando que em muitas instituições ainda não possuem o professor e que essas aulas são de
grande importância e benefícios para os alunos; possibilitando o conhecimento do corpo,
desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo, possibilitando o conhecimento de si mesmo e assim,
desenvolver autoconfiança, autoestima e uma iniciativa para uma vida mais saudável e uma
qualidade de vida melhor.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARNES, F. Educação física, desporto e lazer: proposta orientadora das ações educacionais /
coordenação geral Ivanilde Maria Tibola. Brasília: Federação Nacional das APAEs, 2001. 68 p. 1.

227
Educação especial. 2. Educação física. 3. Desporto. 4. Lazer. I. Tibola, Ivanilde Maria. II. Federação
Nacional das APAEs.

BASTTISTELA, L.R. A escola deve ser a porta de entrada para a cidadania. Disponível
em:http://www.deficiente.com/pcd/home/2-sem-categoria/1273-a-escola-deve-ser-a-porta-de-
entrada-para-a-cidadania-diz-dra-linamara. Acesso em 03/ out/2016.
BRASIL, Ministério da Educação. Lei de Diretrizes Básicas da Educação. Brasília: 1996.
DIEHL, R.M. Jogando com as Diferenças: jogos para crianças e jovens com deficiência. São Paulo:
Phorte, 2006. 109 p.

BATISTA, C.A. M; MANTOAN, M. T. E.. Educação inclusiva: atendimento educacional


especializado para a deficiência mental. [2. ed.]. Brasília: MEC, SEESP, 2006.
FONTELLES, Mauro José ET al.Metodologia da pesquisa científica: diretrizes para a
elaboração de um protocolo de pesquisa. São Paulo: Phorte, 2006.
FREIRE, Paulo.Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 35 ed. São
Paulo: Paz e Terra, 2007.

SASSAKI, R. K. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. 7 ed. Rio de Janeiro: Wva,
1997.
SASSAKI, R. K. Inclusão: Construindo uma sociedade para todos. 5 ed. Rio de Janeiro: WVA,
2003.
SILVA, R. F.; SEABRA JR., L.; ARAÚJO, P. F. Educação física adaptada no Brasil: da história
à inclusão educacional. São Paulo: Phorte, 2008.

228
A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

PINTO, Renata Iris¹; NASCIMENTO, Amanda Mayara²

Síntese: O presente trabalho refere-se à importância da psicomotricidade no desenvolvimento infantil. Tem por
objetivo levantar considerações acerca da Psicomotricidade Infantil e sua importância e identificar os aspectos
motores que podem ser trabalhados na educação infantil. Para isso, foi realizada uma pesquisa bibliográfica
buscando a contribuição da psicomotricidade para o desenvolvimento cognitivo e motor da criança, em todos os
aspectos, sejam físicos, emocionais ou sociais. Na fase pré-escolar, as crianças já possuem estímulos para
desenvolver as habilidades motoras e esses estímulos sofrem influência de diversos fatores como hereditariedade,
maturação do sistema nervoso, experiência externa da criança, interação social e equilibração. Uma criança com
problemas psicomotores carregará consigo inúmeras complicações e estas, por sua vez, trarão problemas em
simples tarefas do dia-a-dia. A psicomotricidade, através da elaboração e aplicação de atividades lúdicas
específicas para cada etapa desse desenvolvimento, trabalhará esses estímulos, fazendo com que a criança tenha
uma evolução psicomotora satisfatória. Dessa forma, a psicomotricidade infantil deve ser considerada como
essencial, pois é um campo onde leva-se em consideração as dificuldades de aprendizagem da criança,
trabalhando-as para que atinjam, gradualmente, um nível de equilibração superior. Durante a pesquisa buscou-se
a relação entre a atividade lúdica, o desenvolvimento psicomotor da criança e a aprendizagem.

Palavras–chave: Atividade lúdica; Educação infantil; Psicomotricidade.

INTRODUÇÃO

Atualmente, a Psicomotricidade têm tido grande importância em trabalhos relacionados


com o desenvolvimento infantil, abrangendo não somente a fase pré-escolar. Alguns componentes
estão profundamente ligados ao ato motor, sejam eles cognitivos, sociais ou afetivos, e é diante dessa
relação que a Psicomotricidade deve ser desenvolvida e discutida. Devido a essa ligação, surgiram
algumas concepções como a de Loureiro (1983) que define a Psicomotricidade como a realização do
pensamento através de um ato motor preciso, harmonioso e econômico.
A educação psicomotora surge como parte integrante da educação básica durante a fase
pré-escolar e também escolar. Mello (1989) cita Morizot (1979) quando aponta que educação
psicomotora é uma atividade através do movimento, que busca o desenvolvimento das capacidades
básicas, atuando na prevenção dos distúrbios da aprendizagem.Diante disso, a educação infantil deve
abranger o máximo das capacidades motoras da criança, possibilitando a ela a oportunidade de
expressão, conhecimento, aprendizagem, errar e acertar, fazendo com que ela descubra todos os seus
potenciais motores.
A criança que mostra atraso na área em questão acarreta inúmeras complicações, tanto na
questão escolar como no seu dia a dia, pois seu raciocínio subjetivo e lógico também é prejudicado,
diminuindo sua concentração para desenvolver simples tarefas como o brincar. Perante essas
dificuldades, é fundamental o trabalho psicomotor na Educação Infantil, pois é nessa fase que ela
descobre seu próprio corpo e organiza seu esquema corporal. Surge daí a importância do
desenvolvimento das atividades lúdicas, pois, brincando, a criança desenvolve e aprimora suas
aptidões, ajustando o seu desenvolvimento psicomotor.

¹ Graduanda do curso de Educação Física Licenciatura, Universidade do Estado de Minas Gerais UEMG/Unidade
Divinópolis, renata.iris.personal@gmail.com
² Professora Designada Educação Física, Universidade do Estado de Minas Gerais UEMG/Unidade Divinópolis.

229
Assim sendo, o objetivo geral do trabalho é analisar a importância da Psicomotricidade
no desenvolvimento infantil e, mais especificamente, refletir a importância da Psicomotricidade na
Educação Infantil, identificar os aspectos psicomotores que podem ser trabalhados na educação
infantil e verificar a relação entre atividades lúdicas e o desenvolvimento psicomotor infantil.

MÉTODOS

Esse estudo foi realizado por meio de revisão bibliográfica, caracterizando-se como
pesquisa exploratória. Segundo Gil (2008), essa pesquisa proporciona um maior entendimento do
tema abordado e seu planejamento é flexível, de modo que possibilita a reflexão do fato estudado.
Para tanto, foram realizadas pesquisas em livros e artigos/trabalhos acadêmicos, disponíveis em
bases de dados como Scielo, Google Acadêmico, EFdesportes, etc. Todo o material foi analisado em
cima do tema proposto, possibilitando a construção de ideias próprias.

REVISÃO DA LITERATURA

A Psicomotricidade é a ciência que analisa o homem através do seu corpo em movimento e


em ligação ao seu mundo interno e externo. Pode ser entendida como a capacidade de determinar e
coordenar mentalmente os movimentos corporais. A palavra psicomotricidade oriunda do grego
psiché = alma e do verbo latim moto = mover frequentemente, agitar fortemente. Ajuriaguerra (1983)
definiu a psicomotricidade como a execução do pensamento através de um ato motor preciso,
econômico e harmonioso.
Para desenvolver um desenvolvimento psicomotor satisfatório na criança, devemos conhecer
todas as fases desse desenvolvimento, que são o Esquema Corporal, que Wallon (1975) determinou
como a fase primordial do desenvolvimento da criança e da sua personalidade, a Coordenação
Motora que, segundo Costa (1968) é a realização de movimentos dos grupos musculares com o
máximo de eficácia e economia, Coordenação Motora Global que resulta do equilíbrio das ações
musculares, Coordenação Motora Fina, refletida na habilidade e destreza manual, Lateralidade que é
o predomínio por um lado: esquerdo ou direito, Organização Espacial, onde a criança aprende noções
de frente/costas, em cima/em baixo, alto/baixo, etc. e Organização Temporal que De Meur e Staes
(1984) definiram como a capacidade de situar-se em relação a acontecimentos, intervalos, períodos,
etc.
Ao estudar a psicomotricidade, não devemos esquecer que é impossível analisar o
desenvolvimento psicomotor sem o desenvolvimento da inteligência. Ajuriaguerra (1980) defende
que o professor não deve pensar na psicomotricidade somente pela questão motora, dedicando-se
apenas ao homem motor e esquecendo-se da cognição. Segundo Piaget (2001), o desenvolvimento
cognitivo é uma equilibração progressiva e contínua, partindo de um desequilíbrio para um estado de
equilíbrio superior. Piaget estudou e classificou o desenvolvimento cognitivo em cinco estágios,
orientando para o desenvolvimento em casa fase da criança. A primeira fase é o período Sensório
Motor (0 – 2 anos), seguida pela fase Pré-Operatória (2 – 7 anos), Operações Concretas (7 – 12 anos)
e Operações Formais (12 anos à idade adulta). Cada uma dessas fases apresenta uma particularidade
que deve ser observada ao trabalharmos a psicomotricidade.
De acordo com o Referencial Nacional para Educação Infantil (1998), a tendência atual da
educação é não perder de vista o lúdico e o professor deve levar isso em consideração ao preparar
suas aulas. Para a criança, o ato de brincar tem relação com prazer e espontaneidade. Nesse momento
seu corpo vivencia descobertas e sensações. Ao observarmos uma criança brincando, percebemos o
quanto ela aprende com essa experiência. Sabendo disso, ao utilizarmos o lúdico pedagogicamente,
contribuímos para o correto desenvolvimento da construção motora dessa criança. Segundo Teixeira

230
(2010) a criança aprende a seguir regras, descobre o mundo ao seu redor, se socializa e experimenta
formas de comportamento por meio das brincadeiras.
Uma observação muito interessante é a de Friedmann (2006) que afirma que o espaço e o
tempo é que definirão as características de cada brincadeira. O professor deve ser criativo e utilizar
de estratégias pedagógicas para melhorar os recursos disponíveis. É importante que o professor
desperte em seus alunos a vontade do brincar. E, acima de tudo, é primordial a valorização da
brincadeira lúdica, sendo instrumento facilitador entre a brincadeira, o aprendizado e a criança.

CONCLUSÕES

A elaboração desse trabalho possibilitou uma análise acerca da importância da


Psicomotricidade no desenvolvimento infantil. Além disso, a pesquisa permitiu uma investigação
aprofundada a respeito das etapas desse processo e como trabalhá-las de modo a garantir uma correta
evolução da criança, tanto no aspecto motor, quanto no cognitivo.
A Educação Motora não deve, de maneira alguma, ser negligenciada pelas escolas.
Proporcionar às crianças essa prática é dar-lhes a oportunidade de um desenvolvimento psicomotor
equilibrado, garantindo proveitos até a velhice. Além disso, ao desenvolver a Psicomotricidade na
criança, contribuímos para uma melhor aprendizagem escolar.
Portanto, a área da Psicomotricidade deveria ser mais valorizada, recebendo o respeito e
consideração merecidos. Professores e diretores de escolas do ensino infantil devem dar mais
atenção a esse campo de atuação, para que possa ser trabalhada de forma comprometida, garantindo
uma educação de qualidade para nossas crianças.

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232
A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA ESCOLA

OLIVEIRA, Amanda Isabel¹; NASCIMENTO-CARDOSO, Amanda Mayara do².

Síntese: Na educação infantil, o jogo e o brinquedo podem e devem ser usados como recurso pedagógico pelo
educador, pois eles têm uma importância fundamental no desenvolvimento de cada criança. Assim, esse estudo
objetivou mostrar a importância das atividades lúdicas no desenvolvimento educacional infantil. O lúdico faz com
que o aluno passe do mundo concreto para a representação mental numa educação integral, fazendo a criança
perder o medo de errar, persistir e acertar. Proporcionar esse clima lúdico no processo pedagógico é estimular a
descontração, assim como a atenção e a motivação num ritmo de aprendizagem constante. Dessa forma concluiu-
se que o lúdico proporciona um desenvolvimento sadio e harmonioso, pois ao brincar, a criança aumenta a
independência, estimula sua sensibilidade visual e auditiva, valoriza a cultura popular, desenvolve habilidades
motoras, diminui a agressividade, exercita a imaginação e a criatividade, aprimora a inteligência emocional,
promovendo assim o desenvolvimento sadio, o crescimento mental e a adaptação social, e além disso, a
aprendizagem se torna prazerosa e significativa.

Palavras–chave: Lúdico; Importância; Aprendizagem; Desenvolvimento.

INTRODUÇÃO

O ato de brincar é considerado uma atividade universal que assume características peculiares
no contexto social, histórico e cultural, sendo o brinquedo um objeto facilitador do desenvolvimento
das atividades lúdicas, podendo ser utilizado em diferentes contextos, tais como, no brincar
espontâneo, no momento terapêutico e no pedagógico. Na brincadeira a criança representa, cria, usa
o faz de conta para entender a realidade que a cerca e vive o momento.
É de extrema importância aprender com alegria, vontade e prazer, e a esse respeito podemos
dizer que “educar é ir em direção à alegria” (SNEYDERS, 1996, p.56). Assim o uso do lúdico faz
com que a criança aprenda com prazer, alegria e entretenimento, sendo relevante ressaltar que a
educação lúdica está distante da concepção ingênua de passatempo que muitos ainda acreditam.
Sendo assim, podemos dizer que a educação lúdica “... é uma ação inerente na criança e
aparece sempre como uma forma transacional em direção a algum conhecimento que se redefine na
elaboração constante do pensamento individual em permutações constantes com o pensamento
coletivo” (ALMEIDA, 1995, p.11).
A relevância desse estudo pauta-se no propósito de pesquisar sobre esta forma de ensino que
nos dias atuais tem enfoque principal na maneira de expor o que é novo para as crianças de forma
descontraída, porém sem perder a essência do ensinar e aprender, uma vez que possibilita a
aproximação de situações concretas e de acordo com realidade de cada uma das crianças.
Quando se trabalham de forma clara as brincadeiras e jogos na escola, o educador tem a
possibilidade de incorporação de ferramentas e metodologias inovadoras. Partindo do pressuposto de
que a educação infantil é o momento que exige uma maior atenção e responsabilidade do educador
por se tratar da primeira fase educacional da criança, afirmamos que esse é o momento mais
importante de saber introduzir o conhecimento sem desmotivá-las, e uma forma de conseguir isso é
se valendo do lúdico no processo de aprendizagem e socialização das crianças.

¹Graduanda em Educação Física Licenciatura da UEMG- Campus Divinópolis-MG


²Mestra em Ciências da Motricidade pelo Instituto de Biociência- UNESP

233
Sendo assim, pode-se afirmar que é através das vivencias dos jogos e dos brinquedos que o
aluno tem a oportunidade de criar, e essa criação acaba se tornando para ele um aprendizado que dá
vontade de sempre aprender mais, pela forma que é conduzido pelo educador que se apropria dessa
forma de ensino-aprendizagem que é o trabalho com o lúdico.

MÉTODOS

Para a realização desse estudo, a metodologia de pesquisa utilizada foi a de cunho


bibliográfica, que compreende uma revisão literária sobre o tema pesquisado a fim de fundamentar
teoricamente o trabalho. A pesquisa bibliográfica, segundo Gil (1994) contribui para um grande
alcance de informações, além de facilitar a utilização de diversos dados dispersos em muitas
publicações, ajudando também na estruturação e definição de conceitos que envolvem os elementos
do estudo proposto. Para a coleta dos trabalhos, foram utilizadas as palavras-chave: lúdico, ensino
infantil, ludicidade, atividades lúdicas, brincadeiras e Educação Física. Depois da leitura exploratória
dos trabalhos encontrados, foram feitas analises e considerações sobre o tema discutido.

REVISÃO DE LITERATURA

O brincar e o jogar são atos indispensáveis à saúde física, emocional e intelectual e sempre
estiveram presentes em qualquer povo, cultura e classe social desde os tempos mais remotos da
existência da humanidade. Através deles, a criança desenvolve a linguagem, a socialização, o
pensamento e a autoestima, preparando-se para ser um cidadão capaz de enfrentar desafios que
conduzam a participar da construção de um mundo promissor.
A ludicidade, nas suas diversas versões auxilia o processo da educação infantil, tanto no
aspecto psicomotor, isto é, no desenvolvimento da motricidade, bem como no desenvolvimento de
habilidades do pensamento, como a imaginação, a interpretação, a criatividade, a obtenção de dados
e a aplicação dos fatos e dos princípios a novas situações, os quais ensinam a obedecerem a regras, a
vivenciar conflitos e a competir.
De acordo com Piaget (2007), o desenvolvimento da criança acontece através do lúdico,
sendo que ela precisa brincar para crescer, precisa do jogo como forma de equilíbrio com o mundo.
Nesse sentido, ressalta ainda que o jogo não pode ser visto apenas como divertimento ou brincadeira
para desgastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e moral.
As crianças na fase inicial da vida escolar ficam mais motivadas para usar a inteligência
através do brincar, pois querem jogar bem, esforçam- se para superar obstáculos tanto cognitivos
como emocionais, e isso é muito importante, pois “utilizar o jogo na educação infantil significa
transportar para o campo do ensino-aprendizagem, condições para maximizar a construção do
conhecimento, introduzindo as propriedades do lúdico, do prazer, da capacidade de iniciação e ação
ativa e motivadora (KISHIMOTO, 2001, p.37).
Como afirma Marcelino (1996, p.38) no que se refere esse assunto, é fundamental que se
assegure à criança o tempo e os espaços para que o caráter lúdico do lazer seja vivenciado com
intensidade capaz de formar a base sólida para a criatividade e a participação cultural e, sobretudo
para o exercício do prazer de viver.
Já de acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), a
criança durante o processo de alfabetização, precisa de um ambiente que estimule seu potencial
criativo com ações que priorizem o brincar ou as aprendizagens especificas que desenvolva o
aprendizado. Neste aspecto, “pela oportunidade de vivenciar brincadeiras imaginativas e criadas por
elas mesmas, às crianças podem acionar seus pensamentos para a resolução de problemas que lhes
são importantes e significativos” (RCNEIS, 1998, p. 54),

234
Assim podemos dizer que o processo ensino-aprendizagem é um processo gradativo e tem
como objetivo propiciar a interação entre os educandos, a construção da cidadania por meio da
compreensão e da evolução dos conhecimentos que são mais facilmente adquiridos de forma
prazerosa e lúdica.
Como mostra Rossini (2003, p. 11): “... aprender tem que ser gostoso... a criança aprende
efetivamente quando relaciona o que aprende com seus próprios interesses.” E esses interesses estão
relacionados com o prazer, que é expresso pela criança através das brincadeiras e de forma
concomitante aos desafios que a vida oferece, impulsionando-as, adequadamente, para reações no
individual e no coletivo.
A ideia poderá ser ampliada com a concepção apresentada por Maluf (2003, p.17) pois ela diz
que “brincar ajuda às crianças no seu desenvolvimento físico, mental, emocional e social; um meio
de aprender a viver e não um mero passatempo”. Por meio das brincadeiras, a criança fantasia, imita
os adultos e adquiri experiências para a vida adulta. O crescimento infantil é acompanhado pelas
brincadeiras, pelos jogos simbólicos que ela mesma inventa para construir conceitos e entender o
mundo ao seu redor.
Já Seber (1995, p.55), define bem esse pensamento quando diz que: "a conduta de viver de
modo lúdico situações do cotidiano amplia as oportunidades não só de compreensão das próprias
experiências como também de progressos do pensamento”. Assim, o jogar e o brincar podem ser
usados como ferramentas para o ensinar e o aprender.
Santos (1999) nos diz que para a criança, brincar é viver. Esta afirmativa é bastante usada e
aceita, pois a própria história nos mostra que as crianças sempre brincaram, brincam e brincarão. Isso
porque elas adoram de brincar. Isso é muito positivo, pois Chateau (1987, p.14) nos diz que “uma
criança que não sabe brincar, uma miniatura de velho, será um adulto que não saberá pensar”. E
nenhum educador espera isso de um educando.
Vygotsky (1996) atribui relevante papel ao ato de brincar na constituição do pensamento
infantil. É brincando, jogando, que a criança revela seu estado, auditivo, visual, tátil, motor, seu
modo de aprender e entrar em uma relação cognitiva com o mundo de eventos, pessoas, coisas e
símbolos.
Já Negrine (2007, p. 19) nos diz que as contribuições das atividades lúdicas no
desenvolvimento integral da criança “indicam que todas as dimensões estão intrinsecamente ligadas,
a motricidade, a inteligência, a afetividade, a sociabilidade são inseparáveis, sendo a afetividade a
que constitui a energia necessária para a progressão psíquica, moral, intelectual e motriz da criança”.
E vem nos dizer Sneyders (1996) que a pedagogia, ao invés de manter-se como sinônimo de
teoria de como ensinar e de como aprender, deve transformar a educação em desafio, em que a
missão do mestre é propor situações que estimulem a atividade reequilibradora do aluno, construtor
do seu próprio conhecimento, e o lúdico se presta a isso.
Dessa forma, o educar ludicamente não pode ser entendido como atirar lições empacotadas
para o aluno consumir passivamente. Educar é um ato consciente e planejado, é tornar o indivíduo
consciente, engajado e feliz no mundo. É seduzir os seres humanos para o prazer de conhecer,
resgatando o verdadeiro sentido da palavra escola, local de alegria, prazer intelectual, satisfação e
desenvolvimento.

CONCLUSÕES

O anseio de aprofundar os conhecimentos sobre esta temática justifica-se pela finalidade de


identificar a importância do trabalho lúdico e seus reflexos para aquisição de conhecimentos dos
educandos, tornando o processo de alfabetização uma prática diferenciada, tendo em vista que tal
método possui aspectos capazes de contribuir positivamente no contexto escolar, possibilitando a
incorporação de ferramentas e metodologias inovadoras, conduzindo a criança às situações reais que

235
contribuam para o desenvolvimento das habilidades individuais e coletivas, através de uma
aprendizagem verdadeiramente com significância.

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237
AMOTIVAÇÃOPARA Á
PRÁTICADOHANDEBOL:UMAANÁLISEDADIFERENÇAENTREOSANOSINICIAISEFIN
AISDEESCOLASESTADUAISDEDIVINÓPOLIS- MG

FRANÇA, Ricardo Alexandre da Silva¹; NASCIMENTO-CARDOSO, Amanda Mayara².

Síntese: Este estudo de natureza descritivo-exploratória objetivou-se investigar os fatores motivacionais de alunos
de escolas estaduais para a pratica do handebol. Utilizou-se como instrumento para coleta de dados o Inventário
de Motivação para a prática Regular de Atividade Física (IMPRAF-54), aplicados a uma amostra de 424 alunos
de três escolas estaduais de Divinópolis-MG. Realizou-se para analise de dados a estatística descritiva utilizando
dos valores de média e desvio padrão. Os resultados evidenciam como fatores motivacionais a sociabilidade, saúde
e estética para os quintos anos e competitividade, sociabilidade e estética para ensino médio. Nesta perspectiva o
professor poderá criar novas estratégicas, inovar com novos métodos de ensino e buscar desenvolver atividades
que mais motiva os alunos, de acordo com cada dimensão apresentada nos escores obtidos.

Palavras-chave: Dimensões Motivacionais; Escola; Handebol; Professor.

INTRODUÇÃO

A motivação é um fator importante na prática de atividades físicas, é um processo ativo,


que se busca atingir uma meta, mas essas metas dependem da interação de dois fatores: pessoais
(intrínsecos) e ambientais (extrínsecos) (SAMULSKI, 2002). A identificação das dimensões
motivacionais além de contribuir no direcionamento e planejamento das práticas pedagógicas do
professor, é um dos temas de grande importância para a explicação de, ao menos, uma parte do
comportamento de alunos, atletas e de praticantes regulares de atividades físicas e esportivas
(BALBINOTTI, 2011). Então, conhecer o que motiva os alunos é de grande importância, pois as
aulas serão direcionadas aos seus interesses. (BALBINOTTI; BALBINOTTI, 2008).
Segundo Monteiro e Galante (2010), o handebol pode desenvolver aspectos como
cooperação, socialização, interação, lateralidade, agilidade, flexibilidade além de habilidades básicas
como correr, saltar, arremessar.
O presente estudo trata-se de uma pesquisa do tipo descritiva, que busca caracterizar o
perfil motivacional de alunos. Ao todo foram pesquisadas três escolas estaduais do município de
Divinópolis, que obtiveram ranking considerável no ultimo Jogos Escolares de Divinópolis (JED) e
que se tem a prática do handebol regularmente. Com o intuito de descrever o perfil motivacional dos
alunos praticantes da modalidade handebol na educação física escolar, podemos formular a seguinte
hipótese: os alunos são mais motivados a prática do handebol na escola, para carácter competitivo,
visando os Jogos Escolares de Divinópolis, já que as escolas pesquisadas apresentaram um ranking
considerável nos JED do ano de 2015.
Desta forma o objetivo central deste estudo é analisar os aspectos motivacionais para a
prática do handebol, nos anos iniciais e finais de escolas estaduais da rede de ensino, na cidade de
Divinópolis, a partir da avaliação de seis dimensões motivacionais (prazer, sociabilidade, controle de
estresse, estética, saúde e competitividade), associados a pratica regular de atividade física ou
esportiva (BALBINOTT;BARBOSA,2008).

¹Graduando em Educação Física Licenciatura da UEMG- Campus Divinópolis-MG riicardo93@hotmail.com


²Mestra em Ciências da Motricidade pelo Instituto de Biociência- UNESP
MÉTODOS
O presente estudo de cunho descritivo-exploratório obteve uma amostra, composta por
424 alunos, sendo 338 que estão inseridos no Ensino Médio da rede estadual de ensino das três
escolas pesquisadas, as quais são elas: Escola Estadual Armando Nogueira, Escola Estadual Manoel
Corrêa Filho e Escola Estadual Miguel Couto. Os demais alunos que totalizam 86 estão inseridos no
238
5º ano da rede estadual de ensino das escolas citadas acima.
Como instrumento para coleta de dados foi utilizado o Inventário de Motivação para a Prática
Regular de Atividade Física (IMPRAF-54) (BALBINOTT; BARBOSA, 2006). O IMPRAF-54 é um
inventário que avalia 6 dimensões voltadas a motivação para a realização de atividade física regular.
Para coleta de dados dessa pesquisa, inicialmente foi solicitado a permissão aos diretores
responsáveis pelas escolas, após a autorização dos diretores, o pesquisador entrou em contato com os
alunos, para convidá-los a participar do estudo. Após o consentimento dos alunos, foi solicitada a
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), cumprindo assim todos os
procedimentos éticos necessários.
A aplicação do instrumento de pesquisa foi realizada pessoalmente pelo próprio pesquisador,
durante o horário de aula. Esse procedimento foi combinado anteriormente com o professor de
Educação Física de forma que nenhuns dos alunos fossem prejudicados e se ausentassem das aulas.
O questionário foi aplicado cada sala no seu horário de Educação Física.
Os dados provenientes da aplicação do questionário, como as pontuações das dimensões
motivacionais foram apresentados por meio de estatística descritiva, utilizando dos valores de média
e desvio-padrão.

RESULTADOS
Pode-se perceber que as dimensões sociabilidade, saúde, estética são os principais fatores
atribuídos pelos alunos dos 5º anos pesquisados, sendo como os mais motivadores para a prática do
handebol na escola, enquanto que o controle de estresse e competitividade foram os fatores que
apresentam menores pontuações.
Percebe-se que as dimensões competitividade, sociabilidade e estética são os principais
fatores atribuídos pelos alunos do ensino médio para a prática do handebol na educação física,
enquanto as dimensões saúde, prazer e controle de estresse foram os que apresentaram menores
pontuações.

DISCUSSÃO
Em relação aos resultados dos 5º anos pesquisados, pode-se identificar que os alunos
destacaram-se três fatores principais para a prática do handebol nas aulas de educação física, são
eles: sociabilidade, saúde e estética. Dois desses fatores são caracterizados como sendo de natureza
intrínseca, sociabilidade e saúde e o fator estético como sendo de origem extrínseca.
O maior destaque dado ao fator sociabilidade entre os alunos do 5º podem ser associados à
necessidade de fazer parte de um grupo, estabelecer laços, vínculos e relacionamentos com outras.
GALLAHUE E OZNAUN (2003) diz que a sociabilidade pode ser primordial para que as crianças se
envolvam no esporte. Seguindo esta linha de pensamentos dos autores citados anteriormente, pode-se
observar que o presente estudo afirmou a fala dos mesmos.
Advinda em segundo lugar, temos o fator saúde. Segundo (GRAÇA; BENTO, 1993) esse
resultado “... pode ser explicada pela concepção de que a saúde deixou de ser restrita à medicina e
passou a ser considerada como um bem a ser conquistado através do estilo de vida e do
comportamento.”.
Como pode ser destacado o terceiro fator que mais motiva os alunos dos quintos anos é o
fator estético. Provavelmente este fator esteja relacionado à satisfação das necessidades psicológicas

239
desses adolescentes, percebendo os resultados positivos que a prática regular de atividades físicas
poderá trazer. Nesse sentido, esses alunos também são estimulados predominantemente por motivos
extrínsecos, segundo estudos de Deci e Ryan (2000).
Em subsequência nos resultados obtidos através do questionário aplicado aos quintos anos, se
encontra os fatores motivacionais prazer, competitividade e controle de estresse, aleatoriamente.
Salientando como estes fatores como sendo os que receberam menores escores, será dada ênfase
somente no ultimo colocado, como sendo o controle de estresse. Em um estudo realizado na
Universidade Aberta do Paraná com mais de 187 idosos que praticam atividade física regularmente,
que eles são capazes de lidar com o estresse de modo mais eficiente, bem como, possuem níveis de
satisfação maiores com a vida (NASCIMENTO JUNIOR et al., 2012). Justifica-se o controle de
estresse como sendo o menos pontuado, devido os alunos não levarem uma vida estressante, não
tendo de assumir tantas responsabilidades ainda nessa fase da vida.
Percebe-se uma diferença na primeira colocação em relação do ensino médio aos quintos
anos. Em primeiro lugar temos o fator competitividade como sendo o que mais motiva os alunos a
praticarem o handebol escolar. Seguidos dos fatores sociabilidade e estética. Em análise a outros
estudos, essa faixa etária do ensino médio, caracteriza uma especialização do esporte fora do
ambiente escolar. E de suma importância relatar que muitos já estão competindo, representando
clubes, cidades, estados e até mesmo países. Analisando esta perspectiva, justificando o estudo, este
modo de competição e espelhado no âmbito escolar, o que pode ter sido fator de maior escore, para o
aspecto competitividade no ensino médio.
Os resultados obtidos através desse estudo evidenciaram que o aspecto sociabilidade foi o de
segundo maior escore, no ensino médio. Em concordância com alguns autores, o fator sociabilidade
apresenta grandes escores, tanto nos quintos anos pesquisados, quanto no ensino médio, isso se deve
ao fato da necessidade de se pertencer a um grupo na adolescência e muito forte, isso pode ser um
fator primordial para que o jovem se envolva com o esporte no estudo no caso o Handebol.
(GALLAHUE e OZMUN, 2003).
Em terceiro lugar nos resultados obtidos, temos a dimensão Estética. Como se pode notar, o
fator motivacional estética esteve presente tanto nos quintos anos quanto no ensino médio. Estudos
mostram que o corpo e algo que esculpimos (construção), que se submetem as exigências imposta
pela sociedade ou a cultura vivenciada (GARCIA e LEMOS 2003)
Em seguimento temos os três aspectos que menores receberam escores nos ensinos médios
pesquisados, são eles saúde, prazer e controle de estresse nesta mesma ordem. Como sendo de maior
importância será observado aqui o fator controle de estresse, pois esta dimensão foi a que ficou em
ultimo colocado também nos quintos anos, como analisado anteriormente.
“Um estudo realizado com homens e mulheres de 17 a 23 anos por um período de quarto
meses em atividades na agua, o resultado foi insuficiente para atingir uma melhoria psicossocial e
diminuir o estresse (CAROMANO et al., 2003)”
Através desse estudo citado anteriormente, percebe-se que para atingir uma melhora na
questão do controle do estresse, demanda tempo, o que pode ser uma justificativa para essa dimensão
ter sido a menos conceituada, pelos quintos anos e pelos ensinos médios das escolas pesquisadas.

CONCLUSÕES
Percebe-se que a hipótese formulada para os quintos anos foi refugada, enquanto no ensino médio
tivemos a constatação da mesma.
Conclui-se por tanto através desse estudo, que identificar o perfil motivacional dos
alunos, que praticam o handebol nas aulas de educação física é de suma importância, visto que com o
estudo, o professor poderá criar estratégicas, inovar métodos e buscar atividades que mais motiva os
alunos de acordo com cada dimensão apresentada nos escores obtidos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BALBINOTTI, M. A. A.; BARBOSA, M. L. L. (2006). Inventário de Motivação à Prática Regular
de Atividades Físicas(IMPRAF – 126). Manual Técnico de Aplicação. Laboratório de Psicologia
do Esporte – Universidade Federal do Rio Grande do Sul: Porto Alegre.
240
BALBINOTTI, M. A. A.; BARBOSA, M. L. L. Inventário de Motivação à Pratica Regular de
Atividade Física e/ou Esporte(IMPRAF-54). Laboratório de Psicologia do Esporte –
Universidade Federal do Rio Grande do Sul: Porto Alegre, 2008.

BALBINOTTI, M.A.A; ZAMBONATO, F.; BARBOSA, M. L. L; SALDANHA, R.P.;


BABINOTTI, C.A.A.. Motivação à prática regular de atividades físicas e esportivas: Um estudo
comparativo entre estudantes com sobrepesos, obesos e eutróficos. Motriz, Rio Claro, v.17,
n.3,p.383-394, jul/set,2011.

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GALLAHUE, D; OZMUN, J. Compreendendo o desenvolvimento motor de bebês, crianças,


adolescentes e adultos. 2 ed. Phorte, São Paulo, 2003.

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Educação Física, São Paulo, v-16, p.114-159, Jul/Dez. 2003.

Graça, A., & Bento, J. B. (1993). Receios e convicções de controlo acerca da saúde em crianças e
jovens. In A. Marques (Org.), A ciência do desporto, a cultura e o homem: 3º Congresso de
Educação Física dos Países de Língua Portuguesa(pp. 599-612). Porto: Faculdade de Desporto
da Universidade do Porto.

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lúdica para as aulas de educação física. In: II Seminário de Estudos em Educação Física Escolar,
São Carlos, CEEFE/UFSCar, p.393-419, 2010.

NASCIMENTO CARDOSO, A. M. Fatores motivacionais de idosos associados à prática regular de


exercícios físicos. Dissertação (Mestrado em ciências da Motricidade) - Instituto de Biociências,
UNESP, Rio Claro, 2014.

RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

SAMULSKI, D. Psicologia do Esporte. Barueri: Manole, 2012.


A PARTICIPAÇÃO DOS ALUNOS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO
MÉDIO

GONÇALVES, Bruno Luís da Silva¹; SANTOS, Andrêza Soares dos²

Síntese:A pesquisa tem como objetivo verificar a participação dos alunos nas aulas de Educação Física no ensino
médio na rede pública na cidade de Divinópolis-MG. Analisando também a visão dos discentes a respeito de
infraestrutura das escolas, a relação professor/aluno e a tecnologia no âmbito escolar. Os dados foram coletados
por meio de um questionário com 8 (oito) questões, objetivas e dissertativas, aplicados em 3 (três) escolas, de zonas
diferentes: meio rural, periférico e central, totalizando 215 alunos dos 1°, 2° e 3° anos. Verificamos que a
participação nas aulas de Educação Física é superior a ausência, que os alunos não estão satisfeitos com a
infraestrutura das escolas, que eles apresentam um bom relacionamento com os professores de Educação Física, e
que a tecnologia (celulares e tablets) não interfere na participação dos mesmos nas aulas. Podemos observa que,
nas escolas pesquisadas os alunos do ensino médio participam das aulas de Educação Física, mas também criticam
a repetição dos esportes e a forma de atuação do professor, buscando muitas vezes, atividades físicas fora do
ambiente escolar, atividades estas que fazem parte do conteúdo da educação física escolar e que deveriam ser
trabalhados no ensino médio. Cabe a nós professores estimular a participação dos alunos nas aulas por meio da
diversidade dos conteúdos que esta disciplina proporciona.

Palavras-chave: Educação Física; Infraestrutura; Relacionamento professor aluno; Tecnologia na


escola.

INTRODUÇÃO
O presente estudo tem como tema central a participação dos alunos nas aulas de Educação
Física no ensino médio. Ao decorrer dos anos nota-se uma desvalorização, professores sem
criatividades na elaboração de aulas e alunos cada vez menos participativos e desmotivados. O
estudo busca saber como está a participação dos alunos na Educação Física e a visão dos alunos
sobre infraestrutura, o professor e de si mesmos.
Alguns documentos foram elaborados afim de nortear os profissionais, entre eles o
Parâmetros Curriculares Nacionais – Ensino Médio PCNEM (BRASIL, 2000), tem como objetivo
aproximar os alunos do ensino médio as práticas educativas de forma lúdica. Outro documento é a
Lei de Diretrizes e Bases, sancionada em 1996, pois, no ensino médio haverá: “o preparo para o
trabalho e a cidadania; o aprimoramento do educando como pessoa humana, a compreensão dos
fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando teoria e prática”
(BRASIL, 1996, p. 33).
O Conteúdo Básico Comum (CBC) do Estado de Minas Gerais, ele orienta o
desenvolvimento das competências e habilidades consideradas imprescindíveis aos alunos em cada
nível de ensino e que, portanto, devem ser, obrigatoriamente em todas escolas do Estado.
A prefeitura de Divinópolis de Minas Gerais também dispõe de um documento, o plano
municipal decenal de educação 2015/2024, o qual vem discutir o Ensino Médio (EM) em um dos
seus capítulos. O qual apresenta algumas metas e estratégicas para o ensino no município
(DIVINÓPOLIS, 2015).

¹Graduando do curso de Educação Física Licenciatura, Universidade do Estado de Minas Gerais UEMG/Unidade
Divinópolis, brunosilvaa147@gmail.com
²Professora Designada Educação Física, Universidade do Estado de Minas Gerais UEMG/Unidade Divinópolis.

242
O Ensino Médio é um período de grandes transformações para os educandos, passam pela
puberdade e pós-puberdade. A puberdade é um período do desenvolvimento humano, corresponde a
fase de transação da infância para a adolescência, ocorrendo mudanças corporais e sociais. Segundo
Tiba (1994), é nesse período que a criança sente as primeiras modificações corporais, com a perca do
modo infantil.
Segundo De Almeida (2007), as escolas públicas há fatores escolares e pessoais que
interferem na ausência participativa dos educandos. Marzinek e Neto (2007), infraestrutura de
algumas das escolas, no que se refere ao acolhimento do aluno nas aulas de Educação Física também
é fator desmotivam-te.
Para Félix (2015), outro aspecto que chama atenção no meio escolar é a tecnologia móvel
(celulares, tablets), que tem atraído muito atenção dos jovens. Apesar de serem proibidos em quase
todas as escolas públicas tais aparelhos são vistos com grande frequência.
Desta forma a pesquisa tem como objetivo verificar a participação dos alunos nas aulas de
Educação Física do Ensino Médio da rede pública da cidade de Divinópolis-MG.

MÉTODOS
A metodologia utilizada na pesquisa é de caráter quanti-qualitativa, pois nesse método a
associação das relações humanas e permite a interação entre números e palavras (FIGUEIREDO,
2007).
O público alvo são alunos de escolas Estaduais de Ensino Médio da cidade de Divinópolis-
MG e o município de Santo Antônio dos Campos, vulgo, Ermida. A pesquisa de campo buscou
dividir o estudo em três zonas, central, periférica e rural. No qual o questionário foi aplicado para
uma turma do 1°, 2° e 3° anos, escolhido aleatoriamente. O questionário foi composto por 8 (oito)
questões, no qual são divididas em objetivas e dissertativas. Todos os alunos assinaram o termo de
compromisso e livre esclarecimento.
A escola “A” será a do meio rural onde responderam as questões 59 alunos, já a escola “B” se
localiza no meio periférico, tendo a participação de 67 alunos e a escola “C”, está no meio central,
onde 89 alunos participaram, totalizando 215 questionários aplicados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Apresentaremos os resultados obtidos com a aplicação dos questionários apresentando e
discutindo questão por questão.

1- Você participa das aulas de Educação Física? Com qual frequência?

Na escola “A”, 61% dos alunos afirmaram que sempre participam das aulas de Educação
Física, 34% dos alunos afirmam que participam ás vezes e 5% não participam. Já na escola “B”, 42%
dos alunos alegam que sempre participam das aulas de Educação Física, 40% afirmam participar
somente ás vezes, sendo alguns por não gostar ou problemas de saúde, os alunos que não
participação nas aulas de Educação Física somam 18%.
A escola “C”, 53% dos alunos responderam que sempre participam, 45% marcaram não e 2%
não responderam.
Concluímos que os alunos que sempre participam superam o restante. Porém nota-se, que
maior parte participa por afinidade ao esporte desenvolvido pelo professor. Sendo o esporte a crítica
dos alunos, pois, futsal, vôlei e handebol, não são mais atrativo para alguns.

2- A escola proporciona uma infraestrutura adequada para a prática das aulas?

243
Na escola “A”, 76% responderam que a escola não proporciona uma infraestrutura adequada
e 24% alegam que sim.
A escola “B”, A escola que apresentou maior satisfação com a infraestrutura, 60% dos
alunos. Os 40% que marcaram não. Já escola central “C”, 56% dos alunos acham que a escola não
proporciona uma infraestrutura adequada, 43% acham que sim e 1% não responderam à questão.
Em duas escolas tivemos oportunidade de conhecer a infraestrutura. Apesar de contar com a
quadra, observa-se que faltem equipamentos básicos como: bebedouro ou cobertura. Fatores como da
natureza: dias chuvosos e ensolarados, refletem na participação nas aulas e na didática apresentada
pelo professor.
Segundo Da Costa (2008) tanto para a formação desportiva dos jovens quanto para a
aquisição das destrezas motoras básicas, a escola necessita dar condições para que as atividades
físicas e esportivas sejam realizadas de forma eficaz, sendo necessário o espaço adequado para
ministrar aulas e assim atrair os alunos.
As questões 3, 4, 5 e 6, são a respeito do professor, onde foi perguntado os alunos, se as aulas
de Educação Física são atrativas, se a metodologia é agradável, se tem um bom relacionamento com
o professor e se o professor preocupa com os alunos que não participam?
Na escola “A”, 74% dos alunos responderam que acham as aulas atrativas, 81% que a
metodologia é agradável, 90% diz ter um bom relacionamento com o professor e 88% que o
professor se preocupa com os alunos que não participam. Nesta escola, 24% não acham as aulas
atrativas e 2% não responderam, 17% diz que a metodologia do professor não é agradável e 2% não
responderam,5% alegam não ter um bom relacionamento com o professor e 5% não responderam à
questão, se o professor preocupa com os que não participam 7% responderam não e 5% não
responderam.
A escola “B”, 69% dos alunos acham as aulas atrativas, 28% não e 3% não responderam.
Sobre a metodologia do professor 81% acham agradável e 13% não agradam, 6% não responderam.
91% dos alunos afirmam ter um bom relacionamento com o professor e 4% não tem, 4% não
responderam. Relacionado a preocupação do professor com os alunos que não participam, 69%
afirma que a uma preocupação e 31% diz que não.
Já na escola “C”, 78% dos alunos responderam que as aulas são atrativas e 22% não
concordam. O agrado dos alunos com a metodologia do professor, 82% diz que é agradável e 16%
não, 2 % não responderam. 93% dos alunos diz ter um bom relacionamento com o professor, 7% diz
não ter. 84% dos alunos alegam que o professor se preocupa com os alunos que não participam, já
16% diz que ele não preocupa.
O professor de Educação Física, por ser uma disciplina onde a uma certa liberdade através do
ambiente, uma aula mais descontraída leva os alunos a ter uma afinidade maior com o docente, onde
deve busca incentivar para a pratica das aulas, despertando o interesse e o senso crítico dos alunos.

7- Você pratica alguma atividade física fora do âmbito escolar?

Na escola “A”, 48% dos alunos responderam sim, 48% responderam não, e 4% não
responderam. Já na escola “B”, 70% responderam que praticam fora do âmbito escolar e 30% diz que
não. Os alunos da escola “C’ responderam, 65% sim e 35% não.
Muito das modalidades apresentadas; como Artes Marciais, danças, são procuradas fora do
âmbito escolar pois é pouca desenvolvida ou não é apresentada aos alunos, sendo algumas vezes pelo
preconceito que rodeia a modalidade ou falta de busca do professor para trabalha tal modalidade.

8- Aparelhos tecnológicos (celulares, tabletes) tem influência na não participação nas aulas de
Educação Física?

244
Na escola 51% dos alunos alegam que aparelhos eletrônicos interfere na participação nas
aulas de Educação Física, 39% não e 10% não responderam. Já na escola “B” 69% diz que não
interfere e 31% acham que sim, interfere. Já na escola “C”, 64% diz que não interferem e 36%
alegam que sim.
Apenas na escola “A” os alunos responderam que os aparelhos tecnológicos têm uma
influência na hora de participarem das aulas de educação física. As outras duas escolas não vêm
como problema, e sim as atividades trabalhadas nas aulas que “perdem” para os aparelhos.

CONCLUSÃO
Com este estudo podemos concluir que, os alunos na maioria das vezes participam das aulas
de Educação Física e que na escola de meio rural isto é mais evidente, muitos participam por
afinidade aoesporte. A infraestrutura na visão dos alunos compromete a prática das aulas, pois,
muitos faltam materiais básicos como: cesta de basquete, cobertura da quadra e bebedouro.
Para a maioria dos alunos pesquisados, as aulas de Educação Física são atrativas, a
metodologia utilizada pelo professor é agradável e relatam um bom relacionamento com o professor,
sendo que este preocupa com os alunos que não participam das aulas.
Podemos observa muitos agradam com os métodos e tem um bom relacionamento com o
professor e que muitas vezes a tecnologia é mais atrativa pois as aulas são repetitivas e
desinteressantes. Onde cabe ao professor buscar novos meios de estimular a participação dos alunos
nas aulas por meio da diversidade dos conteúdos que esta disciplina proporciona.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional. Presidência da República – Casa Civil – Subchefia de Assuntos Jurídicos, Brasília, DF,
1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm >. Acesso em: 19 de
setembro 2016.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros
curriculares nacionais: ensino médio. MEC, 2000.
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Education, v. 5, n. 1, p. 26-39, 2008.
DE ALMEIDA, P. C.; CAUDURO, M. T. O desinteresse pela Educação Física no ensino
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http://sapl.divinopolis.mg.leg.br/sapl/sapl_documentos/norma_juridica/10768_texto_integral. Acesso
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https://praxistecnologica.wordpress.com/2015/11/24/sobre-o-uso-do-celular-em-sala-de-aula-
recurso-ou-distracao. Acesso em 13 de outubro de 2016.
FIGUEIREDO, N. M. A. Método e metodologia na pesquisa científica. São Caetano do Sul (SP):
Yendis Editora, 2007.
MARZINEK, A.; NETO, A. F. A motivação de adolescentes nas aulas de Educação Física. 2007.
Disponível em:http://www.efdeportes.com/efd105/motivacao-de-adolescentes-nas-aulas-de-
educacao-fisica.htm. Acesso em 13 de outubro de 2016.
TIBA, I. Adolescência: o despertar do sexo: um guia para entender o desenvolvimento sexual e
afetivo nas novas gerações. Gente, 1994.

245
A PRÁTICA DE LUTAS INFLUENCIA O DESEMPENHO ESCOLAR?

VILELA, Thiago, S¹; HUDSON, Alexandre, A.S.R.²

Síntese: A prática de Lutas no ambiente escolar tem sido negligenciada por professores de Educação Física.
Entretanto, a sua prática vem aumentando em academias e clubes. Com efeito, a prática de atividades físicas no
geral pode resultar em benefícios para o praticantes, como por exemplo a neurogênese. A nossa hipótese foi que
praticantes de Lutas extraescolar poderiam ter seu desempenho escolar alterado. Dessa forma, o presente estudo
objetivou o presente estudo objetivou analisar se a prática de lutas extraescolar influencia o desempenho escolar e
parâmetros antropométricos de escolares. Não foram encontradas diferenças significativas entre as quatro
disciplinas, tampouco na média total (PL 15,70 ± 2,55 vs NPL 16,14 ± 3,06 p> 0,05) na comparação do
desempenho escolar referente ao 1º semestre do ano corrente entre os participantes do Ensino fundamental e
médio. Entretanto é provável que a influencia da prática de Lutas seja dependente do sexo do praticante,
especialmente no ensino médio. A prática de atividades físicas, de forma geral, favorece a neurogênese, portanto, a
prática de lutas é benéfica e recomendável. Além disso, é recomendada para controle do peso corporal e
consequentemente do IMC, um parâmetro indireto da saúde metabólica dos escolares.

Palavras chave: Lutas; Educação Física; Desempenho escolar; Parâmetros antropométricos

INTRODUÇÃO:
As lutas fazem parte do currículo da educação física escolar. A vivência das lutas na educação
física aborda todos os conceitos da cultura corporal de movimento, e conseguinte a prática pode
trazer inúmeros benefícios ao usuário, destacando-se o desenvolvimento motor, o cognitivo e o
afetivo social (Ferreira, 2006). Porém não se sabe até o momento se a prática de Lutas extraescolar
pode influenciar o desempenho escolar.
De forma geral, é reconhecida a variedade de benefícios que a prática regular de atividade
física tem, tanto a nível fisiológico, quanto ao nível da saúde mental (Costa, 2011), portanto,
considerando que a Educação Física escolar pode ser um meio potencializador da prática de
atividades físicas é possível que essa contribua para melhora do aproveitamento escolar global da
criança e/ou adolescente e saúde dos educandos.
O desempenho escolar pode ser obtido por uma melhora da função cognitiva. Lee et al (2013)
verificou os níveis de atividade física e sua relação com níveis de Fator Neurotrófico Derivado do
Cérebro (BDNF), fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) e desempenho cognitivo em
adolescentes, os autores encontraram que o nível de atividade física pode influenciar em os fatores
neurotróficos e também o desempenho cognitivo de forma positiva.
Portanto, a prática de atividades físicas bem orientadas irá refletir positivamente no
quotidiano dos alunos, e considerando a Luta como uma atividade física em que é possível o
desenvolvimento de habilidades motoras e cognitivas, acredita-se que a prática da mesma é benéfica
se incluída na rotina de crianças e adolescentes, dentro e fora das aulas de Educação Física. Tendo
em vista o exposto, o presente estudo objetivou analisar se a prática de lutas extraescolar influencia o
desempenho escolar e parâmetros antropométricos de escolares.

MÉTODOS:
Com o objetivo de analisar se a prática de Lutas fora do horário escolar influencia o

¹Graduando, UEMG Unidade Divinópolis – thiagosantosvilela@hotmail.com


²Professor do curso de Educação Física (Licenciatura e Bacharelado), UEMG Unidade Divinópolis

246
desempenho acadêmico, utilizamos dois grupos de escolares: praticantes de Lutas (PL, n = 32) e não
praticantes de Lutas (NPL, n = 29), do ensino fundamental (n = 36) e médio (n = 25) da Escola
Estadual Santo Tomaz de Aquino do município de Divinópolis – MG.
Foram utilizados dois questionários, um contendo sete perguntas para o grupo PL e um com
duas perguntas para o NPL. Através das perguntas obtivemos dados sobre a idade, horas dedicadas
ao estudo relacionado à escola, qual modalidade de Luta praticavam, quantas horas e dias por
semana se dedicavam à esta modalidade, há quanto tempo praticavam a modalidade e qual outra
prática física extraescolar realizavam. Além disso, foram mensuradas de todos os participantes a
massa corporal, utilizando uma balança (Relax medic®digital), e a altura, utilizando fita métrica. A
partir dos dados de massa corporal e altura foi calculado o índice de massa corporal (IMC).
Anteriormente a todos os procedimentos de coleta de dados, um termo de consentimento livre
e esclarecido foi lido e assinado pelos responsáveis legais dos participantes para autorização de
participação na pesquisa. Para os participantes maiores de idade, um termo de consentimento livre e
esclarecido foi lido e assinado. A participação dos escolares na pesquisa não representou nenhum
risco de qualquer tipo à integridade dos mesmos. A qualquer momento os participantes poderiam
optar por abandonar a pesquisa.
Um termo de autorização foi lido e assinado pelo diretor da escola para a autorização da
pesquisa. A escola disponibilizou as pontuações dos estudantes envolvidos, sendo selecionadas
quatro disciplinas do currículo escolar para fins de comparação das áreas de exatas, humanas,
biológicas e linguística, sendo elas: matemática, história, biologia/ciências e português
respectivamente.

Análise estatística
A normalidade dos dados foi testada através do teste de Shapiro-wilk. Quando a normalidade
dos dados foi confirmada, utilizamos o Teste t não-pareado para comparação das variáveis
desempenho escolar, massa, altura, idade, e horas de estudo por dia. O Teste de Mann-Whitney Rank
Sum foi utilizado para comparação do IMC entre os grupos, já que esta variável não apresentou
distribuição normal.

RESULTADOS:
Não foram encontradas diferenças significativas entre as quatro disciplinas, tampouco na
média total (PL 15,70 ± 2,55 vs NPL 16,14 ± 3,06 p> 0,05) na comparação do desempenho escolar
referente ao 1º semestre do ano corrente entre os participantes do Ensino fundamental e médio.
A comparação do desempenho escolar das quatro disciplinas (História, Matemática,
Português, Ciências) referentes ao 1º semestre do corrente ano entre os alunos do ensino fundamental
está ilustrada na figura 2. Não foram encontradas diferenças significativas entre os dois grupos nas
disciplinas História, Matemática e Português, tampouco na média total (PL 14,63 ± 2,54 vs NPL
15,94 ± 3,42; p > 0,05). Entretanto, o grupo NPL apresentou uma tendência estatística (p = 0,07) de
maior desempenho escolar na disciplina de Ciências.

247
25 PL
NPL
#

20

Desempenho escolar (pontos) 15

10

0
História Matemática Português Ciências Total
Figura 2. Comparação do desempenho escolar (pontos) do 1º semestre entre estudantes do ensino fundamental. PL:
Pratica Lutas (n = 18); NPL: Não pratica Lutas (n = 18). # Tendência estatística (p = 0,07). Os dados estão expressos
como média ± desvio padrão.

A comparação do desempenho escolar das quatro disciplinas (História, Matemática,


Português, Biologia) referentes ao 1º semestre do corrente ano entre os alunos do ensino médio está
ilustrada na figura 3. Não foram encontradas diferenças significativas entre as quatro disciplinas,
tampouco na média total (PL 17,07 ± 1,85 vs NPL 16,47 ± 2,46; p > 0,05;)

25 PL
NPL

20
Desempenho escolar (pontos)

15

10

0
História Matemática Português Biologia Total
Figura 3. Comparação do desempenho escolar (pontos) do 1º semestre entre estudantes do ensino médio. PL: Pratica
Lutas (n = 14); NPL: Não pratica Lutas (n = 11). Não houve diferença entre os grupos (p > 0,05). Os dados estão
expressos como média ± desvio padrão.

Ao compararmos a diferença de desempenho escolar total entre os sexos não encontramos


diferença entre meninos e meninas no ensino fundamental. Contudo, no ensino médio encontramos
diferença entre os sexos. Os escolares do sexo masculino que praticavam Lutas apresentaram maior
desempenho escolar total que os seus pares que não praticavam. De forma oposta, as participantes do
sexo feminino que praticavam Lutas apresentaram menor desempenho escolar total.
Em relação às medidas antropométricas dos escolares do ensino fundamental, não foram
encontradas diferenças significativas na análise da massa corporal e da altura entre os dois grupos.
Contudo, foi constatado um aumento do IMC no grupo que não praticava lutas. Também não foram

248
encontradas diferenças significativas na comparação da idade e do tempo de estudo diário de cada
grupo.
Em relação às medidas antropométricas dos escolares do ensino médio, não foram
encontradas diferenças significativas na análise da massa corporal, altura e IMC entre os dois grupos.
Também não foram encontradas diferenças significativas na comparação da idade e do tempo de
estudo diário de cada grupo.

DISCUSSÃO
O principal achado do presente estudo foi que a prática de Lutas extraescolar não influencia o
desempenho escolar total quando a amostra é composta do sexo masculino e feminino. Dentre as
disciplinas escolares utilizadas, apenas a de Ciências no ensino fundamental mostrou alguma relação
com a prática de Lutas, isto é, o grupo que não praticava Lutas apresentou maiores notas quando
comparado ao grupo que praticava. Quando a análise foi realizada por sexo, no ensino médio, a
prática de Lutas influenciou de forma benéfica os meninos e de forma maléfica as meninas.
Neto (2014), ao analisar também a relação dos praticantes de desportos de combate e sucesso
acadêmico, concluiu que a prática desportiva de lutas não é uma variável relacionada ao
aproveitamento escolar. Entretanto, no mesmo estudo, o autor observou que os praticantes mais
experientes obtinham melhor aproveitamento acadêmico, bem como a aquisição de competências
sociais, o que segundo o mesmo, pode ser um “preditor” de rendimento escolar, visto que se o aluno
tem um bom desenvolvimento de tais competências, refletirá em melhores condições de
comportamento em sala de aula, ocasionando em um bom rendimento escolar.
Pesquisas apontam que uma maior capacidade cardiovascular pode promover benefícios
gerais para a função executiva em pré-adolescentes (HILLMAN, CASTELLI & BUCK 2005 e
BUCK, HILLMAN & CASTELLI, 2008), e que um programa de atividades físicas pode incidir em
um aumento nos níveis de excitação do indivíduo, podendo corroborar para maiores níveis de
atenção, facilitando, portanto, o desempenho em tarefas que necessitem da função cognitiva
(AUDIFFREN, 2009). Portanto, entende-se que a prática de atividades físicas é benéfica para um
bom desempenho cognitivo de forma geral, mas não está diretamente ligada ao sucesso escolar.
De forma geral, praticar lutas não é fator determinante para se alcançar melhores resultados
escolares, o sucesso acadêmico está ligado a vários outros fatores, como por exemplo, a capacidade
individual de aprendizado. Segundo Neto (2014) treinar lutas não auxilia e nem prejudica o
aproveitamento acadêmico, contudo no presente estudo quando realizamos a análise por sexo
verificamos que no ensino médio as Lutas podem influencias de forma benéfica os meninos e de
forma maléfica as meninas. Portanto são necessários mais estudos com amostras maiores para
elucidar tal problema.
Outro achado relevante no presente estudo foi que no ensino fundamental o grupo que
praticava Lutas apresentou menor IMC em comparação ao grupo que não praticava. O IMC é
influenciado pelo peso corporal. O excesso de peso é considerado atualmente como uma desordem
metabólica complexa e que resulta do desequilíbrio entre a ingestão e o gasto calórico (SPEISER ET
AL, 2005). Valores fora da normalidade de IMC são preocupantes, e de forma geral, sem que haja
estados patológicos, o alcance de menores valores de IMC deve ser objetivo de programas de
atividade física.

CONCLUSÃO

O desempenho escolar de praticantes e não praticantes de luta não se diferem. Entretanto é


provável que a influencia da prática de Lutas seja dependente do sexo do praticante, especialmente
no ensino médio. A prática de atividades físicas, de forma geral, favorece a neurogênese, portanto, a
prática de lutas é benéfica e recomendável. Além disso, é recomendada para controle do peso

249
corporal e consequentemente do IMC, um parâmetro indireto da saúde metabólica dos escolares.

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250
ATLETISMO E OS BENEFÍCIOS DAS CORRIDAS PARA CRIANÇAS DO ENSINO
FUNDAMENTAL E MÉDIO

GREGO, Maria Donizete Silva¹,SANTOS, Andrêza Soares dos²

Síntese: O presente trabalho refere-se ao Atletismo e os Benefícios das Corridas para Crianças do Ensino
Fundamental e Médio, para a divulgação dos resultados obtidos foi apresentado com um pouco da história do
esporte atletismo, das corridas e a importância dos benefícios no desenvolvimento na infância e na juventude
contemporânea. O objetivo deste trabalho é desenvolver o esporte atletismo na escola dando ênfase as corridas e
os benefícios para crianças do ensino fundamental e médio. O desenvolvimento deste trabalho foi baseado em
estudos feitos em livros e artigos, e uma pesquisa de campo, e o instrumento de coleta de dados utilizado foi um
questionário, contendo quatro perguntas, sendo duas para os alunos participantes e duas para os pais e/ou
responsáveis. Os sujeitos dessa pesquisa participaram de uma corrida no município de Divinópolis/MG no dia 19
de junho de 2016. Quando questionados o que sabiam sobre o atletismo, alguns alunos responderam que não
sabiam nada, mais a maioria soube definir o que é a modalidade e sua importância. Na segunda pergunta sobre o
que mudou na vida deles depois de participarem do evento, a maioria dos alunos afirmaram que tiveram
benefícios e se interessaram mais por corridas. Já os pais ao serem questionados sobre a importância da prática
de corridas na vida dos filhos, responderam sobre a os benefícios físicos, emocionais, conscientização da
alimentação saudável e prevenção do sedentarismo. O segundo questionamento feito aos pais foi relacionada a
mudança que a corrida proporcionou na vida dos filhos, sendo que as respostas estiveram embasadas no estímulo
à prática de esportes e atividades físicas. O tema deste trabalho despertou um desejo de por meio dos
conhecimentos adquiridos, contribuir com o desenvolvimento motor, físico, psíquico e social das crianças, pois
está claro a importância e os benefícios do atletismo e das corridas no âmbito escolar.

Palavras-chave: Atletismo, Corridas, Escola, Saúde, Educação Física.

INTRODUÇÃO
A introdução da prática do esporte atletismo nas aulas de educação física é importante para
que seja realizado um trabalho onde proporcione aos alunos a vivenciar o esporte atletismo de uma
forma organizada e sistematizada (FINCK, 1995).
Praticar atividades físicas e/ou esportivas, atualmente se tornou sinônimo de boa forma e
saúde e tem aumentado consideravelmente na atualidade. Porém trabalhar o atletismo no ambiente
escolar ainda permanece com pouca aceitação tanto dos profissionais de educação física quanto para
os alunos em si. Esta situação nos faz questionar o problema no qual acontece dentro das escolas
para que se desenvolva o atletismo nestas aulas (MATHIESEN, 2007). Pode-se dizer que sua
metodologia pedagógica fica muito a desejar, talvez nem seja por desinteresse no esporte ou pela
praticidade que outras modalidades oferecem, mas sim por falta de material e espaço físico adequado
que muitas escolas não oferecem.
De acordo com Mathiesen (2007), no atletismo são muitos os tipos de corridas, e é dos tipos
de competições existentes no atletismo uma forma mais completa, pura atlética desenvolvida pelo
homem. Ela pontua referenciando os movimentos orientados nas corridas em geral, que são os
“educativos de corridas ou exercícios coordenativos”, uma forma de orientações e sugestões
didáticas pedagógicas.

¹Graduanda do curso de Educação Física Licenciatura, Universidade do Estado de Minas Gerais UEMG/Unidade
Divinópolis, mariadogrego@yahoo.com.br
²Professora Designada Educação Física, Universidade do Estado de Minas Gerais UEMG/Unidade Divinópolis.

251
A introdução da modalidade nas aulas de educação física trará além da prevenção para uma
saúde melhor com qualidade de vida, também aos praticantes estímulos para o desenvolvimento de
habilidades relacionadas à força, velocidade e resistência de força e socialização, contribuindo assim
para melhoria em outras modalidades de desporto e convívio social (FERNADEZ; SAINZ;
GARZON, 2002).
As atividades que o professor pode trabalhar com os alunos limitam-se para que os mesmos
aprendam a vivenciar o conhecimento das corridas no atletismo de forma lúdica e agradável,
evitando o desgaste físico, o comprometimento no processo de maturação, proporcionando a
conscientização da prática e automaticamente uma melhora no desenvolvimento das habilidades
motoras, cognitivas e social (MATHIESEN et al., 2009).
O presente trabalho tem como objetivo principal, trabalhar o esporte atletismo com ênfase
aos benefícios das corridas nas aulas de educação física para crianças e adolescentes do ensino
fundamental e médio.

MÉTODOS
O trabalho aqui apresentado refere-se a uma pesquisa de campo, realizado com crianças e
adolescentes na faixa etária entre 10 e 17 anos, participantes de um evento (Corrida da Galerinha)
realizado no Município de Divinópolis, MG no dia 19 do mês de junho de 2016, sob a organização
de uma instituição escolar privada (Colégio Anglo), uma empresa de organização de eventos
esportivos (RD Empreendimentos Esportivos) e o promotor da infância e (Dr Carlos José e Silva
Fortes) dentro do projeto “Todos Contra a Pedofilia”, onde teve a participação também de alguns
pais (praticantes ou não de corridas).
O instrumento de coleta de dados utilizado foi o questionário, que segundo Silva e Menezes
(2001) é uma série de perguntas que devem ser respondidas pelo pesquisado, que deve ser objetivo,
limitado e com perguntas abertas a fim de estimular a reflexão.
O questionário aplicado constou de quatro perguntas abertas, duas delas sendo respondida
pelos alunos e as outras duas pelos pais e/ou responsáveis foi entregue a instituição escolar na
segunda quinzena de setembro e recolhido na primeira quinzena do mês de outubro. A instituição
escolar foi responsável por entregar e recolher os questionários dos alunos.
Para Minayo (2001), a pesquisa de abordagem qualitativa trabalha com o universo de
significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais
profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à
operacionalização de variáveis.

RESULTADOS
Foram entregues 110 questionários para instituição escolar repassar para os alunos, dos quais
apenas 25 foram devolvidos respondidos.
Os alunos foram questionados na primeira pergunta o que sabiam sobre o atletismo antes de
participar do evento Corrida da Galerinha, e alguns alunos responderam que não sabiam nada ou
quase nada, outros responderam que era uma modalidade esportiva e definiram o atletismo como
podemos observar nas seguintes respostas:
“Antes de participar do evento Corrida da Galerinha, eu sabia que o atletismo é o conjunto de
várias modalidades esportivas, incluindo a corrida” (ALUNO 18, 2016).
“Atletismo é um conjunto de esportes eles são: lançamento do dardo e do disco, corrida de
obstáculos e sem, salto em distância, etc. E acho que todas as pessoas deviam participar porque é
muito saudável” (ALUNO 8, 2016).
“Sabia que era algo muito importante porque além de exercitar, o atletismo também ajuda a
melhorar a saúde e o bem-estar da pessoa e também te solta um pouco do’ mundo virtual’” (ALUNO
16, 2016).

252
Na segunda pergunta os alunos foram questionados sobre o que mudou na vida deles depois
de participar do evento, sendo que apenas dois alunos disseram que não mudou nada, outros
responderam que tiveram benefícios e se interessaram mais pelas corridas:
“Depois que participei da Corrida da Galerinha muita coisa mudou, pois eu tive um prazer de
fazer exercícios físicos e passei a gostar mais ainda de praticar corrida” (ALUNO 15, 2016).
“Eu acho que a corrida fez com que eu me interessasse mais por educação física” (ALUNO
21, 2016).
Ao serem questionados os pais e/ou responsáveis sobre na sua opinião qual importância da
prática das corridas na vida de seus filhos(as), tivemos respostas onde falaram sobre a prática ser
importante no desenvolvimento da criança, outros que além do físico também o emocional e outros
ainda da conscientização sobre a alimentação e prevenção do sedentarismo:
“A prática de atividades é muito importante para o ser humano, principalmente para as
crianças. É uma forma de crescer saudável e em boa forma física” (MÃE 7, 2016).
“Em minha opinião, não só a corrida, mas a prática de qualquer esporte é importante para o
bem-estar físico e também psicológico das crianças” (MÃE 11, 2016).
O segundo questionamento feito aos pais indagou sobre o que você acha que mudou na vida
do (a) seu filho (a) após a participação na corrida?
As respostas estiveram todas embasadas no estímulo para prática de esportes, na mudança na
alimentação, outros disseram ser um incentivo para participar de outras corridas e atividades físicas:
“O estimulou a prática de atividades físicas, pois depois da corrida ele fica querendo treinar
para ter um bom desempenho na próxima corrida. E também o ajudou na relação do ganhar e perder,
despertando o espírito esportivo” (PAI 7, 2016).
“Acho que ele ficou mais consciente da importância da prática diária de exercícios físicos, o
seu ponto de vista ficou mais abrangente sobre olimpíadas (por ex.), e está dando mais valor à
preparação quando vai jogar bola (por ex.). Até então ele era apenas preocupado com jogos on-line,
X- Box, jogos virtuais em geral. Eu como pai não proíbo, mas acho que deve ser mais regrado, para
termos mais qualidade de vida” (PAI 16, 2016).

DISCUSSÃO
O atletismo por ser considerado um esporte clássico, por obter movimentos naturais do ser
humano como correr, saltar, lançar ou arremessar, entende-se ser de essencial importância para o
desenvolvimento físico, mental e social das crianças. O esporte acima dito permite o
desenvolvimento das capacidades físicas de resistência, força, flexibilidade, velocidade, impulsão,
como também reforça o raciocínio, a percepção e a agilidade, devendo estar presente no ambiente
escolar nas aulas de educação física (GOMES, 2010).
As atividades físicas entre a população juvenil vêm sendo pouco praticado, e relacionam esse
fato ao fácil acesso a equipamentos eletrônicos, ao auto nível de violência nas áreas urbanas onde a
dificuldade do acesso a espaços públicos que são utilizados para pratica de exercícios físicos (MELO
et al., 2004).
“A crescente importância social da prática de exercício físico regular tem demonstrado uma
superior consciencialização pública acerca dos efeitos benéficos da atividade física regular cujos
resultados se concretizam no bem-estar físico e emocional” (MARTINS; RODRIGUES DOS
SANTOS, 2004, p. 159).

CONCLUSÕES

253
Ao decidirmos um tema para realização de um trabalho de conclusão de curso, devemos estar
cientes de que o mesmo não resultará em uma mesmice de ser apenas para apresentação a uma banca
examinadora que proporcionará ao graduando a conclusão ou não do curso, mas devemos escolher
aquele que nos servirá para crescer no conhecimento e desenvolvimento profissional nos dando
condições de colocá-lo em prática para atender aos nossos alunos.
O tema “Atletismo e os Benefícios das Corridas para Crianças do Ensino fundamental e
Médio” despertou-me um desejo enorme de poder através dos conhecimentos adquiridos, contribuir
com o desenvolvimento motor, físico, psíquico e social desta geração contemporânea.
Diante de toda pesquisa feita para se desenvolver esse trabalho, posso dizer que os
conhecimentos adquiridos fez com que aumentasse ainda mais a vontade de ver esse esporte inserido
nas escolas públicas de todo o país, pois está mais que claro da importância e os benefícios que
nossas crianças e jovens terão para seu desenvolvimento corporal e também seu desempenho
sociocultural, com uma conscientização de que em suas vidas futuras poderão desfrutar de uma
saúde, mental e social com maior qualidade de vida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERNANDEZ, M. D.; SAINZ, A. G.; GARZON, M. C. Treinamento físico-desportivo e
alimentação: da infância a idade adulta.2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.
FINCK, S. Educação física e esporte: uma visão na escola pública. Dissertação (mestrado).
UNIMEP, Piracicaba, 1995.
GOMES, L. B. Atletismo como Esporte Base no Desenvolvimento Motor. Faculdades Integradas de
Jacarepaguá – FIJ, Brasília-DF, 2010.
MATTHIESEN, S. Q. Atletismo: teoria e prática. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2007.

MATTHIESEN, S. Q. et al. Atletismo se aprende na escola. Jundiaí, SP: Fontoura, 2009.

MARTINS, F. R.; RODRIGUES DOS SANTOS, J. A. Atividade física de lazer, alimentação e


composição corporal. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 18, n. 2, p. 159-167,
2004.

MINAYO, M. C. S. (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes,


2001.
MELLO, E. D. De; LUFT, V. C.; MEYER, F. Obesidade infantil: como podemos ser eficazes?
Jornal de Jornal de Pediatria, v.80, n.3, p. 98-119, 2004.
SILVA, E. L. da.; MENEZES, E. M. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 3 Ed.
Florianópolis: Laboratório de Ensino à Distância da Universidade Federal de Santa Catarina, 2001.

254
A VISÃO DOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO DAS ESCOLAS PÚBLICAS ESTADUAIS DA
CIDADE DE DIVINÓPOLIS/MG EM RELAÇÃO ÀS DANÇAS URBANAS

TEODORO, Larissa da Silva Borges¹; AMARAL, Kátia Jessica Brandão².

Síntese: A dança como as demais práticas corporais, é considerada como uma manifestação da cultura de
movimento, que deve ser explorada e trabalhada em todo processo educacional. As Danças Urbanas é uma
modalidade de origem americana que ganhou muitos adeptos no Brasil. Diversas literaturas apontam que a sua
inserção no âmbito escolar pode trazer diversos benefícios para seus praticantes. Baseado nessa temática o
presente estudo teve por objetivo avaliar a visão dos alunos do Ensino Médio de duas escolas da rede pública
estadual da cidade de Divinópolis/ MG. Para tanto, foi realizada a aplicação de um questionário contendo 13
perguntas, com questões abertas e fechadas, com o propósito de investigar o conhecimento prévio dos mesmos em
relação a esta modalidade de Dança. Como resultado da pesquisa foi possível constatar que os alunos do ensino
médio entrevistados conhecem a modalidade em questão, porém, desconhecem os estilos que a compõe. Um outro
dado encontrado diz respeito a dança ensinada no ambiente escolar, onde, foi possível verificar que esta
modalidade não é ministrada como conteúdo nas aulas de educação física e um número significante de alunos
considerou o ensino das danças urbanas como desnecessária. Recomenda-se que mais pesquisas relacionadas a
esta temática sejam realizadas para que as danças urbanas sejam cada vez mais estimuladas como conteúdo
relevante na educação física escolar.

Palavras-chave: Ambiente Escolar; Cultura; Hip Hop.

INTRODUÇÃO
A dança é uma das principais expressões corporais. Possibilita um processo de
aprendizagem prazerosa bem como o desenvolvimento de habilidades psíquicas e motoras
(CATUNDA; LAURINDO e SARTORI, 2014, p. 28). Os benefícios decorrentes da prática da dança
são inúmeros e de acordo com Teixeira (2015) esta proporciona a estimulação das funções
psicomotoras, desenvolve no aluno uma consciência musical e rítmica, entre outros.
Abordar algo diferente no contexto escolar como a dança é um desafio, mas mesmo com
algumas dificuldades esta não se faz menos importante que o conteúdo dos esportes, da ginástica,
jogos e brincadeiras (FERNANDES et al., 2015). De modo geral, a dança é trabalhada no ambiente
escolar nas aulas de Educação Física e, para este autor, proporciona a vivência de algo novo além de
inúmeros benefícios à saúde. De acordo com Pereira (2013), as danças urbanas como conteúdo para
o Ensino Médio servem de motivação para que os alunos frequentem mais as aulas de Educação
Física.
Após uma revisão de literatura sobre este assunto, é possível afirmar que um dos maiores
problemas enfrentados para a aplicação deste conteúdo no ambiente escolar é a falta de interesse e a
falta de conhecimento dos professores. Além desses, outros fatores como o preconceito de algumas
instituições, de pais e dos próprios alunos, faz com que essa modalidade seja pouco ensinada nas
escolas.
Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi analisar o perfil, verificar os
conhecimentos prévios dos alunos do ensino médio das escolas públicas estaduais da cidade de
Divinópolis/MG em relação às danças urbanas. Além disso, buscou-se conhecer como as danças

¹Aluna do Curso de Educação Física – Licenciatura UEMG – Unidade Divinópolis/ MG larissaborges723@gmail.com


²Professora Orientadora da UEMG – Unidade Divinópolis/ MG katia-jessica@hotmail.com

255
urbanas estão inseridas nas aulas de educação física.

MÉTODOS
A metodologia adotada pelo estudo foi uma pesquisa quantitativa, que de acordo com
Fonseca (2002) é caracterizada pela coleta de dados junto das pessoas além da pesquisa bibliográfica
e/ou documental. Foram aplicados questionários aos alunos do ensino médio em duas instituições
escolares da cidade de Divinópolis-MG. A escolha das escolas deu-se por sorteio. A participação na
pesquisa foi autorizada mediante assinatura dos responsáveis e dos alunos do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), sendo este entregue dias antes, para que assim
posteriormente os alunos viessem a responder ao questionário. O questionário foi estruturado
contendo um total de 13 (treze) questões que procurou caracterizar os sujeitos da pesquisa e levantar
dados acerca de suas percepções em relação às danças urbanas.

RESULTADOS
Após a aplicação do questionário, foram amostrados 146 alunos, sendo que 43,84% são
do sexo feminino e 56,16% são do sexo masculino. As faixas etárias encontradas foram as seguintes:
entre 15 - 17 anos (48,63%), 18-20 anos (48,63%) e 2,74% não informou a idade.
Em relação às danças urbanas, 81,40% respondeu que já ouviu falar nesse tipo de dança e
41,10% respondeu que tem conhecimento dos estilos que compõe esta modalidade. Outra
porcentagem de alunos afirmou que nunca ouviu falar desse tipo de dança (17,78%) e em relação ao
conhecimento, 56,16% afirmaram não ter conhecimentos dessa área. A quantidade de alunos que
nunca ouviram falar e que diz não ter conhecimento não teve valor expressivo.
No que se refere à prática dessa modalidade, foi observado que apenas 4,79% dos
entrevistados disseram praticar danças urbanas e, um número bastante expressivo, 92,47% do
alunado pesquisado disse não praticar a modalidade.
Ainda foi encontrado neste estudo que, apesar de conhecerem e terem ciência que as
danças urbanas podem trazer benefícios ao praticante (57,14%), metade dos alunos não soube
identificar quais vantagens esta modalidade proporciona. Além disso, outra parcela de alunos não
tinha se quer conhecimento dos possíveis benefícios decorrentes da prática de danças urbanas
(42,86%). Entretanto, quando perguntados sobre o interesse em participar das atividades relacionadas
às danças urbanas, 48,63% disse ter interesse, 50% respondeu que não têm interesse e 1,37% não
respondeu à questão.
A maioria dos entrevistados (82,88%) afirmou que as danças urbanas não fazem parte
das atividades propostas nas aulas de educação física. Apenas 1,37% possuem aulas de danças
urbanas dentro do âmbito escolar, sendo que esta é abordada em apresentação de trabalhos para
obtenção de crédito e projetos. Novamente, grande parte dos alunos (97,95%) disse que não possuem
aulas dessa modalidade. Ainda assim, é possível perceber que uma parte considerável dos alunos
(44,52%) aponta que seria importante a presença das danças urbanas nas aulas de educação física.
No entanto, a maioria (53,42%) acha desnecessária a abordagem desse conteúdo. Para estes
parâmetros foram dadas diferentes justificativas.
Finalizando o levantamento de dados, foi perceptível que uma minoria (2,05%) tem
algum tipo de preconceito em relação às danças urbanas e 97,26% disse não ter preconceito a este
tipo de dança.

DISCUSSÃO
De acordo com Santos (2011) o conhecimento sobre as danças urbanas é creditado à
grande influência das músicas, videoclipes ou clipes de cantores com extrema visibilidade mundial,
como por exemplo, Michael Jackson. Outro ponto importante que contribuiu para a difusão dessa
modalidade foi que as músicas e os clipes sempre estavam acompanhados de coreografias bem

256
elaboradas. A influência da mídia também foi responsável pela propagação da modalidade. Esse
achado pode justificar o fato de a maioria dos entrevistados ter conhecimento dessa modalidade,
apesar de viverem num contexto diferente do período de explosão e intenso crescimento da
modalidade.
Apesar de terem conhecimento, este estilo parece que ainda não é bem entendido pela
população pesquisada. A dificuldade pode ser, de acordo com Fochi (2007), devido ao fato de que
esta passou a ser praticada como forma de entretenimento e não na sua essência histórica. Devido a
esta descaracterização, seus admiradores passaram a se interessar mais pela dança e pela música do
que pelo seu verdadeiro sentido.
A dança enquanto conteúdo da educação física é mencionado nos Parâmetros
Curriculares Nacionais. De acordo com essa proposta é dever da educação física proporcionar aos
alunos o máximo de vivências corporais possíveis para que estes, possam se interessar e buscar
novas possibilidades de desenvolver suas habilidades (BRASIL, 2000). Nesse sentido, a dança
aparece como ferramenta indispensável na construção desse sujeito. Dessa maneira, como a maioria
dos alunos afirmou que a modalidade não é abordada nas aulas de educação física, o desinteresse
pela prática da mesma é justificado.
De acordo com Londero (2011) e Teixeira (2015), a prática das danças urbanas traz
inúmeros benefícios tais como: melhora da habilidade motora, maior gasto energético, aumento
resistência cardiovascular, além da socialização, bem estar psíquico dentre muitos outros. Talvez a
pouca ou até mesmo a ausência desse conteúdo nas aulas de educação física contribuiu para que os
alunos não soubessem identificar estes e outros benefícios.
Reafirmando o que foi dito anteriormente, esta pesquisa sugere, pela fala dos alunos que
a falta de conhecimento por parte das instituições de ensino para com a temática, associada ao
descaso das mesmas e dos profissionais presentes nestes espaços, torna difícil a aplicação dessa
modalidade no contexto escolar, em específico no ensino médio.
Mesmo com a falta de aplicabilidade das danças de rua nas escolas pesquisadas é
possível perceber que grande parte dos discentes tem consigo o interesse em praticar esta
modalidade. Esse achado corrobora com os estudos de Pereira (2013) que aponta as danças de rua
como sendo a atividade mais procurada pelos jovens, sobretudo no âmbito escolar. Foi possível
identificar com a pesquisa que mais da metade dos pesquisados considera as danças urbanas algo
desnecessário.
“Possivelmente esta invisibilidade das Danças Urbanas no ambiente escolar,
se dê pelos entendimentos equivocados sobre a linguagem da Dança.
Historicamente ela não é valorizada na sua relação com a Educação, o que
queremos dizer é que a Dança, de modo geral, é vista como centrada somente
no objetivo artístico, ou seja, que tudo o que é produzido deve ser apresentado
de forma espetacular [...]” (PEREIRA, 2013).
De acordo com Machado (2013) o fato de as danças urbanas terem saído das periferias e
conquistado os grandes centros favoreceu o crescimento cultural e a abrangência desta,
possibilitando assim uma visão positiva com relação às esta. Dessa maneira, pode-se inferir que isto
explica o fato de que praticamente todos os estudantes afirmarem não ter preconceitos com esta
modalidade, apesar de não ser algo tão comum para eles. Além disso, para eles, qualquer tipo de
pessoa pode praticar as danças urbanas. Ainda assim eles apontam que qualquer tipo de pessoa
independente de idade, gênero, classe social ou etnia, pessoas que gostam desta modalidade e
aqueles que gostam de dançar, podem praticar dança de rua.

CONCLUSÃO
Após a análise sobre o conhecimento dos alunos com relação às danças urbanas no
universo escolar, pode-se chegar a algumas considerações sobre a temática em questão. Mais que
uma modalidade de dança, as danças urbanas é um meio de expressão, que vai além de movimentos
meramente copiados. Ela possibilita a expressão da identidade, dos sentimentos, seja em uma

257
coreografia ou em um momento de improviso. E isto pode ser bastante útil tanto para alunos quanto
para professores.
Pode ser observado que os alunos entendem o porquê esta modalidade ainda é tão pouco
praticada nas escolas. O pouco espaço para essa modalidade nas aulas de educação física explica a
ideia de este ser, para eles, um conteúdo de mínimo valor em relação ao seu ensino dentro da escola.
Este tipo de dança ocupa uma esfera de entretenimento dentro da escola, sendo que a mesma é
utilizada principalmente em alguns eventos que ocorrem dentro do ambiente escolar. Por isso, um
percentual considerável dos pesquisados tem interesse em praticar danças urbanas, o que revela uma
possível mudança nesse cenário.
Ressalta-se que este estudo possibilitou uma reflexão a respeito da inserção das danças
urbanas dentro do contexto escolar. Dessa forma, sugere-se que mais pesquisas relacionadas a esta
temática sejam realizadas para que a dança seja cada vez mais estimulada como conteúdo relevante
na educação física escolar beneficiando cada vez mais alunos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Secretaria da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais: educação física.
Ministério da Educação. Secretária da Educação Fundamental. Brasília, 2000.
FERNANDES, Jaciely da Silva, et al.. A dança e seus benefícios no âmbito escolar. Salão de
Iniciação Científica – SIC, v. 1, p. 34 – 36, 2015.
FOCHI, Marcos Alexandre Bazeia. Hip hop brasileiro: tribo urbana ou movimento social?
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FONSECA, João José Saraiva. Metodologia da pesquisa científica, 2002, p. 32. Universidade
Estadual do Ceará, Fortaleza, 2002. Apostila.
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(categoria de área de concentração de especialização ou só graduação) - Faculdade Integrada da
Grande Fortaleza, Cidade, 2011.
MACHADO, Carlo Eduardo Mota. Danças urbanas: busca de identidade e transformação do jovem
contemporâneo, 2013, Nº DE PÁGINAS. Graduação - Universidade Federal Pelotas, Pelotas, 2013.
PEREIRA, Tauana Oxley. Danças urbanas no ensino médio das escolas públicas de pelotas:
diagnóstico e possibilidades pedagógicas, 2013, Nº DE PAGINAS. Graduação -Universidade
Federal de Pelotas, Pelotas, 2013.
SANTOS, Analu Silva dos. Dança de rua: a dança que surgiu nas ruas e conquistou os palcos,
2013, Nº DE PÁGINAS. Graduação – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,
2011.
TEIXEIRA, José Augusto, Danças Urbanas. Disponível em:
http://www.acessa.com/cultura/arquivo/danca/2015/08/04-fique-por-dentro-dancas-urbanas/. Acesso
em 03 de setembro de 2016.

258
COMO AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA PODEM CONTRIBUIR NA
RESSOCIALIZAÇÃO DE ALUNOS DENTRO DO SISTEMA PRISIONAL

COSTA, André Alves1CARBALLO, Fábio Peron2

Síntese: A presente pesquisa tem como foco principal a educação desenvolvida no sistema prisional, trazendo para
nosso conhecimento. O presente estudo são os alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA), que é definido pelo
artigo 37 da LDB (lei n. 9.394/96) como a modalidade de ensino, que será destinada àqueles que não tiveram
acesso à escola por algum motivo, ensinando à alfabetização ou continuidade dos estudos no ensino fundamental e
médio. O trabalho foi realizado no Presídio Floramar, a fim de verificar o funcionamento e como as aulas de
Educação Física podem contribuir na ressocialização de alunos internos.A Educação Física dentro do Sistema
Prisional pode ajudar o reeducando no processo de reintegração social, desenvolvendo sua conscientização,
refletindo de várias formas sobre seu papel na sociedade, falando sobre seus deveres como ser humano, formando
um cidadão, melhorando seu desenvolvimento intelectual, junto com as atividades educacionais, físicas, culturais,
que ajudem em sua ressocialização, aumentando sua autoestima. Para a devida fundamentação foram realizadas
várias visitas, aplicado um questionário e entrevista com o corpo docente a respeito da educação dentro do sistema
prisional. Em todas as etapas houve o acompanhamento de um funcionário do estabelecimento. Todos os internos
quiseram responder ao questionário. Antes da aplicação do mesmo, os alunos foram devidamente informados do
que se tratava a pesquisa e qual o intuito do questionário e que era espontânea a participação. Os resultados
obtidos apontam que as aulas de educação física são vistas, para a maioria dos internos, como uma válvula de
escape, por meio dos esportes, jogos, atividades psíquicas, motoras, podendo também contribuir para diminuir a
ociosidade negativa, a manutenção da saúde e prevenção da obesidade.

Palavras-chave: Educação; Internos; Docência.

INTRODUÇÃO
A educação com toda sua evolução, ainda não consegue chegar a todos os lugares e
atender seus princípios básicos, que é o de educar. Essa realidade acontece no sistema prisional
brasileiro, que ainda existe pouco material para se pesquisar e que vem despertando um enorme
interesse em vários pesquisadores de todas as áreas envolvidas na prática de educar (ANDRÉ,2002).
A criação de novas leis não basta para melhorar o convívio em sociedade, com os
métodos falidos de encarceramento praticados na história, foi-se entendendo que, aquele indivíduo
deveria sofrer uma transformação no seu ser. Para isso a educação dentro do sistema prisional é
muito importante, deve dar condições para que os alunos internos possam se tornar produtivos,
modificando seus pensamentos, sua vida, dando-lhes oportunidades de melhoria, parando com
métodos ultrapassados de confinamento, vigiando e punindo (FOUCAULT,1977).
Segundo os Conteúdos Básicos Comuns (CBC), as aulas de Educação Física, podem
contribuir muito para que essa ressocialização aconteça “aprender a conhecer e a perceber, de forma
permanente e contínua, seu corpo, suas limitações, na perspectiva de superá-las, e suas
potencialidades, no sentido de desenvolvê-las, de maneira autônoma e responsável. Aprender a
conviver consigo, com o outro e com o meio ambiente. ” (CBC,2015, pg23-24).

¹Aluno do Curso de Educação Física Licenciatura UEMG-Unidade de Divinópolis


costacanil@yahoo.com.br
² Doutorado em Ciências da Educação -Coordenador do Curso de Educação Física Bacharelado - UEMG -Unidade de
Divinópolis

259
Esta pesquisa tem como objetivo fazer uma análise sobre a educação no sistema prisional
e como as aulas de Educação Física podem ajudar no processo de ressocialização dos detentos.
Houve a necessidade de identificarmos quais as políticas públicas, leis que regulamentam as
atividades inseridas para esse público, conhecendo os principais problemas de se ter plenamente o
direito à educação dentro das penitenciárias brasileiras.

METODOLOGIA
Para o desenvolvimento da presente pesquisa, usaremos o método quantitativo,que
paraFlick, von Kardorff e Steinke (2000), apresentam quatro bases teóricas: a) a realidade social é
vista como construção e atribuição social de significados; b) a ênfase no caráter processual e na
reflexão; c) as condições “objetivas”5 de vida tornam-se relevantes por meio de significados
subjetivos; d) o caráter comunicativo da realidade social permite que o refazer do processo de
construção das realidades sociais torne-se ponto de partida da pesquisa, tendo como foco a disciplina
Educação Física e sua contribuição na ressocialização de detentos.
Para melhor entendimento, foi necessário realizar várias visitas ao Presídio Floramar,
devidamente agendadas, com autorização dos seus diretores, analisando sua estrutura física, suas
escolas, o cotidiano e as aulas ministradas pelo professor.
Após essa etapa, foi aplicado um questionário composto por cinco questões fechadas,
sem identificação, para os alunos internos do Pavilhão III, onde se encontram alunos com sua
sentença julgada. Nesse espaço há cinco turmas, duas de anos iniciais, com 32 alunos cada, três de
ensino médio, com 25 alunos cada, com um total de 139 alunos. Em todas as etapas houve o
acompanhamento de um funcionário do estabelecimento. Todos os internos quiseram responder ao
questionário. Antes da aplicação do mesmo, os alunos foram devidamente informados do que se
tratava a pesquisa e qual o intuito do questionário e que era espontânea a participação.Sendo assim, a
partir das observações, da aplicação dos questionários, realizamos a análise completa dos dados
coletados, cruzando-os com as referências bibliográficas abordadas. Ressalta se que a equipe diretiva
assinou o TCLE.

RESULTADOS
Foi realizado um questionário para os alunos do Pavilhão III, onde estão os detentos com
sentença julgada, existem cinco turmas, duas turmas de anos iniciais, com 32 alunos cada, três
turmas de ensino médio, com 25 alunos cada,com um total de 139 alunos.
Na primeira pergunta foi questionado se os alunos gostam das aulas de Educação Física.
Foram dadas quatro opções de respostas, onde 85% marcaram sim, 3,55% marcaram não, 2,84%
tanto faz e 7,1% gostam de outra matéria.
Na segunda foi indagado o que os alunos gostam de fazer nas aulas de Educação Física,
sendo que 56,8% responderam que gostam de esportes, 1,42% da matéria, 35,5% de jogos, 4,97%
preferem ficar na sala.
A terceira questão foi “ o que você gosta de aprender nas aulas de Educação Física”, dos
139 entrevistados, 8,52% somente esporte, 4,97% teorias e esporte, 21,3% esportes jogos, saúde e
bem-estar, 63% todas as alternativas já citadas.
Na quarta foi questionado se existe um espaço adequado para realizar as aulas de
Educação Física, onde 92,3% relatam que não e 6,97% sala de aula.
Na quinta pergunta foi questionado se as aulas de Educação Física podem contribuir para
melhorar sua vida, 56,8% relatam que podem melhorar sua saúde e qualidade de vida, 21,3% a
praticar esportes, 10,65% jogar jogos, 9,94% a se socializar com outras pessoas.

DISCUSSÃO

260
Ao construir uma pesquisa temos o desejo de realizar novas descobertas, que possam
servir de norte para outras pessoas. Os procedimentos usados nesse processo se fundamentam em
várias análises, leituras na área, reflexões, para melhor entendimento e trazendo à tona novas
discussões, sendo motivada pelos seus resultados alcançados, determinante na evolução do
conhecimento.
As aulas de Educação Física podem ajudar o aluno a ocupar sua mente com boas ideias e
realizar a manutenção do corpo, que fica confinado.O esporte, juntamente com os jogos criam
oportunidades de se fazer atividades que vão ser bem empregadas tanto na prática como na teoria.Os
conhecimentos adquiridos dentro das salas de aula vão acompanhá-lo aonde forem, para que no
momento de reingressar na sociedade sejam absorvidos com facilidade.
Segundo Julião (1993) a educação tem o poder de transformar em qualquer espaço:
Compreendendo a educação como o único processo capaz de transformar o potencial das
pessoas em competências, capacidades e habilidades – o mais (saúde, alimentação,
integridade física, psicológica e moral) é condição para a efetivação da ação educativa – e
educar como o ato de criar espaços para que o educando, situado organicamente no mundo,
empreenda a construção do seu ser em termos individuais e sociais, o espaço carcerário (de
privação de liberdade), com todas as suas idiossincrasias, deve ser entendido como um
espaço educativo, ambiente socioeducativo (JULIÃO,1993,pg.25)

Os números deixam claro que a falta de um espaço físico não influencia diretamente no
aprendizado, mas se tiverem um espaço apropriadoa prática de esportes, jogos, danças, lutas,
ginásticas, seria mais evidente, ocorrendo um melhor ensinamento da cultura corporal do
movimento.A partir do momento que aquele aluno está inserido no ambiente educacional, retira se os
exemplos negativos, pensamentos de vingança, podendo utiliza sua ociosidade para produzir
melhorias para si próprio, causando uma transformação no seu ser, para se tornar uma pessoa de bem
e que poderá conviver de novo em sociedade.

CONCLUSÕES
Sendo assim, pode-se constatar que as aulas de EF, podem contribuir muito para a
ressocialização de detentos, por ser um conteúdo que auxilia na formação de cidadãos, que tem o
poder de romper barreiras de aprendizado, além das atividades físicas que são fundamentais para
manter o corpo e a mente saudáveis.
De acordo com estimativa da World Health Organization (WHO), pessoas sedentárias
têm entre 20% e 30% de aumento do risco de mortalidade, em especial por doenças crônicas.
A educação física que é destaque nesse trabalho ainda está longe de ser utilizada de
maneira plena, pois o sistema prisional tem que sofrer uma grande transformação no seu processo de
educar, começando a investir em novos métodos e recursos pedagógicos para atender essa realidade,
não resta dúvida que a melhoria do ensino será capaz de ajudar os alunos internos, criando uma nova
esperança.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRÉ, M. E. D. A. Etnografia da prática escolar. Campinas: Papirus, 1995
BRASIL, Ministério da Saúde, Secretaria Executiva. Departamento de Apoio a Descentralização.
Política Nacional de Promoção da Saúde. Ministério da Saúde, Secretaria Executiva. Departamento
de Apoio a Descentralização. Brasília: Ministério da Saúde, 2007.
CBC/SEE-MG.Conteúdos básicos comuns; Educação Física, ensino fundamental e médio.
Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais,2015. Disponível em:

261
<http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/banco_objetos_crv/%7B922DC580-837C-4CD5-B5D4-
B49F9FEB4533%7D_educa%C3%A7%C3%A3o%20fisica.pdf>.Acesso em out de 2016

FOUCAULT, M. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. 36. ed. Rio de Janeiro:Vozes, 2009.
FLICK, U., VON KARDORFF, E. & STEINKE, I. (Orgs.) (2000). O que é pesquisa qualitativa?
Uma introdução. U. Flick, E. von Kardorff & I. Steinke, (Orgs.), Qualitative Forschung: Ein
Handbuch (Pesquisa qualitativa - um manual), (pp. 13- 29).
JULIÃO, E. F. Política Pública de Educação Penitenciária: contribuição para o diagnóstico da
experiência do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Departamento de Educação da PUC, 1993
(Dissertação de Mestrado).
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global recommendations on physical activity for health.
Genebra: WHO; 2010. Disponível em: http://whqlibdoc.who.int/publications/
2010/9789241599979_eng.pdf Acessado em setembro de 2016.

262
DESINTERESSE DOS ALUNOS DO 3° ANO DO ENSINO MÉDIO PELAS AULAS DE
EDUCAÇÃO FÍSICA

GARCIA, Ramos Thalles1; CARBALLO, Peron Fábio2

Síntese: O propósito deste trabalho foi averiguar o desinteresse dos alunos do terceiro ano do ensino médio pelas
aulas de Educação Física, possibilitando assim, a averiguação e análise dos fatores que interfere nesta decisão.
Trata se de uma pesquisa quantitativa, por meio da aplicação de questionário, em duas escolas da cidade de
Divinópolis/MG. Como disciplina curricular obrigatória, a Educação Física tem por objetivo propor atividades
que trabalhem a interação social, explorando a linguagem corporal e uma visão de vida saudável para os alunos.

Palavras-chaves: Adolescentes; Disciplina; Educação Básica.

INTRODUÇÃO

A educação físicaé obrigatória e deve constar na grade curricular do ensino médio segundo a
Lei de Diretrizes e Bases (LDB) n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabeleceu, em seu art.
26: “A Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular da
educação básica, ajustando-se às faixas etárias e às necessidades da população escolar, sendo
facultativa nos cursos noturnos” (BRASIL, 1996).
De acordo com o Conteúdo Básico Comum (CBC) a importância da Educação Física do
ensino médio relaciona-se com os elementos de educar para o lazer, aprender a ser cidadão
consciente, responsável, competente e a viver de uma forma lúdica pensando sempre na qualidade de
vida e no bem estar (CBC – EDUCAÇÃO FÍSICA, 2014).
Segundo Pestana (2002),as principais causas de desinteresse pelas aulas no ensino médio são a
excessiva “esportivação” e aacomodação profissional. De acordo com Chicati (2000), se o professor
ministrar os mesmos conteúdos todas as aulas, isso levará o aluno que possui interesse, perca o
totalmente e aquele que já não possui, tenha cada vez menos.

OBJETIVOS
Os propósitos deste trabalho foram: averiguar o desinteresse dos alunos do 3° ano do ensino
médio pelas aulas de educação física; verificar se os alunos consideram a Educação Física importante
e certificar se reconhecem seus benefícios e sua inserção no projeto político pedagógico da
instituição.

MÉTODOS
Este trabalho é caracterizado como uma pesquisa de campo, onde se coleta dados para chegar
à resposta do referido problema, para isso, foi aplicado um questionário com 6 perguntas fechadas,

1
Thalles Ramos Garcia- thallesramosedf@yahoo.com.br . Acadêmico do 6° período do curso de Educação Física
Licenciatura UEMG-Unidade Divinópolis/MG.
2
Prof. Dr. Fábio Peron - fabio.carballo@uemg.br
Doutorado em Ciências da Educação UTAD- Portugal
Coordenador do Curso de Educação Física Bacharelado - UEMG -Unidade de Divinópolis

263
em duas escolas públicas estaduais que possuem o 3º ano do Ensino Médio. Também, pode ser
caracterizado como pesquisa exploratória, tipo de pesquisa que faz com que o pesquisador tenha a
primeira aproximação com o tema, isso faz com que ele fique mais familiarizado com os fatos e
fenômenos relacionados ao problema a ser estudado. E, transversal, pois, foi uma pesquisa feita em
um curto espaço de tempo. Por fim, trata-se de um trabalho quali-quantitativo, pesquisa essa usada
para quem procura entender fenômenos complexos específicos da natureza. (FONTELLES et al,
2009).
A direção de cada escola foi devidamente comunicada e após consentimento o TCLE foi
devidamente assinado. Desde o primeiro momento todos os alunos estavam cientes que não seria
obrigatório preencher o questionário e poderia sair de sala. Após, cada aluno respondeu ao
questionário entregue pelo pesquisador, dentro da sala de aula, com a presença do professor regente
que acompanhou a aplicação dos mesmos.


RESULTADOS E DISCUSSÃO

O questionário foi aplicado em duas escolas na cidade de Divinópolis/MG, total da


amostragem foi de 114 alunos envolvidos, destes, 55 do sexo masculino e 59 do sexo feminino. O
questionário tinha como objetivo de averiguar o desinteresse dos alunos do 3° ano do ensino médio
pelas aulas de Educação Física, e os resultados foram:
Diante da primeira pergunta: “em relação às frequências nas aulas de Educação Física”, 85%
dos alunos (97) frequentam as aulas de educação física regularmente, sendo que destes, 58% (66)
gostam das atividades e da prática esportiva e 27% (48) por serem obrigatórias. Somente 15% (17)
não frequentam as aulas, 4%(5) por não gostar. O resultado demonstra que apesar de 85%
frequentarem as aulas, há um número significativo de alunos que praticam por serem obrigados e
20% que não frequentam e não gostam. Segundo Menezes e Veriguer (2006), as expectativas dos
alunos do ensino médio diante das aulas de Educação Física estão muito distantes, levando-os a uma
dose de desmotivação.
Quando indagados em relação aos conteúdos aplicados pelo professor, se são coerentes e
diversificados, os resultados obtidos foram: 33% dos alunos (37) responderam que sim, os conteúdos
são coerentes, onde o professor busca inovar para que sua aula fique diversificada, 25% (28) deles
responderam que sim, atende aos anseios da faixa etária. Já 32% dos alunos (36) responderam que
não, os conteúdos são sempre os mesmos, que causa desinteresse da turma e os outros 10% (11)
responderam que os conteúdos não são coerentes, pois a escola não oferece os recursos necessários
ao professor. Segundo Darido et al. (1999), os professores, muitas das vezes, repetem o mesmo
conteúdo do ensino fundamental e tais conteúdos não condizem com o ensino médio.
Em relação à disciplina Educação Física, se os alunos gostam ou não, a maioria dos
envolvidos respondeu que sim, 68%, destes, 59% (66) alegam que é o momento que podem sair da
sala um pouco e 9% (10) responderam que gostam, pois podem mexer no celular, tabletes, notebooks
durante as aulas. Já 32% não gostam, destes, 24% dos alunos (27) alegam praticarem somente um
tipo de esporte todos os dias e 8% (9) deles disseram não gostar, pois eles ficam livres e isso os
desmotivam. Segundo Chicati (2000) se o professor ministrar toda aula com aquele mesmo
conteúdo, todos os alunos perderam o interesse em participar de suas aulas. Porém cabe aos
professores buscarem conhecimentos e inovarem suas aulas para que fiquem mais atrativas e que
mais alunos venham participar.
Se os alunos consideram as aulas de Educação Física uma disciplina importante para sua
formação como cidadão, 48% (54) responderam que sim, pois é uma disciplina voltada para a
qualidade de vida, e mostra os cuidados que temos que ter com nosso corpo, porém, 23% (27)
também considera importante pelo fato de ser uma disciplina que ensina a prática esportiva, já 22%
(25) responderam que não, pois só jogam futsal nas aulas e 7% (5) alunos responderam que não, pelo

264
fato de ficarem somente conversando e mexendo no celular. Com isso notamos que mais de 70%
consideram a Educação Física uma disciplina importante para a formação do cidadão e na qualidade
de vida e cuidados com o nosso corpo.Coll et al. (2000) definem que assimilando os conteúdos como
uma seleção de saberes culturais, a Educação Física é essencial para que haja um desenvolvimento e
uma socialização adequada ao aluno.
Quando indagados “os professores possuem materiais diversificados para ministrar suas
aulas”, 40% (45) dos alunos afirmam que sim, a escola oferece ao professor vários materiais, além
disso, 33% (37) ainda afirmam que além de trabalharem com diversas bolas, petecas, na escola ainda
possui jogos como dama, xadrez. Porém, 19% dos alunos (21) disseram que não, infelizmente a
escola proporciona ao professor somente 1 tipo de bola para ele ministrar suas aulas e 8% (9) dos
alunos responderam que não, a escola não oferece material algum para o professor.
A última pergunta feita foi em relação à aula de conhecimento teórico de Educação Física,
31% (35) responderam que sim, o professor leciona, porém, pouca gente assiste porque não é
obrigatório, 31% (35) também responderam que sim, mais a turma não assimila o que o professor
diz. Já 24% (27) disseram que não, as aulas são sempre práticas e sempre o mesmo esporte e 14%
dos alunos (15) apontam que as aulas são sempre práticas e sempre o mesmo esporte. Segundo
Mattos e Neira (2000) as aulas deveriam ser dividida em prática e teórica, a teoria irá ajudar o aluno
a conhecer mais sobre os temas que esta sendo desenvolvidos e também irá lhe mostrar o porquê é
importante trabalhar tal tema nas aulas. Já a parte prática, com a supervisão do professor, o aluno irá
vivenciar tudo aquilo que foi lhe passado na teoria.

CONCLUSÃO
A pesquisa realizada mostrou a importância e o apreço que os alunos do terceiro ano do
ensino médio possuem pela disciplina de Educação Física. Contudo, percebe-se também a grande
maioria dos alunos relatam que os conteúdos aplicados pelos professores da área não são renovados,
causando assim o desinteresse por parte de alguns. O Ensino Médio é uma fase na qual é acentuada a
desmotivação pelas aulas de educação física por parte dos alunos, decorrente da repetição de conteúdos
dos ciclos anteriores (MATTOS e NEIRA, 2000; OLIVEIRA, 2004).
Percebe-se, pelos relatos dos alunos, que apesar de possuírem aulas diversificadas, grande
parte somente frequenta por ser um momento de descontração, para sair da sala de aula, ou devido a
obrigatoriedade de participação.
Apesar de apresentar embasamentos teóricos nas aulas, nem todos os alunos participam e
prestam atenção não assimilando o conteúdo, por vezes a maioria destaca a importância desta
disciplina na sua formação como cidadão.
Conclui-se que os alunos apresentam interesse na matéria, mas há fatores significativos que
causam o desinteresse. Cabe ao professor atualizar-se e desenvolver um planejamento de curso,
incluindo atividades que possa satisfazer a maioria dos participantes. A Educação Física é uma
disciplina necessária e indispensável, os alunos precisam saber a importância disto. Esta pesquisa
oportuniza ao professor conhecer os fatores que podem influenciar no seu processo de aprendizagem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, C. L. Educação física escolar:da alienação à libertação. Petrópolis: Vozes, 2007.
BRASIL. Resolução Parâmetros Curriculares Nacionais: ensino médio. Brasília: Ministério da
Educação (1999).

BRASIL, Secretaria de Educação Ensino Médio. Parâmetros Curriculares Nacionais: Terceiro e


quarto ciclos: Educação Física/Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1996.

265
CHICATI, K.C. Motivação nas aulas de educação física no ensino médio. Revista da Educação
Física/UEM. Maringá, v.11, n.1, 2000.
COLL, C. et al. Os conteúdos na reforma. Porto Alegre: ARTMED, 2000.

DARIDO, S. C. Educação Física na escola: questões e reflexões. Araras – SP: Topázio, 1999.
FONTELLES, M. J.; et al. Metodologia da Pesquisa Científica: diretrizes para a elaboração de um
protocolo de pesquisa. Artigo, 2009.

GERAIS, MINAS. Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais. CBC da Educação Física.
Disponível em: http://crv. educacao. mg. gov.br/sistema_crv/minicursos/ed_%
20fisica_ef/capa_eixos. Htm.2009.Acesso em: Nov.2016

MATTOS, M. G.: NEIRA, M. C. Educação Física na Adolescência: construindo o conhecimento


na escola. São Paulo: Phorte Editora, 2000.
PESTANA, S. M. A. B. Educação Física no Ensino Médio: uma proposta pedagógica. Revista E.F./
Confef. Rio de Janeiro, V. 1, n.4, 2002.

266
DIALOGANDO SOBRE GÊNERO A PARTIR DOS PRINCÍPIOS DA PRÁTICA
PEDAGÓGICA DESPORTIVA ESCOLAR

FERREIRA, Paulo Sérgio da Silva1 CARBALLO, Fábio Peron2

Síntese: A revisão da literatura aponta que a sexualidade é entendida como algo inerente,sendo constituída ao
longo da vida. De forma mais ampla, é expressão cultural. Sexo é expressão biológica que define um conjunto de
características anatômicas e funcionais (genitais e extragenitais). A construção do que é pertencer a um ou outro
sexo, se dá pelo tratamento diferenciado para meninos ou meninas, inclusive nas expressões diretamente ligadas à
sexualidade e pelos padrões socialmente estabelecidos. Esses padrões são oriundos das representações sociais e
culturais construídas a partir das diferenças biológicas dos sexos e transmitidas pela educação, o que atualmente
recebe o nome de relações de gênero. O intuito deste trabalho é averiguar o quanto os alunos são influenciados
pelos conceitos culturais que estabelecem o que é adequado em relação ao gênero e se agem em conformidade a
eles. Trata-se de uma pesquisa quanti-qualitativa, por meio da aplicação de um questionário a alunos do sétimo ao
nono anos de escolas públicas da Cidade de Cláudio. Os resultados apontam que esse tema tem que ser mais
debatido e aprofundado em todos os segmentos educacionais. E a Educação Física especificamente deve cumprir
um dos objetivos gerais da no ensino fundamental, que por meio de sua práxis deve levar os alunos a participar de
atividades corporais, estabelecendo relações equilibradas e construtivas com os outros, reconhecendo e
respeitando características físicas e de desempenho de si próprio e dos outros, sem discriminar por características
pessoais, físicas, sexuais ou sociais.

INTRODUÇÃO

Os debates realizados nos últimos tempos em diversas instâncias da sociedade, envolvendo


Gênero têm dividido opiniões. No entanto, em âmbito escolar os debates iniciam, ou deveriam
iniciar,por meio do conteúdo Orientação Sexual, entendido como “(...) processo de intervenção
pedagógica que tem como objetivo transmitir informações e problematizar questões relativas à
sexualidade, incluindo posturas, crenças, tabus e valores a ela associados”. (BRASIL, 2011,vol.8,
p.34). Também, faz se necessário que a educação cumpra as deliberações da Lei de Diretrizes e
Bases da Educação (LDB – Lei 9.394/96), que assevera em seu Art.3º § IV, que “O ensino será
ministrado com base (...) no respeito à liberdade e no apreço à tolerância” - sendo sempre contra
todo tipo de discriminação e preconceito.
Gênero e sexualidade são temas intrinsecamente interligados e, a compreensão das terminologias
inerentes a elas devem ser bem delineadas para um melhor entendimento do tema e para o combate
ao comportamento discriminatórios advindos da ignorância. Sendo assim, os termos sexo,
sexualidade e gênero devem ser compreendidos em sua real dimensão semântica, já que, “(...) com
frequência, eles erroneamente usados como sinônimos”. (CABRAL e DIAZ,1997).
Assim é preciso entender que “(...) a sexualidade é algo inerente, que se manifesta desde o
momento do nascimento até a morte de formas diferentes a cada etapa do desenvolvimento, sendo
constituída ao longo da vida, necessariamente marcada pela história, cultura, ciência, assim como
pelos afetos e sentimentos, expressando-se então com singularidade em cada sujeito e, de forma mais
ampla, é expressão cultural”. (BRASIL, 2001, p.117). E Sexo,no mesmo documento, “é expressão
biológica que define um conjunto de características anatômicas e funcionais (genitais
eextragenitais).” (BRASIL, 2001, p.118). Os objetivos deste trabalho são: averiguar o quanto os

1
Aluno do Curso de Educação Física - 6º Período – Licenciatura
2
Coordenador do Curso de Educação Física Bacharelado UEMG – Unidade Divinópolis/ Doutor em Ciências da
Educação

267
alunos são influenciados pelos conceitos culturais que estabelecem o que é adequado em relação ao
gênero e se agem em conformidade a eles. Também, descobrir se compreendem de fato as
terminologias que abrangem a sexualidade humana, se sabem diferenciá-las e, até mesmo, se são
capazes de questioná-las.

METODOLOGIA

Para a realização deste trabalho optou-se por uma pesquisa quanti-qualitativa, pela necessidade
de contabilizar dados e por envolver a percepção de pessoas sobre a importância do assunto da
pesquisa. “As pesquisas quantitativas baseiam seus estudos em análise de características
diferenciadas e numéricas, geralmente ao longo de alguma dimensão, entre dois ou mais grupos,
procurando provar a existência de relações entre variáveis. As pesquisas qualitativas são subjetivas,
tendo um caráter exploratório, uma vez que há uma estimulação para que as pessoas pensem e falem
livremente sobre o assunto em questão”. (SILVEIRA,2004, p. 107).

Sendo assim, optou-se pela elaboração de um questionário de múltipla escolha, com quatro
questões referentes ao tema, a ser aplicados nas escolas públicas, municipais e estaduais, da cidade
de Cláudio, em alunos do 7º, 8º e 9º anos, a fim de avaliar a percepção deles acerca do tema. Antes
dessa etapa, foi agendada uma visita a cada diretor, houve apresentação do questionário e explicação
sobre a intenção do mesmo, bem como sobre os objetivos gerais e específicos. Aos diretores das
respectivas escolas, sendo duas estaduais e uma municipal, foi apresentado o TCLE (Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido), que sendo devidamente assinado, possibilitou a aplicação do
questionário, que se deu, em todas as séries e escolas, pelo discente.
Ao chegar a cada sala, o discente realizador da pesquisa passou todas as informações pertinentes
aos alunos, como, explicitar a importância dessa pesquisa, que quem não quisesse participar, poderia
sair, sem qualquer punição e que sanaria qualquer possível dúvida. Após 5 minutos, aos que
permaneceram, foram passadas as demais orientações específicas do correto preenchimento, para que
não se esquecessem de preencher nenhum dos campos solicitados (de suma importância para o
resultado desta) e que marcassem a opção que lhes parecesse mais correta, de acordo com a opinião
de cada um. Era requisitado de cada aluno durante o processo de preenchimento que não se
comunicassem com os colegas, para garantir-se com exatidão que cada um desse seu parecer
conforme a própria compreensão.

RESULTADOS
A amostra do estudo contou com 270 alunos, de ambos os sexos, do 7º, 8º e 9º anos do ensino
fundamental da rede pública e municipal. Em cada escola, sendo duas públicas e uma municipal,
foram selecionados 30 alunos por série, 15 do sexo masculino e 15 do sexo feminino, sendo a
escolha aleatória, desde que cada aluno quisesse participar. Cada uma das perguntas do questionário
utilizado tinha como meta apurar o nível de percepção dos alunos pesquisados acerca da temática
deste trabalho e o que eles pensavam a respeito dela.
Na primeira questão, que perguntava o que se entende por gênero, 36% (49) dos meninos e 38%
(52) das meninas responderam que se trata do sexo biológico. Outros 25% (35) dos meninos e 27%
(37) das meninas, associam à orientação sexual. E outros 37% (51) dos meninos e 34% (47) das
meninas associam aos padrões sociais impostos a partir do sexo biológico – sendo esta a opção ideal.
Na segunda questão, sobre que atividades são adequadas apenas para homens, 0.5% (01) dos
meninos e 02% (03) das meninas assinalaram que seja cozinhar, lavar, passar e cuidar da estética;
nenhum dos meninos e 1.5% (02) das meninas, disseram que é cozinhar, passar e pilotar aviões.
Apenas 18% (25) dos meninos e nenhuma das meninas, disseram pilotar aviões, liderar grandes

268
empresas e jogar futebol. E 82% (112) dos meninos e 92% (126) das meninas responderam que
homens e mulheres podem fazer quaisquer atividades, opção ideal de resposta.
A terceira questão buscava descobrir quais atividades eram adequadas apenas para mulheres,
01%(02) dos meninos e 02% (04) das meninas assinalaram que seriam vôlei, futebol e pilates;
enquanto 15% (21) dos meninos e 04% (06) das meninas que seriam vôlei, pilates e peteca. Apenas
01% (02) dos meninos e nenhuma das meninas, apontou que é futebol, boxe e pilates, enquanto 79%
(108) dos meninos e 91% (125) meninas opinaram que homens e mulheres podem fazer quaisquer
dessas atividades (ideal).
Na quarta questão, perguntava de que modo deveriam ser as aulas de Ed. Física, 43% (59) dos
meninos e 56% (77) meninas disseram que devem ser mistas; 18% (25) dos meninos e 05% (07) das
meninas, disseram que tem que ser separadas (meninas são mais frágeis). E 10% (14) dos meninos e
0.5% (01) das meninas assinalaram que devem ser as que combinam com o sexo, e finalmente, 27%
(37) dos meninos e 36% (49) das meninas concordaram que devem ser mistas, mas com regras
adaptadas para favorecer as meninas.
DISCUSSÃO
Conforme se percebe nos dados obtidos, um percentual significativo de alunos (as), não têm
percepção do que significa o termo gênero, sendo ínfima a diferença de percepção entre alunos de
ambos os sexos. Tomadas de forma isolada, as tabelas demonstram que as meninas têm uma
vantagem ligeiramente superior aos meninos neste quesito, às vezes empatando com os meninos. No
entanto, somando-se os alunos de ambos os sexos que sabem o que de fato significa gênero
separando-os daqueles que o associam a sexo biológico ou à orientação sexual, observa-se que
apenas 36% (101) sabem o que é “Gênero”. Enquanto 62% (170) dos alunos o associam ao biológico
ou à orientação sexual. Isto não chega a ser um problema, levando-se em conta que nas respostas
subsequentes, a maioria dos alunos demonstrou uma postura bastante libertária ao admitirem que
homens e mulheres possam fazer quaisquer atividades (proposta que embasa as questões nº 02 e nº
03), deduzindo-se, a partir disso, que devem ter uma postura mais flexível frente aos padrões
culturais que determinam os papéis sexuais.Também, na questão nº 04, os envolvidos demonstraram
entender que não deve haver separações entre os sexos durante as atividades de Ed. Física, já que
50% (136) entre meninos e meninas disseram que as atividades devem ser mistas. Nesta última
questão, é interessante notar que 31% (86) dos alunos de ambos os sexos, disseram que as atividades
deveriam ser mistas, mas com adaptação das regras para favorecer as meninas, o que sugere que
tenham alguma noção de equidade, isto é, percepção de que a fragilidade das meninas (que não deve
ser confundida com fraqueza) requer adaptações na prática que viabilizem uma participação de
ambos os sexos, sendo esta uma oportunidade que o professor tem de “(...) ser pluralista e
democrático [criando] condições mais favoráveis para o esclarecimento e informação (...) (BRASIL,
2001, vol.10, p. 130)”. Afinal, o aluno deve ser estimulado a “Participar de atividades corporais,
estabelecendo relações equilibradas e construtivas com os outros, reconhecendo e respeitando
características físicas e de desempenho de si próprio e dos outros, sem discriminar por características
pessoais, físicas, sexuais ou sociais” (BRASIL, 1997, p.33).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A escola, como “(...) um espaço de formação e informação, em que a aprendizagem de
conteúdos deve necessariamente favorecer a inserção do aluno no dia-a-dia das questões sociais
marcantes e em um universo cultural maior, jamais deve ser um espaço que endossa os preconceitos
e a violência”. (BRASIL, 2001, vol.1, p. 45).
Sua prática deve “(...) criar condições para que todos os alunos desenvolvam suas capacidades e
aprendam os conteúdos necessários para construir instrumentos de compreensão da realidade e de

269
participação em relações sociais, políticas e culturais diversificadas e cada vez mais amplas,
fundamentais para o exercício da cidadania na construção de uma sociedade democrática e não
excludente”. (BRASIL, 2001, vol.1, p. 45).
E a Educação Física, “(...) que privilegia o uso do corpo e a construção de uma ‘cultura
corporal’, é um excelente espaço, onde o conhecimento, o respeito e a relação prazerosa com o
próprio corpo podem ser trabalhados”. (BRASIL, 2001, vol.10, p.140). Além disso, “No que tange à
questão de gênero, as aulas mistas de Educação Física, podem dar oportunidades para que meninos e
meninas convivam, observem-se, descubram-se e possam aprender a ser tolerantes, a não discriminar
e a compreender as diferenças, de forma a não reproduzir estereotipadamente relações sociais
autoritárias”.(BRASIL, 2001, vol. 7, p.30).
Afinal, a escola “(...) deve ser um lugar onde os valores morais são pensados, refletidos, e não
meramente impostos ou frutos do hábito; (...) um lugar onde os alunos desenvolvem a arte do
diálogo.” (BRASIL, 2001, vol.08, p. 81). Aliás, Orientação Sexual Escolar sempre regulamenta sua
prática “(...) levando em conta os princípios morais de cada um dos envolvidos, respeitando também,
os Direitos Humanos”.(BRASIL, vol. 10, p.107)., estando todos esses objetivos em consonância
com a Pedagogia Esportiva Escolar, da inclusão e da diversidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p.

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1996.Estabelece as diretrizes e bases da Educação Nacional. Brasília: MEC, 1996.

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Terceiro e Quarto Ciclos. Brasília: MEC/SEF, 2001.

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Ética. Ensino Fundamental. Terceiro e Quarto Ciclos. Brasília: MEC/SEF, 2001.

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271
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NÃO FORMAL: RELEVÂNCIA E CONTRIBUIÇÃO PARA
PROFESSORES DAS ESCOLAS ESTADUAIS DE ITAÚNA – MG

MARTINS, Bruna Thamires Antunes1; SOUSA, Fabrízio Furtado de2; TEIXEIRA, Catarina3.

Síntese: O presente trabalho buscou avaliar as potencialidades dos espaços não formais de educação ambiental
(EA) e analisar como os professores visam trabalhar EA no Centro Municipal de Educação Ambiental Rio São
João (CEA), localizado no município de Itaúna, MG. Foi realizado um encontro com alguns professores das
escolas estaduais do município no CEA e os dados da pesquisa foram coletados através da transcrição da
audiogravação do encontro, das anotações realizadas no diário de campo e dos questionários respondidos pelos
professores. A análise desses dados se baseou na metodologia denominada Análise de Conteúdo, no qual
verificamos o potencial de suporte do CEA para os professores trabalharem educação ambiental, sendo o contato
com a natureza e a possibilidade de relacionar teoria à prática, algumas das vantagens da utilização do local
citadas pelos professores.

Palavras–chave:Centro de Educação Ambiental; Educação ambiental crítica; Espaços não


formais.

INTRODUÇÃO
De acordo com a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), instituída pela Lei
nº 9.795/99, a Educação Ambiental refere-se aos “processos por meio dos quais o indivíduo e a
coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas
para a conservação do meio ambiente” (BRASIL, 1999).
A Constituição Federal enfatiza a necessidade de “promover a educação ambiental em
todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente”
(BRASIL, 1988, art. 225, § 1º, Inc. VI). E devido à relevância e a necessidade de se trabalhar o tema
Educação Ambiental na formação dos cidadãos, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN),
elaborados uma década mais tarde, propõem a execução deste ensino de modo transversal, onde
todos os professores, em suas respectivas disciplinas, devem trabalhar essa temática (BRASIL,
1998).
Embora haja políticas educacionais e consciência da urgência de se trabalhar a Educação
Ambiental, muitas vezes o que se observa é uma educação tradicionalista e conservadora que se
baseia simplesmente na transmissão de conteúdo, sendo muito comum a realização de ações isoladas
destinadas a eventos comemorativos. Segundo Teixeira e Alves (2015) a EA não deve ser abordada
apenas como transmissão de um conhecimento, devemos trabalhar com uma Educação Ambiental
Crítica que vise a transformação da sociedade.
A Política Nacional de Educação Ambiental em seu artigo 2º reconhece a importância
dos outros espaços de educação quando estabelece que a educação ambiental deve “estar presente, de
forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-
formal” (BRASIL, 1999). Os espaços não formais podem ser um grande auxílio para a Educação
Ambiental Crítica, auxiliando na interdisciplinaridade dos campos políticos e sociais.

¹Graduanda em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado de Minas Gerais. E-mail: btamartins@hotmail.com
2
Doutor em Engenharia Florestal pela Universidade Federal de Lavras - UFLA. Professor na Universidade do Estado de
Minas Gerais – UEMG/campus Divinópolis.
3
Doutoranda em Educação pela Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” – UNESP/Campus Rio Claro.
Professora na Universidade Federal do Triângulo Mineiro - UFTM.

272
Embora seja reconhecido o valor dos espaços não formais de ensino para a educação
ambiental, esses ambientes são pouco utilizados pelas escolas. Portanto, qual é o motivo dessa falta
de aproximação das escolas com estes espaços e de que forma o professor poderia trabalhar nesses
ambientes?
Diante disso, a pesquisa teve como objetivo avaliar as potencialidades dos espaços não
formais de Educação Ambiental e sua importância como ferramenta para as escolas do município de
Itaúna, além de analisar como os professores poderiam trabalhar a Educação Ambiental no Centro
Municipal de Educação Ambiental Rio São João, a fim de possibilitar uma aproximação dos
professores com o Centro para que os mesmos possam ter um espaço alternativo para exercerem
atividades e trabalhos de campo dentro da temática ambiental.
A presente pesquisa foi aprovada e financiada pelo Edital PAPq/UEMG - 02/2016 e teve
a parceria do Centro Municipal de Educação Ambiental Rio São João.

METODOLOGIA
A pesquisa se baseou em uma abordagem qualitativa e se preocupou com a compreensão
dos professores das escolas estaduais sobre a Educação Ambiental e a utilização do espaço não
formal para este fim.
A pesquisa foi realizada no Centro de Educação Ambiental Rio São João de Itaúna –
MG, por se tratar de um espaço não formal do município que trabalha com Educação Ambiental.
Foram convidadas a participar da pesquisa as quatorze escolas estaduais do município de
Itaúna, MG e compareceram no dia do encontro professores de cinco escolas. Ao todo, participaram
da pesquisa sete professores.
Aos professores participantes foi apresentado um Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE), no qual consta que a identidade dos mesmos será mantida em sigilo,
contribuindo dessa forma para a veracidade das informações.
A coleta dos dados se deu por meio de um encontro com os professores de algumas
escolas estaduais ao CEA, que aconteceu no dia 02 de setembro de 2016 e durou cerca de três horas,
no qual houve uma discussão sobre a temática ambiental.
O roteiro de discussão abordou conceitos de educação ambiental formal e não formal, os
benefícios e contribuições dos espaços não formais para a educação ambiental, bem como a
importância do CEA para os professores do município. A discussão teve como objetivo analisar os
conhecimentos dos professores e levantar informações que possibilitem a aproximação dos mesmos
com o CEA.
Toda a discussão foi gravada através de um gravador cedido pela Universidade do Estado
de Minas Gerais para posterior análise. No início da discussão foi aplicado um questionário aos
professores e durante o encontro foi realizado anotações em um diário de campo, no qual foi possível
anotar aspectos impossíveis de serem registrados pelo gravador, como fisionomias e gesticulações
dos professores durante a discussão, a fim de colaborar com a análise das informações.
Para a análise das informações da transcrição do encontro, das respostas dos
questionários e do diário, os dados foram analisados conforme metodologia denominada Análise de
Conteúdo (BARDIN, 2008).

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Através da leitura e análise da transcrição da audiogravação do encontro com os
professores no CEA, dos questionários e do diário de campo, emergiram as seguintes categorias:

1. Relação dos espaços formais e não formais no ensino da Educação Ambiental


Como forma de contextualizar e justificar a educação ambiental nos espaços não formais
como um suporte necessário às escolas, agrupamos nesta categoria as dificuldades e limitações
existentes no ensino formal. Sendo que os principais problemas evidenciados pelos professores estão

273
relacionados à falta de interdisciplinaridade, falta de capacitação dos docentes, currículo escolar e
falta de espaço.
A falta de interdisciplinaridade é preocupante, pois a EA possui um caráter complexo e a
interdisciplinaridade, conforme Bonatto e colaboradores (2012) é importante, pois auxilia na
compreensão de determinado fenômeno sob diferentes pontos de vista e o conhecimento, então, recupera
sua complexidade.
Bonatto et al (2012) relacionam a falta de interdisciplinaridade com a falta de tempo,
interesse ou preparo dos docentes que ignoram a intervenção de outras disciplinas no fato que estão
trabalhando com os alunos.
Essa falta de preparo dos professores foi outro problema evidenciado pelos mesmos que,
embora formados e atuantes na profissão há no mínimo 5 anos, não se sentem capacitados para trabalhar
a temática dentro da sala de aula e enfatizam que esse é um problema desde a formação inicial. Tardif
(2000) afirma haver uma distância entre os saberes profissionais e os conhecimentos transmitidos na
universidade, pois embora importantes, os conhecimentos da matéria a ser ensinada e o
conhecimento pedagógico, não abrange todos os saberes envolvidos na rotina de trabalho dos
professores e que lidar com seres humanos, exige muito mais do que pode ser aprendido dentro de
um curso.
Outra dificuldade apontada pelos professores está relacionada ao currículo escolar, seja pela
grande quantidade de conteúdo a ser trabalhado ou pela ausência de temas voltados à educação
ambiental.
Todos estes problemas evidenciados fazem com que a educação ambiental seja abordada
apenas superficialmente e de forma conservadora.Muitos professores ao longo da discussão
manifestaram o desejo de trabalhar a educação ambiental na escola de forma diferente do que é
realizado atualmente, mas colocaram como principal dificuldade a falta de espaço adequado no
ambiente escolar, dificultando, de acordo com os professores, aliar a teoria com a prática.
Os espaços não formais de educação poderiam suprir essa carência das escolas quanto à
falta de espaço para se trabalhar educação ambiental, se tornando fortes aliados dos espaços formais
ao oferecer esse suporte para o ensino dessa temática.

2. CEA como recurso pedagógico


As principais vantagens de se utilizar o espaço, de acordo com os professores, estão
relacionadas ao contato com a natureza, a possibilidade de trabalhar a realidade socioambiental local,
contribuindo assim com uma educação ambiental crítica e o auxílio e suporte de outros profissionais
do meio ambiente.
De acordo com Silva (2014) a prática de atividades extracurriculares de Educação
Ambiental em espaços de educação não formal pode despertar o desejo dos alunos de preservar o
Meio Ambiente enquanto aumenta a sua sensibilidade em relação à natureza.
Essa parceria pode ser fundamental também para auxiliar na capacitação e formação
continuada dos professores, incentivando-os a trabalhar de forma mais reflexiva, que segundo Silva
(2014) é imprescindível que o perfil dessas pessoas que irão trabalhar a educação ambiental,
incluindo, portanto, o professor, seja modificado, apresentando uma postura mais crítica.
O CEA, então não seria apenas um local para auxiliar a escola na educação ambiental dos
alunos, mas apresenta também potencial de corroborar com a formação dos professores, através da
reflexão das práticas de educação ambiental que os mesmos poderiam executar dentro da sala de
aula.
Como forma de utilização do CEA, os professores propuseram a realização de rodas de
conversa e de oficinas, como o plantio de mudas, que pode proporcionar um contato dos alunos com o
meio, sendo algo que poderá despertar o interesse dos mesmos pela preservação da natureza.
Os professores apontaram algumas dificuldades em relação à utilização do CEA pelas
escolas, sendo o transporte das escolas até o CEA foi o maior empecilho colocado pelo professores
devido ao gasto financeiro envolvido. Problema este que pode ser sanado pela Secretaria Municipal

274
de Educação e Cultura que disponibiliza o transporte para as escolas desde que a visita seja
previamente agendada.
Outro problema para os professores estarem utilizando o local é a falta de conhecimento
do CEA. Queiroz et al. (2011) afirmam que os professores podem não estar aptos a realizarem
trabalhos nesses espaços, pois para o uso dos espaços não formais deve-se trabalhar a formação dos
mesmos devido às inúmeras possibilidades de utilização destes locais. Para Terci e Rossi (2015) é
muito importante o professor conhecer as características do lugar para a elaboração das atividades a
serem desenvolvidas a fim de atender as expectativas. Mas para isso, os espaços não formais devem
incluir não só o trabalho com os alunos, como também trabalhos voltados à formação continuada dos
docentes, para um melhor aproveitamento destes espaços pelas escolas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme observado nos resultados, o Centro Municipal de Educação Ambiental Rio
São João possui um grande potencial de suporte para o ensino formal, visto todas as dificuldades e
limitações existentes no mesmo, sendo a principal vantagem do CEA o espaço adequado e disponível
para se trabalhar a temática, além da possibilidade de abordar a realidade socioambiental local,
podendo incluir os indivíduos na busca de estratégias e soluções para os problemas ambientais
atuais, havendo uma transição de uma educação ambiental conservadora para uma educação
ambiental crítica.
Pelos problemas apontados pelos professores identificamos a necessidade de trabalhos
voltados à formação dos docentes no CEA, no qual os professores terão a oportunidade de conhecer
esse espaço não formal de educação ambiental e assim poderão planejar atividades aliando a
educação formal com a não formal, favorecendo o processo de ensino aprendizado dos alunos
referente às

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2008. 288p.
BONATTO, Andréia; BARROS, Caroline Ramos; GEMELI, Rafael Agnoletto; LOPES, Tatiana
Bica; FRISON, Marli Dallagnol. Interdisciplinaridade no ambiente escolar. In: SEMINÁRIO DE
PESQUISA EM EDUCAÇÃO DA REGIÃO SUL, 9 ed., 2012, Caxias do Sul,. Anais... Caxias do
Sul: Universidade de Caxias do Sul, 2012. Disponível em:
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TARDIF, Maurice. Saberes profissionais dos professores e conhecimentos universitários: Elementos
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formação para o magistério. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, n. 13 p. 5-24.
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TEIXEIRA, C; ALVES, J. M. Mobilização do conhecimento socioambiental de professores por meio
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www.xenpec.com.br/anais2015/resumos/R0977-1.PDFAcesso em: 10 mar 2016.

276
EDUCAÇÃO SEXUAL: DESAFIO DO PROFESSOR DA REDE PÚBLICA ESTADUAL DE
DIVINÓPOLIS - MG

OLIVEIRA, Jéssica Rodrigues Assis de¹; SOUSA, Fabrízio Furtado de².

Síntese:O presente estudo tem como objetivo conhecer a visão do professor sobre os conceitos e as dificuldades
encontradas por ele na aplicação da orientação sexual para os adolescentes do ensino médio. O trabalho se
desenvolve na rede estadual de ensino da cidade Divinópolis em Minas Gerais. Para a coleta dos dados foram
convidadas 14 escolas, onde somente 10 participaram das pesquisas. Em cada escola foi realizado um a reunião
com os diretores para pedir a autorização da realização da pesquisa, logo em seguida 23 professores foram
convidados a participar. Cada professor recebeu um questionário com perguntas de múltipla-escolha que visa o
entendimento da real situação na aplicação da educação sexual no município. Através do questionário podemos
observar a opinião dos professores quanto a forma de trabalho e a maneira com que os adolescentes possam ser
beneficiados com uma informação de qualidade. A responsabilidade aplicada a estes profissionais é muito grande,
por isso a é importante sabermos se estão aptos para a aplicação da educação sexual e como se senti diante deste
desafio. Conforme as pesquisas 86,96% dos professoresdisseram se sente seguros e aptos para tirar qualquer
dúvida apesar de somente 26,09% dos entrevistados tratar de todos os assuntos relacionados a sexualidade e sexo.

Palavras–chave: Adolescência; Orientação Sexual; Sexualidade;

INTRODUÇÃO
A sexualidade é mais comum de ser desenvolvida na adolescência, durante essa faze
manifesta-se sentimentos e transformações físicas. As características individuais compõem o
desenvolvimento da personalidade, ligados sempre a sexualidade no modo de se vestir, na
afetividade, nos sentimentos, nos prazeres e no exercício da liberdade.O trabalho de orientação
sexual nas escolas deve ser desenvolvido o quanto antes com os alunos e devem ser tratados, quando
possível, em parceria com os familiares. O apoio dos pais aos trabalhos desenvolvidos com os alunos
é essencial para o êxito da orientação sexual na escola (BRASIL, 2000).
Segundo Silvares (2002), há evidências de que as crianças não entendem totalmente vários
aspectos ligados à sexualidade a despeito de se envolver em uma diversidade de condutas sexuais.
Portanto, fornecer informações sexuais para as crianças e adolescentes, torna-as mais aptas para
realizar decisões responsáveis no que diz a respeito à sua própria conduta sexual.
Sendo assim, é necessária a inserção do tema educação sexual nas escolas cada vez mais
cedo. Na escola é onde as crianças têm contato com colegas da mesma idade, e onde ocorre o
primeiro ato de aproximação. Os professores como peça importante, de modo paralelo, podem
transmitir aos alunos, conhecimentos sobre educação sexual, a fim de auxiliar sobre informações
adequadas, respondendo às dúvidas de forma esclarecedora, respeitando a opinião de cada um.
Compreende-se que a exigência feita aos educadores é grande, por isso é necessário que
possuam estratégias metodológicas apropriadas para abordar esses temas, conhecimentos básicos e
suficientes para que possam definir os objetivos, os conteúdos, a metodologia e a avaliação, pois
deles depende o currículo que será elaborado: o que, quando e como ensinar (GAVIDIA, 2002).
Este trabalho teve por objetivo conhecer a visão dos professores sobre os conceitos e as
dificuldades encontradas na aplicação da orientação sexual para os adolescentes.

MÉTODOS
1
Graduanda em Ciências biológicas da UEMG,Unidade Divinópolis , jessicarodriguesassisoliv@gmail.com
²Professor da UEMG, Unidade Divinópolis, fabriziofurtado@gmail.com

277
A coleta de dados foi realizada por meio da aplicação de questionários direcionados a
professores da rede estadual de ensino de Divinópolis-MG, nos meses de julho a agosto de 2016.
Utilizamos um questionário semiestruturado, onde a primeira parte é utilizada na caracterização do
participante e a segunda parte com questões, que visam conhecer abordagem, dificuldades em se
ensinar o tema e a opinião dos professores sobre sexualidade nas escolas.

RESULTADOS
Todos os entrevistados têm idade entre 24 e 50 anos, sendo, 82,61% do sexo feminino.
30,43% dos professores possuem mestrado, 78,26% são casados, 4,35% divorciados, 17,39%
solteiros, 56,52% possuem filhos, 69,57% são católicos, 17,39% evangélicos, 8,70% espirita.
Na visão dos professores entrevistados sobre de quem é a responsabilidade de se ensinar a
orientação sexual, 30,43% responderam seria dos pais, 4,35% da igreja e os demais, 65,22%, seria da
escola, mas com a participação de todos.Perguntou-se aos professores qual a melhor idade para a
introdução de assuntos referente a sexualidade na escola e 78,26% responderam que devem ser
iniciados trabalhos com alunos entre 7 e 9 anos.

Figura 1: Opinião de professores sobre a idade de inicialização de orientação sexual


Sobre as habilidades que o professor tem em aplicar o tema 82,61% dos professores
consideram fácil a abordagem. Em outra pergunta buscarmos saber quaisas melhores metodologias a
serem aplicada em sala de aula 69,57% disseram que é a partir do conhecimento do aluno.

Figura 2: Melhores metodologias para aplicação da sexualidade

278
Apenas 26,09% dos professores disseram que devem ser tratados todos os assuntos
relacionados a sexualidade e sexo, enquanto que o restante prefere isolar determinados assuntos
como: métodos contraceptivos, gravidez e DST.86,96% dos professores disseram que se sente seguro
e apto para tirar qualquer dúvida sobre sexualidade.
Perguntou-se aos professores se participaram de algum treinamento voltado para ensino da
sexualidade para adolescentes e 13,04% disseram que participaram de treinamentos, 30,43% de
capacitação e 56,53% palestras.

DISCUSSÃO
A transformação de atitudes das crianças em relação à sexualidade ocorre quando levamos
em consideração o modo como a educação sexual é abordada, tanto com os familiares quanto com a
escola. Pais e escola necessitam trabalhar em conjunto, de modo a auxiliar o enfrentamento das
crianças ante tais questões (VILELAS JANEIRO, 2008).
Furlani (2009) defende que a sexualidade está presente em todas as fazes de nossa vida,
esperar para abordar a sexualidade, apenas na adolescência, reflete uma visão pedagógica limitada,
baseada na crença de que a “iniciação sexual” só é possível a partir da capacidade reprodutiva.
Figueiró e Anami (2009)afirmam que muitos profissionais da Educação conseguiram ter clareza em
relação ao papel essencial que as escolas devem cumprir no ensino da sexualidade e puderam
entender que a proposta apresentada no PCN traz um chamamento para os professores de várias
áreas, integrando todas as disciplinas.
Segundo Souza (2002), o professor ao trabalhar orientação sexual com seus alunos, deverá ter
consciência da beleza e dignidade do sexo e da sexualidade, precisa desenvolver no jovem a
capacidade de amar e de ser amado, de lidar com a afetividade e as emoções, além de ministrar o
temário cientifico, tanto biológico como comportamental e psicológico.
Os PCNs (BRASIL, 1998) mostra para o professor a importância que o aluno tem em
conhecer e cuidar do próprio corpo, valorizando e adotando hábitos saudáveis como um dos aspectos
básicos da qualidade de vida e agindo com responsabilidade em relação à sua saúde e à saúde
coletiva. O documento também procura apresentar uma discussão ampliada de temáticas que muitas
vezes levam a sociedade a agir com preconceito e discriminação, por englobar relações de gênero, o
respeito a si mesmo e ao outro e à diversidade de crenças, valores e expressões culturais existentes
numa sociedade democrática e pluralista.
Segundo Figueiró (2004) existe a necessidade de trabalhar com os educandos informações
científicas, afetivas, psicológicas, ajudando o aluno a encontrar prazer em sua sexualidade, isso pelo
fato do sexo não deixar de ser questão individual.Para Suplicy (1983) um profissional que deseja
atuar na área da educação sexual precisa ter facilidade de lidar com o tema, pois “as características
indispensáveis, e impossíveis de serem treinadas é sensível, escuta os problemas, inspira confiança e
deixa o aluno a vontade”.Maia et al. (2005) diz que a orientação sexual pode ser desastrosa se os
educadores estiverem despreparados ou forem incapazes de lidar de modo adequado com sua própria
sexualidade, ou se os programas forem inadequados em seus métodos ou conteúdo.

CONCLUSÕES
Na sociedade, sexualidade é considerada um assunto delicado, as escolas juntamente com a
família são os mais qualificados para sua aplicação pela importância e pelo grau da dificuldade sobre
o tema. A família passa primeiros ensinamentos e a escola dá o suporte com uma teoria mais
aprofundada, para isso as escolas devem ser preparadas com cursos e se aprofundar. A formação
desta concepção faz com que os alunos mudem o seu comportamento que não sejam imprudentes na
sociedade. A qualificação de pelo menos um professor é essencial para que fique como suporte para
os demais orientadores.

279
A escola contribui para que os alunos possam vivenciar sua sexualidade com mais segurança,
tornando mais prazerosa e afetiva. Esse tema vincula-se ao exercício da cidadania na medida em que
se propõe a trabalhar o respeito por si e pelo outro, ao mesmo tempo busca garantir direitos básicos a
todos, como a saúde, a informação e o conhecimento, elementos fundamentais para a formação de
cidadãos responsáveis e conscientes de suas capacidades, de seus direitos, de seus deveres
(FURLANI, 2009).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros
curriculares nacionais: pluralidade cultural: orientação sexual. 2.ed. Brasília, 2000. v. 10.
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SUPLICY, M. T. S. V. Conversando sobre sexo. Petrópolis, RJ: Vozes, 1983.
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escola? Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, v.29, n. 3, p.382-390, set. 2008.

280
EDUCAÇÃO SEXUAL: PERCEPÇÃO DOS ADOLESCENTES

LASMAR, Rone¹; PACHECO, Camila Mariangela².

Síntese: Vários são os desafios que os jovens enfrentam, dentre eles está a abordagem da sexualidade. Por
reconhecer essa condição e saber que a escola é um local de aglutinação de jovens utilizamos desse espaço, em
Divinópolis, MG, para conhecer a realidade da educação sexual dos adolescentes. Os dados foram coletados por
meio de questionário respondido por 242 alunos da rede pública. Após análise, foi possível constatar que os alunos
não compreendem a amplitude da sexualidade, pois grande parte deles associa, equivocadamente, a terminologia
ao ato sexual. Verificou-se também que grande parte dos alunos não é capaz de identificar as estruturas da
anatomia e compreender a fisiologia reprodutiva humana básica. A escola e a família são indicadas como
referencia nas quais os jovens se sentem confiantes para expor suas dúvidas e buscar informações, no entanto,
somente um pouco mais da metade dos entrevistados, afirmaram que o conhecimento encontrado nesses locais é
suficiente para a sua formação em sexualidade. Quando questionados sobre os assuntos envolvendo sexualidade
que eles julgam importante, os estudantes assinalaram temas voltados para saúde e reprodução. Contudo, conclui-
se que a sexualidade ainda é abordada de forma superficial sendo necessário tratá-la como agente formativo da
personalidade do indivíduo, independente da idade.

Palavras-Chave: Escolas públicas; Estudantes; Sexualidade.

INTRODUÇÃO
A Orientação Sexual é compreendida como o direcionamento para a busca do bem estar e da
saúde, relaciona-se com o direito ao prazer e ao exercício da sexualidade com responsabilidade
(BRASIL, 2006). Em suas prerrogativas o respeito a si mesmo, ao outro e à diversidade de crenças,
valores e expressões culturais existentes numa sociedade democrática e pluralista.
A sexualidade faz parte de toda vida, desde o nascimento até a morte, visto que ao nascer, a
criança já é um ser sexuado (SANTOS e RUBIO, 2013). Apesar de esta função ser vital ao bem estar
do ser humano, ainda é tido como um tabu e em muitas crenças e religiões, na qual a abordagem
deste tema é ainda é bastante delicada. Diante disso, as informações recebidas, muitas vezes, se dão
de uma forma não verdadeiramente científica e embasada.
A sexualidade tem sido reconhecida como palco de grande preocupação devido a precocidade
do início da atividade sexual, a qual contribui para expor os adolescentes a diversos riscos seja de
saúde, social, emocional ou outros, quando não exercida de forma adequada.
Diante disso, a escola, local de aglutinação de jovens, foi utilizada em Divinópolis, MG, para
conhecer a realidade da educação sexual dos adolescentes. Para tanto, foram realizadas coletas de
dados para avaliar o conhecimento prévio sobre o assunto dos estudantes do ensino fundamental II e
médio de algumas escolas públicas do município.

METODOLOGIA
Este estudo de natureza quantitativa foi realizado em 2016, no qual foi aplicado um
questionário aos estudantes do ensino fundamental e do primeiro ano do ensino médio, pertencentes
a quatro escolas estaduais do município de Divinópolis, Minas Gerais.
As questões abordaram temas relacionados à educação sexual a fim de analisar o
conhecimento dos alunos a cerca da temática. A idade dos alunos foi categorizada por faixa etária

¹ Graduando em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado de Minas Gerais, Unidade Divinópolis, Divinópolis,
Minas Gerais, Brasil. E-mail: ronelas2@gmail.com
² Mestre em Biologia Animal e Professora Orientadora da Universidade do Estado de Minas Gerais, Unidade
Divinópolis, Divinópolis, Minas Gerais, Brasil

281
sendo 13-14, 15-16, 17-18, >19 anos.
Todos os participantes concordaram em participar. Para garantir o sigilo dos estudantes
pesquisados foi dotada uma terminologia para identificá-los. Em seguida os dados foram analisados e
as questões foram representadas em termos de percentual.

RESULTADOS
A amostra foi composta de 149 alunos do ensino fundamental II e 93 do ensino médio,
totalizando 242, dos quais 53% (n=128) eram do sexo feminino e 47% (n=114) do sexo masculino,
com idades entre 13 e 23 anos. Grande parte dos alunos encontra-se na categoria dos 15-16 anos,
representando 59% dos entrevistados, seguido pela categoria de 13-14 anos, com 34%.
O conceito de sexualidade não está elucidado para grande parte dos estudantes. Isso foi
percebido através das afirmativas “A sexualidade é sinônimo de relação sexual” e “A sexualidade
inicia-se na adolescência e termina na terceira idade”, na qual receberam, respectivamente, 34% e
31% das respostas corretas. Das temáticas envolvendo a sexualidade, o conhecimento a cerca das
doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) atingiram os maiores valores de acerto. Dos
entrevistados, 62% responderam que HIV não tem cura e 77% dos estudantes tem conhecimento que
a camisinha é o mecanismo mais eficiente na prevenção das DSTs (Tab.1).

Tabela 1: Percepção dos estudantes sobre assuntos envolvendo a sexualidade.


Não Não tem Não
Concorda
concorda certeza respondeu
A sexualidade é sinônima de relação sexual 43 34 17 6
A sexualidade inicia-se na adolescência e
termina na terceira idade 45 31 19 5
A puberdade inicia-se mais cedo no sexo
feminino 60 13 22 5
O HIV tem cura 12 62 21 5
O método contraceptivo mais seguro para
evitar DSTs é a camisinha 77 5 13 5
A mulher pode engravidar em qualquer
período do ciclo menstrual 30 35 29 6
* Dados expressos em porcentagem.

Sobre a anatomia e fisiologia dos aparelhos reprodutores: das sete estruturas reprodutivas
masculinas, testículo, pênis, uretra, próstata, vesículas seminais, canal deferente, apenas os dois
primeiros tiveram a identificação correta superior a 50%; enquanto dos cinco itens reprodutivos
femininos, útero, colo do útero, tubas uterinas, endométrio, ovário, apenas o ovário e o útero
alcançaram valores de acerto igual ou superior a 50%.

DISCUSSÃO
Os referenciais consultados demonstram que o conceito de sexualidade não está bem
esclarecido, já que questões envolvendo a definição dessa terminologia foram respondidas
incorretamente por grande parte dos entrevistados. Alguns estudos justificam essa falta de
compreensão sobre sexualidade ao demonstrarem que no Brasil há a interpretação que esse termo
está associado exclusivamente ao ato sexual (GIR et al., 2000; GONÇALVES et al., 2010). É
importante perceber que a sexualidade excede os aspectos biológicos e reprodutivos, ela é um

282
componente formativo da personalidade, que influencia nos valores, atitudes e sentimentos do
indivíduo.
Dos questionamentos sobre temáticas envolvendo a sexualidade, a abordagem médica
atingiram os maiores valores de acerto, no entanto, acreditamos que as informações ainda precisam
ser mais exploradas já que 38% entrevistados não sabem ou tem dúvidas se o HIV tem cura,
demonstrando que mais de 1/3 dos entrevistados podem estar suscetíveis a essa infecção por falta de
conhecimento. Esse dado é preocupante dado o avanço da sífilis e do HIV entre os jovens em nosso
país.
Os resultados também demonstraram que o conhecimento dos alunos sobre a anatomia e
fisiologia dos aparelhos reprodutores é baixo. Dado semelhante foi encontrado por Rosa e Marques
(2012). Tal informação chama a atenção uma vez que foi constatado que os livros de Ciências e
Biologia utilizados no sistema educacional brasileiro, principal instrumento empregado na
abordagem do tema, restringem a sexualidade a aspectos fisiológicos e anatômicos da reprodução
humana (ANDRADE et al., 2001). Ou seja, mesmo com o direcionamento dada pelos livros
didáticos, restringindo a sexualidade a aspectos morfológicos e terapêuticos da reprodução, o
conhecimento proposto não está sendo atingido, demonstrando que os conceitos não estão sendo
processados e interpretados para favorecer a formação de valores sobre a temática.
Contudo, é necessário o esclarecimento que a sexualidade é parte inerente da condição
humana de saúde e bem estar, indo muito além da simples reprodução estudada em aulas de biologia
e ciências. É imprescindível reconhecer as diversas formas de expressão, interação, comportamentos
e inclusive identidade sexual, e extrapolar situações que nos remete aos tempos medievais, como o
preconceito que ainda vive nas questões de gênero, por exemplo. Por outro lado, é indispensável
suprimir a sensação de segurança proporcionada pelos avanços na área da saúde, como o uso da
pílula do dia seguinte, utilizada após a prática de sexo inseguro, com a finalidade de evitar uma
gravidez indesejada, esquecendo todas as outras possibilidades inerentes à prática do sexo inseguro,
e até mesmo a falsa impressão da cura do HIV devido ao aumento da qualidade de vida fornecidas
pelos medicamentos atuais.

CONCLUSÕES
De modo geral os adolescentes confundem o conceito de sexualidade com a idéia de sexo,
isto demonstra a clara necessidade de incluir mais efetivamente o tema de maneira transdisciplinar
em grades curriculares que vão além da biologia. A questão não se resume em educar a sexualidade
destes jovens, mas educar para a sexualidade, e esta passa pela família, sistema de saúde entre outras
instituições porque, afinal, a sexualidade vai muito além da simples procura pelo prazer genital.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, C. P.; FORASTIERI, V.; EL-HANI, C.N. Como os livros didáticos de ciência e
biologia abordam a questão da orientação sexual?In: III ENC. NAC. PESQUISA EM
EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS, 2001, Atibaia. Disponível em:
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283
GONÇALVES, R. C.; DIONÍZIO, A. F.; RESENDE, I. L. M. Diálogo acerca da sexualidade entre
pais e filhos na concepção dos adolescentes. UEG em Revista, v. 1, n.15, p. 27-49, 2010.

ROSA, R. A.; MARQUES, A. M.Educação Sexual na Adolescência: meio rural versus meio urbano.
Saúde Reprodutiva Sexualidade e sociedade, n. 1, p.83-90, 2012.

TIBA, I. Adolescência, o despertar do sexo: um guia para entender o desenvolvimento sexual e


afetivo das novas gerações. 4 ed. São Paulo: Gente, 1994.

284
FATORES MOTIVACIONAIS PARA A PRÁTICA DO FUTSAL: UMA COMPARAÇÃO
ENTRE GÊNEROS

FERREIRA, Guilherme Aparecido Nunes¹; NASCIMENTO-CARDOSO, Amanda Mayara do².

Síntese: Este estudo de natureza descritivo-exploratório, teve por objetivo analisar as dimensões que mais
motivam estudantes de 11 a 14 anos da rede estadual de ensino de Divinópolis-MG à praticarem o futsal nas aulas
de Educação Física, tendo como eixo principal uma comparação entre gêneros. Foi utilizado como instrumento
para a coleta de dados o Inventário de Motivação para a prática Regular de Atividades Físicas (IMPRAF-54),
aplicado a uma amostra de 190 estudantes de 2 escolas estaduais de Divinópolis, sendo esses estudantes 95 do
gênero masculino e 95 do gênero feminino. Para demonstração dos dados, utilizou se a estatística descritiva com
as medidas de média e desvio padrão. Os resultados evidenciam que as dimensões Prazer, saúde e competividade
são os fatores que mais motivam os estudantes do sexo masculino, sendo os fatores estética, saúde e sociabilidade
os que mais receberam escores pelas estudantes do sexo feminino. Nesta perspectiva, o professor de Educação
Física ao conhecer estes fatores motivacionais, poderá adotar estratégias e metodologias mais eficazes, podendo
assim atingir as expectativas de seus alunos, a partir de um processo de ensino aprendizagem significante.

Palavras–chave: Educação Física escolar; Futsal; Motivação.

INTRODUÇÃO
O futsal atualmente é um dos esportes mais praticados no Brasil, e consequentemente o
mais praticado no cotidiano escolar durante as aulas de Educação Física. A introdução desta
modalidade esportiva durante estas aulas se torna um elemento de suma importância como meio de
promoção da saúde, bem-estar e educação de crianças e adolescentes. Na concepção de alguns
autores, o esporte ao ser introduzido na escola, além de proporcionar um bom aprendizado, auxilia
no desenvolvimento dos aspectos físicos, sociais e psicológicos (VOSER; GIUSTSI, 2002).
De acordo com CAMARGO, et al. (2008), o futsal quando inserido no ambiente escolar
através das aulas de Educação Física, se trata de uma modalidade motivadora para crianças e
adolescentes. Na concepção de Verardi e De Marco (2007) a motivação é um dos fatores que
implica na realização de qualquer atividade, seja ela em um todo ou não, permitindo assim uma
melhor aprendizagem.
SegundoSamulski (2002), a motivação pode ser caracterizada como um processo
intencional, ativo, estando sempre em busca de alcançar algum objetivo ou dirigido a alguma meta,
dependendo de seus fatores intrínsecos (pessoais) ou extrínsecos (ambientes), onde que os fatores
intrínsecos possuem caráter de autodeterminação, e os fatores extrínsecos é atribuído a conquista de
algum resultado esperado.
Um enfoque importante que justifica o desenvolvimento deste estudo é analisar o fator
motivacional havendo uma comparação entre gêneros, podendo assim auxiliar o profissional de
Educação Física na elaboração de suas aulas, podendo ele realizar intervenções mais pontuais,
adotando estratégias e metodologias mais eficazes que possa atingir as expectativas de seus alunos.
Nesse sentido, o presente artigo tem por objetivo analisar os fatores motivacionais para a
prática da modalidade de futsal, em duas escolas da rede estadual de ensino do Munícipio de

¹Graduando em Educação Física Licenciatura da UEMG- Campus Divinópolis-MG guilhermeenunes@hotmail.com


²Mestra em Ciências da Motricidade pelo Instituto de Biociência- UNESP

285
Divinópolis-MG, tendo como eixo principal uma comparação entre os gêneros masculinos e
femininos para a realização desta prática esportiva.

MÉTODOS
Este estudo de cunho descritivo-exploratório foi composto por 190 estudantes, sendo 95
do gênero masculino, e 95 do gênero feminino, estudantes estes de duas escolas da rede estadual de
ensino de Divinópolis, sendo essas escolhidas por serem de maior facilidade de entrada do
pesquisador e as quais são aplicadas a modalidade do futsal nas aulas de Educação Física. Para
inclusão no estudo foi considerado estudantes de ambos os sexos matriculados nas escolas estaduais
Armando Nogueira Soares e Henrique Galvão, sendo estes estudantes na faixa etária de 11 a 14 anos.
Esta faixa etária foi delimitada a partir de alguns estudos mostrarem que a partir dessa idade é que os
alunos começam a demonstrar maior interesse por uma prática esportiva específica.
Para a coleta de dados foi utilizado como instrumento o Inventário de Motivação para a
Prática Regular de Atividade Física (IMPRAF-54) (BALBINOTTI; BARBOSA, 2006). Esse
instrumento para avaliação, é um inventário que avalia 6 dimensões associadas à motivação para a
realização de atividade física regular, sendo elas controle de estresse, saúde, sociabilidade
competitividade, estética e prazer.
Para realização da coleta de dados deste estudo, inicialmente foi solicitado a permissão
do diretor das referidas escolas Armando Nogueira Soares e Henrique Galvão.Após a permissão do
mesmo o entrevistador entrou em contato com os alunos explicando o procedimento da pesquisa e a
importância da mesma. Logo após sendo entregue a eles o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE). Todos os alunos tiveram a garantia por meio do entrevistador de terem suas
identidades preservadas, seguindo assim todas as normas éticas exigidas.
Os dados provenientes da aplicação do questionário, como as pontuações das dimensões
motivacionais foram demonstrados por meio de estatística descritiva, utilizando-se dos valores de
média e desvio-padrão.

RESULTADOS
Este estudo foi composto por uma amostra de 190 estudantes de duas escolas estaduais
do município de Divinópolis-MG, sendo 95 do gênero masculino e 95 do gênero feminino, com
idade entre 11 a 14 anos. Através dos resultados obtidos pode- se perceber que os principais fatores
motivacionais para a prática do futsal atribuídos pelos estudantes do sexo masculino foram às
dimensões prazer, saúde e competitividade, sendo as dimensões, sociabilidade, estética e controle de
estresse os que menos pontuaram.
As dimensões, estética, saúde e sociabilidade, foram os fatores motivacionais com
maiores atribuições para a prática do futsal pelas estudantes do sexo feminino, obtendo menor
pontuação as dimensões, prazer, competitividade e controle de estresse.

DISCUSSÃO
Os resultados obtidos como fatores motivacionais para estudantes do sexo masculino, o
de maior atribuição foi à dimensão prazer. A prática de atividade física ou desportiva pode estar
associada à busca pelo bem-estar e prazer que a própria atividade proporciona.
Esse resultado encontrado corrobora outros estudos realizados referentes ao fator
motivacional, o qual a dimensão prazer também obteve maior atribuição (PACHECO 2009;
SALDANHA, 2008). Este fato pode ser interpretado porque o objetivo maior nas aulas de Educação
Física é a formação integral do indivíduo, sendo muito priorizadas as atividades lúdicas e prazerosas.

286
A dimensão saúde a qual aparece em segundo lugar como o de maiores escores obtido,
também nos é apresentada em outros estudos como sendo de grande predominância na busca de
algum tipo de atividade física (BALBINOTTI, et al. 2011). Este fato pode estar relacionado na
concepção de que a saúde deixou de ser voltada somente para a medicina, sendo considerada uma
conquista através de um melhor estilo de vida (MOTA, 2004).
Após a dimensão saúde o fator competitividade foi o que recebeu maior atribuição pelos
estudantes do sexo masculino. Em comparação a este estudo, pesquisas realizadas por Pacheco
(2009) com praticantes de futsal e futebol, em Porto Alegre, constatou que a dimensão
competitividade foi também uma das com maiores escores obtidos.
Um dos fatores que pode ter influenciando na atribuição desta dimensão, é de que, ao
analisar outros estudos, pode se constatar que nesta faixa etária muitos estudantes, vivenciam e
praticam o futsal fora do âmbito escolar, em escolinhas ou clube, os quais o objetivo principal é a
busca por resultados e conquistas. Ao contrário do que acontece nas aulas de Educação Física, onde
as aulas estão voltadas mais para os jogos cooperativos.
Analisando os dados obtidos como fatores motivacionais param à prática do futsal pelas
estudantes do sexo feminino, a dimensão estética foi a que obteve maior escore, seguido de saúde e
sociabilidade.
Este estudo corrobora outros trabalhos realizados, os quais também constataram que a
estética é um fator muito forte na busca por algum tipo de atividade física ou desportiva,
principalmente pelo sexo feminino (SALDANHA, et al., 2007; MALDONADO, 2006).
Pode-se entender que a grande atribuição dada a dimensão estética, é de que durante a
adolescência ocorre diversas mudanças corporais, onde o adolescente busca um corpo estético o qual
é enfatizado pela mídia e pela sociedade na qual ele está inserido.
Podemos perceber através destes resultados, que assim como nas atribuições dadas pelos
estudantes do sexo masculino, as estudantes do sexo feminino deram grandes escores a dimensão
saúde. Entendendo assim que ambos os sexos buscam uma vida saudável através da prática de
atividade física ou desportiva.
A dimensão sociabilidade, a qual aparece com grande atribuição dada pelas estudantes,
pode se dar pela necessidade deles de pertencerem a um grupo, fato esse muito importante nesta fase
de suas vidas, sendo este um fator primordial para o envolvimento em uma prática esportiva no caso
o futsal (GALLAHUE e OZMUN, 2003).
A dimensão controle de estresse foi a que apresentou menores escores em ambos os
sexos. Esse resultado já era esperado, por se entender que nessa faixa etária os alunos normalmente
possuem menores índices de estresse, sendo isso também constatado em outros estudos encontrados
na literatura (JUCHEM,2006; SALDANHA,2008).

CONCLUSÕES
Ao findar deste trabalho pode se perceber que os estudantes do sexo masculino são
motivados por fatores intrínsecos (prazer), a praticarem o futsal nas aulas de Educação Física,
enquanto as estudantes do sexo feminino são motivadas por fatores extrínsecos (estética), a
praticarem esta modalidade esportiva.

Sendo assim ao conhecer estes fatores motivacionais, o professor de Educação Física,


poderá adotar estratégias e metodologias mais eficazes, podendo assim atingir as expectativas de
seus alunos, a partir de um processo de ensino aprendizagem significante.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

287
BALBINOTTI, M. A. A.; BARBOSA, M. L. L. (2006). Inventário de Motivação à Prática
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SAMULSKI, D. Psicologia do Esporte. Barueri: Manole, 2002

288
INCLUSÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAS NO
ÂMBITO ESCOLAR E A EDUCAÇÃO FÍSICA

GONÇALVES, Renata Estéfane Nogueira¹; SANTOS, Andrêza Soares dos²

Síntese: O objetivo do presente trabalho é investigar e analisar o processo de inclusão de alunos com necessidades
educacionais especiais (NEE) na escola, tendo em vista o processo dificultoso para o sistema educativo e
principalmente para o aluno “incluído. Este trabalho apresenta as dificuldades e barreiras encontradas nos
caminhos para obter um êxito e um número maior de alunos com NEE nas escolas, também buscando apontar as
soluções e meios para contornar as limitações e dificuldades encontradas neste processo. Acreditamos que a
questão da inclusão escolar de alunos com (NEE) constitui um tema de suma importância para a construção de
uma escola democrática e de inclusão social. A inclusão de alunos com NEE vem tendo ênfase no ambiente escolar
nos últimos anos e isso traz muitas discussões e dificuldades onde a questão da inclusão gera divergentes opiniões
entre professores, família e sociedade. Há necessidade de se buscar que as leis existentes sobre o referido assunto
sejam realmente cumpridas para uma melhor inclusão destes alunos na escola. A Educação Física aparece neste
contexto como uma disciplina que favorece a inclusão, pois em suas atividades existe uma maior interação dos
alunos, e os alunos com NEE podem vivenciar e identificar diferentes possibilidades de ação com o corpo,
facilitando sua independência e autonomia. Considerado um processo dificultoso para o aluno e também para a
escola, é necessário que haja mudanças na sociedade, na família e no âmbito escolar para criar condições onde o
aluno se sinta mais incluído e as aulas de Educação Física podem ser eficazes neste processo, com a intervenção do
professor, a adaptação das atividades, a orientação e o estímulo a participação de todos na aula, trabalhando os
aspectos motores, afetivos, social e intelectual.

Palavras-chave: Dificuldades na inclusão; Inclusão; Necessidades Educacionais Especiais.

INTRODUÇÃO
A questão da inclusão escolar de alunos com necessidades educacionais especiais (NEE)
constitui um tema de grande importância para a construção de uma escola democrática e de inclusão
social (BRACHT, 2009).
A inclusão dos alunos NNEs não é só por mais um na sala de aula, e sim dar condições para
que ele se sinta como membro da classe.
A inclusão escolar na atualidade é muito diferente das concepções históricas sobre as
necessidades especiais. As deformações corporais, além de mudarem as relações do ser humano com
o meio onde vivem se manifestam no comportamento diferenciado nas relações, desde o meio
familiar até as crianças NEEs, que são tratadas de maneiras diferentes do habitual, devido às
necessidades da mesma (FALKENBACH, 2007).
Estudar o tema sobre inclusão de aluno com necessidades educacionais especiais na prática
da educação física é introduzir-se em um assunto que ainda dá os seus primeiros passos para à
qualificação nesse processo.
A inclusão por intervenção do professor, adapta, orienta e estimula, favorecendo a
participação de todos os alunos nas aulas de educação física, buscando reverter à ideologia da

¹Graduanda do curso de Educação Física Licenciatura, Universidade do Estado de Minas Gerais UEMG/Unidade
Divinópolis, renataestng@gmail.com
²Professora Designada Educação Física, Universidade do Estado de Minas Gerais UEMG/Unidade Divinópolis

289
mesma, baseadana seleção de alunos aptos e não aptos para as práticas corporais (RAPOSO;
MITJANS, 2012).

Para Venturini et al. (2010) a Educação Física contribui para o desenvolvimento de alunos
com deficiência seja no aspecto afetivo, sociale intelectual, pois o incentivo à inclusão torna a
autoestima e a autoconfiança mais evidente e assim diminui as desigualdades, sendo a Educação
Física um dos meios para que alunos deficientes compreendam as limitações e capacidades,
estimulando o desempenho.
Este estudo tem como objetivo investigar e analisar o processo de inclusão de alunos com
NEE (necessidades educacionais especiais) na escola, tendo em vista o processo dificultoso para o
sistema educativo e principalmente para o aluno ‘’incluído’’.

MÉTODOS
O trabalhofoi realizado por meio de uma revisão bibliográfica de artigos e trabalhos
científicos publicados em diferentes períodos, disponíveis para consulta nas bases de dados: Scielo,
Portal da Capes, Google Acadêmico. As palavras: inclusão, inclusão de alunos com necessidades
educacionais especiais (NEE), Educação Física, Students with Special Needs Inclusion in physical
education foram utilizadas como fonte de pesquisa.
De acordo com Gil (1994) a revisão de literatura auxilia o estudante a restringir e limitar o
enfoque de sua pesquisa, contribuindo para divisão e organização do que se foi lido, analisado e
processado.

REVISÃO DE LITERATURA

O grande desafio para as escolas é construir uma escolarização possível para atender aos
educandos com ou sem necessidades especiais. A inclusão escolar surgiu com a "Declaração de
Salamanca" na década de 90, com a ideia de romper paradigmas educacionais existente na época,
trazendo um “novo” princípio sobre a educação inclusiva, onde todos os alunos que não se adequam
ao ensino regular deveriam se beneficiar de estratégias específicas para a educação (XAVIER, s/d).
Após tantos anos hoje podemos dizer que essas pessoas são reconhecidas como cidadãos.
Logo após vieram as mudanças introduzida pela nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (BRASIL, 1996), com isso os direitos dos alunos com deficiência vêm ganhando destaque
e lugar na sociedade.
No século passado as pessoas com algum aparecimento físico ou mental fora do “normal”
eram banidas severamente da sociedade, viviam o abandono social e até mesmo abandono da própria
família. A educação inclusiva é sem dúvida um processo com muita dificuldade para sociedade e
complicado onde as pessoas com necessidades especiais vêm buscando seu lugar e a sociedade a
aceitação dos mesmos.
A inclusão das pessoas com NEEs vem tendo ênfase no âmbito escolar, onde se ressalta que o
número de alunos na educação inclusiva nos últimos anos triplicou com isso traz muitas discussões e
dificuldades em questão da inclusão onde se tem divergência de opiniões de professores, leis que
existem e não são aprimoradas para o bem desenvolver da mesma (como falta de infra instrutora e a
própria logística).
É preciso que a escola dê o primeiro passo para o processo da inclusão, além de aceitar as
diferenças ela implica mudanças no paradigma educacional, onde independente de suas condições
físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras, devem frequentar as salas de aula no
ensino regular.

290
Muitos identificam a Educação Física, como uma disciplina mais favorável e mais abrangente
para a inclusão de um aluno com NEE, devido a uma maior interação dos alunos nas atividades
proposta pelos professores e ter uma grande variedade de exercícios, conseguindo adequar melhor
para cada um, fazendo com que todos consigam desenvolver em nível de capacidade o objetivo
proposto (MENDES, 2013).
As aulas de Educação Física podem proporcionar aos alunos com NEEs um
desenvolvimento, onde a adaptação seja feita e vivenciada com as diferentes limitações e que
consigam identificar as suas capacidades e necessidades, quanto as possibilidades de ação e
adaptação ao movimento, facilitando sua independência e autonomia, trabalhando o processo de
inclusão e aceitação em seu meio social (MACIEL; MIGUEL; VENDITTI JÚNIOR, 2009).
A Educação Física muitas vezes é considerada uma área curricular mais facilmente inclusiva
devido á flexibilidade dos seus conteúdos, permitindo uma ampla participação dos mesmos alunos
que apresenta dificuldade, pelos professores que desenvolve atitude positiva perante aos alunos,
sendo que os professores de Educação Física são classificados como profissionais que apresentam
atitudes favoráveis a inclusão (MENDES, 2013).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A inclusão na escola é de suma importância para os alunos com necessidades educacionais
especiais, onde que é dada condições de se sentir um membro da classe, de ter novas experiências,
minimizar as diferenças, de se sentir incluindo com os demais alunos “normais”.
Com o aumento de alunos com algum tipo de necessidade especial nos últimos anos, trouxe
consigo dificuldades no âmbito escolar, como falta de infraestrutura, divergência de opiniões de
professores, falta de professores capacitados e a exclusão dos alunos que são considerados “normais”
que também são afetados na própria sociedade.
Como um processo dificultoso tanto para o aluno e para sistema educativo conclui-se que a
escola dê o primeiro passo, aceitando as diferenças, dando ênfase na formação de profissionais
competentes, busque mudanças no paradigma escolar com leis que devem ser cumpridas por direito
do aluno e criando condições que aluno se sinta mais incluído no meio a todos.
As aulas de Educação Física vêm trazendo eficácia para esse desenvolvimento onde a
intervenção do professor, adapta, orienta e estimula a participação de todos na aula, trabalhando os
aspectos afetivos, social e intelectual tornando a autoestima e autoconfiança mais evidente.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos pelo apoio: familiares, amigos, a minha orientadora por toda atenção e
dedicação, a Deus principalmente e que essa seja a primeira de muitas etapas cumpridas!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRACHT, V. Educação física e escola. Vitória, ES: Universidade Federal do Espírito Santo, Núcleo
de Educação Aberta e a Distância, 2009.
BRASIL. Presidência da República. Lei n. 4.024 de 20 de dezembro de 1961. Dispõe sobre a Lei
de Diretrizes e Bases. São Paulo, 1961.
BRASIL. Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Base da Educação
Nacional. Brasília (DF), 1996.

291
BRASIL, Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Brasília:
MEC/CNE/CEB, 2001.

CHICON, J. F.; MENDES, K. A. M. O.; SÁ, M. G. G. S. Educação física e inclusão: a experiência


na Escola Azul. Movimento (ESEF/UFRGS), v. 17, n. 4, p. 185-202, 2011.
DISTRITO FEDERAL, Câmara Legislativa do Distrito Federal. Lei Orgânica do Distrito Federal.
Brasília, 8 de junho de 1993.
ESPANHA. Ministério da Educação. Declaração de Salamanca. Espanha, 1994.
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MACIEL, P. A.; MIGUEL, J.; VENDITTI JÚNIOR, R. Reflexões a respeito da inclusão de pessoas
com necessidades educacionais especiais em aulas de Educação Física Escolar: concepções e
formação profissional. Revista Digital – Buenos Aires, ano 14, n. 131, abril, 2009. Disponível em:
http://www.efdeportes.com/efd131/pessoas-com-necessidades-educacionais-especiais-educacao-
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MENDES, A. P. da S. Análise subjetiva dos professores de educação física sobre a inclusão de
alunos com deficiência no ambiente escolar de Campinas e região na ação efetiva de suas aulas.
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Católica de Campinas, Centro de Ciências Humanas Sociais Aplicadas, Faculdade de Educação
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relação com a inclusão. Revista da Faculdade de Educação Física da UNICAMP, v. 10, n. 2,
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XAVIER, A. A Inclusão da Pessoa com Deficiência na Escola Regular. Disponível
em:<http://www.arcos.org.br/artigos/a-inclusao-da-pessoa-com-deficiencia-na-escola-regular>
Acesso em 03 de novembro de 2016.

VENTURINI, G. R. O.; RODRIGUES, B. M.; MATOS, D. G.; ZANELLA, A. L.; PACE-JÚNIOR,


R. L.; PAULA, G. R. R.; CUNHA, A. S.; MAZINI-FILHO, M. L. A importância da inclusão nas
aulas de Educação Física escolar. Revista Digital, v. 15, n. 147, 2010.

292
JOGOS E BRINCADEIRAS COMO INCENTIVO A PRÁTICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
INFANTIL

DIAS, Bruno Henrique Carvalho¹;SANTOS, Andrêza Soares dos²

.
Síntese: O trabalho apresentado investiga as possibilidades de inserção e atuação do professor de Educação Física
na área de Educação Infantil. Relata-se, através deste, as contribuições dos jogos e brincadeiras enquanto
atividade lúdica no desenvolvimento social, cognitivo, afetivo da criança e qual a importância do profissional de
Educação Física na área, devido a sua escassa atuação no contexto educacional infantil, na cidade de Divinópolis,
Minas Gerais. Dessa maneira, além do embasamento teórico que discorre neste estudo, foi realizada uma pesquisa
de campo envolvendo professores regentes da educação infantil. Os professores foram questionados se aplicavam
ou não atividades lúdicas durante as aulas, e se sim, quais eram estas atividades. Posteriormente foram
questionados se há algum objetivo almejado durante a aplicação desses jogos e brincadeiras durante as aulas. A
terceira pergunta do questionário tinha o intuito de investigar quais são esses objetivos que os professores
pretendem alcançar. A quarta pergunta identificou se esses objetivos são, em sua maioria, alcançados durante as
aulas. Em seguida, averiguou-se a necessidade do professor de Educação Física para aplicação dessas atividades
lúdicas na Educação Infantil. Os resultados encontrados, demonstraram que as brincadeiras propostas pelos
profissionais trabalham de maneira didática os movimentos do corpo, fazendo com reconheçam as capacidades de
seus próprios corpos e os limites do corpo do próximo, contribuindo assim, para a integração do aluno em
sociedade, ensinando-o a atuar de maneira condizente. A maioria dos professores pesquisados relataram a
importância e alegaram, que o profissional da área da Educação Física é o sujeito apto a fazer as adequações e
aplicações de jogos e brincadeiras nas escolas.

Palavras–chave: Educação Física; Educação Infantil; Escola; Lúdico.

INTRODUÇÃO

O lúdico faz parte da vida de toda pessoa e em especial das crianças, uma vez que o mesmo
está relacionado a tudo que envolve alegria, prazer, descontração, podendo ainda manifestar-se nos
brinquedos, jogos, brincadeiras, e em todas as outras formas de lazer e divertimento.
Através dessas estratégias, que são os jogos e as brincadeiras, a criança permite-se conhecer
melhor, tornando-se mais criativa, com mais facilidade de relacionar-se com os outros e
posteriormente se tornando um adulto feliz e realizado, apto a resolver as possíveis adversidades da
vida (OLIVEIRA; GONÇALVES, 2015).
É essencial que a escola seja o espaço para apropriação e consolidação dos saberes, dando
relevância aos reais interesses do educando, respeitando seus direitos, informando e cobrando seus
deveres e oferecendo oportunidades para que ele possa desenvolver suas competências (AYOUA,
2001). Assim, espera-se que esta pesquisa, contribua de forma positiva para o ambiente escolar, bem
como para a sociedade como um todo, uma vez que, o brincar é relevante para toda a formação
humana e principalmente na prática da Educação Física.
O interesse de estudar esse tema inicialmente surgiu das observações e práticas na disciplina
de estágio supervisionado do autor deste artigo, na modalidade de Educação Infantil, onde o mesmo

¹Graduando do curso de Educação Física Licenciatura, Universidade do Estado de Minas Gerais UEMG/Unidade
Divinópolis, brunohcd@hotmail.com
²Professora Designada Educação Física, Universidade do Estado de Minas Gerais UEMG/Unidade Divinópolis.

293
percebeu a habilidade em trabalhar com esse público, e também, ausência de professores de
educação física atuantes na área da Educação Infantil.
Dessa forma, o fato de que o profissional de Educação Física, enquanto educador e mediador
da aplicação de atividades e jogos nas atividades não é um considerado nesse contexto educacional
infantil é o motivo pelo qual norteia-se este presente estudo. Aqui, será discorrido a respeito do tema
em relação às experiências e relatos de alguns autores, como Santos et al. (2015), Oliveira e
Gonçalves (2015) e Ayoua (2001).
Além do mais, o estudo em questão, compromete-se com uma pesquisa de campo a fim de
obter experiências e opiniões dos professores da educação infantil das escolas públicas e privadas da
cidade Divinópolis, Minas Gerais. Aqui, encontra-se os resultados de um questionário realizado
diretamente pelo autor, no qual investigará os tipos de brincadeiras e jogos comumente empregados
em sala de aula pelos professores da área, os objetivos que os fundamentam, além da opinião dos
mesmos acerca da necessidade de um professor de Educação Física na aplicação lúdica.

MÉTODOS

Aqui, partilha-se o intuito de coletar informações a respeito da atuação do professor de


Educação Infantil perante à contribuição do lúdico na atividade física das crianças e também, a
importância da participação do profissional de educação física para execução de atividades como
jogos e brincadeiras
A pesquisa coletou informações de 20 escolas da cidade de Divinópolis, as quais dentre essas
estavam escolas da rede municipal e particulares.
O autor distribuiu um total de 20 questionários aos professores da área de Educação Infantil,
selecionados de maneira aleatória, porém visando um critério relevante: estes, precisariam, ao
menos, serem graduados em cursos que abrangem a área da Educação Física.
Do total de questionários distribuídos, somente uma parcela pouco acima de 50% dispôs-se a
responder e contribuir para a pesquisa qualitativa aqui presente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Freire (1991) afirma que: “A escola não deveria trabalhar com a criança no sentido de treiná-
la para ser adulta, mas sim no sentido de construir e reforçar as estruturas corporais e intelectuais que
dispõe”. A escola, no contexto atual, está direcionada a apenas transmitir aprendizagem e
conhecimento, não estimulando a criança, na maioria das vezes. Assim, horários como o período de
intervalo e os momentos fora da sala de aula são os mais desejados por ela, que é quando a criança se
realiza prazerosamente e em outros aspectos (GUIRRA; PRODÓCIMO, 2009).
A fim de acentuar essa ideia, Soler (2003), diz que: “(...) o corpo é o primeiro instrumento de
pensamento da criança, sendo essencial para o seu diálogo com o mundo e a Educação Física Escolar
tem papel fundamental, pois é mediadora desse processo”.
A primeira pergunta partilha da intenção de saber se há uma aplicação de atividades lúdicas
durante as aulas e, nesse caso, compreender os jogos e brincadeiras comumente realizados por esses
professores durante as aulas. Os professores relataram atividades trabalhadas com as crianças tais
como brincadeiras coletivas, esportes, jogos de tabuleiro, entre outros conforme relatos a seguir:
“Sim. Amarelinha, queimada, pato/ganso (corre-cotia), macaco-disse, estátua, pique-pega,
‘mamãe, posso ir? ’, dentro/fora, pula corda, jogos de trilha, etc.” (PROFESSOR 1).
“ Sim. Rabo de gato, pique altinha, queimada, história da serpente, bate-rebate, história
imaginadas, trilhas, circuito louco, futebol, pular corda, etc.” (PROFESSOR 2).
Os docentes da área de Educação Física têm uma missão considerável, que vai além de
lecionar e aplicar atividade físicas e esportes, da maneira em que é visto frequentemente. A este, uma

294
vez profissional da área da educação, é atribuído a função de desenvolver uma obrigação, social,
ética e moral de ensinar valores que irão fazer parte da vida do aprendiz tardiamente (GUIRRA;
PRODÓCIMO, 2009).
Ainda, ao serem questionados se há algum objetivo almejado durante a aplicação desses
jogos e brincadeiras durante as aulas, alguns professores responderam que esses estão acerca do
desenvolvimento da coordenação motora, equilíbrio, da concentração, da respiração, trabalhar regras
e limites, e da interação prazerosa da criança. Já outros professores foram mais objetivos em suas
respostas, apenas afirmando que existe, de fato, um intuito desejado:
“Sim. Conceitos de longe, de perto, grande, pequeno, etc. Saber perder e ganhar sem
humilhar ou chorar. Psicomotricidade – passar por cima, por baixo, arrastar, engatinhas, pular
(coordenação motora), etc” (PROFESSOR 2).
“Sim. Em todos os jogos e brincadeiras sempre há um objetivo, através deles observo o
desenvolvimento de cada criança e avalio vários conceitos” (PROFESSOR 12).
A quarta pergunta identificou se esses objetivos são, em sua maioria, alcançados durante as
aulas, onde a maioria dos docentes responderam que sim. Outros relataram algumas observações
relevantes ao estudo que discorre aqui:
“São alcançados na maioria das vezes na Educação Infantil. A linguagem corporal é eficaz e
prioritária para o bom desenvolvimento afetivo, social, cognitivo e motor da criança” (PROFESSOR
10).
“Na maioria das deles avalio o desenvolvimento da turma e individual” (PROFESSOR 12).
Em seguida, averiguou-se a necessidade do professor de Educação Física para aplicação
dessas atividades lúdicas na Educação Infantil. Ao serem interrogados, grande parte dos sujeitos que
se submeteram a essa pesquisa responderam que sim, sendo que, apenas dois professores não sentem
a necessidade de um profissional da área de Educação Física:
“Não. Minha formação me capacitou para trabalhar om a psicomotricidade, sempre
utilizando o lúdico. Acho interessante a troca de experiência com o profissional” (PROFESSOR 2).
“ “Com certeza, seria muito bom se tivéssemos especialistas para exercer as tarefas, pois eles
estudam a fundo e poderiam nos ajudar melhor no movimento das crianças” (PROFESSOR 5).

CONCLUSÕES

Os resultados aqui apresentados demonstraram claramente que as brincadeiras propostas


pelos profissionais, em sua maioria, como “corre-cotia”, “amarelinha”, trabalham de maneira
didática os movimentos do corpo, fazendo com reconheçam as capacidades de seus próprios corpos e
os limites do corpo do próximo, contribuindo assim, para a integração do aluno em sociedade,
ensinando-o a atuar de maneira condizente.
Em relação aos objetivos almejados, muitos professores relataram aqueles ligados
diretamente a psicomotricidade, ao desempenho cognitivo, a coordenação motora, ao equilíbrio e ao
movimento em geral, ferramentas que seriam empregadas com eficácia no caso da atuação de um
professor de educação física na área de Educação Infantil.
Ainda, finalmente, com exceção de dois professores, os quais não sentem a necessidade de
um profissional da área, os quais afirmam que sua formação o faz capaz de aplicar o lúdico,
enfocando a psicomotricidade, os demais questionados relataram uma importância e alegaram,
majoritariamente, que o profissional da área da Educação Física é o sujeito apto a fazer as
adequações e aplicações de jogos e brincadeiras nas escolas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

295
AYOUB, E. Reflexões sobre a educação física na educação infantil. Rev. paul. Educação Física,
São Paulo, supl.4, p.53-60, 2001.

FREIRE, J. B. Educação de corpo inteiro. Teoria e prática da Educação Física. 2.ª ed. São Paulo:
Editora Scipione, Série Pensamento e Ação no magistério, 1991.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 30. ed..São Paulo:
Paz e Terra, 1996.

GALLARDO, J. S. P. Educação Física Escolar: do berçário ao ensino médio. 2.ª ed. Rio de
Janeiro: Lucerna, 2005.

GUIRRA, F.J. S.; PRODÓCIMO, G., E. A criança e o jogo: um olhar sobre formas de
negociação. Revista Iberoamericana de Educación. UNICAMP.

KISHIMOTO, T.M. Jogos infantis: o jogo, a criança e a educação. Petrópolis, RJ: Vozes,1993.

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MATURANA, H. R. Disponível em: http//www.humanitates.ucb.br/2/entrevista.htm. Brasília,


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PIAGET, J. O julgamento moral na criança. São Paulo: Mestre Jou. 1997.

SILVA, E. L. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 3. ed. Florianópolis:


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VAGO, T. M. A educação Física na Cultura Escolar: Discutindo Caminhos para a Intervenção
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Argentina: Identidade, Desafios e Perspectivas. Rio de Janeiro: Prosul: 2003.
VYGOTSKY, L.S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1994.

VYGOTSKY, L.S. e LEONTIEV, Alexis. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São


Paulo: Edusp,1998. Disponível em: http://www.webartigos.com/articles/68291/1/AIMPORTANCIA-
DO-BRINCAR-NAEDUCACAOINFANTIL/pagina1.html#ixzz1Oz5W1zhG, Acesso em: Out 2016.

296
JUVENTUDE E O DIREITO À CIDADE

TEIXEIRA, Maria Antonieta

Síntese: Juventude e o direito à cidade é um projeto de pesquisa, financiado pela UEMG/PAPq 2016 que busca
compreender, a partir da análise do documento do Fórum da Juventude de Cláudio/MG, como se estabelece a
relação jovens e a cidade, bem como a compreensão dessas categorias podem ampliar ou limitar os direitos sociais.
Duas questões estruturadoras Juventude de Cláudio: o quê o Município pode lhe oferecer? e Juventude de Cláudio:
o que você pode oferecer? revelaram o entendimento dos jovens sobre a vida que levam, a formação que recebem e
a cidade em que vivem. A literatura recente aborda as temáticas propostas de forma isolada. Por um lado, a
juventude é tratada sob o viés geracional ou na perspectiva classista, bem como sobre a diversidade, especialmente
gênero e raça. Por outro lado, o direito à cidade remete à crítica da ordem urbana capitalista, pois o direito à
cidade deve ser formulado como direito à vida urbana renovada como um lugar de encontro. Não como espaço
que segrega. O desafio de articular a compreensão da juventude e o direito à cidade implica em (re)pensar sobre
os processos, agentes e lugares de socialização que in(de)formam a autonomia dos jovens. Acredita-se que a
reflexão oriunda da relação do jovem com sua cidade possibilita trazer o jovem para o lugar de protagonista,
como sujeito social que constrói seu modo de ser.

Palavras-chave: Cidadania; direitos sociais; educação; socialização.

INTRODUÇÃO

A pesquisa busca contribuir com os estudos sobre a juventude e sua relação com a cidade a
partir da análise do processo do Fórum da Juventude, realizado em Cláudio/MG, no ano de 2014,
pela rede intersetorial de políticas sociais do município, aqui denominada Rede. Aos jovens
participantes, foi dada a oportunidade de expressarem-se a partir de duas questões estruturadoras:
Juventude de Cláudio: o que o Município pode lhe oferecer? e Juventude de Cláudio: o que você
pode oferecer?
O Fórum da Juventude foi realizado como estratégia de aproximação com as juventudes
locais envolvidas com atos infracionais ocorridos no município, considerando a divergência das
possíveis intervenções públicas que oscilavam entre ações punitivas em defesa da ordem ou o
investimento em ações preventivas. A Rede, frente ao desafio de pensar sobre a questão da violência
local e ainda sensível à recente experiência da revisão do Plano Diretor Participativo de Cláudio
(2015), percebe a necessidade de identificar os anseios dos jovens em relação a sua cidade, como
lócus de sociabilidade e de vínculos.
A literatura recente aborda as temáticas propostas de forma isolada. Por um lado, a juventude
é tratada sob o viés geracional ou na perspectiva classista, bem como sobre a diversidade,
especialmente gênero e raça. (DAYRELL, 2003; DAYRELL & GOMES, 2008; PAIS, 1990;
PERALVA, 1997; TOMAZ, 2015) Importa esclarecer que, nesta reflexão, a categoria juventude
refere-se ao momento posterior à infância, envolvendo a adolescência e a juventude propriamente
dita (ABRAMO, 1997). Cumpre acrescentar como elemento relevante para o entendimento do
fenômeno contemporâneo da juventude, o chamado alargamento da juventude baseado em ideais
estetizados na figura jovem, tanto com a juvenilização da infância ou com a teenaginazação dos
adultos. Os chamados tweens que informam a juventude como construção social (TOMAZ, 2015).

Professora UEMG Unidades Cláudio e Divinópolis. E-mail: maria.teixeira@uemg.br

297
Por outro lado, o direito à cidade remete à crítica da ordem urbana capitalista elaborada por
Lefebvre (2001), pois o direito à cidade “só pode ser formulado como direito à vida urbana,
transformada, renovada [...] lugar de encontro”. Não como espaço que segrega. Além disso, o direito
à cidade deve preservar o espaço como valor de uso e não de troca. A produção do espaço não deve
estar subordinada aos circuitos capitalistas, como mercadoria. “A proclamação e a realização da vida
urbana como reino do uso (da troca e do encontro separados do valor de troca [...]” (LEFEBVRE,
2001, p.139). O pensamento lefebvriano é utópico e inspirador ao sugerir vencer a produção do
espaço urbano sob o domínio econômico.
O direito à cidade integra a literatura científica, desde então (Fernandes, 2013), (Saulo
Junior, 2005), (Harvey, 2012), (Maricato, 2006), (Trindade, 2012), além de ser incorporado como
bandeira dos movimentos políticos e sociais, notadamente no V Fórum Urbano Mundial, que
discutiu “Levando Adiante o Direito à Cidade” (ONU Brasil, 2001). Trindade (2012) propõe
compreender a noção de direito à cidade sob dois enfoques:em termos legais, o direito à cidade se
justifica na perspectiva da função social da propriedade e, em segundo, um debate teórico que
possibilita a compreensão do direito à cidadecomo direito social e cidadania.
O desafio de articular a compreensão da juventude e o direito à cidade implica em (re)pensar sobre
os processos, agentes e lugares de socialização que in(de)formam a autonomia dos jovens. Assim,
cabe perguntar: O que significa pensar a relação juventude e cidade? Quem são os jovens de
Cláudio? É no sentido de responder esses questionamentos que a interlocução com a Universidade se
faz necessária e a pesquisa se justifica! Acredita-se que a reflexão oriunda da relação do jovem com
sua cidade possibilita trazer o jovem para o lugar de protagonista, como sujeito social que constrói
seu modo de ser (DAYRELL, 2003) e exerce sua cidadania. Como bem afirma Freire (2003): a
cidade somos nós e nós somos a cidade!

MÉTODOS

A pesquisa, de natureza qualitativa, busca compreender o processo de realização do Fórum da


Juventude Cláudio, tendo como objeto de pesquisa o documento síntese do evento de 2014. Para
tanto, foi adotada a análise de conteúdo (BARDIN, 1977), compreendida como um conjunto de
técnicas de pesquisa que buscam o sentido ou interpretação de um documento. Ressalta-se a
importância de o esforço hermenêutico considerar o contexto social e histórico em que foram
produzidas as comunicações. Além disso, a análise de conteúdo tem por finalidade a produção de
inferências. O ato de inferir significa a realização de uma operação lógica, pela qual se admite uma
proposição em virtude de sua ligação com outras proposições já aceitas, permitindo adefinição de
categorias analíticas das representações da realidade juvenil: educação, cultura, violência, cidade etc.
Entrevistas semiestruturadas estão sendo realizadas com os atores sociais envolvidos nos processos,
bem como observação das reuniões da Rede. Além disso, o uso de word cloud será associado como
método heurístico de análise, bem como de apresentação e visualização das respostas dos jovens.

RESULTADOS
As análises iniciais referem-se à questão proposta Juventude de Cláudio: o que você pode
oferecer? à cidade e revelam algumas categorias que permitem identificar as representações dos
jovens de Cláudio em relação à socialização, participação, à prática do voluntariado e ao cuidado
com o patrimônio e à consciência ambiental. Importa salientar a expressiva réplica dos jovens: não
posso fazer nadafrente ao questionamento. As nuvens revelam a frequência de palavras geradoras
das categorias, como demonstra a FIG. 1:

298
FIGURA 1: Juventude de Cláudio: o que você pode oferecer? à sua cidade
Fonte: Fórum da Juventude 2014 – Cláudio/MG

DISCUSSÃO

Os resultados parciais sugerem que, em Cláudio, o processo socializador liderado pelas


instituições escolares promove comportamentos baseados na moralidade e na obediência, haja vista a
frequência dos termos respeitar, obedecer e ajudar (os idosos, os professores, aos pais, autoridades, o
próximo, o funcionário público)., pilares da ordem. É possível observar vínculos religiosos entre os
jovens, expressos na forma de “ir mais à igreja” e “ajudar a terminar a obra da igreja” ou nas várias
citações dos mandamentos divinos como “não roubar” e “não matar”. Em meio ao contraditório
“respeitar os adultos” e “agir como os adultos”, os jovens revelam o quanto seu processo de
formação tem sido repressivo: a palavra “não” aparece repetidamente em diferentes situações, como
“Não desperdiçar energia”, “não usar drogas”, “não ser vândalo” ou “Não desfazer coisas que a
prefeitura faz” a despeito da possibilidade de educar pela via da positividade. É possível afirmar que
a escola exerce um controle social sobre os alunos, inculcando valores e normas que alimentam um
habitus local, especialmente em relação ao costume de “ajudar o próximo”, fazer “trabalho
voluntário e “doações”, que reforça práticas tradicionais de caridade e fragiliza o fortalecimento das
políticas públicas. Por outro lado, os jovens manifestaram firmemente o desejo de “participar” na
“melhoria da cidade” e “das reuniões da comunidade e dos movimentos”, bem como apresentando
“ideias para melhorar o município”, dando “opinião a respeito da política”, procurando “saber em
quem votar” e cobrando “das autoridades”. “Lutar para o que é preciso na cidade” e “tomar atitude”
anunciam o protagonista juvenil que precisa ser estimulado. Além disso, a demonstração de
compartilhar habilidades e gostos como forma de agir na e para a cidade: “praticar esporte” e
“Incentivar as outras pessoas a praticar esportes”, oferecer “meu conhecimento sobre música para as
pessoas” ou “Aula de jiu-jitsu”. O jovem aprende que “precisa estudar” e se preparar para o futuro.

CONCLUSÃO
O processo de socialização secundária da juventude claudiense apresenta tendência
conservadora e moralista.

299
A educação, ante o desafio contemporâneo de adaptar ou emancipar, privilegia uma formação
para a heteronomia e que desconsidera as mudanças e a preparação para enfrentá-las.
A concepção geracional de juventude permanece em detrimento da autonomia do jovem
como ser social, sujeito de direitos.
Os cidadãos jovens não se apropriam da cidade como espaço de pertencimento e socialmente
construído.

REFERÊNCIAS

ABRAMO, Helena W. Considerações sobre a tematização social da juventude no Brasil.Revista


Brasileira de Educação. Mai/Jun/Jul/Ago 1997 N º 5 Set/Out/Nov/Dez 1997

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301
O FUTEBOL COMO AGENTE SOCIALIZADOR PARA CRIANÇAS E JOVENS

FERREIRA, Jonathan Neves¹; NASCIMENTO-CARDOSO, Amanda Mayara do²

Síntese: O esporte coletivo é um elemento socializador, o indivíduo sozinho não pode existir, precisa-se de outros
companheiros para compor um time, além disso, precisa aprender a conviver com erros e dificuldades de outras
pessoas. O futebol como um esporte de grande adesão em nosso país, tem uma grande importância para a
socialização das crianças e de jovens. Foi realizada uma pesquisa exploratória quantitativa em quatro escolas de
futebol no município de Divinópolis para verificar o quanto as crianças consideram o esporte coletivo no caso a
modalidade o Futebol como um agente socializador. Foram entrevistadas 90 crianças e para 100% dos
entrevistados o esporte futebol foi um importante elemento socializador e que o companheirismo foi um
aprendizado tanto dentro das quadras como na sua vida social.

Palavras Chaves: Futebol, Agente socializador, Crianças e Jovens.

INTRODUÇÃO

O esporte coletivo segundo Algarra (1989, p. 12) caracteriza-se como sendo “jogo de
conjunto, com caráter lúdico e de treinamento, previamente concretizado por meio de um
regulamento oficial, que acolhe diferentes sujeitos de determinadas características, enfrentando um
outro conjunto ou equipe, sob as mesmas bases, para a obtenção de um resultado, expresso em
pontos ou em diferenças de tempo”.
No esporte de alto rendimento existe a ideia de individualismo e sempre a busca por
vitória, transformando o contexto de prática do indivíduo exclusivamente tecnicista, onde, o mesmo
precisa sempre estar apto para ser potencializado. Nesse sentido, os indivíduos muitas vezes se
mostram inconscientes de todo o processo transformador de seu estado fisiológico e psicológico, que
pensando em realizar feitos "heróicos" apenas acelera sua degeneração física, no excessivo treinando
do corpo (VAZ, 2001).
Segundo Belloni (2007) o indivíduo não se torna de modo espontâneo um ser social.
Ainda que ele obtenha características necessárias para tornar-se um ser social, é necessário ainda
ativar e desenvolver estas capacidades para transformá-las em competências sociais e cognitivas que
sejam realmente efetivas. O processo de socialização é constantemente ativo que se desenvolve
durante toda a fase da infância e adolescência por meio das práticas e das atividades vivenciadas, não
se restringindo a treinamentos realizados pela família, instituições especializadas ou educacionais.
De acordo com Tubino (1992) o esporte deixou de focar exclusivamente nos elementos
de alto rendimento e está incorporando também elementos educativos e sociais. Ou seja, o esporte
não centra apenas nas práticas motoras visando à competição, mas quando bem estruturado, pode se
tornar uma excelente estratégia para a transformação social dos indivíduos. Com os ensinamentos
que as crianças e jovens aprendem nas escolinhas e projetos sociais, podem transportar valores
sociais, para além do ambiente esportivo, alcançando as diversas esferas da vida.
A socialização é o processo introdução na sociedade, por meio da adaptação aos valores,
normas e tradições sociais pelo processo de auto-realização, onde, o indivíduo aprende a realizar-
seenquanto pessoa e também enquanto ser social. As crianças e jovens levarão do esporte o que ele

¹Graduando em Educação Física Licenciatura da UEMG- Campus Divinópolis-MG Jneves926@gmail.com


²Mestra em Ciências da Motricidade pelo Instituto de Biociência- UNESP

302
vivenciaram no ambiente da prática esportiva, ou seja, trabalhar com valores como respeito ao
próximo, companheirismo, trabalho em grupo é de extrema importância para levar para toda vida não
somente no esporte coletivo (THOMAS, 1983).
De acordo com Marques e Kuroda (2000), o esporte como agente socializador deve ser
um elemento adicional para os alunos desenvolverem suas habilidades em um ambiente com
diversos estímulos, propiciando assim a possibilidade de novas aquisições físicas e intelectuais.
Desde o jogo lúdico à prática esportiva monitorada, o aluno tem a chance de colocar em prática, no
seu convívio esportivo, todas as regras sociais da fase adulta. A participação no esporte com foco
socializador quando bem direcionado possibilita ao aluno a aquisição de valores que lhe serão úteis
por toda a vida.
O esporte transmite outros valores que ultrapassam as linhas dos campos ou das quadras,
o saber ter respeito com o próximo, saber perder e aceitar perder, o companheirismo, o trabalho em
equipe, ajudar o companheiro de time e até do outro time. Deixando clara a ideia de que os alunos
são apenas adversários em campo ou em quadra, mas não são inimigos, e esses valores não ficam
apenas para o esporte, passa-se para a vida, no trabalho, faculdade, onde é muito importante saber
lidar com as pessoas e aceitar as diferenças que cada um possui.
O futebol é um importante meio de universalização dos esportes de modo geral. Mais
ainda, dentro da educação física, mais que um agente socializador, o esporte é considerado um
elemento que contribui que o indivíduo desenvolva não apenas seu aspecto físico, mas também sua
formação nos âmbitos morais e intelectuais (BORSARI, 1989).
Fica nítido que o esporte é um importante veículo de transformação tanto pedagógicas,
quanto sociais para os alunos. A escolinha de futebol constitui uma das principais estratégias de
prática esportiva para transformar os indivíduos, considerando seu alto grau de aceitação no Brasil.
Por meio das escolinhas de futebol “é possível levar a criança a uma transformação no seu
desenvolvimento intelectual, moral, social e, principalmente na questão da aprendizagem, por se
tratar de um esporte coletivo, interativo e que necessita o respeito às regras”(VALENTIN E
COELHO 2005). Essa modalidade de esporte não pode ser vista apenas no contexto da saúde física,
mas uma atividade interdisciplinar.
Ainda segundo esses autores é muito relevante que o futuro profissional do esporte
perceba e compreenda que as escolinhas de futebol apresentam-se como um fenômeno de relevância
sociocultural e muito difundido entre os brasileiros principalmente pela apropriação dos mais
diversos grupos sociais.
Este trabalho busca investigar o quanto as crianças que freqüentam escolinhas de futebol
no município de Divinópolis/MG consideram a pratica deste esporte como um fator de socialização
em sua vida.

METODOLOGIA

A pesquisa desenvolvida é de caráter descritivo, com uma abordagem quantitativa. A


pesquisa foi realizada com 90 crianças na faixa etária de 12 a 16 anos que freqüentam
escolas/projetos de futebol no município de Divinópolis/MG. Foi utilizado como instrumento de
coleta de dados um questionário estruturado elaborado pelo pesquisador. O questionário foi aplicado
nas escolas e aborda questões sobre a socialização pelo esporte. Para responder o questionário todos
os participantes assinaram o termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os dados foram analisados
e transcritos em forma de porcentagem para melhor visualização dos resultados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
A amostra pesquisada consistiu de 90 crianças, sendo 31 do sexo feminino e 59 do sexo
masculino. A faixa etária foi de 12 a 16 anos.

303
Os resultados analisados demonstraram que 95% dos alunos consideram que o esporte
futebol é um fator que ajuda a formação de relações sociais e de amizade
O esporte coletivo nos remete a ideia de companheirismo, onde, é necessário ter um time,
onde todos se ajudam, uns colaboram com os outros, sendo a amizade entre os jogadores muito
importante. Os laços de amizade vão se criando nos treinos, nas partidas, onde é necessário um
diálogo entre os jogadores para se familiarizarem.
Marques e Kuroda (2000) colocam que para que a socialização por meio do esporte de fato
ocorra, é necessário que exista o trabalho com todo o grupo, pois neste momento muitos temas
surgirão e quando bem conduzidos auxiliarão no desenvolvimento individual e grupal. A partir dele,
portanto, ocorrerá o desenvolvimento psíquico do sujeito, haverá um aumento da cooperação, da
resolução de conflitos, o estabelecimento de metas eficazes, e por último, o desenvolvimento da
própria equipe.
Neste aspecto a pesquisa também identificou que em sua totalidade (100%) os
entrevistados consideram que o futebol facilitou sua socialização. O futebol tem esse poder de
socialização, pois é um esporte onde uma integrante precisa constantemente do outro, representando
uma ferramenta muito boa para interação de crianças e jovens que praticam esse esporte. Ainda,
ajuda na formação do indivíduo, transmite-se outros valores além da prática do esporte, passando
outros conhecimentos para serem levados para toda a vida.
O futebol pode ser considerado um poderoso fator de desenvolvimento humano, num sentido
mais amplo, porque contribui de forma decisiva para formação física e social dos indivíduos. Valores
como solidariedade, respeito ao próximo, tolerância, sentido coletivo, cooperação, disciplina,
capacidade de liderança, respeito às regras e noções de trabalho em equipe, são fundamentais para
formação do cidadão (WILPERT, 2005).
O companheirismo foi um aspecto investigado que é de extrema importância, ainda mais se
tratando de grupo, onde todos precisam de todos, não podendo existir desunião, e sim muita força e
garra e sempre buscar o melhor para equipe. Como pode ser observado, 79% dos entrevistados
atribuíram que o companheirismos é um aspecto importante na prática do futebol, enquanto que 21%
não consideram esse elemento importante.
Segundo Valentin e Coelho (2005), através das escolinhas de futebol é possível levar a
criança a uma transformação no seu desenvolvimento intelectual, moral, social e, principalmente na
questão da aprendizagem, por se tratar de um esporte coletivo, interativo e que necessita o respeito às
regras. Ainda, a educação Física tem objetivos específicos como o desenvolvimento do sentimento
de grupo e a cooperação (SOARES, 1996).
Em relação à questão 4, prevalece para 90% dos entrevistados a afirmativa de que os
adversários não são percebidos como inimigos. Somente 10% consideraram o adversário como
inimigo. O esporte além de proporcionar diversas experiências para os praticantes proporciona a
oportunidade de estarem com seus amigos e fazerem novas amizades, pelo motivo de reuni-las na
busca pela pratica esportiva e se divertirem.
Segundo Florentino e Saldanha (2007) a amizade, a sociabilidade e a competência constituem
normas que regulam a aceitação social e constituem fatores para o desenvolvimento de competências
fundamentais para que a criança possa crescer e adaptar-se a vida adulta. E o estar com amigos, fazer
parte de um grupo ou fazer novas amizades, tem um papel importante no desenvolvimento, tanto
psicológico quanto moral e ético de crianças e jovens.

CONCLUSÃO

Com o resultado, percebe-se que o esporte coletivo futebol é socializador, onde mostra que
através do esporte crianças e adolescentes podem se relacionar e agregar outros valores para sua vida
toda.

304
Nas quatro escolinhas onde foi realizada a pesquisa ficou bem claro que realmente não é
somente trabalhada a socialização, mas também outros ensinamentos, como companheirismo,
respeito ao adversário, que o esporte é um jogo e tem que ser disputado limpo, que o adversário não
é seu inimigo e sim somente adversário.
E que as crianças levam esses valores nobres para sua vida pessoal, podendo ter uma
relação social com as pessoas da sua escola, amigos, e que levam esses conceitos para toda vida e
não somente para o esporte.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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WILPERT, A. R. O futebol como agente de inclusão e interação social: um estudo de caso sobre
as escolinhas de futebol de Florianópolis– SC. 2005. Dissertação (Mestrado).

305
O INTERESSE DOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

SILVA, Paula Cristina¹;CARBALLO, Fábio Peron²;

Síntese:Este estudo teve por objetivo identificar os fatores que levam os alunos do Ensino Médio a se interessarem
pelas aulas de Educação Física, bem como buscar compreender a intervenção do professor de Educação Física
nessa realidade. A metodologia permeou na pesquisa bibliográfica e na pesquisa quali-quantitativa, com aplicação
de um questionário a alunos do Ensino Médio de duas Escolas Estaduais da cidade de Divinópolis/MG. Os
resultados obtidos demonstram que os alunos entrevistados apresentam grande interesse, principalmente pela
prática esportiva. Considera-se que a pesquisa possa contribuir para os docentes da área, sem, contudo, esgotar o
assunto.

Palavras-chaves: Ensino; Esporte; Docente.

INTRODUÇÃO
Segundo Barbanti (2003), quando se fala em Educação Física refere-se a uma ampla gama de
ações. A Educação Física, mesmo trabalhando com o corpo, ela não está apenas preocupada com o
desenvolvimento físico, mas também com diversas áreas educacionais, inclusive o desenvolvimento
emocional, social e mental.
Nesse sentido, os objetivos foram: identificar as causas que levam os alunos do Ensino Médio ao
interesse pelas aulas de Educação Física, compreender a postura do professor de Educação Física
nessa realidade.
A Educação Física pode ser compreendida como: “um processo educacional que usa o
movimento como um meio de ajudar as pessoas a adquirir habilidades, condicionamento,
conhecimento e atitudes que contribuem para seu ótimo desenvolvimento e bem estar”.
(BARBANTI, 2003, p. 03).

METODOLOGIA
Primeiramente foi realizada uma pesquisa bibliográfica por meio de livros, artigos científicos,
textos, a fim de fundamentar o estudo. Segundo Gil (2002), o desenvolvimento da pesquisa
bibliográfica ocorre a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos.
Com base nos procedimentos técnicos utilizados, essa pesquisa constitui-se em um estudo de campo.
Gil (2002) afirma que o estudo de campo é realizado buscando a maior profundidade possível do
grupo selecionado.
A parte seguinte do trabalho constituiu-se na realização da pesquisa de campo, com cerca de 160
alunos, de ambos os sexos, do Ensino Médio de duas escolas estaduais da cidade de Divinópolis/MG.
O método para análise de dados desta pesquisa é o qualitativoe, com relação aos objetivos, é
descritiva. Goldenberg (2003) cita em sua obra que o método qualitativo constitui-se da descrição
detalhada dos indivíduos em estudo, com objetivo de compreendê-los em seus próprios termos.
Entende-se este, como método de decodificação de dados e significados, tendo também por objetivo,
traduzir e expressar os fenômenos do mundo social. De um modo geral, o método qualitativo tem a
pretensão de compreender as necessidades, motivação das pessoas em estudo, e verificar o que
determinadas situações estudadas significam para o sujeito.

¹Aluna do Curso de Educação Física Licenciatura UEMG- Divinópolis.


paula.cristinads@hotmail.com
²Doutor em Ciências da Educação. Coordenador do curso de Educação Física Bacharelado da UEMG- Divinópolis.

306
Os instrumentos para realização da coleta de dados foi o questionário com cinco perguntas fechada,
elaboradas de maneira bem objetiva para que possam ser acessível aos alunos entrevistados. De
acordo com Marconi e Lakatos (2003) os questionários são instrumentos de coleta de dados válidos e
constituídos por perguntas que devem ser respondidas na presença do pesquisador.

ANÁLISE
Os alunos participantes da pesquisa somam um total de 160 (cento e sessenta), de ambos os
sexos, com idades variantes entre 14 e 18 anos. Todos do Ensino Médio de duas Escolas Estaduais,
que serão denominadas “Escola A” e “Escola B”, ambas da cidade de Divinópolis/MG. Foram 80
alunos de cada escola, escolhidos de forma aleatória.
A direção de cada escola foi devidamente informada do intuito da pesquisa e após a
apresentação, assinaram o TCLE. Em data agendada pela direção, o questionário foi aplicado em sala
de aula, na presença de um professor. Antes da aplicação, em cada sala, foi devidamente explicado
aos alunos o objetivo do trabalho e que o preenchimento era livre, quem não quisesse participar
poderia se retirar da sala sem qualquer punição. Após essa etapa foram distribuídos os questionários
aos alunos que permaneceram em sala. Para melhor análise, as aulas foram observadas durante duas
semanas, sendo feitas anotações para auxiliar no processo de efetivação do trabalho. É importante
destacar que os professores também foram observados, bem como o ambiente das aulas, os materiais
disponíveis.
Após o tratamento dos dados, os resultados foram devidamente tabulados e apresentados por
questão:
Na primeira questão, foi indagado: “Qual o intuito da Educação Física no ambiente escolar?”
A maioria, 82% respondeu que é para a prática da atividade física. Tempo livre e atividades para o
lazer foram respostas de 7% dos alunos e ainda, a socialização foi considerada por 4% dos alunos.
Em relação à segunda pergunta: “Qual a sua motivação nas aulas de Educação Física?” 55%
dos alunos escolheu a opção “Gosto de praticar esportes”, 13% acha o conteúdo interessante, 5%
acha que o professor cativa para a aula, porém, 27% considera o conteúdo desenvolvido não
interessante, sendo assim, não há motivação.
“Quais os conteúdos são desenvolvidos?” O resultado da terceira questão foi: 14% dos alunos
responderam esporte; 49% responderam teoria e jogos, já jogos e esportes são as respostas de 33%
dos alunos e uma minoria de 4% acredita que o conteúdo de educação física é somente futsal.
Na quarta pergunta foi indagado: “Quais as dificuldades que o professor de Educação Física
encontra ao lecionar a disciplina em sua escola?” A não participação dos alunos nas aulas foi a
maioria encontrada nas respostas - 53%, a falta de material foi apresentado em 8% das respostas, o
horário compatível, 4%, enquanto o ambiente físico obteve 35% das repostas dos alunos
entrevistados.
“Com qual conteúdo você se identifica?”Esta foi a quinta pergunta e a maioria, ou seja, 45%
respondeu esportes, 20% dos alunos se identificam com os conteúdos relacionados a saúde e
qualidade de vida, os jogos e brincadeiras foram os preferidos de 18% dos alunos e ainda a dança
ficou com a identificação de 17% dos entrevistados.

DISCUSSÃO

Os conteúdos das aulas de Educação Física, em sua grande maioria, são organizados em torno do
esporte. É preciso observar que a motivação dos alunos depende das atividades que lhes são
propostas, que devem ser planejadas de acordo com as propostas didáticas da disciplina.
Na fase de observação das aulas de Educação Física das escolas pesquisadas, nota-se que os
alunos considerados menos habilidosos para os esportes, não participam das aulas. Ficam sentados

307
conversando, fazendo atividades de outras disciplinas, lendo. Os tidos habilidosos, que têm maior
facilidade ou interesse de fazer as atividades de esportes, em sua maioria são do sexo masculino.
As aulas de Educação Física merecem maior atenção, devem ser mais motivadores,
chamativas para a totalidade dos alunos, de ambos os sexos, para que haja um interesse maior nas
aulas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O tema abordado neste trabalho teve objetivo de identificar os motivos que levam os alunos do
Ensino Médio a se interessarem pelas aulas de Educação Física, bem como buscar compreender a
postura do professor de Educação Física nessa realidade.
Um amplo referencial teórico foi estudado para que houvesse aqui, um trabalho bem
fundamentado, que por sua vez, houvesse sustentação à pesquisa efetuada em duas escolas Estaduais
a respeito do tema.
Pode-se perceber que as aulas de Educação Física são relacionadas aos esportes e atividade
física em geral, pois o aluno se interessa por esse tipo de atividade, que é o fato motivador para
participar das aulas. Esse fato leva o professor, a muitas vezes, nem fazer plano de aula, pois já sabe
que aula será na quadra, com bola, rede, corrida.
Porém, como Betti e Zuliani (2002), acreditam, nesses tempos de rápidas e profundas
transformações sociais que repercutem, às vezes de maneira dramática, nas escolas, a Educação
Física e seus professores precisam fundamentar-se teoricamente para justificar à comunidade escolar
e à própria sociedade o que já sabem fazer, e, estreitando as relações entre teoria e prática
pedagógica, inovar, “quer dizer, experimentar novos modelos, estratégias, metodologias, conteúdos,
para que a Educação Física siga contribuindo para a formação integral das crianças e jovens e para a
apropriação crítica da cultura contemporânea.” (BETTI & ZULIANI, 2002, p. 75)
Sendo assim, com base em na pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo e ainda observação,
pode-se concluir que o interesse dos alunos do Ensino Médio encontra-se atrelado a um conteúdo
específico, que em sua grande maioria é a prática de esportes. É essencial que os professores de
Educação Física, tenham a consciência de que as aulas precisam ser sempre motivadoras, prazerosas,
buscando a participação de todos, sem distinção, visando a transformação do aluno.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARBANTI, V.J. Dicionário de Educação Física e Esporte. Barueri: Editora Manole Ltda., 2003.

BETTI, M. & ZULLIANI, L. R. Educação física escolar: uma proposta de diretrizes pedagógicas.
Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, 2002, p. 73-81. Disponível em:
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LAKATOS, E. M. & MARCONI, M. A. Metodologia do trabalho científico. 7ª ed. São Paulo: Atlas,
2007.

308
O PAPEL DA EXPERIMENTAÇÃO NO ENSINO DE CIÊNCIAS

PACHECO,Camila Mariangela¹, FREITAS, Chirrane da Silva², SILVA, Danielly Fernanda²

Síntese:A história dos microscópios é a história da humanidade procurando entender e aperfeiçoar a visão tendo
por objetivo a obtenção de imagens ampliadas de um objeto, permitindo, assim, distinguir detalhes que não são
possíveis de serem visualizados a olho nu. Dessa forma, os microscópios possibilitam “descobrir” estruturas
invisíveis em visão desarmada. Nas ciências, a microscopia é aplicada na citologia, histologia, microbiologia,
patologia, fisiologia, entre outras disciplinas, dessa forma o microscópio torna-se um importante equipamento de
aproximação de conteúdos biológicos teóricos ao cotidiano dos alunos. No entanto, o contato dos alunos com esse
equipamento nem sempre é facilitado. Diante disso, o presente trabalho teve por objetivo construir microscópios a
partir de materiais alternativos e avaliar a aceitação desses equipamentos durante as aulas. Todos os alunos
envolvidos afirmaram que a utilizaçãodos microscópios construídos os aproximam das teorias, tornando um elo
essencial entre o que é ensinado e o que é compreendido.

Palavras-chave: Aula prática; Laboratório; Microscópio.

INTRODUÇÃO
As aulas práticas no ensino das ciências têm a capacidade de motivar e estimular o interesse
dos alunos quando são envolvidos em investigações cientificas afim desenvolver habilidade que
futuramente serão necessárias em sua vida como a capacidade de entender e resolver problemas e
compreender. Além disso, as experimentações funcionam como um catalisador, uma vez que aulas
em laboratórios facilitam afixação e aquisição de novos conteúdos e não somente ilustram uma teoria
(CAPELETTO, 1992).
No entanto, existem dificuldades a serem enfrentados pelos professores para a realização de
tais práticas. Uma delas é o alto custo dos equipamentos de laboratório, isso faz com que as
atividades de aula prática envolvendo observação de material ao microscópio sejam extremamente
limitadas (WALLAU et al., 2008). Outro empecilho é a demanda de material referente à quantidade
de alunos por sala, que segundo Krasilchik (2011) deveria ser um microscópio para cada três
estudante para desenvolvimento satisfatório das aulas práticas cujo estes equipamentos sejam
necessários. Porém, segundo os dados do Censo da Educação da Brasil (BRASIL, 2011), estes
números parecem estar longe da realidade em grande parte das escolas públicas brasileiras.
Partindo deste princípio, e por reconhecer que o estudo de estruturas muito reduzidas, torna-
se maçante e até mesmo complexo devido a impossibilidade de visualização de seus componentes no
cotidiano escolar, este trabalho buscou desenvolver, através de atividades práticas, a confecção de
microscópios alternativos a fim de popularizar o ensino de ciências para alunos de ensino
fundamental, bem como avaliar o quanto essa atividade pode ser útil no processo de ensino
aprendizagem.

MATERIAS E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido em duas escolas da rede estadual do município de Divinópolis,
Minas Gerais. As atividades foram desenvolvidas por meio de oficinas, com a confecção de três

1
Professora Orientadora, Universidade do Estado de Minas Gerais Unidade Divinópolis, email:
camila.mariangela@yahoo.com.br
² Graduandas do Curso de Ciências Biológicas, Universidade do Estado de Minas Gerais Unidade Divinópolis, email:
chirrane.freitas@gmail.com

309
modelos diferentes de microscópios alternativos. Também foi realizada uma contextualização por
meio de atividade teórica, a fim de ressaltar a história e a importância destes equipamentos para o
desenvolvimento científico. Concomitante a esse momento, os alunos participantes foram
questionados sobre se já tiveram contato com microscópios e se a utilização desse equipamento
auxiliaria a contextualizar o ensino de Ciências.

RESULTADOS
Dos entrevistados, 89% afirmaram ter tido contato com o microscópio pelo menos uma vez.
Ao serem questionados se o uso do microscópio auxilia para contextualização e fixação do
aprendizado, 100% responderam que sim.

DISCUSSÃO
Os alunos se mostraram motivados e interessados pelos métodos mostrados nas oficinas,
demonstrando a importância de atividades práticas que auxiliem a visualização de conteúdos
teóricos. Deve-se ressaltar que houve um aumento aparente de interesse dos mesmos para a
utilização dos microscópios para a observação de materiais do cotidiano, com questionamentos de
situações cotidianas e por curiosidade da visualização das estruturas a nível microscópico.
Dentre as potencialidades deste meio alternativo pode-se apontar a acessibilidade o custo das peças,
que são relativamente fáceis de serem encontrados e com baixo custo. Outras vantagens são a
facilidade de montagem, sua resistência, e seu peso leve que o torna prático para ser transportado.
Como ferramenta ele ajuda a interagir a prática com a teoria e serve como modelo para abordar a
microscopia com os alunos (FREITAS et al., 2015).Os pontos positivos referentes a visualização são
a ampliação digital, e o registro imediato das imagens. Suas deficiências estão relacionadas a
dificuldade de se adquirir o acrílico, sendo poucos locais que trabalham com este tipo de material, o
encaixe da lente no suporte que apresenta pouca estabilidade, em alguns momentos a focalização
pode ser difícil e as imagens estão diretamente relacionadas a qualidade da câmera do aparelho
smartphone, o que pode ser um gatilho para reforçar as desigualdades, já que smartphones de melhor
qualidade são pouco acessíveis, e sua distribuição é desigual dentro de sala (FREITAS et al., 2015)
Os modelos alternativos alcançaram as expectativas, podendo se tornar uma importante
ferramenta complementar, que deve ser abordado mediante um planejamento prévio do professor que
implicará em um aprendizado efetivo e significativo por parte dos alunos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conseguimos observar com as atividades que as oficinas funcionam como uma ótima
ferramenta para despertar o interesse dos alunos emaprender.
É notável que as oficinas apresentem potencial elevado para despertar atenção dos alunos,
assim eles se tornam mais participativos e colaborativos durante as aulas. Atividades práticas,
portanto, se tornam um ponto chave para que o professor consiga transformar conceitos antes
abstratos, em algo concreto e palpável para os alunos.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Resumo Técnico - Censo Escolar 2010. Brasília, DF: INEP, 42p.
2011.
CAPELETTO, A. Biologia e Educação ambiental: Roteiros de trabalho.Editora Ática, 1992. p. 224.
FREITAS, F. V.; NAGEM, R. L.; BONTEMPO, G. C. Contribuições e desafios de um modelo
análogo óptico baseado em smartphone para o ensino de Ciências. In: Encontro Nacional de Pesquisa
em Educação em Ciências, 10, 2015, Águas de Lindóia. São Paulo: Tecnologias de informação e
comunicação na Educação em Ciências. 8 p. 2015.

310
KRASILCHIK, M. Prática de ensino de Biologia. São Paulo: Editora da Universidade de São
Paulo. 4. ed. 2011. 199p.

WALLAU, G. L; ORTIZ, M. F.; RUBIN, P. M.; LORETO, E. L. S.; SEPEL, L. M. N. Construindo


um microscópio, de baixo custo, que permite observações semelhantes às dos primeiros
microscopistas. RevistaGenéticana Escola. v.3, n.1, p. 1-3, 2008.

311
OS BENEFÍCIOS DA CAPOEIRA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

SILVA, Maxwell¹; SANTOS, Andrêza Soares dos²

Síntese: Este estudo visa discutir os benefícios que a inserção da prática da capoeira pode trazer para as crianças
nas aulas de educação física escolar, bem como a história dessa cultura criada pelos negros no período de
colonização do Brasil, os seus movimentos, suas funções sociais, físicas e mentais podem beneficiar os alunos. Para
isto, foram analisados artigos científicos recentes sobre o assunto, pesquisados nas bases de dados: Scielo, Portal
da Capes, Google Acadêmico, e também livros e revistas relacionados ao assunto. Foram utilizadas nas buscas as
seguintes palavras-chave: capoeira, educação física escolar, benefícios da capoeira. Após esse estudo observou-se
que os praticantes da capoeira apresentam melhoras em diferentes áreas do desenvolvimento motor, cognitivo,
social, afetivo-emocional. E, ainda, de como é possível trabalhar conjuntamente com outras disciplinas do contexto
escolar. Sendo a educação física uma disciplina do currículo escolar que visa o desenvolvimento integral da
criança, através da prática corporal, é de suma importância sua íntima relação com a capoeira. A capoeira é uma
ferramenta fundamental no desenvolvimento humano dentro do contexto escolar, por trabalhar o sujeito em suas
nuances física, moral, mental, emocional e psicológica. Cabe aos profissionais da educação física o conhecimento
integral dos benefícios intrínsecos da capoeira, sua prática e sua divulgação no contexto escolar. Sendo assim,
ganham eles, os alunos e toda a sociedade.

Palavras-chave: Benefícios da capoeira; Capoeira na educação física escolar; História da


capoeira.

INTRODUÇÃO
Quais benefícios a prática da capoeira traz para o indivíduo? No âmbito físico, trabalha com
o fortalecimento muscular, aumenta a flexibilidade, amplia o repertório motor e melhora o equilíbrio
(MAZINI FILHO et al., 2013). Cognitivamente desenvolve a atenção concentrada e difusa,
inteligência, agilidade de raciocínio e criatividade. Assim como a musicalidade e ritmo. Outro fator
importante é a interação e o desenvolvimento social e cultural (FERREIRA, 2012).
Qual a origem da capoeira? É uma luta ou um jogo? Os intelectuais à frente do assunto
alegam que a capoeira foi uma criação dos negros vindos da África no período de colonização do
Brasil, entre os séculos XIV e XIX, onde acontecia de forma ritualística. Com o processo do
colonialismo brasileiro e com a chegada dos negros escravos, a capoeira ganhou a forma de defesa
pessoal, sendo utilizada pelos escravos contra seus opressores, os senhores do engenho (SANTOS,
1990).Hoje a capoeira é uma das várias atividades físicas utilizadas pela população mundial como
forma de lazer. Essa cultura folclórica mescla características de luta, dança, jogo na manifestação de
seu ritual.
Como a capoeira e a educação física se interagem? Podemos afirmar que a Capoeira se
aproxima muito da Educação Física, pois “[...] todos os indícios mostram que a relação da Capoeira
com a Educação Física é de reciprocidade[...]” (CAMPOS, 2001, p. 75). É por meio da disciplina
Educação Física que a Capoeira adentra o universo escolar, sendo que “tudo indica que o Mestre
Aristides seja realmente um dos precursores da Capoeira na escola, e o principal responsável pela
disseminação de seu ensino na pré-escola e no 1º grau, no Brasil” (CAMPOS, 2001, p.80).

¹Graduando do curso de Educação Física Licenciatura, Universidade do Estado de Minas Gerais UEMG/Unidade
Divinópolis, maxwellsilvams123@gmail.com
²Professora Designada Educação Física, Universidade do Estado de Minas Gerais UEMG/Unidade Divinópolis.

312
MÉTODOS
Esta pesquisa foi realizada por meio de revisões literárias (livros, artigos acadêmicos,
revistas, internet) buscando identificar as contribuições da capoeira no ambiente escolar, por ser este
um tema que carece de discussão no meio acadêmico e também pela pouca prática da capoeira no
contexto escolar.
A pesquisa foi realizada nas bases de dados Scielo, Portal da Capes, Google Acadêmico,
utilizando como palavras-chave: capoeira, educação física escolar, benefícios da capoeira.

RESULTADOS
Superando as expectativas, a capoeira se mostrou um esporte ainda mais completo que o que
suposto no início da pesquisa. Ela trabalha o ser humano em sua íntegra, nos contextos sócio-
cultural-físico-mental. Os resultados obtidos com sua prática a tornam bastante interessante de ser
vivenciada no contexto escolar. A musicalidade estimula. A concentração, a disciplina, a ordem, o
respeito e a socialização são trabalhadas de maneira sistemática e lúdica. A flexibilidade o
desenvolvimento motor são os maiores ganhos físicos. O conhecimento dessa cultura de origem
brasileira estimula e fortalece o orgulho de nossas raízes.

DISCUSSÃO
A capoeira aparece em um documento publicado pelo Ministério da Educação - MEC, como
movimento corporal, música, improvisação, arte, dança, liberdade, luta de classes, sendo que na roda
de capoeira (ou na sua prática), encontram-se esses elementos que certamente fazem parte do
cotidiano, e que se forem explorados contribuirão para o desenvolvimento e a educação das crianças,
adolescentes e adultos (SILVA, 2012).
A introdução da capoeira na escola e as diversas interpretações culturais que a sua abordagem
no contexto escolar proporciona, expressam o fortalecimento da perspectiva que aponta a cultura
como uma variável indissociável do processo educativo, permitindo a identificação dos sujeitos uns
com os outros (GONÇALVES; PEREIRA, 2015).
A Capoeira possui algumas características que podem oferecer colaboração para o processo
de ensino-aprendizagem, sendo portando considerada componente educacional e que pode ser
trabalhada em relação às disciplinas do currículo escolar, sobretudo, a Educação Física, por se uma
disciplina que abrange o aspecto prático com características de estímulos motores, cognitivos,
afetivos e social, em busca de uma autonomia do ser.
Desafiar os limites do corpo e a ludicidade deste esporte pode servir como recurso de
interesse pela aprendizagem por parte dos alunos numa tentativa de reverter a evasão escolar. Por
apresentar movimentos variados, de diferentes amplitudes, consegue-se uma melhora significativa na
flexibilidade dos praticantes.
Segundo Areias (1998, p. 92) “É saltando, contorcendo-se e equilibrando o seu corpo nas
posições mais difíceis e imagináveis que o capoeirista se sente grande, liberto e ao mesmo tempo
uma criança peralta [...]”.

CONCLUSÕES
A capoeira é cultura viva e dinâmica presente na nossa sociedade e deve fazer parte do
ambiente escolar. Ampliando seus benefícios no convívio com outras pessoas, no trabalho
cooperativo e interativo, na concentração, força, equilíbrio, flexibilidade e autoestima. Ela não

313
necessita de grandes aparatos para sua prática, podendo ser desenvolvida em qualquer ambiente e a
qualquer pessoa.
Cabe aos profissionais da educação física o conhecimento integral dos benefícios intrínsecos
da capoeira, sua prática e sua divulgação no contexto escolar. Sendo assim, ganham eles, os alunos e
toda a sociedade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AREIAS, A. das. O que é capoeira. 4. ed. São Paulo: Ed. da Tribo, 1998.

CAMPOS, H. J. B. C. Capoeira na universidade. Revista Baiana de

Educação Física. Salvador, v. 1, n. 3, p. 15-23, 2001.

FERREIRA, T. J. O Uso da capoeira como instrumento psicossocial de inclusão. PROJEÇÃO E


DOCÊNCIA, v. 3, n. 2, p. 32-45, 2012.

GONÇALVES, M. A. R.; PEREIRA, V. O. Educação e patrimônio: notas sobre o diálogo entre a


escola e a capoeira. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, n. 62, p. 74-90, 2015.

MAZINI FILHO, M. L.; et al. O efeito do treinamento da capoeira na agilidade e flexibilidade em


adolescentes do sexo masculino. RBPFEX-Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do
Exercício, v. 7, n. 42, 2013.

SANTOS, L. S. Educação, Educação Física, capoeira. Maringá: Imprensa Universitária, 1990.

SILVA, G. A. da. A capoeira como conteúdo extracurricular nas séries iniciais do ensino
fundamental. 2012. 52 f. Monografia. Faculdade de Educação Física. Curso de Licenciatura em
Educação Física do Programa Universidade Aberta do Brasil – Pólo Coromandel – MG.
Universidade de Brasília. Coromandel – Minas Gerais, 2012.

SOUZA, O. Academia de Capoeira Regional, s/ed. Goiânia, GO: Gráfica Kelps, 1980.

314
OS BENEFÍCIOS DAS ARTES MARCIAIS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

CHAGAS, Priscilla Andrade¹; SANTOS, Andrêza Soares dos²

Síntese: Este trabalho pretende mostrar a contribuição do ensino das artes marciais nas aulas de educação física
escolar. O presente artigo teve como base uma revisão de literatura, foi realizado estudo com dados online,
trabalhos de conclusão de curso, livros, dissertações e artigos. A importância da realização desse trabalho se dá
em virtude de que as artes marciais contribuem na formação do aluno e através da vivência histórica com riqueza
em conhecimentos e através de movimentos, trazendo em cada gesto um significado. Tendo como intuito que o
aluno saiba diferenciar a relação entre a sua realidade e a luta. A arte marcial é alvo de preconceito por várias
pessoas, até mesmo pelos próprios professores, por transparecer violência. No entanto essa maneira de pensar
pode ser mudada através do desenvolvimento que a luta trás para a vida do aluno dentro e fora da escola. O
educador tem a possibilidade de ter a vivência e adquirir conhecimentos em cada arte marcial, levando
experiência para seus alunos, mostrando aos pais e aos demais o real valor que a luta traz, ou seja a busca é
justamente o oposto da agressividade, a busca é pelo equilíbrio, autoconfiança, humildade, respeito e amor ao
próximo. Para que essa pesquisa fosse concluída foi realizada uma análise documental. Há muitos modelos da
educação física escolar que devem ser mudados, mas somente através de estudos e muito conhecimento seja ele
histórico ou cultural é que o professor poderá inovar de maneira correta em suas aulas.

Palavras-chave: Aplicabilidade; Artes Marciais; Educação Física Escolar; Lutas; Professor.

INTRODUÇÃO
A presente pesquisa tem como tema principal o desenvolvimento do aluno no âmbito escolar
através da prática das artes marciais e a dificuldade do professor em incluir a luta no conteúdo de
educação física. O interesse por esse tema surgiu pelo amor pela luta, por ter tido a oportunidade de
praticar e ver o quanto ela faz a diferença na vida de quem pratica.
Sobre a definição do termo lutas seria um jogo de oposição entre dois ou mais adversários, no
qual o objetivo é o oponente, porém pode ser com ou sem armas (PUCINELI et al., 2005). Já o termo
arte marcial, são práticas culturais fortemente ligadas ao regionalismo, influenciadas por aspectos
culturais, e que podem atuar nas esferas físicas, espiritual e social, sendo o principal objetivo a
defesa de uma comunidade (REID; CROUCHER, 2003).
As artes marciais mesmo sendo conteúdo da Educação Física Escolar, sofre grande
preconceito pela luta ser associada com a violência escolar. Esses preconceitos procedem do senso
comum, da instituição, dos pais e até mesmo do professor que se sente inseguro na inclusão da luta
na educação física, pois além de não obter a vivência do conteúdo, ainda acredita que o aluno tem a
possibilidade de se tornar mais agressivo, gerando grande problema na escola e fora dela (CORRÊA;
QUEIROZ; PEREIRA, 2010).
O ensinamento das artes marciais deve estar voltado para a prática de lutas corporais
respeitando seus preceitos e regras, permitindo que o aluno pense sobre suas ações, se está agindo de
maneira correta com o próximo, se está conseguindo controlar suas emoções, se tornando livre das
suas vontades para aprender qualquer que seja a arte marcial, pois todos os dias há algo novo,algo a
mudar e a aprender.

¹Graduanda do curso de Educação Física Licenciatura, Universidade do Estado de Minas Gerais UEMG/Unidade
Divinópolis,priiandrade2010k@gmail.com.
²Professora Designada Educação Física, Universidade do Estado de Minas Gerais UEMG/Unidade Divinópolis.

315
A importância do tema trabalhado diz respeito em formar um indivíduo que saiba
futuramente saber lidar com situações de dificuldade que serão apresentadas no dia a dia,
proporcionando grande função social, tendo em vista que será inserido à sociedade um ser humano
mais equilibrado, e que saiba olhar o lado do próximo, sendo inseridos a ele valores e padrões de
conduta na aquisição da responsabilidade e controle da agressividade, ajudando também na melhoria
da autoestima, incentivando o espírito de grupo dentro da disciplina.
As regras serão colocadas como normas de convivência. A arte marcial na escola valoriza o
rendimento do aluno e promove a formação do cidadão com vida saudável, aprendendo o mesmo a
lidar com o medo e a ter a mais disciplina.
Com isso o aluno passa a ter uma autoconfiança e socialização positiva, e aprender a tomar
suas próprias decisões.
O presente estudo tem como objetivo estudar e entender os preconceitos e as restrições em
relação às lutas na Educação Física, inserindo-as no contexto escolar, apresentando os seus
benefícios nos âmbitos físicos, disciplinares, conceituais e principalmente culturais.

MÉTODOS
O método utilizado para a realização deste estudo foi uma leitura explicativa de materiais
bibliográficos como artigos e livros relacionados com a importância das artes marciais na Educação
Física e o porquê da sua inaplicabilidade pelos educadores.
Foram realizadas buscas nas bases de dados Scielo, Portal da Capes, Google Acadêmico,
utilizando como palavras chaves: Artes marciais, Lutas, Educação Física, Vivência, Prática.
Após a leitura explicativa foi realizado uma leitura seletiva verificando a importância de cada
um. Após a seleção dos dados foi realizado uma leitura mais explicativa, mais ampla que consiste
em analisar e ler os materiais selecionados na leitura anterior. A conclusão foi realizada por meio da
leitura interpretativa que consiste em relacionar os artigos com o tema proposto.
Segundo Gil (1994), a pesquisa bibliográfica é um procedimento metodológico que oferece
ao pesquisador uma possibilidade na busca de soluções para seu problema de pesquisa. Estes meios
metodológicos de aproximações sucessivas, onde consideram a flexibilidade na apreensão dos dados
garantindo o movimento dialético no qual o objetivo de estudo pode ser constantemente revisto.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Não existem registros precisos sobre a origem das artes marciais, no entanto, acredita-se que
elas tenham suas raízes mais remotas na Índia, há mais de dois mil anos atrás, onde nessa época
tenha surgido a primeira forma de luta organizada, que seria um sistema de defesa pessoal criado por
monges budistas para defender os templos de ladrões.
De acordo com Pereira e Feron (2010) a “arte marcial denomina-se (de Marte, nome romano
do deus grego Ares, deus da Guerra, dos agricultores e dos pastores, filhos de Zeus e Hera e amante
de Afrodite)”.
Com o tempo as lutas foram aparecendo em outras manifestações sociais: rituais indígenas,
preparação para guerras (Oriente e Grécia Antiga), jogos e exercícios físicos (Europa) e como
defesa-dissimulação, a capoeira, no Brasil (CORRÊA; QUEIROZ; PEREIRA, 2010).
Dentro do ambiente escolar, pouco se discute sobre os benefícios que as artes marciais trazem
para o desenvolvimento dos alunos na educação física, sendo estes alunos de qualquer origem, idade,
sexo, raça ou classe social (CAZZETO, 2009;JUNIOR; JUNIOR, 2011).
Segundo Monahan (2007) utilizando dinamicamente as artes marciais é possível testar a si
mesmo, através de um sistema de erros e acertos, auxiliando o aluno a buscar o seu eu verdadeiro,
ser quem é, pois conforme o aluno vai praticando vai se desenvolvendo.
No âmbito escolar é importante buscar uma abordagem diferenciada da prática das artes
marciais que são trabalhadas em academias (PEREIRA; FERON, 2010). O professor deve sempre

316
buscar conhecimento para inovar em suas aulas, propondo exercícios para treinar equilíbrio,
agilidade, força, respeito mútuo, fazendo o lúdico ser seu grande aliado, empregando a palavra luta
em um conceito dinâmico para que todos os alunos possam entender sem descriminação o que a arte
marcial representa.
“A arte marcial não é apenas uma luta desportiva, ou um sistema invencível de ataque e
defesa. Antes de tudo é um processo de educar a mente, o corpo e a moral, portanto é EDUCAÇÃO”
(MORIMOTO, 2006, p. 3).
Para aplicar artes marciais nas aulas, não é necessário que o professor seja um mestre, basta
buscar um bom conhecimento sobre a modalidade que irá aplicar, sabendo a sua origem e a história.
É muito importante o meio que será utilizado para transmissão desses conhecimentos para que aula
não fique maçante para a turma, é importante trabalhar de maneira lúdica, mas não deixando suas
regras de lado. Pode-se contar também com a ajuda de um profissional capacitado na modalidade
aplicada, para que ele possa fazer demonstrações e falar um pouco da arte que ele domina
(CORRÊA; QUEIROZ; PEREIRA, 2010).
Ao ter a vivência da arte marcial dentro do âmbito escolar ou mesmo fora dele o aluno só tem
a ganhar, a luta além de fazer bem ao corpo e faz bem à mente, ela trabalha o interior da criança, ou
de quem a pratica. Serve como terapia, buscando a concentração, atenção, confiança, disciplina,
autoestima, saúde e respeito, aspectos que ajudam o indivíduo na formação de caráter, e a se
transformar em um bom cidadão. O resultado de tudo isso é ser humano mais seguro, que irá ter mais
facilidade em superar seus medos, tendo uma boa convivência escolar e social.

CONCLUSÕES

A partir do estudo realizado podemos concluir que as artes marciais devem ser inseridas no
âmbito escolar durante as aulas de Educação Física, pois existe um grande contexto histórico-social,
onde o professor deve se basear e aprofundar seus conhecimentos.
O presente estudo trouxe a concepção do que representa as artes marciais, do quanto elas são
importantes sendo inseridas no currículo escolar. Como ela deve ser explicada quando considerada
uma cultura corporal, pois, os movimentos vão bem além da prática, salientando que sua história é
rica, de grande importância e diante disso, consegue auxiliar o ser humano em sua formação.
Neste trabalho foi investigado o porquê do conteúdo de lutas não ser inserido nas aulas de
educação física, qual a dificuldade que o professor tem em incluí-la em suas aulas. Podemos
observar que as artes marciais ainda sofrem grande preconceito por parte da sociedade e da escola, e
através deste preconceito alguns professores se sentem inseguros em trazer essa modalidade para
dentro do contexto escolar.
Aplicar lutas dentro da educação física é sim um grande desafio para o professor, pois ele
deve primeiramente estudar, conhecer os preceitos, tradições, regras, maneiras de conduta, depois
pensar a melhor maneira de trabalhar todo esse conteúdo.
Diante disso os alunos poderão refletir sobre o que é o conteúdo, que não basta somente a
prática pela prática, que o ensino é diferenciado. A luta busca muito além de movimentos, busca o
aprimoramento interior.
Tudo dependerá do contexto pedagógico se ele for positivo só tem a acrescentar ao aluno. Por
meio das regras que a arte marcial traz, o aluno aprende a controlar suas emoções, a ser mais
equilibrado, a respeitar o próximo, a conhecer seu próprio corpo e suas limitações. A luta contribui
não só nos aspectos físicos, contribui também para formação de um indivíduo mais disciplinado,
responsável e seguro, facilitando seu convívio perante a sociedade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

317
CAZETTO, F. F. Lutas e Artes Marciais na Educação Física escolar: a produção científica no
CONPEFE 2009. Revista Digital EFDeportes - Buenos Aires -Ano 14 -Nº 138 - Novembro de
2009. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd138/lutas-e-artes-marciais-na-educacao-fisica-
escolar.htm. Acesso em: 16 de setembro de 2016.

CORRÊA, A. O.; QUEIROZ, G.; PEREIRA, M. P. V. C. Lutas como conteúdo na Educação Física
Escolar. Trabalho de conclusão de curso Módulo Centro Universitário, Caraguatatuba–SP,
2010.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social.São Paulo: Atlas, 1994.
MONAHAN, M. The Practice of Self-Overcoming: Nietzschean Reflections on the Martial Arts.
Journal of the Philosophy of Sport, v.1, n. 4, p. 39-51, 2007.

MORIMOTO, Associação de Judô Nelson CREF 124-E/SP. Apostila de Judô, 2006, p. 1-3.
PEREIRA, C. A. F.; FERON, P. V. As artes marciais nas escolas vistas por diversos ângulos.
Revista Digital – Buenos Aires – Ano 15 – Nº 143 – abril de 2010. Acesso em: 22 de setembro de
2016.
PUCINELI, F. A.; NAKAMOTO, H. O.; DEL VECCHIO, F. B. Luta: Conceituação e Classificação.
In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, 1, 2005, Porto Alegre.
Anais... Porto Alegre: Editora da URGS, v. 1. p. 1128-1135, 2005.
REID, H.; CROUCHER, M. O Caminho do Guerreiro. Editora Cultrix: São Paulo, 2003.

318
PERCEPÇÃO DE CONFLITO FAMILIAR EM ADOLESCENTES DE ESCOLAS
PÚBLICAS DE DIVINÓPOLIS-MG

LEMOS, Priscila Sousa¹;SOUZA, Érica Domingues de Souza¹; SOUZA,Ronaldo Santhiago


Bonfim de²

Síntese: Este trabalho trata-se de um estudo transversal com adolescentes de Divinópolis, de escolas públicas, com
idade entre 12 e 17 anos, do sexo feminino e masculino, tendo participado um total de 322 alunos, sendo 40,1% do
sexo masculino e 59,9% do sexo feminino.A família pode ser um fator protetivo, com características que reduzem
a probabilidade de acontecimentos negativos ou indesejados na vida dos seus membros. Porém, a mesma também
pode se apresentar como fator de risco, apresentando manifestações de algumas doenças ou mesmo
comportamentos desadaptativos, podendo ter origens individuais e ambientais. Objetivo dessa pesquisa foi avaliar
a percepção dos adolescentes de escolas públicas sobre conflitos na família.O instrumento utilizado foi um
questionário de dados demográficos e ICF- Inventário de Clima Familiar, onde se pode mensurar quatros fatores:
hierarquia, coesão, apoio e conflito. Nesse estudo focamos no aspecto conflito no âmbito familiar.
Assimverificamos os aspectos relacionados ao conflito, que pode ser entendido como relações que contenham
agressividade, desacordos e críticas, além da percepção dos adolescentes sobre o ambiente familiar, visando um
melhor conhecimento do perfil dos adolescentes da cidade de Divinópolis, uma vez que de acordo com a literatura,
o clima familiar se faz relevante no desenvolvimento da criança e adolescente.

Palavras-chave: Família; Adolescência; Avaliação.

INTRODUÇÃO
A adolescência é uma fase de transição, na qual o sujeito vai evoluir de um estado de extrema
dependência para um de maior autonomia (Teodoro et al., 2014). Diversas pesquisas têm apontado a
função relevante da família no desenvolvimento saudável do adolescente, como a autoestima,
autoconceito, desempenho acadêmico, prática sexual, prevenção ou uso de drogas, dentre outros
(Peixoto, 2012; Sousa, et al., 2006; Oliveira, et al., 2008).Assim essa pesquisa tem como objetivo
investigar aspectos do clima familiar de adolescentes de escolas públicas de Divinópolis. Buscando
responder a seguinte pergunta: “Conflito ocorre com maior frequência em famílias com pais que
vivem separados?”
Quando um adulto se torna pai ou mãe, percebem-se envolvidos com o processo educativo
dos filhos, neste momento podem ocorrer conflitos, onde estes indivíduos se vêem destituídos de um
referencial para acompanhar. Normalmente se contradizem na educação de seus filhos,
contribuindopara uma educaçãoincoerente que acarretam influencias em seu desenvolvimento.
(Pratta e Santos, 2007). O conflito está ligado a relações podendo conter agressividade, desacordos e
críticas entre os membros (Teodoro et al., 2009). Portanto conflitos e tensões influenciam aspectos
acentuados da vida familiar de todos seus membros.

MÉTODOS

¹Discentes de Psicologia da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG) - Unidade de Divinópolis. E-mail:
ericadesouza@live.com
²Docente de Psicologia da UEMG - Unidade de Divinópolis.

319
Os procedimentos utilizados nesta pesquisa obedecem aos Critérios da Ética na Pesquisa com
Seres Humanos conforme resolução n° 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde – Brasília - DF. O
projeto foi autorizado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (COEPE) da UEMG – Unidade
Divinópolis, n° 1.450.384. Posteriormente apresentamos o projeto para a escola pública. Em seguida
após a autorização da escola, foi proposto aos alunos participarem da pesquisa, os estudantes que
assentiram, levaram o termo de consentimento livre e esclarecido para os responsáveis para a devida
autorização. Aos alunos que trouxeram o consentimento assinado foram aplicados o questionário
dados demográficos eo Inventario de Clima Familiar (ICF). As aplicaçõesforam realizadas com dois
adolescentes por vez, o tempo médio gasto pelos alunospara a avaliação foi de 15 minutos. Os dados
coletados foram utilizados apenas para esta pesquisa, sendo mantidos em sigilo e publicados somente
em conjunto.
Para levantamento de informações sobre o adolescente e sua família de forma geral
utilizamos um questionário de dados demográficos semiestruturado com 12 questões. Para avaliar o
clima familiar em adolescentes utilizamos o instrumento Inventário do Clima Familiar(ICF) para
adolescentes. Este instrumento tem como objetivo avaliar a percepção dos adolescentes sobre o clima
familiar em quatro pontos: a hierarquia, conflito, apoio e coesão, para isto o instrumento tem 22 itens
em sua nova versão, adaptada por Teodoro et al., (2009).

RESULTADOS
A amostra é composta por um n=322, média 13,03 (DP 1,1), entre 12 e 17 anos. Conforme
mencionado anteriormente o Inventário do Clima Familiar avalia a percepção dos adolescentes sob
quatro fatores: a hierarquia, conflito, apoio e coesão, porém nesse estudo focamos no fator conflito
para identificar a correlação ou não com o fato dos pais viverem separados. Da amostra de
adolescentes que responderam à pergunta do dado demográfico: “Pais vivem juntos? ” com duas
opções: sim e não, destes responderam sim 64,9% e não 35,1%. Examinados pelo Teste – T e
correlação de Pearson foram identificados, estatisticamente uma correlação não significativa (0,132).
As análises estatísticas foram realizadas no programa SPSS versão 22. Os demais dados obtidos
através dos instrumentos estão em processo de análise.

Idade Frequência Porcentagem


12 139 43,2
13 76 23,6
14 62 19,3
15 39 12,1
16 2 ,6
17 1 ,3
Total 322 100,0
Tabela 1. Idade dos participantes.

Sexo Frequência Porcentagem


Masculino 129 40,1
Feminino 193 59,9
Total 322 100,0
Tabela 2. Sexo dos participantes.

DISCUSSÃO

320
Pesquisas têm apontado a influência das relações familiares na vida dos seus integrantes,
sendo os adolescentes um grupo que influência e é influenciado de maneira intensa pela
família.Estudos apontam que em famílias que os pais vivem separados há um número maior de
conflito (Moura e Matos, 2008). Este estudo mostra uma contraposição com alguns estudos, pois de
acordo com os dados estatísticos obtidos a percepção de conflitos pelos adolescentes que os pais
vivem separados não se apresenta de forma significativa.

CONCLUSÃO
Considerando a importância e relevância do tema, nota-se a necessidade de haver maiores
pesquisas que buscam investigar os conflitos familiares e as influências do mesmo na vida dos
adolescentes e seus integrantes, para que possíveis intervenções por profissionais e uma maior
conscientização da família possa gerar um aumento dos benefícios e potencialidades da família como
um fator protetivo.

RERERÊNCIAS
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prevenção do uso de drogas entre crianças e adolescentes: papel materno. SMAD. Revista
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em:http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-69762008000200003. Acesso
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em:http://publicacoes.ispa.pt/index.php/ap/article/view/144/pdf.Acesso em 11 de agosto de 2016

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Acesso em 11 de agosto de 2016.
TEODORO, M. L. M., Hess, A. R. B., Saraiva, L. A., & Cardoso, B. M. (2014). Problemas
Emocionais e de Comportamento e Clima Familiar em Adolescentes e seus Pais. Psico, 45(2),
168-175.Disponível
em:http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistapsico/article/viewArticle/13172. Acesso
em 11 de agosto de 2016.

321
REFLEXÕES ACERCA DA ARTE DO EDUCAR: DOS PROCESSOS EMPÍRICOS AO
CONHECIMENTO ACADÊMICO

ROSA, Alexsandro Martins¹; FERREIRA, José Heleno².

Síntese: Os processos educativos onipresentes em toda história do homem desde os tempos primórdios, onde se
educava pela observação dos mais velhos, seja pela metáfora da mitologia grega que era uma forma de
representação da natureza enquanto parte do cosmos através da arte, seja na inspiração perante a magnitude dos
heróis dos contos de Homero ou nas críticas filosóficas do pensador Nietzsche sobre a educação e o que ela viria a
se tornar. Partindo destas contextualizações ressalta se a descentralização da natureza e centralização do homem
como objeto de estudo, pensamento iniciado pelos sofistas e Sócrates, seguido por Platão e Aristóteles, copiado
pelos romanos, revestido – com uma nova roupagem que buscava dissimular o objetivo de dominação – pela
Igreja e pela burguesia capitalista. Esses são pontos chaves que o presente artigo utiliza, entre outros, por meio de
revisão bibliográfica para caracterizar as problemáticas que se apresentam nos tempos atuais e aponta que esta
educação oferecida nas instituições de ensino tem como objetivo servir a interesses do Estado, da ciência e do
mercado, beneficiando apenas uma minoria e se distanciando da construção do conhecimento. O estudo não
pretende apontar uma solução instantânea, uma vez que acredita se que uma reforma de nada adiantaria. Faz-se
necessária uma revolução na educação oferecida nas instituições de ensino e os possíveis novos caminhos para
norteá-la devem ser construídos considerando o contexto social, histórico e cultural. Assim, é apresentada uma
reflexão sobre a “arte” como ferramenta no processo de construção do conhecimento, tendo como referência o
modelo educacional construído a partir da Grécia clássica.

Palavras–chave: Educação; Grécia; Arte; Saber; Técnica.

INTRODUÇÃO
Seja a partir da leitura de trabalhos acadêmicos que tratam do tema, seja através da vivência
empírica, é possível afirmar a debilidade e o caráter fragmentário do ensino escolar. É notório
também que o ensino oferecido pelas escolas – sejam elas públicas ou privadas – é frágil perante a
contemporaneidade e suas problemáticas. Este artigo propõe estudar a educação escolar
contextualizando a “arte” sempre como um todo e a partir da cultura corporal do movimento de
forma interdisciplinar como prognose a esta situação, uma vez que acreditamos que uma instituição
de ensino deve ser um local de múltiplos olhares na produção do conhecimento e não somente na
reprodução de informação.
A construção desse texto se fez mediante a observação do processo de ensino aprendizagem
atual e recorrendo a pesquisas bibliográficas, tendo como base inicial os pensamentos do alemão –
filósofo, professor, filólogo, poeta e compositor – Friedrich Wilhelm Nietzsche (in NEWKAMP,
2007), do final do século XIX, e a contemporânea brasileira – poeta, filósofa, psicóloga, psicanalista
– doutora Viviane Mosé (2015), além da também contemporânea brasileira, doutora e educadora Ana
Mae Tavares Bastos Barbosa (2001; 2007).

MÉTODOS
1
Graduando em Educação Física, Licenciatura – UEMG Unidade Divinópolis. Alexsandromartins06esc@gmail.com
²Mestre em Mídia e Conhecimento – UFSC. Professor e pesquisador – UEMG Unidade Divinópolis

322
A realização deste trabalho teve como metodologia a pesquisa bibliográfica e, a partir dos
encontros entre orientador e orientando, a análise das experiências educacionais durante a graduação
em Educação Física – licenciatura.O trabalho compreendeu três etapas: elaboração de um plano de
pesquisa bibliográfica, análise do referencial teórico estudado – relacionando-o com a empiria – e o
processo de redação do texto final.

RESULTADOS
O estudo aponta os processos históricos através dos quais os processos escolares tornaram-se
fragmentados, não contemplando o ser humano em sua totalidade, mas, sim, de acordo com os
interesses do mercado e do Estado. E convida a uma reflexão sobre a arte como ferramenta no
processo de produção do conhecimento nas instituições de ensino para contribuir com o
desenvolvimento cognitivo intelectual.

DISCUSSÃO
A educação grega arcaica; o domínio eclesial na medievalidade; a educação como
mercadoria, na modernidade; a educação como aparelho ideológico do Estado hoje tornam-se pontos
chave que, sob o olhar de um estudante da Cultura Corporal do Movimento. Pretende-se
contextualizar a fracionada e anêmica educação escolar contemporânea e propor uma reflexão sobre
a arte como ferramenta educacional interdisciplinar norteadora do processo educacional de
desenvolvimento cognitivo e intelectual.
A educação escolar deve ser um processo contínuo de formação que promove conhecimentos
e habilidades que desenvolvam o raciocínio, o pensar e o crescimento dos indivíduos diante dos
contextos sociais, culturais, políticos e econômicos. Esse processo possui um papel fundamental para
a compreensão da realidade em que o aluno está inserido, a educação escolar deve propiciar, além de
conteúdos básicos de diversas áreas, a estimulação do senso crítico e também da autonomia,
características que contribuem para a construção do conhecimento.
Educar não é apenas desenvolver habilidades físico-motoras e psíquico-afetivas em alunos,
mas desenvolver a convivência social e a tomada de consciência política. A educação implica fazer
de cada pessoa um agente de transformação, por meio da reflexão/ação dos homens sobre o cosmos.
Ressalta-se que em março de 1932 os autores no texto “Manifesto dos Pioneiros da Educação
Nova”, ao analisarem o contexto educacional brasileiro, buscando apresentar o diagnóstico e
diretrizes para a superação do problema, através de um manifesto dirigido ao povo e ao governo
brasileiro, afirmaram:

Na hierarquia dos problemas nacionais, nenhum sobreleva em importância e


gravidade ao da educação. Nem mesmo os de caráter econômico lhe podem disputar
a primazia nos planos de reconstrução nacional. Pois, se a evolução orgânica do
sistema cultural de um país depende de suas condições econômicas, é impossível
desenvolver as forças econômicas ou de produção, sem o preparo intensivo das
forças culturais e o desenvolvimento das aptidões à invenção e à iniciativa que são
os fatores fundamentais do acréscimo de riqueza de uma sociedade” (AZEVEDO et
al., 1932).

Desta forma, se faz necessário que este modelo de ensino dos dias atuais mude, mas para
alcançar tais objetivos, faz-se necessário uma revolução na educação, considerando seus aspectos
estruturais, tal como nos aponta Neukcamp:

323
Os primeiros escritos de Friedrich Nietzsche, pouco comentados, abordam a
educação. Neles o filósofo critica as instituições de seu tempo e duas
tendências básicas em relação à cultura: a tendência à universalização e a
tendência à especialização. Tanto uma quanto outra são vistas como
extremamente nefastas, pois contribuem para a massificação e a
mediocrização, produzindo uma “barbárie cultivada”. Nietzsche propõe uma
educação baseada no modelo dos grandes mestres, que com sua grandeza e
genialidade fariam com que toda sociedade se elevasse culturalmente. Contra
esta ideia de elevação cultural em prol da vida existem os interesses dos
negociantes, do Estado e da ciência, que veem a educação apenas como um
meio para a obtenção de seus fins (2007, p.1).

A citação menciona o fim do século XIX e apresenta-se no contexto da atualidade nos


convidando a pensar que não apenas uma reforma educacional que delimite avanços à acessibilidade
e dados numéricos solucionará tal problemática. Pensamento este que vai de encontro à necessidade
primária na hierarquia dos problemas de uma sociedade. Na educação, que requer um olhar clínico,
ressaltamos, contudo, um resgate à educação grega arcaica que tinha por excelência o saber e
acreditava que para atingir tal objetivo fazia-se necessário desenvolver no homem todas as suas
potencialidades.
As escritas revisadas nos colocou contexto histórico da educação e o como se apresenta
entrelaçada no meio social e cultural. Sendo a arma mais poderosa perante a sociedade.

CONCLUSÕES
A pesquisa bibliográfica realizada encontrou fomento no processo empírico que, acredita-se,
jamais deve ser rejeitado, uma vez que se faz importante ressaltar que toda vivência é uma
oportunidade de aprendizado e/ou reflexão, empirismo esse que oportunizou a observação e como
resultante a iniciativa a questionar a educação ofertada nas instituições de ensino contemporânea.
Com bases nessas considerações e a partir de uma pesquisa bibliográfica científica
referenciadas no decorrer desta escrita, o presente artigo aponta críticas na educação atual e propõe
um resgate aos gregos pré-socráticos como reflexão a uma educação que eleve ao máximo cada
indivíduo em seu desenvolvimento cognitivo intelectual sempre atrelado ao físico, respeitando o
tempo de aprendizado peculiar de cada um.
Observou se que não há uma solução definitiva e determinada para essa problemática, é
preciso um estudo minucioso e criterioso em conjunto múltiplo de pessoas diversas, de diversas
localidades para encontrar caminhos e perspectivas frente à construção do conhecimento.
A arte, ora de acordo com pensamento de Friedrich Wilhelm Nietzsche do ser como criador, e
ora com educadora Ana Mae Tavares Bastos Barbosa com a Proposta Triangular (a fruição estética, a
contextualização e a produção artística), assim, de forma circular desenvolver a produção, a
contextualização e a leitura de imagens; se apresenta como um desses caminhos e perspectivas, como
também podemos perceber com a psicóloga Viviane Mosé, que nos incita à necessidade de pensar os
desafios do espaço tempo agora.
Evidenciando a importância de que o conhecimento nas instituições de ensino e/ou espaços
de promoção do saber seja trabalhado de maneira interdisciplinar, respeitando o tempo de
aprendizagem de cada um, a individualidade e contemplando como instância única o conhecimento
não somente transmitido, mas criado, de forma a contemplar o engrandecimento do ser.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

324
AZEVEDO, Fernando et al. Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova: A Reconstrução
Educacional no Brasil: Ao Povo e ao Governo. Disponível em
<http://www.pead.faced.ufrgs.br/sites/publico/eixo5/organizacao_gestao/modulo3/quero_saber_mais
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NEUKAMP, Elenilton. Nietzsche e a educação: aproximações.Dissertação apresentada ao


Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, 2007.

326
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA DEPRESSÃO PÓS-PARTO: UMA REVISÃO
INTEGRATIVA DE LITERATURA

Botelho, Leila Fernanda1 ; Silva, Thaís Belarmino; Cortez, Eduardo Nogueira2

Síntese: A Depressão Pós-Parto é um problema de saúde pública e como tal resulta alto nível de incapacidade, o
que se mostra de fundamental importância diante da necessidade de o enfermeiro ter conhecimentos sobre os
aspectos relacionados ao seu enfrentamento e prevenção. Este estudo teve como objetivo analisar a assistência de
enfermagem na depressão pós-parto. Como método, foi realizado uma revisão de literatura, através base de dados
da Lilacs, BDENF- (BVS) e periódicos CAPES e confirmado pelo site indexado Scielo. A busca foi realizada
mediante a terminologia em saúde consultada nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), através da qual
foram identificados os respectivos descritores: “depressão pós-parto” (Depression, Postpartum) e “and”
“Enfermagem” (nursing). Como resultados percebeu-se a gravidade dos problemas psíquicos que a mulher nesta
fase está sujeita, e foram encontradas algumas formas do papel da enfermagem na assistência à puérpera com
depressão pós-parto, como, detecção precoce de mulheres com sinais preditivos de DPP; ter o entendimento dos
fatores que permeiam a depressão pós-parto, para um diagnóstico rápido e preciso; ações educativas e/ou de
natureza cognitivo comportamental junto a puérperas; encaminhamento para um profissional especializado e
medidas preventivas. Portanto, a enfermagem tem um papel importante no processo do cuidado, reafirmando no
foco da educação em saúde e o empoderamento da mulher, gestante e puérpera, para melhoria contínua da
qualidade de vida.

Palavras–chave: Depressão pós-parto; Enfermagem; Papel do Profissional de Enfermagem;


Período Pós-Parto.

INTRODUÇÃO
A mulher após o processo do parto passa por grandes transformações sociais, biológicas e
psicológicas, como mudanças involutivas e de recuperação do organismo materno ocorridas com a
gestação além das novas e crescentes responsabilidades, medos e dúvidas quanto à sua capacidade de
cuidar do bebê (LOBATO et al.,2011).
Dentre estas transformações há a depressão pós-parto que pode passar despercebida pelos
profissionais de saúde e pela maioria das mulheres, pois suas atenções estão voltadas para o recém-
nascido (BRASIL, 2013;). Estima-se que uma em cada cinco mulheres que dão à luz sofra de
depressão pós-parto. O que acarreta implicações diversas para o exercício da maternidade, para a
interação mãe-criança e para o ambiente familiar (DAANDELS,2016; DE FREITAS,2014).
Portanto, frente à problemática, surgiram grande interesse e preocupação, devido à
importância do tema, de buscar aprofundar os conhecimentos sobre essa questão. Logo, esta pesquisa
propõe como questão norteadora: Qual O Papel Do Enfermagem na Assistênciaa Mulher Com
Depressão Pós-parto? Portanto o intuito deste estudo é analisar a assistência de enfermagem na
depressão pós-parto e com objetivo específico de identificar os tipos de transtornos mentais pós-
parto.

MÉTODOS

Como método, foi realizado uma revisão de literatura, através base de dados da Lilacs,
BDENF- (BVS) e periódicos CAPES e confirmado pelo site indexado Scielo. A busca foi realizada

¹Graduando, UEMG - Divinópolis/Curso de enfermagem.


²Professor do Curso de Enfermagem – UEMG - Divinópolis

327
mediante a terminologia em saúde consultada nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS),
através da qual foram identificados os respectivos descritores: “depressão pós-parto” (Depression,
Postpartum) e “and” “Enfermagem” (nursing)esse meto foi ecolhido pois segundo Silveira (2006) a
mesma possibilita reunir as pesquisas já concluídas e obter conclusões a partir de um tema de
interesse. Para Ribeiro (2012) esse tipo de revisão tem por finalidade sintetizar assuntos do mesmo
tema, tendo o objetivo de aprofundar o conhecimento a respeito do tema investigado.
Foi empregada como estratégia de busca a leitura do título e resumo de cada estudo, após
seleção dos mesmos foi feito a leitura na integra de cada artigo de modo a confirmar se o mesmo
contemplava a questão norteadora da pesquisa e os critérios de inclusão e exclusão pré-estabelecidos.
Foi utilizado um protocolo para leitura dos estudos e coleta dos dados, no qual constou a leitura
crítica de cada artigo, grifo das frases significativas em relação a temática-ações deve ser
desenvolvido pelo enfermeiro na assistência da mulher com depressão pós-parto e pontuação das
idéias chave de cada uma. Foram construídas categorias analíticas para indexação dos estudos para
analisar as ações de enfermagem aparecem nos artigos.
Para a identificação dos tipos de transtornos mentais no período pós-parto, foi realizado uma
revisão narrativa que contemplasse os conceitos dos problemas encontrados.

RESULTADOS

Foram identificados três tipos de transtornos pós-parto são eles Disforia do pós-parto
(Puerperalblues), Depressão pós-parto e psicose puerperal.
Na pesquisa com os Descritores em Saúde “depressão pós-parto” (Depression, Postpartum) e
“Enfermagem” (nursing) foram encontrados 491 artigos na base de dados, BVS, MEDLINE,
LILACS, BDENF – Enfermagem, IBECS, CUMED, Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo e
SCIELO.
Foram encontradas 7 ações que estabelecem relações com o papel da enfermagem na Depressão pós-
parto. Estes papeis se repetem entre os artigos e o que mais apareceu foi Detecção precoce de
mulheres com sinais preditivos de DPP em 91% dos artigos, posteriormente, - Ter o entendimento
dos fatores que permeiam a depressão pós-parto, para um diagnóstico rápido e preciso, 73% dos
artigos relatam sobre o conhecimento dos fatores de risco. - Ações educativas e/ou de natureza
cognitivo comportamental junto a puérperas. 45% dos estudos demonstram a importância das ações
educativas. - Encaminhamento para um profissional especializado 36% dos artigos. - Medidas
preventivas como: não a deixar perto das janelas. 9% dos artigos relataram a importância ação
preventiva de não deixar as mães deprimidas perto das janelas e Medidas preventivas como: Não
deixar a puérpera/mãe sozinha com o bebê.

DISCUSSÃO

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão deverá se tornar a doença


mais frequente do mundo nos próximos 20 anos, afetando mais pessoas do que qualquer outro
problema de saúde, incluindo câncer e as doenças cardíacas.
Existem diversos fatores que podem levar à depressão tais como questões sociais,
psicológicas e biológicas. As mulheres são duas vezes mais propensas que os homens de serem
acometidas por esse transtorno devido à instabilidade hormonal a que estão sujeitas durante a vida e
principalmente durante o puerpério (BARROSO, MELO; GUIMARÃES, 2015).
A depressão pós-parto é uma doença de etiologia multifatorial, que tem como fatores de risco,
condições socioeconômicas, relação marital difícil, gravidez indesejada, baixa escolaridade, menor
idade materna, gravidez associada a fatores estressantes, entre outros (SCHARDOSIM; HELDT,
2011).

328
De acordo com Classificação Internacional de Doenças (CID-10), os transtornos psiquiátricos
puerperais não são considerados distúrbios mentais específicos do puerpério, mas sim, associados a
ele, sendo o parto um fator desencadeante devido à fragilidade psicológica a qual a mulher está
exposta. Dessa maneira os transtornos psiquiátricos ligados o puerpério são classificados como:
Disforia do pós-parto (Puerperalblues), Depressão pós-parto e psicose puerperal (ALVES, et
al,2011)
No estudo em questão percebeu-se a gravidade dos problemas psíquicos que a mulher nesta fase
está sujeita, e foram encontradas algumas formas do papel da enfermagem na assistência à puérpera
com depressão pós-parto, como, detecção precoce de mulheres com sinais preditivos de DPP; ter o
entendimento dos fatores que permeiam a depressão pós-parto, para um diagnóstico rápido e preciso;
ações educativas e/ou de natureza cognitivo comportamental junto a puérperas; encaminhamento
para um profissional especializado e medidas preventivas.

CONCLUSÕES

No estudo em questão percebeu-se a gravidade dos problemas psíquicos que a mulher nesta fase
está sujeita, e foram encontradas algumas formas do papel da enfermagem na assistência à puérpera
com depressão pós-parto. Além da importância da enfermagem processo do cuidado, reafirmando no
foco da educação em saúde e o empoderamento da mulher, gestante e puérpera, para melhoria
contínua da qualidade de vida.

AGRADECIMENTOS

Ao nosso orientador, pelo emprenho dedicado à elaboração deste trabalho, pelo suporte nesse
percurso, pelas suas correções е incentivos. A esta universidade, seu corpo docente, direção е
administração por essa oportunidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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pedagógico no ensino da arte. IX Congresso Nacional de Educação – EDUCARE. III Encontro
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330
CARACTERIZAÇÃO DOS INDIVÍDUOS QUE REALIZARAM PRÁTICA/TENTATIVA
DE AUTOEXTERMÍNIO EM ITAPECERICA-MG

D’ALESSANDRO, Flávia Cristina Santos¹; VIEIRA, Vânia Aurélia Silva¹; SILVA, Fernanda
Marcelino de Rezende e².

Síntese: O suicídio é um fenômeno que pode ser definido como uma violência provocada contra si mesmo em que
um indivíduo possui conhecimento de seu resultado final. Atualmente, o suicídio é considerado um grande
problema de saúde pública mundial. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), nas últimas cinco
décadas, ocorreu um crescimento de 60% nas mortes por suicídio e sua taxa mundial estima-se em torno de 16 por
100 mil habitantes. O presente estudo aborda a investigação do perfil do indivíduo que experimentou a tentativa
de autoextermínio, no município de Itapecerica, onde se tem observado que, nos últimos anos, é crescente o
número de óbito pelo ato. .Para tanto, julga-se necessário analisar as características dos indivíduos que realizaram
a tentativa e/ou efetivação do suicídio no município de Itapecerica, MG, no período de 2013 a 2 015, segundo o
Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) e o Sistema de Informação de Agravos e Notificação (SINAN). Foi
realizada análise dos dados através das declarações de óbitos e notificações por suicídio segundo o Sistema de
Informação de Mortalidade (SIM) e o Sistema de Notificação e Agravos (SINAN) em que foram contempladas
todas as variáveis. A maioria dos óbitos ocorreram no sexo masculino, de raça branca, na faixa etária entre 31-50
anos, sendo que o método mais utilizado foi o enforcamento e o estado civil, solteiro. Em relação às tentativas,
predominou--se o sexo feminino, de raça branca, faixa etária entre 31-50 anos e o método mais utilizado,
medicamento. Em decorrência deste estudo, sugere-se que outras pesquisas relacionadas ao suicídio sejam
realizadas no município de Itapecerica, MG, para que os profissionais de saúde possam conhecer quais os fatores
que levam o indivíduo à tentativa do autoextermínio, e assim desenvolver estratégias de acompanhamento a estes
indivíduos nas Estratégias de Saúde da Família (ESF), na tentativa de intervir antes que o indivíduo chegue
acometer tal ato.

Palavras-chave: Epidemiologia; Morte; Suicídio.

INTRODUÇÃO
O suicídio é um fenômeno que pode ser definido como uma violência provocada contra si
mesmo em que um indivíduo possui conhecimento de seu resultado final. Define-se, também, como
um ato de morte voluntário realizado pelo próprio indivíduo intencionalmente terminando com a
própria vida (NASCIMENTO, 2011; FREITAS et al., 2013; THESOLIM et al., 2016).
Atualmente, o suicídio é considerado um grande problema de saúde pública mundial. De
acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), nas últimas cinco décadas, ocorreu um
crescimento de 60% nas mortes por suicídio e sua taxa mundial estima-se em torno de 16 por 100 mil
habitantes. O Brasil se encontra entre os 10 países onde os óbitos por autoextermínio são elevados,
representando 0,8% do total de mortes dos brasileiros e 6,6% dos óbitos por causas externas
(SOUZA et al., 2011; OLIVEIRA et al., 2012).
Neste contexto, o presente estudo aborda a investigação do perfil do indivíduo que
experimentou a tentativa de autoextermínio no município de Itapecerica, onde se tem observado que,
nos últimos anos, é crescente o número de casos de óbitos pelo ato. Para tanto, julga-se necessário
analisar as características dos indivíduos que realizaram a tentativa e/ou efetivação do suicídio no

¹ Graduanda em Enfermagem UEMG – Unidade Divinópolis. E-mail: vania10_ita@yahoo.com.br


² Orientadora e Professora do curso de enfermagem da UEMG – Unidade Divinópolis.

331
município de Itapecerica, MG, no período de 2013 a 2015, segundo o Sistema de Informação de
Mortalidade (SIM) e o Sistema de Informação de Agravos e Notificação (SINAN).

MÉTODOS

Esse estudo caracteriza-se como sendo uma pesquisa com abordagem quantitativa, de
natureza exploratória e descritiva, com ênfase na investigação sobre as tentativas e efetivações de
autoextermínio no município de Itapecerica, Minas Gerais, durante o período de 2013 a 2015. O
município está situado na região centro-oeste do Estado de Minas Gerais. Sua população é de 21.377
habitantes. Desta população, 10.603 são homens e as mulheres totalizam em 10.774 (IBGE, 2015).
Participaram do estudo todos os indivíduos residentes em Itapecerica que tentaram e/ou
concretizaram o autoextermínio. O período para inclusão dos indivíduos no estudo compreendeu de
2013 a 2015. A escolha desse período foi devido ao fato de terem sido observadas várias ocorrências
de suicídio no município nestes últimos anos; além disso, não foi possível obter acesso aos dados
necessários à pesquisa no período anterior à gestão municipal atual.
Foi realizada uma análise descritiva, por meio de tabelas de distribuição de frequências
relativas e absolutas , segundo as variáveis do estudo para caracterização dos indivíduos que
tentaram e/ou efetivaram o autoextermínio a partir da conferência de todas as DO’s, assim como as
notificações de autoextermínio.
O trabalho teve início após a apreciação e aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa em
Seres Humanos (CEP) da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG), mediante o CAAE
57235316.6.0000.5115, respeitando as regulamentações descritas na Resolução nº 466, de 12 de
dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde (CNS). Além disso, foi obtida uma autorização
da Secretaria Municipal de Saúde para acessar as declarações de óbitos e notificações por
autoextermínio.

RESULTADOS
No período de 2013 a 2015, constatou-se que, das 22 Declarações de Óbito (DO’s)
decorrentes do suicídio, 22,7% pertenciam ao gênero feminino e 77,3% representavam o gênero
masculino, deixando claro que este é mais acometido pelo autoextermínio em relação ao gênero
feminino. Assim, os maiores números dessas(DO’s) foram emitidos no ano de 2015 com 10 óbitos
declarados por suicídio.
As notificações por suicídio totalizaram 31 documentos nos quais o gênero feminino
representou 61,3%, enquanto o gênero masculino, apenas 38,7%. Foi observado que o sexo
feminino é mais acometido por este agravo, porém alcançam menos êxito no ato consumado.
Em relação à frequência de declaração de óbitos e notificações por suicídio, segundo faixa
etária, constatou-se que o maior número de (DO’s) esteve entre os 31 e 50 anos com índice de 50%.
Já nas notificações, prevalece a mesma faixa etária com 45,2% do total de documentos analisados.
Observa-se que, nas notificações, os seguintes métodos foram encontrados: medicamentos
(70,9%), pesticida (3,2%), raticida (3,2%), carrapaticida (3,2%), inseticida (6,5%), solvente (3,2%),
álcool (3,2) e não informado (6,5).Nas declarações de óbitos, os métodos mais utilizados ficaram
entre enforcamento (90,9 %) e uso de pesticidas (9,1%).
Quanto ao local de ocorrência, 13 óbitos ocorreram na residência, 5 em ambiente externo e 4
não foram especificados. Das 31 notificações por tentativas, 27 ocorreram na residência, 1 no
ambiente externo, 1 no ambiente de trabalho e 2 não foram especificadas.

DISCUSSÃO

332
Os homens apresentam menor frequência de tentativas, no entanto possuem altas taxas de
mortalidade por utilizarem métodos mais agressivos e letais, corroborando, assim, com outros
estudos (SANTANA, et al 2011; VIDAL, et al, 2013; FALCÃO, OLIVEIRA, 2015).
As taxas de autoextermínio têm se elevado entre os indivíduos jovens, considerando, assim, o
grupo com maior risco (SANTANA, et al 2011).
Dentre as condições que podem favorecer a aquisição da população às substâncias químicas,
podem ser citadas a falta de controle sobre o acesso aos mesmos, distribuição e comercialização no
município (SANTANA, et al 2011).
De acordo com os estudos realizados, as principais causas de óbitos por autoextermínio no
Brasil são o enforcamento, as lesões por arma de fogo e a autointoxicação por pesticidas
(MACHADO, SANTOS, 2015).
O local de ocorrência pode ter influência sobre a disponibilidade e acessibilidade aos métodos
(SOUZA et al, 2011;FALCÃO, OLIVEIRA, 2015).

CONCLUSÃO
Nesse estudo, foi possível caracterizar as vítimas acometidas pelas tentativas e pelo ato
consumado do autoextermínio, no entanto observou-se incompletude no preenchimento dos
documentos analisados, principalmente em relação ao nível de escolaridade nas (DO’s), que constava
como “ignorado”. Verificou-se que existe uma lacuna nos registros desses documentos, uma vez que
não foi possível o acesso aos mesmos de anos anteriores a 2013.
A presente pesquisa teve como fator limitante o preenchimento inadequado dos documentos
analisados, assim como a impossibilidade de verificação do índice de acometimento do
autoextermínio no município e as causas que levaram os indivíduos a cometerem tal prática, devido
não ter sido possível ter acesso aos prontuários.

Em decorrência deste estudo, sugere-se que outras pesquisas relacionadas ao suicídio sejam
realizadas no município de Itapecerica, MG, para que os profissionais de saúde possam conhecer
quais os fatores que levam o indivíduo à tentativa do autoextermínio, e assim desenvolver estratégias
de acompanhamento a estes indivíduos nas Estratégias de Saúde da Família (ESF), na tentativa de
intervir antes que o indivíduo chegue acometer tal ato.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FALCÃO, C. M., OLIVEIRA, B. K. F. de. Perfil epidemiológico de mortes por suicídios no município de
Coari entre os anos de 2010 e 2013. Revista do Laboratório de estudos da violência da UNESP/Marília.
ed. 15. 2015. Disponível em:
<http://www2.marilia.unesp.br/revistas/index.php/levs/article/viewFile/5046/3585>. Acesso em 17 de outubro
de 2016 às 18:45.

FREITAS, M. N. V., et al. Suicídio consumado na cidade de Sorocaba-SP: um estudo


epidemiológico. Revista Faculdade Ciência Médica Sorocaba, Sorocaba, v. 15, n. 3, p.53-58,
2013. Disponível em: <http://revistas.pucsp.br/index.php/RFCMS/article/view/9925>. Acesso em:
08 de junho de 2016 às 14:41.

IBGE. Cidades. 2015. Disponível em: <


http://www.cidades.ibge.gov.br/painel/painel.php?lang=&codmun=313350&search=minas-
gerais|itapecerica|infograficos:-dados-gerais-do-municipio>. Acesso dia 07 de Novembro de 2015 às
16 h15minhs.

333
MACHADO, D. B.; SANTOS, D. N. dos. Suicídio no Brasil, de 2000 a 2012.Jornal Brasileiro de
psiquiatria. Rio de Janeiro v. 64. N. 1p 45-54. 2015. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/jbpsiq/v64n1/0047-2085-jbpsiq-64-1-0045.pdf>. Acesso em 02 de outubro de 2016
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NASCIMENTO, A. P. P. do. O cuidado prestado a pessoas que tentaram suicídio: questões sobre a
formação para o trabalho em saúde. 2011. 58 f. Dissertação de Mestrado em Educação Profissional
em Saúde, Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio- Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro.
2011. Disponível
em:<http://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/8776/2/Ana_Nascimento_EPSJV_Mestrado_2011.pd
f>. Acesso em 10 de outubro de 2015 às 15:40.BRASIL.

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sp.br/pdf/bioethikos/82/Art10.pdf>. Acesso em 12 de outubro de 2016 às 14:20.

SOUZA, V. S, et.al. Tentativas de suicídio e mortalidade por suicídio em um município no interior


da Bahia. Revista Brasileira de Psiquiatria, Bahia, v. 60, n. 4, p.294-300. 2011. Disponível em:
<http://www.ipub.ufrj.br/portal/jbp/60/04/10_JBP_60_4.pdf>. Acesso em 09 de maio de 2016 às
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THESOLIM, B. L., et al. Suicídios em município do interior de São Paulo: Caracterização e


prevalência de gêneros. Revista brasileira multidisciplinar-ReBraM. V. 19, n. 1, 2016. Disponível
em: <http://revistarebram.com/index.php/revistauniara/article/view/372>. Acesso em 14 de julho de
2016 às 10:55.

VIDAL, Carlos Eduardo Leal; GONTIJO, Eliana Dias Costa Macedo; LIMA, Lúcia Abelha.
Tentativas de suicídio: fatores prognósticos e estimativa do excesso de mortalidade. Cad. Saúde
Pública [online], vol. 29, n. 1, pág. 175-187, 2013. Disponível
em:<http://www.scielo.br/pdf/csp/v29n1/20.pdf>. Acesso em 14 de setembro de 2015 às 14:50.

334
INCIDÊNCIA DE TRANSTORNO DE ANSIEDADE EM ACADÊMICOS DE MEDICINA
DA UNIVERSIDADE DE ITAÚNA – MG

SILVEIRA, Mariele¹; SOUZA, Santhiago².

Síntese:O Transtorno de Ansiedade como fator de risco em acadêmicos de medicina, acarreta sofrimentos
psicológicos gerando dificuldades acadêmicas, sociais e profissionais. Objetivo: O intuito deste trabalho é
formular, apresentar e orientar a execução de um estudo de sintomas de ansiedade apresentado nos acadêmicos
de Medicina, com a intenção de favorecer a melhoria na qualidade de vida para os mesmos. Método: A pesquisa
foi realizada com 60 acadêmicos do curso de medicina da Universidade de Itaúna (UIT), do primeiro ao quinto
período, com variação na idade e sexo. Para a coleta dos dados foram utilizados um questionário sobre o perfil
geral dos estudantes e aplicado a Escala Beck (Inventario de Ansiedade).Resultados: Conforme o presente
trabalho e as propriedades interligadas ao Transtorno de Ansiedade elaborada por meio da aplicação de
instrumentos de coleta de dados, encontramos resultados a partir da Escada de Ansiedade de 20 em nível mínimo,
22 em nível leve, 14 em nível moderado e 4 em nível grave.Conclusão:os níveis encontrados em ansiedade são
estatisticamente mais significativos para os acadêmicos de medicina, concluindo que é um fator de risco.

Palavras-chave: Estudo, Acadêmicos de Medicina, Transtorno de Ansiedade.

INTRODUÇÃO
Em uma pesquisa realizada na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN),
estimaram que alunos da área de tecnologia e humanas não tem os escores de ansiedade tão elevados
como estudantes da área biomédica, tendo um percentual maior. O aumento da ansiedade nessa área
foi relacionada também as demandas do campo, sendo consideradas de maior intensidade e impacto
na vida dos estudantes. (Ferreira et al., 2009). Diante as diversas profissões da área Biológica, a
medicina faz alvo de grandes agentes estressores e ansiosos da atualidade, não só pelo prestigio da
profissão, mas também os desafios que acarreta (Ferreira et al. 2009).
Mediante aos desafios da graduação pode-se relacionar diversos fatores considerados de
potentes agravantes. Os alunos são submetidos a longas jornadas de estudo e cobranças pessoais e
familiares de desempenho, se encontram em processo de amadurecimento cognitivo e físico, já que
muitos entram na vida acadêmica ao final da adolescência. (Ferreira et al. 2009; Pizzolotto, Carneiro
& Jornada, 2009; Vasconcelos et al., 2015). O processo de aprendizado é intenso devido o contato
direto com a morte e sofrimento de pacientes diariamente (Pizzolotto, Carneiro & Jornada, 2009;
Vasconcelos et al., 2015).
Ansiedade é marcada como “medo impróprio e excessivo de situações do dia a dia" no
Manual Diagnóstico de Transtornos Mentais (DSM-5), considerada prejudicial em níveis elevados,
se tornando
incapacitante para o portador. A ansiedade é vista como uma resposta de origem normal ou
patológica, variando entre leve ou grave, episódica ou persistente, de causa física, com
comorbidades, podendo afetar alguns processos cognitivos básicos (Ferreira et al., 2009; Santos,
Sandin & Sakae, 2010).
A ansiedade, segundo o DSM-5 pode ser classificada por várias formas de transtornos sendo
eles, Transtorno de Ansiedade de Separação, Mutismo Seletivo, Fobia Especifica, Transtorno de

335
Ansiedade Social, Transtorno do Pânico, Agorafobia, Transtorno de Ansiedade Generalizada,
Transtorno de Ansiedade Induzido por Substância/Medicamento, Transtorno de Ansiedade Devido a
Outra Condição Médica, Outro Transtorno de Ansiedade Especificado, Transtorno de Ansiedade
Não Especificado (APA, 2015).
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima que cerca 33% da população mundial
sofre com a ansiedade de forma prejudicial e o Brasil está entre os primeiros países de prevalência.
Foi identificado que a incidência da urbanização associada com privações sociais é uma das
principais causas da ansiedade (OMS, 2016).

MÉTODOS
A amostragem foi constituída de 60 acadêmicos que foram selecionados de forma aleatória e
randomizada. Foram selecionados alunos do 1º ao 5º período, de ambos os sexos, do curso de
Medicina da Universidade de Itaúna. Os alunos foram convidados, assim o critério para participação
da pesquisa é estar matriculado no curso e ter idade de 18 anos ou mais.
A) QSG – Questionário de Saúde Geral: São questões que tem o objetivo de coletar
informações à cerca das condições econômicas, sociais, saúde, demográficas, dentre outros aspectos
que possam contribuir para um conhecimento mais amplo do voluntário. O questionário é estruturado
em: Identificação do voluntário, dados familiares, dados econômicos, dados de estado de saúde, entre
outros.
B) Inventário de Ansiedade (Beck & Steer, 1991): A escala foi criada em 1988, fornece
informações psicométricas. Com os escores avaliados é possível identificar os níveis de ansiedade
apresentados, escala com 21 itens.

RESULTADOS
Com o total de 60 participantes voluntários da pesquisa (N=60), encontra-se 37 mulheres
(61,7%) e 23 homens (38,3%). O total da amostra foi dividido em cinco períodos referente ao curso
de medicina, totalizando 12 alunos (20%) de cada sala respectivamente.
Na Escala de Ansiedade (BAI) foi encontrado 20 em nível mínimo (33,3%), 22 em nível leve
(36,7%), 14 em nível moderado (23,3%) e 4 em nível grave (6,7%). Sendo as respostas mais
marcadas de valor significativo para o presente trabalho as questões marcadas em nível moderado
(que corresponde que puderam suportar, mas que foi desagradável) ‘’Incapaz de relaxar’’, ‘’Medo
que aconteça o pior’’ e ‘’nervoso’’.

DISCUSSÃO
A partir das propostas da pesquisa feita pode-se dizer que mulheres acadêmicas de medicina
são mais propensas a desenvolver o Transtorno de Ansiedade. Pois dos 4 maiores resultados que
indica nível grave de ansiedade, 3 são mulheres. Em nível leve de 22, 13 são mulheres e de nível
moderado de 14, 12 são mulheres. E dos 20 menores resultados que indica nível mínimo de
depressão, 11 são homens.
Conforme os resultados da pesquisa relacionando os resultados da escala de ansiedade com os
períodos correspondentes, foi comprovado estatisticamente que acadêmicos de medicina apresentam
maiores índices de Transtorno de Ansiedade mais no início do curso (1° Período), com resultado de
cinco em nível leve (41,67%), cinco em nível moderado (41,67%) e dois em nível grave (16,66).

336
CONCLUSÕES

Com a comparação dos resultados de BAI, pode-se dizer que os níveis encontrados em
ansiedade são estatisticamente mais significativos para os acadêmicos de medicina. Assim deixando
o como maior fator de risco.

REFERÊNCIAS

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Referência rápida aos critérios diagnósticos do


DSM-5. Porto Alegre: Artmed, 2015.

CUNHA, J. A. Manual da versão em português das Escalas Beck. São Paulo: Casa do Psicólogo,
pp.1-13, 2015.

FERREIRA, C. L. et al. Universidade, contexto ansiogênico? Avaliação de traço e estado de


ansiedade em estudantes do ciclo básico. Rev. Ciência & Saúde Coletiva,v. 14, n. 3, p. 973-981,
2009.

MARCO, M. A. Do Modelo Biomédico Ao Modelo Biopsicossocial: um projeto de educação


permanente. Revista Brasileira de Educação Médica, v.30, n.1, Rio de Janeiro, p.60-72, 2006.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (2016) - WHO initiative on depression in public health


[Em linha]. [Consult. 13 Jan. 2006].

SANTOS, L. A. S.; SANDIN, G. R.; SAKAE, T. M.Associação de cefaleia e ansiedade em


estudantes de Medicina de uma universidade do sul de Santa Catarina. Revista da AMRIGS, Porto
Alegre, v. 54, n99999. 3, p. 288-293, jul.-set. 2010.

VASCONCELOS, T. C. et al. Prevalência de Sintomas de Ansiedade e Depressão em Estudantes de


Medicina.Revista Brasileira De Educação Médica, v. 39, n. 1, p.135-142,2015.

337
QUALIDADE E PRESENÇA DE DISTURBIOS DO SONO EM IDOSOS ASSISTIDOS EM
UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DE DIVINÓPOLIS/MG – RESULTADOS
PRELIMINARES

PASQUALOTTO, Luísa Teixeira1*; SANTOS, Walquíria da Mata2*; SANTOS, Cíntia Aparecida3;


FARIA, Marcos Eugenio Mattos Rocha3; SILVA, Rogerio Júnior Esteves3; SEIXAS, Marco Túlio
Tavares3, ALVES, Jacqueline3; FARIA JÚNIOR, Newton Santos4

Síntese: Nos dias atuais, alterações do padrão de sono são muito comuns em idosos, sendo que estudos
internacionais indicam alta prevalência de distúrbios do sono. Os distúrbios, como também a menor duração do
sono, estão relacionados a certas doenças metabólicas, como a hipertensão arterial sistêmica (HAS) e diabetes
mellitus. O objetivo do trabalho foi verificar a qualidade e distúrbios do sono em idosos assistidos nas Unidades
Básicas de Saúde (UBS´s) em Divinópolis.Um estudo observacional transversal foi realizado com amostra
consecutiva e de conveniência de quarenta e quatro indivíduos idosos, pelos alunos do curso de Fisioterapia da
Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) – Unidade Divinópolis recrutados a partir de UBS´s do
município de Divinópolis-MG. O mesmo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da
UEMG, sob número de protocolo 1.475.521/2016. Todos estes foram avaliados clinicamente e responderam ao
Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh (PSQI), avaliando assim a qualidade do sono e presença de distúrbios
do sono. Boa parte dos idosos avaliados apresentou má qualidade de sono e presença de distúrbios do sono. Os
resultados de estudos auxiliam no planejamento e implementação de políticas públicas e programas destinados a
controlar os distúrbios do sono.

Palavras-chave: Sono; Hipertensão Arterial Sistêmica; Qualidade do Sono; Diabetes mellitus.

INTRODUÇÃO

Sono é definido como estado restaurador e saudável, comparado com repouso e inatividade,
prazeroso e naturalmente restaurativo, necessário para recuperar a exaustão física comum à
experiência humana, devido ao constante estado de alerta e gasto energético (DEMENT, 1990).
A experiência de um sono insatisfatório ou insuficiente tem reflexos no desempenho,
comportamento e bem-estar do indivíduo, refletindo nas suas atividades de vida diária . Nas últimas
quatro décadas, o interesse científico nos padrões de sono tem crescido constantemente.
As alterações do sono associadas ao processo de envelhecimento, tais como o aumento da
latência, a redução da eficiência, o aumento das interrupções, o despertar precoce, a redução dos
estágios de sono profundo e os distúrbios do ritmo circadiano de vigília/sono, podem estar presentes
com maior frequência. Os distúrbios de sono são mais comuns e mais severos entre idosos, do que no
restante da população (ARAÚJO et al, 2010).
O objetivo do trabalho foi verificar a qualidade e distúrbios do sono em idosos assistidos nas

Aluna Bolsista de Iniciação Científica PIBIC/UEMG/FAPEMIG, E-mail: luisa_teixeirap@hotmail.com


Aluna Bolsista de Iniciação Científica PAPq/UEMG, E-mail: walquiria87@hotmail.com
Alunos de Iniciação Científica da Universidade do Estado de Minas Gerais - Unidade Divinópolis (UEMG),
Doutor em Pesquisa em Cirurgia - FCMSCSP
Professor do Curso de Fisioterapia Universidade do Estado de Minas Gerais - Unidade Divinópolis (UEMG).

338
Unidades Básicas de Saúde (UBS´s) em Divinópolis.

MÉTODOS

Um estudo observacional transversal foi realizado com amostra consecutiva e de


conveniência de quarenta e quatro indivíduos idosos, pelos alunos do curso de Fisioterapia da
Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) – Unidade Divinópolis, recrutados a partir de
UBS´s do município de Divinópolis-MG. O mesmo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
com Seres Humanos da UEMG, sob número de protocolo 1.475.521/2016.
O desenho do estudo seguiu as normas do “Strengthening the Reporting of Observational
Studies in Epidemiology (STROBE) statement”(von ELM et al, 2007; MALTA et al, 2010) e
concordou com os padrões éticos estabelecidos na Declaração de Helsinque 1961 (revista em Hong
Kong em 1989, e de Edimburgo, na Escócia, em 2000) e nas Diretrizes e Normas Reguladoras para
pesquisas envolvendo seres humanos do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde
brasileiro, resolução 196/96 atualizada pela 466/2012.
Todos estes idosos foram avaliados clinicamente e responderam ao Índice de Qualidade de
Sono de Pittsburgh (PSQI) (BUYSSE et al, 1989; BERTOLAZI et al, 2011), avaliando assim a
qualidade do sono e presença de distúrbios do sono.

RESULTADOS

A média de idade foi de 68,4 ± 5,9 anos e de índice de massa corporal 27,3 ± 7,1 kg/m2. Do
total, 77,3% dos idosos eram do sexo feminino. Quanto ao PSQI, a pontuação média foi de 5,6 ± 2,6.
13,6% dos indivíduos apresentaram presença de distúrbio do sono e 50% má qualidade de sono,
sendo que 52,2% apresentaram hipertensão arterial sistêmica (HAS) e 29,5% Diabetes Mellitus.

DISCUSSÃO

Recentemente, os distúrbios do sono foram considerados problema de saúde pública mundial,


afetando a qualidade de vida da população e influenciando na morbimortalidade, atingindo cerca de
45% da população mundial (STRANGES et al, 2012). Os distúrbios do sono têm sendo
relacionados cada vez mais às patologias cardiovasculares, principalmente à hipertensão
(CAVALLARI et al,2002), que teve como observado em nosso estudo.
Quanto à qualidade do sono, sabe-se que dificuldades para dormir afetam indivíduos de todas
as idades, mas há um aumento no número de afetados diretamente proporcional com o aumento da
idade. Comumente, pessoas idosas manifestam dificuldades em obter um grau satisfatório de sono,
destacando a importância da avaliação do mesmo ao avaliar globalmente a saúde do idoso (ARAÚJO
et al, 2010).
Com a análise dos achados do PSQI, notou-se que a maior parte dos sujeitos possui qualidade
do sono ruim, dado confirmado pela pontuação global, uma vez que 44 pacientes (50%) obtiveram
pontuação superior a cinco. Em outro estudo, no qual a qualidade do sono de idosos foi avaliado por

339
meio do PSQI, os autores relatam que 23 dentre 40 sujeitos (57,5%) apresentavam sono de má
qualidade(ARAÚJO et al, 2010).
Os resultados de estudos auxiliam no planejamento e implementação de políticas públicas e
programas destinados a controlar os distúrbios do sono.

CONCLUSÃO
Verificou-se que boa parte dos idosos avaliados apresentou má qualidade de sono e presença
de distúrbios do sono, sendo que aqueles com HAS demonstraram pior qualidade de sono.

AGRADECIMENTOS
À FAPEMIG (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais) e ao PAPq
(Programa Institucional de Apoio à Pesquisa), pelo apoio a este projeto (bolsa
PIBIC/UEMG/FAPEMIG - PAPq/UEMG).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, CLO. et al. Qualidade do sono de idosos residentes em instituição de longa permanência.
Rev Esc Enferm USP, v. 44, n. 3, p. 619-26, 2010.
BERTOLAZI,NA. et al. Validation oftheBrazilian Portuguese languageofthe Pittsburgh
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CAVALLARI, FEM. et al. Relação entre hipertensão arterial sistêmica e síndrome da apnéia
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DEMENT, WCA. personalhistoryofsleepdisorders medicine. J. Clin. Neurophysiol, v. 7, n. 1, p.


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MALTA M. et al. STROBE initiative: guidelines on reporting observational studies. Rev Saúde
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STRANGES, S. et al. Sleep problems: an emerging global epidemic? Findings from the INDEPTH
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VON ELM., et al. Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology


(STROBE) statement: guidelines for reporting observational studies. BMJ, v. 335, n. 7624, p. 806-
8,2007.

340
A CONTRIBUIÇÃO DA PRATICA ESPORTIVA NO DESENVOLVIMENTO
EDUCACIONAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

CORDEIRO, Amanda Silva¹


NASCIMENTO-CARDOSO, Amanda Mayara do².

Síntese: A prática esportiva envolve a formação de alunos com aquisição de habilidades físicas e sociais, valores,
conhecimentos, atitudes e normas, e o meio de socializar. E para que isso aconteça têm dois elementos essenciais: a
escola e família andarem juntos com o individuo, para que o desempenho, os objetivos e vontade melhore na
escola, e nos conhecimentos em geral. O professor planejando as aulas para desenvolver esses conceitos, ele estará
forçando de uma maneira prazerosa e agradável a criança e o adolescente em busca por bons resultados. Sendo
assim o objetivo do esporte é potencializar na transformação, evolução, aprendizado e conhecimentos de todos.A
pesquisa desenvolvida é de caráter descritivo, com uma abordagem quantitativa. A pesquisa foi realizada com 15
profissionais da Educação Física na cidade de Divinópolis/MG, com professores das escolas estaduais, que tem a
vivência com alunos em projetos esportivos. A pesquisa também inclui 20 pais e 50 alunos (na faixa etária de 10 a
15 anos), alunos que tem vivenciam do esporte dentro dos clubes da cidade de Divinópolis. No âmbito da pesquisa
pais, professores e alunos entrevistados afirmaram que no contexto do esporte recreativo, educacional e
competitivo tem um processo formativo, que leva crianças e jovens a buscarem conceitos que os preparem para os
desafios da vida adulta.

Palavras–chave: Educação física escola, no desenvolvimento educacional de crianças e


adolescentes.

INTRODUÇÃO

O esporte dentro da escola deve ser um elemento inovador para o conhecimento,


desenvolvimento e aprendizagem. E para que isso aconteça o professor deve estar atento ao ensino -
aprendizagem dos seus alunos, para que busquem técnicas e conceitos para serem aplicados e ajudar
o desempenho dentro de sala de aula e nos estudos.
O esporte é uma atividade abrangente e por isso vem ultrapassando o seu objetivo principal
que era o bem estar físico, servindo para a formação e integração de crianças e adolescentes
(BASSANI; TORRI; VAZ, 2003, p. 90). A prática esportiva envolve a formação de alunos com
aquisição de habilidades físicas e sociais, valores, conhecimentos, atitudes e normas, e o meio de
socializar.
O esporte deixou de ser uma prática moderadora para ser exemplo de disciplina, respeito,
ética, organização pessoal, obediência, dedicação e tudo que se relaciona ao bem estar social (LIMA,
2010). O esporte ligado à escola e ao ensino é adquirido com comprometimento, disciplina, respeito
e se constrói o coletivismo. Além disso, melhora a saúde, o bem estar e a autoestima.
Por meio da prática esportiva, podemos acrescentar um grande valor que é afastar as crianças
e adolescentes do caminho das drogas, fazendo com que gaste seu tempo treinando e buscando por
um hábito de vida saudável (BASSANI; TORRI; VAZ, 2003, p. 90).
O esporte traz tantos benefícios, e é o pedagógico e o educativo que possibilita obstáculos e
desafios. Com as regras, o aluno aprende a lidar com o próximo respeitando suas diferenças, sendo
assim o esporte torna-se educativo e sua prática não se torna uma obrigação, mas um prazer para o

¹Graduanda em Educação Física Licenciatura da UEMG- Campus Divinópolis-MG


²Mestra em Ciências da Motricidade pelo Instituto de Biociências - UNESP/Rio Claro

341
aluno (PAES, 2006).O esporte ensina o aluno a respeitar o próximo,melhorando o comportamento e
respeitando os professores e colegas, sendo assim melhorando o ensino-aprendizagem.
O professor deve estabelecer um conceito de visão construtiva para a aprendizagem da turma,
trazendo atividades que vão além de competição, mas atividades de raciocínio, lógica e agilidade
para trabalhar de maneira geral o conhecimento. Além disso, o professor de educação física, em sua
prática esportiva, age não apenas como educador, mas deve procurar renovar e transformar toda uma
comunidade através do aluno (MEDINA, 2001). Segundo Blázquez (1999), dentro da prática
esportiva, o professor deve tornar o esporte em um canal para educar, através de programas e
objetivos coerentes.
A família também estabelece um papel importantíssimo, para o ensino aprendizagem e alto
rendimento no esporte e no aprendizado em sala de aula com outras matérias. Os pais servem de
exemplo e apoio para os filhos na medida em que os motivam, valorizam, instruem e até mesmo
criticam na promoção das práticas esportivas. No seu papel de gerar oportunidades, os pais
desempenham funções onde estimulam e criam situações positivas para o desenvolvimento esportivo
dos filhos (BLOOM, 1985).
Zaluar (1994) pesquisou por alguns resultados positivos em programas educativos e a
porcentagem foi alta para os que fazem esporte para aprender, e menos índice para os que gostam ou
para ocuparem o tempo. Também o esporte é visto para alunos e mães entrevistados como um
formador de comportamento. O praticante de esporte aprende a respeitar regras, ser disciplinado e
ter responsabilidades dentre outros benefícios.
Por fim vemos que o esporte além de ser agente socializador, que melhora a condição de
vida, na saúde, bem estar, é um grande estimulo responsável para que as crianças e jovem
melhorarem o comportamento e aprendizado nas matérias escolares, e em seus conhecimentos gerais.
Trabalhando nas aulas de educação física ou em treinamentos como escolinhas esportivas,
potencializa a coordenação motora, agilidade, raciocínio rápido, estratégia, respeito, organização, o
autoconhecimento entre vários outros fatores que só têm a favorecer resultados positivos para a
escola e ele próprio.

MÉTODOS

A pesquisa desenvolvida é de caráter descritivo, com uma abordagem quantitativa. A


pesquisa foi realizada com 15 profissionais da Educação Física na cidade de Divinópolis/MG, com
professores das escolas estaduais Manoel Correa, Miguel Couto, Colégio Crescer Podium, e de
clubes como Estrela Oeste Clube e Divinópolis Clube que tem a vivência com alunos em projetos
esportivos. A pesquisa também inclui 20 pais e 50 alunos (na faixa etária de 10 a 15 anos), alunos
que tem vivenciam do esporte dentro dos clubes da cidade de Divinópolis como Estrela no Oeste
Clube, Divinópolis Clube e do Projeto Novo Rumo.
A coleta de dados, foi feita através de entrevista, no período compreendido entre 8 de
setembro a 18 de outubro de 2016, nos turnos matutino e vespertino. Para a aplicação do questionário
foi pedido autorização aos diretores das escolas e clubes visitados. Primeiramente foi apresentado os
motivos da pesquisa, bem como sua temática e solicitando á colaboração para respondê-lo. Todos os
participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) onde confirmaram
a participação da pesquisa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Podemos ver que todos os professores concordaram que o esporte pode ajudar o aluno no
desenvolvimento em sala de aula, muitos argumentaram que só o esporte através de sua vivência irá
proporcionar uma aprendizagem de forma ampla e objetiva das questões educacionais dos alunos.

342
Fizeram observações no comportamento dos alunos, pois tiveram uma melhora gratificante. Alguns
alunos ainda têm dificuldades de coordenação, concentração e se dispersam facilmente.

Para que deve-se ser proporcionado atividades e situações onde vão chamar atenção desses
alunos para que eles continuem praticando esporte, e goste do que esta fazendo. Então o professor de
educação física é o responsável por planejar suas aulas de maneira, objetiva, lúdica e satisfatória para
que através da vivência do esporte, o aluno possa ter uma grande melhora em seu aprendizado e
desenvolvimento em sala de aula. Trazendo grandes benefícios como, habilidades físicas e sociais
como ressalta (BASSANI; TORRI; VAZ, 2003, p. 90).
Foi questionado alguns estímulos que a maioria das escolas passam para os alunos,através de
campeonatos ou torneios internos, 53,3% disseram que sim; 20% não e 26,6 em partes. Sendo o
esporte um dos maiores fenômenos sócio-culturais da contemporaneidade, mostra-se relevante sua
prática e reflexão na educação formal, uma vez que Paes (2001) aponta a importância da escola na
democratização do acesso ao esporte, desde que sistematizado como um conteúdo da Educação
Física.
No ponto de vista dos professores 46% dos pais participam e incentivam seus filhos de
alguma forma na prática esportiva. Outros 40% acham que não participam, mas argumentaram o
quanto é importante a participação deles até para a autoestima dos filhos (as). E apenas 2% disseram
que em partes, pois levam seus filhos em jogos, torneios, treinos, mas não ficam para acompanhá-los
e incentivá-los de perto.
Lewko e Greendorfer (1996) dizem que o processo de socialização através das práticas
esportivas escolares devem ser levadas a sério, tendo em vista que a criança através dessas práticas
passa a ficas inserida nesse processo. Por isso a escola e família são muito importantes, essenciais
mesmo no processo de formação e comportamento da criança, pois transmite também valores e
tradições culturais. O pai participativo atua na formação da personalidade das crianças/adolescentes.
Dos alunos entrevistados 90% disseram que diversos aspectos das suas vidas melhoraram por
meio do esporte. Citaram que são mais felizes, sabem fazer melhor trabalho em grupo, muitos
adquiriram organização e responsabilidade com os afazeres. Outros 10% não viram uma melhora,
alguns acham que está do mesmo jeito, e outros disseram que já eram bons nas notas e em sala de
aula por isso não notaram diferença.
Em relação às respostas dos pais parcela, 75% dos pais disseram ser presentes na vida
esportiva e escolar dos (as) filhos (as), instruindo, orientando e incentivando. Enquanto 25% dos pais
disseram que em partes, alguns fizeram observação que precisam ser mais presentes na vida
esportiva dos (as) filhos (as) e outros por terem tantos compromissos acabam não tendo
tempo.Segundo Sanmartin (1995) os pais apoiando e incentivando seus filhos a prática esportiva faz
com que eles tenham experiências positivas que essa prática proporciona.

CONCLUSÕES

Com esses resultados percebemos que todos os professores e pais percebem uma grande
evolução e melhoria no comportamento e desenvolvimento dos alunos e filhos (as), na questão do
esporte e do aprendizado em geral. E a grande maioria dos alunos são mais comprometidos, mais
felizes, e melhoraram muito na questão dos estudos, pois têm mais paciência, atenção, e
responsabilidade com a ajuda da prática do esporte.
O esporte proporciona aprendizados, desenvolve e orienta os alunos para serem melhores,
tanto em sala de aula, também nos estudos como organização, socialização, agilidade, atenção,
concentração, raciocínio rápido, trabalho em grupo, estratégia, respeito ao próximo com os colegas e
professores. Outro fator que é bom lembrar que o esporte é um grande responsável por ajudar a ter
uma boa convivência dentro de casa, pois ajuda a ser mais organizado com seus afazeres, a ter
disciplina, adquire uma vida mais saudável e respeito ao próximo. E na prática esportiva ensina que o

343
adversário não é seu inimigo e sim somente adversário, e tudo ali é ensinado e cobrado de uma forma
saudável e prazerosa.
Assim podemos ver que através da vivência do esporte irá proporcionar uma aprendizagem
de forma ampla e objetiva das questões educacionais para os alunos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSIS, S. Reinventando o esporte: possibilidades da prática pedagógica. Campinas, SP: Autores


Associados, Chancela Editorial CBCE,2001.

BASSANI, J. J.; TORRI, D.; VAZ, A. F. Sobre a presença do esporte na escola: paradoxos e
ambiguidades. Movimentos, Porto Alegre, 2003.

BLÁZQUEZ SÁNCHEZ, D. A modo de introduccion. In: D. Blázquez Sánchez (Org.) La


iniciacióndeportiva y el deporte escolar, p. 19-45. 4ª edição. Barcelona, Espanha: INDE
Publicaciones. 1999 Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, 13(1): 34-45, jan./jun. 1999

Calegari Washington,Participação dos pais na vida esportiva dos filhos é analisada na Educação
Física, 2001. 34 - Edição Nº: 06 Universidade de São Paulo, Esporte, Sociedade por Redação em 9
de agosto de 2012 Site:http://www5.usp.br/15468/projetos-sociais-esportivos-mudam-autoconceito-
de-criancas-mostra-pesquisa-no-cepeusp/

CASCÃO, PAULO. O Esporte transformando a sociedade


http://paulocascao.blogspot.com.br/2012/07/o-esporte-transformando

LIMA, C. Educação e Esporte : Poderosas ferramentas de inclusão social. Disponível no


endereço: http://elo.com.br/portal/colunistas/ver/225075/educacao-e-esporte--poderosas-ferramentas-
de-inclusao-social.html. Acessado dia 22 de outubro de 2013.

MEDINA, J.P.S. A educação física cuida do corpo... e “mente”: bases para a renovação e
transformação da educação física. 17ª edição. Campinas: Papirus. 2001.

PAES, R. R. Pedagogia do Esporte: Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,

ZALUAR, A. Cidadãos não vão ao paraíso. São Paulo: Escuta, 1994.

344
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

RABELO, Jean Gonçalves¹;

NASCIMENTO-CARDOSO, Amanda Mayara do 2

Síntese:O preparo dos professores no que se diz respeito à preparação de aulas eficientes de Educação Física na
Educação Infantil é de extrema importância. Dessa forma, a criança estará recebendo o estímulo necessário para
o seu crescimento e desenvolvimento de forma adequada. O profissional devidamente preparado e/ou interessado
em oferecer aulas dinâmicas e bem preparadas é de fundamental importância para a desenvoltura na qualidade
de vida desses alunos já nos anos iniciais de sua jornada estudantil. Os dados obtidos por meio da aplicação dos
questionários aos professores que lecionam no Ensino Infantil, deixaram claro que a Educação Física é de extrema
importância no que se refere à oferta eficaz de estímulos aos alunos nos âmbitos motores, cognitivos, afetivos e
sociais.

Palavras-chave: Desenvolvimento; estímulo; capacitação de professores.

INTRODUÇÃO
A escola infantil é um lugar de descobertas e amplificação das experiências individuais,
culturais, sociais e educativas, durante a introdução da criança em ambientes diferentes do âmbito
familiar. É um espaço que envolve muitas experiências e oportunidades de vivenciar estímulos
diferentes e, que contribui diretamente no desenvolvimento da criança e sua subjetividade (BASEI,
2008).
De acordo com Negrine (1998), a Educação Física Infantil é uma proposta pedagógica com a
difusão da psicomotricidade com o objetivo de estabelecer e manter os jogos e brincadeiras lúdicas
como conteúdo base, possibilitando assim maior amplitude de atividades com os princípios
psicomotores, tendo como objetivo buscar equilíbrio biológico, psicológico e social.
As propostas pedagógicas devem prezar os seguintes princípios: A) Éticos- da
responsabilidade, da autonomia, do respeito e da solidariedade ao meio ambiente, ao bem comum, e
as diferentes culturas, singularidades e identidades; B) Políticos- do exercício da criticidade, da
cidadania, da ordem democrática e do respeito; C) Estéticos- da criatividade, sensibilidade,
ludicidade e liberdade para demonstrar os diferentes artísticos e culturais (BRASIL, 2010).
Gallauhue e Ozmun (2005) afirmam que os jogos infantis motivam as crianças no
aprendizado motor, de forma que recebem estímulos e executam sem serem forçadas ou sem saber o
quão importante é para o desenvolvimento motor, locomotor e manipulador inicialmente, e
posteriormente movimentos naturais e fundamentais como pular, correr, arremessar, salta e andar
com equilíbrio e segurança.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) ressaltam a importância da disciplina na vida
escolar dos alunos, consolidando a possibilidade desde o inicio na oportunidade de desenvolvimento
e habilidades corporais, além de estar inserida em movimentos culturais (esporte, jogos, dança e
ginástica) com o objetivo de lazer, representação de afetos, sentimentos e emoções (BRASIL, 1997).
A Educação Física é de extrema importância na formação dos alunos.Com ela podemos

¹Graduando em Educação Física Licenciatura da UEMG- Campus Divinópolis-MG jean.div@hotmail.com


²Mestra em Ciências da Motricidade pelo Instituto de Biociência- UNESP

345
estimular e desenvolver habilidades motoras, cognitivas e afetivas. Sendo assim, este estudo teve
porobjetivos verificar se as escolas de ensino básico estão oferecendo, regularmente, as aulas de
Educação Física e qual a sua importância para os alunos.
Com isso o presente estudo pretende buscar respostas sobre a realidade da Educação Física na
Educação Infantil, buscando entender a importância dela e quais as dificuldades encontradas nesse
processo tão importante na vida dos alunos, e como as professoras (pedagogas) estão realizando esse
trabalho.

METODOLOGIA

Trata se de uma pesquisa exploratória descritiva de abordagem quantitativa. É exploratória


porque visa primeiro a aproximação do pesquisador com o tema e em seguida investiga e busca
relações existentes e é descritiva por que observa, registra e descreve característica de um
determinado fenômeno (FONTELLES et al, 2009).
O estudo foi realizado em duas escolas de Educação Infantil, uma delas localizada no
município de Carmo da Mata (14 professoras) e outra em Divinópolis (4 professoras). Foi realizada
uma análise descritiva e qualitativa, a partir da apresentação dos dados obtidos por meio de gráficos
e porcentagens de forma foi possível ter uma visão de como os mesmos foram distribuídos por
questões.

RESULTADOS EDISCUSSÃO

Foram respondidos 14 questionários do CEMEI de Carmo da Mata e 4 questionários do CEMEI


de Divinópolis.
Destes números supracitados, somente 05 (cinco) professores (35,71%) são graduados e 09
(nove) professores (64,28%), são pós-graduados em Carmo da Mata.Em relação à
Divinópolis,somente 02 (duas) professoras (25%) são graduadas e 02 (duas) professoras, (25%),
possuem pós-graduação.
Segundo Cardoso (1997) a formação básica do professor oferece condições primarias para o
ensino, mas não é suficiente para um ensino de qualidade.Por isso, é de extrema importância o
ensino continuado; o que implica um conjunto de saberes, conhecimentos e reconhecimentos
conquistados e modificados ao longo da formação e aprimoramento profissional.
Em relação ao tempo que as professoras lecionam foi encontrado em Carmo da Mata: 02 (duas)
professoras (14,28%) que lecionam há um ano, 03 (três) professoras (21,42%) que lecionam há
quatro anos, 02 (duas) professoras (14,28%) que ensinamhá cinco anos, 01 (uma) professora (7,14%)
há dezoito anos, (01) uma professora (7,14%) há vinte e sete anos. Já em Divinópolis, 01(uma)
professora (25%) há 5 anos, 01 (uma) (25%) 9 anos e01 (uma) (25%) há vinte anos. De acordo com
Tardif, Lessard e Lahaye (1991), os saberes dos professores têm origem de quatro fontes: saberes da
formação profissional, saberes disciplinares, saberes curriculares e saberes da experiência. O que é
de extrema importância é o saber da experiência, por que é adquirido nas referencias e práticas
escolares. Todos os saberes são utilizados no dia a dia.
Pode-se encontrar, ainda que 11 (onze) professoras (78,57%) desenvolvem a Educação Física,
03 (três) professoras (21,42%) não desenvolvem a Educação Física em Carmo da Mata e em
Divinópolis todas as professoras (100%) realizam regularmente aulas de Educação Física. Percebe-se
que algumas professoras ainda não desenvolvem as aulas de educação física regularmente, o que
pode causar uma grande defasagem na vida escolar dos alunos, pois é por meio da educação física
que os alunos recebem grandes estímulos motores e cognitivos. Ferraz (1996) defende a ideiade que
o desenvolvimento da capacidade e potencialidade da criança é adquirido através de expressões e
estímulos.

346
Em relação à questão 4 “Quais devem ser no seu entender, os objetivos da Educação Física na
Educação Infantil?”,de acordo com os dados em Carmo da Mata, as professoras destacaram como
objetivos atividades que desenvolvam a coordenação motora, concentração, socialização, controle
corporal, desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo, destacando ainda a importancia do lazer e os
beneficios para a saúde. Já em Divinópolis, as professoras destacaram a habilidade motora,
reconhecimento corporal e desenvolvimento motor e cognitivo.
Diante do questionário respondido, foi encontrado na questão 5 que as atividades mais
desenvolvidas pelas professoras de Carmo da Mata incluem: cordas, bolas, pneus, incluindo
atividades lúdicas e recreativas como corre cutia, coelhinho sai da toca, dança das cadeiras, corridas
de saco, morto vivo, cabra cega, biscoitinho queimado, jogos de memória e atividades que envolva
imitar gestos. De acordo com as professoras de Divinópolis o que mais é realizado por elas são
atividades com corda, bolas, musicas, circuitos, parquinho e corridas.
Na questão 6, todas as professoras responderam que as aulas de Educação Física deveriam ser
realizadas por um professor especializado. Tanto as professoras de Carmo da Mata, quanto às de
Divinópolis concordam que é necessário o profissional na escola.
Na questão 7- “Você sente falta de acompanhamento pedagógico com relação ao trabalho
com Educação Física?”. Em Carmo da Mata, 14 (quatorze) professoras (100%) sentem falta do
acompanhamento do professor de Educação Física, já em Divinópolis 3 (três) professoras (75%)
também sentem falta do profissional da área e sua pedagogia, e 1 (uma) professora (25%), não sente
falta do profissional.
De acordo com os dados encontrados na questão 8, as 14 (quatorze) professoras (100%) de
Carmo da mata não se sentem aptas para desenvolver as aulas de E.F. Em Divinópolis 3 (três)
professoras (75%) não se consideram aptas, e 1 (uma) professora (25%) se considera apta e alega que
tem conhecimento suficiente para ministrar as aulas e que possui formação no magistério, pedagogia
e psicopedagogia. Segundo os estudos de Contreira, Krug (2010) e Fiorio, Lyra (2012) os
professores pedagogos, admitem ter uma grande dificuldade e insegurança em promover de forma
denominada certa e qualificada as aulas de Educação Física, por não terem especialidades em
psicomotricidade e não serem especialistas na área.
Em relação à inclusão de alunos especiais no ensino regular, contemplado na questão 9, foi
encontrado que 8 (oito) professoras (57,14%) responderam que já tiveram alunos de inclusão e 06
(seis) professoras (42,85%) disseram que nunca tiveram alunos de inclusão em Carmo da Mata. Já
em Divinópolis 2 (duas) professoras (50%) tiveram o aluno de inclusão e 2 (duas) professoras (50%)
não tiveram.
Na questão 10, “Você conseguiu que ele participasse das aulas de Educação Física?” Em
Carmo da Mata, 04 (quatro) professores (28,57%) disseram que conseguiram com que ele
participasse das aulas, 02 (duas) professoras (14,28%) disseram que não conseguiram com que ele
participasse das aulas e 02 (duas) professoras (14,28%) disseram que conseguiram fazê-lo participar
de algumas atividades. Em Divinópolis 2 (duas) professoras (50%) afirmaram que tiveram alunos de
inclusão e que conseguiram com que eles participassem de todas as atividades
.A inclusão preserva que todas as crianças, independentemente da sua necessidade especial
tem direito ao desenvolvimento educacional.Stainback e Stainback (1999) reforçam a relevância de
proporcionar às crianças com necessidades especiais, uma educação inclusiva disponível a partir da
Educação Infantil. Essa práticatraz enormes benéficos para a criança e deve ser tratada com
seriedade, capacidade de interação, socialização e adaptação do aluno ao âmbito escolar. O maior
desafio para a inclusão é a adaptação da escola, como aprender com as dificuldades e os limites dos
alunos e profissionais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

347
Quanto a analise dos dados obtidos através da aplicação dos questionários aos professores
que lecionam no Ensino Infantil, pode-se dizer quea Educação Física é de extrema importância e
relevância na vida escolar dos alunos. Fica evidenciado que os pedagogos que ministram na
Educação Infantil, sentem uma enorme falta do profissional de E.F para desenvolver atividades
motoras e que,o embasamento pedagógico que o professor da área tem é de muita qualidade;
enquanto os pedagogos tem o mínimo de domínio sobre a psicomotricidade. Com esse
desenvolvimento e estímulos corretos, podemos mudar as habilidades dos alunos, seu futuro e seu
desenvolvimento motor, cognitivo, afetivo e social.
Refletir sobre a Educação Física Infantil é de extrema importância para que as crianças se
desenvolvam desde o começo de sua jornada estudantil. Para que todos possam ser beneficiados em
tal metodologia de ensino, é necessário que exista um conjunto de atitudes como: uma estrutura
física, profissionais qualificados e especialistas na área, materiais necessários e muita força de
vontade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BASEI, Andréia Paula. A Educação Física na Educação Infantil: a importância do movimentar-


se e suas contribuições no desenvolvimento da criança. Revista Iberoamericana de Educación. 25
octubre de 2008.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes curriculares nacionais
para a educação infantil / Secretaria de Educação Básica. – Brasília: MEC, SEB, 2010.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN. Lei n° 9394/96. Brasília,
MEC, SEB, 1996.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação
física / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997.
CONTREIRA, Clairton Balbueno; KRUG, Hugo Norberto. Educação Física nas séries iniciais do
ensino fundamental: um estudo de caso com professores uni docentes.Lecturas Educación Física
y Deportes - EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Ano 15, n. 150, Nov. 2010. Disponível
em: <http://www.efdeportes.com/efd150/educacao-fisica-com-professores-unidocentes.htm>.
Acesso em: 10 de novembro 2016.
CARDOSO, B. Ensinar a ler e escrever: análise de uma competência pedagógica. São Paulo, 1997.
Tese (Doutorado) - Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo.
FERRAZ, O.L. Educação física escolar: conhecimento e especificidade. Revista Paulista de
EducaçãoFísica, p.16-22, 1996. Suplemento 2.

GALLAHUE, D.L.; OZMUN, J.C. Compreendendo o desenvolvimento motor:


bebês, crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Phorte, 2005.
NEGRINE, A. Aprendizagem & desenvolvimento infantil - psicomotricidade:
Alternativa pedagógica. Porto Alegre: Edita 1998.
FONTELLES; Mauro José ET al.Metodologia da pesquisa científica: diretrizes para a
elaboração de um protocolo de pesquisa Campinas : Phortes, 2006.

348
STAINBACK, Suzan & STAINBACK, Willian. Inclusão: um guia para educadores. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1999.

TARDIF, M. Lessard C; LAHAYE, L. Os professores face ao saber: um esboço de uma


problemática do saber docente. Teoria e educação: Porto Alegre, n. 4, 1991.

349
A IMPORTÂNCIA DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

FERREIRA, Gustavo Leandro¹;CARBALLO, Fábio Peron ²

Síntese: A revisão bibliográfica aponta que a Educação Infantil pode ser entendida como um lugar de ampliação
das experiências individuais, sociais, educacionais, em que as crianças usufruem de várias descobertas, também,
pode exercitar as suas capacidades motoras, cognitivas e iniciar o processo de alfabetização. A Educação Física,
inserida nesse contexto, poderá contribuir para a efetivação de um programa de educação infantil, comprometido
com os processos de desenvolvimento da criança e com a formação de sujeitos emancipados. Sendo assim, este
estudo teve por objetivo verificar o quão a importância do Professor de Educação Física na Educação Infantil.
Trata se de uma pesquisa transversal, exploratória, descritiva, de abordagem quantitativa, por meio da aplicação
de um questionário a 75 professores dos Centros Municipais de Educação Infantil (CEMEI). Os resultados
apontam a necessidade urgente da presença dos professores de Educação Física de maneira efetiva, uma vez que
nesse segmento educacional não há, assim como de aulas desse conteúdo na matriz curricular.Devem ser tomadas
medidas urgentes para que este problema seja resolvido, possibilitando assim uma qualidade de vida melhor,
conhecimento do corpo, desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo, possibilitando o conhecimento de si mesmo e
junto com isso desenvolver autoconfiança, auto estima e uma iniciativa para uma vida mais saudável de nossas
crianças da educação infantil.

Palavras-chave: Educação; Desenvolvimento; Docente.

INTRODUÇÃO
A Educação Infantil vem proporcionando uma nova perspectiva quando se trata do
desenvolvimento global da criança, onde é observada a necessidade de um trabalho com qualidade
na área motora para que desse modo à criança vivencie todas as etapas de seu desenvolvimento,
sendo atendidas por profissionais receptivos ao processo maturativo e psicoafetivo (DARIDO, 2004).
A Educação Física é de extrema importância na formação dos alunos, com ela pode se estimular
e desenvolver habilidades motoras, cognitivas e afetivas. Sendo assim, este estudo teve por objetivo
verificar o quão é importante a regência do Professor de Educação Física, assim como a inserção
dessa disciplina na matriz curricular da Educação Infantil.
A Educação Física tem um papel fundamental na Educação Infantil, pela possibilidade de
proporcionar as crianças uma diversidade de experiências através de situações nas quais elas possam
criar, inventar, descobrir movimentos novos, reelaborar conceitos e ideias sobre movimento e suas
ações (BASEI,2008)

MÉTODOS
Trata se de uma pesquisa transversal, exploratória, descritiva, de abordagem quantitativa, por
meio da aplicação de um questionário contendo sete questões, sendo cinco abertas sobre a temática e
duas fechadas em relação à idade e tempo de atuação. Esse questionário foi aplicado a setenta e cinco
docentes, de quatorze Centros Municipais de Educação Infantil (CMEI).

RESULTADO
A aplicação dos questionários foi realizada em quatorze CMEIS (Centros Municipais de
1
Aluno do Curso de Educação Física - 6º Período – Licenciatura
2
Coordenador do Curso de Educação Física Bacharelado UEMG – Unidade Divinópolis/ Doutor em Ciências da
Educação

350
Educação Infantil) na cidade de Divinópolis, MG. Pesquisa realizada com setenta e cinco professores
regentes em sala de aula. Todos os envolvidos assinaram o TCLE.
De acordo com os dados, em relação à idade, a média foi de 40 anos e o tempo de atuação foi
entre 5 a 10 anos.
Em relação à primeira pergunta: “De acordo com a LDB (1996), a educação física é componente
curricular obrigatório para a educação básica, que participa na construção do processo pedagógico
que contribui para a educação e cidadania dos alunos. Atualmente a lei é aplicada na escola onde
trabalha? Em que ajudaria a lei na escola?”. De acordo com os regentes entrevistados 100% relatam
que a lei não é devidamente comprida. E 100% relataram que a lei ajudaria muito no
desenvolvimento da criança.
A segunda pergunta abordou sobre o papel e importância do Professor de Educação Física na
formação dos alunos da educação infantil. De acordo com os regentes entrevistados 100% relatam
que é muito importante.
Em relação à terceira pergunta: “No ministrar de suas aulas (planos de aula), possui algum
momento para que você proporcione os alunos atividades para o desenvolver da capacidades físicas e
coordenação motora?”. De acordo com os dados 100% afirmaram que tiram na faixa de 20 a 30
minutos para aplicar as atividades.
Na quarta questão: “Em sua graduação, você teve disciplina(s) que lhe garantisse fundamentação
para ministrar atividades em relação à capacidade motora e física dos alunos?”. De acordo com o
coletado, 49% concluíram que tiveram matérias em sua grade curricular, 40% dos entrevistados
citaram que não tiveram disciplinas que garantisse fundamentação ao ministrar suas aulas, e 11% dos
entrevistados não responderam.
Na ultima questão: “Em sua opinião, o que essas atividades motoras proporcionarão de
benefícios aos alunos”? Todos os entrevistados (100%) relataram que é de suma importância
proporcionar atividades motoras para os alunos.

DISCUSSÃO

De acordo com os dados coletados, observasse a falta de um profissional da área de educação


física dentro da grade curricular na educação infantil, possibilitando assim uma qualidade de vida
melhor, conhecimento do corpo, desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo, possibilitando o
conhecimento de si mesmo e junto com isso desenvolver autoconfiança, auto estima e uma iniciativa
para uma vida mais saudável de nossas crianças da educação infantil. Como mostra nos dados, os
resultados apontam uma resposta unânime, a LDB de 1996 não é devidamente cumprida e afirmam
que a disciplina na matriz curricular seria de suma importância na formação dos alunos da Educação
Infantil. Questionamos tambem sobre a importancia e o papel do professor de educacao fisica na
formacao dos alunos da educacao infantil e de acordo com os regentes entrevistados 100% relatam
que é muito importante, pois a atividade física tem o papel fundamental na educação infantil desde
que aplicada de forma lúdica e recreativa e possibilitando, também, a construção do conhecimento.
Além disto, a psicomotricidade é primordial no desenvolvimento da criança, e o professor de
educação física possui todas as qualificações para oferecer esse aprendizado para as crianças.
Conforme os regentes de aula, confirmaram o trabalho de atividades para desenvolver capacidades
físicas e coordenação motora,todos os entrevistados (100%) afirmaram que tiram na faixa de 20 a 30
minutos para aplicar as atividades, e citam também que a escola exige o trabalho de atividades
motoras das crianças, atividades lúdicas e recreativas para crianças. De acordo com a graduação do
regente de sala, 49% concluíram que tiveram matérias em sua grade curricular, 40% dos
entrevistados citaram que não tiveram disciplinas que garantisse fundamentação ao ministrar suas
aulas, e 11% dos entrevistados não responderam. Todos os entrevistados (100%) relataram que é de
suma importância proporcionar atividades motoras para os alunos, também foram citados:

351
Desenvolvimento de habilidades motoras, motricidade fina e global, vivencia do lúdico, organização
temporal e espacial, esquema corporal, lateralidade, equilíbrio, melhor aptidão para leitura e escrita,
maior socialização, conhecimento do próprio corpo, ajuda no crescimento e desenvolvimento
integral, ajudaria na pratica esportiva e entre vários.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A ausência do professor de educação física regente desta disciplina na educação infantil vem
sendo muito cobrada pelos docentes e pelos responsáveis pelos CMEIs uma vez que auxiliam
significativamente no crescimento das crianças, buscando trabalhar toda psicomotricidade e
desenvolvimento geral.
Segundo Salomão e Martini (2007),“ o Brincar é uma das atividades fundamentais para o
desenvolvimento da identidade e da autonomia. O fato de a criança, desde muito cedo poder se
comunicar por meio de gestos, sons e mais tarde, representar determinado papel na brincadeira, faz
com que ela desenvolva sua imaginação.”
Esta pesquisa buscou analisar a falta do professor de educação física na educação infantil,
ressaltando que as instituições ainda não possuem o professor e que essas aulas são de grande
importância e benefícios para os alunos. Devem ser tomadas medidas urgentes para que este
problema seja resolvido, possibilitando assim, uma qualidade de vida melhor, conhecimento do
corpo, desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo, possibilitando o conhecimento de si mesmo e
junto com isso desenvolver autoconfiança, auto estima de nossas crianças da educação infantil.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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353
A PERCEPÇÃO DO PROFESSSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICAESCOLAR NA APLICAÇÃO
DO ATLETISMO (CORRIDA)

¹SILVA, Flaviana de Morais¹

NASCIMENTO-CARDOSO, Amanda Mayara do²

Síntese: A pesquisa que aqui discorre investiga as possibilidades de inserção da atividade de corrida enquanto
modalidade do atletismo, com regularidade, nas aulas de Educação Física Escolar. Na atualidade, praticamente
erradicou-se a prática desta modalidade atlética nas aulas de Educação física; e, o que se sugere é que esta seja
apresentada como diversificação das aulas e em respeito aos diferentes alunos e suas necessidades de movimento.
Para tal realizou-se uma pesquisa, obtida por questionário, respondido ao entrevistador. Escolheu-se,
aleatoriamente, 10 escolas, com características urbanas, periféricas e rurais e em colaboração, seus professores
responderam ao questionário citado que visa os objetivos de conhecer como o atletismo tem sido tratado e visto
nas escolas.

Palavras-chave: Educação Física; Corrida; Escola.

INTRODUÇÃO

A educação física como disciplina curricular tem por objetivo a preparação de estudantes
para o desenvolvimento de suas aptidões únicas, arquitetando-as para a vida em sociedade. Nesse
modo, atuando como uma das propriedades culturais da escola, entidade e fruto do ambiente escolar,
uma vez que nela se constrói e obtém resultados. E através dessa coerência a escola deveria planejar
seus desempenhos para o sincrônico da sociedade, implantando um relevante registro de identidades
públicas e privadas, profissionais e políticas, pessoais e coletivas, entre outras (VAGO, 2003).
Historicamente, sabe-se que a corrida é um dos esportes mais antigos, tendo significações de
competição dos homens com os homens e com os animais. ‘Quem chega primeiro’, o desejo de
adiantar, talvez tenha nascido pela necessidade do homem em andar mais rápido, tão rápido que
instintivamente seu corpo descobriu-se correndo, na fuga e na caça, sempre intentando ganhar tempo
(ANTÔNIO, 2012).
O estudo em questão aborda como tema os benefícios e outras demais contribuições que o
atletismo, na modalidade de corrida, inserido no currículo escolar proporciona para o lecionando nos
âmbitos escolares, além de salientar a relevância das metodologias para a prática da corrida nas
escolas e os haveres pedagógicos, apresentando para o estudante uma maneira de enxergar a corrida
como um esporte que levará em direção a excelentes e prazerosos resultados no seu incremento
pessoal.
A modalidade atlética ‘corrida’é mais desconhecida e pouco incentivada do que não aceita e
faz-se necessário diversificar os grupos de interesse nas aulas de Educação Física. Além disso, criar a
cultura do atletismo vai ajudar os alunos no senso de competição e regras, superação de dificuldades
e cuidados com o corpo, como nos casos de obesidade. Nesse sentido, o presente trabalho tem como
objetivo principal conhecer como é percebida e incentivada a modalidade atlética, corrida, nas
escolas.

¹Graduanda em Educação Física Licenciatura da UEMG- Campus Divinópolis-MG flavitchamorais@hotmail.com


²Mestra em Ciências da Motricidade pelo Instituto de Biociência- UNESP

354
MÉTODOS

Para alcançar os objetivos proposto fez-se um estudo de natureza descritiva, alinhada ao


procedimento técnico de levantamento de dados, através da coleta de dados dispostos nos
questionários aplicados (SILVA, 2001). A pesquisa abrangeu 10 escolas da cidade de
Divinópolis/MG, sendo cinco da rede estadual e cindo da rede municipal, portanto, todas são escolas
públicas.
Foram distribuídos 10 questionários passiveis de discussões, mas todos foram respondidos
pelos entrevistados, sem a presença do entrevistador. Houve 100% de participação do grupo, em
estudo. São dez professores de Educação Física e a pesquisa não detalharam seus vínculos com a
Instituição empregatícia, porque se sabe que as obrigações de professores efetivos e contratados em
todas as esferas educacionais do Brasil são as mesmas (BRASIL, 1993).
A coleta de dados ocorreu em 21 de outubro de 2016, quando os questionários foram
entregues e findou em 01 de novembro de 2016, com a coleta dos últimos questionários. Os
participantes foram escolhidos aleatoriamente e teve como critério, que todos fossem graduados na
disciplina em estudo. Para responder o questionário todos os participantes assinaram o termo de
Consentimento Livre e Esclarecido. Os dados foram analisados e transcritos em forma de
porcentagem para melhor visualização dos resultados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
O objetivo principal da pesquisa se é dado por parte dos professores de educação física a
oportunidade dos alunos praticarem nas aulas o atletismo, na modalidade de corrida. Persegue,
concomitantemente, suas percepções e opiniões sobre a temática.
Entre os pesquisados 80% declaram que sim, trabalham, também, a modalidade em questão e
20% disseram que não. O que se espera do profissional de Educação Física graduado e que este tenha
consciência de que a prática de esporte, como parâmetro educativo e de inclusão social constitui uma
Lei Federal, que em seu artigo art. 217, dita que "É dever do Estado fomentar práticas desportivas
formais e não formais como direito de cada um” (BRASIL, 1998.) e este direito é respaldado no
Estatuto da Criança e Adolescente - ECA, no capítulo IV, artigo 59, que cita: "Os municípios com o
apoio do Estado e da União estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para a
programação cultural, esportiva e de lazer voltada para infância e a juventude (BRASIL, 2002).
Assim, o atletismo, apesar de pouco praticado nas escolas, com se vê na realidade, os
professores podem declarar que trabalham, pois escassez não é ausência, mas é prejudicial, pois se
sabe que a constância é cria hábitos e no caso, funcionaria como opção para a não ociosidade de um
grupo de alunos no horário de educação Física
Os professores que declaram que não trabalham esta modalidade esportiva justificaram “não
é bem aceita pelos alunos” e ” não, visto que o interesse dos alunos é pequeno” . Como se pode ver
nenhuma das resposta configura 100% segura, há brechas para que com incentivo e motivação possa
buscar nos grupos, os alunos que configuram a margem de indecisão nos dizeres dos professores.
A justificativa positiva para o trabalho com a modalidade atlética (corrida), foram: guiados
pelo Currículo Básico Comum – CBC; capacidade de desenvolvimento advinda da atividade;
atividade de baixo custo. O Currículo Básico Comum – CBC de Educação Física insere a
modalidade de atletismo como secundária nos ensinos fundamental e médio, mas abandona o culto
do corpo, destinando a Educação física somente a quem possuísse características físicas propícias
para o esporte descrito nos aconselhamentos do PCN de 1971 e em concordância com os Parâmetros

355
Curriculares Nacionais-PCNs, aconselha que: “aEducação Física como componente curricular
responsável por introduzir os indivíduos no universo da cultura corporal que contempla múltiplos
conhecimentos produzidos e usufruídos pela sociedade a respeito do corpo e do movimento [...]”(
BRASIL, 1997, p. 27).
Quanto a referência ao desenvolvimento, no presente trabalho já foi dissertado que a
Educação física promove a execução de movimentos que podem ser desenvolvidos, pois atividades
atléticas por suas características de competição individual para o participante tende a superar
limites, que o próprio indivíduo dantes não sabia que o tinha.
Quanto à questão do desenvolvimento motor, também foi colocada positivamente pelos
entrevistados que adotam a prática do atletismo.
Sabe-se que nos anos iniciais são fundamentais as atividades que condicionem e desenvolva
ao psicomotricidade em geral. Lamenta-se que muitas escolas dedicam a função ao professor
pedagógico e não ao profissional físico (FREITAS, 2005). Todavia, nas escolas estudas o professor
de Educação física reconhecem o valor para o desenvolvimento geral do indivíduo a prática do
atletismo.
Historicamente, as atividades que compõe a modalidade atlética (correr, caminhar, saltar,
lançar e suas categorias agrupadas), são considerados movimentos naturais. Assim, o ser humano ao
nascer está predisposto a esses movimentos. A competição gera a superação e esta pode ser
entendida de diferentes formas pelo sujeito; e, uma vez educado nesta prática as concepções serão
sempre positivas. Então, a disciplina vai aprimorar os movimentos em prol de seu desenvolvimento e
quando há cientificidade neste trabalho pode-se corrigir problemas de esquema corporal,
lateralidade, estruturação Espacial, orientação Temporal e aquisição da escrita, leitura e raciocínio
lógico matemático, pois quaisquer desses problemas, se não sanados podem comprometer uma boa
aprendizagem (HILDEBRANDT,2003).
Enfim, ao promover atividades de atletismo na escola, intencionalmente ou não, acaba-se
desenvolvendo o corpo, buscando um comprometimento do aluno consigo advindo dos aspectos e
das exigências físicas.
Outra questão discutida na pesquisa foi o nível de interesse do aluno pela modalidade de
atletismo. 50% dos professores declaram que os alunos são bem interessados, 30% que percebem um
bom interesse e 20% afirmam que os alunos não possuem interesse nesta modalidade.
É proposta dos PCNS que a disciplina de Educação física considere, entre os elementos ser
trabalhado modalidades esportivas que possam que sejam percebidas como brincadeiras e lazer pelos
alunos, em geral e neste destaca-se a corrida, os jogos e brincadeiras que possuam movimentação de
atletismo
Assim cabe ao professor propor essa diversidade, de forma a apresentar aos alunos a
modalidade, evoluindo para as regras até concretizá-las em eventos como os Jogos Estudantis. O
profissional ao aceitar o desinteresse do aluno pela atividade deve se perguntar se sua personalidade
também faz parte desta resistência. Em outras palavras: querendo fazer, faz.
Ainda dentro do parâmetro das discussões, houve quem responsabilizasse a cultura do país
pelo desinteresse do aluno. No Brasil, não se tem uma cultura tão próspera como nos EUA, Cuba, e
alguns países da África como o Quênia, mas cita-se aqui Joaquim Cruz, que a ficou em primeiro
lugar na competição dos 800 metros rasos e, de quebra, estabeleceu o recorde mundial, nas
olimpíadas de Los Angeles, em 1984. Nas modalidade atletismo nas Olimpíadas do Rio 2016
terminou entre (PORTAL DO BRASIL, 2013).

356
Portanto, é muito evidente que apesar do atletismo ser a base para todos os esportes, a
modalidade em si, não tem sido suficientemente motivada, e cabe a escola buscar este perda
esportiva. Assim, encontra-se entre os desafios dos professores de Educação física alavancar a
prática de atletismo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho que aqui se desenvolveu mostrou que a prática do atletismo é a base para todos os
esportes, por ser responsável pela coordenação psicomotora humana.Todavia, na atualidade, tal
modalidade apesar da pesquisa ter demonstrado que é positivamente trabalhada nas escolas, de certa
forma, percebe-se o distanciamento do esporte em si: corrida, salto, arremesso, no espaço escolar,
durante as atividades de Educação física, principalmente nas séries de Educação fundamental II e
Ensino médio. Outros pontos negativos encontrados na pesquisa referem se a falta de interesse dos
alunos em concordância com a cultura e problemas relacionados à infraestrutura, conseqüentemente
segurança dos alunos.
Portanto, escassez da prática do atletismo, principalmente a corrida, está ligada a falta de
motivação e persistência; e, este é um trabalho que deve primeiro ser interiorizado pelo Educador
físico Escolar, que para obter sucesso, deve iniciar uma didática de constância e motivadora.
A escola é um espaço para produzir conhecimento e consequentemente desenvolvimento,
assim, fomentar os conteúdos clássicos da Educação Física, o atletismo nas modalidades da corrida,
que como foi revelado na pesquisa é de baixo custo, além do objetivo de sobrepujar o adversário, é
uma ação válida, pois introduz novas formas de movimento e/ou formação de atletas da área, no
contexto pedagógico.

REFERÊNCIAS

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358
A VIVÊNCIA DA GINÁSTICA GERAL NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA REDE
PÚBLICA ESTADUAL DE DIVINÓPOLIS-MG

AMARAL, Kátia Jéssica Brandão¹; LIMA, Cleodmar Augusto Siqueira².

Síntese: A Ginástica pode ser dividida em competitiva, como a Ginástica Artística e Rítmica, por exemplo, e em
Ginástica de Demonstração como a Ginástica Laboral e a Ginástica Geral que é a mais indicada a ser trabalhada
no âmbito escolar, pois, é uma modalidade onde todos podem participar e que incentiva a união, o trabalho em
equipe e a criatividade e ajudar no desenvolvimento da psicomotricidade. Segundo Ayoub (2003) a presença da
Ginástica Geral na escola permite vivenciar, compreender, interpretar, aprender as inúmeras interpretações da
Ginástica para criar novas possibilidades e criar novos significados para a expressão gímnica. Este trabalho tem
como objetivo verificar através da vivencia dos alunos se a Ginástica Geral é utilizada como conteúdo de ensino
nas aulas de Educação Física durante todo o processo de formação básica. A metodologia utilizada foi uma
pesquisa quantitativa do tipo descritiva, que se deu através de um questionário composto de perguntas
semiabertas e fechadas, aplicado aos alunos do ensino médio da rede pública estadual de Divinópolis, MG. Após
análise dos resultados foi possível perceber que a Ginástica Geral quando os alunos se encontram na fase final da
sua formação básica, já não faz mais parte constante das aulas de Educação Física.

Palavras-chave: Divinópolis; Educação física escolar; Ginástica para todos.

INTRODUÇÃO

A Ginástica surgiu no século XIX, e era vista como o corpo reto e o porte rígido. Os estudos
sobre o corpo mostravam a sua utilização enquanto força de trabalho e para constituir um corpo
saudável. A partir daí surgem os métodos ginásticos. O movimento ginástico Europeu tomou grande
dimensão histórica e englobou as Escolas Alemã, Dinamarquesa, Sueca, Francesa e Inglesa
(PARANÁ, 2006).
A Ginástica no Brasil teve forte influência do método francês, com caráter militar e
desenvolve-se no ambiente escolar formando os primeiros instrutores escolares. O grande
responsável por implementar a Ginástica no Brasil foi Rui Barbosa e fora pensada para a saúde
coletiva com influência militar (PARANÁ, 2006).
De acordo com Toledo (2004) as capacidades físicas presentes na Ginástica são: velocidade;
resistência; equilíbrio; descontração; coordenação; ritmo; agilidade e flexibilidade. Capacidades estas
que são essenciais de serem desenvolvidas com os alunos desde a infância.
Com as aulas de Ginástica Geral é possível desenvolver com alunos atividades que melhoram
a integração social, disciplina, responsabilidade, iniciativa e organização, além de trabalhar a
resistência muscular localizada e geral, coordenação, flexibilidade, equilíbrio, ritmo e consciência
corporal. Segundo Ayoub,
Aprender ginástica geral na escola significa, portanto, estudar, vivenciar, conhecer,
compreender, perceber, confrontar, interpretar, problematizar, compartilhar, apreender as
inúmeras interpretações da ginástica para, com base nesse aprendizado, buscar novos
significados e criar novas possibilidades de expressão gímnica. Sob essa ótica, podemos
considerar que a ginástica geral, como conhecimento a ser estudado na educação física

¹ Professora orientadora da Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG unidade Divinópolis


² Graduando em Educação Física/licenciatura pela Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG. Email para
contato: cleogto@hotmail.com

359
escolar, representa a Ginástica. Considerando ainda, as características fundamentais da GG,
podemos afirmar que a ginástica traz consigo a possibilidade de realizarmos uma
reconstrução da ginástica na educação física escolar numa perspectiva de “confronto” e
síntese e, também, numa perspectiva lúdica, criativa e participativa (2003, p. 87).

Sabendo da importância que a Ginástica Geral pode trazer aos seus praticantes Ayoub (2003)
nos mostra que esta modalidade vem sendo esquecida nas aulas de educação física, aumentando
assim o descaso com esta prática corporal. A Ginástica Geral é uma das modalidades mais completas
para se trabalhar com as crianças o desenvolvimento motor, pois em suas principais características
estão: saltar; equilibrar; trepar; rolar; girar; balançar. Características estas que possibilitam condições
ideais para o desenvolvimento motor das crianças.
Diante destes fatos nosso trabalho tem como objetivo entrevistar alunos do ensino médio da
cidade de Divinópolis MG para saber se a modalidade de Ginástica Geral é aplicada hoje em dia e se
foi aplicada a estes alunos no ensino fundamental I e II.

MÉTODOS

Esta pesquisa caracteriza-se como quantitativa do tipo descritiva. Sobre a pesquisa


quantitativa, Fonseca (2002, p. 20) diz que:
Como as amostras geralmente são grandes e consideradas representativas da população, os
resultados são tomados como se constituíssem um retrato real de toda a população alvo da
pesquisa. A pesquisa quantitativa se centra na objetividade.

Influenciada pelo positivismo, considera que a realidade só pode ser compreendida com base
na análise de dados brutos, recolhidos com o auxílio de instrumentos padronizados e neutros.
A pesquisa quantitativa recorre à linguagem matemática para descrever as causas de um
fenômeno, as relações entre variáveis, etc.

Para realizar uma pesquisa descritiva é necessário que o investigador possua uma série de
informações sobre o que se deseja pesquisar. Neste modelo de estudo pretende-se relatar os fatos e
fenômenos de determinada realidade (TRIVIÑOS, 1987).
De acordo com o IBGE (2015), Divinópolis MG possui atualmente 7.062 alunos
matriculados no ensino médio das escolas públicas, distribuídos em 20 escolas da rede de ensino.
Destes alunos foram entrevistados uma amostra de 220 alunos do ensino médio das escolas
escolhidas para análise, os alunos responderam a um questionário, com questões fechadas com o
intuito de checar se em algum momento de suas trajetórias escolares, eles já vivenciaram a
modalidade de Ginástica Geral na escola. As escolas e os alunos foram relacionados aleatoriamente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A pesquisa nos leva a novas descobertas. As ações adequadas nesse processo


fundamentam em análises, leituras, reflexões, estimulando e impulsionando novas discussões
motivadas pelos seus resultados, determinando um ciclo constante do saber.
Após a aplicação dos questionários, foi realizada uma análise minuciosa dos dados, onde foram
realizadas as contagens de todas as respostas dos sujeitos da amostra. Os resultados serão
apresentados e discutidos.

360
Na primeira questão, foi perguntado aos alunos quais as modalidades de ginásticas eles
conhecem, as modalidades que mais se destacaram foram a Ginástica Rítmica e a Ginástica Artística
que foram citadas 96 vezes cada uma (44%), apesar de não ser uma modalidade com muito destaque
a Ginástica de Trampolim foi citada 80 vezes (36%), as demais Ginásticas: Acrobática, Aeróbica,
Geral e Hidroginástica foram citadas 44 vezes cada uma (20%).
Na segunda questão foi perguntado onde eles adquiriram conhecimento sobre essas
modalidades, 15 alunos (07%) responderam que na escola, 130 alunos (59%) na televisão, 50 alunos
(23%) na internet e 25 alunos (11%) na academia, é possível percebermos que a maioria respondeu
na televisão e na internet. Mota (2014) diz que a mídia tem forte influencia sobre as modalidades
esportivas presentes na escola e é possível percebermos isto nas questões 1 e 2 onde na questão 1 as
modalidades que mais apareceram foram as transmitidas nas olímpiadas do Rio de Janeiro e na
questão 2 eles apontam como maior fonte de transmissão de conhecimentos sobre a Ginástica a
televisão.
Na terceira questão foi perguntado se em algum momento da trajetória escolar do aluno a
Ginástica Geral esteve presente nas aulas e 165 alunos (75%) responderam que não e apenas 55
alunos (25%) responderam sim.
Na quarta questão perguntamos qual o tipo de Ginástica o aluno vivenciou na escola e 44
alunos (20%) responderam Ginástica Geral, 97 alunos (44%) responderam que nenhuma e 79 alunos
(36%) responderam que somente em atividades de alongamento/aquecimento. Podemos perceber que
apesar de pouco citada, a Ginástica Geral é a única que aparece nestas respostas o que mostra que
apesar de pouco praticada ela é a mais indicada para se trabalhar nas aulas de Educação Física
Escolar.
Ayoub (2004), Toledo (2001), Bertolini (2005) e Santos (2001) compartilham da mesma ideia
que, por suas características, a ginástica geral alcança diversos benefícios como: diversidade cultural,
facilidade de trabalhar com materiais convencionais e não convencionais, ausência de competição,
todos podem participar independente de idade, sexo, altura, flexibilidade.
Na quinta questão perguntamos quais os temas relacionados a ginástica já foram abordados
em sala pelos professores e os temas que apareceram foram: A História da Ginástica, 26 vezes
(12%); as diferentes modalidades da Ginástica, 12 vezes (5%); Ginástica enquanto esporte, 138
vezes (63%) e a relação entre Ginástica, cultura e sociedade, 44 vezes (20%). Percebemos que o
conteúdo teórico da ginástica é levado aos alunos, mas infelizmente o tema mais abordado é a
competição, enquanto deveria ser levada aos alunos uma forma de ludicidade para se trabalhar a
ginástica. Mas uma vez podemos perceber como dito por Mota (2014) como a mídia influencia nos
temas que os professores abordam em sala de aula
Na sexta questão foi perguntado se os alunos já vivenciaram algum tipo de ginástica fora da
escola e 55 alunos (25%) disseram que sim, em academias e com parentes enquanto 165 alunos
(75%) disseram que não.Oliveira e Lourdes (2004, p. 221) Dizem que GG é uma possibilidade de
encontro com a educação física escolar, uma vez que esta tem como perspectiva “[...] a integração
das diversas manifestações gímnicas e os outros componentes da cultura corporal, sendo sua
principal característica a ausência da competição”.
Na sétima questão perguntamos aos alunos se neste ano de 2016 eles já praticaram alguma
vez nas aulas de Educação Física a Ginástica Geral. 194 alunos (88%) disseram que não e apenas 26
alunos (12%) responderam que sim. Mas uma vez percebemos como os professores das escolas
estaduais de Divinópolis estão privando os alunos de vivenciarem a Ginástica Geral na escola,
destacando que a Ginástica, bem como a educação física, são conteúdosobrigatórios nos currículos
escolares de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases paraEducação (LDB, 1996).

CONCLUSÃO

361
Com a realização deste trabalho foi possível constatar que a Ginástica Geral apesar de fazer
parte do PCN é pouco aproveitada pelos professores de Educação Física em suas aulas, prova desta
falta de conteúdo, são as respostas que foram encontradas no questionário aplicado aos alunos,
principalmente na resposta da questão 07, onde 88% dos alunos responderam que neste ano, não
vivenciaram a Ginástica Geral no âmbito escolar.
Neste trabalho é possível vermos como a Ginástica Geral se faz importante para os alunos,
desde o ensino fundamental ao ensino médio, ela se faz necessária em planos de ensino inclusivos e
participativos além de ser uma grande aliada na educação do corpo, ela faz com que o aluno pense
sobre cuidar do corpo, não visando apenas à aparência física, mas em sua totalidade, aprendendo sua
relação com o mental, emocional, estético entre outros.
Mota (2014) diz que:
A ginástica é uma forte aliada nessa educação do corpo. Ela induz os alunos a um

pensar sobre a sua prática corporal, reconhecendo e usufruindo desse corpo, contribuindo
para o desenvolvimento moral, social e cultural através da interação com outros, o que
permite o mesmo reconhecer-se no meio, possibilitando a ele, desenvolver valores como
respeito mútuo, confiança e outras características fundamentais para o desenvolvimento
integral do individuo.

Cabe a nós, futuros professores pensarmos em uma nova forma de ensino, onde não só os
esportes que são divulgados pelas mídias tenham espaços em nossas aulas, é preciso realizar um
trabalho com ações diferenciadas para atrais estes alunos para uma modalidade de esporte pouco
divulgada, porém de suma importância para o desenvolvimento dos alunos, principalmente nos anos
iniciais. O comprometimento do professor de Educação Física para com o aluno não se limita apenas
a qualidades físicas, mas também a trabalhar outras possibilidades educativas através de atividades
como a Ginástica Geral.
Através deste trabalho esperamos que ele possa contribuir para que a Ginástica Geral possa
ganhar um espaço maior na escola, ampliando as possibilidades de sua abordagem com os alunos.

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363
HIDRATAÇÃO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: CONHECIMENTO DO
PROFESSOR

LOPES, Marli Coelho da Rocha1; FONSECA, Cletiana Gonçalves2

Síntese: O estudo teve como objetivo verificar o conhecimento científico dos professores de educação física escolar
sobre a hidratação. O trabalho foi caracterizado como descritivo e quantitativo. Inicialmente, todos os voluntários
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, por escrito individual para a participação no estudo.
Após a assinatura os voluntários responderam o questionário sobre o tema “Hidratação durante as aulas de
Educação Física Escolar” elaborado pelos pesquisadores e estruturado com questões objetivas e dissertativas,
direcionadas ao conhecimento sobre critérios de ingestão de água, sede e recomendações de reposição de líquidos
do Colégio Americano de Medicina do Esporte, relacionadas à atividade física. O estudo abrangeu 12 escolas,
sendo 4 particulares, 6 escolas públicas estaduais e 2 municipais. A amostra foi composta por 12 voluntários,
professores de Educação Física atuantes na Educação Básica da Cidade de Divinópolis/MG. Dados estão expressos
como média ± desvio padrão. Em relação à hidratação, foi verificado que 91,7% dos professores consideram a
abordagem do tema importante, nas suas aulas de Educação Física e, usam diferentes instrumentos de trabalho.
Foi apurado que 7 professores (58,3%) utilizam materiais de apoio ao abordar o tema hidratação nas suas aulas,
4 professores (33,3%) utilizam palestras e 1 professor (8,4%) não respondeu a pergunta. Quando as perguntas
tiveram um viés fisiológico foi observado que 50% dos professores acreditam que a sede é um mecanismo
fisiológico responsável por manter o estado de hidratação em níveis adequado. E 75% considera a sede um
sintoma da desidratação. O presente estudo encontrou que os professores de Educação Física consideram
importante e abordam o tema hidratação nas suas aulas de Educação Física, mesmo não conhecendo as
recomendações internacionais para a ingestão de líquidos relacionada a prática de exercícios físicos. Além disso, a
maioria dos professores avaliou a sede como um sintoma da desidratação.

Palavras–chave:Educação física escolar; Escola; Sedentarismo.

INTRODUÇÃO
O organismo humano é constituído por aproximadamente 70% de água. Em animais
homeotérmicos, incluindo os seres humanos, a água do organismo é proveniente da ingestão da água
pura e/ou de água contida nos alimentos. A necessidade de água diária depende de vários fatores,
como as condições ambientais, vestimentas, a prática de exercícios físicos, dentre outros
(CARVALHO; MARA, 2010). Assim como há recomendações para que os indivíduos tenham
hábitos alimentares saudáveis, há também recomendações para uma adequada ingestão de água.
Segundo o Colégio Americano de Medicina do Esporte, 1996 deve-se ingerir aproximadamente 500
mL de líquidos 2 horas antes do exercício físico. E durante o exercício deve-se beber água ao longo
do esforço, para que o volume ingerido seja suficiente para repor as perdas hídricas, que ocorrem
através da sudorese.A National Athletic Trainer’s Association (NATA) recomenda a ingestão de 500
a 600 mL de água ou bebida esportiva, 2 a 3 horas antes da realização do exercício físico e, entre 200
a 300 mL de líquidos de 10 a 20 min antes do esforço. A NATA recomenda que durante o exercício
a reposição deva se aproximar as perdas pelo suor. E após o esforço, a recomendação é que a
hidratação reponha as perdas de líquido. Ressalta-se que a perda de suor constitui a perda de água e
Professora da Universidade do Estado de Minas Gerais – Unidade Divinópolis. E-mail: cletiana.fonseca@uemg.br

364
eletrólitos que devem ser repostos (LEMOS et al., 2007).Por outro lado, há autores que consideram a
sede um mecanismo fisiológico responsável pela manutenção do estado de hidratação e, que não é
necessário à ingestão de volumes de água pré-estabelecidos para a manutenção da hidratação do
organismo (MACHADO-MOREIRA et al., 2006).Em seres humanos a Tint é mantida em
aproximadamente 37°C, mesmo sob uma ampla variação da temperatura ambiente. O controle
preciso da Tint ocorre por meio de ajustes nas taxas de produção e dissipação de calor, desencadeados
por mecanismos comportamentais e autonômicos (ROMANOVSKY, 2007).A dissipação de calor
induzida pelo exercício ocorre através do aumento do fluxo sanguíneo para a pele e produção de suor
(GORDON, 1999). O aumento da produção de suor combinado com a não ingestão de água pode
promover o estado de desidratação.
[...] quando a perda de água é maior que a sua reposição. Isso pode acontecer em qualquer
pessoa, mas as crianças e os idosos são mais susceptíveis a ela. Geralmente a depleção de
água se faz acompanhar pela perda de sais minerais nela diluídos, sobretudo sódio e potássio,
gerando um desequilíbrio eletrolítico. Em circunstâncias normais, o corpo perde e repõe pela
ingestão de dois a três litros de água por dia. Os mecanismos normais de perda são a
respiração, a transpiração, a urina e as fezes, alguns dos quais aumentam de intensidade com
o calor e o exercício. A desidratação leve comumente é provocada pela ingestão insuficiente
de líquidos, mas condições anormais como vômitos, diarreias, febres, excesso de urina ou de
suor e grandes queimaduras, que implicam em grandes perdas líquidas, podem levar a
deficiências exageradamente anormais de água e de eletrólitos (ABCMED, 2014, p.1).

A sudorese induzida pelo exercício físico depende da intensidade e duração do esforço. Sabe-
se que a manutenção da performance depende da disponibilidade de carboidratos, oxigênio e
hidratação adequada (RODRIGUES; MAGALHÃES, 2004). De forma que, a água possui uma
função importante na regulação da Tint (CARVALHO; MARA, 2010).A desidratação leve a
moderada pode causar sede, fadiga, perda de apetite, pele vermelha, tontura e urina concentrada. A
desidratação grave causa pele seca, visão fosca, espasmos musculares, choque térmico e até mesmo o
óbito (SCHWELLNUS, 2009).Sabe-se que a percepção subjetiva do esforço aumenta
proporcionalmente à desidratação (MONTAIN; COYLE, 1992). De forma que, a não ingestão de
líquidos por períodos prolongados, que resultam na desidratação, pode causar consequências
irreversíveis, como danos neurológicos às funções cognitivas. A desidratação pode influenciar a
função cognitiva, afetando a concentração e a retenção de conhecimento (INSTITUTO
HIDRATAÇÃO E SAÚDE, 2010).
O Instituto hidratação e saúde (2010) apresentaram que a desidratação entre 2-4% da massa
corporal pode induzir perda da memória de curto-prazo e diminuir a capacidade de atenção. Para um
estudante, isso pode significar dificuldade de interpretação e incapacidade de realizar operações
aritméticas. Portanto, a hidratação adequada pode auxiliar no desempenho escolar do aluno. Cabe à
escola promover situações de trocas de conhecimentos e discussões de forma interdisciplinar, bem
como sugerir estratégias, que conduzam os estudantes a terem hábitos adequados de ingestão de
água. O professor de Educação Física, por exemplo, pode inserir nas suas aulas alguns conceitos
básicos sobre a hidratação. Já que durante a atividade física e/ou exercício físico ocorre perdas de
líquidos por meio da sudorese e, que pode resultar na ativação do mecanismo de sede.Justificativa:
Um dos motivos para estudar a hidratação é a falta de consenso sobre o tema. Alguns autores
defendem estratégias para facilitar a reposição de líquidos antes, durante e após a realização de
exercícios físicos (ACSM, 1996). No entanto outros autores questionam as recomendações pré-
estabelecidas para a reposição de líquidos e, sugerem que a ingestão de acordo com a sede é
suficiente para manter o organismo hidratado (MACHADO-MOREIRA et al., 2006).Além disso, a
partir da observação feita durante o acompanhamento das aulas de Educação Física do estágio
curricular na Educação Básica foi verificado que os alunos não ingeriam água de forma adequada,
após a realização das mesmas. Isso ocorria devido à falta de bebedouros que permitissem a ingestão
de água, quando os alunos apresentaram sede. A água que saia do bebedouro não tinha pressão e, era

365
mantida em temperatura elevada, o que resultava em desconforto durante a ingestão e,
consequentemente consumo em quantidades menores. Além disso, foi observada a falta de incentivo
para a ingestão de água, por parte dos professores de Educação Física. Objetivo Geral: Verificar o
conhecimento científico dos professores de educação física escolar sobre a hidratação.

MÉTODOS
O presente trabalho é caracterizado como descritivo e quantitativo. Inicialmente, todos os
voluntários assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE (APÊDICE A), por
escrito individual para a participação no estudo, após receberem orientações sobre o estudo. Os
voluntários tiveram a oportunidade de sanar todas suas as dúvidas em relação à participação na
pesquisa. Os dados relacionados ao trabalho foram utilizados apenas para fins científicos e a
identidade dos participantes foi mantida em sigilo. Após a assinatura os voluntários responderam a
um questionário sobre o tema “Hidratação durante as aulas de Educação Física Escolar”
(APÊNDICE B). Para a avaliação do conhecimento dos professores de Educação Física frente à
atuação com crianças e adolescentes nas escolas, foi elaborado pelos pesquisadores um questionário
estruturado com questões objetivas e dissertativas, direcionadas ao conhecimento sobre critérios de
ingestão de água, sede e recomendações de reposição de líquidos do American College of Sports
Medicine (ACSM) – Colégio Americano de Medicina do Esporte relacionadas à atividade física. O
estudo abrangeu 12 escolas, sendo 4 particulares, 6 escolas públicas estaduais e 2
municipais.Amostra: A amostra foi composta por 12 voluntários (indivíduos adultos de ambos os
gêneros), professores de Educação Física atuantes na Educação Básica, em escolas públicas e
particulares da Cidade de Divinópolis/MG.Os questionários foram entregues aos professores, os
quais puderam responder sob a supervisão do pesquisador ou entregá-lo preenchido, posteriormente.
Foram distribuídos 25 questionários, sendo que apenas 12 professores responderam.Análise
estatística: Os dados estão expressos como média ± desvio padrão.

RESULTADOS
Foram distribuídos 25 questionários para professores de Educação Física que atuam com
crianças e adolescentes na Educação Básica nas Escolas da Cidade de Divinópolis/MG. No entanto,
apenas 12 professores responderam o questionário, o que representa apenas 48% da amostra
contatada. Participaram da pesquisa 8 professoras e 4 professores com idade 32,7 ± 6,1 anos, tempo
de profissão de 8,1 ± 4,9 anos, sendo 2 mestres, 7 especialistas e 3 possuem apenas graduação. Em
relação à hidratação, foi verificado que 91,7% dos professores consideram a abordagem do tema
importante, nas suas aulas de Educação Física e, usam diferentes instrumentos de trabalho. Foi
apurado que 7 professores (58,3%) utilizam materiais de apoio ao abordar o tema hidratação nas
suas aulas, 4 professores (33,3%) utilizam palestras e 1 professor (8,4%) não respondeu a pergunta.
Nenhum professor utiliza livros como referência ao tema. Foi verificado que 91,7% usam as suas
aulas teóricas para falar sobre a importância da hidratação. E todos incentivam os seus alunos a
ingerirem água durante as aulas de Educação Física. Quando as perguntas tiveram um viés
fisiológico foi observado que 50% dos professores acreditam que a sede é um mecanismo fisiológico
responsável por manter o estado de hidratação em níveis adequado. No entanto, 75% considera a
sede como um sintoma da desidratação.

DISCUSSÃO

366
O presente estudo mostrou que menos da metade dos professores contatados se
disponibilizaram a participarem da pesquisa. Mais de 91% dos entrevistados abordam o tema
hidratação nas aulas de Educação Física, por meio de palestras e materiais de apoio. E todos os
professores incentivam a ingestão de água durante as suas aulas. No entanto, apenas metade dos
professores entrevistados conhecem as recomendações para ingestão de líquidos durante exercícios
físicos do Colégio Americano de Medicina do Esporte. Além disso, aproximadamente 58% dos
professores consideram a sede um mecanismo fisiológico responsável por manter o estado de
hidratação em níveis adequados e, ao mesmo tempo 75% avaliaram a sede como um sintoma da
desidratação.O incentivo dos professores para ingestão de água durante as aulas de Educação Física é
muito importante. A duração das aulas é de aproximadamente 50 min, de forma que os professores
devem considerar no planejamento da mesma a intensidade e condições ambientais. Uma vez que, a
perda hídrica pelo suor depende da intensidade, duração e temperatura ambiente. O aumento da T int e
da frequência cardíaca pode ser atenuado pela ingestão de fluidos durante a atividade física (BAR;
COSTILL; FINK, 1991). De forma que, o débito cardíaco e o volume de ejeção não diminuem
quando a ingestão de água previne a desidratação (MACHADO-MOREIRA et al., 2006).Apenas
50% dos professores entrevistados conhecem as recomendações do Colégio Americano de Medicina
do Esporte para ingestão de líquidos. Sugere-se que os resultados encontrados sejam devido às
recomendações serem específicas para o meio esportivo e não escolar. Apenas 50% dos professores
conhecem as recomendações do Colégio Americano de Medicina do Esporte para a ingestão de
líquidos. E apenas 58% consideram a sede como um mecanismo fisiológico responsável por manter
o estado de hidratação em níveis adequados. Esses resultados demonstram que os professores
desconhecem as discussões científicas que embasam a falta de consenso sobre o tema. Uma vez que
há autores que defendem estratégias pré-estabelecidas para a reposição de líquidos, que deve ser
igual a perda pelo suor (ACSM, 1996) e, autores que defendem a sede como um mecanismo que
protege o organismo da desidratação (MACHADO-MOREIRA et al., 2006).A percepção subjetiva
do esforço é aumentada com a desidratação (MONTAIN; COYLE, 1992). E a realização das aulas de
Educação Física sob o sol pode resultar em desconforto, desmotivação e interrupção das atividades
físicas propostas. Considerando que a maior parte das escolas públicas não possui quadra coberta,
uma das estratégias para controlar a intensidade das aulas de Educação Física realizada sob o sol
pode ser a utilização do Instrumento - Pictorial Children’s Effort Rating Table (PCERT). A PCERT
é uma tabela ilustrativa que avalia a percepção subjetiva do esforço para crianças e adolescentes. A
PCERTpossui descritores numéricos e verbais, associados a desenhos de um menino se exercitando,
o qual muda de expressão facial e de postura à medida que o esforço aumenta. Quanto maior o valor
numérico, maior a intensidade do exercício físico (YELLING et al., 2002).

CONCLUSÃO
O presente estudo encontrou que os professores de Educação Física consideram importante e
abordam o tema hidratação nas suas aulas de Educação Física, mesmo não conhecendo as
recomendações internacionais para a ingestão de líquidos, relacionada a prática de exercícios físicos.
Além disso, a maioria dos professores avalia a sede como um sintoma da desidratação.

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368
INCLUSÃO DE ALUNOS COM NEE NO ENSINO REGULAR: AS DIFICULDADES
ENFRENTADAS PELO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Vitoriano, Raissa Fernandes¹

NASCIMENTO-CARDOSO, Amanda Mayara do².

Síntese: Esse estudo tem como abordagem principal, a dificuldade encontrada pelos professores de educação física
para lidar com alunos com necessidades educacionais especiais. Tem como problemática o interesse em investigar
se as aulas de educação física são inclusivas ou excludentes e se os professores estão preparados para adaptar as
aulas e trabalhar com esses alunos. Assim como também tem o objetivo de identificar a relação dos professores
com esses alunos no ambiente escolar e se eles estão preparados para trabalhar com os mesmos. Foi realizada uma
pesquisa com 17 professores de Educação Física da Secretaria de Estado de Educação de Divinópolis. Os mesmos
foram escolhidos de forma aleatória, tendo como único pré-requisito o fato de lecionar a disciplina Educação
Física em escolas regulares de ensino fundamental e médio da cidade de Divinópolis. Dos 17 entrevistados 9
possuíam Superior completo, 6 especialização, 1 mestrado e 1 doutorado. 15 deles cursaram faculdade privada e 2
faculdade pública. 5 deles tinham 1 a 5 anos de experiência, 6 deles 5 a 10 anos e 8 deles mais de 10 anos de
experiência como professores de educação física. Para a coleta de dados utilizou-se um questionário
semiestruturado contendo 10 questões fechadas e 5 questões abertas, com ideias do questionário desenvolvido por
Aguiar e Duarte (2005), durante as leituras realizadas para a elaboração do trabalho.

Palavras-Chave: Dificuldades do professor. Ensino Regular. Inclusão de alunos com NEE.

INTRODUÇÃO
De acordo com Sassaki (1997), a inclusão de pessoas com necessidades educacionais
especiais vem sendo efetivada em países desenvolvidos desde os anos 80. No Brasil, só aumentou os
estudos voltados para a inclusão a partir da Constituição da Republica Federativa de 1988.
A educação inclusiva deve ser apropriada e de qualidade para todos os alunos, isso inclui
alunos com necessidades educacionais normais e os com necessidades educacionais especiais. Na
escola regular, nas salas do ensino comum, onde deve desenvolver um trabalho pedagógico para
todos os alunos, sem discriminação (AGUIAR, DUARTE 2005).
Segundo David Rodrigues (2003) a escola inclusiva possui algumas contradições, que se
tornam mais evidentes ao longo de sua implantação. Foram criados dois tipos de alunos no ensino
regular. Os alunos com necessidades educacionais ‘normais’ e os alunos com necessidades
educacionais especiais. Isso criava situações de desigualdade, pois os alunos com deficiência
identificada tinham direito a condições especiais de acesso ao currículo, os sucesso escolar e um
atendimento personalizado. Já os alunos sem uma deficiência identificada, não encontravam apoio,
sendo muitas vezes marginalizados.
A presença de um aluno deficiente na escola muda radicalmente o interior da mesma, seja no
ensino, na avaliação, no currículo, ou seja, em todo o âmbito do sistema da escola. Para se
implementar uma escola inclusiva é necessário oferecer cursos de reciclagem para a capacitação dos
docentes. Outro fator importante é a existência de um corpo técnico especializado (psicopedagogo,
fonoaudiólogo e psicólogo), o apoio da família, acabar com as barreiras arquitetônicas, o apoio da

¹Graduanda em Educação Física Licenciatura da UEMG- Campus Divinópolis-MG raissinha123@outlook.com


²Mestra em Ciências da Motricidade pelo Instituto de Biociência- UNESP

369
sociedade política, metodologias de ensino, a destinação de verbas, recursos didáticos e sistemas de
avaliação e materiais (ARANHA,2000; CARDOSO, 1992).
De acordo comFávero, Pantoja e Mantoan (2004), o sucesso da aprendizagem está na
busca dos talentos, na atualização das possibilidades e no desenvolvimento de predisposições
naturais de cada aluno. As dificuldades, deficiências e limitações do aluno, têm que ser observadas,
mas sem a restrição do processo de ensino do mesmo. Pra que as estratégias de ensino desse processo
sejam possíveis, devem envolver ação cooperativa, auto-avaliação e desafios cognitivos.

Percebe-se que vários pontos de vista estão sendo levantados e estudados no que se refere à
execução efetiva da inclusão, o objetivo desse estudo na área da Educação Física é analisar a
preparação dos professores de educação física ao trabalhar com a inclusão de alunos com
necessidades educacionais especiais em suas aulas no ensino regular.

MÉTODOS

O instrumento utilizado é um questionário do tipo semiestruturado, desenvolvido


especificamente para este estudo, com ideias do questionário desenvolvido por Aguiar e Duarte
(2005), durante as leituras realizadas para a elaboração do trabalho.
O questionário é composto por 10 questões fechadas e 5 abertas. Participaram desta pesquisa,
17 professores de Educação Física da Secretaria de Estado de Educação de Divinópolis/MG. Os
mesmos foram escolhidos de forma aleatória, tendo como único pré-requisito o fato de lecionar a
disciplina Educação Física em escolas regulares de ensino fundamental e médio da cidade de
Divinópolis. Os professores entrevistados assinaram um Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE) onde confirmaram a participação no estudo. Foi realizada uma análise descritiva
e qualitativa, a partir da apresentação dos dados obtidos por meio de porcentagens de forma que foi
possível ter uma visão de como os mesmos foram distribuídos por questões.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Verificou-se com a aplicação do questionário que 64,5% das escolas dos entrevistados não
têm preparo para receber um aluno com necessidades educacionais especiais, enquanto 35,2% está
adequada para receber esses alunos. O que nos remete a uma reflexão de um estudo feito por Palma e
Manta (2010), de ser primordial a exclusão de qualquer barreira arquitetônica que dificulte ou
impeça a autonomia desses alunos no ambiente escolar.
Pode-se verificar que 70,5% dos entrevistados se sentem preparados para incluir um aluno
com necessidades educacionais especiais em suas aulas, enquanto 29,5% não se sentem preparados.
Para esses professores que não se sentem preparados, podemos destacar um estudo de Flores e Krug
(2010), os autores destacaram que grande parte dos acadêmicos se sentiam pouco preparados para
atuarem com alunos com necessidades educacionais especiais e demonstraram que ainda é pouco
trabalhado esse tema dentro dos cursos de educação física.
Analisando uma das questões do questionário “Caso afirmativo, qual método você utiliza em
suas aulas para incluir esse aluno?” 4 dos 17 entrevistados não responderam a questão, 9 deles
responderam de forma vaga tipo: “...pesquisa, observação e inserção nas aulas”.”...participação
efetiva”. Desses apenas 4 tiveram respostas mais fundamentadas tipo: “...incluir da melhor forma,
conforme as capacidades e individualidade biológica de cada um”.
Levando em conta as respostas dos entrevistados a essas questões, pode-se constatar que na
realidade dos 17 entrevistados, cerca de 76,5% não tem conhecimento suficiente para incluir um
aluno deficiente em suas aulas, e que cerca de 23,5% tem esse conhecimento. Encontra-se várias

370
barreiras na educação inclusiva, pois a maioria dos profissionais não se sentem capacitados para
trabalhar com alunos com necessidades educacionais especiais.
Os entrevistados apontaram que as maiores dificuldades encontradas por eles para incluir um
aluno com necessidades educacionais em suas aulas são a falta de conhecimento e preparo, também a
falta de espaço físico e material didático adequado e o grande número de alunos por turma. Aqui
podemos apontar novamente a importância do governo em fornecer recursos financeiros e cursos de
aprimoramento para os professores incluírem esses alunos de forma correta e respeitosa.
Cerca de 88,2% dos entrevistados responderam que a participação de alunos com
necessidades educacionais especiais nas aulas de educação física, auxilia na sua inclusão na
comunidade escolar, enquanto 11.2% dos entrevistados responderam que não auxilia. Acreditamos
que com a escola inclusiva a aceitação da sociedade com as crianças que possuem alguma
necessidade educacional será maior. Segundo Cardoso (2003), a inclusão de alunos com
necessidades especiais na rede regular, é um caminho fundamental para se atingir a inclusão social.

CONCLUSÕES

Com a elaboração deste trabalho, percebeu-se que a inclusão no ensino regular é um direito
de todos e possui grande importância para as pessoas que possuem necessidades educacionais
especiais, visando que as atividades praticadas por essa população tem influência positiva na
construção de seu conhecimento sobre si e da sua aceitação ao meio. E que é de grande importância
o papel da Educação Física no ambiente escolar como auxiliadora no processo de socialização desses
alunos, pois nas aulas de educação física todas as atividades são executadas em conjunto,
possibilitando assim a interação e integração entre todos os alunos.
Sabemos que a inclusão é obrigatória, existem leis, mas infelizmente ela não ocorre de forma
correta e respeitosa. O governo não dá auxílio real, a maioria das escolas regulares e os professores
não estão preparados e aptos para receber esses alunos. Mas cabe a cada um de nós fazer a real
diferença para que a inclusão seja efetiva em nosso país, cabe a cada um estudar para incluir da
melhor maneira possível, cabe a cada um escolher o caminho a se seguir, incluir ou excluir.

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372
OS ASPECTOS DOS EXERGAMES NA EDUCAÇÃO FÍSICA

Pardini, Larissa Santana¹; Cardoso, Amanda Mayara Do Nascimento²

Síntese: A fim de facilitar o processo de aprendizagem, os jogos virtuais vêm sendo inseridos cada vez mais na
Educação Física. Dessa maneira, os Exergames, que foram desenvolvidos recentemente, são conhecidos
sobretudo por promoverem a interação do corpo físico com o ambiente virtual, sendo uma ferramenta eficaz
para aquisição de novas habilidades fora da prática tradicional de exercício físico, comumente empregado nas
aulas de Educação Física. Por meio dos jogos eletrônicos, o profissional educador consegue transmitir aos seus
alunos de maneira lúdica conhecimentos das mais diversas áreas da Educação Física, ao inserir atividades
características dos Exergames, como ginásticas, lutas, danças e outras que são auxiliadoras na introdução de
disciplinas que abordam a fisiologia do exercício corporal, a aprendizagem motora e a biomecânica. Visto isso,
este estudo baseia-se em um levantamento e análise de pesquisas realizadas por autores tais como Bernadi e Ilha
(2011), Alves e Carvalho (2012), Luterman (2012), Vaghetti (2010) entre outros, com o intuito de munir
teoricamente os docentes da área de Educação Física com as possibilidades pedagógicas do uso dos Exergames a
serem trabalhadas em sala de aula e suas consequências.

Palavras–chave: Aprendizagem; Jogos; Tecnologia; Virtual.

INTRODUÇÃO

A Educação Física é uma forte estrutura das relações entre movimento, tecnologia e
conhecimento. No entanto, inserir a tecnologia inovadora dos novos tempos nessa disciplina é um
trabalho árduo que desafia a tarefa do profissional educador. A introdução de novos elementos
tecnológicos exige do professor uma constante atualização, em detrimento de suas características
efêmeras, assim como também, essa modalidade de ensino adquire qualidades que resultam em uma
formação de pensamento e crítica abrangente, abrindo espaço para novos estudos a respeito da
educação.
Portanto, a partir dessas informações, este estudo trata relativamente da importância, assim
como também da influência positiva e negativa da tecnologia inovadora dos Exergames sobre a
didática de Educação Física nas escolas, além de ressaltar que é perfeitamente possível inserir
elementos tecnológicos nas atividades educacionais através de processos originais.
Principiando da conveniência em aperfeiçoar os conhecimentos nas aulas de Educação
Física gerados em conformidade com a tecnologia de comunicação e informação, este trabalho está
conduzido às informações ideais de inovações tecnológicas a serem introduzidas na didática
educacional do professor.
O fator justificativo desse estudo é os avanços tecnológicos diante das interpretações
educativas, uma vez que os jogos de videogames vêm ocupando um lugar significativo na vida das
crianças e adolescentes, sendo uma ferramenta a ser acrescida na concretização de tarefas

1
Graduanda de Educação Física pela Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG). stalarvidros@hotmail.com
2
Graduada de Educação Física, Mestre em Ciência de Motricidade pela Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita (UNESP/Rio Claro). amanda.cardoso@uemg.br pedagógicas

373
interacionando jogos virtuais corpóreo-interativos com a prática de exercícios físicos.

MÉTODOS

O presente estudo trata-se de uma pesquisa qualitativa e descritiva com embasamento em


uma busca eletrônica pertinente e embasados em referências bibliográficas, relatando
majoritariamente pensamentos de autores como Alves e Carvalho (2011) e Bernardi e Ilha (2012).

FUNDAMENTAÇÃO TEORICA E DISCUSSÕES

A conexão da atividade corporal com os jogos virtuais é uma tecnologia denominada como
Exergame. Assim, a prática do exercício físico recebe a complementação do fascínio pelos games,
sendo dessa forma, melhor aproveitada.
Embora os Exergames possuam uma proposta de interação corporal com a tecnologia que
incentiva o movimento, essa interação não substitui os exercícios esportivos e demais modalidades
tradicionais aplicadas nas aulas de Educação Física.
No ponto de vista de Lévy (1999), para que os seres humanos absorvam de maneira mais
eficaz as informações, é preciso que estas estejam relacionadas com algum domínio de
conhecimento em que eles estejam habituados. Assim, os Exergames surgem com esse propósito.
Visto que os alunos fazem parte de uma sociedade pós-moderna e estão familiarizados com a
tecnologia da informação, a possibilidade de um jogo virtual interagido com um esporte ou
exercício físico representa a aquisição de conhecimentos de maneira mais espontânea, fácil e
eficiente.
As consequências positivas dos Exergames expostas por Alves e Carvalho (2011) indicam
que é um instrumento de participação proveitosa no tratamento não somente de anemia falciforme,
como também de câncer em crianças. Outra conclusão apontada foi a prática de jogar videogames
melhora a capacidade cognitiva e atenção visual do indivíduo.
Através de um estudo concretizado por Luterman (2012), foi destacado que a tecnologia dos
Exergames estimula o movimento corporal, tornando o corpo mais saudável. Tal estudo, relatou a
respeito da interconectividade entre os videogames e os corpos dos indivíduos, debatendo seus
aspectos de bem estar e conforto de vida.
Em contrapartida, ao levantar algumas informações, Alves e Carvalho (2011) identificaram
aspectos negativos referente ao uso de Exergames nas aulas de Educação Física. Os autores
apontam comportamentos agressivos e delinquentes por parte dos alunos como efeitos do uso
desses videogames.

CONCLUSÕES

Sabe-se que a tecnologia informativa possibilita a aquisição de conhecimentos, promovendo


uma aprendizagem instantânea em suas mais variadas formas. Essas tecnologias, quando bem
empregadas, acarretam de inúmeros benefícios para a prática pedagógica da Educação Física. No
entanto, vale ressaltar que a mesma surge com aspectos negativos ao ser utilizada de maneira não
conveniente ao processo de educação, como as reações agressivas, a distração, o desinteresse, entre
outros.

374
De alguns anos para até então o contexto atual, profissionais da área de Educação Física e
outras áreas vêm manifestando uma preocupação em relação a inclusão dos alunos na realidade
contemporânea, que tratando de experimentar, pesquisar e obter resultados através de tentativas de
inclusão digital dos alunos nos laboratórios de informáticas.
Dessa forma, é preciso reanalisar o ensino tradicional de Educação Física, o qual considera
somente os esportes coletivos, o que faz com que apenas alunos com habilidades para esses esportes
participem ativamente das aulas.
Uma vez que se sabe que os jogos podem atuar na educação como uma significativa
ferramenta lúdica, a fim de gerar conhecimento espontaneamente, através de processos interativos e
de diversão, os Exergames surgem como um recurso tecnológico a ser aplicado durante as aulas de
Educação Física, proporcionando uma maior participação dos alunos durante as aulas
Entretanto, enquanto dispositivos tecnológicos, esses jogos que promovem a interação do
ambiente virtual com movimento do corpo, requerem uma abordagem pedagógica diferente. Nesse
caso, o deverá dispor de uma boa compreensão do processo de aplicação dos Exergames,
avançando além do que é exigido, como adequação às faixas etárias e aos estados intelectuais dos
alunos. É necessário que além do que foi citado, o professor saiba de qual maneira ocorre a relação
da sua turma de alunos com os instrumentos de ensino nos mais variados âmbitos educacionais.
Assim, a utilização de Exergames com objetivo pedagógico na Educação Física
sempre deverá ser utilizada com supervisão e mediação do professor, o qual deverá manter a sua
posição de educador e desempenhar funções de cunho pedagógico a fim de desenvolver relações
sociais necessárias para a formação do aluno como cidadão.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERNARDI, G. e Ilha, P. V. O videogame como atividade motivadora na aula de educação


física. Revista Biomotriz, 5(1), 266-279, 2011.

FINCO, Mateus David; FRAGA, Alex Branco. Rompendo fronteiras na Educação Física através
dos videogames com interação corporal. Motriz, Rio Claro, v.18, n.3, p.533-541, 2012.
LVES, L., y Carvalho, A. M. Videogame: é do bem ou do mal? Revista Psicologia em Estudo,
16(2), 117-128, 2011.

LÉVY, P. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Rio de


Janeiro: 34, 1999.

LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: 34, 1999.

LUTERMAN, L. A. A inscrição dos corpos em uma outra dimensão: interatividade em


videogames. Rev. de Educação, Linguagem e Literatura da UEG-Inhumas, 4(1), 48-70, 2012.

MORAES, V,L,O. Fusão de Ciências: Exergames. Disponível em:


http://informaticabiomedica.fmrp.usp.br/index.php/pt-br/noticias/69-fusao-de-ciencias-exergames.
Acesso Out 2016.

MORAN, C. A., Corso, S. D., Peccin, M. S. e Ghorayeb, N. A prática de exercício físico e o vídeo-
game no século XXI. Revista DERC, 2(4), 24-25, 2014.

PASCH, M.; Bianchi-Berthouze, N.; Dijk, B.V.; Nijholt, A. Movement-based sports video games:
investigating motivation and gaming experience. Entertainment Computing, 1: 49-61, 2009.

375
VAGHETTI, C,A,O; Botelho, S.S.C. Ambientes virtuais de aprendizagem na Educação Física:
uma revisão sobre a utilização de exergames. Ciências & Cognição, 15: 76-88, 2010

VAGHETTI, C,A,O; Botelho, S.S.C; Sperotto, R, I. Cultura digital e Educação Física:


problematizando a inserção de Exergames no currículo. Revista trilhas de games e cultura, 65-
67, 2010

376
PSICOMOTRICIDADE E EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

RODRIGUES, Carla Leone Santos¹; NASCIMENTO-CARDOSO, Amanda Mayara do².

Síntese: A Educação Infantil é considerada a primeira etapa da educação básica. A Educação física como ação
psicomotora incentiva a prática do movimento trabalhando assim o cognitivo o motor e afetivo. A
psicomotricidade não é um saber especializado nem técnicas do corpo, mas sim uma proposta do ser na
globalidade. A escola vem trazendo novos conceitos e ações para melhoria de cada aluno. Na educação infantil a
educação física não é obrigatória, mas a Educação Física pode ser considera um dos principais elementos da
Educação Infantil por intermédio de conteúdos aplicados de forma lúdica, recreativa possibilita o conhecimento.
Esse estudo teve como objetivo compreender a importância da psicomotricidade no ensino infantil, observando os
aspectos que a compõem e as fases do desenvolvimento psicomotor. Para fazer interferências no desenvolvimento
da criança, de maneira adequada, torna-se necessário conhecer as funções psicomotoras existentes e como
trabalhá-las nas aulas de Educação Física.

Palavrra-Chave:Educação física; Educação infantil; Psicomotricidade.

INTRODUÇÃO

Durante a vida, o ser humano passa por várias alterações mentais e corporais, sendo assim
adotado certo comportamento social como consequência. Essas alterações podem provocar algumas
dificuldades na execução de determinadas atividades, prejudicando de modo negativo às suas
relações sociais, assim atingindo negativamente sua vida. As dificuldades que a criança apresenta na
infância podem ter consequência em toda sua vivência, dentro e fora da escola e isso reflete na fase
adulta. Por isso, é necessário trabalhar todos os aspectos, sendo ele cognitivo, afetivo ou motor do
aluno, para juntamente com esses aspectos haja uma aprendizagem. Essa é a função da
psicomotricidade, o que a torna importante no ensino infantil (LE BOULCH,1987).
De acordo com a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB n° 9394/96)
estabelece a educação infantil como primeira etapa da educação básica, de 0 a 6 anos. A partir daí
entram em debate as questões que dizem respeito a natureza, a necessidades, maturação e construção
social destas crianças, currículo a ser trabalhado, estrutura e profissionais envolvidos.
O desenvolvimento e a aprendizagem estão interligados desde que acriança passa a ter
contato com o mundo. O principal instrumento da Educação Física é o movimento corporal podendo
atingir vários campos, como o motor, cognitivo e afetivo. Cadafase do desenvolvimento infantil tem
suas características, portanto, exige estudos aprofundados sobre os métodos pedagógicos.
Segundo Salomão (2007), a educação infantil é destinada à criança curiosa por conhecer o
mundo, neste sentido cabe não somente trabalhar com o desenvolvimento cognitivo da criança, mas
entender sobre seus interesses e necessidades, seu processo de desenvolvimento e suas formas de
construir significados para o mundo que as cerca e, acima de tudo, sobre o seu destino social. Neste
sentido, cabe não somente trabalhar com o desenvolvimento cognitivo da criança, mas entender

¹Graduando em Educação Física Licenciatura da UEMG- Campus Divinópolis-MG guilhermeenunes@hotmail.com


²Mestra em Ciências da Motricidade pelo Instituto de Biociência- UNESP

377
sobre seus interesses e necessidades, seu processo de desenvolvimento e suas formas de construir
significados para o mundo que as cerca e, acima de tudo, sobre o seu destino social.
Sendo assim, essa pesquisa teve como objetivo compreender a importância da
psicomotricidade no ensino infantil, observando os aspectos que a compõem e as fases do
desenvolvimento psicomotor. Para fazer interferências no desenvolvimento da criança, de maneira
adequada, torna-se necessário conhecer as funções psicomotoras existentes e como trabalhá-las nas
aulas de Educação Física.

MÉTODOS
O estudo realizado consiste em uma revisão bibliográfica realizada em trabalhos e artigos
científicos que abordam temas relacionados à psicomotricidade e ao ensino infantil. A pesquisa
bibliográfica contribui para um grande alcance de informações, além de facilitar a utilizaçãode
diversos dados dispersos em muitas publicações, ajudando também na estruturação e definição de
conceitos que envolvem os elementos de estudo proposto (GIL, 1994).O acesso ao banco dedados foi
obtido por meio de livros e artigos. Para a coleta dos trabalhos, foram utilizadas as palavras-chave:
psicomotricidade, ensinoinfantil, desenvolvimento motor, elementos psicomotores, atividades
lúdicas, brincadeiras e EducaçãoFísica.Depois de a leitura exploratória ter sido feita, foram feitas
analises sobre o tema discutido. Assim sendo necessário que exista sempre uma revisão da literatura
sobre o tema abordado, para que possamos acumular o maior número de informações sobre o
assunto, possibilitando mais alternativas a serem selecionadas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Psicomotricidade é a ciência que estuda o indivíduo através do movimento. Movimentos


esses que podem ser expressados nos aspectos motores, cognitivos e afetivos. Segundo Gonçalves,
(2010, p.85) “O movimento psicomotor está carregado de intenção, pois é resultado de uma ação
planejada. (psico) voltada a um fim determinado”.
A psicomotricidade tem como meta mostrar-nos o indivíduo em sua totalidade, sem separar o
corpo, sujeito e afetividade. Buscando assim um equilíbrio entre a ação motora-cognitiva-afetiva
para buscar seu espaço e identificar-se com o meio ao qual pertence.A psicomotricidade também
possui alguns pilares que são: a psicomotricidade em si, que está ligada a estimulação psicomotora; o
poder fazer, que está ligada à atenção e a interação com o meio; o querer fazer, a motivação das
crianças e suas emoções; o saber fazer, ligada a memória e cognição de cada criança. Esses pilares
servem de base para que possa haver aprendizagem (GONÇALVES, 2010).
Por meio da estimulação adequada cada criança criará uma comunicação corporal repleta de
significados. Tais estimulações levarão a criança a experiências concretas e com significados,
podendo fazer com que haja apropriação e manipulação do meio à qual está inserida construindo
assim uma base solida como pessoa.
No primeiro ciclo, quando as crianças entram na escola elas já tem alguns conhecimentos
sobre movimentos adquiridos através do corpo ou do meio em que vivem. Nesta fase as crianças são
muito agitadas, o professor tem que interferir quando for preciso para que haja uma organização
sendo assim possível o ensino-aprendizagem (PCN, 2001).

378
Segundo Monteiro (2007), há alguns conceitos a serem trabalhados durante as aulas de
educação física, tais como: Coordenação Motora Global - Possibilidade de controle e organização da
musculatura ampla para a realização de movimentos complexos. Estruturação Espacial - a orientação
e estruturação do mundo exterior relacionado com outros objetos ou pessoas em posição estática ou
em movimento. Sendo a consciência da relação do corpo com o meio; Esquema Corporal – Tomada
de consciência de cada segmento do corpo (interna e externa ) e se dá a partir da experiência vivida
do indivíduo com base na disponibilidade do conhecimento que tem sobre o próprio corpo e de sua
relação com o mundo que cerca; Lateralidade – Representa a conscientização integrada e simbólica
interiorizada dos dois lados do corpo, lado esquerdo e lado direito, o que pressupõe a linha média do
corpo, que no decorrer estão relacionados com a orientação face aos objetos. Essa conscientização do
corpo pressupõe a noção de direita e esquerda e, sendo que a lateralidade com mais força, precisão,
preferência, velocidade e coordenação, melhor capacidade e dominância cerebral.
Ainda, nesta fase o professor tem que fazer com que a criança vivencie diferentes atividades,
valorizando e respeitando a individualidade de cada um. As regras têm que ser claras e simples
brincadeiras onde trabalhe posicionamento e jogos deve ter um destaque no conteúdo de atividades
do primeiro ciclo infantil, para que as crianças se posicionem melhor e tenho uma melhor noção de
espaço.
Proporcionar a elas atividades motoras que envolvam: correr, saltar, pular, arremessar,
arrastar, quicar bolas, bater e rebater, escalar, receber, rolar, trabalhando assim várias partes do corpo
e situações (PCN, 2001). É preciso também que eles conheçam os objetos que farão parte de suas
atividades como: bola, corda, bastões, colchonetes, elásticos. Estas experiências devem ocorrer de
forma individual, circuitos também podem ser trabalhados com forma de desenvolver capacidades e
habilidades das crianças.
O corpo, por ser veículo de expressão faz com que o sujeito expresse toda sua subjetividade e
complexidade que deve ser efetivada através de ações motoras.À medida que o sistema nervoso vai
adquirindo maturação, o comportamento da criança vai se diferenciando e se modificando.
Primeiramente, a criança se desenvolve globalmente através de grandes feixes de músculos que,
posteriormente, quando esses feixes são mais usados, a criança passa a desenvolver a sua
coordenação motora fina.
A motricidade e o brincar na infância constituem fatores relevantes no desenvolvimento da
criança, ao passo que emergem conceitos e estruturas, na mesma, indispensáveis ao seu pleno
desenvolvimento corporal e social.Neste sentido, aprender é um ato psicomotor, pois o ato mental e o
ato motor, são indissociáveis.
Neste contexto, é muito importante compreender o brincar como sendo a primeira fonte de
conhecimento e a escola como mediadora desse conhecimento partindo do principio de que o lúdico
tem um significado mais profundo porque este acompanha o ser humano durante toda sua vida.

CONCLUSÃO

É de suma importância trabalhar a psicomotricidade nos anos iniciais da educação, pois o


motor, o cognitivo e o afetivo estão interligados e se houver algum tipo de dificuldade jáexistente é
preciso que seja corrigido, para que não haja problemas na aprendizagem das crianças. Considerando
um dos objetivos da educação contemporânea como a integração do homem a si mesmo e ao mundo
em que vive num processo continua e permanente. As brincadeiras têm um grande significado neste
processo de integração, na medida em que permite à criança um melhor preparo físico,
desenvolvimento da mente, convivência social e proporciona momentos de prazer e alegria. Cada
criança possui suas particularidades necessitando assim de cuidado específicos quanto às ações
psicomotoras e é papel do professor intervir para que haja melhorias.

379
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Brasil. Ministério da Educação e o do Desporto. Secretária de Educação Fundamental. Referencial


curricular nacional para a educação infantil / Ministério da Educação e do Desporto,
Secretaria da educação fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1998.

BRASIL, Lei de Diretrizes e B. Lei nº 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996.

BRASIL Parâmetros curricular nacional: educação física / Ministério da Educação. Secretaria da


Educação Fundamental. – 3. ed. –Brasília: A Secretaria , 2001.

GAMA, GLAUCIO OLIVEIRA. LUZIA, VITOR RODRIGUES. CASTRO JEIMIS NOGUEIRA.


Psicomotricidade e Educação Escolar: Possibilidades para práxis Pedagógica. Congresso Paulistano
de Educação Física Escolar, 2009.

GONÇALVES, FÁTIMA. Psicomotricidade e Educação Física: Quem quer brincar põe o dedo
aqui. Cultural RBL – Cajamar / SP, 2010.

LE BOULCH, JEAN. Educação Psicomotora: A Psicocinética na idade escolar / Jean Le Boulch;


trad.de Jeni Wolff. – Porto Alegre: Artmed, 1987.

SALOMÃO, HERICA APARECIDA SOUZA. A Importância do Ludico na Educação Infantil:


Enfocando a Brincadeira e as Situações de Ensino não Direcionado, 2007 Disponível em
www.psicologia.com.pt Acesso em 19 de setembro de 2016.

380
AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE FUNCIONAL E DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM
DE IDOSOS DE UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA DO CENTRO OESTE
MINEIRO

OLIVEIRA, Flávia de¹; SILVA, Fernanda Marcelino de Rezende e¹; FREITAS, Leonardo Gomes
de¹; COELHO, Kellen Rosa²; ASSIS, Gláucia Daniele Pereira ³; SANTOS, Edinara Izabela dos³;
SILVA, Júlia Maria Giovanardi³; MENEZES, Raquel de³;TELES, Sara Araújo Ferreira 4; PADILHA,
Ellen Bárbara4; DIAS, Cássia Maria4; PAULA, Natália Rosa de4; RODRIGUES, Thatiane Marcélia4.

Síntese: O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial e vem atingindo um crescimento expressivo.


Juntamente com a quantidade de idosos e a longevidade da população, efeitos incapacitantes se fazem presentes,
fato que justifica a necessidade da realização da avaliação funcional para proporcionar uma melhor qualidade de
vida aos idosos, principalmente residentes de uma instituição de longa permanência (ILP). Para proporcionar
uma melhoria da assistência de enfermagemprestada aos idosos o enfermeiro possui um instrumento
metodológico que orienta o cuidado, a Sistematização da Assistência de enfermagem (SAE). Dessa forma, o
objetivo desse trabalho é avaliar o nível funcional dos idosos institucionalizados e traçar os diagnósticos de
enfermagem para a implementação da Sistematização da assistência de enfermagem. Trata-se de umapesquisa
quantitativa e intervencionista, realizada em uma ILP de Divinópolis, em uma amostra de 69 idosos, por alunos do
curso de enfermagem. Teve como proposta traçar os diagnósticos de enfermagem para a implementação da SAE e
realizar a avaliação da capacidade funcional dos idosos institucionalizados. Os resultados da avaliação funcional
demonstraram que 46,3 % não recebem ajuda para tomar banho; 47,8% conseguem se vestir sem o auxilio de
cuidadores; 56,5% conseguem ir ao banheiro sem ajuda; 65,2% deitam, sentam e levantam sem auxilio; 53,6%
controlam inteiramente a micção e evacuação e 76,8% conseguem se alimentar sozinhos. Até o momento, em
relação aos diagnósticos de enfermagem, foram elencados os principais para as idosas que residem na enfermaria.
A literatura indica que o idoso institucionalizado é mais vulnerável a patologias incapacitantes se tornando mais
dependente. Dessa forma, a SAE pode favorecer um plano de cuidados sistematizado, e que seja capaz de
possibilitar uma melhor qualidade de vida a esses idosos.

Palavras chaves: Capacidade funcional; Idoso; Institucionalizado; Sistematização da Assistência


de Enfermagem.

INTRODUÇÃO
Atualmente o mundo passa por uma transição demográfica, caracterizado pelo aumento da
população idosa, principalmente nos países em desenvolvimento. Segundo estimativas da
Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2050, a população de pessoas acima dos 60 anos poderá
atingir a dois bilhões de pessoas (NUNES; MENEZES; ALCHIERI, 2010).
Essa realidade traz a tona uma reflexão quanto à saúde e qualidade de vida destes idosos.
Devido ao aumento da longevidade, em muitos, a qualidade de vida não está acompanhando. Muitas
vezes, efeitos incapacitantes que acarretam nesse idoso a dependência de cuidados. A pessoa quando
chega na terceira idade, apresenta maiores vulnerabilidades. Há mudanças fisiológicas, psicológicas,
cognitivas e sociais que fazem parte do processo de envelhecimento, mas quando um idoso apresenta
alguma doença crônico- degenerativa o mesmo fica mais propenso a incapacidades (MORAES;
LOPES; FREITAS, 2015).
Capacidade funcional pode ser definida como a potencialidade que o idoso consegue realizar
suas atividades de forma independente. Onde temos as atividades básicas de vida diária (ABVD),

¹Docentes do curso de Enfermagem, UEMG; ²Docente do curso de Enfermagem, UFSJ; ³Discentes do curso de
enfermagem, UEMG, gpereiraassis@gmail.com; 4Discentes do curso de enfermagem, UFSJ.

381
que são as atividades que auxiliam a execução de ações fundamentais para sua vida, para o
autocuidado como vestir-se e alimentar-se. Para a avaliação da capacidade funcional do idoso, temos
o Índice de Katz, na qual foi elaborado para a avaliação das ABVD. A avaliação funcional se faz
importante para a detecção de dificuldades que o idoso apresenta para que assim possam ser
trabalhadas, ações que proporcionem um melhor conforto ou evite consequências que
proporcionariam uma dependência maior. Esses efeitos incapacitantes se fazem ainda mais presentes
quando o mesmo se torna institucionalizado (BARBOSA; et al., 2014).
Muita das vezes as ILPs não possuem o suporte necessário de profissionais que auxiliam na
assistência aos idosos, como médicos e/ou enfermeiros ou a equipe responsável pelo cuidado não são
qualificados adequadamente para lidarem com o processo do envelhecimento e do grau de
dependência, que representa um agravante maior, comprometendo no cuidado aos residentes. A
atuação do enfermeiro contribui muito para uma organização e planejamento de cuidados que
propicie uma melhora da qualidade de vida (GONÇALVES; et al., 2015). Para isso, o enfermeiro
possui um instrumento que possibilita um planejamento do cuidado prestado, na qual, de forma
científica faça a elaboração do plano da assistência de forma organizada e efetiva, enxergando o
paciente de forma holística, que é a Sistematização da assistência de enfermagem (SAE) (NANDA,
2010).
Sendo assim, o objetivo do trabalho é avaliar o nível funcional dos idosos institucionalizados
e traçar os diagnósticos de enfermagem para a implementação da Sistematização da assistência de
enfermagem.

MÉTODOS
Trata-se de umapesquisa de abordagem quantitativa e intervencionista. O local de estudo foi
em uma Instituição de Longa Permanência para idosos (ILPI) no município de Divinópolis, Minas
Gerais. Atualmente conta com 18 funcionários e 80 internos, sendo 53 mulheres e 27 homens. A
pesquisa teve inicio em abril de 2016, primeiramente foram feitas visitas para conhecimento da
organização da Instituição e aproximação com os idosos e profissionais. A amostra do estudo foram
os idosos residentes da ILPI, que são 69, 46 mulheres e 23 homens. A coleta de dados foi feita por
alunos e professores do curso de enfermagem da Universidade do Estado de Minas Gerais, Unidade
Divinópolis em parceira com a Universidade Federal de São João Del Rey, Campus Dona Lindu.
Para a avaliação funcional foi aplicado o Índice de Katz e posteriormente para a implementação da
SAE foram realizados os exames físicos e feito os diagnósticos de enfermagem. O projeto foi
aprovado na Plataforma Brasil/CEP UEMG, parecer nº 1.565.600, e respeita as Diretrizes e Normas
Regulamentadoras de Pesquisa em seres Humanos, Resolução do Conselho Nacional de Saúde
(CNS) 466/2012.

RESULTADOS
De acordo com a o índice de Katz para a avaliação funcional o resultado encontradona
amostra de 69 idosos: 46,3 % não recebem ajuda para tomar banho; 47,8 % conseguem se vestir sem
o auxilio de cuidadores; 56,5% conseguem ir ao banheiro sem ajuda; 65,2% deitam, sentam e
levantam sem auxilio; 53,6% controlam inteiramente a micção e evacuação e 76,8% conseguem se
alimentar sozinhos. Em relação aos idosos que ficam nas enfermarias (que necessitam de um cuidado
maior) são 29 no total, na qual 18 são mulheres e 11 são homens. Para as idosas foram adquiridos os
seguintes resultados quanto a avaliação funcional: 66,6% precisam de ajuda para tomar banho;
83,3% necessitam de ajuda para se vestirem; 72,2% não vão ao banheiro, fazendo uso de fraldas;
38,8% deitam, sentam e levantam com ajuda; 38,8% tem acidentes ocasionais quanto as eliminações
fisiológicas e 44,4% conseguem se alimentar sozinha. Quanto aos resultados dos idosos: 54,5% não

382
recebem ajuda para tomar banho, conseguem se vestir sozinhos, vão ao banheiro sem ajuda e
controlam inteiramente a micção e evacuação; 45,4% deitam, sentam e levantam sem auxilio e todos
conseguem se alimentar sozinhos. A pesquisa encontra-se em desenvolvimento, até o momento
foram elencados os diagnósticos de enfermagem das idosas da enfermaria. Os principais foram:
Volume de líquidos deficiente; Risco de Solidão; Risco de constipação; Interação social prejudicada;
Nutrição desequilibrada; Risco de sentimento de impotência; Isolamento social; Ansiedade; Débito
cardíaco diminuído; Nutrição desequilibrada: menos que as necessidades corporais; Tristeza crônica;
Risco de quedas; Mobilidade física prejudicada; Dor aguda; Memória prejudicada; Comunicação
verbal prejudicada; Deambulação prejudicada; Déficit para o autocuidado de vestir-se; Risco da
integridade da pele prejudicada; Integridade da pele prejudicada e Volume de líquido excessivo.
Atualmente estamos fazendo o exame físico dos idosos da enfermaria masculina para dar
continuidade ao processo de cuidado de enfermagem.

DISCUSSÃO
De acordo com os resultados do Índice de Katz de todos os idosos residentes podemos
perceber que a maioria são independentes, que conseguem realizar suas atividades básicas, alguns
com algumas limitações, mas conseguem realizar as atividades. Em um estudo realizado com idosos
institucionalizados de baixa renda em 6 instituições da região nordeste, sudeste e sul do país fizeram
uma pesquisa com 92 idosos aplicando o Índice de Katz correlacionado com a aptidão física.
Puderam perceber que a maioria dos idosos eram independentes, mas que precisariam melhorar sua
aptidão física que consequentemente influencia na sua capacidade funcional e aumenta o risco de
eventos incapacitantes. Por isso é importante a realização de atividades e exercícios para que este
idoso fortaleça a musculatura em busca de um envelhecimento mais ativo (GONÇALVES; et al.,
2010).
Quanto aos idosos da enfermaria, as idosas apresentaram maior dependência de cuidados em
relação aos idosos. Com o processo de envelhecimento a mulher pode apresentar maior
vulnerabilidade e as taxas de dependência quanto à capacidade funcional são maiores. Condições
físicas, psicológicas podem influenciar nesse processo. Fatores como o climatério após a menopausa
traz a mulher fragilidades devido a alterações hormonais e a sua autoconcepção (LIMA; BUENO,
2009).
Os diagnósticos principais que foram relatados refletem a situação de saúde destes idosos
como um todo. Como mudanças fisiológicas que se os profissionais não se atentarem podem
desencadear um problema patológico e sinalizar riscos que precisam ser avaliados. Problemas
relacionados à institucionalização, como o abandono familiar, isolamento social e dificuldades de
adaptação. E o processo demencial, que pode levar a várias intercorrências que até devido ao não
preparo dos cuidadores, eles podem dificultar na rotina e desencadear eventos estressores tanto aos
idosos, quanto aos cuidadores.

CONCLUSÃO
O processo de institucionalização,em conjunto com a presença de doenças crônicas, podem
desencadear incapacidades que influenciam negativamente na qualidade de vida dos idosos. Por isso,
a importância da equipe multiprofissional nestas instituições e profissionais capacitados que
contribuam para um cuidado de qualidade. Devido há várias dificuldades que podem estar presentes
nas ILPIs, o cuidado prestado pode ser massificado, acarretando a não assistência de saúde adequada.
Para isso o enfermeiro possui a SAE que através das avaliações de capacidade funcional e os
diagnósticos de enfermagem contribui para um planejamento dos cuidados necessários enxergando o
idoso de forma holística. Cabe destacar que, as ILPIs devem trabalhar maneiras que possibilitem o

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idoso realizar suas atividades, que vise à independência possibilitando aos residentes uma melhor
qualidade de vida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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incapacidade. Ciência & Saúde Coletiva, Montes Claros, v.19, n.8, p. 3317-3325, 2014.

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