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EEL 521 – Eletricidade I – Capítulo 2

CAPÍTULO 2

CIRCUITO SÉRIE, CIRCUITO PARALELO E LEIS DE KIRCHHOFF

2.1 – CIRCUITO SÉRIE

No circuito série todos os elementos são percorridos pela mesma corrente.

A passagem da corrente elétrica pelas resistências provoca em cada uma delas uma queda de
tensão, cuja polaridade será oposta ao sentido da corrente. Na fonte, o sentido da tensão já é
predeterminado, i.e., sempre do terminal negativo para o positivo.

A Lei de Kirchhoff da Tensão (LKT) estabelece que:

“Em qualquer malha ou caminho fechado, a soma algébrica das tensões é igual a zero.”

Para aplicar a LKT a uma malha, utiliza-se a seguinte convenção de sinais:

 Tensão no mesmo sentido do equacionamento entra com sinal positivo;


 Tensão no sentido oposto ao do equacionamento entre com sinal negativo.

No circuito acima, tem-se:

a) Equacionando a malha em sentido horário:

 Vf  V1  V2  V3  0

b) Equacionando a malha em sentido anti-horário:

 Vf  V3  V2  V1  0

Note que independentemente do sentido escolhido para equacionar a malha, a Lei de Kirch-
hoff da Tensão resultará sempre na mesma equação. Então, a escolha do sentido para equaci-
onar a LKT é arbitrária, mas não influenciará o resultado obtido.

Neste caso, conclui-se que:

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Vf  V1  V2  V3

Da Lei de Ohm, tem-se que:

V1  R1  I
V2  R 2  I
V3  R 3  I

Combinando com a equação obtida pela LKT:

Vf  R 1  I  R 2  I  R 3  I

Ou seja:

Vf  R 1  R 2  R 3   I  R T  I

Esta última equação permite concluir que em um circuito série, a resistência equivalente “vis-
ta pela fonte” corresponde à soma das resistências do circuito. Assim:

De forma geral, em um circuito série com N resistências:

N
R T  R1  R 2    R N  R
i 1
i

No caso de todas as resistências serem iguais a R:

RT  R  R   R  N  R

Observe na figura acima que quanto mais resistências forem inseridas, maior será a resistência
equivalente e, consequentemente, menor será a corrente em um circuito série.

Exemplo

Uma fonte DC de 95 V está ligada em série com três resistores: R1 = 20 , R2 = 50  e R3 =


120 . Calcule:

a) A resistência equivalente do circuito;

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b) A corrente do circuito;
c) A tensão em cada resistor;
d) A potência utilizada em cada resistor;
e) A potência fornecida pela fonte.

Solução

Representando o circuito, tem-se:

Note que:

 Na fonte, tensão e corrente têm o mesmo sentido, pois esta fornece potência;
 No resistor, tensão e corrente têm sentido oposto, pois este consome potência.

a) Pela equação da resistência equivalente série:

R T  R 1  R 2  R 3  20  50  120  190 

b) Pela Lei de Ohm:

Vf  R T  I

Vf 95
I   0,5 A
R T 190

c) Pela Lei de Ohm:

V1  R1  I  20  0,5  10 V
V2  R 2  I  50  0,5  25 V
V3  R 3  I  120  0,5  60 V

Note que V1 + V2 + V3 = 95 V, que é igual à tensão da fonte, obedecendo a LKT.

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d) Lembrando que P = V × I:

P1  V1  I  10  0,5  5 W
P2  V2  I  25 0,5  12,5 W
P3  V3  I  60  0,5  30 W

A potência total consumida pelos resistores vale:

PC  P1  P2  P3  5  12,5  30  47,5 W

e) Potência fornecida pela fonte:

PG  Vf  I  95  0,5  47,5 W

Note que a potência gerada pela fonte é igual à potência consumida pelos resistores!

Divisor de Tensão

Considere o circuito série e seu equivalente, mostrados a seguir:

Série Equivalente

No circuito equivalente, tem-se pela Lei de Ohm:

VT
I onde: R T  R1  R 2
RT

No circuito série:

V1  R1  I V2  R 2  I

Combinando as anteriores, tem-se que:

VT R1 VT R2
V1  R1    VT V2  R 2    VT
R T R1  R 2 R T R1  R 2

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A regra matemática do divisor de tensão permite compreender como a tensão total se divide
entre as resistências do circuito série.

De uma forma geral, para um circuito com N resistências em série, a tensão sobre a resistên-
cia i é dada por:

Ri
Vi   VT
R1  R 2    R N

Note que quanto maior for a resistência, maior será a tensão sobre a mesma!

Exemplo

Determine a tensão em cada resistor do circuito abaixo usando divisor de tensão.

Solução

Considerando o divisor de tensão com N = 3 resistores, vem:

Ri
Vi   VT
R1  R 2  R 3

Ri
Vi   48 para i = 1, 2, 3.
60  20  160

60
 V1   48  12 V
60  20  160
20
 V2   48  4 V
60  20  160
160
 V3   48  32 V
60  20  160

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2.2 – CIRCUITO PARALELO

No circuito paralelo todos os elementos possuem a mesma tensão.

A Lei de Kirchhoff da Corrente (LKC) estabelece que:

“A soma algébrica das correntes que entram e saem de um nó é igual a zero.”

Para aplicar a LKC em um nó, utiliza-se a seguinte convenção de sinais:

 Corrente entrando no nó é positiva;


 Corrente saindo do nó é negativa.

No circuito acima, tem-se:

a) Equacionando a LKC no nó A:

 I T  I1  I 2  I 3  0

b) Equacionando a LKC no nó B:

I1  I 2  I 3  I T  0

Observe que tanto no nó A, quanto no nó B, a Lei de Kirchhoff da Corrente resulta na mesma


equação. Neste caso, conclui-se que:

I1  I 2  I 3  I T

Da Lei de Ohm, tem-se que:

Vf
I1 
R1
Vf
I2 
R2
Vf
I3 
R3

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Combinando estas 3 últimas com a equação obtida pela LKC:

Vf Vf Vf
   IT
R1 R 2 R 3

Assim:

 1 1 1 
     Vf  I T
 R1 R 2 R 3 

Finalmente:

1
Vf   IT  R P  IT
1 / R1  1 / R 2  1 / R 3

Esta última equação permite concluir que em um circuito paralelo, a resistência equivalente
“vista pela fonte” corresponde a:

Onde:

1
RP 
1 / R1  1 / R 2  1 / R 3

De uma forma geral, para um conjunto de N resistências em paralelo:

1
RP 
1 / R1  1 / R 2    1 / R N

Para o caso particular de duas resistências em paralelo:

1 R R2
RP   1
1 / R1  1 / R 2 R1  R 2

Exemplo

Determine a corrente em cada ramo do circuito abaixo, a corrente total, a potência consumida
em cada resistor, a potência total e a resistência equivalente vista pela fonte.

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Solução

Pela Lei de Ohm:

Vf 120
 I1   8A
R1 15
Vf 120
 I2   8A
R 2 15
Vf 120
 I3    10 A
R 3 12

Da LKC:

I T  I1  I 2  I 3  8  8  10  26 A

Para o cálculo das potências consumidas nos resistores, basta fazer o produto entre a tensão
(que é de 120 V em todos eles) e sua corrente. Assim:

 P1  120 8  960 W
 P2  120 8  960 W
 P3  120 10  1200 W

A potência total consumida pelos resistores é:

PC  P1  P2  P3  960  960  1200  3120 W

A potência gerada pela fonte é o produto entre a tensão e a corrente total, resultando em:

PG  120 26  3120 W

Por fim, a resistência equivalente pode ser calculada por:

1 1 60
RP     4,62 
1 1 1 4  4  5 13
 
15 15 12 60

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A resistência equivalente também poderia ter sido calculada dividindo-se a tensão da fonte
pela corrente total. Assim:

120
RP   4,62 
26

Divisor de Corrente

Considere o circuito paralelo e seu circuito equivalente, mostrados a seguir:

Paralelo Equivalente

No circuito paralelo, tem-se pela Lei de Ohm:

1 1
I1  V I2  V
R1 R2

No circuito equivalente:

V  R P  IT

R1  R 2
V  IT
R1  R 2

Combinando:

1  R1  R 2  1  R R2 
I1     I T  I2    1  I T 
R1  R1  R 2  R2  R1  R 2 

Simplificando:
R2 R1
I1   IT I2   IT
R1  R 2 R1  R 2

A regra matemática do divisor de corrente permite verificar como a corrente total de um cir-
cuito paralelo se distribui entre seus dois resistores.

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Observe que quanto maior for R2, maior será a corrente I1, pois o resistor R1 representará ao
caminho “mais fácil” para a corrente circular. Da mesma forma, quanto maior for R1, maior
será a corrente I2.

Exemplo

Uma fonte de corrente, i.e., que fornece uma corrente constante, independentemente da resis-
tência do circuito, alimenta dois resistores em paralelo, como ilustrado a seguir:

Pede-se:

a) Determine a corrente em cada resistor usando divisor de corrente;


b) Calcule a potência fornecida pela fonte e a potência dissipada em cada resistor.

Solução

a) Considerando o divisor de corrente:

R2 9
I1   IT  4  3A
R1  R 2 39
R1 3
I2   IT   4 1A
R1  R 2 39

Veja que a maior parte da corrente total da fonte circula pelo resistor de 3 , pois este ofe-
rece o caminho de menor resistência!

b) Tem-se que a potência é o produto entre a corrente e a tensão. Mas quanto vale a tensão
neste circuito? Pela Lei de Ohm:

V  RI

Para os resistores, tem-se:

V1  R1  I1  3  3  9 V
V2  R 2  I 2  9 1  9 V

De fato, são iguais, pois estão em paralelo. Para a fonte, a tensão também vale 9 V.

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Deste modo, as potências consumidas pelos resistores valem:

P1  V1  I1  9  3  27 W
P2  V2  I 2  9 1  9 W

Assim, a potência total consumida é 27 + 9 = 36 W.

A potência gerada pela fonte de corrente tem o mesmo valor, sendo calculada por:

PG  VF  I F  9  4  36 W

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