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UNIFACUNICAMPS - CENTRO UNIVERSITÁRIO FACUNICAMPS

BACHARELADO EM DIREITO
ESTÁGIO SUPERVISIONADO III- PRÁTICA JURÍDICA REAL CIVIL A7/DM1

DOCENTE: Sarah Cristina Rocha


ACADÊMICA: Ádria Naiane Aragão Pessôa
Atividade Avaliativa N2- Caso prático III

Novembro/2021
GOIÂNIA-GO
MERITÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DE FAZENDA
PÚBLICA DO FORO MUNICIPAL DE GOIÂNIA– ESTADO DE GOIÁS.

SILFARNEY FERREIRA DOS SANTOS, brasileiro, solteiro,autônomo (feirante),


portador da cédula de identidade n°5420505 2ª via, inscrito no CPF sob o n°
036.212.541-54, residente e domiciliado à Avenida Goiás, Nº954, APTO 302,
Condominio- Edificio Itumbiara, Setor Central, Cep 74020-200, Goiânia- GO, com
endereço eletrônico: silfarneyferrreira@gmail.com, vem por meio do NPJ (núcleo de
prática jurídica) da UniFacUnicamps representado por sua advogada, Caroline Garcia
Ribeiro Sperandio, brasileira, casada, advogada, regularmente inscrita na OAB-GO
sob o nº 43.936; conforme procuração em anexo, com endereço profissional
localizado na Avenida Perimetral, Qd 61, Nº 498 - St. Coimbra, Goiânia-GO, propor a
presente:
AÇÃO DE RETIFICAÇÃO DE REGISTRO CIVIL.

Com fulcro na Lei nº 6.015/73 e na jurisprudência pacificada, pelos fatos e


fundamentos a seguir expostos:

PRELIMINARMENTE
I.DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Requer a Vossa Excelência que sejam concedidos os benefícios da Justiça Gratuita,


uma vez que o autor, não dispõe de subsídios financeiros, que lhe possibilite arcar
com as custas processuais,assim como com honorários advocatícios, sem que seja
comprometida sua situação econômica.
Com fulcro no parágrafo único do artigo 2º da Lei n.º 1.060/50, cuja a definição legal
ampara a pessoa carecida de meios financeiros, ao dispor que:

Art. 2º. (...) Parágrafo Único. Considera-se necessitado, para


os fins legais, todo aquele cuja situação econômica não lhe
permita pagar as custas do processo e os honorários de
advogado, sem prejuízo do sustento próprio ou da família.

Motivo pelo qual pleiteia pela gratuidade da justiça uma vez que atende aos requisitos
que preconiza o dispositivo legal.
II.DA ANÁLISE FÁTICA

No que concerne à exposição de motivos para justificar o pleito em epígrafe, nos


termos da legislação pertinente o requerente,relatou que desde muito pequeno, nunca
se identificou com seu nome, qual seja SILFARNEY, que tal nome não tem significado
familiar, que ao adentrar na adolescência ainda maior foi o seu desconforto com o seu
prenome, passando por diversas situações de bullying, tendo que mudar de colégio
por inúmeras vezes, pois embora houvesse intervenção por parte da escola e seus
pais, a questão nunca era de fato sanada, hoje com 31 anos, o requerente busca a
retificação do seu registro, sua vontade não se trata, de mero desconforto ou
desgosto em relação ao prenome SILFARNEY, mas sim de situação que inclusive
acarreta dor e sofrimento no autor, causando-lhe demasiado e profundo impacto
moral, emocional e psicológico.

Uma vez que, de forma recorrente ele vem sendo não só exposto ao ridículo, bem
como sempre está em situações que lhe causam enorme constrangimento e vexame,
por não aguentar mais estas situações, não lhe restou outra opção se não a de
recorrer ao Judiciário, ainda que de forma tardia, uma vez que o mesmo nunca antes
teve conhecimento que o art. 56 da Lei de Registro Públicos autoriza a mudança de
nome após os 18 (dezoito) anos, motivo pelo qual só buscou agora amparo.
Não há nada que impeça ao jovem ter seu nome modificado, pois não tem qualquer
apontamento em sua vida que desabone sua conduta, além de ter ótimos
antecedentes, é pessoa proba e honesta, e sempre agiu de acordo com os bons
costumes, bem como, em consonância com o ditames da lei.

Por fim, para comprovar que leva uma vida ilibada na ética e na honestidade, o
requerente junta em anexo certidões do Poder Judiciário, que comprovam que ele não
possui contra si ações de natureza cível ou criminal ou de execução fiscal, e também
documento que comprova que, embora tenha uma dívida junto ao Banco seu nome
não está negativado nos órgãos de proteção ao crédito.

Destarte, não havendo alternativa, na medida em que a legislação pertinente exige


que a alteração de nome seja realizada tão somente pela via judicial, o autor
socorre-se ao Poder Judiciário, por meio dos préstimos deste Juízo, para que seja a
ação julgada procedente, com a consequente declaração da alteração do nome do
Autor para constar nos registros públicos seu nome como NOAH.
III.DO DIREITO

O direito do requerente encontra-se amparado legalmente, consoante dispõe o


art.109 da Lei nº 6.015/73, ipsis litteris:

Art. 109. Quem pretender que se restaure, supra ou retifique


assentamento no Registro Civil, requererá, em petição
fundamentada e instruída com documentos ou com
indicação de testemunhas, que o Juiz o ordene, ouvido o
órgão do Ministério Público e os interessados, no prazo de
cinco dias, que correrá em cartório. Toda pessoa tem direito
ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome.

Nesta senda, com fundamento no artigo, 57 da Lei n. 6.015 /1973, a alteração do seu
prenome, que atualmente é SILFARNEY, tão somente para NOAH, com base no
sistema jurídico vigente, que admite a alteração do prenome em situações
excepcionais. Uma dessas exceções, conforme dispõe tal artigo,in verbis:

Art. 57. A alteração posterior de nome, somente por


exceção e motivadamente, após audiência do Ministério
Público, será permitida por sentença do juiz a que estiver
sujeito o registro, arquivando-se o mandado e
publicando-se a alteração pela imprensa, ressalvada a
hipótese do art. 110 desta Lei.

Cumpre trazer à baila o teor do art. 16 do Código Civil, o qual preconiza que:
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele
compreendidos o prenome e o sobrenome.

Para corroborar tal entendimento, vejamos abaixo os julgados do nosso Egrégio


Tribunal de Justiça do Estado do Paraná e Tribunal de justiça do Estado de Goiás:
:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE RETIFICAÇÃO DE REGISTRO
CIVIL. ALTERAÇÃO DO PRENOME. POSSIBILIDADE.
SUBSTITUIÇÃO PELO NOME PELA QUAL A REQUERENTE
É CONHECIDA SOCIALMENTE. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO A
TERCEIROS E IMPEDIR A ALTERAÇÃO DE SEU PRENOME.
INTELIGÊNCIA DO ART. 57 DA LEI 6.015/73. RECURSO
PROVIDO.

(TJ-PR 8529984 PR 852998-4 (Acórdão), Relator: Fernando


Wolff Bodziak, Data de Julgamento: 13/06/2012, 11ª Câmara
Cível)
VOTO
2. Tratam os autos de ação de retificação de assentamento
civil em que a autora requer a alteração de seu registro de
nascimento, para o fim de modificar o atual prenome
CIDINEIA, que lhe causaria inúmeros constrangimentos,
para o prenome THAÍS, pelo qual é conhecida no meio
social.
O juízo de primeiro grau, ao julgar antecipadamente a lide,
concluiu pela improcedência do pedido inicial, sob o
argumento da ausência de provas suficientes para justificar
o acolhimento do pleito formulado na exordial.
Todavia, a despeito do entendimento do julgador de
primeiro grau, a conclusão é a de que o pedido formulado
na inicial comporta procedência.
Isso porque, nos termos em que estabelece o art. 57 da Lei
6.015/73, após o decurso de um ano após o interessado
completar 18 anos de idade, em caráter excepcional,
motivado e desde que ouvido o Ministério Público, é
permitida a alteração do nome da pessoa civil.
Pois bem, no caso concreto, a parte autora conta com 35
anos de idade. Logo, o requisito temporal exigido pelo art.
57 da Lei 6.015/73 está preenchido.
Da mesma forma, observa-se que o Ministério Público foi
devidamente consultado
acerca do pedido de retificação do registro civil, tendo,
inclusive, opinado pelo deferimento do pleito formulado
pela autora.
Cabe, portanto, verificar a excepcionabilidade e a
necessária motivação a justificar a alteração do prenome da
autora.

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE RETIFICAÇÃO DE REGISTRO


CIVIL. ALTERAÇÃO DO PRENOME. POSSIBILIDADE.
SUBSTITUIÇÃO PELO NOME PELA QUAL A REQUERENTE
É CONHECIDA SOCIALMENTE. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO A
TERCEIROS E IMPEDIR A ALTERAÇÃO DE SEU PRENOME.
INTELIGÊNCIA DO ART. 57 DA LEI 6.015/73. RECURSO
PROVIDO.(TJ-PR 8529984 PR 852998-4 (Acórdão), Relator:
Fernando Wolff Bodziak, Data de Julgamento: 13/06/2012, 11ª
Câmara Cível)
IV.DOS PEDIDOS

Ante a todo o exposto, requer-se:

1) a concessão do benefício da Justiça Gratuita, uma vez que o Autor não tem
condições financeiras de arcar com as custas processuais e demais emolumentos
sem prejuízo do seu sustento e de sua família, nos termos do artigo 98, do Código
de Processo Civil (declaração de hipossuficiência em anexo);

2) a procedência do pedido, alterando o prenome do Autor


SILFARNEY, para NOAH nome com o qual se identifica, com a devida averbação no
Cartório de Registro Civil;
3) a intimação de representante do Ministério Público, para que opine a respeito da
alteração ora requerida;

4) A intimação do Banco, cujo o requerente possui dívida ativa;

5) a produção de todas as provas admitidas em direito, em especial a produção de


prova testemunhal.

Dá-se à causa, nos termos do artigo 291 e 292, do NCPC, o valor de R$880,00,00
(oitocentos e oitenta reais), para fins de alçada.

Nesses temos, Pede deferimento.

Goiânia-GO, 15 de novembro de 2021.

Advogado

OAB nº XXXXX

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