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Dieta Cetogênica e Epilepsia Refratária

Dúvidas frequentes

O QUE É EPILEPSIA REFRATÁRIA?

A persistência na frequência das crises epilépticas após o uso de pelo menos duas medicações devidamente indicadas para o tipo de epilepsia (focal ou
generalizada), utilizadas em associação ou não com outras (ex.: carbamazepina, valproato de sódio, lamotrigina, topiramato, etc.), recebe a
denominação de epilepsia refratária ou de difícil controle medicamentoso. Este tipo de epilepsia está presente em 30% dos casos. Após este
diagnóstico, é possível fazer novas tentativas com medicações diferentes, mas é imprescindível que o paciente seja orientado quanto à possibilidade
em associar um tratamento dietético (dieta cetogênica) ao medicamentoso. Afinal, quanto mais precoce o início da dieta, maior a chance de remissão
parcial ou total das crises epilépticas.

O QUE É DIETA CETOGÊNICA E QUAL SEU OBJETIVO?

A dieta cetogênica visa controlar e/ou reduzir a frequência das crises epilépticas através do aumento na ingestão de alimentos fonte de gordura e
redução dos alimentos fonte de carboidrato e proteína que deverão ser pesados em balança própria para alimentos, conforme orientação nutricional. O
nutricionista, através dos exames e da análise nutricional, se responsabilizará em desenvolver um cardápio personalizado e acompanhar a evolução
dietética e clínica do paciente. Veja nos quadros abaixo os alimentos inseridos em cada grupo alimentar, assim como os permitidos e os eliminados
(representado pelo símbolo verde e vermelho, respectivamente).
QUAIS ALIMENTOS SERÃO UTILIZADOS NA DIETA CETOGÊNICA?
Os grupos de alimentos permitidos abrangem: frutas, legumes, verduras, carnes, queijos, ovos e oleaginosas (castanhas, macadâmia, nozes, etc.).
Cereais (arroz, trigo, aveia, centeio), tubérculos (batata, abóbora, inhame) e leguminosas (feijão, grão-de-bico, lentilha, ervilha) serão consumidos em
menor proporção. A hidratação diária deve ser mantida, não havendo necessidade de restringi-la durante o tratamento. O nutricionista irá indicar o
volume ideal conforme faixa etária do paciente.

O QUE SÃO, E QUAL A FUNÇÃO DOS CORPOS CETÔNICOS?


É possível medir a concentração da cetose através de três formas: urina, sangue e respiração. A forma mais comum é pela urina, através de fitas
reagentes que, em contato com os corpos cetônicos, trocam de cor, indicando aproximadamente a faixa de concentração da cetose. O objetivo é que o
valor esteja em torno de 150mg/dL (+++);

AS MEDICAÇÕES ANTIEPILÉPTICAS EM USO SERÃO MANTIDAS AO INICIAR A DIETA CETOGÊNICA ?


Sim. Geralmente as medicações antiepilépticas são mantidas, somente podendo ser trocadas algumas formulações, como por exemplo, substituindo-se
medicações em xaropes que contém açúcar por comprimidos livres de carboidrato na composição.

QUALQUER PESSOA COM EPILEPSIA REFRATÁRIA PODERÁ FAZER DIETA CETOGÊNICA?


O médico neurologista ou neuropediatra solicitará a avaliação de um nutricionista no momento em que fizer o diagnóstico de refratariedade e solicitará
exames a fim de verificar a presença de possíveis fatores clínicos impeditivos à introdução da dieta cetogênica, como por exemplo, deficiência em
carnitina ou na beta-oxidação.

QUAIS SÃO OS PROFISSIONAIS RESPONSÁVEIS POR ACOMPANHAR O TRATAMENTO COM A DIETA


CETOGÊNICA?

É fundamental que o nutricionista e o médico trabalhem em conjunto a fim de proporcionar um tratamento integrado ao paciente, permitindo sua
realização pelo período necessário aos resultados. A intervenção será mais completa e efetiva quando houver a possibilidade de ação em equipe
multidisciplinar constituída por psicólogo, assistente social, enfermeiro, fonoaudiólogo etc.
 

É NECESSÁRIO SUPLEMENTAR VITAMINAS E MINERAIS DURANTE A DIETA CETOGÊNICA?


A suplementação de vitaminas e sais minerais é indispensável durante todo o tratamento, visto que a dieta cetogênica não fornece as quantidades
suficientes que o organismo demanda para seu completo funcionamento metabólico.

A DIETA CETOGÊNICA PODE CAUSAR EFEITOS COLATERAIS?


Assim como as medicações, a dieta cetogênica também pode causar efeitos colaterais. Os mais comuns são os de ordem gástrica: obstipação (prisão
de ventre), diarreia, náusea e vômitos. A longo prazo, é comum o aumento na concentração de colesterol e/ou triglicérides no sangue
(hipercolesterolemia e/ou hipertrigliceridemia). Em menor incidência, também é possível cálculos renais e esteatose hepática (acúmulo de gordura nas
células do fígado).

É NECESSÁRIO INTERNAR PARA INICIAR A DIETA CETOGÊNICA?


Esta é uma dúvida muito frequente. A princípio existem duas formas de se iniciar o tratamento: ambulatorial e com internação. Embora ambas
proporcionem o mesmo resultado a longo prazo, a forma ambulatorial é mais frequentemente indicada e utilizada nos centros de dieta cetogênica
nacionais e internacionais na atualidade. A forma ambulatorial é introduzida gradativamente em consultas, respeitando a adaptação do organismo de
cada paciente. Ou seja, inicia-se na proporção 1:1 (1 parte de gordura, para uma parte com carboidrato mais proteína) ou 2:1 (duas de gordura e uma
com carboidrato mais proteína) e evolui sucessivamente até atingir a proporção de melhor resultado, 3:1 ou 4:1. Este processo leva aproximadamente
um mês. A internação está mais indicada naqueles pacientes que estão com alguma complicação decorrente da doença e necessitam dar início
urgente ao tratamento, por exemplo, estado de mal epiléptico. Neste caso, o paciente é submetido a jejum de 36 a 48 horas, mantendo hidratação
adequada. Após este período, inicia-se a dieta na fração mais restritiva, 3:1 ou 4:1.

QUAL O PERÍODO DE TRATAMENTO NECESSÁRIO COM A DIETA CETOGÊNICA?

Considerando que a adaptação à dieta cetogênica varia entre três a quatro meses, é imprescindível que este período seja alcançado para que a equipe
multidisciplinar discuta a viabilidade em mantê-la ou descontinuá-la. Caso seja indicado mantê-la, será realizada durante dois a três anos, podendo ser
estendida conforme a resposta clínica do paciente. Ao final do tratamento, a dieta será progressivamente involuída até atingir a proporção de uma dieta
convencional, composta aproximadamente por 30% de gordura, 50% de carboidrato e 20% de proteína.

AS CRISES EPILÉPTICAS RETORNARÃO APÓS O TÉRMINO DO TRATAMENTO?


Não. Um tratamento considerado satisfatório é aquele que proporciona redução de aproximadamente 50% no número das crises. Este índice pode
apresentar modificação leve depois do final do tratamento, havendo alterações sutis no número, intensidade e duração das crises epilépticas, inferiores
ao período anterior à dieta. Ou seja, os pacientes que apresentarem redução das crises durante a dieta cetogênica podem ter modificações
permanentes no metabolismo cerebral após o seu término.
 

A PESSOA PODERÁ MANTER SUAS ATIVIDADES DIÁRIAS (ESTUDO, TRABALHO, REABILITAÇÃO)?


Ao contrário do que muitas pessoas pensam, é possível manter as atividades do dia-adia e o convívio social através da dieta cetogênica. É possível que
o paciente apresente sonolência, apatia e fraqueza após o início da dieta cetogênica. Estes sintomas são passageiros (de 1 a 3 semanas) e ocorrem
em decorrência das mudanças metabólicas que a nova alimentação induzirá no organismo. Portanto, após o término deste quadro transitório, atividades
do cotidiano devem ser retomadas, como: escola, cursos, atividade física e reabilitação (fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, ecoterapia,
hidroterapia etc.);

COMO REALIZAR A DIETA CETOGÊNICA NO PERÍODO ESCOLAR?

Aos pacientes que realizam as refeições na escola, recomendamos que o tratamento seja previamente conversado com professores e funcionários a
fim de garantir a correta aplicabilidade nestes ambientes. O ideal é que as refeições (já pesadas e porcionadas) sejam entregues à cozinha da escola e
armazenadas em geladeira. Nos casos em que as refeições são porcionadas pela própria escola, é necessário um treinamento do funcionário, além de
informá-lo sobre a importância em seguir detalhadamente os pesos e medidas do cardápio;

DICA NO MOMENTO DAS COMPRAS NO SUPERMERCADO:


É importante se atentar às informações nutricionais declaradas nos rótulos de alimentos industrializados, especificamente a quantidade em gramas de
carboidrato em determinada porção/medida caseira. Exemplo: em 15g de creme de leite fresco (1 colher e ½ de sopa) contém 0g de carboidrato.
Lembrando que a composição entre produtos alimentícios do mesmo grupo variam conforme a marca/fabricante.

Marcela Gregório

Nutricionista (CRN3: 42201)

Vice-Presidente da Associação Brasileira de Epilepsia

Unifesp / UNIPETE – Unidade de Pesquisa e Tratamento das Epilepsias


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