Você está na página 1de 114

g o v e r n o d o e s ta d o d e s ã o pa u l o

Auxiliar de laboratório
metalúrgico

1
emprego

m e t a l u r g i a

Au x ili a r d e
L a b o r at ó ri o
M e ta lú r gi co

1
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

Geraldo Alckmin
Governador

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO,


CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Rodrigo Garcia
Secretário

Nelson Baeta Neves Filho


Secretário-Adjunto

Maria Cristina Lopes Victorino


Chefe de Gabinete

Ernesto Masselani Neto


Coordenador de Ensino Técnico, Tecnológico e Profissionalizante
Secretaria de Desenvolvimento
Econômico, Ciência e Tecnologia

Coordenação do Projeto FUNDAÇÃO PADRE ANCHIETA


CETTPro/SDECT Presidente
Juan Carlos Dans Sanchez João Sayad
Fundação do Desenvolvimento Vice-Presidentes
Administrativo – Fundap Ronaldo Bianchi
José Lucas Cordeiro Fernando Vieira de Mello
Apoio Técnico à Coordenação Diretoria de Projetos Educacionais
Fundação do Desenvolvimento Diretor
Administrativo – Fundap Fernando José de Almeida
Laís Schalch Gerentes
Monica Gardelli Franco
Apoio à Produção
Júlio Moreno
Fundação do Desenvolvimento
Coordenação técnica
Administrativo – Fundap
Maria Helena Soares de Souza
Ana Paula Alves de Lavos
Emily Hozokawa Dias Equipe Editorial
Isabel da Costa M. N. de Araújo Gerência editorial
José Lucas Cordeiro Rogério Eduardo Alves
Karina Satomi Produção editorial
Laís Schalch Janaina Chervezan da Costa Cardoso
Maria Helena de Castro Lima Edição de texto
Selma Venco Lígia Marques
CETTPro/SDECT Marcelo Alencar
Bianca Briguglio Revisão
Cibele Rodrigues Silva Conexão Editorial
Identidade visual
Textos de referência
João Baptista da Costa Aguiar
Edison Marcelo Serbino
Arte e diagramação
Irineu de Souza Barros
Paola Nogueira
Luiz Cláudio Paula
Pesquisa iconográfica
Marcos Antonio Batalha
Elisa Rojas
Eveline Duarte
Ilustrações
Bira Dantas
Luiz Fernando Martini
Consultoria
Marcos Antonio Batalha

Agradecemos aos seguintes profissionais e instituições que colaboraram na produção deste material:
Carla Cruz Dos Santos, Empresa Servimig, Empresa Signo Arte, Empresa Starrett, Fundição TUPY S.A., Graziele da
Silva Santos, Grupo Voith, Instituto de Pesquisas Tecnológicas, Neise Nogueira, Valdemar Carmelito dos Santos.
Caro(a) Trabalhador(a)

Estamos felizes com a sua participação em um dos nossos cursos do Programa


Via Rápida Emprego. Sabemos o quanto é importante a capacitação profissional
para quem busca uma oportunidade de trabalho ou pretende abrir o seu próprio
negócio.
Hoje, a falta de qualificação é uma das maiores dificuldades enfrentadas pelo
desempregado.
Até os que estão trabalhando precisam de capacitação para se manter atualizados ou
quem sabe exercer novas profissões com salários mais atraentes.
Foi pensando em você que o Governo do Estado criou o Via Rápida Emprego.
O Programa é coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência
e Tecnologia, em parceria com instituições conceituadas na área da educação profis-
sional.
Os nossos cursos contam com um material didático especialmente criado para
facilitar o aprendizado de maneira rápida e eficiente. Com a ajuda de educadores
experientes, pretendemos formar bons profissionais para o mercado de trabalho
e excelentes cidadãos para a sociedade.
Temos certeza de que iremos lhe proporcionar muito mais que uma formação
profissional de qualidade. O curso, sem dúvida, será o seu passaporte para a
realização de sonhos ainda maiores.

Boa sorte e um ótimo curso!

Secretaria de Desenvolvimento Econômico,


Ciência e Tecnologia
Caro(a) Trabalhador(a)

Aqui começa seu caminho para um novo aprendizado. Um aprendizado que precisa
ser ampliado. Sabe por quê?
Porque no mundo de hoje não é suficiente conhecer as técnicas e os procedimentos
necessários ao desempenho da função de auxiliar de laboratório metalúrgico.
Também é preciso, por exemplo, saber como você pode melhorar sua busca por um
novo emprego e perceber que o campo de atuação de um profissional da área não se
restringe ao ambiente industrial. Para isso, é necessário dominar muito mais do que
os aspectos técnicos da ocupação.
O ponto de vista do Via Rápida Emprego da Secretaria de Desenvolvimento Eco-
nômico, Ciência e Tecnologia do Governo de São Paulo é o de que o profissional,
para iniciar sua carreira ou aperfeiçoar aquilo que já sabe, deve conhecer as técnicas,
mas também precisa se diferenciar em alguns aspectos, para ter mais chances na
obtenção de um emprego ou conseguir trabalhar por conta própria.
Nesta publicação, você vai conhecer as várias facetas da ocupação de auxiliar de
laboratório metalúrgico. Onde ele atua? O que precisa conhecer para desempenhar
melhor seu trabalho? Como este ofício surgiu? Questões assim serão discutidas ao
longo do curso.
Você vai, também, conhecer a evolução histórica da metalurgia e descobrir a impor-
tância do setor nas lutas pela Independência do Brasil no século 18 (XVIII) e, mais
recentemente, pela redemocratização do país.
Como você vê, nosso curso será cheio de novidades para que sua formação seja a
mais completa possível.
Vamos ao estudo!
Sumário
Unidade 1
9
a história da metalurgia

Unidade 2
37
a profissão de auxiliar de
laboratório metalúrgico

Unidade 3
63
o setor metalúrgico
dados internacionais de catalogação na publicação (cip)
(bibliotecária silvia marques crb 8/7377)

P964
Programa de qualificação profissional: Metalurgia /
Auxiliar de laboratório metalúrgico. -. – São Paulo: Fundação
Padre Anchieta, 2011. v.1, il (série: arco ocupacional)
Vários autores
Programa de qualificação profissional da Secretaria do
Emprego e Relações do Trabalho -- SERT
ISBN 978-85-61143-98-5
1. Ensino profissionalizante 2. Metalurgia-técnico
3. Metalurgia – laboratório I. Título II. Série

CDD 371.30281
Unidade 1
A história da metalurgia
Shutterstock

Os produtos da indústria metalúrgica estão em toda parte: no metrô, nos trilhos do metrô...

A indústria metalúrgica gera milhões de empregos no mundo


inteiro. É muito fácil entender o que essa gigante faz. Basta
dar uma olhadinha à sua volta para comprovar: a geladeira, a
luminária, a moldura de muitas janelas, a torneira, a estrutura
da cadeira, o fogão, a ponta da caneta esferográfica, os talheres,
as panelas, as ferramentas, os pregos, o portão de casa, o carro,
a grade de proteção do canteiro central da avenida, o metrô, os
trilhos do metrô, o ônibus, o avião...
E você já parou para pensar sobre a origem disso tudo? Escava-
ções arqueológicas mostram que o homem já fabricava objetos
metálicos na Pré-História (ou seja, desde antes da invenção da
escrita). Vamos acompanhar, na linha do tempo a seguir, alguns
dos fatos mais importantes ligados aos primórdios da metalurgia.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 9


PRÉ-HISTÓRIA ANTIGUIDADE IDADE MÉDIA
+ 5 milhões 3,5 mil a.C. 476 d.C.
de anos atrás Surgimento Queda do
da escrita Império Romano

6000 a.C.-3500 a.C.


Você conhece a definição de Pré-História? E de (antes de Cristo)
História? A fim de facilitar o estudo e a compreen­
Os primeiros instrumentos
são da História, estudiosos a dividiram em gran- em cobre, moldados com
des períodos de tempo. pedradas, datam dessa épo-
ca e foram localizados no
Vamos ver que períodos são esses e o que os separa: Oriente Médio. Na mesma
região, cientistas encontra-
• Pré-História: da origem do homem, há cerca ram armas e ornamentos
de 5 milhões de anos, até 3,5 mil a.C. (antes de do mesmo metal, fundido
e vazado, produzidos em
Cristo), quando surgiu a escrita. 3500 a.C. Em metalurgia, o
termo vazado significa que
• Antiguidade: do surgimento da escrita até a o metal em estado líquido
foi despejado num molde
queda do Império Romano (no ano 476 d.C.).
para preenchê-lo. O cobre,
a prata e o ouro foram os
• Idade Média: da queda do Império Romano até
primeiros metais a serem
1453, quando ocorreu a tomada de Constantinopla descobertos, pois existem
na natureza em seu estado
pelos turcos otomanos. nativo. O ouro, bem distri-
buído pela superfície do pla-
• Idade Moderna: da tomada de Constantinopla neta, provavelmente atraiu o
até 1789, data da Revolução Francesa. homem primitivo por causa
do seu forte brilho.
• Idade Contemporânea: da Revolução Francesa
até nossos dias.

10 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


IDADE MODERNA IDADE CONTEMPORÂNEA
1453 d.C. 1789 d.C. Atual
Tomada de Revolução
Constantinopla Francesa

3300 a.C.
O bronze, que é uma liga (junção) de cobre e estanho, foi produzido
pela primeira vez, possivelmente por acidente na Suméria. Mais
dura e resistente do que o cobre puro, essa mistura revelou-se mais
apropriada para ser vazada (despejada em estado líquido) em moldes.

2000 a.C.
Os chineses conheceram o ferro nesse período. Pesquisadores acre-
ditam que as primeiras formas desse metal usadas pelo homem eram
provenientes de meteoritos, pois continham quantidades significa-
tivas de níquel. Mais duro que o ouro, a prata e o cobre, o ferro era
caro devido à sua raridade. Muito mais tarde, quando nossos ante-
passados aprenderam a extraí-lo das rochas onde se encontra, passou
a ser utilizado em abundância.

Você sabia?
Meteoroides são peque-
nas rochas que giram em
torno do Sol. Algumas
vezes, são atraídos pela
Terra ou por outro astro.
Quando entram na at-
mosfera terrestre, pegam
fogo por causa do atrito
com o ar e passam a se
chamar meteoros, tam-
bém conhecidos, popu-
larmente, como estrelas
cadentes. Quando uma
parte do meteoroide atra-
vessa a atmosfera sem se
desintegrar totalmente e
atinge o solo, ele é cha-
mado de meteorito.

1600 a 600 a.C.


Chineses, persas e palestinos desenvolvem o latão, uma liga de
cobre e zinco.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 11


PRÉ-HISTÓRIA ANTIGUIDADE IDADE MÉDIA
+ 5 milhões 3,5 mil a.C. 476 d.C.
de anos atrás Surgimento Queda do
da escrita Império Romano

1350 a.C.
É dessa data o primeiro artigo fabricado com ferro de que se tem
notícia: uma lâmina de punhal encontrada no sarcófago (túmulo) do
faraó egípcio Tutancâmon. Esse punhal ficava no local de maior
importância do túmulo. Ele resistiu durante tanto tempo sem ser
corroído porque é um pedaço de ferro que contém pouco carbono,
o que dificulta o aparecimento da ferrugem. Trocando em miúdos,
o ferro com baixo teor de carbono apresenta grande resistência à
corrosão, ou seja, é mais difícil de ser destruído. Guarde essa infor-
mação, pois ela lhe será útil mais tarde quando tiver de testar a re-
sistência do ferro sob diferentes condições (uma das atividades que
se faz em um laboratório de metalurgia).

A sociedade egípcia
O Egito é famoso por suas pirâmides. Vamos ver também como era
formada a “pirâmide social”, isto é, como era dividida a sociedade no
antigo Egito.
O faraó era a autoridade máxima do país, a pessoa mais importante, e sua
vontade precisava ser sempre respeitada. Abaixo dele, vinham os nobres e
os altos funcionários. Repare no formato da pirâmide: ela é maior na parte
de baixo. Essa base representa quem estava em maior número naquela
sociedade: os escravos, os camponeses e os artesãos. Os escravos eram
obrigados a realizar serviços forçados – carregavam as pedras na construção
das pirâmides, por exemplo. Eles tam-
bém realizavam o trabalho agrícola, além
de cuidar do gado. Ou seja, escravos,
camponeses e artesãos eram a maioria
da população e possuíam pouco ou ne-
nhum direito. Aqueles que tinham algum
conhecimento ou poder econômico es-
tavam mais acima na escala social. As
mulheres não aparecem nessa pirâmide,
apesar de os egípcios terem sido gover-
nados por várias rainhas, como Cleópatra.

12 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


IDADE MODERNA IDADE CONTEMPORÂNEA
1453 d.C. 1789 d.C. Atual
Tomada de Revolução
Constantinopla Francesa

Cerca de 400 a.C.


Os gregos e os romanos desenvolveram uma forma de tratamento
térmico do ferro chamada têmpera. Esse processo consiste no resfria-
mento rápido de uma peça cuja temperatura está superior à chamada
temperatura crítica (a partir da qual o metal pode sofrer transformação):
entre 780°C e 980°C. Sua finalidade é gerar um metal com alta dureza.
Pouco tempo depois, esses mesmos povos criaram outro processo de
tratamento térmico, hoje conhecido como revenido. Ele consiste em Você sabia?
aquecer o ferro abaixo da zona (ou temperatura) crítica (que é de 723°C) Na Antiguidade (período
e, depois, resfriá-lo lentamente. A finalidade é remover as tensões que vai de 3,5 mil a.C. até
internas e a dureza excessiva proporcionadas pela têmpera. o ano 476 d.C.), gregos e
romanos acreditavam que
existiam muitos deuses.
Cerca de 300 d.C. A mitologia desses po-
vos era riquíssima e seus
Ninguém sabe ao certo quando eles surgiram, mas, nesse período,
deuses eram associados
um grupo de químicos/pesquisadores, de origem árabe, ficaram co-
– entre outras coisas – a
nhecidos como alquimistas. Entre outras coisas, eles tentavam criar
elementos e fenômenos
ouro por meio da transformação de outros metais “menos nobres”.
da natureza. Uma dessas
Tomavam como base as ideias de Aristóteles, um filósofo grego que
divindades era um ferreiro
afirmava que tudo que existia na natureza era formado por terra,
gigantesco cujas marreta-
água, fogo e ar em diferentes proporções. Hoje sabemos que isso
das na bigorna originariam
não é verdade, e a alquimia nunca conseguiu produzir ouro. Mas re-
os raios das tempestades.
sultou das experiências dos alquimistas a descoberta de diversas
Para os gregos, esse deus
substâncias como o arsênico, o fósforo, o nitrato de prata, o acetato
chamava-se Hefesto; para
de chumbo, o bicarbonato de potássio, os ácidos sulfúrico, clorídrico,
os romanos, Vulcano.
canfórico, benzoico e nítrico e os sulfatos de sódio e de amônia.

©Vulcan is forging Jupiter’s weapons.Peter Paul Rubens/Interfoto/Latinstock

Século 13 (XIII)
O homem deu um passo im-
Photolibrary/Latinstock

portante para a criação do aço


(uma mistura de ferro e carbo-
no): a produção do ferro es-
ponja. Ela teve início na Índia,
por meio de um processo de
carbonização (inclusão de car-
bono) do ferro conhecido des-
de o tempo dos antigos egíp-
cios. Depois de forjada com
Cadinho.
um martelo, uma esponja de
ferro era colocada entre placas de madeira num cadinho (recipiente
usado para fundir metais) que, por sua vez, era posto num forno e
coberto de carvão vegetal para absorver o carbono.
Vulcano forjando os raios de Júpiter,
Mas o grande salto nesse sentido só ocorreu mesmo em 1856, quando óleo sobre tela de Peter Paul Rubens,
a metalurgia finalmente conseguiu fabricar o aço – que é mais resisten- 1636-1638, Museu Nacional do Prado,
Madri, Espanha.
te que o ferro fundido e pode ser produzido em enormes quantidades.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 13


PRÉ-HISTÓRIA ANTIGUIDADE IDADE MÉDIA
+ 5 milhões 3,5 mil a.C. 476 d.C.
de anos atrás Surgimento Queda do
da escrita Império Romano

Idade Moderna
Apesar de a Revolução Francesa ser um marco do final da Idade
Moderna, vários acontecimentos já sinalizavam a transição que
ocorria nesse período. Estava sendo gestado um novo modo de
produção, que prevalece até os dias de hoje: o capitalismo. E muitas
mudanças ocorreram:
• no campo da economia, com a expansão comercial e a conquista
de novos mercados por meio da expansão marítima (as navegações
que levaram à conquista da América, por exemplo);
Você sabia? • no campo da cultura, com o Renascimento (cuja liberdade esté-
tica propiciou a criação de obras como a Mona Lisa, de Leonardo
Existem vários modos de
da Vinci, e a escultura Pietá, de Michelangelo);
produção (escravista, capi-
talista, socialista etc.). Ca- • na religião, com a Reforma Protestante (que pôs fim ao poder
da um é formado por um irrestrito e a muitos desmandos da Igreja Católica); e
conjunto de forças pro- • na política, com o surgimento dos Estados Modernos (países com
dutivas e pelas relações fronteiras bem definidas, idioma oficial, uma só legislação) e das
técnicas e sociais que de- monarquias absolutistas.
terminam essas forças. O
capitalismo, por exemplo, O desenvolvimento desse novo modo de produção contou com a ajuda
tem como protagonistas da metalurgia. À medida que o capitalismo – essa nova forma de fazer
das forças produtivas os economia – evoluía, também evoluíam as técnicas utilizadas na meta-
patrões e os empregados. lurgia. Mais tarde, em uma outra Idade, a Contemporânea, essas téc-
nicas fariam toda a diferença na conhecida Revolução Industrial.

Idade Contemporânea
O homem conseguiu unir a evolução tecnológica às últimas des-
cobertas da metalurgia para promover um desenvolvimento indus-
trial tão grande a ponto de ser conhecido como uma revolução: a
Revolução Industrial. Mas, sobre esse capítulo da história, falaremos
mais tarde. Antes, é preciso entender melhor como, na história da
metalurgia, aqueles instrumentos de cobre se transformaram em
produtos sem os quais hoje não conseguimos viver. Das primeiras
experiências, na Idade dos Metais, à criação do aço, há um longo
caminho a percorrer!

Será que é importante saber tudo isso? Por quê?


Quando analisamos a trajetória da humanidade, desco-
brimos muitas coisas e podemos perceber como os acon-
tecimentos do passado moldam o mundo (incluindo as
relações sociais e de trabalho) do presente.

14 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


IDADE MODERNA IDADE CONTEMPORÂNEA
1453 d.C. 1789 d.C. Atual
Tomada de Revolução
Constantinopla Francesa
©Mona lisa(1505).Leonardo da Vinci/Wikimedia.org

©Pietá(1499).Michelangelo di Lodovico Buonarroti/Wikimedia.org


A pintura La Gioconda, óleo sobre tela (1503-1506): Outro ícone renascentista: a Pietá (1499-1500), de Michelangelo Buonarroti, foi esculpida
popularmente conhecida como Mona Lisa, de Leonardo em mármore e representa Cristo morto nos braços da Virgem Maria. A obra fica exposta
da Vinci, é um dos principais símbolos do Renascimento. na Basílica de São Pedro, em Roma.
Hoje faz parte do acervo do Museu do Louvre, em Paris.
de Selva/CORBIS/Corbis (DC)/Latinstock

Prise de la Bastille, gravura de Francois-Hippolyte Lalaisse (1812-1884). A Bastilha era uma prisão onde ficavam confinados os inimigos
políticos do rei Luís XVI. Sua tomada, liderada pelo povo parisiense em 14 de julho de 1789, marca o início da Revolução Francesa.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 15


Atividade 1
R esgate histórico

O que você descobriu com este resgate histórico? Debata com os colegas, sob a
orientação do monitor.

Não é possível entender completamente a importância da metalurgia sem ter em mente


o que é trabalho. Podemos dizer, de um modo bem simplificado, que trabalho é o
ato de transformar a natureza. Ele acontece, por exemplo, quando usamos uma tora
de madeira para fazer um banco ou algum metal para moldar um trinco de porta.
Ao longo do tempo, o homem foi ampliando seus saberes e criando novas maneiras
de aplicá-los. A Idade dos Metais, sobre a qual vamos falar a seguir, marca uma fase
da capacidade humana de transformar a natureza e, portanto, do seu trabalho.

A Idade dos Metais


Foi o uso de materiais metálicos como o bron-

The Granger Collection, New York / The Granger Collection


ze e o ferro pelo homem pré-histórico que deu
nome ao período hoje conhecido como Idade
dos Metais. Considerada a última fase da Pré-
-História, ela marca o início do domínio das téc-
nicas de trabalho com metais fundidos pelo Homo
sapiens (em latim, homem inteligente). Nessa época
nossos antepassados aprenderam a transformar,
por meio de seu trabalho, um recurso natural até
então pouco conhecido. Você pode imaginar qual a
importância dessa conquista? Ela foi fundamental
para as sociedades que surgiram depois.
A partir do momento em que o homem dominou
técnicas de fundição (processo pelo qual os metais
Ferramentas Pré-Históricas: produtos da Idade dos Metais.
são aquecidos e passam para o estado líquido, e
que ainda hoje é utilizado na indústria metalúrgica, como veremos na Unidade 3),
conseguiu criar ferramentas para facilitar sua vida. As práticas da agricultura e da
caça foram bastante aperfeiçoadas na Idade dos Metais com a criação de instrumen-
tos que as auxiliavam. Também a produção de armas foi uma das áreas que mais
se desenvolveu e influenciou acontecimentos futuros. O domínio sobre os metais
mudou as formas de disputa entre as comunidades: as primeiras guerras já contaram
com o desenvolvimento de armas metálicas.

16 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


Importante
Os historiadores dividem a Pré-História em três períodos: o Paleolítico (que
já foi popularmente conhecido como Idade da Pedra Lascada), o Neolítico
(também chamado de Idade da Pedra Polida) e a Idade dos Metais. No
Paleolítico, nossos antepassados não tinham moradia fixa, deslocando-se
constantemente atrás de alimento. O chamado “homem nômade” não
praticava a agricultura nem criava animais. Quando os alimentos se esgo-
tavam, ele se mudava para outra região. Foi no Período Neolítico que teve
início o sedentarismo humano, isto é, sua fixação em um lugar.

Atividade 2
A revolução dos metais

Tente imaginar o impacto que o desenvolvimento de ferramentas e outros instrumentos


metálicos provocou no cotidiano dos homens pré-históricos. Se possível, reforce essas
noções com uma pesquisa orientada pelo monitor. Escreva abaixo as informações
que apurar e, depois, compare-as com os resultados obtidos por seus colegas.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 17


Idade do Cobre (6000 a.C. a 3500 a.C.)
A Idade do Cobre também poderia ser chamada de Era
da Agricultura, pois, paralelamente ao domínio da ex-
tração (retirada da terra) e da manipulação desse metal,
o cultivo de alimentos passou a ser fator determinante
para a organização da sociedade. Canais de irrigação
tornavam férteis as terras áridas e montanhosas; casas
feitas de galhos e argila ganhavam a resistência de tijolos
moldados; a escrita pictográfica, baseada em desenhos,
evoluía. Esse fato marcou um novo momento na história
da humanidade. As ideias passavam, assim, a ser mais
bem expressas e articuladas.
Os instrumentos feitos de pedra, ossos e madeira foram
deixados de lado gradativamente enquanto o homem
descobria as possibilidades oferecidas pelo cobre. Esse
material tinha maleabilidade, flexibilidade. Podia ser fun-
dido, moldado e remoldado até assumir novas formas
que facilitavam, por exemplo, o trabalho com a terra e
ajudaram no desenvolvimento da agricultura. O homem
também passou a moldar, no metal endurecido após o
resfriamento, um fio capaz de cortar.
Para a humanidade, antes limitada ao uso da pedra,
Você sabia? o cobre representou um gigantesco salto tecnológico.
Os metais puros têm Movidos pela curiosidade, nossos antepassados fizeram
pouca utilidade para nós.
Em geral, eles são com- diversas experiências – e esse período foi fechado com a
binados com outros me- descoberta de que se podia misturar o cobre com outros
tais nas chamadas ligas.
Veremos esse assunto metais, como o chumbo. A produção do bronze, uma
com mais detalhes na liga formada por cobre e estanho, representou um novo
Unidade 3.
passo nessa evolução.

Idade do Bronze (3500 a.C. a 2000 a.C.)


A Idade do Bronze coincidiu com mais um conjunto de
avanços e conquistas bastante significativos para a espécie
humana. A escrita tornou-se mais simples e objetiva. Um
sistema numérico foi desenvolvido para acompanhar a
evolução nos mais variados setores. E a construção de

18 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


grandes obras e templos (as pirâmides egípcias, por exem-
plo) exigiu a padronização de pesos e medidas. Antes da
Idade do Bronze, os métodos de medição de grandezas
eram bastante simples e pouco precisos: as pessoas usa-
vam partes do próprio corpo, como as dimensões do pé,
a largura da mão, a grossura do dedo, o tamanho do
palmo e dos passos e até o comprimento do nariz! Com
isso, cada indivíduo tinha uma medida diferente para a
mesma coisa. E dá para imaginar como devia ser difícil
chegar a um acordo...
Um grande progresso também ocorreu na metalurgia
durante esse período. A partir do bronze, implementos
Você sabia?
feitos de metais se multiplicaram e o conhecimento das
Foi na Idade do Bronze que
ligas – e de suas características – foi sendo aprimorado pelo se criou a roda, uma das
homem. O bronze começou a ser utilizado para produzir invenções de maior impac-
to sobre a humanidade.
diversos instrumentos, principalmente armas.
Erich Lessing / Album/Album Art/Latinstock

Arma fabricada durante a Idade do Bronze: na época, os instrumentos metálicos se multiplicaram.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 19


Idade do Ferro (1200 a.C. a + 1000 d.C.)
Com os primeiros experimentos, o homem logo percebeu
uma grande vantagem do ferro sobre o cobre e o bronze:
sua abundância na natureza. Por esse motivo, desde mais
ou menos 1200 a.C. (antes de Cristo), ele se tornou um dos
materiais mais presentes na civilização. Naquele tempo,
Você sabia? porém, as fornalhas não atingiam as temperaturas neces-
Alguns povos do Oriente
sárias para a fundição do ferro. Por causa dessa limitação,
Médio, que viviam na re- surgiu o ferro forjado – que é aquecido e depois moldado
gião onde hoje fica a Tur-
quia, já usavam técnicas
a golpes de martelo.
de metalurgia do ferro em
1400 a.C. (antes de Cristo). Diferentemente do que ocorreu com o cobre e o bronze,
Eles fabricavam armas reservados aos grupos mais abastados, o ferro era acessível
que os transformaram em
guerreiros poderosos.
às camadas pobres da sociedade. Isso porque tanto a ob-
tenção do metal quanto sua moldagem envolviam custos
baixos. Camponeses passaram a usar machados e arados de
ferro, e os artesãos, as mais diversas ferramentas. As guerras
entre os povos se deram com maior igualdade bélica, já
que todos podiam, finalmente, forjar as próprias armas.
Ainda hoje é possível encontrar fábricas e institutos de
pesquisa que utilizam a antiga técnica de fundição de metais
com a ajuda de um cadinho. Esse conhecimento, que há
muito tempo vem sendo aplicado, ainda tem lugar, mesmo
nas fundições mais bem equipadas.
ivan carneiro

Fundição, em instituto de pesquisa, com a ajuda de um cadinho.

20 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


O homem transforma a natureza e, ao mesmo tempo, se transforma. Transforma os
seus instrumentos, os métodos e as relações de trabalho.
Enquanto aprimoravam-se as técnicas que levaram os homens ao domínio dos me-
tais, o trabalho era artesanal e o sistema de trocas foi organizado gradativamente.
Com esse sistema, as pessoas trocavam mercadorias entre elas. Cada um produzia
para sustento próprio e o que sobrava era trocado com os demais. Essa forma de
troca, associada ao fato de alguns produtos passarem a ter mais procura que outros,
abriu caminho para mais uma invenção que envolveu a transformação dos metais:
a moeda. Isso aconteceu por volta dos anos 500 a.C. a 400 a.C. (antes de Cristo).
Com o advento do dinheiro, os metais foram adquirindo um valor muito maior.
reprodução

Moeda de Lesbos, Grécia, cerca de 500-450 a.C. Moeda de Creta, Grécia, de 300 a 270 a.C.

Muito tempo depois, já na Idade Média, surgiram as “oficinas artesanais”, com


algumas características da indústria – que só apareceria séculos mais tarde: havia
o mestre (geralmente um pai de família), o artífice ou companheiro (o filho mais
velho) e o aprendiz (o filho mais novo). Onde se trabalhava com metais, podemos
imaginar que existia um espaço de testes e ensaios, que serviam para verificar se os
produtos estavam bons para o uso. Esse local de testes poderia ser chamado, nos
termos de hoje, de laboratório metalúrgico. A profissão que você pretende seguir
ganhava, assim, um lugar na história.
É possível que o homem da Idade dos Metais não tivesse grandes preocupações em
testar previamente a qualidade de seus produtos. Tal cuidado, no entanto, ocupava
a rotina dos artesãos medievais. Os pré-históricos experimentavam suas criações
no dia a dia, contavam com a sorte e não aplicavam testes para verificar se seus
artefatos estavam adequados. Diferentemente, os mestres das oficinas procuraram
desenvolver técnicas e procedimentos para observar a qualidade do que produ-
ziam. Assim, deram origem às atividades que são a razão de ser dos laboratórios
metalúrgicos de hoje.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 21


Soldado romano enfrentando guerreiro gaulês na Antiguidade: armas eram testadas no campo de batalha.

É importante saber que, nessas oficinas, todos conheciam


o trabalho do princípio ao fim e participavam de cada
etapa de produção até que a arma, a ferramenta, o utensílio
ou o ornamento fosse finalizado. Porém, fatores variados –
entre os quais a ampliação das relações mercantis, por
exemplo – levaram a uma mudança nos processos de
trabalho. A produção passou a ser dividida em etapas,
Você conhece o guerreiro Asterix,
personagem de quadrinhos criado dando origem ao trabalho especializado: se, no início, a
por René Goscinny e Albert
Uderzo? Seus álbuns – que equipe toda participava de todas as fases de fabricação de
podem ser encontrados
facilmente em bibliotecas um produto, mais tarde, cada um passou a exercer uma só
públicas – narram as aventuras de
um grupo de gauleses que, pouco tarefa. Essa transformação foi um dos fatores que criaram
antes do nascimento de Cristo,
resiste ao domínio de Roma. As condições para a Revolução Industrial.
histórias, embora divertidas, são
totalmente fictícias, pois o
Império Romano conquistou toda
a Gália (atual França) com um
poderio militar que, entre outras
coisas, incluía armas metálicas A Revolução Industrial
fabricadas por meio de técnicas
ignoradas por outros povos.
A palavra “revolução” tem, entre outros significados, o
sentido de grande transformação, mudança expressiva. E
o que foi a Revolução Industrial? Um conjunto de mu-
danças que aconteceram ao mesmo tempo na economia,
no modo de vida das pessoas, na política e, também,
nas artes. Mas vamos nos concentrar naquilo que é mais
importante para este curso: as mudanças no modo de
produção de bens e mercadorias.

22 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


Album/akg-images/Akg-Images/Latinstock

Londres nos tempos da Primeira Revolução Industrial: muitos trocaram o campo pela cidade em busca de trabalho.

As primeiras máquinas a vapor, que usavam carvão como


combustível, surgiram no século 18 (XVIII) na Inglaterra
– país rico em carvão mineral e ferro. Essa conquista tec-
nológica marcou o início do que seria a chamada Primeira
Revolução Industrial.
As indústrias foram diretamente responsáveis pelo cres-
cimento das cidades, pois, naquela época, muita gente Você sabia?
do campo precisou deixar o local onde vivia e migrar Uma vez extraído da na-
para os centros urbanos em busca de trabalho. E o tureza, o minério de fer-
ro tem endereço certo: a
aparecimento das primeiras metrópoles gerou problemas usina siderúrgica, onde é
(e agravou outros) como alcoolismo, prostituição, fome, transformado em aço. Es-
se processo leva o nome
desemprego etc. de redução. Você saberá
mais sobre as proprieda-
No entanto, as mudanças não pararam e, em 1860, veio des do aço na Unidade 3.
uma Segunda Revolução Industrial. Se no século ante-
rior a novidade foi o uso do carvão para movimentar as
máquinas, agora era vez da descoberta da eletricidade e
do uso do petróleo. Você pode se aprofundar no assunto

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 23


consultando o Caderno do Trabalhador 1 – Conteúdos
Gerais, no tema “História do trabalho”. Neste nosso curso
interessa, principalmente, saber que a transformação do
ferro em aço permitiu aumentar e variar toda a forma
de produção. Isso porque a nova liga metálica era mais
Filme resistente e durável, proporcionando, por exemplo, a cria-
Tempos Modernos –
ção de enormes estruturas industriais: as máquinas que
Nesta comédia de 1936, o ator
Charles Chaplin (que também dirige
ajudavam a fazer novas máquinas.
a trama) interpreta um operário que
tem como função apertar parafusos
em uma grande indústria. Mas as
Vamos agora dar mais um salto no tempo e visitar uma
peças avançam numa esteira
rolante em alta velocidade, num
montadora de automóveis norte-americana no início do
ritmo que o personagem não
consegue acompanhar. O filme
século 20 (XX), a Ford, que pôs em prática um novo
mostra, de modo divertido, como
todos trabalhavam de forma
jeito de trabalhar. Para produzir um de seus carros,
mecânica e sem descanso. o célebre Modelo T, Henry Ford (nascido em 1863 e
falecido em 1947), dono da fábrica, decidiu que as peças
akg-images/Akg-Images/Latinstock

iriam até os operários (por meio de instalações móveis


que compunham a chamada linha de montagem) e não
o contrário, como era feito até então. Com isso, ganhava-
-se tempo, e cada trabalhador só poderia parar quando
seu chefe permitisse.
É fácil perceber como o dia a dia do profissional de me-
talurgia mudou após a invenção das linhas de montagem.
wikimedia.org

Christophe Testi / Alamy

Henry Ford, criador da linha de produção, e seu Modelo T: na montagem dos carros, as peças iam até os operários.

24 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


Atividade 3

1. Laboratórios metalúrgicos de ontem e de hoje


Como você imagina que, em diferentes momentos da história, eram testadas a
resistência e a eficiência das espadas de batalha? Será que havia um tipo de local
específico para essa experimentação, como um laboratório? Escreva abaixo as
suas conclusões.

2. Vida de operário
Sob a orientação de seu monitor, faça uma pesquisa na internet sobre as condições
de vida dos operários na época da Primeira Revolução Industrial. As relações de
trabalho mudaram dessa época para os dias de hoje? Em quais aspectos? O que
mudou e o que permaneceu igual?

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 25


3. Objetos metálicos
Você conhece algum objeto que, no passado recente, era fabricado com um tipo
de metal e que hoje é produzido com outra matéria-prima? O ferro de passar
roupas é um bom exemplo disso: no tempo dos nossos bisavós, era mesmo feito
de ferro. Mas agora, apesar de manter o nome, ele tem o corpo de plástico e a
base de aço inoxidável.
Procure lembrar-se de outros casos e aponte as possíveis vantagens e desvantagens
dessas mudanças.

26 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


A metalurgia no Brasil
Rico em recursos naturais, o Brasil passou quase 300 anos
de sua história fornecendo metais para a Europa. Isso acon-
teceu durante todo o período em que foi colônia de Portugal,
entre 1500 e 1822. A descoberta de grandes reservas de ouro
em Minas Gerais, no final do século 17 (XVII) e no início
do século 18 (XVIII), fez daquela região o centro da eco- Você sabia?
nomia do país. Embora quase toda a produção desse metal O Barroco é um estilo ar-
fosse enviada para o Velho Mundo, retirando do Brasil a tístico surgido no século
16 (XVI) que se manifes-
maior parte da riqueza gerada, as áreas que concentravam tou principalmente na
as minas mais ricas deram origem às chamadas Vilas do arquitetura, na pintura e
na escultura. Suas carac-
Ouro, entre as quais se destacam as atuais cidades de Ouro terísticas mais marcantes
Preto, Mariana, São João del Rei, Sabará, Tiradentes e são a valorização dos de-
talhes, dos ornamentos e
Diamantina. Nesses lugares, o ouro financiou a construção das linhas curvas. Nas Vi-
de belíssimas igrejas em estilo barroco. las do Ouro, há belíssimas
construções nesse estilo,
especialmente igrejas,
Thomaz Vita Neto/pulsar imagens

decoradas com painéis


pintados por Manuel da
Costa Ataíde e com es-
culturas moldadas por
Antonio Francisco Lisboa,
o Aleijadinho.

mauricio simonetti/pulsar imagens

À esquerda, interior da Igreja de São


Francisco de Assis, em Ouro Preto.
Acima, escultura de Aleijadinho.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 27


A produção de ouro começou a diminuir na década de
1750. Para compensar a queda em seus lucros, Portu-
gal passou a cobrar impostos ainda mais altos sobre a
extração desse metal.
Em outras palavras, a Coroa não aceitava que as reservas das
Minas Gerais estivessem diminuindo. E, em vez de tomar
Você sabia? medidas que melhorassem a situação, instituiu a chamada
Entre outras medidas, os “Derrama”, exigindo de cada região produtora o pagamento
inconfidentes pretendiam de 100 arrobas (1.500 quilos) do metal – além do “Quinto”,
criar uma universidade em
Vila Rica (atual Ouro Pre-
imposto de 20% sobre o ouro encontrado, que já era cobrado
to), transferir a capital da até então. Quando a região não conseguia cumprir a cota,
colônia para São João del
Rei e construir fornos side-
soldados invadiam as casas dos moradores e retiravam seus
rúrgicos em Minas Gerais. pertences até completar o valor devido.
Essa medida, associada à proibição de que a colônia de-
senvolvesse atividades produtivas – o que diminuiria sua
dependência de Portugal –, causou revolta entre a elite mi-
neira: fazendeiros, escritores, donos de minas e militares.
Reunidos e organizados, eles começaram a discutir como
tornar o Brasil um país independente. Esse movimento
Filme ficou conhecido como Inconfidência Mineira.
O longa-metragem Tiradentes,
dirigido por Oswaldo Caldeira em Em 1789, a tentativa de rebelião foi abortada e suas li-
1999, mostra a Inconfidência
Mineira por um ângulo diferente deranças, acusadas de infidelidade ao rei. Parte desses
daquele que os livros escolares
geralmente apresentam. O filme líderes foi exilada do país. Joaquim José da Silva Xavier,
sugere que Joaquim José da Silva
Xavier (interpretado nas telas por o Tiradentes, foi executado, sendo o dia 21 de abril –
Humberto Martins) foi condenado
à morte porque era o único entre aniversário de sua morte – comemorado como uma data
os revoltosos que não tinha
grandes posses. histórica no Brasil, um exemplo de luta contra a tirania.

Joaquim José, “o Liberdade”


Tiradentes (1746-1792), chamado de “o Liberdade” pelos colegas inconfiden-
tes, aprendeu com o tio o ofício de dentista (daí seu apelido mais conhecido).
Também tentou a vida como tropeiro e minerador. Cansado de ganhar mal,
alistou-se no Regimento da Cavalaria e recebeu o posto de alferes (o equiva-
lente, hoje, a subtenente). Chegou a pedir licença da tropa, mas depois retor-
nou. Passou a lutar contra a Coroa ao conhecer as ideias de pensadores como
Rousseau e Montesquieu, que influenciaram a Revolução Francesa.

28 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


©Tiradentes Esquartejado(1893).Pedro Américo/Wikimedia.org

Pedro Américo de Figueiredo


e Melo, autor da tela repro-
duzida ao lado, foi pintor, ro-
mancista e poeta. Nascido em
1843 na cidade paraibana de
Areia, estudou na Academia
Imperial de Belas Artes, no
Rio de Janeiro, e aperfeiçoou-
-se em Paris. Admirado por
Dom Pedro II, o artista se
tornou conhecido por retratar
cenas históricas como A Ba-
talha do Avaí (1877), quadro
exposto no Museu Nacional
de Belas Artes, no Rio, e In-
dependência ou Morte (1888),
painel gigante que faz parte
do acervo do Museu Paulista,
em São Paulo. Pedro Amé-
rico morreu em 1905, em
Florença, na Itália.

Tiradentes esquartejado, óleo sobre tela de Pedro Américo, 1893, Museu Mariano Procópio,
Juiz de Fora, MG.

Apesar da fase que envolveu a extração de ouro e da ri-


queza gerada por ela, não houve nenhum considerável
progresso industrial no país até o século 19 (XIX). Até a
vinda da família real portuguesa para o Brasil, em 1808,
era vetada a instalação de fábricas por aqui. Dessa maneira,
os brasileiros consumiam apenas produtos portugueses.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 29


Mesmo com a chegada de D. João VI e sua corte, a indústria no Brasil não conse-
guiu se desenvolver imediatamente. Em 1o de abril daquele ano, a Coroa liberou
o estabelecimento de indústrias e manufaturas, mas os produtos brasileiros já
enfrentavam a concorrência das mercadorias inglesas, que entravam no país sem
pagar nenhum imposto.
Assim, depois de um período no qual criar indústrias no país era proibido, houve
a fase na qual privilégios eram concedidos aos produtos fabricados na Inglaterra,
fazendo com que a atividade industrial no Brasil tardasse a se desenvolver.
Alguns historiadores chegam a afirmar que o capitalismo – modo de produção baseado
na indústria e no trabalho assalariado – só se firmou no Brasil depois da década de
1930, mais de 100 anos após a Proclamação da Independência.
Se considerarmos a indústria metalúrgica, veremos que seu desenvolvimento no país
é posterior a essa data e está fortemente associado às políticas de desenvolvimento
implementadas por dois presidentes: Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek.
ARQUIVO EDGARD LEUENROTH/UNICAMP, COLEÇÃO HISTÓRIA DA INDUSTRIALIZAÇÃO

Operários em frente a uma fábrica paulista fundada no século 19 (XIX): a indústria metalúrgica se desenvolveu bem depois.

30 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


A Era Vargas
Vargas ficou no poder por 15 anos (de 1930 a 1945),
comandando o país de forma ditatorial – sem que ocor-
ressem eleições e sem permitir manifestações políticas de
oposição nem a expressão da população. Depois, voltou
eleito ao poder, governando entre os anos de 1951 e 1954.
Durante sua primeira passagem pela presidência da
República, Vargas deparou-se com uma forte crise eco- Você sabia?
nômica – efeito da Depressão que se seguiu à quebra da Indústrias de base são
Bolsa de Valores de Nova York, em 1929 – e a combateu aquelas que produzem
matérias-primas para ou-
promovendo o fortalecimento da indústria e investindo tras empresas. Também
em infraestrutura. conhecidas como indús-
trias de bens de produção
De acordo com sua política de desenvolvimento, o governo ou indústrias pesadas,
elas incluem principal-
faria intervenções diretas na economia, com o Estado mente os ramos siderúr-
ficando responsável pela criação de indústrias de base, gico, metalúrgico, petro-
químico e de cimento.
entre elas a metalúrgica.
folhapress

folhapress

Getúlio Vargas e uma antiga máquina de laminação da Companhia Vale do Rio Doce, criada por ele em 1942: investimento pesado em infraestrutura.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 31


Essas indústrias de base, por sua vez, dariam suporte para
que os demais setores industriais se desenvolvessem. Várias
indústrias e diversos institutos de pesquisa, todos estatais,
foram criados nesse período.
Entre as empresas públicas fundadas por Vargas pode-
mos citar a Companhia Siderúrgica Nacional (1940), a
Companhia Vale do Rio Doce (1942), a Fábrica Nacional
de Motores (1943-1985) e a Hidrelétrica do Vale do São
Francisco (1945). Elas são do ramo de metalurgia e em-
Você sabia? pregam auxiliares de laboratório metalúrgico. A instalação
Substituição de importa- dessas indústrias fez parte da política de substituição de
ções é o nome do proces-
so econômico que leva ao importações adotada pelo então presidente.
aumento da produção
interna de um país e à
diminuição de suas im-
portações. Em outras JK: 50 anos em 5
palavras, o país passa a
produzir aquilo que vai Juscelino Kubitschek assumiu a presidência da República
consumir para não preci-
sar comprar os produtos em 1956, após um período de turbulências na política que
de fora, valorizando, as- culminou com o suicídio de Getúlio Vargas em 1954,
sim, a indústria nacional.
interrompendo seu segundo mandato. O vice de Vargas,
Acervo Iconographia

Juscelino Kubitschek (em pé, acenando para o público): incentivo à instalação de empresas do setor automobilístico.

32 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


Café Filho, chegou a comandar o governo, mas foi afasta-
do pouco mais de um ano depois por problemas de saúde.
JK, eleito em 1955, seguiu uma política considerada
“desenvolvimentista” e dizia que sua meta de governo
era fazer o Brasil avançar “50 anos em 5”. A promessa
entusiasmou o país.
Na economia, a proposta de Juscelino era dar continuidade Você sabia?
ao desenvolvimento industrial (e acelerá-lo) e, para isso, A fundação de Brasília,
tinha como um de seus focos as indústrias de base, o que, que substituiu o Rio de
Janeiro como capital fe-
como já vimos, envolve a área metalúrgica. deral, ocorreu em 21 de
abril de 1960, durante a
Mas o governo também apostou na atração de investimen- presidência de JK. A pro-
tos estrangeiros, incentivando a instalação de empresas messa de deslocar o nú-
cleo do poder político
internacionais, principalmente do setor automobilístico. para o Planalto Central
Isso levou o país a criar uma enorme dívida com conse- era uma das metas do pla-
no “50 anos em 5”.
quências sérias para as décadas seguintes.
Arquivo Público do Distrito Federal

O projeto urbanístico de Brasília, que lembra um avião, coube a Lúcio Costa. Já o arquiteto Oscar Niemeyer projetou os principais prédios públicos da
nova capital, como o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e a Catedral de Brasília.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 33


Trabalhadores da metalurgia na redemocratização do país

De 1964 a 1984, o Brasil mergulhou num dos capítulos


mais sombrios de sua história: uma ditadura militar reple-
ta de censura, violência e repressão. Você pode recordar
o assunto consultando o Caderno do Trabalhador 5 –
Conteúdos Gerais, no tema “Repassando a história”.
Em 1968, em represália contra os opositores, o gover-
Você sabia? no baixou o Ato Institucional no 5 (ou AI-5), medida
A região conhecida como
que suprimiu as liberdades políticas e de expressão dos
ABC Paulista engloba brasileiros. Qualquer ação considerada subversiva pelos
os municípios de Santo
André, São Bernardo do
agentes do poder poderia resultar em prisão, tortura,
Campo e São Caetano do extradição e até morte.
Sul. Também há quem se
refira ao ABCD, que inclui Dez anos depois da publicação do AI-5, em 12 de maio
a cidade de Diadema.
de 1978, mais de 3.000 metalúrgicos de uma monta-
dora de caminhões em São Bernardo do Campo, no
ABC Paulista, desafiaram a truculência dos generais:
eles entraram na fábrica, mas deixaram as máquinas
desligadas. Tinha início, então, a primeira de uma série
de greves organizadas pela categoria, que se estenderam

34 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


até o ano seguinte. Aumento salarial e melhores condições de trabalho estavam
na pauta de reivindicações. Entretanto, mais do que as demandas relacionadas
diretamente ao trabalho, as mobilizações dos grevistas das indústrias metalúr-
gicas em São Paulo (e depois em Minas Gerais) tornaram-se símbolos da luta
pela redemocratização do país, já que, na época, o Estado vetava manifestações
públicas. Entre outras lideranças, o movimento dos operários do ABC revelou o
então torneiro mecânico Luiz Inácio Lula da Silva, que, anos mais tarde, chegaria
à presidência da República por meio do voto.
Homero Sérgio/Folhapress

Operários de São Bernardo do Campo em greve, no final da década de 1970: símbolo da luta contra a ditadura militar.

Atividade 4
R eflexão

Com a supervisão do monitor, você e seus colegas vão debater a importância dos
movimentos grevistas dos metalúrgicos durante a ditadura militar e as vitórias
conquistadas pela categoria em consequência disso. E o país, o que ganhou a
médio e longo prazo?

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 35


Unidade 2
A profissão de auxiliar de
laboratório metalúrgico
A ocupação do auxiliar de laboratório metalúrgico pode receber,
no Brasil, outros nomes, como auxiliar técnico laboratorista
industrial, assistente técnico de laboratório ou, simplesmente,
auxiliar de laboratório.
Mas o que faz esse trabalhador? Por ora, é importante sabermos
que cabe a ele, entre outras coisas, preparar o equipamento para
realização de ensaios ou testes feitos nos laboratórios de ensaios
mecânicos. Isso quer dizer que, além de verificar se um corpo
de prova – nome que se dá ao produto a ser analisado – está de
acordo com os padrões fixados pela Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT), ele vai fixá-lo no equipamento pró-
prio para realizar esses testes (a chamada máquina universal de
ensaio). A forma como funciona esse equipamento será analisada
em detalhes no segundo volume deste curso.

Importante
A ABNT é o órgão responsável por definir todas as
normas que são utilizadas em áreas profissionais
(construção civil, metalurgia etc.), cujas técnicas devem
ser padronizadas, ou seja, ter um único modelo no
país. Com isso, ela fornece uma das bases necessárias
ao desenvolvimento tecnológico brasileiro. É uma
entidade privada e sem fins lucrativos.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 37


Embora as empresas adotem nomes diferentes para essa
função, o Ministério do Trabalho e Emprego produz
um documento que organiza as diversas categorias pro-
fissionais e ajuda o trabalhador a orientar-se no mercado.
Esse documento é a Classificação Brasileira de Ocupa-
ções (CBO). Ele descreve 2.422 ocupações e diz o que é
preciso para exercê-las: a escolaridade necessária, o que
Você sabia? cada profissional deve fazer, onde pode atuar etc. Entre as
A descrição de cada ocu- informações que constam nesse documento, existe uma
pação da CBO é feita
pelos próprios trabalha- que nos interessa definir neste momento: quem é o auxiliar
dores. Dessa forma, te- de laboratório metalúrgico.
mos a garantia de que as
informações vêm de quem De forma resumida, a CBO indica o que faz o laboratorista
atua no ramo e, portanto,
conhece bem a profissão. industrial. Agrupamos aqui suas atribuições por temas:
Você pode consultar es-
se documento na íntegra
acessando o site: www.
mtecbo.gov.br.
Formação/qualificação profissional
• Apresentar ensino médio concluído.
• Apresentar curso básico de qualificação
profissional de 200 a 400 horas-aula.
• Desempenhar atividades por um ou dois anos
para conseguir experiência profissional.

Atitudes pessoais
• Manter concentração.
• Saber trabalhar sob pressão.
• Manter disciplina e organização.

Atitudes profissionais
• Trabalhar em equipe.
• Demonstrar ética profissional.
• Estar disponível para trabalhar em sistema de
rodízio de turnos (diurno/noturno).

38 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


ivan carneiro

Você sabia?
Existem empresas que
fornecem capacitação pa-
ra trabalhadores dessa
área quando já estão con-
tratados. Quando você
estiver procurando em-
prego no setor, procure
saber quem oferece opor-
tunidades de formação.

Auxiliar de laboratório metalúrgico em ação: atividades bastante diversificadas.

As atividades do auxiliar de laboratório metalúrgico po-


dem ser bastante diversificadas, dependendo da parte do
processo produtivo em que ele atua e também do tipo de
produto fabricado ou do serviço prestado pela empresa.
Isso porque o laboratório metalúrgico tem um leque de
atividades muito grande. O auxiliar atuará de um modo
diferente, por exemplo, em indústrias metalúrgicas que
trabalham na extração de metais, na transformação ou
na aplicação. Da mesma forma, uma grande empresa
pode ter diversos laboratórios, cada um desenvolvendo
um conjunto diferente de atividades.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 39


Importante
Na Unidade 3, você saberá detalhes sobre os
vários segmentos da metalurgia: metalurgia ex-
trativa, metalurgia de transformação, beneficia-
mento, montagem, serviços, ensino e pesquisa.

Independentemente disso, todos os laboratórios continuam


sendo lugares onde se fazem ensaios e testes. Como au-
xiliar de laboratório metalúrgico, você atuará na rotina
desses locais, ajudando os demais profissionais que ali
trabalham: técnicos, analistas, engenheiros e, no caso das
escolas técnicas e universidades, professores.
A importância do auxiliar nessa equipe se dá por sua
atuação na chamada fase primária de um trabalho, ou
seja, no início de uma tarefa, que, geralmente, é uma
DICA análise laboratorial. Essa fase é extremamente impor-
Você vai saber mais sobre a coleta tante, pois um simples erro de coleta de amostras ou a
de amostras para ensaios no
segundo volume deste curso. preparação inadequada do material a ser verificado pode
resultar em uma conclusão totalmente errada, gerando
problemas mais adiante, no momento de fabricar uma
peça metálica.
Podemos comparar essa situação à de um tratamento
médico: um erro num ensaio de laboratório seria equi-
valente a receber um resultado alterado ao fazer exame
de sangue. Por exemplo: se o resultado do exame indica
algum problema com a quantidade de açúcar que a pessoa
tem no sangue (ou seja, na sua taxa de glicose), o médico
tomará suas decisões com base nisso, podendo até tratar
o paciente como diabético, sendo que ele está saudável.
E tudo por conta de um erro de análise.

40 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


Atividade 1
F uncionamento inadequado

Organizados em duplas, você e seus colegas vão imaginar


uma fábrica que produz peças de automóveis, e que man-
tenha um laboratório que não funcione adequadamente.
Listem as consequências da fabricação de uma barra de
direção que rompa quando uma pessoa estiver dirigindo.

Você sabia?
Quando uma indústria –
uma montadora de auto-
móveis, por exemplo –
descobre que colocou no
mercado um lote de pro-
dutos com defeito de fa-
bricação, deve fazer o
chamado recall, que é a
convocação dos consumi-
dores que adquiriram
essa mercadoria para que
ela seja consertada gra-
tuitamente (se for o caso,
substituindo as peças
defeituosas).

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 41


No início de um processo de análise, o objetivo é ge-
ralmente determinar as propriedades dos materiais
metálicos, produzindo informações na forma de rela-
tórios de laboratório, boletins técnicos, laudos e outros
DICA tipos de documentos ou registros que são comuns nesses
Se você tiver contato com alguém
que exerça a função de auxiliar de tipos de situação.
laboratório metalúrgico, pergunte
o que diferencia os relatórios,
boletins e laudos com que essa O auxiliar deve dar a base prática – ou seja, “preparar
pessoa lida em seu cotidiano
profissional. Depois, partilhe com o terreno” – para que a análise aconteça. Por isso, sua
os colegas as informações obtidas.
atividade pode variar. Ele pode ser requisitado para cortar
pedaços (amostras) de uma barra metálica que será anali-
sada, realizando sua correta identificação, ou para ajudar
nos testes que definirão a qualidade dessa matéria-prima
(o metal) ou, ainda, do produto final fabricado a partir
do material testado.
O fato de sua função ser diversificada não diminui o grau
de responsabilidade da atividade.
O grau de dificuldade também pode variar. A preparação
de amostras a serem ensaiadas parece um processo simples,
mas pode ser complicado, pois os chamados corpos de
prova — os materiais que serão analisados — em geral
apresentam alguma complexidade em sua preparação.

42 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


Dia a dia
O auxiliar de laboratório metalúrgico trabalha com outros profissionais nas bancadas
dos laboratórios de metalurgia, lidando com diferentes equipamentos e realizando
análises. Ele é o profissional que auxilia nos testes dos materiais, verificando se os
resultados desses testes podem influenciar de forma negativa ou positiva na realização
de um determinado projeto.
Para essa ocupação, é necessária uma boa base de conhecimento técnico, pois vários
saberes serão requisitados no seu dia a dia.
Veja este exemplo: o laboratório que você atua irá analisar uma barra metálica,
verificando sua qualidade e se está de acordo com as características desejadas. Como
auxiliar de laboratório, você irá até a linha de produção e cortará uma amostra
da peça. Parece fácil, não é? No entanto, para cortar a peça, é recomendado que
você evite aquecê-la demais e digamos que, no momento do corte, você a aquece
mais do que poderia. Esse processo, chamado de superaquecimento, talvez altere as
características da peça e, ao examiná-la, o resultado do teste poderá ser falso. Por
isso, neste curso, procuraremos passar a você algumas bases técnicas fundamentais
até mesmo para realizar procedimentos aparentemente simples.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 43


Importante
Quando uma empresa contrata os serviços de
outra, falamos que esse trabalho é terceirizado,
ou seja, realizado por um “terceiro”. A finalidade
disso é reduzir os custos, uma vez que a empre-
sa que contrata não precisa ter a estrutura (ins-
talações, equipamentos e mão de obra) para
realizar a tarefa encomendada.
Agora reflita: você acha que a terceirização altera
alguma coisa para os trabalhadores? Como ficam
os contratos de trabalho? E os salários?
Faça uma pesquisa sobre a questão e depois de-
bata suas conclusões em sala de aula.

Os laboratórios metalúrgicos podem fazer parte das


instalações de uma indústria do setor ou serem tercei-
rizados. Em qualquer dos casos, ele deverá estar pronto
para atender aos pedidos de outras áreas da empresa,
que precisará das análises para garantir a qualidade dos
produtos que fabrica. Sempre que ocorrerem estas soli-
citações, serão realizados ensaios e análises químicas e
físicas de matérias-primas e de produtos, seguindo normas
técnicas e ambientais. O laboratório, portanto, tem papel
essencial na produção.
Além de preparar material para as análises e realizá-las,
Você sabia? com a supervisão de um técnico, faz parte das atividades
Em metalurgia, a manu- do auxiliar produzir relatórios, seguindo os procedimentos
tenção preventiva é feita
com parada programada. e normas definidos no laboratório.
São, então, examinados
os pontos críticos dos Ele também participará da manutenção preventiva das
equipamentos. A inten- ferramentas e equipamentos. Ou seja, ajudará a manter
ção é evitar a manuten-
ção corretiva, que acon- os equipamentos e ferramentas em bom estado, fazendo
tece justamente porque verificações de tempos em tempos, para que funcionem
alguma máquina parou.
corretamente quando forem necessários.

44 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


ivan carneiro

ivan carneiro
Cenas cotidianas de profissionais da área: fazendo a preparação da máquina universal de ensaios (à esquerda) e de uma amostra para ensaio
metalográfico (à direita).

Como você já sabe, há momentos em que o auxiliar de


laboratório é chamado para preparar os corpos de prova
para os ensaios. Para isso, deve saber como ler e interpretar
um conjunto específico de desenhos e normas. Em alguns
momentos, você vai preparar máquinas, aparelhos e ins-
trumentos de ensaios, conforme os padrões estabelecidos, DICA
em outros, vai operá-los. Procure pesquisar em detalhes, na
internet, as especificações e o
funcionamento das ferramentas e
Para lidar com todo o material de um laboratório – que dos equipamentos com que o
auxiliar de laboratório trabalha.
pode ser frágil ou robusto, de tecnologia avançada ou Nas próximas páginas, você
encontrará textos resumidos sobre
simples –, você terá de se familiarizar com ele. Este curso esses materiais, mas é sempre
desejável saber mais, concorda?
de qualificação e a experiência durante o trabalho permi- Os sites de diversos fabricantes
costumam trazer informações
tirão que você ganhe familiaridade com a profissão. Por valiosas sobre esses produtos.

enquanto, conheça o nome e a utilidade dos principais


equipamentos com que o auxiliar de laboratório meta-
lúrgico lida em seu cotidiano.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 45


ivan carneiro

ivan carneiro
Cortadeira – realiza cortes de material Lixadeira politriz – é usada para lixar
metálico. É utilizada, principalmente, e polir amostras metalográficas.
em amostras nos ensaios metalográficos.
ivan carneiro

ivan carneiro

Máquina de embutimento – realiza Máquina universal de ensaios – rea-


embutimento de amostras. liza ensaios de tração, compressão,
flexão, dobramento e cisalhamento.

46 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


Micrômetro Transferidor

starret

Paquímetro
starret

starret

Régua graduada Goniômetro

ivan carneiro ivan carneiro

Régua graduada, paquímetro e micrômetro – instrumentos usados em


medições lineares.
Transferidor de grau (ou goniômetro) – realiza medições angulares.
ivan carneiro

ivan carneiro

Ultrassom – verifica descontinuidades Yoke – equipamento usado na reali-


internas no material metálico durante zação de ensaios não destrutivos com
ensaios não destrutivos. partículas magnéticas.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 47


Atividade 2
E quipamentos usados em laboratórios de metalurgia

1. Você conhece o equipamento que

ivan carneiro
aparece na foto ao lado? O nome
dele é microscópio. Faça uma pes-
quisa na internet para verificar para
que ele serve e como pode ser utiliza-
do em um laboratório metalúrgico.

2. Agora você e seus colegas vão discutir as respostas de cada um, de forma coor-
denada pelo monitor. Anote aqui as conclusões tiradas pelo grupo.

48 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


O perfil do profissional
Como em um laboratório de metalurgia são realizadas atividades diferenciadas –
tanto simples, como complexas – nele trabalham profissionais de diversos níveis de
escolaridade e com funções e cargos variados. Nesse sentido, ter disposição para
trabalhar em equipe e atuar de forma cooperativa é importante. A cooperação
no ambiente de trabalho possibilita que toda a equipe cresça junto, e você poderá
aprender cada vez mais sobre sua ocupação.
Nessa função também é imprescindível realizar as atividades sem perder a con-
centração, sendo cuidadoso na manipulação dos materiais, de modo a evitar riscos
desnecessários.
Mas lembre-se: a preocupação com os riscos no ambiente de trabalho é, antes de tudo,
uma responsabilidade da empresa. É ela que deve – por lei – dispor das condições
e dos equipamentos de proteção individuais e coletivos (sobre os quais falaremos
detalhadamente mais adiante) para que os profissionais não atuem em condições
que possam causar falhas de segurança e danos à sua saúde.
Por fim, planejar o trabalho e as atividades do dia poderá ajudá-lo a organizar o que
irá fazer e tornar a sua rotina mais fácil.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 49


Atividade 3
C onhecendo a profissão

1. Leia a entrevista a seguir. Ela traz o depoimento de um metalúrgico que atua


como auxiliar de laboratório.

ivan carneiro
P – Qual é o seu nome e o que você faz?
R: Meu nome é Valdemar Carmelito dos Santos e sou auxiliar de labora-
tório metalúrgico.
P – Qual é a sua idade?
R:  51  anos.
P – Como iniciou sua carreira?
R: Eu comecei a trabalhar em uma siderúrgica como ajudante industrial.
Logo fui promovido a soldador. Mas não parei de estudar: fiz curso
técnico em metalurgia e curso de capacitação na área de  mecânica.
Com isso, consegui ser promovido a auxiliar de laboratório metalúrgico.
 P – Há quanto tempo você exerce a profissão de auxiliar de laboratório metalúrgico?
R:   Trabalho como auxiliar de laboratório metalúrgico há 13 anos.
 P – E hoje em dia, você costuma fazer cursos de especialização?
R:  Sim. Na metalurgia, nós temos os cursos de capacitação. Com eles, nós podemos aprender um pouco
mais da prática da profissão que escolhemos. Eu, por exemplo, já fiz cursos de capacitação para aprender
a utilizar melhor alguns instrumentos do laboratório.
P – Onde você trabalha? 
R:   Eu trabalho na Escola Técnica Estadual Dona Escolástica Rosa, em Santos.
P – Qual a sua função na escola?
R.   Sou auxiliar de docente, no laboratório de metalurgia. Eu auxilio os professores nas aulas práticas.
P – O que é preciso para ser auxiliar de laboratório metalúrgico?
R: É preciso ter o curso técnico em metalurgia ou em mecânica. Mas também é importante fazer cursos
de capacitação profissional. O que aprendemos nesses cursos é essencial para algumas tarefas que são
realizadas em um laboratório metalúrgico.
P – Quais são os principais cuidados que se deve ter ao realizar os ensaios?
R: O primeiro cuidado é com a segurança pessoal, mas, sem se esquecer de zelar pela segurança de todos
que estiverem com você no momento do ensaio. Para o sucesso da tarefa, é também muito importante
estar atento para não perder as informações fornecidas pelo computador que controla os resultados da
máquina universal.
P – O que é preciso para um auxiliar de laboratório trabalhar no setor de ensino e pesquisa?
R:  Em primeiro lugar, gostar do que faz e ter prazer em repassar as suas experiências para os alunos. Sem
se esquecer, é lógico, de que é preciso se profissionalizar na área de laboratório.
 P – Como é o mercado?
R: O mercado é promissor e há muitas oportunidades para quem deseja ser um auxiliar de laboratório.

50 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


2. Organizados em trios, você e seus colegas vão entrevistar um profissional da área.
Se possível, escolham alguém que atue num bairro próximo à escola. Segue abaixo
um roteiro com sugestões de perguntas.
a) Quem é o entrevistado? Qual o seu nome? Onde trabalha?
b) Qual sua escolaridade?
c) Há quanto tempo está exercendo essa ocupação?
d) Como é o trabalho que realiza no seu dia a dia?
e) Como aprendeu a ocupação?
f) Quais são as principais dificuldades para exercer o trabalho no dia a dia?
3. Investiguem as oportunidades de trabalho existentes para quem exerce essa
ocupação.
4. Criem um cartaz com as principais informações levantadas na entrevista (item 2)
e na pesquisa (item 3) e exponham os resultados do trabalho para a classe.
Conhecer o que faz um auxiliar de laboratório metalúrgico é importantíssimo para
você decidir se vai mesmo abraçar tal ocupação.

O mercado de trabalho
A economia nacional cresceu

Artpose Adam Borkowski/Shutterstock


em ritmo acelerado nos últimos
anos, o que gerou, entre outros
efeitos, um aumento significa-
tivo na quantidade de empre-
gos na indústria, inclusive no
setor metalúrgico.
A boa notícia inclui a área de
atuação do auxiliar de laborató-
rio metalúrgico. E o melhor: o
campo de trabalho desse profis-
sional vai além das indústrias.
O laboratorista pode se dedicar
a atividades de ensino e pesquisa em escolas técnicas e universidades, por exemplo.
Além disso, pode ocupar uma vaga num laboratório independente que presta serviços
para uma ou mais empresas.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 51


Identificando seus saberes
Antes de começarmos a observar de forma mais detalhada cada um dos aspectos da
ocupação, convidamos você a olhar para seus saberes atuais.
Afinal, você já tem conhecimentos, experiências e percepções que podem ser úteis
no dia a dia de um auxiliar de laboratório metalúrgico.
Nossa proposta é identificar esses itens por duas razões.
A primeira delas é que há muitas coisas que já fizemos (ou ainda fazemos) e não
valorizamos. Certamente você possui saberes adquiridos durante a vida por meio de
experiências e aprendizagens obtidas na escola ou fora dela.
Veja esse exemplo: uma das competências listadas na CBO é “manter disciplina e
organização”. Vamos imaginar, então, a situação a seguir. Você, por algum motivo,
está sozinho em casa. E tem uma série de atividades a fazer: arrumar as camas,
lavar a louça, pôr ordem na bagunça da sala, preparar seu almoço, fazer compras e
guardá-las, revisar o seu currículo, buscar informações sobre empresas de metalurgia
que estão contratando auxiliares, preparar o jantar... – e ainda encontrar tempo para
conversar um pouco com os vizinhos.

52 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


Tudo isso vai exigir de você uma boa dose de disciplina e organização, concorda?
Você está acostumado a assumir várias responsabilidades assim em seu cotidiano.
A segunda razão para identificarmos nossos conhecimentos passados e experiências
acumuladas é que isso vai permitir às pessoas da classe partilharem seus saberes uns
com os outros. Um ajudará o outro a reconhecer e a extrair, das vivências individuais,
saberes que podem ser úteis para a profissão que estão buscando.
Aprender a ouvir é um grande começo. Essa é uma característica importante (e
valorizada) quando buscamos uma profissão na qual precisamos lidar com pessoas
diferentes o tempo todo.

Atividade 4
S ua história de vida

1. Escolha alguém da classe – de preferência, uma pessoa que você ainda não conhece
bem – para fazer uma dupla. Um de vocês começa a contar sua vida e o outro
anota o que achar relevante. Depois vocês vão trocar de posição. Não deixem
nada de fora.
Cada um deve falar sobre seus estudos, trabalhos e bicos; o que faz no dia a dia
(seus hábitos cotidianos); o que gosta de fazer para se divertir e relaxar; o que sabe
fazer em casa; o que aprendeu um dia, mas hoje não sabe mais fazer etc.
Fale também sobre como você é: do que gosta e não gosta; se você é organizado,
dorminhoco, falante etc.
As duplas terão cerca de 40 minutos para cumprir a tarefa. Cada um pode falar
durante 20 minutos, mais ou menos, sem ser interrompido pelo outro (a menos
que seja para esclarecer dúvidas).
2. Agora que os dois já contaram quem são, que tal organizar essas informações e
listar seus saberes?
Vocês devem fazer isso juntos, tendo como base a conversa e as anotações men-
cionadas no item anterior. Mas cada um vai escrever no próprio caderno o que
descobriu (ou já sabia) sobre si mesmo.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 53


Exemplo Minhas características
Até que Estudei até a sexta
série (parei em 1999).
série estudei

Nenhum.
Cursos de
qualificação
que fiz

Trabalhei no setor
Saberes de estoque de uma
relacionados pequena metalúrgica.
às minhas Fui ajudante de um
experiências serralheiro do meu
de trabalho bairro.

Saberes Gosto bastante de


conversar.
relacionados
Tenho facilidade
ao meu jeito para aprender.
de ser e de agir

Outras coisas que Sei jogar bola e


desenho bem.
sei ou aprendi

54 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


Lembre-se de que existem saberes:
• de tipos diferentes – relacionados à comunicação (fala
e escrita), aos números, aos esportes, às habilidades

Acervo Iconographia
manuais etc.
• que aprendemos em lugares diferentes – na escola, no
trabalho, na vizinhança, na reunião da associação de
bairro etc.
• que aprendemos de maneiras diversas – olhando os outros
fazendo (ou seja, pelo exemplo), lendo, exercitando etc.
Assim como o compositor Noel Rosa cantava que “Ba-
tuque é um privilégio/Ninguém aprende samba no colé- Noel Rosa nasceu no Rio de
gio”, há coisas que aprendemos depois de treinar bastante Janeiro em 1910. Foi compo-
sitor e cantor e é considerado
(futebol, por exemplo) e outras que aprendemos mais um dos maiores sambistas
facilmente na escola quando alguém nos ensina passo a brasileiros. Morreu em 1937,
com apenas 26 anos. Mas,
passo (como ler e escrever). nesse curto tempo de vida,
compôs mais de 250 músicas.
Todos são saberes válidos. Mas, dependendo do que
Se possível, ouça – usando
você faz, alguns podem ser mais úteis do que outros. Por a internet – a canção Feitio
isso, vamos agora dar mais um passo no reconhecimento de oração, que contém os
versos transcritos abaixo.
dos seus saberes.

Feitio de oração
Oswaldo Gogliano (Vadico) e Noel Rosa

Quem acha vive se perdendo Pra cantar com satisfação


Por isso agora eu vou me defendendo E com harmonia
Da dor tão cruel desta saudade Esta triste melodia
Que, por infelicidade,
Que é meu samba em feitio de oração
Meu pobre peito invade
O samba na realidade não vem do morro
Batuque é um privilégio Nem lá da cidade
Ninguém aprende samba no colégio E quem suportar uma paixão
Sambar é chorar de alegria Sentirá que o samba então
É sorrir de nostalgia Nasce do coração.
Dentro da melodia
Copyright © 1954 By IRMÃOS VITALE S/A IND. E COMÉRCIO
Por isso agora lá na Penha Todos os direitos autorais reservados para todos os países.
Vou mandar minha morena ALL RIGHTS RESERVED. INTERNATIONAL COPYRIGHT SECURED.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 55


Na tabela a seguir, você irá relacionar os seus saberes atuais com aqueles identificados
como necessários à ocupação de auxiliar de laboratório metalúrgico.
O objetivo deste exercício é fazê-lo perceber e registrar tudo que precisa aprender
ou aprimorar a fim de trabalhar como auxiliar de laboratório. Faça um x na coluna
que descreve sua situação em relação a esses saberes.

Saberes que O que eu


eu já tenho preciso saber
(Inclua aqui tanto os saberes que (Inclua aqui tanto os saberes que
O que diz a CBO você domina – cursos e atividades você precisa aprimorar, como os
que já fez –, quanto os que você que você precisa aprender –
está adquirindo) aqueles que você “tem que
começar do zero”)

Em Preciso Preciso
OK
processo aprimorar aprender

Escolaridade
Ensino Médio
completo

Capacitação profissional

Curso de qualificação

Participação em
eventos e palestras

Estágio
em metalúrgica

Consultas em livros e
publicações especializadas

56 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


Saberes que O que eu
eu já tenho preciso saber
(Inclua aqui tanto os saberes que (Inclua aqui tanto os saberes que
O que diz a CBO você domina – cursos e atividades você precisa aprimorar, como os
que já fez –, quanto os que você que você precisa aprender –
está adquirindo) aqueles que você “tem que
começar do zero”)

Em Preciso Preciso
OK
processo aprimorar aprender

Saberes relacionados à ocupação: atitudes profissionais

Agir com iniciativa

Ler manuais técnicos

Aplicar recursos de
informática como usuário

Atuar com
responsabilidade técnica

Trabalhar em equipe

Respeitar a opinião
dos outros

Neste quadro não foram inseridos alguns saberes fundamentais relacionados à ocupação
de auxiliar de laboratório metalúrgico. Veja a seguir quais são eles.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 57


1. Executar ensaios metalográficos: interpretar normas
técnicas de ensaios e especificações, prover o laboratório
dos materiais a serem analisados, preparar materiais
e equipamentos para ensaio; selecionar substâncias
reagentes, preparar e padronizar soluções para aná-
lise, executar análises, além de registrar, monitorar e
informar os resultados.
Metalografia é o estudo
das propriedades e da estru- 2. Garantir a calibração (ajuste adequado) dos equipa-
tura dos metais e de suas mentos: registrar dados de calibração, realizar ma-
ligas, realizado com o auxí-
lio de um microscópio. nutenção e reparo nos equipamentos e monitorar a
validade de calibração de equipamentos.
3. Realizar a amostragem dos materiais: aplicar meto-
dologia de amostragem, coletar e preparar amostra de
acordo com normas, preservar a amostra conforme
especificações e procedimentos e efetuar descarte ou
reaproveitamento da amostra, também seguindo es-
pecificações e procedimentos.

Calibração ou calibragem
4. Trabalhar segundo normas de segurança, saúde e
é, segundo o Dicionário meio ambiente: cumprir legislação e normas perti-
Houaiss, o conjunto de pro- nentes, utilizar equipamentos de proteção individual
cedimentos destinados a
estabelecer uma correspon- estabelecidos em normas, atuar na prevenção de aci-
dência entre uma grandeza dentes, manter a organização, limpeza e higiene no
física conhecida ou padroni-
zada e as leituras de um local de trabalho, manusear os materiais de análise
instrumento no qual esta aplicando normas de segurança, conduzir análises para
grandeza é medida. Em ou-
tras palavras, calibrar signi-
auxiliar no controle de emissões no processo, aplicar
fica ajustar o instrumento procedimentos de descarte e segregação de resíduos
medidor (se, por exemplo,
colocamos um peso de 1 kg
de laboratório, pesquisar métodos de recuperação, re-
numa balança e percebemos ciclagem e reaproveitamento de resíduos industriais,
que ela não registra a medi- otimizar métodos de tratamento de resíduos industriais
da com exatidão, essa má-
quina deverá ser calibrada). e minimizar impactos ambientais indesejáveis.
5. Controlar a qualidade: aplicar métodos e técnicas
normalizadas de análises e ensaios, controlar a qua-
lidade da matéria-prima, dos produtos em processos,
e do produto acabado, além de empregar metrologia
de nível básico.

58 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


6. Participar do sistema da qualidade da empresa: atuar no processo de melhoria
contínua, atender os procedimentos definidos pelo sistema de garantia de qualidade,
colaborar nas auditorias internas e externas de qualidade, monitorar a qualidade
dos fornecedores e verificar a metodologia de ensaio.
7. Colaborar no desenvolvimento de metodologias de análise: testar novas meto-
dologias e novos procedimentos.
Esse conjunto de saberes não entrou na tabela anterior porque, embora todos
tenham ligação direta com a ocupação, são de natureza técnica e serão abordados
durante este curso.
A CBO apresenta tudo o que você precisa saber para ser um auxiliar de laboratório
metalúrgico (no documento, a ocupação aparece com o nome de auxiliar de labo-
ratorista industrial).
Fique atento, ao longo do curso, para registrar todos os saberes que você está adquirindo.
Tenha também em mente que certos detalhes das profissões nós só vamos descobrir
depois de anos de trabalho. E que há coisas que apenas aprendemos quando pesqui-
samos, ou seja, saímos em busca de novas fontes de informação sobre aquele assunto.
A atualização sobre sua ocupação deve acontecer o tempo todo. É comum, às vezes,
deixarmos coisas importantes para fazer mais tarde. Por isso, é importante traçar
um plano, organizar as atividades que temos que fazer com certa antecedência. Isso
se chama planejamento.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 59


Planejar parece complicado. Mas não é tanto assim. Basta seguir algumas etapas
que fica mais fácil.
1. Pense sobre o que deve ser feito e registre tudo numa folha de papel, de forma
organizada, de acordo com a ordem de importância.
2. A fim de conferir se uma ação é mesmo importante, procure registrar por que
você pensou em praticá-la, ou seja, qual é o seu objetivo ao realizá-la.
3. Em seguida, indique como a atividade será feita.
4. E, finalmente, coloque um prazo para ela acontecer.

Atividade 5
P laneje seus próximos passos

Liste na tabela a seguir algumas atividades que você pode fazer durante este curso e que
podem ajudá-lo a se preparar para ser auxiliar de laboratório metalúrgico. Por exemplo:
ler apostilas e livros técnicos sobre análises e ensaios em laboratórios metalúrgicos.
Não se esqueça de indicar o motivo que o levou a escolher esse passo e de definir de
que forma você vai agir. Depois, é só colocar um prazo para isso acontecer.
Construa agora o seu próprio roteiro. Coloque nele quantas ações quiser.
Mas lembre-se: você não vai esgotar todas as atividades de uma só vez e, ao
programá-las passo a passo, a chance de desanimar é menor. Além disso, você
poderá voltar a esse roteiro quantas vezes achar necessário, durante o curso e
depois de concluí-lo.
Para que o planejamento dê certo, você deve rever o seu roteiro de tempos em tempos
e modificar suas ações e prazos, adequando-os quando preciso.

60 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


O que fazer? Por quê? Como? Quando?
Ler livros e Para conhecer Procurando Até o final
apostilas sobre as normas e os textos na internet deste mês.
análises e ensaios procedimentos e, se possível,
em laboratórios obrigatórios para em bibliotecas
metalúrgicos. o exercício da especializadas (de
profissão. escolas técnicas,
por exemplo).

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 61


Unidade 3
O setor metalúrgico
Como já vimos, a área da metalurgia pode ser dividida em:
• metalurgia extrativa;
• metalurgia de transformação ou conformação mecânica;
• beneficiamento;
• montagem ou aplicação;
• serviços, ensino e pesquisa.
Esses segmentos são também as etapas que estruturam o tra-
balho do setor metalúrgico, desde a extração do minério até a
montagem do produto final.

1. A metalurgia extrativa
A metalurgia extrativa é a área que trabalha com a obtenção (ou
extração, retirada) de metais a partir de fontes minerais naturais
e, eventualmente, de sucata. Os metais estão divididos em duas
grandes categorias: ferrosos e não ferrosos.
Identificar e descrever as características físicas ou químicas dos
minerais, ou seja, apresentá-los em detalhes, faz parte das tarefas
do auxiliar de um laboratório metalúrgico extrativo.
O primeiro passo de uma análise dos minerais é verificar se
realmente existe minério no local em que se pretende explorar.
Hoje, essa tarefa ficou relativamente mais fácil graças à tecnolo-
gia, pois para fazê-la são usadas sondas que detectam minérios,
dispensando as caras e demoradas escavações do passado. Uma
vez constatado que há quantidade de minério que justifique a
extração, caberá ao auxiliar de laboratório metalúrgico ajudar
nos ensaios (testes), dentro de um laboratório, para especificar
as características dos minerais encontrados.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 63


Os metais podem ser encontrados na crosta terrestre
entranhados em rochas. Conforme a sua formação, es-
sas rochas podem ser classificadas em ígneas (também
conhecidas como magmáticas), sedimentares ou meta-
mórficas. A região rochosa onde há uma concentração
de minerais com valor comercial recebe o nome de ja-
Você sabia? zida. As jazidas podem ser superficiais ou profundas.
Minério e mineral são No Brasil, as jazidas de ferro são superficiais, formando
coisas diferentes. O mi- morros. Já as de ouro e as de carvão são muito profundas.
nério é o mineral que
pode ser explorado eco- Essas necessitam de técnicas de extração que envolvem
nomicamente, isto é, po- o uso de máquinas sofisticadas ou o trabalho manual
de ser comercializado.
de mineiros ou garimpeiros.
rogerio reis/pulsar imagens

Jazida de ferro: o metal entranhado nas rochas forma morros.

64 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


mauricio simonetti/pulsar imagens

A palavra jazida, na língua


portuguesa, tem significados
diferentes. Pode ter o senti-
do que nos interessa neste
texto – ou seja, “camada de
uma substância (como car-
vão, ferro etc.) que existe
naturalmente nas rochas” –
mas também pode significar
“a ação de jazer”, isto é,
deitar-se. Esse tipo de situa-
ção (formas linguísticas idên-
ticas com significados diver-
sos), na língua portuguesa,
é chamado de homonímia.
Extração de hematita na Mina de Timbopeba em Mariana (MG): a céu aberto.
Xinhua/Photoshot/Photoshot News/Latinstock

Você sabia?
Um exemplo de jazida
profunda é a da mina de
cobre de San José, no
Deserto de Atacama, no
Chile. Em 2010, 33 minei-
ros que trabalhavam na
extração de cobre no local
sofreram um acidente e fi-
caram soterrados durante
69 dias, 700 metros abai-
xo da superfície. O resgate
dos mineiros, que ocorreu
no dia 13 de outubro, du-
rou 22 horas e foi consi-
derado um sucesso, pois
todos saíram com vida!

Resgate dos mineiros de cobre, no Chile: operação de 22 horas foi um sucesso.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 65


O extrativismo, atividade pela qual o homem explora os
minérios, é conhecido desde a Pré-História. No Brasil,
antes mesmo da descoberta de ouro em Minas Gerais (do
qual falamos na Unidade 1), a atividade fez parte de um
capítulo importante da história.
Foi durante o século 16 (XVI), período em que o Brasil
ainda era colônia de Portugal. Os chamados bandeirantes
(homens contratados pelos colonizadores lusitanos para
desbravar terras brasileiras ainda desconhecidas, além de
Aluviões são camadas de capturar índios e escravos) partiam das vilas de São Paulo
areia, argila ou cascalho pro-
venientes de erosão recente e e São Vicente em busca de riquezas. Ouro e diamantes
que são transportados e depo- eram encontrados na superfície da terra, nos aluviões
sitados por correntes de água.
dos rios ou no solo.
ACERVO DO MUSEU PAULISTA DA universidade de são paulo / HÉLIO NOBRE

Você sabia?
A história dos bandeirantes
foi tratada de diferentes
maneiras pelos historia-
dores brasileiros. Houve
quem considerasse que
esses exploradores foram
heróis nacionais. Um filme
produzido em 1940 – Os
Bandeirantes, de Hum-
berto Mauro –, ajudou a
propagar essa ideia. Ou-
tra vertente, mais atual,
mostra um lado menos
romantizado desses viajan-
tes, retratando sua atuação
na captura e escravização
de índios e, mais tarde, na
perseguição de escravos Anhanguera, óleo sobre tela de Theodoro Braga, 1930, Museu Paulista da USP, São Paulo. A imagem
que fugiam das fazendas. mostra o bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva acendendo fogo diante de índios goitacazes, que
atribuíram poderes mágicos ao explorador e o apelidaram de Diabo Velho.

66 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


joão bacelar

Monumento às Bandeiras, escultura em granito de Victor Brecheret, 1954, Praça Armando Salles de Oliveira, São Paulo.

O Brasil é bastante rico em recursos naturais, incluindo minérios. Ao lado de


Canadá, Austrália, Rússia, China e Estados Unidos, nosso país dispõe de quase 60
tipos de minerais, sendo que algumas das maiores reservas do mundo estão aqui. A
terceira maior jazida de bauxita (minério do qual se extrai o alumínio), por exemplo,
localiza-se em território nacional.
Entre os principais minérios encontrados no Brasil estão o ferro, a bauxita, o cobre,
o cromo, o ouro, o estanho, o níquel e o manganês.

O auxiliar de laboratório na metalurgia extrativa: as mineradoras


Nas mineradoras, as atividades do auxiliar de laboratório consistem basicamente em
caracterizar o minério segundo os critérios descritos a seguir.
• Composição química – análise que tem como objetivo determinar os elementos
químicos presentes no minério, assim como as porcentagens desses elementos.
• Composição mineralógica – a primeira análise, qualitativa, tem como meta deter-
minar os tipos de minerais contidos no minério; a segunda análise, quantitativa,
avalia a concentração desses minerais presente na amostra extraída.
• Granulometria – análise que determina o tamanho dos grãos e sua distribuição
na amostra do minério extraído.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 67


Todas essas análises fornecem informações importantes que serão usadas para avaliar
se a lavra naquela região é – ou continua – viável, levando em conta os teores desejados
de minério e de impurezas. Esses levantamentos podem, por exemplo, inviabilizar
a extração do minério em determinados pontos das rochas.
Um exemplo dessa riqueza natural é o chamado Quadrilátero Ferrífero, região do
estado de Minas Gerais, localizada a poucos quilômetros da capital, Belo Horizonte.
A região já atraiu muita gente no século 17 (XVII) com a descoberta de grandes
reservas de ouro (assunto tratado na Unidade 1). Atualmente, o Quadrilátero con-
tinua sendo a região mais populosa daquele estado e ainda é uma área de extrema
importância para a economia do país, respondendo por 60% da produção brasileira
de ferro e por 40% da produção de manganês.

O Quadrilátero Ferrífero

18
Diamantina
MINAS GERAIS
FA

FB Sete Lagoas

Belo Horizonte
Quadrilátero Ferrífero
Borda Oeste da Cordilheira do Espinhaço 20
Borda do Craton do São Francisco
Supergrupo do São Francisco
Supergrupo do Espinhaço
Supergrupo Minas
Supergrupo Rio das Velhas
Gnaisses não retrabalhados no Brasiliano FARG
FA Faixa Araçari
FARG Faixa Alto Rio Grande 46 44
FB Faixa Brasília

Quadrilátero Ferrífero: localizado em uma área de aproximadamente 7 mil km2 na região central de Minas Gerais.

68 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


Para você ter uma ideia da importância do ferro na vida des-

Reprodução Acervo Iconographia


sa região, vale destacar que o poeta Carlos Drummond de
Andrade dedicou ao tema um de seus textos mais célebres,
a Confidência do Itabirano. Vamos conhecer esse poema?

Confidência do Itabirano
Carlos Drummond de Andrade

Alguns anos vivi em Itabira.


Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro. O poeta Carlos Drummond
Noventa por cento de ferro nas calçadas. de Andrade nasceu em Ita-
bira do Mato Dentro, uma
Oitenta por cento de ferro nas almas. das cidades do Quadrilátero
E esse alheamento do que na vida é porosidade Ferrífero, em 31 de outubro
de 1902, e morreu no Rio de
e comunicação. Janeiro, em 17 de agosto de
1987. Entre suas obras mais
A vontade de amar, que me paralisa o trabalho, conhecidas, merecem des-
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem taque Alguma Poesia (1930),
Sentimento do Mundo (1940),
mulheres e sem horizontes. José (1942) e A Rosa do Povo
(1945). Você pode conhecer
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte, mais sobre ele e suas poesias
é doce herança itabirana. pesquisando o site www.
carlosdrummond.com.br.
De Itabira trouxe prendas diversas que ora te
ofereço:
esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil;
este São Benedito do velho santeiro Alfredo
Duval;
este couro de anta, estendido no sofá da sala
de visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa...

Tive ouro, tive gado, tive fazendas.


Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede
Mas como dói!

Confidência do Itabirano, publicado no livro Sentimento do Mundo,


de Carlos Drummond de Andrade, Editora Record, Rio de Janeiro
Carlos Drummond de Andrade (c) Graña Drummond
www.carlosdrummond.com.br

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 69


Apesar da diversidade de minérios existente, o mais popular é o ferro, o metal mais
abundante no planeta. E aproximadamente 8% das reservas de ferro da Terra estão
no Brasil. Por isso, ele se tornou o principal minério extraído no país. O Brasil é o
segundo maior produtor de ferro do mundo.
O papel desse metal, como já estudamos, é histórico. Sua participação na Revolução
Industrial foi fundamental e até hoje sua utilização é relevante.
Mas você deve ficar atento, pois, atualmente, quando alguém menciona o ferro, muito
provavelmente, está falando do aço – resultado de uma liga de carbono com ferro.
Ferro e aço são tão importantes que foi criada uma categoria de indústria só para
eles: a siderurgia. Não é à toa que essa indústria é tão comentada na história do país.
Veja, a seguir, um trecho da reportagem “AEB: Exportação de minério de ferro excede
US$20bi” (O Estado de S. Paulo, 3 de janeiro de 2011): “Com o boom no mercado
de minério de ferro, pela primeira vez um único produto ultrapassa a marca de US$
20 bilhões exportados do Brasil para o exterior. A projeção é de que as exportações
do minério tenham fechado 2010 em US$ 28,5 bilhões, afirma o vice-presidente da
Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro”.
Agora observe o gráfico abaixo. Ele contém uma estimativa da presença (em por-
centagens) de metais que podem ser encontrados na natureza no mundo todo. Veja
a importância relativa do ferro frente aos demais metais.

Presença de metais no mundo


Zn 0,8%
Cu 1,1% Pb 0,6%
Al 1,7% Ni 0,1%
Mg, Sn, Ti
0,1%

Al Alumínio
Cu Cobre
Zn Zinco
Pb Chumbo
Ni Níquel
Mg Magnésio
Sn Estanho
Ti Titânio
Fe Ferro
Fe 95,6%

70 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


As reservas de minério de ferro que já foram identificadas
e medidas no Brasil alcançam 33 bilhões de toneladas – o
total mundial é de 370 bilhões de toneladas.
O país ganha uma posição de ainda maior destaque no
cenário internacional se consideramos que, em nosso
território, há minérios cuja composição contém grandes
quantidades de ferro. É o caso da hematita, bastante
presente no estado do Pará, que possui 60% de ferro em Você sabia?
sua composição, e do itabirito, encontrado em Minas Porcentagem ou porcen-
Gerais, com 50% de ferro. tual é uma fração de uma
centena. Para obtê-la,
As principais empresas extratoras de ferro no Brasil são dividimos algo por 100 e
contamos quantos centé-
a Vale (responsável por 79% da produção nacional); a simos vamos usar. Quan-
CSN (com 7,4% da produção) e a Anglo American/MMX do falamos em 25%, por
exemplo, significa que
(3%). Outras siderúrgicas respondem pelos 10,6% restan- estamos usando 25 par-
tes. Os principais estados produtores são Minas Gerais tes do total de 100 partes
em que algo foi dividido.
(71%) e Pará (26%).

Importante
Segundo a Constituição Federal do Brasil,
todas as jazidas localizadas em território bra-
sileiro pertencem à União, que garante a uma
empresa concessionária a propriedade dos
minerais explorados. As regras para a con-
cessão de áreas para extração mineral tam-
bém são estabelecidas por lei. Entre as prin-
cipais exigências, está a obrigatoriedade das
concessionárias em compensar os prejuízos
ambientais das áreas exploradas. Desde 1995,
uma emenda constitucional permite conces-
sões ou autorizações para exploração reali-
zada com capital estrangeiro – o que era
proibido até então.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 71


Embora a reserva de ferro de Minas Gerais seja grande, o minério está espalhado
pelo Brasil inteiro. Não está concentrado como outros metais: a bauxita e o nióbio,
por exemplo. Este segundo, relativamente caro, é usado para fazer ligas, e a maior
reserva mundial está aqui. A Companhia Brasileira de Mineração, na cidade de Araxá,
explora o nióbio em uma reserva que contém muito mais da metade da quantidade
desse metal encontrada no planeta.

Reservas de minérios no Brasil

Au Au
Au Au
Au Au Mn
Au Fe
Au Au Cu Au
Au Ni
Al
Th
Al Al
Al
Au Al Al Au
Al
Au Au Al Ti
Ti
Au Al Cu
Au Mn
Au Au Ni Mn
Au Cu Fe Pb
Au Fe Ni
Au Au Fe WW
W Ti
Au
Au Au W Pb Cu WW Fo
Au Ni Fo
Au Ni Ti
Au Au Au Au Au Au
Ti Cu Mn
Au Au Au Au Cu
Pb Mn
Th Au Au Ti Th
Cu Mn
Au Au
Au Pb Cu Zn Au
Ni Zn Mn
Ti Au
Au Au Mn
Au
Au Ni Zn Mn Ti
Au Au Au Mn
Au Ni Ti
Au Th Ni Fe
Ni
Cu Zn Ti
Pb Th
Fe Fe Fe
Fe Fe Au
Mn Pb
Fe Fe Au Ni
Ni Fe Mn Mn Zn
Al Th
Au Ni Ni
Zn Zinco Sal Marinho
Cu Fe
Calcário W Tungstênio Pb
Ti Ni
Al Alumínio Pb Chumbo
Au
Th Tório Cu Cobre Au
Ti Titânio Fe Ferro W

Fo Fósforo Mn Manganês
Prata Ni Níquel Pb Ti
Au Cu Zn
Nióbio Au Ouro
Estanho Diamante

Fonte: http://rosvelytr.wikispaces.com/Geografia

72 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


Os metais não ferrosos
Entre os metais não ferrosos (aqueles que não contêm
ferro), o alumínio é o que mais cresce em importância
no mundo todo. O alumínio não é encontrado na natu-
reza. Ele é produzido a partir de um minério específico,
a bauxita.
Em 2008, mesmo sob efeito de uma crise econômica, a
produção anual de alumínio no mundo aumentou cerca Você sabia?
de 4%, alcançando 39,6 milhões de toneladas. Segundo Em 2008, grande desta-
a Associação Brasileira do Alumínio, em 2009, só o que foi dado a uma crise
econômica que, segundo
Brasil obteve um saldo de 25,5 bilhões de dólares com se acreditou na época, pro-
a exportação do metal. vocaria um desaquecimen-
to generalizado em todos
Depois do aço, o alumínio é o segundo metal mais comer- os setores da economia.
Na realidade, essa crise
cializado no mundo. A partir da produção do alumínio atingiu principalmente os
chamado primário (obtido da bauxita), os caminhos toma- bancos norte-americanos e
teve reflexos em outros pa-
dos por esse produto são inúmeros. Há um leque imenso íses. Porém, não chegou a
de aplicações para o alumínio, pois ele é um material abalar, de forma significa-
tiva, a economia brasileira.
flexível, leve e, ao mesmo tempo, forte.
Outra vantagem é que o alumínio contém uma espécie de
antioxidante natural, e, por isso, é resistente à corrosão e às
intempéries – ideal, portanto, para compor desde móveis
e esquadrias, que ficam nas áreas externas dos edifícios,
até barcos e plataformas de petróleo.
O alumínio é capaz de criar uma barreira contra a luz,
a umidade e a formação de micro-organismos; além de
São chamadas de intempé-
preservar características como aroma, textura, sabor e ries os extremos de condi-
integridade de alimentos, medicamentos e cosméticos. ções climáticas como tem-
pestades, ventanias etc.
Isso o torna perfeito para a composição de embalagens.
Pode-se dar ao alumínio diferentes tipos de acabamentos:
ele pode ser polido, escovado, pintado etc. Também por
essa razão, é bastante utilizado em arquitetura e decoração.
Por fim, o alumínio é um material capaz de conduzir calor.
Essa característica, aliada ao fato de ele ser durável e de fácil
manutenção, o torna ideal para a obtenção de energia solar.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 73


Roman Sigaev/Shutterstock

Alumínio: o metal não perde suas características quando é reciclado.

Há mais um aspecto que faz do alumínio um metal es-


pecial: ele é 100% reciclável e pode passar infinitas vezes
pelo processo de reciclagem sem perder suas caracterís-
ticas originais. Atualmente, 50% do alumínio usado na
fabricação de automóveis, ônibus e caminhões é produto
de reciclagem, um processo que é mais econômico e
consome menos energia do que sua produção primária
a partir da bauxita.
jeff greenberg/alamy

Você sabia?
Segundo a Associação
Brasileira do Alumínio
(Abal), a indústria nacio-
nal investiu R$ 382 mi-
lhões em 2009 na coleta
de latas de alumínio, em-
pregando 216 mil traba-
lhadores naquele ano.

Coleta de latinhas: 216 mil pessoas trabalharam no setor em 2009.

74 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


2. A metalurgia de transformação ou
conformação mecânica
A metalurgia de transformação – ou conformação me-
cânica – inclui um conjunto de processos de fabricação
que alteram a forma e/ou características de um metal
por meio de sua submissão a esforços físicos. Para isso,
são utilizados equipamentos adequados a cada um dos
processos, que são muitos. Os metais podem ser, por
exemplo, fundidos, forjados, laminados, extrudados, Você sabia?
trefilados ou estampados. E essas mudanças podem ser As indústrias de trans-
formação não são ex-
efetuadas a frio ou a quente. clusividade da área me-
talúrgica. Encaixam-se
A indústria de transformação leva esse nome por que nessa definição todas as
transforma o metal original em algo que pode ser usado idústrias que transformam
alguma matéria-prima ob-
em outras indústrias. Por exemplo, a partir do alumínio tida na natureza em pro-
primário, ela produz um perfil de alumínio que, depois, duto final ou intermediário
poderá ser usado para montar esquadrias de janelas; ou, para outra indústria. Quer
um exemplo? Pense nas
a partir do aço, essa indústria produz uma chapa que refinarias que transfor-
poderá, posteriormente, servir para montar uma porta mam petróleo em gasolina
(produto final) ou em naf-
de geladeira ou de carro. Ou seja, estamos falando de ta (produto intermediário),
um tipo de indústria que pode produzir uma infinidade que é o principal compo-
nente de certos plásticos.
de peças e componentes para muitas e muitas aplicações.
RIA NOVOSTI/SCIENCE PHOTO LIBRARY/SPL DC/Latinstock

Indústria de transformação: aço vira chapa que vira peça de geladeira.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 75


Como auxiliar de laboratório em uma indústria metalúrgica de transformação você
dará suporte aos ensaios e às análises para garantir que esses produtos transformados
mantenham as características e a qualidade desejadas.
Numa indústria de transformação mecânica, por exemplo, você realizará testes para
determinar as propriedades mecânicas de uma chapa de aço. Por exemplo, quanto
ela resiste à tração (quando é esticada), quanto resiste à flexão (quando é encurvada)
etc. Outra atividade é verificar, por meio de um processo específico, se aquele metal
contém a composição adequada ou programada pelos engenheiros.

O processo de transformação, portanto, oferece um conjunto de possibilidades de


trabalho ao auxiliar de laboratório metalúrgico. Afinal, é preciso verificar a quali-
dade tanto do produto que está sendo finalizado quanto do material bruto, que está
entrando na indústria.
Por isso, um auxiliar poderá atuar no momento do recebimento do material (quando
o metal chega à indústria), nas etapas de transformação e também no momento em
que ele será aplicado, ou seja, utilizado para a fabricação de outro produto. Por fim,
se ocorrer algum problema com uma peça ao final da produção, também cabe ao
auxiliar de laboratório ajudar na realização dos testes necessários para detectar a
causa do problema ou defeito e, assim, ajudar a resolvê-lo.

76 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


Os processos de transformação mecânica
Vamos conhecer agora alguns exemplos de processos de
transformação mecânica e os equipamentos usados em
cada um deles:
• forjamento;
• laminação;
• extrusão;
• trefilação; e
• estampagem.
Por enquanto, vamos apenas apresentar os processos,
para que você comece a ganhar familiaridade com eles.
A participação do auxiliar de laboratório em cada um será
tratada mais adiante, no segundo caderno deste curso.

O forjamento
O forjamento é a conformação (ou mudança de forma)
dos metais por meio de uma prensa ou um martelo.
Ele consiste em aplicar uma força de compressão sobre
o metal, em temperatura adequada, até que ele alcance o
formato desejado.

Forjamento é o mesmo
que forjadura – o ato ou
efeito de forjar. A palavra
deriva do substantivo forja,
que tem dois significados
importantes para o auxiliar
de laboratório metalúrgico:
(1) oficina, estabelecimento
onde se fundem e se mode-
lam metais, especialmente
o ferro, e se produzem ob-
jetos metálicos; fundição,
ferraria, frágua; e (2) conjun-
to dos instrumentos de tra-
balho do ferreiro: fornalha,
bigorna, fole, malho etc.
Desenho esquemático de uma forja industrial.

Forjamento
A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 77 L
Essa é a mais antiga das formas de transformação de
metais. Sua origem está ligada ao trabalho dos ferreiros da
Idade Média. Talvez você já tenha visto em algum filme a
imagem de trabalhadores fazendo ferraduras ou espadas,
batendo um martelo sobre um pedaço incandescente de
ferro. Esse é o processo de forjamento do metal.

Shcherbakov Ilya /Shutterstock

Filme
Há muitos filmes ambientados no
período medieval que mostram,
em alguma cena, um ferreiro em
ação forjando espadas ou
fabricando ferraduras. Uma
boa dica é Robin Hood, dirigido
por Ridley Scott em 2010,
disponível em DVD.

Forjamento de uma ferradura: trabalho ligado aos ferreiros medievais.

Mas, como vimos na Unidade 1, muitas mudanças ocor-


reram na história da metalurgia ao longo do tempo. E,
durante a Revolução Industrial, os primeiros maquinários
substituíram o braço dos ferreiros. Atualmente, existe
uma variedade muito grande de máquinas de forja, ca-
pazes de fazer peças que se diferenciam no tamanho e
em outras características.
Uma máquina de forja pode fabricar desde pequenos
parafusos até grandes componentes de aviação.

78 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


Frithjof Hirdes/Corbis

Forja industrial.
ivan carneiro

Peça forjada.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 79


A laminação

Forjamento Laminação
Lamin
Desenho esquemático ãorolos de laminação.
dos dois

Esse processo de mudança de forma (ou conformação) dos


metais pode ser comparado ao procedimento de abrir uma
A expressão laminação exis- massa de torta. O cozinheiro, para preparar a massa, usa
te na língua portuguesa desde
1881 e, segundo o Dicionário um rolo e, assim, estica a massa até ela ficar da espessura
Houaiss, significa “re­dução desejada. Na metalurgia, a diferença é a quantidade de
de um bloco de metal a lâ-
minas”. Já a palavra lâmina rolos. Em vez de ser amassado por um só, o metal passa en-
(com o sentido de pedaço de tre vários rolos e, assim, ganha outra forma. A laminação
metal delgado e chato, desti-
nado a fins diversos) faz parte é um dos processos de transformação mais utilizados na
do nosso idioma desde o sé- indústria metalúrgica, pois é rápido e possibilita controlar
culo 15 (XV).
com precisão a espessura do produto acabado.
Embutimento Profundo
Trefilação Extrusão

Matriz

Estiramento Dobramento
Do to Cisalhamento

80 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


shutterstock

Equipamento de laminação.
ivan carneiro

Peça estampada em aço laminado.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 81


Forjamento Laminação
Lamin ão
A extrusão

Trefilação Desenho esquemático de uma matriz de extrusão.


Extrusão Embut

Muito utilizada na produção de barras e tubos vazados


(com furos, aberturas na parte interna), a extrusão pode
ser comparada ao processo de fabricação de churros.
A massa que o vendedor coloca de um lado da máquina
adquire um novo perfil (ou uma nova forma geométrica)
no final do processo. A mesma coisa acontece com o metal
Matriz
que passa pela extrusão. Ele entra na máquina de um lado
e escoa por um pequeno orifício, saindo do outro lado. A
extrusão pode ser executada a quente ou a frio.
Estiramento Dobramento
Do to Cis
Leticia Moreira/Folhapress

Você sabia?
Geometria é a parte da
Matemática que estuda
o espaço e as figuras que
podem ocupar esse es-
paço. Depois de subme-
tido ao processo de ex-
trusão, o metal muda
completamente de for-
ma, como a massa que
origina um churro.

Fabricação de churro: processo semelhante ao da extrusão.

82 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


miração

Processo de extrusão: o metal adquire a geometria da matriz.


Mircea BEZERGHEANU /Shutterstock

Peças extrudadas.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 83


Forjamento

A trefilação

Você sabia?
Só é possível medir o diâ-
metro se tivermos uma
circunferência, isto é, um
círculo. O diâmetro é qual-
quer segmento de reta
que passe pelo centro des-
se círculo e chegue às bor- Desenho esquemático de uma fieira.
das da circunferência. Trefilação
Usada na fabricação de barras, arames e fios, a trefila-
ção consiste em puxar o metal até que ele passe a ter o
diâmetro desejado. Quanto mais se estica o metal, mais
diâmetro
fino ele fica. Esse processo é feito, geralmente, em tem-
peratura ambiente, sendo que, por causa do movimento
de transformação, ocorre um aumento da temperatura.
Album / akg-images / Werner Unfug/Akg-Images/Latinstock

Matriz

Estiramento

Trefiladores de arame: o metal é forçado a passar por fieiras até adquirir o diâmetro necessário.

84 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


shutterstock

Arame trefilado: durante a transformação, a temperatura do metal aumenta.

A estampagem
Esse processo pode ser comparado

© Scott Speakes/Corbis/Latinstock
a um carimbo. Uma matriz é pro-
duzida de acordo com o produto a
ser fabricado. Essa matriz é, então,
prensada sobre o metal (material
bruto). Nessa ação, o metal assume
a mesma forma geométrica da ma-
triz, resultando, assim, no produto
desejado. O procedimento é feito a
frio e com a ajuda de ferramentas
que fazem parte das prensas. Carimbo: seu funcionamento pode ser comparado ao processo de estampagem.

Atividade 1
A rte e estampagem

Muitos artistas que trabalham com esculturas metálicas precisam recorrer a moldes
para criar suas obras. Procure pesquisar, na internet, técnicas como o alto-relevo em
bronze – usado, por exemplo, na Porta do Inferno, do francês Auguste Rodin.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 85


ivan carneiro

Processo de estampagem: realizado a frio.


jim west/easypix

Etapa intermediária da montagem de automóveis: o metal, prensado, assume a forma da matriz.

86 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


3. Indústrias metalúrgicas de
beneficiamento
Já vimos, nesta unidade, dois tipos de indústria metalúr-
gica: a de extração e a de transformação. Além dessas, um
terceiro tipo são as indústrias que fazem beneficiamento
dos metais, um processo que pode ocorrer antes, durante
ou depois da transformação.
Na língua portuguesa, o verbo beneficiar significa me-
lhorar o estado de algo ou alguém. Na metalurgia, não é
diferente. O beneficiamento é um procedimento que faz
uma melhoria nos metais.
Mas o que significa tornar um metal melhor?
A depender do destino que vai se dar ao metal (ou seja, do
que vai se fazer com ele), às vezes, é preciso aumentar a sua
dureza ou, ao contrário, reduzi-la. Também pode ser ne-
cessário tornar um metal mais flexível ou mais resistente.
São esses processos que são chamados de beneficiamento.
Existem muitos tipos de beneficiamento que podem ser DICA
aplicados aos produtos metalúrgicos. O auxiliar de la- A expressão beneficiamento
aplica-se a produtos variados e
boratório metalúrgico, no entanto, normalmente estará das mais diversas áreas. O
beneficiamento dos grãos de
envolvido com um beneficiamento específico, realizado arroz, por exemplo, inclui a
separação da casca e a eliminação
pela alteração da temperatura e da velocidade do resfria- de outras impurezas. Caso tenha
interesse, tente conhecer os
mento do metal: o tratamento térmico. processos de beneficiamento de
tecidos, de madeira etc.

É muito comum a necessidade de submeter uma peça de


metal a um tratamento térmico e isso pode acontecer em
qualquer etapa da produção.
Por esse processo, pode-se modificar e ajustar caracte-
rísticas dos metais para obter condições que atendam às
necessidades de um determinado projeto.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 87


Tratamento térmico
Quando um metal passa por um processo de conformação ou alteração de forma
(forjamento, extrusão, trefilação etc.), ele sofre também transformações na sua es-
trutura interna, por causa das tensões que recebe. Por isso, em algum momento, ele
precisará receber um tratamento térmico, que também é conhecido como “alívio
de tensões”. Isso fará com que a estrutura interna volte a ser homogênea, uniforme.

Barra metálica comum, antes de ser submetida ao processo de forjamento.

Já forjada, a peça adquire novo formato e, por causa das tensões recebidas, sofre transformações
em sua estrutura interna.

Depois de passar por um tratamento térmico – ou “alívio de tensões” –, o metal recupera a


uniformidade estrutural. Esse tipo de tratamento também serve para aumentar ou reduzir a dureza
do material, como veremos a seguir.

88 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


Metais são estruturas cristalinas
A estrutura interna dos metais é muito especial, pois
possui cristais. É por isso que os metais são considerados
materiais cristalinos.
Isso quer dizer que, se olharmos um metal “por dentro”,
com o auxílio de um microscópio, veremos pequenas formas
geométricas que se repetem, tudo muito organizado.
Se você cortar uma romã ou um kiwi ao meio, vai conseguir
enxergar uma organização interna da polpa e das sementes.
Está tudo organizado, ou ainda, arranjado.
Com a estrutura cristalina ocorre a mesma coisa. Um cristal
nada mais é do que um arranjo regular de átomos. Você sabia?
O nome átomo (partícula
Fica mais fácil se imaginarmos um cubo, ou melhor, um fundamental da matéria)
foi dado pelo filósofo gre-
cristal em forma de cubo. Os átomos que fazem parte go Demócrito, que viveu
desse cristal têm os arranjos – a organização – nos vértices na Antiguidade. Ele acre-
(cantos). Esses átomos, na verdade, não estão parados, ditava que todos os ma­
teriais possuem uma me-
mas vibram sem sair do lugar. Devido à forma de cubo nor parte, indivisível (em
que parece ter, esse cristal leva o nome de cristal cúbico. grego, a = não; tomos =
divisão). Hoje, sabemos
que os átomos não são as
menores porções de uma
matéria, nem as menores
porções indivisíveis dela,
como pensava Demócri-
to. Eles são compostos
por outras partículas ain-
da menores, como pró-
tons, nêutrons e elétrons.
Album/akg-images/Akg-Images/Latinstock

O filósofo grego Demócrito.

Estrutura cristalina: os átomos dos metais são organizados em forma de cubo.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 89


dionisvera/Shutterstock

Kiwi: polpa organizada e fácil de morder.

Na verdade, todo material tem uma estrutura própria


Você sabia? (ou um arranjo atômico próprio). Em metalurgia, essas
Não são apenas os me- estruturas influenciam diretamente as propriedades mecâ-
tais que sofrem mudan- nicas que cada material proporciona. Algumas estruturas
ças no arranjo de seus
átomos sob diferentes
propiciam um trabalho mecânico (uma conformação) que
temperaturas. Pense na exige menos esforço do que outras.
água: quando fervida, ela
assume o estado gasoso Para que esse conceito fique bem claro, vamos pensar em
(vapor) e, congelada, tor-
na-se sólida (gelo). Isso frutas novamente. O esforço que fazemos para mastigar
tudo implica grandes al- (deformar) a polpa de uma maçã é maior do que aquele
terações na organização
de suas moléculas!
necessário para mastigar a polpa de um kiwi, certo?
Nos metais, o esforço exigido para deformar um material
de estrutura CCC (sigla que significa cúbica de corpo
centrado) é maior do que aquele capaz de deformar um
material de estrutura CFC (cúbica de faces centradas).
Isso porque o arranjo atômico da estrutura CCC é mais
compacto que o da estrutura CFC. Porém, quando é
aquecida sob determinada temperatura, a estrutura CCC
adquire o arranjo CFC, facilitando sua deformação.
Imagine um queijo do tipo canastra, por exemplo. Em
temperatura ambiente, ele é duro. Mas, aquecido em uma
chapa, ele fica mole como manteiga – dá até para passar
no pão! Para o comportamento das estruturas cristalinas,
vale a mesma lógica.

90 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


Existem metais que se arranjam de maneira diferente. Em vez de se organizarem
como um cubo, eles formam outra figura geométrica. O importante é saber que cada
um desses cubos, ou outras figuras imaginárias, são unidades.
A estrutura cristalina, por fim, é justamente o arranjo dessas diversas unidades que
compõem o “edifício” cristalino. Esse arranjo cristalino é chamado de célula unitária,
por ser um único cristal. Em metalurgia, o cristal único também leva o nome de grão.

Atividade 2
A ciência dos metais

1. Escreva, com suas próprias palavras, o que você aprendeu sobre a estrutura interna
dos metais. Ao terminar, troque o seu texto com o colega ao lado e veja se vocês
tiveram a mesma compreensão do assunto. Se ficarem dúvidas, procure resolvê-las
com o monitor.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 91


Um jeito simples de entender o que é uma tensão é compará-la com as reações do
nosso corpo. Imagine que seja um dia de muito frio e você está andando desagasa-
lhado. A tendência natural é que você contraia a sua musculatura e cruze ou feche
os braços para tentar aquecer o corpo.
Provavelmente você já passou por isso. O que talvez não saiba é que não é o clima
que esfria o seu corpo, mas sim o fato de o seu corpo transferir o seu calor para o
ambiente. Ou seja, mesmo sem querer, você cede seu calor para o ambiente, fazendo
com que a temperatura do seu corpo abaixe. Chamamos esse fenômeno de transmissão
de calor. Essa transferência sempre ocorre do corpo ou do objeto que estiver mais
quente para o mais frio, nunca ao contrário.
Mas o que as tensões têm a ver com a transmissão de calor? Bem, conforme a
temperatura do seu corpo vai caindo, você se contrai e gera tensões internas na
sua musculatura.
Agora, vamos imaginar que você chega em casa e toma um banho quente. Desta
vez, a temperatura da água está mais quente que a do seu organismo e, portanto, ela
aquece o seu corpo. Com esse “tratamento térmico”, você consegue relaxar e diminuir
a quantidade de tensões geradas pela contração da musculatura.
Com o metal acontece, mais ou menos, o mesmo processo. Para que ele possa ser
conformado e a peça possa ser moldada da maneira necessária, o metal precisa estar
com um nível baixo de tensões (como se estivesse descontraído). Do contrário, ele
pode se quebrar em alguma etapa do processo. Pense, por exemplo, no capô de um
carro ou na porta de uma geladeira: quanto prejuízo se eles trincarem ou se partirem!
Vamos ver outro exemplo. Imagine que você está fazendo uma peça de aço e, por
meio de um processo de laminação, precisa reduzir a espessura desse metal o suficiente
para poder enrolá-lo em forma de uma bobina.

92 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


Mas, cada vez que o aço passa pela laminação e é reduzido, são geradas tensões
no material e podem acontecer falhas. Se tais tensões não forem corrigidas podem
provocar, por exemplo, o “efeito casca de laranja” – uma consequência típica do
processo de conformação por laminação. Ou seja, a superfície do aço ficará irregular
ou porosa, em vez de lisa.
Para evitar problemas como esse (ou outros tipos de falhas, como trincas, racha-
duras etc.), existe o tratamento térmico, que distribui e alivia as tensões geradas,
garantindo ao metal um comportamento mais uniforme. E é somente após esse
tratamento que o metal poderá ser utilizado para o processo de fabricação defi-
nitiva de uma peça.
ivan carneiro

“Efeito casca de laranja”: em vez de lisa, a superfície do aço torna-se irregular.

O tratamento térmico e a ductibilidade


Ductibilidade é a capacidade que uma determinada peça de metal tem de ser moldada.
Quanto maior for a sua possibilidade de ser moldada, maior será a sua ductibilidade.
Há situações em que a maior ductibilidade do metal é extremamente necessária. Por
exemplo, para fazer um capô, um para-lama ou uma porta de carro, a chapa tem que
ter alta capacidade de conformação (ou elevada ductibilidade) porque os desenhos
que são feitos para essas peças estão cada vez mais elaborados.
No entanto, em geral, quanto maior for a facilidade de moldar (ou conformar) uma
peça, menor será a sua resistência. Então, se uma grande força for colocada sobre
ela, a peça poderá romper.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 93


Pode-se dizer que há uma relação inversa entre essas duas características.
• Ductibilidade baixa, resistência mecânica alta.
• Ductibilidade alta, resistência mecânica baixa.
Os tratamentos térmicos (aquecimento ou resfriamento de uma peça) podem tornar
a flexibilidade e ductibilidade do metal maior ou menor.
© Lo Mak/Redlink/Corbis/Corbis (DC)/Latinstock

Ductibilidade: peças mais fáceis de moldar têm resistência mecânica menor.

O arame é um bom exemplo de como os tratamentos térmicos podem agir, trazendo


características distintas para um mesmo material.

Atividade 3
C aracterísticas do arame

Você e seus colegas irão examinar diversos tipos de arames. Observem as características
de cada um, procurando identificar:
• um arame mais ou menos flexível;
• um arame altamente flexível, capaz de ser dobrado o tempo todo sem quebrar; e
• um arame tão duro e resistente que seja preciso fazer uma força enorme para
dobrá-lo, correndo o risco, inclusive, de rompê-lo de uma vez só.

94 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


As possibilidades são muitas, mas a escolha dependerá da
aplicação que o metal terá, ou seja, do tipo de peça que será
feita com ele. Por isso, os tratamentos térmicos devem ser
definidos conforme o tipo de peça que se deseja produzir.
Antes de sofrer um tratamento, o metal deve ter destino certo.
A importância do tratamento térmico levou a indústria a
desenvolver um conjunto de normas (também chamadas
Encharque ainda não cons-
de protocolos) para o controle rigoroso das taxas de aqueci- ta nos principais dicionários
mento e resfriamento das peças, do tempo de permanência de português. Termo técnico
razoavelmente recente e de
de uma peça em dada temperatura (processo chamado de uso restrito a certos grupos
“encharque”); e do ambiente de aquecimento. (os metalúrgicos, por exem-
plo), ainda é um neologis-
mo, uma expressão nova. O
Tipos de tratamentos térmicos que determina o surgimento
e a “sobrevivência” de uma
palavra é a necessidade do
A função dos tratamentos térmicos, como vimos, pode seu uso. Se um vocábulo
ser a de aumentar ou reduzir a dureza do material e a de vem ou não para ficar, só o
tempo pode dizer.
aliviar as tensões internas do metal. Mas a escolha do tipo
de tratamento dependerá, como também já falamos, dos
objetivos desejados.
Entre os tratamentos térmicos mais utilizados estão o
recozimento, a normalização, a têmpera e o revenimento.
Vamos ver, com mais detalhe, cada um deles.

O recozimento

Forno de bier: usado em fisioterapia, gera calor em seu interior tal qual a máquina de recozimento.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 95


Photoresearchers/Photoresearchers/Latinstock

Placas metálicas passando pelo forno de recozimento: processo melhora a “usinabilidade”.

O recozimento do metal é utilizado quando se deseja:


• diminuir tensões que decorrem de tratamentos mecânicos, como o forjamento e
a laminação;
• diminuir a dureza para melhorar a “usinabilidade” do aço, ou seja, a sua capacidade
de ser talhado por uma máquina-ferramenta;
• alterar outras propriedades mecânicas do metal; e
• ajustar o tamanho do grão.
No recozimento, o aquecimento do metal pode ser feito a temperaturas superiores à
crítica (recozimento total ou pleno para alteração da dureza do material) ou inferiores
a ela (recozimento para alívio de tensões internas). A velocidade desse aquecimento
deve ser controlada, mantendo-se parâmetros previamente definidos para que o
material possa adquirir a estrutura de grãos desejada. A velocidade de resfriamento
é sempre lenta e ocorre dentro do forno.

Importante
O recozimento pode ser aplicado em aço, ferro fundido, alumínio e cobre.
Os outros tipos de tratamento térmico são mais adequados apenas para
o aço e para o ferro fundido.

96 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


A normalização
A normalização, assim como o recozimento, tem como objetivo aliviar as tensões
internas criadas no metal por processos de conformação mecânica como lami-
nação e forjamento. A normalização proporciona, ainda, uma estrutura granular
(tamanho de grãos) mais fina inclusive que aquela obtida com o recozimento.
Isso porque nela o resfriamento é realizado ao ar livre – e, portanto, é mais rápido
que no recozimento. Uma estrutura mais fina propicia aumento de dureza, maior
resistência à tração e compressão e diminuição de ductibilidade e tenacidade. O
custo da normalização também é menor que o do tratamento por recozimento.
Assim, dependendo das propriedades desejadas em um material, é utilizado um
tipo de tratamento térmico.
reprodução

Peça metálica com granulação grosseira: grande concentração de impurezas prejudica a coesão, tornando o material quebradiço.

Granulação grosseira
Os metais com granulação grosseira tornam-se quebradiços porque apresen-
tam uma grande concentração de impurezas em seus contornos, o que pre-
judica a coesão entre os grãos. O material também pode sofrer mais fissuras.
Por isso, quando comparamos aços de mesma composição, percebemos que
aqueles de grãos mais finos possuem melhores propriedades mecânicas.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 97


A têmpera
A têmpera é o processo de resfriamento rápido de uma
peça cuja temperatura está superior à chamada crítica:
entre 780 °C e 980 °C.
Sua finalidade é gerar um metal com alta dureza deno-
DICA
minado estrutura martensítica.
Temperatura crítica é aquela a
partir da qual o material pode
sofrer transformações A velocidade do resfriamento dependerá da composição
metalúrgicas no estado sólido –
o que altera propriedades química do metal (se são ligas de aço, ferro fundido etc.),
importantes dele e aumenta o
risco de defeitos. Cada metal tem da forma ou geometria da peça e de seu peso (ou massa).
uma temperatura crítica diferente.

Embora esse processo leve a um aumento do limite de


resistência do metal à tração (estiramento) e da sua dureza,
há também uma redução da maleabilidade e o aparecimen-
to de tensões internas. Para atenuar esses inconvenientes,
há outro tipo de tratamento térmico: o revenimento.
Wikimedia.org

Detalhe de uma estrutura martensítica: metal com alta dureza gerado pela têmpera.

O revenimento
Esse tratamento térmico é usado, geralmente, depois da
têmpera e tem como objetivo eliminar problemas ou falhas
geradas pelo processo de resfriamento rápido.
Para corrigir tais inconvenientes, o revenimento alivia ou
remove tensões internas e diminui a excessiva dureza e
fragilidade do metal, além de aumentar sua maleabilidade
e sua resistência ao choque.

98 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


Nesse processo, o metal é aquecido a uma temperatura inferior a 723°C (temperatura
chamada de crítica). A depender da temperatura de aquecimento, a peça de metal
poderá adquirir uma ou outra característica.

As ligas metálicas
Como já vimos, antes de escolher um tipo de metal para fabricar um produto (ou
seja, antes de aplicá-lo), é preciso conhecer as suas características. Em outras palavras,
você irá escolher um determinado metal imaginando qual será o seu destino: a porta
de uma geladeira, os componentes de um motor de caminhão, a estrutura de um
móvel etc. Tendo isso decidido, você saberá quais os processos de transformação e
beneficiamento a que o metal terá que ser submetido, a que temperatura ele será
exposto, e qual aparência ele deve tomar.
shutterstock

Instrumento musical: a escolha da matéria-prima para a sua fabricação depende das características do metal.

Vimos também como age o tratamento térmico, um dos processos que concorre
para a melhoria ou para o beneficiamento dos metais. No entanto, essa não é a
única opção de aprimoramento do metal para torná-lo adequado à fabricação de
um ou outro tipo de produto.
A criação das ligas metálicas, de que trataremos a seguir, é outra possibilidade de
melhoria das propriedades do metal.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 99


Atividade 4
P rodutos metálicos

1. Nosso mundo está rodeado de produtos metálicos. Você seria capaz de dizer de
que metais ou ligas são feitos alguns objetos que fazem parte de seu cotidiano?
Há uma pequena lista abaixo, mas você pode incluir outros objetos.

a) Portão da minha garagem Ferro fundido


b) Roda do meu carro Aço
c) Latinha de cerveja Alumínio
d) Anel de casamento Ouro

Vejamos agora algumas dessas ligas.

O ferro e suas ligas: aço e ferro fundido


Uma vez extraído da natureza, o minério de ferro segue para a usina siderúrgica,
onde é transformado em aço, um processo chamado de redução.
Pensando em uma receita de bolo, o aço é o ferro puro ao qual se acrescenta uma
pequena quantidade (geralmente, 0,5% do volume total) de carbono. Quando o que
se acresce de carbono é superior a 2,11%, o metal passa a ser ferro fundido.

100 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


E quais são as melhorias resultantes dessa mistura? O ferro puro é maleável e facil-
mente trabalhável, mas tem baixa resistência. Quando acrescentamos o carbono, sua
resistência tende a aumentar. Mas vale lembrar: há situações em que o que se quer
é justamente o contrário, ou seja, um metal com pouca resistência mecânica para
ser moldado. É o caso de uma chapa de carro, por exemplo. Já a barra de segurança
lateral da porta do mesmo carro precisa ser muito resistente!
O aço é constituído, principalmente, de ferro e carbono. Porém, também pode conter
outros elementos, chamados de “microligantes”.
A mistura do ferro apenas com carbono forma o aço-carbono. Quando pequenas
quantidades de outros elementos são agregados a essa liga – manganês, nióbio, titânio,
vanádio, alumínio etc. –, ela passa a ser chamada de aço-microligado.
O aço possui excelentes propriedades mecânicas, o que justifica o seu uso e presença
tão extensos (por exemplo, na construção civil, em embalagens, no setor automotivo,
em tubos etc.). Ele pode ser tracionado, comprimido e flexionado com facilidade,
processos que serão vistos em detalhes no segundo volume deste curso. Além disso,
por ser um material homogêneo, responde bem quando é submetido aos processos
da indústria de transformação. Pode ser laminado, forjado, estampado e até trefilado.
Slavoljub Pantelic/Shutterstock

Shutterstock

Aço forjado. Aço trefilado.


Mircea BEZERGHEANU/Shutterstock

© Car Culture/Corbis/Corbis (DC)/Latinstock

Aço laminado. Aço estampado.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 101


Shutterstock

Estrutura metálica de uma ponte: o uso do aço é comum na construção civil.


Antônio Gaudério/Folhapress

Tampa de bueiro: peça de ferro fundido.

102 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


O alumínio e suas ligas
O alumínio, como já vimos, é muito utilizado pela indústria por causa de sua ver-
satilidade e sua capacidade de compor ligas com vários metais: magnésio, berílio,
titânio, zinco, ferro, níquel, cobre, estanho e tungstênio – cada uma com caracte-
rísticas e vantagens diversas.
Entre as principais ligas de alumínio podemos destacar o AlCu (alumínio e cobre),
usado em peças que requerem alta resistência mecânica (bastante comuns nas in-
dústrias de equipamentos de transportes), o AlMn (alumínio e manganês) e o AlMg
(alumínio e magnésio), ambos com alta resistência à corrosão e que, por essa razão,
são utilizados em carrocerias de ônibus e outras estruturas que precisam ficar expostas
a intempéries, como fortes chuvas.
Masekesam /Shutterstock

Liga de alumínio e magnésio: resistência à corrosão.

O cobre e suas ligas


O cobre é um metal maleável, fácil de moldar, de cor avermelhada e que pode ser
reduzido a lâminas e fios extremamente finos. Quando entra em contato com o ar,
o cobre ganha a cobertura de uma camada de óxido e carbonato que, embora seja
prejudicial à saúde, protege o metal, dando-lhe duração quase indefinida.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 103


O cobre é muito empregado em instalações elétricas, pois
é um bom condutor de eletricidade. Para a transmissão
de energia elétrica, são usados fios e cabos de alumínio
ou de cobre. Nas instalações hidráulicas domiciliares,
praticamente, só se usa o cobre, por ser um metal mais
flexível e excelente condutor de calor.

ivan carneiro

Fiação de cobre: bom condutor elétrico, o metal é muito


utilizado em instalações domiciliares.

As ligas mais importantes do cobre são:


• o bronze, mistura de cobre e estanho, comumente em-
pregada em peças ornamentais, varetas de soldagem,
buchas e tubos flexíveis;
• o latão, uma liga de cobre e zinco, muito usado na con-
fecção de moedas, bijuterias e conexões hidráulicas. A
definição de sua aplicação está relacionada à proporção
DICA
de zinco, que pode chegar a 45% da liga; e
Você sabe o que significa falar
que uma peça de ouro tem 18
quilates? O quilate é uma medida • o metal monel, mistura de cobre e níquel, que serve
de peso que equivale a 0,2 grama.
Ouro 18 quilates significa que, em como matéria-prima para a fabricação de pás de turbinas
cada 24 quilates de metal a ser
manuseado, dezoito partes são a vapor.
ouro puro (Au), três partes são
prata (Ag) e três partes são cobre
(Cu). Essas partes, fundidas, O bronze também marca presença na composição de
produzem o ouro próprio para a
fabricação de joias. peças de ouro, proporcionando mais resistência mecânica
Esse produto também é
conhecido como ouro 750, pois, e conformabilidade (facilidade de moldar).
em cada 1.000 gramas de peças
trabalhadas, 75% é ouro puro e
25% são ligas metálicas. O ouro
é misturado com prata e cobre
porque, em seu estado puro,
apesar de ser um metal nobre,
Normas e especificações das ligas
raro e imune à corrosão e à
oxidação, é muito macio e
flexível e não resiste à As propriedades e condições de entrega dos produtos
manipulação no dia a dia.
metálicos estão definidas em normas. Você não precisará
memorizar todas elas, mas, quando for consultar a com-
Valerie Potapova
/Shutterstock

posição química de um metal qualquer para fazer um


teste, deverá consultá-las em um documento produzido

104 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Nesse documento, você
poderá verificar se o metal atende ou não à determinada especificação.
Vale lembrar que as normas da ABNT foram criadas para que todos “falem a mesma
língua”: usem o mesmo conjunto de regras e, também, o mesmo nome para identificar
um determinado metal. Há um incontável número de ligas catalogadas e normalizadas.
Isso não quer dizer que todo o conhecimento possível sobre ligas metálicas já tenha
sido produzido. Existem muitos centros de pesquisa pelo mundo, e é possível que
uma nova liga seja produzida em um desses centros ou mesmo por um trabalhador
de uma pequena indústria. Boas ideias podem ser geradas em qualquer lugar.

4. A indústria metalúrgica de montagem ou aplicação


Já tratamos dos processos de extração, transformação e beneficiamento dos metais,
não é mesmo?
Só depois de tudo isso é que o metal pode se tornar um produto acabado. Nesse mo-
mento, a peça está apta a seguir para seu destino final, que pode ser uma montadora
de carros, uma fábrica de eletrodomésticos, um estaleiro de barcos e navios e assim
por diante. Pode ser a chapinha para a fabricação de uma luminária, o tubo para a
montagem de uma cadeira, o perfil para uma porta, entre outros.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 105


© Martyn Goddard/CORBIS/Corbis (DC)/Latinstock

Carro desmontado: entre as peças há vários produtos metalúrgicos. As indústrias de aplicação também empregam auxiliares de laboratório.

As indústrias de montagem ou aplicação também empregam


auxiliares de laboratório e, assim como aqueles que traba-
lham no extrativismo e na transformação, cabe a eles ajudar
nos ensaios que irão garantir a qualidade dos produtos.
Pode ser pedido ao laboratório metalúrgico da empresa,
DICA por exemplo, um teste da chapinha da luminária que um
Além de reduzir custos, o fornecedor está oferecendo. O auxiliar, então, verá se essa
controle de qualidade por
amostragem proporciona maior chapinha corresponde às características necessárias para
rapidez na apuração dos
resultados e permite estudar o bom funcionamento do produto final.
características destrutivas –
o que seria impensável se todas
as peças fossem testadas. De modo geral, os ensaios são feitos por amostragem.
Ou seja, nem tudo é testado, pois isso seria muito caro,
financeiramente inviável. Por outro lado, não há como
deixar de fazer experimentos. Em metalurgia, é im-
possível garantir qualidade sem eles. O seu mercado
de trabalho poderá, portanto, ter variações, mas essa
ocupação está garantida.

106 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


5. Serviços, ensino e pesquisa
Finalmente, outra possibilidade de trabalho para auxi-
liar de laboratório metalúrgico está no ramo de serviços
prestados à sociedade e às próprias indústrias. As mesmas
atividades de um auxiliar em um laboratório de uma
indústria metalúrgica são exercidas em instituições de
ensino e institutos de pesquisa.
Embora o produto final dessas atividades seja outro, o uni-
verso é o mesmo. Você não poderá, por exemplo, fabricar
um carro em uma escola, mas estará em contato com os
equipamentos, com os procedimentos e com o mesmo
perfil de técnicos que atuam nas indústrias metalúrgicas.
ivan carneiro

Você sabia?
Existem ótimas escolas
técnicas de metalurgia,
gratuitas, em todo o esta-
do de São Paulo. Procure
informar-se, por exemplo,
sobre a existência de uni-
dades do Centro Paula
Souza (www.centropaula-
souza.sp.gov.br) e do Se-
nai (www.sp.senai.br) pró-
ximas de sua casa.

Instituto de pesquisa: opção de trabalho para o auxiliar de laboratório.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 107


Atividade 5
M ercado de trabalho

1. Será que a metalurgia realmente emprega ou poderá empregar muitos trabalha-


dores? Vamos fazer uma pesquisa entre as pessoas das nossas relações. Na coluna
da esquerda, coloque o nome das quinze primeiras pessoas que você conhece e,
na coluna da direita, indique as suas ocupações.

a) Tio Zeca Mecânico


b) A vizinha Maria Manicure
c) O amigo Claudião Ajustador mecânico
d) O namorado da filha Engenheiro civil

108 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


2. Agora agrupe as pessoas de acordo com os setores em que elas trabalham.

Setor metalúrgico Setor de alimentos

Setor de saúde Setor de construção civil

Setor ( ) Setor ( )

Setor ( ) Setor ( )

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 109


3. O próximo passo é desenhar um gráfico em forma de pizza, usando os dados
apurados no seu levantamento. Olhe o exemplo abaixo e, se for o caso, peça ajuda
ao monitor para aprender a fazer este tipo de gráfico no computador, tendo como
base algumas regras de cálculo.

Distribuição da População Ocupada,


segundo Setores de Atividade Econômica
Estado de São Paulo 2009

11%
5% 37%

7%

19%
21%

Serviços Indústria Comércio


Construção Agrícola Outras atividades

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.


Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD.

Faça uma tabela com os dados da sua pesquisa e, depois, desenhe o resultado em
forma de gráfico.

Tabela

110 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


Gráfico

4. Finalmente, reflita sobre os resultados a que chegou e discuta com a classe sobre
as ocupações mais presentes entre as pessoas com quem vocês se relacionam.

Atividade 6
O mundo da metalurgia

Pense em alguns exemplos de peças de metal que você usa em seu dia a dia e tente
imaginar quais foram os processos de fabricação utilizados. Depois, escolha uma das
peças e pesquise na internet para verificar se o que você imaginou é o que acontece
na realidade. Anote aqui suas conclusões.

A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 1 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 111


Referências bibliográficas
Callister Jr., W. D. Fundamentals of Materials Science and Engineering.
7. ed. Hoboken: John Wiley and Sons Inc, 2007.
Dieter, E. G. Metalurgia Mecânica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1988.

Sites
O Estado de S. Paulo, “AEB: Exportação de minério de ferro excede US$20bi”,
03 de janeiro de 2011. <http://economia.ig.com.br/empresas/industria/aeb+exportac
ao+de+minerio+de+ferro+excede+us+20+bi/n1237909188130.html>.

112 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 1


via rápida emprego

A história da metalurgia
A profissão de auxiliar de laboratório metalúrgico
O setor metalúrgico

www.viarapida.sp.gov.br

Você também pode gostar