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Os primeiros núcleos de povoamento no Litoral brasileiro se deram

com a chegada dos colonizadores através da via marítima, sendo assim os


primeiros contatos em toda a América. Dessa forma, as zonas litorâneas se
transformaram em centros de propagação e concentração dos fluxos de
colonização para o chamado de Novo Mundo. (Moraes, 2007)
Estes centros caracterizavam-se por articular a hinterlândia
explorada com as rotas oceânicas que comercializavam o produto da
exploração, constituindo-se em um padrão recorrente denominado de bacia de
drenagem (Moraes, 2007), uma vez que originavam uma rede de circulação
onde todos os caminhos levavam a um eixo principal que terminava em um
porto marítimo, geralmente situado em uma baía ou estuário.
Com as atividades portuárias desencadeou uma articulação dos
espaços de produção colonial aos novos circuitos da economia mundial
mercantilista, fazendo com que houvesse fluxos terrestres e marítimos.
Segundo Moraes (2007) os portos que serviam aos circuitos de produção mais
importantes acabam por gerar zonas de adensamento em seus entornos,
originando as primeiras redes de cidades, embriões dos sistemas regionais
posteriores.
Por consequência desse processo, tem-se uma estrutura de
povoamento ao longo do litoral brasileiro através de um padrão descontínuo,
que conforma um verdadeiro arquipélago demográfico, onde se identificam
zonas de adensamento e núcleos pontuais de assentamento entremeados por
vastas porções não ocupadas pelos colonizadores. (MORAES, 2007)

Afora estas zonas de adensamento da ocupação, observa-se na zona


costeira do Brasil, no fim do período colonial, a existência de cidades
portuárias relativamentes isoladas, que se constituem em centros de
uma produção local ou em pontos terminais de sistemas produtivos
específicos no interior. É o caso de Belém, comandado a circulação
ao vale Amazônico, ou de São Luís, Fortaleza ou Vitória, drenando
seus entornos imediatos. De resto, vastas extensões do litoral
permanecem isoladas ou pouco ocupadas. (MORAES, 2007, p. 35)

O século XIX foi marcado pelo desenvolvimento da estrutura colonial


acompanhado do ciclo das economias regionais exportadoras, sendo
fortalecidas pela instalação da malha ferroviária, onde foi projetada para
interligar os centros de produção agrícola e de mineração aos portos,
reforçando o caráter de centralidade das aglomerações maiores.
Segundo Moraes (2007) a construção das ferrovias, ao mesmo
tempo em que animava a vida de alguns portos através de uma circulação mais
intensa, também minimizou as vantagens locacionais da zona costeira no que
importa à alocação dos equipamentos produtivos, notadamente as indústrias.
Dessa forma, a instalação industrial favorecida por este meio de
transporte, passou a avaliar outros fatores de localização, como a proximidade
de fontes energéticas ou de matéria-prima. E tornando assim, São Paulo o
maior crescimento industrial no interior.
Somente no final da década de 50 ocorre uma mudança significativa
na ocupação da zona costeira brasileira. Pois, a economia brasileira começa a
atingir uma significativa aceleração do processo industrial. Entretanto, outros
fatores levam a industrialização a localizar-se na periferia das capitais e zonas
de adensamento populacional.

Enfim, a industrialização não pode ser desprezada na avaliação dos


vetores da veloz e intensa ocupação da costa brasileira nas ultimas
décadas (...) No que importa aos efeitos sociais, cabe inicialmente
apontar a influência da industrialização, via o mercado de empregos
diretos e indiretos gerados sobre a dinâmica populacional, atraindo
fluxos migratórios para os locais de sua instalação (...) a atividade
industrial ajudou bastante na conformação das atuais regiões
metropolitanas da zona costeira brasileira. (MORAES, 2007, p. 38)

Com a chegada dos anos 60, o litoral passou a configurar uma nova
forma de ocupação, a disseminação das residências de veraneio,
engrandecendo principalmente próximo as regiões metropolitanas. Logo,
criando um fator mais expressivo de urbanização na zona costeira e
ocasionado impactos ambientais, uma vez que, havia inaptidão dos poderes
públicos a cerca do ordenamento do uso do solo.
Ainda segundo Moraes (2007), havia outros processos atuando na
urbanização litorânea pós-cinquenta, o movimento migratório, por exemplo, em
direção à costa, trouxe continuamente para as localidades litorâneas um
contingente populacional que não foi absorvido nem pela indústria e nem pelo
setor de serviços institucionalizados, ocorrendo assim um processo de
favelização e compondo uma paisagem de periferias e de grandes
aglomerações nas capitais litorâneas.
Diante disso, a industrialização, o crescimento urbano, a favelização
e a propagação das segundas residências, produziram esse novo espaço
litorâneo. E de tal forma que, a intervenção do Estado também exercitou nos
processos de ocupação do litoral, sendo caracterizados por ações baseadas no
centralismo autoritário federal, alinhado a uma mentalidade tecnocrática de fé
nas virtudes do desenvolvimento econômico, a qualquer custo.
Para Moraes (2007) o último vetor responsável pela intensificação
dos usos nas zonas costeiras, nas últimas décadas, é o setor turístico que se
manifesta associada ao setor de estruturação urbana, também articulada aos
espaços das segundas residências com alto padrão, revivendo cidades
abandonadas e induzindo a ocupação de novas áreas.
Com a importância do setor turístico, o Estado passou alavancar tal
processo através de uma dos maiores planos estatais da atualidade, o
PRODETUR/NE, que tem como principal objetivo fortalecer a Política Nacional
de Turismo e consolidar a gestão turística, alinhando os investimentos
regionais, estaduais e municipais a um modelo de desenvolvimento turístico
nacional.
De acordo com IBGE (2004), as zonas costeiras mais densamente
ocupadas são aquelas das regiões sudeste e nordeste, especialmente o trecho
entre Vitória (ES) e Santos (SP) e a costa oriental do Nordeste, entre Salvador
(BA) e Natal (RN). A costa menos densamente ocupada é a da região Norte.
Portanto, as zonas costeiras em especifico a brasileira, apresentam
uma grande diversidade de situações, coexistindo áreas densamente
povoadas, de intensa urbanização, industrialização e exploração turística de
larga escala, com espaços de baixa densidade populacional e ocorrência de
ecossistemas naturais de grande significado ambiental, como áreas estuarinas,
manguezais e restingas. (IBGE, 2004)

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