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O oligopólio é uma estrutura de mercado na qual poucas firmas ofertam produtos que

podem ou não ser diferenciados. Considerando o carro um produto homogêneo,


percebemos que o mercado consumidor de carros é muito grande em relação ao número
de firmas (muito pequeno) que o ofertam, ou seja, poucas empresas são responsáveis
por abastecer o mercado.
As firmas do setor automotivo cooperam entre si de forma a maximizar os seus
lucros. Elas possuem um  comportamento parecido com um cartel, atuam de forma
coordenada precificando seus produtos em valores muito acima do que seriam caso não
houvesse cooperação.

Fonte: FENABRAVE e autor

Ou seja, as cinco maiores empresas possuem mais de 81% de participação no mercado,


enquanto as outras 15 empresas ficam com pouco mais de 18% do mercado.
A elevação do IPI é um mau precedente, não só porque foi editada numa conjuntura
de crise sistêmica internacional, em que a preocupação deveria estar voltada para a
redução de impostos e preços, mas principalmente porque contribui para a
manutenção ou elevação dos preços administrados praticados pelas empresas
estrangeiras do oligopólio automobilístico.
54% de todas as importações de veículos para o Brasil, provenientes da Argentina e
do México, continuarão livres do pagamento do IPI. Em outras palavras, as montadoras
multinacionais, com plataformas de fabricação nesses países, continuarão importando
veículos e componentes completos de custos mais baixos, vendendo-os no mercado
interno brasileiro por preços mais elevados, não modificando em nada o quadro atual.
Os importados da Coréia do Sul, Alemanha e Japão, que representam 35% das
importações do setor, provavelmente também se verão livres do imposto. Várias de suas
empresas possuem plantas de montagem no Brasil e podem incluir tais
importações nos 35% de conteúdo externo. Ou podem se aproveitar de instalações que
tenham na Argentina, Uruguai ou México para exportar para o Brasil livre daquele
imposto.
Mesmo os chineses, cuja participação é de apenas 4% nas importações do setor, mas
trouxeram pânico ao oligopólio por ofertar veículos de preços muito mais baixos,
também podem adotar o procedimento de instalar montadoras na Argentina, Uruguai e
México, que oferecem incentivos para isso. Com isso, continuarão exportando para o
Brasil a partir dessas plataformas, só que a preços mais elevados.
Ao invés de atrair novos fabricantes para o Brasil, rompendo o oligopólio ou quase
cartel existente no setor, aumentando a competição, rebaixando preços e fazendo
crescer os empregos, estamos incentivando que os investimentos do setor sejam
redirecionados para outros países, ou seja, o Estado ajuda a perpetuação desde
oligopólio, mantendo em segredo os custos de produção dos automóveis aparados por
lei. Uma solução para a redução dos preços seria a maior abertura do mercado (sem
aumento de impostos para os importados e sem redução para os nacionais, é claro!) de
forma incentivar a entrada de outras firmas do setor, elevando a oferta de carros
importados e reduzindo a concentração do setor automotivo

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