Análise e considerações sobre a ocorrência de acidentes nos

últimos dias no canteiro de obras da Biolab

Um número considerável de incidentes num curto período de tempo nas frentes de

serviço do Prédio 10.

Atualmente o Prédio 10 é a maior frente de serviços do canteiro de obras da Biolab – Pouso

Alegre. Portanto, nestas considerações, o foco será o contexto atual das frentes de serviço do
prédio 10. Visto também que a etapa construtiva envolve atividades de grau de risco elevado.

No prédio 10 concentra-se a maior parcela da força de trabalho contratada para atividade

neste canteiro de obras. Entre os colaboradores temos carpinteiros, armadores, pedreiros,
montadores de andaime e serventes.

Além dos operários “ braçais” locados no Prédio 10 também temos os equipamentos grandes
como retroescavadeiras, caminhões, Muncks, grua e seus respectivos operadores.

A liderança operacional é composta por 1 Mestre, 1 Encarregado de Carpintaria, 2

Encarregados de Armação e 1 Encarregado de Montagem.

*Temos os líderes de obras também.

A fase atual da obra é de execução da Infraestrutura de concreto. Esta fase da obra envolve
atividades como montagem de armaduras de aço, formas metálicas, concretagem,
movimentação de cargas horizontais e verticais, montagem de torres de andaimes e
escoramentos metálicos, trabalho em altura e cortes com equipamentos elétricos manuais.

O terreno das frentes de serviço é o próprio solo existente na região, infelizmente, com muitas
deformações por conta das próprias movimentações do canteiro de obras e mais
recentemente “bagunçado” por conta das fortes chuvas.

É importante que entendamos o cenário da obra, conforme tentamos expor acima, para que
o desdobramento das considerações que faremos sejam feitas sobre uma situação similar a
visão de todos que leem este texto.

1ª Consideração

Existe uma questão/razão comum na ocorrência destes acidentes ocorridos neste curto
período de tempo?

Em conversa com colaboradores do DMAS, Líderes de campo, colaboradores e nós da

Engenharia, foi de comum acordo que os acidentes denotam falta de atenção e percepção de
risco dos acidentados na realização de suas tarefas. Um carpinteiro que deixou a forma
metálica cair sobre a própria mão. Um servente que não teve a percepção de risco ao apoiar o
próprio pé numa ponta de barra de aço. Um montador de andaime que não viu a sua frente
um cerquite de 1,20m de largura, listrado em azul e branco e acabou tropeçando ao passar por
cima dele. Entre outros incidentes que se observa a falta de atenção com a análise do
ambiente de trabalho e riscos possíveis.

2ª Consideração
O que pode estar contribuindo para falta de atenção dos colaboradores?

Temos observado que o uso de celulares no canteiro de obras durante o desempenho das
atividades tem sido algo comum. Entendemos ser algo que tenha distraído os colaboradores
no desempenho de suas atividades, principalmente aqueles que estão movimentando material
na vertical, descarregando material, movimentando formas metálicas, na montagem de
andaimes e demais atividades.

Temos enfatizado bastante em nossos DDS e conversas diárias com os líderes e as equipes a
necessidade de conscientizar os colaboradores sobre o uso adequado do celular em meio ao
desempenho de suas atividades.

Entendemos que seja hora de pensarmos em abordagens diferentes se desejamos mitigar o

risco de acidentes pela falta de atenção, principalmente ocasionado pelo uso de celular.

Junto com o DMAS, Espaço Saúde e a própria equipe de Engenharia, temos massificado
bastante com abordagens e conversas sobre os temas de segurança.

Dinâmicas de grupo, campanhas de temas específicos e sinalizações visuais posicionadas

estrategicamente. Expor em cartazes e banners, pelo canteiro de obras, as orientações de
segurança, conduta e as regras de ouro da Biolab. Sinalizações visuais sobre o uso adequado
de aparelhos celulares ao andar pelo canteiro de obras e na atividade.

Precisamos lembrar que boa parte de nossos colaboradores tem dificuldade de leitura, então,
não podemos apenas utilizar sinalizações textuais. Lembrar também que uma imagem vale
mais que mil palavras. Apostar nisso.

3ª Consideração

E a falta de percepção de risco?

Entendemos que a falta de percepção de risco é algo vinculado a falta de atenção e

experiência no desempenho das atividades. Falta de observância e análise de risco.

Realizar abordagens individuais com outras atividades complementares que levem aos
colaboradores outras formas de entendimento.

Cada indivíduo percebe as informações de uma forma que lhe cabe. Temos os indivíduos que
são visuais, os auditivos e os sinestésicos. Precisamos diversificar o canal de informação.

4º Consideração

A liderança apoia as ações de segurança do trabalho?

A liderança tem apoiado com as orientações de segurança recebidas pelo DMAS e pela
Engenharia, porém, vemos que alguns líderes precisam ser mais enérgicos nas cobranças e
correções de conduta de seus colaboradores no dia a dia.

Já orientamos inclusive a aplicação de notificações e advertência disciplinares. No entanto,

existe certa resistência para esse tipo de ação pelo lado dos líderes de campo. Mesmo cientes
que é orientação da gerência da obra.
Alegam desconforto e insegurança em aplicar advertências e notificações. Receio de
receberem ameaças pessoais e até mesmo enfrentamentos fora do ambiente de trabalho.

Os líderes de campo nos pedem avaliar a possibilidade de poder dispensar de imediato

funcionários que apresentam comportamento distinto que prejudica o coletivo. Pessoa de
personalidade agressiva e indisciplinável.

Alegam que a aplicação de advertência no canteiro de obra muitas vezes traz mais malefícios
que benefícios. Uma vez que o colaborador advertido ainda permanece na equipe e muita das
vezes “inflamando” outros colaboradores. O famoso laranja podre que apodrece os demais.

Uma laranja que apodrece 2 que apodrece 4 e que apodrecem 8.....

Esses fatos citados acima contribuem para que os líderes não consigam ser enérgicos como
gostaríamos que fossem com seus colaboradores no dia a dia.

O canteiro de obras é um ambiente peculiar quanto as relações interpessoais e interações

quando comparado a outros setores da indústria. Diferente, talvez, do chão de fábrica e outras
áreas de atividade com equipe grandes como a nossa.

Voltando a questão da autoridade de nossos líderes, seria interessante pensarmos num “meio-
termo” para dar mais autoridade aos nossos líderes operacionais e incentivar que apliquem
advertências e notificações quando necessário. Ceder com uma mão e cobrar com a outra.

5ª Consideração

Outro ponto; Aumento considerável da força de trabalho, nº de colaboradores, num curto

período de tempo.

Nosso ativo atual, no mês de Outubro de 2021, é aproximadamente 38% maior em relação ao
ativo do mês de Agosto de 2021. Ou seja, nos últimos 3 meses crescemos em ativo 38%.

38% de aumento no ativo representa 90 colaboradores a mais num período de 3 meses.

6ª Consideração

Qual seria a relação do aumento de 38% do ativo com o número de incidentes ocorridos
nestes últimos dias?

Novos funcionários que ainda não absorveram as boas práticas e orientações de segurança do
trabalho para um canteiro de obras do porte como o nosso.

Entrada de colaboradores que não vivenciaram e tiveram a cultura dos procedimentos de

segurança do trabalho.

Muitos colaboradores que não aderiram a nossa cultura de segurança.

Os colaboradores envolvidos nos incidentes possuem pouco tempo de contratação.