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Índice

1. Introdução...............................................................................................................................1

1.1. Objectivos.......................................................................................................................1

1.1.1. Objectivo geral......................................................................................................1

1.1.2. Objectivos específicos...........................................................................................1

1.2. Metodologia....................................................................................................................1

2. Contracto de prestação de serviço mercantil..........................................................................2

2.1. Contractos mercantis.......................................................................................................2

2.1.1. Contractos e obrigações........................................................................................2

2.1.2. Constituição do vínculo contratual........................................................................3

2.1.3. Desconstituição do vínculo contratual..................................................................4

2.2. Compra e venda mercantil..............................................................................................5

2.2.1. Formação do contracto de compra e venda mercantil...........................................5

2.2.2. Responsabilidade das partes..................................................................................5

2.2.3. Especificidade da compra e venda mercantil........................................................6

2.3. Contractos de colaboração..............................................................................................6

2.3.1. Comissão...............................................................................................................7

2.3.2. Representação comercial.......................................................................................7

2.3.3. Concessão comercial.............................................................................................8

2.3.4. Franquia (Franchising).........................................................................................8

2.3.5. Distribuição...........................................................................................................9

2.4. Contractos bancários.......................................................................................................9

2.5. Contractos intelectuais..................................................................................................11

2.5.1. Cessão de Direito Industrial................................................................................11

2.6. Seguro...........................................................................................................................11

3. Conclusão..............................................................................................................................13

4. Referências bibliográficas.....................................................................................................14
1. Introdução

O presenta trabalho te como tema contracto de prestação de serviço mercantil, com isso, é
necessário ter o conhecimento de que o contracto de prestação de serviços é um documento
que formaliza o negócio jurídico firmado entre partes. Nele, o prestador se obriga a realizar
algum tipo de actividade em troca de uma contraprestação (ou seja, uma remuneração) do
chamado tomador (cliente). É um tipo de contracto disciplinado pelo Código Civil em seu
artigo 594, aplicável a qualquer tipo de actividade lícita, podendo ela ser executada de
forma manual ou intelectual. O contracto pode ser feito na forma verbal ou escrita, já que a lei
não exige nenhum tipo de solenidade para sua elaboração. Esse tipo de contracto deverá ser
sempre consensual. Ele assegurará os direitos e deveres assumidos pelas partes no que diz
respeito exclusivamente àquela obrigação. E buscará prever problemas que possam vir a
surgir no decorrer do negócio.

1.1. Objectivos
1.1.1. Objectivo geral
 Compreender o Contracto de Prestação de Serviço Mercantil.

1.1.2. Objectivos específicos


 Conceituar os contractos mercantis;
 Descrever os contractos e obrigações;
 Caracterizar a constituição e desconstituição do vínculo contratual;
 Indicar os tipos de contracto de prestação de serviço mercantil;
 Explicar os tipos de contracto de prestação de serviço mercantil.

1.2. Metodologia

Para fazer face a realização do trabalho foi necessário a consulta de fontes de modo a adquirir
informações que versam sobre o conteúdo em estudo. As tais fontes incluem manuais físicos
que se referem a livros e trabalhos realizados anteriormente e manuais electrónicos adquiridos
por via da internet e os seus respectivos indicadores estão presentes na última página do
trabalho, onde estão pontuados como referências.

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2. Contracto de prestação de serviço mercantil

2.1. Contractos mercantis

Dependendo dos sujeitos que celebrarem o negócio jurídico, estes podem assumir contornos
de natureza jurídica administrativa, trabalhista, consumeirista ou cível, assim:

“Se o empresário contrata com o Poder Público ou concessionária de serviço público, o


contracto é administrativo (por exemplo, se o fabricante de móveis vence licitação
promovida por Prefeitura, para substituir o mobiliário de uma repartição, o contracto que
vier a assinar será desta espécie). Se o outro contratante é empregado, na acepção legal do
termo (CLT, art. 3º.), o contracto é do trabalho. Se consumidor (ou empresário em
situação análoga à de consumidor), a relação contratual está sujeita ao Código de Defesa
do Consumidor. Nas demais hipóteses, o contracto é cível, e está regido pelo Código Civil
ou por legislação especial.”

Quanto aos contractos mercantis, os sujeitos serão empresários, atingindo uma natureza
hibrida entre os contractos cíveis e os provenientes das relações de consumo, que é
distinguida por Ulhoa Coelho (2006) da seguinte forma:

“Se os empresários são iguais, sob o ponto de vista de sua condição económica (quer
dizer, ambos podem contratar advogados e outros profissionais antes de assinarem o
instrumento contratual, de forma que, ao fazê-lo, estão plenamente informados sobre
a extensão dos direitos e obrigações contratados), o contracto é cível; se desiguais
(ou seja, um deles está em situação de vulnerabilidade económica frente ao outro), o
contracto será regido pelo CDC.”

Desse modo, a natureza jurídica dos contractos mercantis se delimitará face as condições de
seus contratantes, no que tange a (des)igualdade material entre os mesmos.

2.1.1. Contractos e obrigações

Para se entender a relação proveniente dos contractos e suas obrigações, há quem diga que
aqueles são fontes dessas, entretanto, pode-se perceber que  o “contracto é uma das
modalidades de obrigação, ou seja, uma espécie de vínculo entre as pessoas, em virtude do
qual são exigíveis prestações”, entretanto a “obrigação é a consequência que o direito posto
atribui a um determinado fato”.

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Assim, os actos jurídicos podem advir de um dispositivo legal a ser observado, previamente
definido pela mens legislatores, ou do exercício do direito de autonomia da vontade, pelos
sujeitos da relação jurídica, configurando-se um negócio jurídico, onde se visualizam as
relações contratuais.

2.1.2. Constituição do vínculo contratual

A doutrina identifica dois princípios que regem as relações contratuais, em seu momento de
constituição de vínculo, quais sejam, o do consensualismo, imortalizado pela máxima pacta
sunt servanda, e o da relatividade, ou rebus sic stantibus.

No que tange ao princípio do consensualismo, a constituição do vínculo contratual se


estabelece no instante em que, consensualmente, as partes expressam sua vontade, salvo nos
casos em que apenas tal manifestação não é suficiente, como naqueles em que a lei exige que
o negócio jurídico, para produzir seus efeitos, se revista de determinadas formalidades, o que
não acontece, em regra, com os contractos mercantis. Nesse sentido, insta observar a lição de
Ulhoa Coelho (2006):

“Pelo princípio do consensualismo, um contracto se constitui, via de regra, pelo


encontro das vontades manifestadas pelas partes, não sendo necessária mais nenhuma
outra condição. Há, no entanto, algumas excepções a este primado, isto é,
determinados tipos de contracto que exigem, para a sua formação, além da
convergência da vontade das partes, também algum outro elemento. […]

Os contractos mercantis, em suma, podem ser consensuais ou reais. Assim, em termos


gerais os contractos entre empresários estão constituídos (perfeitos e acabados) assim
que se verifica o encontro de vontade das pessoas participantes do vínculo.”

Por fim, no tocante à obrigatoriedade no cumprimento dos contractos, ensejando a


possibilidade de se accionar a intervenção jurisdicional, é necessário mencionar “que os
contractos bilaterais contêm, implícita, a cláusula da exceptio non adimpleti contractas,  pela
qual uma parte não pode exigir o cumprimento do contracto pela outra, se estiver em mora em
relação à sua própria prestação”.

Assim, pode-se exigir, por meio da excepção do contracto não cumprido, que a tutela
jurisdicional reverta-se no sentido de garantir a prestação inicial, para aí se realizar o
cumprimento da contraprestação avençada.
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2.1.3. Desconstituição do vínculo contratual

O vínculo contratual pode ser desfeito pelas formas normais que ocasionam o fim da
obrigação assumida, i.e., com o adimplemento directo daquela, assim como pela prescrição,
em que pela inércia da parte beneficiada e o decurso do tempo, se infere a renúncia tácita do
direito relacionado, como também pela confusão, em que credor e devedor findam por
confundir numa mesma pessoa, et coetera. 

Entretanto, a extinção do vínculo contratual pode se manifestar por meio da invalidação ou


pela sua dissolução. A invalidação está relacionada a circunstâncias que, ab
initio, ocasionaram a nulidade ou anulabilidade de um negócio jurídico, ou seja, na
verificação de vícios contratuais, tais como, a incapacidade das partes, a ilicitude do objecto, a
forma defesa em lei, erro, dolo, simulação, etc. Aqui os efeitos se operam ex tunc.

Enquanto isso, a dissolução refere-se às circunstâncias verificáveis a posteriori, no que tange


ao marco da constituição do vínculo contratual, ou seja, “a inexecução e a vontade das partes.
Na primeira hipótese, tem-se resolução, e, na segunda, resilição do contracto”. Nesses termos,
ensina Lyra Duque (2000):

“(…) a extinção por resilição poderá ser bilateral ou unilateral e depende unicamente da
vontade dos contratantes. A resolução refere-se à inexecução culposa ou involuntária do
acordado. A resolução opera a finalização do contracto por descumprimento das
obrigações por uma das partes ou de ambas, seja por culpa sua, seja por acto estranho à
sua vontade (caso fortuito, força maior e onerosidade excessiva)”.

Quanto a resilição, há uma dissolução do vínculo pela vontade das partes, que em regra é
bilateral, mas pode se apresentar de modo unilateral, através da denúncia, como no caso da
procuração, mandato ad juducia. Ressalte-se, ainda, o que Coelho (2006) traz a lume, no que
tange às consequências e aos efeitos desse tipo de dissolução contratual:

“Na resilição bilateral, as consequências serão as contratadas pelas partes, que têm
ampla liberdade para dispor sobre como se dará a composição dos interesses. Já a
resilição unilateral, quando admitida, não opera efeitos retroactivos. Às partes cabe
apenas solucionar as eventuais pendências (por exemplo: o mandante deve pagar as
comissões devidas ao mandatário), e, se previsto na cláusula de arrependimento, pagar
a multa.”

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2.2. Compra e venda mercantil

Os contractos de compra e venda regem-se, em geral, pela regra do art. 481 do Código Civil
(CC/02), dispondo que em tal relação “um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de
certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro”. Assim, as disposições do Diploma
Civilista, no que tange aos negócios obrigacionais de compra e venda, também atingem os
contractos mercantis dessa natureza, os quais se configuram quando comprador e vendedor
são empresários, entretanto.

Observe-se, portanto, que os contractos mercantis de compra e venda reger-se-ão pelas regras
do CC/02 (art. 481 ss.) e pela legislação especial, bem como pelo Código de Defesa do
Consumidor, quando se verificar a existência de relação de consumo ou hipossuficiência entre
os empresários contratantes. Tais contractos são a base das actividades empresariais, uma vez
que os actos de comprar e vender se constituem no sentido máximo dessas relações, visando a
obtenção do lucro e a retroalimentação do sistema económico.

2.2.1. Formação do contracto de compra e venda mercantil

Os requisitos essenciais para a formação dos contractos de compra e venda mercantis são o
consentimento das partes, a coisa e o preço. No tocante ao consentimento, ressalte-se que,
como os negócios jurídicos de compra e venda em geral, há a necessidade da comunhão de
vontades entre comprador e vendedor para que se constitua o vínculo contratual, conforme
anteriormente expresso.

Entretanto, para o aperfeiçoamento e a obrigatoriedade do contracto é necessário que se


especifique o seu objecto e o preço, conforme reza o art. 485, CC/02, sendo que o primeiro
deve ser lícito, possível, determinado ou determinável, não podendo ser estabelecido como tal
um bem considerado fora do comércio, enquanto o segundo deve ser  fixado por ambas as
partes, do contrário tal contracto será considerado nulo, em moeda nacional, ressalvadas as
operações de importação e exportação, não sendo admissível a contratação de pagamento em
bens, pois se configuraria contracto de troca.

2.2.2. Responsabilidade das partes

Os contractos de compra e venda mercantil geram obrigações recíprocas entre as partes


contratantes. Para o vendedor, observa-se o dever de entregar o bem, transferindo-se o
domínio do objecto avençado, e para o comprador, o de pagar o preço pela coisa adquirida.
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Ressalte-se, ainda, que o vendedor tem responsabilidade pelos vícios redibitórios e pela
evicção que envolver o bem, objecto do negócio jurídico, entende-se que:

“O primeiro se verifica quando o bem entregue não corresponde às especificações


acordadas entre as partes, no sentido de se revelar impróprio ao uso a que se destina ou
de reduzido valor. Por evicção se entende o dever de defender em juízo a venda
perante terceiros reivindicantes da coisa objecto do contracto. Tal dever inexiste se o
comprador tinha ciência da reivindicação e assumira o risco correspondente.”

As despesas pela escrituração ficam a cargo do comprador, e as decorrentes da tradição, ficam


a cargo do vendedor, salvo estipulação contratual diversa. Assim, deverá o vendedor arcar
com as despesas e riscos decorrentes do transporte e da entrega do bem, enquanto o
comprador com aquelas provenientes da transferência de domínio na esfera legal.

2.2.3. Especificidade da compra e venda mercantil

Nas relações de compra e venda civil, estando o comprador em situação de insolvência, o


vendedor pode exigir uma caução, para só assim proceder à entrega do objecto avençado,
conforme disposição do art. 495, do CC/02.

Entretanto, observando-se que as circunstâncias que envolvem uma relação de compra e


venda mercantil atingem proporções maiores e, consequentemente, de interesse de uma
colectividade, o vendedor, uma vez verificada situação de falência do comprador, ou de
insolvência (quando esse não é empresário ou sociedade empresária), não pode simplesmente
condicionar a entrega da coisa vendida à prestação de uma caução, já que tal relação, visando
proteger a actividade económica, é regida por lei específica, qual seja a Lei de Falências.

2.3. Contractos de colaboração

Os contractos de colaboração, assim como os de compra e venda mercantil, têm sido


desenvolvidos pelo comércio com vistas ao fornecimento de bens ao mercado consumidor,
sejam eles empresários ou não.

Nesses termos, Ulhoa identifica, como contractos de colaboração, a comissão, a representação


comercial, a concessão mercantil, a franquia e a distribuição, definindo-os como uma
obrigação particular, que um dos contratantes (“colaborador”) assume, em relação aos
produtos ou serviços do outro (“fornecedor”), a de criação ou ampliação de mercado.

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Ressalte-se, assim, que, no contracto de colaboração, o colaborador tem, perante o fornecedor,
a obrigação de criar mercado para a coisa vendida, diferente das relações de fornecimento
verificáveis nos contractos de compra e venda, em que tal situação não se verifica.

Os contractos de colaboração não tem carácter pessoal, pois estão relacionados com a
organização da própria actividade de distribuição, do contrário se poderia configurar um
vínculo empregatício, uma vez que há uma relação de subordinação do distribuidor pelo
fornecedor, o qual impõe suas condições e padrões de exploração da actividade comercial,
entretanto nesses contractos a subordinação é apenas empresarial.

2.3.1. Comissão

A comissão mercantil é “o vínculo contratual em que um empresário (comissário) se obriga a


realizar negócios mercantis por conta de outro (comitente), mas em nome próprio, assumindo,
portanto, perante terceiros responsabilidade pessoal pelos actos praticados”, apesar dos riscos
dessa actividade, via de regra, serem assumidos pelo comitente, assim:

“Trata-se de contracto normalmente empregado em operações nas quais o comprador


ou vendedor de mercadorias prefere não ser conhecido. Nem sempre convém ao
empresário que se saiba do seu interesse em comprar ou vender certo bem. Há casos,
por exemplo, em que o preço da coisa pode crescer, e muito, quando o vendedor sabe
que o interessado é um grande empresário. […]

2.3.2. Representação comercial

Nos contractos de colaboração tem-se a figura da representação comercial, muito difundida,


uma vez que demonstrar ser um meio eficaz e eficiente na divulgação e venda dos produtos
fabricados pelo estabelecimento comercial representado.

Nessa espécie de contracto não existe vínculo de emprego entre as partes contratantes, como
nos contractos de comissão acima referidos, tendo a subordinação estabelecida entre o
representante pelo representado um carácter exclusivamente empresarial. É bem verdade que
há momentos em que tal vínculo, se pessoal ou empresarial, deve ser cuidadosamente
avaliado, já que na prática se observam casos em que empresários buscam burlar a legislação
trabalhista e seus encargos, utilizando-se dessa espécie de contracto de colaboração, assim
como o anterior.

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Na organização de sua actividade negocial, o representante, no que tange a subordinação
empresarial, sofre uma influência no exercício e gerenciamento pelo representado, mas no que
diz respeito apenas à forma de exploração do negócio, do contrário restaria configurada
relação de subordinação pessoal e, provavelmente vínculo empregatício e não comercial.

2.3.3. Concessão comercial

Nesse contracto, diferentemente da representação comercial, o empresário (concessionário) se


obriga a comercializar, com ou sem exclusividade, com ou sem cláusula de territorialidade, os
produtos fabricados por outro empresário (concedente).

A Lei nº. 6.729, de 1979, com as alterações introduzidas pela Lei nº. 8.132, de 1990,
disciplina a concessão comercial, entretanto apenas no que se refere ao comércio de veículos
automotores terrestres, como automóveis, caminhões, ónibus, tractores, motocicletas e
similares, assim, quando for o caso de concessões que envolvam mercadorias diversas
daquelas, ter-se-á um contracto atípico, de distribuição, vinculado apenas as normas gerais
que envolvem as relações contratuais, mas sem legislação específica.

Entretanto, tais contractos são mais comuns na áreas de distribuição de veículos automotores,
por isso a necessidade de regulamentação específica, assim tem-se como obrigações dos
concedentes: a) permitir, gratuitamente, o uso de suas marcas pelo concessionário; b) vender
ao concessionário os veículos de sua fabricação, na quantidade prevista em cota fixada; c)
observar, na definição da área operacional de cada concessionária, distâncias mínimas
segundo o critério de potencial de mercado e d) não vender, directamente, os veículos de sua
fabricação na área operacional de uma concessionária, salvo à Administração Pública, directa
ou indirecta, ao Corpo Diplomático ou a clientes especiais.

O concessionário pode comercializar livremente os acessórios, pois a lei cogita actualmente


fidelidade apenas para os componentes, assim como, quanto aos preços dos veículos vendidos
ao consumidor, serão fixados pelo concessionário e não mais pelo concedente.

2.3.4. Franquia (Franchising)

A franquia “é um contracto pelo qual um comerciante (franquiador-franchisor) licencia o uso


de sua marca a outro (franquiado-franchiseer) e presta-lhe serviços de organização
empresarial, com ou sem a venda de produtos”. Com este contracto uma pessoa com algum
capital pode estabelecer-se comercialmente, sem precisar proceder ao estudo e
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equacionamento de muitos dos aspectos do empreendimento, pois o titular oferece-lhe
subsídios  suficientes e indispensáveis à estruturação do negócio.

Insta mencionar que a franquia se apresenta pela conjugação de dois contractos: o de


licenciamento de uso de marca e o de organização empresarial. Nessa espécie de contracto
mercantil, ambas as partes têm vantagens de cunho mercadológico, o franquiado já se
estabelece negociando produtos ou serviços já trabalhado junto ao público consumidor,
através de técnicas de marketing testadas e aperfeiçoadas pelo franquiador, enquanto este
pode ampliar a oferta da sua mercadoria ou serviço, sem novos aportes de capital, não
necessitando estabelecer e administrar filiais.

2.3.5. Distribuição

Os contractos de distribuição consistem em actos do colaborador de aproximação, pelo qual


se identifica pessoas interessadas em adquirir (e, no caso da comissão, também vender)
produtos do outro empresário contratante, ou de intermediação, em que o próprio colaborador
adquire os produtos (e, no caso da franquia, também serviços) do outro contratante e os
oferece de novo ao mercado.

Os contractos de distribuição-aproximação têm como características a não eventualidade, a


falta de vínculos de dependência do distribuidor pelo proponente, zona determinada de
actuação, exclusividade e a posse pelo distribuidor das mercadorias a serem vendidas. Se
faltar à distribuição-aproximação o último requisito, o contracto é denominado “agência” (art.
470, CC/02), o qual também é contracto típico, regido pelo Código Civil de 2002, e sujeito às
mesmas regras daquele.

2.4. Contractos bancários

A doutrina reconhece que definir e conceituar o que seria um contracto bancário tem sido
tarefa árdua, sendo difícil diferenciar e delimitar, sem se render a critérios duvidosos,
facilmente desconstituídos.

Sérgio Carlos Covello (2004) tenta definir tais contractos, partindo de dois critérios
fundamentais: 1) o critério subjectivo, sendo contracto bancário aquele realizado por um
banco; 2) o critério objectivo, pelo qual é contracto bancário aquele que tem por objecto a
intermediação do crédito. Entrementes, reconhece que tais critérios sozinhos são insuficientes:
o primeiro porque o banco realiza contractos que não são bancários, como de locação,
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prestação de serviços, bancários, etc; o segundo porque o particular também pode realizar
operação creditícia sem que se configure como bancária.

Dornelles da Luz (2003) adopta a definição de contracto bancário de Garrigues, como


um “[…] negócio jurídico ‘concluído por um Banco no desenvolvimento de sua actividade
profissional e para a consecução de seus próprios fins económicos.’” Adopta o autor o
critério subjectivo para definição, incluindo as actividades de prestação de serviços bancários
que no conceito objetivo-subjetivo de Covello restavam excluídas.

Já  Rodrigues Alves (2007), após criticar a conceituação com base no critério puramente
subjectivo: “[…]em verdade, há operação bancária se existe suporte fático que se traduz
empiricamente em actividades nas quais o banco opera com o cliente, atendendo-se ao fim
comercial do banqueiro.”

Apesar desse conceito se demonstrar mais ligado à definição das actividades bancárias, ainda
se apresenta como o mais abrangente.

2.4.1. Actividades bancárias

A partir da análise da Lei n° 4.595/64 (LRB), mais especificamente de seu art. 17, pode-se
entender por actividade bancária a colecta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros
próprios ou de terceiros em moeda nacional ou estrangeira. Essas actividades estão ligadas,
directa ou indirectamente, à concessão, circulação ou administração do crédito.

Seu exercício esta adstrito à autorização governamental, sendo concedido pelo BACEN, salvo
quando se tratar de empresário estrangeiro, a qual será dada mediante decreto presidencial. A
doutrina divide tais actividades em típica (relacionadas ao crédito) e atípicas (serviços
acessórios, locação de cofres, custódia de valores etc), sendo as primeiras subdividas, ainda,
em passivas e activas, conforme assuma o banco a posição de devedor ou credor da obrigação
principal.

Como principais características, podem-se destacar: a) uma das partes deve ser,
necessariamente, um banco; b) o objectivo do contracto, tipicamente, é a intermediação de
crédito; c) os contractos são sigilosos, salvo se em confronto com interesses públicos; d)
rígida contabilidade; e) complexidade estrutural e busca de simplificação; f) profissionalidade
e comercialidade; g) informalidade; h) contracto de massa; i) contracto de adesão e
formulário; j) interpretação específica.
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2.4.2. Contractos Bancários Impróprios

Como já mencionado, há divergências na doutrina quanto a conceituação dos contractos


bancários e sua abrangência, assim pode-se identificar determinados contractos, em relação
aos quais debatem os autores sobre a necessidade ou não da participação, em um dos pólos da
relação negocial, de uma instituição financeira devidamente autorizada a funcionar pelas
autoridades monetárias.

2.5. Contractos intelectuais

Contractos intelectuais são aqueles que tem como normas orientadoras os chamados direitos
intelectuais, ou seja, com a propriedade industrial (a cessão de patente, cessão de registro
industrial, licença de uso de patente de invenção, licença de uso de marca e transferência de
tecnologia) ou com o direito autoral (a comercialização de logiciário).

2.5.1. Cessão de Direito Industrial

Nesse tópico, pode se verificar que os contractos de cessão de direito industrial são orientados
por dois objectivos, quais sejam, a obtenção de uma patente (de invenção ou de modelo de
utilidade) ou de um registro industrial (de desenho industrial ou de marca). Na primeira
hipótese, o titular da patente (cedente) transfere, total ou parcialmente, ao outro contratante
(cessionário), os direitos mencionados na respectiva patente.

Quanto a cessão de registro industrial, é o contracto pelo qual o proprietário de registro de


desenho industrial ou de marca (cedente) transfere ao outro contratante (cessionário), total ou
parcialmente, os direitos por ele titularizados, de exploração económica com exclusividade
daqueles bens.

Por sua vez, em ambos os casos, o cedente responde pela existência do direito industrial ao
tempo da transferência, podendo o cessionário demandar a resolução do vínculo e perdas e
danos na hipótese de anulação, cancelamento ou caducidade deste por fato anterior ao
negócio. Ademais, no caso da cessão de patente, o cedente responde, ainda, por perdas e
danos caso a invenção ou modelo não apresente o desempenho por ele propagado.

2.6. Seguro

A função económica do seguro é:

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“(…) socializar riscos entre os segurados. A companhia seguradora recebe de cada
um o prémio, calculado de acordo com a probabilidade de ocorrência do evento
danoso. Em contrapartida, obriga-se a pagar certa prestação pecuniária, em geral de
carácter indemnizatório, ao segurado, ou a terceiros beneficiários, na hipótese de
verificação do sinistro.

2.6.1. Conceito e características

O Código Civil de 2002, em seu art. 757 reza que seguro é o contracto em que uma parte
(sociedade seguradora) se obriga, mediante o pagamento do prémio, a garantir interesse
legítimo da outra parte (segurado), relativo a pessoa ou coisa, contra riscos predeterminados.

Esta garantia do interesse legítimo do segurado se materializa, entre outras obrigações, na de


pagar àquele, ou a terceiros beneficiários, determinada quantia, caso ocorra evento futuro e
incerto.

Coelho caracteriza o seguro como “um contracto de adesão (a socialização dos riscos


pressupõe a necessária contratação em massa), consensual (independe de formalidade
específica) e comutativo (sem álea para as partes)”.

Nesse sentido, aplica-se a essa espécie contratual o contido nos arts. 423 e 424 do Código
Civil de 2002 (ou art. 54 do CDC, caso o segurado seja consumidor), pelos quais as cláusulas
ambíguas ou contraditórias serão interpretadas em favor do segurado (ou terceiro beneficiário)
e são nulas as cláusulas de renúncia a direitos próprios do contracto.

2.6.2. Do contracto de seguro

Os contractos de seguro são instrumentos de socialização de riscos, no qual os segurados


contribuem para a instituição de um fundo, destinado a cobrir os prejuízos que alguns dele
provavelmente irão sofrer, sendo que tais prejuízos, previsíveis, não são suportados
individualmente, pelo titular do interesse directamente atingido, mas são distribuídos entre
diversos segurados, configurando o que se denomina de mutualidade.

Tal característica proporciona ao segurado substancial economia, pois tem os seus interesses
preservados a um custo consideravelmente inferior àquele em que incorreria caso houvesse de
suportar isoladamente as consequências do evento danoso.

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3. Conclusão

Tendo concluído com o trabalho, chegou-se a conclusão de que os contractos mercantis são
instrumentos externalizadores das relações empresariais, que, num contexto de globalização,
assumem contornos mais informais, de acordos de vontades, a fim de dar a dinamicidade que
se faz necessária. Entretanto, sempre se poderá recorrer ao Judiciário, quando verificadas
cláusulas abusivas em circunstâncias de vulnerabilidade entre as partes, ou quando do
descumprimento de suas disposições, por exemplo, ressaltando que tal direito é, inclusive,
garantia constitucional, previsto em nossa lei maior.

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4. Referências bibliográficas

 Barros, Ana Lucia Porto et alli. (2002). O Novo Código Civil: Comentado. vol. 1,


2. Rio de Janeiro: Freitas Bastos Editora.
 Bourdieu, Pierre (2007). O Poder Simbólico. 11 ed. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil.
 Bulgarelli, Waldirio (1995). Contractos mercantis. 8. ed. São Paulo: Atlas.
 Coelho, Fábio Ulhoa (2006). Curso de Direito Comercial. v. 1, 10ª ed. rev. e atual.
São Paulo: Saraiva.
 Fazzio Junior, Waldo (2000). Manual de direito comercial. São Paulo: Atlas.
 Gomes, Fábio Bellote (2003). Manual de Direito Comercial. São Paulo: Manole.
 Saad, Eduardo Gabriel (1999). Comentários ao Código de Defesa do Consumidor
Lei n.8.078, de 11.9.1990. 4ª ed. São Paulo: LTR.
 Smitt, Adam (2003). A riqueza das nações. São Paulo: Martins Fontes.

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