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1. Introdução...................................................................... 3
2. Conceitos fundamentais.......................................... 4
3. Teorias biológicas do envelhecimento................ 9
4. Composição corporal...............................................10
5. Pele e anexos.............................................................12
6. Sistema osteomuscular..........................................15
7. Sistema cardiovascular...........................................18
8. Sistema respiratório.................................................21
9. Sistema nervoso........................................................23
10. Sistema digestório.................................................29
11. Sistema endócrino.................................................35
12. Sistema urogenital.................................................37
13. Sistema hematopoético.......................................41
Referências bibliográficas .........................................44
ENVELHECIMENTO 3
1. INTRODUÇÃO
CONCEITO! Respeitando-se as limita-
O envelhecimento (processo), a velhi- ções e dentro de uma visão prioritaria-
ce (fase da vida) e o velho ou idoso mente biogerontológica, o envelheci-
(resultado final) constituem um con- mento é conceituado como um processo
dinâmico e progressivo, no qual há mo-
junto cujos componentes estão inti-
dificações morfológicas, funcionais, bio-
mamente relacionados. químicas e psicológicas, que determi-
Pode-se considerar o envelhecimen- nam perda da capacidade de adaptação
do indivíduo ao meio ambiente, ocasio-
to, como admite a maioria dos bioge- nando maior vulnerabilidade e maior in-
rontologistas, como a fase de todo um cidência de processos patológicos que
continuum que é a vida, começando terminam por levá-lo à morte. Essa defi-
nição pode ser complementada com um
com a concepção e terminando com outro conceito, este predominantemente
a morte. Ao longo desse continuum funcional, segundo o qual o envelheci-
é possível observar fases de desen- mento se caracteriza por redução da
volvimento, puberdade e maturidade, capacidade de adaptação homeostática
perante situações de sobrecarga funcio-
entre as quais podem ser identifica- nal do organismo.
dos marcadores biofisiológicos que
representam limites de transição en-
tre as mesmas. O exemplo é a me- Às manifestações somáticas da ve-
narca como marcador do início da lhice, que é a última fase do ciclo da
puberdade na mulher. Ao contrário vida, e que são caracterizadas pela
do que acontece com as outras fa- redução da capacidade funcional, cal-
ses, o envelhecimento não possui vície, canície, redução da capacidade
um marcador biofisiológico de seu de trabalho e da resistência, entre ou-
início, pelos motivos já expostos. De tras, associam-se perdas dos papéis
qualquer forma, a demarcação entre sociais, solidão, perdas psicológicas
maturidade e envelhecimento, a qual e motoras, e afetivas. Na maioria das
este período aparentemente segue, é pessoas, tais manifestações somá-
arbitrariamente fixada, mais por fato- ticas e psicossociais começam a se
res socioeconômicos e legais do que tornar mais evidentes a partir do fim
biológicos. da terceira década de vida ou pou-
co mais, ou seja, muito antes da ida-
de cronológica que demarca social-
mente o início da velhice. É preciso
esclarecer que essas manifestações
são facilmente observáveis quando o
processo que as determina encontra-
-se em toda sua plenitude. Deve ser
ENVELHECIMENTO 4
SAIBA MAIS!
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que, no ano 2000, havia no mundo
600 milhões de pessoas com 60 anos de idade ou mais, número que deverá dobrar até 2025
e atingir 2 bilhões em 2050.
Habilidade e controlar,
Autonomia entender e tomar
decisões pessoais
Habilidade de desempenhar
Independência funções relacionadas
com a vida diária
Atividades
Capacidade de
instrumentais da
administrar seu ambiente
vida diária (AIVD)
Percepção individual
Qualidade de vida de uma pessoa de sua
posição na vida
ENVELHECIMENTO 9
Figura 1. Complexidade do
envelhecimento e suas inúme-
ras influências. Fonte: Tratado
de geriatria e gerontologia, 4 ed,
Mutações somáticas Teorias estocásticas Teoria do dano mitocondrial Desdiferenciação 2018
ENVELHECIMENTO 10
Teorias Teorias
programadas estocásticas
↓ função celular
↓ celularidade
↑ tempo de ação de
drogas lipossolúveis
↑ concentração de
drogas hidrossolúveis
↓ musculatura
↓ força muscular
ENVELHECIMENTO 12
5. PELE E ANEXOS
A B
A pele se torna seca, por diminui-
ção das glândulas sebáceas, e es-
pessada, com as papilas dérmicas
menos profundas, levando a menor
junção entre a epiderme e a derme,
facilitando a formação de bolhas e
predispondo a lesões. O número de
melanócitos diminui de 8 a 20%, por
década, após os 30 anos. Esse fato,
Figura 2. Espécimes de pele dos grupos jovem (A) e
associado ao alentecimento da re- idoso (B) corados pelo tricrômio de Van Gleson-elastina,
posição das células da epiderme, ao x200, em que as fibras elásticas são observadas em
preto. Note-se a clara fragmentação das fibras elásticas
maior tempo de exposição aos raios ao longo da derme com o envelhecimento. Na derme
UV e à redução das células de Lan- superficial, o aparelho elástico perdeu quase comple-
tamente sua disposição vertical na pele senil. Fonte:
gerhans (células mediadoras da res- https://www.scielo.br/pdf/abd/v78n4/16901.pdf
posta imunológica na pele), contribui
para o aumento da incidência do cân-
cer de pele. Na derme do indivíduo Com o passar dos anos, a pele enruga,
idoso, observa-se menor número de torna-se flácida e perde turgor. A pele
fibras elásticas e colágenas, levando no dorso das mãos e nos antebra-
a uma perda da resiliência e à forma- ços torna-se adelgaçada, frágil, fláci-
ção de rugas. Também há diminuição da e transparente. Surgem máculas
da vascularização, justificando a pa- ou placas arroxeadas, denominadas
lidez e a diminuição da temperatura púrpura actínica, que desaparecem
da pele, aumentando a frequência de com o tempo. Essas máculas e placas
dermatites. são decorrentes do sangue extrava-
sado de capilares com suporte insa-
tisfatório e se espalham na derme.
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Alopecia de padrão
masculino
Queratoses
actínicas
Leucoplaquia
Queratoses
seborreicas
Úlcera de
estase
Figura 3. Alterações da pele, dos pelos e do cabelo em adultos mais velhos. Fonte: Bates, propedêutica médica, 12 ed,
2018
Pele seca
Formação de bolhas e
predisposição a lesões
↓ glândulas sebáceas
↓ vascularização
Perda de resiliência e
Limitação do campo visual
formação de rugas
↓ temperatura e palidez
6. SISTEMA
OSTEOMUSCULAR
praticamente a metade aos 80 anos.
A massa muscular diminui quase Essa redução ocorre tanto em núme-
50% entre os 20 e 90 anos, e a for- ro quanto no volume das fibras. En-
ça muscular, que é máxima por vol- tretanto, a força muscular do diafrag-
ta dos 30 anos, sofre perda de 15% ma sofre pouca alteração, enquanto
por década a partir dos 50 anos. Essa a força da musculatura da panturrilha
perda é mais acelerada, chegando diminui significativamente ao longo
a 30%, por década, aos 70 anos e, dos anos.
ENVELHECIMENTO 16
Perda de altura
Perda de miócitos
↑ volume celular de miócitos
RESPIRATÓRIO PULMONAR
da capacidade máxima respiratória
Com o envelhecimento há grandes progressiva da pressão parcial de O2
modificações tanto na arquitetura Perda da elasticidade pulmonar
quanto na função pulmonar, contri- Enfraquecimento da musculatura respiratória
buindo para o aumento da frequência da elasticidade da parede torácica
de pneumonia, aumento da proba- da rigidez da estrutura interna pulmonar
bilidade de hipóxia e diminuição do do volume pulmonar expirado
consumo máximo de oxigênio pela Fadiga fácil
pessoa idosa. Os primeiros sinais de Tabela 6. Sinais precoces do envelhecimento pulmonar.
Fonte: Tratado de geriatria e gerontologia, 4 ed, 2018
piora da respiração pulmonar já po-
dem ser vistos por volta dos 25 anos.
Os pulmões se tornam mais volumo- Respiração
sos, os ductos e bronquíolos se alar-
gam e os alvéolos se tornam flácidos, A inspiração e a expiração se dão da
com perda do tecido septal. A conse- mesma forma no adulto. Além das
quência é o aumento de ar nos ductos alterações descritas, há falha no con-
alveolares e diminuição do ar alveolar trole central (medula e ponte) e nos
com piora da ventilação e perfusão. quimiorreceptores carotídeos e aór-
ticos com diminuição da sensibilida-
de a PCO2, PO2 e ao pH, limitando a
SE LIGA! Concorrem para o declínio da adaptação da pessoa idosa ao exer-
capacidade respiratória os maus hábitos
de vida, a poluição do local de moradia cício físico.
e trabalho e as doenças concomitantes. A maioria dos músculos sofre um cer-
to grau de sarcopenia, daí a capaci-
ALTERAÇÕES PULMONARES COM O
dade de a função pulmonar piorar em
ENVELHECIMENTO algumas pessoas pela diminuição da
dos espaços aerados força e da resistência da musculatura
da superfície de troca gasosa respiratória, tornando a tosse menos
Perda do tecido de suporte das vias respiratórias vigorosa. A função mucociliar é lenta,
periféricas, diminuindo a elasticidade alveolar, prejudicando a limpeza de partículas
antigamente denominado “enfisema senil”
inaladas e facilitando a instalação de
do tecido fibroso
infecções.
Modificações do surfactante pulmonar
Tabela 5. Alterações pulmonares com o envelheci- Todas as modificações do sistema
mento. Fonte: Tratado de geriatria e gerontologia, 4 ed, respiratório são lentas, mas progressi-
2018
vas. A partir dos 25 anos a VO2 máxi-
ma diminui em 5 ml/kg/min/década. O
ENVELHECIMENTO 22
• ↓ volume pulmonar
• ↑ ar nos ductos alveolares
Alterações • ↓ ar alveolar
pulmonares • ↑ tecido fibroso
• ↓ surfactante
• Piora da ventilação e perfusão
30 a 39 anos 70 a 79 anos
1
1
REM
REM
3e4
4
3 2 2
Figura 8. Distribuição dos estágios do sono em homem adulto e idoso. Fonte: Tratado de geriatria e gerontologia, 4
ed, 2018
ENVELHECIMENTO 28
Alterações estruturais
Perda de volume cerebral
Perda neuronal e diminuição de
sinapses
Alterações bioquímicas
Comprometimento dos
neurotransmissores
Alterações metabólicas e
circulatórias
Diminuição da água
Lentidão da síntese proteica
Alterações cognitivas e
comportamentais
Comprometimento das memórias
episódica, laborativa e função executiva
Sono
Alteração do ciclo sono-vigília
Aumento dos períodos de apneia
ENVELHECIMENTO 29
Boca
As cáries dentárias continuam sen-
do um dos principais problemas dos
idosos, inclusive na raiz pela retração
das gengivas, raramente encontra-
das nos adultos jovens. As cáries ra-
diculares e coronais foram preditores
significativamente mais importantes Figura 9. Comparação entre mandíbulas de pessoas
idosas. Nota-se grande perda de osso alveolar na man-
de perda dentária do que a condição díbula edêntula. Fonte: Tratado de geriatria e geronto-
periodontal. Esse fato justifica a apli- logia, 4 ed, 2018
Esôfago
Com o avanço da idade observam-se
hipertrofia da musculatura esquelética
do terço superior do esôfago, diminuição
ENVELHECIMENTO 31
↑ resistência da passagem
↑ cáries Dificuldade de digestão
dos alimentos no EES
“Presbiesôfago”: peristalse
Mucosa final, lisa e seca anormal após deglutição + ↑ chance de lesões
contrações repetitivas
↑ incompetência
do EEI e refluxo
↓ absorção de algumas
Depósito de lipofucsina
substâncias (ex: cálcio, ferro)
↓ capacidade de
Constipação intestinal
metabolizar substâncias
↑ frequência
de divertículos
ENVELHECIMENTO 35
hormônio também apresenta ação pro- Tabela 8. Alguns fatores responsáveis pela intolerân-
cia à glicose com o envelhecimento. Fonte: Tratado de
tetora contra os danos oxidativos. geriatria e gerontologia, 4 ed, 2018
T3 e T4 em níveis
normais baixos
Tireoide
↑ intolerância à glicose
SISTEMA
Pâncreas Paratireoide
ENDÓCRINO
Alterações variáveis
↑ volume
• ↑ disfunção erétil
• Proliferação do tecido
Alterações nos
prostático (HBP)
órgãos genitais
• ↓ função ovariana
• Alterações vulvovaginais
ENVELHECIMENTO 41
SAIBA MAIS!
O encurtamento do telômero é observado nos portadores da síndrome de Werner, nos quais
ocorrem alterações precoces do envelhecimento.
↑ suscetibilidade à anemia
↑ estado pró-coagulante
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ENVELHECIMENTO
↓ celularidade ↑ cáries
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
Freitas, Elizabete Viana de. Py, Ligia. Tratado de geriatria e gerontologia. 4. ed. [Reimpr.].
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.
Martins, Milton de Arruda., et al. Clínica médica, volume 1: atuação da clínica médica,
sinais e sintomas de natureza sistêmica, medicina preventiva, saúde da mulher, enve-
lhecimento e geriatria, medicina física e reabilitação, medicina laboratorial na prática
médica. 2. ed. Barueri, SP: Manole, 2016.
Bickley, Lynn S. Szilagyi, Peter G. Hoffman, Richard M. Bates, propedêutica médica. 12. ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.
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