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FTANCISCO BENTO Dé SILV@ FILHO UaNa APATEGIDa DE ANDTaDE MONTeNEGIO PLANTAO PSICOLOGICO: [ESSIGNIFICANDO 0 HUM@NO Na @XPENeNCla Da eScuTa © ACOLHIMENTO CAPITULO 1 PLANTAO PSICOLOGICO: a urgéncia da acolhida Sandra Souza Arethusa Eire Moreira de Farias (..) O mais importante é a mudanga, 0 movimento, 0 dinamismo, a energia. 56 0 que esté morto néo muda! Repito por pura alegria de viver: A salvacéo é pelo risco, Sem o qual a vida ndo vale a pena! Clarice Lispector A forma de atendimento, nos moldes adotados pelo Plantao Psicolégi- co, teve inicio nos anos de 1970, com os estagiarios da faculdade de psico- logia, como uma forma de atender ao piblico que procurava o Servigo de Aconselhamento Psicolégico — SAP da Universidade de Sio Paulo — USP. Esse modelo foi inspirado nas experiéncias das walk-in clincs, dos Estados Unidos, que consistiam em oferecer atendimento imediato e comunitario (Mahfoud, 2013; Rosenthal, 1999), Contemporaneamente As atividades do SAP, o Instituto Sedes Sapien- tiae, frequentado pelos psicdlogos daquele servigo, estruturaram, em Agosto de 1980, um servigo de Plantao Psicolégico ¢ deram inicio ao primeiro grupo de coordenac&o e superviséo que contou com doze plantonistas ¢ uma su- pervisora. Essa equipe procurou refletir ¢ planejar as formas de atendimento em curto tempo, divulgar o servigo, formas de partilhar experiéncias entre plantonistas e experimentando meios de solidificar essa proposta. O primei- To grupo de plantonistas foi subdividido em seis subgrupos que se alterna- vam entre atendimentos e supervisio nas segundas e quintas, contando com seis salas para atendimento e uma para supervisdo. As supervisées tinham igual carater de urgéncia, podendo ocorrer durante o atendimento, os quais tinham uma duragio relativa de uma a duas horas, podendo se estender caso nao houvesse filas de espera. Essa primeira turma de plantonistas atuou de Agosto a Dezembro de 1980 (Rosenthal, 1999), Durante essa fase de consolidagao da proposta, muitos esclarecimentos precisaram ser feitos ao piblico, por exemplo, dizer que o plantio nfo seria um servigo de emergéncias psiquidtricas; nfio atendia pessoas em suicidio 16 iminente como o Centro de Valorizagiio da Vida — CVV; nao se fazia a psico- terapia breve; nao tinha a intengao de fazer uma triagem para outros servigos de encaminhamento; nao era um substituto de outros servigos de psicote- rapia, mas sim, se propunba a oferecer uma escuta imediata da pessoa que esta em dificuldades ou em crise emocional. Contudo, mesmo com esses esclarecimentos feitos, a equipe possuia uma relacdo de instituigdes e de servigos publicos ¢ particulares, caso houvesse a necessidade de fazer algum, encaminhamento no momento (Rosenthal, 1999). © termo “planto”, até entZio usado de forma genérica, foi tratado de modo sistematizado no texto “A Vivéncia de um desafio: Planta Psicolégico” na publicag&io de um livro organizado por Rosenberg, em 1987. O referido texto trouxe consigo experiéncias ¢ desafios para a concepgao de um tipo de servigo cuja estrutura de funcionamento fosse flexivel, de modo que os tera- peutas, agora plantonistas, se adaptassem as demandas diversas que surgissem de forma espontanea e que privilegiasse 0 processo de claboracao da pessoa (Mahfoud, 1999; 2013). Embora os atendimentos de urgéncia para as pessoas que chegavam ao servigo ja ocorressem desde a década de 1970, é em meados da década de 1980 que se comega a sistematizacio do conhecimento e a estruturagio de um servigo com base nas experiéncias de atendimentos que exigiam da equipe de trabalho caracteristicas incomuns 4 pratica institucional clinica de psicoterapia. Dessa forma, o processo vivido pela pessoa no plantao néo seria necessariamente uma ctapa institucional (triagem, entrevista inicial, etc.) para outro servigo de atendimento, mas seria o servico em si (Mahfoud, 2013; Rosenthal, 1999). E uma caractetistica do Plantio Psicoldgico a sua flexibilidade, que diz respeito nao somente aos variados contextos nos quais pode inserir-se, mas também, a sua organizacio, j4 que esta modalidade de atendimento € realizada em uma ou mais consultas, em que o tempo da consulta ¢ os retornos dependem de decisdes conjuntas entre o plantonista e o cliente, tomadas no decorrer do atendimento (Tassinari, 2003). O plantao atua permitindo a esse cliente, em relacdo com 0 plantonista, dar-se conta das possibilidades de escolha e decisio quanto as diregdes a seguir adiante (Baptista, Noguchi & Calil, 2006). O plantio é exercido por psicdlogos que ficam 4 disposigao das pessoas que procuram espontaneamente o servigo em local, dias ¢ hordrios preesta- belecidos, podendo existir em diversos locais e instituigdes, como escolas, clinicas-escola de cursos de Psicologia, hospitais, instituigdes da area juridi- ca e esportiva, clinicas psicoldgicas privadas, entre outros espagos abertos a comunidade (Souza & Souza, 201 1a). PLANTAQ PSICOLOGICO: ressignificando o humano na expariéncia da escuta acolhimento v7 Talmon (1990 citado por Souza, 2013) observou, através de uma pes- quisa com 200 clientes, que 78% deles, quando questionados sobre o que os levou a desistir da psicoterapia, a partir das faltas que ocasionaram seus desligamentos ¢ interrup¢ao do processo terapéutico, alegaram que nfo vol- taram porque se sentiram satisfeitos com os resultados da(s) primeiza(s) sessdio(6es). Observa-se assim, que uma quantidade pequena de encontros com o plantonista, ou até mesmo um tnico encontro, tem fungao terapéutica e pode ser suficiente para a pessoa atendida iniciar um processo de organizagaio interna ¢ prosseguir sem ajuda psicoldgica, corroborando com a eficiéncia do Plantéo Psicolégico. Por fim, cabe-se perguntar de que fungao terapéutica se esti falando, de que clinica se trata o plantao, de que lugar se pode falar de setting terapéutico nesse contexto? Na tentativa de responder a estes ques- tionamentos, precisamos nos desvincular do panorama tradicional de psico- terapia ¢ inserir essa discussao em contextos sociais diversos, carregados de possibilidades de atuages sob a visada de um olhar clinico. Aclinica no contexto social Langar o olhar para o outro que necessita de ajuda caracteriza o fazer clinico ou a clinica propriamente dita. Lévy (2001), ao tratar dos elementos de uma clinica social, evidencia a démarche clinica. Para 0 autor, a clinica se expande para além de um conjunto de métodos e de técnicas, mas se situa em uma perspectiva de um posicionamento global diante do outro. Amplia ainda a discuss4o trazendo para a reflexao de que este posicionamento nao se limita a clinica, mas também se da em relag&o ao saber e seu processo de elaboragao reconfigurando, destarte, as relagées entre teoria e pratica ou pesquisa e acao. Nessa visio de uma clinica social trazida por Lévy (2001), dois modos se complementam. Um que diz respeito a intervengo, ou seja, de uma res- posta a uma situacdo que se precisa de um cuidado, de ajuda; outro, refere-se uma pratica de pesquisa em que o clinico se implica em uma situac4o con- creta, se abrindo 4 experiéncia de facilitar a construgao de sentido do proprio sujeito que pede ajuda. Dessa maneira, sendo pesquisa ou intervencdo, (...) a abordagem clinica é, principalmente, a abordagem de um sujeito, ou de um conjunto de sujeitos, reunidos em um grupo ou uma organizagio, as voltas com um softimento, uma crise que 0s toca por inteiro; o clinico supde sujeitos vivos, desejantes e pensantes, falando igualmente, tanto para nada dizer quan- to para se fazer reconhecer, ou para encontrar um sentido para suas emogdes, para suas lembrangas ou para sua histéria, que eles constroem a cada instante. Sujeitos, pois, sempre em movimento, a procura de uma identidade proble- matica, ndo se deixando reduzir a um caso particular de uma categoria geral preestabelecida, nem a tornar-se inertes, como um objeto estatico, definido de ‘uma vez por todas (Lévy, 2001, p. 20). Enessa perspectiva clinica que o Plantao Psicoldgico seinsere, utilizando como base teérica os principios da Abordagem Centrada na Pessoa — ACP. Esse enfoque da primazia 4 experiéncia do sujeito, aos sentidos elaborados a partir dessa experiéncia, termo pelo qual as abordagens existenciais (Lévy, 2001) ancoram sua atuagao. ~ © Plantdo Psicoldgico, enquanto uma proposta de trabalho terapéutico da ACP, foi conceituado por Tassinari e Durange (2012) como um atendi- mento fundamentado em um encontro radical de curta durag4o entre a pessoa do terapeuta ¢ o cliente. O primeiro busca levar a pessoa a entrar em contato com o seu fluxo vivencial oferecendo, para isso, compreensao e conscienti- zacio sobre si através das condigdes de facilitagao credenciadas por Rogers, quais sejam, a Autenticidade, Aceitagdo ¢ Compreensiio Empitica. Carl Rogers (1977) propés essas atitudes ou condigées por constatar que proporcionariam o crescimento pessoal, a mudanga e a autonomia da pessoa a partir da constituic&o de um ambiente de facilitagao. Além disso, afirmou que ‘uma relag&o que promove 0 crescimento, e por extensto a liberdade para ser tem algumas atitudes ou condigées significativas que podem facilitar tanto o processo terapéutico, como o processo de aprendizagem para ser livre. A atitude da autenticidade ou congruéncia acontece quando 0 psicote- rapeuta é 0 que ele é na relagiio com 0 outro, sem fachadas ou aparéncia for- gada, quando apresenta os sentimentos abertamente ¢ de forma coerente. O psicoterapeuta mostra que tem sentimentos e os comunica de forma adequa- da quando for necessdrio, assim, se apresenta como congruente. Em outras palavras, consiste em nao fazer além do que se pode, reconhecendo os seus limites pessoais (Fontgalland & Moreira, 2012). Ser incongruente se refere @ incoeréncia entre 0 que se sente e o que se 6 comunicado (Rogers, 1977). Aatitude de aceitacao positiva ou de consideragio positiva incondicio- nal é uma forma abrangente e consequente de uma atitude auténtica em favor do crescimento do cliente. Aceitagdo implica que 0 terapeuta se interessa e yaloriza o cliente de forma total, independente de avaliagdes (como o certo eo errado) (Rogers, 1977). Trata-se de construir uma confianga basica para que © cliente esteja 4 vontade para ser ele mesmo, assim como 0 terapeuta possa aceitar a si mesmo (Fontgalland & Moreira, 2012). PLANTAO PSICOLOGICO: ressignificando o humano nna experiéncia da escuta e acolhimento 19 Santos (2004) acrescenta a necessidade de um profundo respeito e cui- dado independente dos seus preconceitos, suas crengas, seus valores e as experiéncias de vida que possam ali, na relacao, apresentar um obstaculo para acessar a experiéncia do outro. Atrayés de um ambiente facilitador em que exista aceitagio e nao haja interesses, tornar-se-d possivel a dissolug’o de percepgdes erréneas de modo a conduzir a pessoa, por suas conclusées, a um contexto de mudangas ¢ de crescimento salutar. A empatia é uma atitude essencial ao trabalho do terapeuta ¢, por ex- tensio, ao plantonista. Essa atitude refere-se 4 percepgio e vivéncia dos sentimentos do cliente pelo terapeuta de forma empatica. Assim, quando o terapeuta passa a aceitar o cliente como ele é€, apreende-se a sua vivéncia interior, como esse se sente e se percebe no mundo; essa aproximagao do mundo do cliente faz a mudanga ocorrer (Rogers, 1977). Para Santos (2004), essa atitude ocorre quando se pretende escutar e sen- tir 0 que 0 outro esta sentindo e assim ter acesso ao seu mundo, promovendo uma compreensio profunda do outro por parte do terapeuta. Ao perceber o cliente, procura-se entender e compreender os seus significados, clarificando ou trazendo para a consciéncia aquilo que o cliente nao tinha dado conta. Rogers considerou que com essas atitudes 0 movimento terapéutico é facilitado mais do que a proficiéncia ¢ conhecimento técnico, pois conside- rava que essas sdo ou deveriam ser atitudes do comportamento do terapeuta, desafiando-o a ser pessoa ao invés de apenas técnico (Rogers, 1977). Esta atitude de compreender 0 outro se aproxima do modo como Lévy (2001) discorre no inclinar-se sobre o sofrimento de alguém. O autor fala sobre uma démarche de compreensao de uma situacdo singular, de um pro- blema especifico, ou de um desconforto vivido em dado momento, seja por uma pessoa ou um grupo. Esse debrucar-se ao outro com sua demanda nao pode estar vinculado a nenhum saber anterior, pois como bem fala 0 autor, (...) nethum projeto a respeito desse grupo ou dessa pessoa siio capazes de guiar tal démarche, esta é 0 inverso da utilizada por uma cigncia aplicada. Muito pelo contrario, tudo deve ser feito para evitar que os conceitos ¢ os pressupostos ted- ricos se interponham entre 0 clinico e aquele ou aqueles que ele tenta escutar e compreender (Lévy, 2001, p. 23). Desse modo, o Plantio Psicolégico, apesar de fugir 4 perspectiva psicoterapéutica tradicional, radicaliza a expresso dessas condigdes de facilitagao desde o momento em que a pessoa sentiua necessidade de ajuda ou suporte psicolégico. Esse movimento de busca facilita a primeira elaboracio por parte do cliente. O atendimento e lugar em si devem propor a acentuagiio 20 do processo de movimento e elaboragdo interior do cliente (Mahfoud, 2013). Desse lugar, vale lembrar que ao plantonista nao cabe a decisio sobre 0 momento do cliente de falar, procurar atendimento ou aconselhar, deve-se proporcionar a este que busca o plantio, a possibilidade de experienciar a propria liberdade sobre sua vida. Essa centralidade na pessoa pode facilitar e potencializar elaboragdes da experiéncia, nao visando apenas o alivio imediato do sofrimento psicolégico, mas buscando ir além, promovendo uma autocompreensao e crescimento ao cliente (Mahfoud, 2013; Tassinari & Durange, 2012). Fundamentado nessas perspectivas, o plantonista é levado pelo proces- so de atendimento a propor uma escuta que facilite no outro a elaboracZo da sua demanda para que possa se perceber na sua realidade, se aproxime da sua experiéncia e possa se conduzir a alguma tomada de decisao. Essa escuta, chamada de auténtica, profunda ou ativa, cria o ambiente terapéutico do Plant&o Psicoldgico ¢ faz com que o cliente recorra ao plantonista para que esse acolha as suas demandas, compreenda e reflita junto a sua propria vivéncia (Mahfoud, 2013). “> O termo demanda, tio comum ao se falar de emergéncia psicolégica no plant&o, pode ser melhor compreendido a partir das colocagdes de Lévy (2001). Para este autor, numa perspectiva psicolégica, demanda se refere a uma falta percebida ou um desejo ali brotado; “um desejo, que sé tem sentido em relagdio Aquele ao qual se dirige e que sé ele poderia satisfazer” (p. 22). O Plantao Psicolégico se propée a cuidar dessa demanda surgida em dado momento, em dada situacio existencial de um ser que sofre ¢ pede ajuda. » No que cabe ao plantonista, esse servico se propée a oferecer uma escu- ta esclarecedora ¢ facilitadora (Bezerra, 2014) da demanda do cliente. Como ndo se trata de uma técnica a ser aplicada a um problema especifico, Bezerra pontua que a perspectiva fenomenolégica diante de tal demanda se di na possibilidade de devolver ao outro o sentido que esta demanda tem para ele. Nao é fungdo do plantonista entender o problema trazido pelo cliente de modo légico para, a partir disso, encontrar solugées igualmente ldgicas. Nessa dire¢do, 0 sentido, portanto, nao é estabelecido a partir do plantonis- ta, mas sim surge da relagdo intersubjetiva entre este ¢ o cliente. Quando o cliente se apropria do sentido para si, di-se conta das possibilidades de sua queixa ou demanda, E 0 que destaca Alvim (2012) ao falar da produgio de sentido, enquanto uma questo central na clinica, esta compreendida “como um campo de experiéncia com outro que faz brotar sentidos a partir da expresso e do dialog” (p. 1008). PLANTAO PSICOLOGICO; ressignificando o humano na experiéncia da escuta e acolhimento 2 O plantonista, ao liderar 0 didlogo (Buber, 1979), possibilita a construgao de sentido, por meio de sua presenga, bem como suas palavras em volta da experiéncia do cliente. A construgio de sentido vem da compreensiio que leva a descoberta de significagdes, podendo levar 4 mudanga, pois permite que o sofrimento trazido pelo cliente seja tocado e transformado (Lévy, 2001). Para Rosenthal (1999), a escuta atenciosa, advinda do Plantiio Psicold- . gico, tem um poder transformador. Esse se alicerga na confianga e no desen- volvimento das potencialidades da pessoa que ali se apresenta, na facilitagdo do ambiente, na interlocugao diferenciada com o plantonista que se presen- tifica, proporcionando ao cliente, mesmo quando ocorre um tinico encontro, a escuta de si, a autodirec¢o em momentos de grandes dificuldades ou de urgéncias subjetivas. O plantonista deve estar ciente de sua funcdo de facilitag3o, estar dis- ponivel para experienciar 0 nao planejado e se permitir afetar-se pela singu- laridade e intensidade de cada encontro (Tassinar & Durange, 2012). Para Mahfoud (2013), a disponibilidade para o cliente também é radicalizada pela imprevisibilidade, provocando no plantonista a condigaio de estar de pron- tidfio com uma atengdo ao processo de escuta para identificar momentos de clarificagdo para 9 cliente. Dessa forma, o Plantio Psicolégico pretende ser um servigo disponi-~ vel a qualquer pessoa em qualquer situacdio com a finalidade de compreen- der e auxiliar no entendimento da sua emergéncia, quando se fizer presen- te, e promover encaminhamentos quando houver necessidade (Tassinari & Durange, 2012). Pesquisando sobre o Plantao Psicolégico Verificando a ocorréncia do servigo de Plantao Psicolégico no perio- do entre 1997 e 2009, no que se refere as produgdes publicadas em bases cletrénicas (scielo, index psi, banco de teses, etc.), Souza e Souza (2011b) fizeram uma pesquisa nos portais académicos com os verbetes “Plantiio Psi- colégico” e encontraram 81 artigos; alguns foram descartados por nao esta- rem relacionados as praticas de Plantio Psicolégico, mas possuiam, nos seus resumos, as palavras “Plantao” e “Psicolégico” sem relacao entre si, outros foram considerados repetidos, totalizando 38 resumos relevantes para serem analisados. O resultado desse estudo mostrou que essas bases eletrénicas sfo o principal meio de divulgagao das experiéncias de Plant&o Psicolégico centrado na pessoa em todo o pais. 22 Em pesquisa bibliografica realizada em 2013 com o levantamento das publicagées on-line nas bases de dados Google Académico; Lilacs e Scielo com as palavras-chave: Plantdo de Escuta Psicologica, Escuta Psicolégica ¢ Servigo de Escuta Psicolégica, Melo (2014) encontrou 32 artigos no periodo de 1987 a 2013. Observou, contudo, que a maior concentragaio de publica- gOes ocorreu nos tltimos cinco anos. A autora atribui o fato 4 amplitude de atuagio que o plantéo vem tendo em varios contextos institucionais, junto a varios programas de politicas puiblicas. Observa-se, portanto, que pesquisas sobre o plantio (Braga, Mosquei- ra & Morato, 2012; Mahfoud, 1999; May, 1984; Morato, 1999; Scheeffer, 1983) tém sido realizadas desde os primeiros momentos de sua implantagaio, cuja ampla atuacdio favorece ao surgimento de estudos na Area. Observa-se 0 predominio de delineamentos de pesquisa ¢ intervengao em que © pesquisa- dor e o participante so implicados no processo de intervencdo social (Bra- ga, Mosqueira & Morato, 2012; Mozena & Cury, 2010; Scorsolini-Comin, 2015) por meio de um desenho qualitativo com enfoque fenomenolégico, possibilitando o mapeamento do contexto em que o plantio vai ser inserido com posterior processo de intervengaio, é 0 caso, por exemplo, de Braga, Mosqueira Morato (2012) que, ao investigarem 0 projeto de atengao psi- coldgica num distrito policial na cidade de So Paulo, utilizaram a proposta da cartografia clinica com o objetivo de conhecer o ambiente para encontrar as relagdes de sentido advindas dessa experiéncia de conhecimento. Desse modo, observou-se que essa metodologia atende tanto a investigaco como a intervengdio. Ainda num enfoque fenomenoldgico, Mozena e Cury (2010) verifica- tam a potencialidade terapéutica do Plantto Psicolégico num Servigo Uni- versitario de Assisténcia Judicidria de uma cidade no interior de Sao Paulo. Enquanto metodologia fenomenoidgica, foi utilizada a narrativa. Este ins. trumento trata de um processo de interpretagéo da inter-relagdo entre pes- quisador e participante. O primeiro, a partir de sua compreensio do vivido, retrata na narrativa os aspectos que sdo inerentes ao vivido. Verificou-se que, a presenga de uma psicdloga na modalidade de plantio, facilitou o proceso das pessoas que foram atendidas no que diz respeito a entrarem em contato com sua experiéncia e isso fez com que a propria pessoa modificasse 0 modo de ver a propria queixa trazida, momento em que houve a legitimagao de um sofrimento psiquico, o que antes do servigo do plantéo, se confundia apenas como uma queixa meramente juridica. Uma experiéncia de implantago de um servigo de Plantio Psicolégico foi a relatada por Scorsolini-Comin (2014), em um terreiro de umbanda no interior do Estado de Sdo Paulo. Foram utilizados didrios de campo para a

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