Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Introdução
Neste primeiro capítulo, abordaremos a definição de Psicologia, o
Direito e Psicologia Jurídica. Partimos de pressupostos que a Psicologia e
o Direito são disciplinas distintas, diferem no seu objeto formal, pois a
Psicologia volta-se para o mundo do ser, já o Direito para o mundo do dever
ser, mas ambas possuem o mesmo objeto material, interesse pelo
comportamento humano. Enquanto ciências aplicadas elas procuram
compreender e predizer a conduta humana.
1 SOUZA, M.B.
Psicologia: senso comum e ciência
Muito se ouve que “de Psicólogos todos temos um pouco”, ou que ao
precisar de ajuda podem recorrer a um amigo solicitando conselhos,
atribuindo esse papel também aos Psicólogos. Entretanto, esses ditos
populares fazem parte do cotidiano do ser humano e configuram o senso
comum, sem solicitar qualquer tipo de comprovação ou embasamento
científico.
A vida de todo ser humano acontece no dia a dia; é no viver diário que
se sabe que está vivo, se sente a realidade dos afetos e dos
acontecimentos, mantendo relações como os demais seres. Nessa vivência,
vai se adquirindo alguns conhecimentos, principalmente os gerados pela
observação, execução e repetição, podendo inclusive ser passado de
geração para geração. Para fazer ciência, também se utiliza desse mesmo
cotidiano, entretanto se afasta da realidade em si para compreender além
das aparências e sair do “achismo”: aprofunda-se sobre o tema utilizando
um viés investigativo, caracterizando-o como objeto de estudo e permitindo
então gerar conhecimento científico.
2 SOUZA, M.B.
Por exemplo, Newton é um físico que utilizou de experiências do dia
a dia para transformar uma informação em ciência. Ao perceber que a maçã
caía da árvore, ele foi em busca de respostas para o ocorrido. Em um
primeiro momento, não existiam dados científicos acerca disso, eram
apenas situações cotidianas. Entretanto, ele formulou a lei da gravidade
para provar cientificamente como esse fato se dava. Ou seja, Newton
converteu um fato cotidiano em um fato científico. O que precisa ficar claro
é que só após a legitimação do ocorrido é que se fez ciência.
3 SOUZA, M.B.
necessariamente usar uma ferramenta para realizar um cálculo que
sustente isso. Quando a criança escuta de seus responsáveis: “Cuidado
para atravessar a rua!” ou “Tenha certeza que dará tempo antes de iniciar a
travessia!”, ela está atenta ao que está acontecendo, observa e reproduz, e
através da repetição irá aprender como atravessar a rua. Essa informação
será passada de geração para geração. Para esse conhecimento dá-se o
nome de senso comum, que é mais intuitivo, espontâneo e muito ligado às
tentativas e erros do nosso comportamento. É um conhecimento popular e
muitas vezes culturalmente aceito, mas não está relacionado com a sua
validade ou invalidade.
4 SOUZA, M.B.
A ciência, diferente do senso comum, possui um objeto específico de
estudo e exige linguagem rigorosa, além de possuir métodos e técnicas
específicas para obtenção de conhecimento que permitem a verificação de
sua validade. Isso faz com que se estabeleça um processo contínuo e
cumulativo: um novo conhecimento é produzido a partir de algo previamente
estabelecido. Outrossim, a produção científica anseia por objetividade, não
sendo passível da interferência da emoção. Essas questões fazem da
ciência uma área que ultrapassa eminentemente o conhecimento obtido
através do senso comum.
5 SOUZA, M.B.
ser estudado, de maneira mais ampla, é o ser humano, e o pesquisador
também faz parte desta divisão. Nesse sentido, a concepção de ser humano
do cientista pode interferir em sua pesquisa.
6 SOUZA, M.B.
Direito e Psicologia Jurídica
A espécie humana necessita viver em sociedade e poder se relacionar
com seus semelhantes, a convivência proporciona a união entre os grupos
de homens. A convivência não é uma tarefa fácil, pois há necessidade de
não interferir na conduta e no espaço dos demais.
7 SOUZA, M.B.
homem social criou o Estado. O Estado cria normas e regras para a
convivência harmônica, que são cumpridas pela obrigação ou pela punição.
8 SOUZA, M.B.
A Psicologia Jurídica apresenta como objeto de estudo o
comportamento e os processos mentais, tentando entender como eles
ocorrem ou podem vir a ocorrer.
9 SOUZA, M.B.
Ela também pode ser entendida como o estudo do comportamento
das pessoas ou grupos, que vivem e se desenvolvem em ambientes
regulados juridicamente, bem como a evolução das regulamentações
jurídicas ou leis enquanto o comportamento das pessoas e os grupos sociais
se desenvolvem.
Fonte: Autora
10 SOUZA, M.B.
Os psicólogos exercem suas atividades profissionais nos tribunais ou
fora dele, que dariam suporte para o mundo do direito. A Psicologia Jurídica
ocorre nesse campo de intersecção com o Direito, uma psicologia aplicada
para um melhor entendimento do exercício do Direito.
11 SOUZA, M.B.
De acordo com o proposto por Clemente (1998), conforme a inserção
do psicólogo no mundo jurídico e a função profissional que irá exercer, pode-
se falar de várias Psicologias Jurídica na atualidade:
12 SOUZA, M.B.
A Psicologia Jurídica, na atualidade está num estágio de construção,
apresentando algumas vulnerabilidades, que possivelmente serão
superadas pelo desenvolvimento do diálogo com o Direito. Construindo um
novo espaço de atuação que Trindade (2017), denomina de “psicojurídico”.
13 SOUZA, M.B.
Outro ponto a ser pensado, está relacionado na natureza dos fatos,
cada uma das disciplinas se define de maneira diferente os fatos. A
Psicologia irá trabalhar com o pressuposto da probabilidade, já o Direito
necessita trabalhar com um alto nível de certeza, para que as decisões
possam ser tomadas.
14 SOUZA, M.B.
Referências
BOCK, Ana Mercês Bahia. Psicologias.15ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018
15 SOUZA, M.B.