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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS


DEPARTAMENTO DE LETRAS E COMUNICAÇÃO

AVALIAÇÃO FINAL DE PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO

Agatha da Fraga Silva


201728001-1

RIO DE JANEIRO
2021
Avaliação Final de Psicologia e Educação:

1) Qual a relação entre desenvolvimento e aprendizagem na teoria de Vygotsky?


R: A teoria histórico-cultural desenvolvida por Vygotsky, foi uma dentre tantas teorias
que se propuseram a estudar, entender e explicar a complexidade do desenvolvimento humano.
Para isso, o psicólogo bielorrusso deu ênfase ao papel, em sua opinião fundamental, das relações
sociais no desenvolvimento intelectual, rejeitando tanto as teorias inatistas, segundo as quais o
homem já nasce dotado das características que desenvolverá ao longo da vida, quanto as
empiristas e compormentalistas, que vêem o homem como um mero produto de estímulos
externos. Para o psicólogo bielorusso, o homem é um ser que se forma em contato com a
sociedade. Em suas próprias palavras, "Na ausência do outro, o homem não se constrói homem".
(VYGOTSKY, 2002, p. 235) e assim, a formação se dará na troca entre o sujeito e a sociedade
ao seu redor: o sujeito tanto modifica o meio social em que está inserido quanto é modificado por
ele. Para ele:

O comportamento do homem moderno, cultural, não é só produto da evolução


biológica, ou resultado do desenvolvimento infantil, mas também produto do
desenvolvimento histórico. No processo do desenvolvimento histórico da humanidade,
ocorreram mudança e desenvolvimento não só nas relações externas entre pessoas e no
relacionamento do homem com a natureza; o próprio homem, sua natureza mesma,
mudou e se desenvolveu. (VYGOTSKY; LURIA, 1996, p.95)

Esse processo de desenvolvimento se inicia na criança desde o momento de seu


nascimento, quando começa a estabelecer relações com o mundo a seu redor e a formar para si
necessidades culturais – como, por exemplo, gostar de ouvir a voz do adulto responsável por
cuidar dela. Mais tarde, vai começar a interagir com os adultos, gostando de pegar os objetos que
eles aproximam dela e um tempo depois, começará a espelhar as ações dos adultos, buscando
aprender a utilizar os objetos que eles utilizam e agir como eles agem. Esse processo de ir
percebendo pouco a pouco o mundo ao redor e seu funcionamento é um processo de
aprendizagem.
Segundo Vygotsky (1991) o bom ensino é aquele que passa adiante do desenvolvimento e
o guia, fazendo o desenvolvimento avançar. Não basta, no entanto, que novos estímulos sejam
apresentados passivamente à criança: para Vygotsky, todo aprendizado é necessariamente
mediado - e isso torna o papel do professor e dos adultos que a cercam mais ativo e determinante
do que o previsto na teoria piagetiana, para quem cabe à escola facilitar um processo que só pode
ser conduzido pelo próprio aluno. É através da observação que a criança irá internalizar o
conhecimento, aprendendendo assim, com o outro. Esse é um dos motivos pelos quais Vygotsky
defende que haja a interação planejada entre crianças de diferentes idades durante o processo de
construção do conhecimento. Em uma brincadeira de pique-esconde, por exemplo, as crianças
maiores logo percebem que as mais novas são diferentes delas e que, por isso, possuem algumas
limitações que precisam ser respeitadas; já as crianças mais novas, têm o hábito de imitar as
atitudes dos maiores. A interação não é simples, mas é extremamente relevante na evolução do
conhecimento dos pequenos. Cotta (2005) comenta que na tentativa de imitação há uma
reconstrução interna daquilo que é observado externamente e, portanto, através da imitação as
crianças menores são capazes de realizar ações que ultrapassam o limite de suas capacidades.
Assim, a imitação é um dos mecanismos da formação e desenvolvimento das funções psíquicas
superiores, conceito que iremos tratar mais adiante neste trabalho.
Ao internalizar um procedimento, a criança "se apropria" dele, tornando-o voluntário e
independente. Podemos afirmar então, que o aprendizado não se encontra totalmente
suborninado ao desenvolvimento das estruturas intelectuais da criança, na verdade, um se
alimenta do outro, provocando saltos de nível de conhecimento. Portanto, para Vygotsky, o
ensino deve se antecipar ao que o aluno ainda não sabe nem é capaz de aprender sozinho,
porque, na relação entre aprendizado e desenvolvimento, o primeiro vem antes. É a isso que se
refere um de seus principais conceitos, o de zona de desenvolvimento proximal, que
conheceremos na questão de número 3.

2) O que é a mediação simbólica para Vygotsky?


R: Analisando as relações entre os indivíduos e seus semelhantes bem como com o meio
em que estão inseridos, Vygotsky identificou um processo que chamou de “mediação”. Este
processo tem um lugar central no processo de construção do conhecimento e consiste na
existência de um elemento intermediário dentro de uma relação, fazendo com que a mesma deixe
de ser direta e passe a ser mediada, introduzindo assim um novo elo nas relações e tornando-as
mais complexas. Por não serem inatos, esses processos ainda não se fazem presentes nas crianças
pequenas – nelas, prevalecem as relações diretas – sendo construídos ao longo do
desenvolvimento humano e se tornando predominantes conforme o indivíduo envelhece.
Segundo Vygostky, a mediação é fundamental para o desenvolvimento de funções psicológicas
superiores, distinguindo assim, os seres humanos de outros animais. Os elementos responsáveis
por promover essa mediação foram divididos por Vygotsky em duas categorias: instrumentos e
signos. A seguir, trataremos de cada uma delas com maiores detalhes.
Os instrumentos são externos aos indivíduos, criados com a finalidade de ampliar as
possibilidades de transformação da natureza: a faca permite um corte mais afiado e preciso, uma
estante facilita o armazenamento de livros etc. Alguns animais, sobretudo primatas, podem até
vir a fazer uso desses instrumentos, mas é o ser humano que promove seu uso mais sofisticado:
guarda instrumentos para o futuro, inventa novos e deixa instruções para que as próximas
gerações os fabriquem.
Já os signos, também chamados de “instrumentos psicológicos” são exclusivamente
humanos e foram criados com a finalidade de promover o controle psicológico das pessoas,
sejam deles próprios ou de outros indivíduos, assim, o signo nada mais é do que uma marca
externa que auxilia os indivíduos em tarefas que exigem memória e atenção. Na definição do
dicionário Houaiss, signo é "qualquer objeto, forma ou fenômeno que representa algo diferente
de si mesmo" num exemplo prático, pode-se dizer que nossa linguagem é toda formada por
signos: a palavra cama por exemplo, remete ao objeto concreto cama e assim por diante e não
precisamos ver o objeto para que possamos imaginá-lo diante de sua menção. Esta habilidade, de
construir representações mentais é um traço evolutivo importante e fundamental para a aquisição
de conhecimentos, pois nos permite aprender por meio da experiência do outro. Uma criança, por
exemplo, não precisa pressionar a mão sobre uma faca para saber que ela corta. Esse
conhecimento pode ser adquirido, por exemplo, através do conselho da mãe. Assim, quando a
criança associa a representação mental da faca à possibilidade de corte, ocorre aquilo que
Vygotsky chama de “processo de internalização do conhecimento” e ela já não precisará mais
das advertências maternas para evitar acidentes.
Vygotsky não compreende a cultura como algo pronto e estático ao qual os indivíduos
são submetidos, mas sim como um “palco de negociações”, onde seus membros se encontram
num constante movimento de recriação e reinterpretação dos conceitos e significados do meio
social em que estão inseridos. Assim, o processo pelo qual o indivíduo internaliza a os elementos
fornecidos por sua cultura é um processo de transformação e síntese, onde

“primeiramente os indivíduos realizam ações externas que serão interpretadas


pelas pessoas ao seu redor tendo como régua os significados culturais estabelecidos.
Após essa interpretação (e com o auxílio da mesma) será possível para os indivíduos
estabelecerem significados a suas próprias ações e desenvolver processos psicológicos
internos que podem ser interpretados por ele próprio a partir dos mecanismos
estabelecidos pelo grupo cultural compreendido por meio dos códigos compartilhados
pelos membros desse grupo” (M. Oliveira, 1993).

Ou seja, a ação do indivíduo perpassa pela interação com o meio, o objeto e, sobretudo,
com as mediações sociais propostas no processo de ensino e aprendizagem e é dever tanto dos
professores quanto do núcleo familiar, garantir o estímulo necessário para que a criança busque e
internalize o conhecimento.

3) Descreva o conceito de zona de desenvolvimento proximal?


R: Este é outro conceito muito relevante dentro da teoria desenvolvida por Vygotsky.
Antes de abordá-lo porém, é preciso definir o conceito de outras duas zonas estabelecidas pelo
autor: a zona de desenvolvimento real e a zona de desenvolvimento potencial. A zona de
desenvolvimento real refere-se às etapas já alcançadas pelo desenvolvimento da criança,
permitindo que ela identifique e solucione problemas de maneira autônoma. Ou seja, trata-se
daquilo que ela já sabe. Já a zona de desenvolvimento potencial trata daquelas atividades que a
criança ainda não consegue fazer sozinha, mas tem a capacidade de realizar quando auxiliada por
adultos ou indivíduos mais capazes. A zona de desenvolvimento proximal (ZDP), considerada
por Vygostky a mais importante, é a que está entre essas duas zonas, ficando entre aquilo que já
foi aprendido e aquilo que está no processo de aprendizagem. Ou seja, a ZDP é o caminho a ser
percorrido até o amadurecimento e a consolidação de funções. Nesta etapa, quando a criança está
inserida em um ambiente de ensino com condições e contexto favorável ao aprendizado, é
possível fazer uma série de intervenções, promovendo transformações e favorecendo o
desenvolvimento. Saber identificar essas capacidades e trabalhar o percurso de cada aluno entre
ambas são as duas principais habilidades que um professor precisa ter, segundo Vygotsky.

4) Qual a aplicação do conceito de zona de desenvolvimento proximal para o processo de


ensino-aprendizagem?
R: Como explicamos acima, a zona de desenvolvimento proximal (ZDP) é o intervalo
existente entre o que a criança consegue fazer de forma independente e o que ela consegue
realizar de forma assistida ou com o auxílio do professor, pais ou outra criança mais velha ou em
um nível de desenvolvimento mais avançado. Para colocar em prática este conceito, é preciso
que a criança encontre um ambiente de ensino com condições e contexto favoráveis ao
aprendizado. Para criar esse ambiente, é fundamental que o professor estimule a interação entre
os alunos e se dedique à desempenhar o papel de mediador, propondo demonstrações, perguntas-
guias etc durante essas interações.
Um exemplo prático no qual podemos observar essa troca é quando o professor designa
“ajudantes” para auxiliar nas atividades em sala de aula. De acordo com as habilidades que estão
sendo trabalhadas, o professor pode formar as duplas de maneira previamente articuladas,
visando unir um aluno mais desenvolvido a outro que apresenta dificuldades, fazendo com que,
de maneira muito natural, um auxilie o outro no cumprimento da tarefa. Dessa forma, o ganho é
duplo: o aluno que já domina a tarefa aplicada aperfeiçoa suas habilidades, enquanto aquele que
está com dificuldades sente-se desafiado a superar suas limitações e aprende numa linguagem
muito mais próxima à sua do que aquela que advém de um adulto.
Fica claro portanto, que para implementar esse tipo de prática é preciso contar com o
comprometimento e dedicação do docente, pois é preciso que o professor esteja atento aos
saberes que a criança domina e aqueles que ainda está desenvolvendo. Diferentes saberes
desenvolvem-se de formas distintas e muito pessoais, por isso, um aluno que apresente fraco
desempenho matemático, por exemplo, pode ter um domínio exímio da linguagem e assim por
diante. Cabe ao educador observar as dificuldades e progressos de cada aluno e somente então,
avaliar as melhores estratégias a serem adotadas dentro de sala de aula a fim de tornar os alunos
agentes ativos na aquisição do saber de toda a turma, promovendo um melhor desenvolvimento
individual e sobretudo, coletivo.

5) Quais as principais contribuições da teoria de Wallon no âmbito educacional?


R: Henri Paul Hyacinthe Wallon foi um filósofo, médico, psicólogo e político francês
nascido em 1879, em Paris. Em seus estudos, Wallon procurou entender a pessoa completa,
integrada ao meio em que está imersa, com os seus aspectos afetivos, cognitivos e motores
também integrados. Os quatro campos funcionais – o motor, o afetivo, cognitivo e pessoal são
tratados pelo autor de forma indissociável, uma vez que o desenvolvimento de um causa,
necessariamente, impactos qualitativos nos demais. Seus estudos sobre a origem da pessoa na
sua totalidade, enquanto ser biológico, afetivo, social e intelectual, foram denominados de
Psicogênese.
A Psicogênese postula que o processo de desenvolvimento da criança decorre de seus
esforços para superar conflitos e as crises que eles provocam, tanto de sua origem em diferentes
fontes de conhecimento, como de suas condições pessoais e sociais, ou seja, o sujeito vai
superando e transformando os sentimentos e ideias, vividos à princípio de forma genérica e um
tanto quanto confusa, em uma compreensão mais clara e crítica do mundo que o rodeia.
É aí que entra o papel fundamental do educador. Wallon determina que cabe a este
profissional estar atento às crianças de modo a identificar quando e de que forma esses conflitos
se manifestam, ajudando-as a superarem os mesmo. Tanto no caso da Educação Infantil, como
na escola fundamental é importante se destacar que a escola não se limita à instrução, ou seja, à
transmissão de conhecimento por um adulto, portanto, não cabe ao professor simplesmente
apontar a solução desses conflitos, mas sim guiar à criança na descoberta da mesma, pois assim,
ela aprenderá a pensar criticamente. Portanto, o professor não se torna apenas o mediador entre a
cultura e o aluno, mas o representante da cultura de uma determinada sociedade. Para Wallon, o
acesso à cultura é função primordial – mas não a única – da educação formal, e é tarefa do
professor selecionar os saberes disponíveis em cada momento, em cada sociedade, e torná-los ou
não, transmissíveis, de acordo com o melhor interesse da criança.

“Todas essas considerações em relação ao aluno precisam ser pensadas ao


mesmo tempo em relação ao professor: os dois estão em constante transformação na
direção de sua individuação e nesse momento é preciso que o professor planeje sua
ação, lembrando que todas as atividades propostas para o aluno também têm uma
ressonância no seu conjunto motor, afetivo, cognitivo e essa ressonância deve ocorrer na
direção da satisfação de suas necessidades. Afinal, é na interação do par que os dois se
transformam” (MAHONEY, 2007:, p.14).

Segundo Carvalho (2002): É responsabilidade do adulto e principalmente do educador


adequar o meio – ou o meio escolar – às possibilidades e necessidades infantis do momento.
Assim a atuação do educador será de cunho psicológico, pois além de mediar o conhecimento,
ele precisa se adaptar ao pensamento e à natureza da criança. Assim, a pedagogia e a psicologia
caminham juntas.

6) Dissertem sobre os quatro campos funcionais humanos propostos por Wallon.


R: A fim de melhor explicar o desenvolvimento cognitivo da criança, Wallon criou o
conceito de “campos funcionais”, que nada mais é do que a categorização de atividades
cognitivas específicas. São eles: movimento (ou motricidade), afetividade, inteligência e pessoa
(formação do eu). A seguir, definirei cada um deles:

 Movimento: O movimento é um dos primeiros campos funcionais a se


desenvolver, servindo como base para o desenvolvimento dos demais. Está
intimamente ligado às emoções, pois são estes que mobilizam a afetividade em
suas mais variadas facetas. Segundo Wallon, o movimento é a tradução da vida
psíquica, antes do surgimento da palavra. (WALLON, 1975, p.75). Os
movimentos, enquanto atividades cognitivas, podem estar em duas categorias:
movimentos instrumentais e movimentos expressivos. Os movimentos
instrumentais são ações executadas para alcançar um objetivo imediato e, em si,
não diretamente relacionado com outro indivíduo; este seria o caso de ações como
andar, pegar objetos, mastigar etc. Já os movimentos expressivos têm uma função
comunicativa intrínseca, estando usualmente associados a outros indivíduos ou
sendo usados para uma estruturação do pensamento do próprio movimentador.
Falar, gesticular, sorrir seriam exemplos de movimentos expressivos.
Wallon dá especial ênfase ao movimento como campo funcional porque
acredita que o movimento tem grande importância na atividade de estruturação do
pensamento no período anterior à aquisição da linguagem. O movimento
possibilita ás crianças situações que lhe proporcionarão aprendizado e é isso que
fará a individualização entre a criança e o meio, ou seja, o movimento e as
emoções, irão de forma complementar, ajudar no processo de formação do eu,
criando na criança um senso de particularização, de singularidade entre ela e o
ambiente que a cerca.

 Afetividade: A afetividade, por sua vez, é a primeira forma de interação com o


meio ambiente, antecedendo a cognitividade e sendo a motivação primeira do
movimento. À medida que o movimento proporciona experiências à criança, ela
vai respondendo através de emoções, diferenciando-se, para si mesma, do
ambiente. A afetividade é então, o elemento mediador das relações sociais
primordial, uma vez que separa a criança do ambiente.
A afetividade é ainda entendida como um conjunto funcional que responde
pelos estados de bem-estar e mal-estar quando o homem é atingido e afeta o
mundo que o rodeia (DÉR, 2004, p. 64). Podendo ser conceituada, também como
todo o domínio das emoções, dos sentimentos das emoções, das experiências
sensíveis e, principalmente, da capacidade de entrar em contato com sensações,
referindo-se às vivências dos indivíduos e às formas de expressão mais complexas
e essencialmente humanas (BERCHT, 2001, p.59).
Das manifestações afetivas, a emoção é a mais destacada por Wallon.
Afirmando que estas “consistem essencialmente em sistemas de atitudes que
correspondem, cada uma, a uma determinada espécie de situação” (WALLON,
1968, p. 140). É considerada uma manifestação afetiva de ordem biológica, que
afeta diretamente os batimentos cardíacos, a respiração e tônus muscular, ou seja,
a emoção imprime sua resposta na musculatura. Daí a relação de mutualidade e
complementaridade, feita por Wallon, entre a emoção e o movimento.
As emoções são, também, a base do desenvolvimento do terceiro campo
funcional, a inteligência.

 Inteligência: Na obra de Wallon, inteligência tem um significado bem


específico, estando diretamente relacionada com duas importantes atividades
cognitivas humanas: o raciocínio simbólico e a linguagem. À medida que a
criança vai aprendendo a pensar nas coisas fora de sua presença, o raciocínio
simbólico e o poder de abstração vão sendo desenvolvidos.
Ainda segundo a teoria psicogenética de Wallon, o surgimento da
inteligência está vinculado tanto a fatores biológicos como sociais. Daí a
afirmação de que a gênese da inteligência é genética e organicamente social”. Os
fatores biológicos referem-se ás emoções que tem o papel de estabelecer “uma
relação imediata dos indivíduos entre si” (WALLON, 1995, p.135). Já os fatores
sociais correspondem ao meio social que contribui significativamente com dois
aspectos: o sistema de símbolos e a linguagem, ambos desenvolvidos mutuamente
aumentando o poder de abstração do indivíduo. (WALLON, 1971, p.71;
WALLON, 1975, p.45). Dessa forma, entende-se as palavras de Dantas ao afirmar
que "o ser humano é organicamente social e sua estrutura orgânica supõe a
intervenção da cultura para se atualizar" (DANTAS, 1992).

 Pessoa: Wallon dá o nome de pessoa ao campo funcional que coordena os


demais, sendo, na concepção walloniana, um campo funcional ao mesmo tempo
que se constitui dos outros campos como afetividade, ato motor, e a inteligência.
(GALVÃO, 1995).
Num primeiro momento, as atividades cognitivas infantis encontram-se não
claramente distintas, pois num primeiro momento, o bebe não se vê como um
indivíduo singular (diferenciado) ou seja, há uma indiferenciação do eu - outro e
do eu – ambiente. O bebe confunde-se com o meio e especialmente, com a mãe.
Embora em Wallon haja essa indiferenciação, o bebe não deixa de existir como
ser social, pois este sabe comunicar-se desde o seu nascimento, como forma de
sobrevivência. Na verdade, essa indiferenciação seria uma espécie de simbiose
(MENDES, 2002)
A construção da personalidade acontece por volta do primeiro ano pós-
nascimento, e acontece senão por intermédio do outro, que é imprescindível para a
ocorrência desse personalismo. (MENDES, 2002

REFERÊNCIAS:

CARVALHO, Diana Carvalho de. A psicologia frente a educação e o trabalho


docente. Psicologia em estudo, Maringá, v. 7, n. 1, p. 51-60, jan./jun. 2002

COTTA, Maria Amélia de C. O brincar de meninas órfãs institucionalizadas.


Dissertação de Mestrado da Universidade Metodista de Piracicaba, 2005.

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FERRARI, Márcio. Lev Vygotsky, o teórico do ensino como processo social. Nova
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