Você está na página 1de 706

-----·-----

ARISTÓTELES ---- ---

METAFÍSICA

Ensaio introdutório, texto grego com


tradução e comentário de

GIOVANNI REALE

VOLUME 11

Texto grego com tradução ao lado

TRADUÇÃO

Marcelo Perine
PLANO DA OBRA:

Volume I: Ensaio introdutório


Volume 11: Texto grego com tradução ao lado
Volume III: Sumário e comentários
Título original:
Aristotele Metafísica - Saggio introduttivo, testo greco con traduzione a
fronte e commentario a cura di Giovanni Reale (edizione maggiore
rinnovata)
© Traduzione, proprietà Rusconi Libri
© Saggio introduttivo e commentario, Giovanni Reale
© da presente edição, Vita e Pensiero, Milano
ISBN da obra: 88-343-0541-8

Edição Brasileira
Direção
Fidel Gorda Rodríguez

Edição de texto
Marcos Marcionilo

Revisão
Marcelo Perine

Projeto grá�co
Maurélio Barbosa

Edições Loyola
Rua 1822 no 347 - Ipiranga
04216-000 São Paulo, SP
Caixa Postal42.335-04218-970- São Paulo, SP
�: (0**11) 6914-1922
�: (0**11) 6163-4275
Home page e vendas: www. loyola.com.br
Editorial: loyola@loyola.com.br
Vendas: vendas@loyola.com.br

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra


pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma
e/ou quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo
fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema
ou banco de dados sem permissão escrita da Editora.

ISBN: 85-15-02427-6

© EDIÇÕES LOYOLA, São Paulo, Brasil, 2002


Pai ch'innalzai un poco piu le ciglia,
Vidi 'l maestro di colar che sanno
Seder fra filosofica famigliao
Tutti lo miran, tutti onor li fanno (.oo)o
Dante, Inferno, IV 130-1330

( ) er [Aristóteles] ist eins der reichsten


000

und umfassendsten (tiefsten) wissenschaftli­


chen Genie's gewesen, die je erschienen sind,
ein Mann, dem keine Zeit ein gleiches an
die Seite zu stellen hat.
( ) ele [Aristóteles] é um dos mais ri­
000

cos e universais (profundos) gênios científi­


cos que jamais existiram, um homem ao qual
nenhuma época pode pôr ao lado um igual.
Co W F Hegel,
Vorlesungen über díe Geschíchte der
Phílosophíe, in Siimtlíche Werke,
Bdo 180 Edo Glockner, po 2980
Sumário

Advertência ... ... .. ..... .. ... ............ .. ............ .. ............ .. ............. ......... IX
Livro A (primeiro) ........... .......... ...... .. ............ .. ................ ............ .. 1
livro a eÀaTTov (segundo) ....... ... ..... .. ........ .. .......... ........ .. ....... ... .. 69
Livro B (terceiro) . ........... ........... ... .. .............. ........ .......... ............ ... 83
livro r (quarto) ............................................................................. 129
livro 8 (quinto) ................. ....... ............ ............ ...... .......... ............. 187
livro E (se>tto) ..... .. ............ .... .. ............ .............. ... ............. ..... ....... 267
livro Z (sétimo).............................................................................. 285
livro H (oitavo) ......... ........... .... ............. .. .......... ..... ............. ..... ..... 367
livro e (nono)............................................................................... 393
livro I (décimo) ........ .................. ........... ...... .... ...... .... . .. ................. 433
livro K (décimo primeiro)............................................................... 479
livro A (décimo-segundo) .. ... ... .. .. .. .... ............ .. .. .. ... . .. .. ... .. .. .. .. .. .. .. . 541
livro M (décimo-terceiro) .. .. ............ ................. .................. ............ 587
livro N (décimo-quarto)................................................................. 657
Advertência
Ao iniciar a leitura deste volume, que contém o texto grego e a tradução
da Metafísica de Aristóteles, o leitor deverá ter presentes as explicações do
Prefácio geral, contido no primeiro volume, e de modo particular as observações
relativas aos critérios seguidos na tradução e no enfoque específico deste segun-
do volume (cf. pp. 13-17).
Considero, em todo caso, muito oportuno evocar aqui alguns pontos e
acrescentar algumas explicações ulteriores.
O texto grego de base que segui é sobretudo o que foi estabelecido por
Ross, embora tenha tido sempre presente também o de Jaeger. Entretanto,
introduzo no texto de Ross algumas variantes, e não só as que foram extraí-.
das da edição de Jaeger, oferecendo nas notas, na maioria dos Cllsos, a relativa
justificação.
Para tomar bem inteligível o texto grego, Ross introduz numerosos parên-
teses. Eu reproduzo esses parênteses no texto grego, mas em grande medida os
elimino na tradução. De fato, na tradução mudo radicalmente o enfoque lin-
güístico, valendo-me do complexo jogo de pontuação e de cadenciamento dos
períodos, de modo a alCllnçar clareza que, mantendo aqueles parênteses (estrita-
mente ligados ao texto grego), não se poderia alcançar.
Uso os parênteses quando ajudam o leitor a bem seguir o raciocínio de
Aristóteles, com base no tipo de tradução que faço, e com base na interpretação
que ofereço. Uso, depois, colchetes só para evidenciar eventuais acréscimos, e
não, em geral, todas as explicitações do texto grego que apresento, porque tais
parênteses perturbam bastante o leitor e não servem à compreensão do texto.
Ao contrário, uso parênteses normais para apresentar todos os expedientes
que utilizei para evidenciar a articulação e o cadenciamento dos raciocínios, que,
em muitos livros, são verdadeiramente úteis e até mesmo necessários. O texto
de Aristóteles extremamente denso, que, como já disse e como em seguida
voltaremos a afirmar, na medida em que é um material de escola, às vezes até
)( ADVERÜNCIA

me~mo uma verdadeira seqüência de apontamentos, necessita de urna série


de explicações para ser usado e bem recebido (enquanto carece dos suporte.~
sistemático.~ oferecidos pelas lições dentro do Perípato). Às vezes indico com
números romanos os cadenciamentos, às reze~ com números arábicos, de acordo
com os blocos de argumentos, e os subdivido depois com letras, ora maiúscu-
las, ora minúsculas, e até mesmo (quando necessário) com ulteriores divisões
feitas com letras gregas, para indicar as articulações posteriores.
O leitor tenha presente que toda ~s.~a trama de relações e Clldenciamentos
dos raciocíníos evidenciada mediante números e letras é retomada ou comple-
tada nos sumários e nas notas de comentário, com todas as explicações do
caso. lVlas o leitor, caso inicie a leitura do texto com outro interesse e outra
ótica, pode tambim não levar em conta essa complexa divi.ção e deixá-la,
justamente, entre parênteses.
O leitor notará, particularmente, uma nítida diferença entre a extensão
do texto grc>go e a tradução. Isto se explica, não só pelo fato de a língua grega
ser muito mais sintética do que as língua~ modernas (como expliquei no Prefá-
cio, pp. 13-17), mas também pela titulação dos parágrafos (que visa dar ao
leitor o núcleo da problemátíca nele tratada, e que eu mesmo preparei. como,
de resto, já outro.~ estudiosos julgaram oportuno fazer), por toda uma série de
caput adequadamente pensada, por um cadenciamento do.~ períodos que busca
evidenciar do melhor modo a artículação dos raciocínios (.~eguindo, obviamente,
a lógica da língua), pela explicita~·ão dos sujeitos e dos objetos amiúde implíci-
tos no texto grego, pelo de.sen\'Olvimentn que os neutros implicam para se
tomarem compreensh•eis, e, enfim, pelo adequado esclarecimento e interpreta-
ção das braquilogias.
Recordo que minha tradução está bem longe de .~er um simples decal-
que do texto grego, mas pretende ser uma tradução-interpretação e, particu-
larmente, uma nova proposição das mensagens conceituais comunicadas
por Aristóteles em língua grega, muito amiúde técnica e e.sotérica.
Portanto, como já disse no Prefácio, os controles e con{ron tos com o texto
origiTlário apresentado (nas pcíginas pare~;) ao lado da tradução (na.~ páginas
ímpares) devem sempre ser f(útos levando em conta o comentário e apoiando-
se na lógica do pen.~amento filosófico de Ari.stótele.s, e não s(J na lógíca da gra-
mática e da sintaxe grega.
Uma traduç·ão literal de Aristóteles não serviria a ninguém. E, com efeito,
os filólogos puros, em todas as lfnguas moderna.s, ndo foram capazes de tradu-
zir a Metafísica, justamente porque .~ô o tonhecimCTito da língua (do léxico, da
gramática e da sintaxe do grego) está longe de ser suficiente para poder com-
ADVERT~NCIA. ):I

preender e, portanto, fazer compreender um dos maiore.~ e mais difíceis textos


especulativo:> até hoje escritos. (De resto, nas modernas teorias relatims às
técnicas de tradução, mesmo de línguas modernas para línguas modernas, está
bastante estabelecida a idéia de que o tradutor não é nunca verdadeiramente
confiável, por e/el•ado que seja seu conhecimento da lingua em questão, quando
não conheça em justa proporção o objeto de que trata o lil·ro a ser traduzido).
Como se verifica ism, e justamente no mai~ alto grau, no caso da l'vlc-
tafísic:a?
A meu ver, isso se verifica pelo fato de a Metafísica tratar de um tipo
de problemcítíca totalmente particular, cuja penetração exige uma espécie
de "iniciação", para usar uma metáfora clá.ssica.
Só uma adesão simpatética à problemática tratada, uma notável familia-
ridade com ela, ou, para dizer com uma imagem particularmente significativa,
uma espécíe de ".~imhiose" com esse tipo de investigação, permitem conzf)reen-
der adequadamente, numa língua tão diferente da originária (com estruturas
gramaticais e sintáticas dificilmente passí\'eÍ1> de suf)erposição), uma obrei
desse calibre.
NatZJralmente, considero que esse critério ~eja insubstifuível, malgrado
todos os inccmvenitntes estruturalmente implícitos.
1lá algum tempo eu teria resistido a apresentar diante de um texto originá-
rio uma traduçãn autônoma e não lingil istíc:amente litercll. lloje, ao contrário,
sou muito favorável a e~se tipo de operação, na medida em que considero po-
der apresentar a.s duas faces da coisa na justa medida.
No pas.~aclo, os editores de textos gregos julgavam que não era tarefa -~ua
traduzír o.~ textos que publicavam. Certos tradutores por .~ua vez, julgavcJm não
ser tarefa sua interpretar o texto que apresentamm, raciocinando aproximada-
mente do seguinte modo: a tradução que se extrai do texto é essa; não é minha
tarefa, mas do intérprtle, e11tender a tradução em seus conteúdos e exfJiicâ-la.
Hoje, ao im•és, felizmente as tend&ncia" se inverteram: muitas vezes os editores
dos textos gregos enfrentam também a tarefa de traduzi-los e de comentá-los
adequadamente. De resto. justamente isso começaram a fazer, já no passado,
alguns autores que .se ocuparam da i'vlctafísica de Aristótele.~: basta pensar em
estudiosos do calibre de Schwegler, de Borútz e de Ross, que foram ~e;a editores,
seja tradutore.~. seja intérpretes e comentadores, com precisa.~ competências
inclusive doutrinais. E começou-se a fcJzer isso justamente com Metafísica,
porque é o próprio texto que impõe essa regra de maneira irreversível.
Enfim, o leitor tenha pre.~ente um fato que emergiu claramente no sécu-
lo XX, mas que muito~ continuam a e.squecer ou a excluir. i\ l\ktafísica não
XII ADVERTÊNCIA

é um livro, mas uma coletânea de vários escritos no âmbito de uma mesma


temática. Conseqüentemente, não tem absolutamente as caracterí~·ticas que
se espera de um li1•ro; antes, tem até mesmo muitas características oposta.~.
como explico rw Prefácio.
Recorde-se que Ari.çtóteles era um grande escritor. Seus Livros publica-
dos, como nos refere Cícero, eram um verdadeiro rio de eloqüência; ao contrá-
rio, .~eus escritos de e.~cola são rio.~ de c:onceitos, mas não de eloqüência. Quase
não existem na iVIetafísica páginas marcantes do ponto de vista estilistico e
formal: constitui uma exceção. verdadeiramente extraordinária, só o capítulo
sétimo do livro doze, ou seja, a página na qual Aristóteles descreve Deus e sua
natureza; uma página na qual o próprio Dante se apoiou nalgumas passa-
gens, traduzindo em 1•ersos as pa/a..,·ras do Estagirila (cf ml. Jll, p. 577). De
modo muito notável, os escritos de escola de Arist6te/es pressupõem o sistemá-
tico contraponto das lições no Perípato, além de algumas referências também
às obras publicadas.
Infelizmente, nenhuma das obras publicadas de Aristóteles no.~ chegou
(exceto o De mundo, se o aceitamos como autêntico, o que e.~tá longe de ser
admitido por todo.~). Delas conhecemos apenas alguns fragmentos.
Com Aristótele.ç ocorreu ju.slamente o contrário do que ocorreu com
Platão. De fato, de Platão no~· chegaram toda.ç as obras publicadas e só escas-
sas relações dos discípulos sobre as doutrinas não-escritas, desenvolvidas por
ele nas .mas liç·ões dentro da Academia, e que continham as c:oi.~as que, para
ela, eram "de maior valor". De Aristóteles, ao contrário, chegaram-nos somente
as obras que cCJntinham as lições dadas por ele 110 interior do Perípato e, por-
tanto, justamente seus c:onceitos definitiw>ç, e não as doutrinas por ele desti-
nadas ao um príblico mais amplo, além de seus alunos.
o~· conteúdos das obra11 de Arílitóteles correspondem em larg" medida,
pelo menos do ponto de vista analógico e metodológico, ao.ç que Platão con-
fiava unicamente ou prioritariamente à oralidade dialética e a seus cursos
e aula.ç, e que Aristóteles ndo confiou apenas à oralidade, porque, contra as
convicções do mestre, alinhou-se nitidamente em famr da nova cultura da
escrita e, portanto, escrel'eu todos os conteúdos das suas li(j'Ões (e também
em síntese os das lições do mestre).
Certamente, se rec:ufJerássemos muito mai.s do que até agora se recuperou
das obras public:ada.ç de Aristóteles. pro,,a,·elmente ganha riamo.~ muito tam-
bém na leitura da 1\·lctafísica. Seriam ganhos iguais e contrários, por as.~im
dizer, relativamente aos que se adquirem na releitura dos escritos platônicos
à luz de suas doutrinas não-escritas.
ADVERTÊNCIA XIII

Todavia, o fato de que de Aristóteles nos tenham chegado .~ó as obras de


escola é de grande vantagem, porque justamente a elas ele confiava seus con-
ceitos definitil'O.~, que certamente não estavam em antítese com os conceitos
sustentados nas obra.~ esotéricas, mas eram conceitos axiológíco.~ complemen-
tares e conceitos teoréticos de aprofundamento (eram conceitos que, em lin-
guagem platônica, prestavam ''definitivos ,çoc"Orros").
E a Metafísica contém justamente os supremo.y conceitos de{inilívos da
escola de Platão (e que só no âmbito dela teriam podido nascer) e depois desen-
mlvidos no âmbito de sua própria escola, ou seja, os conceitos com cuja l."Onquis-
ta se alcança o fim da viagem (para usar ainda a linguagem platônica).
A ilustração de Luca Della Robbia (que aparece no frontispício de
cada volume desta Metafísica), apresenta justamente Aristótele.s que disl.1Jte
com Platão, e representa, com arte refinada e de modo verdadeiramente em-
blemático, o nexo estrutural que subsiste entre esses dois maiores pensadores
helênicos.
A Metafísica hoje deve .~er relida justamente nessa ótica, que reconquista
inteiramente os nexos entre Platão e Aristóteles, se queremos entendê-la na
justa dimensão histórica e filosófica, como demonstrei no Ensaio introdutório,
e como poderei reafirmar também no Comentário, pelo menos por evocações.
APIITOTEAOYI
TA META TA <DY:LIKA

ARISTÓTELES
METAFÍSICA

Texto grego com tradução ao lado

EÍ YE àtStov llTJ9év ~OTIV, oúSe yévEcrtv ETval


SuvaTóv.
Se não existisse nada de eterno, também não
poderia existir o dc:vir.
N:erofísico, B Li, 999 b 5·6.

El -rs llTl ÉOTal rrapà Tà alcr9T]Tà ÕÀÀa.


OUK EOTal apxil Kal TÓ:~IS Kai YÉVEOIÇ Kai Tà
oupávta. ÕÀÀ~ (lEi TijÇ CxPXiiS CxPXfÍ···
Se além das coisas senSÍ\'eis não existisse nada,
nem sequer haveria um princípio, nern ordem, nem
geração, nem movimentos dos céus, mas deverja
haver um princípio do prindpio...
Nletofisica, A 1O, 1075 b 2.:1-26.
L I V RO
A
(P~MEI "o)

•' I
--- -
·1'-1LSLr:asl51.51.5l5"51.51515l~515L5l51515lSl.Sl515l.S1515·
-~- ~
115l..S151 ,,.
1
980" II&.vrtç !v8p<.>:n:ot -roü d8fY~XL õpt-yovrcxt cpúatt. aTIIUtO\I 8'
~ 1:6'>\1 cxlo9T)a&eo>\l cX')'tÍ:n:7Jcnç xed -yàp X'->P'k ~ XPdtXC
àrcx:n:6>vrcxt 8t' cxú-r<iç, xcxt JL<iÃta-rcx 1:6)\1 &ÀÀ'->\1 ~ 814 1:6'>v
~'->"· oõ r&p !'6\10'~~ f'~« :n:p<i't't'->!U" à).).clt xcxt !LTIO!v
;u JÚÀÀovrtç :n:p<Í'tnL\1 1:0 6p001 cxlpoújUOCX àv1:t :n:<ivt'->\1 6>ç tbtt!v
't6>\l !ÀÀ6>\I. cxrno\1 8' ~'tL ~La'tex :n:ott! T\'(a)pECtw ~!LêiÇ
cxÜ't7'1 1:6)v cxla&í}at'->\1 xcxt :n:oÀÀcitc ~Àot Ôt.p<ÍC. cpúaf.t
~... OÕ\1 cxtaO'laL\1 lxovrcx rCl"t'tCXL 'tOt Cêi)cx, lx 8f. "tCXÚ't'lC
-rotç !Lt\1 cx!hw\1 OUX i"(T(l\'('tCXL !Lv/j!LTJ• 'tO!Ç 8' e"(T(l\'t'tCXL.
980 • xcxl ÔtcX 'tOÜ'tO 'tCXÜ'tCX cppO\ILfLW'tepCl xcxt !LCX9TJ'ttx6lnpcx 'tW\1
!LTi 8wcxJÚ\16>\I J.L\17'1!10\I!.ÚI.L\1 ea-r(, cppó\lt!LCX p.i.\1 lf\ltU 'tOÜ
!LCXv9&\ltt\l lSacx !LTi ÔÚOV«'tCXL 'tW\1 <J!6cp6>\l hoÚtt\1 (ol'o\1 !LÉ.·
Àt't'tCX x&... ,r 'tL 'tOlOÜ't0\1 &ÀÀo TÉ.\IOÇ c~ ea"tt)' !LCX"O<ivtL
;u ô' õacx :n:pOç 't'(i !Lvlj!Lll xcxl 'tCXÚ't'l" lxtt -rT)\1 cxt'cJOTJatv. 1:clt
!Lf.v oõv IDcx -rcxii; cpcxvrcxaCcxtç C'ti xcxl 1:cxtç J.Lv/j~LCXu;, l!L-
:n:ttp(cxç ô! !Lt'tÉ.Xtt !Ltxp6v· 'tÕ ô! 1:W\I à'119p~v rf'~~OC xcxt
'ttXVQ xcxt ÀOTtaJ.LOii;. T(l\'('tCXL 8' tx 't'ijç !L~TJC e!Lmtp(cx
1:ot'ç &v9pw:n:otç ex! -yàp :n:oÀÀcxt !L"'i!Lcxt 1:oü cxlhoü :n:ptÍT~LCX·
981" 'tOÇ !LLêiÇ e!J.1tttp(cxç ÔÚ'II«!LL\1 cX:n:OnÀoúat\1. xcx\ ÔOXt! IJXtÔOv
l:n:ta't'ÍJ!Lll xcxt 'tÉ.xvtl Õ!LOLO\I e.IOV«t xcxl l!L:n:ttpCcx, à:n:o~cx(vtt ô'
e:n:ta't"'J!LTJ xcxl 'tÉ.XVJI Ôt& 't'ijç e!L:n:ttpCcxç 1:0ii; àv9pW:n:OI.Ç Tj
~\1 rdtp lJ.L:n:e.~.p{cx 'tÉ.XVJIY e:n:OÍTJa!.Y, WÇ cp7JaL IlwÀoç, Ti
:; 8' à:n:ttp(cx -rúxTJ"· rtl"e.'tcxt 8! 1:t:xvr~ g1:cxv lx :n:oU.w"
't'ijÇ e!L:n:ttp(CXÇ e\I\IOTJ!L<Í't'->Y !L(cx xcx9ÓÀOU Tf\l'l'tCXL :n:tpL
'tW\1 6!LOÍ6>Y Ú:n:ÓÀTJ<J!u;. 'tO ~\1 rcltp E'Xtt\1 Ú:n:ÓÀTJ~L\1 Ó'tt
I. [A sapiência é conhecimento de cau:;as] 1
Todos os homens, por natureza, tendem ao saber~. Sinal disso 980'
é o amor pelas sensações. De fato, eles amam as sensações por si
mesma.s, independentemente da sua utilidade c amam, acima ele
todas, a sensação da visão. Com efeito, não se> em vista da ação,
mas mesmo sem ter nenhuma intenção de agir, nós preferimos o
ver, em certo sentido, a todas as outras sensações'. E o motivo
está no fato de que a visão nos proporciona mais conhecimentos
do que todas as outras sensações c nos torna manifestas numero- 2:5
sas diferenças entre as coisas 4 •
Os animais são naturalmente dotados de sensação; mas em
alguns da sensação não nasce a memória, ao passo que em outros
nasce. Por isso estes últimos são mais inteligentes c mais aptos
a aprender do que os que não têm capacidade de recordar. São 9SC~
inteligentes, mas incapazes de aprender, todos os animais incapa-
citados ele ouvir os sons (por exemplo a abelha c qualquer outro
gênero de animais desse tipo); ao contrário, aprendem todos os
que, aU:m da memória, possuem também o sentido da aucliçiío 1. 25
Ora, cnc1uanto os outros animais vivem com imagens sensí-
veis c com recordações, e pouco p;Hticipam da experiência. o
gênero humano vive também da ;~rtc c de raciocínios. Nos ho-
mens, a experiência deriva da memória. De fato, muitas recorda-
ções do mesmo objeto chegam a constituir uma experiência úni-
ca. A experiência parece um pouco semelhante à ciência c à arte. 9SI·
Com efeito, os homens adquirem ciência c arte por meio da expe-
riência. A experiência, como diz Polo. produz a arte.. enquanto a
inexperiência produz o puro acaso. A arte se produz quando, de 5
muitas observações da experiência, forma-se um juízo gcr.=1l c
único passível de ser referido a todos os casos scmclhantes6 .
TON META TACilYIIKA A

~).(~ x«l'vovn 'n)Y3t 't'ijv v6aov 1:o8l ouvf)vt"'(Xt x«l


~xpá.nt XIXL X~X9' ~ oiS'tCil 1roÀÀotç, t!'7tttp{aç tCJ"t(v·
to 'tO 8' Õ'tt 7taat 1:0~ 'tOtoTa8t XIX't' t~ i.v &q>opta6tTat,
x«I'YOUOL 'tfl\1~)1 't'ijv YOOoY, ow/)Yt"(XtY, o{oy 'tO!ç cpÀt"(I'IX'tW·
Sr.cnv f\ xo'-W8tat [f\] 1tUpé't'tOUCJt XIXÚCJ(t), 'téXY'l}Ç· -7tpOç "'"
oúv 'tà 7tpá.nttv t!'7tt1pEoc 1:éX""'ç ooSev Soxtt 8L~Xcpépttv, IDck
XIXi. l'aUov t'll:t"tU"(Xá.vouatv o[ tl'7tttpot 1:wv !vr.u 'tijç il'-
u 7tf.tpÍIXç ÀÓ"((Y tXÓY'tOOY (IXL'ttOY 8' Õ'n fJ JUY tl'7tttp(« 'tWY
X~X9' txiXCJ'tÓY tCJ'tt l"(;)o'iã 1J Sl Úxvri 1:wv x«eóÀou, «[ Si
7tpá.~ttç x«l «l "(tYtat~.Ç 7t&CJ1Xt 7ttpl 1:0 x«9' ~ tlatv·
oõ yckp civ9poo7tov Ú"(~t ó l«'tptúoov ciU' f\ XIX'tcX <NI'~t­
lh!x6iã, àUck KIXÃ).(«v f\ ~ooxpá.'tf)v f\ tCÍ>Y !ÀÀwv 'ttvOt
.20 'tW\1 oiS'too Àt"(O!'éYOOY êl> ouf.LI3~t\l civ9pW7t(t) tTYIXt' tcXv
oõv !vr.u 'riilã tl'7tttp(cxç ln 'ti( 1:ov ÀÓ"(ov, XIXi. 1:0 X«96Àou
!'i" l"oopftl) 1:0 8' lv 'tOÚ't(t) q9' lX«CJ'tOY cil"oU• 7tOÀÀá.·
x~.ç 8t«I'/XP't'ÍlCJt'tiXt 'riilã 9tpcmdcxç· 9tpcx71:W'tov yckp to X«9'
ixocCJ'tOY) · ~).).' Õ!'OO!ã 1:6 "(& d8éY«t XIXi. tO t7tiXÍ&tY 'tií
2S 'téXVQ 'tilt; t!''ll:ttpEIXç Ú7tá.pXttY ol61't&IX ~ov, XIXi. CJO·
cpoo'tipouç 'tOÔÇ 'ttXY('t~X~ã 'tCÍ)V t!'7tt(poov Ú7tOÀIXI'~YO!"Y 9 ~lã
X«d 'tÕ dStV«t !'aÀÀov cixoÀou9oüa«Y 't'ijv aocp(IXY 7taat ·
'tOÜ'tO 8' Õ'n O[ !'f.V 't'ijv IX ['t(IXY tCJIXCJtY o[ 8' OÜ, o{ !'f.V "(cXp
l!'7tf.tpot 'tO ~' "'" t'a«<t, 81htt 8' oux t'CJ~Xatv· o[ 8! 1:0 St6'tt
JO X~Xl 't'ijv «h(«v l"wpct;ouaw. 8tà X«l wuç cipxt'ttX"tOY«ç 7ttpl
bocCJ"tov 'ttl'tCil'tépouç X«l l'aUov dSéV«t vol'ct;OI''" 1:ci)v X"·
981 ~ ponxvci)v X«l CJOCf(l)'ttpouç, Õ'tt 1:clç «h~ 1:ci)v 7totourdY(I)v
t'a«atv ('tOUI; 8', &cmr.p X«t "tci)v &q.úxwv lvt« 7tOtti rdv, oõx
dS~IX Sl 7t01f.t a 1tOLtT, otov xcx(tt 'tÕ 'ltÜp - 'tcX """ oúv
aq.ux« cpúar.t 'ttvL 7tOttTY 'tOÚ'tCI)Y ÍXIXCJ'tOY 'tOUÇ 8! xttpo'ttX"CXÇ
.5 8t' l&oç), ~ oü XIX'tcX 'tÕ 'll:piXX'ttxOÔÇ tiYIXt CJOCfCilÚpGUÇ MIXÇ
METAFÍSICA. A I, 981 o8 • b5 5

Por exemplo, o ato de julgar que determinado remédio


fez bem a Ccílias, que sofria de certa enfermidade, e que tam-
bém fez bem a Sócrates e a muitos outros indivíduos, é próprio
da experiência; ao contrário, o ato de julgar que a todos esses to
indivíduos, reduzidos à unidade segundo a espécie, que pade-
ciam de certa enfermidade, determinado remédio fez bem (por
exemplo, aos fleumáticos, aos hiliosos e aos febris) é próprio
da artc 7 •
Ora, em vista da atividade prática, a experiência em nada
parece diferir da arte; antes, os empíricos têm mais sucesso do
que os que possuem a teoria sem a prática. E a razão disso é a 15
seguinte: a experiência é conhecimento dos particulares, enquan-
to a arte é conhecimento dos universais; ora, todas as ações c as
produções referem-se ao particular. De fato, o médico não cura o
homem a não ser acidentalmente, mas cura Cá lias ou Sócrates ou
qualquer outro indivíduo que leva um nome como eles, ao qual 20
ocorra ser homem~. Portanto, se alguém possui a teoria sem a
experiência c conhece o universal mas não conhece o particular
que nele está contido, muitas vezes errará o tratamento, porque
o tratamento se dirige, justamente, ao indivíduo particular.
'(bela via, consideramos que o saber c o entender sejam mais
próprios da arte do que da experiência, c julgamos os que pos- 25
suem a arte mais sábios do que os que s6 possuem a experiên-
cia, na medida em que estamos convencidos de que a sapiência,
em cada um dos homens, corrcsponda ~ sua capacidade de co-
nhecer. E isso porque os primeiros conhecem a causa, enquanto
os outros não a conhecem. Os empíricos conhecem o puro dado
de fato, mas não seu porquê; ao contrário, os outros conhecem
o porquê c a causa'1• 30
Por isso consideramos os que têm a direção nas diferentes
artes mais dignos de honra c possuidores de maior conhecimen-
to e mais sábios do que os trabalhadores manuais, na medida 981"
em que aqueles conhecem as causas das coisas que siío feitas; ao
contrário, os trabalhadores manuais agem, mas sem saber o que
fazem, assim como agem alguns dos seres inanimados, por exem-
plo, como o fogo queima: cada um desses seres inanimados age
por certo impulso natural, enquanto os trabalhadores manuais
agem por hábito. Por isso consideramos os primeiros mais sábios, 5
6

&ÃM xcx-rà: -ro Ã6rw lx&t\1 cxlhoôç xcxt -rà:ç cxhbç "\'V<<)p[C&w.
b"Ã(J), n <J'TifL&Iw -roü dS6't~ xcxt fL~ dS6'to, -ro SwcxaOcxt SLS«-
cna.t\1 lcm':Y, xcxl 8tci -roü-ro 'tfj'" -rtX\IYI" -rTi' tf17t&tp{<Xç i!roúf1t8cx
fLãÀÀ0\1 ema'ti)fLTj\1 &t\I<XL. SÚYCX\I'tCXL r~, o{ 8f. OU Sú'\ICX\I't<XL SL8á:-
10 <JXE.L\1. e·n Se 'tW\1 cxlcri~Tja&W\1 ouS&fLEot\1 i!roÚf1&8cx &t\I<XL aocp(<Xy•
XCXL'tOL xuptW'tcx-rcx( r' dat\1 CXVtCXL 'tW\1 xcxO' tXCXG't<X ~a&LÇ &ll,
oo Ãfrouat -rO 8tà: -r( 7t&pt oõS&Yóç, otoY 8tà: -r{ 8&pJL~" -ro 1tÜp,
&na: fLÓVO\I &tt 8tpfL6". -r~ JU" ou" 1c:pci>-r0\l &txõç -rO\I
Ó1C:OtCXVOÜ\I &Ópó'ol't<X 'tfX\IYI\1 1tCXpli -rà:ç XOL\Ià:ç cxla8fjat~ 8cxu-
" fL&:Cta8cxt Ó1to -rci>\1 &Y0pW1tc.>\l }L~ !J.ÓY0\1 Stà: 'tO XfllÍCJt!L0\1
&L'\ICX( -rt -rwY tÚpt0€Y"twY ill' ~ aocpÕ\1 xatl SL<XcpfpOY"t<X -rci>Y
cXÀÀwv· 1tÀE.LÓVW\I S' E.ÚpLGXO!J.fYW\1 't'E.Xvci>\1 xcxt 'tWY }d\1
1tpo, 'ttiv<XlX<XtCX 'tW\1 Se ttpoç SvrywriJ\1 OUaci>Y, &t~ aocpw'tt-
pouç 'tOUÇ 'tOLOÚ'tOUÇ UE.(\IW\1 Ú'ltoÀCXJ1Í3á:Y&a0cxt Stà: 'tÕ fL~ 1tfl0Ç
zo x~at\1 &tY<Xt -rà:ç ltttcnf]~L<XÇ cxlhwY. õO&Y i}S11 1r&:\l'tw\l -rei>"
'tOI.OÚ'tW\1 XCX't'E.aX&UCXCJ!LfVW\1 CXL !L~ 1tp0t; ij8~\l f1Tj8t 1tflOÇ
-r&YCXlX<XtCX 'tW\1 t'ltt<TtTJfLW\1 &Õpf&Tjacxy, X<XL 1tpci>'t0\l t\1 'tOÚ'tott;
-ro1Ç -r6ttotç oõ 7tpW-roY lax6Àcxacx"· 8t~ 7ttpt Ai"((m'tw ex{ fLCX8Tj-
J.L<X'tLX<Xt '1tflW'tO\I 'tfX"<XL auYf<TtTJGCXV, ex&i' rlip &cpt(8Tj CJXO·
z' À&:~w -rO 'tWY ltp~" lQyoç. d'pTj-r<Xt !Lt" oõ" '" -ro1Ç ~8ucorç
-r(ç 8L<XcpOpCt -rtxvr~, xcxt e1tLC"'ti)fLTj' X<XL 'tci>\1 liÀÀw\1 'tWY ÓJLO·
r&\IW\1' ou S' t\IE.X<X \IÜ\1 mt0Úf1&8cx 't0\1 Ã6r0\l -roü-r' la-r(y, Õ-rt
'tfjy ovo~OfL€\IYIY aocpÍOtY 7t&pl 'tà: [1tpw'tcx] cxi-rt<X xcxl -rà:ç &p-
xà:ç WOÀCXJ1Í3CÍYOUCJL '1tá:Y"t&Ç WCJ'tE., xcx0&:'1ttp tfpTj'tCXL 7tpÓ'tE.flO\I,
30 Ó !J.t\1 l'!J.1C:E.Lp~ 'tci)\1 Ó1tOLCX\IOÜ\I tXÓ\I'tW\1 cxL'a&Tjaw &t\ICXL Sox&L
aocpw'ttpo,, Ó 8e 'tE.X'JL't'r)C; 'tW\1 i~tttdpwY, xupO'ttxvou S& &p-
982• xtm-rwY, cxl 8e OwpTj-ruccxl -rw\1 7tOtTI-ri.Xêi>Y !LaÀÀoY. &n (Jl"
oÕY ij aocp\ot mp( -rwcx, &pxaç xcxt cxl-rlcxç la-rtY l1rta'tiJ!LTI•
8ijÀO\I.
I MEWislcA, A L 981 b 6 - 982 o 3 I 7

não porque capat:cs de h1zcr, mas porque possuidores de um


s.1ber conceptual e por conhecerem as causas.
Em geral, o que distingue quem sabe de quem não sabe é
a capacidade de ensinar: por isso consideramos que a arte seja
sobretudo a ciência c não a experiência: de fato, os (jlle pos.,ucm
l arte são capazes de ensinar, enquanto os que possuem a expe-
riência ni'io o são 10 •
Adernais, consideramos guc nenhuma das sensações seja 10
sapiência. De fato, se as sensações são, por excelência, os instru-
mentos de conhecimento dos particulares, entretanto não nos
dizem o porquê de nada: não dizem, por exemplo, por que o
fogo é quente:, apenas assinalam o fato ele ele ser qucntc 11 .
Portanto, é lógico que quem por primeiro descobriu alguma
arte, superando os conhecimentos sensíveis comuns, tenha sido
objeto de admiração dos homens, justamente enquanto s•\hio c J5
superior aos outros, c não só pela utilidade de alguma de suas
descobertas. E também é lógico que, tendo sido descolx:rtas nume-
rosas artes, umas voltadas para as necessidade~ da vida c outras
para o bem-estar, sempre tenham sido julgados mais sábios os
descobridores destas do que os daquehls, porque seus conhe-
cimentos não eram dirigidos ~10 útil. Daí resulta que, quando já se 2fl
tinham constituído todas as artes desse tipo, passou-se i! descober-
ta das ciências gue visam nem ao prazer nem às necessidades da
vida, c isso ocorreu primeiramente nos lugares em (]UC primeiro
os homens se libcrtmmn de ocupações prclticas. Por isso as artes
matcm<'íticas se collstituíram pela primeira vez no Egito. De fato,
lá era eonccclida essa libcrdack i\ C<lSta dos saccrdotes 1 ~. 25
Díz-~c na ~fica qual(; a difcrcn~a entre a arte c a ciência(~ as
outras disciplinas do mesmo pem' 1• E a finalidade do raciocínio
que ora far..cmos (; demomt~r que pl~O nome de sapil:ncia todos
entendem a pesquis-a das eat,IUI primciras 1"' c dos princípios. E é
por isso 'lue, como dissemos acima. quem tem experiência(; consi-
derado mais sábio do que quem pouui apenas algum conhecimen-
to scnsí\"cl: quem tem a arte mai5do l]UC (]LICill tem experiência, 9l\2'
quem dirige mli1 do que o t~l\aclor manual e as ciências teoré-
ticas mais do que as prática•.
É e\·identc, portanto, que ó1 ~ência é uma ciência acerca
de certos princípios c certas causa!l 1".
8 TON i'ÍET A TA <l>YIIKA A

2
'Exd 3t 'tCXÚ't'YlV rl!v lxtcn-IJJ.Lfl\1 ~T}'tOÜfUV, toõt' 1iY tLf)
' axemtov, ~ 1npt xo(cxç cxh(cxç ui n&pi no(cxç lipx.llç lnt-
cttTJJ.Lfl <JOcp(cx lcrdv. d 811 À~t 'ttÇ tàtç ÕftoÀ'Í)~t\Ç &ç ix.o-
JLtV 1tf.pL 'tOÜ aocpoü, 't!ÍX' &v lx 'tOÚ'tOU cpcxvtpÕv "YÍVOt'tO JL«À-
À0\1. Ú7toÀcxJLI3<ivoJUV 81) npcil't0\1 JLt\1 lnía-tcxoOcxt nmcx 't0\1
aocpov c!lç lv8tx.r.tcxt, 11-il xcxO' bcxO"tov lx.Wtcx lntcn-IJJ.LflV
10 cxÔ'tW'II' d'tCX 't0\1 'tàt x.a>.exàt "(''W'IICXt 3~t\IO'II xcxl 11-il
p~tCX liv0poo7t~ 'YL"(''OOaxtt'll, 'tOÜ't0\1 CJOCfÓ\1 ('tO ylip cxlo0&\le-
o0cxt nmoov XOt'IIÓ'II, 3to ~3tO\I X4i oô3t'll O'OcpÓV)' ['tt 't0'\1
<ixpt~éO"tf.pov xcxi 'tOv 3t.3cxCJXCXÀLX6lnpov 'tW'II cxl't~'ll aocpOO'te-
pov t{\ICXt nepl riaCXY lnt~fl'll' xcxl 't00\1 lntO"tf)~'ll 3& rl!v
u cx~ç lvr.xtv xcxt 'toü d8tvcxt x.«pw cxlptrl!v oúCJCXV !J.«llov
f.Ivcxt aocp(CXY Tj rl!v 'tW'\1 lino~cxt\IÓ'II't00\1 evtxt'll, ui rl!v lip-
X,txOOÚ{)CX'\1 'tijç Ú7tTjpt'tOÚcrrJÇ J.LfiÀÀ0\1 aocp(cxv· OU ylip 3f.l\l
lnt-r~'t'teo0cxt tov aocpov ill' lnt't«nuv, xcxt ou toG'tov
t't~ xdOeoOcxt, liÃÀàt 'tOÚ't~ 'tO'II ~v aocp6v. - 'tliç J.Ltv oúv
:zo ÚftoÀf)~ttÇ 'tOLCXÚ'tCXÇ XCXL 'tOCJCXÚ'tCXÇ lX,QIU\1 1tf.PL 'tiíç aocp(cxç
xcxl twv aocpwv· 'tOÚ'toov 8& to .,.&v nmcx lnmcxoOcxt 'têi) .,.«-
ÀtCJ'tcx tX,O'II'tt rl!v u96Àou l1ttcttTJJ.LflV livcxrxcxi'ov õn«px.ew
(oúto~ yàtp otõt m.>ç 1tmcx 'tàc Ó1toxtCfLevcx). CJX,t3ov 3& xcxi
X,CXÀt1tOO'tCX'tCX 'tCXÚ'tCX "(\'oop(~tt\1 'tO'i'ç liv0p001tOtÇ, 'tÕC ~LO"ttl
zs xcx06Àou (1t0pp<.)'tCÍ't(J) rlip 't00\1 cxloOf)awv la"tw) ' bp~tO"tcx­
'tCXL 8t tCl\1 l1tLO"tf)~\l Cltt ~t«ÀLO"tCX 't00'\1 1tpOO'toov ttCJ(\1 (ex[ yàcp I_Ç
lÀcx't'tÓVCI)'\1 cXxpt~éO"tf.pcxt 'tW'\1 lx 1tpOo0~ Àt"YOJ.LfiJ(J)\1,
otov lipt8J.Lf)'ttx1j rwJLt'tp(cxç) • li).).dc ~t-ilv xcxi 3t3cxaxcx>.txf) 'Y'
MEWis::A, A 2, 982 a 4 . 28 9

2. {Quais são as causas buscadas pela sapiência e as


caracteristicas gerais da sapiência) 1
Ora, dado que buscamos justamente essa ciência, deveremos
examinar de que causa& c de que princípios é ciência a sapiên- s
cia. E talvez isso se torne claro se considcrannos as concepções
que temos do sábio~. ( 1) Consideramos, em primeiro lugar, que
o sábio conheça todas as coisas, enquanto isso é possívc1, mas
não <-1uc ele tenha ciência de cada coisa individualmente consi-
derada. (2) Ademais, reputamos sábio quem é capaz de conhecer 10
as coi~as difíceis ou não facilmente compreensíveis para o ho-
mem {de fato, o conhecimento sensível(: comum a todos e, por
ser fácil, n5o é sapiênda). (3) Ma•1 ainda, reputamos que, em
cada ciência, seja mais sábio quem possui maior conhecimento
das causas(-+) c quem é mais capaz de cminá-las aos outros. (5)
Consideramos ainda, entre as ciências, que seja em maior grau 15
sapiência <1 que {: cscolhida por si e unicamente em vista do
saber, em contraste com a que é cscolhid.1 em vista do que dela
deriva. (6) E consideramos que seja em maior grau sapiência a
ciência que é hicrarquic<llllctltt superior com relação à 'luc é
subordinada. De fato, o s:íbio não deve ser comandado mas
comandar, nem deve obedecer a outros. mas a ele deve obede-
cer quem é mcno$ s~íbio.
Tantas c tais são, portanto, as concepções geralmente par- 20
tilhadas sohre a sapiência c sobre os s<íhios. Ora, ( 1) a primei-
ra dessas caractcristicas- a de conhecer todas as coisas- de\'C
necessariamente pertencer sobretudo a quem possui a eicncia
do universal. De fato, .sob certo aspecto, este sahc todas as coisas
<particulares, enquanto cstão > sujcita$ <ao uni\·crsal > '. (2)
E as coisas mcJis univers<1is são, para os homens, exatamente as
mais difíceis de conhecer por serem as mais distantes das aprc- 25
emõcs sensíveis~. (3) E as mais exatas entre as ciências são sobre-
tudo as que tratam dos primeiros princípios. De fato, as ciências
que pressupõem um menor número de princípios são majs exa-
tas do que as que pressupõem o acréscimo de <ulteriores prin-
cípios> como, por exemplo, a aritmética cm comparação com
a geometria;. (4) ji\'Jas a ciência que lll<lÍs indaga as causas é
lO TnNMETA TAtl>YIIK,O.,a.

~ "t'Wv cxl"t'toov 6u.>p'tJ~ JLijÀ.Àov (oÚ"t'Ot ~p 8t8cioxouow, o{ "t'rtÇ


cxl't!cxç Àtrovnç n"&pt bciG"t'ou) , "t'O ô' dôévcxt xcxt "t'O in(cncxCJ6cxt
)O

cxu"t'cilv lvtxcx JLCÍÀ.tCJ6' Ú1tcXPXtt "t'ij "t'OÜ IJ.cXÀ.tcncx t1tLG"t"tJ"t'OÜ t1tL·


O"tf)IJ.tJ (Ó jrtp "t'O t1t(G"t'CXCJ6CXL Ôt' CXÚ"t'O cx{poÚIJ.&VOÇ "t"ijv IJ.cXÀLG"t'CX
982 • tn"LCJ'tij!J.'tJV IJ.cXÀLG"t'CX cx{pfjcn"t'<XL, "t'OtiXÚ"t"tJ 8' tG"t'LV ~ "t'OU !J.cXÀ.tG"t'CX
t1ttG"t"tJ"t''Ü), JLCÍÀ.tcncx 8' imG"t"tJ"t'à: "t'rt 11:pW"t'cx xcxi "t'rt CXL"t'LCX (ôtli
jrtp "t'CXU"t'CX XCICL ix "t'OÚ"t'<UV "t'illcx jV<Up(l;t"t'<Xl ill' 00 "t'CXÜ"t'CX
8L~X "t'oov ó1tO:ut11tV<Uv >, ckpxLX<U"t'<i"t"tJ ôi. "t'wv l1ttG"t"tJIJ.<i>v, xoct
s (J4ÀÀ.ov cipxtXTj njç Ú1t'tJpt"t'OÚ011Ç, ~ rvwpa;ouacx "t'(voç lonxív
tCJ"t'L 1tp<XX'téov lxcxcnov· "t'OÜ"t'O 8' im "t'tXjcx&ov éx<iCJ"t''u, éSÀ.wç
8l 'tO &ptcnov lv 'ttj cpúatt n"cXCJtl. i~ &11:mwv oúv "t'wv &tp'tJ-
IJ.ÍV<Uv l11:l T7)v c:rún}v t1ttO"tf)!J.'tiV 1tL1t"t'tt "t'O C'tJ"t''ÚIJ.&VOV 6\loJLCX •
Ôti' rlip "t'cxÚ"t"tJv "t'wv ,.;pw"t'wv ckpxwv xcxt cxl't'LW\1 ttvcxt 9t<Up'tJ"t'L·
10 xflv· xcxl rà:p "t'cXjcx&ov xcxl 'tO oú ivtxcx &v "t'Wv cxl"t'L<UV tG"t'LV.
"Ü"t'L ô' OU nOL'tJ"t'tXTj, 8fíÀov XIXi lx "t'WV npw"t'ooV cptÀOCJOcp'tJ·
CJ!ÍV"t'<U\1' 8tà: jà:p 'tO 6cxu~J.!ÍCttv ol «v&pcamot xocl. vüv xcxl
'tO 11:pW'tov 11PecxV"t'o cptÀ.oaocpt'Lv, iÇ à:PXfíç jdv "t'rt 1tp6Xttpcx
"t'WV à:"t'61t<UV 6cxUIJ.cXCJ<XV"t'&Ç, &{"t'CX XCX"t'à: !J.LXpOV o(hw 1tpotÓV"t'~
u xocl. 1ttpt "t'WV IJ.&tC6V<Uv 8LCXnopf)CJ<Xll"t'~, oiov mp( "t't "t'WV 'tijç
atÀTi'lrlç 1tCX9'tJJL!Í"t'<UV xocl "t'WV 1t&pt "t'OV il)..tov xcxt &cnpcx
xocl 1t&f)L 'tijç "t'OÜ 1t<Xll"t'OÇ jtVlCJ&<UÇ. Ó 8' cX1tOpWV xcxi. 6CXUIJ.!Í·
V.W oLt"t'cxt cX"(VVt!v (8Là xcxl ó cptÀÓIJ.u6oç cptÀ6aocp6ç 11:wç
iat'tv· ó jdcp IJ.Ü9oç CJÚjXtt"t'CXt ix 6cxu!J.<Xa(<UV) • &cn' &Lmp 8tli
20 'tO cpE.Újttv 't'1lv IÍjVOL<XV tcptÀOCJÓcp'tJCJ<XV, cpcxvtpov Õ"t't 8trt 'tO
dôévcxt 'tO t1t(cncxCJ6cxt i8(wxov XCICL ou XPTiCJWÇ "t'LVOÇ rvar.v.
IJ.CXP"t'UPI!.t 8! cxÔ"t'o 'tO auiJ.~E.~'tJx6ç oxr.8àv jrtp 11:mwv
METMÍ~rc .... A 2. 982 " 29 • b 22 li

também a mais capaz de ensinar, pois os que dizem quais são


as causas de cada coisa são os que cnsinamr'. (5) Ademais, o 30
saber c o conhecer cujo fim é o próprio saber c o próprio conhe-
cer encontram-se sobretudo na ciência do que é maximamente
cognoscível. De fato, quem deseja a ciência por si mesma deseja
acima de tudo a que é: ciéncia em máximo grau, e esta é a cí&ncia 982~
do que é mc~ximamcntc cognoscível. Ora, maximamente cognos-
cíveis são os primeiros princípios c as causas; de fato, por eles e
a partir deles se conhecem todas as outras coisas, enquanto, ao
contrário, eles não se conhecem por meio das coisas que lhes
estão sujeitas;_ (6) F a mais elevada das ciências. a que mais
autoridade tem sobre as dependentes é a que conhece o fim para
o qual é feita cada coisa; e o fim em todas as coisas é o hem c, s
ele modo geral, em toda a natureza o fim é o sumo bem:'.
Do que foi dito resulta que o nome do objeto ele nossa inves-
tigação refere-se a uma única ciência; cst:1 dc\'C especular sohrc
os princípios primeiros c,,~ causas, pois o bem c o fim dar. coisas 10
é uma cau~a.
Que, depois, ela não tenda a realizar coisa alguma, fica cla-
ro a partir das afinnaçôcs dos que por primeiro cultivaram a
filosofiA'. De fato, os homens começaram a filosofar, agora como
na origem, por causa da admiraç5o, na medida <.:m que, inicial~
mente, ficavam perplexos diante das dificuldades mais simples;
em seguida, progredindo pouco a pouco, chcg<~ram a enfrentar
problemas sempre lllaiorcs, por exemplo, os problema~ relativos 15
aos fenômenos ela lua c aos elo sol c dos a~tros, ou os prohlcmclS
relativos à geração de todo o univcr~o. Ora, quem experimenta
uma sensação de dúvida c de admiração reconhece que não sabe;
e é por i~so que também aquele que ama o mito é, de certo mo-
do, filósofo: o mito, com deito, é constituído por um conjunto
ele coisas admiráveis 111 • De modo que, se os homens filosof.uam
para libertar-se da ignorância, é C\'identc que hu~cavam o conhe- 2u
cimento unicamente em vista do saber c não por alguma utili-
dade prátic~J. E o modo como as coisas se desenvolveram o cle-
monstr<l: quando já se possuía praticamente tudo o de que se
necessitava para ~1 vida c também para o conforto c para o bem-
12 TQN META TA ~YIIKA A

Ú1tapXWr6)\l 'tWY civcryxcdwv xcxt 1tpoç PtC'crtW\17)\1 xcxt 8~rw­


rilv ~ 'tO~ q>j)ÓY7J<JLÇ fip(crto ~'I)Uta9att. Sfj).ov OÕY wç 8t'
2J oôS&J.t.LcxY cxu't'ijy ~'l'tOÜfL&Y XPtÚXY Í'ttpcxv, de).)., W<J1t&p «Y9p6)-
1t0(, q>CXJ.t.tY, D.tú8tpoç ó cxÓ'toü &vtxcx xcxt 111! cill.ou lilY, Me.)
xcxl cxÔ'tijv wç f1ÓY7JY otiacxv lÀtu9lpcxv 'tOOY l1ttcrt'l)~"'· f1ÓY7J
r~ cxÚ'tTj cxlmjr; ivtxlv lcntv. 8w xcxt 8\XCX(wr; &Y oúx deY9{)6)-
1t(Y7J YOflÍ~OL'tO CXU'ti'jÇ ~ X'ti'j<JLÇ" 1tOÀÀCXXti "'(&p ~ qlÚO'tÇ 80ÚÀ7) 't00\1
JG de'ol9p6ntc.)Y icrt(Y, Wcrtt XCX'tà: :Etf.tc.)Y€8'1)\1 ueeoç liY f16\loç 'tM'
lxot ylpcxç", !Y8pcx 8' oux aétov ILTi ou ~'I)UiY .Tjy xcx9' cxÓ'tÕY
l1tLcrt'/jf17)\1. d 8~ Àt"'(OU<J( 'tt o[ 1tOL'I)'tCXt xcxi. 1tlq>UXt q>80Yti\l
983• w 8etcw, l1tt 'toÚ'tou O'Ufl~TíYCXt fLCÍ.Àtcncx tlxor; xcxl 8ucrtUxetc
tfvcxt 1tCÍ\I'tcxç 'tOUÇ 1ttpt't'toÚç. de).).' oÜ'tt 'tO 8tüw q>80YtpOY lv-
8tXt'tCXt tfYCXt, cXÀÀà: Xcrtà: .Tjy 1totp0Lfl(CXY 1tOÀÀà: cj>w8oY'tCXL
à:OtOOL, OÜ'tt 'ti'jç 'tOtCXÚ't'I)Ç cill.'I)Y XP1! \IOfl~&t\1 'ttfLLW·
s úpcxv. ~ r~ 9ttO'tCÍ.'t'l) xcxi. 'ttfltc.)'tcX't'l)" 'totcxÚ't'l) 8! 8txoor;
&Y tL'I) f1ÓY7J" i}v 'tt yà:p flCÍ.Àurt' liY Ó 8toç lxot, 9dcx 'tOOY
l1ttcrt'l)f1WY ~(, xh ti nç 'too\1 9tíc.)Y tL'I). f1ÓY7J 8' CXÜ't7) 'tOÓ·
'tc.)\1 à:flq>OÚp<a)Y 'tt'tÓX"'xt\1" Õ 'tt yàtp 9tOÇ OOxti 'tOOY cxt'tÍC&IY
1téiO'LY tfYCXt XCXL depx1J 'ttÇ, XCXL ~\1 'tOLCXÚ't'I)Y 'ij flÓYOÇ i'j IJ.á.·
10 Àtcn' &v lxot ó 8t6ç. civcxyxcxt6upcxt !Jlv ol>Y MO'CXt 'tCXÚ't'l)t;,
cXfL&(vw\1 8' oõ8tfl!cx. - 8ti fltY'tOt 1t6)Ç XCX'tcxatij\lcxt .Tjv X'rijat\1
cxÕ'rijç t!ç 'toWcxY'tWV ~fliY 't(;)Y iÇ cXpXijÇ ~'fl'dl<J&Wv. cXPXOY'tCXL
ftlY "'(&p, oocmtp &L1t0fl&Y, de1to 'tOU 9cxuflá.~tt\l 1tCÍ.Y't&Ç tl oÜ'twç
lxet, xcx8&:1ttp (1tepi.} 'tWY 9cxuf1CÍ.'t6)Y 'tCXÕ't61J.CX'tCX ['toiç IJ.Ti1t6)
tS 'tt8tc.)p71XÓ<Jt .Tjv cxl't(cxv] i'j 1ttpi. •à:r; 'tOÜ ~À(ou 'tp01tà.ç 'ij .Tjy 'ti'jr;
8tcxf1t'tpou deO"Uflfl&'tp(cxv (9cxuf1CXCJWY yà:p tivcxt 8oxtt 1téiat ('tdtç
flYt'ltc.) u8tc.)p'l)x6at 't'ijy cxhCcxv} tt' n ·~ lÀcxx!cn(t) ILTi f.L&'tptt-
'tott) · 8ti 8! tlç 'tOU\ICXY't(0\1 xcxi. 'tO lif.ttt\10\1 XCX'tÕt .Tjv 1tCXpotjL(CXY cX1tO·
MHAFis:o... A 2.• 982 b 23 · 983 o 18 13

estar, então se começou a buscar essa forma de conhecimento.


É evidente, portanto~ que não a buscamos por nenhuma vanta-
gem que lhe seja estranha; c, mais ainda, é evidente que, como 25
chamamos livre o homem que é fim para si mesmo c não está
submetido a outros, assim só esta ciência, dentre todas as outras,
é chamada livre, pois só da é fim para si mcsma 11 •
Por isso, também, com razão poder-se-ia pensar q uc a posse
dela não seja própria do homem; de fato, por muitos aspectos
a natureza dos homens é escrava, c por isso Simônides diz que
"Sô Deus pode ter esse privilégio" 12, c que é conveniente lJUC o 30
homem busque uma ciência a si adequada. E se os poetas dis-
sessem a verdade .. c se a di,·indadc fosse vcrdaclciramcntc inve-
josa, é lógico que veríamos os efeitos disso sobretudo nesse 983
caso, de modo que seriam desgraçados todos os que se djstin-
guem no saber. Na realidade, não é possivcl que a divindade
seja invejosa, mas, como afirma o provérbio, os poetas dizem
muitas mcntirasn; nem se deve pensar CJUC exista outra ciência
mais digna de honra. Esta, de fato, entre todas, é a mais divina c 5
a mais digna de honra. i\'las uma ciência só pode ser divina nos
dois sentidos seguintes: (a) ou porque ela é ciência CJUC Deus
possui em grau supremo, (b) ou porque ela tem por objeto as
coisas divinas. Ora, só a sapiência possui essas duas carllctcrís-
ticas. De fato, é convicção comum a todos que Deus seja uma
causa c um princípio, c, também, que Deus, exclusivamente
ou em sumo grau, tenha esse tipo de ciência 1 ~. Todas as outras 10
ciências serão mais necessárias do que esta, mas nenhuma lhe
será superior 1;.
Por outro lado, a posse dessa ciência deve nos levar ao esta-
do oposto àquele em que nos cncontnívamos no início das pes-
quisas. Como dissemos, todos começam por admirar-se de que
as coisas sejam tais como são, como, por exemplo, diante das
mario11etes que se movem por si nas representações, ou diante
das revoluções doso] e da incomensurabilidadc da diagonal com 15
o lado de um quadrado. Com efeito, a todos os que ainda não
conheceram a razão disso, causa admiração que entre uma e
outro não exista uma unidade mínima de medida comum. Toda-
via é preciso chegar ao estado oposto c também melhor, confor-
14

"tU.eu'Cijacx~, :JCOt0cinep XIXi i v 'tOÓ'tOLÇ &tcxv ILciOwatv • oõOev yap


20 &v o\rrwç Ocxu!LCÍO"f.tf.Y &vi!p rew...,..'tpUCÕç Wç d -ylvot'tO ilStciiLe'tpoç
!Lf.'tpTt'tÍJ. Úç ILtY ouv 'Íl q>ÚaLÇ 'Cijc; ln~!L't)Ç 'Cijç ~'t)'tOU!LlV'I)ç,
e.fp't)'ttXt, xcd 't(ç 6 O'X01toç ou Sei' "nl"(XcXvf.t\1 -djY ~i}'t't)O"tY xcxl
-d)v IJÀ't)Y ILiOoSov.

'End Se q>etvepav õn 'tW... f.Ç &pxiiç cxl1:!wv Ser Àcx~erv


2'f.ntO"tf}IL't)Y ('tÓ'tf. r~ dSlvcxt q>CX~LeY ÍXCXO"tOY, 8-tcxv -d)v npw·
't't)\1 cxl't!cxv olw...,..acx rvwp(tew)' 't~ S' IXL'tttX Ãlre'tCXt 'tf.'tpCX·
xwç, wv JLÍCXv 11ev cxl'tCcxv q>et~v etvcxt -d)'ll oõa(cxv xcxl 1:0 't(
fjv etvcx~ (Õ:YcJrf.'tCXt r<Xp 'tO S~ 't( dç '1:0\1 À6rov raxcx'tOY,
IXL'tLOY Se xcxl &px~ 'tO s~ 'tt 7tpc";)'tOY) ' t'tlpotv Se -djY {S).'t)\1
JG xcxt 1:a únoxdl't'llov, <tpÍ't't)Y Si l)0e'll 'Íl &p~ 'Cijç xwi}aew;,
'tl!.'tcXfl't't)Y Se -d)'ll Õ:'ll'ttXf.L!LiV'I)Y cxl't(~ 'ttXÚ't"{l, 'tÕ ou l'IIIXCX :JCOtL
'tÕ:rcx96v ('tlÀOÇ r~ re'\llO'f.WÇ XCXl Xtvf}O'e<.>Ç 1tÓ:O"t}Ç 'tOÜ't' f.O"t(Y),
'te.Oi!.Wp't)'tCXt JLiY ow ÚCcx'll&lc; nepl cxÔ'tw'll 'ÍllÚY f.y 'tOl'ç nepl q>Ó·
983 b O'UJ)Ç, ÕJLWç Se ncxpcxÀci~'->IJ.EY xcxl <toUç npátepo'll 'ÍIILWY dç
f.n(axe,4tv 'tWY 6'11'twv U06vtcxç xcxt q>tÀoaocpi)acx'\l'tCXÇ nepi
'Cijç &À't)9dcxç. SijÀO'II r<Xp õn x&xetvot ÃlrouatY &pxciç 'tt'IICXÇ
:JCOtt cxl't!cxç· f.ntÀ9oüatv ou'\1 lO"tcxt 'tt npoüprou 'tlj 1Le96SC!> 'tlj W'll·
' ~ r<Xp lnp6v n "(lvoç eúpi}ao!Lf.'ll cxl't(cxç ~ 'tCXLÇ wv Àero-
JLlYetLÇ JLáÀÀOY 1ttO"tf.ÚO'O!Lf.Y. - 'tW\1 ~ np6J'twv q>tÀOO'Oq>'t)O'CÍ'II-
'1:6>\1 ol 1tÀf.LO"tOt 'tliç f.v ÜÀ't)Ç f.~f.t ~ ci»í0'11~ &px~ç
r.Iwt nci'\l't(a)\l· lé oõ r~P lanv &ncxvtcx 'tci Õ'll'tet xcxt lÇ oõ
r!"(Yt't<XL npw'tOU XOtL de; Ô cp9dpt'tCXt nÀf.U'tCXLo'll, 'Cijç !Le'll
to oõa(etç Úno~J.EvoÚO"t)ç wtç Se nci9eat IJ.E'tcx~lloÚO"t)ç, 1:o6'to O"tot-
xerov XIXL 'ttXÚ't't)\1 &pxlt'll q>OtO'tY etwt 'tW\1 Ó'll't(J)'II, xcxl St<X
wU'tO oün r!rveaflcxt oõ9ev OLO'\I'tett oün &n6llua9cxt, WÇ 'Cijç
wLCXú't't)ç cpú(JUJ)ç &et a'->~!LlY't)ç, ~ oõSe 't0'\1 l:(t,))Cpó:'t't)v
III~TAfiSICA. A 2/3. 983 o 19 · b 13 16

me afirma o provérbio 111 • E assim acontece, efetivamente, para


ficar nos exemplos dados, uma vez que se tenha conhecido a
~sa: nada provocaria mais admiração num geômetra do que 20
!lle o diagonal fosse comensurável com o lado 17 •
Fica estabelecido, portanto, qual é a natureza da ciência
huscacla, e qual o fim que a nossa pesquisa e toda nossa inves-
tigação devem alcançar 1 ~.

3. fAs causas primeiras são quatro e análise das doutrinas


dos predece.<;sores como prova da tese] 1
Portanto, é preciso adquirir a ciéncia das causas primeiras.
Com efeito, dizemos conhecer algo quando pensamos conhecer 25
a causa primeira. Ora, as causas são entendidas em quatro dife-
rentes senticlos 2 • (l) Num primeiro sentido, dizemos que causa
(: a substância e a essência. De fato, o porquê das coisas se re-
duz, em última análise, à forma e o primeiro porquê é·, justamen-
te, uma causa e um princípio;; (2} num segundo sentido, di7.c-
mos que causa é a matéria c o substrato~; (3) num terceiro sen- 30
tido, dizemos que c;msa é o princípio do movimento\ (4) num
quarto sentido, dizemos que causa é o oposto do último senti-
do, ou seja, é o fim e o bem: ele fato, este é o fim da geraç-ão c
de todo movimento11 • Estudamos adequadamente essas causas
na Física 7 ; todavia, devemos examinar também os que antes de· 983"
nós enfrentaram o estudo dos seres c filosofaram sobre a realida-
de. É claro que também eles falam de certos princípios e de
certas causas. Para a presente invcstig<lção certamente ser;í vanta-
joso referir-se a eles. Com efeito, OLl cncontraremo!i> outro gêne- 5
rode causa ou ganharemos convicção mais sólida nas causas das
quais agora falamosx.
Os que por primeiro filosofaram, em sua maioria, pensa-
ram que os princípios de todas as coisas fossem cxclusiv<lmcntc
mlltcriais. De fclto, eles afirmam que aquilo de que todos os se-
res são constituídos e aquilo de que originariamente derivam c
aquilo em que por último se dissolvem é elemento e princípio
dos seres, na medida em que é uma realidade que permanece. 10
idl-ntica mesmo na mudança de suas afecçõcs. Por esta razão
16 TO~ META TA <IIYIIKA A

cp~Y oGu y(jYtG9<Xl cbtÀW~ éS't<XV y("(\\''l't<Xl xcxÀilç ti !LOUO't·


u xilç oün d:7t6Uua9cxt lS'tcxv d:7to~llll 't<XÚ't<X~ 'tcX~ IÇr.t~,
Stci 'tO Ó'ltoj.LtYtw 'til Õ7tOxdj.LtYOY 'tOY l:wxpci't'7)Y CXÕ't6Y, oG't(l)~
ouSt 'tWY &U(I)Y ouSfy· d:tl ycip t!Ycx( 'ttY<X cpúaw t\ 11Ccxv ti
I• 7tÀtCouç j.Ltiiç ~ ~y yCjYt-t<XL 'tállcx O'W~Oj.LtYY}~ w("'l~· 'tO
j.LtY'tOL 7tÀ'ij9oç xcxl. 'tÔ dSoç 'tfiÇ 'tOL<XÚ't'7)~ d:PXiiç OU 'tÔ <XUW
I
:za Ttá~ ).fyouatY, d:Uci. 9cxÀijç 1-l'" ó 'tij~ 'totcxú't'7)Ç d:px'llrôç
cpLÀoaocp~ G8(1)p cp'I)O'LY &tvcxt (8LÔ xcxi. -rir-' yijv lcp' ü8cx'to~
à:7ttcp'Í)Y<X't0 t{Ycxt), Àcx~6w lO'W~ 'tfr.' Ú7t6À'I),LY 't~'t'7)\l ix 'tOÜ ~­
't(l)\1 ópay -rir-' 'tpocpTr.l ÕypciY oõacxv xcxt CXÕ'to 'til 9tP(J.OY lx wú"tOU
ytj\16JLtYOY xcxl 'tOÚ't6,) ~Wv ('tÔ 8' ~ ou y(jYt't<XL, 'tOÜ't' lcrdv
2~ à:pxft 7táY't(I)Y) - 8t« U 8ft 'tOÚ'tO 'tfty Ó7t6ÀTicPLY Àcx~6w 't<XÚ't'7)Y
xcxt 8là 'til 7tÓ:Y't(I)Y 'tcX crntpJL4't<X 'tftv cpúatv úypa... lxetv,
'tO 8' G8(1)p d:pxftv 'tijç cpÚO't(l)~ r.twt 'tOt~ õypoi'ç. dat 8t
'tt-N; ot xcxt 'tOÔç 7t<Xj.L7t<XÀcx(ouç xcxt 7tOÀÔ 7tpO 'tijç W\1 yr.vt-
O'&(I)Ç xcxt 7tp&rou~ 9eoÀorflacwtcx~ OÜ'tw~ ol'oY'tcxt 7ttpl 'tijç !fÚ·
Jo 0'&(1)( Õ7toÀcx~r.ty· 'Oxtcxv6Y 'tt "(~ xcxl T118Uv l7tO('I)O'cxv 'tij~
yr.víat(I)Ç 7t<X'tfpcxç, xcxl. 'tOY Õpxov 'tWY 9uilv ü&>p, 'tftv xcxÀou-
l'tVTI" ú7t' cxlhwv ~'túycx ['tCi)v 7tOtTI'tWv]' 'ttj.Lt6l't<X'tOY I'~" ycip
w 7tpr.~ú'tcx'tov, CSpxoç 8e w 't'l-l~cx't6Y lO"ttv. d Jdv oúv
984• à:PXcx(cx 'tLÇ CXÚ't'7) xcxl 7t<XÀ<Xlà 'tt'tÚXTixtv ouacx 7ttpt 'ti'jç !pÚ-
auuç 1t Uécx, 'tÓ:X' &\1 !8TIÀOY ti'TI· ScxÀijç JLtY'tOt Urr.-.
olí't(l)ç d:7tOcpÍJYcxa9cxt 7tept 'tijç 7tpw't'I)Ç cxt"t(cxç ("l7t7tC!W« ydcp
., oux liv 'tLÇ àÇL6lar.tt &etYcxt j.Lt'tOe 'tOÚ'twv Slà 'tftv tU'ttÀ&tcxv
' cxÕ'toü 'tijç Stcxvo(cxç) • 'AvcxEt(J.t"'l~ 8e d:tpcx xcxl 4LO"(t"'lç 7tp6-
'ttp0\l úScx'tO~ xcxi JLâ:ÃLO"t' lipxTiv 'tt9i«at 'tWY IÍ7tÀWv O'(I)JLÓ:·
I

I
MEtAÁ51CA. AJ. 983 b 14 ·98J" 6 17

dc·s crêem que nada se gere c nad<J se destrua, já que tal reali-
dade sempre se eonsen·a. Assim como não dizemos que Sóera-
1cs é gerado em sentido absoluto quando se torna bdo ou músi-
l'O, e não dizemos que perece quando perde esse~ modos de ser, 1.5
porque o substr<lto- ou seja, o próprio Sócrates- continua a
existir, assim bmhém de\'emos dizer que não se corrompe, em
sentido abiC.'I!u.ca, IICI'Ihuma das outr:Js coisas. De fato, de\'c ha"er
alguma rc11lid.dç natural (uma só ou mais ck uma) da qual dcri-
\'<1111 todas il!o outras çois,ls, enquanto da continua a existir sem
Jlludanç.l 9•
Todal'ia. ctaet filôsofos não são unànimes quanto ao nt.'mw-
ro c à espécie dcsn· princípio. 'l;llcs. iniciador desse tipo de filo- 20
sofia, diz~ o ptinc:ípio é a <'Ígua (por isso <~firma t;lmhém qw.:
a terra flut~ ~~água), certamente tirando esta ~.:orwicção
d;t eomtat;açlo(\; que o alimento de todas as coisas é úmido, c da
constatação ele que at(· o calor sc gera do úmido c vive no úmido.
Ora, aquilo de que todas as coisas se geram é o princípio de tudo.
Fie tirou, pois, esta convicção desse fato c também do fato de 25
que as sementes de todas as coisas têm um;l natureza úmida,
sendo a água o princípio da naturei.a das coisas úmidas 111 •
H<i tamb<.:m quem acredite que os nwi~ antigos, que por
primeiro discorreram sobre os deu~es, muito ;mtcs <1<1 pres<.:nte
geração, também tiveram essa mesma eoncepção da realidade
natural. De fato, afirmanun Oceano c Tétis como autores da gc- 30
ração das coisas, c disseram que aquilo sobre o quê juram o~ deu-
ses é a <í.gua, chamacb por eles de l•:stige. Com efeito, o C(Ue é
mais antigo é também mais digno ele respeito, c <Jquilo sobre
quê se jura é o que há de mais respeitávcl 11 . 1\las não é absolut<l-
mcntc claro que tal concepção da realidade tenha sido tão origi- 984'
nária e tão antiga; ao contrário, <lfinn:J-se l(Ue 'I ales foi o primeiro
a professar essa doutrina da e;lllsa primcir<J (de fato, ninguém
pensaria em pôr liípon junto com esses, dada a inconsistência
de seu pensamento) 12 • s
Anaxímencsne Diógenes H, ao contrário. mais do que a água,
c:onsiclcraram como originário o <11' c, entre os corpos simples, o con-
sideraram como princípio por excelência, enquanto I lipaso de
18

'tW\1, "11t1tCXO'OÇ Õt 1tÜp ó Mt'tCX1tO\I'tt\IOÇ XCXL 'HpcíxÀt~'tOÇ ó


'E~&cnoç, 'EfL1t&ÔoxÀ1jç õ! -rdt -réncxpcx, 1tpoç 'to!ç dpTJfLÉ\IOI.Ç
yij\1 1tpoO"t~9dç 'tÉ'tCXp't0\1 ('tCXÜ'tCX rdtp àd OtCXfLÉ\It\\1 xcxt ou
10 "(L"(\\ta9cxt àll' i} 1tÀ-/j9t~ xcxi ÕÀ~"t'ónr'tt, Q'l)"(XpWÓfL&\ICX xcxi
õ~cxxptVÓfL&\ICX dç lv n xcxt lÇ lvóç) · 'A\ICXÇcxrópcxç ôi. ó IO.cx-
~Ofllv~oç 'tij fL!v i)Àtx(qt 1tpónpoç wv -roÚ'tou -roi'ç ô' lp"(OI.Ç
60"ttpoç à1t&Cpouç &tvcx( cp11a~ 'tcXç àpxciç· ax&Õov rdtp &1tCX\I'tcx
'tOt ÓfLO~OfL&prj xcx9&1ttp Gõwp i'l rn>p ofhw rC"(\\toOcxt xcxt
u cX1tÓÀÀua0cx( cp11a1., aurxpCa&~ xcxt Õ~platt fLÓvov, &llwç ô'
oikt "(L"(\\ta9cx~ oih' à1t6llua9cx~ àÀÀÕt ÔLOtfLÉ\Itt\1 àta~. -l.x
fLt\1 oúv 'tOÚ'twv fLÓY'r)\1 'ti.Ç cxl'tCcxv \IOfL(0'&~\1 &v 't1lv l.v ÜÀT)ç
t~tt À&"(OfLtVT)\1" 1tpo"ióvtwv o' oÜ'twç, CXU'tO 'tO 1tpá"(fLCX wõo-
1tOL1}G&\I cxÕ'to!ç XCXL 0'1.1\IT)\ICÍ"(XCXO'& ~'r}'t&t\1" tl rdtp õu fL<ÍÀtG'tCX
2o 1téiacx "(Évta~ç xcxt q~Oopdt lx 'tt\IOÇ f.vo:; i\ xcxt 1tÀttÓ\I(J)\I l.G't(v,
Õ~ .c -rou'to O"UfL~(vt~ xcxt -r( 'tO cxt'tLO\I; ou rdtp ôTj 'tÓ "(&
Ú1tOX&ÍfL&YO\I cxu-ro 1to~r fLt'tcx~&llt~v ~cxu-ró· >..trw ô' otov
OÚ'tt 'tO ÇúÀo\1 OÜ't& Ó XCXÀxo:; CXt'tLOÇ 'tOÜ fL&'t~&lltw ~X<Í'tt·
PO\I CXU'tW\1, ouô! 1t0ttt 'tO fLt\1 ÇúÀo\1 xÀ(VT)\1 ó ôf. xcx>..xõç cX\I-
2S Õpt<Í\I'tcx, àll, enpÓ\1 ·~ 'trjç fL&'tCX~OÀTjç CXt'tL0\1. 'tO OE 'tOÜ'tO
~'r}'ttt\1 ta'tl 'tO 't1lv htpcxv àpxilv ~'r}'tttY, wç &v i!fL&tÇ ~cx(T)­
fL&\1, õ9t\l i! àpx~ 'trjç x~vfjaf.(Uç. o{ fLE\1 oõv 1t<ÍfL1tCXY lÇ àp-
xJiç cXcP<ÍfL&\IOt 'trjç fL&9ÓÔOU 'trjç 'tOLOtÚ't'I')Ç XCXL t\1 ~<Í<JXO\I't&Ç
t!vcxt 'tO Ú1toxdfLt\IOY ou9ev tOUCJXÉpCX\Iot\1 lcxu'totç, ill' lv~o(
>O rt •wv 1:., Àt"(Ó\I'twv, ooG1ttp il't't"l9LY'ttç Ú1to •exU't'i')ç 'trjç ~1)­
'tf)atwç, 'tO t\1 àx{Y'r)'tÓ\1 ~cxat\1 tlvcxt xcxt 't1lv ~ÚaLY ÕÀT)\1 ou
fLÓ\10\1 XCX'tcX rtvta~\1 XCXL ~Oop&v ('tOÜ'tO jd.v rdtp àpxcxróv 'tE
xcxt 7t<ÍY'ttÇ WfLOÀÓ"t'1}acxv) àllà xcxt XCX'tOt 't1lv <ÍÀÀ'r}\1 fLt't<X-
984 • ~oÀ~v 1táacxv· xcxt -roü-ro cxU.W\1 ~LÓ\1 tG'tt\1. -rci>v fLE\1 ouy tY
~o\3.98So7·b I 19

Mctaponto 1' c llcrádito ele Éfcso 1r, considcrarmn como princí-


j)Ín o fogo.
Por tiLLa vct. Emp~cloclcs afirmou como princípio os quatro
cupos simples, acrescentando um quarto aos três acima mcn-
('dJados, a saber a terra. Com deito, estes pcrmanccc:m sempre
r.C'i)l mudança c só esteio sujeitos ao dc.:vir pelo aumento ou cli- 111
mi11uiç:ão de quantidade, qmmdo se.: juntam numa unidade ou
'!.;: dissoci;~m dela 17 • .

Ana~•~goms de Clazômcnas, anterior a Empédocles pC'la id<J-


dc, m<.~s a de posterior pcl<.~s obras, afirmJ que os princípio!> são
infinitos. De fato, ele diz que todas as homc.:omeri.u '!!(; ~m c
se corrompem só na medida em que se reúnem c .tt: ~iam
tal como ocorre com a .:ígua e com o fogo, e que de outro moclo t5
n;lo se geram nem se corrompem, mas permanecem ctcmas 1 ~.
Com base ncssrs racíodnios, podcr-sc-i<l crC'r quf.'oe:x.ísbl uma
rausa única: a cham;~da causa material. i'vbs, enquant-o euti pcn-
sauon:s proccdi<Hll dc·ssc modo, a própria realidade lht.'!l :?ht·iu o
caminho c os obrigou a prosscew~r na i-l~..-c..ti.!,ii~Çâo. De f.oito. m<;s-
JllO tendo admitido que todo J)R~sn ck ycraç4o c de corru~o
dcriv<.: de um único clerm:nto u.-.atcrial, ou de tmt4t~lf. d<."L)'M:ntOt; 20
•u•
Jnatl:riais. por qw.: ele ocorre c q...al t cau111? G:rt.nu.':lttc n~u
l: o substr.:tto que provoca a mudai~.. L'lll 'i aaaeaao. ~nlOI un1
exemplo: nem a madc:ira nem o br.('J1UC, t(~lados ind'iwC"ÂI~l'lt"D-
l"c:. são causa da própria mudanç;a; a madciri.l n.."'n Fax o\ (.<)'1'1\a n~.:rn
11 bronze faz a c.st:.ítua, m~1~ é outra a causa de sua muclanç:a 1''.

( ka, investigar isso significa buscar o outro priucípio, isto é, mmo 25


didamos nós, o princípio do mm·imc:nto.
Os que desde o início c:mprccndcram c~sc tipo de pc~quba
c sustcnbram ~<Í um substrato não se deram conta eles~ a dificul-
dade. AtJtcs. alguns dos 'JUC afitmam essa unidade do substrato,
como guc sucumbindo à dific:uldadc dessa pesquisa do princ:i- 30
pio do movimento, afirmam quC' o substrato uno é imóvel c que
! mb a natureza também é imóvel, não scí no sentido de que não
w ~era nem se corrompe (esta é, com efeito, uma c·onvic:ção an-
1 Jt:a l' compartilhada por todos), mas também no sentido de
q11c é imóvel relativamente a qualquer outro tipo de mudança
(•• csla é a característica pC'culiar cldcs)l''. Portanto. nenhum dos 91.:4"
•11 lt" afirmar.un gue o todo é uma unidade conseguiu clcscohrir
20 TUN/JiETA TA CDYIXA A

cpotcsx6vt6l\l ei~o~ott 'tO 1t<i\l oõ9e.~o~t owtj31) 't'ij~o~ -rol.otÚ'rrj\1 owt8et~o~


othfot\1 1tÀ~\I d !pot fiotpj.Le\IE8tJ, xcd wú-r~ xcx't<X 'tOOOÜ'tO\I
l)aO\I oõ !J.6\IO~o~ i ~o~ liUàt mt 86o 1t6lÇ n97)ot\l cxh(oo; e.I~o~ott •
' -rotç Si ~ 1tÀt(c.) 1COtoü<n j.L<iÀÀO\I lv8t)(f.'tott Àt'"'(ttv, oiov wi'ç
9epj.LO\I X«L <!luJCP0\1 1\ nGp X«L "(iív· JCP6)vtott ràtp 6lç XW7)-
'ttxTJV lxwn -rei) m~pt 't'ij~o~ cpúat~o~, ü8cx-n 8& X«t 'rli xcxt wi'ç
'tOtOÚ'tOtÇ 'tOWotvt(o~o~. -j.Lf.'tcX 8f. -roú,;ouç mi -r&ç 'tOtotÚ'too; liPX«ç,
6lç oõx lxcxv6)v oua(;)\1 lf.wiiaott 't'ijv ,;(;)v ~\r'C(I)V cpúat\1, 1C«Àt\l
10 Õ1C' otÕ'tijç 'tijç liÀ7)9tCotç, WO'Jt'f.P e.t'TCOIJ.f.\1, li~o~cryxcxt;61J.t\lot 'tij~o~
lxo!Ji\l'll~o~ l~7rrrlacx~o~ lipxfl~o~. -roü yàtp di mt xcxÀ(;)ç -rà: !J.t\1
l'Xf.l\1 'tcX 8t y(-rvf.a9ott 'tc7w Óv.-6lV tCJ6lÇ OÚ'tf. 'TCÜp OÚ'tf. "(iív OÜ't'
!Uo -r(;)~o~ -rotOÚ't6l\l oõ9t~o~ oü-r' dxoç ott'-rto~o~ e.Ivcxt oÜ't' w(vouç
ol7)97j~o~ott • oô8' otÕ -rei) otU'tOIJ.«'t(t) X«t 'tÚXll 'tOOOÜ'tO\I lm-rpl-
ts <jJott 7tpii"y'JLot mÀwç etxe~o~. voüv &í) 'tt~ el-x-w~o~ tvei'~o~ott, xcx-
9«7tep l~o~ -rotç wotÇ, XotL tv TÜ cpúaet 'tÕv ott'tt0\1 wü x6G!J.OU
mt 'tijç ..«~f.(I)Ç 1C«a7)ç o!ov VÍ}tp6lv tcp«\17) 1totp' dxlj ÀtyO\I-
'tot~ wuç 7tp6npo~o~. tpot~o~f.{JWç j.Lt\1 oõv 'A~o~ot~ot'"'(6pCX\I taj.Lt\1
&<!I«J.Lt~o~ov -roÚ't6l\l ,;(;)~o~ À6'"'(6l\l, otl-r(otv 8' É)(f.t 1tp6npo~o~ 'Ep-
.zo !J.6'tt!J.OÇ ó IO.ot~O!J.tVtOÇ dmi'v. o{ !J.tV oiJ~o~ oÕ't6l~ Ú1't'oÀot!J.~«­
\Iovteç éij.Lot -roü mÀ(;)ç 'tij~o~ otl·d:ot\1 lipx7lv ti\Iott ,;(;)v ~\r'C(I)\1
l9taotV, mt 't'ijv -rol.otÚ'tTj\1 ll9e~o~ ij x(\ITlatÇ Õ1t«pxet -roi'ç oõaw.

4
Ú1C01t'tf.Ú<ntt 8' !v 'ttÇ 'HaCo8o~o~ 1tpW'tOv ~-rreijaott ..0 'tOtoõ- 4
w~o~, x&v et' 'ttç fiÃ.Àoç lp6l'tot ~ l-x-t9u!J.ÍotV t~o~ -rotç oiJ<nv l&J)-
.zs xe.v wç cipx~v, olo~o~ mi 1Iotp!J.t~o~L87)ç mt '"'(Õtp oiJ'to~ X«'tot-
MEwiSICA. A 3/~. 984 b I · 25 21

uma causa desse tipo, exceto, talvez, Parmênidc.s, pelo menos


na medida em que afirmou não só a existência do uno, mas
também a c~istência de duas outras causa.s~ 1 •
Os que admitem vários princípios resolvem melhor a qucs- s
tão, como, por exemplo, os que admitem como princípios o
quente c o frio ou o fogo c a terra. Estes, com efeito, servem-se
do fogo cmno se fosse dotado de naturcr.a motora c, por outro
lado, servem-se da <ígua c da terra c dos outros elementos desse
tipo como se fn!>SCm dotados da natureza contrária 22 .
Depois desses pensadores c depois da descoberta dc~scs prin-
cípios, insuficientes para produzir a natun::za c os s~:rcs, os filú- 10
sofos, forçados no\·amentc pela própria verdade, como jJ disse-
mos, puscranHc em busca de outro prindpio1 ~. Com efeito, o
fato de algumas coisas serem bci<1S ou boas c outras se tornarem
tais não pode ser causado nem pelo fogo, nem pela terra nem
por outro dcmcnto desse gênero, c não é verossímil <.1uc é1llllclcs
filósofos h:nham p~:mado isso. Por outro lado, não era conveni-
ente remeter tudo <10 acaso c à sorte.
Por isso, c.1uando alguém disse que 11::1 n<1turcn, como nm 15
anim<1is, existe uma Inteligência que é causa da ordem c da distri-
buição harmoniosa de todas as cois;1s, pareceu ser o único fil<hofo
sensato, enquanto os predecessores pareceram gente que fala
por f<1lar. Ora, s<1bcmos com ccrtc1.a que J\na~;\gora.s raciocinou
desse modo~~; ma~ afirma-se q uc llcrmótimo de Cla1.clmcnas 2'
foi o primeiro <1 f<~lar disso. Em todo caso, os que raciocinaram 211
desse modo puseram a causa do bem c do bdo como princípio
dos seres<: considcr;mun esse tipo de causa como princípio do
qual se origina o movim<.:nto dos seres.

4. [Conlinua~·üo do exame das doutrinas do~ predecessores


com particular atenção a Empédocles, Anaxágora.'i e
Demôcritoj 1

Todavi;l, poder-se-ia pensar que foi llcsíodo o primeiro a


buscar uma causa desse tipo2, ou qualquer outro que pôs como
princípio dos seres o amor c o desejo, como o fez, por exemplo, 25
Parmênidcs. Este, com efeito. JO reconstruir a origem do uni\'crso
22 T!lN META T/1 <l>Y:!:IKA A

axtUIÍ~Ca>\1 '"'" "tOÜ 1tCX\I"tOÇ rtveow "1tpW"tlO"'tO\I ILt\1" !pTICJL\1


....
epw"tcx liuewv
-
!Lrrt ( oa:ro 1tOt\l"tW\I
, ,
, .HCJtOooc;
, " o"'e " 1t~ea>Y
L__ .l.
IL~"

1t~'tLCJ'tOf. xlioc; "(t\le't'' Otlhcip t1tet'tCX I yor.r' eõpúcnep\IOÇ ••• I 1}8'


tpoc;, Ôc; 1t1Í\I"teCJCJL ~J.e'tCX1tpt1tet à9cxviÍ"tOtCJt\l", WÇ 8lov t\1 "tOLÇ
Jo ouotv Ú1t~)(ttv "tt\1' cxh(cxv il'ttc; xt\~Tjoet xor.t CJUYáÇtt 'tcX 1tpCÍ-
"ffLOt'tCX. "to6-touc; IJ.EY oiJv 1twc; XP~ 8l0f.vt4J.or.t 1eept 'toü "t(ç 1tpw-
"ttÇ, lttCTtW Xp(VtL\1 ÜCJ'ttpOY' tmL 8t XOf.L "tcX\IOt\l"t(Ot "tO!ç àycx-
9otc; tYÓ\I"tor. &cpcx(ve"to lv "t'Õ cpúoet, xor.l ou (J.Ó\Iov 'tiÍÇtc; xor.l
985 • 'tO xcxÀov illdt xcxt cX'tcxÇ(cx xor.l 'tO cxl<J)(P6v, xor.l 1tÀeLCa> "tcX
xor.xdt "tW\1 à:ycx9wv xcxl 'tcX cpor.üÀcx 'tW\1 xor.Àwv, oiYtea>c; ciUoc;
'ttc; cptÀLor.v tlcn1veyxt xor.l vttxoc;, lx&npov txor.'tlpea>v or.t'"ti.OY
'COÓ'tea>v. el y&p "ttt; WcoÀou9oí'J} xor.t Àor.~J.~&vot 1epoc; -djv 8tli-
s votcxv xor.t IL~ 1tpoc; & cjleU!Ce"tor.t Àtyea>v 'E1J.1ttÔoxÀi}ç, eÚp'Í)-
oet 't"i)v fU\1 cptÀ(or.v cxl-dor.v oõoor.v 'tWY àcycx9wv 'tO 8& vt'Lxoc;
'CW\1 xcxx(;)v· wo't' d' "ttc; cpor.Í71 'tpÓ1tov 'tt\lcX xor.t Àfyet\1 xor.l
1epW"tov Àfyetv "tO xor.xov xor.t 'tO à:yor.9ov à:pxcic; 'EIL1tt8oilior.,
'tcX)(' &v ÀÉyot xcxÀwc;, ei1eep "to "twv à:ycx9wv CÍ1tiÍ\I"tea>\l or.t"ttov
10 cxtho 'tà:yor.96v to'tt [xor.t "twv xor.xwv "to xor.xóv]. - oiJ'tot fdv ou\1,
&'>G1ttp Àt"(OIJ.tV, xor.l ILtXPL 'tOÚ'tou 8uorv cxt"tícxt\1 wv ~!U!ç 8tea>pí-
oor.!U" t\1 "tO!ç 1tEpL cpÚCJeCalÇ iliLILt\IOL cpor.(\10\l"tOf.L, 'ti}c; 'te ÜÀ'J}Ç XCXL
'tOÜ éS9ev Ti x(\I'J}otc;, &ILu8pWc; ILt\l"tot xcxt oõ9i.v ocxcpwc; cXU' o!ov
lv 'to:tc; IJ.CÍ)(or.tc; o[ àrúiJ.Y<XCTtot 1totouotv· xcxl ycip txt1\10l 1ttpt-
1S cptp61J.tYOL 'tÚ~OUOt 1tOÀÀcXXLÇ XcxÀcXÇ 1tÀ7j"(IÍÇ, cXÀÀ' OÜ'tt
WÍ\IOL à1to l7ttcn7J!L'JlÇ oüu OÓ"tOt WLxCXOL\1 etôt\IOf.L õ "tt
Àlyouow· G)(W0\1 y<Xp oõ9ev )(pWIJ.eYOt cpor.Í\10\I'tCXt 'tOÓ'tOLÇ à:U'
il XIX"tci IJ.tXpÓ\1. ,Avor.Çor.y6pcxc; u ydtp IL'JlXOtvn )(pi}'tCXL "têi)
vêi) 1tpOc; 't'ijv XOOIJ.01tOLLcxY, XIXL Õ"to:\1 à1top'Í)CJtl ÔtcX 't(Y' o:hto:\1
20 lÇ à:v&yX'J}c; lo't{, 'tÓ'te 1tcxplÀxet cxÕ"tóv, lv ôe "tolc; &Uotc;
1tCÍVtor. IJ.ãÀÀOY or.l"tta'tOf.t "tW\1 "(Ll\IOIJ.ÉYea>\1 1j vouv, xor.t 'EIL-
1tWoxÀi}c; t1tl 1tÀrov IJ.EY "tOÚ"tou )(pi}'tcxt "totç cxheotc;, ou IL~"
I .w:TNislCA, A"· 98A b 26. 9BS o 22 I 23

di7.: "Primeiro entre todos os deuses <a Deusa> produziu o


i\mor"': enguanto I lc:síodo diz: '/\ntcs de tudo existiu o Caos,
depois foi a terra do amplo \'entre c o Amor que rc:sphmdccc en-
tre todos os imort<Jis", como se ambos reconhecessem que deve
existir nos seres uma causa que move c rc(mc as coisas·1• Sc:ja-nos
concedido julgar adiante a qual desses pensadores compete a
príorid<Jde'.
i\·las, como era c\·idcntc na H<lturc?.a a existência de coisas
contrárias ~s. bools, assim como a existência não sô da ordem c
beleza, mas também d<l desordem c feiúra, c a existência de ma- 91\5
lcs mais numerosos do que os bcn~. c coisas feias em maior número
do que belas, hom·c outro pemador que introduziu a Amáadc c
a Discórdia como causas, rcspccti\·ame11te, desses contr<íríos. Se
~cguimos Empédocles, entendendo-o segundo .1 lógica de seu s
pcnsamento m<lis do que segundo seu modo confuso de se cxpri-
mir. \'Cmo~ que a Amiz<ldc é causa dm bens, enquanto a Discór-
dia é causa dos males. Assim sendo, sc disséssemos ()UC Empédo-
cles afirmou -antes. que foi o primciro a afirmar- llllt o bem
e o mal são princípios, pronn-c.:lmc:ntc t:sbuí;.unos ccrto~, pois a
c.tusa de todos os bens é o próprio hem c a causa de todos os
males é o próprio mal". 1u
Parece lltlc l!SSL~ oanXJo ~1110s, illc;;n'Çat.am só dw1:~ das
"quatro'' causas distinguid.lutus ltnos de Físilllt.a saber: il cama
material c a c<Ju~a do lllO'Yim(UtO. U'loa~dc tnodn t\lnl\r.so c uhscu-
ro, tal como se comportam fiOS OORIDatcun.-quc J\lll5ecxcrcita-
ram: como c~tes, agi.Uudo-s&: em todas il$ clúe~ l11u~am be- 15
los golpes sem serem ~~~~d~ pelo oonhcómenm, taml~n .1quc.:-
lcs pensadores não parecem ter vcrdadc:iramcntc conhecimento
do que afirmam. De fato, eles quase nunca se servem ele seus
princípios~.
O próprio Anaxágora.~, na constituição do universo. scrvc-
sc ela <I ntcl igência > como de um cleu.~ ex muc:lzína, c s6 quan-
do se encontra em dificuldade: para chu a rnão de alguma coisa 20
('\'OCa a Inteligência; no mais, éltribui a causa das coisas a tudo,
menos à lnteligênci;l\
Empédocles utiliza muito mais suas causas do que Anax<i-
goras, mas não se scn·c dclas adc.:qu<Jdamentc e de maneira co-
oü9' lx«vw~, oG't' lv 'tOÚ'to~~ eúp(axet 'tO ÓJ.LOÀO"(OÚJUYOY. 'ltOÀ·
'-«xoü "(OÜY CXU't(i) i} ELtY cptÀ(cx ÔtcxXp{Ye~ 't'O 8~ verxo~ CN"(·
2J xp(vu. Õ'tcxv EL~Y ràp tl~ 'tcX <Tto~xetcx ô~Lcmj't'CXt 't'O 1tãv Ú1to
'tOÜ vdxou~, 'tÓ't' 'tO 'lti:ip d~ iv atryxp(ve'tcx~ xcx' 't'WV lillwv
ato~xeCcuv lxcxO"tov· Õ'tcxv ô~ 7t&Àtv Ú1to 'rií~ cptÀ~ auvCwow
d~ 'tO lv, civcxrxcxtov lÇ bcá.O"tou 'tcX ELÓP\CX 8tcxxpEveo9cxt
7tá.Àtv. - 'EELm8oxÀij~ !Jl.v ow 7tcxpc1 'toU~ 7tplrttpov 7tpw·
.JG 1:0~ 't'O 't'ijv cxl't(cxv ÔteÃ,rv dcrljwrxev, ou EL(cxv 7tOtTjo~
't'ijv 'rií~ xton1CJU.)~ cipxilv O:ll' l'tlpcx~ u xcxi lvcxm~, t't'~
8& 't'cX w~ lv ÚÂT)~ tia&t À'"(ÓJUYCX ato~xetcx 'tÍ't"tcxpcx 7tpW'tO~
r.I7tev (ou EL-iiY )(p'ij'tcx( re Ú't"t<Xpcnv 0:).).' w~ Suotv OÚO'~ ELÓ·
98!i. \10~~. mlpt ELtY xcx9' CXÚ'tO 'tOú; 8' mi.X(t!J.ÍYO~~ w~ EL~
cpúor.t, "(ij n xcxl O:ipt xcxi G8cx't't · Àá.~ot 8' !v 't~ cxÜ'to
e~pwvlx 'tWY t7twv).- oÕ'to~ !Jl.v oõv, C>O"xtp ÀÍ"(OJUV, M(a) 't&
xcxl 1:oacxÚ't~ r.fpT)xt 'tcX~ O:pxá.ç Atúxt7t7to~ 8~ xcxl ó hcxtpo~
' cxÜ'tou â11EL6xp~'t'o~ O"to~xttcx jdv 't'O 7tÀ1jpt~ xcxl 't'O xtvov e!vcx(
cpcxa~, ÀÍ"(OY'ttc; 1:0 ELEY 5v 'tO ô~ EL-il õv, 'tOÚ'twv 8& 1:0 ELf.v
1tÀ1iP'~ xcxl at,p&Ov 't'o õv, 1:0 Si. xtvõv 1:0 ELTJ ~ (ôto
xcx' ou9f.v JL&llov 'tO 5v 't'OU EL-il ÕV'to~ &!vexE cpcxatv, Õ't't
oÔÔ~ 'tOU xtvoü 'tO O'WELCX), cx!'ttCX Ôt 't'WV ÕY'twv 'tCXÜ'tcx w;
10 ÜÀT)V. XCXL xcx9á.1t'P Ot iv 1tOLOÜVU~ 't'ijv Ú7tOXttJÚ"Tl" ouo(cxv
't'cllÀcx 'to!ç 7tá.9tatv cxlh1j~ "(&W(';)cn, 1:0 ELCXVOV xcxl 't'O ml·
XVOV Õ:PXcX~ 'tt9tiL&YOt 'tWV 1tcx9Jutá.'twY, 't'Ov cxÔ'tov 1:pó'ltov
XCXL OÚ'tOt 'tcX~ 8\CXqJOp~ cxl't(cxç 'tW\1 &llwv t!vcx( <pCXO'tY. 'tCXÚ·
'tCX~ lÚY'tOt 't'p,rç t!vcxt Urouat, axiiELci n xcxt 'tá.Çtv xcxt
u 9iotv· Stcxcpípuv rá.p cpcxat 'to ôv puotJ.ii> xcxt 8tcx9t"(ij xcxt
'tpcntfi ELÓYOV" 'tOÚ'tW\1 Si. ó jdv pua~LÕ~ crxiiELá. mtv i} Ôt
8tcx9t"(T) 'tá.Çtç i} 8~ 't'p07t-ij 9latç S~cxcpípt~ ràtp 1:0 ELf.v A
'tOÜ N axfu.Lcx'tt 't'O 8~ AN 'tOÜ NA 'tá.Çt~ 't'O ôt z 'tOÜ H
MHAÁSICA, A 4, 985 o 23. b 18

crente. Amiúde. pelo mcno~ no conkxto de seu discurso, a Ami-


zade separa c a Discórdiél une. Quando o todo se dissolve nos ele- 25
mcntos por obra da Discórdi<l, o fogo se reúne formando uma
unidade, assim como cada um dos outro~ elementos. Quando.
<lO contrcirio, por obra da Ami1.adc os elementos se recompõem
n;l unid,Jdc <dél Esfera>, as partes deles ncccssarimnentc se .sc.:-
pararn entre si'1•
EmpÇdodcs, em todo caso, diferentemente dos prcckcesso-
rr.:s, foí o primeiro <1 introduzir <1 distinção dessa causa, tendo afir- 30
ma do não um (mico princípio do mm·imcnto, mas dois princípios
diferentes c até mc~mo contrários. Ademais, ele foi o primeiro <1
dizer guc os elementos de n<lturcz<l matcri<ll são quatro em núme-
ro. (De resto. de não se serve deles como se fosst.:m quatro, mas
{:omo se fossem apenas dois: de um lado o fogo por conta própria
{\de outro. os outros três- terra, ar c água- contrapostos como 9f!5;.
uma única natureza: podc-.sc cxtrJir isso da consideração de scu
poema). Estes<:: nesse n(uncro, port<lilto, são os princípios segundo
l\mpédoclcs, como disscmos 111 • 5
I .eucipo 11 c seu seguidor Dcmócrito 12 afirmam como ele-
mentos o chc.io c o \'ilZio, c chamam nm de ser c o outro de
não-ser; mais precisamente, chamam o cheio c o sôl ido de ser
c o vazio de não-ser; c por isso sustentam que o Sl~r não tem
mais realidade do tiLW o não-sc.:r, pois o cheio n<'io tem mais
realidade gue o vazio. E afirmam esses elementos como caus;1s 10
materi<lÍS dos seres. E como o~ pcmadorr.:::s que consideram
como única a substância que funciona como sub~ trato c expli-
cam a dcri~·a~:i'ío de todas as outras coisa~ pela modificação
dela, introduzindo o rarefeito c c, denso como princípios dcss<lS
modificações, do mesmo modo. Demócrito c I.cucipo dizem
que as difc~I'J.(a\ <dos elementos> são as causas de tod<lS as
outras. Aléln di-., clct djacm que são tr<:s <IS difcrcnç<~s: a fi-
gura, a ordem t: a p~~o. Com efeito, explicam eles, o ser só 15
difere pela pro~ pclownt<lto c pela direção. A proporção
é a forma, o eanuto é~ ordr:m c a direç-ão é a posjção. Assim,
,o\ difere de N fXla 6ottn111, J\N de NA pela ordem, cnqu.mto Z
difere de H pda ))Ol'içlo. Mi1s eles também, como os outros,
26 TUIIMITA TA <i>Y!JKA,.:,

Oiat~. 1ttpi S& XtvTJO'tcüt;, õ&tv fi n;(;)c; úmipÇe.t -rort; oúat, x.cxt
20 OÚ'tO~ 1t<lp<X1tÀTjalwt; 'tOtt; <iÀÀott; pqc8Új.LWt; licptLO'IXY, 1ttpL J.LEY
oúv 't(;)v Súo o:h~v, W0'1ttp ÀÍ"(OJ.L&Y, ln:t •oaoú'tOY lotxtv l~TJ­
tijaOo:t 1t1Xpci •(;)v 1tp6•tpov.

;
'Ev SE. 'tOÚ'totc; xo:t n;po 'tOÚ'tc.>Y ot xo:ÀoÚJ.Ltvo~ 1Iu8o:y6ptto~
't(;)Y J.L1X8TJ~Ca>\l <ÍcP<ÍJ.L&YOt 1tp(;)'tO~ 'tcxih<Í n 1tpOTJ"(IX"((Y, X.CXL
2s lY'tp~X<plY'te.ç lv o:lhorc; •cic; •oú•c.>v lipxcic; •(;)v ÕY'tc.>Y lipxãc;
c;,Tj8Tj0'1XY t{YIXt 1tWtc.>Y, l1td 8& 'tOÚ'tc.>Y ol lipt8J.LOL cpÚatt
1tp~ot, lv 8& 'tOÚ'totc; l86xouv OtcüptTv ÓJ.LOt~J.LIX'tiX n;oÀÀci
'tOLc; OÚat X.CXt "(L"(\\Oj.LtYOtt;, J.L&ÀÀoY fi lv 1tUpL XIXt 'rii X.CXt
ü8o:'tt, Õ't~ •o J.LtY 'toto\181 't(;)v liptO~v 1tcí8oc; Stxo:toO'ÚYTj
)O 'tO 8E. 'tOLOY~n ~uxTj 'tt XIXL \IOUt; t'ttpOY SE. XIXtpoc; xo:l 't(;)\1 cXÀ.

Àc.>Y ooc; dn;tTY tXIXO"tO\I ÓJ.Lolwc;, t'tt 8f. 't(;)y cXpJ.LOY~\1 lv lipt8·
J.LO~ ópwvnc; •ci 1t<Í8Tj xo:l •ouc; l.6youc;, -ln:tl &i) •ci J.LtY cXÀÀIX
'tOi't; lip~OJ.LóLc; lcpo:(YoY'to -djv cpúaw li<pc.>J.LOt(;)a8o:t 1t&ao:Y, ot
!186" 8' lipt&J.LOl MO'TJt; tijc; cpúatCa>c; 1tpw•ot, •ci •(;)v liptOJ.Lwv O"tot·
xttcx •(;)v ÕY'tc.>Y O"tOLXtTo: 1t<ÍY'tWY úmÃIX~ov t{vo:t, xo:t 'tOY
ÕÀOY oupo:vÕ\1 <Ípj.LOYCIXY t{YIXL XIXL lip~OJ.L6Y· XIXL ÕO'IX tfxov
ÓJ.LOÀoyoúJ.L&Yo: lv 'tt .ore; liptOJ.LOrt; xo:t .o:rc; &:pJ.LovC~Xtt; n;poc;
5 'tcX 'tOU oupCX\IOi:i 1t<Í&Tj XIX L !ÚPTI XIXL 1tpÕt; 'tijY ÕÀTJY StiXXÓ.
O'J.LTjO'tv, 'tiXU'tiX O'W<Í"(OY'ttt; tcpÍjpJ.LO't'tOY. x&v &t 't( 1tOU
S~Àtt1tt, n;poatyÀ(XOY'tO 'tOU awttpOJ.LtYTjY n:áa~XY o:lhort; t{vo:t
'tijv 1tp1XYJ.LIX'tt(IXY· Àlyw S• o!ov, ln:t\871 'ttÀtLOY "Íl Stxcit;
tiY~Xt 8oxtT xo:t n:&O'IXY 1ttptttÀTjcplvo:t 'tijv •(;)v liptOj.L(i)v cpúaw,
10 xo:i 'tcX <p&pÓJ.L&YIX XIX'tcX 'tOY oôpo:võv 8txo: J.LtY t{vo:( cpo:aw,
IMfWÍSICA. A 4/5. 98~ b 19.986 Q lO: 27

negligenciaram a questão d<: saber de onde dcri\'a c como exíst<:


nos s<:rcs o movimcnto 13 • 20
t\ respeito elas duas causas em questão, como di:;s<:mos, até
c:>sc ponto chegou a pesquisa dos pensadores precedentes.

5. {Continuaçiio do exame dus doutrina~ do1; predecessore8


com particular atenção aos pitagóricos e ctos e/eatas/1
Os assim c.:hmT1ados pitagóricm: :;ão contcmpor5neos c até
mesmo anteriores a cssl!S filó~ofo:;. l•:lc.:s por primeiro se aphca-
ram às matcm<Hicas. hw::nclo-as progredir c, nutridos por elas.
acreditaram que os princípios dda~ eram os princípios de todos 2s
os sc.:res. E dado que nas matcm~ticas os mímcros siu, pot sua
naturcz<l. os primeiros princípios. c tbdo que justll\lll:llte nos
n(um.:ros, mais do guc no fogo c na tem1 c na ;ígua, otcs acha-
vam que \'Íam muitas st·nH::Ihanças c.:om os coi~as qtte !'Jo c que
se geram - por exemplo. considcr;J\"<1111 qm: detcrminadíl pro-
pricd<lCk dos números' cr:1 <1 jmtiça. outra a alma c o intelecto, 30
outra ainch1 o momento c o ponto (Jportuno, c, em I)OUCif p<lla-
vras. de modo scmclh<mte para tmbs as outra~ coisa,• - ; ro Jkm
disso, por \'t-rt·m qnr..: <IS not<1~ l: os acordes musicais COillii.!ifiam
em números': c, finalmente, porque tothls as outra~ coiu!i em
toda a realidade lhes pareciam feitas ;'t imagem do~ nümcros c
porque os números tinham a primazi<1 na totalidade d;l real idade, 91\6·
pcns<.lfam que os elementos dos números eram elt-mcntos de
todas as coisa~, c que a totalidade do céu era hannonÍ<l c nú-
mero''. Eles rcc.:olhiam c lltMfõl•-.ati.;ca\·ilm tndas as concordâm;i<ls
que comcgui<\111 mmtrar <:Htl'l: n~ 'rlllmn<1f. e «tS acordes musi-
cais, os fenômenos, as partes do ccu c todo o ordcnam<:nto do 5
universo. E se faltava alguma coi:s.l, eles se csmCTil\"<lm em .intro-
duzi-la. de modo a tornar c:ocn.:ntc sua Ítl\"cstigação. Por cx~.:m-
plo: como o númcrn dez parece ser perfeito e p<lrcce c.:omprecndcr
em si toda a realidade dos números. eles afirmavmn que os cor-
pos que se movem no céu também dc\·iam ser dez-; mas, como 10
apenas no\"c podem ser \·istos, cl<:s introduziam um décimo: a
Anti terra\
26 TO"' ,..1ET ATA <!>Y:>:JKA A

Wtc.w Si iw&cx IL6voY 't&)Y ,ocvr.pwv Stàt 'tOÜ'tO S~'CTI" ~


mCxOovoc 'ltOLOU(Jt.\1, 8t6>ptcnoct Si n;r.pt 'tOÚ't6l\l lv lúpoLÇ
-IIIL!v cixpLI3tcnr.pov. rlll' ou &i) x~P"' b:r.px61Lr.Ocx, 'tOÜ'tÓ lcntv
~7t6l~ À~~6l!J.&V xcx1 n;ocpàt 'tOÚ't6lV 't(vcxç r.!vocL 'tt0€cxcn 't&ç
u cipxàt~ xoc' 7t&)~ dç 'tÕtç dp7J!J.lvocç l!J.1t(n"Couotv oc["t(ocç. cpocC-
voV"toct &i) xcxt oÕ'tot ..Ov «ptO!J.ilv vo!L~OY'tf.Ç «px~"' r.!voct xoc'
<.:>~ GÀ7J"' wt~ oúot xcxt &>ç n;~07J n xcxl. !Çr.LÇ, 'tOÜ 8i cXptOILoü
cnotxr.toc 'tÓ n clp"ttov xcxl. 'til n;r.ptT'tÓ\1, 'tOÚ't6lV Si 'to Jdv n:e-
n;r.poco!J.lvov 'tO Be cln;etpov, 'til 8' iv lÇ «!Lcpo-tlpc.w r.!voct 'toÚ-
20 't6)\l (xcxt yàtp &p'ttOV e!voct XCXL 'lttpLT'tÓ\1)' 'tilY a·
«pt61J.ilV lx
'tOU lv6~, cipt61J.oÔ~ Sl, xcxO~n;ep &LP7J'tOCt, 'tilv lSÀov oÕpcxyÓ\1. -
inpot Si 'tWY cxÕ't&)v 'tOÚ't6lY 'tàtç «pxàtç B&xoc llyouow e!YCXt
'tàtç xcx"tàt CJUcnotxCcxv Àeyo!J.ÍYCXç, n;tpcxç [xcxi] &n:r.tpov, n:r.pt't-
'tOV [xoct] &p'ttOV, iv [xcxl] 1tÀij0oç, 8r.euw [xcxt] «ptcnep6v, &ppr.v
2S (xcxi.] 6ijÀu, ~p&!J.OÜ\1 [xcxi.] XLYOÚ!J.&VOV, eÕ9U [xcxl.] XCX!J.1tÚÀov, cp&>ç
[xcxl.] ox6'toç, «ycx60... [xoct] xcxx®, n'tpliy6lYov [xcxl] lnp61J.7Jxr.ç·
õwr.p 'tpÓ'Itov low xoc1 'AÃ.xfLcxC6lv ó Kpo't6)V~'CTIÇ ón-oÀoc-
~r.tY, XCXL ofj'tOt OÚ'tOÇ n:ocp' txe(\16lY 7j W!VOt n:cxpàt 'tOÚ'tOU n;cxpÍ-
ÀOC~O\I wv À6yov 'tOÜ'tO\I' xcxl yàtp [lylve'to ~v -1}ÃtxCocv] 'Alx-
JO !J.OCtc.w (ln:l. yÍpDY'tt llu6cxy6p~,] «n:r.,f)YCX'tO [Si] n:cxpocn:À7JGÍ6l~
'tOÚ'totç ~oi. yàtp r.!voct 8úo "tàt n;ollàt 'tWV «v6p6ln:(\16lv, Àl-
"(6lY 'tàtç lvocV'ttÓ'CTj'tCXÇ oux Clcmtp oÕ'tot 8L6lpt<JfLtVCXÇ IDàt
'tcX~ wxoúoocç, oTov ÀeuxilY !J.ÍÀcxv, yÀuxu 1t1XpÓY, «ycx6õv
xcxx6v, !J.Íyoc !J.txp6v. oÚ'to~ !Liv oúv «8wpm6l~ «n:íppt~e n:r.pl
986 • 'tWY Àotwv, o[ 8i llu0ocy6ptLOL xcxi. n:6ocxt xcxl 't(veç cxl lvocv-
'tt6loet~ «n;r.,f)vcx\l'tO. n;cxpàt !Li"' oõv 'tOÚ'tC.W «1L19otv 'tOGOÜ'tov
METAFÍSICA. A 5. 986 o 1I • b 2 29

Tratamos esses assuntos mais acuradamcntc em outras obras 9 •


Aqui voltamos a eles para ver, tamb~m com esses filósofos, quais
são os princípios que eles afirmam c de que modo eles entram no
âmbito das causas das quais falamos. Também estes parecem 15
considerar que o número é princípio não só enquanto constitutivo
material dos seres, mas também como constitutivo das proprie-
dades c dos estados dos mesmos 1n. Em seguida eles afirmam como
elementos constitutivos do número o par c o ímpar; dos quais o
primeiro é ilimitado c o segundo limitado. O Um deriva desses
dois elementos, porque é par c ímpar ao mesmo tempo. Do lJm 20
procede, depois, o número; c os números, como dissemos, cons-
tituiriam a totalidade do univcrso 11•
Outros pitagóricos afirmaram que os princípios s;1o dez,
distintos em série <de contrários>:
(1} limitc-ilimitc,
(2) ímpar-par,
(3) um-múltiplo,
(4) direito-esquerdo, 25
(5) macho-fêmea,
(6) repouso-movimento,
(7) reto-curvo,
(8) luz-trevas,
(9) bom-m~m
(10) quadrado-retângulo 12 •
Parece que também Alcméon de Crotona pensava desse mo-
do, quer ele tenha tomado essa doutrina dos pitagóricos, quer
estes a tenham tomado dele; pois Alcméon se destacou quando
Pitágoras já era velho c professou uma doutrina muito semelhante 30
f1 dos pitagúricos. Com efeito, ele dizia que as múltiplas coisas
humanas, em sua maioria, formam pares de contrários, que ele
agrupou não do modo preciso como o faziam os pjtagúricos, mas
ao acaso como, por exemplo: branco-preto, doce-amargo, bom-
mau, grande-pequeno. Ele fez afirmações desordenadas a respeito
dos pares de contrários, enquanto os pitagóricos afirmaram clara- 9s6•
mente quais c quantos sãpn.
30 TUN 1'1ETA T ... <i>Y!IKAA

lcnt Àc:.:~et'll, õ-n tcX\IcXvtúx &px«i t6l\l 6vtw\l· to 8' õac:.:t


n«pci t6lv étípw", xc:.:i t('lleç c:.:utcx( dCJt\1. nwç !J.Évtot npoç
s tciç dpTj!J.É'IIcXÇ cxhúxç t'll8tXE.'tcXt au\I~"(Et\1, CJcXtp6lç !J.t\1 oô
8t1)p9pwtatt ncxp' lxd\IW\1, lobcotCJt 8' wç t\1 ÜÀTjç e~tt tci
CJ'tOLXElOt 't~'t'tEL\1" tx 'tOÚ'tW\1 ycip wç t\IU'ItcXPXÓvtW\1 llU\I&cn~­
\lcXt xc:.:i nurÃ~CJO«t rp«CJt ffl" ouCJCc:.:v. - 'CW\1 llr,., ou" 'ltcXÀcxtw\1
XcXt 1tÀdw ÀE."(ÓvtW\1 'tcX O"tOLXE.LcX rijç tpÚCJE.WÇ tx 'tOÚ'tW\1 LxcX-
10 \IÓ\1 icnt OewpTjCJcXt -clj" 8t~\IOLcX\I" dCJt 8€ tL\IEÇ oi nepi toü
1tOtvtOÇ wç !J.tãç OU1171Ç tpÚCJE.WÇ cX1teqrlj\lcX\I'CO, tpÓ'ItO\I 8& ou 'C0\1
atÔto\1 1t~\lt&Ç oün toü xcxÀ6lç oun toü XcXtci -cljv tpúCJw. dç
IJ.E\1 OU\1 ffl\1 \IÜ\1 CJXÉcjlw 'CW\1 c:.:hfwv ou8cX!J.WÇ llU'IIcXp!J.ÓtUt nepl
cxutw\1 ó Àóyoç ( oõ ycip WG'It&p lvtot tW\1 rpuatoÀÓ"(W\1 E\1 úno-
u ÜÉ!J.E'IIOt 'CO 0\1 éSIJ.WÇ "(E.\I\16l(Jt\l ~ç lÇ Ú'ÀTjÇ 'COÜ t\IÓÇ, cXÀÀ' E'CE-
pov tpó'lt0\1 OÚ'tOt ÀÉ"(OUCJL\1" tXE.L\IOt !J.E\1 "(cXp 1tf.lOCJ'CtÜtatCJt x(\ITjaw,
"(&\1\16>\ltÉç "(& to nã\1, outot 8& &:xt\ITjtO\I et\lcXL tpcXGt\1) • ou IJ.TJV
IDci 'COCJOÜ'tÓ\1 "(e olxetÓ\1 tCJ'tt tlj \IÜ\1 mcjlet. Ucxp!J.&'II(8Tjç
IJ.EV ycip lotxe toü xcxtci tov ÀÓ"(O\I f.voç &me.aOcxt, MíÀtaaoç
20 8& 'COÜ XcXtcX 't'ij\1 Ú'ÀTj\1 (8to XcXL Ó !J.t\1 1tE.1tE.pcXG!J.ÉVO\I Ó 8'
&netpÓ\1 tpTjCJt\1 eTVcXt IX'.hó) · 3e\IO'fÓC\ITjç 8& npwtoç toÚ'CW\1 t\lt-
acxç ( Ó "(Õ:p Ilcxp!J.E'IIt8Tjç 'tOÚ'tOU Àé"(E.'CcXt "(E.\ItCJÜcXt !J.cXOTrtfiç) oÔÜt\1
8ttc:JcX'f~\ltGE\I, ou8t tTjç tpÚCJEWÇ tOÚ'tW\1 ou8ettpcXÇ eotxe Üt"(E.L\1,
ru' dç 'C0\1 ÕÀ0\1 OUpcXv0\1 &:no~ÀÉ.cjlcXç 'CO E\1 e!VcX( tpTjCJL 'C0\1
2s Oeó\1. outot IJ.E\1 ou\1, xc:.:O&nep d'no!J.e'll, &:rpetÉot npoç 't'ijv
\IÜ\1 ~fj'CT}CJL\1, oi: !J.E." 8úo xcxl 1t~IJ.1tcX'II ~ç 6vteç !J.txpÕ\1
&:ypotxóupot, 3evorp~Tjç xc:.:i MéÀtCJCJoç IlcXp!J.&'II(8Tjç 8E.
!J.W0\1 ~ÀÉ1tW\I totxÉ nou ÀÉyetv· 7tcXpÕ: ycip to Õ\1 to !J.~
Õ\1 oõOE." ~tW\1 eT\IcXt, lÇ ci'll&rx11ç E\1 oi'e-ccxt e!\lcxt, to Õ'll, xcxt
METAFÍSICA. A 5, 986 b J · 29 Ji

Deste c daqueles pode-se extr<1Ír apenas o seguinte: os con-


trários são os princípios dos seres; mas quantos e quais são eles
só se extrai elo.~ pilagcíricos. i'vlas nem mesmo pelos pitagóricos
esses contrários foram analisados de mancim suficientemente
dara a ponto de se estabelecer de que modo é possível reduzi-
los ~s causas elas quais falamos; parece, entretanto, que eles atrí- 5
hucm <1 seus elementos a função de matéria. De fato, eles dizem
que a substê1m:i<l {: compost<l c constituída por esses elementos
como parte~ imanentes a ctJil.
O que foi dito é suficiente para ~c compreender o pensa-
mento dos antigos que admitiam uma plur<Jiidadc de elemen-
tos constitutivos da natureza. 10
Outros filôsofos sustentaram quc o universo é uma realida-
de única, mas não f:1laram todos do mesmo modo, seja quanto
it exatidão cb invcstigaçiio, seja acerca da determinação dessa
rc;Tlidadc. Uma discuss5o sobre esses filósofos foge ao exame
das causas que agora estamos desenvolvendo. Com efeito, eles
llêlO procedem como alguns filôsofos naturalistas, que, mesmo
afirmando a unidade do ser, fazem derivar as coi~as do um como
da matéria, mas o fazem de modo totalmente diferente. Os na- 15
luralist<1S, <10 explicar a geração do universo, atribuem ao Um o
movimento; estes filósofos, por sua vez, afirmam que o Um é imlí-
\'cl. Não obstante isso, o que diremos em seguida cst{J rcl<:~cionado
com a pesquisa que estamos clescnvolvcndoH.
Parmênidcs parece ter entendido o Um scgundo a fonu;~lf',
:\:lei isso segundo a matéria (c por isso o primeiro sustentou que 20
o Um é limitado, o outro que é ilimitado) 17 • Xcnôfanes afirmou
antes deles a unidade do todo (di:t.-sc, com efeito, I..JUC Pmmêní-
dC's foi seu discípulo), mas não oferece nenhum esclarecimento
c· não parece ter compreendido a nat·ureza nem de uma nem de
outra dessas causas, mas, estendendo sua eonsideraçiio a todo o
universo, afirma que o Um é Deus 1 ~.
Para a pesquisa que eshm1os desenvolvendo, como disse- 25
mos, podemos deixar de lado dois desses filósofos, Xcnófancs c
!\lclisso, por serem suas concepções um tanto grossciras 1''; Par-
mênides, ao contrário, parece raciocinar com mais perspicácia.
l>or considerar que além do ser niío existe o não-ser, ncccssaria-
32 Tr.tN i"lETA TA <DY}";IKA A

&ÀÀo oõ9f.v (1ttpL oÕ aoopf.crttpov ev ~oi'ç 1ttp~ cpÚa&wç dpflxcx-


30
(.L&V), &vayxcxl;ó(.L&Yoç 8' &xoÀouOtt'll 'toi'ç cpcxtvo(.Llvo~.Ç, xat ~o
Êv (.LtV xa~dt wv Àóyov 1tÀt(oo 8& Xot'tdt 't'1lv ott'a97}aLV Ú1to-
!I Àcx(.L~'IIWV etvat, Súo 'tdtç cxhtcxç xcxl 8úo 'tdtç à:pxdtç 1táÀtv
I ~(97}at, Otp(.LÕV xal. ~u)(p6v, otov 1tÜp xal. -yijv Àtyooy· 'tOÚ·
987· 'tW'II s& xa't&: !J.&v ~o a... 'to Oep~J.ov 'tciuet a&'tepo., se. xcx't&:
i W (L~ Õv. -ex (.LtV OÔV 'tOOV &tp7}(.Lf'IIWV xcxl. 1totpdt 'tOOV au'll7}·
·r 8pwx6~oov ii87l 't(f) À6y~ aocpií>v 'tCXÜ'tot 1totpttÀflcpcx!J.&V, 1tcxpdt
I (.LtV 'twv 1rp&tw., aoo(.Lot'tocfly ~e 'tTlv &pxflv (ü8wp yàtp xcxl.
s 1tÜp xal. 'tàt ~OtotÜ'tot aOO(.LCX'tcX ecrttV), xcxl. 'tWV (.LtV !J.(CX\1 'tW'II
8& 1tÀ&(ouç Tdtç à:pxdtç Tàtç aw!J.CX'ttxá.ç, à:(.LcpO'tépwv !J.ÉV'tot
'tCXÚ'tCXÇ OOÇ ev ÜÀ7}Ç &t8tt 'tt9f.V'too'll, 1totpcl 8f. 'ttVOOV 'totÚ'n)V 'tt
i I 'tTl., cxl~Ccxv 'tt9ínwy xal. 1tpOÇ ~otÚ't"Q 't'1lv lSOtv 'li xCV7}a~.Ç, xcxl.
~cxú-n)v 1tcxpdt 'tOO'II (.LtV (.LÍCXY 1tcxpci 'tW'II 8& 8úo. (.LÉ)(pt j.d.v
10 oÕv 'tWV 'l'tcxÀtxêí>v xal. )(Wptç w(YW'II (J.OpU)(W'ttpov tlpflxcxat'll
o[ cillot 1ttpl. cxlhwY, 1tÀ~., wG"Jttp &t1tO(.L&V 8uor., n cxhCcxtv
wrxcivouat XS.)(p7}(.Lf.vot, xcxl ~o~oo'll 'tTlv é.'tf.pcxv o[ (.Lt'll !J.(cxv
o[ 8t 8úo 1tOtouat, 'tTlv BOev 'IJ x(V7Jai.Ç· o{ 8t Du9cxy6pttot 8úo
(.Lt'll ~cXÇ à:p)(dtÇ XCX~cX 'tOV otÕ~Ov dpftxcxat 'tp61tOV, 'tOaGU'tOV
ts 8E. 1tpoae1tf.Oeacxv õ xcxl. t8t6Y t<rtt'll cxU'twv, Õ'tt 'tO 1tt1ttpcx-
a(.Lf.vov xcxl. ~o cixe~.pov [xcxl. ~ Êv] oõx é.'tépcxç 'tt\~Õtç ~97}aotv
&!V«t Cf>ÚO'&I.Ç, o{oy 1tÜp 1j yij'll 1i ~t 'tOtOÜ'tOV tnpov, à:ÀÀ' CXÔW
~o ci1tttpov xcxl. cxó~o To lv oóa(cxv etvat 'tOÚ'twY wv xcx~ro­
poüV'tcxt, 8to xcxl. &ptO(.Lov e!vcxt 't'1lv oõa(cxv 7tá.nwv. 1ttpC n
20 ~oÚ'toov oõv ~oü~ov à:1ttcpftYcxv~ ~o., ~p61tov, xcxl. 1ttpl. ~ou~( ~t'll
iipÇcxno (.LtV Àéyetv xcxl. ópCl;&aOcxt, À(cxv 8' ci1tÀií>ç t1tpoty(.LCX·
nú97Jacxv. wpíCon6 n ydtp em1t0Àcx(ooç, xcxl. 4> 1tpw'tct> Õ1tcip-
eettv OÀ&)(9dç Õpoç, 'tOÜ~' t!'llott 't'1lv oÕaLcxv 'tOÜ 1tflcX'YIJ.CX'tOÇ e\16-
(.LtCcw, wG"Jttp tt' 'ttÇ ot'ot~o ~cxú~õ., etvcxt 8txÀCÍ.atov xcxl. 'tTl.,
2s 8ucí8cx 8t6~t 1tpw~v Ó1tcXp)(tt ~orç 8ual. ~o 8t1tÀCÍ.ato.... à:ll'
oõ ~cxõ~õv t'awç ecrtl. ~o &!V«t 8t1tÀcxa(~ xcxl. 8uci8t. &l 8& !J.ft,
\ METAFiSICA, A 5. 986 b 30 · 987 a 26 I 33

mente deve crer que o ser é um c nada mais (discorremos sobre


isso de modo mais profundo na Ffsiea) 211 • Entretanto, forçado a
levar em conta os fenômenos, c supondo que o um é segundo a
razão, enquanto o múltiplo é segundo os sentidos, também ele 987·•
afirma duas causas c dois princípios: o quente c o frio, quer di-
r.cr, o fogo c a terra; atribuindo ao quente o estatuto do ser e ao
frio o do não-scr 21 •
Concluindo, das afirmações c das doutrinas dos sábios con-
sideradas na presente discussão extraímos o seguinte. Os primei-
ros filósofos afinnaram o princípio material (de fato, <ígua 22 , fogo 2'
r.: semelhantes 2; são corpos); alguns o afirmamm como únko 2\ 5
outros como uma pluralidade de prindp.ios matcriais 2r'; uns c
outros, contudo, os considcraram de natureza material. I lá ainda
os que afirmam, além dessa causa••, também a causa do movi-
mento, c esta, segundo alguns dcstes 2 ~ é uma só, segundo outros
süo duas 29 •
Até os filósofos it<ílicos10 (com exceção deles), todos os filó- 10
sofos discorreram de modo inadcqu<ldo sobre as causas. l•:stcs
·-como dissemos- ele algum modo recorreram a duas causas,
c alguns~ 1 afirmaram que a segunda dessas causas- a r.:ausa do
movimento - é uma só, enquanto outros afirmaram serem
duas;~. Os pitagóricos afirmaram do mesmo modo dois princí-
pios, mas acrescentaram a seguinte peculiaridade: considcnmtm 15
que o limitado. o ilimitado c o um não cmm <~tributos de outnts
n.:alidadcs (por exemplo, fogo ou terra ou alguma outr<l coisa},
111as que o próprio ilimitado c o um crmn a substância das coisas
das quais se predicam, c que por isso o número era a substância
de todas as coisas".
i\ respeito das c<Jusas, portanto, os pitagôrims se expressa- 20
ram do seguinte modo. Fies começaram a falar da essência c a dar
definições, mas o fizeram de maneira muito simplistaH. Com
deito, definiram de modo superficial, pois consideravam que
aquilo a que primeiramente se atribuía determinada definição
era a substância das coisas: como se alguém acreditasse que o
duplo e o número dois são a mesma coisa, porque o número dois
é aquilo do qual em primeiro lugar se prcdica o duplo. !'vias não 25
s:'io certamente a mesma coisa a essênda do duplo c a essência do
TllN META TA <I>Y! IKA A

1tollclt 'to êv f:a-roct, ô xbt(voLÇ cruv&~oc~vtv. Mpclt 11ev ouv


'tW\1 1tpÓ-rtpOY XOtt 't&l\1 &ÀÀWY 'tOO'OtÚ'tOt ta'tt À<X~ Ct'Y.

6
Mt'tclt 8E. 'tcltç tlp11!J.tVOtç cp~oaocp(ocç ~ IIÃ&'twvoç t1tt·
30 ytYt'tO 1tp0tytJ.Ot'tt(Ot, 'tCt !J.EY 1tOÀÀcX 'tOÚ'tOtÇ WtoÀou9oüooc, 'tclt
8E. xoct i.'8toc 1tocpclt rljv 't&lv 'l'tocÀtXWY lx_ouaoc cp~Àoaocp(ocv.
lx vé.ou n ycltp cruVÍj9T)ç ytY6!J.&VOÇ 1tpw'tov Kpoc'tÚÀct> xoct 'tOttç
•upocxÀt~n(otç 86ÇatLÇ, wc; IÍ1tciv'twv 't&lv octa9T)'twv cid pt6v-
'tWv XOtt tm<n'fJ!J.'I'IÇ mpt OtÔ't&lY OOX OÜCJTjt;, 'tOtÜ'tOt !J.eV XOCt ÚO'tt·
987 • pov oÜ'twç Ú'lt'&Àoc~tv· ~wxpá:'touç 8E. 1ttpt !J.tY 'tCt 1)9~
1tpOt"(!J.Ot't&I.IO!J.évou 1ttpt 8E. 't'ijç b?.'l'lt; cpúawc; oõ9tv, lv (J.ÍV'tot
'tOÚ'tOLÇ 'tO xoc96Àou ~'l'l'tOU\I'tOÇ XOtt mpt Ópta!J.Wv t1tLO"ti]oOt\l'tOÇ
1tpW'tOU 't1jv 8tcXvotOtY, txtt\IOY Õ:1t08~CÍ:!J.tYOÇ 8~clt 'tO 'tO~OÜ'tOY
~ Ú1téÀOt~t\l WÇ 1ttpt t'tÉpwv 'tOÜ'tO r~"(YÓ!J.&VOY XOtt oõ 'tW\1 ocia91'1-
'tWY· cX8ÚYOt'tOY "(Ctp t!VOtt 't0\1 XOW0\1 lSpov 't&lY ocla&rrtwv
'ttv6ç, cite yt !J.&'tOt~ÓY'twv. oÕ'toç ou\1 'tCt !J.E.v 'to~oc&toc 'tWY
ÕY'tw\1 l8éoct; 1tpoCJTjy6ptua&, 'tà 8' oclafhytclt 1tatpclt 'tOtÜ'tOt xoct
xoc'tclt 'tocü'toc Ãtytaaoc~ 1tciv'toc · xoc'tclt !Lte~w ycltp tr\loct 'tclt
10 1tOÀÀCt O!J.WW!J.Ot 'tOtç ti.'8tatY. 't1jv 8! !J.&O~tv 'tOWO!J.Ot
(J.WOY (J.tÚ~ocÀtv· o[ !J.E.v ycltp 1Iu9ocy6pt~o~ (J.~!J.TJO'&t 'tcX Õv't<X
cpocatv t!YOtt 'tWY cipt9fLG>v, IIÀCÍ:'tW\1 8E. !J.t9íÇtt, 'tOÜVO(J.Ot !J.&'tOt·
~OtÀWY. 't1jv !J.ÉV'tOL "(& !J.é9tÇLY Tj rljv (J.t!J.'I'IO'tY ~'t~Ç &v tf'l'l
't&lv d8&lv cicpttaocv t\1 xotv~ ~'l'l'tttv. t'tt 8& 1tOtpcX 'tCt ocla9T)'tclt
1S XOtL 'tcX d'S'I'I 'tcX (J.Ot91'1(J.Ot'ttx0t 't&l\1 1tpOt"(!J.&'tW\I &{YOt( CJI'I'IO'L
METAfÍSICA, A 5/6. 987 a 27 · b 15 35

dois; se fossem, o um seria ao mesmo tempo muita5 coisas, c esta


é a conseqüência em que incorrem~;.
Isso, portanto, é o que se pode aprender dos primeiros filó-
liofos c de seus sucessores.

6. [Continuação do exame das doutrinas dos predecessores


com particular atenção a Platão]'
Depois das filosofias mencionadas, surgiu a doutrina de Pla-
lâo, que, em muitos pontos, segue a dos pitagórícos, mas <1prc- 30
~enta também c~uactcrísticas próprias, estranhas à filosofia dos
itálicos.
Platão, com efeito, tendo sido desde jovem amigo de Cr<Hilo
c seguidor das doutrinas hcraclitianas, segundo as quais todas as
c.;oisas scnsíYeis estão em contínuo fluxo c d<1s quais não se pode
fazer ciência, manteve posteriormente essas convicçõc~ 2 • Por sua
vez, Sócrates ocupava-se de questões éticas c não da nature7a em 987'·
sua totalidade, mas buscava o universal no âmbito daquelas qucs-
tücs, tendo sido o primeiro a fixar a atenção na5 definições;. Ora,
Platão aceitou essa doutrina socrática, mas acreditou, por caus<1
da convicção acolhida dos hcraclitianos, que as definições se refe-
rissem a outras realidades c não às realidades sensíveis. De fato, 5
ele considerava impossível que a definição universal se referisse a
algum dos objetos sensíveis, por estarem sujeitos a contínua mu-
dança. Então, ele chamou essas outras realidades Idéias~, afirmando
que os sensíveis existem ao lado' delas c delas recebem seus nomes.
Com efeito, a pluralidade das coisas sensíveis que têm o mesmo
nome das Formas existe por "participação" nas Formas. No <JUC 10
se refere à "participação", a única inovação de Platão foi o nome.
I)c fato, os pitagóricos dizem que os seres subsistem por "imitação"
dos números; Platão, ao invés, diz "por participação", mudando
apenas o nome. De todo modo, tanto uns como o outro descuida-
ram igualmente de indicar o que significa "participação" c "imita-
ção" das Formas 6 .
Ademais, ele afirma <jUC, além dos sensíveis e das Formas,
existem os Entes matemáticos "intermediários" entre uns e as 15
36 HlN META TA <I>YIIKA A

IU.oçtXÇú, 8~tpov-rcx -rwv j.l.tY cxta9T).oçwv .oç(il citatex xcd cix(-


"''.oçcx etvcxl, .oç(i)v 8' dSWv .oç(il .oçci !Jlv 1t6ll' &ncx Õj.I.Otex e!vcxt
.oço 8& elaoç cxtho iv lxcx<nov ~J.6vov. l1td 8' cxL.oçtcx .oçli et&,
.oço!ç IDJ.otç, .oçcixetY<~>Y a.otx;ercx 1tM(o)\l 4>119-r) .oçwv ÕY't(o)Y ,rvcxt
2t1 <natx;ercx. wç J.LtY oõv ÜÀTJY .oço J.Ltrcx xcxt .oço J.LtxpOY etvcxt
&px;liç, Wç 8' oõaecxv -ro &v· ~ lxdY(o)\1 ylip xa.oçci J.Lt6~w •ou
t\IOÇ .oçci el&rj liYCXt {xat} •ouç cipl9J.LOÚÇ • .oço J.LÉY•ot -ye tY oUaÚX\1
eivcxt, xat IL~ l-rep6v yi -rt ôv Àlyea9cxt lv, 7tcxpcx1tÀ'I')CJ~ •o'tç Ilu·
Ocxyope(otç O..ey,, xat .oço .oçoUç cipl9J.LOUÇ cxhíouç eivcxt .oçoi'ç &ÀÀolç
2s 't'iiç oua(cxç C::.crcxÚ.oç(o)ç lxdvotç -ro 8& civ-rl. .oçaü ci1tdpou C::.ç t\IÕç
8lJ!i8tX 1tOLTjCJCXt, •Õ 8' cX1ttlpOY lx J.Ltyá:Àou XIXL J.LU<poü, •oU.'
t8wv· xal l•t ó J.Lt\1 •ouç cipt6J.Louç 1t<XpcX •li cx(a9T)'tá:, o{ 8'
&pt6JJ.Ouç etvtX( cpcxatv cxu.oçci .oçci 1tpá:yJ.L<X.oçtX, xat .oçci J.LCX&r!J.Lcx·
.oçlX<i IL'.oç~ -roÚ.oç(o)y ou •t6&cxatv. -ro J.LtY oõv •o tv xat •ouç
:JG cipl9J.Louç 7ttXpli .oçci 7tpá:yJ.Lcx-rcx 7tolijacxt, xtXt IL~ WG1ttp ol
IIu9cxy6ptLOt, xtXt ~ .oç(i)v dSWv datXy(o)~ 8tci rl)v lv •o!ç ).6.
yoLÇ lytve.oço ax!~tv (o[ ycip 7tp6npot 8tcxÀtx•ucTjç ou IL'•ti'·
x;ov), .oço 8& 8uá:8cx 7totTjCJtXl rl)y t.oçfptXV cpúaw 8tci •o •ouç
cipt6J.LoUÇ ~(o) -rwv 7tpw•(o)Y eúcpu(i)ç ~ cxthijç yewãa9cxt wa·
988" 1t&p lx "Ç\\IOÇ lXJ.Lcxye(oo. xa(-rot GUJJ.PtXCvtl r' lvcxv-r((o)ç ou
ylip eiD.oyov oÜ't(o)Ç. o[ !J.tY ycip lx .oçijç ÜÀTJÇ 1tollci 7tOLOüatv,
.Õ 8' &~OÇ cX1tCXe ye~ J.LÓ\IOY, cptX(\I&.OÇ(XL 8' tx j.l.~ ÜÀTJÇ
J.LÍ<X .oçpá:m~tX, ó 8& -ro d8oç l7ttcpép<.>v etç 6>v 1toÀÀciç 1tOtt!.
s ÓJ.Lo(6)ç 8' ex;tl xat •o &ppev 1tpõç -ro Oij).u· .oço JJ.&v yàtp
Ú1to j.l.t&ç 1tÀTJpoincxt ox;ettXÇ, 'tO 8' &ppev 1toÀÀci 1tÀTJpot·
XCXÍ.Ot 'tCXU'tCX J.LLJ.LTJJ.LCX.OÇCX 'tWY cipx;wv lx&(y(o)y l<n(v. IIÀá:·
METAfÍSICA, A 6, 987 b 16 • 988 o 7 37

outras, que diferem dos sensíveis, por serem imóveis c eternos,


c das formas, por existirem muitos semelhantes, cnq uanto cada
Forma é única c individuaL
Portanto, posto que as Formas são causas das outras coisas,
Platão considerou os elementos constitutivos das Formas como
os elementos de todos os seres. Como e1cmento material das 20
l'onHas ele punha o grande c o pequeno, c como causa formal
o Um: de fato, considerava que as Formas <c> os nllmcros de-
rivassem por participação do grande c elo pequeno no Umh.
Quanto à afirmação ele guc o um é substância c não algo
diferente daquilo a que se prcdica, Platão se aproxima mui-
lo elos pitagórieos; c, como os pitagóricos, considera os núme-
ros como causa da substância das outras coisas. F.ntrct<lnto, é 25
peculiar a Platão o fato de ter posto no lugar do ilimitado en-
tendido como unidade, uma díadc, e o fato de ter concebido
o ilimitado como derivado do grande c do pequeno. Platão,
além disso, situa os Números fora elos sensíveis, enquanto os
pítagóricos sustctam que os Números são as próprias coisas c
não afirmam os f<:ntes matemáticos como intcrmcdi<írios entre
aqueles<.: estas').
O fato de ter posto o Um c os Números fora das coisas, à 30
diferença dos pitagóricos, c também o ter introduzido as For-
mas foram as conseqüências da investigação fundada nas pu-
ras noções 111 , que é própria de Platão, pois os predecessores não
conheciam a dialética 11 . .iVIas, o ter posto uma dí<1de como na-
tureza oposta ao Um tinha em vista derivar facilmente dela, 988'
como ele uma matriz, todos os números, exceto os primciros 12 •
Entretanto, ocorreu exatamente o contrário, pois essa doutri-
na não é razoável. Com efeito, eles derivam muitas coisas da
matéria, enquanto da forma deveria derivar uma única coisa.
ivlas é claro que de uma única matéria se extrai, por exemplo,
uma única mesa, enqmmto o artesão que aplica a forma, mes-
mo sendo um só, produz muitas mesas. Tem-se aqui a mesma
relação que se tem entre macho c fêmea: esta é fecundada por 5
uma única cópula, enquanto o macho pode fecundar muitas
U:meas 0 . Estas são imagens ilustrativas daqueles princípios.
38 TQN META TA <I>Y~IKA A

-rw\1 ~&" oU\/ :rt.:.pt 'tw\1 ~TJ'tOu~t"w" oikw 8twpta.:.v· q>CX\I.:.p0\1 8'
lx 'tW\1 dP"l~t\IW\1 lkt 8uotv cxhícxw ~Ó\I0\1 xlX{)Tj't<XL, 'ti'j u
10 wü 't( lan xcxt 'ti'j xcx'tck ~ ÜÀTI\I ( -rck r«p dÕTJ wü 't( lO"tw
<Xt'tL<X 'tO!ç liÀÀOLÇ, 'totç 8' e.Lôe.at 'tÕ l\1), X<XL 'ttÇ -lj ÜÀTj 'Íj
Ú1tox.:.t~lWJ xcx9' Tjç -rck e.r871 ~&v l:rtl 'tW\1 cxlalht'twv 'to 8'
ê\1 l\1 w!ç .:.tôf.O't .Àtl'&'tcxt, Õ'tt ~ 8uríç lcrn, 'tO ~trcx xcxl
'tÕ ~txpÓ\1, l'tL 8(. 't'1i\l 'tOÜ f.U X<Xt 'tOÜ X<XxWÇ cxt'ftCX\1 wtç O"tOL·
I 1S xdotç cX:rtÉ.8WX&\I txcxúpotç f.xcx'tÉp<X\1, wcme.p q>tXf.Lt\1 xcxi 'tW\1
:rtpO'tÉpW\1 l:rtt~TI'tiíacxC 'tt\I<XÇ q>r.Àoa6q>W\I, otO\I 'E~:rtt8oxÃlcx
I xcxt 'AvcxÇcxrópcxv.

I, 7
li .I:uv-ró~wç ~t\1 oõv xcxi x.:.q>cxÀcxtw8wç l:rttÀTJÀú&cx~f.\1 't(v&Ç
I

u xcxi. :rtwç 'tUl'Xrívouaw dpTJxónç :rte.pC 'tf. 'tW\1 cipxwv


20 X<XL 'tiíç cXÀTj9dcxç l)~ç 8e 'tOGOÜ'tÓ\1 l'' lX0~\1 lÇ <XÔ'tWV,
Õ'tt 'tw\1 Àe.l'Ó\I'tW\1 :rte.pi cipxijç xcxt cxhCcxç oô9dç EÇw 'têiW lv
wtç :rt.:.pi q>ÚO'f.wç -lj~í\1 Stwpta~tvw\1 f.LP"lxt\1, cXÀÀck 1tiÍ\I'tf.Ç
~u8pwç ~&" lxdvwv 8l :rtwç q>cx(vO\I't<Xt 9trrrí\lo\l't.:.ç. o{ ~ev
r«p wç ÜÀTJV 't'llv cipx~v Ãlrouat\1, &v u ~(ex" 4" u :rtÀ.:.íouç
2s Õ:rto9wat, xcxi lcív u aw~cx lrív 'tf. ciaw~<X't0\1 wÜ'to 'tt9watv ( otov
IIÀIÍ'tw\1 ~t\1 ..0 ~trcx xcxl 'tO ~txpõv Ãtrw\1, ot 8' 'hcxÀtxoi.
'tO &:rte.tpO\I, 'E~:rt.:.8oxÀijç 8i. :rtüp xcxt 'Yií" xcxi ü8wp xcxl
cilpcx, 'A\lcxÇcxrópcxç 8& Til" 'tw\1 ó~oto~pw\1 cX:rt.:.tpCcxv· OÕ'to(
u 8~ :rtCÍV't&Ç 'tiíç 'tOL<XÚ'tT}ç cxl'tCcxç f)~~lvot e.laí, xcxi t'tt 8aot
30 cXÉp<X f\ :rtüp f\ ~wp +i :rtUpoç ~t\1 :lt\JX\16-te.pO\I citpoç Se Àe.mó-
up0\1' xcxi rckp 'totoÜ't6\l 'tt\lf.Ç dpftxcxaw d\lcxt 'tO :rtpw'tov
O"tOt Xf.ío\1) • - oúwt ~t\1 oÕ\1 'tCXÚ't'l}Ç 'tiíç cxhCcxç -ij~CX\I'tO ~óvov,
iupot 8& 'tt\IE.Ç 69.:.v -lj cXpX~ 'tiíç xtvi)Q'f.(l)ç ( otov õaot ~r.Àícxv
METAFÍSICA, A 6/7, 988 a 8. 33 39

Platão, portanto, resolveu desse modo a questão que estamos


investigando.
Do que dissemos, fica claro que ele recorreu a npenas duas
~ausas: a formal c a material. De fato, as Idéias são causas for- 10
mais das outras coisas, c o Um é causa formal das Jd~ias. E à
pergunta sobre qual é a matéria que tem a função de substrato
do qual se predicam as Idéias -no âmbito dos sensíveis-, c do
qual se prcdic:a o Um- no âmbito das Idéias-, ele responde que
é a díade, isto é, o grande c o pcqucnoH.
Platão, ademais, atrihuiu a caus<l do hem ao primeiro de
seus elementos c a causa do mal ao outro, como jéí tinham tcn- 15
tado fazer- como dissemos- alguns filósofos anteriores, por
exemplo Empédocles e i\naxágoras 15 •

7. [Recapitulação dos resultados do exame das doutrina8


dos predeeessores./ 1
De modo con<:iso c sumário examinamos os filósofos que
discorreram sobre os princípios c a vcrdadc, c o modo como o
fizeram. Desse exame extraímos as seguintes conclusões: nc- 20
nhum dos que trataram do princípio c da causa falou de outnls
c:ausas além das que distinguimos nos livros da Fí.~ica 2 , mas to-
dos, de certo modo, parecem ter acenado justamente a elas, ainda
que de n1ancira c:onfusa.
(I) Alguns, com deito, falam do princípio como matéria, quer
o entendam como ünico quer wmo múltiplo, quer o
afinncm como corpóreo quer como incorpóreo. Platão, [X>r 25
exemplo, pf>c como prindpio material o gmndc c o peque-
no, enquanto os itálicos põem o ilimitado', e Empédodcs
afirma o fogo, a terra, a água c o ar, c Anaxágoras a infini-
dade das homcomerias. Todos esses pensadores entrevi-
ram esse tipo de causa. F também os que afirmaram como
princípio o ar~ ou a água; ou o fogd• ou um elemento mais 30
denso do que o fogo c mais sutil do que o ar: com efeito,
há quem afinnc que assim é o elemento primitivo7•
(2) Enquanto esses filósofos entreviram só essa causa, outros
entreviram a causa motora; assim, por exemplo, os que
40 TON 1'1ETA TA <!>Y1:1KA A

XOtt \ltLXOÇ ~ \IOÜV +j lp<.>'tOt ltOWÜtn\1 cXpxfly) ' W 8& 't( ~ tl\IOt\
JS XOtt 'tT!v oúa(Otv aatcpwç ~" oúOdç <i2to8t&lxt, ~\a'tOt 8' o[ 'tcX
988 b tt&, 't\6tVUÇ Àt-youaw ( OO'tt -ydtp c!>ç ÜÀ.ll\1 'tOrt; Otl~otç 'tcX
tt&, XOtt 'tO iv 'totç tt'Srow oúO' 6>ç tV'ttüOtv 'tT!v Õt('XTj\1 'tijç
X\VÍj<Jf.<a>Ç 'YL"f"O!Ú'\ITI\1 Ó1tOÀ.Ot!J.~fX\IOU<Jt\l- cbU\IllGÍOtÇ -yàp Ott'ti.Ot
!J.aÀ.Àov XOtt 'tOÜ ev 1}pt!J.(~ f.tvatt cpatatv- dt).).à 'tO 't( ~ tlYOtL
' lxficn<t> 't00\1 &).).(J)\1 'tcX tt'Sl'l 2tOtptXO\I'tOtt, 'tOtç 8' tt'Stat w
iv) · 'to 8' ou tvtXOt atf 2tp~t~.t; XOti cd IJ.t'tOt~Àatt XOtt at{
xtvf)attç 'tp61tov !Jiv 'tt\IOt Àt-youcnv Ott'ttO\I, Otrt(J) 8& oõ Àt-you-
aw oõ8' <>V2ttp mcpuxtv. o[ ~" ràp vow Àt-yoV'ttt; +i cptÀ(Otv
c!>ç dt-yat6àv ~" 'tOtÚ'tOtç 'tcXÇ Ott't(Otç 'tt0f.Otaw, oõ !J.Tj\1 c!lç
10 tYf.XcX 'Yf. 'tOÚ't(J)\1 ~ Õ\1 +j 'YL"f"6~J.&VÓ\I 't\ 't00\1 ÕV't(J)\1 ÕtÀÀ' c!>ç
Ot2t0 'tOÚ't(J)\1 'tÕtç XLVÍJaf.I.Ç oCíaOtt; Àt-youat\1' c!>ç 8' OtÚ't(J)Ç XOtl
o{ 'tO t\1 ~ 'tO 0\1 (fcXCXOV'tf.Ç tlnt 'tT!v 'tOLOtÚ'tl'IV cpúat\1 'tijç
!J.tY oÕCCotç Ott'ttÓ\1 CfOtCLV t{V«t, o0 !J.TjY 'tOÚ'tOU 'Yf. t\lf.XOt ~ tlVOtt +j
rC"f"taOOtt, w<ttf. ).&-yttv n xatt ~J-71 Ãl-yttv 1t(J)Ç au~J.~OtCvtt Otú-
u 'tOLÇ 'tOt-yOt0ov Ott'tWV' oÕ -yàp &ltÀ.ooç <iÀ.ÀÕt XOt'tcX GUIJ.~f.~llxOt;
).€-youatv. - &rt !J.&v OU\1 opO&>ç 816>pt<tt0tt mpt 'tOOV Otl'tLc.l\1 XOtt
2t6a0t XOtL 2tOÍOt, IJ.Otp-tUptív io(XOtcw Ti!J.!Y XOtt oÕ'tot 'IÇcXV'tf.t;,
oõ 8uvli~J.tvot Ot-yt!v &U11ç atl'tCatç, 'IÇpoç 8& 'toÚ'to~.t; &rt ~l'l'tl'l·
'tf.Ott Ott cXp:XOtt ~ O~'t(J)Ç &2t0tCOtt ~ 'ttvcX 'tpÓ'IÇO\I 'tOLOÜ'tO\I, 8~ov·
zo 2twç Sê 'tOÚ't(J)\1 tXOt<ttoç tipTtxt XOtt 2twç lxtt mpt "toov dtp:xwv,
'tcXÇ ev8t:XO!J.t'oi«Ç <i2top(Otç IJ.f.'tcX 'tOÜ'tO 8tl).0(J)!J.tY "~Çtpt OtÚ'twv.

8
uoaot !J.t'ol oõv t\1 n 'tO 2têiV XOtL !J.COt\1 'tLvcX cpúat\1 c!lç
ÜÀ71v 'tt0tOten, xatl 'tOtÚ'tl'l\1 a(J)IJ.Ot'tl.XTj\1 XOti !J.É-yt0oç l:xouoOtV,

--------------------------------~-------------------- ..

METAFÍSICA A 7/8, 988 a 3.4- b 23 .41

afirmam como princípio a Amizade c a Discórdia\ ou a


Inteligência", ou até mesmo o Amor 1n_
(3) Nenhum deles, entretanto, explicou claramente a essência
e a substância 11 • Contudo, os que afirmaram a existência de 35
Fom1as 12 cxplicaramJilais do que todos os outros. De fato, 988~
eles não consideram as Hmnas como matéria das coisas
sensíveis nem o Um como matéria dc.1s Formas; tampouco
consideram as Fonnas como princípio de movimento (elas
são, segundo eles, causa de imobilidade c de repouso)".
r1es apresentam as Formas como essência de cada uma s
das coisas sensíveis, c o Um como essência das Fonnas 14 •
(4) Quanto ao fim pelo qual as ações, as mudanças c os movi-
mentos ocorrem, de certo modo eles o afim1am como cc.m-
sa, mas não dizem como c nem explicam suc.1 natureza. Os
'-jUC afirmam a Inteligência ou a Amizade admitem essas
causas como bem, mas não falam delas como se fossem o IO
fim pelo qual alguns dos seres são ou se produzem, mas co-
mo se delas derivassem os movimentos". Do mesmo modo,
também os que afitmam que o Um co Ser são bem por sua
natureza, dizem que são causa da substância, mas não di-
zem que s..'io o fim pelo qual algo é ou se gera. De modo que,
em certo sentido, eles dizem c não dizem que o bem é
causa. Eles, de fato, não afirmam de modo cldinifitivo que 15
o hem é causa absoluta, mas o afirmam aciclcntalmcntc 1 ~.
Portanto, parece que todos esses filósofos atestam que nós
definimos com exatidão o número c a natureza das causas, na
medida em que eles ni'ío souberam exprimir outras. t\demais, é
evidente que se devem estudar todos os princípios nesses <qua-
tro> modos ou em algum desses <quatro> modos 17 •
Feito isso, devemos passar a examinar as dificuldades que 20
podem se apresentar sobre o modo pelo qual cada um desses
filósofos se expressou e sobre a posição assumida por eles rela-
tivamente aos princípios.

8. {Crítica dos filósofos naturalistas, monistas e pluralistas] 1


(I) f~ evidente que erram em muitos sentidos os que afirmam
o todo como uma unidade e postulam como matéria uma reali-
dade única, corpórea c dotada ele grandcza 2•
42 TClN ME.TATA<llYLIKA A

87í).ov õ·n 1tOÀÀcxx&c; cXIJ.<Xp'tCÍVOuaw. 't&v yclp aw!J.&'twv 'tcX


crto~xCtcx 'tt9&cxat fLÓvov, 't&v 8' <XawjJ4'twv oü, Õ'll'twv xcxt <Xaw-
25
jJ4'twv. xcxt 'ltef'L ye.vicrewc; xcxl q~Oopiic; lmxe.tpoü'll'ttc; 'tcXÇ
cxl'túxc; Àlytt'll, xcxl mpl 'ltá;'ll'twv tpuatoÀoyoÜ'II'ttc;, 'tO 'tiíc; xtvf)-
aewc; cxi.''ttov <Xvcxtpoüaw. l'tt 8t 'tcf> -rl]v oõaúxv IJ.T)9tvoc; cxl'tCcxv
'tt9t'IICXL IJ.T)8t 'tll 'tÍ ia'tt, X<XL 1tpoc; 'tOÚ'tOtÇ 'tc'i) p~(wc; 't&'\1
30 <Í1tÀ&'II O'WIJ.~W'II Àtye.w <ipx~v Ó'tto6v 1tÀT)v -yilc;, oúx lmaxt·
~CÍIJ.t'IIOL Ti)'\1 ~ cXÀÀfjÀW'II ytVf.O'L'\1 'lt(;)c; 1tOLOÜ'II'tCXL, Àiyw 8t
xüp xcxt 68wp xcxi. yifl xcxt ci&pcx. 'tcX fLtV yclp auyxp(ae.t
'tcX 8t ÔtcxxpCatt lÇ illi)Àwv ytyvt'tcxt, 'tOÜ'to 8& 1tpõc; 'to 1tp6-
'tepov t!vcxt xcxt Üanpov Ôtcxtptpe.~ 'ltÀt!O"tov. 't'ij ~v yclp &v
35 86Çe.te. O"tOt)(ttw8ta't<X'tO'II e.Ivcxt 1t<Í'II'twv lÇ oú y{yvo'll'tcxt auyxp(-
989" att 'ltfJW'tOU, 'tO~OÜ'tOV 8t 'tO IJ.~O!J.tpia'tcx'tOV xcxi. Àt1t'tÓ'tCX'tOV &v
ti.'T) 't(i)\1 O'WIJ.cX'tW'II (Ôt61tep ÕO'Ot 1tÜp &pxirJ 'tt9tcxat, !J.á;Àta't<X
Ó!J.oÀoyou!J.&Ywc; &v 'tcf> Àóy~ 'tOtht{) Àé.yo~e.v· 'totoÜ'tov 8& xcxi.
'tW\1 !ÀÀwv lxcxa"toc; ÓIJ.oÀoytt 'tO crtOL)(ttov e.!vcxt 'tO 'tWV aw·
s IJ.<Í'tW'II" oú9ti.c; yoüv ~Ç(wcre 'twv ~v Àtyó'll'twv yiív e.tvcxt
crtOt)(tLOV, 81)ÀOVÓ'tt 814 'ti]v !J.tycxÀOfLtptLCXV, 'tWV 8t 'tfJLWV
lxcxa"tov O"to~xdW'II dÂT)tpé. 'ttvcx xptnív, o[ !J.tV yclp xüp ot 8'
ü8wp ol ô' <ilpcx 'tOÜ't' e.Ivcx( tpcxatv· xcxhot 8ux 't( 1tO't' oú xcxl
"tT)v yiív Àé.youatv, wcnttp ol 1tollol 'têi>V civ9pw7tWv; 'lt<Í'II't<X
to yclp e.tvcx( tp<Xat yiív, tpT)at 8& xcxt •Haío8oc; -rl]v yiív 1tpW·
't1)'11 ye.vlaOcxt 'tWV awfLá;'twv· OÜ'twc; cXp)(CXÚX'II X<XL 8T)IJ.O'tt·
x~v O'UfL~&Ihlxe.v e.Ivcxt 'tT)v Õ'ltÓÀT)~L'II) • - xcx'tà ~v oúv 'tOÜ·
'tOV 't0\1 ÀÓyov OÜ't' !L 'ttÇ 'tOÚ'tWV 'tL Àtytt 1tÀ~V 1tUpÓc;,
oÜ't' el' nc; ci&poc; IJ.EV mncv6npov 'tOÜ'tO 't(&rjaw U8cx'toc; 8&
META~iS:CA. A 8. 988 b 2.4 · 989 c 14

( 1) De fato, eles postulam apenas os elementos das realida-


des corpóreas c não das incorpóreas, que, entretanto, 25
também existem'.
(2) Ademais, embora tentando indicar as causas da gera-
ção c da corrupção, e mesmo explicando todas as cois<lS
do ponto de vista da natureza, eles suprimem a causa
do movimento-+.
(3) Além disso, erram porque não põem a substância c a
essência como causa de alguma coisa;.
(4) Fi nalmen tc 6, erram também porque postulam como pri n-
cípio, de maneira simplista, algum dos corpos simples,
exceto a tcrra 7, sem rcAdir sobre o modo como estes- 30
ou seja, o fogo, a água, a terra c o ar-se geram uns dos
outros. De fato, esses dcmentos se geram uns dos outros
às vezes por união, outras por separação, o que é de enor-
me importância para estabelecer a anterioridade ou a
postcrioridade de cada elemento. Com efeito, (a) de de-
terminado ponto de vista, parece ser elemento mais ori-
ginário do que todos os outros o primeiro a partir do qual 35
se gcmm todos os outros, por um processo de união; mas
esse elemento deveria ser o corpo composto de partícu- 989'
las menores c mais sutis. (Por isso, todos os que põem o
fogo como princípio falariam de modo mais conforme
com esse modo de raciocinar. Mas também todos os ou-
tros filósofos reconhecem que o elemento originário dos
corpos deve ser desse tipo. De fato, nenhum dos que ad-
mitiram um único elemento considerou que ele fosse a 5
terra~, evidentemente pela grandeza de suas partes. Ao
contrário, cada um dos outros três elementos encontrou
algum defensor. Pois alguns dizem que esse elemento é
o fogo, outros a água c outros ainda o ar. E por que razão,
senão por esta, nenhum escolheu a terra como elemen-
to, como faz a maioria dos homens? De fato, estes dizem 10
que tudo é terra, c também Hcsíodo'1 diz que, dos quatro
corpos, a terra foi gerada primeiro, tão antiga e popular
se revela essa convicção!). Portanto, com base nesse racio-
cínio, não acertaria quem dissc~sc que é originário outro
elemento além do fogo, nem quem pusesse como origi-
HlN META TA <I>Y!IKA A

1~ Àtm6<ttpov, oux 6p9wç &v Àéyo~ • d S' latt 'tÕ 'r(í yevécn~
Üaupov 'tfj cpúaet np6tepov, to Si 7t&7t&f.Lf.LÉVOV xat auyxe-
xptf.LÍvov Üatepov 'tií yevécnt, <tOÔV<XV'tWv &v d'fl <toth<aW, ü&>p
.Uv &:époç npó-tepov "(ií Si iíSatoç. -nepl 1-Lev oõv <tWV f.LCav
<tt9&!J.ÉV(s)v ah(av ot'av e!nof.L&V, lat<Jl <t<XÜ't' d~va • <tO S'
20 <XÕ<to xâ.v d' ttç <t<Xii<ta nÀ&E<al <tE9'1)atv, o!ov 'E~tneooxÀ~ç <tt't·
<tapá <p'I)Otv etvat o~f.L<X<t<X 't"')v ID.fl\1. xal y~p "tOÚ't(t) 't~ .Uv
't<Xu't~ 't~ 8' t8ta OU!J.~Cvew &:V<iyX'I). ytyv6f.LtvCÍ n y~p lÇ
&:ÀÀ'Í)À<alV ÓpW!J.&V WÇ OUX tXet St<X!J.ÉVOV'tOÇ m.~pÕÇ X<Xt "(ÍÍÇ 'tOÜ
aÕ'toü O~f.L<X'tOÇ ( &!Pfl<t<X~ S! lv <torç nepl <pÚCJf.(J)Ç nepl aÔ'twv),
2S X<Xt 1ttpl 't'i\ç 'tWV XLVOU~V(J)V ah(aç, n;Ó'r&pov êv i\ Súo 9t'l:tov,
oü1:' 6p9wç oÜ<t& eÕÀ6ywç olfl<tÉov dp~a9at MV<t&Àwç. ÕÀwç n
&:ÀÀo(watv &:vatpera9at &:vcíyx'l) <tO!ç oütw Àé.youatv· oõ yàp lx
9&p!J.OÜ cpuXPOV ouSà lx cpUXPOÜ 9ep~ EG't<Xt. 'tL y~p <XÔ'tcX &v
1tcXaxOt <t&:vav't{<X, X<Xt <tlç tf'l) â.v f.LLcx <pÚOLÇ i) ytyYOJ.I.ÉVfl
:JO 7tVp xat ü8(A)p, ô lxe.rvoç oü <p'l)otv. 'Av~ay6pav 8' e! 'ttÇ
Ú'lroÀCÍ~t Súo Àéyetv atOtX&b, f.LCÍÀtat' &v únoÀCÍ~ot X<X'I:cX
À6yov, ôv lxe.rvoç au<toç f.LEV oõ 8t1tp9p<alcnv, -l)xoÀoú9'1}ae f.LéV"t'
&v lÇ &:vcíyX'I)ç <to!ç l:cíyouatv ath6v. tX<tÓ1tou y&:p l>vtoç xal
cllÃwç wü cpcíaxetv f.Lt!Lt'x&at 't1)v &:pxf)v ncív'l:a, xal St~
989b 1:0 OUf.L~aCvetv !~ttxta 8erv :poü:cípxetv xal St&: <to ILTt
m<puxévat 1:4) -rux6vtt f.Lt'YWa9<Xt 1:0 'tOXÓV, npõç 8! <tOÚ'tOtÇ
l.ítt 't~ :&:9'1) xal '1:~ 0\.lf.L~&!hlxó-ra xwpCCot<t' &v 'tWv oua\Wv
(<t6>v yàp au<tW\1 f.L'tÇ(ç latt xal X<alPLOf.LÓÇ), Õ!J.WÇ &i' <ttÇ &:xo-
METAFÍS:CA., A. 8, 989 o l 5- b 4 45

nário um elemento mais denso elo que o ar, porém mais


sut.il do que a água 1". Ao invés, (b) se o que é posterior 15
por gcra~âo é anterior por natureza, c o que é misturado
c composto é posterior por geração, então seria verdade
justamente o contrário do que se disse: a ~gua seria an-
terior ao ar c a terra à água 11 •
Sobre os filcísofos que postulam uma causa única baste o
que disscmos 12 •
(11} As mesmas observações valem para quem admite um
número maior de elementos. (!\) Valem, por cxt:mplo, para Em- 20
pédoclcs, ()Ue afirma os quatro elementos como matéria. Com
efeito, também ele incorre necessariamente em dificuldades, al-
gumas das quais são as mesmas em que incorreram os outros
pcnsadorcsn, outras, ao contrário, são próprias dele.
( l} Com efeito, vemos que os "quatro elementos" geram-
se uns dos outros, o que significa que o mesmo corpo
não pcnnanccc sempre fogo c terra 1f (c disso falamos
nos outros livros sobre a natureza) 1'.
(2) E também é preciso di1.cr 4ue ele não resolveu correta- 25
mente nem de modo plausível a questiio de se dcvt:rnos
postular uma só ou duas causas dos movimcntos 1 ~.
(3) Em geral, 4ucm fala desse modo elimina neccss<Hia-
mcntc todo processo de altcraçflo. De fato, niio podcr;í
haver passagem do quente ao úmido, nem do úmido ao
gucntc: nesse caso deveria haver alguma coisa 4uc rece-
besse esses contdrios, c deveria haver umn natureza úni-
ca que se tornasse fogo c <ígu<l, ma!i Empédocles não
admite isso 1'. 30
(B) Quanto a Anaxágoras, pode-se admitir que ele <1firma
dois elemcn tos 1\ sobretudo baseando-nos numa consideração
que ele mesmo nãn fez, más que forçosamente fcuia se a isso
fosse levado. Com deito, é absurdo <I firmar que todas as coisas
estavam misturadas na origem, além de outras razões, também
por(jUC elas deveriam preexistir não misturadas 19, c porque nem 989''
todas as coisas podem, por sua natureza, misturar-se com todas
as outras 21 '. Além disso, também porque as afccçôcs c os aciden-
tes poderiam ser separados das substâncias (de fato, aquilo que
se mistura pode também se separar)2 1• Pois bem, não obstante
46 T!lN iV1ETA TA <'lYIIKA A

' Àou0'Í)cUU OUV814p0pwv &; ~OÚÀt'tCXt ÀéytLV, fawc; !v <pCXVt(Tj


XCXLV01tpt7ttCJ'dpwc; Àéywv. Õn y&p ouO~v ~ li1tOXtxptj.LtVOV,
lili 8i}Àov wc; oõO~v ~ cXÀTjO~c; d7ttLV XCX't& 'tijc; oõaícxc; lxeCVTjc;,
Àéyw 8' o!ov IS'tt oün Àeuxõv oCSn JL&Àcxv i\ cpcxtov i\ liÀÀo
li
XPWJLCX, ill' <iXPWv ~v lÇ &v<iyx'l)ç e!xe y<Xp !v 'tt 'tOÚ-
I lO 'tWV 'twv :xpw!J4'twv • ÓJLo€<.>c; 8E. xcxt &xuJLOV 'têi) cxÕ'têi)
Àóy~ 'tOÚ'tCf>, oõ8i. &llo 'twv Ó!J.o(wv oõO&v· oün y&p 1tor.6v 'tt
ot6v 'tt cxÕ'to e!wt oün 1toaõv oun 'tt 'twv y&p lv JL&pet 'tt
ÀtyOj.LéVWV d8wv Ú7tijpxe.v &\1 CXÚ'têi), 'tOÜ'tO 8~ liÔÚVCX'tOV j.Lt-
JLL'YJLiVWV yt '1tcXV't6>V• -ij8'1) y&p &\1 li1ttxéxpt'tO, cpTjCJL Ô'
U tfvcxt IJ."IJ.L'Y!lé.Vcx 1tcXV'tCX 1tÀ7jv 'tOÕ VOU, 'tOÜ'tOV 8e lij.Ltyij j.L6vOV
xcxt xcx0cxp6v. lx 87) 'tOÚ'tWV <ru!J.~cx(vet Àéyttv cxÕ'têi) 'tàç
&pxàç 't6 u f:v ('tOU'tO y&p «7tÀo6v xcxt li~J,tyéc;) xcxl 6<inpov,
o!ov 'tt0t~J,tV 'tO &6pta-tov 7tplv ópta&rjvcxt xcxt JL&'tcxCJXti'v e'Laouc;
'ttv6c;, ClCJte Àéytt 11~v oCS't' 6pO<i>c; oün acxcpwc;, ~oÚÀt'tcxt JLéV"tot
20 'tt 1tcxpcx1tÀ'Í)cstov 'totc; n Üa-tepov Àéyouat xcxl 'to!c; wv <pextvoj.Lé-

votc; !J.«llov. -roa y&p oihot ~v 'totc; 1ttpl yévtatv À6yotc;


xcxt cpOop&v xcxt x(VTjatv olxei'ot wrx<ivoucst ~J,6vov (axeôov
y&p 7ttpl 'tijc; 't014Ú't'l)c; oõaCcxc; xcxl -"tàç &px&c; xcxt 't&c; cxh(cxc;
~'l)'tOUGt !J,6\1Tjc;) • Õaot 8~ 1ttpl j.Uv «'1tmWV 't<i>V ~V't(I)V 1tOtOÜV'tcxt
2' "t1lv Oewp((m, 'twv 8' ÕV'twv 'tcX JL~V cxla0Tj'tà: 't& 8' oõx cxlaOTj'tà:
'tt0écxat, 8'ijÀov wc; 1tepl lij.LcpO'tépwv 't<i>V yev(i)v 1tOtOÜV'tCXt "t1iv
l7t(axe~tv· 81.à 1J4llov &v 'ttc; lv8t.a'tp(~ete 1tepl CX'Õ'twv, 'tt
xcxÀWc; i\ IL'il xcxÀwc; Àéyouow de; "t1lv 't<i>v viiv ~IJ.LV 7tpoxet-
!lévwv axé~tv. o[ IJ.EV oõv xcxÀoÚJLevot Ilu0cxy6petot 'tcx!c; !J.tV
lCI &pxcxrc; xcd 'totc; cs'totxdotc; lx't0'1t(l)'tépotc; XP(i>V'tcxt 't<i>v cpuato-
MHAFÍSICA, A 8, 989 b 4 • 30 47

isso, se alguém seguisse seu pensamento, explicitando o que ele 5


pretendia dizer, talvez mostraria alguma nm~dade. De fato, quem-
do nada ainda estava separado, evidentemente nada de verdadei-
ro em possível afirmar dessa substância. Por exemplo, não era pos-
sível dizer que fosse branca, ou preta, ou cinza, ou de outra cor;
da devia necessariamente ser incolor, caso contn1rio deveria ter
alguma dessas cores. Analogamente, c pela mesma razão, ela não 10
deveria ter nenhum sabor, c não deveria ter nenhuma dctcrmina-
c.;<io desse tipo, pois não é possível que cl<l fosse uma determinada
qualidade, ou determinada quantidade ou dctcnninada essência.
Nesse caso, nela deveria existir uma forma particular, o que é im-
possível, já que tudo estava misturado. De fato, essa forma já dc-
\'cria estar separada, sendo que Anaxágoras afirma que tudo csta-
\'a misturado, exceto a Inteligência, c lJUC scí esta é pura c cncon- 15
I ra-se fora ela mistura 21 • De tudo isso resulta que Anaxágoras aca-
ba por afirmar como princípios o Um (este, de fato, é puro c sem
mistura) c o Diverso, que corrcspondc ao elemento que postula-
mos como indeterminado, antes de ser dctcm1inado c de partici-
par de alguma Forma. De modo que Anaxéígoras não fala nem
com exatidão nem com darc7a, mas o que pretende dizer é seme-
lhante ao que dizem os filósofos posteriores c corrcsponclc me-
lhor às coisas como se nos aprcscntam 22 • 20
Na realidade, CS!)CS filósofos, com seus discursos, rcfercm-
~c unicamente à gcra~~ão, à corrupç~o c ao movimento, pois
pesquisam quase cxclmivamcntc os princípios c as causas desse
tipo de substâncian.
(111) l\o contrário, os que estendem sua especulação a todos
os seres c admitem tanto a existência de seres sensíveis como a
de seres não-sensíveis, evidentemente aplicam sua pcs<]Uisa aos 25
dois gêneros de scrcsN. Por isso devemos nos voltar prioritaria-
mente para eles, em vista de estabelecer o que está correto c o
que não está, com rela~:ão à pesctuisa que agora empreendemos.
( 1) Os filósofos chamados pitagóricos2; valem-se de princí-
pios e de elementos mais remotos do que os princípios
físicos dos naturalistas, e a razão disso está em que eles 30
não os extraíram das coisas sensíveis; de fato, os entes
matemáticos, exceto os relativos à astronomia, são sem
TllN META TA <!>YIIK1\ A

À.6y(I)V ('tO S' <Xt't~0\1 &tt 1C<Xp&À<X~OV <Xth&ç oÕX &e cx[a&rytwv·
't~ y~p 1J46'r)IJ.<X'ttX~ 'tWV 6V'tWV cXvtU XtvTtatW~ tatw ~(I)
'too\1 1Ctpl Ti)v !lcrcpoÀoy(<Xv), St<XÀÉ.yOV't<Xt 1J.€V'tOt xcxl. TCPCX"f!J.CX·
nÚOV't<Xt 1Ctpl q~úo~ TC<ÍV't<X' ytw&la( n y~ 'tOv oõpcxv6v,
9~" XCIL "Ktpt 't~ 'tOÚ'tOU !J.É.p'r) X<XL 't~ -ná:&r) X<XL 't~ lpycx 8t<X't'Tl·
poüat 'to au~cxivov, xcxl ~ &px&t; mt 't~ <Xt'tt<X d~ 't<XÜ'tcx
x«'tcxv<XÀ(axouatv, 6>~ Ó!J.oÀ.oyoÜ\1'1:~ 'tOt~ ãUo~ tpua~oÀ6yo~
Õ'tt 'tÓ ye ôv <toi:i't' la·dv lSaov cx[a9'r)'tÓV ta'tt xcxl 1Ctpu. 0.'r)tptv o
' x«À.OÚIJ.tVO~ OUp<XVÓ~. 't~ 8' cx['t(~ X<XL 't~ fipx~, Cxnttp
et-nO!J.tV, lxotv&ç Àéyouo~v lTC<Xvcx~fívcxt xcxl t'I'CL 't~ tXV(I)'t€p(l)
'tWV 6\l'tW\1 1 X<XL ~ÀOV 1\ 'tO'ü; 'Ktpl tpÚ~ À.Óyot~ <Íp!J.O't·
'tOÚa~. lx 1:Cvo~ IJ.É.V'tot <tpÓTCou x(V'r)~ la't<Xt TC€pcx<toç xcct
liTCe(pou jJ.Ó\1(1)\1 ÚTCOXttjJ.É.VWV ml 1CtptffOÚ X<XL fip<t(ou, ou6f.v
10 ÀéyouaLV, 1\ milç 8uv<X'tOV ãvtu x~vftotW~ xcxl IJ.E.'tcx~oÀ7jç yé-
watv tLV<Xt mt q~6o~v i\ 't~ 1:oov tptpOIJ.É.V(I)\1 lpycx x«'t~ 'tOv
oõpcxvóv. i<tt &f. ttn SoC11 't~ cxÕ'to'Lç lx 'tOÚ't(I)V dvcxt IJ.É.yt&oc;
efn 8etJ(9tÍ'r) 'tOÜ't0 1 ÕIJ.(I)~ 'tÍV<X 'tpÓ'I'COV la't<XL 't~ !J.tV XOÜ!p<X
<t~ &e ~á:po~ lxOV'tcx 1:ci)v a(I)IJ.<Í't(l)\1; lÇ wv r~ ú-nO"tC6eV"tcxt
u xcxl À.éyouatv, oõ&ev !J.aUov TCtpl 1:ci)v JLCX&'rl!J.<X'ttXOOV Àéyouat
O'(I)IJ.<Í't(l)\1 1\ 'tWV cxlo6'r)'tci)v· Sto 1Ctp1 1tUpo~ i\ "(ii~ i\ 'tci)V
ãÀ.À(I)V 't6l\l 'tOLOÚ'tWV OWIJ.<Í't(l)\1 008' MtOW tlpo{pt<Xat\1 1 éin OÕ6f.v
1ttpl 1:oov cxla6'r)'t00\l o{f.Lcxt yoV't~ i8tov. l1:t Se 1t~ Ser
À<X~etv cxf'tt<X (Jlv ttV<Xt 1:~ 'tOÕ &pt&!J.oú 7t<Í61) xcxt 'tOv !lpt&(J..Õv
20 'tWV X<X't~ 'tOv oõpcxvõv W'tWV ml ytyvojJ.É.vwv xcxt tÇ !lpxTic;
xcxl wv, &pt01J.ÕV S' ãUov 1J.'rl0€vcx e!vcxt TCcxpci 1:0v !lpt&!J.ov
I 'tOÜ't0\1 !Ç oú auvécrc'r)xev ó XÓO!J.OÇ; lS1:cxv y~ lv 't~St !Jlv 'tê!>
·li IJ.É.pet S6Çcx mt xcxtpo~ cxÕ'tO'Lç ti, IJ.LXpOv 8e ãv~tv i\ xá-
I' 't(l)6tv &SLXCcx xcxl. xp(ot~ i\ IJ.'tÇ~. !l7t6SetÇtv Sf. ÀÉ.y(l)atV &tt
I
I 25 'tOÚ't(l)\1 jJ.e\1 tX<XO"tOV tXpt61J.~ ta'tt, GUIJ.~cx(vet &f. XCX't~ 'tOV

~------------------------------~ .................... ~-·


METAFÍSICA. A 8, 989 b 31 · 990 a 25

movimento. Não obstante, eles discutem c tratam de ques-


tões relativas exclusivamente à natureza. De fato, descre-
vem a gênese do céu c observam o que decorre para as
suas partes, para suas caractcrístícas c para seus movimen- 990··
tos, c esgotam suas causas c seus princípios na explicação
dessas coisas, como se estivessem de acordo com os outros
filósofos naturalístas, em que o ser se reduz ao sensível c
ao que está contido no que eles chamam céu. Mas, como
dissemos, eles postulam causas c princípios capazes de s
remontar também aos seres superiores, c que, antes, se
adaptam melhor a estes do que às doutrinas física~ 2 r•.
(2) Por outro lado, eles não explicam como se pode produzir
o movimento, na medida em que postulam como subs-
trato só o limitado e o ilimitado, o ímpar c o par; c tmn-
pouco explicam como é possível que, sem movimento 10
c mudança, existam a geração c a corrupção c as revolu-
ções dos corpos yuc se movem no céu 27 .
(3) Ademais, mesmo concedendo a eles que a grandeza deri-
va desses princípios, c se pudéssemos demonstrar isso, con-
tinuaria ainda sem explicação o fato de alguns corpos se-
rem leves c outros pesados. De fato, os princípios que pos-
tulam c h1z.cm valer referem-se tanto aos corpos matcmá- 15
ticos quanto aos corpos sensíveis. Por isso, se não disseram
absolutamente nada sobre o fogo nem sobre a terra nem
sobre outros corpos como estes é porque- a meu ver-
eles não têm nada de peculiar a dizer sobre os scnsíveisz~.
(4) Finalmente, como se deve entender que as propriedades
do número c o número são causas d<JS coisas existentes
no universo e das coisas que nele se produzem desde a 20
origem até agora, c, de outro lado, como entender que
não existe outro número além do número do qual é cons-
tituído o mundo? De fato, quando eles dizem que em
determinado lugar do universo encontram-se a opinião c
o momento oportuno e que um pouco acima c um pou-
co abaixo encontram-se a injustiça e a separação ou a
mistura, c para provar afirmam que cada uma dessas
coisas é um n(tmcro (mas depois ocorre que nesse mes- 25
mo lugar do céu já se encontre uma multidão de grande-
li
50 TON META T;, <DYIJKI\ A

tó'ltov toütov ií8-tJ 7tÀ:ijOoç trvoc~ twv auvtatcx!J.tV<a)v IL''Y'Owv 81.à


tà t& 7tcX01} tcxútcx &xoÀouOtrv totç tÓ7tou; ixáato~.t;, 'ltÓttpov
oihoç ó cxÕtÓÇ latt\1 <kptO!J.6ç, ó lv t{il oõpcxv(il, 8v 8tt Àcx~&tv
Õtt 'tOtJ't(a)\1 lxcxatÓV mtv, f) 'ltOtpcX 'tOU'tO\I lXÀÀ.oç; Ó j.Jlv y&p
lO IIÀcít(a)V tttpov &tvcx( cp1Jatv· xcxhot x&xttvoç <XptO~toôt; ot'ttcxt
xcxl 'tCXÜ'tCX tl\lcxL XOtL 'tcXÇ 'tOÚ'tWV cxlt(cxç, cXÀÀ.cX 'tOUÇ !J.foV \101}·
wuç cxltwuç tocnouç 8f. cxlo91}toúç.

9
IItp!. ~tf.v oúv twv IIuOcxyopt((a)v &q>tCaew t& vüv (lxcx-
vilv y&p cxõtwv &ci>cxaOcxt toaoutov) · ol 8e t&t; l8lcxç cxh!otç
:I
'I 990 ~ ttO~vot 1tpwtov !Jlv C1JtOÜV'ttÇ twv8l twv Õ\lt(a)V Àcx~&tv t&ç
I
cxl·dcxç lupcx toÚ'tott; tacx tov <kpt0!J.OV lxó~ttacxv, wamp tt' ttt;
<XptO!J.iiacxt ~uÀÓ!J.&VOÇ lÀcxttóvwv !Jlv ÕV'tW\1 o!otto ILTi ôuvf)-
aroOcxt, 'ltÀ.t(w 8! 'ltotf)acxç <kpt0!J.Ot1} ( axt80v y&p !acx- i\ oux
$ lÀcíttw -lati. 'tcX &~ 'tOÚ'totç 'lttpl wv C1Jtouvnç tcltç cxh(cxç lx
tOÚt(a)V l1t' lxt!vcx 1tpoijÀ0ov· xcx0' f:xcxatov y&p Ó!J.WVU!J.ÓV tt
latL xcxt 'ltcxp& 'tcXÇ oua(cxç, 'tW\1 'tf, &llwv W\1 latt\1 t\1 t'ltL 'ltOÀ-
Àwv, xcx!. e1tl. tota8t xcx!. l1tl. totç &·~(otç) • ltt 8f. xcx0' oüç tpó-
'ltOUt; 8dxW!Lf.V Õtt f:att t& ti.'81}, xcxt' oõOlvcx q>cx(vncxt toÚt(a)V'
10 lÇ lYtW\1 !Jlv y&p oUX tXVcXYX'JI y(rvf.a8cxt <roÀÀ.oytc:J!LÓV, t~ lv((a)y
Ôt XOtL OUX WV OLóJU0CX 'tOÚ'tWV f.L'81} y{"!"'f.'tCXL. XCX'tcX 't& yàtp
touç Àóyouç touç lx twv l'ltta't1)!J.Wv d'81} latcxt 1tCÍV'twv OO(a)\1
tma'tij!J.CXt &la(, XOtL XCX'tcX 'tO t\1 l1ti. 'ltOÀÀ.wv xcxl twv <i'ltoq>ci-
I METAFisiCA. A B/9. 990 o 26 b 13
o 5I

zas reunidas, porque essas propriedades do número que


as constituem eorrcspondcm a rcgiôcs particulares do uni-
verso): pois bem, deve-se por acaso entender que esse
número que está no universo coincide t:om cada uma
daquclal> coisas ou é outro número diferente dele? Platão
afirma que é um nllmcro dífcrcntc 2'1. Entretanto, tam- 30
hém ele considera que essas coisas c suas caus<IS sejam
números, mas sustenta que as causas sejam números in-
teligíveis c que os outros sejam nt'tmcros sensíveis.

1). /Crítica de Platão e dos platônic:o~;_jl


Agora deixemos de lado os pitagóríeos, porque é suficiente
n que dissemos sobre eles. c passemos aos filcísofos que postu-
lam como princípios as Formas e as Idéias.
(l) Em primeiro lugar, des, tentando apreender as causas dos 990'
seres sensíveis, introduziram entidades supra-sensíveis em
número igual aos sensíveis: como se alguém, querendo
contm os objetos, considerasse não poder fazê-lo por serem
os objetos muito pouco numerosos, c, <lO invés, consideras-
se poder contá-los depois de ter aumentado seu número.
As Fom1as, de fato, são em n(nncro praticamente igual-
ou pelo menos não inferior- aos objetos dos quais esses
filósofos, com a intenção de buscar suas causas, partiram
para chcgm a elas. Com efeito, para cada coisa individual
existe uma entid<Jdc com o mesmo nome; c isso vale tanto
para as subst~nci;ls t:omo para todas as oul·ras coisas cuja
multiplicidade é redutível à unidade: tanto no âmbito das
coisas terrenas, c1uanto no âmbito elas coisas ctcrnas2•
{2) Adcmail>, a existência das Idéias não se prova por nenhu-
m;! das argumcntaçôcs que adu;t1mos como prova. De al-
gumas argumentações, com deito, a existência das Idéias 10
não procede como conclusão ncccssárii:l; de outras segue-
se a existência de Formas também das coisas das quais
não admitimos a existência de Formas. De fato, (a) das
provas extraídas das ciências decorre a existêneia de Idéias
de todas as coisas que são objeto ele ciência; (b) da prova
derivada da unidade do múltiplo, decorrerá a cxistênci<l
52 HlN META TAII>YIIKA A

<Jewv, xot't'<X 8& 't'O voerv -tt cpOotplll't'OC -twv cpOotp't'w" • cp&.v-
u 't'ot<J!J.ot yá.p 't'' 't'OÚ't'W\1 e<J't't'J. t't't 8e o[ cXxpt~mtpOL 't'C)'J À6yw'J
o{ !J.EV -tw" np6ç 't't nmoü<Jt'J l8i«ç, wv oü cpot!J.tV tl'Jott xotO'
cuho ylvoç, o[ 8& 'tÕ'J -tp('t'O'ol civ0pw7tO'J Ã.lyou<Jw. ÕÀ.wç •e
civottpoÜ<Jt\1 ol 7tE.pL 't'W'J &{8(;)v À.6yot & !J.aÃ.ÀOV t!VotL ~ouÀ61J.t0ot
[o[ ÀlyO\I't'tÇ et8Ti] 't'OÜ 't'c%ç l8écxç t!'Jott · GU!J.~(vtt y<Xp ILTJ
20 e!vott ~ 8uá.8ot 1tPW'tTIV ciU<X 't'OV cipt01J.6v, xcxt 't'O 1tp6ç 't't
'toU xotO' cxÕ't6, xcxt 1tá.vO' &ex 't'tV~ cixoÃ.ou0ft<Jcxv't'tÇ 't'CXi'ç nept
't'Wv l8e.Wv 86ÇotLÇ 7}vcwttw07)<Jcxv 't'ot!ç cipxcxtç. -l't't xcxt"c%
jdv 't"')v Ú7t6À'I)cPtV xcx0' ~v e!'Jot( cp<XfUV 't'c%ç l8lcxç ou !J.6vO'ol
't'W\1 OU<JI.W\1 mott d8'1) ciÀÃ.cX 1t'OÀÀ.Wv Xott hépwv (xcxt yàtp 't'O
2S v6'1)1J.ot tll ou IJ.6VO'J 7tE.pL 't'ciç oõaCotç illc% xcxl xot't'àt 't'WV &À-
À.wv lM(, XotL lnl.<J'tij!J.otL oÕ !J.6VO'J 't'ijç OÔ<J(otç d<JL\1 illàt xott
tÚpwv, XotL !llot 8e !J.Up(ot <JUjJ.j3ot(vet 't'OLCXU't'CX) • XCX't'cX 8e
'to à:votyxcxtov Xotl 't'àtç 86ÇotÇ 't'c%ç 1ttpl otÕ't'wv, e{ mt !J.e·
Oex't'<X -t<X tiS'I), 't'W'J oÕ<JL&lv ciVotYXottO'J l8lcxç d'Jott !J.6vO'ol. oõ
I,
:so ycXp Xot'tcX GU!J.~t~'l)xOÇ ~'t'éXOV't'ott illc% 8e! 't'CXÚ't'{l ixá.-
<J't'OU ~'t'éxew fl ILTJ xotO' Ú7tout~J.lvou Àéye't'cxt (Àlyw 8'
o{ov, d' -tt otÕ't'o8t7tÀ.otG(ou !J.tdxet, t"out"o xcxt ciw(ou !J.edxet,
illc% Xot't'cX <JU~t~'I)X6Ç GUIJ.~é~'I)U ycXp 'te\) 8mÀ.cx<J~
cii.ô~ dvott), ~<J't'' t<J't'ott oÕatW\1 't'cX et87)· 't'CXÔ't'àt 8& lll't'cx60cx
991" oô<JCotv <J'I)!J.ot(Vtt xcXxer• i\ 't'( t<J't'ott 't'O eivott cpCÍ.'olott 't't ncxpàt
-tcxu't'ot, -to tv lm nollwv; xoti tl IJ.&v 't'cxU't'Õ d3oç 't'WV l8e.Wv
I METAFISICA,A9,990b 1.4-1991 o2 I 53

de Formas também das negações; (c) e do argumento


extraído do fato de podcm10s pensar algo mesmo depois
que se tenha corrompido decorre a existência de Idéias
elas coisas que j<í se corromperam (de fato, destas perma-
nece em nós uma imagemf 15
(3) Além disso, algumas das argumentações mais rigorosas
levam a admitir a existência de Idéias também das re-
lações, sendo que não admitimos que exista um gênero
em si das relações; outras dessas argumentações levam
à afirmação do "terceiro homem"4 •
(4) Em geral, os argumentos que demonstram a existência das
Formas chegam a eliminar justamente os princípios cuja
existência nos importa mais do que a própria existência
das Jdéias. De fato, daqueles argumentos procede que não a 20
díade mas o número é anterior e, também, que o relativo é
anterior ao que é por si; e seguem-se também todas as con-
seqüências às quais chegaram alguns seguidores da doutri-
na das Formas, em nítido contraste com seus princípios;.
(5) Ademais, com base nos pressupostos a partir dos quais
afirmamos a existência das Idéias, decorrerá a existência
de Formas não só das substâncias, mas também de muitas
outras coisas. (Com efeito, é possível reduzir a multipli-
cidade a uma unidade de conceito não só quando se trata 25
de substâncias, mas também de outras coisas; c podem-
se extrair ainda muitas outras conseqüências desse tipo).
Ao contrário, como decorre das premissas c da própria dou-
trina das Idéias, se as f<ormas são aquilo de que as coisas
participam, só devem existir Idéias das substâncias. Efeti-
vamente, as coisas não participam das Idéias por aciden-
te, mas devem participar de cada Idéia como de algo que 30
não é atribuído a um sujeito ulterior (dou um exemplo:
se alguma coisa participa do duplo em si, participa tam-
bém do eterno, mas por acidente: de fato ser ctema é
propriedade acidental da essência do duplo), portanto
<só> deverão existir Formas das substâncias. Mas o que
substância significa nesse mundo também significa subs-
tância no mundo das Formas; se não fosse assim, o que 991'
poderia significar a afirmação de que a unidade do múlti-
plo é algo existente além das coisas sensíveis? E se a for-
TnN MF.TA TA(])YIIKA A

ML 'tWV JUUXÓV'tC.rW, Wt<Xt 'tt xotVÓ\1 ( 't( y&p fJ.aÀÀov t'ltl


'twv rp9cxp-cwv 8ucí8wv, xcxt 'tWV 1tollwv f.Lev ~t'8Cwv 8&, 'to
s Suciç tv xcxt 'tooh6v, 7'1 t1tt 't' cxlhijç Mt 'tijç 'ttvóç) • d SE.
!L~ 'to cxtho dSoç, ÓfLWVUfJ.<X &v ttT), X<Xt lSfLOtOV wcmep
&v er 'ttt; X<XÀõt &v8pw1tov 'tÓv 'tt Kcxll(cxv Ml 'tO ~Àov,
IJ.T)8t1J.Í<XV xotvwv(<XV lm~Àt'<Xt; cx1hwv. - 'ltcXV'tWV 8& IJ.cíÀtG"t<X
8tcx'ltopof)cretev &v 'ttt; 'tÍ 'ltO'tt <JU~cíÀÀ&'t<Xt ~ e'l'&r) "totç
10 &i'8(otç 'tWV cxla9T)'twv 7'1 'to!t; yt"(VOIJ.tVOLt; xcxt rp9etpo~J.fvotç
ollu yclp xtvof)aewç oün IJ.&'t<X~Àijç ouSe~J.tat; la'tt\1 <Xt'tt<X cxu"totç.
&ÀÀcX IL~ Otm 'ltpoç rl!v E'lttO"t'Í)fLT)\1 oõ9ev ~OT)9&t '"'" 'tWV &À-
Àwv (ouSe yclp oua(cx tx&i''ti<X 'tOÚ'twv· lv 'tOÚ'tOLt; yàtp cXv ~\1), o\lot&
elt; 'tO e!vcxt, IL~ lw'ltcípxoV'tCÍ ye 'tOL't; JU'ttxouatv· othw IJ.f.v
u y&p &v t'awt; <Xt'tt<X 86Çetev &tvcxt wç 'tO À&uxàv JUIJ.LYI.Lt\I0\1
"tci> À&uxct>, &ÀÀ' OÕ'tot; IJ.f.v ó Àóyoç ÀÍ<XV &ÔXL'\ITI'tOt;, ôv 'Avcx-
Çcxy6pcxç IJ.f.v 1tpW'toç EüaoÇoç 8' üaupov xcxt ci:Uot 'ttv!t;
lÀ&yov (p~8tov yclp <JUV<Xycxy&tv 'ltOÀÀcX xcxi. &Swcx'tcx 'ltpOç
rl!v 'tOt<XÚ'tTJv 86Çcxv) • &ÃÀà: IL~ oõ8' lx 'tC>v e!Swv tG"tl 't&À.Àcx
20 X<X't' oõ8&vcx 'tpÓ'Itov 'tWV dw96'twv Àtyea9cxt. 'to Se Àty&tv
'ltcxpcxS&('YIL<X't<X cxÕ'tàt &!vcxt xcxl IJ.&'tfX&tv cxÕ'twv "tciÀÀcx xevo-
Àoy&tv tG"tt X<Jl IJ.&'t<XtpOpcXt; Àty&w n:otT)'ttxcíç. "t( ycíp tG"tt
'tO tpycxl;ÓIJ.!V0\1 'ltpOÇ 'tclt; lSécxç .i'lto~Àt'ltOVj tv8tXt't<X( 't&
xcxt &Ivcxt xcxl y(yvea9cxt ÕIJ.OtOV Ó'ttoüv xcxt f.L~ dxcxl;ÓIJ.&VOV
2S 'ltpàç lx&tvo, wau x~l lSVtOÇ l:wxp<Í'tOUÇ XIJL IL~ Õ\l'tOÇ yivot't'
&v o!oç ~wxpCÍ'trjç ÓIJ.o(wç a& SiíÀov Õ'tt x&v &l ~v ó
~wxpCÍ't'TJÇ &t8toç. la-rcxt 't& 'ltÀttw 'lt<Xp<X8&(YI.L<X't<X 'tOÚ cxÕ'toú,
6>G"t! xcxl &t8T), otov 'tDÜ &v9pw'ltou 'tO ~ct>ov xcxl 'tO 8C1touv,

................................ ....................
~ ~-·
MfTNis:C:A, A 9, 991 a 3- 28 55

ma das Idéias é a mesma das coisas sensíveis que delas


participam, então deverá existir algo comum entre umas
e outras (por que deve haver uma única c idêntica díadc
comum às díades corruptíveis c às dícJdcs matemáticas
- gue também são m(dtiplas, porém eternas-, c não
comum à díade em si c <luma clíadc particular scnsívd?); 5
c se a fom1a não é a mesma, entre as Idéias c as coisas só
o nome scr<Í. comum: é como se alguém chmnassc "ho-
mem" tanto Cálias como um pedaço de madeira, sem
constatar nada de comum entre os doisr'.
(6) l'vlas a dificuldcldc mais grave que se poderia levantar é a
seguinte: que vantagem tra:t.cm as Fom1as aos seres sen-
síveis, seja aos sensíveis eternos, seja aos que estão sujei- 10
tos à geração c à corrupção? De fato, com relação a esses
seres as Fonnas não são causa nem de movimento nem
de qualquer mudança. Ademais, as Idéias não servem ao
conhecimento das coisas sensíveis (de fato, não consti-
tuem a substância das coisas sensíveis, <.aso contrário se-
riam imanentes a elas), nem elo ser das coisas sensíveis,
enquanto não são imanentes às coisas sensíveis que de-
las participam. Se fossem imanentes, poclcri<l parecer que 15
são e;HJ:>él das eoisas ~cnsívcis, assim como o branco é
causa cl<t brancura de um objeto qumKlo se mi~tum com
ele. ivlas esse raciocínio, sustcntildo primeiro por Amlx~­
goras, depois por Eudoxo c ainda hoje por outros, é in-
sustentável: de fato, é muito f<1cillevantar muitas c insu-
peráveis dificuldades contra essa opinião7 •
(7) E, certamente, as coisas sensíveis não podem derivar das
Formas em nenhum daqueles modos que de costume são
indicados. Dizer que as Formas são "modelos" c que as 20
coisas sensíveis "pa rtieipam" delas significa falar ~em dizer
nada c recorrer a meras imagens poéticas. (a) Dc_fato, o
que é que <lgc com os olhos postos nas Idéias? (h) I<~ possí-
vel, com efeito, que exista ou que se gere alguma coisa se-
melhante a outra, mesmo sem ter sido modelada à ima-
gem daquela; de modo que poderia muito bcmnasecr um
símile de Sócrates, quer Sócrates exista ou não. E é evidente 25
que isso ocorreria mesmo que existisse um "Sócrates eter-
no". (c) t\lém disso, para a mesma coisa deverão existir
.56 T.QN META TA <l>YIIKA /,

&fLot se xai. -ro otu"to&..,epw1toç. &'C~ ou IL6"0\I 'CW\1 ot~'tW\1


)G 7totpotSe(yfLot'tot 'tÕt el'&rj &Uàt xotl otu'twY, otOY 't'O y!yoç,
wt; yLYoç, dSwY· wan 'tÕ otu"to l'<J"tot~ 7totpáSe~riL« xott
991 b dxC:>Y. tU 86Çett\l &\1 à:SúYot't'0\1 t!Yott xwplç 't'iiY o'Ô<JCotv Xoti. OÚ
" oua(ot. wau 'ICWÇ &\I otL l8lott oõaCott 't'W\1 1tpotyfLÓ:'t'Ca>\l OÚ<Jott
xwplç eTtY; LY 8& "tci> <J)ot(Sea>YL oih:w Àéye"tot~, wç xotl 'COÜ
eTYott xotl "toü yCyYtG9ott otL'ttot 't'Ot tt'87) L<J"t(y• xothot 't'W\1 el8êi>Y
' iSY't'Ca>\1 ÕfLCa>t; oõ y("(Vt'tOtt 'tÕt fL'ÚXOY't'ot &.., ILTi 'fi "to xnrijaoY,
xotl 1tOÀÀÕt y("(Ve'tott f:upot, oToY olxCot xotl Sotx't'ÚÀLOÇ, ciw oú
cpotfLt\1 el~7) eTYott. wau 8TjÀOY Õ'tt LYStxt'tott xotl 't'êiÀÀot xoti.
eTYott xott y(rvea8ott Stàt 'tOtotÚ't'otÇ ott'tt«Ç o!otç xotl "tàt frri-
8€Y't'ot W\1. -l'tt. er1tep dal\1 à:pt91J.ol 'tOt et'81), 'ICWÇ oti'ttOI. tG0\1-
10 'tott; 1t6npoY Õ't~ t't'epot &pt9fLO( dat 'tÕt ÕY't'ot, otOY óSl fLtY {ó)
&p~9!J.Ot; ~pCa>1COÇ ó8t SE. ~Ca>Xpá't'7)t; óSt 8& Killúxç; 't'(
OU\1 bctL\IOt 'tOÚ'tOLt; ott't'LO( daw; ouSE. yàtp d ol fLt\1 &'Latot o[
81. IJ.TJ, oMeY 8toCaet. d 8' Õ'tt À6yot &pt9fLw" "t&Y't'otü9ot, otoY ij
aufLCPCa>YCot, 8TjÀoY Õ'tt LrnY &.., yt u ciw dai À6yot. d 81!
u 'tt 'tOÜ't'o, " ÜÀT), tpotYepÕ\1 &tt xotl otÜ'tol o[ &pt8fLol À6yot 'tLYtÇ
lao\l't'ott t'tépou 1Cp0ç &npoY. À€yw 8' otoY, d mt\1 ó KotÀÀCotç
À6yoç LY &pt9fLo'tç 1CUpÕt; xott yiiç xoti. ú&t't'OÇ xotl &tpoç,
xocl &À.Àea>Y 'tWW\1 Ó'ltoxet!J.ÍYW\1 la"tott xotl 11 l8tot &pt9fL6Ç xott
otu'tOáY9pea>1COt;, et't'' &p~91L6t; 'tiÇ (.)y tt'u fLTJ, ÕfLWÇ mott À6yoç
20 t\1 à:pt8fLo'I't; 't't\IW\1 Xott OÚX &pt9fJ.6t;, ouS' mott 't'LÇ Stàt 't'otÜ't'ot
&pt91J.6t;. t't't Lx 1toÀÀci)y &pt8f.L(i)Y d'ç &pt9!J.Ot; yC"(Ve'tott, LÇ

-...............................,...................... ~--
METAFÍSICA, A 9, 991 o 29.8 21 57

numerosos modelos c, como consequência, também nu-


merosas Formas: por exemplo, do homem existirão <IS For-
mas de ';animal", de "bípcdc", além da de "homem em si".
(d) Finalmente, as Formas não serão modelos só das coisas
sensíveis, mas também de si próprias. Por exemplo, o gênc- 30
ro, enquanto gênero, será modelo das Fom1as nele contidas.
Conseqüentemente, a mesma coisa ~crá modelo c cópia~.
(8) E m<IÍS, parece impossível que a substância exista separa- 991"
damcntc daquilo de que é substância; conseqüentemen-
te, se são substâncias das coisas, como podem as Idéias
existir scparachnncntc delas? l\'Ias no Fédon é afirmado
justamente isso: que as Formas são causa do ser c do dcvir
das coisas. Contudo, mesmo concedendo ()UC as ~cm11as
existam, as coisas que delas participam não se produzi- 5
ri<~m se não existisse a causa motora. Há também muitas
outras coisas produzidas - por exemplo uma casa ou
um anel- das quais não admitimo!) que existam Idéias.
Portanto, é claro que todas as outras coisas também po-
dem ser c gerar-se por obra de causas semelhantes às que
produ;;:cm os objetos acima mcncionados 9 .
(9) Mais aind<J, se as Fonnas são números, de que modo pode-
rão ser causas? Será porque os seres sensíveis também são 10
números? Por exemplo, esse determinado número é o ho-
mem, esse outro é Sócrates, aquele outro é Cálias? E por
que ::l(]Uclcs números são causas destes? Que uns sejam
ct<:rnos c os outros não o sejam não tem <I mínima impor-
tância. Se a raz<'io consiste em que a:; coisas sensíveis são
constituídas de relações numéricas (como, por exemplo, a
ham10nia), então é claro que existe algo do qual os núme-
ros são relação. E se isso existe- a matéria-, é eviden-
te que os próprios números ideais serão constituídos de 15
determinadas relações entre alguma coisa c algo mais. Por
exemplo, se Cálias é uma relação numérica de fogo, terra,
água e ar, também a Idéia deverá ser uma relação numé-
rica de certos elementos outros que têm a função de
substrato. E o homem em si- seja ele um determinado
número ou não - também será uma relação numérica
de certos elementos, e não simplesmente número; e por 20
estas razões não podení ser um númcro 111•
58 Tf!N MET1\ TA <DY:EIKA r,

dawv a~ &v e.Iaoç 1twç; e.i a~ IL~ l~ ocu-.wv cXÀÀ' bc -.wv lv


'tcl) &:p~&!Lcl), o!ov lv 't'fl !LUP'~'• 1twç lxouaw IXL ILOYIÍ8&Ç; e.!n
ydtp Ó!LottSe.tç, 1t0ÀÀàt OUIL~Tiae.'tott cl't01tot, ttn IL~ Óll.Ot\-
25 Se.'i'ç, ILT!-.e. ocõ-.oct &:llTjÀottç ILTi"tt oc{ cillott 1t&Got' 1t6.-
aottç 'tt\1\ yàtp s,o(CJOUCJ\\1 &:1tot9t1'ç OUCJott; oün ydtp e.ID..oyot
'totÜ'tot oÜ'tt Ó!LOÀO"(OÚ!Lt\lot 't'fl vo-ljae.\. t'tt 8' tX\Iot"(XottO\I t'ttp0\1
yé.voç à:p\9ILOÜ Xot'totCJXtúcd;tW 1ttpi. O i! tipt9!L1}'ttXoq, XCXL
1t6.\l'tot 'tcX !LE.'t~ Àe."(Ó!LE.\Iot Ó1tÓ 'tWW\1, &, 1tWt; ~ lx 't(\IW\1
JO tCJ"ttv &:pxwv; fJ 8tdt -.c ILe.-.oc~ -.wv Se.úp6 -.' lCJ'tott xcxt
ocu-.wv; t'tt ocl ILová:Se.ç oc[ lv -rã Suá:8t éxocúpot &x 'ttvot;
992" 1tpo-.é.pocç 8u6.Soç xocC..ot &:Súvoc..ov. t'tt 8tclt -.( &v ó tipt&IJ.Õç
auÀÀot!L~YÓILe.Yot;; t'tt 8~ 1tpOÇ 'tÕtt; dp1}1Lé.votç, tt1ttp e.L<Jtv
oc[ !LO\IIÍ8e.ç 8100popot, tl(p7jY oü-.w Àeye.tv WCJ1ttp xoct õaot -.dt
CJ"tOtl(ttot úuocpot fj 8úo Àeyoucnv· xoct yàtp ..oÚ'twv ixotCJ"tot; ou
s 'to xotvÕV Àtye.t CJ'tOtl(t!ov, otov -.à CJW!Lot, tiÀÀ<X 1tü'p xcxl yiív,
tt't' tCJ'tt 'tt XO\\IÓ\1, 'tO aWfJ.ot, tl''tt ILTi· \IÜ\1 8~ Àé."(t'tot~ wt; Õ\l'tot;
'tOÜ t\IOÇ WCJ1te.p 1tUpoç Tj Ü8ot'tOÇ Ó!LOtO!Lf.poÜÇ e.l 8' o{$-.wç, oux
tCJO\I'tot\ oua(ott OL &:pt9!LO(, &:ÀÀclt 87jÃo\l Õ'tt, tt1ttp lCJ'tt 'tt t\1
otÔ'to XCXL 'tOÜ'tÓ l<J't~y &:pxoq, 1tÀOO\Iotl((;}ç Àéye."tott 'tO t\1' ciÀ-
10 Àc.>ç y<Xp &:86voc-.ov. - ~ouÀÓILtYOt 8~ -.dtç oúa(ocç Mye.w tlt; -.àtç
tipxdtç ILÍlX"l IL~Y -.r&e.ILe.v lx ~pocxtoç xoct !Lotxpoü, lx 'ttvoç
!Ltxpoü xoct ILe.rá:Àou, xcxt l1tC1te.8ov lx 1tÀotúoç xocl ate.voü,
aw~tot 8' bc ~oc&toç xoct 'tot1te.tvoü. xcx(-.ot 1twç ~e.t Tj -.ô l1rC-
METAFÍSICA, A 9, 991 b 21 -?92 a 13 59

(I O) Por outro lado, de muitos números se produz um único nú-


mero; mas como pode produzir-se de muitas Formas uma
única Fom1a? E se os números não são formados pelos pró-
prios números, mas pelas unidades contidas no número
-por exemplo no dez mil-, então como serão essas uni-
dades? De fato, se são da mesma espécie, scguir-sc-ão
absurdas conseqüências. E se, comparadas umas às outras, 25
não são da mesma espécie nem as unidades pertencentes
ao mesmo número nem as unidades pcrtcm:cntcs a núme-
ros difermtcs, igualmente scguir-sc-ão conseqüências êlbsur-
das. Com deito. de que modo poderão distinguir-se uma
da outra, dado que não possuem clctcm1inaçõcs qualitati-
vas?'Elis afirmações não siio nem rêlZO<ívcís nem cocrcntes 11 ,
( 11) Também é necessário admitir um segundo gênero de nú-
mero: o que é objeto da aritmétíce1, c todos os objeto~ que
alguns chamam ''intcnncdüírios". í\·las de que modo eles
existem c de que princípio~ derivam? Por que devem cxis- 30
tir entes "intcrmcdüírios" entre êlS coisas daqui de baixo
c as rcalidacks em si? 1 ~.
( 12) Além disso, as unidades que estão contidas na díadc deve-
riam derivar de uma clíad<: anterior. í\.·Ias isso é impossívcl 1'. 992·
( 13) }<:também, em virtude de que o n(unero, sendo compos-
to, é algo unitjrio?H
(14) Ao que foi dito eleve-se acrescentar o seguinte: se as unida-
des s;io diferentes, delas é preciso dizer o mesmo que di:t.iam
os filósofos que admit-em quatro ou dois elementos. De fato,
cada um cbscs filó:·dos niio entende por elemento o que é
comum, por exemplo, o'C'orpo em geral, mas entendem por
elementos o fogo c a terra, yucr exista algo de comum entre 5
eles- o corpo, justamente-, quer não exista. Ür<l, os pla-
tônicos falam como se a unidade fosse homogênea, como o
fogo ou a terra. Se assim é, os números não serão substân-
cias: mas é evidente que, se existe uma Unidade em si, <:
se esta é princípio, então a unidade é entendida em muitos
significados diferentes. De outro modo seria impossível';· tO
(15) Querendo reduzir as substâncias a nossos princípios, deri-
vamos os comprimentos do "curto e longo'' (isto é, de uma
espécie de pequeno c grande), a superfície do "largo c
estreito" e o corpo do "alto c baixo". Mas como a superfície
60 T!IN META TA "'YIIKA A

neSo\1 'YP«ILIL~" i} 1:0 attpe.Ov lp<XILIL~" xcd lmnwov; &.llo


1S lOcP rtvoç 'tÕ 'ltÀCX't'Ô XCXL att\lcW XCXL l3cxOu xcxi 'tCX'IttWÓV'
I ~a7ttp oliv oõ8' &ptO~c; Õ'ltcípxe.~ lv cxÕ'to!t;, ~' 'tO noÀu xcxi
ólCrov lnpov 'tOÚ't6>v, 8i]lov &tt oõ8' IDo oô9ev 1:wv IÍv6>
I'
Ú'~t~Ípee~ 'tO!t; xá:'t6>. &lldc 1.1.~" oô8t rtvoç 'tO nÀcxw 'tOÜ ~cx­
i I
Oroç iív rdcp &v ~n(ne86v 'tt 'tO CJ6>1LCX. i'I:L ex[ a'ttl!Loti lx
I :zo 1:Cvoc; lvtnt~uatv; 'tOÚ't(t) !Jlv oúv 't<i) rtve.t xcxi Stt!Lâ:Xt.'to
/· IIÃá:'twv Wt; ML lt(l)l.l.''tPtx<'i> 86r~.t.«'tL, &ll' bá;le.t &pxilv
lp<XILIL'iít;- 'to&to 8e nollá:xtt; ~'t(Oe.t- 'tÕCt; &'tÓI.I.OUt; lp<XIL~·
j xcx("t'ot civ«yxTj "t'OU't6>\l e.tvcx( 'tt népcxç Clat' ~ oÕ ÀÓlOU lPCXILIL~
lan, xcxi a'tL'YIL~ la'ttv. -lSÀ6>t; 8& ~'r)'tOÚOT)t; "t'i]t; ooq>!cxt; ne.pi
2'
"t'wv q>cxve.p(;)v 1:0 cxf'ttav, 'tOÜ'tO !Llv elá;xcx~.~.tv {oô9tv rdcp Àé'YOIL'"
ne.pi "t'i]c; cxl't(cxc; ~Oe.v ~ &px~ "t'i]~ ~J.t"tot~Ài]t;}, rl)v 8' oôa!cxv
oló~J.t.VOL ltretv cxÕ"t'(;)v l1:épcx~ ~.t.tv oõaCext; e.tvcx( IPCXIL'"• &twc;
8' b:etvcxt 'tOÚ'twv oÕa(cxt, 8tdc xtvi'jt; ÀÍlOIJ.tV' 'tO lOcP jU'téXe.tV,
wa7te.p xcxi npÓ'te.pov e.t'no~J.e.v, oü9tv la'ttv. oõ8e 8~ ~p "t'cxt~
)O l'll:ta'tiJ~.t.ottt; Ópw~.~.&\1 &v ot!'ttov, 8t' a xcxl nat; voüc; xcxi. 'll:&acx

q>ÓCJtc; 'll:ote.t, oõ8t 'totiÍtTjc; "t'i]c; cxl't!cxt;, fív q>CXIJ.f.V e.tvcxt ~.t.Ccxv
"t'W\1 &px6>v, oô9ev ci'II:U'I:ott "t'Ci e.t8'r), &ÀÀÕC rtrove. 'tOe ~LCX&í)­
ILCX"t'CX "t'olt; wv ~ q>LÀoaoq>(cx, q>CXCJXÓV"t'wv cill(a)\1 xá:ptv
992 b cxÕ'tdc 8e.tv 'll:pot"'(!LCXUÚe.a9cxt. l'tt 8& 1:T)v Ó'ltoxtt~.t.é"''" oôo(cxv
wt; ÜÀT)\1 ~J.CX&rj~J.CX'ttX(I)'I:épcxv &.v "t'Lt; Ó'ltoÀá:~t, xcxi ~.t.&llov
xcx-nrrope.t'a9cxt xcxi 8r.cxq>opciv e.tvcxt "t'i]t; oôaCott; xcxi "t'i]c; ÜÀTJt;
7'1 ÜÀT)V, otov 'to ILÍ"(CX xcxi 'tO ~J.I.XpÓV, wane.p xcxi o[ q>UCJLO·
' Ãórot q>exai "t'O ~J.CXVcW xcxi. 'tO nuxvóv, np6>1:cxt; 'toú únoxe.LfJivou
q>á:axoV't'E( e.tvcxt 8tcxq>opdcc; 'totÚ'tcxç 1:cxÜ'I:cx rá;p la'ttv Ú'lte.poxi)
"t'Lt; XCXL lÀ.Àe.t,Lt;. 'll:&.p( 'tf. XLvTJCJE.(a)t; 1 e.l ~J.tV la"tott 'tCXÚ'tCX X(YTJGtt;,

iI
'

'I
I
:I

.................................................... ~--
METAFÍS:CA, A 9, 991 o IA· 992 b 7 61

poderá conter a linha, e como o sólido poderá conter a linha


e a superfície? De fato, "largo c estreito" constituem um
gênero diferente de "alto c baixo". Portanto, assim como 15
o número não esh~ contido nas grandezas geométricas, en-
quanto o "muito c pouco" é um gênero diferente delas,
também é evidente que nenhum dos outros gêneros supe-
riores poderá estar t'Ontido nos inferiores. F., tampouco se
pode dizer que o "largo" seja gênero do "profundo", porque
assim o sólido se reduziria a uma supcrfícic 16•
( 16) Mais ainda: de que princípio derivarão os pontos contidos
na linha? Platão contestava a existência desse gênero de 20
entes, pensando que se tratasse de uma pura noção geo-
métrica: ele chamava o.s pontos ele ''princípios da linha",
c usava amiúde a expressão "linhas indivisíveis". Por outro
l<1do, é necessário que exista um limite das linhas; conse-
qüentemente, o argumento que demonstra a existência
da hnha demonstra também a existência do ponto 17 •
( 17) E, em geral, dado que a sapi~ncia tem por objeto de pes-
quisa a causa dos fenômenos, renunciamos justamente a 25
isso (de fato, não dizemos nada a respeito da c<msa que
dá origem ao movimento) c, acreditando exprimir a subs-
tância deles, afirmamos a existência de outras substâncias.
Mas quando se trata de explicar o modo pelo qual essas
últimas são substâncias dos fenômeno:>, falamos sem dizer
nada. De fato, a expressão "participar", como já dissemos
acima, não significa nada 1H.
(18) E tmnpouco as Fom1as têm qualquer relação <.'Om a gue vc- 30
mos ser a causa (que afinnamos ser um dos <quatro> prin-
cípios) nas ciências c em vista da qual opera toda inteligência
e toda natureza. Ao invés, para os filósofos de hoje, as mate-
máticas se tomaram filosofia, mesmo que dcs proclamem q uc
é preciso ocupar-se delas só em função de outras coisas~'~. 992"
(19) Além disso, poder-se-ia muito bem dizer que a substância
que serve de substrato material- ou seja, o grande e o pe-
queno- é demasiado matemática c que é, antes, um
atributo c uma diferenciação da substância c da matéria,
m<Jis do que uma matéria, semelhante ao "tênue'' e ao "den-
so" de que falam os filósofos naturalistas, que os considc- 5
ram como as primeiras diferenciações do substrato. (Com
efeito, eles são uma espécie de excesso e de falta) 211 •
62 T1lN META TA (J)Y}":IKA ;,

8ijÀO\I Õ't'L XL'ol'f}<J&'t'<XL 'tcX t'l&tj• d 8t !J.'Íj, 'lt69&v ~À9tY; ÕÀ'I'I


yàcp 11 ~ept cpúae~ ~P'I'I't'<Xt ax€~~. õ te &oxe! ~~8tov
to ei\Iott, 't'O 8eiÇocL Õ't'L iY &1tatV'tot, OU "(L"(\\&'t'<XL' 't"fi ydcp lx9€aet
oÕ "(L"(\\&'t'<XL n<ÍV't'<X t\1 àcll' otÕ't6 't'L lv, &v 8t8(!> 't'tt; 1t<Í\I't'Ot'
X<XL ou8t 't'OÚ't'O, d !L~ "(É.\IOt; ~<JEL 't'O xoc96Àou etvoct • 't'OÜ't'O o'
lY lY(ott; &õú\IOt't'0\1. oõ9€voc õ' lxet ÀÓ"(ov oõa& 't'dc !J.&tàc touç
I àcpt9~J.ouç IJ.~X'I'I u xoct l1tCneõoc xoct aupeá, oün Õ'ltwç t<J't'LY +i
I u la-toct oün 't'LV<X lxet &úvoc!J.W' 't'otÜ't'ot yàcp oÕ't'E el&tj ot6v 't'& etvoct
( oõ yáp daw cipt91J.o0 oõu 't'dc fJ.€'t'ocÇú (!J.<X&rj(.UX't'r.xàc yàcp
I! lxetYoc) oüu. "tcX cp9otp't'á, ciÀÀàc náÀw 't'É.'t'otp't'O\I &Uo cpoc(-
., \IE"tott "toÜ't'6 't'L ytvoç. ÕÀwç "t& 't'O 't'W\1 lSV't'wY C'l'l't'&tY <J't'otxetoc
!L~ 8teÀ6\I"tocç, 'ltoÀÀocxooç À&"(O!J.ÉYwY, àcSú'oiOt't'0\1 wpe!Y, &Uwç
:zo u xoct "ttÜ't'O\I 't'Ov 't'p67toY ~'l'l"tOÜ\I'tott; lÇ oÍcu\1 l<J't't <J't'OLX&Ccuv.
lx "t(YCUY yàcp "tO nott!Y +i náaxew +i 't'O eõ9ú, oõx l<J't'L 81jnou
Àoc~e!Y, àcll' e!nep, "t00\1 ooatéi'w ~J.6Yov lv8€xe't'otL • C>au 't'O -roov
Õ\l't'CU\1 <iná\l't'W\1 't'cX <J"tOtX&Lot +j C'I'IUL\1 +j OLe<J9oct exew OUX dcÀ'I'I·
9€ç. nwt; 8' &v 't'~ XOCL ~J.á9ot 't'cX 't'W\1 'ltMCU\1 (J't'OtXEtoc;
:zs 8ijÀoY ycip wç oõ9f.y otóv u 1tpoihtápxetv "f\\CUPCCO\I't'oc np6n·
pov. WG'Ittp yàcp "têi> ytc.>fJ.€'t'p&tY !J.<X\IO<ÍYoV't'L &Uoc fJ.t\1 lY·
8&xe't'oct npoet8&'o10tt, w" 8& 11 l1tt<J"t1j!J.11 xocl 1tepl w" !J.ÉÀÀEL
!J.<XY&ávetv oõ9f.v 1tpoyt"(YW<JXtL, oÜ't'w ~ xoct l1tt 't'W\1 &ÀÀcuY,
Cl<J"t' d' 't'~ 't'00\1 návtcuv l<J"tt\1 l1tt<J"t'Íj!J.'I1• otot\1 5Tj 't't\IÉ.t; cpocaw,
Jo oõO&v &v npoimápxot "(Ycup(~cuv oÚ't'oç. xocC't'ot 1taaoc !J.&O,a~ Õtdc

,,
'l
li
I
I
I,
/I
I
Ir
METAFiSJ::A, A 9, 992 b 8. 30 63

(20) No que se refere ao movimento, se essas difcrcm:iaçõcs


são movimento, é evidente tJUC as :Formas se movem. E
se não silo, de onde veio o movimento? t\ssim, fica total-
mente suprimida <1 investigação sobre a naturcza 21 •
(21) Depois, a demonstração de q uc tod<JS as coisas constituem
uma unidade- demonstração <.1 uc parece fcíeil- não ai- lO
C<mça c seu fim: de fato, de sua prova por "ékthcsis"22 não
decorre que todas as cois<lS sejam uma unidade, mas ape-
nas que existe certo Um-em-si, se concedermos que todos
os seus pressupostos sejam verdadeiros; antes, não dctorrc
nem mesmo isto se não se concede que o universal seja
um gênero. De fato, em Hlguns casos isso é impossívcl 2;.
(22) r: eles também não sabem dar a razão dos entes posterio-
res aos números- a saber os comprimentos, <ls superfí-
cies c os sólidos - , nem cxplícmn por que existem ou 15
existiram c a função que têm. Oc fato, não é possível que
eles sejam Fonnas (porque ni:io siio números); nem é pos-
sível que sejam entes intermediários (estes, com efeito,
são objetos matcnuiticos); nem é possÍ\'cl que sejam cor-
ruptíveis: pmccc, portmlto, que se trat<l de um novo gêne-
ro ele realidade, isto é, ele um quarto gênero~~.
(23) Fm geral, investigar o~ elementos dos seres sem lu dis-
tinguido os múltiplos sentidos nos quais se entende o ser
significa comprometer a possibilidade de cncontr~í-los, es-
pccialmenh: se o que se investiga são os elementos consti- 20
tutivos elos ~cres. Certamente não é possívd bmcar os dc-
mcntos constitutivos do fazer ou do padecer ou do reto,
poi~ se isso é possível, si> o poclt: ser pelas substâncias. In-
vestigar os elementos de todos os seres ou crer tê-los en-
contmdo daquele modo é um trro 2'.
(24) 1•: eomoyodcríamos aprender os elementos de tod;;Js as
coisas? E evidente c1uc não deveríamos possuir nenhum 25
conhecimento prévio. Assim como quem apn:ndc geome-
tria podt possuir outros conhecimentos, mas não das coi-
sas tratadas pela ciência que pretende <lprcnder c da qual
nãü possui conhecimentos prévios, o mesmo ocorre pam
todas as outras ciências. Conseqüentemente, se existisse
uma ciência de todas as coisas, tal como alguns afirmam,
quem a aprende deveria, previamente, não saber nacl<l.
Entretanto, todo tipo ele aprcndi1.<1do ocorre mediante 30
TON META TA ([)Y!IKA A

I
1tpO"(l'YV(o)(JXOJÚV(a)V +}1tcX'\I't(l)\l f\ ~W<i>Y em, XOtL i) 8t' dc1to8e.(ÇE.(I)~
I;
(xati) Tj 8t' ópt~v (Ser ylip lé i:>v ó ÓpL<JJLo~ 1tpoe.lSLvcxt xcxi
.Ijl etvcxt yv6lpt!J4). ÓJLOÍCal~ Se XOtL i) 8t' e1tCX"((I)y1jÇ. dcÃÀii ILTtv
I'' 993• d xatt 'tl.l"f:)t:civot aú~-tcpt.n:o~ oõacx, Ocxu!J.CXG'tÕV 1t6l~ ÀcxvOcivo-
Jl,l
ILev lx~e.~ 'tTjv xpcx~(G'tTJv ~6lv i.1t'cnTJJ1ci'lv. l~t 1t6l~ 'tt~ yv(l)-
I pte.i' tX 't(V(I)V ea-t(, XCXL 1téi)t; tG'tCXL &ijÀov; XCXt "(llp 't0Ú't 1 tXE.t
''i
dt1topCcxv· dtJ.Lcpt~Y}'t'i)ae.te. ylip &v 't~ &>a7te.p xatt 1te.pl i.v(or;~
11
1
' auÀÀcx~ciç o[ IL~" ylip ~o ~ ex 'tOÜ G XOtt 8 XCXL ex cpcxaiv
e.tvcxt, o[ 8t 'ttv~ l'te.pov cp06yyov cpcxal.v e.!vcxt xcxt oõOtvcx
·i' I
'·I 't6lv "(V(()p(!J.CU"· i'tt S& i:>v la-tiv cxfaOY}at~, 'tCXÜ'tCX 1t6lç !v 'ttç
!i ~-tfl tX(I)V 'tTjv cx!aOTjatv yvo(Y}; xat('tot t8tt, t!yt 1tCÍ\I't(I)V 'tCXÕ'tli
li'
'I a-totxCtci la-ttv lé 6lv, &>a7te.p ex{ aúvOt'tot cp(l)vor;( datv i.x 'tei)v
10 ohu.ÍCa)y G'tOtXtÍCalV.
li "'0'tt JUV OUV 'tliç dpY)JÚVCX~ tV 'tOt~ cpUGtXÕLÇ cxl'f(or;ç' 10
~Y}ntv i.oúcuat 1tCÍV't~, xcxi <tOÚ't(I)V i.x-rà~ oõ8e~-tCcxv lxot~-te.v &v
elm!v, &ijÀov XCXL ex 't6lv 1tp6'te.pov dPY}~-tlV(a)V' dcÀÀ' dcJ.WSp6)ç
11
.I
I 'tCXÚ't~, XCXL 'tp61tov JÚV 'tLVCX 1taGott 1tp6npov erPY}'II'tCXL 'tp6-
U 1tov Sé 'ttvcx oõ8cxJ16)~. ~e.ÀÀ~oJdvo y<kp lotxev i) 1tp6l'tY}
!I cptÀoaocp(or; ,;e.pl. 1tcXv't(I)V, ci'tt vtcx n xcxl. xcx<t' dcpxli~ ouacx [xcxl
'tO 1tpê;l'tOV], e,;e.l XCXt 'E~-t1ttSoxÀij~ ÓG'tOÜV 'téi) À6"(<!> cpY}GtV
,I e!vcxt, 'tOU'tO 8' i.a-d 'tO 'tt ~v t!vcxt xcxl Tj oÕa(cx 'tOÜ 1tpcXY!J.CX'tOÇ.
I
'···i
dcÀÀ<k ILTtv ó~-toÍCal~ dcvcxyxcxtov xcxl. acipxat~ xcxt 'tciw liÀÀ(I)v
!j 20 eXCXa'tOV f.!VCXL 'tOV À6yov, i\ JLTjSÊ. lv• 8t<k 'tOÚ'tO "(llp XCXL alipE
I
xcxt Óa't06v lG"totl xcxi. <tê;lv &ÀÀ(I)v txcxa'tOV xcxt oõ 8tdt 'tTjv
!::

I

11
I'

li
II
,,;

~
~------------------------------------------------------
IMETAFis;:A.A9/I0.992 b31-993a21 I 65

conhecimentos total ou parcialmente prévios; e isso se


dá quer se proceda por via demonstrativa, quer se proceda
pela via de definição (com efeito, é preciso que os elemen-
tos constitutivos da definição sejam previamente conhe-
cidos e claros); quer ainda para o conhecimento por via
de indução. Portanto, ~e esse conhecimento fosse inato, 993-·
seria muito surpreendente, porque possuiríamos sem o
saber a mais elevada das ciências26 •
(25) Além disso, como será possível conhecer os elementos
constitutivos das coisas e como isso poderá se tornar evi-
dente? Também isso é um problema. Sempre se poderá
discutir sobre esse ponto, assim como se discute sobre
certas sílabas: de fato, alguns dizem que a sílaba ZA é
composta de D, S, A; outros, ao contrário, sustentam s
que se trata de um som diferente e que não é redutível
a nenhum dos sons conhecidosl7.
(26) Finalmente, como poderemos conhecer os ob;ctos dados
pela sensação sem possuir a própria sensação? No en-
tanto, deveria ser assim se os elementos constitutivos de
todas as coisas são os mesl1lOS, assim como todos os sons
compostos resultam de sons clcmcntarcs 2 ~. 10

10. {Conclusões) 1
Portanto2, do que foi dito acima, fica evidente que todos os
filósofos parecem ter buscado as causas por nós estabelecidas na
Ffsica, e que não se pode falar de nenhuma outra causa além
daquelas. Mas eles falaram delas clc maneira confusa. Em certo
sentido, todas foram mencionadas por eles, noutro sentido não
foram absolutamente mencionadas. A filosofia primitiva', com JS
efeito, parece balbuciar sobre todas as coisas, por ser ainda jovem
e estar em seus primeiros passos.
Assim, Empédocles afirma que o osso existe em virtude de
uma relação <formal>. Ora, esta não é senão a substância da
coisa. i\<Ias então é necessário, igualmente, ou que também a car-
ne e cada uma das outras coisas seja em virtude de uma relação, 20
ou que nenhuma seja. Então, carne, osso e cada uma das outras
66 TUN META TA <I>Yl:IKA l•

ÜÀ'rl"' TjY lxei'YOÇ Àtyet, mip xotl yijY xcxl ü8wp xotl à.&pot. ciÃlà.
'tMot !ÀÀou 11!" l&yov'toç owécp7JCJeY &" lÇ &várx.11c, aor.·
cpwc 8! oôx elp11xe". 1repl 11!" oõ" 'tOÚ'tW\1 8e8i}Àw'tor.t xor.i
2S 1tp6-tepoY · &ot 8& 1tept 'tW\1 or.Ô'tW\1 'tOÚ'tW\1 ci1topi)aete\l !\I 'ttÇ,
t1totYtl8wJLtY 1tÓCÀt\l" 'tÓCj(ot yà.p CX\1 lÇ or.Ô'tw\1 eunopiíaor.tJL&"
'tt npõç 'tetç ÜCJ-repo" &1ro p(otç.

I',I

~
li

~
il
!
I

~
~---------------------- ............................... ~
METAFiSICA, A 10, 993" 22 · 27 67

coisas serão em virtude dessa relação, e não em virtude da m<ltéria


admitida por Empédocles, ou seja, fogo, terra, água e ar. Mas
l•:mpédocles certamente aceitaria isso se outros lhe tivessem dito;
de, porém, não o disse claramente. Sobre essas quest6cs já demos
(·sdarecimentos acima~.
tvlas devemos \'Oltar ainda sobre alguns problemas que se 25
poderia levantar sobre essas doutrinas da5 causas: quem sabe po-
deremos extrair da solução desses problemas alguma ajuda para
a solução de ulteriores problemas, que 5crão postos adiante;_
LI V RO
a eÀaTTov
(SEc;UNOO)

--------- ·-------·---------·· ---------·--- ---------- -------·-· ....


1
)0 'H mpl tijç ~Y)Od~ 9ewpúx TD !J.EV xtU.e1tT) TD 8& 1
~Ca. CJ111Lt'tov 8& 1:0 IL~'t' ciÇ(wç ILYJ8tYC% 8úvcxa0<%L Otjtt'V
993 b C%1hijç fLftU =V't(s)Ç ~O'tU)'XclYtLV, cXÀÀ' ExCXO'tOV Àt)'tLY 'tL
'lttpl 'tTjç qlÚG~, xcxt xcxO' lvcx !Jlv i'j fLYJO&v fi fLUcpõv l'ltL~CÍÀ­
ÀtLY cxU-rtj, lx 'ltclY'tWY 8t CJUYC%0pOL~O!J.ÉVWY )'()'VtG9cx( 'tL fLÉ)'t-
Ooç wcn' et'mp loLXtY lxetv xcxOcXnep 'tU)'XclVOfLtV 'ltCXpOLfLL<%·
s ~6!J.tYOL, 1:lç &v Oúpcxç cíJA4p1:ot; 'tCXÚ't'f.l J.Liv &v ttYJ p~8(cx,
1:0 8' ID..ov 'tL lxetv xcxt fLÍpoç ILT! 8úvcx<J0cxt 8Y)Ãot 1:0 XcxÀt·
1tàv C%Õtijç. t'Gwç 8e xcxt 't'ijç xcxÃe'lt6'tT)'tO<; oÜGYJç xcx1:d: 8úo
1:p6'Jtouç, OUX lv 'tOÍÇ 1tpcl)'fLCXGLV ~À' !v ilfL'i'Y 'tO CXt'tLOY
CXÕ't'ijç WG'Ittp yd:p 1:d: 'tWY vuxup(8wv ÕfLIL<%'1:CX 1tpoç 1:0
10 q~f.noç lxeL 1:0 fLtO' ~pcxv, oÜ'tw xcxt 't'ijç ilfLt'tÍpcxç ~uxfíç
Ó YOÚÇ npoç 'tà: -rtj qlÚGeL qlCXVtpW'tCX't<% mXV'tWY. oÕ f16YOY 8t
xciptv lxetv 8Cx<%LOv 1:0Ú'tOLÇ wv &v 'tLÇ XOLVWGC%L't0 1:cx!ç 86-
ÇC%LÇ, ~).à XCXl 'tO!ç l1tL'ItOÀCXt6'ttpOY cX'ItOqlYJVCX!J.ÉYOLÇ ml
)'Otp OÚ'tOL CJUYt~ciÀOY't6 'tL • 'tTjy )'Otp t'Çtv 1tpO'Í)GX1')G<%V i!fJ.Wv'
u d fLtY ydtp TtjL60eoç 111! lyíve'to, noÀÀTjv &v fL'À01tOtC<%V oux
et'xo~J.tv' d 8& fLTi <J)püvLÇ, Ttf160eoç oux ã:v lyíve1:0. 1:ov
cxU'tÕY 8s 'tp6'1t0V xcxl !'ltt 'tWV mpt 't'ijç ~Y)0túxç cX'ItOqlYJYCXfLÍYWY"
I. /A filosofia é c.:onhec:imento da verdade e o conhecimento
da l'erdade é conhecimento deis cc/U.ws]l

Sob certo aspecto, ,, pesquisa da verdade é difícil, sob outro 30


C: fácil. Prova disso {:. que é impossível a um homem apr<.:cnclcr
adequadamente a verdade c igualm<.:ntc impossível não apreen-
993~
dê-la de modo ncnhum 2: de fato, se cada um pode dizer algo a
respeito da realidade'. c se, tomada individualmente, essa contri-
buição pouco ou nada acrescenta a!=> conhecimento ela verdade,
lodavia, ela união de todas <lS contribuições individuais decorre
um resultado considcré\vcl. Assim, se a respeito da verdade ocorre
o que é afirmado no provérbio "Quem poderia errar uma porta?"·',
então, sob esse aspecto el~ será fácil; ao contrário, poder alcançar 5
a \'erclade em geral c não nos pmticularcs mostra <1 dific:ulchJclc
da questão'. E dado que existem dois tipos de dificuldades, é
possível que a c:ausa ela dificuldade da pesquisa da verdade não
t:stcja nas coisas, mas c111 nósc.. Com efeito, assim c:omo os olhos
dos morcegos reagem diante da luz do dja, assim também él in-
1cligência que este\ em nossa alma se.: comporta diante elas c:oisas lO
que, por sua naturcí'.a, são as mais cviclcntes 7 .
Ora, é justo ser gratos não só àqueles com os quais clivicli-
JJIOS as opiniões, mas também àqueles que expressaram opiniões
:1té mesmo superficiais; também eles, com efeito, deram algu-
ma contribuição à verdade, enquanto ajudaram a formar nosso
ldbito especulativo8• Se Timótco9 não tivesse existido, n<'io tería- 15
mos grande número de melodias; mas se Frini 111 não tivesse existi-
do, tampouco teria existido Timóteo. O mesmo vale para os que
72 I TQN ME. TA TA <I>YIII<A A E./\ATTON I

?totpdc '"" ràP evCwv ?totptLÀ'ÍjcpotJ.Lt" 't'WCXÇ Meotç, o[ 8l 't'OÜ


')'f.\IÉG91XL 't'OÚ't'OUÇ ott't'I.OL ')'f.')'Ó\IIXO'L\1, op8wç 8' tJ(f.t xotl 't'O XIX•
20 Àti'aOott 't'ijv cpLÀoaocp(IX\I l1nCJ't"ÍjJ.L1J" tijç &À1)9dcxç. 9f.WP1J't'txfíç
!dv ')'dcp ÚÀOÇ &À'Íj9tt1X 1tp1XX't'LX'ijÇ 81 tp')'0\1' XIXi ')'dcp &v
'tO 1twç lJ(tL axo1tcã>otv, oô 't'O citStov ID' 8 1tp6ç 't'L XIXL wv
9f.Wpoüatv ol 1tpotX'tlXOL oôx iaJJ.r.v S& 't'Õ &:>..1)9lç livw tijç
otl-tCotç lxotawv 8f. J.L&Àtatot otu-to -twv &llwv xa9' & xat
2S 't'OtÇ &ÀÀOLÇ w&PJCtt 'tO GU\IWWJ.LO\I (otov 't'Õ míp OtpJ.LÓ't'IX't'0\1'
XIXi rdcp -to!ç n:>..otç -to otf't'tov -toího 'tijç 9tPJ.LÓ'tTJ"Coç) • watr.
XIXt ciÀ1J9€atotwv 't'Õ -to'tç óad.poLÇ ott'-rtov 't'OÜ &À1)9taw t!votL.
8to -tdcç 't'W\1 cXtL Õ\l'tW\1 cXpJCdcÇ cXviX"('XIXto\1 cif.l r.{vott &ÀTj9t·
O"t'&'t'otÇ (ou ')'&p 1tO't'f. ciÀTj9ti'Ç, ou8' exf.C\IIXLÇ otf'ttÓ\1 't'( latt WÜ
30 tl\lotL, cill' lxt!\IOtt w!ç &lloLÇ), waO' tXIXat0\1 WÇ lxtt 'tOÜ
tl\IIXL, olnw xotl 'tijç cXÀ1)9t(otç.

2
9!14• 'Alldc J.LYJY f5-rt ')' 1 mw cXpJ(TJ 't'LÇ XIXi OUX !1tttpot 't'dc 2
ot!-ttot 't'W\1 Õ\l't'W\1 oü-r' r.[ç tô9uwp(1XY oGn xot't'' r.~oç, 8fj).ov.
oüu rdcp wç ee ÜÀ1Jç 't68' ex 't'oüSt 8uvot-tov ttvott tlç !1tr.r.pov
(otov o&pXIX J.Lf.v lx 'Yiiç, "(i}v 8' le
citpoç, ci&pot 8' lx nupóç,
s XIXL 't'OÜ'tO J.LTt YatotaOott), oÜ't't õOr.v 1) ciPJC1t tijç xtvf)af.Wç ( otov
't'0\1 !dv &\19pW1tO\I Ó1tO 't'OÜ cX&poç XL\ITjOi'j\lotL, 'tOÚ't0\1 8' Ó1tÕ 't'OÜ
T)À(ot>, 't'Ov 8l 7\Àt0\1 Ó1to 't'OÜ \lttxOt>Ç, XIXi 'tOÚ't'Ot> J.L1)8lv &{\IIXt
dpotç) • ÕJ.LoCwç 8f. oõ8f. 't'Õ ou lvtXIX dç &1tttpov o{óv n ltvott,
p&Statv !dv Õ')'ttCotç ivr.xot, 't'otú"tTJ"S' r.ôSottJ.LOv(otç, ~ S' r.u8ottJ.Lo·
I
1.

~------------------------------·-----------------------·~
I METAFis:CA. a 1/2,993 b 18 · 99.4 a9 I 73

falaram da verdade: de alguns recebemos certas doutrinas, mas


outros foram a causa de seu surgimento 11 •
E também é justo chamar a filosofia de ciência da verdadc 12 ,
porque o fim da ciência teorética é a verdade, enquanto o fim 20
da prática é a ação. (Com efeito, os que visam à ação, mesmo
que observem como estão as coisas, não tendem ao con hccimen-
to do que é eterno, n1as só do que é relativo a determinada cir-
cunstância e num determinado momento)"· Ora, não conhece-
mos a verdade sem conhecer a causa 14 • Mas qualquer coisa que
possua em grau eminente a natureza que lhe é própria constitui
a causa pela qual aquela natureza será atribuída a outras coü;as 1;: 25
por exemplo, o fogo é o quente em grau máximo, porque ele é
causa do calor nas outras coisas. Portanto o que é causa do 5er
verdadeiro das coisas que dele derivam deve ser verdadeiro ma i~
que todos os outros. Assim é necessário que as causas dos scre5
cternos 1r' sejam mais verdadeiras do que todas as outras: com
efeito, elas não são verdadeiras apenas algumas vezes, c não existe
uma causa ulterior do seu ser, mas elas são as causas do ser das
outras coisas. Por conseguinte, cada coisa possui tanto de vcrda- 3u
ele quanto possui de scr 17 •

2. [As causas são necessariamente limítadas tanto em


espécie como em número] 1
Ademais, é evidente que existe um princípio primeiro c que 994'
as causas dos seres não são (A) nem uma série infinita <no âm-
bito de uma mesma cspécie> 2, (B) nem um número infinito de
espécies'.
(A) Com efeito, (I) quanto à causa material, não é possívd
derivar uma coisa de outra procedendo ao infinito: por exemplo,
a carne da terra, a terra do ar, o m do fogo, sem parar. (2) E i5so s
também não é possível quanto à causa motora: por exemplo,
que o homem seja movido pelo ar, este pelo sol, o sol peJa dis-
ccírdia\ sem guc haja um termo desse processo. (3) E, de modo
semelhante, não é possível proceder ao infinito quanto à causa
final: não é possível dizer, por exemplo, que a caminhada é feita
em vista da saúde, esta em vista da felicidade c a felicidade em
74 I H!NMETATA<!>YIIKI\AEM.TTON I

10 v(«v cUÀou, X«L OÕ'tWÇ ~t &llo cillou g\lat\1 e!vcx~· XO:L tnt
'tOÕ 'tt ~V t!VCXL 8' 6>GCXÚ'tWÇ. 'tê;'>V y~Jp !J.ÍGW\1, c':)v lcrt(
't~ l'CJXCX"tOV xcxt np6npov, ~vcxymrov elvcxt 'to np6npov cxt't~ov
"tê;'>v ~'t' CXÕ't6. el yllp elnerv 'Í)(.'&c; 8€ot 't( 'tê;'>v 'tptê;'>v cxt'ttOV,
'tÕ npê;'>'tOV tpoÜ!J.tV' OU y(lp 8Tj 't6 y' l<JXCX'tOV, oo8evoc; yiJp 'tO
u 'ttÀtU't<XÍOV' GÃ.(l ~J.11V oõ8e 'tÕ jÚcrov, &voe; ytip (oôOev 8E.
8tcXq~fpe~ &v ~ nÀdw tTvcxt, oõ8' IÍnttpcx ti ntntp<XG!J.fvcx). 'tWV
8' à:nt(pwv 'tOÜ'tov 'tOV 1:pooov xcxl lSÀwc; 'toü ~ne(pou ntiV'tcx 't(l
!J.6p14 !J.ÍO"CX Ó!J.OÍ<a>c; !J.ÍXPt 'tOÜ wv· ~· el'nep 1'118é.v tO"tt
7tpê;')'tOV, ID.wc; <Xt'ttOV oo8fv tQ"tl\1, - à:UIJ !J.1IV ou8' t7tt 'tÕ XtX'tW
20 ot6v n de; IÍnttpov Uvcxt, 'tOÜ civw l:x;OV"toc; ~pXÍJv, WO''t' lx 1t'U-

poc; ~v 68wp, lx 8E. 'tOÚ'tou yijv, xcxl oÜ'twc; ~t cillo 'tt yEyve-
aOcxt ytvoc;. 8t:x;ê;'>ç y(lp y(yvt't<Xt 't68t lx 't0ü8t -11-11 6>ç 't68e
Àéyt'tcxt !J.&U 1:ó8t, o!ov ~ 'la8~J.(wv 'ÜÀÚ!J.ntcx, ill' ti
WÇ tx 1t'cx~8oç ~p !J.&'t<X~tXÀÀOV'tOÇ ~ 6>c; lÇ õ8cx'tOÇ ~f}p.
25 6>ç ~v ouv lx 7t<Xt80c; civ8pcx yEyvtGOcxE cpcx~v, wç lx 'tOÜ
ytyYO!J.É.VOU 'tO ytyoVÕc; fj tx 'tOÜ lmnÀOU!J.ÍVOU 'tO U'ttÀ&O"!J.É.VOV
(~L ytip lG"tt IJ.&'tCXÇú, Wontp 'tOÜ tfVCXL X<XL !J.11 e!vcxt yÍV&O"'t;,
OÕ'tW X<XL 'tO 'Y\''(VÓ!J.&VOV 'tOÜ ÓV'tOÇ X<XL ~J.11 ÓV'tOÇ Wtt y(lp Ó
!J.CXV0tivwv ytyv6!J.tVOÇ lmO"tf}!J.WV, xcxt 'tOÜ't' tO"tLV Ô ÀÍyt'I:<Xt,
:so Õ'tt yEyvt't<Xt lx !J.CXV0tXVOV'tOÇ lntO"tf}~J.Wv) • 'tO 8' wc; lÇ ~fpoç
Õ8wp, !p9ttpO!J.É.VOU 0CX"tÉpOU. 8tO lxttVCX !J.tV OUX livcxxtX!J.7t'ttt
METAFÍS:CA, a 2, 99-l o IO· 31 75

vista de outra coisa, e assim, que algo é sempre em vista de outro.


(4) E o mesmo vale para a causa formaJS. lO

De fato, quando se trata de termos intermediários e que se


encontram entre um último c um primeiro, é necessário que o
termo que é primeiro seja a causa dos que se lhe seguem. Se
devêssemos responder à pergunta sobre qual é a causa de três
lermos em série, responderíamos que é o primeiro, porque a cau-
sa certamente nrio é o último termo, já que o último não é causa
de nada; e tampouco o é o termo intermediário, porque ele é
causa só de um dos três termos: c é indiferente que o termo in- 15
termediário seja um só ou, ao contrário, sejam muitos, em núme-
ro infinito ou finito. Dos termos que são infinitos desse modo'',
c do infinito em geral, todos os termos são igualmente intermc-
düüios até o termo presente. Portanto, se nada é primeiro, não
existe causa'.
Mas se existe um princípio no topo da série das causas,
também não é possível proceder ao infinito descendo na série 20
das causas, como se a água devesse derivar do fogo c a terra da
<Ígua, c desse modo sempre algum elemento de: gênero diferente
devesse derivar de um gênero precedente. Díz-sc que uma coisa
deriva de outra em dois sentidos (exceto no caso em que "isso
deriva disso" signihquc "isso vem depois disso", como, por exem-
plo, quando se diz que elos jogos ístmicos se passa aos jogos
olímpicos)~: (a) ou no sentido de que o homem deriva da mu-
dm1ça da criança, (h) ou no sentido de que o ar deriva da água 9 .
(a) Dizemos que o homem provém da criança como algo que já 25
adveio provém de algo que está em dcvir, ou como algo que já es-
tá realizado provém de algo que está em vias de realização. (De
fato, nesse caso há sempre um termo intermediário: entre o ser
c o não-ser existe sempre no meio o processo do dcvir, assim
entre o que é c o que não é há sempre no meio o que advém.
Torna-se sábio quem aprende, c é justamente isso que queremos
dizer quando afirmamos que do aprendiz deriva o sábio). (b) O
outro sentido em que se entende que uma coisa provém de outra, 30
como a água do ar, implica o desaparecimento ele um dos dois
termos. (a) No primeiro sentido, os termos do processo não são
reversíveis: de fato, do homem não pode derivar uma criança.
76 ITnN META TA 41YIIKA A EAATTON J

elç !ÀÀTi~' oüS~ r!rve1:~t lÇ &vSpoç 1r~tç (oõ -yàp r!rve~t


994• lx njç -yevéawç 'tO -yt')'YÓI:Lf.YOY àÀÀ' \0) l01:t l:'f.'tcX -ri)v -ytvecnv·
oÜ't<a> -yàp xati fl~p~ lx 1:0u 1tp6'>t, lS'tt I:L''tà 1:oiho· Sto oõSe 1:0
1rp&t lÇ ~IJ.'p~ç) · e~up~ Sê &v~1t1:et. ài:L'PO't,pCI>ç S~
àSÚY<X'tOY tlç &mtpOY ltY~t' 't6w (J.~Y -yàp ~'Y't(I)Y l:'f.'t~eu
' &v~Ti dÃoç erv~t, 1:à S' elç &ÀÀ'I'IÀ~ &vwl:'7tUt' ~ -yàp
6CX't,pOU q>6opà e~úpou lO'tL r"'tatÇ. - IX(J.Qt s~ x~t à8úva'tOY 'tÕ
I
1tp<i)1:ov à'tatov &v q>O~piiv~t • iml -yàp oüx &7tetpoç ~ -ytveatÇ
I lnl w &Y(I), &YárxTI lC oú ,e~p,Y'toç np6>1:ou 'tt lr've'to I'~
I
&'tatoY erv~t. l'tt Se 'tO ou lvexat úÀoç, 'tOtoÜ'tOY Sê 8 I'~ &llou
to fv~ &ÃÀà 1:ID~ lxe(vou, 6'>01:' &l I'~" lcmxt 'tOtou1:6v 'tt
rax~ov, oüx m~t &mtpov, e[ Se 1:''1'10~" 'tOtOU'toY, oõx lat~t 'tO
OÚ fyex~, &ÀÀ' o{ 'tÕ &mtpOY 7tOtOÜ'tm.Ç Mv0~YOUO'LY lÇ~tpOüvt&ç
-rijv 'tOÜ à-y~6oü q>ÚO'tY (x~('tOL ou0dç &v l"(X&tpTJO'f.LtY oÕS~Y
7t~'t'tf.w (.L~ ~ÀCI>Y lni dp~ç ~Çew) • oõS' &v ef'l'l voüç lv
1S 'tO!ç OUGtY' !vex~ 'Y~P 'tLYOÇ 4d 7tp~Tt&t ~ re YOW lxwv,
1:oU'to St la'tt 1r'Pcxç· 1:0 -yàp dÀoç ntp~ç lO"t(v. àllà I:L~Y
ouSe 1:0 't( ijv etv~t lvS,xe~t &~e0"6~t elç &llov optai:LÔY
7tÀ~~ovt~ 1:~ Ãó-y~· à&( u -yàp l01:tv o ll:'7tp00"6ev IJ.ãÀ-
Àov, o S' Ü01:epoç oõx l01:w, ou Sê 1:0 7tpW'tOY I'~ l01:tv, oôS~
20 'tÕ lx61:'evov· l'tt 1:0 l7tC01:~0'6~t &v~tpOUO'tY o( OÚ't<UÇ Àt-yavteç,
oõ -yàp ot6v u elStv~t 1rpiv elç 1:à &'to!'~ U6erv· xati 1:0
-yt~O'X&W oux lO'ttY, 'tcX -yàtp ofk<Uç &mtp~ 7tWÇ lv8,Xt't~t
voe!v; oÕ -yàp ÕI:LOtoY t1tL 'tijç 'YP~IJ.I:'fíç, fj X~'tcX 'tcXÇ 8~tpt-

------------------------------------------------------·~·
METAfÍSICA, a 2, 99.4 o 32 -o 23 77

(Com efeito, o que deriva do processo do devir não é o guc está


em devi r, mas é <o guc> existe depois do processo do dcvir) 10 • 994b
Assim o dia deriva da aurora, porque vem depois dela e, por isso,
a aurora não pode provir do dia. (b) No segundo sentido, ao
contrário, os termos são reversíveis. Ora, em ambos os casos é
impossível um procc!>so ao infinito. (a) No primeiro caso, deve
necessariamente haver um fim dos termos intenncdiários. (h) 5
No segundo caso, os elementos se transformam reciprocamente
um no outro: a corrupção de um é geração de outro. Ademais,
se o primeiro termo da série fosse eterno seria impossível que
perecesse. E porque o processo de geração não é infinito na série
das causas, necessariamente não é eterno o primeiro termo de
cuía corrupção gerou-se o outro 11 .
Ademais, o objetivo é um fim, e o fim é o guc não existe em
vista de outra coisa, mas aquilo em vista de guc todas as outras 10
coisas cxi!>tcm; de modo gue, se existe um termo último desse
tipo, não pode existir um processo ao infinito. Se, ao contrário,
não existe um termo último desse tipo, não pode existir a causa
finaL !\'las os que defendem o processo ao infinito não se dão
conta de suprimir a realidade do bem. Entretanto, ninguém come-
çaria nada se não fosse para chegar a um termo. E tampouco have-
ria inteligência nas ações guc não têm um fim: guem é inteligente 15
opera efetivamente em função de um fim; e este é um termo,
porque o fim é, justamente, um tcrmo 12 •
Mas tampouco a definição da essência pode ser reduzida
<ao infinito> a outra definição sempre mais ampla em seu enun-
ciado. De fato, a definição p'róxima é sempre mais definição do
que a última. E quando, numa série de definições, a primeira
nJo define a essência, tampouco o fará a posterior 11 • Além disso,
os que falam desse modo destroem o saber: com efeito, não se 20
pode possuir o saber antes de ter alcançado o que não é mais
divisíveL E também não será possível o conhecer: de fato, como
<', possível pensar coisas guc são infinitas desse modo? 1'1 Agui
11ão ocorre o mesmo guc no caso da linha: é verdade guc o pro-
ccs~o de divisão da linha não se detém, mas o pensamento não
pode pensar a linha se não chegar ao fim no processo de divisão.
Portanto, quem vai ao infinito no processo de divisão jamais
78 I TUN 1'1ETA TA <PYIIKA A EAI\TTON I

aer.ç IJ.~Y oõx Í<ttOt'tOtL, voiíaatt S• oõx l<Ttt I'~ crdtoccV'tcc (8tÓ1te.p
2.S oõx ckpt&I!TiGE.t 'tdt~ 'tO~!~ ó ~... 411:E.Lp0\l SLE.e!ÁW). dtlldt xccl
Ti)v ÕÀTJY oô xwoUfdvct> \IO&tv MyxTJ. xcct dt11:dp~ oôB&\IL l<ttt\1
tl\IOtt • d 8~ !J.Tj, oux &mtp6v r' l<ttl 1:0 cim(pct> e.l\lcct. - dtlldt
!L~" xcct e.l &7Cetpcí r' olíaat\1 11:Àij&et 1:<X et&rj 1:ci>\l cchCw", oõx
&\1 Tj" oõS' oíhw 1:0 rt"(\\Wcsxtw· 'tÓ't& r<Xp d8€vcct ot6~-LE.9cc
lO Õ'tCC\1 'tÕt atr'ttOt "(Y(alpÍGWI-l&V" 'tO 8' &mLpO\I XCC'tcX ~\1 1tpÓG9e.-
Gtv oõx lcttw lv mmpcco~Y<t> Steee>..oer\1.

3
A{ s· cixpo&aer.ç XOt'tdt 'tcX l9Tj OUIJ.~CC(\IOUGtv" w~ rdtp
99' • e.lW90ti'E.V OÜ'tw~ ~OÜI-LE.\1 Àr&G60tt, XOtL 'tcX 11:ccpdt 'tCCÜ'tCC OÔX
Õ~!OLOt cpat(ve.'tOtt illàc Stdt ~v dtouvít&etOt\1 ci"(\\w<tt6'tepcc xcct
ee.\ltxWUpat• W ràtp aúvrt9~ "(VWpt!J.O\I. ijÀÚCTJY 8~ lflXU\1
lxet 1:0 aúvrt9e~ ol \IÓIJ.Ot STj).oüow, l" o'tç 1:dt ~-Lu9w87) xcct
.s 11:attSatptw87) 1-le.itov loxúet 1:oü rt~L\1 11:e.pt ccõ'tci>v Btàc 1:0
l6~. o[ 1-L~Y OÕV ldc\1 !J.~ I!CCfhJI'Ot'tLXci>~ Àéi{l 'tL~ OUX ci11:o8f-
XO\I'tOtL 'tci>\1 Àe.róV'twv, o[ 8' &\1 I'~ 11:atpcc8e.t"(('CC'tLXci>~, o[
8~ 1-LCÍp-rupat &;etoGGtv i11:<Íreo9att 11:0tTJ'tilv. xcct ot IA-e" 11:CÍV'tcc
cixpt~~. 1:0u~ Se ÀU11:e.t 1:0 cbpt~~~ ti 8tàc 'tà I'~ Bú"ccG&cct
10 ouve(p&LV " Stdt ~\1 !J.txpoÀoj'(Otv· ÍXE.L rcíp 'tL 'tÕ cixpt~eç
'tOLOÜ'tOV, wcm., xcc9címp l11:t 'tci>V ou~ÀccCw\1, xccl l11:L 'tW\1
>..órwv dt\leÃeú&e.pO\I el\IOtE 'tLGL Boxtt. Sw Be.r 11:&11:cct8E.ilG&cct
1CWÇ tXCCO"t'CC ci11:o8&X't€0\l, w~ &1:011:0\1 &!J.Ot CTJ't&ÍV l11:1.CJ"t"fuJ.TJ\I

':..:.1----------------------~ ·~·
I
MHAI'ÍSICA. a 2/3, 99-t b2-t -995 o 131 79

poderá contar os segmentos da linha. E a linha em seu conjunto 25


deve ser pensada por algo em nós que não se mova de uma parte
a outra 15. - E também não pode existir algo que seja essencial-
mente infinito; e mesmo que existisse, a essência do infinito
uâo seria infinita! 16
(B) Por outro lado, se fossem infinitas em número as espécies
de causas, também nesse caso o conhecimento seria impossível.
De fato, só julgamos conhecer quando conhecemos as causas.
ivlas não é possível, num tempo finito, ir ao infinito por sucessi-
vos acréscimos 1í. 30

3. /Algumas observações metodológicas: é necessário adaptar


o método ao objeto que é próprio da ciéncia/ 1
A eficácia das liçõcs 2 depende dos hábitos dos ouvintes. Nós
exigimos, com efeito, que se fale do modo como estamos fami- 995·'
liari%ados; a~ coisas que não nos são ditas desse modo não nos
parecem as mesmas, mas, por falta de hábito, parecem-nos mais
difíceis de compreender c mais estranhas. O que é habitual é
mais facilmente cognost:ívcl.
A força do hábito é dcmonstrad<J pelas leis, nas quais até o
liUC é mítico c pueril, em virtude do hábito, tem mais força do
que o próprio conhecimento. s
Ora, alguns não estão dispostos a ouvir se não se fala com
rigor matemático; outros só ouvem quem recorre a exemplos, cn-
llll<mto outros ainda cxígcm que se acrescente o testemunho de
poeta~. Alguns exigem que se diga tudo com rigor; para outros,
ao contrário, o rigor incomoda, seja por sua incapacidade de
l"omprccnder os nexos do raciocínio, seja pela aversão às sutile-
zas. De fato, algo do rigor pode parecer sutileza; c por isso alguns 10
o consideram um tanto mesquinho, tanto nos discursos como
nos negócios.
Por isso, é necessário ter sido instruído sobre o método que
~·· próprio de cada ciência, pois é absurdo buscar ao mesmo tem-
po uma ciência e seu método. Com efeito, não é f<ícil conseguir
II('Jlhuma dessas duas coisas.
80 I TON META TA <I>Y!IKA A EAATTON I

xocl 't'pórcov l1tto-t1)JLTit;' lan 8' oõ8~ 9á.'t'!pov ~~8tov Àcx~etv. 'filv
li 1' 8' cixptPoloy(acv 'filv JLOt9TIJLCX't'I.X~V oõx lv cincxG&\1 lbtcxt't'TI·
.I,. 't'éov, ~ÀÀ' tv :roT< JL~ lxotJG&Y GÀTI"· 8&Ó1cep oõ f!JG\XO< 6
I 't'pórcot;· cincxGCX yclp i'G~ 'i! q»ÚG~ lxet GÀTI\1, 8&0 GX!1t't'éov
I lCp<i)'t'0\1 't'( lcm.v 'i! q»~· oÜ't'(l) yclp xoct 1tepl 't'(\1(1)\1 'i! f!JG\X~
I 8TjÀov lG't'cxL xoct d JL~ lnLO"tTjJLTIÇ i\ nÀetÓ\1(1)\1 't'cX cxf't'tcx xocl
I zo "tele; à:pxãc; 9eoopfiGcx( lcm.v.
liI·
li
I

I
'

~
METAFisiCA, a 3, 995 o 14 • 20 81

Não se deve exigir em todos os casos o rigor matcrmítico, 15


IH~lS
só nas coisas desprovidas de matéria'. Por isso o método da
111atcmática não se adapta à física. É indubitável que toda a
natureza possui matéria. Por isso é preciso, em primeiro lugar,
examinar o que é a natureza; e desse modo ficará claro qual é o
objeto da fhica 4 . E também ficará claro se o exame das causas e
dos princípios pertence a uma só ou a muitas ciências;. 20
LIVR O
B
(TE~CEI~O)

. J ~ ·- ; ... ; :_ . t '
• , •. - f
,I'
1
'Avcíyx71 1tp0~ Tijv l1t~TI'tOUJLtYTIV l1tLO't'ftiJ.TIV l1ttÃ9r.tv ~~~ 1
.u 1tpw1:ov 1tr.pi <:>v dc1topiíCJ<XL 8r.r 1tpW'tov· 't<XÚ't<X 8' ro'ttv oo<X
n ~t <XIhwv <iÀÀc.>~ Ú1tr.tÀÍ}tp<XCJÍ 'ttv~, xâv r.r 'tt xc.>pk
'tOÚ'tc.>Y 'tU"(XcXwL 1t<XpWp«jJ.tVOV. lcm 8~ 1:01(; &Ô'JtopiíCJ<XL ~OU·
ÀojJ.&vo~ 1tpoGpyou 1:Ô 8t<X1topfjG<XL x<XÀwç ~ yà:p ÜCJ"ttpov
6Ô1top(<x Àúcn.ç 1:&v 1tp6npov ÕC1topouJL&Yc.>v lCJ"t(, Àúr.w 8' oõx
lO tCJ'ttY Oc"'(YYOÜY't<X~ 1:0v Sr.GJLÓV, ÕCÀÀ' ~ 'ti)ç 8t<Xvo(<X(; ÕC1toplot
871Ào'L 1:oÜ'to 1tr.pt 1:oü 7tfXÍYIJ.<X'toç fi yà:p dc1toptt, 1:cahn 1t<X-
p<X1tÀi}CJLOv 7tt1tov9r. 1:ot~ Se.StJLtvotç dcSúv<X'tov yà:p OcJ.I.CPO'tt-
pc.>~ 1tpotÀ9etv dç 1:0 7tp6G9ev. SLà Ser 1:~ Suaxr.pr.(<X(; n-
9wPTIXÍY<XL W<X~ 7tp6npov, 'tOÚ'tc.>V n x<Xptv X<Xt 8~ 1:0 1:ou~
l~ ~TI'tOÜV'tCX( civr.u 1:oü St<X7topiíG<XL 1tpW'tOY ÓjJ.o(ou~ r.Iwt 1:01(; 1to!
Ser ~S~ttv ÕC"'(YYoúcn, x<Xt1tpÕÇ 'tOÚ'to~ oôS' r.r 7tOn 1:0 ~TI'tOÚ·
995 b JLE.YOV E.ÜP71X&V f) JLfl yt')"XXOxr.tv• 'tO "(~ 'ttÀo~ 'tOÚ't~ jJ.tV oÕ
SfjÀov 1:~ 8~ 1tPOTI7tOPTIXÓ'tt SfjÀov. Í'tt Se ~&À'ttov dcvcíyx71
ixew 7tpo~ 1:0 xp!Y<Xt 1:àv W<ntr.p dcv'ttSCxc.>v mt 1:wv ÕC!J.cpt-
~TI'tOÚY"tc.>v ÀÓyc.>v Ocx'r)XOÓ't<X 1tcXY't(o)V. -ÍCJ'tL 8' Oc1top(<X 7tp&rrj
~ IJ.f.V 1ttpl <:>v lv 1:ot~ 1ttcppOt!J.t<XGJÚYot~ StTI7top?jCJ<XJL&V, 1tÓU·
pov IJ.ta~ f) 1toÀÀ6>v l1tt~v 9wpfjCJ<XL 1:&:~ <Xl't(<Xç mt 7tÓ-
upov 1:~ 'rií~ oõCJLot~ dcpxà:~ 1:&:~ 1tp&tcxç lCJ"tt 'ri'j~ l7ttCJ'ti}JLTI~
lSr.tv JLÓVOV i) mt 1te.pt 1:6>v dcpxwv ~ <:>v Se.LXY6oUCJL 1tCÍY't~,
oiov 1tÓ'te.pov lvS&xe't<Xt 't<XÕ'to x<Xt Êv ~IJ.<X cpcívcxt x<Xt ÕC7to-

.............................. ..........................
~
I. {Conceito, finalidade e elenco das aporías)'
Com relação à ciência que estamos procurando, é necessá-
rio examinar os problemas, dos quais, em primeiro lugar, deve-
~l.' perceber a dificuldade. Trata-se dos problemas em torno dos 25
quais alguns filósofos ofereceram soluções contrastantes c, além
destes, de outros problemas que até agora foram descuidados.
Ora, para quem pretende resolver bem um problema, é útil per-
ceber adequadamente a dificuldade que ele comporta: a boa so-
lução final consiste na resolução das dificuldades previamente
estabelecidas. Quem ignora um nó não poderá desatá-lo; c a di-
ficuldade encontrada pelo pensamento manifesta a dificuldade 30
existente nas coisas. De fato, enquanto duvidamos, estamos
llllllHl condição semelhante a quem está amarrado; em ambos
os casos, é impossível ir adiante. Por isso é preciso que, primeiro,
sejam examinadas todas as dificuldades tanto por essas razões,
como porque os que pesquisam sem primeiro ter examinado as 35
dificuldades assemelham-se aos que não sabem aonde devem ir.
t\dcmais, estes não são capazes de saber se encontraram ou não
', tJUC buscam; pois não lhes é claro o fim que devem alcançar, cn- 995b
quanto isso é claro para quem antes compreendeu as dificulda-
des. Ademais, quem ouviu as razões opostas, como num processo,
está necessariamente em melhor condição de julgar2.
( 1) A primeira dificuldade refere-se a uma questão já tratada
11'1 introdução: se a investigação sobre as causas é tarefa 5
de uma única ciência ou de mais de uma'.
(2) Também comporta dificuldade saber se é tarefa de nossa
ciência considerar só os princípios primeiros da substância
ou também os princípios sobre os quais se fundam todas
as demonstrações: por exemplo, se é possível ou não afi r-
86 TON o"'ETA TA <!JYl:IKA 8

to cpávcxt f) oG, xcxt rc~pl twv cillwv twv totoútwv· ~r t' lcnt
mpt tTjv oÕa(cxv, rc6npov fL(Ot 1ttpl 1t«Íaor.ç il rcÀtEovéç dat,
XlX\1 d 1tÀtÍOWÇ 1tÓttpOY !MaOtL O'U'Y'Y~\I~tÇ 7) t~ fLt\1 ao-
cp(otç t~ 8t cillo tt Àatéov cxôtwv. xcxl to&to 8' cxuto twv
<ivcxyxcx(wv E.cnl ~T)'tijacxt, 1tÓnpov 'tcXÇ cxt<rtiT)'tcXÇ ooa(cxç ~rvcxt
1s fLÓ\10\1 cpcxtlov +) xcxl 1tcxpàc tcxútcxç &llcxç, xcxt 1t6npov fLO·
YOtXWÇ 7) rcÀ~(ovcx yÉ\IT) twv ouat6>v, o!ov oi rcotoüvt~ç t«Í n
tl'M) xcxl tck fLCX6TJfLCXttxcX fLE.tot~ toótwv n xcxl twv ~Xla0T)­
twv. rctpC tt toútwv oõv, xcx9«rc~p cpcxfLév, lrctax~mfov, xcxl
rc6npov rc~pl t~ oua(cxç 1) 9twp((X fLÓvov latlv f) xcxt rctpl
20 tcX OUfL!k~T)XÓtCX xcx9' otÚtcX t!XÍÇ OUaÍ!XtÇ, 1tp0Ç 8t 'tOÚ'tOLÇ
rc~pl t!XÕtoü X!Xl l dpou xcxl OfLo(ou X!Xl àcvofLoÍou xcxl lvcxvtt6-
tT)toç, X!Xl 1t~pl rcpot&pou xcxl Úatipou X(XL tW'\1 cxllwv
<Xrc«Xvtwv twv totoútwv rctpl óawv ot 8tcxÀattxol mtp(;')vtcxt
axorce.rv lx twv lv86Çwv fLÓ'IIW\1 rcotoÚfLE.'IIOL tTjv ax&<jlw, 'tLYOÇ
2S latl 9e.wpijacxt 1t~pl 'ltcXvtW\1" ttt 8E. tOÓ'tOLÇ !XU'tOÍÇ Óacx M9'
cxÚtcX O'UfL~É~T)Xe.v, X!XL fLTj jJ.Ó'\10'11 tL tatt tOÚtW'\1 tX!XCTt0\1
àcll<X xcxl ãpcx &v Évl lvcxvt(ov· ML rcóupo\1 ~X{ &pxcxt xcxt
tcX atOLXtL!X tcX yé\IT) tatL\1 fj dç ex 8t!XLptt'tCXL t'IIIJ1t«ÍPXOvtot
ÜO!atov· X!XL d tcX yÉvT), rcóte.pov Õa!X t1tl 'tOtç cX'tÓfLOLÇ ÀÉ·
JO ytt!Xt ttÀe.ut!XL!X il tcX rcpwt~X, otov rc6ttpov ~~ov i\ civ6pw1toç
àcp:xfl tE. X!XL jJ.CXÀÀO'II tatt 1t!XpcX to X!X9' Exotat0\1. ~Latot
ae. ~T)'tT)d0'\1 xcxl 1tPIX'YfL!XUIJ'tÉO'\I rcónpov EG'tL tt 1t!XpcX ti)v
ú'Ã.T)v cx!ttov x~X9' cxúto fj oü, xcxl toüto xwptatov f) oü, xcxl1t6-

----------------------------------~ ........................ ~···


METAFiS:CA. 81. 995 b lO· JJ 87

mar c negar ao mesmo tempo a mesma coisa, c os outros


princípios desse tipo4 . 10
(3) E, na hipótese de que essa ciência trate unicamente da subs-
tância, surge a dificuldade de saber se existe uma (mica ciên-
cia para todas us substâncius ou se existe mais de uma; c, caso
haja mais de uma, se são todas afins ou se só algumas de-
vem ser chamadas "sapiência" c as outras de outro modo;.
(4) E a seguinte questão também deve ser submetida a exame:
se devemos dizer que só existem substâncias sensíveis ou
se além destas existem também outras; c, ademais, se es-
sas outras substâncias são ele um único gênero ou se delas 15
existem diversos gêneros como, por exemplo, :-;ustcntmn
os que postulam as Formas e os objetos matemáticos ''in-
tcrmcdi~írios" entre as Formas c as ~uhstâncias .~cmívcis6 .
(5) Portanto, como se disse, é preciso investigar essas questões
c também a seguinte: se nossa invcstigac,:ão trata unicamen-
te das substâncias ou tnmbém das propricd<ldcs das suhs-
tâncias. E além disso, scr<Í preciso investigar que ciência 20
tem a h1rcfa de indagar sobre o "mesmo" c sobre o "outro",
o ''semelhante" c o "dcsscmclhantc", a ''contrariedade", o
"antes'', o "depois", c todas as outms noçõc:-; desse gênero,
que os dialéticos se esforçam por cxmninm, porém hascan-
do sua investigação unicamente sobre as opiniôcs comuns.
E ainda scní preciso examinar as características essenciais 25
de cada uma dessas coisas c não sô o que é C<lcla uma
delas, mas t<lmbém se cada uma tem um único contrário'.
(6) E tamht~m isso é uma dificulúadc: se os princípios c os
elementos são os gêneros ou os constitutivos materiais
nos quais se decompõe cad<l coisa\
(7) E, na hipótese ele que os princípios sejam os gêneros,
põe-se o problema de 1-iC os gêneros são os "últimos" que
se predicam dos indivíduos ou se são os "primeiros": por 30
exemplo, se "homem" ou se ''animal" é princípio c tem
maior grau de rea]idade além do indivíduo particular''.
(8) .i'vlas, ele modo particular, deve ser examinada c tratada a
questão de se além da matéria existe uma causa subsistente
por si ou não, c se essa causa é scpmada ou não; c, também,
se é só uma ou se são mais de uma; e, ainda, se existe ai-
88 TtlN METI\ TA <I>YIIKA a

't'Epov l" ~ 1tÀd(l) 't'Õ\1 &:pt01'6\l, X«l 1t6't'lpov lcrt~ 't't mpci 't'Ô
, CJÚ\IoÀov (>.tr(l) Si 't'Ô CJÚ\IoÀo\1, lS't'~XV xe&'t'T)'fOPTIOti 't't 't'i)c; ÜÀT~Ç)
~ oõOt,.., ~ 't'W\1 f.l.i\1 't'W'\1 8' oG, xatt 1t0!cx 't'Ot®'t'Ot 't'(i)Y 5'11't'wY.
996• ('t'~ atl liPXOtt 1t6npov &:ptOI'~ ~ et3e~ ~Ptal'f.VOtt, XOtt Ot[ 4,..
't'otç >.6ro~c; xcd atl l" 't'ci> Õ1t0xt~l'f.~; xe&l 1t6't'Ep0\l 't'(i)Y
cp80tp't'W\I xe&t &:cpOcíp't'(l)'\1 Ot( OtÕ't'Ott ~ lnpcx~, xatt 1t6't'tpov
~00tp't'Ot 1t&cratt i) 't'W\1 cp00tp't'(i)Y cp00tp't'Ot(; ('t't 8~ 't'Ô 1tCÍ\I·
' 't'(a)\1 X<XÀ&~'t'Ot't'0\1 X«t 1tÀdCJ't'T)Y &:1topCoc" lxoY, 1t6't'lpoy 't'Ô
S\1 XOtL 't'Ô l),.., X«8CÍ1ttp o{ 1Iu0cxr6petot XOtL IIÀcX't'(l)'\1 lÀ&'fE.\1,
oõx l't'epÓ\1 't'ÍWtt'\1 &;ll' oõcrlat 't'W\1 5'11't'(l)\l; 1) oG, &;).).' lupÓ\1 't't
't'Ô Ú1tOX&ÍI'&\10'11 1 6)cr1ttp 'E1'1tt8oxÀfjt; cpT)crt q~tÀCOt\1 cilloc;
8t 't'tc; 1t6p ó 8~ 68wp i) &:f.pat • X« L 1t6upov cxl lipxatt
to xat86Àou dcrt\1 i) wç 't'cX XOt0' bcxcr't'Ot 't'(i)\1 1tpOt'fi'CÍ't'(I)Y, xatt
8wcíl'tt ~ l"'Pl'~ • l't't 1t6upoy &ÀÀ(I)Ç ~ X«'t'IX x(\IT)crt\1'
X«i 'fcXP 't'OtÜ't'Ot ti1top(Ot'\l &:\1 1tcxpcícrxot 1tollfr,l. 1tpôc; 8t
't'oÚ't'cnc; 1tmpov ot &:ptO~tot XOtt 't'cX I''Í)XT) XOtt 't'cX crxfii'IX't'Ot
xe&t atl <r't't'fi'IXL oõcrCOtt 't't\lf.ç dc:n'\1 ~ oG, x&\1 el oôcr(Ott 1t6upov
1.S XtX(I)PL<rl'tVOtL 't'W\1 atlcr8T)'t'6)\l i\ lwÚpXOUGOtt iY 't'OÚ't'Otc;; mpt
rlip 't'OÚ't'(l)\1 bcí'll't'w\1 ou I'Ó\Io\1 XIXÀ&1t0'\l 't'O &U1t0p~~ Tijc;
&;>.T)0dcxc; &;ll' oõ8~ 't'Ô 8tex1topijcratt 't'<{) >.6r<t> ~~Lo\1 XOtÀwç.

2
Ilp(i)'t'oy f.l.i\1 OU\1 1ttpt 6w 1tp(i)'t'o\l d'1tOI'&\I, 1t6upo" I'~
i) 1tÀtt6Y(I)Y lcr-tt" l1ttcr't'T)I'W'\I 8E6lpijcrcxt Ú'll't'Ot 't'cX rf"Tl 't'W\1
I METAFis:cA, B I /2, 995 b 33 . 996 a I 91 89

guma coisa além do sínolo <concreto> {temos um sínolo


quando uma forma se prcdica da matéria), ou se além do
sínolo nada existe; ou ainda, se para alguns seres existe
algo separado enquanto para outros não, c .quais são os
seres desse tipo 1n.
(9) Ademais, os princípios, seja formais seja materinis, são 996'
limitados quanto ao número ou quanto à espécic? 11
(lO) E os princípios das coisas corruptíveis e os das incorruptí-
veis são idênticos ou são diversos? São todos incorrup-
tíveis ou os das coisas corruptíveis são corruptívcis? 12
( ll) Além disso, n dificuldade maior c mais exigente é a scguin- 5
te: se o Ser c o Um, como di?.iam os pitagóricos e Platão,
são ou não a substância das coisas, ou se, ao contrário,
supõem alguma outra realidade que lhes sirva de substrato
como, por exemplo, segundo Empédocles, a amizade ou,
segundo outros, o fogo ou, segundo outros ainda, a água
ou o ar".
( 12) Outro problema é o seguinte: se os princípios são univer-
sais ou se são particulares, como as coisas individuaisH. 10
(13) E tnmbém isso é problema: se os princípios são em potên-
cia ou em ato; e se são em potência ou em ato num sen-
tido diferente daquele que se refere ao movimento. Estes
são problemas que apresentam notável dificuldnde 1s.
(14) Além disso, há também a seguinte questão: se os núme-
ros, as linhas, as figuras c os pontos são substâncias ou
não c, caso sejam substâncias, se são separadas das coisas 1s
sensíveis ou imanentes a clas16 .
Para todos esses problemas 17 não só é difícil encontrar a verda-
de, mas nem sequer é fácil compreender bc111 c adequadamente
as dificuldades que eles comportam.

2. [Discussão das cinco primeiras aporias]


[Primeira aporia] 1
Examinemos, pois, em primeiro lugar, a primeira questão
que enunciamos: se o estudo de todos os gêneros de causas é
tarefa de uma única ciência ou de mais ciências.
90 TON l'1ET ATA <i>Yl:IKA 8

20otlnwv. (J.t.&ç (J.tv yõcp l'ZttG"t'ÍI!J.TIÇ 1twç &v e.r11 IJ.~ lVot'll'tEott;
oGaocç 'tcXÇ Õ:p:x_àtç yvwp(~E.w; i'tt 8f. 'ltOÀÀotç 'tWV Ó'll'twv ou:x_
Ú'lt~Íp:x_otxn 'ltêiCJott' dvot yàtp 'tplntov o!óv 'tE. xtvf)aewç &p:x.~v
tlvotL 'tô!ç &xtvfj'toLÇ il -ri)v 'tÕ:yotOoü cpúatv, E.L'lttp &n:otv ô &v
fi O:yot9ÕY xotO' otÚ'tO xotl 8t&: ~v CX'.hoü cpúaw 't0..oç lMtv
l~~ (
U XotL' 0\YtWÇ
"
otL'..tLO'\I u'tt
!I'
~>X€. '\IOU E.VE.Xot Xott "f'"('\\E.'totL Xott ~O"tt
., ' l ' !.'

'tciÀÀot, 'to 8E. d>..oç xoti 'to ou &ve.Xot n:pli~wç 'ttv6t; la"tt 't!Àoç,
otL 8e 1tp~Í~e.LÇ n:êiaotL (J.E.'tOt xtvf)ae.wç; wCJ't' lv 'tOLÇ tXXL'\IÍl'tOLÇ
oõx &v lv8€.:x_ot'tO 'totÚ'tT)V E.tvott ~v &p:x.Tiv oõ8' E.tvot( 'tt otÜ'to-
otyotOóv. 8to xotl lv 'totç (J.ot&íj(J.otCJtv oõOiv 8e.txwtotL 8ux
)O 'totÚ'tT)t; 'ti}ç otl'tlotç, oõ8' iMw Õ:7t68e.t~LÇ oô8t(J.Cot 8t6'tt ~f.À'ttov

il :x.e.tpov, &>..>..' oõ8i 'tO 1totp~Í1totv (J.É(J.'IIT)'totL oõOdç oõOE.'\IOç 'tWV


'tOLOÚ'tWY, wa"te. 8tdc 'totÜ'tot 'tWv aocptO"tWV 'ttvtt; otov 'Ap!O"tt'lt'ltOt;
1tpoe.7t11À~Íxt~e.v cxU'tiÍç lv (J.iv y&:p 'tot!ç CÍÀÀotLÇ 'tÉX'JotLÇ,
xotl 'tot!ç ~otvotúaotç, o!ov lv UX'tovucfi XotL axU'tucfi, 8t6'tt
U ~ÍÀ'tLOV 9j :X.E.tpOV ÀÉye.a0ott 1tiÍ'II'tot, 'tÕtt; 8t (J.ot0T)(J.ot'tLxcXÇ
!J%b oõ0€.Vot 'ltOte.taOott ÀÓyov 'ltE.pl O:yot9wv Xotl xotxWV. - &Uàt (J.i)v
e.i ye. n:Àe.{ouç ln:LCJ"rii(J.ott 'tWV otl'tlwv dal xott l'tipot t'tÉ.pott;
Õ:p:x.Tiç, 'tÍ'\Iot 'tOÚ'tW\1 cpot'tWV e.fvotL ~V ~T)'tOU(J.é'IIT)v, f\ 'tt'\lot (J.IÍ·
ÀtO"tot 'tOÜ 1tp<ÍY(J.ot'tOÇ 'tOÜ ~T)'tOU(J.ÉVOU l'ZtLCTt'Í)(J.O'\Iot 'tWV ~:X.Ó'II'tW'\1
s otth&ç; lY8!xe.'totL y&p 'têi) otthêi) 'ltá.'ll'totÇ 'tOUÇ -rpón:ouç 'tOUÇ -rwv
othCwv Ú'lt~Íp:x_e.t\1, o!ov o[x(ocç õ9E.v (J.tV 'I! xl'IIT)att; f) Ú:x.vrl
xott ó obco86(J.Ot;, ou 8' &ve.Xot 'tO lpyov, ÜÀT) 8f. yij Xott ÀCOot,
'tO 8' e.laoç ó ÀÓyoç. lx (J.tV oõv 'tWV 1tiÍÀott 8t.wpta(J.Ívwv
't('llot ~ xotÀe.tv 'tWV lmCJ'tT)(J.Wv aocpCot\1 lXE.L ÀÓyov lxá.CJ'tT)v
to 1tpoaotyope.úe.tv· ti (J.E.v yõcp O:p:x_LXW'tá.'tT) xotl -ljye.(J.O'IILXW'tiÍ'tT)
xotl fi wCJ'2te.p 8oúÀocç oõ8' &vutn:e.tv 'tatt; ciUotç ln:tcrt'Í)(J.ott;
8Ú«xLOv, ~ 'tOÜ ÚÀouç XotL 'tcX"(ot9oü 'tOtotÚ'tT) ('tOÚ'tOU yàtp tvtXot

______________________________________ ........... ~
MHAFÍS:CA, B 2. 996 a. b 12 91

JVlas como o conhecimento de todos os princípios poderia 20


ser tarefa de uma única ciência se eles não sào contrários?2
Ademais, em muitos seres não estão presentes todos os princí·
pios. Com efeito, como é possível que para os seres imóveis
exista um princípio de movimento ou ainda uma causa do bem\
uma vez que tudo o que por si é bom é por sua n.üureza um
fim c é causa, dado que em virtude dele as coisas se produzem
c são, e dado que o fim c o objetivo é o fim de alguma ação, c 25
as ações implicam movimento? Conseljücntcmcntc, nos seres
imóveis não poderá haver esse princípio do movimento nem
uma causa do hem. Por essa razão, nas matemáticas não :;c de-
monstra nada pela causa final c não existe ncn hum a demons-
1ração que argumente com base no melhor c no pior, c os ma- 30
temáticos nem sequer mencionam coisas como cst<lS. (f<~ por
estas razões que alguns sofistas, como Aristipo4 , desprezavam
as matemáticas: de fato, enquanto nas outras arte~; c ;lté nas
artes manuais, como as do marceneiro ou do sapntciro, tudo é
motivado pelas ra7.ües do melhor c c.lo pior, as matemáticas
não dcscnvol\'cm nenhuma consideração acerca das coisas boas 35
c más);. 996''
Por outro lado, se as ciências ch~ causas são mais de uma c
se existem diversas ciências dos diferentes princípios, qual c.lclas
poderemos dizer que C a ciência por n6s huscada ou, dentre os
que possuem aquelas ciências, quem poderemos dizer que conhe-
ce melhor o objeto de nossa pesquisa? Pode ocorrer que no mcs- s
mo objeto estejam presentes todos os tipos de causeiS; como, por
exemplo, numa casa: sua causa motora são a mtc c o construtor,
a causa final é a obra, a causa material são a terra c as pedras, c a
causa formal é a essência. Ora, segundo as características que
estabelecemos acima'' pam determinar qual das ciências deve
ser clcnominac.la "sapiência", a ciência de cada uma c.las causas
tem alguma razão para reivindicar essa dcnominação7 . (a) De 10
fato, na medida em que é ciência soberana c mais digna entre
todas para dirigi1~ na medida em que a ela todas as outras ciências,
como servas, justamente não podem replicar, a ciência c.lo fim c
do bem parece exigir a denominação de sapiência (todas as coi-
S<lS, com efeito, existem em função elo fim). (b) Por sua vez,
92 TON META TA CDYY.IKA B

~V.Àot), t 8~ ~wv 7tp6:l~wv a(~(wv X<Xt wu jL&Àtcn:a l7tt<mj~ou


~hwp!alh) t!vat, ~ 'tfiç oõcrCcxç ~ d''fJ ~ota6nr 7toÀÀ<xx_wç yàp
u l7t~.crtcq.Lévwv ~o a~o IJ.&Uov !dv d8évat cp~v ~ov ~li>
li t!vat yvwp(Covta ~( ~o 7tpayJ.ta 71 ~li> ILTi tlvat, a~wv 8~
~o~wv lupov lúpou ~Àov, xal I.LCÍÀtcn:a ~ov ~( lcn:w ~U'
oÕ ~ov 1t6crov 7l 7tOLO'II i} ~( 7tOL&L'II i} -Mcrxew mcpuuv. t~L 8!
xal lv wtç 4ÃÀotç ~o d8évat lX<Xcr~ov X<Xt wv ~oo&LÇetç
20 der{, ~M' oi6~.L&9a Ú7tCÍpx_tt'll 6-rav tlBWIL&'II ~( mtv (o{ov ~(
lcn:t -ro u-rpaywv(Cttv, 6-rt I.Lécr'f)ç tÜp&cnç ÔI.Lo!wç 8& X<XL l7tt
~wv !U(I)v) , 7ttpl 8! ~àç ytvécrttç X<Xl ~à.; 7tpciÇttç X<Xt 7ttpt
'ltácrav IL&~j3o>.Tjv 6-rav d8wi.Lt'll 't'ijv ~px_Tjv 'tfiç xtvf}crt(l)ç
'tOÚW 8' ~~tpO'II XaL ~vtLU(I.Lt'IIOV -rfi> -réÀtt, ~crt' 4ÀÀ'f)Ç ~
u 86Çtt&'ll l7tLa'tiji.L'fJÇ e!vat -ro 96C!>pfjcrat ~wv ah!wv ~oÚ~(I)V lxa·
cn:ov. - ~Uà ILTi'll xal 7t&pt -rwv ~7tOOtLX'ttxWV ~px_wv, 7t6~tp0'11
ILtaç mtv l7ttcrt1Ji,LTjç ii 7tÀtt6w.lv, ~I.Lcptcrlhi-ri!crti.L6V lcn:w (Àéyw
8! ~7to8ttx'ttxàl; 'tàtç xotvàl; 86Çaç lÇ wv &1tavuç 8ttxvúou-
crtv) o!ov ~t ãv ~vayX<Xtov 71 cpcivat i} ~7tocpcivat, xat
Jo ~úvawv cii.La t!vat X<XL ILTi dvat, X<XL liaat n>.at -roLCXú-
I i ~t 7tpO~c:rttç, 7t~tpov IL(a ~oú-r(I)V l7ttcrtfji.L'fJ X<Xl 'tfiç oõcr(aç i}
I' lúpa, xllv d ILTi IL(a, 7t0Úpav x.pTj 7tpoaayoptútt'll 't'ijv CTI-
I
-roui.Lé'll'f)v wv. ILtaç I.LtV oõv oúx tÜÀoyov t!vat • -r( yàp IJ.&À-
Àov YWIL&~P{aç ii Ó7tOtacrOW 7t&pi. 'tO~(I)V mtv iSI.O'II 'tO lMfttv;
JS d'1ttp oõv ÓI.Lo(wç IL~'II Ó7totaaow lcn:(v, cX7taawv 8~ ILTi lv8éx_&-

I
I
I
.I
:I

I,I
.I
M~TAFÍSICA, B 2.• 996 b 12 - 35 93

tendo sido a sapiência definidas como ciência das causas pri~


mciras c do que é maximamente cognoscível, esta parece ser a
('iência do substãncia'1• Com efeito, entre os que conhecem a
mesma coisa segundo diferentes modos, afirmamos que conhe~ 15
cc mais o que é a coisa quem a conhece em seu ser e não quem
a conhece em seu não~ser 111 ; c também entre os que a conhecem
no primeiro modo, há quem a conheça mais do que outro, c a
conhece mais do que todo~ quem conhece sua essência c não a
qualidade ou a quantidade ou o fazer ou o padcccr 11 • E também,
nos outro~ caso~, pensamos que se tem o conhecimento de todas
as coisas, inclusive das que são passíveis de demonstração 12, quan~
do se conhece a essência. {Por exemplo, conhecemos a e~sência 20
da operação da quadratura quando sabemos que ela consiste em
encontrar a média proporcional' 2 ; c de modo análogo em outros
casos). (c) Ao contrário, consideramos ter conhecimento das ge~
rações, das ações e de toda espécie de mudança quando conhc~
ccmos o princípio motor, c esse princípio é diferente c oposto à
causa final'~- Concluindo, parece que o estudo de cada uma dcs~
sas causas é objeto de uma ciência diferente". 25

/Segunda aporiaJ1('
Há também a seguinte aporia: se compete a uma única
ciência'' ou a mais de uma o estudo dos prindpios da dcmons~
I ração. (Chamo princípios da demonstração às convicções co-
rnuns's das quais todos partem para demonstrar: por exemplo,
que todas as coisas devem ser ou afirmadas ou negadas c que é
impossível ser c não ser ao mesmo tempo, e as outras premissas 30
desse tipo) 1Q. O problema, portanto, consiste em saber se é uma
sô a ciência que trata dcs~es princípios e da substância, ou se
são duas diferentes; c se não é uma só, com qual delas devemos
identificar a que estamos buscando.
Ora, não parece razoável que seja uma só. De fato, por que
haveria de ser tarefa própria, digamos, da geometria mais do
IJIIC de qualquer outra ciência, tratar desses princípios? Se, por-
i anto, pertence igualmente a qualquer ciência e se, por outro 35
9d T!lN l'lETA TA <I>Y>:IKA B

997° 't'<XL, Wmttp ou8i. 't'W\1 &llw\1 Otn(I)Ç ouS& rijc; "(\\WpL~OÚOTjc; ..&:c;
oôat<Xc; 1'8t6Y mt 't'O yt~L\1 :rctpl atu't'w\1. eXILO' Si. xcct 't'CYat
't'p6:rcov m«t atu't'6l\l l:rcta't"ÍJJJ.1); 't't fUY yàtp lx«a'toY 't'OÚ't'WV
't'\l"'(XcX\Itt Ô\1 X<XL \IÚ\1 "(\\Wp~OJUY (XPW\I't'<XL yow wc; 'YL"(\\W·
' axof.L&votc; «Ô't'o~ x«t &ÀÀ«t 't'Í XV« L) • tt Si. &7toSttx't'\X~ 'lttpi.
<XÔ't'W\1 m(, St-ítatL 't'L yivoc; tlV<XL Ó'ltOXt(JU\10\1 xcct 't'Ot f.Lt\1
:rccífh) 't'&: S' &Çtw!LO''t'' «Ô't'6lv (7ttpt 'ltcXY't'WY yàtp &SúV<X't'0\1
&:rc6StteL\I t!Yatt)' Mrxrt yàtp lx 't'L\/W\1 t!V<Xt xcct 'lttp( n xcct
't'L\16)\1 -djv &:rc6Sttew· wan OUf.L~Ot(Ytt M\l't'W\1 t!\I<XL yt\loc; e\1
10 't'L 't'W\1 StOOIUf.Lt\IW\1, :rc«aatt y&:p «l &7toSttx't'tx«i XP6lV't'atL
't'orc; &eLWf.LOtaL\1. - &ÀÀOt f.LT)\1 d l't'tpat ij rijc; oua(«c; XCCL 'Í) 'lttpt
't'OÚ't'W\1, :rtO't'tp<X XUptWÚp<X XCCL 7tpO't'tp<X 'ltíqlUXt\1 <XIhw\1; XCC·
86Àou ydtp f.LCÍÀta-t« xccl. 'ltcX\/'t'W\1 &pxatl 't'Ot liÇLWf.L«'t'CÍ mw,
ti 't'' la..t f.L1J 't'OÜ cptÀoa6cpou, 't'ÍYoc; ta't'<tt :rctpl «Ô't'6l\l !ÀÀou 't'O
u 8twpiiaOtt 't'O &À1)9E.c; X«l ~tüSoc;; - b?..wc; u 't'6lv ouaLW\1 7t6·
't'tpOY f.LÍOt :rc«a6lv la-tl'll 1'1 7tÀtCouc; l7ttmijf.LOtr d ~Ji"~~ OÕY f.L1J
f.LCat, :rco(Otc; oõaC«c; 9t't'tO\I -djY t7tLa't"ÍJJJ.1)V 't'<XÚ'tTj\1; 't'O SE. f.LÍOt\1
'lt«awv oux tGÀoyov· xatl. ydtp &Y &7toSttX't'uc1) f.L~ 7ttpt 'ltcX\1·
't'W\1 tt1) 't6l'il OUf.L~t~t)XÓ'tW\1, tt:rctp 'lt«aat !i'ltOOtLX'ttx~ 'lttp(
20 n Ó'ltoXdJUYO\I 8twpt! 't'Ot xcc9' Otthàt OUf.L~t(h}XÓ't« tx 't'W\1

xot\16)\1 SoÇw\1. mpt oúY 'to Otu'to y€voc; -r&: auf.LPt~XÓ't<X xcc9'
«Õ'tàt rijc; «Ôrijc; la..t 9wpija«L lx 't6lv «Ô't'wY SoÇwY. 'lttpt
'tt yàtp 8 f.Lt«c; x«t lÇ wv f.LL«c;, tl'n rijc; «Úrijc; d'n &À-

---------------------------------·---------------------- .. ·~
METAFÍSICA. B 2. 997 a I - 23 95

lado, não é possível que pertença a todos o conhecimento dos


princípios, dado não ser tarefa específica de nenhuma das outras
ciências, também não é tarefa específica da ciência que conhece
as substâncias. Por outro lado, como poderá ser a ciência desses
princípios? O que é cada um deles sabemos imediatamente. E
as outras artes servem-se deles como de algo que é conhecido.
Se deles houvesse uma ciência demonstrativa, então deveria ha- 5
\'Cr um gênero com função de sujeito e deste alguns princípios
deveriam ser propriedades c outros axiomas (porque é impossí-
vd que haja demonstração de tudo); de fato, a demonstração
deve necessariamente partir de algo, versar sobre algo e ser de-
monstração de algo. Conseqüentemente, seguir-se-ia que todas
as coisas passívcü, de demomtraçâo pertenceriam ao mesmo lO
gênero, enquanto todas as ciências demonstrativas valem-se dos
axiomas 20 •
Ao contnírio, se a ciência da substância é diferente da dos
;1xiomas, qual das duas será superior e anterior? Com efeito,
os axiomas são o que de mais universal existe; c se não é tarefa do
filósofo, de quem mais pock:rá ser tarefa indagar a verdade c a
15
falsidade deles? 21

j'lerceira aporia]22
E, em geral, existe uma única ciência de todas as stlbstân-
cias2' ou mais de uma?
Ora, se não existe uma só, de que tipo de substâncias dire-
mos que é ciência esta nossa?2"
Por outro lado, não parece razo<ívcl que seja uma s6 a ciência
de todas as substâncias, porque, se assim fosse, seria também
única a ciência demonstrativa de todos os atributos, dado q uc
hKla ciência demonstrativa de determinado objeto estuda seus 20
atributos essenciais a p<utir de axiomas 2;. Portanto, tratando-se
de um mesmo gêncro2~, caberá a uma mesma ciência estudar seus
;1tributos a partir dos axiomas. E, com efeito, segundo esta hipó-
lcsc, o objeto sobre o qual versa a demonstração pertencerá a
uma única ei€:ncia, c os princípios dos quais parte a demonstração
T!~N META TA <!>Yl:IKI\8

À71~, ciSG"te ml ~a GUIL(3e~'tpCÓ'tat, et9' atõ-tat~ 8wpoüow e\'-r'


u bc wú-rwv ~-t!at. - l~t 8l 'lt6upov 1tept -r&~ oõo~ (J.ÓYOY
ij 8wp!at lG"ttv f\ ml 1tept u GUIL(3~YIXÓ'tat -ratÚ'tattÇ; ).tyw
8' otov, et -ro G"tepeov oôo!at -r(~ icrtt xatl YPOC!L~Latt xocl i1t(-
1te8at, 'lt6upov 'tfí~ atô~ 'tatíitat yvwp(~etv iG"ttY l1tmTJILYI~ xact
u GU~TJXÓ'tat 1tepl lxatG'tOV ytvo~ 1tept ~" atl [.Lat8YI[.Lat·
lO ~1 8etXYÓOUOLY, f\ &ÀÀYI~· e[ [J.lY "(&p 'tfl~ atÕ'tfíç, ci1tO·
8etx'ttX~ 't~ &v erTJ xatl i! 'tií~ oôo~, oô 8oxer 8l 'tOÜ -r(
icrttv ci1t68e~t~ etvatt • r.l 8' L"ttpat~, -r(~ lo'tatt ij 8wpoüoat 1tept
~" oôo!atv u GUfL~&~xó-ra wüw yàtp ci1t08oüYatt 1tcxyx6:-
Àe1t0v. - l-rt 8l 1t6npov ~~ atla871't&~ oôo(atç fLÓ\Iatç etvatt
:u cpatdov f\ xatl 1tatpàt -rat6-rat~ &>.).Qtç, Xatl 1tÓ'tepov fLOVQtX(i)ç f\
m• 1tÃe(c.) rtYTJ n'tÚX'fiX&" 3Y"tat ~(i)v oôo~v, otov o[ ÀtyoY't'Ç -r&:
n em11 Xatt -ràt fL''tatEú, 1tept a -r~~ ~-tat8YI!Lat't~~ etvatC !pat·
j' ow l1tmi)~; ~ç ~-tlv OÕ\1 Àf"((fLe\1 -r& d'SYI acr-rt&: ~e xatl
o6oíat~ e{Yatt xat8' lcxu't~~ ei~atL lv 'tO~ 1tp6m>~ ÀÓyOtÇ npl

·I ' at~v· 1toÀÀatXti 8l lxmwv 8uoxo>.Catv, oô8ev~ fjffOV !'to-


1tov -ro !pá:Yat~ [J.lY etYatC ~Yat~ !pÚottÇ 1tatpàt -ràt~ iv 'tCÍ)
oôp~, -ratú~ 8l -ràt~ atÔ't~ !pá:vat~ -ror~ aclo8-t)-rot~ 1tÃfly &tt
-r& !Jlv cit8tat ~àt 8l 1!)8atp't&:. atÕ'tO y&p !v8pw1t6v cpatoLY
e!Yatt Xatl \'mtov Xatl úy(eLatY, !).).o 8' oô8tv, 1tatpat1CÀ~otov
10 1tOLOÜ~ 'tO\(; 8r;oUç jJlv e{\latL !pá:OXOIXn\1 ci\18p(l)1t0e~e'Lç 8f'

----------------------------------·-------------------..a·~
METAFÍSiCA, B 2, 997 o 2<~ • b 1O 97

também pertencerão a uma única ciência (quer ela coincida, quer


não, com a primein1)27 e, conscqücntcmcntc, também os atribu-
tos pertencerão à mesma ciência (isto é: a essas duas ciências ou
;\ ciência única que reúne essas duas)Z~. 25

/Quarta aporia}29
Ademais, nossa investigação versa somente sobre as substân-
cias, ou também sobre seus atributos? (Por exemplo: se o sólido é
uma substância c assim também as linhas c as superfícies, será ta-
refa da mesma ciência conhecer esses entes e também os atributos
de cada gênero desses entes que constituem o objeto das demons-
trações matemáticas, ou scní tarefa de uma ciêncitl diferente?). 30
Se fosse tarefa da mesma ciência, então haveria uma ciência
demonstrativa também da substância, enquanto na verdade não
parece haver uma demonstração da essência 111 •
Por outro lado, se é tarefH de uma ciência diferente, que
ciência cstudar~í os atributos da substância? 1:: dificílimo respon-
der a esta pcrgunta' 1•

/Quinta aporiaP~
Por outro lado, deve-se dizer que só existem subst~ncias sen-
síveis ou também outr<~s além delas? E deve-se dizer que só existe 35
um gêncro ou que existem diversos gêneros dessa~ substâncias, 997'
como pretendem osn que afirmam a existência de Formas c de
Entes intermediários (que, segundo eles, seriam o objeto dos
conhecimentos matemáticos)?
Ora, já explicamos antcrjormcntc'~ em que sentido dizemos
que as Formas são causas c substâncias por si. Entre os muitos
absurdos dessa doutrina, o maior consiste em afirmar, por um s
lado, que existem outras realidades além das existentes neste
mundo c afinnar, por outro lado, que são iguais às sensíveis, com
a única diferença de que umas são eternas c as outras corruptí-
veis. Eles afírmam, de fato, que existe um "homem em si", um
''cavalo em si", uma "saúde em si", sem acrescentar nada além,
comportando-se, aproximadamente, como os que afirmam a exis-
tência de deuses, mas que eles têm forma humana. Com efeito, lO
98 TUN 1'-lETA TA <i>YIIKA 8

oün rlip UE.t\IOL oõSev &ÀÀo t'lto(ouv fi &v9pw1tOUÇ &:iô(our;, oü9'


oÚ'tot ~(L tt'&t) &ÀÀ' fi ocla97i~li clWLOC. t~L 8e e.L ~r.ç 'ltocpli ~li
tt'&r} m\ 'tiX oc~~IX 'tiX ~~~ 9-lja&'t«t~ 1t0ÀÀIXr; &:1t0pt«r;
!Çw 8ijÀ.ov r&:p WÇ OIJ.o(c.)r; 'Y'POCIJ.!J.OCÍ n 'ltOC~ 't 0 ocõ~àr.r; XOtL
1.S 'tàr.r; oclcs871~(lr; ÍGO\I'tOCt xcxt lxoc<nov ~W\1 &ÀÀ.wv 'Y'E.\IW\1' wa-t'
l1td1ttp Tj à:G'tpoÃ.or(oc ~-tCot ~olhwv la-t(v, la-toct ~tr; xoct oõpocvõç
'ltOCpàr. ~ov «lcs9Yl~ov oõpocvõv xoc\ i\).wr; n xocl aeÃ.frnl xoci
't~ÀÀOC Ó!J.O(wr; ~c~r. X<l'tà: ~0\1 oupocv6v. XOCL'tOt 'ltWÇ Stí 'ltLG'tW•
GOCL ~OÚ'to,ç; oõS~ r~Xp lix(\IYI~0\1 eüÃ.orov &Ivoct, XL\100~\10\1 Se
20 xoct 'lt«V"tE.À.wr; &:8úvoc'tov· Ó!J.OCwr; 8~ xocl mpl wv Tj O'lt"ÇtXTJ
'ltpOC"((LOC~tÚE.~Clt XOCL Tj lv ~OlÇ !J.OC9t1!J.OCGL\I lipJLOVLX'Íj" XOtL
rclr.p ~ocü~oc &:Súvoc'tOv t!voct 1t0Cpli ~àr. oclo67rt~X St« ~ckr; «u~~
«h(ocç• d riXp mt\1 oc[a6Tj'tcX !J.t~cxtU XOCL oc[~Gti.Ç, STjÃ.ov
lS~t xocl Cct>oc laOV"toct ~~oceõ «~ti>v u xoc\ ~wv ~oc~ti>v.
n à:'lto~GE.t& S' civ ~~r; xocl 'lttpt 1t0Toc 'twv ÕV"twv Ser ~71n!v
~ClÚ'tOCÇ ~cXÇ t'lttcrdi~J.«r;- d 'Y'cXP ~OÚ~ct> 8to(att .-iír; 'Y'E.WSoctaÍ«r;
Tj "fu.l~~p(oc !J.Óvov, Õ·n Tj !J.tV ~olhwv l<nlv wv «la9ocv6~9oc
I,
I Tj 8' oõx oc~~wv, SjjÀov ~t xocl 'lt«p' ~~ptxTjv Í<n«t ~r.ç l1tt·
G't'i}!J.Yl xocl 'ltOCp' lxtio-njv ~ti>v !Uwv ~~~ «Õ'tijç n l«~pt-
'o xiir; X«l 'tijl78e ·'tiir; loc~ptxi\Ç xochot 1twr; ~oü-to Suvoc~6v; xocl
r~Xp &v úrtdv' cinoc tt7l 1tocpiX 'tiX oclcs871~tX xocl «~o ~o
Ú"'(\E.t\IÓ\1. cl!J.OC Se ou8~ ~OÜ'tO &:À Yletr;, wr; Tj rewSoctG(oc 'tW\1
ocla01]'twv la-tl ~reOwv ml cp9«~ti>v· lcp9E.lpe~o r&:p &v
cpOetpoJÚvW\1. - &:UIX JLTJV oõSf. 'twv ocla61]'twv &v tt71 JL&re9wv
" oõ8f. 'ltr.pl ~0\1 oõpocvõv Tj cla-tpoÀ.or(oc ~6v8e. oün ràr.p oct oc~­
m• ~ocl 'Y'POCJLIJ.OCL ~otocíi'toc( elatv ofocç Àlrtt ó rewJÚ~PYlr; (oô9~v
'Y'tXP eõ9u 'tti>v ocla871'tW\I oú-twç ouSe <rtporrúÀov· &'lt"ÇE.~OCt rtlP

~--------------------------.w ...................... ~
I METAFiSlCA. B 2. 997 b 1 I . 998 o 2 I 99

os deuses que eles admitem não são mais que homens eternos,
cnquc:mto as l<onnas que eles postulam não são mais que sensí-
veis ctcrnos 3;. Ademais, !>C além das J-<'onnas c dos sensíveis pos-
lubrmos também entes intermediários~\ surgirão numerosas di-
f i(:uldadcs. De fato, é cvídcntc que existirão outras linhas além
das linhas-em-si c das linhas scusívcis, c do mesmo modo para
cada um dos outros gêneros. Assim sendo, dado que a astrono- 15
utia é uma dessa!> ciências matemáticas, deverá existir, consc-
qiicutcmente, também outro céu além do céu scnsívcF, assim
!'omo outro sol c outra lua, c o mesmo para todos os outros
mrpos celestes. l\tlas como se pode crer nisso? De fato, niio é m-
;.o;ívcl admitir que esse céu <intermediário> seja imóvel c. por
outro lado, é absolutamente impossível que seja móvcP:'. O 20
111Csmo se deve dizer das coi!ias que são objeto da pesquisa ótica
t' dos objetos da pesquisa da harmônica matemática'''. Com
deito, é impossível que elas existam além dos sensíveis, pelas
n1csmas razõcs~11 • De fato, se existem seres sensíveis intcnncdiá-
rios, existirão também scnsaçôcs intcnncdiárias, c é evidente que
existirão também animai!> intcrmediárins entre os animais em
-;i c os animais corruptíveis~ 1 • 1•: também é difícil estabelecer 25
p;1m que gêneros de realidades devem-se buscar essa~ ciências
iul"crmcdi~rias. De fato, se a geometria só difere da gcodésia~ 2
porque esta última versa sobre as coisas sensíveis, enquanto a
primeira versa sobre as coisas não sensíveis, é evidente que dc-
\'crá ocorrer o mesmo com a lllcdícina c com cada uma das ciên-
cias, c deverá haver uma medicina intcrmcdicíria entre a medicina
em si e a medicina sensível. l'vlas como isso é pos~ívcl? De fato, 30
nesse caso deveriam existir, além das coisas sadias sensíveis c
além do sadio em si, outras coisas sadiasH. Entretanto, nem se-
quer é verdade que a gcodésia trate de grandezas sensíveis c
vorruptívcis; pois corrompendo-se essas grandezas, também ela
d('\'Cria corromper-se•~.
Por outro lado, a astronomia não poderia ter como objeto
lk estudo as grandezas !>ensíveis, nem c5sc céu sensível. De f<lto, 35
IU.'m <lS linhas sensíveis são do modo como as entende o geômetra
(com efeito, nenhuma das coisas sensíveis é reta ou curva como 998·'
prdcndc o geômetra, o círculo sensível não encontra a tangente
100 TO~ l'lETA TA (!)Y::iiKA B

1:06 XCXY6voç oo xt~tdt cn~"((LTJv ó xúxÀoç &).). ' ~a71:tp llp<l>'tex·


y6pcxç D.tytv Ufrx<a>v touç "(E.<a>...,ftpexç} 1 olf9 1 ex[ xtY'fl<JE.tç xt~l
5 lÀtXE.Ç 'tOÜ OOpcxvoÜ l>...,otext ;upl WV /j MtpOÀoy(cx 71:0tti''text 'tOUÇ
).6youç, oün tdt CTII""úex toi'ç &cnpotç ~ ex~ lxE.t q>úow.
dal 8€ 'ttVE.Ç or q>CXO'tV e.Ivcxt ""'" tdt ~tttcxÇô texG'tex Àt"(6~ttvot
twv n elSWv xext twv ex[a91)'twv, oo ...,f)v JC<a>p(ç yt 'twv extOeTJ·
twv &).). 1 lv toútotço oiç tdt O'I.)!Lf3cxtvoVtex &86vottex :n:CÍV"tex
10 ~tlv :n:Àdovoç Ã6you S!.U9ti'v, úccxvõv Se xexl tdt totexü'tex 9e.w-
~aext. o~e ydtp i11:t toút<a>v tGÃoyov lxtw o6't<a> ...,6vov, &ÃÀdt
8i'jÀov 8-tt xexl tdt d~TJ lvSfxott 1 &v lv to!ç exlcr91)'toi'ç tivott
(to6 ydtp exoto6 Ã6you &~6-ttp« texG'tcí lcntv), ltt Se Mo cnt·
ptàt lv t<'i) exut~ M"fxtti'ov tivcxt 't6~, xt~i. 1111 tivcxt &xC-
u YTJ'tex Lv xtvou...,fvotç "(E. ÕV'tcx to'Lç cx[a9T)to!ç. l.IÃwç Se t(voç
lvE.X' &v 'ttç 9dTJ ttvcxt ""'" CXÕ'tCÍ, tivcxt S1 lv to'tç ex[CJ91)'totç;
'texOW ydtp CJU!LI3TJCJetcxt !'t07Cex toi'ç :n:pOE.LPTJ!Lfvotç Ecrtext ydtp
oôpcxv6ç tt.; :n:cxpdt tov oõpcxv6v, :n:À~ y' oo JC<a>pi.c; &).). ' lv -t~
exu't<'i) t6:n:~· 8:n:ep lcntv &Suvcx'twnpov.

3
:zo lltp( te 'tOÚ't<a>v oõv &:n:op(cx :n:oÀÀ~ 71:Wt; Ser et...,evov 'tU-
xetv 'ti'jç &ÀT)9tCcxt;, xcxi. :n:ept 'tWV tXpJC<i'>Y :n:6npov St! 'tOt yfYT)
cnotxetex xt~l &pxdtc; ó:n:oÀcx~t~cívttv 1j ""ciÀÀov lÇ wv lvu-
:n:cxpx6V"t<a>Y l<Jttv lxcxcnov 7CpW't<a>v, otov q><a>vi'jt; cnotxerot xcxl
&{)xcxi. 8oxo6cnv eivott 'texin' lÇ wv OÚ"(XE.tV'totL ex( q><a>vexl
:z' :n:pW't<a>v, &).). ' oü to xowõv /j q><a>vfr xcxi. t<i>v Stcxypex~t...,cú<a>v
tcx6tcx cnotxCtot Àfyo...,ev wv exl &:n:oodettt; lw:n:cípxouow
lv 'texi'ç 'tWv &ÀÀ<a>v &11:o8e(Ç&CJtV f\ :n:CÍV'tWY i\ twv :n:Àdcnwv,

---------------------------------------.w......................a·~
METAFlSICA, B 2/3. Ç98 o 3 • 27 IOI

num ponto, mas a encontra do modo como dizia Pitágoras em


sua~ refutações dos geômetras-~'), nem os movimentos c as revo-
luçôcs reais do céu são idênticos àqueles dos guais fala a astro-
nomia, nem os pontos4h têm a mesma natureza dos astros. 5
Alguns, depois, afirmam a existência dcs!)cs ente!) intcrme-
diürios entre as Formas c os sensíveis, não fora dos sensíveis mas
10
imanentes a clcs-~7 • Para examinar todas as dificuldades que daí
~e sc·guem seria ncccss<íria uma discussão mais ampla; bastem,
por agora, as seguintes eonsidcraçõcs~x. Não é razoável que só os
t·utc~ intermediários sejam imanentes às coisas sensíveis, mas é
(·vidente que também as Formas deveriam ser imanentes aos sen-
síveis: de fato, a mesma mzão vale para os dois casos.;·1• Ademais,
ucccssariamente viriam a existir dois sólidos no mesmo lugar~u,
t' os intcnnediário~ não seriam im6vcis, já guc se encontrariam
uos sensíveis, que estão em movimento. E, em gera], por que pos- 15
lular a existência dessas entidades para, depois, afirmar que são
imanentes aos sensíveis? Com efeito, rcaprcscntam-se os mesmos
ah~urdos dos quais .iá falamos; 1: haverá um céu além do céu sen-
sível, só que não será scpamdo, mas estará no mesmo lugar 52 •
Isso também é absurdo.

~- /Disc:ussão das aporias sexta e ~étima}


/Se.xta aporiaj 1
Portanto, sobre essas coisas é muito difícil julgar com verda- 20
de. Assim como sobre o seguinte problema relativo aos princípios:
s(.' devem ser considerados como elementos c princípios os gêne-
ros ou, ao contrário, os constitutivos primeiros dos quais cada
r•oüm é intrisccamcntc constituída 2•
Por exemplo: elementos c princípios da pr~lavra; pr~rccem
\l'l os constitutivos primeiros dos quais as palavras são intriscca-

IIL{~ntc compostas\ c não o universal <isto é, o gênero> palavra. 25


I< assim chamamos "elementos" das proposições geométricas as
proposições cujas demonstrações estão contidas em todas ou na
•••aioria das demonstrações das outras proposiçõcs 5• Ademais,
I aut·o os que sustentam a existência de numero!)os elementos6
102

t't~ Ôt 'tW\1 aw!J4-rc.w xott ot 1tÀe(w Àt"'(O\I'ttÇ e.{\IIXt a-tO~)(ttot


xcxt o[ &v, lE W\1 OÚ"'(Xtt'tiXt xcxi lÇ W\1 au\ltcmJXf.\1 &:pxdtç Àt·
Jo youGt\1 e!V«t, o{o\1 'EJ.L7teÔoxÀTjç 'ICÕp xcxl üôwp x«l -rdt J.Le-rdt
-roú-rCal\1 a-totxe.r& cp11at\l e.t\l«t te w\1 ta-ti -rdt l>vtcx e\IU1tcxPX6v-
-rw\l, &:1.1.' oux wç r€'171 l.&re~ -r«ü-r« -rw\1 Õ\l't(a)\1, 1tpoç ôf.
998 ~ -roú-rotc; xcxl 'tW\1 lXÀÀw\1 tL -rtc; t9éÀe.~ -dj\1 cpúatv &:Ope!\1, olo\1
xÀ(V7jY iÇ WY (U)p(w\1 OUYtOTriXt XCXL 1tWÇ OU"'(Xf.tjÚ\IW\1, me
"'(\\(alp(~t ~ cpúat\1 «Ô'tijç. - bt JJ.t\1 oÕ\1 -roú-rw\1 'tW\1 ÀÓ"'(W\1 oõx
!\1 tLT)a<X\1 «[ &:p)(«t -rdt "'(tV71 -rw\1 õv-rwv • d Ô' txiXO'tO\I rU"
~ ,....wp(~OJ.Lev Ô~ 'tWY ÓptaJJ.W\1, <ipxcxl St 'tàt "'(tV7j 'tWY Ópta!J.Wv
ela(\I, &:\lclrxT) XIXL 'tWY Ópta-tW\1 cXp)(OtÇ e{\ICXl 'tOt r€'171. xllv
e.l latt ~ -rw\1 õv-rw\1 Àcx~e.rv l7tt<J't'ÍIJJ.Tl\l -ro -rw\1 e.lSw\1 ë~e.rv
xot9' & ÀtyO\I't«t -rdt õvtcx, -rw\1 re. dôc';)" &:px«l -rdt "'(t\IT) ela{\1.
cpcx(\lovt«t ô& -rt\le.ç xcxl -rw\1 Àe.y6vtCalv a-totxetcx -r6í\l 5\/'tw\1 -ro
to t\1 +i -ro 8\1 +i -ro JJ..tycx xcxl J.L~0\1 wç yt\ltatv cxú-rotç :xpij-
a61Xt. - cXÃÀdt JJ..~\1 oUôt cXJJ.cpo-répwç ye oi6\I -re Àlyet\1 'tdtç

' cipxáç. Ó JJ.tY ')'Otp À6yoç 't'ijç oúaCIXç etç lnpoç S' la-t«~ Ó
s~ -rwv re.v6l\l óptaJJ.oç x«t o l.&rc.w tç w\1 !a-tt\1 e\IU1t«px6'ol-
-rw\l. - 1tpoç Se -roú-rotc; e.l xcxl. &rt JJ.&Àtat« &:pxcxl -rdt r€'171 ela(,
u 7t6-rep0\l Ser WJJ..(~ew -rdt 7tpW't« -rw\1 "'(t\IW\1 &:pxdtç +i -rdt
f:G)(IX'tiX XCX'tT)"'(OpOÚJJ.f.VCX e1tL 'tW\1 cX'tÓJJ..W\1; xcxt "'(Otp 'tOÜ'tO t)(f.t
cXJJ..cpta~frt'rlat\1, e.l f.Lt\1 ydtp &:e.L -rdt x«961.ou JJ.aÀÀo\1 cXP)(cx(,
cp«\lepo\1 Õ'tt -rdt &:\lw-rá-rw 'tcd\1 ye\16l\l· -rcxü-r« ydtp À€ye.-rcxt
XIX'tOt 1táv'tCal\l, 'tOCJIXÜ'tCXt OÚV tCJO\I'tiXt cXpXcxt 'tW\1 lS\I'tW\1 Õa<X·
20 7tep. 'tdt 1tpW'tiX ')'tV7j, wa-t' ia-tcxt 'tÓ 'te ôv XIXL 'tÕ t\1 &:px«l xcxl
OÚGtiXt • 'tiXÜ'tiX ydtp xot'tOt 1távtw\l JJ.áÀta-tiX Àt"'(f.'tiX~ 'tW\1 ÕV'tW\1.

~------------------------------~......................a·~
METAFisiCA, B 3. 998 o 28 · b 21 103

como os que sustentam a existência de um único elemento ori-


gimírio7 concordam em dizer que princípio:; das rcalidacks natu-
rais~ são os constitutivos ''materiais" primeiro~ que as compõem.
(Por exemplo, Ernpédock:s dit. que os princípios dos corpos são
o Jogo, a água c os outros elementos que se seguem a c:;tcs, :10
l'IICJUanto constitutivo~ <materiais> dos quais os seres são intrin-
·'c.·camcntc compostos, c não enquanto gêneros dos seres)~. Além
disso, se queremos conhecer também a naturczu elos outros objc-
tos111, por exemplo a natureza de uma cama, esta será conhecida 998''
justamente quando se souber de que partes ela é constituída c
l'omo elas são compostas. Portanto, a partir desses argumentos,
fica claro que os gêneros não poderão ser os princípios dos sere~.
Por outro lado, dado que conhecemos cada coisa mediante
;1s clcfi niçõcs, c porque os gêneros são princípios das definições, s
é uccessário que os gêneros também sejam princípios das coisas
ddinidas 11 . E se adquirir a ciência dos sere.~ comiste em adquirir
a ciência das espécies segundo as guai:; os seres são denomina-
dos, então os princípios das espécies são o.~ gêncros 11 . E parece
que até mesmo alguns dos que dizem que os elementos dos seres
s:ío o Um c o Ser, ou o grande c o pequeno, o:; comidcram como lO
~êncros~>.
i\das, na verdade, não é possível falar desses doi& modos c\o:;
princípios. De fato, a definição da substância é uma 5Ô. Ao c.:<m-
1rário, uma é a definição formulada com base nos gênero~ c outra
~a definição que ofcrcc.:c os constitutivos materiais dos quais são
!citas as coi:;as 14 •

{Sétima aporia} 1'


J\lém disso, admitindo que os gêneros :;cjam prindpios por
excelência, surgirá o seguinte problema: devem ser considerados 15
princípios os gêneros primeiros ou os gêneros últimos que são
predicados dos indivfduos?
De fato, se os universais são princípios por excelência, é cvi-
ck·nte que princípios serão os gênero:; mais elevados: estes, de
fato, são prcdjcados de todas as coisas. Portanto, tantos serão o~ 20
princípios dos seres quantos serão os gêneros primeiros; consc-
10.4 TUN META TA <DYIIKAB

oUx. ot6v 'tt 8~ 'tW\1 6\l'tW\1 lv r.Ivott ytvoç oüu -to tv olhe. -to 6v·
Myx71 IJ.~" ydtp 'tdtç 8totcpo~ç lx&cnou ytvouç xotl r.t\lott xott
~J.Cotv e.Ivott bcíO't"t)v, &8úvot-tov 8f. Xot't'I'Y'opr.Ta9ott fJ -tàt r.\'&rj -toü
2' ytvouç lrtt -tW\1 ow(6)v 8totcpopwv i') -to y€voç &vr.u -twv otô-toü
d8wv, 6)cn' et1t1p -to lv y€voç i') w 6v, oõ8t!J.Cot 8totcpo~ oan
ÔV oau lv mott. cXllàt jJ.~\1 d IJ.~ y€"71, ooa' fipxotl laoY'totL,
r.r1tep fipXotL 'tÕt yt"''• 1-tL XQtt 'tÕc jJ.t't~ <ruÀÀot!J.I3otV6·
!J.f.\lot !J.t'tÕt 'tW\1 8totcpopQv lcrtotL rt"'' !J.tXPL -tW\1 !i-tÓ!J.CUV
.JO ( \IU\1 8i. 'tcX jJ.t\1 8oxe.T -tàt 8' ou aoxe.t)' 1tpoç a~ -tmJ'to&.Ç l-tt !J.&À·
J.ov otl 8totcpopott &pxotl +'I -tàt rt"''' d a~ Xott otõ-tott cipxot(,
&mtpot ~ç d1tr.l'v &pxott y(yvo\l'tott, &ÀÀ6)ç n x!v -t~ w
999• npci)'tO\I y€voç liPX~" -tt9ti. &ÀÀàc IJ.~" XotL d !J.ciÀÀÓ\1 ye
&pxor.t8~ -to lv lcnLV, iv 8~ -to ci8totCpt"tOV, &atotCpt'tOV ar.
Cimv +'I XQt'tcX 'tO n-oa0\1 +'I XQt't' r.I8oç, n-p6npov a~ w XCl't.
r.t8ot;, -tàc 8~ rt"'' 8tottpt-tàt dt; e\'&rj, ~ov &v· !v -to
5 laxot'tO\I r.f71 Xot't'I'Y'OPOÚ!J.tvov· ou ycíp lcnt ytvoç !v0pW1tOt;
'tW\1 -ttv&>v &vOp~Cil\1. l'tt lv oit; -to n-p6-tr.pov Xotl úaup6v
lcntv, oux otóv u -to l1tl 'tOÚ-twv tf\lot( 'tt 'ltot~ 'totÜ'tot (otov
d 1tPW't'l "twv cipt91J.Wv Tj aucíç, oõx écnott "ttt; &ptOIJ.Õt; n-otpàc
'tàt r.\'&rj wv cipt91J.Wv· Ó!J.OCoot; ar. ou8f. axií!J.ot n-otpdt -tàc r.\'&rj
10 'tWv ax'IIJ.CÍ'tW\1' d ae 1J.~ 'tOÚ'tW\1, ax;oÀfi 'tW\1 ye &:Uwv
lcnotL 'tÕt y€"71 1totpcX 'tcX d'871• 'tOÚ'tW\1 yàtp 8oxtÍ !J.CÍÀLcnot tfvott
rt"'') · lv 8f. 'tO'ft; li"tÓ!J.O~ oUX tcrtt 'tÕ IJ.f.v n-pÓ'ttpov 'tO a• Úcnt-
pov. l'tt Õ1t0u 'tO IJ.~" ~À'ttO\I -to 8~ xr.tpov, &d -to ~tÀ-ttov
1tpÓ'ttpov· 6)cn' oõ8f. -tOÚ-tCil\1 &v r.f71 ytvot;. -lx jdv oúv 'tOÚ't<-)\1
lS !J.ciÀÀ0\1 cpot(vt"tott -tàc lnt 'tW\1 !i"tÓIJ.Cil\1 XCl't'IYOPOÚ!J.E.vot cipxott
t!vott -téi>v yr.vwv· 1tCÍÀtv 8i. nwt; cxú 8r.r 'totÚ-totç &pxàct; Ó1t0·
MHAFiSICA. B 3, Y98 b 2] • 999 o 16 105

qíicntemcntc, o Ser c o Um serão princípios e substância~ das


coisas, porque eles, mais do que outros . se predicam de todas as
coisas. Mas não é possível que o Um c o Ser sejam gêneros. (Com 25
deito, existem necessariamente as diferenças de cada gênero, c
cada uma delas é única. Por outro l<ldo, é impossível que as espé-
cies de um gênero se prediquem das próprias diferenças ou que
o gênero separado de suas espécies se predique de suas diferenças.
I )c onde se segue que, se o Ser c o Um são gêneros, nenhuma
''diferença" poderá ser nem podcr<Í ser uma) 16 • E se o Ser c o Um
não são gêneros, tampouco serão princípios sc os princípios são
gêneros. Ora, alguns parecem ser c outros não 1;. Além disso, as 30
diferenças serão mais princípios do que os gêneros; mas, se tam-
bém elas são princípios, os princípios se tornam, por assim dizer,
infinitos, sobretudo se postulamos como princípio o gênero pri- 999·'
111ciro 1 ~. Por outro lado, se o Um tem mais caráter de princípio,
t: se um é o indivisível, c se tudo o que é indivisível o é ou pela
quantidade ou pela e~pécic, c se o indivisívcl segundo a espécie
é anterior, c se os gêneros são divisíveis nas espécies, então com
maior razão viria a ser um a espécie ínfima que se prcdica dos
iudivíduos: ele fato, ''homem'' não é gênero dos homens indivi- 5
duais''·'. Ademais, nas coisas em que existem termos anteriores
e posteriores, não é possível que o gênero que inclui todos os
krmos seja algo subsi~tcntc <lo lado elos próprios termos. Por
exemplo, se o primeiro dos números é a díadc, n1io poderá haver
11111 gênero número subsistente além das espécies individuais de
uú.mcros. E, analogamente, tampouco haverá um gênero figura
subsistente ao lado das espécícs de figuras individu::1is. E se os
~êncros não existem fora das espécies para essas coisas, tanto 10
menos para as outras: de f::1to, considcr::J-sc que existam gêneros
sobretudo dos números c das figuras. Entre os indivíduos, ao
im·és, não há uma série de termos anteriores c postcriorcs 2". Além
dis:w, onde quer que haja o melhor c o pior, o melhor é sempre
anterior, de modo que nem sequer dessas coisas poderá h<wcr
um gênero existente por siz 1•
A partir de tudo isso resulta que <lS espécies predicadas dos 15
indivíduos são mais princípios do que os gêneros. Por outro lado,
mio é fácil dir.cr como devem ser concebidos esses princípios. De
106 T!lN META TA C!>YIIKA 8

Àcx~e.tv oõ /48tov e.hr&tv. -djv fdv ..,ap <ipx.T)v 8e.t xcxt ri)v
cxh(cxv e.!vcxt 1tcxp« 'tcX 7tp«Í"(!LCt'tOt wv <ipxiJ, xcxt 8úvcxa6cxt
e.fvcxt x.wpt~o!Lt\i"l)\1 cxÕ'twv· 'tOtOÜ'tov Si 'tt 7tcxpdt 'tÕ xcx9' lxcxcnov
zo e.Ivcxt St<X 't( <iv 'ttÇ Ú1toÀá.~ot, 1tÀT)v lht xcx96Àou xcx't"l)yo-
ptt'tcxt xcxt xcx't<X 1t<Ínwv; àÀÀ<X ILTiv d 8tdt 'toÜ'to, 'tdt IJ4À-
Àov xcx9óÀou f'&ÀÀov Oe.úov àpx.«Xç &cne. àpx.cxt 'tdt 7tpW't'
&v tt"l)acxv yf.Y"I).

4
"'Ecnt 8' exo!Lt\1"1) n 'tOÚ'twv &7top(cx xcxl 1tcxawv x.cxÀt·
u 7tW't«Í't"l) xcxt àvcxyxcxw't«Í't"l) Oe.wpijacxt, mpt ~ç ó Àóyoç lfé-
O''t"I)Xt vüv. d'u y<Xp ILTi la'tt 'tt 1tcxp<X 'tdt xcx9' lxcxcncx, 'tdt
8& xcx9' ixcxa'tcx cimtpcx, 'twY 8' àm(pwv 7tWÇ l.v8tx.e.'tcxt Àcx·
~e.tv l7tta-'!IL"IIY; ii ydtp lv 'tt xcxt 'ttxu't6v, xcxt fi xcx96Àou 'tt
Ó7t«ÍpX,tt, 'tCXÚ'tl) 1t«Ív't0t yvwpí~oiL&Y. - àÀÀdt ILTiv tl 'tOU'tO
:Jo <Xvcxyxcx!óv l.cnt xcxt 8e.r 'tt e.!vcxt mp<X 'tdt xcx9' lxcxcncx, àvcxyxcxtov
&v &L"I) 'tdt y&V1J e.{vcxt 1t0tpdt 'tdt xcx9' lxcxcncx, fí-rot 'tcX EO'X,Ot'tOt i\
'tcX 1tpW'tOt' 'tOÜ'tO 8' lht à8úYOt'tOY !p-rt 8t"l)1t0p"ÍJO'Ot!LE.Y· -t'tt d
lht IL«ÍÀtcncx la'tt 'tt 1tcxpdt 'tO oúvoÀov lhcxv XOt't"I)"(Op"l)&{j 'tt 'tijr;
ÜÀ"I)ç, 7tÓnpov, d lcnt, 1tcxpdt 1t«ÍY'tcx 8e.r e.{vcx( 'tt, ij 7ttxpdt ·ILtY lvtcx
999 • e.Ivcxt 1tcxpdt 8' lvtcx !LTi e.{vcxt, Ti mp' oõ8tv; d ILf.v oúv IL,8tv tcnt
7tcxp<X 'tcX xcx9' ixcxcncx, oõ9f.v &v t!"l) YO"I)'tOv &Udt 1t«ÍY'tcx cxta9"1)'tdt
xcxt l.m~IL"Il oõ8e.v6c;, d IL"Íl 'ttÇ e.!vcxt Àéy" ri)v cxfa9"1)atv t7tt~­
IL"I)Y· l'tt 8' oõ8' àt8wv oõ9f.v oõ8' àx(VTJ'tOY ('tcX ydtp cxla9"1)'tdt
~ 1t«Ív'tOt cp9dpt'tOtt xcxt l.v xtv"Í)att i.a-r(v) • &Udt ILfJv e.r ye. àt8wv
IL"Il9év tcntv, oõ8f. "(Íve.atv e.tvcxt 8uvcx'tÓV. àv~Íyxf) ydtp e.{vcx( 'tt

~----------------------------w. ...................... ..
METAFÍS:CA, B 3f.4. 999 a 17 • b 6 107

fato, é necessário que o princípio e a causa subsistam fora das


coisas das quais são princípio, c que possam existir separados delas.
Mas por que outra razão se poderia admitir algo existente fora
dos indivíduos senão por ser universal c ser predicado de todas as 20
coisas?~~ Mas se é por esta razão, com maior razão será preciso
postular como princípio o (jUe é mais universal c, conseqüente-
mente, serão princípios os gêneros primeiros.

4. {Discus8âo da oitava, nona, décima e décima primeíra


aporias/

{Oitava a{)oria./ 1
llá, depois, uma questão afim a esta, que é a mais difícil de
todas e cujo exame é o mais necessário. Dela devemos agora 25
falar. Se, com efeito, não existe nada além das coisas individuais,
c se as coisas individuais são infinitas, como é possível adquirir
ciência dessa multiplicidade infinita? De fato, nós só conhece-
mos toda:> as coisas na medida em que exi:>tc algo uno, idêntico
c universaF.
Mas se isso é neccss<hio, e se deve haver algo além das coisas 30
individuais, então será ncccss•hio que existam os gêneros ao lado
da:> coisas individuais (sejam os gêneros últimos, sejam os gêne-
ros supremos). Mas foi demonstrado h{l pouco que isso é impos-
síveP. Ademais, admitido que vcrdadciramcnlc exista algo além
do sínolo (r.: tem-se o sínolo quando a matéria é determinada
por uma forma), então, se algo verdadeiramente existe, deve
existir pan1 todas as coisas? Ou só para algumas c não para outras? 999'
Ou para nenhuma~?
Ora, se não existisse nada além das coisas individuais, não
haveria nada de inteligível, mas tudo seria senSÍ\'cl, c não have-
ria ciência de nada, a menos que se sustentasse que a sensação
é ciência'. Além disso, não haveria nada de eterno e de imóvel
(dado que todas as coisas sensíveis se corrompem c estão em 5
movimento); mas se não existisse nada de eterno, também não
poderia existir o devir'. De fato, é necessário que o q~c advém
lOS TUN i'1ETA TA IDYY.IKA 8

to ~yYÓ!J.tVOV xcxl ~ oú -y(yve.tcxt xcxi toÚtWV to (oxcxto\1 cX'YÍ"''·


tov, e.rr.ep !cttcx'tcx( tt xcxi lx I.L~ mo~ 'Y'v!aecxt «i8úvcxtov· ht 8~
-ytvtau.>~ oúa11~ xct xLvl)aew~ «i~j'XTI xci r.tpcx~ t!vcxt (oún
10 -yàp &r.e.Lp6~ lcnw oÕ8t1J.Ccx x("''a~ illcl r.«a11~ lcttL ÚÀo~,
-yC-yve.GEicxC tt oõx otóv tt to «i8wcxtov revf.GEicxt • to 8~ re·
'Yov0~ cXv«yXTJ tfvcxt &n r.pc7rt'OV -yf-yoVt\1)' l'tL 8' d'r.tp ~ ÜÀT)
mlv cit8LO~ 8tcl 'tO «Xrt"''t~ t!vcxt, r.oÀu l'tt I.LaUov e.ÚÀo-yov dvcxt
~ ouaCcxv, () r.ott lxd"'' -yC-yvttcxt• d -yclp IJ.'f!tt toüto l'atcxt
" IJ.Tjn wc.,, oõ9~v lcttcxL to r.cxp«=v, d 8~ tO~ cXS~ov,
M'YX11 tt t!vcxt r.cxpcl to aúvoÀov, ~ IJ.OP~ xcxi to d3o~. -
d 8' cxu 't~ tOÜ'tO 9~att 1 cir.op(cx lr.l tCVwV n 8i}atL tOÜ'tO
xci lr.t tCvwv oú. 8'tt ~v -yclp lr.t r.«vtwv oox ot6v -ct,
qiCXVtpÓV' OU -yàp &v 9dTJJ.LtV tfvcx( tLVCX obc(cxv 1tCXpcX tcX' tt·
20 veZ&; ofx(cx~. 1tp0~ 8~ tOÓ"CO~ 7tÓttpOV ~ OUa(CX IJ.(CX r.«v-cwv ratexL,
otov twv «iv9pWr.(l)\l; cX).).' &-cor.ov· i.v -ydtp r.mcx wv ~
oõaCcx IJ.(cx. cX).).cl r.oUcl xcxi 8~opcx; IDcl xcxl tOÜ'to
ciÀo-yov. &f.Lcx 8~ xct r.w, -y(yve.tcxt ~ ÚÀT) toÚtWV fxcxato\1
xcxt lcttt 1:0 aúvoÀov !~J.q~w tcxÜ'tcx; - l'tt 8! r.tpl twv «Xpxwv
2' XCXL 1:68e cXr.Op'f)atLtV &v t~. d ~V -yàp d8tt datV (v, oo9~v
mcxt cipt9f.I.Cl> fv, oõ8' cx~o to i.v xcxl to lSv· xcxl to lr.Catcx-
Gflcxt r.wc; mcxL, d IJ.~ tL l'cttcxL lv lr.l 1tMW\Ij - cXÀÀcX IJ.~V
d cipt91J.ci> iv xcxt f.LCcx lx«<mJ twv «Xpxci)v, xcxl I.L~ ~~P

'I
META•Is::::A, B 4. 999 b 7 - 28 109

seja algo, c é necessário que também seja algo aquilo do qual de


deriva, e que o último desses termos não seja gerado, dado .não
ser possível um processo ao infinito e dado ser impossível que
<1lgo se gere do não-scr7 .
Ademais, porque existe geração e movimento, é necessário
llllC também exista um limite: de fato, nenhum movimento é infi-
nito, mas todos os movimentos têm um termo; também é impos-
sível que advcnha o que não pode ter advindo, porque o que advcio lO
cxi~tc nc<.:cssariamente a partir do momento em que adveid~. Além
disso, se a matéria é ctcrna9 , por ser ingênita, com maior razão é
lr'•gi<.:o admitir que o seja a forma, que é o termo ao qual tende a
111<1téria em seu devi r. Se, mm efeito, não existisse nem esta nem
:1quda, nada existiria; c se isso é impossível, então é necessário 15
que exista algo além do sínolo, justamente a forma c a essência 111 .
Mas, novamente, se admitirmos a cxi~tência dessa rcalídadc,
~urgirá o problema de ~abcr para que coisas deveremos <Klmiti-la c
para que coisas não. Evidentemente, não é possível admiti-la p::ml
locbs. De fato, não podemos admitir que cxi:;ta algo além dessas
coi~as particularcs11 . E além disso, como é possível que a substância 20
<ou seja, a forma> seja uma sô para todas as coisas? Por cxem-
plt 1, como é possível CJUC a forma de todos os homens seja uma sô?
bso é absurdo. Todas as coisas das quais a forma é única constituem
'1111a unidade. As formas serão, então, muitas c diferentes? làmbém
iw> é: absurdo 12 • Ademais, de que modo a matéria se torna cada
'1111a dessas coisas particulares, c de que modo o sínolo é as duas ao
1ncsmo tempo, isto é, matéria c forma? 11

INona aporia] 14
Além disso, poder-sc-i<llcvantar também o seguinte problc- 25
111a sobre os princípios: se eles <só> têm unidade específica, na-
da poderá ser numericamente um, nem mesmo o Um e o Ser. E
t'lll;io, como será possível o conhecer, se não existe algo que, sen-
do um, englobe todas as coisas particularcs? 1'
Por outro lado, se os princípios têm unidade numérica c se
c:~da princípio é um só e não diferente nas diferentes coisas, co-
liJO ocorre nas coisas sensíveis (por exemplo, dessa sílaba parti-
110 TQNMETA TA$YIIKAB

!I
;
.I t'ltL 't'WV exta8TJ't'WV &U.exL &),).wv (otov 'tTjaÔt 't'ií~ auU.ex~Tjç
.I,, 't'cf) tfatt 't'Tj~ exô'tTj~ oÜaTjt; xcxt exl &pxext tfatt ex[ exÕ't'ex( • xcxl
)O

I yàtp cxU't'ext .m«pxouatv &Fa9(J.(il inpext) I - d ôE. (J.fl OÜ't'W~ m.


I exl 't'WV ÕV'twv &pxexl &ptO(J.(il iv datv, oõx la'texL Mpàt 't'cX
!I crtotxercx ·ouOE.v inpov· 'to yàtp &ptO(J.êi> tv fi 't'O xcxO' hcxa't'ov
ÀÉytw ÔtcxcpÉptt oõOív· OÜ't'w yàtp ÀÉYO(J.tV 'tO xcxO' ixexcrtov,
tooo• 't'O &ptO(J.êi> iv, xcxOó).ou ô~ 'to t'ltt 't'OÚ't'wv. wa'lttp oúv d 't'Õt
'ti'j~ cpwvij~ &pt9(J.c'i) ~V a't'Ot.Xti'cx roptaJJ.ÉVex, &vcxyxcxtov Tjv &\1 't'O•
aexÜ't'ex t!vcxt 't'cX TÇcXV'tex ypcX(J.(J.ex't'ex lSaex'lttp 't'cX crtOL.Xttex, (J.fl
ÕV't'WV yt ÔÚO 't'WV cxU't(Í)V (J.TjÔi 'ltÀEWVWV.
5 OuOevõ~ ô' lÃci't"t'wv &7topícx 'ltexpcx).D.tt'lt't'ext xcxt 't'otç
vüv xcxt 't'Ot~ 7tpÓ'ttpov, 'II:Ónpov ex[ exÕ't'ext 't'WV cp9cxp't'wv xcx\
't'WV &cpO&:p't'wv &pxex( datv i} t't'tpcxt. tl (J.E.v yàtp ex[ exÕ'tex(,
'ltW~ 't'cX (J.tV cp0exp't'àt 't'cX ôe &cp9cxp't'ex, xcxt Õtàt 't'(v' exl't'€cxv;
o[ (J.iv oúv 'lttpt 'Haíoôov xcx\ 'ltcXV'tt~ õaot OtoÀóyot
10 (J.ÓVOV lcppÓV'ttaexv 'tOÜ 'ltt9cxvoü 't'OÜ 7tp0~ exÓ't'OÚ~, -lj(J.WV Õ' 6>Àt·
ywp1Jacxv {Oeou~ yàtp 'ltotoüvn~ 't'~ &pxàt~ xext lx 9tci)v yt·
yovívcxt, 'tcX (J.fl ytuacX(J.EVex 't'OÜ vlx't'expo~ xcx\ 'tTjç &(J.~po·
a(cx~ OvTj't'cX ytv€a9ext q~exa(v, ÔijÀOV ro~ 't'exÜ't'ex 't'cX ÕVÓ(J.CX't'ex
yvwpt(J.ex Àíyovn~ exÕ't'otç xcx(wt 'lttpt exÕ'tTj~ 't'ii~ 7tpoaq~o·
1J pli~ 't'WV exl't'tWV 't'OÚ't'W\1 Údp -lj(J.Ii~ tlpfjxcxatv· d (J.EV yàtp
x&:ptv -ljôovij~ exÕ't'ci)v Otyy&:vouatv, oõOE.v ext''t'tex 't'OÜ t!vcxt 't'O
vbctcxp XCXL -1! &(J.~poa{ex, tl ô~ 't'OU t!vcxt, 'II:W~ av t!tv &t-
Ôtot ÔEÓ(J.EVOt 'tpocpTj~) • - &ÀÀcX 'lttpt (J.E.v 't'WV (J.U9LXWÇ aoq~t·
Co(J.Évwv oõx &ÇLov (J.E'tcX a'ltouÔTj~ axo'ltttv • Mpàt ôE. 't'WV Ôt'
20 &7toÔt(ÇE(o)~ ÀtyÓv't'wv Ôtt 1tUv0cXvta0exL Ôttpw't'ci>V'tex~ 't'( ô~
'ltO't'' lx 't'Wv exÚ't'ci)v ÕV'tex 't'cX (J.tv &t8tex 't'Tjv cpúatv lo-tt
't'Ot ôE. cpOdpt'text 't'~>V ÕV'twv. l11:d ôi oikt exl't'(cxv ÀÉyouatv
IMETAFÍS:CA, B 4, 999 b 29 . I eco a "22 I 111

cuhu, que é idêntica a outra pela espécie, os princípios são idên-


ticos especificamente, mas diferentes numericamente); se, por- Jo
tanto, não é assim, c se, ao contrário, os princípios têm unidade
1\umérica, não poderá haver nada além elos próprios elementos.
(De fato, não existe diferença entre dizer "numericamente um"
c dizer "singular". Dir.cmos sínguhu o que é um só, enquanto di-
t.cmos uni\'crsal o que envolve todas as coisas singulares). Vcrifi- 100o·
('ar-se-ia a mesma coisa se 01> elementos ela voz fossem numerica-
mente limitados: havcri<l ncccssarimnente tantas lctms quantos
lmscm os elementos, dado que não podem existir dois ou mais
e-lementos idC:nticos 16.

fi )écima aporia J17


Uma dificuldade não inferior às anteriores, clcscuid<1da pc- 5
los filósofos contemporâneos c pelos filósofos precedentes é a
seguinte: os princípio1> das coisas corruptíveis e os princípios das
incorruptíveis são os mesmos ou são diferentes?
Se são os mesmos, como se explica que umas sejam corrup-
1h--eis c outras incorruptíveis? 01> seguidores de rlcsíodo c todos
os teólogos só se preocuparam em dizer o que lhes parecia convin- lO
ccntc e se esqueceram de nós 1\ (De fato, enquanto, por um lado,
('(lllsidcravam os deuses como princípios c dos deuses derivavam
ludo, por outro lado também diziam que os seres <tue não expe-
rimentaram néctar c mnbrosie~ eram mortais. 1:: evidente que o
significado desses termos devia ser bem conhecido para eles;
111as o que disseram sobre a aplic<1ção dessas causas cst<í acima
da nossa capacidade de comprecndcr 1'J_ Se, com efeito, os deuses 15
l:xperimcntam essas bebidas por prazer, então o néctar c a ambro-
sia não são a causa de seu ser; se, ao contrário, são causa de seu
ser, como é: possível que os deuses sejam eternos se têm nccc1>si-
dadc de alimento~ 11 ?). Mas não vale a pcn<1 considerar seriamente
l's.,as eluc.:ubraçõcs mitológicas. Ao invés, é preciso tentar aprcn- 20
der dos que demonstram o que afirmam, perguntando-lhes as
r:It.õcs pelas quais alguns seres que derivam dos mesmos princí-
pios são, por natureza, eternos, enquanto outros estão sujeitos à
corrupção. Mas, porque eles não fornecem a razão disso, c por-
112 HlNMETATA<IlYIIKAB

oG-rt eÜÀ.oyov oü-rwç lxetv, STjÀov Wç oõx otl otÕ't'ott llpxott


oõa& otl"tCott oon(;)v &v tftv. Xotl ylip Mtp ot,ed, ÀÉ"(tLY
2.S !v 'ttÇ j.L&Àtcrtot 6rJ,oÀO"(OUIJ.éY<Uç otÕ'tcil, 'E!J.1te.80xÀfjç, Xotl
oÕ't'oç 'totÔ'tÕY 1tÉ1tOY9tv• -cCO,at (Jlv ytXp à;pxf)v "tLYot oth(otY
'tfjç cpOopaç oro vtt'xoç, Só~L& S' &v oõO&v iínov xotl -roÜ'tO
yewav lew -roü lv6ç 41tot'lrt'ot ylip ix -roó-tou -r«).).&, l.a'tt
1tÀ7lv ó 9t6ç. ). éytL yoüv "lÇ 6>v 1t&.vO' lSaot 't' iív ~aot 't''
,. iae' Õaot -r' lcrtott Õ'Jt(aaw, / Sév8pt&. 't 1 l.~À&.O"tfjat Xotl civé-
ptç ~8& "(UYott'xeç, I OTjpéç 't'' olwvol n xotl ó8ot-ro9p44J.oveç
lxOüç, I xot( 'tt Otol SoÀtXotÍWvtç". Xott xwplç SE. "tOÚ"tWY 8ij-
1000~ Àov· d ylip IJ.71 iív lv -roi'ç 1tp&.y!J.otatY, 1v &v iív
41totY't'ot, 6>ç <pTJO'tY' Õ't'otY yap crwéÃOn, "tÓ'tt S' "laxot-roY
mot'tO vetxoç". Sto Xott O'UIJ.~(Ytt otÕ't'cil 't'Õv w8ott1J.OYÉ-
CJ'tot't0Y Oeov iínov cpp6vt!J.O" t!Yott -rW\1 &l.).wv· oõ yap rvw-
.s pu;et éé1totY't'ot· -co ylip v&txoç oux lx&t, ~ SE. ..,..,Watç
"tOÜ Ó!J.OÍOU tcil Ó!J.O(Cf>. "yot(l) !J.tY y&.p," cpfja(, "yotLotY
01tw1tot!J.f."• ü&t-rt 8' ü&wp, 1 otlOépt s· otlOépot s-LOv, li-rap
wpi 1tüp lit8TJÀov, I cn;opr7lv 8E. cn;op"rti, vt!xoç 8é u vtCxt'L
Àuyp(i>. '' à;)J.' Õ9&v 87l Ó ÀÓyoç, -coü-ró "(t cpotY&pÓY, lht
to O'UIJ.~ot(Ytt otÕ-ccil 'tO Y&LxOÇ 1J.1j9tv ~Àov cp0opaç ~ 'tOÜ
e!YotL cxf't'tO'J' ÔIJ.O(wç S' ou8' ~ cptÀÓ'tTjÇ "COU &{vcxt, auv&.youacx
ylip dç 'tO iv cpO&(ptL u &Ucx. Xotl &!J.ot SE. cxõti'jç 'tfjç IJ.f.·
-r~oÀTjç otf-ctov oõO&v Àéy&L à;).).' +\ ÕtL o\hwç dcpuxr.v·
''à;).).' õn S7l !J.éyot n!xoç lvl !J.tÀétaatv l9pécp0,, I dç 'ttj.L&ç
u -c' civópouat nÀ&LOIJ.éYoto xpóvoto I Õç acptv ~ot~toç 1tÀcx-
-réoç 1tcxp' iÀ~Àot't'otL lSpxou·" wç livotyxcx!ov (Jlv õv !J.t~&,)..
Àttv· otl"tCotv SE. 'tfjç &v&.yXT)ç OÕ8t~J.Cot" 81jÀO!. à;).).' Õ!J.Wtt
"tOO'OU't'ÓY "(e !J.ÓVOÇ Àéy&L ÔIJ.OÀO"((UIJ.éY<UÇ oÕ yap -ca IJ.tY
,.i cp9otp-rli -c« 8t &cp9otp'tot 1tOL&t 'tWY lSY'tWY &;).).« 1C&.Y'tot
METAFis:o., 8 4_. IOOOo 23 -b l9 ll3

CJUC, por outro lado, não é razoável que assim seja, é evidente que
os princípios e as causas de uns e de outros não podem ser as
mesmas. De fato, até Empédocles, que podemos considerar como 25
o que mais coerentemente se pronunciou a respeito, caiu no mes-
mo crro21 . Com efeito, ele postula a discórdia como principio e
como causa da corrupção; todavia, ela parece ser mais a causa da
gcra<;ão das coisas, exceto do Um 22 , pois todas as coisas, exceto
Deus, derivam da discórdia. Diz Empédocles: "Desses derivam
toda:; as coisas que foram, que são e que serão, I germinando ár-
vores, homens e mulheres, I animais, pássaros c peixes que se nu- 30
Irem de água I e deuses longevos"2'.
l'vlas, mesmo prescindindo desses versos, é evidente o que
dbscmos; se, de fato, não existisse a discórdia nas coisas, todas es- 1000'
tariam reunidas no Um, como ele diz: quando as coisas se reu-
niralll, então "surgiu por fim a discórdia" 24 . Por isso, também a
partir de suas afirmações segue-se que Deus, que é sumamente
fc:liz, é menos inteligente do que os outros seres. De fato, ele não
mnhccc todas as coisas, porque não tem em si a discórdia, c só 5
l~;l co••hccimento do semelhante pelo semelhante. Diz Empédo-
··h·~: "Com a terra conhecemos a terra, com a água, a água, I com
n <'kr o éter divino, e com o fogo o fogo destruidor, I o amor com o
.nuor c a discórdia com a triste discórdia" 2;.
l'vlas, para voltar ao ponto de onde se iniciou o discurso, fica
, ·bro o seguinte: que, para ele, a discórdia não é mais causa da
('(li •••pção do que do ser das coisas. Analogamente, <l amizade não 10
r· ;J 1'nlica causa do ser das coisas; de fato, quando reúne tudo no
llu1. faz todas as outras coisas cessarem de scr6 . E, ao mesmo
l•·•npo, ele não indica nenhuma causa que motive a passagem
d<' uma ~ outra, e diz simplesmente que assim ocorre por natu-
u·J.;J: "Mas quando a grande discórdia cresceu em seus membros,
;,. dcvou-sc ao poder, tendo-se cumprido o tempo/ que a mnbas 15
.dlt'Jn;Jdamcnte é concedido por solene juramento... "27 •
l•:lc entende como necessária a alternância, mas não indica
lll'llluuna causa dessa necessidadc 2H. Entretanto, Empédocles
,, '' •iuico a falar coerentemente: de fato, ele não postulou alguns
··•·11 ·s como corruptíveis e outros como incorruptíveis, mas pos-
llllou lodos como corruptíveis, exceto os elementos. Mas o
ll..S HlN•'VIETATA<!>YilKAB

zo <pOcxrn~ 1tÀTjv 't6w atotxtú.>v. ~ 8& wv Àtyo~té"'l &1top(cx


lati St~ 't( ~ !Lt\1 't~ S' oü, tL1ttp lx 'tW\1 cxÕ'tCw la-dv. -~L
~tl.v ouv oux &... ti'Jlaot\1 ex[ cxÕ'tcxt &pxcx(, 'toacxü-rcx dp1)G6w·
d Si. lupcxt &pxcx(, !J.tcx ~tl.v cXTCop(cx 1tóupov !<p9cxp-rot xcxi
cxÚ'tcxt la'OV'tott ft <pOcxp-rcx( • d ~tf.v y<Xp <pOcxp-rcx(, &ijÃov ooç
u &vcxyxcxi'ov xcd 't<XÚ'totç lx 't'tV<.)\1 t!vcxt (1tmcx y~ <p9d-
peu' dç 'tcxü-r' i.Ç <!>v rattv), C>att CJUIJ.~{vet 't'wv cipxwv
tÚpCXÇ cXpX<Iç ti\IOCt 1tp0Úpcxç, 't'OÜ'tO 8' cX8Wcx'tOY, XCXt tl
jl Latcx't'cxt xai. d [lcxS!~t dç cX1tttpov· t'tt Si. TCwç latcxt 't~
<pOocp-rli, d ex{ &pxcxt cX\ICXLpt91)GOV'tCXL; tl Si. cl<p9cxptot, a~
}O 't'( ix !J.tY 't'oÚ'twv &<p91ip-rwv ou<JWv <pOcxp'tàt lcncxt, ix S& 't'Wv
I tdp<J)V IÍ<p9otp'tot; 'tOÜ'tO yàtp OUX tÜÀoyov, «).).' i} cXSúVCX•
' 't'OV f) 1tOÀÀ:oü ).6you St!'tcxL. e'tt Si. oõS' lyxtX&ÍP'JlX&\1 ou8ei.ç

IJ

I
1001• l'tépcxç, «).).dt 't'à:ç cx~ç IÍTCIÍV't'wv ).tyouatv &pxliç. &Ua
't'o TCpw'tov cX1tOp'J19tv cXTCO'tpwyouatv wO"ICtp 't'OÜ't'o ~ttxp6v 't't
Àcx!J.lllivoV't'eç.
DIXV't'wv Si. xcxt Oewpijacxt xcxÃeTCoo't'cx't'ov xcxi 1tpoç 't'o
' yvWVCXL 't&À'Jl9&ç cX\IcxyxcxtÓ'tot'tOV TCÓUpÓv 1tO't'f. 't'Õ Õv XCXL 't'O
I
lv oõa(cxt -rwv ÕV't'wv ela(, xal báupov CXÕ-r(;)v oõx l't'tp6v 'tt
·i õv 'to IJ.&v 1v 't'Õ Si. õv lattv, f) Ser ~'Jl't&!v 't'( 1to-r' latl. 't'O
õv xcxl 'tÕ tv ooç Ú'ltoxr.LIJ.t\IT)ç clll"lç <pÚO'twç. o[ ~tf.v y~p
lxdvwç o[ 8' OÜ'tWÇ ot'OV't'cxt -riJv <pÚatv lxew. DM-rwv
to IJ.&v y~p xat o{ llu9cxy6pttot oux &up6v 'tt -ro õv ou8l. 't'O
lv &).).~ 'toího cxu't'i;lv -riJv <pÚatv r.Ivcxt, ooç oGcrr)ç 'tijç o'Õa(cxç
I MfTAFÍSICA. 8 .4, 1O:lO b 20- 1001 a 11 I 115

problema que agora nos ocupa é saber por que algumas coisas 20
sA(J corruptíveis e outras não, embora derivando dos mesmos
prindpios29 •
'lhdo o que se disse mostra que os princípios não podem
ser os mesmos. Mas se os princípios são diversos, surge o proble-
ma ck: saber se os princípios das coisas corruptíveis são .incor-
t ttplivcis ou corruptíveis. Caso fossem corruptíveis, é evidente
1ptc deveriam, também eles, derivar necessariamente de ultcrio- 25
ws princípios: de fato, tudo o que se corrompe corrompe-se
,Jissolvcndo-se naquilo de que é derivado. Por conseguinte, ha-
\'nia outros princípios anteriores aos princípios; mas isso é im-
lu•ssívcl, quer se chegue a um termo, quer se proceda ao infinito3''.
t\lt;Lu disso, como poderão existir as coisas corruptíveis se os prin-
~·ipios tiverem sido destruídos? 31 Se, ao contrário, os princípios
d;ts coisas corruptíveis são incorruptíveis, por que desses princí-
pios, que são incorruptíveis, derivariam coisas corruptíveis, en- JO
qtt:mlo de outros princípios, também incorruptíveis, derivariam
misas incorruptíveis? Isto não é verossímil. De fato, ou é impos-
.• i,·c·l ou carece de uma longa explicação. Ademais, nenhum filô-
·.olo jamais sustentou que os princípios são diversos, mas todos toot··
dtl.t'ttl c1uc os princípios de todas as coisas são os mesmos. Mas,
tia tcalidadc, eles apenas acenam ao problema que pusemos,
m11sidcrando-o de pouca relevância.

I I ),;cima primeira aporiaP


i\:las o problema mais difícil de examinar c cuja solução é a
1tt.m necessária para conhecer a verdade é o seguinte: se o Ser c
o llu1 siio as substâncias das coisas c se cada um deles não é, 5
w·.pcchvamente, nada mais que Ser c Um, ou se devemos con-
·.ld,·t ar a essência do Ser c do Um em outra realidade que lhes
·.u v;t de substrato.
Alguns entendem a natureza do Ser c do Um do primeiro
1111 "lo, outros do segundo. Platão e os pitagóricos afirmam que

".•.;,.1 c" Um são apenas Ser c Um c que justamente nisso con- IO


·.1·.11' •;11:~ natureza, sustentando que a substância deles é a pró-
116 TON META TA G>YIIKA B

~ü wü lvt tivcn xcd ~vtt • o{ 8~ apl cpÚCJU.)Ç, oiov 'EJL·


1tWoxÀTjç ~c; de; yvwpt~tpO\I civ«ywv Àty&t lS ~ w lv
lcrtt.v·Me'" yôtp &v l.tyttv 'toüw -rijv cptl.!ctv tivcxt (cch!ct
u yoüv lcnlv ccGTrt 'too iv r.Ivcct 1racnv), lupot S~ 1t6p, ol S'
cilpcc cpccatv r.I\ICXL w lv 'tOÜ'to xccl 'tO lSv, iE oU 'tÕc 5vtcc
tivcx( u xccl ytyovtvcct. &ç S' CCÚ't(I)Ç xccl o{ 2tÀ.dw 'tÕc
G'tOLX't'cc 'tt9tJL'VOL' Mrx11 yôtp XCCL 'tOÚ'tOLÇ 'tOCJCCÜ'tCC À.tyttV
'tO &v xccl 'tO Ô\1 lSaccc; 1ttp ciPXôtc; tivcx( cpcxatv. GUJLI3cxCwt
20 St, d JLlv 'ttc; JL-iJ &fjat't<Xt ti\ICXC <ttvcx oõaCcxv <to iv xccl w

õv, IL1lS~ 't(;)v &À.À.(I)v tivcct <t(i)v xcc96l.ou IL'IOtv ('tCCÜ'tCC y&p
la'tt. xcc96l.ou JL&Àtcncc Kmwv, d s~ IL-iJ tem 'ti. lv cxtho
1L11S' CXÕ'to õv, axol.fi 't(;)v yr. cil.l.wv 'tt &v tt1l 2tcxpôt 'tôt
).,y6JUvcx xcxO' lxcccncx), l'tt S& IL-1i Õ\l'toc; <toü lvoc; oda(cxc;,
~ ~ov &tt odS' &... &ptOJA.Oc; ''" ~ç nxwpt.CJ!Ll\111 'ttc; cpúatc;
! 't(;)v ~\l'tWV (ó ~v ydtp ciptOJLõc; JLOV&Se.ç, "' S& JLO'olôtc; 32ttp
&v <tC lcnw)· d S' lcnt 'ti. cxd'to lv xccl õv, civccyxcciov ouaEccv
·I cxÕ't(i)v tivcct w lv xccl w lS\1· oõ yôtp lupóv 'tt xccO' ou
I XCCTfl'YOP''i'çcxt cilldc 'tCCÚ'tce ccth&. - cilldt JL-iJV ,r r' lcmtt
JO ~ ccÕ"CC &v xccl ccÕ"CC lv, 11:oll-1) cimp!ct 'ft:(;)c; lcmtt 'tL mpà:
<tcxü't<X l'ttpov, l.tyw S~ 2t(;)ç lcmtt 11:l.eCw lvOç 'tcX Õ\l'tCX. 'to
yôtp lupov 'tOÜ lSv'toç oux lcntv, 6Scne xcc'tà: 'tÕ\1 TicxpJL'v!Sou
GUJLPcz(v,w civ&yx11 l.óyov lv kcxvtce tivcct 'tôt ~ xccl
1001• 'tOÜ'tO tivcxt 'tO õv. à:JLcpoúpwc; s~ S6axol.ov· !v 'tt yôtp IL-1i
u w iv oda(cc !v 'tt fi <to <XÕ'to lv, dtSúvcc'tov 'tov &ptOJLO'ol
oÕCJ(cxv ,rvcct. lôtv ~v oõv IL-1i fi, trpTI't'cct 11:p6upov St' õ· lôtv
S~ fi, 4! cxõ-rij cbtop!ct xccl 1ttpl 'toU õvtoç. lx 't(voç ydcp
' Mpà: 'tO iv lcncct ccÕ"CC 4llo lv; MyxT) ydtp JL-iJ iv ti·
METAFisiCA, B-4, lCOl a 12-bS 117

pria essência do Um e do Ser. Já os naturalistas pensam de modo


diferente: Empédocles, por exemplo, explica o Um reduzindo-o
o olgo mais conhecido; de fato, parece que ele afirma que o Um
~a amizade, por ser a amizade a causa de unidade de todas as
coisas. Outros dizem que o Ser e o Um são o fogo, enquanto ou- t5
lros ainda dizem que é o ar, c sustentam que as coisas são consti-
luídas c foram produzidas desses elementos. Os pensadores que
postulam v<1rios elementos também sustentam essa doutrina: tam-
bém dcs devem necessariamente afim1ar que todos esses clcmcn-
l·m t'hamados princípios são Ser c umn.
Ora, se não se quiser admitir que o Ser c o Um são deter- 20
111iuada substância, seguir-se-á que nenhum dos universais sercí
·.11hstância. (0 Ser c o Um são o que há de mais universal; c se
o Sl'r c o Um não são uma realidade, tampouco se vê como algo
pode ser fora das coisas ditas partieulares)H. Além disso, se o
I Jlll não é uma substâneia, é evidente que o número também 25
11:10 poderá ser uma substância separada. (O número, eom efeito,

c· ,·cmstituído de unidades, c a unidade coincide essencialmente


IHIII () Ump;_ rvlas se existem o Um em si c o Ser em si, é ncccs-

•.;u io que sua substância seja o um c o ser: com efeito, aquilo de


qlll' se predicam não é diferente deles, mas o próprio um c o
Ili c'cprio ser' 6 •
Por outro lado, se existe algo que é Ser-em-si c Um-em-si, 30
·,c·r:'l muito difícil compreender como poderá existir algo além
olch, isto é, como os seres poderão ser múltiplos. De fato, o que
nao {: ser não é; conseqüentemente cairíamos na doutrina de
P;umênidcs, para quem todos os seres <.:onstituem uma unidade
c· t·sht é o serH. Mas ambas as posições apresentam dificuldade. 1001"
Vner o Um não seja substância, quer o Um seja substância em
•,i c por si, é impossível que o número seja substância. Já apresen-
LHHos as razões pelas quais é impossível a hipótese de que o Um
nao seja substância; se, ao contrário, é substância, surgirá a mcs-
llta dificuldade que já encontramos a propósito do Ser. Como
poderá existir, além do Um em si, outra coisa que seja Um? De 5
l.ilo, essa outra coisa deveria ser não-um; mas todos os seres ou
qo 11111 ou são muitos, sendo cada um deles um 3H. Ademais, se
11 B TON META TA QYI:IKA B

'olext• áM\I't'CX 8e 't~ Õ\l't'ex i) t'ol f\ 2t0ÀÀ~ 6)'.1 !'oi bua-to'ol.


l-ct &l ckBtexípe-cov cx\ho -co !v, xcx-cli !J.t" "tO Z'ftV<UW( «eEc.l!J.CX
oõ8ev &v tL'Il (8 r~P (.L~ 7CpO<rtt8é(.LtvO'.I IJ.Ttu .tpoÓ(.Lt'o/0\1
notet (.Ltü;ov !J.'I18t D.cxnov, oü fTICJLV elwt -coü-co 'tW'ol Õ\l't'(o)'ol,
to 6>~ ~Ào'JÕ'tt Õ\l't'Oç ~J.trt8ou~ -coü · Õ\l't'oç xcxl d !J.lrt8oc,
G(o)(.L(l'ti.XÓ'ol" -coÜ'to r~P n&\l't'n Õ'.l" -cli 8! &Ucx 1e6:1~ rU"
7Cpo<rttO!(J.tW 7Cot'ftatt (.Le'it;o..,, 1e6><; 8' oô8t'ol, o!o'ol t7C(m8o'ol
xcxl rpcx!J.!J.'ft, a"CL"Y'JL~ Se xcxi (.LOVIi~ oõ8ex(.L<ilc). «)..).' lntt8~
oU'toç 8&(o)ptt q>op-cwi)~, xcxl i"Stxr.-cext &t'olext ~tcx(pn6v -ct
u W<rtt [xcxi. otk(i)ç] xcxl 1epo~ lxú'.IÓ\1 'tt'ol' «7CoÀ.orícx'ol lxtt'ol (!J.t!-
~" (J.t'ol r&:p OU 7COt~GtL 7CÀ.&LOV 8e 7CpO<rtt9f(.Lt'oiO'ol 'tO "COLOÕ't"O'ol)" -
«À~ 7CWÇ 8~ te ÉvO~ "COLOÓ"COU i) 7CÀ.&LÓV<U'ol "COLOÓ't(o)'ol mcxt
IJ.ért8oc; Õ!J.OLO'ol r~ xcxl 't'iJ'ol rpcx(.L(.L~ tx a-ctrJLWV dvext
~axtt'ol. ill~ (.L~ xat ef -ctt; OÜ'twç Ó'ltoÀ.cx~&t ~a-ct
20 rt'Jéa0cxt, xcx9á:7C&p Àtroua( "CW&~, ix 'tOÜ É'JÕç cxU'tOÜ XCXt
&À.À.ou (.L~ É'.IÓ~ -ctvo~ "CC).., «pt8(.L6'ol, oõOf..., -1jno'.l ~'llnrtéov 8~
-c( xal 7CWç 0-cf. !J.tv cipt81J.oc ó-ce Se IJ.érr.Ooc ia-cext "tO re-
'oiÓIJ.t'oiOV, tL7Ctp 'tÕ (.L~ &v Ti «'oltGÓ't71C xcxl Ti exthTJ q>Úatç
~v. oüu r«p 81ewc te lvoc xoti. -cexÓ't71~ oüu &t(i)c le «pt-
u 9(.LOÜ 'ttvOc xotL -cexÓ't71C -yi'oiOt't' &v 'tli IJ.&rt~, 8ijÀo'ol.

s
Toú-c6>'.1 8' lxo!J.éVTI «2t0p(cx 7C6upov ol «pt8(.Lot xcxi.
-c~ aw(.L(l-ccx xcxi. 'tli i7C(m8ex xcxl ex[ <rttr~J.CXl OÕa(cxt 'tt'oléC
datv i) oü. d !J.t'ol r~P IJ.~ tlatv, Btexq>eúrtt -c( 'tÕ Õ'ol xcxi. -c('.I&C
exl oÕG!cn 't(i)v Õ\l't'(o)V" 'tli (.Lt'ol rfip 'Jtá:~ xcxl ex{ xtv~<KLC
Jo xotl -c&: 1ep6ç -ct xcxl exl 8tcx9éGtte xcxl oi >..6rot oõ8t'Jàc 8o-
xoüat'ol oua{cxv G'I'IIJ.CXÍ'ol&t\1 (Ã.tro\l't'ext r~ 7CMCX xcx9' Ó'ltoxtt·

..
METAfÍSICA, B.4/5. I00 I b 6 • 3 I 119

o Um em si é indivisível, de acordo com a doutrina de Zenão, não


é nada. (De fato, ele diz que aquilo que acrescentado ou tirado
ni\o torna uma coisa, respectivamente, maior ou menor não é
sl'r, convicto de que o ser é uma grandeza. E se é uma grandeza, 10

t: corpóreo, pois o corpóreo existe em todas as dimensões. Os


outros objetos matemáticos, ao contrário, se acrescentados de
n~rto modo às coisas as tornam maiores, se de outro modo, não:
do primeiro modo a superfície c a linha; do outro modo, o ponto
c a unidade não aumentam em nada a coisa à qual se acrescen~
I mn) w. Posto que esse modo de raciocinar é grosseiro c que é
possível existir algo indivisível, poder-se-ia objetar que o indivi- 15
sívd acrescentado a alguma coisa não aumenta seu tamanho,
tll<ls seu número. Mas então, como é que de um Um desse tipo,
'"'de numerosos Um desse tipo poderá derivar a grandeza? De
(ato, essa afirmação é equivalente à que diz que a linha deriva
de pontos·l=). Por outro lado, mesmo sustentando, como alguns o 20
!a:t.cm, que o número deriva do Um-em-si c de outro princípio
qnc não é um, dever-se-á investigar por que c como o que dele
deriva é às vezes um número c às vezes uma grandeza, dado que
,, não-um é a desigualdade e, portanto, o mesmo princípio num
t·aso como no outro. De fato, não é claro como do Um e dessa
desigualdade, ou de certo número c dessa desigualdade as gran-
dezas podem ser gcradas 41 • 25

S. /Discussão sobre o estatuto ontológico dos números}

/Décima segunda aporia] 1


Um problema relacionado a esses é o seguinte: se os núme-
ros, os sólidos, as superfícies c as linhas são substâncias ou não.
Se não são substâncias, não sabemos dizer o que é o ser c
quais são as substâncias dos seres, pois parece que as afecçõcs,
o:~ movimentos, as relações, as disposições e as proporções não 30
t•xprimem a substância de nada. Com efeito, todos eles são pre-
dic-ados de algum substrato e nenhum deles é algo dcterminado 2•
120 TON META TA C!>Yl:lKA B

~tlvou 'ttVÓ~, x«l oUOiv 't68r. n) · & Si fl.á;Àtat' &v 86ér.Lt


01J!J4(v&tv oôcn«v, 68(1)p X«L rii X«l mip xcxl. cWjp, le wv
1002• 't~ crúv6&'t« O'Wfl.«'t« 0'\JVi<m'}X&, 'tOÚ't'(I)V 6tpfl.Ót"l)'t&Ç jdv :~t«l
~uX{)Ó't"l)n~ X«L 't« 'tOt«Ü't« 7tá;6Tj, oôx oÓO'Cott, 'tO 8~ O"Wfl.«
'to 'tW't« 1t11tOVOO~ 116vov ú7to11tvu w~ ~ .., X«t oõat« 'ttÇ
oua«. &:ll« 111lv 'tÓ yr. O'Wfl.« ljnov oõaCot njç l7ttcp«Vd«Ç,
s xcxl. «6't"l) njç YP«J.LILiíç, x«i «6't"l) njç fLOV~oç :~t«l. njç
attyfLijç 'tOÚWLÇ y~p wpt<rt«t 'tO O'WfL«, X«i. 't~ IJ.~" &vr.u
O"WfL«'':OÇ lv8tx&0"6«t So:~t~T dw.n 'tO Si. O"WIJ.« &vr.u 'tOÓ't(I)V
&:8úvcx'tOV. 8t67tr.p ol ~''" 1tollol. X«i ot 7tp6'ttpov 't1}v
OUO'tCXV X«L 'tO õv ci)ov'tO 'tO O'Wfl.« r.Ivcxt 't« 8~ rucx
to 'tOlhou 7t6;67J, watr. x«l -c«~ &:px~' ..~ -cwv O"(l)~'t(I)V
't6>V Ó\/'t(l)\1 UVCXL &:pxcíç· OL 8' Wt&pot xoti O'OcpW'ttpOL 'tOÚ-
't(l)\1 dvcxt S6eCXV'teç &:pt6 11oú~. x«O&;mp oõv r.r7tOIJ.&v, d ~t-il
latw OUGtot 't«Ü't«, ÕÀ(I)~ oôStv miv oôaL« oô8~ õv oô6tv· oô
y~p 8-it ..&; li O"Ufl.P&P7Jx6-t« ..oú-cot~ &etov mcx xcxÀr.Iv.
15 - &:ÃÀ« ~t1lv d -coil'to IL~" ÓfLoÀoy&I't«t, Õ'tt IJ.WOV oôaCot -c«
fl.TpeTj 'tWV O'(l)~'tWV xcxi. ex{ attyfL«(, 't«Ü't« 8~ IJ.-it ÓpWIJ.&V
1t0Cwv &v d'tv O'W~'tWV (lv y«p 'tOt~ «lO'OTj'toiÇ &:Súv«'t0\1
&!vcxt), oÕx &v d'Tj OÔO'Cot oÕ8tfLÍ«. ('tt 8~ cp«(v&'t«t -c«Ü't«
7tM« SLOttptO"&tÇ ÕV't« -coú O"Wfl.tX'tO~, 'tO jdv dç 7tÀá;'tOç
20 w 8' d~ p&;Oo~ 'to 8' d~ fL'ijxOf;. 1rp0ç S& -coú'toLÇ ÓfLO((I)ç
lvr.attv lv 'téi> <rt&pléi> Ó7tOLOVOÚV CJXií~t« • wat' d IJ.Tj8'
lv 't<il ÀC6ca> 'Epfl.%, oôat -co ~fl.tO"U -toü xúPou lv ~ xúp~
OÚ'I:W~ W~ ~WptCJ!ÚVOV' OUX lipcx oôS' l7ttcpá;vti.Ot (d y~p
Ó7tOt«OÜV, x&v «6't"l) liv ljv 'i! &:cpopQ;oUG« 'tO ~IJ.LO'U) , Ó 8'
u «Ô-coç À6yoç :~t«l l1rl yp«fL~tií~ x«l atLYfLií' X«l IJ.Ová;&ç,
w<rt' d ~LG'tCX fLtV OUO'tot W O'WIJ.«, 'tOÚ'tOU 8~ IJ.aÀÀOV

I
I
I METAFÍSK:A. 8 5. 1001 b 32. 1002 c 26 I 121

Quanto às coisas que melhor parecem exprimir a substância -


a água, a terra, o fogo e o ar, isto é, os elementos dos quais os
corpos são compostos-, deve-se observar que o quente e o frio 1002'
c as outras afecções desse tipo, próprias daqueles elementos,
não são substâncias, c que só o corpo que serve de substrato a
essas afecções subsiste como substância c como ser;. !\'las o corpo
é menos substância do que a superfície, c esta é menos do que a
linha e a linha menos do que a unidade c o ponto: de fato, o corpo s
é determinado por estes c parece que eles podem existir sem
o corpo, enquanto é impossível que o corpo exista sem eles"'. Por
isso- enquanto a maioria dos homens c dos filósofos preceden-
tes sustentavam que o corpo era substância e ser e que as outras
coisas eram propriedades deles c, conseqüentemente, os princí- lO
pios dos corpos eram princípios de todos os seres -os filósofos
mais recentes e tidos como mais sábios sustentaram que os prin-
cípios dos seres eram os números;. Portanto, como dissemos, se
essas coisas não são substâncias, não existe absolutamente ne-
nhuma substância e nenhum ser: pois certamente seus acidentes
não merecem ser chamados scrcs6 .
Por outro lado, se admitimo:. que as linhas e os pontos são 15
mais substâncias do que os corpos, não se vê em que corpos eles
se encontrem- com efeito, é impossível que se encontrem nos
corpos sensíveis- c, então, não existirá nenhuma substância7 .
Ademai:., parece que a linha, a superfície c o ponto são divisôcs
do corpo: a linha segundo a largura, a superfície segundo a profun-
didade, o ponto segundo o comprimento~. Além disso, no sólido 20
ou estão presentes todas as espécies de figura ou, então, nenhu-
ma. Assim, se na pedra não está presente um Hermes, tampouco
a metade de um cubo estará presente no cubo como algo deter-
minado. Portanto, também não estará presente a superfície: se,
com efeito, estivesse prc:.cnte uma superfície qualquer, também
estaria aquela que delimita a metade de um cubo. O mesmo ra-
ciocínio vale para a linha, para o ponto c para a unidadeq. Portan- 25
to, se o corpo, por um lado, é substância por excelência e se, por
outro, essas coisas são mais substância do que o corpo, e se depois
se vê que elas não são substâncias, então não sabemos o que é
122 HlN META TA <I>YIIKA B

'tcx(nex, I.LYJ l~m. 8à 'tex(nex 1.1.118à oôaCcxt 'ttvéc;, Stcxc:peúyet 't(


'tO ôv xcxl -ric; ~ oúaCcx 't&lv Õvtoov. 1tpbc; yc1p 'tO'rç dPTii.Lé"otc;
xcxl 'tcX 'lt&pt 'C1jv yév&CJtv xcxl 'C1jv c:p9opdcv CJUI.L~cx(v&t &Àoyex •
.Jo &xer ~.&.lv yc1p ~ oúaCcx, ldcv I.LYJ ouaex 'ltpó-ttpov wv fi +'I 'ltpÓ·
upov ouCJ<X ÜcntpOV I.LYJ fi, ~.&.&..« 'tOÜ y(yv&CJ9cxt xcxl c:p9dpta9cxt
'tCXÜ'tCX 'lt!ÍGX&tv· 'tclç 8à cnty~ xcxl "tcXç Yp<XI.LI.LOcc; xcxt ..cXc;
l'lttc:pcxvtCcxç oúx lwéxe'text oün yCyvtaOext oü'tt !p0dpta9cxt,
ód ~.&.lv oüacxç ód ae oõx OÜCJCXÇ. &tcxv ydcp ll'lt'tTI'tCXL +i St-
1002 • cxtpij'tcxt 'tcX CJWI.LCX'tex, lli.LCX Ó'tà "''" I.L(cx CÍrrtOI.Lé\100\1 Ó'ta Se
8úo 8tcxtpOUI.LéVOOv y(yvovtext • &cn' OÜ't& CJU"(X&ti.Lé\l(a)\1 Wn\1 cUÀ'
lc:p9cxp"tCXL, St"QPTII.Lévoov u dalv ex[ 'ltpó'ttpov oúx oÕCJCXt ( oú ydcp
81j ~ y' ci8tcx(pe"toc; CJ'tt'YI.LYJ 8tupé9TI de; 8úo), tr u y{yvovtcxt xcxl
5 c:p9t(povtcxt, lx "t(voc; y!yvovtext; 'ltexpcx'ltÀ7]CJ!ooc; 8' l:Xtt xcxl
1ttpi. -rO vüv 'tO lv 't~ :xp6vw.· oUaà ydcp "tO(no lv8é:Xt'text
y(yvta9cxt xcxt !p9tlpta9ext, ill' 1J1.1.00c; l'ttpov cid Soxer ti-
vcxt, oúx oúa(ex "tLÇ ouaex. ó~.&.o!ooc; Sà &ií).ov Õ'tt l:xtt xcxi 'lttpt
"tcXç cmy~.&.clç xcxt 'tcXc; Yp<XI.LI.Là:c; xcxi 'tà: l'1t!'ltt8cx • ó ydcp
10 cxódc; Àóyoç ll'ltexvtex yc1p Ó~.LQ(ooc; +i 'ltépcx'tcx 1j Stcxtpéattç
da(v.

6
..oÀooc; a'cX'ItOp-/jCJ&L&V &v 'ti.Ç 8tc1 't( xcxi. 8tt CTi't&t\1
«).).' <i't't<X 1.1.n~, otov a
=p« u 'tdc exlCJ9Ti'tdc xcxi. 'tcX
't(9&1.L&V &~. d ydcp 8tcX 'tOÜ'tO, m ,.eX I.Le\1 I.Lex97]1.LCX'tLXcX
u "t&>v 8eüpo ci).).w. "''" 'ttvt 8L<X!pépet, 't~ Se 'lt6U' &ncx
ÓI.LO&tSij t!vcxt oõ9àv Stcxc:péptt, &CJ't' oõx laoV"text cxÚ't&lv ex[
cipxexi. ciptOI.L~ cic:pwpteJ~.LéV<Xt (6>CJJtep oõaf.. 'twv tV'tcxü9cx
Ypoti.LIJ4'tooV cXptO~ "''" M\rt(a)V oúx daiv ex[ cipxexl wpt·
MfTAFiSICA, B5/6, I C02 a 27 · b I 8 123

o ser c o que é a substância dos seres. A esses absurdos acrescen-


tam-se outros aos quais se chega ao considerarmos a geração e
a corrupção. De fato, é claro que a substância passa do não-ser JO
ao ser e do ser ao não-ser como conseqüência dos processos de
geração e corrupção. Ao contrário, as linhas, os pontos e as super-
fícies não podem nem gerar-se nem corromper-se, embora sejam
em certo momento c em outro momento não sejam. De fato,
quando os corpos são postos em contato ou são divididos, no mo-
mento em que se tocam forma-se uma única superfície e no
momento em que se dividem formam-se duas. Por conseguinte,
quando os corpos são reunidos, as duas superfícies deixam de
existir e são aniquiladas; quando os corpos são separados, existem
as duas superfícies que antes não existiam. (Certamente não se
pode dividir em dois o ponto, que é indivisível) 111 • Mas se elas se 5
gerassem c se corrompessem, de que substrato derivariam? O
mesmo ocorre com instante e com o tempo. Também ele não
pode gerar-se e corromper-se e, contudo, parece ser sempre dife-
rente, porque não é uma substância. E, evidentemente, o mesmo
vale para as linhas, os pontos c as superfícies. E a razão é ames-
ma. Com efeito, todas essas coisas são, do mesmo modo, limites lO
ou divisõcs 11 •

6. [Discussão das três últimas aporias]

[Décima terceira aporia] 1


Poder-se-ia, em geral, levantar o problema da razão pela
qual se devam buscar outras realidades além das sensíveis e das
intermediárias como, por exemplo, as Idéias cuja existência
admitimos.
Se é porque os objetos matemáticos, em certo sentido, dife-
rem dos sensíveis, mas não enquanto existem muitos da mesma 15
espécie e, portanto, seus princípios são limitados em númerd
(por exemplo, assim como os princípios de todas as nossas pala-
vras não são limitados em número, mas só pela espécie\ a menos
\24 TllN META TA QY:!:IKAB

CJ)ÚvatL, f.t~E.L 8€, ~ 1.1.71 ÀOtiJ.~ 'tLÇ 'n)0'8l 'tijÇ GUÀÀOt·


:zo ~fjç f) 'n)CJSl 't'fjç f<J)Yijç • 't'06tCilv S' lCJovtOtt XOtt ciptO(I.êi)
~p~va;,- óiJ.OC(I)Ç Se XOtt b:t 't'ciw IU't'«eú· &11:etp« y&p
MX&t 'tcX ÓIJ.oeLSfj) ' 6SCJ't' eL 1.1.71 mt 1t0tpcX 't'cX Ot~'t'cX XOtt
'tcX IJ.Ot8TJI.t.«'t'&XtX lup' !'t"t'Ot o!Ot Àé'youcn 'tcX et'81J 't'tv€ç,
oõx lCJ't'Ott ~.t.Cet ciptOIJ.êi) cXÀÀ' et8E.t oÕCJ!Ot, ou&' et[ cip:x,etl 't'CÍ>V
:zs ÓY't'CilV cXpt01J.Ci) bY't'Ott 1tOCJOt{ 't'LYE.~ cXÀÀcX ela" • - d oÕv 'tOÜ't'O
civatyxeti'ov, XOtl 't'li E.t81) civOtyx«Tov 814 't'OÜ'to e!vatt 'tt0€vett.
XOtt y&p d 1.1.71 XOtÀ(i)ç 8LOtp0po6CJtv ol Àlyovnç, cXÀÀ' lCJ't't
YE. 'toüO' 8 ~oúÀovtOtL, XOtl M"(Xfl 't'OtÜ't'Ot ÀÍY"" etÕ'totç,
lht "tci>v d&êiw OÕCJ!et 'ttç lxetcrt6v lan XOtl oõOev XIX'tdc cru~.t.·
30 ~E.~Tpt6ç. - ciUdc 1.1.T!v et' ye &f)CJO(UV ú n et8ft e!vatt XOtl
iv ciptOIJ.êi) 't'liç cip:x,liç illc% 1.1.71 E.met, dpipccx(UV &: GUIJ.·
~Ot(VE.LV ~OtYXOtÜW cX8Úvat'tOt. - CJWE."("(UÇ 8e 'tOÚ'tCilV totl 't'O
SLOt7ropfjCJOtt 1tÓ't'E.pov Su.t lCJ't't 't'tX CJ't'OLX,e!Ot fi 't'Lv' lnpov
'tp61tov. d 1.1.ev yc%p ciÀÀCilÇ 11:(1)~, 7tpMep6v 'tt mett 'tci>v cXp·
tooJ• :x,iilv !Uo (1tpó't'E.pov yclp lj 86vat1J.tÇ lX&(YYJç 'tfj~ etl't'Cot~,
'tO Se 8uvat'tÕY oux cXvOtYXOtLOY ixE.(Y(I)Ç dY l:x,etv) • el a' mt
8u~E.t 'tdc CJ't'OLX,E.'i'Ot, lvSt:x,e't'OtL IJ.Tj0ev efVOtL 'tCÍ>Y ÓY'tCilY'
8uv1X't'ÕV yc!tp e!vatt mt w IJ.fJ1tCil óv· y(yve't'Ott ~.t.lv ylip 't'O
' 1.1.71 õv, oõOev Se y(yYE.'tOtL 't(i)y e!YOtL ci8um(I)Y. - 'ttXÚ't'OtÇ 'tE.
oõv 'tàt~ cX7rop~ MTXOttoY cX1topfjCJ!Xt 11:epl 'tci>v cip:x,ci>v, XOtt
1tÓupoY xcx06Àou do'lv 7l ~~ Àtyo(UY 't'cX xetO' ~Ot. d

..
MEI"AFiSICA, 86, 1002 b l9-l003o7 125

que tomemos os elementos de determinada sílaba e de determi-


nada palavra: os elementos destas, evidentemente, serão limita- 20
dos também numericamente 4; e o mesmo ocorre para os entes
intermediários, pois existem muitos entes intermediários da mes-
ma espécie), de modo que, se além dos sensíveis c dos objetos
matemáticos não existissem outras realidades como as que alguns
chamam de Formas, não poderia haver uma substância numeri-
camente una mas só especificamente una, nem os princípios dos
seres poderiam ser numericamente determinados, mas só espe-
cificamente determinados;. Pois bem, se isso é necessário, pela 2S
mesma razão será necessário também admitir a existência de
ldéias 6• De fato, mesmo que os defensores das Idéias não se ex-
pliquem bem, no fundo é isso que eles querem dizer; c eles devem
necessariamente afirmar a existência das Idéias, enquanto cada
Idéia é substância c não existe acidentalmente 7 •
Por outro lado, se afirmamos que existem Idéias e que os 30
princípios têm unidade numérica e não específica, já indicamos
acima os ahsurdos que daí decorrem necessariamente~.

IDécima quarta aporia]"


Outro prohlcma estreitamente ligado a esses consiste em
saher se os elementos existem em potência ou de outro modo.
Se existissem de outro modo, deveria haver algo de anterior
aos princípios. De fato, a potência seria anterior àquele tipo de 1003'
causa: mas não é necessário que o que é em potência chegue a
ser em ato 111 •
Ao contrário, se os elementos fossem em potência, então
seria possível que atualmente não cxi~tisse nenhum dos seres.
De fato, mesmo o que ainda não é; é em potência para ser. O que
não é pode vir a ser, mas nada do que não tem potência para ser s
pode vir a ser 11 •

/Décima quinta aporia_11 2


Estes são, portanto, os problemas relativos aos princípios,
que precisamos discutir, c também esse outro: se os princípios são
universais ou se existem ao modo dos indivíduos. .
\26 TUN 1'<\ETA TA CI>YI\KA B

jdv rcip xat96Àou, oõx l<JWtext oÕ<JEcxt (oõ9iv rcip "t~ xo&v(i)v
w&r. "tt GTII'ex(vr.t mcX "t0t6var., ..,. 3, oôa(cx "t6&e tt. d 8,
10 l<J"tcxt t68r. tL xatt iv 9t<J9ext "tO XOt\lij XOt't'IJTOpoÚ!LtVOV, 1t0ÀÀcX
l<ncxt Cêl>ex 6 I:<smpci't'l)ç, exÕ"t6ç n xatl ó 5v9p(l)1toc; xatt to
Cêl>ov, tt1tr.p GTI~texCvet bcxatov t6&e tt xatt lv) • - d ~''" ow
xat96Ãou ex{ «pxexC, "tCXÜ"tcx au~t~ex(vet • d &l !'Ti xat96Àou
«ll' ~c; "tci xat9' lxcx<Jtex, oôx iaovtext l1tt<J"t'')'tex{ (xat96Ãou
u TcXP fl l1tto"t'f)!'1l 1tciV"twv), wat' laoV"text «pxext tttpext 1tp6-
npext "tWV «pxwv ex[ xcx96Ãou xat't'I)Topoú!'r.vext, clwep !ttÀÀ'Q
l<Jea9ext exÕ"twv l1tto"t'f)!'1l·

I
METAFÍS:C.O, B6, 1003 o 8. 1.7 127

Se são universais, não podem ser substâncias. De fato, ne-


nhum dos atributos universais exprime algo determinado, mas
apenas de que espécie é uma coisan, enquanto a substância é algo
dcterminadoH. Se admitíssemos que o predicado universal é ai- 10
go determinado e se o postulássemos como existente separado,
Sócrates viria a ser muitos seres vivos: seria ele mesmo, seria o ho-
mem e seria o animal, dado que cada um desses predicados expri-
me algo determinado 15 •
Portanto, se os princípios são universais, estas são as conse-
qüências.
Se, ao contrário, os princípios não são universais, mas existem
ao modo dos indivíduos, não serão objeto de conhecimento. De
fato, a ciência é sempre do universal!('. Conseqüentemente, para 15
que seja possível uma ciência dos princípios, deveria haver outros
princípios, anteriores aos princípios, ou seja, os princípios que se
predicam universalmente dos princípios particulares 17 •
/

f
LIVRO
r
(Q_VÀ.I'.TO)
1
20 "Eat~V !1ttat'ÍJI.t1) 'ti.Ç i\ 6f-6>p~t 1:0 8\1 'ti &v xcxl 1:cX 'tOÓ'tct>
cm«pxovm X«6' ®1:6. «lmJ 8' !cmv O'Õ8~1J.t~ 't<iW !v !J.tp~t
À~YOIJ.éll(o)V i) «Õnr oÕ8~1J.{« y~ 1:WV ciÀÀ.6>\I t1ttO'X01t~f
X«66Àou 1t~pt 1:oü 6V1:0Ç '6 6v, &>.>..eX !J.tpoç «Ô'tOÜ 1:~ de1to1:~-
2' IJ.ÓIJ.~V«tf 1ttpl 'tOÚ'tOU 6tc.>pOÜGt 1:0 O'UIJ.~t~1)XÓÇ, O{O\I «[ ~J.«07)·
1-L«'ttx«l 1:w" !1tta't'l!J.Wv. !1ttl 8e 1:clç dcpxcXç X«l 1:clç dcxpo-
<tli't«c «l<t(cxç ~1J1:0ÜIJ.&V, S7j>..ov wç q>ÚGtWÇ 'ttvoç «Ô'tcXc
àcV«Y:~t«tov 'tV«t X«6' «ÚTi)v. d ow X«l o{ 1:!X atotx~rcx 1:wv
6V1:6>V ~1)1:0ÜV1:~ 't«Ú't«Ç 1:cXc OcpxcXc ~'Í)1:0UV, dev«yx7) X«L 'tcX
)CI atotxtt« 1:oü ÕV"toç tiV«t IJ.~ X«'tcX CJU~~~11xoç de>.>..' li
õv· 8to x«l ii!J.Tv 1:oü 6V"toç t õv 1:!Xç 1tp6>'1:«c cxl1:(«c
~7)1t1:éw.

2
To Se av Àty~1:CXL (.LeV 1tOÀÀ«XWc. de).).,X 1tp0Ç iv X«i
IJ.~ 1:tVcX q>ÚGt\1 X«l oõx OIJ.6>W(.L6>Ç de).).' 6>mt~ X« L 1:0
, óytttvõv &1t«V 1tpoç úyCtt«\1, 1:0 (.Liv 1:~ q~u>..«ntt\1 1:0 Se
1:~ 1tot~rv 1:o Se 1:~ G'l~J.tfov &Ivcxt 'riic õytt{«c 1:0 8' õ1:t
lOOJ • 8tx1:tXOV «Õ't7jç, X«l 1:0 lcx1:ptxÕv 1tpOC [«1:ptX'Í)V (1:0 IJ.eV
r«p 1:éi) lxttv l«1:ptx~v Àtyt<tcxt lot1:ptxo\l 1:0 Se 1:~ tõq~utç
~IV«t 1tpõç «~" 1:0 8e 1:éi) lpyo" tiV«t 'riic lcx1:ptxijç) ,
I. [Definição da metafísica como ciência do ser enquanto serjl
Existe uma ciência que considera o ser enquanto ser e as 20
propriedades que lhe competem enquanto tal. Ela não se iden-
1ifica com nenhuma das ciências particulares: de fato, ncnhu-
•••adas outras ciências considera universalmente o ser enquan-
1o ser, mas, delimitando uma parte dele, cada uma estuda
as características dessa parte. Assim o fazem, por exemplo, as 25
matcmáticas 2.
Ora, dado que buscamos as causas e os princípios supremos,
(·evidente que estes devem ser causas e princípios de uma reali-
dade que é por si. Se também os que buscavam os e1ementos dos
~ncs, buscavam esses princípios <supremos>, necessariamente
:1quclcs elementos não eram elementos do ser acidental, mas do
~<'r enquanto ser. Portanto, também nós devemos buscar as causas JO
do ser enquanto ser~.

2. /Os sígnificados do ser, as relações entre o uno e o ser e as


!'árias noções que entram no âmbito da ciência do ser] 1
O ser se diz em múltiplos significados, mas sempre em rc-
krê:ncia a uma unidade c a uma realidade determinada. O ser,
pnrlnnto, não se diz por mera homonímia, mas do mesmo modo
mmo chamamos "salutar" tudo o que se refere à saúde: seja enquan-
to a conserva, seja enquanto a produz, seja enquanto e sintoma 35
dda, seja enquanto é capaz de recebê-la; ou também do modo
nuno dizemos "médico" tudo o que se refere à medicina: seja 1003~
enquanto a possui, seja enquanto é inclinado a ela por natureza,
132 TUN META TA CI>Yl:IKA r
'"·

Õj.c.o,cnp~w~ Se xr~l cnN~ À71~6ru8« >.e:y6(U\ICI wÚ'tor.ç,


, oú-tw 8t xr~l 'to &v >.tre.'t«t n-o>.>.«xw~ jdv cill' hczv
npàç 1.1.(«, &:pxftv· 'tÕ: ~v rõ:p <kt oôo!«t, m« ÃL"'(t"t«t,
'tÕ: 8' ~L 1t~8-q OÔO'(«~, "tÕ; 8' Õ't' 630~ e.lç OUO'Cczv fj
cp8of)(Xi fj O"te.pí)ae.r.ç i\ notÓ'tTI'tet; fj notTI'ttxÕ; fJ 'Y'WTI'ttxÕ;
oôa(~ i\ 'twv npà~ Tilv oôcn«v >.e.roi.I.Lvwv, fj w'Ú'twv 't'vo~
10 &:no~ae.~ i\ oõcrCatç 8tà xr~l w 1.1.71 õv dv«t 1.1.71 ~v cpcquv.
x«O«ne.p oõv X«l 't(i)v Õ"'(u.tv(i)v cin-mwv 1.1.(« lntO"t'Í)).c.TI mtv,
Ó!Lo((l)~ 'tOÜ'tO xr~l lm 'tWV 4ÀÃwv. oô "'(Õ:p IJ.ÓVov 'tW\1 xr~8'
iv Àe."'(0~\1(1)\1 lntO"tiJI.I.TI~ lO"tt 8Ut>~O'«L 1.1.~ &:UQ; xr~t 'twv
npàç 1.1.(«, Àe."'(OjÚ.V(I)V cpúotv· xr~t "'(Õ;p 't«Ü"C« 'tpÓ'Itov 'ttW
u ÀL"'(O\I'tC" x«8' lv. 8fíÀov oÕv Ó'n X«L 'tÕ; ~Y't« IA.~ 8Ut>piiO'«L
ú 6Y't«. n«V't«xoü 8e xup((l)~ 'tOÜ n-pc:,wu li lntcniJIL'Io x«l lÇ
oÕ 'tÕ; cill« -ijpnj't«,, xr~l St' & ÀL"'(OY't«L. d oõv 'tM' lO"tiv li
oôcn«, 'twv oôaui)v &v Uot 'tÕ:~ &:pxci~ xr~l "tciç «l't(~ lX'tv
'tOv cpt>.óaocpov. - &n«V'tO~ Se rtvou~ xr~1 «fa8-t)atÇ 1.1.C« lvo~
20 xr~t lntO"tiJI.I.TI• otov "'(p«l.l.l.l.«'t~ 1.1.(« ooa« n®~ &Ut>pe.t
'tO:~ cpw~ç Stà xr~l wü Õ\l'tO~ ti &v b e.t&q &Ut>piia«L 1.1.14(
ladv lntcniJI.I.TI~ 'tci) rtvet, 't~ u et&l} 'tWV dSéilv. d 8Tj w
&v XtJL 'to iv 't«Ô'tov x«t 1.1.C« cpúot~ 'tê\) «xo>.ou&etv ID~­
Àot~ WO'Up «PX71 xr~l «L'ttov, ID' oõx ~~ lvt ÀÓ"'((t) 87)ÀOÚ·
2' 1.1.'\ICI (8t«cplpet 8e oõ&ev oõS' &v ÓI.I.O((I)~ úno>.~Pw1.1.ev, «Uõ:
xr~t npà lp"'(ou ~Uov) • 't«Ô'tÕ "'(Õ:p d~ !vep(l)'lt~ xr~l civ&p(l)'lto~,
xr~l&v &vepwno~ ml civ&pwno~, xcxl oõx lup6v 'tL 871Àot XIX'tci
METAFlS:CA, r 2, I003 b 4 · 27 133

seja enquanto é obra da medicina; e poderemos aduzir ainda


outros exemplos de coisas que se dizem de modo semelhante a
estas. Assim também o ser se diz em muitos sentidos, mas todos 5
cul referência a um único princípio: algumas coisas são ditas ser
porque são substância, outras porque afecções da substância,
outras porque são vias que levam à substância, ou porque são
rorrupções, ou privações, ou qualidades, ou causas produtoras
ou geradoras tanto da substância como do que se refere à substân-
<'ia, ou porque negações de algumas destas ou, até mesmo, da
pr6pria substância. (Por isso ate: mesmo o não-ser dizemos que lO
"é'" não-ser 2.)
Ora, como existe uma única ciência de todas as coisas que
.~:·in ditas "salutares", assim também nos outros casos. De fato,-,
wio s6 compete a uma única ciência o estudo das coisas que se :
diF.cm num único sentido, mas também o estudo das coisas que ·
se dizem em diversos sentidos, porém em referência a uma única ·
Lliltmcza: de fato, também estas, de certo modo, se dizem num .
úuiro sentido. É evidente, portanto, que Of> sere5 serão objeto de-.; 15
11111a única ciência, justamente enquanto seres. Todavia, a ciência
lt'lll como objeto, essencialmente, o que é primeiro, ou seja,·
:tquilo de que depende e pelo que é denominado todo o resto.:'
Portanto, se o primeiro é a substância, o filósofo deverá conhecer·
:1s causas c os princípios da substância'.
De cada gênero de coisas existe uma sensação única 4 e tan)~
bt.·lll uma ciência única: por exemplo, a gramática, que é uma 20
l·it·11cia única, estuda todos os sons 5• Por isso é tarefa de uma ciên-
~·ia única quanto ao gênero estudar também todas as espécies
cl11 ser enquanto ser, e é tarefa das várias espC:cies dessa ciência cs-
llldar as várias espécies de ser enquanto ser~.
( )ra, o ser e o um são a mesma coisa c uma realidade única;· ' .
t'11quanto se implicam reciprocamente um ao outro (assim como
\(' i111plicam reciprocamente princípio c causa), ainda que não
·-~·i:un passíveis de expressão com uma única noção. (Mas não ~5
lllllt hli'Í<l nada se os considen1sscmos idênticos também na noção,
o q11c seria até uma vantagem). De fato, as expressões "homem"
1· "'11111 homem" significam a mesma coisa, do mesmo modo que
"lulllll'lll" c "é homem"; c não se diz nada de díferente quando
TQN META TA <DYIIKA r

-d)v )J.Çtv btotv®L'ItÀOÚ!J.tVOV 'tO et.; !v8pc.l'l'to.; xcxl etç &lv


&v8p<.)'l't0Ç (8~ov 8' Õ'tt OU X,(J)p(~t'totL oÜ't' e'l'ti. yevfa~ç OÜ't'
10 t'l'tL q>8opãç), Ó!J.OÍ(J)Ç 8e xett t'l'tL 'tOÜ lv6ç, wan q>otvepÕV Õ'tt
Tj 1tp6<J8eotç Lv 'tOÚ'to~ 'totÕ'to 8-q).or, xal oõ8&v l"ttpov -tO iv
'l'tOtp« 'tÕ lSv, f'tt 8' Tj lx&cnou oôa(cx fv tcn't\1 OÔ xm GUIJ.~f.­
lhJx6ç, Ó!J.0(6>1; 8& xcxi. lí'l'ttp ~\1 'tt. - wa6' 5aat 'l'ttp 'tOÜ lvõç
et'&rj, 'tO<JOtÜ'tat xcxi. 'tOÜ ~\l'tOÇ 'l'tf.PL 6)v 'tO 't( mt 'ri'jç
'~ etÕ'ri'jç tKtat'I)!J."'Ç -rcl) ylvtL 8t(J)pijacxt, À&y(J) 8' otov 'l'tept
-retõ-roü xcxt Ó!J.OEou xexi. 't<i)v !).).(J)v 't<i)v 'tOtOÚ't(J)V. ax.e8ov 8&
1004• ~Ot &:vtX-yeut 1:à:votv't(cx el.; '"'v &:px.~v 'totÚ't7!\l' 'te8f.CLI-
pija~ 8' Ti!J.tV -rcxG'tcx lv 'tij bcl.orfi 't<i)v t\I<XV'tC(J)v. xat
-roacxÜ'tOt !J.ÍP71 q>tÀo<roq~(cxç i<J"ttv 5acxt 'l'ttp cxl oõaCcxt · 6l<J'tf.
à:Vot"'(Xettov etvcx{ nvcx KP6l't"'v xat lx.o!J.&VTJV otÕ't<i)v. Ú'l'ttip-
~ x.et ydtp eõ9Uç r&'II'IJ lx.ov 'to .av [xcxt 'tO lv]· 8tb xcxi. ex[
mto"tij!J.ott à:xoÀou8Tjaouat -'tOÚ'tOLÇ. ta'tt ydtp Ó cptÀ6<Joq>oç
C><ntep ó ~L«87l!J.CX'ttxo.; ÀeyÓ!J.evoç xcxl ydtp CXÜ't7! lx.et
!J.&P"', xeti. 'l't~'t"' nç xcxi. 8eu'ttpcx la"ttv t'l'ttat'I)!J."' xcxt &Ucxt
tcpeÇTjç t\1 'tOtÇ !J.CX&Tj!J.ot<JL\1. -t'l'tf.L 8e !J.I4Ç 'tcXvrtXf.ÍIJ.f.Vot
10 8f.(J)pijaett, -rcl) 8& lvt civr{xtt'tott '1'tÀij8o.;- à:'l't6q>cxatv 8& xcxi.
<J'tfP71<JLV !J.taç mt 8~<Jott 8tàt 'tÕ ~fO'tfp<.)Ç 8t(J)ptta9ott
'tO tV oú Tj à:'l't6q>otatç i'J Tj <J'ttP"'<J~ (fi {ydtp} á:'l'tÀ<i)ç Àf'YOIJ.f.V
Õ'tt oõx. Ó'l'ttXpX,f.L lxervo, il 'tt\IL rfvtt. lvOcx !J.tV OU\1 t 'tcl) lvi.
Tj 8tatq>op« npÓat<J'tt 'l'totpàt 'tO iv 'tÚ à:'l'tOftXatL t, à:'l'touaEcx ydtp
u Ti à:'l't6cpotatÇ lxdvou l<J't{v, lv 8& 't'fl <J'tf.P'Íiatt xcxl Ó'l'toxet-
!J.&'II'IJ nt; q>Ú<JLÇ 'YÍ')"'f.'totL xcx8' ~Ç ÀÍ'Yf.'tott Tj mp71atÇ) ('t~
8' lvt KÀij8o.; civrCxtt'tatt]- W<J"tt xcxt 'tcXvrtxd!J.tVCX 'tO!ç dP"'-
!J.ÍVotÇ, 't6 -re lnpov xcxt &:vó!J.otov xcxt rivtaov xexl õacx
IDet Àfyeut +i xcx'tdt 'totuu fJ xcx'tàt KÀij8oç xcxl 'tO tv,
I METAFÍSICA, r2, I 003 b 28- I 004 a 19 I 135

w duplica a expressão "um homem" c se diz "é um homem"


(mm efeito, é evidente que o ser do homem não se separa da uni-
dade do homem nem na geração nem na corrupção; c o mesmo 30
Lnnbém vale para o um). Por conseguinte, é evidente que o
;H•réscimo, nesses casos, apenas repete a mesma coisa c que o um
c
u;io algo diferente além do ser7 .
Além disso, a substância de cada coisa é uma unidade, e não-,
dl' maneira acidental; do mesmo modo, ela também é csscncial-
lllCiltc um ser~. _.
Segue-se, portanto, que tantas são as espécies de ser (.JUari~
las sãn as do um. Conhecer o que são essas espécies pertence
a 11ma ciência que é a mesma quanto ao gênero; por exemplo, 35
pnlcncc à mesma ciência o estudo do idêntico, do semelhan-
il' t' das outras espécies desse tipo, assim como dos seus con-
1r;irios' 1• E quase todos os contrários se reduzem a esse princí- 1004-'
pio: discorremos sobre isso no escrito intitulado A divisão dos
m1Jirário.~w.
I•:xistem tantas partes da filosofia quantas são as substâncias;
mn~cqücntcmente, é necessário que entre as partes da filosofia
exista uma que seja primeira c uma que seja segunda. De fato,
1 >riginariamente o ser é dividido em gêneros c por esta razão as 5
~·i\.-ILc:ias se distinguem segundo a distinção desses gêneros. O fil6-
'ofo é como o matemático: de fato, também a matemática tem
p:nlc.s, c destas uma é primeira c a outra é segunda, c as restantes
wgll(.;tn em série uma depois da outra n.
1·: dado quc 12 ~ mesma ciência compete o estudo dos con-
1.-:í.-im, c porque ao um se opõe o múltiplo e, ainda, porque à 10
••Icsina ciência compete o est-udo da ncg<lÇão c da privação, dado
• llll', cm ambos os casos se estuda o um do qual se dá negação
c p.-ivação (de fato, dizemos ou em sentido absoluto que ele não
~11hsistc, ou que não existe em determinado gênero de coisas;
pu1 i.~so nesse segundo caso ao um se acrescenta a diferença,
l[tW niio existe na negação, pois a negação é a ausência elo um,
I'Itq ILanto na privação subsiste uma realidade que serve de sujei- 15
lu du qual se afirma a privação), segue-se que também os con-
lt;itius das noções supra mcncionadasn- como: o diverso, o
.lc\<.emclhante e o desigual, c todos os outros que deles dcri-
136 TON META TA <llYIIKA r

't'i'jç dP'Ili'ÍY'IIt; "(W..)p~ew l7tta'dJI''IIÇ' ~v lcni xr;;l -ij lVUVt~Ó­


20
'CTIÇ St«cpop« y<ip nç ~ lV«Vt~Ó'tTjç, -ij S~ Sl<Xcpopci lnp6-
'CTIÇ· OOo-c' l1tr.t8~ "Jtollcxxooç "tO tv Àíyr."tcxt, xcxl "tCXÜ"tcx 1toÀ-
ÀetX(i)ç I'!V ÀtXOftat"tetL, lil'c.>Ç 8! I'L&ç 41tiXV't~ lcnt "(W..)p(·
l;etv· ou yàtp d "JtOllcxxwç, lúpetç, cill' d I''ÍIU xr;:9' tv I'Trrt
2J 1tp0ç tv ol Àóyot civcxcp!poV"text. l"Jtr.l s~ 1tmcx 1tp0Ç w 1tpw·
'tOV civetcplpt"tett, ofov ~ex iv ÀÍYf.'tCXt 7tpÕÇ 'tÕ 7tp(Í)'tov lv,
6>GIIÚ'tc.>Ç cpetúov xcxl 1ttpl 'aiÔ"tOÜ xcxl lúpou xcxl "twv lvcxV"tK.lv
&x~.tv· ~ St~.ÀÓI'f.VOV 1tOGQIXWÇ Àíyr.'tcxt lxcxcnov, ofrtc.>Ç à:7Co·
~tov 1tpOÇ 'tO 1t~ov lv ~ XCX'CTjyop~ 1t&>ç 1tpÕC lxr.'tvo
lO Àíyt'al~' ~ I'~ yàtp 't(\> lXttV w!vo ~ S~ 't(\> 1tOI.tLV 'tcX
S! xcxt' &llouç :>..exO'Í)Gf.tcxt "tOtoúwuç 'tp61touç. - cpetvr.pàv
oõv [IS1rr.p lv "tet~ à:1toptcx~ Utx&ri] IS'tt 1.u!ç 1rr.pl ~ú­
"toov xcxt ''t'ijç oóo{cxç lcnt Àóyov lx~.tv ("tOÜ'to 8' -ljv iv
t6>v lv 'totç à:1t0p'Í)!'MLV), xcxl lcnt "tOÜ cptÀoo6cpou 1ttpl =v·
1004• toov SúvcxoGcxt 9eoopetv. d ycip I'~ "tOÜ cptÀoo6cpou, ~ lcncxt
ó l7ttGXeejl61'evoç d 'tcx~o Ec.l~'CTIÇ xcxt .Eooxp~ xcx9'Í)-
I''voç, i'l d !v lvl lviXV't(ov, i'l 't( lcnt 'tÕ lvcxV"t(ov i'l 1tOGCX·
xwç ÀÍyttcxt; Ól'o((l)ç S! xcxl 1eepl 'tOOV &lloov "t(Í)V "tOLOÚtoov.
s l1tf.t ow "tOÜ lvõç t iv xcxt 'toú ÕV'toç t &v "tcxU'al xcx8' ettk~
lcnt 1t~fh,, ID' oõx t à:pt91'ot i'l YPCXI'I'CXL i'l 'ltÜp, &ijÀov
Wç lxdV'tlç 'C'ijç l7ttcrt'Í)!''IIÇ xcxl "t( lcnt yvoop(ocxt xcxt 'tcX CN!'·
~efhlxó't' CXÔ"tO'tç. XCXL OÔ 'tCXÚTO cXI'C'~~UGLV o[ 1tf.PL cx1hoov
axo7COÚI'r.vot 6>c; oõ cptÀooocpoúvut;, cill' ML 1tpÓ"tf.POV -ij oÓGÍcx,

..
METAFÍSICA, r 2, 1C04 a 20- b 9 137

Vilm,..,ou do múltiplo e do um 15 - entram no campo de inves- 20


I igação da ciência da qual falamos. Dentre estas deve ser incluí-
da também a contrariedade, porque esta é uma diferença e a
diferença é uma diversidade 1''.
E, dado que o um se diz em múltiplos significados, tam-
1>t·m esses termos, por sua vez, se dirão em múltiplos significados;
lodavia, todos serão objeto de conhecimento de uma mesma
ciência. De fato, os termos não entram no âmbito de ciências di-
ferentes por terem múltiplos significados, mas porque suas dcfi-
uiçõcs não são unívocas ou por não poderem ser referidas a algo
llll0 17 .
Ora, porque todos os significados dos termos sobre os quais 25
raciocinamos se remetem a um primeiro- por exemplo, todos
os significados de "um" se remetem a um originário significado
dc um- deve-se dizer que isso também ocorre com o mesmo,
com o diverso e com os contrários em geral. Assim, depois de ter
distinguido em quantos modos se entende cada um desses, é
preciso referir-se ao que é primeiro no âmbito de cada um des-
ses grupos de significados c mostrar de que modo o significado
do termo considerado se refere ao primeiro. Alguns significados
se referem ao primeiro enquanto o contêm, outros porque o pro- 30
duzcm, outros por outras relações desse tipo 1x.
É evidente, portanto, como dissemos no livro sobre as aporias,
que é tarefa de uma mesma ciência ocupar-se dessas noções c da
s11bstância (este era um elos problemas discutidos), c que é tarefa
do filósofo saber indagar sobre todas essas coisas 1')_ Se isso não 1004"
fosse tarda do filósofo, quem mais poderia investigar se "Sócrates"
(· n mesmo que "Sócrates sentado" 211 , se só existe um contrário
para cada coisa, ou o que é o contrário c em guantos significados
de pode ser entendido?21
E o mesmo se diga de todos os outros problemas desse tipo.
Porque essas coisas 22 são propriedades essenciais do um en- 5
quanto um e do ser enquanto $er, c não enquanto números, li-
nh<lS ou fogo, é evidente que eles competem a uma ciência t]UC
conheça sua essência c suas características.
E os que investigam essas propried<tcles 2' não erram por não
Llzcrcm investigação filosófica, mas porque a substância tem
138 T!lN META TA <DY1:1KA r

18 1ttp\ ijç ou6ev l1textoucnv, lmi wcmtp icnt xcxi &:pt61J.0ü ti &:pt·
6jLc\t; iStex 1t&:Otj, oiov 1ttpt't'tÓ't"l)t; cip'tt6't"l)t;, GUIL!Lt'tPEcx lGó-
't"l)t;, úmpoxT! IDtt~tç, xexl. 'texG'tex xet\ xet6' exú-touç xet\
1rpoç &llijlouç Õ1t&:pxtt 'totç &:pt61J.0rt; (ÕjLo(wç 8f. xeti
cntptêi) Xext cXXLvfrr~ xext XWOU(Ú.Yct> cX~exptt 'tt XCXL l3á:poç
u lxo\l'tt lcntv &upcx l'Stex), OÚ't(J) xetl. 'tci) õv-n li õv lcnt 'ttvà
t8tex, xcxl 'tCXÜ't; lcnt 1ttpt wv 'tOÜ ~tÀoaó~ou t1tLaxí~exa6cxt
'tO ciÀTj6Ít;. aTj!LttoY 8€ • oi yàcp StcxÀtx'ttXOt xext ao~ta-rexl
'tO exU"tc\ jLf.v Õ1toSúoY'text ax.Ti!LCX 'tci) ~tÀoaó~ct>· ~ yàcp ao-
~tcntxfj ~wojLÍYTj jLÕYov ao~Ccx icn(, xexl o{ 8tcxltx'ttxot
28 StcxléyOY'text 1ttpi ti?t&:Y'twv, xowõv 8& 1t&at 'te\ 6v ia-rw,
Stcxléyo\l'text 8e 1ttpL 'tOÚ'tWY Si'jÀOY lht Stàc 'tO 'ti'jç ~tÀoaO·
~(exç 'tCXÜ'tex tfvcxt olxtrex. 1ttpl. jL&v yàcp 'tO exu'to ytvoç a-rpé-
~t'tCXt ~ ao~tcntxij xcxl ~ StexÀtx'ttxij 't'fí ~tÀoao~~. &:llàc
Stex~tptt 'ti'jç jL&v 'tci) 'tpÓ1tCt> 'ti'jç Suv&:jLt(J)t;, 'ti'jç S& 'tOÜ ~{ou
u 'tfi 1tpoext.píatt• lcnt 8& ~ 8texÀtx-rtxij 1t&tpcxcntx~ 1ttpi wv ~
~tÀoao~Ccx ~pta-rutij, ~ S& ao~tcntxTj cpcxtvo(Ú.YTj, oõacx S' oG.
"E'tt 'tc'i)v t\ICX\I't((J)v ~ &'tipex aua"tOtXÍex cnÍpTjcnç, xetl 1t&:Y'tcx
&v&:yt'text dç 'tO õv xexl 'tÕ IL~ ÕV, xext dç &v xetl 1tÀi'j9oç, olov
cn&:cnç 'tOÜ &vc\ç xÍYTjatt; 8& 'tOÜ 1tÀTj6ouç 'tÕC 8' Õ\l'tex xext ~v
38 OUa(cxv ÓjLOÀO'YOÜO't\1 iÇ tYex\l't((J)v O')CWOY !1tCX\I'ttÇ auyxtta6ext'
1t&\l'ttÇ row 'tÕCt; &:pxàcç t\ICX\I't{ext; Àtyouat\1' ol jL&v yàcp 1tt·
ptnov xext lip-rtov, oi Se 6tpjLÕY xetl ~uXPóv, ol 8& 1répcxç
xcxl !i1tttpov, o[ Se ~tÀ(cxv xcxt vt'i'xoç. 1t&:\l'tex Sf. xcxi -rcD..lex
&:vcxró~L&YCX ~ex(vt'tCXt dç 'tO i.v xcxt 1tÀi'j6oç (dlij~~ yàcp
toos• ~ &:vcxr(J)rTI ~jJXv), ex[ S' cipxext xcxt 1tCX\I'ttÀ(;)ç ex{ 1texp(l 'twv
&ÀÀ(J)y OOÇ ttÇ ytYTj 'texÜ'tex 1tL1t'tOUO'W. ~CXYtpOv OÕY XCXL tx
'tOÚ't(J)\1 lht jLt&ç t1tLO"t'ÍjjLTjt; 'tO ÕV 'Ú ÕV 9t(J)pi'jaext. 1t&:\l'tex yàcp
1} ivcx\l't(ex 1) lÇ lvCX\I't((J)v, &:pxext Se 'twv lvcxvt((J)v 'to !v
' xext 1tÀi'j6oç. 'texÜ'tex Si jLt&t; t1tta't'ÍjjLTjt;, t!u xcx9' lv ltrt·
METAFÍSICA, r 2.• I 004 b 9 • 100.5 o 5 139

prioridade sobre elas e porque eles não dizem nada sobre a subs-
lflncia24. De fato, do mesmo modo que existem propriedades pe- lO
culiares ao número enquanto número, por exemplo, paridade,
imparidade, comcnsurabilidadc, igualdade, excesso e falta, c elas
pertencem aos números, quer os consideremos separadamente,
quer em sua relação recíproca; c do mesmo modo que existem
outras propriedades peculiares ao sólido, ao imôve1, ao móvel,
ao que não tem peso e ao que tem peso, assim também existem 15
propriedades peculiares ao ser enquanto ser c é sobre estas que
u filósofo deve buscar a verdade.
Eis uma prova do que dissemos: os dialéticos c os sofistas
exteriormente têm o mesmo aspecto do filósofo (a sofística é
11ma sapiência apenas aparente, c os di<lléticos discutem sobre
! ndo, c o ser é comum a tudo), e discutem essas noções, evidcn- 20
I (·mente, porque elas são o objeto próprio da filosofia. 1\ dialé-
l ica c a sofística se dirigem ao mesmo gênero de objetos aos
q11ais se dirige a filosofi<l; mas a filosofia difere da primeira pelo
111odo de especular c da segunda pela finalidade: da cspecula-
~:;lo. t\ dialética move-se às cegas nas coisas que a filosofia co- 25
1rl1ccc verdadeiramente; a sofística é conhecimento aparente,
11 1;rs n<io reaJ2S.
Ademais, uma das duas séries de contnírios é privação, c
I c,dos os contrários podem ser reduzidos ao ser c ao não-ser, c ao
11111 c ao múltiplo: por exemplo o repouso ao um c o movimento
;r cc 1núltiplo. Ora, quase todos os filósofos estão de Clcordo em
·,11sl cntar que os seres c a substância são ('Onstituídos por contrá- 30
1 im: de fato todos põem como princípios os contrários. Alguns
pcoslulam o ímpar c o par como princípios26 , outros o yucntc c
'c Irío~ 7 , outros ainda o limite c o ilimitc 2\ outros, enfim, a ami-
t.:ldc c a discórdia 2'J. E também todos os outros contrários se
ll'd11zcm chmnnente ao um c ao múltiplo (pressupomos essa
1c·dH~.;iio já realizada por nós em outro lugarP 11 ; portanto, também l oos··
c·~ princípios dos outros filósofos se reduzem inteiramente a esses
dois gêneros. T.1mbém por isso é evidente que é tarefa de uma
11tcs11ta ciência o estudo do ser enquanto ser. De fato, todas as
mis:1s ou são contrárias ou derivadas de contnhios, c o um e o
1111 i li iplo são princípios dos contrários. Ora, o um e o múltiplo per- 5
!l'Ja-cm a um<l mesma ciência, quer sejam predicados em senti-
140 TQN META TA <DYIIKA r

"tC&' tru 1-LÍl· &amp rac.>~ lxt' xr.ct Ul.,9t~. cU.l.' l.íj.L(J)~ d
xatt wÃ.atxci)~ l.trn~' ~o l'v, 1epõ~ ~o 1tpci)~ov ~ro~
Àex9f1ae~~L xr.ct 'tàt Lv~ Õj.LO{c.)~, [xr.ct 8~ -cMo] xr.ct et
1-LTi lCJ'tt ~o õv t'l ~o lv xr.c96l.ou xr.ct ~cxõw l.1tl m'oi'Cc.>v t'l
10 Xc.>p~v, ~ t(J(J)~ oôx mtv &Ã)4 ~ci j.Ll\1 1tp~ lv 'tàt
8~ ~cil lcp~~· xr.ct 8tci 'CO&to oõ wü ytc.>jd~pou 9tc.>piía~t ~c
w Lv~(ov t'l ~tÀtto\1 t'l tv t'l &v t'l ~~Ó'tÕ\1 t'l l'npov, ID'
1'1 lÇ Ú1t09t(Jt(J)~. m j.LtV oÚ\1 j.LLi~ LKLin"I\1-LTI~ oco Õ\1 t &v
9wpf'ja~L xetl 'tàt Õ7tá:pxO'oi'C~ ~ü~(i) t lSv, ~ov, xr.ct ~'
1!1 oü j.LÓ\10\1 -cci)v ouat,ci)v &Uci X~t ~ci)v Ú1tacpx6'oi'C(J)V -it cxô~
9tc.>~LX1}. ~ci)v u dpTII.I.é"(J)\1 xr.ct 1ttpl 1tp~tpou xr.ct úmpou,
xr.ci. yévouç xeti. d'8ou~, xeti. ~Àou xr.ci. jdpou~ xr.cl ~ci)v nl.c.>v
~ci)v "COLOÚ't(J)\1.

Aexúov 8~ 1t~tp0\' j.L~ t'l lúp~ i.1tm"Í)j.LTI~ Ktp( n


-cci)v Lv ~or~ 1-14~~CJL wouj.LL\16)\1 &eLc.>~c.>v xr.cl Ktpt
20 't'ijç OU~, qMX'tltpÕ\1 8Tj ~L j.L~ U xeti. 'ri]~ "COÜ tpLÀOCJÓqiOU
XCCL -it 1ttpL "COÚ~(J)V i.~t ~LÇ &GCJL yàcp Õ7tâ:pxtL "CO!(
OÕatv àll' OÜ yévtt ~tvi. Xc.>P~ l8~ 'C6w ciÀÀc.>v. xetl XP(';)v-
'tC&L (J.tV 1tá:~, l.í~L ~ou 6vw~ mi.v t lSv, lx~~ov 8t oco yévo~
2' lSv· i.1ti. ~oaoú~ov ~ XP(';)'oi'C~L iq~' llaov d-co!~ l.xr.cv6v, ~o
8' mL\1 ~CJOV LdxeL ~o yévo~ 1ttpl oú tpÍpOUGL ~àc~ à1to8d-
ee~· (;)~' L1tti. 8~ov ~u t lS~ Ô7tá:PX" 1táat (~oü~o ycip
cxõ~or~ ~o xow6v) , "COü 1ttpl ~o õv t õv yv<J)p(~O\I'Co~ xr.cl 21:epl

...
METAFiSICA. r ·2/3. 1005 o 6 · 28 W

elo unívoco, quer não (como, de fato, ocorre); todavia, mesmo


que o um se diga em muitos sentidos, todos os diferentes sen-
l idos são ditos em referência ao sentido originário (e, de modo
~cmclhante, também os outros contrários); e mesmo que o ser,
assim como o um, não seja algo universal e idêntico em todas as
misas, ou algo separado (como, efetivamente, não é), todavia, lO
algumas coisas são ditas "seres" ou "um" por referência a mn
único termo, outras por serem consecutivas uma à outra' 1• Por
isso não é tarefa do geômetra estudar o que é o contrário, o
perfeito, o ser, o um, o idêntico ou o diverso, ou sô é sua tarefa
:1 I ítulo de hipótese.
1:: evidente, portanto, tJUC a uma mesma ciência pertence o
l'studo do ser enquanto ser c das propriedades que a ele se rcfc-
ll'lll, c que a mesma ciência de\'C estudar não só <lS substâncias,
mas também suas propriedades, os contrários de que se falou, c 15
lamhém o anterior c o posterior, o gênero e a espécie, o todo e
:1 parte c as outras noções desse tipo.

'l. )1\ ciência do ser compete também o estudo dos axiomas e


em primeiro lugar do princípio de não-contradição/ 1
Agora devemos dizer se é tarefa de uma mesma ciência ou de
nC:·ncias diferentes estudar os chamados "axiomas" na matcmá- 20
l ica, c estudar também a substância. Ora, é evidente que a invcs-
l•gac.;iio desses "axiomas" pertence ao âmbito da mesma ciência,
aslo é:, da ciência do filósofo. De fato, eles valem para todos os
wn:s c não são propriedades peculiares de algum gênero parti cu-
la• de ser com exclusão de outros. E todos servem-se desses axio-
111;1.~, porque eles são próprios do ser enquanto ser, e todo gênero
cI<· realidade é ser. Entretanto, cada um .se serve deles na medida 25
c·m tllle lhe convém, ou seja, na medida do gênero sobre o qual
n·r:;am suas demonstrações2• Conseqüentemente, por ser eviden-
k <JUC: os axiomas pertencem a todas as coisas enquanto todas
>:lo seres (de fato, o ser é o que é comum a tudo), caberá a quem
C'~luda o ser enquanto ser estudar também esses axiomas'.
142 T.QN META TA II>YLIKA r

't'OÚ't(J)'J àcrdv i) Oe<.)p(«. a~61ttp oôOdç 't'WV XCX'tOc IJ.Ípoç l'J't~OX0-


1toú""(J)" à-yxe~e.r Àtye'" 't~ 1tept «<hwv, el cU.'I&ii fi !J.TJ,
)0

oütt yt(J)IJ.é't'P'It; olk' ciptO!J.'I't'~Óç, IDdc 't'W\1 ~uauccã)v lvto~,


dx6't(J)t; 't'OÜ'to apw..,.ec;· !J.ÓVo~ yà:p <t)o..,.o 1tep( n 't% ÕÀT~t;
~Úat(J)Ç <JX01tttV XCcL 'l'ttpL 't'OÜ Ó..,.OÇ. à'l'ttL a• t<nt\1 l't'~ 't'OÜ
~ua~oü 't~ civ<u'tt~ (iv y&;p 't't ytvoç 't'OÜ ÕV't'oç ~ ~úa~), 't'OÜ
n (1ttpl 'to) xcc96Àou xocl ['t'OÜ]1te.pl 't1)v 1tpW't'flV oôaí<XV Oe<.)pYft~·
100' • xoü xoci. i) 1tepl 't'OÚ't(I)V &v e.r11 oxt~~· ~~ af. a~(« 't'tt; :mt i) cpu-
autft, cU.Ã' OÔ 1tp6m}. ()aa 8' l-yxe.tpOÜ<n 't'WV Àt"(Ó""(J)'J 't'L\1~
1tepl Tijç cU."lOt(«ç õv 't'p61tov Ser ci'l'tootxe.aOcx~, a,' ci'l'tcxt-
ae.ua(«v 't'WV civcxÀU't~V 't'OÜ't'O apwaw· ae.t ydcp 'l'ttpL 't'OÚ't'(J)\1
' 'ijxttV 1tp0t'l'tL<nCXIJ.ÍVOUÇ cillà: !J.Tj cixoÚ~CXÇ ~'l't'tt\1. - Õ'tL "'"
oõv 't'OÜ ~~oa6~u, :ml 't'OÜ 'l'ttpl 1t<ÍG7it; 't'ijç oõa(«ç 9e<.)poU..,.oç
fí 'l'té~u:uv, xoci. mpi. 't'WV oulloy~~" cipx<i)v lcnlv lm-
oxt~cxaOcx~, 87jÃov· 1tpOO'Í}nt af. 't'OV ~\CJ't'CX "('J(J)p(~o..,.cx
'l'ttpl lxcxcnov ytvoç exew Àéytt\1 't'OcÇ ~~cxi.O"C&;-tcxç cipxdcç
10 't'OÜ 1tp<Í"(IJ.CX't'Ot;, W<ne :ml 't'0\1 mpi. 't'WV I)..,.(J)'J fí Mcx 't'dcç
1tm(J)\I ~t~~O'tcX't'CXÇ. f:cnt a• OÕ't'OÇ 6 ~tÀÓaocpoç. ~t~LO·
't~ a• cipx11 'l'tCXaWV 1tepL ftv a~~tUG9ijVCXL ciaÚVCX't'0\1'
"(ll(J)pt!J.(J)'tcX't'JI" 'te yà:p ci\ICX"(Xcxt'ov e{vcx~ 't1)v 't'OtcxÚ't'J)\1 (mpt
ydcp & v.Ti "('J(J)p(~ouaw ci'l'tcx'tw..,.cxt ~eç) xoci. ciW'I'tó0t-tov.
U fJV ydcp civcxrxcx!ov tXttV 't'OV 6-ttoW euv~'J't'CX 't'WV Ó..,.(J)V, 't'OÜ't'O
oôx Ú'l't60tatç- õ a f. "(ll<.o>P CCtw civcxyxoc!ov 't'cl> 6't'wüv "(''W p(-
~O'J't'L, xoct i\xttv lxo~ civcxrxcxtov. lS't~ !dv oõv ~t~cxi.O"C<Í't'Jl
i) 't'OUXÚ't"rl 1tCXaWV cipx-lj, &ijÀov· 't(ç a' t<nt'J CXÜ't"r), IJ.''t'Oc
't'CXÜ'tcx Àty(J)v.tv. -to yà:p cxô-to êí.IJ.cx Ú1tcipxe.~v u xcxi. !J.Ti

I

METAfiSlCA, r-3, 1005 o 29 • b 19 143

Por isso, nenhum dos que se limitam à investigação de


uma parte do ser se preocupa em dizer algo sobre os axiomas, 30
Sl' são verdadeiros ou não: nem o geômetra, nem o matemáti-
co. 1;: certo que alguns filósofos falaram dc1es, c por boas ra-
zões, pois se consideravam os únicos a investigar toda a reali-
dade c o ser4•
Por outro lado, dado gue exi5te algo que está acima do físico
(de fato, a natureza é apenas um gênero de ser}, ao que estuda
oi1Hivcrsal e a substância primeira caberá também o estudo dos 35
axiomas. A física é, sem dúvida, uma sapiência, mas não é a pri- too5t·
llwir;1 sapiência;.
Quanto às tentativas feitas por alguns dos gue tratam da
vndade de detenninar as condições sob as quais se deve acolher
.1l1~o como verdade, é preciso dizer que elas nascem da ignorância
'los 1\nalíticos; por isso impõe-se que meus ouvintes tenham um
I'Clllhccimento preliminar do conteúdo dos Analíticos, c que não
o i>IIS([UCm simultaneamente a estas liçõesr..
Portanto, é evidente que a tarefa do filósofo c de quem 5
··~twcula sobre a totalidade da substância c sobre sua naturc-
t;l ·.consiste em investigar também os princípios dos silogismos.
1•:111 qm1lquer gênero de coisas, quem possui o conhecimento
111ais elevado deve ser capaz de dizer quais são os princípios mais
'-~"gmos do objeto sobre o gual investiga; por conseqüência, gucm lO
111 1sst ti o conhecimento dos seres enquanto seres deve poder dizer
'lllais ~ão os princípios mais seguros de todos os seres. Este é
o lilúsofoH. E o princípio mais seguro de todos é aquele sobre o
'111al é impossível errar: esse princípio deve ser o mais conheci-
ti•• (de fato, todos erram sobre as coisas que não são conhecidas)
,. dl'vc ser um princípio não hipotético. Com efeito, o princípio
!Jlll' deve necessariamente ser possuído por quem quer conhc- JS
t'l't quak1ucr coisa não pode ser uma pura hipótese, e o que de-
\'(' eonhcccr necessariamente quem queira conhecer qualquer
misa j<í deve ser possuído antes guc se aprenda qualquer coi-
•,;•. 1:: evidente, portanto, que esse princípio é o mais seguro
d" I oclos'1• •. ,

I >cpois do que foi dito, devemos definir esse princípio. É 1


nllpossívcl gue a mesma coisa, ao mesmo tempo, pertença e não
TON META TA <I>YIIKA r

/
· 20 Ú1t~XILV ciSW«~ov ~~ M~ gt xet<tdl 'tÔ ocüW (xetl lSC70t
!ÀÀoc 1tpoo3toptC70t{Ju8' &v, (M(I) 1tpoo3L6)pLaJ.L4voc 'lt~ ~~
Àoyutdt:c 3uox;epr.Cocç) • OCÚ't71 3~ 1t01otiw lcrd ~~ocLMQ:'t'l) ~(;)v
l'Ii ~pxwv· lx" ydlp ~àv r.lp7uLtvov 3LopLa!L6v. ciSóvOC'tov ydlp
I 6\/'ttvow wckàv Õ1toÀoc!L~Q:y"" r.Tvoct gi !'~ efvoct, g8Q:mp
2' ~LW( o\'~OCL Àty~Lv 'HpQ:xÀIL~OV. OUX ~~L ydlp civocyxoctov,
& ~LC Ãty~L, 'tOCG'toc gt Õ'ltoÀociJ.P~tv· eE 3& !'Ti l..&xr.·
~OCL cX!LOC Õ1tQ:pX1LV ~c't) OCO~~ 'tcXvoc~(oc (1tpOIJ31.6)p(o66) 8'
~J.L!v xetl <tOCÚT!) "tij 'JtP~'' <tdl d6)86toc), lvoc~(oc 3' lcrd
36Çoc ~ ~ 'tfí< ~~Lq)Q:Of.Ca)Ç, !pOC\IIpcW ~L ~3úvoc~ov ~
JO Ú1toÀOCJ.L~Q:"''" ~àv ocü~ov dvoct xocl !'~ r.Tvoct 'tÔ ocÜ<t6 • cX!LOC
ydtp &v lxoL <tdlc lvoc~Cocc ~ 6 3L&<Pr.ua!'tvoc 'lt!pl ~o6-
~u. 3to 1rQ:~ ol ~:rro3eLXYÚ~r.c ~~ <tOCÚ'nl" Myouatv
lox~v ~v· !pÚGet ydlp ~PX~ gt ~(;)v &ll(l)v ~L(I)·
I
~~6)\1 ocfmt 'ltm(I)V.
I
i

4
, Elol 3t -ttvu; ot, g8Q:'Jtr.p r.l':rroJ.L&V, oc~o( <ti lv3txa- •
1006• o9oc( !pOCOL 'tO ocÜ'tÔ r.fYOCL gl J.L~ &f\IOCL, gl Ú'ltOÀOC!L~·
1: YILV omc. XPW~OCL 3& 't~ ÀÓyea> WÚ't(t) 1I:OÀÀOl xocl 'tciw
I
I· apl 1fÚIJI6lC. ~lUte Sl wv dÃfJ!focJ.L&v ~c ciSU\IQ:<tou ~
&J.Loc eTvoct xocl J.L~ eTvoct, gl 3Ldt ~ú~ou UdeocJ.L&v ~' ~~-
:! ' ~~Q:'tTI ocfmt 'tWV ~PXWV 'ltOCOW\1, «etaGat &i! gl <tOÜ~o
~'lto&LX\IÓvoct 'tLVtc St' ~octSwoCocv· mL ydcp ~11:0CtSeuaCoc
li "t9 J.L~ yt~OX&L\1 'tCV(I)V 3r.t ~'I)Utv ~6SetEtv gl -t(\16)\1 od
,,
3&!· lSÀ(I)C J.f.lv ydcp dc11:Q:~6)V ~S~ov ~11:6S&~L\I efvoct (r.~
&atpov ydlp &v ~oc3(tot, 6)au J.L'Il3' oG't(l)c eTvoct ~1r68e~v),
10 d 3t ~LV(I)\1 J.L~ &t ~'I)UÍ\1 W3&~\l, 't(\101 ~OÚGL\1 &!YOCL
'I
I, J.L5ÂÀov 'tOLOCÚ'n)V ~xflv oõx &v IXOLI\1 d'ltr.tv. mL S' ~71:0·
'I
:I
I,
li

I
I METAFÍSICA, r J, 100S b20-l006a 11 I 145

pcrtcnç~1 a uma mesma coisa, segundo o mesmo aspecto 111 (e acres-· ·


n·ntcm-sc também todas as outras determinações que se possam 20
,l('rcsccntar para evitar dificuldades de índole dialétic<l) 11 . Este é
u 111ais seguro de todos os princípios: de fato, ele possui as camc-
ll'rísticas acima indicadas. Efetjvamcnte, é impossível a quem quer
•JllC seja acreditar que uma mesma coisa seja c não seja, como,
~c·guudo alguns, teria dito l:lcráclito 12 • Com efeito, não é preciso
;u h11itir como verdade tudo o que ele diz 1'. E senão 6 possível que 25
os contrários subsistam juntos no mesmo sujeito (e acrescente-se
.1 l'~sa premissa as costumeiras explicações) 1", e se uma opinião

qul' (·st.í em contradição com outra é o contrário dela, é cviden-


lc·tm·~tle impossível que, ao mesmo tempo, a mesma pessoa admita
\'l'td:tdciramcnte que a mesma coisa exista c não exista. Quem se 30
c·ng;lll:tssc sobre esse ponto teria ao mesmo tempo opiniões con-,
ltadilc'lrias 1;_ Portanto, todos os que demonstram alguma coisa re-
llwlc-m-se a essa noção última porque, por sua natureza, constitui
n pri11dpio de todos os outros axiomas.

1. f I )emonstraçâo do princípio de não-contradição por via


ele~ refittação] 1

ll;í alguns2 , como dissemos\ que afirmam que a mesma coisa 35


pllclt- ser c não ser, e que se pode pensar desse modo~. Muitos 1006-'
I ti• 1\olos naturalistas também raciocinam desse modo;_ Nós, ao
<, 111lr;írio, estabelecemos que é impossível que uma coisa, ao
ltH·~-IIt<l tempo, seja c não seja; c, baseados nessa impossibilid<ldc,
11111'1 ramos que esse é o mais seguro de todos os princípiosr'. 5
C >ra, alguns consideram, por ignorância, que também esse
t•tnu·ípio deva ser demonstrado'. Constitui ignorância o fato de
11;1c1 saber de que coisas se deve buscar uma demonstração c
ele- q uc coisas, ao contrário, não se deve. É impossível que exista dc-
utomt rar.;ao de tudo: nesse caso ir-se-ia ao infinito e, conseqücn-
lc-tlc~·nlc. não haveria nenhuma demonstraçãoK_ Se, portanto, de
:cll',lllllas coisas não se deve buscar uma demonstração, aqueles 10
tc·tl;um:ntc não poderiam indicar outro princípio que, mais do
•ptc· csk, não tenha necessidade de demonstração.
TIIN META TA G>Yl:IKA r
146
I

8t'LÇcxt tÀ&"(X't'LxWÇ xcxt 1repi. 't'OÚ't'OU Õ't't &86~v, &v [.L6vov


't't ÀÍTII ó &[.Lrptollt~'t'Wv· &v 8f. [.LTJOév, yeÀo!ov 't'O ~TJ't'&!v
Ã6yov 1rpoç 't'Ov t.J.TJ9evõç lxoV't'cx Ã6yov, ií t.J.~ lx1w Õt.J.Oto'
15 y&p !pU't'{i) Ó 't'OLOÜ't'O' U 't'OLOÜ't'OÇ il~· 't'O 8' tÀt"(X't'LXWÇ cX7t0-
8eiÇcxt Àéyw 8LCXrpépetv xcxi. 't'O cX7to8e'LÇcxt, Õ't't cX7to8et-
xvúwv [J.tv &v 86~e1.tv cxlnroOcxt 't'O lv cipxlj, ciÀÀou 8f. 't'OÜ
't'OtOÚ't'OU cxh(ou ÕV't'O' nerx.oç &v &LTJ xcxt OÔX cX7tÓ8&L~~. cXPxTl
8t 7tpOç &7tCXV't'CX 't'cX 't'OLCXÜ't'CX OÔ 't'O cX~LOÜV fj etn( 't'L ÀÍ"(I!.LV
20 f) [.L~ e.TW~t ('t'OÜ't'o j.LtV y&p 't'&X' civ 't'LÇ Ú7toÀ&~ot 't'O te
&:PXií' cxlnrv), &ll& <nJI.I.CX(vew yé 't't xcxi. cxÓ't'{i) xcxi. &ÀÀC!> •
't'OÜ't'O "(cXP, Q:v&yxTJ, 6t1ti!.p ÀÍ"(OL 't't. d "(cXp [.1-/), OUX &v
l!.tTJ 't'<i) 't'OtoÚ't'~ À6yo,, oiít' cxõ-c<i) 1rpo' cxó't'Ov oün 1rp0'
ciÀÀov. &v 8€ 't'~ 't'OÜ't'O 8t84l, mcxt cX7tÓ8tt~LÇ ii8TJ y&p 'tt
u tcncxt wptG[.LÍVOV. ci).).' CXL't'LO' oõx ó cX1t08tLXVÕ' &).). , ó Ó7tO-
j.ÚV(I)V• &:vcxtpwv y&p Àóyov Ó7tO[.Léve.t À6yov. l-ct 8f. ó 'tOÜ't'O
CJII"(Xwp-l)crcx' auyxexwpTJXÍ 't't cXÀTJOf., etvcxt xwpi., cX1tOOI!.(-
~ec.>' [6>ate. OÔX !'J 1tiiV OÚ't'W' xcxi. OÔX OÜ't'w, tXOL]. - 7tpW't'OY
j.Lf.v oÕv 8i'jÀov W' 't'OÜ't'Ó y' CXÔ'CÕ cXÀTJOé,, (ht GTJ[.LCX(V&L -cf.
Jo ÓVOIJ.CX 't'O eTvcxt ii [.L~ eTvcxt 't'o8(, 6>at' oôx &v 1r«Y o(hw' xcxt

oõx olhw, lxot · t't't d 't'O &v&pw1r0' aTjt.J.CX(vet lv, latw 't'OÜ't'o
't'O ~c'i)ov 8(7tOUV. Àtyw 8& 't'O ev GTJ[.LCX(VI!.LV 't'OU't'O" d 't'OÜ't'
Wttv &'J0pw7tO,, &v 'fi 't'L civ0pw7to,, 't'OÜ't'' WtCXL 't'O cXv0pW1t~
eTvcxt (8tcxrpéptt 8' oôO&v ou8' tl 1rÀeL<u 't'LÇ q~cxCt~ GTJ[.LCXÍvttv
1006• j.LÓVOV 8& wptG[J.Ívcx, 't't0&(TJ y&p &v tq~' éx&o-t~ À6YC!>
M<' TAtiStCA, r 4. I CC6 o 12 · b I 147

'J iJdavia, também para esse princípio, pode-se demonstrar,


por via de refutação, a impossibilidade em palavra'1 desde que o
ndvcrs;írio diga algo. Se o adversário não diz nada, então é ridí-
culo buscar uma argumenta~:ão para opor a quem não diz nada,
jur.tamcntc enquanto não diz nada: ele, rigorosamente falando,
!teria semelhante a uma planta. E a diferença entre a demonstra- 15
çno J*ll' refutação c a demonstração propriamente dita consiste
em que se alguém c..tuiscssc demonstrar, cairia claramente numa
pcti~;<lo de princípio; ao contrário, se a causa da demonstração
rm~(' llllla afirmação de outro, então teríamos refutação c não dc-
11101\~l n•~üo 10 . O ponto de pmtida, em todos esses casos, não
• ow;i.,lc em exigir que o adversário diga que algo é ou que não é
!l·lc·. de fato, poderia logo objetar que isso j<'í é admitir o que se 20
q•w• provar) 11 , mas que diga algo e que tenha um significado pa-
1.1 "ll· e para os outros; e isso é necessário se ele pretende di7cr
.tl;•,o. Se não fizesse isso, ele não poderia de algum modo discor-
11 ·•. nem consigo mesmo nem com os outros; mas se o advcrsá-
' io < onccde isso, então sercí possível uma dcmonstraçã(P. De
l.tlo. 11csse caso já haverá algo determinado. E não rcspondcr<í 25
pd;t pdi(,:ào de princípio quem demonstra, mas CJllClll provoca
.1 dl'lllllll~tração: com efeito, ele se vale: de.: um r<lciocínio justa-

IIII'Jtk para destruir o raciocínio. 1\clc.:mais, quem concedeu i~so,

1 1111\'!'dc.:u c1uc existe algo verdadeiro independentemente da

1 k111111tstraçãoH.

(I) l·~m primeiro lugar 1\ (a) é evidentemente verdade que


pelo menos os termos "ser" c "não-ser" têm um signifi- 30
cado determinado; conseqüentemente, nem tudo pode
ser desse modo c, ao mesmo tempo, não ser clc~sc modo.
(b} t\clcmais, suponhamos que "homem" sô tenha um signi-
1,, .1do, c· estabeleçamos que sej<l "animal bípede''. E afirmando
1I' tt· ..,,·,tem um significado pretendo dizer o seguinte: se o termo
'luntwtn'' ~ignifica isso que se disse, toda vez que haja algo que
.q.1 lttilll<:lll, esse algo deverá ser o que se afirmou como a essên-
1 ta dc1 homcm 16 ,
(t·: se o adversário objc.:ta que uma palavra tem muitos signi-
111 .1do ..... isso não tem importância, desde que os significados se-
I·'''' ln11ilados; de fato, bastará designar cada um desses diferen- 1006"
TnN META TA <l>YIIKA r

lupov c5voJL«· Àtyc.> 8' oiov, d IJ.Ti ~otCTI "t'O &v9pc.mor; iv


01'J!J.ot(vr.w, 1t0lldt St, ~v l\/Or; (Jlv d'ç ÀÓyor; "t'Õ ~~ov 8(.
1t0UV, &t&Y Sl xotl lnpot 1tÀ&(our;, wpi.GJ.ÚVO~ 8l "t'Ov &pL91J.ÓY'
' n8d11 yàp &v t'Stov 6voJL« xot9' botcnov "t'OV Àóyov· d 8l
!J.i) [n9dTI], &).).' IÍmtpot a"')).Lot(Y&W ~(TI, ~otY&pÕ'J ~"t'~ OÔX &.v
r.f11 ÀÓyor;· "t'Õ yàp IJ.Ti tY cnJ!J.ot(Y&LY oõ9iv cnJ!J.ot(ve\v lcrtCv,
1J.fi 01'jjJ.ott'JÓ\I"t'(a)Y 8l "t'6lY OVO~Ca>\1 &viJPTI"t'ott "t'Õ~8íÓtÀéyr.CJ6otL
1tpor; &:UofV.ouç, Xot"t'à 8i "t'ffv &>.1)9etotv xot~ - 1tpor; otú"t'Ó\1·
to o09iv ydtp lv8txe"t'otL voerv I'Ti vooü'll"t''t lv, ei 8' lv8tx&"t'otL,
n9&(1'1 Qv ÕYO!J.ot "t''Ú"t'~ "t'~ 1tp~Y!J.ot"t'L {y) • -:''rotc.> 81), 6lGTCtp
tÀéXfhl Xot"t' 1 &px~, 01'J!J.ottYÓY "t't 'rO : 6yo!J.ot Xotl cnJIJ.ot'tVOY
lv· oõ 811 lv8txe-.otL -.o &v9pc:nt~ r.!Yott a"')).LotCvew &tr.p &v9p6nt~
IJ.fl f.!YotL, d 'rO liv9pc.>1tOÇ cnJJLCX(Yf.L IJ.fl !'Ó'JOV Xot9' lvor;
u illà Xott {y ( oÕ ydtp "rOÜ"t'O &eLOÜIJ.&V "t'O iv a7J!J.ot(Ve.tv,
"t'Õ u9' lv6r;, lml oÜ"t'c.> ye x&v -.o !J.OUGtxov xotl "t'Õ Àwxõv
xotl -.o &v9pCa>1tor; iv lcrfuJ.octvev, 6lGn iv !notVtot ~' •
cnw6>w!'ot ylip). xcd oõx lcnott e!Yott Xotl IJ.Ti r.!vott "t'O otÕ"t'o
&:U' 9j Xot9' Ó!J.Ca>WjJ.totY, 6lGTC&p Qv d 8Y i!!'&i'r; liv9pCa>1tOY
zo xotÀoÜ!-t&Y, &llot !'Ti &v8pc.>1tov xotÀo!ev· "t'O 8' &1topoÚJUYOV
OÕ -.oü-.6 mw, d l\ISéxe"rott "t'Õ otÕ"t'o &jJ.ot e!YotL Xotl !'fi e!Yott
IÍY9pc.>1tOY 'rO c5YO!J.ot, &:Uà ..Õ 1tp!YJLCX. d 8l !'fi cnJ!'ot(-
Y&L l"t'e.poY ..0 clv9pc.>'JtOÇ Xotl "t'O IJ.fi clv9pW1tOÇ, 8i\).ov ~"t'L Xotl
"t'O IJ.fi &!YotL &v9p6>1t~ 'rOÜ &!YotL &v9p6J1t<tl, 6lG"t'' lG"t'otL "t'O &v-
METAFÍSICA, r A, I 006 b .2 • 24 149

tes significados com uma palavra diferente. Dou um exemplo:


suponhamos que o adversário não admitisse que "homem" te-
nha só um significado, e sustentasse que tem muitos, e que a
definição "animal bfpede" representa apenas um desses signifi-
cados. Pois bem, concedamos que existem muitas outras dcfini-
çôc~ de "homem", mesmo que limitadas em número, pois a cada 5
uma dessas dcfínições poder-se-á dar um nome próprio. iVlas se
o adversário não admitisse isso e dissesse gue as palavras têm
infinitos significados, é evidente que não mais seria possível nc-
nhulu discurso. Com efeito, não ter um significado determina-
do l'lJIIivale a não ter nenhum significado; e se as palavras não
1~111 11cnhum significado, tomam-se impossíveis o discurso e a
com11L1ieação recíproca c, na verdade, <lté mesmo um discurso
comigo mesmo. De fato, não se pode pensar nada se não se pensa
nlgo dderminado; mas se é impossível pensar algo, então pode- 10
H' l;unhém dar um nome preciso a esse determinado objeto que
é 1H"llsndo) 17 •
l'ique, portanto, estabelecido, como dissemos no início, gue
o uou1e exprime um e só um significado dctcnninndo.
(c) Posto isso, não é possível g uc a essência de homem signí-
lul11t' a mesma coisa guc o que não é essência de homem, admi-
lulc 1, t·,·idcntemente, que "homem" signifique não só o atributo
.!<' dctt:rminada coisa, mas determinada coisa. Com efeito, nós
11.11) consideramos que "significar determinada coisa" seja o mcs- 15
11111 tjiK' "significar o atrihuto de determinada coisa", pois desse
111ndo "músico", "branco" e "homem" significariam a mesma
1ol\õll'. wnscqücntcmente, todas as coisas se reduziriam a uma
·.... porq11e teriam todas o mesmo significado'~- E também não
·.1 ·1.1 possível que a mesma coisa seja c não seja homem, a não ser

1'"' puro equívoco: como se, digamos, aquilo que designamos


"'lu111H'111'', outros o denominassem "não-homem". Mas o proble- 20
111.1 qul· nos ocupa não é se é possível que a mesma coisa seja ou
''·'" •,('j;• homem quanto ao nome, mas quanto à coisa mesma.
c h .1 . .-.c u;io significassem coisas diferentes o "homem" e o "não-
lunln·m", é evidente que também a "essência de homem" não
·.1 1i.1 clikrcnte da "essência de não-homem" e, conseqüentc-

IIH'Illt'. a "essência de homem" seria a "essência de não-homem",


150 TClN rJJETA TA <DYIIKA r

2!> 9~~ &tvcxt l.l.fl à;v9p6m(t) ~L\ICXL • t\1 y&p latcxt. 'tOÜ'tO y!Xp
GTII.I.CXLV~t 'tO et\ICXt lv, 't~ ~ Àoo11:tov xcxt l!J.&'ttav, tl ó À6yoç
ttç tl 8~ latcxt &v, &v GT)I.I.<X\I~! 't~ Mp6>1t(t) et\ICXt xcxi l.l.fl
civO~~- cXll' Ut8~tx'to Ó'tt &npov GTJI.LCX(vet. civ&"(X1l 'tO(·
W\1, ~r 't( mt\1 cXÀ1j9&ç dmt\1 Õ'tt civ9p(U1tOÇ, tci>o\1 e{\ICXt 8(-
30 1t0U\I ('tOÜ'tO y&p Tjv 8 tafJI.I.CXL\Ie 't~ !v9p(U1t0Ç)' d 8' cX\ItlyxT)
'tOÜ'tO, OUX tv8ÉXt'tCXL l.l.fl efvcxt ('tÓ'tt} 'tO CXÔ't~ ~ci>0\1 8(1tOU\I
('toúw y&p GTII.I.cx(v~t 'tO Myx11 et\ICXt, 'tO ci8ú\ICX'tov et\ICXt l.l.fl et\ICXt
[&v9p(U1tOV]) • oõx &pcx lv8txe'tcxt &!A.CX cXÀ1)9iç etvcxt tL1ttTv 'to
CXÕ'to &v9p(U1tov etvcxt xcxt l.l.fl et\ICXt &v9p(U1tov. ó 8' CXÕ'toç
1007" À6yoç xcxl t1tl 'toi:> l.l.fl etvcxt &v9~'1t0\l' 't~ y&p civ9p6>11:~
ti\ICXt xcxt 'tO 1.1.~ civ9p6>1t~ ~r\ICXt t'ttpov GTJI.LCXÍ\Itt, er1tep XCXL
't~ ÀeUX~\1 tL\ICXL XCXt 'tO civ9~1t0\l etvcxt t'ttp0\1' 1t0ÀÔ y&p
&:vdxtt'tcxt wrvo I.I.~Àov, ~Gn GTII.I.CXt\ltW &npov. et 8& xcxl
:; 'to Àwxov crílaet 'to cxO'to xcxt iv GTII.I.CX(v~w. 11:«Àtv 'tO cxtho
lpoü~v Õ1tep xcxi. 11:pÓ'tepov U&x91), lS'tt &v 11:1Ív'tcx latcxt xcxt ou
1.1.6vov 't& à:V't~(~vcx. d 8& 1.1.~ lv8€xncxt 'tOÜ'to, crul.l.~cx(­
vet 'to Àex9fv, &v cX1tOxptVT)'tCXt 'to l~'tWI.I.t\IOV. l!Xv 8&
1tpOG'tt9lj tp(U't(i)\l'tOÇ cmÀ(;)ç XCXL 't&; cX1tOq>áGet;, OUX cX1tOxp(·
1o \l~'tcxt 't~ tp(U'too~vov. oõ9&v y&p X(UÀÓet etvcxt 'tO cxlh~ xcxl.
&v9p(U1tOV xcxl Àeuxàv xcxl &ÀÀcx 1.1.1JpCcx 'tO 1tÀ7í8oç &:ll'
õ~ç lpoi.I.Évou d à:À110tç d'lte!v &v9p(U1tOV 'tOÜ'to etvcxt t\ oõ,
&:11:oxptúov 't~ &v GTII.I.CXivov xcxl oõ 1tpoG9e'ttoV &tt xcxl Àeu-
'
i x® xcxt I.I.É"(CX. xcxl yàp ci8óv«tov cX1tttp« y' ÕV'tcx 1:&
I
1S crul43el311x6'tcx 8teÀ9etv· t\ ow &cxvtcx 8teÀ9t't(U t\ 1.1.118&v.
I
Ól.l.o((U; 'tOLW\1 d xcxl I.I.Upt«xLÇ tG'tL 'tO cxÕ't~ &v0~1tOÇ XCXt
OUX ci.,,~o;, OÔ 1tpOGCX'It0Xpt'ttOV 'tc'i) lpoi.I.ÉV~ d tatLV ci.,,p(U·
li 11:0ç, Õ'tt tG'tLV &!A.CX xcxi. oõx &vO~oç, tl 1.1.~ xcxi. 'tcllÀcx
OOCX crui43É~1jXt 1tpOGCX1tOxpt'tÉOV, l:íacx tatt\1 t'j 1.1.-iJ tatt\1' l&v
I Ml!lAFiSICA, r 4, l::lC6b2S.1C::l7a 19 I 151

porq11c.: seria uma coisa só (ser uma coisa só significa, por exem- 25
pio, o seguinte: ser como "túnica" c "veste", isto é, ter uma única
definição); e se fossem uma coisa só, a "essência de homem" e
o "essência de não-homem" significariam uma coisa só. i'Vlas
demonstramos que significam coisas diferentes. Portanto, se exis-
te algo do qual se pode dizer verdadeiramente guc.: é "homem",
(:necessário gue esse algo seja "animal bípcdc" (ele fato, estabc- JO
lccl'lliOS que esse era o significado de homem); c se isso é ncccs-
.~ário, não é possível que esse algo não seja animal bípcdc (com
ckilo, necessário significa não poder não ser}. Portanto, m'io é
possível que seja verdade, ao mesmo tempo, dizer de algo que
··~; hmnem" c guc "não é h01nc.:m" 1'1•
(cl) O mesmo raciocínio vale também para o "não-scr-ho- 1007'
llll'tn" 2';. A essência de homem c a de não-homem significam
•·oisa~ diferentes, assim como sc:r branco c ser homem signifi-
l'atn duas coisas diferentes; com deito, os dois primeiros tc.:rmos
•,;1o muito mais opostos entre si do que os outros dois, c com
lltllit·o mais razão significam cois<Js diferentes. 1•: se o advcrs;írio
e~hjcl'<Jsse guc o branco c o homem significam uma só c mesma 5
coisa, voltaríamos a di;r.er o 4uc di~scmos acima, ou seja, que
l11da~ as coisas c não só as opostas se reduziriam <l uma se>. rvlas
"·'isso é impossível, segue-se o que dissemos, desde que o adver-
>;irio responda ao gue se lhe pergunta. Mas se a uma pergunta
\Ímplcs ele responde acrescentando também <lS negações, então
•~<it> responde de modo pertinente ao que se lhe pergunta. Nada lO
i111pcde que a mesma coisa seja homem c branco c mil outws
misas. 'todavia, se lhe perguntamos se é verdade dizer que essa
··nis<t é homem ou não, deve dar uma resposta que signifique
11111;1 única coisa, c não deve acrescentar, por exemplo, (lllt o
l1nmcm é também branco c grande. De fato, é impossível enumc-
' ;1 r todos os acidentes, porq uc eles são infinitos. Fntão, ou se 15
•. ,lltmeram todos ou nenhum. De modo semcJhante, portanto,
\(' a mesma coisa é l10mcm c mil outras coiS<lS diferentes de ho-
llll'm, aquele a quem se pergunta se algo determinado é homem,
11ao deve responder que é homem c também não-homem; a
llll'nos que, respondendo desse modo, acrescente todos os outros
152 TQN 1>1ETA TA <I>Y}:JKA r

20 s~ 'tOÜ'tO 2tOtfj, oõ StotÀÍ"(f.'tott. - ÕÀ(a)Ç 8' Mtpoüatv ol 'tOÜ'tO ÀÍ·


"(Ovte( oua(cxv Xott 'tO 't( ~V e{vcxt. 1tcXvtot "(&p &vcX"(XTI GU!L·
~'~TIXévcx~ cpciaxetv otÔ'to!ç, xcxt 'tO ~ep &v9p&l1t~ e{vcxt f!
~~~ e{vcxt 11-Yi e{vcxt. d r<Xp la-tcxt 'tt ~ep «v&p6l1t~ e{vcxt,
toÜ'to oõx ia..cxt 11-Yi &.v9p6l1t~ e!vcxt f\ 11-Yi e{vcxt «v&p6l1t~
z' (xcxC..ot otÕ'tott &.21:ocpciattç w~u) • iv r<Xp ~ 8 lCJ'Íi~LCX~W,
xcxt ~ "toü"tó 'ttvoç oõaCot. -.a 8' oõaCotV GTIILCXCvttv lanv
~'tt oõx &Uo 'tt -.o e{vcxt cxÕ'tt'i). d 8' la..cxt otÕ'tt'i) ..a
&tep &.v9p6l1t~ eivcxt f\ Õ21:ep 11-Yi «v&pw21:~ e{vcxt f\ &tep
11-Yi e{vott &.v9pw2t~, !ÀÀo la..ott, Wa-t' &.Vot"(XotiOV otÔ'tÕ~
lO Àé"(etY Õ'tt oõ9evõç la-tcxt ..otoüwç ÀÓ"(oç, ill<X 2tcXvtot
xcx..OC au~f.~TIXÓÇ' 'tOÚ't~ r<Xp St&lpta-tott oõa(cx xcxi. 'tO au11-·
~~T)X6ç· 'tO "(cXp ÀwXÕV 'tt'i) &.v9p6l2t~ GU!L~Í~TIXtV Õ'tt
lcnt !Jlv Àwxoç «).).' oõx ~'P Àeuxóv. d Se 21:civtcx xcx'tck
au~~TIXOÇ ÀÍ"(f."tott, oõ9f.v la..cxt 21:p6rrov 'tO xcx9' oú, d &d
u 'tO GU!L~~TIXÕç xcxO' Ú1t0Xttj.C.CVOU 'ttvaç GTIILCXCVet 't'1lv Xot't'l·
1007 • "(Op(cxv. &.vCÍ"(XTI !pot dç !21:e~ov lévcxt. &.ÀÀ' &.Súvcx"tOV' ou8l
rckp 21:Àd(a) GU!L1tÀéxe'tott 8uorv· ..a r<Xp au11-~~1lxOÇ oõ
au~t~TIXÓ"tt GU!L~'~TIXÓÇ, d 11-Yi m cXILCj)(a) GU!L~Í~TIX'
'totÕ'tt'i), Àé"((a) S' o!ov -.o Àeuxõv 11-ouatxÕv xcxt "tOÜ'ro Àeuxõv
' Õ'tt !11-Cj)(a) 'tc'i) &.v9p6l1t~ au~é~TIXf.Y. &,).).' OUX Ó l:(a)xpcX·
't'IÇ 11-QUOLXOÇ oG"t(a)Ç, Õ'tt &!J.cp(a) GU!L~Í~TIXtV lúp~ 'ttVC. l21:ti.
-.oCwv 'tcX ""'v oG't(a)Ç 'tcX 8' lxdV(a)Ç ÀÍ"(f.'tott au~t~TIXÓ'tot,
Õaot OG't(a)Ç ÀÍ"(f.'tott ooç 'tO ÀWXÕY 'tt'i) l:(a))(pcXnt, OÔX l...Séxe-
'tott !2tttpot e!vcxt l21:i. -.o clv6>, o!ov 'tt'i) l:(a)xpcX'tet 'tt'i) ÀeuxCt>
to lnpóv 'tt GUIL~'~TIXÓÇ oõ r&p "({"(Yf."tot( 'tt iv lÇ &2tcX'Jt(a)\l,
oõ8~ 8Yj 'tt'i) ÀeuxCt> lnpóv 'tt la'tott au~~TIXÓÇ, o!ov ..a 11-ou-

I!,

~
l
t.IETAFiS:CA, r 4, 1007 o20 · b 11 153

acidentes: todos os que possui e todos os que não possui. Mas se 20


faz isso, não pode ma.is discutir 1•
(2) Em gcrc1l, os que raciocinam desse modo suprimem a subs-
tância c a essência das coisas11 . De fato, eles devem neces-
sariamente afirmar que tudo (: acidente c que não existe
a essência do homem ou a essência do animal. Se existisse
uma essência do homem, esta não poderia ser nem a essên-
cia de não-homem nem a não-essência de homem (embora
essas &ejam as negações da essência de homem)Z'; de fato, 25
tínhamos estabelecido q uc um só devia ser o significado c
que este deveria exprimir a substância da coisa 2~. E a subs-
tância de uma coisa significa que a essência dela não pode
ser diferente. Se, ao contrário, a essência do homem pudes-
se ser também a essência de não-homem ou a não-essência
de homem, então seria também diferente daquilo que se
estabeleceu c, conseqüentemente, os que sustentam isso ,
deveriam sustentar, necessariamente, que não é possívd .' 30
definir a essência de qualquer coisa e que tudo existe como .
acidente. De fato, nisso se distinguem a substância e o aci- :
dente: o "branco" é acidente do "homem", enquanto o ho- i
mem é branco, mas não o é por sua natureza". J'VIas se todas_'
as coisas são ditas como acidentes, não poderá haver nada
que sirva de sujeito dos acidentes, enquanto o acidente ex-
prime sempre um predicado de e~lgum sujeito. Então, nc- 35
cessariamcntc, vai-se ao infinito. I'Vlas isso é impossível, L007"
porque não se pode predicar mais do que dois acidentes um
do outro. De fato, (a) o acidente não pode ser acidente de
um acidente, a menos que um c outro sejam acidentes
da mesma coisa: por exemplo, o branco é músico e o músico
é branco, enquanto um e outro são acidentes do homem.
(b) Ao contrário, não é desse modo que músico é acidente 5
de Sócrates: não é no sentido de que um c outro sejam
acidentes de outra coisa. Ora, porque alguns acidentes são
ditos no primeiro sentido c outros no segundo, os que são di-
tos (b) no sentido de que branco se diz de Sócrates mio
podem constituir uma série infinita de predicados: por
exemplo, a Sócrates-branco não se pode acrescentar outro
acidente, porque não se gera algo uno do conjunto de todos
os predicado&ZI\. E tampouco, (a) no primeiro sentido, ao 10
1.54 T!lN METI< TI< Cl)YIIKA r

0\XÓ'II' ou9t'll 't& lcXP !J.êiÀÀO'II 'tOÜ'tO ixd'll<t> f} txti''IIO 'tOÚ-tct>


GUIJ.~t~tv, ~t &!J.« at6lpu:rttlt lm. 'tcX !J.t'll o!kw au~t·
~7)X& 'tcX a' Wt; 'tO IJ.OUalX0\1 I:wxpliu.t. íSatX a' OÜ'tWt;, ou
u GUIJ.~&~7)XÓ'tt GUIJ.~t~7)X& au~&~x6t;, lU).' Õacx &xdvWt;,
wa-r' ou 1t~Ív'tcx ~-r& au 11 ~...~71xoç MXeilat.'t(lt. mtXt
&ptX 'tt ~t Wt; ouaCtXv a7)1J.tlL\IO'II. d ae 'tOÜ'tO, atSttx'ttlt Õ'tt
«Sú"~~tX-rov &!J.tX ~'tTlropet'aOtXt -rcXt; &'ll'tt~at.tt;. -l-rt el liÀ7)-
9trt; tlt &'ll'tt~at.tt; &!J.tX XtX-tcX -roü cxô-roü "JtéiatXt, a'ijÀov wt;
20 !xtX'II'tot la'ttXt iv. la-rtXt y&p -rô tXO'tÔ XtXt 'tpt'Í}p7jt; XtXt 'tOt-
XOt; xtXt &'119pwnot;, tl XtX-tcX ntXV't6t; 'tt ~ xcx'tcx~acxt ~
cmocpijacxt ivatxt-rcxt, xcx61imp civáyxrj -roL<; -rov llpW'ttX-
r6pou Ãtyouat Myov. d ylip 'tct> aoxtt !L~ e!'lltXt 'tpti}P7lt; ó
&v9pwnot;, S'ijÃov wt; oux la-rt -rpti}P71ç wa-rt xtXl la-rtv, etmp
2S i! !i'll't(tpotatt; &À7j&f)t;. Xott y(yvnott a~ -rO 'tOÜ 'Avcxecxy6pou,
ÓIJ.oü M'll'ttX XPTl!J.CX-rtX' wa-rt !L7)9iv &À7)9wt; únlipxew. -rô
&6pta-t0\l OU\1 tolx®t Àtytt'll, XtXt oló~J.&'IIOt 'tO av Àty&t\1 mpl
'toü !L~ Õ'll'tot; Àtyouatv· -rô y&p au'IIÚ!J.&t Ô\1 xtXI. 111! tV'rf.Àt-
Xt(~ 'to <X6pta-r6v &a-rtv. &U& 111!v Ãa-rtov r' tlu'to!<; xtX'tcX
lO 'Jttl'll'tÔt; (2ttX'II'tot;) 'tTjv xcxÚq>tXat'll ~ 't'ftv cm6!p«at'll' li'tO'Jt0\1 y&p
d tx~Ía'tct> ~ !J.t'll tlU'tOÜ &2t6q>tXatt; Ínt!Íp~t, ~ a' f.'ttpou 8 !L~
ú<Jtlipxtt tXÕ'tc'i> oux ô'Jtlipett' Ãtyw a· otov tl liÃ7)6it; eimtv 'tÕ'II
&v6pw2tov Õ'tt oux &v9pW2tot;, a'ijÀov lht xcxl. f) 'tpti)p7)t; f) ou
'tpti)p7)t;. tl IJ.f.'ll ouv ~ XtX-t!ÍtptXatt;, Myx71 xtXt 'tTjv <i'Jt6q>otat'll'
'' d ar. 111! ú<JtlipXtt ~ XtX'tlitptXatt;, 11 ye &2t6q>cxatt; úmxpett
toos• !J.IiÀÀov f) ~ cxU-roü. tl oov x&xdv71 ú'Jtlipxtt, Wpeet XtXt ~
II MtiAFistCA.. r 4, tC07 1> 12- tcoe a 1 I 155

branco se poderá acrescentar outro acidente, como, por


exemplo, músico: de fato, músico não é acidente de branco,
tanto quanto branco não o é de músico~7 • E, ao mesmo
tempo, explicamos que alguns acidentes (a) são <lcidentes
nesse sentido, enquanto outros (b) o são no sentido de que
músico é acidente de Sócrates: nesse último sentido, o 15
acidente não é nunca acidente de um acidente. S6 os aci-
dentes tomados no primeiro sentido podem ser acidentes
de um acidente. Portanto não scní possível dizer que tudo
existe~ guisa de acidente. l.ogo, deverá haver alguma coisa
que exprima a substância. E, se é assim, fica provado ser
impossível que os contraditórios se prediquem juntos"~.
(3) Ademais"\ se relativamente a um mesmo sujeito são verda-
deiras, ao mesmo tempo, todas as afirmações contraditó-
rias, é evidente que todas as cobas se reduzirão a uma só. 20
De fato, serão a mesma coisa um "trirrcmc" c uma "parede"
c um "homem", se dctem1inado predicado pode ser tem to
afim1ado como negado de todas as coisas, como são obriga-
dos a admitir os defensores cb doutrina de Protágoras•n. De
f.l.to, se a alguém parece que um "homem" não é um "trir-
rcme", é evidente que não é um trirrcmc; mas também sení
um trirrcme a partir do momento em que o contraditório
é verdadeiro. Então todas <'IS coisas est<uão misturadas, co- 25
mo diz Anaxágoras'' c, por conseqüência, não poderá verda-
deiramente exbtir alguma realidade <dctcnnine1da>. Por-
tanto, parece que esses filósofos falam do indeterminado; c,
acreditando falar do ser. na re<llidadc fnlam do não-ser,
porgue o indeterminado é ser em potência c- não em ato12 .
E na verdade eles são obrigados a admitir que de toda coisa 30
é possível afinnar ou negar qualquer coisa. Seria absurdo
que de qualgucr coisa se pudesse predicar sua negação e
não a negação de outra coisa que não lhe compete. Dou
um exemplo: se é verdade dizer que o homem é não-
homem, é evidente que deverá também ser verdade dizer
t:mto que é trirremc como CJUC é não-trirrcmc. De fato, se
algo pode ser afim1ado de alguma coisa, necessariamente
também poderá ser negado; se, ao contrário, algo não pode J5
ser afim1ado de alguma coisa, poderá pelo menos ser ne-
gado dela, mais do que a ncga~·ão da própria coisa. Jldas, Joos·
156 TON META TA <l>YIIKA f

~ "':p~i)pouç e.l 3' cd)nJ, xett ~ xet"':&cp«att;. - 'MÜ"':& 'I:& ouv


cruf.L(3cxCveL "':OiÇ Àéyouat "':bv Àóyov ..oU..ov, xcxl ~L o'Õx &~"J'XTT
~ cpMt ~ &7tOcpMt. d y«p &Ã719lt; lS"':t !v9pwrco~ xcxi
' oõx liv9pCilrc~, S~ov lS"':L xcxl oG..' !v9pwrco~ oü-t' oõx !v·
9pCil7tO~ la'l:otL. ..otv r«p Suotv Súo &rcocp&aett;, el St jL(ot
lÇ &jLcpotv lxr.(Yr), XCXL CXÚ"':TJ jL(cx civ &!Yl àV't'LXELf.LÍYr). - ["':t
ofi'tot mpl &rcotV'tot oÜ"':Cil~ ~XEL, xcxt la-ct xcxi Àeuxbv xcxt o'Õ
Àtuxbv xetl õv xcxt oõx õv, xcxl npi "':cXt; &ÀÀ~ cpmt~ xcxt
to &rcocp&aett; iljLOtO"':pórcw~, ~ oü ID« rcept f.LLV "':Lvot~, rcep(
"':LVCX~ 3' OÜ. XotL el jl.iv jLTj TCEpL rc&a~, cxU"':CXL civ etev
ÓjLOÀO"l'OÚjLEVCXt' ef 3t TCEpL rc&~, TC&ÀW ofi"':OL xcx9' lSawv "1:0
cpijacxt xcxt &rcocpijacxt xcxi xcx9' lSawv &rcocpijaotL xcxt cpijacxt,
~ xet"':« jLtv wv cpijacxt xcxi &rcocpijacxt, xcx9' lSawv St &rco·
U cpijaott OÔ TCmCilV cpijaott. XCXL e[ jLtV OÜ"':W~, &!Yl !v 'I:~ TCCX·
y((l)~ oõx iSv, xoct cW"':TJ ~e~cx(cx S6ecx, xcxi el ..b !LTi etvcxt
~é~ottÓV "':L xcxl ')'\'WptjLOV, "l"'WPLJ.LCil"':Ípot civ &!Yl ~ cp&-
att; ~ àV"':LXELjLÍYr)' e{ 3i. ÓjLO(CilÇ Xotl lSact &7t0cpijactt cp&·
vcxt, Mrx11 ofl..ot &Ã719lç StottpoüvtOt Àtyetv, otov lS"':t
20 Àeuxbv xcxi rc&Ãw ~L oõ Àeuxóv, ~ oü. xcxt et jLtv
!LTi &Ã718iç Stcxtpomcx Àéyetv, o'Õ Àéyet n "':otG'cot xcxt
oõx la"':w oõ9év (..« Si. f.LTi 6..,..cx 7tWç &v cp9trecx~..o ~
~SCatttv;), xcxl rcmcx 8' &.v d'71 rv, C>arcep xcxt rcp6"1:epov
efp71"1:ott, xetl uÕ"':inl la'l:ott mt clv9pw~ xcxt 9eb~ xcxt "':ptÍ)·
u p71ç xocl cxl &Y'ttcp&cntç cx'Ô"':Wv (d y«p ÓjLOCw~ xcx9' ixmou,
oõSi.v StoCatt r..epov t ..tpou· d y«p StoCaet, "1:0Ü"1: 1 la'l:otL &Ã119i~
METAFÍSICA, r A, 1008 o 2. ·26 157

dado que ao homem convém esta última negação, também


conviní a negação de trirremc; c se lhe convém a negação
de trirrcmc, convir-lhe-á também a afim1ação de trirremc;~.
(4) Os que sustentam essas doutrinas incorrem nessas conse-
qüências c também na seguinte: <.JUC não é necessário afir-
mar ou negar Se, de fato, é verdade que o homem é homem
c é também não-homem, é cvidctüc que ele será, h1mbém, 5
nem homem nem não-homem. A~ duas primeiras afinna-
çõcs corrcspondem as duas últimas negações; c se conside-
rarmos as duas primeiras como uma única afirma~;ão, as
duas últimas também poderão ser consideradas como uma
única negação oposta à primeira;·•.
(5) Ademais;\ (a) ou é assim para todas as coisas -c então o
branco é também não-branco c o ser é também não-ser, c 10
o mesmo vale para todas as afirmações ou negações-,
(h) ou não é assim para todas as coisas, mas só para algumas
c não para outras. (b) Se não é assim para todas as coisas,
as que ficam de fora são reconhecidas como não-contraditó-
rias. (a) Se, ao contrário, a tese vale para todas as coisas, en-
tão, de novo (a) ou tudo o que se pode afirmar pode-se
tcnnbém negar e, vice-versa, tudo o que se pode negar JXJdc-
sc também afirmar; ((3) ou tudo o que se afirma pode-se 15
tamhémnegar, mas nem tudo o que se nega pode-se tam-
bém afinnar. (!3) Se ocorre este caso, então existe algo que
seguramente não é, c esta será uma convicção segura; c se
a afirmação do não-ser é algo seguro c cognoscível, com
muito mais razão scni cognosdvcl a afim1ação oposta. (a)
Se, ao contrário, tudo o que se pode negar pode-se igual-
mente afirmar, então, necessariamente, (a 1) ou se dirá a
verdade distinguindo afim1ação c negação (por exemplo,
dizendo que uma coisa é branca c, logo depois, que é não- 20
branca), ou ((3 1) nãoasdistinguindo. ((3 1) Ora,scnãosc diz
a verdade distinguindo afirmação c negação, não se diz na-
da e não pode haver nada. Mas então, como poderá falar
ou caminhar o que não é? E todas as coisas se reduzem a
uma só, como .se disse acima1", de modo que "homem",
"Deus'', "trirremc" e suas negações serão a mesma coisa. 25
De fato, se de cada coisa pode-se igualmente predicar a fi r~
mação e negação, nada poderá distinguir-se de outra, por-
158 TUN MET J\ T J\ <I>Y!lKA r

xrlt ~~ov) • Ó!J.O(W~ 8~ xcxl tl 8~cx~poÜYtcx lv8ÍXt'tOt~ &À'r)9Wt~v,


au!J.I3cx(vtt -ro Àex9ív, 1tpo~ 8& -roth~ Õ-rt 1tM~ &.v ciÀ'r)·
9eúotev xrlt 1tá.vu~ &.v ~tú8otv-ro, xcxl cxõ-rõ~ cxú-rov ÓJLO·
lO ÀoytT cptú8e.a9ott. cXIJ.ot 8e cpcxvtpov õ-rt 1te.pl oõ9ev6~ lcm
1tp0~ 'tOÜ'tOV ~ axtcp~· oõ9f.v l~P Àlyet. OÕ'tt l~P oÜ'tW~ oü-r'
oõx oü-rw~ Àtre~. &ÀÀ' oÜ'tw~ n xcxt oõx oÜ'twç xcxt 1tá.Àtv
re -rotü-tcx à:1t6cp'r)ow &!J.cpw, ll-rt oü9' oÜ'tw~ oün oõx oÜ'twç tl
l~P IJ.~• ~8'r) liv 't~ tt1j wptafdvov. -&-r~ d 8-rcxv ~ cpá:atÇ
l5 à:À'r)9~ç fi, ~ cX1t6cpcxat~ ~eu8fj~, x&v cxÜ't'r) cXÀ'r)91]~ t.
i)
xcc-rá.cpotatç ~eoofjç, oõx &v et'71 -ro cxÕ'to &!J.ot cpá:vott xrlL
1oos~ &1tocpá:vcxt ciÃ7j9wç. à:ÃÀ' t'aw~ cpcxtev &v -roü-r' e!vott -ro lÇ
cXpXij~ Xd(J.tVOV. - t'tt cXpot Ó (J.f.v +i tXttV 1t(U~ Ú1tOÀCX(J.~Ó:­
VWV +i JLTj tXE.tV 8t~E.UCJ'tott, Ó 8t cXJLq>(U cXÀ'r)9túet; d yàtp
à:À7j9túet, -r( &.v tt1j -ro Àey6JLevov Õ-rt -rotcxÚ't'r) -rwv Õv"tt.>v ~
5 cpú~ç; d 8& IJ.~ à:À'r)9eúet, cXÀÀà: JL&Â.Àov à:À'r)9eóet i1 ó lxe(-
V(U~ Ú1toÀcxJL~á:\I(Uv, Yj871 1tw~ f:xot &v -rdt Õvtot, xrlL -ro&t'
cXÀ7j9f.ç &.v tt1j, xrli oõx &!J.cx xcxl oõx cXÀ'r)9~. d 8E. Ó!J.O(W~
&1totYt~ Xott ~eó8ov-rcxt xcxi cXÀ1j9ij Àtyouaw, oü-re. cp9tr~cx­
a9ott oü-r' el1tei'v -r<i) 'tOLOÚ'tctl larott • cXIJ.ot yàtp 'tCXÜ'tá: n xccl
UI OÔ 'tCXÜ'tCX ÀÍytt. e[ 8~ (J.1j9tv Ú1toÀot(J.~CÍVtt &ÀÀ' ÓIJ.O((U~
olí.'tott XCXL oõx ol'ncxt, 'tL &.v 8totcpep6vtw~ lxot 'tWV re. cpu-
l
l
-rwv; 89e.v xrlt JLÓ:Àtarot cpcxvepóv la'ttv lht oõ8d~ oÜ'tw 8uí-
xet-rcxt oün -rwv ciÀÀwv oün -rwv· Àeyóvtwv -rov Àó-yov -roÜ'tov.

~ 11
I
8~~ -r( ydtp ~ot8~et Míycxpá.8e &ÀÀ' oõx ~auxá.~t, ol6JL&·
t5 vo~ ~8~e.tv 8Ctv; oõ8' eõ9w~ i<.>Oe.v 1tope.óe-rcxt e~ cppícxp +i d~
1.

,I
I

li
M~ TAFÍSICA. r 4, I C:>B o 26 · b 15 159

que, ca~o se dbtinguisse, essa diferença constituiria .algo


verdadeiro c algo peculiar àquela coisa. (a 1) E se dizemos
a verdade distinguindo afirmação e negação, teremos igual-
mente as conscqi.iêncía!> acima anu11ciadas c, além dela.~,
também a seguinte: que todos dirão a verdade c todos di-
rão o falso, c até mesmo quem <lclmitir isso, estará dizendo
o falso 1;'.l\o mesmo tempo, é evidente que a discussão c.:om 30
c~se adversário não pode versar sobre nada, porque ele não
di:.: nada. De fato, ele mio diz nem que a coisa é assim, nem
qUe não é assim, mas diz que é assim c não-assim, c depois.
de novo, nega uma c outra afinnaçào, c diz que a coisa
nem é assim nem não-assim. Se não fizesse isso j<l haveria
algo determinado.
{(l) 1\lém disso'\ se quando a afirmação é verdadeira, a nega-
ção é falsa, c se quando a negação é verdadeira, a afirmação J5
é falsa, não se poderá com vcrchldc afirmar c negar a mesma
coisa. Me~s o advcrs;írio poderia, talvez, objct;uquc tom isso IOOS"
se pressupõe justamente o que se devia dcmonstr;u.
(7} J\demais''1, estaní errado quem considerar que a coisa ou
é ou não é de certo modo, c estar<.Í na verdade q ucm disser
que a coisa, CIO mesmo tempo, é c não é de certo modo? 5
(<1) Se este último está na verdade, que sentido tcr•í falar
da natureza das coisas?~" (h) E se não está na verdade,
porém está mais do que quem pensa do outro modo, então
<lS coisas terão um dctcm1inado modo de ser c esse modo
será verdadeiro c nâo, ao mesmo tempo, também não-
\'crcle~dciro~1. {c) E coso se sustente que todos, do mesmo
modo, ao mesmo tempo, se cngm1cm c digam a verdade,
então quem sustentar esse~ tese não poderá <lhrir <l boca
nem falar; de fato, ao mesmo tempo, diz determinadas lO
coisélS c as dcsdi:t. E se alguém não pensa nada c, indife-
rentemente, crê e não crê, como sení diferente das plan-
tas42? (d) Daí deriva, com a máxima evidência, que nin-
guém está nes~a condição: nem os que sustentam e~sa
doutrina nem os outros. De fato, por que motivo quem
raciocina desse modo vai vcrcladciramcntc a Mcgara e não
rica em ce~sa tranqüilo, contentando-se simplesmente com
pensar em ir? E por que, logo de manhã, não se deixa cair 15
num poço ou num precipício, quando os depara, mas evita
160 TnN MET.A TA CllY!IKA r

cp~atrfat, làtv 'tÚX,l), illàt cpat(Vf:'l:atL tÕÀat~OÚIJ.f.\10~ 1 ~~ OÔX,


ÓIJ.o(wç ol61J.f.~ IJ.Yi «ratOÕ\1 tTvatt 1:0 l~J.1rt<rti'v Xatt «rat86v;
8i)ÀO\I &pa l.ht '1:0 IJ.eV ~lÀ"l:tOV Ú1tOÀ~~tt '1:0 8' OÔ ~0.­
"l:LOV. d 8e "l:OÜ'tO, XClL 'tO IJ.eV civ8pw2t0\l '1:0 8' OUX ci.,,pW1tOV
r.
20 xatl '1:0 IJ.eV yÀUxU W 8' OU yÀUXU «wyX'I'j Ú'JtOÀoqJ.~á:Vtt\1.
oô yàtp lÇ t'Gou IÍ"Jt<X\I"l:at t111:tt' xatt Ú'JtoÀoqJ.~~E.t, Õ"l:<Xv olTj-
Oatç ~lÀ"l:LOV a!vatt 'tO 1ttti'v 68wp Xati l8arv «v&pw2tov tt"l:at
I t11'1:fi <Xth& • xathot laat yt, d '1:atÔ'1:ÕV fív 6(J.o(oo~ xatl &v-
Opoo1to~ xati. oõx &vOpoo"Jto~. «).).' ktp U.lx.OTI, oõ8d~ 8~ oõ
2S cpat(VE."l:att "l:Cc !J.tV E.ÔÀat~OÚjJ.t\10~ "l:Cc 8' oG· 6lcm., ~~ tol.XE.,
1r~n~ Ú1toÀat!J.~&vouow ix.tw CÍ2tÀ(;)ç, d IJ.Yi 2ttpi 111tat\l"l:at,
I
illàt 'Jtf.Pt '1:0 cX!J.f.LYOV XatL X,E.fpov. f.l 8€. IJ.Tj l"Jttcrt~VOL
«llàt 8oÇá:tO\I"l:a~. 2toÀu IJ.&ÀÀO\I l2tLIJ.MTj"l:OOV &v ttTj 'tij~
I.I «ÃTj8datç, 6lcrn:tp X<Xt VOGW8tt 6\l"l:t i\ úytttvcl> 'rij~ úyttCatç·
lO X<Xt ycltp ó 8oÇ&t;oov 2tpo~ 1:0v l1rtcn~vov oõx. úytttvw~ 8..&-
''
xtt"l:<Xt 2tpo~ ~ «Ãtí8at.atv. -e'tt tl &n ~I.CJ"t'<X 1t<Í\I"l:<X oÜ"l:ooç
ii lX,tt xatl oôx. oihoo~, «ÃÀàt 1:6 yt IJ.á)J.ov xati. ~nov f:vf.G"l:tV
lv '1:'{i cp6Gtt 1:wv Ó\l"l:oov· oõ ydcp &v Ó!J.O(c.)ç cp'ÍG<Xt!J.tV t!vatt
"l:Cc 86o cXp"l:tat Xatt 1:ci 1:p(at, oõ8' Ó!J.OL(J)( 8~~tUcrtatt Ó "l:Cc
I I lS "l:l'1:'1:<Xp<X d\1'1:& olÓ!J.f.\10~ x<Xl 6 x.O.tat. d ouv IJ.Yi Ó!J.O((J)Ç,
I 8i)Àov éht &npoç ~nov, 6lcm. !J.Cillov &ÃTj8tútt. d ow 1:0
1009• !J.&ÀÀov l"('YÚ"l:f.pO\I, tt'Tj yt &v "l:t &Ã710eç ou lnúnpov 1:0
!J.allov «ÃTj8l~. x&v d IJ.Yi wcw, ID' TISTj yt "l:t l'crtt ~t­
~<Xt6npov x<Xl «ÃTj8tvwnpov, x<Xl 1:ou À6you &7tT)llatYIJ.l-

I
''
METAfiSiCA, r.4, IOOSb JS.JC09a3 161

isso cuidadosamente, como se estivesse convencido de que


cair a1i não é absolutamente coi~a não-boa e boa? É claro,
portanto, que ele considera a primeira coisa melhor e a ou-
tra pior. E se está convencido disso, deve também admitir,
necessariamente, que algo determinado é um homem e
que outra coisa não é homem, e que isso é doce e que 20
aquilo não é doce. Com efeito, é claro que ele não admite
que todas as coisas sejam iguais c é claro que não se com-
porta segundo esse pressuposto quando, por exemplo, ao
considerar que seja melhor para ele beber água ou ver um
homem, vai logo em busca dessas coisas. No entanto, aque-
la deveria ser sua convicção c aquele seu comportamento
se homem e não-homem fossem, igualmente, a mesma
coisa. Ivla~, como se disse, não há ninguém que não esteja
claramente preocupado em evitar certas coisas c não outras. 25
Portanto, como é evidente, todos estão convencidos de que
as coisas sejam de um sô e mesmo modo. E se não estão
convencidos com relação a todas as coisas, estão quanto
ao melhor e ao pior. E se têm essas convicções não com
base na ciência, mas na pura opinião, então deveriam
com maior razão se preocupar com possuir a verdade, as-
sim como, com maior razão, deve preocupar-se com a
saúde quem está enfermo c não quem é saud;1vel; de fato,
quem possui apenas opinião, comparado a quem possui 30
ciência, certamente não está em condiçôcs de saúde rela-
tivamente à verdade~;.
(8) Além dissoH, supondo que todas as coisas sejam c não se-
jam de detcm1inado m<Xlo, dever-se-á tamhC:111 admitir que
na natureza das coisas existe o mais c o menos. De fato, cer-
tamente não poderemos dizer que são pares o dois c o três,
nem poderemos dizer que erra do mesmo modo quem con-
funde o quatro com o mil. Se, portanto, eles não erram do 35
mesmo modo, é evidente que um dos dois erra menos c
que está mais na verdade. Ora, se estar mais na verdade
quer dizer próximo da verdade, deverá também haver uma
verdade <absoluta>, acerca da qual o que está mais próxi- 1009'
mo é também mais verdadeiro. E mesmo que não exista
cs~a verdade <absoluta>, existe pelo menos algo mais se-
guro e mais verídico~; e, portanto, seremos libertados dessa
162 TUN 1•1ETA TA 0YIIKA r

vot &v d'TJI-U" 'tOU à:xpciwu xatt xc.lÀÚov1:6~ 'tt 't'{í Statvo(~
S ÓptOOtL.

;
"Eott 8' à:"Jto 'tii~ atÕ'tij~ 86Ç7j~ XOti. ó Ilp6>'t0ty6pou À6yo~,
XOti. à:Y<Í')'XTI Ó!J.o((l)~ atówo~ ~(a) Ti e.Ivatt tj 1.1.11 tivcxt • &\n
yàtp 1:àt SoxoÜV'tOt "Jtá.V'tcx i~ntv à:ÀTJ&ij xocl 1:àt cpattv61J.&va,
MyxTJ &tvatt 'ltCÍV'tcx &J,Lcx à:Ã.TJ0i'j xcxi. cp&uSi'j (n:olloi. yàtp
10 'tcXvatV'tÍcx Ó1roÀatl.l.(3á.vouotv à:llT}Ào~, XOtL 'tOU~ 1.1.11 'tCXth&:
SoÇá.l;oV'tCX~ taU'tOÍÇ 8t&cptüo9att \IO(.L(~ouotv• w~n' à:vá.yXTj 1:0
cxÕ1:Õ tivatC u XOtt 1.1.11 tivcxt), xcxt el 1:0Ü't' lottv, à:V<XyXTJ 1:àt
Soxoü\I'I:Ot &Ivatt n:á.V't' à:ÃTJ&ij (1:àt à:V'ttXd!J.&VOt y&:p SoÇá.l;ouotv
à:ÃÀT}ÀotÇ ot Sttcp&uGIJ.lvot XOtL à:ÃTJ9&úOV'ttÇ d oõv lxtt 1:àt
u 6V'tat oth(a)~. à:ÀTJOwoouot n:á.vn~). Õ'tt (.Ltv oõv à:n:ô 'tii~ cxõtij~
doi. Statvo(cx~ à:(.Lcp6npot o{ À6yot, Si}Àov· tO'tt 8' oõx ó
cxÕ1:Õ<; 1:p61to~ n:pô~ &mxV't~ 'tii~ lvuúÇu.>ç ot !J.tV y<Xp n:tt-
Ooi:í~ SloV'tcxt ol Se p(~. Boot (.Ltv y&:p lx 1:0u à:n:opi'jGOtt
ún:D..atPov OÚ't(a)~, 'tOÚ't(a)V tÕ!cx'to~ -1j &yvotcx (oõ y~ n:pô~ 't0\1
20 Ã.6yov cillàt 1tpo~ 'I:Tjv Stá.votatv -1j à:1t<ÍV't"1Jot~ etÕ1:wv) • õoot

St À6you xá.ptv Àlyouot, 'tOÚ't(a)\1 a· lÀ&"(XO~ ratOL~ 'tOÜ lv 't'Õ


!p(I)V'Ü À6you Xatl 'tOÜ iv 'tOl~ ov61J.OtOLV. UT}Àu9& St 'tOÍÇ St.a-
'ltOpOÜGL\1 CXÜ'I:Tj Tt 86Çcx ex 'tW\1 cxlolhrtW\1, o/j !J.tV 'tOÜ &!J.CX
'tcX~ à:V'ttcpá.ott~ XOtt 'tàvcxv't(cx Ún:á.pX&tv ÓpwOLv ex 'tatÕ'toi:í
n yty\16~J.eva 1:à:vatV'tEcx· d oõv 1.1.11 iv8lxt'tcxt y(yvto9cxt 1:0 IJ.Ti
õv, n:poün:ijpx&v Ó!J.ok.l~ 1:0 1tpiiY!J.CX &(.LIP6> õv, 6'>G1ttp xcxi.
•AvatÇaty6pat~ (.L&IJ.i'X9cxt 1tiiv iv n:CX\11:( cp1)Gt xoct &Tj!J.6xpt-

...
MlTAFiS:CA, r4/.S, ICJ9a 4-27 103

intransigente doutrina, que veta à mente determinar s


qualquer coisa.

S. /Refutação do relatil'Ísmo protagoríano enquanto


negador do princípio de não-conlradição} 1
I )a mesma convicção deriva a doutrina de Protágoras c, por
i~so, as duas doutrinas, necessariamente, ou se sustentam ou caem
do tiK'smo modo. De fato, se todas as opiniões e todas as aparênci<Js
sensoriais são verdadeiras, todas elas deverão, ncccssaríamcnte,
•,,., verdadeiras e falsas ao mesmo tempo. (De fato, muitos homens 10
11-tn nnwicções opost<1s c todos consideram que estejam no erro
o'> que não compartilham as próprias opiniões. E daí se segue
m111o conseqüência necessária que a mesma coisa seja c também
11.10 seja.) E se é assim, segue-se também, necessariamente, que
I nelas as opiniões são verdadeiras. (De fato, os que estão na vcr-
d:uk c os que estão na falsidade têm opiniões opostas entre si;
111.1s se as próprias coisas são desse modo, todos estarão na vcrda- 15
.I,·.) 1;: evidente, portanto, que ambas as doutrinas derivam do
IIW~IIIO
. , .
n!ClOCJnlO-.
'
'l(,davia, não se deve discutir com todos do mesmo modo:
.11!·.• 111s precisam ser persuadidos, outros devem ser forçados. De
I. !Ir •. c•s (JliC acolheram esse modo de ver por causa das dificulda-
oln t"ll('Ontradas 3 têm uma ignorância facihncntc sanável. Com
.-lr·ilo, na discussão com estes não nos defrontamos com discursos
\ .1.r.ios, mas com verdadeiros raciocínios. Ao contrário, os que dis-
« oiiC'tll exclusivamente por amor ao discurso só podem ser corri-
l',ldt~.\ l'Oill a refutação do seu discurso, tomando-o tal como é 20
I 11m( iluído SÓ de nOl11CS C de palavraS 4 •

(I) ( )~ que acolheram essa convicção por causa de certas di-


ficuldades, fizeram isso com base na observação das coi-
sas sensíveis. E fixaram a convicção de que os contrários
c os contradítóríos 5 podem existir juntos ao verem que
os contrários derivam da mesma coisa. De fato, se é im-
possível que se gere o (IUC não é, os dois contrários já 25
deverão preexistir juntos na coisa". Isso diz, justamente,
Anaxágoras, segundo o qual tudo está misturado em
1M TON t.IIETA TA <I>Y I:IKA r

'tOÇ XO&:t rdtp oÕ'toç 'tO XE.VOV XO&:l 'tO 'ICÀTjpeç ÓJJ.o(c.)ç X0&:9'
Ó'tLOGv Últ~pxew (Úpoç, xcxho~ 'tO IJ.~V &" 'tOÚ'twv etvcxt 'tO 8~
)O (J.TJ 6\1. npOç !J.t\1 OÚV 'tOUÇ lx 'tOlJ'tW\1 Ú'ltoÀCX(J.~~VOV'tCXÇ lpoü(J.E.V
ML 'tpÓ1tov 1J.€V 'ttVCX op96)ç Àl'youat 'tpÓ1tov 8€ 'ttVCX «rvooúcnv·
'tO rdtp Sv Uyncxt 8~x6)ç, W<J"t' kttv 8v 'tpÓ1toV lv8€xe.'tCXL
rCrve.csOcxC 'tt lx 'tOÜ tJ.1) õv-roç, l<r'tt a' 8v oü, XO&:t &JJ.CX 'tO
cxÕ'to etvcxt xcxt 8v XO&:t JJ.TJ õv; «).).' ou xcx'tdt 't!XÔ'to [6v]· au-
" ~IJ.E.t (Jlv rdtp lva€j(E.'tCXL !(J.CX 'tCXU'tà tfVCXL 'tcX lvmcx,
lv-re.Àexe~ 8' oü. t'tt 8' ~JJ.e.v cxÕ'touç ÕltoÀcxtJ.~~""'~
XO&:l &ÀÀ1)\' 'ttvcX oôaLar:v etYcxt 't&v 6Y'twv ti oÜ'te. x{V'I}CJtç Últ&p·
Xe.t oÜ'te ql0opci oÜ'te rtveatç 'to nrxp&nrxv. -li(J.OLWÇ 8e xrxt
1009~ ~ 1ttp1 'tcX (j)CXtvÓ!J.E.VCX «">.1)9etrx lv(o&ç bc 't&v rxtCJ&rrr&v lÃT!·
Àu9e.Y. 'tO (J.tV rdtp &ÀT)9ec OU 1tÀ1)9e.t xp(vecs0cxt OtOV'tiXL
1tpOCJÍjxetY oô8t oÀtrÓ'tT)'tt, 'tO 8' IXU'tà 'tO!ç (J.tV r">.uxô reuo-
IJ.éyotÇ 8oxú" etvcxt 'totç Se mxpóv, w<l"t' d MV"ttÇ txrx(J.vov
~ 7'1 n&v-re.ç 1tcxpe(j)pÓIIouv, 8úo 8' i] -rpe.tç úrCrxwov i1 YOúv etxov,
8oxetv &v 'tOlJ'touç x&!J.vttv xrxt xcxp!X(j)pove!v 'touç 8' &ÀÀouç oü·
l'tt 8t XO&:i xollotç 't<ÍlV n">.wv ~~" 'tM\I'tCcx [1Cept 't<ÍlV IXU'tWV]
(j)CXtYeaOcxt XO&:t ~IJ.!v, XO&:t cxÕ't(i) 8t lx&CJ'tct> xpõç cxÓ'tov oõ
'ttXÔ'tdt Xcx'tdt 't1)v cxi.'aOT)atv «et 8oxerv. xotcc oõv 'tOÚ'twv &ÀTl9Ti
to 7'1 q,e.u87j, &8T)Àov· oú9tv rcip 1J4llov ~8e. i1 't&ae «">.T)9Tí,
«">.).' ÓJJ.O{wç. 8to A111J.6xpt't6ç r€ ~PTICJtv Tl'tot oõ9&" etYcxt
à;ÃT)9eç i1 ~IJ.!v r' !ST)À0\1. 6Àwç 8t atei 'tO WOÀIX(J.~~VE.tV
(j)pÓ\I'I}CJL\1 (J.tV 'tT)v cxfa971CJtV, 't!XÚ't71V a• etvrxt «llo(watV, 'tO

~------------------------..................... p r
I MfTAfÍSICA, r s. IC:>9 a 29 • b 13 165

tudo7; o mesmo o di?. Demócrito, 10cgundo o qual o vazio


c o pleno estão, do mesmo modo, em toda parte; com
a diferença de que, para este último, o pleno é ser e o
vazio é niio-scrM.
( )m, aos que extmíram suas convicções dessas considerações, 30
dirrlllos que, em certo sentido, raciocinam corretamente, mas
erram noutro sentido.
(a) Com efeito, o ser se diz em dois sentidos; portanto, num
&cnl ido, é possível guc algo derive do não-ser, enquanto noutro
sc·nl ido não é possível; c também é possível que a mesma coisa
sc·ja c não seja, mas não na mesma acepção. De fato, é possível
<JII(', ao mesmo tempo, a mesma coisa seja os dois contrários em 35
poll:ncia, mas não em ato9 .
(h) Ademais, conscguircmo10 que eles se convençam de que,
Jul ;l1nhito dos seres, existe também outra substância, que não
c·\l;i stljcita de modo nenhum nem ao movimento, nem à gcra-
c;;Jo, nem à corrupção 111 •
(2} Do mesmo modo, sempre com base na observação das 1oo9~
coisas sensíveis, alguns filósofos foram induzidos a afir-
mar que tudo o que parece é vcrdadciro 11 •
(a) Eles consideram que a verdade não deve ser julgada nem
.1 p;1rtir da maioria nem a partir dél minoria dos pareceres, por-
que a mesma coisa, experimentada por alguns, parece doce,
c·xpt·rimcntada por outros parece amarga; de modo que, se to-
ei~~~ ficassem enfermos ou delirassem c se apenas dois ou três
lu •JJt<:ns permanecessem sadios c com a mente sã, considerar- 5
·.c· ia lluc justamente estes c não os outros estariam enfermos c
dl'lirantes 12 .
(b) Ademais, eles dizem que muitos dos outros seres vivos
I c··1u i111 pressões sensoriais das mesmas coisas contréirias às nossas
c· cpt{' até mesmo cada indivíduo, considerado em si mesmo, nem
·.c·Jtlpre tem as mesmas impressões sensoriais da mesma coisa.
I'c nlnuto, não é claro quais delas são verdadeiras e quais falsas.
i\1.1 Jl'alidade, umas não são mais verdadeiras do que outras, mas 10
.unhas são cquívalentcs 13 • Por isso Demócrito afirma que ou não
n i\ll' naclél de verdadeiro ou, pelo menos, que a verdade perma-
111'('(' escondida para nós 14 •
166 TON META TA <iln:IKA r

cpcxtvÓJ.LtVOV XCX"t'~ .Tjv cxt'G6'1Gtv Le «iv&yx'lç cn'leeç E.!vcx(


u cpcxGtv· lx 'toú-rwv y~p xcxt 'EJ.Ln:t8oxÀfjç xcxt AYlJ.LÓxpt'tOÇ
xcxl -rwv &ÀÀwv Wç &n:oç tln:E.'tv ~oç 'to~JXÓ'tcxLÇ 86ecxLÇ
'Y''YÍ"'lV'tott lvoxot. xcx!. r«p 'EtJ.7tt8oxÀfjç J.Lt't~á:ÀÀOV"tcxç
.Tjv lÇtv JI.E-'t<XI3&ÃÀttv cp'la!. .1)v cppÓVTjGtv· "n:poç n:cxprov
ydtp J.Lfj-rLÇ lvcxúet'tcxt «ivepW'itotatv." xcx!. lv s"tlpoLÇ 8& Àt"(E.t
20 lS'tt "ÕGGov (8 ') dcÀÀo'tot tJ.t'tÉcptw, 'tÓaov &p acptGtv cxlt!. I xcxt
'tO cppovttv cU.Ãotoc n:cxpmcx'to". xcxl IIcxptJ.tvC8'lç 8& «in:ocpcx(vE.·
'tCXL 'tOV cxÕ'tov 'tpÓn:ov· "wç "(~p sxáG-ro-r' tXtt xp&GtV J.Lt·
À&wv n:oÀux«ÍtJ.'lt'tc.>v, I 'twç v6oç «iv9pwn:otGt n:cxpÍG'tot'tott • 'tO
ydtp cxuw I WCL\1 cmtp cppov&tt, tJ.tÀtwv cpÚGLÇ «ivOpwn:otGL\1 I
z'
xcxt riGtv xcxt n:cxv-r( • 'tO y~p n:À&ov lcrd VÓ'lJI.CX ·" 'Avcx-
ecxy6pou 8f. xcxl dcn:6cp6tyJ.Lcx tJ."'ltJ.OVtÚ&'tCXt n:poç 'tWV l't<X(-
pc.>v 'ttvá:ç, ~t -ro~JX&t' cxÕ'totç l<J-rcxt 'tà õv-rcx o!cx &v ún:oÀá:-
~<nv. cpcxat 8E. xcxt 'tOv ''QJ.L'lPOV 'tCXÚ'tTJV tXO\I'tCX cpcx(ve.-
<JOcxt .Tjv 8~cxv, lS'tt ln:o('lG& 'tov "Ex'topcx, wç Le&o-nJ ún:o
)O 'tfjç n:À'l"t'fiç, xt'tGOcxt cU.ÀocppovÉoV't<X, wç cppovoü\l'tcxç J.LtV
xcxl wuç n:cxpcxcppovoüV"tcxç cU,).' oõ 'totÔ't&. 8fjÀov oõv Õ'tt, d
OcJ.LcpÓ't&pcxt cppovl}attÇ, xcxt 'tcX 6vtcx &tJ.CX oÜ'tc.> n xcxt oõx
oü-rwç ixtt. 'fi xcx!. xcxÀE.n:w'tcx'tov 'to GUJ.L~cx'tv6v l<J-rtv• d
ydtp o{ tJ.«ÍÀtG'tot -ro lWtXÓJ.LtVOV «iÀ'l6eç swp<XXÓ'tE.Ç- oÕ'tot
" 8' tlGtv o[ tJ.&À LG-r<X ~'l'tOÜV'tE.Ç cxÕ'to xcxl cptÀOÜV'tE.Ç - oÕ'tot 'tOt·
cxú"tcxç &xouGt 't«ç • Mecxç xcxt 'tcxÜ'tcx «in:ocpcx(vov-rcxt n:E-p!.
'tfjç cU.'l6t(cxç, n:Glç oõx ~tov «i6UtJ.fjG<Xt 'touç cptÀoaoq~âv
l"(XttpoÜV'tcxç; 'tÕ "(~p -r~ n:t'tÓJI.tV<X 8uilxttV 'tO ~T)'ttLV &v
1010• d''l .Tjv «iÃ~6&tCXV. - ott''ttOV 8E. 'tfjç 86ÇT)ç 'tOÚ'totÇ Õ'tt n:&pt 'tWV
ÕV'twv tJ.ev .Tjv «i>.ijOttcxv lGxón:ouv, 'ta 8' ÕV'tcx ún:€>.cx~v
E.!vcxt -rei cx'GO'l-r~ tJ.6vov· lv 8E. 'toÓ'toLÇ n:oÀÀ~ ~ 'tOÜ «iop(G'tOu
cpúGtç lwn:á:pxtt xcxl ~ 'toü 6vtoç oÜ'tWç WG7tf.P ttn:oJ.Le.v·
' 81.() tlxÓ'tc.>Ç tJ.eV Àt"(OUGLV, OÔX «XÀ'l6fi 8~ ÀtyouGt\1 (oÜ'tW y«p
&ptJ.Ó"tUt J.L&ÀÀov dn:&'tv +j wGn:f.P 'En:CxcxpJ.Loç dç EE-vocp&-
METAFiSICA. r 5, 10C9b 14-1010a6 167

(c) Em geral, esse~ filósofos afinmm que tudo o que aparece


aos nossos sentidos é nccc~sariamcnte vc:rdadeiro, porque eles
consideram que a inteligência é sensação c que esta é uma altcra-
ção15. Por estas razões também Empédocles c Demócrito c, pode- 15
se dizer, todos os outros aceitaram essa convicção. E, de fato,
E111pédoclcs afirma que, mudando o c~tado físico, muda-se tam-
bém o pensamento: ''Diante das coisas presentes aos sentidos,
cresce nos homens o pensamento" 16, c em outro lugar c.:lc cli;r. CJUC
"na 1ücdida em que os homens mudam, sempre diferentes a eles 20
~e apresentam os pcnsamentos" 1'. 'l~1mbém Parmênidcs diz ames-
ma coisa: "Como ocorre sempre a mistura nos membros dos múl-
1iplos movimentos, I assim nos homens se dispôc <1 mente. De
lato é sempre o mesmo/ o que nos homens pensa a natureza dos
Jncmbros,/ em todos em cada um. O pleno, com efeito, é o pensa- 25
111Cllto" 1 ~. E de Anaxágoras refere-se uma afirmação feita a alguns
de seus discípulos, segundo a gual os seres seriam para eles tais
mmo ele~ os considerassem scr 19. E dizem também que Homero
il'vc essa mesma opinião, pois representou Heitor, delirante por
~·ausa do ferimento, que "jalia com pensamentos mudados em 30
·,11;1 mentc" 20, como ~c os que deliram conhecessem, mas não as
111csmas coisas de CJUando estão em pleno juízo. 1;: evidente, por-
lanln, que se ambos são conhecimentos verdadeiros, também os
•.t·res são, ao mesmo tempo, assim c não assim. Mas note-se a con-
',('qi'lência mai5 dcsconcertante: se os que mais investigaram a
\Trdadc que podemos alcançar (c estes são os que m<Jis a buscam
1· ;1 ;nmlm}, se ju~tamcntc eles têm opiniões desse tipo c profcs- 35
.,;1111 I ais doutrinas sobre a verdade, como não poderão desanimar,
í' mm razão, os que começam a filosofar? Buscar a verdade seria
101()•
nmto correr atrás de um pássaro voando21 .
( )ra, a razão pela c1ual esses filósofos formaram cs~a opinião
··\l:í l'lll gue buscavam a verdade sobre os seres, mas acreditavam
qlll' só as coisas scnsívci~ eram seres. Ora, nas coisas sensíveis
~-,i,lc em grande medida o indeterminado, ou seja, o tipo de ser
do tplal falávamos acima 22 • Por isso, eles dizem coisas que pare- 5
' 1'111 verdadeiras, mas na realidade não dizem a verdade. (E é assim
•pll' nmvém argumentar, e não como Epicarmo argumenta con-
11.1 Xenúfanes)2'.
16B TUN METI\ TA <I>Yl:IKA r

"''"). t't'~ S~ n:Cia~v óp(;)vnç 't'~Ú1'1)Y x~vou11t"'1" 't"i)v rpúa~v,


~'t'ci Si 't'OÜ JL&'t'~IÍÀÀo\noç oõ9~v à:ÃTj9w6JL&vov, n:ep( ye
'to n:á.vrn n:á.Y't'wç 11e't'~~lillov oôx lv8txea6cx~ &ÃT)8túe~v.
10 lx ycip 't'~Ú't'T)Ç 't'Tjc; Ú1toÀ7}~eooç l~aev ~ &xpO't'IÍ't'T) 861;cx
't'WY dpTjJA.tY(J)v, ~ 't'(;)Y rp<XOXWrCI>Y ~p~t~'t'tCt~\1 xcxt o\'cxv
KpCX't"ÚÀoç eixev, 8c; 't'O 't'tÀtu't'~tov oõ9ev ~t't'o Setv Àtyew
&llci 't'Ov Sá.xwÀov lx(ve~ 116vov, m:i 'HpcxXÀth~ ln:e't'C11cx
dn:óvrt lS'tt Slç 't'til ~1hct> 1tO't~Cl> oõx lattv l~J.I3iivcx~ • cxõ't'Oç
" ycip ~'t'O ouS' &n:~. TiJL&tç Se XCXt 1tpOÇ 't'OÜ't'OV 't0\1 À6yov
lpOÜI1&Y lS't\ 'tO ~y l1&'tCX~illov lSu 11t't'~~IÍÀÀe~ rxet 'ttvci
~1hotç À6yov 1111 ot'ea&cx~ eivcx~, x~hot rat~ ye &JLrpta-
~1}'t"f)ati10Y' 't6 't't ycip &n:o~á.llov lxet 'tt 1:oü &1to~cxÀ­
Àol1tvou, ~t 't'OÜ "(t"(YYI1tvou ~81} &vliyxT) ·n e{vcxt, ~ooç
20 'tt d rp9tCpt't'~L, ún:á.pÇe~ 'tt ÕV, ~~ el "(L"('oot't'CXL, lÇ oÕ
yCyvt't~t ~1. órp' ou yewCi't~L &vcxyxcxtov t!v~~. xcxl 't'oÜ'to
1111 ltvcxt de; !n:etpov. &À.Àci 't'~Ü't'~ n:cxp€\ntÇ lxetvcx Àtyoo-
IU"• Õ'tt ou 't~Õ't'6 lO"t't 'tO JL&'t~~IÍÀÀttY ~'t'ci 't'O n:OO'Ov
~1 ~'rei 't'O n:ot6v• M'tci l1tY OU\1 ,;0 n:oaov mCI> 1111 JJ.tvov,
2' à:llà: X<X't'cX 'tO t'Uioc; &n:~\n~ "(L~011&Y. e't'L S' !ÇtoV
ln:t't!.f.LijO'CXL 't'OtÇ oÜ't'ooç Ún:o~~IÍVOUO'LY, &tt ~1. CX'Ô,;(;)y 't'WV
~la8T)'t'(;)V ln:l. 'tW\1 lÀ~u6voov 't'0\1 &pt911ÕV lS6vuç oÜ't'ooç
rxo\l't'~ n:tpl. ÓÂou 't'OU oÕpcxvou ÓJLO(ooç &1t~Y~Y't'O· Ó yàp
1ttpl. TjjA4c; 'tOÜ ~la8T)'t'oü 't'6n:oç lv rp9o~ ~1. y&vta&~ S~CX'tt·
30 À&L 116\IOÇ c:)y, &ÀÀ' OUotOÇ OU9tY 6>ç tlmtY 116pt0V 'tOÜ n:CX\I't'6ç

iO"t'tY, ~'t't a~~t6'ttpOY &v St' lxt!YCX 't'OÚ't'OOV à:n:t~Tjrp(acx\l't'O


i\ Stà: 't~u't'cx lxe{Y(J)v ~~T)rpt~Y't'o. l't't Se SijÃov lht

--------------------------~................... ~
METAFÍSICA. r 5, 1010 a 7 ·32 169

Ademais, vendo que toda a realidade sensível está em mo-


vimento e que do que muda não se pode dizer nada de verdadeiro,
eles concluíram que não é possível dizer a verdade sobre o que
muda, pelo menos que não é possível dizer a verdade sobre o
que muda em todos os sentidos e de todas as maneiras. Dessa
('C)nvicção derivou a mais radical das doutrinas mencionadas, lO
professada pelos que se di?.Clll seguidores de f Ieráclito c aceita
também por Crátilo. Este acabou por se convencer ele que não
deveria nem sequer falar, c limitava-se a simplesmente mover o
dedo, reprovando até mesmo Heráclito por ter dito que não é
possível banhar-se duas vezes no mesmo rioH: Créltilo pensava
n;lo ser possível nem mesmo uma vezzs. 15
(a) Contra esse raciocínio diremos que o que muda, quando
umda, oferece a eles algum motivo para crer que não seja, mas
isso é contestável. De fato, o que perde algo conserva sempre
elementos do que vai perdendo e, simultaneamente, já deve ser
;1lgo daquilo em que está se transformando. E, em geral, se algo
csbi em vias de corrupção, deverá ter uma certa realidade; e se 20
advém, é necessário que exista também aquilo do quill advém e
:ll(llilo por obra do qual advém. J:t: é nC;ccssário, também, que esse
processo não vá ao infinitou•.
((3) Mas, passando a outras considerações, digamos o scguin-
ll·: a mudança segundo a quantidade c a mudança segundo a
qualidade~ 7 não são a mesma coisa; ora, concedamos que, segun-
do a quantidade as coisas não pcnnancçam, mas nós conhecemos
I odas as coisas a partir da formaz~.
(y) Ademais, aos que pensam assim pode-se por boas ra?.ões 25
1eprovar que, tendo observado que os seres sensíveis, na verdade
11111 número exíguo deles, se comportam desse modo, cstcnclcrmn
s11;1s observações índiscriminadamente a todo o universo. De fato,
1·.~sa região do mundo sensível que nos circunda é a única que se
l'llcontra continuamente sujeita à geração c à corrupção; todavia
1·la <\ por assim dizer, parte insignificante do todo; portanto, seria 30
lllnito mais justo, em atenção às outras, absolver as coisas daqui
d1· baixo em vez de condenar aquelas por causa destas 29 .
(S) Além disso, é evidente que também contra eles podemos
l;l;t.<·r valer as mesmas coisas acima 3u ditas: devemos mostrar-lhes
170 TQN 1'1ETt\ TA II>Yl:lKA r

XOtL 1tpoç 'tOU'tOUÇ 'tcxU't~ 'tO'rç 1tiÍÀOU À~X,O!taL\1 epoÜIJ.t\1" &tt


y<Xp t<ttt v lix(Vl"l'tÓÇ 'ttc; cpÚaLÇ 8ttX'ttc)\l cxU'totç xcxi 1t!tcttrov
>~ atÕ'touc;. xcxhot yE autJ.~cx(vtt 'totç &!J.cx cp&.axouatv tfV<Xt
xcxi tJ.1i t!VOtt ijp!!J.tLV J.LiiÀÀov cp&.vcxt 1tiÍV't<X i) Xt\l!ta9cxt •
ou y<Xp mt\1 dç õ 'tt J.L!'tCX~CXÀ!t" &n-cx\l'tCX Y~P Ó7t'CÍpX,!t
1010 ~ 1tliatv. - 1ttpt Si. ~c; CÍÀ'19t(cxç, 6>ç oõ 1tiiv 'tO cpcxtv61J.tVO\I
à:À'19lc;, 1epW"tov J.LÊv Õ'tt ou8' (et) ~ cxta9'1atç (tJ.TV ~Eu81jç
'tOÜ yE l8Cou l<tt(v, &ll' ~ <pCX\I'tcxaCcx ou 'tOtU'tOv 'rfi cxtaO~a!t. !L't'
&Çtov OatutJ.CÍacxt d 'tOÜ't' li1topoüat, 1t6npov 'tYIÀtxcxÜ'tCÍ ecttt
~ ~ J.L!ytO, XOtL 't~ :xp6lJ.LCX'tCX 'tOtCXÜ'tCX olOt 'tO'rç lÍ7t6l9!\l <patt·
\l!'tCXL ij OlOt 'tOÍÇ eyyúÜ!\1, XCXt 1tÓ'ttpOV OlCX 'tO'tç Óytcxt\/OUat\1
i) OlOt 'tOtc; XcXJ.L\/OUOL\1, XCXt i3cxpúnpcx 1tÓ't!pO\I CX 'tO'rç lia9!-
\IOÜOt\l Tj & "ttÍÇ la:x,úouat\1, XCXt CX:À'1&ri 1tÓ't!pov & 'tO'tç XCX·
9tu8ouat\l +j & 'tOL'ç tyP"lyopÓat\1. Õ'tt IJ.~\1 yckp OUX OtO\I'tCXt
10 yE, cpatvepóv· ou9dc; yoüv, làv Ó1toÀCÍ~tl vÚX'twp 'A~vnatv
etvcxt wv lv At~Ut), 1tOp!ÚE'tcxt dç 'tO ~Etov. t'tt Se 1tEpi
-roü J.LÉÀÀovtoc;, Wa1ttp xati llÀCÍ'tW\1 ÀÉytt, oõ 8~1t0u ÓtJ.o(wç
xup{at ~ -'tOÜ lcx-tpoü S6Çcx xcxi ~ 'tOÜ liyvooü\l'toc;, otov 1ttpi 'tOÜ
tJ.éÀÀovtoc; laeaOatt úytoüç +j J.Lil J.LéÀÀo\l'toc;. t'tt 8~ l1e' ®-
u 't6lv -r6lv atla97tatwv oõ:x. ÓJ.Lo(wc; xup(cx ~ 'tOÜ ~Ào'tp(ou xcxi
l8(ou Tj 'tOÜ 1tÀ'1atov xcxi 'tOÜ cxó~c;, liÀÀ~ mpi J.LEV :x.p6l-
J.LCX'tOc; &ptc;, oõ ~üatc;, 1ttpi 8e :x.utJ.oü yEüatç, oux &jl1.ç
<ilv ~XCÍa'tTI t\1 't<\) cxÕ't<\) :xp6v~ 1t!pi 'tO cxU'to ou8t1ton <p11·
aw &J.LCX oü-tw xcxt oõ:x. oü-twc; l:x,ttv. ID' ou8E lv L'tt~
20 :x.p6~ 1t!pt ye 'til 1t&.Ooc; TjJ.L<pt~~atv, lill~ 1ttpt 'tO ~
METAFÍS:CA. r 5, 1010 o 2J · b 20 171

<!UC existe uma realidade imóvel e devemos convencê-los dissoH.


1\lém disso, os que sustentam que o ser c o não-ser existem jun- 35
tos, deveriam afirmar guc tudo está em repouso c não que tudo
c:;t<Í. em movimento: de (ato, segundo essa doutrina, não pode
cxi~tir nada em que algo possa mudar-se, porque tudo já existe
em tudot2•
(3) No que se refere ao problema ua
verdade, devemos dizer lO IO'
que nem tudo o que aparece é verdadeiron.
(a) Em primeiro lugar, devemos dizer que, mesmo que a
perccpç~o sensível não seja falsa relativamente a seu objeto pró-
prio, todavia ela nào coincide com a imaginação 34 .
(h) Além disso, é verdadeiramente admirável que alguns le-
vantem dificuldades como as seguintes: se as grandcr.as c as cores
s:io como aparecem aos que estão longe ou como aparecem aos
que estão próximos; c se são como aparecem aos sadios ou como
aparecem aos enfermos; c se são mais pesadas as coisas que as-
sim aparecem aos fraeo!i ou as q uc aparecem assim aos fortes; e
se verdadeiras são as coisas que aparecem aos que dormem ou as
que aparecem aos despertos. É claro que eles n;io têm dúvida
sobre isso. E, em todo caso, não há ninguém que, se em sonho
acredita estar em Atenas, estando na l..íbia, ponha-se a caminho lO
p<l ra o Odeon ;; .
(c) Ademais, quando se trata de fazer previsões, como
I ambém diz Platão~(., n~o têm absol u t<nncntc a mesma auto-
ridade a opinião de um médico c a do ignorante, por exemplo,
{piando se trata de prever se alguém se curará ou se não se
Clli'<Há 37 .
(d) Além disso, quanto às sensações, seu testemunho não 15
km o mesmo valor segundo elas se refiram a um objeto q uc
uiio lhes é próprio, ou a um objeto que IJ.cs é próprio, ou se-
gundo se refiram ao objeto de um sentido próxjmo ou ao objeto
que lhes é pcculiar~H. Sobre a cor i ulga a vista e não o paladar, c
.mbre o sabor julga o paladar c não a vista. Ora, nenhum desses
~cntidos diz, ao mesmo tempo, sobre a mesma coisa, que ela é
:1ssim c, simultaneamente, não assim. E nem em momentos di-
lcrentcs, pelo menos no que se refere à qualidade, um sentido 20
pode estar em contradição consigo mesmo; 9 ; ele só poderá
172 T!lN META TA <!>Y>:IKA r

CJUIL~élhlxe. 'tO m6o~. ).Ly(a) 8' o!o'll ó "'" cxõ-ro~ Ot\10~ U-


ettf.\1 &\1 1\ ILf.'tCX~cU.6l\l 1\ 'tOÜ a6>ILCX't0~ ILt'tCX~CXÀ6\I'to~ Ó'tt
~A-t\1 e.!'IICXt yÀuxu~ em 8e oõ yÃuxúç &>.>.' ou 'tÓ ye yÀuxú,
ot6v la<tw õ-t-cxv t, oõ8e.1t6>nou ILf."tL~tv, &>.>.' &d &À7l·
.2, 9e.Úe.t 1tepl cxU'tOÜ, xcxl la'ttV le &\lá;yX"lÇ 'tÕ la61Lt'IIOV yÀUXU
'tOtoÜ'to\1. x<X("tot "tOÜ'to &'llcxtpoüatv oú-tot o{ À6yot !ncxvr~,
wmttp xcxt oõatcxv ~A-Ti e.!vcxt IL"l6tv6~, olrt(a) IL"l8' le &v&.yx~
1L116Lv· 'tO yckp tX'IICXyxcxi'o'll oõx lv8éxe'tcxt ciÀÀ(a)~ xcxt ciÀÀ(a)~
lxttv, 6la<t' e.r "Ct la'ttV le <i'll&.yxT)~. oux leet M(a) 'tf. xcxi.
3D OÔX o6't(a)~. - ÕÀ(a)~ 't' ttntp la<tt 'tO cx[a91l'tÕV ~A-Ó'IIOV, ou9e'll &v
ttT) ~A-Ti ÕV'twv 'tW\1 l~A-~ÚX(a)\1' cxta91lat~ y&p oõx &'11 tt7l. 'to
~A-t\1 oõv IL'ÍJU 'tcX cxla9Tj'tck t!vcxt J.L'Í)n 'tcX cxla9'ÍJJ.LCX'tCX ta(a)~
tXÀTj6é~ ('tOÜ yrtp cxlaecxvoJ.Lé'IIOU n&.6oç 'tOÜ'tÓ mt), 'tÕ 8t 'tcX
únoxdJ.Lt'II<X J.LTi e.!vcxt, & 1t'Ote.! ~v cx!a61lat'll, xcxi. CÍ\ItU cxt-
3' a9'Í)at(a)ç, &aúvCX"tO\I. ou y«p 8Tj ~ y' cxta91lat~ cxõ'tTj lcxu"C'ij~
la<tC\1, &ÀÀ' l<Ttt 'tt xcxt t'tepov ncxp(l 'tTj'll cxt'a91latv, ô &v«yx"l
-.tp6upov e.!vcxt "Cij~ cx[a9'Í)at(a)Ç 'tO yrtp XtVOÜV 'tOÜ XLVOUJ.LéVOU
ton• cpúae.t xp6"Ctp6'11 mt, x&v tl Àéye"tcxt -.tpoç CÍÀÀ7lÀCX 'tCXÜ'tCX,
oõ6tv ftnO\I,

6
Elol 8t 'tt\ltÇ oi. &nopoüat xcxi. 'tW\1 "t«Ü"Ccx 1t'&1t'f.tGI'é\l(a)v
xcxi. 'tWV 'tOUÇ À6youç 'tOlXOUÇ J.L6v0'11 Àty6V't(a)V' ~"l'tOÚat ycXp
' "t(ç ó xptVW\1 'tOV Úytcx(vOV"tcx xcxl ÕÀwç 't0\1 -.ttpt ~a'tCX xpt-
\IOUV'tCX op9wç, ~ 8t 'tOLCXÜ"CCX tX1t'Op'ÍJJ.LCX'tCX ÕJ.LOtá: mt 'têi)
cbtopt!v 1t'6-t-tpov xcx6t68o1Lf.'ll wv 1\ lYP"l'YÓPQ:ILt'll, 8'Ú'IICXV'tCXt
8' cx{ &nopCcxt ex{ 'tOtcxÜ"tcxt n«acxt "CO cx'Õ't6· x&.'ll't(a)\1 y&p
I METAfÍSICA,rS/6, 1010b21-1011"B I 173

enganar-se relativamente à coisa à qual pertence a qualidade.


Por exemplo, o mesmo vinho pode parecer às vezes doce c às
vezes não doce (ou por'1ue ele mesmo mudou ou porque nosso
corpo mudou); mas certamente não mudou o doce e a qualida-
de que o doce possui quando existe: c o sentido diz sempre a
verdade sobre isso, e o que é doce deverá necessariamente pos- 25
suir essa qualidadc· 111 • Mas é justamente essa necessidade que to-
das essas doutrinas pressupõem: como elas negam que exista a
substância de qualquer coisa, negam que alguma coisa exista
necessariamente. De fato, o que é necessário não pode ser de um
modo e também de outro; assim que, se algo existe ncccss;uia-
mcntc, não poderá ser, ao mesmo tempo, de um modo c tam-
bém de outro.
(c) E em geral, se s6 existe o que é perceptível pelos senti- 30
dos, caso não existissem seres animados nada poderia existir: de
L1!o, nesse caso, não poderia haver sensações. Nesse caso seria
v!·rdadc dizer que não existiriam nem sensíveis nem sensações
(as sensações, com efeito, são afccçõcs do scnsicnte); ma!. é im-
possível que os objetos que produzem as sensações não existam
Lnuh~m independentemente da sensação. De fato, a sensação JS
11;io ( sensação de si mesma, mas existe algo diferente da scnsa-
l:ao c fora da sensação necessariamente antes da prôpria sensação.
I >v fato, o que move é, por natureza, anterior ao 'JUC é movido:
('isso não é menos verdade, mesmo que se afirme que a sensação 1011·'
<'o s(:nsívcl são correlativos~ 1 .

h. /Continuação da refutação das doutrinas protagorianasJ 1


I l<í alguns- tanto entre os que estão verdadeiramente con-
\<'tll'idos dessas coisas, quanto entre os que só sustentam essas
d1111lrinas da boca para fora- que levantam a seguinte dificulda-
,J.·: quem é capaz de julgar sobre a saúde de outro c, em geral, s
'pw111 (·capaz de julgar retamcntc sobre qualquer coisa? Levantar
n~;l\ dificuldades é como se perguntar se estamos dormindo ou
17.4 T!lN META TA CI>YIIK/\ r

Àóyo" &eLOüat\1 tT\Icxt oõ"'ot • &px~" y<Xp ~1)'roüat, xcxl. "'cxÚ'rJl"


10 St' &n;oStíet<t>ç Àcx~\ltt\1, l1td &rt yt 1tt1tttCJ~it\IOt oõx da{,
cpcxvtpo( daw l\1 "'cxtç n;pcXÇtat\1. ID' &te.p tL1tOJLt", "'o&to
cxÔ't<i>\1 "'o n;cí&oç ta-te. . · ÀÓ"(O\I ~p ~TJ~Üat\1 6>\1 oõx mt ÀÓ·
yoç &n;oSt(Çt<t)ç ylip à:PX~ oõx &7t6SttÇCç la-tt\1. oÕ~t JL~"
oÕ\1 pr#}C6>ç &v ~"'o 1ttta9t!t\l (lan y<Xp oõ xcxÀt1tO\I Àcx~tT\1) •
u o{ S' l\1 -r<t> ÀÓy~ ~ ~(cx\1 JLÓ\I0\1 ~TJ"tOÜvttÇ &Sú\lcx~ ~TJ­
-roÜ<J'\\1' L\lexvtEot y<Xp dm!\1 &Çtoüat\1, tõ&uç L\lexvt(cx À€yovtt~.
d St JL~ mt 1tcX\I"tCX n;póç "tt, &U' e\lt& l~t xcxl cxÕ'tli
xcx&' CX1hcí, oõx &.... f.LTJ 1tli\l "'o q><Xt\IÓJ.Lt\10\1 cXÀTJ9k 'tO ~p
cpor:t\IÓJLt\10\1 "'t\1( L~t cpor:t\IÓjU\I0\1' Cxrtt ó À€"(6>\1 óén:cx\l"tCX "ttl
20 q><XL\IÓJ.Lt\ICX t!\ICXL à:ÀTJ&rj &1tCX\I"tCX 1tOttt "'~~ Õ\l"tCX n;p6~ "tt.
StiJ xcxl. cpuÀCXXÚO\I "'o!ç ~" ~Ccx\1 l\1 "'<i> À6y~ ~TJ"'OÜat\1,
&JLcx Sf. xcxl. u?tt)(tt\1 ÀÓ"fO\I à:~oüaw, õ"'t oõ "'o cpcxwÓj.u.\I0\1
l~t\1 &Uii -ro cpcxt\IÓjU\I0\1 <t> cpcx{\lt"tCXL xcxl Õ"tt q>ex(\lt"'cxt
xcxl ií XCXL Wç. &... S' Ó1r€)(6>at JLe\1 ÀÓ"(0\1, JL~ OÜ't(l) S'
25 Ó7tt)(6>at, GUJL~at"'CXL cx1hotç "'&'JCX\I"'(cx "'CX)(U Àt"(tt\1. l\1·
Stxt"'cxt y<Xp "'o cxÕ'to x~li JL~" ~ 6<Pw JL€Àt cpcx{\lta&or:t
'tfi Se ytúae.t J.L~, xcxl. "'&>" ocp9cxÃ~" Suor" <Svtot\1 JL~
-rcxô"'li éxcx"'f.pqc 't'(í ~tt, &.... 6">at\l &...6J.LOtcxL • lmi 1't'póç ye.
-rouç Stli uç n;CÍÀcxt r.lrnJJLt\lcxÇ cxl-r(cxç "'o cpor:tVÓJL&\10\1 cpcí-
30 axo\l"tcxt; &À1)9~ç tT\Icxt, xcxl Stà: -roü-ro n:cí\19' ÓJ.LOÍ6>Ç tt\lcxt
<PtuSij xcxl à:ÃTJ&rj· oG-rt ylip &cxat "'cxô"'li cpcx(\lta&cxt oG-rt
"'cxõ-r<t> &d "tCXÔ'tCÍ, &).).li n:oUcíxtt; "'M\1-rEot xcx-rli -rO... cxõ-
-rov XPÓ\Iov ('i) JLt" y<Xp à:cp~ Súo À€ytt '" 'Cij ln:or:UcíÇ&t
-r&>v Scxx'tÚÀ6>\I 'i) s· Õ~LÇ '"). - &)..). ' olS "tL 't'(í cxÕ'Cij "(t xcxl
METAFÍSICA. r 6, 1011 o 9 · 34 175

despertos. Todas as aporias desse gênero abrigam a mesma pre-


tensão: os que as levantam pretendem que haja uma razão para
tudo2• De fato, eles buscam um princípio, c pretendem que
lambém deste princípio haja demonstração. Entretanto, suas to
<Jçôes provam claramente que eles mesmos não estão conven-
cidos de que haja demonstração de tudo. Como já dissemos,
seu erro consiste no seguinte: eles buscam uma razão das coisas
para as quais não existe ra1.ão. Com efeito, o princípio de uma
demonstração não pode ser objeto de demonstração'.
Os que são de boa fé podem facilmente ser persuadidos,
porque isso não é difícil de compreender; mas os que exigem ~er
mnvcncidos pelo rigor ela demonstração buscam algo impossível, JS
<' quando são forçados a dizer eoisas contraditórias, pretendem
kr razão ao dizê-las-1.
{a) Ora, se nem todas as coisas são relativas, mas M algumas
que existem em si c por si, nem tudo o que aparece poderá ser
verdadeiro. De fato, o que aparece s6 aparece para alguém. Por-
l;mto, quem afirma guc tudo o que aparece é vcrd<Jdciro reduz 20
lodos os seres a relativos;.
(b) Por isso, os que buscam o rigor do raciocínio c, ao mcs-
1110 tempo, aceitam submeter-se aos raciocínios, devem prestar
alcnção ao seguinte: o que aparece não existe em geral, mas
para aquele a quem aparece, quando aparece, enquanto aparece
<'do modo como aparece. }<~se aceitam raciocinar, mas não acci- 25

! am essas restrições, logo cairão em contradição. De fato, é pos-


shd que à mesma pessoa algo pareç<J mel à vista c não ao gosto;
<' também é possível, dado que os olhos são dois, que as coisas
11;io pareçam idênticas a ambos, no caso de terem diferente capa-
cidade visual. Todavia, aos que afirmam, pelas razões acima ex-
postas, que o que aparece é verdadeiro c, portanto, todas as co i- 30
~as são igualmente verdadeiras e falsas, porque as mesmas coisas
uão parecem idênticas a todos, nem parecem sempre idênticas
ao mesmo indivíduo, mas freqüentemente parecem contrárias ao
111csmo tempo (por exemplo, cruzando os dedos, o tato atesta
dois objetos, enquanto a vista atesta um só); pois bem, as estes
responderemos que suas argumentações não valem se nos rcfe-
176 HlN o"'ETA TA <i>YIIKA r

J' xa'ta 'to cctho ccla&f)cn.L xcct waccÚ'twr; xat lv 'tê!) ccthêi)
1oub XP6"~· wan 'to&t' &v ti.'11 &Ã1J6ír;. &n• rawr; 8La 'to&t'
civCÍlX1J ÀÍyt.W 'tO!ç 1J.~ 8t' cmop(CC\1 &na ÀÓyou XCÍPL\1
Àíyouow, Õ'tt oõx lcnw &À1'J9f.r; 'to&to &na 'tOÚ't~ &Ã.1J9lç.
xcct wcrnf.p 8~ 1tpÓ'te.pov t.tprj'tCCt, &vcíyx1'j 1tp6r; 'tL 1tote.!v
' !1tCC\I'tCC XOtt 1tpõr; 86ÇCXY XCCt ccta91'jaL\1 1 &lcn' oGn yÍyO\It.\1 OÚ't 1
ÉcnCXL ouQf.y fL1'j9f.vOÇ 1tpoooÇá:acc\l'tOÇ. d 8f. yíyo\lt.\1 fi tCJ'i'CCL,
8ijÀO\I ~'tt OUX &v d'Tj tí1tCC\I'tCC 1tpOÇ 86ÇCXY. t'tt d t\1, 1tpOÇ
Rv fi 1tp0Ç wp~fLÍ\10\1" XCCt f.l 'tO ccÕ'to xcct ~fLtCJU xcct LCJ0\1,
&:n' ou 1tpõç 'to 8L1tÀCÍawv ye. 'to i.'aov. 1tpor; ~ 'tO 8oÇcí-
lo ~ov d 'tccÕ'to civ9pW1tOÇ xcct 'tO 8oÇcc~6!J.t.YOY, oõx lCJ"tcct &v-
9pw1toç 'tO 8oÇcí~ov ciUa 'tO 8oÇcc~61J.t\IOv. d 8' lxccCJ"to\1
latcct 1tpor; 'to 8oÇá:~ov, 1tpor; ci1tf.Lpet la'tcct 'tê!) f.t8t.t 'tO ooÇcí~ov.
"O'tt 11ev oúv ~f.~cctO"tCÍ'tTj 86Çcc 1tccawv 'to I"~ t.tYCCt &Ã119e.!r;
CXIJ.CC 'tiXç cX\I'ttXt.t!J.ÍYCCç cpCÍaf.tÇ, xccl 't( GUIJ.~(ve.L 'tO!ç oÜ'tw
u À&youcn, xat 8La 'tÍ olS'tw Àíyouat, "toacc&tcc dp-lja9w· l1td
8' ciUvCX"tov ~" ci\l't{cpccatv CXIJ.CC &Ã1'j9t.Úf.a9ccL XOt'tcX 'toii
ccÕ'toii, cpccve.pov Õ'tt oõat 'tcivccvdcc <Í!J.CC Õ7tCÍPXt.L\I lv8~Xt'tcct
'tê!) ccÕ'têi) • 'tcilv 11f.v ydtp lvccmwv 9cí'tf.pOY CJ"ttprja{ç lCJ"tw oux
ijnov, oôa(ccr; 8f. rnp1Jatr;" 1J Si. CJ"tf.P1Jatr; &:7t6cpcca(r; LCJ'tw cmó
ZO 'tL\IOÇ WptCJfLÍ\IOU yívouç d OÚ\1 ciSÚVCX't0\1 cXIJ.CC XCX'tCCcpCÍVCCL xatl
ci?tocpcívccL &ÀTl9wr;, ci8úvcc"tov xccl 't&\ICXV"tLcc Õ1tcípxe.w CXIJ.CC, &ÃÀ'
fi xií ci~J.cpw fi 9cínpov fLtV xij 9cínpov 8E. Ót1tÀwr;.
METAFÍSICA, r 6, IO11 o 35- b 22 177

rimos ao mesmo sentido, sob o mesmo aspecto, do mesmo modo 35


c ao mesmo tempo, e que, portanto, isso deverá ser verdadeiro~. lOllb
(c) E por esta razão, é preciso dizer aos que discutem não
por estar convencidos da dificuldade, mas só por amor à discus-
são, que não é verdadeiro o que aparece em gera). mas o que
aparece a determinado indivíduo. E, como dissemos anteriormen-
te, eles devem necessariamente tornar relativas todas as coisas:
relativas à opinião c à sensação, de modo que nada pode ter sído .s
c nada poderá ser na ausência de um sujeito que opine a respeito.
tvlas se algo foi ou será <mesmo sem ser opinado>, então é evi-
dente que nem tudo será relativo à opinião7 .
(d) Ademais, se algo é um, ele deve sê-lo relativamente a
algo que seja um ou que seja numericamente determinado; c se
a mesma coisa é, simultaneamente, "metade" c "igual", certamen-
te ela não é igual relativamente ao dobro. E se, com re.lação ao
sujeito que opina, "homem" c "objeto de opinião" são a mesma 10
coisa, então homem não poderá ser o sujeito que opina, mas só o
objeto opinado. E se todas as coisas só existem em relação ao su-
jeito opinante, por sua vez o sujeito opinante deverá ser relativo
a uma infinidade de espécies de coisas~.
Fica, portanto, suficientemente esclarecido que a noção mais
sólida é a de que as afirmações contraditórias não podem ser
verdadeiras simultaneamente, assim como ficam claras as con-
seqüências a que chegam os que afirmam o contrário, hem como 15
as razões pelas quais sustentam isto. E como é impossível que os
contraditórios, referidos à mesma coisa, sejam verdadeiros jun-
tos, é evidente guc também os contrários não podem subsistir
juntos no mesmo objeto. De fato, um dos dois além de contrá-
rio é também privação. Ora, a privação é negação de determina-
do gênero de propriedade da substância. Se, portanto, é impos- 20
sível, ao mesmo tempo, afirmar c negar com verdade, também
é impossível que os contrários subsistam juntos, a não ser que
existam de certo modo, ou que um subsista s6 de certo modo e
o outro em sentido próprio9 .
'I
I'I 178 TUN •"iETII TA <DY:!:IKA r

7
'All<X IL~"' oõ8~ f.L&'t~ «v'tt~a6<1lt; iv8txncxt tl\ICX~
oõ9tv, till' «vllrx7J Ti cpiÍ\ICXt Ti tX1tocplivcxt ey xcx9' tYot; Ó'ttOÜ\1.
u 8i)ÀoY 8~ 1tp6)'to\l !L~"' ÓptacxJÚYOLt; 't( 'tO &À7J9tt; xcxl ~tü8ot;.
'tO !Lt"' r<Xp Àére.w 'to ÕY f.L~ t!Ycxt 1j 'to f.L~ 8v dYcxt ~tü-
8oc;, 'tO 8~ 'tO 8\1 tl\ICXt xcxl 'to !L~ ov f.L~ e.{Ycxt tiÀ7J9tç, wcrtt
xcxl ó Àt'y(l)\1 tlYcxt Ti f.L~ ciÀ7J9e.úatt Tj ~&Ú<J&'tcxt • cill'
oüu 'tO 0\1 Àf"Y't'tott f.L~ t!Yott f\ tl\ICXt oün 'tO !L~ Õ\1. l'tt
'i'
" -fltot f.Ln~ t<J'tott 'tijc; tXV'ttcpci<Je.wc; 6lcrne.p 'to cpcxtov
I
f.L€ÀCX\Iot; XCXL Àti.IXOÜ, f) Wt; 'tÕ f.L7)8é'ttp0Y «v9pw1tO'Ll XCXL tmtO'Ll.
!,'I
I, d f.LE\1 OU\1 OÜ'tWÇ, oõx a,. f.L&'tCX~IÍÀÀot (ix IL~ «rcx9oü "Y'clp
1: dç «rcx&Ov f.L&'tCX~ille.t Ti ix 'toÚ'tou e.lç f.L~ «rcx96v) , w"'
8' cid cpcx(vt'tCXt ( oõ rcip l<J'tt f.L&'tcx~oM ill' Ti tlç 'tcX tX\I'tt·
:Js X&Íf.Lt\ICX xcxl f.Lt'tcxÇú) • d 8' t<J'tt ILE.'tcxÇú, xcxl oÜ'twç &!7J &,.
1012" 'tLt; de; Àe.UX0\1 OUX tx f.L~ À&'UXOÜ lf\I&<JLt;, \IU\1 8' OU:X Ópci'totl.
t'tt 'JtcX\1 'tO 8tCXV07J'tO\I xcxl \107)'t0\l fl 8..&\lotcx +j XCX'tiÍcp'I}OW 1j
tX1t6cp7)<Jt \1 - 'tOÜ'tO 8' tÇ Ópt<Jf.LOÜ 8i)ÃOY - ll'tot\1 tXÀ1j9&Ú"(j+j ~túS..,­
'tCXL' <ftcxv f.Lt\1 w8i. <JUY9ij cpciacx 1j tX1tOcpciacx, «À1j9&Ú&t,
s <kcxv 8& w8(, ~e.ú8ncxt. l'tt 1tCXpcX 'JtcX<JCXt; Ser e.{Ycxt 'tcXc;
tX\I'ttcpCÍ<nLt;, tl f.L~ À6you iYe.xcx Àírncxt. W<J't& xcxl OÚ't& a..,.
Otúatt 'tLt; oü't' oõx tiÀ7J9tú<Je.t, xcxi. 1tcxpci 'to ov xcxl 'tO f.L~ 8\1
t<J'tCXt, W<J't& xcxl 1tCXpcX rtnat\1 xcxl cp9opcXY f.Lt'totPoÀ~ 'ttt;
t<J'tCXt. t'tt t\1 ÕaOJ.t; "Y'ÍYe.aw fl tX7t6cpcxaLt; 'tO t\ICX\I'tLo\1 tmcpt-

...
I METAFISIC.A,r7, 1011 b23-1012a9 I 179

7. /Demonstração do princífJio do terceiro excluído por via


ele refutação} 1
I•: também não é possível que exista um termo médio entre
os <·oulraditórios, mas é necessário ou afirmar ou negar, do
mcs111o objeto um só elos contraditórios, qualquer que seja ele.
(I) Isso é evidente pela própria definição elo verdadeiro e do 25
falso: falso é diz.cr que o ser não é ou que o não-ser é; ver-
dadeiro é dizer que o ser é e que o nilo-ser não é. Conse-
qüentemente, quem diz de uma coisa que é ou que não
é, ou dirá o verdadeiro ou dirá o falso . .rvlas <se existisse
um termo médio entre os dois contraditórios> nem do
ser nem elo não-ser poder-se-ia dizer que ou é ou não e.
(2) !\demais, o tem10 intermediário entre os dois contraditó- 30
rios será (a) como o cinza entre o branco c o preto, ou
(h) como o que não é nem homem nem cavalo entre ho-
mem e cavalo. (h) Se existisse um termo médio desse.:
tipo, não poderia haver mudança (de fato, a mudança
vai do que não é bom para o que é bom, ou do que é
bom para o que não é bom); mas a mudança é continua-
mente constatada (c só existe mudanç<1 entre os contrá-
ríos ou entre seu.~ graus intermediários). (a) Se, ao c.:on- 35
trário, existisse um termo médio como o cinza entre o 1012'
branco c o preto, então deveria haver um processo de
geração do branco que nflo procede elo não-branco. Mas
isso não é constatávcP.
(1) ;\lém disso, tudo o que é objeto de raciocínio c.: de intuição
quando se diz o vcrd<lclciro c o falso, ou é afinm1do ou é
negado pelo pensamento, como fica daro pela própria
definição de verdadeiro c falso. Quando o pensamento
une de certo modo, seja afirmando, seja negando, di~ o
verdadeiro, c quando de outro modo, diz o fabo 4•
(-I-) I•: também, deveria existir o termo médio para todos os 5
contraditórios, a não ser que se fale só por falar. Conse-
qüentemente, algo poderia ser nem verdadeiro nem falso;
c havcri<l algo intermediário entre ser c não-ser c, portan-
to, haveria também um tipo de mudança intermcdi~ria
entre a geração e a corrupção;.
180 Tí!N META TA <l>Yl:lKA r

10 ptt, X«l lv -roÚ-rotÇ i<J't'Clt, o{ov t\1 &ptOIJ.Oiç oün 1ttptnàc; oün
ou 1ttptnàc; &:ptOjL6ç cU).' &:SúvCl'tov· lx "toü 6pta!J.Oil Se Sii-
Àov. l'tt de; cX1ttLpOY PClSLet'ut, xati ou (J.Óvov 11f.Lt6ÀtCl 'tàt
Õ\l'tCl lcttatt ~).àt 1tÀt{w. 1tCÍÀLY yàtp lctt«t &1tofiio'att 'tOÚ'tO
1tpOç rljy ~O'L\1 X«i rljy n6qlataw, X«t 'tOÚ't 0 lcrtClt 'tt · 11
u yàtp ouaL<x lcn( 'ttÇ Clb'tOÜ &ÀÀTJ. l'tt Õ'tCl\1 lpordvou d Àtux6\l
lcntv tÍ7tt1 Õ'tt oü, oô9tv cillo &:1todqJT}XtY fi 'tO t!\latt • &7t6-
qJOtO'tÇ Si. w ILTi t!vatt. Uf)).uOe S' lv(otÇ atÜ'Ç'JJ 11 SóÇCl
w0'1ttp X«t &ÀÀatt 'tWV natpat86Çwv· átClV yàtp ÀÚttv f.LTi
SúvwV'tatt ).6youc; lptctttxoúç, lv86vuc; 't<\> ).6y~ O'Új.l.qJOtO't\1 &ÀT}·
20 e~ e!vatt 'tO auÀÀoyt<J9tv. OL (Jlv oúv Stàt 'tOtOtÚ'Ç'JJ\1 athCat\1
>.&youatv, ol Se Sl.àt "to 1tciV'twv ~TJUTv >.6yov. &pxfl Se 1tpoc;
rí1tat\l'tOtÇ 'tOÚ'tOUÇ lÇ ÓptO'jLOÜ. Óptaf.LOÇ Si, y(yvnatt lx 'tOÜ O'T}·
j.I.Ot(Vtt\1 n myxatíov eiY<lt atÕ't'oÚç ó TàtP À6yoc; oú 'tà
ÕVOj.i.at O'T}j.i.tt'O\I ÓptO'f.LOÇ lcttatt. lotxt S' à (Jlv •HpatxÀt('tOu
zs À6yoç, À&ywv 1tcXv'tCl e!vClt XClt ILTi e!vatt, cin:ClV't'Cl <XÃTJOii
1totti'v, ó S' 'AVClÇCly6pou, etvatC 'tt f.Lt'tcxÇU ..rjc; mtqJá.O'f.Wç,
1tCÍV'tat <!>tuSTj· l.í't'Cl\1 yàtp f.LtXOi'í, OÜ'tt &yatOOv oün oux &yat9o"
'to ILL'YILOt• wcn' ouSi.v d1ttt'v &:ÀTJO&c;.

8
..1twptajLtYWY Si, 'tOÚ'tWY ~vepilv lln XOtt [~] IJ.O\IOtXWÇ
)O Àty6j.1.6VOt XClt XCl't'àt 'JL'á.V'tWY &Súvat'tOY Ó'JL'á.pXtt\1 6xrnep
'tt~ Àtyouatv, o{ !Jl" ou9ev cpá.axo\l'ttc; <XÀT}9tç e!vClt (oõ9f."
yàtp xwÀÚttY qJClatY OÜ't'WÇ &1tCl\l't'Ot e!YClt 6l0'1ttp 'tO 'tf}\1
MHAFís:cA. r 7/8, 1o 12 a 1o • 32 181

(5) Ademais, também naqueles gêneros de coisas nos quais


a negação comporta imediatamente o contrário, deveria
haver um intermediário: por exemplo, entre os números lO
pares e ímpares deveria haver um número nem par nem
ímpar, o que é impossível, como fíca claro pela própria
definição de par e ímpar6.
(6) Além disso, teríamos de ir ao infinito, e os seres não só se-
riam acrescidos da metade, mas de muito mais. De fato,
sempre seria possível negar esse intermediário quanto à
sua afirmação e quanto à sua negação, e este novo tenno
será diferente, porque sua essência é algo difcrente 7 . 15
(7) E por fim, se perguntarmos a alguém se algo é branco
c ele responder que não, não terá negado nada além do
ser <branco>: de fato, a negação significa não-sefi.
Alguns filósofos aceitaram esta convicção do mesmo modo
(JU'' aceitaram outros absurdos: não sabendo resolver certas argu-
mcnlaçilcs crísticas, acabam cedendo às próprias argumentações
c couccdcm que seja verdadeiro o que se concluiu". Alguns for- 20
llHIIII essas opiniões por este motivo, outros por buscarem uma
rnzilc 1 para tudo 10 • A todos eles se responde a partir da definição.
I•: c·xi~tc necessariamente definição, porque todos eles devem
1 l.u 11111 significado ao que dizem. De fato, a definição será exata-

1111'1ile a noção da qual o nome é o sinal 11 •


Parece que a doutrina de llcráclito, afinnando que todas as 25
, 1 ••\as s;io c não são, torna verdadeiras todas as coisas; enquanto

.1 de Anaxágoras, afirmando que existe um termo médio entre os


c "nl raclit6rios, torna falsa todas as coisas. De fato, quando tudo
1 ·.l.i 111isturado, a mistura não é nem boa nem não-boa e, conse-

1 pwnkmcntc, dela não se pode dizer nada de verdadeiro 12 .

~~ IHl'/ÚlcJção da opinião dos que sustentam que tudo é


l'r·rcladeiro ou que tudo é falso] 1
( l) Depois dessas explicações, fica claro que não se susten-
l;nn, seja individualmente, seja em seu conjunto2 , certas JO
afirmações de alguns de que nada é verdadeiro (de fato,
n;1da impede- eles dizem -que todas as afirmações
182 TON META TA <i>Y~IKA r

St~-cpO\I aú~.t~.tt:-cPfW etvut), ol SE. 1t<Ív"C' cXÀ'I}&ij. axr.Sinl


ycip oú-co& ot ÀÓ'yo& ol cxõ-cot -c~ •HpcxxÃd-cou· 6 ycip Àty(J)v
ls Õ't't 1tá:V"C' cXÀ'I}&i'j :ut 1t<Ív"Ccx ~r.u&rj, xcxt X(J)PLt; Àtytt -cW\1
1012 • À6y(J)v lx«tepov -cO'Ih(J)v, ~· r.rmp ciSúvu-ccx lxr.r\101, :ui
't'CXÜ-ccx ciSúvu't'O\I r.tvut. é-c& SE. ~OI\Ir.pwç Mt~á:aett; da'tv
&ç oõx ot6v u !v-ex cXÀ'I}8trç etvut - oõSE. S~ ~r.u&Tç 1tá:acxç
X«L"COt Sóett€ r' &v ~.têiÀÀO\I lvS€x~t lx "CWV dp'l}~.ttV(J)\1,
' illci 1rp0ç 1rá:v-ccxç -couç 't'otoú-couç À6youç cxl-ce!a&cxt Sr.r, :x«·
Oá:nr.p lÃtx&rt :ut lv 't'Oiç l1rá;v(J) Àóyo&ç, oõxi r.tvu( -ct f! IL~
etvcxt cXÀÀci G'I}JLcdvr.w "Ct, &lO"te lÇ 6ptaJLOÜ StOIÀf.X'ttO\I Àcx·
~6v-ccxç -c( G'I}!J.Oilvr.t -co ~eü8oç fj -cO cXÀ'I}9éç. el SE. JL'I}&ev
&llo -cO cXÀ'I}9i.t; ~á:vut i\ (8} cin~á:\IOit ~eü86ç lG"ttv, &Só-
to vcxwv 1t1ÍV"CCX ~euSij etvcxt • civá:yx'l} ycip 't'ijç cXV"Ct~Mf.(J)t;
&á:-cepov etvcxt ~.t6ptov ciÀ1)9€ç. l-ct e( 1rav f\ ~á:vcxt +i cX1tO·
~á:vcxt cXV«yX«Tov, ciSúvu"CCV cXJL~6-ctpcx ~r.uSij etvut • Oá:-
't'e:pov ycip j.t6pwv 't'ijç ciV"Ct~IÍ(Jt(J)Ç ~eüS6ç lG'ttV. GUJL~(vet
S~ :ut 't'Õ &puÀoÚJLtVOv n«at wrç -cotoú-cott; Àóyott;, cxÕ"Couç
lS lcxuwut; cXV«tptiv. Ó JLtV ycip 1tMOI cXÀ1)9Tj Àfy(J)V XOit "CÕv
lvcxV"C(O\I cxlkoü ÀÓyO\I cXÀ'I}8fi 1tOtti, WG'tf. -cov lcxu-coü oõx cXÀ1)&;j
(6 ycip lVCXV"CLot; oü ~1)atv cxÕ't'ÕV cXÀ'I}9ij), ó SE. ná:V"Ccx ~euMj
:ul OIÔ't'Ot; cx!k6v. lcXv S' lÇcxtpWV"COit 6 JLeV "COV lV«V"CtoV 6>ç
oõx cXÀ'I}~t; ~.t6vot; la-c(v, 6 SE. -cõv cxú-coü wç oõ ~w&í}ç,
:w oõSE.v ij"C"CO\I ciu(pouç GUJL~cx(vr.t cxÕ"Coiç cxl-cr.ra6cxt À6youç cXÀ'I}·
Oetç :ul ~r.uSerç 6 ycip Àéy(J)v 't'Ov eX).'ll&ii À6yov eX).'1}9Tj
cXÀ'I}9-/jç, -coÜ"Co S' dç br.tpov ~Sttt-ccxt. - ~cxvepõv S' ll-ct oõS'
ME IAfiS:CA, r 8, I 012" 33 · b 22 183

sejam falsas do mesmo modo que a afirmação da comen-


surabilidade da. diagonal)\ e as de outros de que tudo
é verdadeiro.
(a) De fato, no fundo esses raciocínios equivalem aos de Herá-
clito, porque quem afirma que tudo é verdadeiro e tudo é falso4
nfirn1a também separadamente cada uma dessas doutrinas; de 35
modo lJUC, se são absurdas as doutrinas <de Heráclito>, também 1012~
.•crlio absurdas estas outras'.
(h) Ademais, existem proposíções manifestamente contradi-
t·ória~ c que não podem ser verdadeiras juntas; c, por outro lado,
existem outras que não podem ser todas falsas, mesmo que isso
p:u~·n:sse mais possível com base no íJUC foi ditd'. Mas para re-
lul:lr todas essas doutrina~ é preciso, como dissemos nos raciocí- 5
11111s prcccdcntes 7, não pretender que o adversário diga que algo

• · •111 11;lo é, mas que simplesmente dê significado a suas palavras,


.IC" 111odo íJUe se possa discutir partindo de uma definição, come-
'· :u1do por estabelecer o que significa verdadeiro e falso. Ora, se
.r \'l'rdade afirmada não é mais que a falsidade negada, é impossí-
\d ~111c todas as coisas sejam falsas. De fato, é necessário que um 10
cln~ dois membros da contradição seja verdadeiro. Além disso,
··• • t; lll'Cessário ou afirmar ou negar, é impossível (JUC tanto a

.d illll:tção como a negação sejam falsas: só uma das proposições


, n11l mditórias é falsas.
(c) 'Jodas essas doutrinas caem no inconveniente de sedes-
llllii'l'ltt a si mesmas. De fato, quem diz que tudo é verdadeiro 15
.durua também como verdadeira a tese oposta à sua; do que se
·.q~llt' (ILIC a sua não é verdadeira (dado que o adversário diz que
., lnc dele não é verdadeira). li: quem diz que tudo é falso diz
'llll' ! ambém é falsa a tese que ele mesmo afirma'1. E mesmo que
'l'll'il:nn admitir exccçôes, um dizendo que tudo é verdadeiro
,.,,Tlo a tese contrária à sua, o outro que tudo é falso exceto a
l''''pri;~ tese, serão obrigados a admitir infinitas proposições ver- 20
d.ul,·iras c falsas. Com efeito, quem diz que uma proposição
'•·td:1dcira é verdadeira, afirma outra proposição verdadeira, c
-~~~i 111 ao infinito 111 •
(2) Depois, é evidente (a) que não dizem a verdade nem os
que afirmam que tudo está em repouso, nem os que
184 TQN META TA <!>YIIKA r
1!
I
ol 'ltcX'II'tcx ~pqurv ltro'll'ttÇ &l'fl9ií ltroUG~.v oô8' ot 1tmcx
XLVti'aOcxt. r.l """ rUP i)pel'f.r 'ltMCX, ~et 'tCXU'tcX a'll9ií xcxi
2' <Vtu87j lcncxt, cpcx(Vt'tCXL 8t 'tOÚ'tO jU'tCX~0\1 (6 r(lp Urwv
'ltOd CXÔ'tÕÇ OUX ~ xa:i 1tcXÀLV OUX tcrtCXL)' el 8t 'ltcX\I'tCX XtVet-
'tCXL, OÕ9tv lcrtCXL àÀ'fl9tç 1tcX\I'tCX lipcx <Veu87j • a).àt 8é-
8eLX'tCXL &n &8úvCX'tov. l1:t Mrx'll 1:0 õv J.U'tcx~llew· lx
"tLVOÇ ràtp tlc; 'tL 'i! J.U'tCX~À'Íj. IDàt JLTJ" oüat 'ltCÍ\I'tCX ~pe-
JO j.Ltt i\ XLVti''tCXt 11:01:é, ciel 8' oÕ9év· lcrtt rcXP 'tL O ~d XLVti' 'tcX
xtVOÚjUvcx, xcxt 1:0 'ltpOO'tOV xtvow àx{"'fl'tOV cxu1:6.
METAFiSICA, r 8, 1012 b 22 · 31 185

dizem que tudo está em movimentoll. Com efeito, se


tudo está em repouso, as mesmas coisas serão sempre
verdadeiras e sempre falsas; no entanto, é evidente que
as coisas mudam: a mesma pessoa que sustenta esta tese 25
não existia em certo tempo c em seguida não cxistifál 2•
Se, ao contrário, tudo está em movimento, nada será
verdadeiro c, portanto, tudo será falso; mas foi demons-
trado que isso é impossível. Ademais, necessariamente,
o que muda é um ser e a mudança ocorre a partir de
alguma coisa c em direção a alguma coisa 13 .
(b) E também não é verdade que tudo esteja às vezes em
H'pouso e às vezes em movimento, e que não exista nada de
1'1 (:rno. De fato, existe algo que sempre move o que está em mo- 30
vimcnto, c o primeiro moventc é, por si, imóvcl 14 .
li V R O
/;}.
(Q_UINTO)

----··-·-----------··-·---------------·---···---------·-···---
1
'Apxfl l.iyt-r«' " """ õ8t\l &... "t\Ç 'tOÜ 1tp&y1J.CX'tOÇ 1
n X'Y1'19d7) 1tpci)'t0\l, oio" 'tOÜ 11fpcouç xcxl 68oü lvttü9ev IJ.t" CXÚ't7)
tou• ~Tj, ~ lvcx\l't~ 8i lúpcx· Tj 8e lS&tv &v x&l.l.tO"tCX lxcxcnov
yÍVOL'tO, ofov XCXL 1J.CX9fp!CJ)Ç OÔX cbto 'tOÜ 1tp~'tOU XCXL 'tijç 'tOÜ
1tp&l1J.CX't0( d:PXijc; lYCcm &;px'tÍO\I &:l.l.' l$9t" p~cn' (iy IJ.&·
9ot • Tj 8i õ9t" 1tpW'I:O\I y{~'tCXL lwápxo\l'tO(, oTo" 6>ç 1tÀo(ou
' 'tpóltL( xcxl olx(cxç 9qúl.LO(, XCXL 't6'>V c~ o[ """ xcxp8Ccx\l
ol 8& lrx'fCXÀO\I ol 8' õ 'tt (iy wxcuO"t 'tOLOÜ'tO\I Ú1toÀ.cxiJ.P&-
vou<n\l' Tj 8e õ9'" 'Ytl\lt'tcxt ~~0\1 (.Lfl lwápxo\l'tO( xcxl
1$9'" 1tp6'>'t0" Tj x(\l'ljcnc; dfux&v &pxtG~cx' xcxt Tj (J.t-r«!)ol.Tj,
o!ov 'tà úxvOY lx 1:oü 1tcx1:poç xcxt 'tijç !L71'tPàc; xcxi Tj j.l4x71
. j lx 'tiíc; l.owop~· Tj 8& ou xcx'I:U 1tpocx(ptGt" xwei'tcxt 1:!X
XtVOÚ(J.t\ICX xcxt IJ.t'tcxP&l.l.tt 'tet (.Lt'tcxp&llO\I'tcx, c00mp cxf
't& xcx-M ~ÓÀ.tLÇ &;pxcxt xcxl ex{ 8uvcxcne.i'cxt xcxt cxl pCXO'LÃ.eicx'
xcxl 'tUpcxwC8&c; &;pxcxl l.íyO\I'tCXt xcxl cxl 'tÍX\ICXL, xcxl 'tOÚ'tcuv
cxl &;pXt't&X'tO\ItXCXL IJ.&ÀtO'tCX. l'tt l$9eY 'Y"CU<J'tOY 'tO ~pay11cx
U ~\1, XCXL CXÚ't7) d;pxfl ÀÍyt-r«t 'tOÜ 1tpq1J.«'t0(, o[O\I
't6>" cbto8&!EI(à)v ex[ ll1toOm,c;. l<Jcxx6>c; 8e xcxl 1:!X cxt''ttcx
ÀÍl''tCXL' 1t&\l'tCX yetp U ott''ttex d;pxcx(. 1tex<J6'>\I (.Lt\1 oU\1 XOL·
1. [Os significados de princípio] 1
(I) Princípio significa, num sentido, a parte de alguma coisa
de onde se pode começar a mover-se; por exemplo, uma 35
reta ou um caminho têm um princípio de um lado, e do
lado oposto tem outro 2 . 1013'
(2) Noutro sentido, princípio significa o melhor ponto de par-
tid;l para cada coisa; por exemplo, no aprendizado de
uma ciência, às vezes não se deve começar do que é obje-
tivamente primeiro c fundamento da coisa, mas do ponto
a partir do qual pode-se aprender mais facilmcntc 3•
(3) Princípio significa ainda a parte originária c inerente à
coisa a partir da qual ela deriva 4: por exemplo, a quilha de
uma nave, os fundamentos de uma casa c, nos :mimais, 5
o coração segundo alguns\ o cérebro segundo outros 6 ,
ou ainda alguma outra parte segundo outros.
(4) Em outro sentido, princípio significa n causa primeira e
não imanente da geração, ou seja, a causa primeira do
movimento c da mudança; por exemplo, o filho deriva
do pai e da mãe, e a rixa deriva da ofensa7•
(5) Noutro sentido, princípio significa aquilo por cuja vontade 10
se movt-'111 as coisas que se movem e mudam as coisas que
mudam; como são, por exemplo, as magistraturas das cida-
des, as oligarquias, as monarquias e as tiranias, c do mesmo
modo as artes c, entre estas, sobretudo as arquitetônicas11 •
(6) Ademais, o ponto de partida para o conhecimento de uma
coisa também é dito princípio da coisa; as premissas, 15
por exemplo, são princípios das demonstraçõesY.
Em igual número de sentidos se entendem também as causas,
pois todas as causas são princípios 111•
190 TUN r"!ETA TA <DYIIKA IJ.

võv 'tci)v ~pxci)v 'tÕ ~~'t0\1 dvcxt õ9tv ft l~ntv ft "(tj\IE't<Xt ft


ltrv6>axt't<Xt • 'tOÚ'twv 8i ex[ ~o~.tv lw'ltÓ:pxouacx( dcnv cxl 8f.
lO lx-rót;. 8to i] U cpÚ<nt; ~p)(Tj xcxl 'tO a'tOL)(ELo\1 X<Xt i} 8L«Xvotcx
xc:d i} ~pocx(ptatt; xcxt oôa(cx xcxl 'tO oõ &vtxcx· ~o).Ã(;)v y~p
xcxl 'toü l"ci)\I<Xt xcx& 'tijt; xtvf!aewt; àpxT! 't~ycx9ov xcxl 'tO
X<XÀÓ\1.

2
Ai'ttO\I Ã.é.re.'tcxt l\I<X f.Jlv 'tp6nov lÇ ou y(j\lt't<Xt 'tt lw-
u 7t&:pxov'tot;, otov o xwoç 'tOÜ Ocvapt&v'toç xcxl ó &pyupoç
'tijç cpt&:ÀTjÇ X<Xt 'tcX 'tOÚ'tWY lé.YTJ• !ÀÀ.ov 8f. 'tO d8oç X<Xt
'tÕ 7t<Xp&:8e.tlf.L<X, 'tOÜ'tO 8' tlnlY O ÀÓ"(OÇ 'tOÜ 't( ofjv tf\I<Xt X<Xt
't~ 'tOÚ'tOu ré.YTJ (otov 'tOÜ 8tàt ncxaci)v 'tO 8úo npoç iv xcxt
ÕÀ.wt; ó ~pt9f.L6ç) xcxl 't~ f.Lé.pTJ 't~ lv 't(i> Ã.6y~. l'tt 69tv i}
'o
~PXTi 't'ijç f.LE't<X~oÀijç i} ~p6>'tTJ ft 't'ijç -l)pe.f.LT)atwç, otov ó
~OUÀ.tÚa<XÇ <Xt''ttOÇ, X<Xt O 1t<Xrljp 'tOÜ 'tÍXYOU X<Xt b'Ã.wç 'tO 1COLOÜY
'tOÜ 'ltOLOUf.Lé.YOU X<Xt 'tO f.LE't<X~ÀTj'tLXOY 'tOÜ f.LE't<X~&;).).ov'tOÇ. l'tt
6>t; 'tà 'tÍÀoç 'tOÜ'to 8' llnl 'to oõ lvucx, otov 'toü 7ttpt~cxnrv
i} ôy(tt<X. 8tàt 't( yàtp 7ttpt7t<X'te.!; cpcxf.Lé.v. \'\I<X óytcxhra. xcxl
'~ d~6Y'ttt; oü-rwç ol6f.Lt9cx ~no8e.8wxé.vcxt 'tO <XL'ttov. xcxl õacx
81) xtvfja<XY'toç &llou f.LE'tcxeü lLj\IE't<XL 'tOÜ 'té.Ã.ouç, otov 't'ijç
1ou b úrttCcxt; i} laxvcxa€cx ft i} x&:9cxpatç ft 'tàt cp&:pf.L<XX<X ft 'tàt
lSprcxvcx • ~&:v'tcx y~p 't<XÜ't<X 'tOÜ 'té.Ã.ouç lvw mt, 8tcxcpé.ptt
8t ID~Àwv wç ÕY'tcx 'tcX f.Liv õprcx\I<X 'tcX 8' lpycx. 't~ f.Lt~·
OUY cxr'ttex OX,t8àv 'tOa<XU't<X)(ci)Ç Àé."(t't<XL, aiJf.L~(YEL 8f. 'lt'OÀ-
~ À<X)(ci)t; ÀElOf.Lé.YWY 'tci)Y cxl't(wy X<Xi ~OÀ.À~ 'tOÜ <XÚ'tOÜ cxr'tt<X
e.Ivcxt oú X<X't~ auf.L~E~TJXÓÇ (otov 'tOÜ ~pt&:v'toç xcxl i} ~v-
8pt<XY'tO~Ot'r)'ttxTj X<Xt O )(<XÀ.xOÇ OÚ xcx9' tnpÓV 'tt ~).).' ij clv·
I -METAFiS:CA, 8 1/2, 1013 a 18. b 7 191

Portanto, é comum a todos os significados ele princípio o


fato de ser o primeiro termo a partir do qual algo é ou é gerado
ou é co.nhecido 11 .
Desses princípios, alguns são inerentes à coisa, outros são cx-
temos12. Por isso são princípio a natureza, o elemento, o pcnsamcn- 20
to, o qUerer, a substância c o fim (ele fato, princípio do conheci-
mento e elo movimento de muitas coisas são o bem c o bdon) 14 •

2. [Os significado.~ de causa] 1


(1) Causa, num sentido, significa a matéria de que são fei-
ta~ as coisas: por exemplo, o bronze da cst<Ítua, a prata 25
da taça c seus respectivos gêneros~.
(2) Em outro sentido, causa significa a forma c o modelo\
ou seja a noção da cssênci~1 c seus gêneros; por exem-
plo, na oitava a causa formal é a relação de dois para um
c, em geral, o númcro 4 • I•: <causa neste sentido> são
também as partes que cntnnn na noção da cssêneia'.
(3) Ademais, causa significa o princípio primeiro ela muclan- 30
ça ou elo repouso; por exemplo, quem tomou uma deci-
são é causa, o pai é causa do filho c, em geral, quem fu é
a causa elo que é feito c o que é capa7. de: produzir mu-
dança é c.:ausa do que sofre muclançi'.
(4) Além disso, ;:1 causa significa o fim, quer cli7.cr, o propó-
sito da coisa: por exemplo, o propósito de: caminhar é a
saúde. De fato, por que motivo se emninha? Rcsponck-
mos: para ser saudáveL E di7.cnclo isso consideramos ter 35
dado a causa elo caminhar. I<~ o mesmo vale para todas
as cois<lS guc são movidas por outro c são intcrmcdi<lrias
entre o motor c o fim; por exemplo, o emagrecimento,
a purgação, os remédios, os instrumentos médicos são 1013•
todos causas da smklc.:. Com efeito, todos estão em fun-
ção elo fim c diferem entre si enquanto alguns são instru-
mentos c outros açôc.:s'.
Provavelmente estes são todos os signific.:ados de causa. E
justamente porque a causa se entende em muitos significados,
segue-se que existem muitas causas do mesmo objeto, c não 5
192 TQN META TA <!lYIIKA {).

8pt.OO;· cill. ou 't~\1 CXU'tÕ\1 'tpÓ7tO\I ID« 't~ "(" ~ç ÜÀ1} 'tO
8' C:,Ç 69tv Tj XtVTICJ~), xatt ciÀÀ-f}Àwv otL'tLCX (oiov 't~ novt'tv
lO ..;jç &útÇ(cxç XCXL CXÚ't1) 'tOÜ 7t0\ltt\l' «)J.' OU 't0\1 cxÚ'tÕ\1 'tpOOOV
&:lli 'to !Liiv c:,ç "téÀoc; 't~ 8' ~ç &.px7t xwftat(o)Ç). l'tt 8t
'tCXÚ'tO 't~\1 t\ICXV"ttw\1 tCJ"t(v· 8 r«p 7totpÕ\I CXL'ti.O\I 'tou8(,
'tOU't' cX7tOV cxhtW!Lt9cx i.v(on 'tOÜ t\ICXY'tÍOU, otov 't'ijv cX7tOt.XJ(cxv
'tOÜ xu~tpvfrtou ..;jç cXvcx'tpo1t'ijç, oõ -ijv Tj ncxpot.XJ(cx cx{"t(cx ..;jç
u O'c.>Tflp(cxç li!Lcpw 8€, xcxl. Tj ncxpoua(cx xcxl. Tj CJ"tép1)atç, cxi"ttot
~ç xtvoüv-tcx. - &nexvtcx Sii 'tOt vüv dp1)!Ltvcx cx!'tLCX tL<; 'téncx-
pcxç 'tp6nouç 7tL1t'ttt 'tOUÇ cpcxvt~cX'tOUÇ. 't« !LiY yàtp CJ'tOLXttot
'tWv aullcx~~" xcxl. i) ÜÀ1} 'tWv CJXtuCXCJ't~V xcxl. 'tO nüp
xcxl. Tj yi} xcxl. 't« 'tOLCXÜ'tcx nmcx 't~\1 CJW!LcX'tWV xcxl "tà
20 !Lép1) 'tOÜ llÀou xcxt cxl úno9éCJE.LÇ 'tOÜ O'U!L7ttpá;CJ!LCX'tOÇ ~ç 't'O
lÇ oõ cx!"ttá. tO""ttv· "toú-rwv Se "tàt ~" ~ç 't~ Ó1toXE.(J.ttvov, otov
't« IÚP1l· 'tà: 8& c:,ç 't~ 'tL -iív tlvcxt, 'tó n õ>..ov xcxt -iJ cruv-
Otatç xcxt 't~ t'laoç. 'tO 8& 0'7tép!Lot xcxl ó lot"tp0c; xcxl. ó ~ou­
ÀE.úacxç XCXL llÀwç 'tO 7tOtOÜV, m\l'tcx lí9&v Tj á:pm ~ !Lt"CCX-
u ~oÀ'ijç i\ CJ"tcXCJt(o)Ç. 'tcX 8' ~ 't~ -rD..oç xcxt -r&.ycx9àv
'tW\1 &À.Àwv· 'tO y&:p oõ !vE.XOt ~éÀ"ttCJ'tOV xcxl. -rtÀoç 'tW\1
ãll.wv i9é>..&t &lvcxt· 8LCXcptpt'tW 8& !L1}8&v cxu-ro dntt'v &.ycx-
9õv i\ cpcxtVÓ!LtYOV á:ycx9óv. - 't« 1-LE." oõv cxt-rLCX 'totÜ'tCX xcxl.
'tOCJCXÜ"tcX mt 't~ d8&t, 'tpÓ7tot 8& 't~\1 cxh(wv Ó:pt9!L~ !dv
JO dat nollo(, xtcpcxÀottOÚ!LtVOt 8E. xcxl oõ"tot D..á:nouç. Àéyo\I"CcxL

y«p cxt'"tLCX noÀÀcxx~ç. xcxl. cxu"t~v 't~\1 Ó!Lot~v npoúpwç


xcxt úadpwç &>.>..o IDou, otov úytt(cxç ó lcx"tpoç x«l. ó nxv(-
'tTJÇ, xatl. 'tOU 8t« 7tCXCJ~\I 'tO 8tnÀcXCJtov xatl. Ó:pt9!Lóç, xcxl. &.ti
'tcX ntptéxov-tcx Ó'ttoüv 't~v xcx9' txcxO"'tCX. t'tt 8' C:,Ç -ro O'U!L-
Js ~t~1)xOÇ x«l. 'tcX 'tOÚ"twv ytv1}, ol'ov tiv8ptcXY'tOÇ &U.wç lloÀÚ-
METAFÍSICA, t;, 2, 1O13 b 8 • 35 193

acidentalmente. Por exemplo, tanto a arte de esculpir como o


bronze são causas da estátua, c não da estátua considerada sob
diferentes aspectos, mas justamente enquanto estátua; todavia
nilo são do mesmo modo causas, mas uma é causa como maté-
ria c a outra como princípio do movimentoK. Segue-se também
qut~ existem causas recíprocas: o exercício físico, por exemplo, é
, <"a usa de vigor c este é causa daquele, mas não do mesmo modo:
u vigor é causa enquanto fim, o outro enquanto princípio de 10
111ovimento~. Ademais, a mesma coisa pode ser causa de contrá-
rios. De fato, aquilo que com sua presença é causa de alguma
('OÍSél, às vezes é causa do contrário com sua ausência. Por exem-
plo, a ausência do piloto é causa do naufrágio; a sua presença, ao
mntrário, é causa de salvação 111 • rJànto a presença como a ausência
.\;io causas motoras. 15

As causas de que falamos reduzem-se a quatro tipos. De


lato, as letras das sílabas, a matéria dos artefatos, o fogo, a terra
t' Iodos os outros corpos como estes, as partes do todo c as premis-

sas elas conclusões são causas no sentido de que são aquilo de que
as coisas derivam. E, em geral, dcstas 11 (1) algumas são causas en- 20
quanto substrato (por exemplo, as partes) 12 , (2) outras enquanto
('ssência (o todo", a composiçãoH c a forma). (3) O sêmen, o
médico, quem opera uma escolha c, em geral, o agente são princí-
11ios de mudança ou de quietude". (4) Outras são causas enquan-
to são o fim c o bem de outras coisas: o escopo é o bem supremo 25
e o fim das outras coisas (e aqui não importa que se trate do bem
<real> ou do bem aparcntc) 1 ~.
Portanto, estas são as causas c este é o número de suas es-
pécies. O modo de ser das causas são numerosos, mas também
eles são redutíveis a poucos 17 •
(A) Também as causas da mesma espécie se entendem em 30
111uitos significados; entre estes, uma é causa em sentido anterior
c a outra, em sentido posterior: por exemplo, tanto o médico como
o prático são causas da saúde, c são causa da oitava tanto o dobro
l'omo o número, e as causas gerais que envolvem as causas parti-
culares são causa de cada um dos efeitos particularcs 1s.
(B) Existem, ademais, as causas acidentais e seus gêneros:
num sentido a causa da estátua é o escultor e noutro é Policleto, 35
19~ TQN f_,ET A T.A <I>YI IKA A

xÀtt't'OÇ xcxt &:Uwç &v8puxvt<mot.6ç, &n <NIJ.~éP"'xt 't'êl> &v-


1014" 8p~o1totcl> DoÀuxÀd't'~ e!vcx~ • xcxt 't'cX 1ttptlXO'tl't'Ot 8& 't'O
<NIJ.~'P"'x6ç, olov &v8pw11:oç etL't'LOÇ civSptmoç, '11 XOtt 8Àwç
~ci)ov, 8't'~ o TioÀÚXÀtt't'OÇ civ9pw1tOÇ o 8& &v8pw11:oç ~ci)ov.
lcrn 8~ XOtL 't'W'tl OU!L~tP"'x6't'Ca>'tl liÀÀet rowv 1t0ppoonpov XOtl
5 t"('"t'Ú't'tpov, o!ov d o Àwxoç xcxt o ~touaucõç cxt''t'toç Àt-yot't'o
't'OÜ &v8p~ávtOÇ, &ÀÀcX !L~ IJ.ÓVO'tl fioÀÚxÀtt't'OÇ +j civ9pw1tOÇ.
1t0tpci 1tá'tl't'et 8& xcxl 't'cX olxt!wç Àt"fÓ!LtVOt xoci 't'cX XOC't'cX
ou~tPtP"'x6ç, 't'ci ""'" c!>ç 8uvá~Ltvet Àtrt't'ett 't'àt: 8' ooç tvtp-
roü'tl't'Ot, o!ov 't'OÜ olxo8o~J.t!a9cxt olxo86~toç '11 olxo8o~J.w" olxo-
u• 8611oç. o~J.oíwç 8& Àtx9~at't'ett xcxi lql' c:>v etL't'tcx 't'ÕI etL't'Let
't'otç dPTI!Lévotç, o!ov 't'068t 't'oii .XVSptmoç i] &v8pl.ávtoç '11 ~Àwç
tlx6voç, xcxt xetÃxoü 't'oii8t i] xcxÀxoü i] 8Ãwç GÀ"'ç xcxl t1tl
"têi)Y GUiJ.~f.~'I)X6't'W'tl WGCXÓ't'WÇ. l't'L 8& OU!L1tÀtx6~J.tVOt XOtL
't'OtÜ't'Ot xd:xttVOt Àtx&ítat't'Ott, otov ou DoÀúxÀtt't'oç oõ8& &v-
u 8p~<motoç &ÀÀàt: TioÀúxÀtt't'oç &v8ptetvt<ntot6ç. à::U'
lS~twÇ &1cOtVtá -yt 't'etÚ't'' tCJ't'L 't'O !L&v 1tÀTj9oç iÇ, ÀtlÓIJ.tVOt
8& 8tx6"lç· i] -ycip wç 'to xcx9' lXOtCJ't'ov i] ooç 'to rtvoç, i]
WÇ 't'O OUIJ.~~TIXOÇ i] WÇ 't'O rtvoç 't'OÜ <N~J.PtPTIXÓ't'OÇ, i]
c!>ç ou1111:>.tx611tvcx 't'Otii't'cx i'l wç &.mwç >.t1611tw, 11:ávtcx 8& +i wç
2G t'tltPlOÜ\I't'Ot +j XOt't'cX 8úVOtiJ.L'tl. 8tetcpéptt 8~ 't'OGOÜ't'O'tl, 8't't 't'ÔC

loliv tvtp-yoüvtOt XOtL 't'àt: xcx9' lXOta't'0\1 ci~Let lCJ't't xocl oõx mt
xoct <:>v ett''t'ux, o!ov l>St ó lcx't'ptúwv 't'cl>8t 't'êl> Ú-yLOt~OIJ.t"~
xocl B8t ó olxo86~toç 't'cl>8t 't'êl> olxo8o~J.ou!Lé~. 't'cX 8& x~'t'ÔC
8úVOt~ttv oõx &:te· cp9t!pt't'Ott ràcp oõx ci~tcx ~ oLx(cx xcxt o
21 olxo861J.OÇ.
I M~TAFÍSICA,.ll.2, 1013b36·1014a25 I 195

porque ;,~contccc ser ele o escultor. E são causas também os gê- I O14"
neros d;,~s causas acidentais CJUe incluem as causas acidentais
particul;~rcs; por exemplo, a causa da estátua é o homem ou, em
geral, o animal, porque Policleto é homem c homem é animal.
Também entre as causas acidentais, algumas são me~is longínquas,
outras mais próximas; como, por exemplo, se ;Jlguém dissesse
que êl causa da cst<ltua é o branco c o músico, c não só Policie to 5
c o homem~''.
(C) Todas as C<lusas - quer sejam entcndide~s em sentido
prôprio, quer em sentido acidental -são assim chamadas, (a)
;~lgumas enquanto são em potência, (b) outras enquanto são
em ato: da construção de uma casa, por exemplo, a causa é um
e~rquiteto que pode construir, ou um arquiteto que estcí atual-
mente construindo 211 • (O mesmo vale para os efeitos produzidos
pelas causas; por exemplo, poder-se-á dizer que algo é causa dessa lO
estátua particular, ou ela estátua ou, em geral, da imagem 21 ; c
poder-se-á também dizer que é causa desse bronze particular,
ou do bron1.c ou, em geral, da matéria22 . E o mesmo vale para os
efeitos e~cidcntais)Z'.
(D) Ademais, poder-se-á falar c combinar as causas enten-
didas em sentido próprio e as causas entendidas em sentido aci-
dental; por exemplo, quando não se diz simplesmente "Polidcto"
15
ou "escultor", mas "Policleto cscultor"24 •
Todas essas causas se reduzem a seis, c cada uma delas,
ulteriormente, é entendida num duplo scntido2s. Elas são causas
ou (l) comope~rticularou (2) como gênero, ou (3} como acidente ou
(4) como gênero do acidente, ou (S) como combinadas umas c
outras ou (6) como tomadas cada uma por si; c todas elas são
entendidas (e~) ou como causas em ato ou (b) como em potên-
eia26. Porém, estas diferem no seguinte: as causas em ato c as 20
c;~usas particulares existem ou não existem contemporancamcnte
às coisas das quais são causas; por exemplo, este médico particular
que está curando c este paciente particular que é curado, ou es-
te arquiteto particular que está construindo e esta casa que es-
tá em construção. Ao contrário, para as causas em potência não
é sempre assim: de fato, a casa e o arquiteto não perecem ao
mesmo tempo27 • 25

........
196 TON META TA <llY!IKA 1\

3
l:'tOLX,E'.l0\1 ÀÍ"(t't<Xt lÇ OÚ GÚ"(Xtt'tCXt 1tp~'tOU lvU1tá:p-
X,O\I'tO~ à.8tcxt.pÍ'toU 'têil d'8Et de; iupov e18o~, o!ov cp(J)vij~
crtOLX,E.'t<X li; WV GÚ"(nt'tCXL ~ <p(J)VfJ XCXL E[~ a 8tcxtpEf'tCXt
iax<X"tcx, lxttvcx 8& j.L'I)Xh' d~ &llcxç cp(J)vàt~ l-.&pcx~ -.ct>
'o d&t cxÕ't6>v, à.lla x&v 8tcxtpij'tcxt, -.a j.LÓptcx Ój.LOtt3-Tí, otov
ü&:-.oc; ..0 j.LÓptov 68rop, à.ll' oõ 'tijc; m>ÀÀcxl"j~. Ój.Lo€c.>~ 8&
XCXt 'ta 'tCÍ>\1 O'(J)j.L&'t(J)V crtOLX,EfCX ÀÍ"(OUO't\1 OL ÀÍ"(OV'tt~ E[~ CX
8tcxt.pet-.cxt -.« O"~j.L<X't<X laxcx-.cx, lxCtvcx 8t IL1JXÍ't' d~ &llot
d&t 8tcxcpépO\I'tCX. XCXL ern S\1 er'te 1tÀd(J) 'tcX 'tOtcx&tcx,
U 'tCXÜ'tCX O"tOLX,t't<X ÀÍ"((UO't\1. 1tCXpCX1tÀ'l)O'((J)c; 8t XCXt 'tcX 't00\1
8tOt"(pCXj.Lj.Lá:'t(J)V O"tOLX,tÍOC ÀÍ-yt'tCXt, xcxt lSÀ(J)Ç 'tà: 'tCÍ>\1 à.1t0·
8dÇt(J)V" cxt "(à:p 7tp(;)'tcxt à.11:oodÇ&~ xcxt lv 1tÃdoO"tv à.7to-
tot4 • 8t(ÇtO"LV lW1tá:pX,OUO'CXt, CXÚ'tCXt O"ttLX,tLcx 'tCÍ>\1 à.7to8t(ÇE'.(J)\I ÀÍ·
"(0\l'tCXt. tt<Jt 8t 'tOLOÜ'tOt GUÀÀO"(tO'j.LOt OL 1tpOO'tOL lx 't00\1
'tpt6lv 8t' l\IOc; j.LÍO"ou. xcxi j.Lt'tcxcp&povn~ 8& crtotx.&tov xcxÀoü-
O'L\1 l\l'ttüOev ô &v tv 8v xcxt j.LLXpÕV l1tt 11:ollà: t )Cp'i)O"t·
s j.LOV, 8to xcxt -.o j.LLXpOV xcxt &11:Àoüv xcxt à.Stcx(pe'tov cnot·
xetov ÀÍ"(t'tCXt. l>Oev UT)ÀuOE. 'tà: j.Lá:ÀLO"tCX xcx06Àou crtOtX,E.tcx
e!vcxt, Õ'tt lxcxcrtov cxÕ't6>v 1v 8v xcxt CÍ1tÀoüv lv 11:ollot~ Ú1tá:p·
xu +i 1t~O'tV +i lht 7tÀdcnot~, xcxt 'tO &v xcxl 'tfJv crtt"(j.LfJ\1
cipx.á:c; 'tLO"t 8oxttv E!vcxt. l11:d oõv 'tà: xcxÀoÚj.Ltvcx "(Í\11}
10 xcx06Àou xcxt à.Stcx(p&'tCX (oU rap lcnt ÀÓ'y'oc; CXU't00\1) , O"tOLX,ttcx
'ttX "(Í\11} Àé"(ouo{ nv~, xcxl j.L«llov +i 't7jv 8tcxcpopà:" Õ'tt
xcx06Àou j.L~Àov 'tO rtvoç 4> j.LtV "(cXp ~ Stcxcpopà: Ú7tá:p-
X&L, xcxt ..0 r&voc; à.xoÀouOCt, é;> 8& 'tO rtvo~, oõ 1tCX\I'tL ~
8tcxcpopá:. &7tM(J)V 8t xot\IOv 'tO e!vcxt cnotX,ti'ov há:crtou 'tO
u 1tpCÍ>'rov lW1tá:px.ov lxá:crt(t).
METAFiSl:A. AJ, 101.4a 26-b 15 19.7

3. [Os significados de elemento] 1


Elemento <tem os seguintes significados>.
(I) O primeiro componente imanente do qual é constituí-
da uma coisa e que é indivisível em outras espécics 2•
(a) Por exemplo, os elementos da voz são as partes das quais a
voz é composta c nas quais se dissoJve; estas, com efeito, não po-
dem mais dissolver-se em c;ons ulteriores, diferentes entre si pela
espécie. E mesmo que fossem ultcriom1cntc divididas, suas partes
seriam sempre da mesma cspécíc como, por exemplo, a âgu<l é parte 30
da água, enquanto a sílaba não é parte da sflaba. E, de modo seme-
lhante, também os que falam dos elementos dos corpos entendem
por elementos as partes últimas nas quais os corpos se dividem:
partes que, ultcrionncntc, não são mais divisíveis em outws espécies
diferentes. E quer exista destas partes um único tipo, quer existam
mais de um, esses filósofos os denominam elementos;.
(b) De modo semelhante se fala de elementos das demonstra- 35
çôes geométricas c, em geral, de elementos d<lS demonstrações.
De fato, as demonstrações que são primeiras c <.JUC estão implíci-
tas em muitas outras demonstrações são chamadas elementos das 1014"
demonstrações: dcss<l natureza são os silogismos primeiros cons-
tituídos de três termos, dos qu<Jis um tem a função de médio".
{2) Alguns, por tnmsfcrência, (a) chamam elemento o que,
sendo um c pequeno, pode servir a muitas eoisHss. Por
isso o pequeno, o simples c o indivisível são chamados 5
clemcntos 6 .
(b) Da<.JUÍ deriva a convicção de que as coisas que são mais
universais são mais elementos, enquanto c.:ada uma delas, sendo
uma e simples, está presente em muitas coisas'; em todas ou na
maioria dclasx. E da<.Jui deriva tmnbém a convicção de que o um
c o ponto- segundo alguns- são clcmcntos'J. Ora, dado que os
gêneros são universais c indivisíveis 111 (de fato, deles não existe de- 10
finição), alguns fil6sofos sustentam que eles são clcmcntos 11 , c
com maior razão do que as diferenças, porque o gênero é mais
universal. De fato, onde há diferença há também sempre o gênero,
enquanto que onde há o gênero nem sempre há difcrcnça 12 •
Comum a todos esses significados é o seguinte: elemento
de cada coisa é o constitutivo primeiro a ela imancntcn. 15
199 TON i'iETA TA<I>YIIKA.ll

4
~ÚO'tÇ Àtyt'tOtt t'IIOt !dv 'tptm0\1 ~ 'tc;)'llq>UO(.Lf'IIW\1 yt-
'lltO'tÇ, o!ov er 'ti.Ç lTCtxUt'IIOtÇ Àtyot 'tO u, l'IIOt Se lÇ oõ lj)Út-
'tOtt TCpW'tou 'tO q>UÓ(.Lt\10'11 lwTCIÍpXO'II'tOÇ' t'tL lS9ev ~ Xt\ITI01.Ç
~ 1tP~'t11 lv Lxá.crt<!> -ci;>v q>ÚO'tt õv-cwv lv eto't<'t) ti etõ-to
zo ó1t&:pxet • q>úe0'9ett Se ltye-rett ÕGet etú~GLv lxe.t St' htpou
'tci> &TCUG0ett XOtL O'U(.LTCtq>Uxf'IIOtt ~ TCpOO'TCtq>Uxf\IOtt ~tp
'tÕt l(J.~pUOt' Stetq>tpet 8e O'Ú(.L'fUO'tÇ &cpiiç, lv9et (llv yàtp
oõS~v TCCtpà 't'i}v ~ lnpov &'II&:"(X11 t!VOtt, lv S~ 'tOtç GU(.L·
aq>UXÓO't'll lcrtt n iv 'CO OtÚ'tO t\1 cl(.Lij)Ot\1 8 TCOLtt clV'tL 'COÜ
2'
&~eaGett GU(.L1ttq>uxl\10tt xeti. t!VOtt iv XOt'tOt 'tO GUVtX~ xett
TCoO'Óv, &llàt 1.11! XOt'tàt -co 1tot6v. · ln Se q>óGr.ç ltye-cett
~ oÚ 1tpW'tou 9j mtv 9j "(t"(\\t'tOt( 'tt -cwv q>ÚO'tt ÕV't<J)\1 1 cXppu-
9(.L(O'tOu ÕV'tOÇ XOtL cX(.Lt'tOt~'Íj'tOU lx ti'jç SuviÍ~ 'tiiç OtÚ'tOÜ,
otov &vSpt&:Y'toç XOtL -cW\1 GXtuwv -cc;)v xetÃxWv ó xOtÃxoç ~
)O q>úcnç Ãfyt'COtt, 'twv Se Çu).(V<J)v Çúlov· Ó(.LOCwç Se XOtl lTCl

'tW'II 4À~v· lx 'COÚ'tCU\1 "(IÍp mt\1 tXOtO'tO'II StOtO'W~O(.Lf""'Ç ti'jç


TC~'tT}Ç 6ÀT}Ç 'tOÜ'tO'II ,"(Otp 't0\1 'tptmO'II XOtL 'CW\1 q>ÚO'tt Õ\I'CW\1
'tdt O'tOtXtrá q>OtGtv t!VOtt q>ÚGtv, o{ (llv mip oi 8e yiív o{
S' &tpet oi S' üacup oi S' &llo -ct -cotoü'tov ).tyoV'ttÇ, oi 8'
n lvtet 'tOÚ'tcuv ol Se TCIÍ'II'COt 'tetü-ret. l-ct S' &ÃÀov "tpÓTCov ).f.
ye'COtt ~ q>ÚO'r.ç ~ 'twv q>ÚO'tt ÕV'tcu\1 oÚG(Ot, o!ov ol À&yov"ttÇ
't'i)v q>Úcnv t!VOtt 't'i}v TCP~'tTl" aúvOecnv, i} ~tp 'E(.LTCWoxÀií~
lOlS• Àtyet &n "q>6GtÇ oúSevbç fO"ttv lóV'tcuv, I illdt IJ.ÓVOv IJ.'iÇ{ç u
8t&:lletÇCç n !J.t"(fY'tcuv I &cr-n, q>ÓO'r.ç 8' lTCi. 'CO'tç OVOIJ.IÍCt-cett
METAFÍSiCA, L14, IOI<Lb l6·1015a 2 199

4. [Os significados de natureza]'


N<1turcza significa, (I) num sentido, a geração das coisas que cres-
cem (assim se cntendcnnos como longa a letra 'V' da palavra cpú01ç1).
(2) Noutro sentido, natureza significa o princípio originário
c imanente, do qual se desenvolve o processo de cresci-
mento da coisa que crcscc 1 .
(3) Ademais, natureza significa o princípio do primeiro mo-
vimento que se encontra em t·ada um dos seres naturais
c que existe em cada um deles, justamente cnqu<lnto é
ser natural~. E diz-se que crescem as coisas gue recebem 20
incremento por obra de algo exterior, por contato com
ele c constituem uma unidade ou uma orgânica continui-
dade, como no caso dos embriões. (A união é diferente
do contato: neste último não se exige nada além do pró-
prio contato; na união existe algo que é uno c idêntico
nas duas partes, fazendo com que, em vez de simples con-
tato, exista uma verdadeira unidade, c fazendo com que
as partes sejam uma <.:oisa só com relação à continuidade 25
c à quantidade, mas não segundo a qualidade)'·
(4) Ademais, natorcza significa o princípio material originário
do qual é feito ou do qual deriva algum objeto natuml, c que
é privado de forma c incapaz de mudar em virtude unica-
mente da potência que lhe é própria(', Por exemplo, di7.-se
que a natureza de uma cst<ítua ou de um objeto de bronze é
o bronze, enquanto dos objetos de madcim ~a madeira; c o
mesmo vale para todos os casos. De fato, cada um desses 30
objetos é constituído desses elementos sem que se mude a
matéria prima <da qual é çonstituído> 7. Nesse sentido, al-
guns <.:hamam natureza os elementos dos seres naturaisx. E
alguns dizem que elemento é o fogo~, outros que é a terra 111,
outros que é o ,u 11 , outros que é a água 12 <.:outros que é algo
semelhante'\ outros dizem que os elementos são mais de
um H c outros, enfim, que elementos são todos''· J5
(5) Além disso, noutro sentido, natureza significa a substân-
cia16 dos seres naturais. Assim a entendem, por exemplo,
os que diz<.:m que a natureza é a originária composição ou,
como Empédoeks, que "de nenhuma das coisas que são 1015·'
existe uma natureza I mas apenas mistura c separação
200 T.QN META TA C!>YIIKA à

civ9p6>nototv". 8w xcxl õacx !fÚCJE.t Éa'tt\1 1\ "(t')'Y&~cxt, ii&r)


órc&px_o~o~ !Ç OÚ 1tÍ<pUX& "((')'Yta9CXt f\ tfvcxt, OÜ1t6> !pCX!J.lY
, rl)v !fÚatv lxe.tv ~" 1"11 ln ~o e.Y8oç xcxl rl)v 14opcpfjv.
!pÚcn.t jdv oli" -.o !Ç cij.l.!podp<a>v ~oÚ~6>" lcn(.,, o!ov ~a Cc{)cx
xcxl 'tOe j.~.Óptcx CXÜ~ci)v· ~:púat~ 8f. ij ~& 1t~'t'Jl GÀ1} (xcxl cx6tT}
8tx.ci)~, 1\ ~ npo~ cxÕ'to npwtT} 1\ ~ ÕÀ6>~ n~'t'Jl, o!ov -.ci)v
X,cxÀxci)v lp"(6>\l 1tpo~ cxõ-.a j.l.tY npci)~oç ó xcxÃx6ç, OÂ6>~ 8'
lO ta6>~ im6>p, tl 1tMIX -.a 't'J'IX~a Ü86>p) xcxl ~O &Y8oç xcxl ~
oõa(cx· 'tOÜ~O 8' l<J'rl 'tÕ ~€Ào~ 't7íç "(&Y€GWIÇ. j.l.&'tiX!pOpi 8'
ii811 xcxl ÕÀ6>ç riacx oôatcx !pÚa~ Àlyt~cxt 8tàc ~cxÚ't1)v, Õ-tt
xcxt ~ oôatcx ~:púatç ~c~ l~w. &x 871 tci)v tlP1}jA.€Y6>v ~ n~tT}
!fÚatÇ xcxl xup((l)ç Àe.yoj.I.ÍY1} l~iv ~ oõatcx ~ ~ci)v lxmwv
u cipxilv xtvf}(JE.(I)ç !v cxÚ'to!ç 'fi cxÕ'tá. • Tj yàcp ID-11 ~c{) -tcxÚtT}ç
8e.x~tx71 e.Tvcxt Àl"(&~IXL !fÚGLÇ, xcxl cx[ ye.v€cn.LÇ xcxl 'tÕ !pÚ&-
aOcxt ~c{) ci1to -tcxÚ't'Jl~ eT.,cxt xtvf}ae.~. xcxl 1t dtpxil 'tilç xtvT)-
(JE.(I)~ -.<i)" !fÓae.t Õ~6>" cxÜ't'Jl la't(v, tW1tá.pxouaá. 1t6>~ 1\ 8u-
vcXj.l.&t 1\ l~À&X,&~.

5
20 'Avcx"(XXCrov À€yt~CXL oõ &ve.u oõx tv8€xncxt tT}Y w~
auvcxtnou (otov 'tÕ dtvcx1tY&!v xcxl ~ ~po!fil -t<i) t~ dtvcxr-
xcxrov, dt8úvcx-.ov yclp clvw ~o~wv e.Yvcxt), xcxi 6>v <iveo ~o
ciycx9ov 147l tv8tX,&'tCXt f\ tfYCXL i'j "(&Y€a9cxt, fl ~O xcxx0\1 Ot1t0•
pcxÃerv fi ~&P1}9Tjvcxt ( oYov ~o 1tte.!v ~o !fcXp!J.cxxov dtvcxyxcxrov
n tvcx !J.il xá.j.l.vn, xocl ~o nÀ&üacxt d~ A!ytYCX\1 \'vcx dtnoÀá.~tl
'tcX XP~'tCX). l'tt ~o ~(cxLOY xcxt Tt ~(ex· ~oü~o 8' ml 'tO

................................... ................
METAFÍSICA, ll 4/5. IO15 a 3 • 26 201

das coisas que são misturadas I e natureza é só um nome


dado a estas pelos homens''. Por isso de todas as coisas que
são ou que se geram naturalmente, mesmo que já esteja
presente aquilo de que deriva, por natureza, seu ser ou sua
geração, enquanto ainda não tenham sua fom1a c sua figu-
ra, dizemos que ainda não têm sua natureza. Portanto, objc- 5
to natural é o que é C'omposto de matéria e de forma; por
exemplo, os animais c suas partes''· E natureza não é só
a matéria primeira (c esta é "primeira" em dois sentidos:
ou é primeira em relação ao próprio objeto, ou é primeira
em geral; por exemplo, no caso dos objetos de bron:~.c,
o bronze é matéria primeira desses objetos, enquanto maté-
ria primeira em geral é, talvez, a água, se admitirmos que
tudo que se dissolve é água 's), mas também a fonna e a lO
substância: c esta é o fim da geração 19 •
(6) Por extensão c em geral, toda substância é dita natureza
em virtude da forma, porque também a forma é uma
na tu rc~a 211 •
Do que se disse fica claro que a natureza, em seu sentido
origimírio c fundamental, é a substânc.:ia 21 das coisas que possuem
o princípio do movimento em si mesmas c por sua essf:ncia 22 :
com efeito, a matéria só é diti:l natureza porque é capaz de receber 15
esse princípio, c a geração c o crescimento só porque são movi-
mentos que derivam desse mesmo princípio2'.
J:t: esse princípio do movimento dos sere!' naturais, que de
algum modo é imanente a eles, ou é em potência ou é em atcl1•

5. /Os significados de necessário}'


(I) Necessário significa (a} aquilo sem cujo concurso não é 20
possível viver: a respiração e o éllimcnto, por exemplo, são
necessários ao animal porque este não pode existir sem
eles. (b) E significa também aquilo sem o que o bem não
pode existír nem se produzir, ou aquílo sem o que o mal
não pode ser eliminado ou evitado: tomar um remédío,
por exemplo, é necessário para não ficar doente, c navegar
para Egina é necessário para ganhélr dinhciro 2. 25
202 T.QN IV•ETA TA <I>YIIKA I>

ncxp& 'tf!v Óp!J.flv xcxt Tijv 7tpocx(peow e!J.1t08€~ov xcxl. xwÀu-ti.XÓ\1,


'to ydtp ~!cxuw civcxyxcxrov Ãéyt'tcxt, 8to xcxt Àu1tT)p6v ( womp
xcxi. El1r)v6ç <pTJat "1t® ydtp civcxyxcxrov 7tpáy!J.' civtetpàv
lO lcpu' ') , xcxt ij ~(ex civcíyXTJ 'tLÇ (wa1tep xcxi. :EocpoxÀTjç Àfyet
"ci).).' ij ~{ex IJ.f. 't<XÚ't 1 cXV<Xyx!Í~et 7tOte'Lv"), xcd ooxet ij
civcíyx7j cij.Lt'tcX1teta'tÓV 'tt t!vcxt, op&wç t\I<XV'tLov ydtp 'Pj
xor;u "t'ijv npocx(pootv xtvf)att xor;t xcx-rdt -rov ÀoytO}!Ó\1. l-rt
-ro IJ.Ti lv8ex.6[.LtVOv cXÀÀwç lx.ew civcxyxcxt6v cpcx!J.eV OÜ't'wç
3S lx.etv· xcxt xor;-rdt 'toiho -tO civor;yxcxtov xcxl. 'tcXÀÀOt Àéyt'tor;(
nwç ãn:OtV'tcx civor;yxcxtor;· 'tÓ n ydtp ~(or;uw Myxcxtov Àt·
tots b yt't'Ott T} 1tCHt!v T} 7tCÍax_etv 'tÓ't'e, Õ't<X\1 IJ.Ti lv8tx.71't<XL xcx'tdt
"t'ijv Óp!J.TjV 8tdt 'tO ~t~ÓIJ.f.VOV, WÇ 't<XÓ'tTJV civcíyx1]V ouaor;v
8t' 11v [J.Tj lv8fX,t't<Xt ~ÀÀwç, xcxl t1tl 't'Wv auvcxt't((I)V 'tOÜ
. ~ij\1 XOtL 'tOÜ ciyor;Qoij WG<XÓ't'WÇ (kcxv yÕtp [.L~ e\18f.X,1'j't'Ott tv9or;
s !J.tv -ro ciyor;9ov lv9cx 8& -ro ~ijv xcxt 'tO t!vcxt &veu 'ttvwv,
't<XÜ't'<X civcxyxcxtor; xcxl ij cxh(a MYXTJ "tÍÇ ia'ttV <XÜ'tTJ. l"tt
ij à.n6SetÇLÇ 'tW\1 civcxyxcx((l)v, Õ'tt oux lv8tx.t't<Xt &ÀÀwç
lx.ew, tl à:no8&8et.X'tcxt &:1tÀwç 'toÓ't'ou 8' or;t'-rtcx 'tOe 7tpW"tOt,
tl ciSúvcx'tov cXÀÀwç lx.etv lÇ wv ó auÀÀoyta[.LÓÇ. 'tW\1 [.L&v
10 8~ enpov cxr'ttO\I 'tOÜ à:vcxyxor;!or; e!vcxt, 'tWV 8t ou8tv, ciÀÀcX
8tdt 't'CXÕ'tOt l'tep« ta'tL\1 eÇ civcíyXTJÇ. WG'tt 'tO 7tpW'tO\I xor;l
xup(wç M'YX<XLo\1 't'Õ cinÀOÜV eG"t(v• 'tOÜ'tO yÕtp OUx ev8éX,t't'OtL
7tÀtOVOtX,wç lx.etv, Wa't' oõ8t cXÀÀwç xcxl cXÀÀwç· i'íSTJ y~
nÀtovcxx.wç &v lx.ot. d &pcx la-ttv &ncx .Xt8tat xcxt cix€-
u VTJ't'Ot, oõS&v Lceívotç la'tt ~(cxwv ou8t nor;p& cpóaw.

_______________________..........u......................
-
~
~- METAFiSICA, ll. .5, I O15 o 27 • b 1.5 203

(2) Além disso, necessário ~ignifica o que obriga e a obriga-


ção'. E isso é o que ~e opõe como obsb.ículo e como
impedimento ao impulso natural c à deliberação racio-
nal. De fato, o que é obrigação se diz necessário c por
isso também doloroso, como di:r. Evcno: "Tudo o que é
ncccss<írio é natureza ohrigatória"1 . E a obrigação é uma 30
necessidade, como também Sôfoclcs afirma: "Mas a
obrigação me constrange a fazer estas coisas";. E a neces-
sidade pan:cc ser algo inflexível, c com razão, porque se
opõe ao movimtnto decorrente da deliberação c do
raciocínio.
(3) Ademais, dizemos que é necessário que seja assim o
que não pode ser diferente do que e•. E desse significado 35
de ncccs~ário derivam, de certo modo, todos os outros
significados. De fato, dizemos que o que é obrigado é 1015~
constrangido a fazer ou a sofrer quando, por força da
obrigação, não pode seguir ~ua tendência, o que signifi-
ca que a ncccs~idadc é aquilo por força do qual uma
coisa não pode ser diferente do que é. E o mesmo vale
para as coisas que são causa da vida c do bem: quando
é impossível que o hem c a vida existam sem que existam 5
determinadas coisas, estas são necessárias c c:sta causa
é uma necessidade.
(4) Além disso, no âmbito das coisas necessárias entra tam-
bém a demonstração, porque- em se tratando de uma
verdadeira dtmonstração- não é possível que as con-
clusões sejam diferentes do que são. E a C.:<lusa des~<J
necessidade são as premissas, se é verdade.: que as propo-
~içõcs das quais o silogismo deriva não podem ser dife-
rentes do que são7 •
Algumas das coisas que são necessárias têm fora de si a causa 10
do seu ser nccc.:ssárias; outras não a têm fora de si c são elas mes-
ma~ as causas pelas quais outras são necessárias. Portanto o sen-
tido primário c fundamental de.: necessário é o simples, pois este
não pode ser de muitos modos c, conseqüentemente, não pode
ser ora de um modo, ora de outro, pois nesse caso seria ele muitos
modos\ Se, portanto, existem seres eternos c imóvcis'1, neles não
pode haver nada guc seja forçado nem contra sua natureza 111 • 15
20.4 HlNMETA TA<DY:!:IKAA

6
.. Ev Àlye:tcxL "to !J.tY XCX't~ ou!J.~~rptàç 'tÕ 8f. xcx6'
cxÕ't6, xcx"t~ OUIJ.~&~T)xÕÇ ~J.ev otov Kop(axoç xcxl. "to !J.Ouat-
x6v, xcxl Kop(axoç IJ.OUCJLXÓç ( 'totÔ'tO ~p d7tttv Kop(axoç xcxt
'tO IJ.OUCJLXÓv, xcx\ KopLoxoç IJ.OUCJLXÓç), xcxl. 'tO IJ.OUCJLXOv xcxt 'tO
20 8(xcxLOY, xcxt IJ.OU(JtXOÇ (Kop(oxoç} xcxt SCxot!.OÇ Kop{axoç ~­
'tot y~p "totü"tcx &v Ãlyt"totL xcx"t~ ou!J.~t~x6ç, "to IJ.eY 8CxcxLov xcxt "to
IJ.OUOtxov Õ'tt !J.t~ oõ~ OU!J.~Í~T)Xtv, 'tO 8! !J.OUCJtXÕv xcxl Ko-
p{oxoç Õ'tt 91inpov 9cx"t'Íp<t> ou!J.~Í~ev· Ó!J.oCroç 8f. 'tpÓ7tOY
'ttv~ xcxl. ó IJ.OU(JLXOÇ KopCoxoç 't~ Kop(CJX<t> iv Õ'tt O«npov
:z.s 'tWY IJ.OP LWY 6cx"tépctl OU!J.~Í~T)Xt 'toov lv 't~ ÀÓYctl, oiov 'tO
IJ.OUatXÕ\1 "tci> Kop{oxctl· xcx\ ó IJ.OuoLXÕç Kop(oxoç 8txcx(ctl Ko-
.pÍCJX<t> IS"tt éxcx'ttpou !J.Ípoç "tci> otÕ't(i> i.vt OU!J.~Í~T)X&Y lv.
roCJotÚ'tCUÇ St x&v t7tl ylvouç x&v t7tl 'tWY xcx96Àou 'tt\IOÇ õvo-
!J.IÍ'tCUY Àé'Y'T)'tott 'tO OUIJ.~~x6ç, otov Õ'tt civ6pcu7toç 'tO cxÕ'to
Jo xcxl. IJ.Ouotxbç &v6p(J)7toç 1\ y~p lht "tci> &v8pw7t<t> I!~ olJCTQ
ooo(~ OUIJ.~Í~T)Xt 'tO !J.OUCJLXÓY, 1\ Õ'tt cX!J.cpc.> 't00\1 xcx6' Excx·
crt6v 'tLYt OU!J.~Í~ev, oiov Kop(o;l((t). 7tÀflv oõ 'tOY cxÕ'tov
'tpÓ7tO\I cX!J.<pW Ú7tiÍPXtt, à;).).àt 'tO jJ.e\1 LCJWÇ roç yévoç Xotl
lv 'tlj oõoC~ 'tO 8t 6>ç lÇt<; 1\ 7tiÍ6oç tijç oÕCJÍott;. - õacx !J.iv
J,S oÚ\1 Xot"t'cX OUIJ.~&~T)XOÇ Àt"(t'tott tY, 'tOÜ"t'0\1 'tÕY "tpÓ7tOY Àtyt·
"t'CXL" 'tWY Se xcx9' écxU"tcX t\1 ÀtyOJ.LtYW\1 "t'cX J.LeY ÀÍyt'totL "t'~
1016• ouvexií e!vcxt, o!ov cpcXxtÀoç 8ta!J.(\) xcxt ~Àcx x6ÀÀ"(I"
Xott ypot!J.J.L'ÍI, x&v X&XCX!J.J.LÍYT) n. ouvexflç Sé, J.L(cx Àtyt"tott,
W0"7ttp xcxl. 'tWY !J.epwv l'xot(J"t'OY, oiov oxLÀoç xcxt ~pcxxCwv.
cxÕ'twv Sf. "t'OÚ"t'CU\1 J.LIÍÀÀOY &v 'tcX <pÚ(Jtt ouvexií 1\ "t't:XV"O·
.s ouvexf.ç Se Àéyt'tott ou x(YT)(JLÇ J.LLcx xcx9' cxÚ"to xcxt J.LT! oi6v
'tt ciUcuç IJ.Lcx s· oõ &Stot(pt"t'OÇ, ciStotCpt"t'OÇ 8& Xot"tcX X()ÓYOY.
xcx9' otÓ'tcX se. ouvtxií l)Q"ot iJ.Ti CÍ<p'ij lv· d ycip 9&CT)Ç cX7t"t'Ó-
I~ETAfÍSICA.A6.1015b 16.1016g71 20S

6. [Os significados do um} 1


Um é dito, (1) num sentido, por acidente, (2) noutro sen-
tido, por si.
( l) Um por acidente são, por exemplo, Corisco c o músico e
Corisco músico. De fato, é a mesma coisa dizer Corisco
e o músico e Corisco músico. E assim são um por acidente
o mú~ico e o justo e Corisco músico c Corisco justo. Tudo 20
isso é dito um por acidente, enquanto justo c músico são
acidentes de uma única substância, na medida em que
músico c Corisco são acidente um do outro. E, analog<l-
mcntc, de certo modo, também Corisco músico é uma
coisa só com Corisco, porque um dos dois termos é aci-
dente do outro: o músico é acidente de Corisco. E Corisco 25
músico é um com Corisco justo, porque um dos termos
de cada uma dessas cxprcs~õcs é acidente do mesmo c
único sujeito. Isso também vale quando o acidente é afir-
mado dos gêneros ou elos termos tomados universalmen-
te. Por exemplo, quando se diz que o homem é o mesmo
que o homem músico; c é assim ou porque o músico é 30
acidente de homem, que é uma substância única, ou por-
que homem c müsico são atributos de algum indivíduo
como, por exemplo, Corisco. Homem c músico, porém,
não incrcm a Corisco do mesmo modo, mas um se refere
a Corisco indubitavelmente como gênero, c é na substân-
cia, enquanto o outro como propriedade ou como afecção
da substância. Tudo o que se diz um por acidente se cn- 35
tende nesse sentido2•
(2) Do que dizemos "um por si"', (a) algumas coisas o são
por serem contínuas; por exemplo, um fcjxc é dito um
por aquilo que o liga, e pedaços de madeira são unidos 1016'
pela cola. E uma linha é dita uma, mesmo quebrada\
desde que seja contínua, assim como diz.cmos ser una
cada parte do corpo, como a perna e o braço. De todas
essas coisas, as que são contínuas por natureza são uni-
dade em maior grau do que as que são tais pela arte. E
"contínuo" se diz aquilo cujo movimento é essencial- s
mente um c não pode ser diferente do que é. E o movi-
mento é um quando é indivisível segundo o tempo; .

----------------
.......... _ ..,
206 TUN META TA Ci>YIIKI, .6

f1&\10t ill'Í)Àwv ÇúÀcx, oõ cpfjcn.LÇ 't'CXihcx t{vcxt !v oirtt ÇúÀov


oÜ't't GWf1CX oih' &ÀÀo <NVt)Clç oô8lv. 't'!i 't't 8Tj liÀwç GUV&Xfí
lO iv ÀÍyt"tCX~ XCXV rxtJ Xlif1rPW, XCXL l"tt fL&llov 't'<i !LTJ t)CO\I"tCX
xli!LrPtv, otov X\I'Í)f17J ·i) !L7JPÕÇ axlÀouç, Õtt lv8tx&"tCXL !LTJ f1Ccxv
&{vcxL 't'Tjv X(\l'r)GL'\1 't'OU axtÀOUÇ. XCXL f) &Õ9úcx -rl\ç X&XCXf1f1éY'IjÇ
f1liÀÀOV tV' 't'Tjv 8e Xf.XCX!L!LÊV7JV XCXL t)COUGCXV ywv(cxv XCXL
!L(cxv XCXL OÓ f1(cxv ÀÊYO!Lf.V, Õ"tt lv8Í)C&"tCXL xcxt !LTJ cXf1CX 't'Tjv
., x(Y'Ijcn.v cxõ't'Tjç dvcxt xcxt CÍ!LCX • 't'Tjç 8' tõ9tCcxç &:&t CÍ~LCX, xcxt
oõ8E.v f1Óptov &xov !Lírt9oç 't'o ~v 1)p&f1&t 't'O 8e xtv&t't'cxt,
Wcrntp 't'Tjç X&XCXf1!1l\17]Ç. t"tL roov 't'pÓ1tO\I !v ÀÍ 'Yf.'t'CXL "têl>
1:0 Ó1toxd11tvov 't'êl> tmtt efvcxt &:8tlicpopov· ci8tlicpopov 8' W'\1
ci8ux(p&-cov 1:0 &laoç xcx't'<X -djv cxfa9Tjatv· 't'O 8' Ó1toxdf1&VO\I
20 1\ -co 1tp<il"tOV 1\ 1:0 nÀtU't'cxtov 1tpOÇ 1:0 1:ÍÀoç xcxt yQ:p otvoç
&!ç Hyt"tCXL xcxt ü8wp gv, li &:8tex(p&'t'O'\I XCX"tÕ: 1:0 tlôoç, xcxt
o{ XUf10L 1t!i'\l"t~ Àéyo'\l"tCXL &v (otov ncxtov otvoç) xcxt "tÕ: 't7)X"tli,
Õ·n 1t!i'\l"tWV 't'O tCfJCCX"tO\I Ó1tOX&(f1&\IO'\I 't'O cxo't'Ó • ü8rop y&:p 11
&:-i)p 1t<Í'\I"tcx "tCXÚ't'cx. ÀÍyt"tcxt 8' êv xcxt wv 't'O y&voç &v
2, 8tcxcpípov -ccx!ç livt"tX&Lf1t'\ICXLÇ 8tcxcpopcx!ç- xcxt "tCXÜ"tCX Àíyncxt
1tli'\l"tcx iv Õ't't 't'O ylvoç êv 1:0 Ó1toXdf1&\IOV 't'CX'Lç 8tcxcpopcxtç
(otov L1t1tOÇ ~v9pW1toç xúwv &v "tt lht rivt"CX ~êi)ot) , xcxl 1:p6-
1tov 8Tj 1tCXpCX1tÀf)cn.ov wcrntp f) ÜÀ7) f1 (ex. 't'CXU't'CX 8e Ó"te
f1eV oÜ't'roç iv Àeyt"tCXL, Ó1:e Ôt 1:0 lbw yévoç "tcxU't'Ov ÀÍyt-
)0 "tCXt- &v fi "ttÀ&U"tCX!cx "tOÜ ytvouç d'87)- "tO fivW't'Ípc.> 1:01hwv, ofov

1:0 laoaX&ÀE.ç xcxt 1:0 la61tÀtupov 't'CXÔ"to xcxt tv axfí!LCX lht


il!Lcpc.> "tptyrovcx· 't'plywvcx 8' oõ "tcxÕ"tli. t't't 8!. iv Àlyncxt
METAFÍS:CA, 1J. 6, 1016 a 8 · 32 207

Contínuas por si são as coisas que não formam uma uni-


dade por puro contato: se, de fato, juntarmos pedaços de
madeira, não poderemos dizer que constituem uma úni-
ca peça de madeira, nem um único corpo, nem algum
outro tipo de contínuo. São ditas unidade as coisas que, 10
em geral, são contínua~, mesmo que se possam dobrar; c
mais <linda as que não se podem dobrar: por exemplo, a
tíbia ou a coxa são mais unidade do que a perna, porque
o movimento da perna pode não ser und•. E a linha reta
é mais una do que a quebrada. Dizemos que a linha que
tem uma quebra c um ângulo é, ao mesmo tempo, una
c não-una, porque seu movimento pode ser c não ser 15
simultâneo;, c nenhuma de suas partes extensas pode
estar parada quando as outras estão em movimento\ co-
mo é o caso da línl1êl qucbrada'1•
(b) Além disso, noutro sentido, diz-se que uma coisa é una
porque seu substrato não é diferente pela cspécic 111 • Não é diferen-
te pela espécie o substrato das coisas cuja espécie é indivisível
segundo a pcrccpção 11• F, com relação ao estado final, o substrato
ou é o primeiro ou é último 12 • De fato, diz-se que o vinho é um 20
c que a água é una enquanto são indivisíveis pela espécie; c di7.-
sc que todos os líquidos constituem uma unidade - como o
óleo, o vinho c os corpos que podem ser fundidos- porque seu
substrato último é idêntico: todos eles ou são água ou são arn.
(c) Também se dizem unas por si as coisas cujo gênero é
um, embora dividido em diferença~ específicas opostas. [•: dize- 25
mos que essas coisas constituem uma unidade enquanto o gênero
que serve ele substrato das diferenças é uno: por exemplo, "cava-
lo", "homem" e "cão" são uma unidade enquanto todos são "ani-
mais", aproximadamente como nas coisas das quais a matéria é
uma sóH. As vezes di?.-SC que essas coisas são unidade desse modo,
outras vezes que são unidade enquanto o gênero superior é idên-
tico, caso sejam as espécies últimas de seu gênero: o triângulo 30
isó~celes e o triângulo equilátero, por exemplo, são a mesma fi-
gura porque ambos são triângulos, ma~ não são um único e idênti-
co triângulo 1;.
(cl) Ademais, dua~ coisas constituem uma unidade se a no-
ção16 que exprime a essência de uma coisa é inseparável da noção
208 TQN META TA <l)Y}:JKA t:;.

oowv o À6yoç ó -ço 'tÍ ~ d\IOC~ Àtywv <i3~odp&-çoç 1tpoç roov


-rov 3-tjÀoüy;~ hC rjv dn~] -ço 1rp&y(J.~ (~õ-toç yap m9' ~ú-cov
'' 'Jtãç À6yoç 3t~tpt-r6ç). o~-rw yàtp x~t -ro "IIÕE-rliJ.&vov mt <p9r-
vov lv la-ttv, lttt o À6yoç t{ç, wcnnp l1tt wv l1tt'lt€3wv 6 orou
lol&b twouç. ÕÀwç 3e <I>v ~ v6"1jotç «St~Cpe-çoç ~ vooüo~ -rO -r( rjv
t!'VOCt, x~t (J.~ Sm'Ç~L xwpCo~t (J.Yrtt XP6V<t> (J."ÍjOÇt -t6'Jt~
(J."ÍjU À6y<tl, (J.&Àt<n~ 'tM~ iv, ml. -roÚ'tctlv oo~ oõoC~t · x~-
96Àou yàp ao~ 1.1.-il lxt~ St~(ptow, ti 1.1.~ lxtt, -ç~Ú'tll iv :>..t-
.s ytut, otov d 'fi &v0pw1roç (J.fl EXf.t 3t~Cptotv, t!ç &v9pw1toç,
&{ 3' 'fi '<t>ov, tV '~OV, f-l 3f. 'Ú (J.tyt9oç, iv (J.&yt9oç. "Çcl (J.tV
oúv xÀtí:'a-t~ iv Àtyt-ç~t -r<t> lnp6v -çt ii ,;ott!v i1 lxttv ii
,;&oxtw i1 1ep6ç 'Çt t!\IOCt &v, ~ 3e ,;p6l'tWç Àty6(J.tv~ iv wv ~
oõoía (J.(~, (J.ÚX 3e i) cruvtxt~ i) d'8tt Tj À6Y<t>" mt yàtp
10 <ipt9(J.Oü(J.tv ~ç 1tÀeCw i1 -ràt (J.~ cruvtxií i) wv (J.fl iv -rO e!Soç
Tj <:>v ó À6yoç (J.~ dç. i-rt 3' la-tt (J.tV 6>ç Ó'ttoüv iv ~(J.f.V
t!\IOCt &v fi 'JtOCJOV ~i. CJtJVf.Xtt;, lcnt 8' 6>ç oÜ, &v (J."Íj -çt ÕÀov
'fi, -çoÜ't() 3e &v (J.~ -ço e!Soç lxt~ lv· otov oÔX &v tp~L(J.f.V
Ó(J.OÚUÇ tV l36y;eç Ó'Jt(I)(JOÜV -çàt (J.tp"lj cruyxt((J.'\IOC 'tOÜ Ó'JtOO"Íj·
1' ~-çoç, làv 1.1.-il 3tàt -rijv cruvtxeL<Xv, <ill' lcXv ou-rwç ~<nt Õ'Jt6-
3"11~ d\IOCt m!. d36ç -rt lxetv ~8"11 lv· 3w ml. ~ -çoü xúxÀou
(J.&Àtm~ (J.ÚX -rwv y~~v, Õ-çt éiÀ"II Mt -rtÀtt6ç lcnw. - -ço
3& lvi. t!\IOCt <ipxü -çw( la-tw <ipt9(J.OÜ e!nt · -ro yàp 1tp(;)-cov
(J.&-cpov <ipx"Íj, <\) yap 'Jtp6l't(t) "(VWp(,O(J.f.V, "COÚ'ÇO 'JtpW'tOV (J.t·
20 -cpov Lx&a-tou ytvouç <ipxfl oõv -çoü "(V<<>CJ'tOÜ 1ttpl ix~<nov -co
tv. oÔ uÔ"CC Se lv 'Jtãot -ço!ç ytvtot 'tO tv. lv9~ (J.!V yàp
METAFÍSICA, 4 6, 1016 a 32 -b 21 209

que exprime a essência de outra coisa (embora toda noção seja,


por si, divisível) 17 • Assim, o que cresce e o que diminui constitui 35
uma unidade porque uma é a noção, do mesmo modo que nas
superfícies uma é a noção de sua cspécic 1 ~. Em poucas palavras, IOW
são unidade por cxcclência todas as coisas cuja essência é capta-
da com um ato do intelecto indivisível c não scpar.~vcl nem no
tempo, nem no lugar, nem na noção, c, dentre estas, especialmen-
te as substâncias'"·
Em gemi, diz-se que é unidade tudo o que é indivisível, jus-
tamente enquanto indivisível: por exemplo, se algumas coisas
são indivisíveis enquanto homem, elas constituirão a unidade s
homcm; se são indivisíveis enquanto animal, constituirão a uni-
dade animal, e se são indivisíveis enquanto grandezas, constitui-
rão a unidade grandcza 211 •
l~m sua m<lÍoria, as coisas são ditas unidade ou porque pro-
duzem, ou porque têm, ou porque sofrem, ou porque são em re-
lação a ;~lgo que é um 21 ; mas em sentido original, constituem uma
unidade as coisas cuja substância é una, c una seja por continui-
dade, seja pela espécie, seja pcl<l noçãon.
Com efeito, são consideradas muitas as coisas que não são 10
contínuas, ou cuja espécie: não é una ou, ainda, cuja noção não é
unan. Ademais, sob certo aspecto, dizemos ser um tudo o que
é uma quantidade c um contínuo, sob outro aspecto, não di?.cmos
ser um se não é um todo, isto é, se não possui uma forma ímica:
por exemplo, vendo as p<Htcs de um sapato ju~tapostas ao acaso,
não dizemos que constituem uma unidade- a não ser por pur<J
continuidade-, mas dizemos que constituem uma unidade só 15
se estão unidas de modo a constituírem um sapato c se i<í possuem
uma forma determinada c única 2 ~. Por isso, entre as linhas, a circu-
lar é a mais una de todas, porque inteira a perfeita.
(I) A essência do um 25 consiste em ser um princípio numé-
rico: de fato, a medida primeira é um princípio. Com
efeito, o que é princípio de nosso conhecimento para
cada gênero ele coisas é a medida primeira desse gênero
de cois<1. Portanto, o um é o princípio do cognoscível 2°
para cada gênero de coisas. Porém, o um não é o mesmo
em todos os gêneros. Em alguns casos é o semi tom, nou-
tros é a vogal ou a consoante; uma coisa é o um no âm-
210 TUN META TA (l)Y}":IKA I>

SCtatc; iv9oc Se 'to cpwvi'ítv +i !cpwvov· ~cípouç Se enpov xocl


XtvYJG&Ca)Ç ruo. 1tOC\I"tOCXOU Se 'tO iv li 'ti;> 1t0ac';> +i "t~ tL-
Stt liSI.OtCpt"t0\1. 'tO IJ.e\1 oúv XOC"tOt 'tO 1tO<JOv à;StocCpt"t0\1,
2s 'to ~Jlv nCÍY'tlJ xocl !9t"tov Àéyt"toct !LOVCÍr;, w Se nCÍY'tlJ
xocl 9&a1.v lxov <J"tt'Y!J.TJ, 'tO Se JLOvocxfí rpocJLJLTJ, 'to ôf. Õtxfí
lnCn&Õov, 'tO Se 1t<Í\I"tll xocl "tptxtj Õtoctpt"tov xot"tdt 'tO noaov
a&>~toc • xocl liV"tta"tpéci>oc\l"tt Ô'7j 'tO !J.tv Stxfí Ôtoctpt"t0\1 ln(nt-
ôov, 'tO Ôt JLOVOCX'fi 'YPOCJLJLTJ, 'tO ôe JLTJÔOCIJ.'fi Stoctpt"t0\1 xoc"tàt
3G 'tO 1t0a0\l <J"tL'YJL"ij xocl IJ.OVáç, fJ IJ.e\1 &9t"tOÇ IJ.OVcXÇ fJ Ôt 9t"t0Ç
<J"tt'YIJ.TJ· l"tt Ôt "tcX !J.tV xot"t' cipt9~t6v l<J"ttv lv, "tOt ôi. xot"t'
dÔoc;, "tOt Ôt XOC"tcX yévor;, "tcX Ôe xot"t' cX\IOCÀoyÍoc\1, cXpt91J.ê;>
~Jlv rov 1) ÜÀTJ JLEoc, d~tt S' &v ó À6yor; tic;, rtvtt ô' &v 'to
ocÚ"to <JXTiJLOC 't'fír; XOC"tTJ'Y'Op(ocr;, XOC"t 7 livocÀoyCocv Ôt ÕO'oc lXtt WÇ
.H ruo npor; !ÀÀo. litl Se "tcX ÜG"ttpoc "tO!r; l~tnpoa9tv cXxoÀou9tr,
otov Õaoc lipt9JLê;> xocl. d'Btt iv, lSaoc S' tt'8tt ou 1tcX\I"tOC lipt9~·
1011• lilldt rtvtt m\l"ttC ê.v õaocntp xocl tt'8tt, õaoc ôt yé.vtt ou 1tliv-
"toc ti'8tt lill' cXvocÀoy{~· Õaoc Ôe livoÀoy~ OU 1tcX\I"tOC yf-
\l&t. cpocvtpàv ô& xocl &tt "tcX 1t0ÀÀÕt li\l"tl.xet!J.Évwr; Àex97)a&"toct
"tc'l> t\1(' "tOt JLi.V yÕtp 'ti;> JL"ij OUVtxfj &tvoct, "tOt St "t~ Ôtoctpt-
S -djv ixttv 't'ijv ÜÀTJV xot"tÕt 'tO dôor;, tj -djv npW"tTJV tj -djv nÀtu-
I~FiSICA, ft.-6,. 1016 b 21- lO li' a si 211

bito dos pesos, outra coisa no âmbito dos movimentos 26 •


r~ntrct<mto, em todos esses casos, o um é indivisível, seja
pela quantidade seja pela espécie. Ora, chama-se unidade
o que é indivisível segundo <1 quantidade c enquanto 25
quantidade, o que é indivisível em todas as dimensôes c
não tem posi\·ão; ao contrário, o que é indivisível em todas
as dimensões, mas tem uma posição chama-se ponto; o
que é divisível segundo uma únicõ:l dimensão chama-se
linha, enquanto o que é divisível segundo duas dimensões
chama-~c superfície c, enfim, o que é divisível segundo a
quantidade em todas as dimensões chama-se corpo. Pro-
cedendo em sentido inverso, o que é divisível segundo
duas dimensões é uma superfície, o que é divisível segun-
do uma única dimensão é uma linha, enquanto o que
não é quantitativamcntc divisível segundo ncnhun~a
dimensão é um ponto ou uma unidade: se não tem posi- 30
ção é uma unidade, se tem posição é um ponto27 •
Além dissoz\ algumas coisõ:ls são unidade guanto ao número,
outras quanto à espécie, outr<1S quanto ao gênero, outras por ana-
logia. São unidade quanto ao número <1S coisas cuja matéria é
nma só:~; são unidade quanto à espécie as coisas cuja clefiniç~o
é una 111 ; são unidade quanto ao gênero as coisas cuja figura c.:atc-
gorial é idêntica'\ são unidade por analogia;' as coisas que estão
entre si numa relação semelhante à da terceira para a guarta ''. 35
Os modos pcisteriorcs ela unidade implicam sempre os anteriores:
por exemplo, as coisas que são uma unidade pelo número devem
sê-lo também pela espécie, enquanto nem t·odas as· coisas que
são unidade pela espécie o são também pelo número; tochts as
c.:oisa~ que são unidade pela espécie o são também pelo gênero, 1017'
enquanto nem todas as que são por gênero o são também pela
espécie, mas o são por analogia; enfim, nem todas <1S coisas c1ue
são unidade por analogia o são também pelo gêneroH.
Também é evidente que as c.:ois<lS serão ditas muitas em to-
dos os sentidos opostos aos significados do um 1'. Algumas serão
uma multiplicidade (a) porque não são contínuas 16 , (h) outras
porque sua matéria- a primein1 ou a última- é divisível em di-
ferentes espécies'\ (c) outras ainda ' 8 porguc são múltiplas as de.:- 5
finições que exprimem a sua essência 19 •
21.2 Ti!N META TA <t>YIIKA tJ.

7
To 8\1 Àtye't«L 'tO JUY XCX'tcX GU!J.~E.~xoç; 'tO Se xcx9'
<XÚ't'Ó, XCX'tcX <JU~~"lxOÇ ~\1. OW\1 't0\1 Súc<XL0\1 !J.OUCfLx0\1
e.!'\IOt( tp<X!J.E.\1 XCXL 't0\1 cX\19pc..mOY !J.OUCfLX0\1 XCXL 'tÕ\1 !J.OUCfLX~\1
10 áY9pw'ltOY, 'lt<Xpa'ltÀ"laÍ<I>ç; ÀtyO\I'te.ç; ~Cf'lte.pe.i 'tÕY !J.OUaut0\1 o!xo-
OO!J.E.i:'\1 ~'tt GU!J.~t~"lxe 't~ olxo86!L~ !J.OUcrtx~ e.!\I<X~ fi 'te\)
!J.OUCf\Xéi) olxo86!L~ ('tO ycX() 't6Se e!\I<Xt 't6Se. Cf11!L<l(\le.t 'tO GU!J.-
~'~"lXt\I<Xt 'tcl>3e. 't6Se), - oÜ't6> Se xcxt L'ltt 't6>\l dP"'!Lt\IW\1" "'~"'
ycXp ci\19pc..mo\l &rcx\1 !J.OUCftX0\1 ÀtyW!J.E.\1 X<Xt 't'0\1 !J.OUCftx0\1 cX\1-
U OpW'ItOY, ti 't0\1 Àe.UXCl\1 !J.OUCftX0\1 ti 't'OÜ't'0\1 ÀWXÓ\1, 'tÕ ILt\1 Õ'tt
á!J.tp<J> 't<'t> <XÔ't~ GU!J.~E.~XCXcrt, 'tO S' Õ'tt 't~ Õ\l'tt GU!J.~É~"'XE.,
'tÕ Se !J.OUCftXÕ\1 ciY0p6>'1tO\I Õ'tt 'tOÚ't~ 'tO !J.OUCfLXÕ\1 cru !L~t­
~"ljXE.\1 ( OÜ't6> Sf. Àtye.'t«L xcxl 'tO !L~ ÀE.Ux0\1 e.!\lcxt, Õtt ~
GU!J.~t~xe.\1, lxe.i:'\lo ~t\1) • - 'tcX JU\1 OÕ\1 xcx'tcX CfU!J.~e.~x~~
:ZO e.tvcxt Àe.yÓ!J.E.\I<X OÜ'tW ÀtyE.'t<XL fi St6'tt 't(!) CXÔ'téi) éí\l'tt cX!J.q:>W

Õ'ltápxe.t, fi iht éí\l'tt hd\1~ Õ'lt«pxe.t, ti Õ'tt cxÕ'to lCf'tt\1 ~


Ú'lt«pxe.~ oú cxô'to X<X'tT)yope.t'tcxt • xcxO' cxú'tcX Se e.!'\IOtt Àéy~'t.xt
õacxup Cf11!L<X(\Iet 'tcX OX'ÍJ!L<X't<X 't'Tjç; xcx'tT)yop(cxç óacxxwç
y&:p Àtye.'t«t, 't'OCf<XU't<XXWÇ 'tO e.!\I<Xt CJYUL<XC\Ie.t. L'ltet OÚ\1 'tW\1
u XCX't'r)yopou!J.ÉY6>\I 'tcX JU\1 't( LQ'tt Cf11!J.<XC\Ie.t, 'tcX Se 'ltOtÓY, 'tcX 8~
'ltOCfÓ\1, 'tcX 8t 'ltpÓç 'tL, 'ta St 'ltOte.t\1 ti 'lt&QXE.L\1, 'tcX Se 'ltOÚ,
'tcX Se 'ltO'tt, báCf't<t> 'tOÚ'tW\1 'tO e.!'\IOtt 'tcxO't'O Cf11!L<XÍYe.t • oÕ9t\l
y&:p SL<Xq:>lpe.t 'tO &\19pw'lt0ç úytcx(\16>\1 ~l"' fi 'tO ciY9pW'Ito~
ÚyL<X(wt, oõ8& 'tÕ civOp6>'1tOÇ ~SCl;w\1 LQ't'L\1 ti Ú!J.\16>\1 'tOÜ cX\1-
Jo 0p6>'1toç ~cx8Cl;et ~ tÉ!J.\Ie.t, Ó!J.OÚilç; Se xcxi L1tl 't'&>\1 !ÀÀ6>\I.
t'tt 'tO e.!vcxt Cf11!L<X(Ye.t xcxt 'tO mt\1 lkt cU"l9i.ç;, 'tO Se !L~ e.!\IIXt
Õ'tt oôx cU"lOeç ill&: ~e.üSoç;, Ó!J.oC6>ç L'lti X<X'tcxq:>&aewç; x.x1
METAFÍS:CA, t. 6/7, I O17 a 6 · 32 213

7.{0s significados do ser] 1


O ser se diz (I) em sentido acidental c (2) por si.
(I) Em sentido acidental dizemos por exemplo: (a) que "o
justo é músico" ou (b) que "o homem é músico'' ou (c)
que "o músico é homem", do mesmo modo como dize-
mos que "o músico constrói uma casa", porque pode lO
ocorrer que o "músico" seja "construtor", ou que o ''cons-
trutor'' seja "músico". De fato, "isto é aquilo" significa
que isto é acidente daquilo. Isso vale também para os
exemplos acima citados: quando dizemos "o homem é
músico" ou "o músico é homem", "o branco é músico"
ou "o músico é branco", o fazemos porque, no último 15
caso, os dois atributos são acidentes da mesma coisa,
enquanto no primeiro caso o atributo é acidente do que
verdadeiramente existe. E diz-se "o músico é homem"
porque "músico" é acidente de homem; do mesmo mo-
do diz-se também "o não-branco é", porque é aquilo de
que ele é acidente. Portanto, as coisas que são ditas em
sentido acidental, o são: (a) ou por serem dois <~tributos 20
pertencentes a uma mesma coisa que é, (b) ou por se
tratar de um atributo que pertence à coi~a que é, (c) ou,
ainda, porque se prcdica o que propriamente é daquilo
que é seu acidcntc 2.
(2) Ser por si são ditas todas as acepções do ~cr segundo as
figuras das categorias: tantas são as figuras das categorias
quantos são os significados do ser. Porque algumas das 25
categorias significam a essência, outras a qualidade, outws
a quantidade, outras a relação, outras o agir ou o padecer,
outras o onde c outras o quando. Segue-se que o ser tem
significados correspondentes a cada uma destas. De fato,
não existe difcrcn~:a entre as proposições "o homem é
vivente" c ''o homem vive", c entre "o homem é cami-
nhante ou cortante" c "o homem caminha ou corta"; e o 30
mesmo vale para os outros casos'.
(3) Ademais, o ser c o é significam, ainda, que uma coisa é
verdadeira, enquanto o não-ser e o não-é significam que
não é verdadeira, mas falsa; c isso vale tanto para <l afirma-
214 TUN META TA <I>Y!IKA 6

~cpciaECo>Ç, otov · Õ'tt la-tt E<~>xpCÍ't"t)Ç JLOUotxÓç, &tt «Ã.Tj9E.ç


't'OÜ'to, ~ Õ'tt éa.t Ecuxpci't"t)ç oõ Àe.ux6ç, ~t ~À7)9lç 'to 8' oux
JS mtv ~ 8tciJLt'tpoç OÚJL~'tpoç, ~t ~e.ü8oç. l'tt 'tO e.!vcxt aT)·
1017 b JLCXÍVtt XCXt tO Ô\1 'tO JLlY 8uvcijitt P7JWY w a' lvn>..e.xd~
'tWv dp7JJLevwv 'tOÚ'tcuv· 6p6"w 'tt y~p e.!va( cpcxJLtV xcxl 'to 8u-
VCÍJLE.t óp<i>v xcxl. 'to lV'tE.Ãe.xd~, xcxt ['to] t1t(~ncxcrllcxt
wacxÚ'tc.>Ç xcxt 'tO 8uvciJLe.vov :xpiio9cxt 'tij t1ttCJTfjJLlJ xcxl. 'tO
:; XPWJJ.e.vov, xcxt ljpe.JLoüv xcxl. c!) -fi87J Ú1tcipxe.t fJpE.JL(cx xcxl.
'tO 8uvCÍJLE.vov Tjpe.JLe.'tv. ÕJLo(cuç 8e xcxl t1tt 'tWV oüatwv· xcxl.
y~p 'EpJLiiv &v 'tél> Àt9ct> cpcx!Jlv e.!vcxt, xcxl 'tO iíJLtau 'tijç
ypcx~LJLijç, xcxl CJt'tov 'tOV JL"ÍJ1tc.> ci8p6v. 1tÓ'te. 8e 8uvcx'tOV xcxt
1tÓ'tE. o1l1tw, &v cillotç 8top~mé.ov.

8
10 Oõa(cx Àlyt'tCXt 'tá ·te. cX1tÀ& CJWJLCX'tCX, o!ov yií xcxl 1tGp
xcxt tí8cup xcxl õacx 'tOtCXÜ'tCX, xcxt ÕÀcuç CJWJLCX'tCX xcxl 't~
tx 'tOÚ'tCUY GWE.a.W'tCX ~ct>cí 'tt XCXl 8cxtJLÓVLCX XCXt 't~ JLÓptcx
'tOÚ'tCUV" !i1tCXV'tCX 8~ 'tCXÜ'tCX ÀÍyt'tCXL OUo(cx Õ'tt OU xcx9' Ú1tOxtL·
IJ.ÍYOU Àtyt'tCXL ~)J.~ XCX't~ 'tOÚ'tWV ~ áÀÀcx. cXÀÀOV 8E
u 'tpÓ1tOV ô &v n CXL'tLOV 'tOÜ e.!vcxt, tW1tcipxov tY 'tOLÇ 'tOLOÚ'tOLÇ
ÕCJCX ~A-71 Àlye.'tcxt xcx9' lnroxe.LJLlvou, o!ov ~ ~ux71 'tél> Wct>·
~'tt OCJCX JLÓptcx &w1tcipxoV'tci mtv &v 'tOLÇ 't'OtOÚ'tOLÇ op{~OV'tcX
'tE. XCXt 't68e. 'tt aT)JLCXÍVOV'tCX, c!>v ~cxtpOUJLÍVCUV ~cxtpE.L'tCXL 'tO
ÕÀov, o!ov l1tt1t&aou a6>JLCX, 6>ç cpcxa( 'ttve.ç, xcxl t1t(1te.8ov
20 ypCXJLJLijÇ xcxt ÕÀc.>Ç Ó ~pt9JLOÇ 8oxe.! e.!vcx( 'tLGL 'tOtOÜ'tOc;
I METAFis:CA, A 7/8. l 017 a 35 • b 20 I 215

ção como para a negação. Por exemplo, dizemos "Sócmtcs


é músico'' enquanto isto é verdadeiro, ou "Sócrates é não-
branco", na medida em que isso é \'Crdadciro; c dizemos
que "a diagonal não é comcnsurcívcl", na medida em que 35
isso não é verdadeiro, mas falso 4 •
(4} Além disso, o ser ou o ente significa, por Llm lado, o ser em 1011~
potência c, por outro, o ser em ato, e isso no âmbito de ca-
d::~ um dos significados acim<l mencionados. De f<tto, dize-
mos que vê tanto quem pode ver como quem vê em ato;
c de mancirc1 semelhante dizemos que S<lbc, tanto quem
pode fazer uso do saber como quem faz uso dele em ato; 5
c dizemos que está em repouso tanto quem já est.í em
repouso como quem pode estar em repouso. Isso valctmn-
bém para as sub:;tâncias: de fato, dizemos que um I Icnnes
está na pedra c que a semi-reta está na reta, c dizemos que
é trigo também o que ainda não está maduro'.
i\ questão da determinação de quando um ser é em potên-
cia c quando ainda não é será tratada em outro lugarr,.

8. [Os úgnificudos de substancial 1


(1) SubsHl.n<.:ia, em certo sentido, se diz dos corpos simples: por 1o
exemplo, o fogo, a terra, a água c todos os corpos como estes;
c, em gcr<Jl, todos os corpos c as coisas comtx>stas a partir de-
les, como os animais 2 c os seres divinos c suas partes'. 'I oc..l<!s
essas coisas são ditas substâncias porque não são prcdica-
das de um substmto, mas tudo o mais é predicado delas~.
(2) Noutro sentido, substância é o tjliC é imanente às coisas 15
que não se predicam de um substrato c que é causa de
sc.:u ser': por exemplo, a alma nos animaisr'.
(3) Ademais, substâncias siio ditas tmnhém as partes ima-
nentes a essas coisas, que delimitam essas mesmas coisas
e exprimem algo determinado, cuj<~ eliminação compor-
taria a eliminação do tudo. Por exemplo, se fosse elimina-
da a superfície- segundo alguns filósofos- seria elimi-
nado o corpo, c se fosse eliminada a linha, seria elimina-
da a superfície. r:m geral esse filcísofos consideram que
o número é uma realidade desse tipo e que é detcrmi- 20
216 TflN •'lllETA TA <!lYIIKA /;.

(&vettpou!Jlvou u ràtp od8~v dvett, xcxt op(tetv 1tÓtvtOt). t'tt 't~ 't(
'ljv eiVOtt, OU O À6-yoç OpLG!J.6ç, XOtL 'tOÜ'tO oua(Ot ÀÍ"(&'tOtL !x&a'tou.
GU!J.j3ot(vet 811 XOt-= 8úo 'tp61touc; '1:1)v oÕa(OtV Àtreo9ett, 'tÓ 9'
úxoxe(fuvov tCJXOt'tov, ô !J.f)xé'tt Xet't' !ÀÀou ÀÍ"(&'tOtt, xetl ô
2.S &v 'tÓ8e 'tL 8v XOtl. XWPLGWv 'fi• 'tOtoÜ'tOV 8~ tXcXG'tOU fJ !J.Opcpfj
xcxl. 'tÕ d8oc;.

9
TetÕ'tcX ÀÍ"(&'tOtL -= jdv xcx-= GU!J.~&~f)XÓÇ, oiov 't~
ÀWX~V xcxl. 'tÕ !J.OUatxOV 'tÕ OtU't~ lS'ft 't~ OtÔ't~ GU!J.~t~f)X&,
xcxt &v9pW1toÇ xetl. JLOUcnxO'II Õ'tt &cíupov Oetú~ GUJL~t~f)X&v,
}O 'tÕ 8~ JLOUGLXOV &v9pw1tOÇ Õ'tt 't~ à:v9p6>m~ au~~f)X&V' ixcx-
'tÍP<t> 8~ 'tOÜ'tO XOtL 'tOÚ'rct> txCÍnpov lxe(vwv, xotl. "(Õtp 'te\) à:v-
9p&ztct> 'tc'i> !J.OUGtX<\) xcxl. Ó &'t/0pW1toc; xcxl. 'tO JLOUatXOv 'tOtÔ'tO
Àt"(&'tOtt, xetl. "toÚ'rotc; lxervo (8t~ xcxl. 1tÓtvt0t 'tOtÜ'tOt xcx06Àou
ou Àt"(&'tOtt • oõ "fcXP à:Àf)O~ç elu!v Õ'tt 1têic; civ9pW1toc; 'tOtU'to
3.5 xcxl. 'tO !J.OUatXÓV' 'tÕt "(cXp xcx9óÀou xet9' OtÚ-= Ó1tcXPXet, 'tÕt
1018" 8i GU!J.~e.{3f)XÓ't0t OU XOt9' OtÓ'fcX' à:ÀÀ' l1tL '1:00'11 XOt9' lXOta'tOt
~Àooc; Àt"(&'tOtt • 'tcxU't~ rcip 8oxer :Ewxpcí'tT)c; XOtl. :EwxpcX'tT)ç
eivett ~toootxóç 'tÕ 8~ :EwxpCÍ'tT)ç oõx l1tl. 'Jt'OÀÀ.oov, 8r.O ou 1têic;
:EwxpCÍ'tT)c; Àt"(&'tOtt 00omp 1t&ç civ9p(o)1t0Ç) • - XOtl. 1:àt !Jlv oÜ't(o)Ç
' Àt"(&'tOtt 'tOtÚ'tCÍ, 'tcX 8f. XOt9' OtÚ'tcX ÓaQtXoocrnep XOtl. 1:0 lv· XOtl.
ràp W\1 1J ÜÀ.f) !J.ÍOt +i emet +i à:pt&!J.ci> 'tOtÔ'tcX Àt"(&'tOtL XOtl.
W\1 1J ouaCet JL(Ot' wau cpOt'lltpàv 8-tt 1J 'tOtU'tÓ'tT)c; iVÓ'tT)Ç 't(c; la"tL\I
+i 1tÀetóvwv 'tOÜ e!vett +i Õ'tOt'll XPij'tOtL 6>c; 1tÀ&Íoatv, oiov Ó'tOtv
METAFÍS:CA, A 7/8. 1017 a 35 o20 I 217

nantc de tudo, porc.1uc se fosse eliminado o número,


não restaria mais nada 7.
(4) Além disso, chama-se subst5ncia de cada coisa também
a cs~ência, cuia noção define a coisa~.
Segue-se daí que a substância se entende segundo dois signi-
ficados: (a) o que é substrato último, o qual não é predicado de ou-
tra coisa9 , c (b) aquilo que, sendo <.~lgo determinado, pode também 25
ser separéívcl, como a estrutura c a forma de c<1da coisa 111 •

9. [Os significados de idêntico, díver.m, diferente,


.semelhante e dessemelhante./ 1
( 1) Idêntico, em primeiro lugar, significa o que é idêntico por
·<lcidcntc: por exemplo, o "branco" c o "músico" são o mes-
mo cnqu~mto sito acidentes da mesma cois<1; e "homem''
e ''músico" s.io o mesmo enquanto o SC6'lmdo é acidente do
primeiro, c também ''músico" c ''homem", porque o pri-
meiro é acidente do segundo. E o conjunto dos dois termos 30
é o me~mo com relação a cada 11111 dos dois termos indi,·í-
duais, c vice-versa, cada um destes 6 o mesmo em relação
àquele, porque "homem" c "músico" são o mesmo com
relação a ''homem-músico'', c este é o mesmo com relação
àqucles2. (I:<: porque esses tcnnos são idênticos poraeidcnte,
não são afirmados universalmente: de fato, não se di7. verda-
deiramente que todo homem é o mesmo que o músico,
porque os atributos uni"crsa ís pertencem às coisas por si, 35
enquanto os atributos acidentais n5o pertencem <lS coisas
por si, mas só nos indivíduos são prcdicadas sem restrição. Jots·
De fato, "Sócrates" c "S{Jeratcs-mt"isico" são manifestamen-
te a mc~ma coisa; mas como "Sócrates" não é prcdicávcl
de muitos indivíduos, não se diz "todo Sócrates" da mesma
maneira que se diz "todo homem"l'
(Z) Portanto, em certo sentido, as coiS<J:s ~a" ditas idênticas desse s
modo; enquanto noutro sentido são ditas idênticas por si,
assim como em todos os modos segundo os quais se diz o
um por si. De fato, dizem-se idênticas por si (a) as coisas cu-
ja matéri<1 é única pela espécie~. (b} ou ascoiS<Js cuja matéria
é única pelo número', (c) assim como agudas cuja suhst~n-
cia é única!'. Portanto, é claro que a identidade é uma unida-
218 TUN META TA CDYJ:IKA 6

Àl"("(l <XU'tÔ <XÚ't~ 't<XÕ't6v· 6lc; Sua~ yllp XP7i-rott cxU't~. - &npa:
10 8& À.€yt't<Xt oov i\ 'til &tõ11 1rÀ.dc.> i\ 1} ÜÀTJ i\ o À6yoc; 'tijc;
oôa(<Xc;· xa:l lSÀ.c.>ç civttxtqdvc.>c; 't~ 'tiXU't~ Àlyt'ta:t 'tÔ lnpov.
At«q~opa: Sl Àyt'ta:t lSa' inpli mt "tô ex~h6 "'' ÕV'ta:, JLT!
!J.6vov &ptOIL~ &H' i] dôtt i] y&vtt i] ~oy(qc· t'tt wv
lnpov 'tO y€voç, xa:l 'til lV<XvtCa:, xa:l ÕCJ<X tX&t lv 't'{í oôa(qc
u 'tTjv lnpÓ't'rj'ta:. ÕJLOL<X À.€yt't1Xt 'tiÍ 'tt n-«vrn 'tiXÔ'to m1t'OV-
66"t<X, x<Xt 'tcX 1rÀ.dc.> 'tcxU'tàc 1t't7t0v66'ta: i] l npa:, xa:t oov 1}
7tOt6-ajc; !J.CIX" XOtL xa:9' ÓCJIX &À.À.OtOÜCJ9a:t lv8€Xt't1Xt 'tWV lva:v-
'tfc.>v, 'tOÚ'tc.>v 'tO 7tÀ.tú.> lxov i] xupr.6>np<X Õ!J.OtOV 'tOÚ't~. ciV'tt·
nt!J.€Vc.>c; S& 'to'ic; O!J.OtOtc; 'til &v6!J.Ota:.

10
20 'Avttxd!J.&V<X Àlyn<Xt civt(q~a:atc; xa:l 't~Ca: x<Xl 'tcX
7tp6c; 'tt XOtL CJ"tlpT)cstc; XOtt lÇtc; X<Xl lÇ OOV XIXL de; & lcJxa:'ta:
<Xl ytvlcs&tc; xa:t cpOopa:( • xa:l õaa: ILTi lv8€x&'ta:t cX!J.a:
7ta:pt'iV<Xt 't~ &!J.q~oiv 8&X'ttx~, 't<XÜ't<X civ'ttxttCJ9<Xt Àl"(&'ta:t
i\ cxU'tcX +i lÇ i:>v tcs"t(v. cpa:tÔv yàcp xa:l À.wxàv cXILIX 't~
u a:ô't~ oõx Õ7tlipxtt· Stà te i:>v lCJ"tlv civtbc&t'ta:t. lva:v"túx À.€.-
Yt't<Xt 'tiÍ n ILTi Suva:'tàc &!La: 't~ <XÔ't~ n-a:p&'iV<Xt 'tWV Sta:-
ql&p6v'tc.>v xa:'tll y€voc;, xa:l 'tcX n-ÀttCJ"tov Sta:q~&poV'ta: 'tWV lv
't~ IXÔ't~ ylvtt, xa:l 'til 7tÀ.&1'atov SL<XcpÉ.pov'ta: 'tWV lv 'tiXÔ'têi)
METAFiSICA, l\9/10. 1019a9·28 219

de do ser ou de uma multiplicidade de coisas, ou clc uma


só, mas considerada como multiplicidade: por exemplo,
como quando se diz que uma coisa é idêntica a si mesma,
sendo, nesse caso, considerada como duas7•
Diversas se dizem as c.:oisas (a) cuja espécie ou (b) cuja matéria IO
ou (c) cuja noção da substfinc.:ianão são únicas. E, em geral, a di-
versidade se di1. em todos os sentidos opostos aos da identidade\
Diferentes se dizem (1) as coisas que, mesmo sendo diversas, são
por algum aspecto idêntic.:as: não, porém, idênticas por número, mas
(a) ou por espécie, (b) ou por gênero, (c) ou JX)r analogia'1• (2) Ade-
mais, diferentes se dizem (a) as coisas cujo gênero é diverso, (b) os
contrários c (c) tod<lS as coisas que têm diversidade na substância·w.
Semelhantes se dizem (a) as coisas que têm afccçiics idênti- 15
casem todos os scntidos 11 , (b) c as coisas que têm um número de
afecções idênticas maior do que o número das afccçõcs divcrsas 1z,
(c) c também aquelas cuj;1 qualidade é idêntica 11 ; (d) c:nfim, uma
coisa é semelhante a outw qu;mdo tem em comum com ela ou
o maior nümcro de contrários segundo os CJLrais as coisas podem
se alterar, ou os principais desses contrários,.,.
Desscmclhantcs se dizem as coisas nos ~cntidos opostos aos
de semelhante.

lO. [Os significados de oposto, contrário, diverso e idêntico


pela espécie./ 1
Opostos se dizem ( 1) os contraditórios, (2) os contr<írios, (3) os 20
relativos, (4) a privação c <l posse, (5) os extremos dos quais se ge-
ram c nos quais se dissolvem as coisas. (6) Opostos se dizem tam-
bém os atributos que não podem ::;c encontrar juntos no mesmo
s11jcito, que, contudo, pode <lcolhê-los scpawdamcntc: c são opos-
los ou eles mesmos ou aquilo de que eles derivam. O cinza c o
branco, com deito, não se encontram juntos no mesmo objeto, 25
por isso os elementos de que derivam são opostos~.
Contnírios se dizem (l) os atributos diferentes por gênero,
qnc não podem estar presentes juntos no mesmo objeto\ (2) as
euisas que mais diferem no âmbito do mesmo gênero\ (3) os atri-
hutos que mais diferem no âmhito do mesmo sujeito que os aco-
lhç\ (4) as coisas que mais diferem no âmbito da mesma faculdade
220 TUNMETA TA <IIYIIKA t.;

8tx1:r.xc'i), xcxi. 1:ci nÀtLG'tov 8t.cx<p€pOV"tcx 1:6'>v \mo rlj\1 CIUrljv


BúVCXf.LtV, XCXL 00\1 fJ 8tcx<popcX f.Lty(at7j i\ cmÀ{;)ç ~ XCX'tcX
30
ylvo~ i\ XCX't' d8o~. 'tcX 8' cillcx lvcxv1:Ccx Àtyt'tcxt 'tcX fdv
1:c'i) 'tcX 'tOtcxU'tcx lX,ttv, 'tcX 8& 'te{) 8txtr.xà: t!vcxt '1:6>v 'tOtoÚ'tWv,
'tU 8t 'te{) 7t0t7}'ttxcX +j 7tCX01}'ti.XcX t!vcxt 1:6'>\1 'tOtOÚ't(a)V, i\ 7tOtOW·
'tCX +i nciaxov-rcx, i\ &no~oÀcxl i\ À~cj.ltt~, i\ ~tt~ ~ cmp~-
'' att~ e.tvcxt 1:6'>v 'tOtOÚ't(a)V. lnd 8& 1:0 iv xcxl 1:0 ôv nollcxx.6>~
Àéyt'tcxt, &xoÀouOtrv &vciyx1} xcxi. 'tàÀÀcx õacx xcx'l:U 'tCXU'tcx
Àlyt'tcxt, Clou.. xcxt 1:0 'tCXU'tOV xcxl 1:0 lnpov xcxt 1:0 lvcxv-r(ov,
Clcn' e.tvcxt lnpov xcxO' lxCÍat7j\l xcx't"'''yop(cxv, -lupcx 86 'te{) &L3tt
1018 • Àéyt'tCXt õacx 'tt 'tCXÕ'toü yf.vouç õv-rcx JLTi inrill1}Àá: lcnt, xcxl
õacx lv 1:c'i) CXÕ'tc{) ylvtt õv-rcx 8tcx<popc1v !'X,tt, xcxi. lSacx lv ~
oúa~ lvcxv-r!watv tX,tt • xcxt 'tcX lvcxv-r(cx lupcx 1:c'i) d3tt &ll~­
À(a)\1 i\ nciv'tCX i\ 'tcX Àty6f.Ltvcx npW't(a)~, xcxl oowv lv 1:c{)
' nÀtt>'tCXÍ<t> 'tOÜ yévouç d3tt o{ Àóyot lnpot ( otov civOpwno~
xcxt t7t7toç CÍ'tOf.LCX 1:c{l yfvtt o{ 8& À6yot lnpot cxõ't6>v), xcxl
õacx lv 't'{i cxU't'fi oúa(~ 6v1:cx tX,tt 8tex<popciv. 'tcxU'tcX 8& -rêi)
tt&t 'tcX tXV'tLXtt!J.tV(a)Ç Àty61J.tVCX 'tOÚ'tOt~.

11
flp6npcx xcxt ucntpcx ÀÉyf.'tCXt lvtcx JLÉY, Wt; 6v-rot; 'tWOt;
to npw1:ou xcxl &px.ijç lv f.xcicn<t> ylvtt, 1:êi) lnúupov {t!vcxt)
à:px.ijç 'tLvOÇ wpt<JJLé\11}~ i\ CÍnÀ6>t; xcxl ~ <pÚ<Jf.t i\ np6~ 'tt i} nou
+i ún6 'ttvwv, otov 'tcX !J.tV xcx'tcX 1:Ó1tov 1:c'i) t!\ICXt lnú-re.pov ~
METAFÍSICA, A 10/11,1018o29·b12 221

cognoscitiva(,, (5) c as coisas cuja diferença é máxima (a) ou absolu-


tamente', {b) ou segundo o gênero\ (c) ou segundo a espécie''. As 30
outras cois:~s que se dizem contrárias são assim nos seguintes
sentidos: algumas porque possuem essas espécies de eontraricda-
de141, outras porque são capazes de receber essas espécies de contra-
ricd:~de11, outr<1s porque têm possibilidade de produzir 12 ou de
suportarn essas espécies de contrariedade, ou porque atualmente
as produzem ou as suportam 14, ou porque são per<hls c aquisiçcics~',
posses ou privações''' dessas espécies de contrariedade. 35
E corno o um c o ser têm múltiplos significados, neeessmia-
mentc em igual número de significados se dirfío também as no-
ções que deles derivam, de modo que o idêntico c o div<.:rso c o
contrário terão significados diferentes em cada uma das diferen-
tes categorü1s 17 •
Diversas segundo a espécie se dizem (I) élS coisas que, em hora 1o18:.
pertencendo ao mesmo gênero, não são subordinadas umas às
outras'\ (2) as que, embora pertencendo ao mesmo gênero, têm
uma diferença''', ('3) as que têm uma contrariedade em sua subs-
blncia20. (4) 'I ~nnbém os contrários são diversos entre si pela espé-
cie: ou todos eles ou os que são assim em ~cntido primário~ 1 , (5)
<.' diversas entre si pela espécie são também todas <ls coisas cujas
noções~ 2 são diversas na espécie últinw do gênero: por exemplo, 5
homem c ca,·alo são indivisíveis quanto ao gênero, mas suas no-
ções são diversas; (6) c são diversos pela espécie os atributos que,
embora sendo da mesma substância, têm alguma difcrcnça 2'.
Idênticas segundo a espécie são as coisas que se dizem nos
sentidos opostos a estes.

ll. [Os significados de anterior e posterior} 1


(I) Algumas coisas são dit<1s anteriores c posteriores, supondo
que haja um primeiro c um princípio em cad<l gênero, por 10
serem mais próximas daquele princípio, seja absolutmnen-
tc, seja por n<lturcza, seja relativamente, quer pelo lugar
quer, ainda, por obra de alguém 2• (a) Por exemplo, algu-
mas coisas se dizem anteriores pelo lugar, porque são mais
próximas de determinado lugar por natureza- por exem-
plo, do centro ou da extremidade- ou de algum ponto;
222 TON t~ETA TA<I>YY.IKA 11

q>ÚGeL 'tLvOÇ 'tOOtOU 6>ptaf!l\IOU ( Ó{ov 'tOU fLlaou f\ 'tOÜ l<JXCÍ'tou)


i) n;poç 'to 'tUXÓ.,, 'to 8f. 1t0pp6l'ttpo., 6cnepov· 'tcX 8& xcx'tc%
" J(p6vov ( 'tcX fLe'll y&p 'tti) n;opp6lnpov 'tOU vuv, otov ln;~ 'tW'II
yt\IOfLÍ\IW'II, n;pónpov y&p 'tcX Tpcuücc% 'twv M118uc.Wv Õ'tt n;op-
pw'ttpov &dxu 'tOU wv· 'tcX 8f. 'tti) li')'Ú'ttpov 'tOÕ vüv, oiov
ln;t 'tW'II fL&ÀÀÓ'II'twv, n;pónpo\1 yà:p NÍf!&IX Ilu9Cwv Õ'tL ly-
yú'tepov 'tOÜ 'IIU\1 'têi) 'IIÕ\1 6lç &p:x'ij XIXi 1tpW't~ XPf}GIXfLÍ \IW'II) ' 'tÕ:
20 8e XIX'tli Xt'llf}at'll ('to yà:p li')'Ú'ttpov 'toG n;pW'tou xw{JaiX'II'tot;
n;pwpov, otov n;CKtç &v8póç &px1! 8& xcxi IXÕ'tfl 'ttc; cX?tM>ç) •
'tÕ: 8e XIX'tcX 8úv1XfLL'II ('to yà:p Ú1ttpíxov 'tij 8uváf!tt n;pónpov,
..!. ~ ~· lt.CJ'tL\1
XCXL' 'to OU'IIIX't(a)'tf.pO'II'
I
'tOLOU'tO'II
-
o '
OU~ XCX'tiX' -J..,,
"'I" 1tp01X( ptGL\1
&v&.yXf} &xoÀou9ti'v 9&:'ttpov XIXL 'tO üonpov, 6lcnt fLTJ Xt'IIOÕ'II'tÓt;
:zs 'tt lxt(vou !L1! xtvtta91Xt xiXi xwoü'll'tot; xtvera91Xt' i) 8e n;pOIXt·
ptatt; lipx'ÍJ) • 'tli 8& XIX'tli 'tcíÇt\1 ( 'tiXÜ'tiX 8' lcntv ÕaiX n;póç
'tL E'll wptafLÍ\10\1 8tÉ<TtT)xt XIX'tcX 'tL\IIX À6yov, o!ov 1t1Xp1XG'tcX'tf}Ç
'tpt'tocncX'tou n;pónpov XIXi 1t1Xp1X'II'ÍJ'tfl VÍJ'tflt;' lv91X fLt" ylip ó
xopuq~~oc; lv91X 8f. i) fLOOTJ &pxfl) · - 't<XÕ<tiX fLev oõv n;pÓ'ttpiX
)O 'toÜ'tov ÀÍyt'tiXt 'tov 'tpÓ1tov, &ÀÀov 8f. 'tpÓn;ov 'to 't'ij yvwaet

1tpÓnpov WÇ XCKt ~Ín;À(;)ç n;pÓ'ttpO'II. 'tOÚ'tW\1 8f. &À.Àwt; 't!i XIX'tcX


't0\1 Àóyov XIXL 'tcX XIX'tÕ: 't7jv CK!aOf}atv. XIX'tli !Lf.v ylip 't0\1
ÀÓyov 'tcX XIX9ÓÀOU 1tpÓ'ttp1X XIX'tcX 8t 'tTjv IXfaOf}at'\1 'tÕ: XCK9'
lXfXcniX' XIXt XIX'tli 't0\1 ÀÓyov 8f. 'tO GUfL~tl3flXÕç 'tOU ÕÀou
)S n;pÓ'ttpO'II, o{o\1 'tO fLOUatXO'II 'tOÕ fLOUGLXOU &v9pW1tOU' 00 yà:p
lG'tiXt ó ÀÓyoc; ID.oc; &vtu 'tOÕ f!Ípouç XIXhot oõx lv8lxt't1Xt
fLOUGtx0\1 t!'IIIXL fLTj Õ'll'tOÇ fLOUGLXOÜ 'tWÓt;. t'tL 1tpÓ'ttp1X Àlyt·
METAFÍSI::A, t:. 11, l018b 1·2.37 223

ao contrário, aquilo que é mais distante é dito posterior'.


{b) Outras coísas se dizem anteriores pelo tempo: algumas
por estarem mais distantes do momento presente, como, 15
por exemplo, os acontecimentos elo passado; assin1 as guer-
ras de Tróia se dizem anteriores às guerras persas enquanto
estão mais distantes do mmlH.·uto presente; outras por se-
rem mais próximas do momento presente, como, por e-xem-
plo, os acontecimentos futuros: assim os jogos ncméicm
se dizem anteriores aos jogo~; píticos, porque estão mais
pr6ximos do momento presente, que é tomado wmo pon-
to de partida originário~. (c) Outras coisns se dizem anterio-
res pdo movimento: de fnto, o que é ma i~ próximo do Pri-
meiro íVlovcntc é anterior como, por exemplo, a cri:mça 20
é anterior ao homem, c aquele é um princípio em sentido
próprio;. (cl) Outras coisas .~c dizem anteriores pela potên-
cia: com efeito, é anterior o que é superior pela potência
c o que é mais potente; c assim é aquilo de cuja vont<Jdc 25
depende necessariamente outra coisa, que é posterior de
tal modo que, se aquele não move, este não se pode mm·cr,
c se aquele moYc, também este se deve mo\'er: aqui a vonta-
de se1YC de princípid'. (c) Outras coisas se dizem antt"riores
pch1 ordem: tais são todas as coisas dispostas segundo certa
relação com rdcrênci<l a certa unidade: por exemplo, entre
os coreutas o segundo é <mterior ao terceiro, c na lira a pe-
núltima corda é anterior à última; no primeiro caso, o cori-
fcu serve de princípio, no segundo é a corda do meio que
sen'c de princípio7 • Portanto, estas coisas se dizem ante-
riores nc~ta acepção. 30
(2) Noutro sentido, anterior se diz aquilo que é <lssim pelo co-
nhecimento: este é considerado anterior em sentido absolu-
to./~ coisas guc são ;mtcriorcs (a) segundo a noc,;;1o são diver-
sas das que são anteriores (b) sc~'lmdo a sensação. (a) Segun-
do a noçiio são anteriores os universais, (h) segundo a sen-
sação, ao contr.írio, são anteriores os particulares~. E segundo
J noçiio o acidente é anterior ao todo que o inclui: o músico,
por exemplo, é anterior ao homem músico, porque a noção 35
do todo não pode existir sem a noção da parte, ainda que o
músico não possa existir sem que alguém seja músicoy.
224 TUN META Til <DYIIKII LI

-rcxt -rll -rci>v 2tpo-r&pc.>v '2tcX01J, otov eúOúnjç ÀeLÓ't'Fl-roç -rà !J.tV
101,. yllp ypcx!LfLflc; x.«O' cxó't'ilv 2tciOoc; -rà ar. bncpcxveCcxç. -rll
jdv 8Tj Oltt(J) Àlye-rCXL 2tp6-repcx xcxl l)cm.pcx, -r!i a& XCX'r!i cpúcJL\1
x.«t oõa(cxv, l:íacx lv8txe-rcxL eivcxt &veu &À.À.wv, Wt\ICX ar. ~eu
lxeEV(J)\1 wlr '6 atcxtp,aet tXP'IÍaCX'tO ITÀ.ci't(J)\1. ( t'Jtd ar. 'tO e{vcxt
s 2tOÀÀ.cxX(i)ç, 2tpci>-rov !J.tV 'tO Ú2toxeÍ~J.eVOV 2tp6npov, aw fJ
oõaCcx 2rp6-repov, t'2tet-rcx &ll6>ç -ri~ xcx-rll awcx!Lw xcxl xcx-r'
lv-rillxutw· -r« jdv yllp xcx-r« aúvcx!J.tV 2rp6-repci la-rt -rll
a& x.«-rll lvullxetcxv, oTov xcx-rll awcx!J.tv !J.tV ft ft!J.(aetex
't'ilc; ÕÀ.1Jç xcxt -co IJ.Óptov -roü ÕÀ.ou xcxl 1t ÜÀ.1J 't'ilc; oõa(«ç, xcx-r'
10 lv-reÀÉ.Xetcxv a• üa-repov· atcxÀ.uOiv-roç yllp xcx-r' lv-rdéxetcxv
mcxt.) -rp6'2tov &í 'tt\ICX MV'tCX -rll np6npov XCXL l)a-repov Àey6·
~J.eVCX xcx-r« -rcxü-rcx À.éye-rcxt • -r« !Jlv y«p xcx-rll yÉ.veatv lvatxe-rcxt
liveu -r(i)v L-rtpwv eivcxt, otov 'tO ÕÀ.0\1 -r(i)v !J.OpÍ6>V, -rcX ar. XCX'tll
cp0opcív, otov -rà !J.Óptov -roü ÕÀ.ou. Ó!J.O(wç a& xcd -r&llcx.

12
15 dÚVCXJLLÇ >..tye-rcxt 1t !Jlv &pxfl xtvf)aewç +i IJ.e'tCX~oÀ.flç
1t lv lúp~ 7j ~ inpov, o{ov 1t olxoao!LtxTi awCXJL(ç la-rtv 1J oúx
órccipxet lv -r~ olxoao!J.OUIJ.É.V<t>, &ll' 1t lcx-rpLX'it aúvCXJLtc; oõacx
ó'2tcipxot éiv lv -r~ lcx-rpeuo!J.É.v~, &ll' oõx "D lcx-rpeu61J.evoç.
Ti !J.&v oõv ÕÀ.wç &pxTj IJ.e'tcx~oÀ.flç +i xtvf)ae6>ç ÀÉ.ye-rcxt aúvcx·
\ M~TAFÍS:CA, llll/12,1018b38-10l9ol91 _22.5

(3) Além disso, anteriores se dizem as propriedades das coi-


sas que são anteriores; o reto, por exemplo, é anterior
ao plano: de fato, o primeiro é propriedade da linha, en-
quanto o segundo é propriedade da superfície'"· 1019'
(4) Ademais, algumas coisas se dizem anteriores c posteriores
no sentido visto, enquanto outras se dizem anteriores c pos-
teriores segundo a natureza c segundo a substância: são
assim todas as coi~as que podem existir independentemen-
te de outras, enquanto essas outras não podem existir sem
aquclas 11 : dessa distinção se \'alia Platão 12 . (E como o ser
tcmmt1ltiplos significados, (a) em primeiro lugar, anterior 5
é o substrato c, portanto, anterior é a substância';· (b} Em
segundo lugar, como uma coisa é ser em potência, outra é
ser em ato, algumas coisas são anteriores segundo a potên-
cia, outras o são segundo o ato: por exemplo, a semi-reta é
anterior à reta pela potência, assim como a parte com rela-
ção ao todo c a matéria com relação à substância; segundo
o ato, ao contr.:írio, todas são posteriores, JXlrquc só podem 10
existir em ato quando o todo se dissolvcH).
De certo modo, todas as coisas que se di7.cm anteriores c poste-
riores o são por referência a este último signifícado 1;_ De fato, algu-
mas coisas podem existir sem as outras quanto à geração: por exem-
plo, o todo sem as partes; outras, ao contr<írio, p<x:lcm existir sem
outras quanto à corrupção: por exemplo, as partes sem o todo. O
mesmo vale para todos os outros ~enticlos de antcrior 1('.

12. [Os significado.~ de potência e impotência, possível e impo.~sívelJ'


(1) Potência, em primeiro lugar, significa o princípio de movi- 15
mcnto ou de mudança que se encontra em outra coisa ou
na própria coisa enquanto outra. A arte de construir, por
exemplo, é uma potência que não se encontra na coisa
construída; mas a arte de curar, que também é uma potên-
cia, pode encontrar-se também no que é curado, mas não
enquanto é curadoZ.
(Z) Potência, portanto, significa, em primeiro lugar, esse prin-
cípio de mudança ou de movimento que se encontra em
226

zo f.LI.Ç lv l'ttpctl 1\ fll'ttpov, ~ 8' óq>' l'ttpou 1\ fll't~ov (xcx9' ~


yap 'tO 1tciax,ov ?tciax,et 'tt, ó-t~ !L~" làtv Õ'ttoúv, 8uvcx"tov cxuw
q>CX(.Lt\1 e{vcxt 1tCX9ttv, M~ 8' OÔ XCX'ta 1tliV 7tcX9oç cXÀÀ' !v l1tl
'to ~t:>..'ttov) • t'tt ~ 'tOÜ xcxÀwç 'toü't' lmnÀe!v f\ xcx'ta ?tpocxC-
ptCJtv· lv(O'tt ')'Õtp 'tOÔÇ f.LÓVOV !v 1tOptu9éY'tCXÇ f\ d1tÓY'tCXÇ 1 f.Lf!
.... zs xcxÀ&x; SE. Ti !Lf! ooç 7tpodÀov'to, oú q><Xf.Lt\1 S6VCXCJ9cxt Àéyetv
f\ ~SCCew· Of.LOCwç s~ xcxl l7tl 'tOÜ 7tcXCJX&L\I. l'tt ÕCJCXt ~~I.Ç
xcx9' &ç cX7tcx97j b?..wç f\ cXf.Lt'tCÍ~ÀTI'tCX i\ !Lf! pf[.8(wç l1tt 'tÕ
xetpov tÔf.Lt'tCXX(VTI't'CX, Suvcif.LtLÇ Àé')'OY'tCXL. W't'CXL f.L~V y&p
xcxt CJUY'tp$t't'CXt xcxl xcXIJ.7t't'E'tCXL xcxl ID..wç q>9dpncxt oõ 'têi)
lO 86vcxCJ9cxt cXÀÀdt 't'êi) !Lf! S6vcxCJ9cxt xcxt llld?tttv 'ttv6ç
cX1tcx97j 8~ 't&'>\1 't'OLOÓ'tWV a f.LÓÀI.Ç xcxt ftpéf.LCX 7tcXCJXEt 8t& Sú-
\ICX(.Lt\1 xcxt 't'4) MvcxCJ9cxt xcxt 'têi) lxew 1tWt;. Àt')'Of.LL"TTt; S&
'ri'jç SuvcXf.LE6>Ç 'tOCJCXU'tCXJ(wç, xcxl 'tO 8uvcx'tÕv lvcx !L~" 'tp61tov
Àex&í)n'tcxt 'to lxov xtvftCJewç cipxf!v f\ IJ.ncx~Àijç (xcxi yàtp
ls 'tO CJ'tCX't'txov Suv<X"t6v 'tt) lv l't'tp~ f\ fll't'~ov, &voe S' làtv lxn
1019• 't't cxÕ'toü &llo Súvcxf.Ltv 'totcxÓ'tTiv, lvcx 8' là:v lxn f.Lt't'~CÍÀ­
Àttv lq>' O'ttoÜV Mvcxf.LLY, tL't' 1 l7tt 'tÕ xetpov tL't 1 l?tt 't'O ~éÀ­
't'LOV (xcxt yàtp 'tO q>9ttp6~J.tvov 8oxtt SuYCX"tov e{vcxt q>9eCpe.-
CJ9cxt, i\ OÔX !v q>9cxp~t d ~\1 ci8ÚYCX't'OV" Wv 8~ lJ(&L 'ttvÕ;
s Stci9tCJtv xcxt cxhCcxv xcxt cip:xfjv 'tOÜ 'tOLOÓ't'ou 7tcX9ouç Ó't~ f.LtV
STj 'têi) lxew 't't 8oxet, ó-te 8~ 't4) lCJ"tepiiCJ9cxt 'tOtoü'tov etvcxt • d
METAFÍSICA. A 12, 1019o20-b6 227

outra coisa- ou na própria coisa enquanto outra, e, em 20


segundo lugar, significa o princípio pelo qual uma coisa
é mudada ou movida por outra ou por si mesma enquan-
to outra. De fato, em virtude desse princípio pelo qual o
paciente sofre alguma modificação dizemos que o pró-
prio paciente tem a potência de sofrer modificações;. (E
às vezes dizemos isso se ele tem potência de sofrer qual-
quer tipo de modificação; às vezes só se ele tem potência
de sofrer afecçõcs que o fazem mudar para melhor)~.
(3) Ademais, chélma-sc potência a capacidade de realizi.lr algo
hem ou adequadamente. De fato, às vezes dizemos dos que
caminham ou falam, mas não o fazem bem ou como de se- 25
jariam, que não têm potência para falar ou para caminhar'.
(4) O mesmo vale para a potência passiva 6 .
(5) Além disso, chamam-se potências todos os estados em vir-
tude dos quais as ·coisas são absolutamente impassíveis ou
imutáveis ou não facilmente muhívcis para pior. De fato,
as coisas quebram-se, dcgencrmn-sc, dolmnn--sc c, em geral,
destroem-se, não porque.: têm potência, mas porque não 30
têm potência c porque.: carecem de alguma coisa; ao contrá-
rio, são impassivcis relativamente a todos estes tipos de éJfcc-
çõcs as coisas que dificilmente ou pouco são afetadas por
elas por causa de sua potência c de seu poder, e por determi-
nadas condições em que se cncontrcm7 .
Dado que potência se diz em todos estes sentidos, tam-
bém potente se dirá em sentidos equivalentes. (l) Num primeiro
sentido, dir-sc-<1 potente o que possui um princípio de movimen-
to ou de mudança (de fato, também o que pode produzir repouso 35
é algo potente) em outro ou em si mesmo enquanto outro~. (2)
Num segundo sentido, dir-sc-á potente algo sobre o qual alguma 1019"
coisa pode exercitar uma potência desse tipoq. (3) Noutro senti-
do, potente di r-se-á o que tem potência para mudar em qualquer
sentido, seja para pior seja para melhor. (Com efeito, também o
ljliC se corrompe parece ser potente para corromper-se, pois não
sc teria destruído se fosse impotente para se destruir: portanto, ele
possui certa disposição, uma causa c um princípio de tal afecção. 5
Assim, algo parece ser potente, às vezes porque possui alguma
228 TnN META TA C!>Y!IKA I:J.

S' Tj atfp'I')O(~ lcrtw lÇt~ 11:6>~, 1C&V'tCX 't~ ~X~LV &v f.t'l') 'tt,
[tl s~ f.L7)] wcrt~ 'tél> u lx~w lÇtv 'ttvCt xcxt cipxflv lcrtt
Suvcx'tov [Õf.LCUVÚf.LCU~ xcxt 'tél> txetv rljv 'tOÚ'tou crt€p1')CJtv, tl lv-
lo S€xe'tCXL lxew odp1')0LV' (d Se f.L'Íl· Of.L6>Wf.L6>Ç)). evcx Se 'tél> f.LTl
lxetv cxô-toü Sóvcxf.LLV fi cipxTiv &ÀÀo fi ú ruo cpOcxpt~'ÍlV- t'tt Se
't'CXÜ'tCX 1C&V'ÇCX fi 'tél> f.L6VOV &v OUf.L~ij\lcxt 'Y'E.V€CJ9cxt fi f.LTl 'YF.Vf·
CJ6cxt, fi 'tél> XcxÀ6>~. xcxi. 'YcXP lv 't'Ot~ cXcVÚJ(OL~ eVF.O"CLV Tj 't'OLCXÚ't1j
Súvcxf.LLÇ, o{ov tV 't'Ot~ Op'Y'&VOLÇ rljv f.LtV 'Y'OtP SúvcxCJOcx( cpcxcn
1S cp0€rrf.a6cxt Àúpcxv, rljv S' ouS&v, &v ií f.LTl ~úcpcuvo~. cXSuvcx-
f.L(CX SE. lcrti. crttp'I')CJt~ Suv&f.LE(a)~ xcxt Ti}ç 't'OtCXÚ't1}~ cipJ(ii~
OLcx trp1')'t'CXL 1 fi ÕÀ6>~ fi 'tél> 1Cf.<pUX6'tt i'J(F.tV, fi XCXt M~
n&cpuXF.V ijS'I') f'J(f.LV' OU 'YclP Óf.LO(CU~ &v cpCXLf.V ciSÚVCX'tOV dvcxt
remv 1tcx'tacx xcxt &vSpcx xcxt euvoUJ(ov. l'tt Se xcxO' éxcxúpcxv
zo SúVCXf.Ltv ÍCJ'nv ciSuvcxf.L(cx cXV"Çtx~tf.L€V1J, 'rfi 'tF. f.16vov XtV1}'ttX'Õ
xcxl 'tij XCXÀWÇ XLV1}'ttx'Õ• xcxt cXSÚVCX't'CX 87l 'tcX f.LeV XCX'tcX rljv
ciSuvcxf.LtcxV 't'CXÚ't1}V À€rncxt, 't'Ot Se roov 'tpÓ1Cov, otov 8u-
VCX't6v 'tF. xcxt ciSúvcx't'OV, ciSÚVCX't'OV f.LtV OU 'tO tV<XVt(ov ee
civ&rx'l'l~ cXÀTjO&ç ( otov 'tO rljv St&f.Lt'tpov OÚf.Lf.Lnpov dvcxt
25 ciSúvcx't'OV Õ'tt q,F.ü8o~ 'tO 't'OtoÜ'tov ou 'tO tV<XVt(ov ou f.L6VOV cXÀTj·
e~ IDàt xcxt civ&rx'l') [cXoúfJ.fJ.f.'tpOv ~tvcxt]• 'tO clpcx OÚf.Lf.LF.·
'tpov ou f.L6vov q,e.ü8o~ ID« xcxi. &e &v&rx'l'l~ q,eü8o~) • 'to 8'
tVCXV'Ç Eov 'tOÚ't~, 'tO 8uvcx't6v, Õ'tcxv f.LTi civcxrxcxtov ií 'tO lvcxv-
't(ov cjl~ü8o~ F.tvcxt, otov 'to xcx&ija6cxt tlvOpcunov 8uvcx't6v· ou
)Q ràtp le civ&rx'l'l~ 'tO f.LTl xcx&ijCJOCXt q,e.üooç. 'tO f.LtV oõv Suvcx-
METAFÍSICA. L!. 12, 1019 b 7. 30 229

coisa, outras vezes porque é privado de alguma coisa; c se a priva-


ção é, de certo modo, uma posse 111 , todas as coisas serão potentes
porque possuem algo. Portanto, as coisas serão potentes ou por
possuírem algo c determinado princípio ou por possuírem a priv<l-
ção dele, se é possí\'cl possuir uma privação; se isso n5o é possível,
as coisas se dirão potentes apenas por homonímia 11 ). (4) Noutro lO
sentido ainda, algo se diz potente porque nem outw eoisa nem
ele mesmo enquanto outro tem a potência ou o princípio de sua
dcstruição 1z. (5) Enfim, todas essas coisas são ditas potentes ou
porque podem simplesmente realizar-se ou não, ou porque podem
realizar-se bem. Nas coisas inanimadéls est<í presente uma potên-
cia desse tipo, por exemplo, nos instrumentos: diz-se que uma lira
tem potência para soar c que outra não tem quando não possui 15
um belo som 11 •
A impotência é privaç5o de potência - ou seja, privação
do princípio acima ilustrado- (a) ou em ger.1l, (b) ou em algo
que por ll<Jtureza deveria possuí-la, (c) ou ainda, num tempo
em que j<í deveria possuí-la por natureza. De fato, não podemos
dizer no mesmo sentido que uma criança, um homem c um eu-
nuco são impotcnteli para germH. Ademais, a cada tipo de pott:n-
cia se contrapõe um tipo de impotência, tanto à qu<.: simplcsmen- 20
te produ1. movimento, como à que o produz da mdhor m<meira
possíveJI;.
Algumas coisas se dizem impotentes (I) neste sentido de
impotência; outras, ao contrchio, se dizem impotentes (2) em
outro sentido, quer dizer, no sentido de possível c impossívcl 16 •
Impossível C: aquilo cujo contrário é necessariamente verda-
deiro: por exemplo, é impossível que a diagonal do quadrado
seja comensur~1vcl com o lado, porque isso C: falso c seu contrário 25
não só é verdadeiro, mas é necessariamente verdadeiro: <l diago-
nal do quadrado relativamente ao lado é ncc<.:ssariamente inco-
mensurável. Portanto, a afirmação da comcnsurabilidadc não
só é falsa, mas é necessariamente falsa 17 . '[em-se o eontrcírío do
impossível, isto é, o possível quando não é nccess<írio que o eon-
1rário seja falso: por ex<.:mplo, é possível que um homem esteja
sentado, porque não é necessariamente falso que ele não este-
ja sentado 1·\ Portanto, o possível, como dissemos, significa (a) 30
num sentido, o que não é necessariamt:ntc falso, (b) noutro scn-
230 TUN META TA <i>YIIKA à

t 'tov l\IOt !J.tY 'tpcmov, &mnp el'pT)wt, 't~ !LT! lÇ d:Yá:')'XTic; ~eu·
Soe; OTI!J.Ot(vtt, l\IOt Si 'to cil.T)9lc; [e!vcxt], l\ICX Si 't~ lvSe.x6-
!Lt\IOY d:).T)9tc; E.{\IOtt. XCX'tcX !J.t'tot<pop&v "St ~ lv 'YU!l!J.t'tp(~
).lrt'tott Súvcq.~.tc;. 'totU'tcx !Jlv ouv 't& Su\IOt't& oõ xot't& 8ú\10t·
Js !J.tv· 't'& Si Àer6!J.t\10t xcx't& Súvcq.~.w x«'ll'tcx ).trncxt xp~c;
1020• 't1!v xpw't'Tj\1 [IJ.Ccxv]- otÜ'tT) S' lattv ~PXT! !J.t'tot~Àijc; lv &llctl
;; fi &).).o. 'tcX r&p &llcx Ãlrt't'ott 8u\ICX't'cX 'te\) 'tcX !Jlv lxe.w
cxÕ'twv &).).o 'tt 't'otcxú't'TJ" M\IOt!J.t\1 't& Si !LT! lxe.tv 't& Se
wSi lXttv. Ó!J.otwc; St xcxt 't'& &8úvot'tot. wcrn ó xúptoc; lipoc;
' tijc; xpw'tT)c; ®'olá:!J.Ua>c; av e.r.., &pxTI IJ.t'tcx~À'I'I't'LX'iJ lv ciU~
Ti fi ruo.
13
Doa~ Àllt'tott 'tO Stcxtpe.'t~\1 de; lW7t«PXO'II'tot ~\1 lxcí-
npov i\ lxocO"t0\1 lv 'tt ·xcxl 't6Se. 'tt xl<puxev e.!vcxt. 7tÃfj9oc;
!J.tV ow noa6v 't't iav &pt91J.11't'~v fi, !Llre.9oc; Si &v !J.t't'PTI~"
to fi. Àllt'tott St xÀfj9oc; !J.tV 'tO Stcxtpt't'~ Su\lá:f,Ltt tlc; !LT! <MI·
e.xij, !Llrt9oc; Se 't'o de; auve.xfí· !J.trl9ouc; SE. 't'~ !Jlv bp' êv
auvtx!c; !Lfíxoc; 't'~ S' lx~ Mo xÀ«'toc; 'tO S' lnl. 'tp(cx ~«9oc;.
't'OÚ'twv Si n).Tj9oc; !Jlv 't~ mntpcx~vov ~pt9J.L~c; IJ.fíxoc; SE.
'YPCX!L!L~ nÀ«'t'oc; Si lxt<p«ve.tcx ~«9oc; Si a6l!J.CX. l'tt 't'cX
ts !J.tY ).lrt'tcxt :~e«9' cxth& noa«, 't'cX 8! xcx'tci au!J.~~x6c;,
otov ~ !J.E\1 rPot!L!L~ noa6v 't't xcx9' Ícxu't6, 't'O SE. IJ.OUO't·
x0\1 XCX'tcX au~t~7)X6c;. 't'6lY St xcx9' otÓ'tcX 't'cX !J.EY Xot't''
oõaCcxv lat(v, orov ~ lPCCf.I.!LT! noa6v 't'L (lv rckp 't'Ci) Mrctl 't'ci)
't'( lO"tt Ãlrov't't 't'~ xoa6v 't't Õ7t«pxet), 't'& Si xcí9Tl xcxt &Çttc;
I
MEWÍSICA,lll2/13, 1019b31 ·1020a 19! 231

tjdo, o q uc é verdadeiro 1'1; (c) num terceiro sentido, o q uc pode


ser vcrdadeiroz0 •
Por transferência, fala-se de potência também em gcomctri<J 21 .
Estes significados do possívd não se referem às noções de po- 35
tênciazz. Ao contrário, todos os significados que se referem à potên-
cia implicam uma relação com o primeiro significado d<.: potência,
isto é, potência como princípio de mudança em outra coisa ou na 1020··
própria coisa enquanto outra. As outras coisas são ditas potentes
ou porque algo diferente tem sobre cl::~s uma potência, ou porque
não tem, ou ainda porque o tem de dctcm1inado modo2 "~. O mesmo
vale para as coisas que são ditas impotentes.
Concluindo, a ddinição principal do significado de potência
será: potência é princípio de mudança em outra coisa ou na pró- s
pria coisa cmjuanto outra 2·1.

I 3. [Os significados de quanticlade]l


Qu~mtidadc se diz do (.jUC é divisível em partes imanentes c
das quais cada uma é, por sua natureza, Jlgo uno c dctcrminado 2•
Uma quantidade é (I) uma pluralidade quando é numcrávcl;
(2) uma grandeza quando é mcnsur<ivcl. (I) Chama-se plural i- 10
dadc o que se pode dividir em partes não contínuas\ (2) cha-
JIIa-se grandeza o que é divisível em partes contínuas... Entre as
t;randezas, a que é contínua numa dimensão é comprimento; a
<jiiC é contínua em duas dimensões é largura c a que é contínua
l'lll três dimcnsôcs é profundidade. Uma multiplicidade dclimi-

lada é um nt"uncro;, um comprímcnto delimitado é uma linha,


111\la largura delimitada é uma superfície c uma profundidade

ddimitada é um corpo.
Ademais, (A) algumas coisas são ditas quantidade por si 15
nH.:smas~, (8) outras por acidente: a linha, por exemplo, é uma
qum1tidadc por si, o músico é uma quantidade por acidente'.
(A) Entre as quantidadc:s por si, (a) algumas são assim por sua
t·ssência: a linha, por exemplo, é uma quantidade por si, porque
.1 quantidade está incluída na noção que exprime a própria essência

da linha8; (b) outras, ao contr~rio, são afccçõcs c estados desse


232 TUN METf, Til <DY!IKA t:.

zo 'tijç TotcxÚ't1)~ lcrdv oõcncxç, ·otov To 1toÀu xcxt TO óÃCrov, xcxt


!J.CXXpov xcxt ~pcxxú, xcxt 1tÀcx't'Õ xocl crcev6v, xcxt ~Ou xcxt
TCX1tetv6v, xcxt ~pu xcxt XOÜfOV, xcxl 'tcX ciÀÀcx T<X 'totexíhcx.
lcrct Se xcxt TO !J.Í'Y'cx xcxt TO !J.txpov xcxt !J.f,il;ov xcxt
D..cxnov, xcxt xcxO' cxÕTci xcxt 11:poç !ÀÀ1)Àcx Àer61J.tvcx, Toü
25 1tOCJOU 1t«011 xcx9' CXÚ't«' IJ.f.'t<XCpÍpOVTCXL !J.ÍV'tOt XCXt e1t' ciÀÀcx
'tCXÜTIX 'tcX ÓV61J.CX'tCX. 't(;)\1 8t XCXTcX <7UIJ.~f.~1)x0Ç Àt'Y'O!J.ÍVW\1
1tO<JC>V TcX !J.tV OÜTWÇ ÀÍ'Y'f.'tCXt &Sam.p lÀéXfhJ IJTt 'tO IJ.OUGtX0\1
1t0oov xoct TO Àeuxov 'tc'i> etvcxt 1too6v 'tt ci> Õ1t«pxoum, TcX 8&
WÇ XÍV1)<JLÇ XCXL x.p6voç XCXL 'Y'cXP TCXUTCX 1t6o' ÓÍTTIX ÀÍ'Y'f.TCXL
lo xcxl <JU\i~xií Tc'i> lxervcx StextpeTcX etvcxt ~v lcrct 'tcxÜTcx 1rcifh).
>.trw 8& ou TO XLVOÚIJ.f.V0\1 &:U.' ô lxtvfj91}· Tc'i> r<Xp 1t0<JOV e!vcxt
lxüvo xcxt ~. XLV1)<Jtç 11:ocrlt, ó 8& x.p6voç 'tctl TIXÚ't1)V.
(To] 1tOLOV Àt'Y'f.'tCXt t\ICX !J.tV 'tp61toV ~ 8tcxcpopcX 'tijç oÕ<J(cxç, 14
otov 1tOtÓV Tt ÓÍv9pw1tOÇ ~ctlo\1 Õ'tt 8L1tOUV, !1t1tat; 8t Tf.TpcX1tOUV,
" xcxt xúxÀoç 1tot6v Tt oxií!J.IX Õ'tt &r~vtov, wç 'tijç 8tcxcpopliç
1020b 'tijç XIX'tcX TTJV OU<J{CXV 1tOt6't1)TOÇ OÚ<JT)Ç -evcx IJ.!V 8~ Tp61tov
'tOÜTOV ÀÍ'Y'f.TCXt ~ 1tOt6't1)Ç 8tcxcpopcX ouo(cxç, tVIX 8t wc; TcX &:x(-
V1)TCX XCXL TcX !J.CX91}1J.CXTtXcX, &SG1tep ol &:pt9~J.Qt 1tOtO( TtVf.Ç,
otov ol cruv9f.'t0L xcxt IJ.~ !J.6vov lcp. iv ÕV'teç &:U.. W\1 !J.(IJ.T)IJ.IX
s TÕ e1t(1troov xcxt TO crcepe6v (oõ-rot 8' dcnv ol1too«xtc; 1t0<JOL f\
1too«xtç 11:oocixt~ 1toao(), xcxl ó?..wc; ô 1t1XpcX TO 1tooov Ú1tcip-
xet lv 't'ij OU<J(qt• OU<J(CX 'Y'cXP lx«crcou Ô &1raÇ, o{ov TC>V iÇ OUX
METAFis:CA, h. l3/1A, 1020a 20·b7 233

tipo de entes: por exemplo, o muito c o pouco9, o longo c o eurto 11 ', 20


o largo e o cstrcito 11 , o alto e o baixo 12, o pesado c o lcvcH c as ou-
tws afceções desse tipo. O grande c o pequeno, o lll<lis c o menos
- comidcrados em si ou em suas relações recíprocas- são afcc-
çõcs por si d<1 quantidadcH; toda\·ía, por tmnsfcrência, esses termos
se estendem também a outras coisas 1 ~. 25
(B) As coisas que se dizem quantidade por acidente .são assim
cham<1das (a) algumas, no sentido segundo o qual dissemos que o
músico c o branco siio quantidades, ou seja, pelo fato de ser quanti-
dade aquilo a que pcrtcnccm 11'; (b) outras no sentido de que o movi-
mento c o tempo são quantidades. De fato, também o tempo c o
movimento são ditos quantidade, c quantidades contínuas, porque
é divisível aquilo de que siio afccçõcs. Precisamente, não o que se JO
move é divish'cl, mas o espaço percorrido pelo mo\'imcnto do que
se movc 17 • E dado que o espaço é um<1 quantidade, também o{; o
movimento; c d<ldo que o movimento é uma quantidade, também
o é o tempo 1s.

14. {Os sígni{icado.~ de qualidacleJl


(l} Qualidade si&rtlifica, num sentido, a diferença da substân-
cia: o homem é um anÍillal {[Uctem certa qunlidade, precisn-
mcnte a qualidade de ser hípcdc, e o cavalo a de ser quadrú-
pede, o círculo tem certa qualidade, precisamente a de ser
sem Jngulos: esses cxt'mplos demonstram que a diferença 35
segundo a substância é uma qualicbdc. Portanto, este é o pri-
meiro :-ignificado da qualidade: a diferença da substâned. 1020"
(2} Um segundo significndo da {Jllalidadc refere-se <lOS objetos
imóveis da matcmáticn. Assim se diz que os números têm
determinadas qualidades: por exemplo, os números com-
postos, que niio eorrespondem a uma s6 dimensão c que
são representados pela superfíeic c pelo sólido: tais são os 5
números produzidos pela multiplicação de dois fatores c
pel<l multipliC<lÇào de três fatores;. E, em geral, é qualida-
de o que pertence à essência do número além da quanti-
dade; de fato, a essência de cad~1 número é aquilo que ele
é multiplicado por um: a essência do seis, por exemplo,
234 TON 14ETA TA <I>Yl:IK/1 6

8 8tç ~ 'tptç datY dc)J.' 8 cX'It~"iÇ y<Xp ci7c~ f.'Ç. t'tt ÕO'IX
'lt,xeT) ,;&>v XtYOUJ.LtY<J)Y ouat&>v, otov 9tpJ.LÓ'n]Ç xott q,uXPÓ'n]~,
10 xoct ÀtUXÓ't1}Ç xott J.L&À~Xvúx, x~Xl ~cxpÚ'n]~ xott xou!pÓ't1}ç, xotl
ÕO'CX 'tOtiXÜ'tCX, xcx9' a Àé"(WtCXt XCXt dcÀÀOtOÜ0'6CXt 'tcX 0'6>J.1CX't(X
J.Lt'tcx~cxll6Y'twv. lu x~X,;' dcperl]v xotl xocx(cxv xott ó?.w~ ,;o
xotX0\1 xcxt dcy~X96v. axe8ov &iJ xot'tcX Súo ,;p67toU~ Àtyot't' CX\1
'tO 1tOtÓv, XIXt 'tOÚ'twY f:vcx 'tOY xupt6>'t<X't0\l" 7tp6>'t1} J.LtY "(cXp
u 1tOtÓ't1}Ç -1j 'tijç oõcrúxç Ôtcx!pop<Í ('t~XÚ'n]ç ôt 'tt xoct -1j lv ,;oi~
cXpt9J.L01'Ç 'ltOtÓ'n]~ J.Lfpoç Ôtcx!pOpcX "(<Íp 'ttÇ OUCftOOY, cXÀÀ' -5} OU
Xt\IOUJ.LÍYWY -5} OUX lj XtYOÚJ.L&YIX), 'tcX Ôt '1t<Í9T) 1:00\1 Xt\IOUJ.LÍVWY 'Ó
XtYOÚJ.L&Y<X, xocl ex{ ,;&>v xtvf}aewv 8tcx!popcxt dcperl] 8f. xcxl
xcxx((X ,;&>v 1tCX9T)(.UÍ'twv J.LÍpoç 'tt • Ôtcx!popclç yc1p 8TjÀoücrt 'tij~
20 xtvf}O"&w~ XIXL 'tijç ivepy&(cxç, x~X9' &ç 'ltOtOÜO't\1 '51 7t<ÍCJXoum X<X·

Àooç fi !p~XÚÀwç 'tcX lv xtvf}O"&t lSY'tcx • ,;o J.Li.v yc1p 6l8t ôu'olá·
J.L&Yov xtveiaO~Xt '51 lvepyerv dcycx90v ,;o ô' 6>81. xcxl lvcxY'ttw~
J.LOX9T)póv. J.L<XÀtef'tcx 8E. 'tÕ dcy~X9ov X<Xt 'tO X<XXOv <n)J.LIX(Ytt 'tO
'ltotõv l1tl. ,;wv iJ.Lq,úxwv, xocl ,;oó,;wv ~ta,;cx i1tl ,;o'Lç ixouat
u 7tpocxCpecrtv.

15
fipóç 'tL Àé"(t'tiXL 'tcX !Jiv WÇ 8t'1tÀ<ÍcrtO\I 1tp0~ f}J.Lt.aU xott
,;pt7tÀ<Ícrtov 1tpoç ,;pt't1}J.1Óptov, xcxl ÕÀwç 1tOÀÀ<X7tÀÓ.crLOv 7tpo~
1tOÀÀOCTtT)J.LÓptov X<Xt úmplxov 1tp0~ Ú'lttptXÓJ.L&Y0\1" 'tcX Õ' w~
,;O 9tpJ.LCXVttXO\I 7tp0~ 'tO 9tpJ.LCXY'tOv X(Xt ,;O 'tJ.17)'tLXOY 7tp0~ 'tO
lO 'tJ.11)'tÓv, xcxl ÕÀw~ 'tÕ 'ltOtT)'ttxOY 7tp0~ 1:0 'lt<X97)'ttx6v· 'tcX ô'
MEIAFÍSICA. â 14/15. 1020 b 8 · 30 235

não é seis \'ezcs dois ou vezes três, mas o que ele é uma
vez: de fato, seis é igual a seis vezes um 4•
(3) Ademais, chamam-se qualidades as afecções das subs-
tâncias em movimento: por exemplo o quente c o frio,
o branco c o preto, o pesado c leve; c, em geral, todas as 10
outras afec:ções desse tipo, segundo as <.JUais diz-se <.JUe
os corpos se alteram quando mudam 1'.
(4) Além disso, qualidade se entende também no sentido
de virtude c de vício c, em geral, de bem c de maF.
Portanto, pode-se falar de qualidaJc em doi~ sentidos, um
dos (1uais é fund<.~mcntal. (A) O significado primeiro de <.JUali-
dade é a diferença da substância\ no iimbito dc:~sc significado 15
entra também a qualidade dos números: de fato, também esta
é uma diferença de suhst;incias, mas de substâncias que não são
móveis ou que não são consideradas Cn<.Jmmto m6vcis'1• (B) O
outro significado refere-se às afccçôcs das substâncias móveis
consideradas, justamente, enquanto móveis e as diferenças dos
movimentos 111 • A virtude c o vício 11 fazem parte dcss<lS afccçõcs,
porque indicam as diferenças do movimento c da atividade, 20
segundo as quais os seres em movimento agem ou padecem o
bem c o 111<11. De fato, o que tem potência pma ser movido ou para
agir de determinado modo é bom; c o que tem potência para ser
movido ou para agir de modo contrário ao primeiro é mau. Parti-
cularmente, o bem c o mal indicam a qualici<Jdc própria dos se-
res vivos c, no âmbito destes, sobretudo a qualidade: própria dos
seres que são dotados da faculdade de cseolhcr 1 ~. 25

l5.{0s ~>igniflcados de relcJtivo e relação}'


(I) Relativas se dizem, em certo sentido, <lS coisas cuja relação
é como a do dobro para a metade:, do triplo p<~ra a terça
parte c, em geral, do múltiplo para o submúltiplo e do que
cxccck para o que é cxccdidd. (2) Em outro ~cntido, di-
zem-se rclatiYas as coisas cuja relação é como a do guc
pode a<.Jucccr para o que é aquecido, do <.JUe pode co.rh1r
para o que é cortado c, em geral, do <Jgcntc para com o pa-
cíente1. (3) Noutro sentido ainda, relatívas se dizem as 30
coisas cuja relação é como a do que é mensurável para com
2J6 TnN META TA <llYIIKA ll

wc; 'tO fLE.'tpTj't0\1 1tpoç 'tO fLe'tpov XIXL t1ttO't1)'tO\I 1tpOÇ l.mcrt'f)fL"Ij\1
X<Xl <Xtalh,'to'll 1tpoc; <XraO,aw. ).tyn<Xt 8& 1:dt f!i."~~ 1tp(;'>'t<X x<X't'
&pt9fLÕv 1\ á:1tÀooc; 1\ wptafil'llwÇ, 1tpoç <Xthouç; 1\ 1tpOç; l'll (o!O'II
1:0 fLE.'II 8t1tÀIÍatO'II 1tpoç; tv &pt9fi0ç; wptafLl'lloç;, 1:0 8t 1toÀÀ<X·
n 1tÀIÍat0'11 x<X't' &pt9fLo'll 1tpoç; l'll, oõx wptafil'llo'll 8&, oto'll 1:6'118t
1021• 1\ 1:6v8e.· 1:0 8& TifLt6Àwv 1tpoç; 1:0 Úcp7J!J.t6Ãwv X<X't' &pt9~-tà'll
1tpõç; &pt9fLo'\l wptafL&'\10'11" 'tà 8' t1tt!J.Ópto'\l 1tpoç; 1:o ú1te.m!J.6pt0'11
X<X'tàr. &6ptcno'll, Wa7te.p 1:0 1toÀÀor.1tÀCÍaL0'11 1tpoç; 1:0 t'll' 1:0 8'
Ú1te.pfxov 1tpOÇ 'to Ú1ttptXÓfL&'IIO'II 8Àc.>ç; &óptcno'\1 XIX't' &pt9j.tÓ'II"
s ó yàr.p &pt9~-tàç; GÚfLfL&'tpoç;, X<X'tàr. 1-LTJ auj.t!J.t'tpou 8& &pt9j.tõç; oô
Àt"(t'tor.t, 1:0 8f. Õ1te.ptxo'll 1tpoç; 1:0 úmpe.xó~-ttvo'll 1:oaoiit6v
'tf tau XIXi t'tt, 'tOÜ'tO 8' &6ptcnO'\I" Ó1tÓ'ttp0'11 ydtp t'tUXl'll tcnt\1,
fJ taO'II T\ oúx t'ao'll) • 'tiXÜ'tiÍ 't& cru'\1 1:àr. 1tp6ç; 'tt 1t1Í\I't<X XIX't'
&pt9fLO\I Àfyt.'t<Xt XIXL &pt9fLOÜ 1t&.9Tj, XIXL t'tt 'tO t'ao'\1 X<Xt
to ÕfLOL0\1 XIXt 't<XÚ'to XIX't' cillov 'tpÓ1t0'11 ( X<X'tà: yà:p 'tO Ê'll Àt·
"(&'tiXL 1t1ÍV't<X, 't<XÚ'tàr. fLt'\1 yàr.p 00'\1 !J.ÍIX Tj oÕ<J(or., ÕfLOLIX 8'
oo'\1 Ti 1tOtÓ'tTjç; fL(or., t'aor. 8& W'\1 'tO 1tOGÕ'II t'\1" 'tÕ 8' Ê'll 'tOÜ
&pt9fLOÜ &pxTJ XIXi fLt'tp0'11 7 WG't& 'totÜ'tiX 1t!Í\I't1X 1tpÓç; 'tL
Àt"(t'tiXL XIX't' &pt9fLO'II j.tt'll, oÚ 'tÕ'\1 otÔ'tO'II 8t 'tpÓ1t0'11) • 'tdt 8t
1S 1tOLTj'ttxàr. XotL 1tot9Tj'ttxàr. XIX'tà: 8ú'IIIXIJ.t'll 1tOLTj'ttxTj'll Xott 1t<X9Tj•
'tLXTJV x<Xl lve.prd<Xc; 1:dtç; 't00'\1 8u'IIIÍ!J.t.c.>V, o{o'll 1:0 9tp!J.<XV'ttxO'II
1tpoc; 'to 9tpfLot\l'tO\I Õ'tt 8ú'IIIX't<Xt, xor.l 1t&.Àt'll 1:0 9tp!J.<XL'IIO'II
1tpoc; 1:0 9tpfL1XL'\IÓfL&'\IO'\I x<Xt 1:0 'tt!J.\10'\1 1tpoç; 'tà 'tt!J.VÓ~J.t.'II0'\1
WÇ t'lltp"(OÜ\I't<X. 't00'\1 8f. XIX't 1 &pt9!J.Õ'II O'ÔX daL'\1 tVtp"(&Lott ill'
20 fJ 8v 1:p61tov t'\1 lúpotç; e.tpTj'tott• <Xl 8t XIX'tdt Xt\/Tjat'\1 t'lllpyttor.t
oúx Ú1t&.pxoumv. 'tW'\1 se. XIX'tà: 8úvotj.tt'll XIXL Xot'tdt XPÓ'IIouç; ~8,
t>.'.ETAFiS!CA, ll 15, 1020b31-l02l o2l 237

a medida, ou como a do cob'!loscívcl para a com a ciência


c do sensível para com a sensação...
(1) A~ relações, no primeiro sentido, são numéricas c são ou in-
dctennínadas ou determinadas quanto aos próprios núme-
ros ou quanto à unidade~. Por exemplo, o dobro tem uma
relação numérica determinada com a unidade", enquanto 35
o múltiplo também tem um<1 relação numérica com a uni-
dade, mas não determinada, quer dizer, não tem esta ou
aquela relação~. E uma quantidade que contém uma vez c 1021'
meia a outra, relativamente à quantidade que está contida,
tem com ela uma relação numC:rica dctcrminad<l quanto a
detcnninado número\ enquanto uma quantidade que con-
tém a outra c mais um. rclati\•Jmcntc a esta quantidade, es-
tá em relação numérica imk:tcnninada, assim como o múl-
tiplo está em rclaçüo iutlctcnninada relativamente à unida-
de'1. E o que excede em relação ao que é cxecdido está em
relação numéric<1 totalmente indctenninada: de fato, o nú-
mero é comcnsurávcl c não pode se referir ao qtK' é inco- 5
mensurável; ma~ o que excede relativamente ao que é ex-
cedido é a mesma quantidade deste c algo mais, c este algo
mais é indctt:nninado, porque, segundo os casos, pode ser
igual ou desigual ao cxccdido 111 • K~tas rclaçôcs são numéri-
cas c são afccçôcs do número. i\ las o igual, o semelhante c
o idêntico são também relações numéricas, só que em outro I o
sentido. Com efeito, todos eles se referem à unidade: idênti-
cas são as coisas cuja substância é uma sú; semelhantes S<-io
as coisas que têm a mesma qualidade, c iguais são as coisas
cuja quantidade é igual: ora, o um é o princípio c a medida
do número c, portanto, todas essas relações podem ser cha-
madas de relações numéricas, mas não no mesmo sentido 11 .
(2) O ativo c o passivo 12 estão entre si em relação segundo a 15
potêneia ativa c a potência pa:.siva c sua atualidade: por
exemplo, o que pode aquecer está em relação ao que pode
ser aquecido segundo a potência, enquanto o que aquece
está em rcla~:ão ao que é aquecido e o que corta está em
relação ao que é cortado segundo o ato. Das relações numé-
ricas não existe ato ou só existe do modo como se disse em
outro lugar 11: delas não existe o ato no sentido do movimen- 20
to. Das relações segundo a potência, algumas implic-am uma
238 TUN META TA <l>YIIKA .6.

À'rovrcn 1tp6c; 'tL otov 'tO 1tt1tOt7)XOc; 1tpoc; 'tO 1tt1tOL7JIJ.,YOY


xatl 'tO 1t0tijaov 1tpoc; 'tO 1t0L7JGÓIJ.f.YOY. olhe.> r~P X<XL 1t<X'tfjp
Útoü À'yt't<XL 1t<X't'fjp· 'tO IJ.iY r~P m1tOt7)Xoc; 'tO Si 1tt1tov86c;
n 't( lcrnv. t'tt fvt<X X<X't~ <n'P7J<nY 3uvátJ.f.CI)c;, roO'Ittp 'tO &Sw<X-
'tOY X<XL Õa<X oÜ'tc.> À'rt't<Xt, oto\1 'tO &6p<X'tOY. 't~ IJ.iV ow xat't'
&pt&IJ.ÕY X<Xt SÚY<XiJ.t" Àty61J.tY<X 1tp6c; 'tt 1tcX\I't<X lCJ'tt 1tp6c; 'tt
'têi> &ttp latl\1 !llou ÀtytaO<Xt <XÔ'to õ latt\1, ma IJ.fl 'tê\)
!Ã.Ào 1tpoc; lxetvo· 'to 3i !J.t'tp7J'tov x<Xl 'to l1tt<rt7J'tÕV X<Xt 'tO
lO 3t!X\107J't0v <têl> !ÀÀo 1tpoc; <XÔ'tO À'yta9<Xt 1tp6c; 'tt À'rovt<Xt.
't6 n r~ SL<Xvo7J'tov G7JIJ.<X(vet &n latw <Xô-toü S~L<X, oõx
lCJ'tt S' ~ St&vot<X 1tpOc; 'toG'to oõ lCJ'tt 3távot<X (Stç rap 't<XÕ'tàv
elP7JIJ.,YO\I &\1 tt7J)' Ó!J.O(c.>c; Si X<Xt 'tl\!Óc; mw ~ &ptc; &ptc;, oõx
1021 ~ oÕ latL\1 &ptc; (xathot r' &À7J6tc; 'tOÜ'tO dmtv) &ÃM 1tpàc;
XPc'i>IJ.<X " 1tpoc; !Ã.Ào 'tL 'tOtOÜ't0\1. lxe(vc.>c; ae. Stç 'tO <XÔ'tO
ÀtXOitCJe't<XL, 3'ft latlv oú mi.Y ~ &ptc;. 'ta IJ.eY OÚY mO'
i<Xu~ Ãty61J.tY<X 1tp6c; 'tt 'ta IJ.&v olhe.> Ã'rt't<Xt, 'ta SE. &\1 'ta
, r'"'TT <XÔ'tci>Y ~ 'tOt<XÚ't<X, otov ~ l<X'tpuàj <tc'i>\1 1tp6c; 'tt Õ'tt 'tO
r'voc; <XÕ'rijc; ~ l1ttCJ't"/j1J.7J Soxet t!Y<XL 1tp6c; 'tt. t'tt xatO'
ÕCJ<X 'ta lxo\l't<X Uyt<t<Xt 1tp6c; <tt, otov laó't7)c; Õ'tt <to t'aov
X<XL ÓIJ.OLÓ'njc; &tt 'tO B!J.Otov· 't~ S& X<X't« GUIJ.~t~x6c;, o!ov
&vep(l)1toc; 1tp6c; 'tt B<tt GUIJ.~é~7J:UV <XÔ'tê\) St1tÀcxa~ eTY<Xt,
10 'tOÜ'tO 3' lati. 'tci>Y 1tp6c; 'tt • i\ 'tO ÀtuxÓ\1, d 'tê\) <XÔ'têi) GUIJ.~'·
~7Jxe St1tÀ<Xa~ xati. Àeuxêi) e!Y<Xt.

16
T'Àttov À'yt't<Xt iv IJ.&" oú IJ.~ lCJ'tt\1 lÇc.> 'tt À<X~erv IJ.7)Si
MeTAFÍSICA, 1:.15/16, 1021 a22-b 11 239

referência ao tempo: por exemplo, a relação entre o que fez


e o que foí feito, c entre o que fará c o guc será feito. Nesse
sentido o pai é dito pai do filho: de fato, no passado um agiu
c o outro foi objeto dessa <lçãoH. Ademais, existem relações 25
segundo a privação da potência, como o impotente" c as
outras coi~as desse tipo: por exemplo, o invisívc) 1t>.
(3) lêJdas as relações entendidas segundo o número ou segun-
do ,, potência são chamadas relações justamente porque
sua própria essência consiste numa referência a algo dis-
tinto, c não simplesmente pelo fato de algo distinto estar
em relação com cl<1s; por sua vez, o mensurável, o cognos-
cívcl c o pcnsávcl se dizem relativos enquanto algo disl"in- 30
to cshí em relação com eles. O pensávcl, com efeito, signi-
fic<l que dele existe um pensamento, mas o pensamento
não é rcl<~tivo àquilo de que é pensamento; se o fosse rcpc-
tir-~c-ia duas ve~cs a mcsm<J coisa. De modo semelhante,
<1 visão é visão de alguma cois<l, c n5o daquilo de que é
visão- éJincb que, em certo sentido, isso poderia ser ver- 1021''
cbdciro-e da é relativa à cor ou a outra coisa desse tipo;
do contrário, repetir-se-ia duas vezes a mesma coisa: que a
visão é visão d<KJUi)o do 'lue é visão 1;.
(A) Das coisas gue se dize111 rdativas por si mesmas, algumas se
dizem no sentido visto acima, outms porque seus gêneros são rcl;lti-
vos: a medicina, por exemplo, é um rdativo porque o gênero no <Jual
é compreendida é a ciência, que claramente é considerada entre as
relações. Relativas por si se di7.em, ademais, as propriedades pelas 5
quais as coisas que as possuem são ditas rclaçôcs: a igualdade, por
exemplo, porque é relativa ao igu;~), c a scmclbança porque é relati-
va ao semelhante.
(B) Outras coisas são ditas relativas por acidente: o homem,
por exemplo, é relativo por acidente, porque pode ocorrer gue
ele seja o dobro de alguma coisa, c dobro é, justamente, uma rela-
ção; ou porque o branco é relativo por acidente, porque a mesma 10
coisa pode ser lmmca c o dobro de outra 1 ~.

16. [Os significados de perfeítojl


(I) Perfeito se diz, num sentido, aquilo fora do qual não se
pode encontrar nem sequer uma de suas partes. Por cxcm-
2~0 TON META TA C!>Y!IK,\ 6

~" !J.ÓptOY ( otoY XPÓ\Io<; ÚÀtto~ lxá:O'rou oõ-to~ oú ILTJ lcmv lÇw
Àcxjkt\1 XPÓY0\1 'tL\IÕ: 8~ 'tOÚ'tou !J.&po~ lcrd 'tOÜ j(pÓYoU) , xcxt 'tO
15 xcx't' cipt~ xcxl 'tO w ILTJ lxo\1 Ú1t'tpj3oÀTjy 1tpÕç 't~ yivoç,
0!0\1 'tflttOÇ lcx'tpO~ XCXt 'ttÀtLO~ CXÕÀ7)~ ~'ta.v XCX'tcX 'tÕ dÕo~
-rij~ olxdcxç à:pn'ij~ IL7)0tY lÀÀthtwatv (oiítw 8& JU'tcx<p&pO\I'tt~
xcxt lm "t(i)\1 xcxx(;)\1 À&yoJU"' auxa<pciY't'flv 'tsÀtLO\I xcd xÀi-
20 7m1Y 'téÀtwv, t1ttL8Tj xcxl à:ycx9ou~ ÀlyoJUY cxÕ'toú~, o!ov xÀ&-
1t't7)Y à:ycxOo\1 xcxi auxoipcivt7)\l à:ycx96y· xcxl ~ dcpt't'i) uÀ&(w-
a(ç 'ttç lxcxG"t0\1 ycip 'tÓ'tt 'tÍÀttov xcxt oúo(cx 1têiocx 'tÓU u-
Àdcx, Õ'ta.v XCX'tcX 'tO t!8oç 't'ijç olxdcx~ à:pt't'ijç !J.7)8f.y lÀÀd1t'Q
!J.Ópt0\1 'tOU XCX'tcX ipÚGt\1 !J.t"(l9ouç) • t'tt o!t; Ó1tCÍ.pXtt 'tO 'tfloç,
cmou8cxt0\l {6v), "tOCÜ'tcx À&yt'tcxt 't!Àttcx· xcx'tc% y<Xp 'to lxtw 'tÕ
25 't&Àat; 'tflttcx, WG't' e1td 'tO dÃo~ 'tW\1 lax;á.'tw\1 't( tG'tt, xcxl
t1tL 'tcX ipCXUÀcx IJ.I!.'tCXiplpO\I'ttÇ ÀÉ"(O!J.I!.Y nÀ&(wç cX1tOÀwÀ&Yext
xcxl 'ttÀt(wç lip9cip9cxt, &tcxv IL7)8tY lÀÀtt1t'Q 't'ijç <p9op&ç xcxt
'tOÜ XCXXOÜ dcÀÀ, t1tL 'tc"i) t<JXcX't~ 'fi• 8t~ xal ~ nÀtu't'i) XCX'tcX
JL&'t<XipOpcXY Àf"(t'tCXt 'tfÀoç, l>'tt liJL<pW i<JXCX'tcx· ÚÀO~ 8t
30 xcxl 'tÕ ou ivtxcx t<JXCX'tOV. 'tcX !Li" ouY xcx9' cxú'tci ÀtyÓJL~!.YCX
'tiÀttcx 'tOGCXU'tCXX(;)~ Àlyt't<Xt, 'tcX !J.iY 'têi) xcx'tci 't~ tU !J.7)8tv
lÀÀttmtv IL718' lxtt\1 Ú1t'tp~oÀTj\l !J.7)8f. lÇw 'tt Àcx~tt'v, 'tcX 8,
i>Àwç xa'tcX 't~ ILTJ lXtLY Ó1ttp~oÀTjY tY lxcí.G"tct~ y&vtt JA-7)8'
1022• t!vcx( 'tt lew· 'te% 8& IDcx 7i871 XCX'tcX 'tcxÜ'tcx 'tci> 1) 1tOttt'v 'tt
'tOI.OÜ"CC\\ ll ÍX&t\1 1) cXpJLÓ't'ti!.L\1 'tOÚ't<tl 1) cXfLW~ yt 1tWÇ Àfyt-
a9cxt 1tp~~ 'tcX 1t~"CWÇ Àt"(ÓJL&VCX 'tfÀttcx.
I METNiSICA. lJ. 16, 1021 b 12- 1022 oJ I 241

pio, o tempo perfeito de cada coí~<l é aquele fora do qual


não se pode encontrar nenhum tempo que seja parte dele~.
(2) Perfeito se chama também aquilo que, relativamente à 15
"irtude ou habilidade ou ao bem que lhe são próprios,
não é superado em seu gênero. Por exemplo, fala-se de
médico perfeito c de flautista perfeito quando, relativa-
mente à espécie de virtude ou de habilidade que lhes é
própria, não carecem de nada~. E a.ssim, por transferência,
aplicamos essa qualificação também às coisas más c fala-
mos de difamador perfeito c de ladrão perfeito; e até os
chamamos "bons": por exemplo, dizemos um ''bom la-
drão" c um "bom difamador" 4• A virtude que é própria de 20
cada coisa é uma perfeição: de fato, cada coi~a é perfeita
c toda substância é perfeita quando, rch1tivamentc a deter-
minada espécie de virtude que lhe é própria, não carece
dt: nenhuma parte de sua grandeza natural'.
(3} Ademais, perfeitas são ditas todas as coisas que alcança-
ram o fim que lhes convém. De fato, uma coisa é perfeita
quando possui o próprio fim''. E como o fim é um termo 25
extremo, por transferência aplicamos a <.Jualific.:ação de
perfeito também às coisas m<Ís c dizemos que algo csbí
perfeitamente arruinado c perfeitamente destruído, quan-
do não falta nada a sua destruição c a seu mal, c quando
tenha chegado ao extremo desse processo. Por isso tam-
bém a morte se diz, por transferência, fim, enquanto am-
bos são termos extremos. Fim é também o propósito últi-
mo das coisas7•
(A) Portanto, as coisa~ se dizem perfeitas por si em todos esses 3U
sentidos: algumas por<.JUC, relativmnente a seu bem, não carecem
de nada ou não são superados por outras c não têm nenhuma de
suas partes fora de si; outras, em geral, porque nilo são superadas
por outra c não têm nenhuma parte fora de si no âmbito do seu
gênero.
(B) As outras coisas se dizem perfeit<~s em função destes signi- 1022'
ficados\ isto é, por<.(UC pnxluzcm'J ou possuem algo de pcrfcito 10,
ou porque são conformes com cle 11 , ou porque de um modo ou de
outro têm relação com as coisas que se dizem perfeitas no sentido
principal.

- - - - · ":-";.;;···-·"iió'.......o..---------~
2~2 TCN META TA <J)YIIKAt;.

17
llépaç ÀéyttiXL t6 te. lCJX<Xtov Lxcícnoo x<Xt oõ lÇCt> (J.T)8f.v
, lcnt À~e.tv 1tp&too XIXi ou law 1t<ÍV't<X 1tpW'tOO, XOtl ô liv t
e.!aoç JLe.yí8ooç i\ lxoV"toç JA.éye.8oç, x<Xl to t&Àoç tx<ÍG"too
( tOtOÜ'tOV 8' E!p' õ 'Í} X(VT)O'tÇ XIX L'Í} 1tp&Çt.;, XIXL oux à:!p, oú- Ó'tt
8! cXJL!p(i), XIXL à:!p' oú XOtL ~!p. ô X<XL 'tO oõ tVe.x<X) ' XIXL 'Í} ouaCcx
'Í} b<ÍG"too X<XL to tC Tjv e.tV<Xt tX<ÍG'tC!>' 't'ijç yv6lGe.6lç yàtp to&to
10 mpiXÇ el 8E. 't'ijç yv&>ae.wç, X<XL 'tOÜ 1tp<ÍY(J.<XtOÇ. 6>G"tE. !p<X\IE.•
pàv Õ'tt Ó0"1XX6>ç 'tE. 'Í} à:pxil ÀÉye.tiXt, tOG<XOt!XXWÇ XOtL 'tO
mpaç, XIXi &tt 1tÀe.oV<Xxw..- 1} "'f."' yàtp à:px7t mp<XÇ tt, to
8f. 1tÉp<Xç OU 1t&V à:pxiJ.

18
To XIX&' a ltye.tiXt 1tOÀÀIXxwç, &v<X "'E." tp61tov to e.Woç
u XIXi. 'Í} oUGLIX Lxcícnoo 1tp<ÍYf.LIX'tOÇ, otov XIX9' a
à:y<X86ç,
<XUtO à:y<X86v, tV<X 8f. lv 4) 1tp&tC!> 7Wpoxe. y(yve.a8<Xt, o!ov
tà XPWf.L<X lv tlj E1tL!f<XVd~. to f.Ltv oõv 1tpWtwç Àe.yÓf.Le.vov
XIX8' a tO e.!a6ç ~G'tt, 8e.ot&pca>ç 8E. WÇ 'Í} ÜÀT) tx<ÍO"ttO xat tO
Ú7tOXE.(f.LE.VOV tX<ÍG't~ 1tpW'tov. ÕÀwç 8f. to XIX9' õ tG<XXWÇ XIXL
241 to <XL'ttOV Ô1t<ÍpÇe.t • XIXtcX t( yàtp tÀ~Ào8e.v 9j ou eve.xiX lÃ~·
Ào8e. Àlye.t<Xt, XIXL x<Xtàt tL 1t<Xp<XÀtÀ6ytG"t<Xt ij auÀÀe.À6yt-
G't<Xt, il t{ tô <X~ttO\I toü auÀÀoytGJLOU i\ 1t<Xp<XÀoyto(J.OÜ. ltt ô!
METAI'ÍSICA. à 17/18, 1022a 1.4-22 2.43

17. [Os significados de limite) 1


(I) Limite é chamado o tenno extremo de cada coisa, ou seja,
o termo primeiro além do qual não se pode mais encontrar 5
nada da coisa c aquém do qual se encontra toda a coisa2.
(2) Limite é' chamada a forma, qualquer que seía, de uma
grandeza c do que tem grandeza~.
(3) Limite é chamado o fim de cada coisa (e tal é o ponto
de chegada do movimento e das ações c não o ponto de
partida; às vezes, contudo, chamam-se limite os dois:
tanto o ponto de partida como o de chcg<1da ou a mcta) 4•
(4) l.ímitc é chamada também a substância c a essência de
cada coisa: esta é, com efeito, limite do conhecimento;
c se é limite do conhecimento o é também da coisa'. lO
Fica, portanto, evidente que limite é dito em todos os .senti-
dos em que se diz princípio c, antes, em sentidos ainda mais nu-
merosos: de fato, todo princípio é um limite, mas nem todo limite
é um princípid'.

18. ((};significados das expressões "aquilo por que" e "por si"}!


A expressão "<lguilo por tJUc"Z tem m(IItiplos significados.
( 1) Num primeiro sentido, significa a forma c a essência de
cada coisa: por exemplo, <Hluilo por guc é bom quem é 15
bom é o bem c m si'.
(2) Noutro sentido, significa o substrato primeiro no qual
alguma coisa se gcw por sua própria natureza, por exem-
plo, a cor na superfície'.
·~quilo por guc" entendido no primeiro significado é a for-
ma, enquanto no segundo significado é a matéri<1 c o substn1to
próximo de toda~ as coisas.
Em geral, o termo "aquilo por que" deve ter todos os signifi-
cados do termo causa.
(3) De fato, perguntamos indiferentemente: "Que 6 aquilo 20
por que veio?" c: ''Qual C: o propósito por que veio?";.
(4) Ou: "Que é aquilo por que alguém caiu num p<ualogís-
mo ou fez um silogismo?" c: "Qual C: causa do silogismo
ou do par<llogismo?"f•.
244 TUN META TA <ilYIIKA à

'tÔ xa:O' 8 'tÔ xcx-tàr. Oíaw ÀÍ"f&'tOt~, xa:O' õ i<m)xe.v fj xat9' õ ~Ot-
8Cl;e.t · 7tá.Y'tat yàr.p 'tiXÜ'tOt mov aTJ!J.OtLYE.t xatl Oíatv. wan XOtt
Z5 'tO xa:O' OtÚ'tÔ 'X'OÀÀOtXW~ Myx7) Àíye.aQOtt. ~" IL~" yàr.p
XOt9' atÚ'tÕ 'to ú ~" e.!vatt &xá.G"ttt>, otov ó Kill(at~ XOt9' atÚ'tÔv
KfX).).(Ot~ XOtt 'tO 't( ~" dwt Katll~. lv ar. ~aOt lv 'tcil 't(
la"tw ú-zt&.pxe.t, otov C~ov ó KOtllCat~ XOt9' atth6v· lv yàr.p
'tcil Ã6rtt> lvtnt&.pxe.t 'tO Ccilov· Ccilov y&.p 'tt ó Kill(Ot~. t'tt
JO 8t e..l lv OtÚ'tci» 8&8E.X'tatt 1t~'t'i> fj 'tWY atÓ'toü 'ttv(, otov 1J l"X"t~
cp&.vttOt Àtuxij XOt9' &atu'tijv, XOtt Cn ó &v9pw"X"o~ xoc9' atÚ't6v·
1J yàr.p cJ.uxT! IJ.Ípoç 'tt 'tOÜ civ9p~"X"ou, lv ~ 1tp&rn 'to Cijv. t'tt
oú ILTi la'ttY &llo atL'ttov· wü yàr.p &:vOpw1tou 1t0ÀÀàr. OtL'ttat, ,;o
Cci»ov, ,;o 8(1touv, ill' Õ!J.(J)~ xat9' CXÚ'tov &v8p(J)'X'o~ ó &v9p(J)-
" 1t6~ la"tw. l,;t Baat !J.6~ ú-zt&.pxtt XOtl ~ IJ.Óvov 8tàr. ,;o u-
XP(J)G!J.tY0\1 xat9' atÚ't6.

19
1022 ~ 6tá.9e.atÇ Àt"(&'tCXt 'tOÜ lxo\l'toç IJ.lp7} ,;Q.Çtç ii xcx-tàr. ,;6'Jtov
fj xcx,;àr. 8úvat!J.W ij XOt't' e.laoç O&atv ycip 8e.r 'ttvàr. e.tvcxt,
Clamp xatl wÜ\Io!LfX 87)Ào! 'i! 8tá.9e.atÇ.

20
"EetÇ 8i. À&ye.'tatt lvat ~ti.v 'tp6'X'ov otov lvípye.tá. 'tt~ ,;oü
5 ÍXOY'tOÇ xotl tXO!J.tYOU, Cxnte.p 1tpae(~ 'tt~ 1) x(Y7)atç ((hcxv yàr.p
I
METAFÍSIC:A,lJ.l8/19/20,102'2a23-bS I

(;) Ademais, nossa expressão é entendida também em refe-


rência à posição: por exemplo, fala-se daquilo por que se
está parado ou aquilo por que se camiuha. Estes exem-
plos referem-se, justamente, à posição e ao lugari.
Conseqüentemente, também o termo "por si" terá múltiplos 25
significados.
( 1) Num primeiro sentido, por si significa a essência própria
de cada coisa: por exemplo, Cá lias é por si Cá lias c a es-
~ência de Céilias~.
(2) Noutro sentido, por si significa tudo o que se encontra na
essência: por exemplo Cálias, é por si animal, porque na
definição de C.ílias está incluído o animal. Com efeito,
C.Hias é animal de dctenninada espécie''.
(3) Por si se dizem também as propriedades que pertencem 30
originariamente a uma coisa ou a alguma de suas partes:
por exemplo, branco é propriedade por si da superfície c viYo
é propriedade por si do homem; de fato, a nlma, na qual
reside originariamente a vida, é uma parte do homcmw.
(4) Por si, ademais, é o que não tem outra causa ::~lém de si mes-
mo: do homem, por exemplo, existem muitas causas, como
o animal c o bípcdc, todavia o homem é homem por si 11 .
(5) Por si, enfim, se dizem todos O!. atributos <JUC pertencem 35
a um único tipo de sujeito c na medida em que é único:
por isso o que é colorido é atributo por si da superfície 12 •

19. [O significado de di.o;po~;ição/ 1


Disposição significa o ordenamento d~1s partes de uma coisa: 1022•
ordenamento (a) segundo o lugar, (b) ou segundo a potência',
{c) ou segundo a fonna~. Impõe-se, com efeito, que exista uma
certa posição, como sugere a própria palavra disposição'.

20. {Os significados de hábito ou pm;se ou e.çtado] 1


(I) O termo hábito <ou posse ou cstado> 2 significa, num
sentido, certa atividade própria do que possui c do que é
possuído, como uma ação ou um movimento. De fato, 5
T!lN META TA <DYIIKA 6

'tO JUV 1tOtÚ 'tÕ 3~ 1tOLTj'texL, l<rtt 7tOt'lp\Ç JU'tCXÇú· OÚ't(l) xcd
'toú lxo\l'toç ~ xcxl 'ti'jç lxoidVflç ~ç iML JU"tCXeô
lÇtç) • - uú't7Jv ~-t~v oúv cpexvtpov lkt oõx lv3€xe'text ixetv ~tv
(dç 4mtpov r~ P®"r'text, d 'toü lx01-t€vou lcrtcxt lxew 't'i)v
to ~tv), clllov Se 'tp6ttov gç,ç l€yt'text 3t&9&erLÇ xcxO' 1jv Ti eú
f\ xcxx&)ç 8tcixtt'tCXL 'tO 8LtXXe(JUvov, xcxt f\ xcx9' CXÕ'to fl ttpoç
4ÀÀO, otov it Úy(&tex lÇtç 'tLÇ" 3t&9EGLÇ y&p mt 'tOLCXÚ't7j.
i'tt ~LÇ À€yt'text &v fi 1-'ÓPLOV 3tex9€<n6lç 'tOLCXÚ't7JÇ" 3to XCXL
it 'tOOV JUPOOV &pe-ri) ~LÇ 't(ç lMtv.

21
u U&Ooç l€yeut lvcx jdv 'tpÓ1tOv 1t0LÓ't7Jç xex9' ijv cU-
ÀotoÜG8ext l"'3€xe'tCXL, oto"' 'tO Àeuxõv xexl 'tÕ ""Àexv, xext
yluxu xcxt tttxp6v, xcxt pcxpú't7JÇ xcxt xoucpó't7jç, xexl õaex
&ll.ex 'tOtexÜ'tex" lvex 3e ex[ 'tOÚ't(I)V lv€pyttcxt xcxl cklloWaeLÇ
fj87). l'tt 'tOÚ't(I)V !J4).lov ex[ ~lex!kpcxt ckÀÀotOOG&LÇ xcxt Xtv/)·
lO GeLÇ, XCXL Ji&ÀI.O't'ex ex[ ÀU7t7)pext ~&~t. f'tt 'tcX JU"(€97) 'tOOV
ou~otcpopoov xcxl Àu7t7)poov tt&871 l€yt'text.

22
Eúp7)GLÇ l€yt'text lvcx Jdv 'tpÓ7tov &v ~otT! lx'U 'tt 'toov
7ttcpUXÓ't(I)V lxeCJOott, x&v ~otT! exÔ'tO 'fi 7ttcpUXOÇ tXf.tV, o!ov
cpU'tov Õ~'t(l)\1 laupiioOext l€ye'text • l\lex U &v ttecpuxõç
I t.'ETAFÍSICA, à 20/21/22, I 022 o6. 241 247

quando algo produz e outro é produzido, entre um e outro


existe a ação de produzir; assim, entre quem possui uma
roupa e a roupa possuída por ele existe a ação de possuir.
Ora, é evidente que da posse entendida nesse sentido
não pode haver ulteriormente posse, porque, caso fosse
possível ter posse da posse, iríamos ao infinito3•
(2) llábito <posscouestado>,noutrosentido,significaa dis- 10
posição em virtude da 'tua! a coisa disposta 4 é disposta
bem ou mal, seja por si, seja em relação a outra: por exem-
plo, a saúde é um hábito ou estado ou posse nesse sen-
tido: de fato, ela é um tipo de disposição'.
(3) Enfim, hábito <ou posse ou estado> se diz também do
que é parte de uma disposição tal como dissemos acima.
Por isso, também a virtudc6 própria das partes é um hábito
ou posse ou estado de toda a coisa 7 .

21. [Os significados de afecção]'


( 1) Afecção significa, num primeiro sentido, uma qualidade 15
segundo a qual algo pode se alterar: por exemplo, o bran-
co e o preto, o doce e o amargo, o peso c a leveza c todas
as outras qualidades deste tipo 2•
(2) Noutro sentido, afecção significa a atuação dessas altera-
ções, isto é, as alterações que estão em ato1.
(3) Ademais, dizem-se afccções especialmente as alterações
e as mudanças danosas c, sobretudo, os danos que pro- 20
duzem dor4 •
(4) Enfim, chamam-se afccções as grandes calamidades c
as grandes dores~.

22. [Os signifícados de privação]'


(1) Tem-se privação, num sentido, quando alguma coisa não
possui algum dos atributos que naturalmente poderia
ter, mesmo que a própria coisa não possa possuir aque-
le atributo por natureza: por exemplo, dizemos que uma
planta é privada de olhos 2•

- · · · - - ;;.c-_
........_ _ _ _ _ _ _ _ _ ~
248 Tl!NMETA TA<I>YIIKA 6.

2s lxe~v, 'Ft cx'lhà fJ ..~ yivoç, 1.1.1! lxth otov &ÀÀ(I)Ç ã:v9pW'Itoç ó
'tUcpÀÕç Õ~t6>Ç iad.p'tj't<X~ X<Xt &crniÍÀ~, ~ 1.1.f.v :xot't&: ..~
jÍVOÇ 't~ &f. X<X9' <XÚ'tÓ. l'tL (iy ~tcpUxOÇ X<Xt OU. ~ScpUXE.V
lxwo~ 1.1.1! tXlJ" 71 r&:p 'tUcpÀ.6't'l)ç cnéP'IIcr(ç -.r.ç, 'tUcpÀ.~ç &' oõ
:xot'tà: ~êicrcxv 71Ãtx(cxv, ID' iv n dcpuXE.Y lxe.w, av I.I.TJ lxn.
JG ÓIJ.OÚalÇ 8& X<Xt iv c\> éiv n (~tcpuxoç} X<Xt xcx9' Ô X<XL 1tp~ç Ô X<Xt
6>ç, av 1.1.11 lxn [1ttcpux6ç]. l-.~ 71 ~L<Xtot Wcnou Otcp<Xtpe.crr.ç atÍp'tjCJLÇ
À..tre.-.cxt. xexl ócrexxéilç 8& ex[ &1t~ -.oü ci àt'ltocp&cre.tç Ã.trov-
-.cxt, 'tOcrexu-.cxxWç :xotl ex[ cn&pijcr&LÇ ÀtjOVtexL • &vtcrov !Jlv
jcXp 'tê;> IJ.TJ tX&tv [crÓ't'l)'t<X 'lt&Cj)UxOÇ ÀÉJ&'texL, &6pex'tOV 8E.
" xcxl -.ê;> l)).(o)ç 1.1.~ lxe.w XPWIJ.ex xexl '"cll cpexúÀ.wç, xexl li1touv
xexl 'tê;> 1.1.~ l xew ô?.wç 'ltó&<lç xex1 'tê;> cpexÚÀ.ouç. t'tt xext 'tê;>
102) 1 IJ.LXpov tX&LV, OL0\1 't~ àt-m)p'tj\10\1" 'tOÜ'tO 8' iatt 'tO cpexÚÀ.wÇ 'ltWÇ
lxe.w. t'tt 'tê;> 1.1.~ ~~((J)Ç fJ -.êi) 1.1.il :xotÀ.wç, otov -.o li'tiJ.Tj'tOV
oU IJ.Óvov 't~ 1.1.1! Ú1J.Vtcr9ext &À.À.à: X<Xt 'tê;> I.I.Tt p~Cwç fJ I.I.Tt
xcxÀ.{;)ç. t'tt 'tê;> 'ltfl\l't'[l IJ.ft tX&t\1" 'tUcpÀ.ÕÇ jcXp OU À.Íjf.'text Ó
' lnp6cp9cxÀ.IJ.OÇ ID' ó iv OtiJ.cporv I.I.Tt lx(o)v õq.w· 8~ ou
~êiç &rcx9oç fJ xcxx6ç, fJ &CxexLOç ~ ci&txoç, &Uà: xex1 'to
IJ.&'texÇú.

2J
T~ lxe.tv Ã.&re.-.cxL 'ltoÀ.Ã.exxwç, lvcx !Jlv -.p6'1tov -.o &re.w
I META~ÍSIC.A, 8 22/23, 1022b25-1023cBI 249

(2) Noutro sentido, tem-se privação quando uma coisa não pos- 25
sui algum atributo que ela mesma ou seu gênero deveriam
possuir por natureza: por exemplo, o homem cego catou-
peira são privados de visão, mas de maneira di\·crsa, pois
n toupeira é privada da \'isão relativamente <lO gênero ani-
mal enquanto o homem cego se diz privado de visão por si;.
(3) Além dissn, tem-se privação quando uma coisa não possui
<ligo que deveria possuir por sua natureza, num determi-
nado tempo no qual, por sua natureza, dcveri;1 possuí-lo:
de futo, a cegueira é uma priva~;ão, mas não se pode cha-
mar cego a alguém em qualquer idade, mas só se não JX>S-
sui a visão na idade na qual deveria possuí-la por natureza;
c, de modo semelhante, se não possui a visão no amhien- JO
te, com respeito ao órgão, com relação às coisas c da ma-
neira como deveria possuí-la por natureza~.
(4) Ademais, privação chama-se a violenta subtração de al-
guma coisa;.
(5) As prívaçües sJo cntclldidas'' em todos os modos nos quais
se entendem as ncgaçôcs formacl;ls com o "alfa privativo''7 :
diz-se, com deito, que algo é desigual~ porque não possui
a igualdade que dt'\'cria possuir por sua natureza; uma coisa
é dihl invisível'' porque não tem nenhuma cor ou por tê-
la muito fraca; árxxlo se diz de alguma eoísa ou porque 35
não tem pés 111 ou porque os tem de maneira inadequada.
(6) Ademais, dizemos que existe privação de algo também 1023·
porque dele existe pouco: dizemos, por exemplo, que
um fruto é privado de semente 11 , par<l dizer que a que tem
é muito pequena 12 .
(7) E podemos h1lar de privação de algo também porque
não é f<íeil fazê-lo ou fazê-lo bem: indivisível, por exem-
plo, se diz uma coisa não sô porque não pode ser divi-
dida, mas também porque não pode ser facilmente di-
vidida ou porque não pode sê-lo bemn.
(8) Privação, ainda, entende-se a falta absoluta de algo: de fato,
não se diz cego quem vê com um só olho, mas só quem não
vê com os dois olhos 14 . Por isso, nem todo homem é bom s
ou mau, justo ou injusto, m<ls sempre existe um estado
intcnncdiário".
250 T.ClN META TA <t>YIIKA 6

xcc.m 't"ijv «Ú'tOÜ cpÚGL\1 i\ XCC'tci "t"i)\1 «Ú<tOÜ ÓPf.t.f)\1, 8w


10 Àtyt-t«t m>pe"t6ç n lX&L\1 w" cb&pcu2to" x«t o[ wp«wot -tckç
'n:ÓÀ&LÇ X«L ~ lG8ij-t« o[ dcj.e.'n:&XÓJI.&\IOL' e\/« 8' l\1 <t> IÍ\1
'tL Ú'n:IÍPXtl 6>ç 8&X-tLX<i), o[OY Ó XcWcOt; lxet -to &I8oç -toü
dcY8ptiÍYWÇ XCCt ~ \IÓGO\I W oci)JL«• lY<X 8~ 6>ç W 'n:E.pLtX0\1
-tck 2t&P"XÓj.C.E."«' l" <t> r&:p lcrtt 2ttpixoY"tL, execr9oct Ú2to
u WÚ'tOU Àty&-t«L, OÍ0\1 W dcntto\1 lxew 'tO úrpó" ql«j.C.f.\1
xcct ~ n6Àw &...9pc:l21:0uç x«t "t"i)" WCÜ\1 Y<XÚ-t«t;, OÚ't6l 8~ x«t
W ~0\1 iXE.L\1 'tcl j.C.€p11. l'tL 'tO X6lÀÜO\I x«.m "t"i)y «Ú'tOÜ
ÓPj.C.fJ\1 n XtYei'okt i\ 21:p&:new l'X''" Ãêre-t«t -toü-to «lk6,
oio" xccl o[ xEOYeç -t&: lnueeEjA.eY« ~IÍP'I• X«t 6>ç o[ ML'I-t«l
2e -t0\1 "'A-tÀ«Y"t« notoücn -tÕ\1 oÕp«\'Õ\1 lXEL\1 6>ç GUf.t1tEGÓY't 1 &\1
l21:l 't"ijv Ti'jY, 6)crn;&p xcct "tci)\1 cpUGLOÀÓY6l\l 'tL\I€ç cp«Gl.\1' 'tOÜ·
'tO\I 8~ 'tOY -tp6'n:O\I xcct 'tO GU\Itxo\1 Àt'YE.'t«t a GIJ\Iêxet '"''"·
6>ç 8t«x6lpr.G8€Y"t« cb xcc-tck "t"i)" «Ú'toü Ópfl.~\1 lX«trto\1. x«l
W l\1 'tt\IL 8~ &fY«L Óf'O"tpón6lç Àêye-t«L X«t É.'n:Of'f.\16lÇ -t4)
u lxew.

24
To lx -tt\loç ,r.,«t Àye-t«t lY<X ~v -tp621:o" lÇ ou lcrtt"
6>c; ÜÀ'Iç, xccl -toü-to Stxêilç, i\ xcc'tck w 21:p<ãml" r€\IOç ii xcc.m
w GcrtOC-tO\I dooç, oiOY l<nt ~" 6>ç cln«Y"t« -tck 't'IX"tck ~
GS«Wç, l<nt 8' 6>c; lx X«Àxoü ó &:...Spt&:ç l"« 8' 6>c; lx 'tijç
JO 'n:~'"lt; XLVI)CJIÍ<I'T}Ç dcpxi'jç (ofov lx "t(\IOÇ ~ j.C.IÍX'I; lx ÀOL·
Sopíatç, 3-rt «G'"I dcpx~ 'tijç ll4X'It;) • l"« 8' lx -toü ouY9€-tau

...
_
I METAFIS:CA,A23/24,102Ja6-31 I 251

23. [Os significados de ter]l


O tcm1o ter <ou possuír ou haver> 2 tem múltiplos significados.
(I) Em primeiro lugar, significa dominar1 alguma coisa se-
gundo a própria natureza ou segundo o próprio impul-
so. Por isso se diz que a febre tem ou possui o homem c to
que os tiranos têm ou possuem a cidade, e que os que estão
vestidos têm ou possuem as roupas 4•
(2) Em segundo lugar, o rcccpMculo no qual algo se encontra
diz-se que tem <em si> esse algo: o bronze, por exemplo,
tem a forma da estátua c o corpo tem a enfemlidadc1.
(3) Em terceiro lugar, ter se diz do continente relativamen-
te ao conteúdo: de fato, o que contém uma coisa diz-se
que tem uma coisa. Por exemplo, o vaso tem o líquido, 15
a cidade tem os homens e o navio os marinheiros, c
assim dizemos também que o todo tem as partes''.
(4) Ademais, o que impede alguma coisa de mover-se ou
de agir segundo a inclina~~ão que lhe é própria diz-se
que tem ou sustém essa coisa: dizemos, por exemplo, que
as colunas têm ou sustêm os pesos a elas sobrepostos e
que- para falar como os poctas7 -Atlas tem ou sus- 20
tém o céu, que de outra fom1a cairia sobre a terra, como
dizem também alguns pensadores naturalistasR. Nesse
sentido, diz-se também que o que une tem ou sustém
as coisas que une, enquanto cada uma de.las tenderia a
separar-se segundo a própria inclinação'~.
A expressão estar em algo tem significados semelhantes c 25
correspondentes ao tcriU.

24. [Os significados da expressão "derivar de algo"} 1


(1) A expressão "derivar de algo" significa, num sentido, deri-
var daquilo de que as coisas são materialmente constituí-
das; e isso em dois sentidos: (a) ou segundo o gênero pri-
meiro ou (b) segundo a espécie última como, por exemplo,
(a} todas as coisas que se podem liquefazer provêm da
água, ou (b) como a estátua provém do bronze!.
(2) Num segundo sentido, significa derivar do princípio pri- 30
meiro do movimento. Por exemplo, quando se pergunta:

--·
252 Ttlfll META TA <I>YLIKA t:..

ex 'tijt; ÜÀ1jt; XOtL 't% !J.Op~t;, warcep &x 'tOÜ ÕÀou -ta JÚP11
xett tx 'tijc; 'IÃt~&t; 'tO Í1toc; xeti ex 't'ijc; olxíaç o{ À(6ot·
'tÍÀoc; fLf.\1 y~ ecnL\1 Tj IJ.Opqi'Íl, 'tÍÀ&L0\1 Si. 'tO ixov 'tÍÀoc; •
.l5 'tcX 8! &>c; &x 'tOÜ !Jlpouc; d daoc;, oTov civ6pw1t'ot; &x -roü 8(-
1t'OOOt; xetl Tj <JUÀÀcx~Tj tx 'tOÜ crtOLX&(ou· !ÀÀwt; yclp 'tOÜ'tO
102.3 ~ XOtt ó &v8pL&:c; &x xcxÀxoü· &x 't'ijt; cxlalh]'tijt; y&:p ÜÀ1jc; Tj
<JUv6e.'t'iJ oõa(cx, &ÃÀ&: xetl "tO daoc; &x 't'ijt; 'toü e.iaout; ÜÀ1)t;.
'tcX fLtV ouv OÜ'tw ÀÍy&'t<XL, 'tcX 8' &&:v XOt'tcX fLÍpot; 'tt 'tOÚ'twv 'tt.c;
ÚMPX'tl -rwv 'tp61t'wv, oiov lx 1t0t-rpoc; xcxt fL1)'tpÕt; 'tO úxvov
~ XOti tx yiít; 'tcX !pU't~, Õ'tL ÍX 'tL\IOÇ fLÍpouc; OtÔ'tWV. tVOt 8~
(.1&0' 8 -rei> XPÓV~, otov &Ç Tj!Jlpcxt; wÇ XOtL &Ç e.õ8ícxt; X&LfLWV,
Õ"tL 'toirro fL&'tcX -roü'to· -roú'twv Bf. 'tcX fLtV 't~ ixe.w fL&'tOt~oÀTjv
de; «U11Ãcx ou-rw Ãtye.'tcxt, warce.p XOtt 'tcX vüv dp1)Jdw, -r&:
Sf. 't~ XOt'tcX 'tOV XPÓVOV &!pe.Çiíc; fLÓV0\1' oiov &Ç lG1jfL&pCott;
to eyíVt'tO Ó 1t'ÀOÜt; lS-rt fL&'t' [G1j(J.tp(cxv tyÍV&'tO, XOtL tX .âtO\IU·
a(wv E>cxpY'Í!Àtcx Õ'tt (J.&'tcX 'tcX .âtovúatex.

25
Mípot; ÀÍye.-rcxt lvcx fLtV 'tp61t'ov e.lt; ô 8textpe.Od1) &v -ro
1t'OaOV Ó1t'WGOÜV (&€.1 yclp 'tO cX!pOttpOÚfLtVO\I 'tOÜ 1t'OOOU !j 1t'OGOv
fLÍpoc; ÀÍy&'tOtt &xdvou, oiov 'tWV 'tpLWv -r&: Búo !Jlpot; ÀÍyt-rcx(
U 1t'Wt;), cXÀÀOV 8f. 'tpÓ1t'ov 'tcX XOt'tOtfL&'tpOÜV'tOt 'tWV 'tOLOÚ'tW\1
fLÓvov· Sto 'tcX Súo 'tWv 'tptwv Í<rtt fLf.V wc; ÀÍy&'tOtL fLÍpot;,
ÍG'tt 8' 6>t; oÜ. Í'tt dç Ci 'tO d8oc; 8tcxtpe.6&(1j &v &ve.u 'tOÜ 1t'OGOÜ,
xetl 'tOtÜ'tcx fLÓptex ÀÍyt'tOtt -roÚ'tou· Bto 'tcX e.~ -roü yívouc; !p<X-
alv e.!wt fLÓpLCX. Í'tt de; a Stcxtpe.t'tOtL Tj &Ç wv aúyxtt'tCXt
METAFÍSICA, 621./25, 10:13a32-b 19 253

de que provém a contenda?, responde-se: de um insulto,


enquanto foi este o princípio do qual a contenda derivou;.
(3) Noutro sentido entende-se derivar do compo~to ele maté-
ria c forma, assim como as partes derivam elo todo, tal
como o verso da llíuda c as pedras da casa (de ~Jto, a forma
constitui o fim c o que alcançou o fim é perfeito)~.
(4) 1\dcmais, entende-se no sentido de que a forma provém 35
de suas partes: por exemplo, o homem do bípcclc c a sílaba
ela~ letras. !'vias este é um modo diferente de derivação re-
lativamente ao modo pelo qual a estátua provém do bronze. 1023'·
De fJto, a substância composta provém da matéria sensível,
enquanto a forma provém da matéria da forma~.
(5) De algumas coi~as diz-segue derivam de algo nos sentidos
acima indicados, enquanto de outras diz-se que derivam
embora o signific:1do de derivar se aplique apenas a uma
parte da coisa: por exemplo, diz-se guc o filho deriva do pai
c da mãe c as plantas da terra, porque derivam de alguma
parte dclcs1'.
(6) Enfim, derivar de algo entende-se no sentido da su<:essão 5
tcmJXIral: por exemplo, a noite deriva elo dia c a tempestade
da bonilnça, cnguanto uma vem dqx1ís ela outra. Algumas
coisas se dizem assim, (a) porque se transformam umas nas
outras, como nos casos acima citados, (b) outras por simples
sucessão cronológica': por <..'Xcmplo, diz-se guc a partir do
equinócio começou <1 navegação, porque ela teve início de-
pois do eguinócio. F di7.-sc também que as festas targélias
provêm das dionisíacas, JX)rquc vêm depois das dionisíacas~. lO

25. {Os signi{iccLdos de fJarte/ 1


( 1) Parte, (a) num ~cntido, significa aquilo em que a quanti-
dade pode ser dividida de qualquer maneira: aguilo que
é subtraído de uma quantidade enquanto quantidade é
sempre parte dela: por exemplo, o dois é dito pilrtc do três.
(h) Noutro sentido, partes se dizem somente as que são 15
medida do todo. Por isso o dois pode ser dito parte do
três num sentido e não no outro2•
(2) Ademais, dizem-se partes também aquelas nas quais a
forma pode ser dividida, prescindindo da quantidade.
Por isso diz-se que as cspéócs são partes do gênero' .

. -... ··
254 TfiN META TA oi>YIIKA i>

:zG 't~ lSÀov, fi d dôoç fi 'tO lxov 'tÕ dôoç, oiov 'ri'jç acpot(pcxç
'ri'jç xcxhijç fi 'tOÜ xú~ou 'tOÜ xcxÃxoü xatl ó XIXÀxÕÇ fLÉpoç
('tOÜ'tO 8' t<Ttlv 7) ÜÀT) lv t 'tO E.l3oç) XOtt TJ rwv(cx fLlpOÇ. l''tt
'tcX lv 'tê\) Àóy~ 't~ 8T)Àoü\l'tt lxoc<Ttov, xcd 't<XÜ'tot fLÓptot 'tOÜ
I)Àou· 8to 'tO rtvoç 'tOÜ e.\aouç xett fLlpOÇ ÀÉ"''E.'tott, cillwç Si 't~
:zs E.l3oç 'tOÜ r€vouç ftlpoç.

26
"OÀov Ãtre.'tott ou n fLTJOE.v cim<Ttt fLÉpoç lÇ wv Ãlre.'tott
l.íÀov ,úae.t, xocl 'tO 1te.pt€xov 'tà: 1tE.ptE.XÓfLE.\Iot w<TtE. &v 'tt
e.!vott lxe.tvcx· 'tOÜ'tO Se 8txwç fi rà:P wr; lxcx<TtOv iv fi wç
lx 'tOÚ'tc.w 'tO lv. 'tO fLE" rà:p xcx96Àou, xocl 'tÕ ÕÀwr; ÀE"!'ÓfLE.·
lO \10\1 WÇ ÕÀov 'tt 6\1, OÚ'tWÇ ml xcx96Àou wr; 'ltOÀÀcX 1tE.pttxov 't<i)
Xot't7)"!'0PE.ra9ott xocO' f.xá:<Ttou XOtt t\1 &1tot\l'tot elvcxt wr; l'xot<TtOV,
o!ov civOpw1tov rmtov Oeóv, 8t6-tt &1tot\l'tot Ç~cx· 'to Se auve.-
xf.r; XotL 1tE.1tE.potGfLÉVO\I, Õ't'ot\1 lv 'tt lx 1tÀE.tÓ\IW\I t, tW1totp·
XÓ\I'tCJl\1 fLáÀt<Ttot fLE\1 8uváfLE.t, d 8f. fL~, lve.prdqc. 'tOÓ'twv
n a·
otU'tW\1 fLCiÀÀ0\1 'tcX 'ÚCJE.L fi ÚXV"[J 'tOtotÜ'tot, WCJ'ItE.p XOtL
t1tL 'tOÜ f.vor; tÀÉ"!'OfLE.V, WÇ OÚ07)Ç 'ri'jr; ÓÀÓ't'r)'tOÇ Í\IÓTr)'tÓÇ 'tt\IOÇ.
1024• l'tt 'toü 1t0aoü lxO\I'toç 8f. &.pxi)v xoct fLÉcrov xoct laxcx'tov, õawv
fLeV fLil 1tOtE.i' 7) O€cr~.Ç Stot,op~, 1tciv ÀÉ"''E.'tott, Õcrwv SE. 'ltOtet,
ÕÀov. õacx Se &fL,w lv8€xe.'tott, xcxt ÕÀcx xcxl 'ltcX\I'tcx· l<Ttt
I
,_..fTAFÍSiCA, â 25/26, 1023b20· I 024a3l 255

(3) Ainda, partes são também aquelas nas quais o todo se


divide ou aquelas das quais se compõe, entendido o todo 20
ou como forma ou como aquilo que tem forma; por exem-
plo, da esfera de bronze ou do cubo de bronze o bronze
é uma parte (de fato, ele é a matéria na qual a forma cst<Í
contida), como também o ângulo é uma parte do cubo1 •
(4) Enfim, também os elementos contidos na noção que
exprime cada coisa são partes do todo. Por isso, em certo
sentido, o gênero se diz parte da espécie, cm1uanto c:m
outro sentido a espécie se diz p<utc do gênero;. 25

26.[0s signi{icc1dos de inteiro nu tndo[I


( 1) Inteiro ou todo chama-se aquilo a que não falta nenhu-
ma das partes das quais é naturalmente constituído~..
(2) Inteiro ou todo chama-se, também, aquilo cujos componen-
tes constituem uma unidade em dois sentidos: (<1) ou a uni-
dade como cada uma das partes, (h) ou a unidade rcsult<mtc
do conjunto delas. (a) No primciru sentido, o universal, {1uc
se prcdica universalmente como um inteiro ou um todo, é 30
universal na medida em que abra~·a muitas coisaii, cmtuauto
se prcdica de cada uma c enquanto todas das constituem
uma unidade, assim como cada uma é unidade: homem,
cavalo, deus, por exemplo, constituem um inteiro ou um
todo enquanto são seres vivos. (h) Inteiro ou todo no segun-
do sentido é o contínuo c o limitado, c ele existe qu;mdo
uma unidade é constituída de uma multiplicidade de par-
tes'. c, partículanncntc, se estas partes cshio presentes s!1
em potência, c também se estão presentes em <lto'1. l<~ntrc
essas coisas, <1:; coisa~ naturais constituem um inteiro ou 35
um todo com mais razão do que as coisas produzidas peh1
arte, como dissemos a respeito da unidade\ na medida em
que o inteiro ou o todo é um certo tipo ele unidade.
(3) Ademais, dado que a quantidade.: tem princípio, meio c 1024·'
fim, então (a) as quantid<~dcs nas qu<Jis a posiçiio das par-
tes não ft1:t. diferença são chamadas um todd•, enquanto
(b) aquelas m1s quais <1 posição das partes faz diferença
são chamadas um inteiro ou um tudo'; (c) aquelas, enfim,
nas quais podem ocorrer essas duas c<nactcrístícas são
?..56 TUN META TA 4>Y:EIKA /;

Se 'totü'tcx õa<->v 1) f.Civ cpúcnç 1) cxü-ri) ~téve.t 't'Ô JLe"tcx9roe.t, 1)


, Se JLop<p'ij oü, oiov XTJ(JÕÇ xcxl lJL«'ttov· xcxl r~Xp lSÃ.ov xcd
11:éiv Ã&re.'tcxt · t:xe.t rclp &fLcp<->. lSS<->p Se xcxl gacx úrpcX
xcxl &pt~oç 11:éiv fLt\1 ÀÉ.'Ye'tcxt, ÕÀ.o~ S' &:pt9~tõt; xcxt ÕÀ.ov
~<->P oõ Ã.ére.'tcxt, &v fLfj JLe.'tcxcpop~. ?t<Ív'tcx SE. Ã.ére.'tcxt lcp'
olç 'tO U\1 6>ç lcp, iv(, e?tt 'tOÚ'tOtÇ 'tO 7tcX\I'tCX 6>~ e?tt St'QPTJJLÉ.VOLÇ
to 7t~ OÚ'tOÇ ó &:pt9~t6ç, 7tMcxt cxu'tcxt ex{ ~tov&Se.ç.

27
KoÃ.o~0\1 Si. ÀÍ'YE'tCXt 'tW\1 ?tOCJW\1 ou 'tO wx6v, &:llcX
JL&pt<J"t6v oçe Ser cxlho dvcxt xcd lSÀ.ov. 'tCÍ u 'YcXP Mo ou xoÀ.o·
~eX 9cx<tépou &:cpcxtpOUJLÉ.VOU lv6ç (OU 'YcXP tCJ0\1 'tO xcxÀ.6~JLOt
XOtt 'tO À.Ot?t0\1 oúSt7tO't. e<J't(\1) oõ8' ÕÀ<->t; &:pt9JLOÇ oú8dç xcxl
., r&p 't'ijv oúaícxv Ser fLÉ.Ve.tv• e.l xÚÀ.tÇ xoÀ.o~6ç, t'tt eivcxt XÚ·
À.LXCX· ó Si. &:pt&JLoç ouxÉ.'tt ó cxlh6ç. 11:poç 8& 'toÚ'toLÇ x&v livo-
fLOLOfLepTj ij, ouSe 'tCXÜ'tCX 1tcX\I'tCX (Ó -yàp &:pt9JLOÇ t<J'ttv 6>~ xcxt
~JLOLCX lxet fLÉ.PTJ, oiov SucXScx 'tpteíScx), &:À.À.' ÕÀ.<->ç 6>v
JLfj 11:0te.t 'i) 9éatç Suxcpop&v ouSev xoÀ.o~6v, oiov ts~p +\ 1t6p,
20 &:llcl Ser 'touxihcx e.Ivcxt & xcx't&: 't1jv ouG(cxv 9éatv lxet. t'tt
CJUV&XTj • 'i) 'YcXP IÍpfLO\ItCX lÇ ciVOfLO((I)\1 JLeV XCXt 9tOW
tX&t, XOÀ.O~OÇ St OU "(('Y\I&'tCXt. 1t(JOÇ St 'tOÚ'tOtt; ou8' ÕCJCX Ó'Ã.Ot,
ouSE. 'tCXÜ'tCX Ó'tOUOU\1 JLOp(ou CJ'tep'Íja&t xoÀ.o~cX.. ou 'YcXP Ser oüu
METAFÍSiCA, ll 7.6/7.7, I 02.4 a 4 • 23 257

chamadas seja um todo sc;a um inteiro ou um tudo. Desse


último tipo são as coisas cuja natureza pcm1anecc idêntica
mesmo que se desloquem suas partes c sua figura não per-
maneça idêntica, em no, por exemplo, a cera e a veste: estas s
coisas são ditas tanto um todo como um tudo ou um intei-
ro, porque têm as duas características. A água c os líquidos,
assim como o número, são ditos um todo: de fato, nem o
número nem a água se di7.cm um tudo ou um inteiro, mas
toda água c todo n(unero só são ditos em sentido tmns)ato.
1~as coisas d<JS quais se di7. que são um todo quando consi-
deradas como unidade serão ditas um todo mesmo quando
consideradas como divididas: por exemplo, o todo deste lO
número é o todo destas unidades\

27. [O significado de mulilado] 1


Mutilado diz-se de coisas que são quantidade, {A) não porém
uma quantidade quak1ucr, mas só uma quantidade que, além de ser
divisível, constitua um intcirol. O número dois, com efeito. não será
mutilado se tirarmos uma unidade, porque (a) a parte que é tirada
com a mutilaç;io não é nunca igual ~~ parte restante. l•:m geral,
nenhum número é mutilado, pois para que algo seia mutilndo é
necessário (b) que sua essência não mude: ~c uma taça é mutilada IS
é necessário (JUC contíuuc sendo uma ta~·a, enquanto um númc.ro
não pcrmaucce o me:~ mo. Ademais, (c) nem todas as coisas consti-
tuídas de parl"es desiguais se di . . cm mutiladas: de f;Jto, o n(nncro
também pode ter partes desiguais, como o dois c o três 1. E, em ge-
ral, (d) nenhuma das coisas nas qu<Jis <l po!i>ição das partes não bz.
diferença- como a água c o fogo- pode ser mutilada: para serem
mutiladas as eois;ls devem ser ele modo que <ls partes tenham deter- 20
minada disposição em virtude da sua própria essênciá 1•
(B) Ademais, devem ser contínuas': a harmonia, que é cons-
tituída de tom; dcsscmclhantes segundo sua posição, nJo pode
ser mutilada.
(C) Além disso, nem todas as coisas que são inteiras tornam-
se mutiladas pela privação de alguma de suas partes: é necessário
que elas (a) não sejam as partes princip<1is da substância (h) nem
258 TON META TA <llYIIKA à

-rdt xúpta: ri'jç OÔO'Ea:ç oGn ..a Õltooow Õ\na;. orov av -rpo'ln'l&ü 7)
25 XÚÀt~, oõ xoÀoJ36ç, &:ll' av -ro oõç " &:xp<s>-djpt.Ó\1 -rt, xa:l 6
civOp<amoç oõx l~ O'á:pxa: i'j -rov cmÀ'fjva:, ID' lclv &:xpw-rij-
pt6Y -rt, :xcr:t -rou-ro oõ 1tciv cill' ô J.LTJ lx.et yéveotv &:cpcr:tpeOev
lSÀov. Stck -rou-ro o[ cpa:Àcxxpot oó xoÀo~ot.

28
févoç Àéye-ra:t -ro J.LtV lclv 'U 7) yéveotç O"Ovex.Tjç -rwv -ro
Jod8oç lx6v-çwv -ro a:õ-r6, oiov Àfye-rcxt lwç &v civOpW?twv yf-
voç lj, lht lwç av n 7) yívtO'tÇ O'OVtXTjç cxõ-rwv· -ro se. cicp'
oú &:v <:>O"t ?t~'too xtv7)0"a:v-çoç elç -rO e{va:t • oú-rw y&:p Àéyov-ra:t
"Ell1)'11eç -ro yévoç ol Se "~wveç, -rei) o{ Jd.v ci?to "EÃÀ'I)voç o[
Se cmo "IW'IIoç eivcxt ,;p&too yew~acxv-roç :xa:t ~Àov ol &:1to
Js -toü yevy7JO"a:v-çoç i'j ri'jç ÚÀ'I)ç (Àfyov-ra:t y&:p xa:t &:?tO -roü 91)-
Àeoç -to yfvoç, otov ol &:?tO IIúppa:ç). t'tt a e. 6>ç -.o l1tC1te8ov
1o24 • -rwv O"X'IJJLIÍ-rwv yfvoç -rwv l?ttdawv xa:t -ro O""ttpeõv -rwv O""tt·
pe&>v· ixcxO""tov y&:p -rwv GX'IJJLIÍ-rwv -ro JLE.v l,;(?tt00\1 -roto\~Sl
'tO SE. O"ttprov mt 'tOtOvS( · 'tOÜ'tO a' lo-rt -ro Ó1toxdJLtVOV -rcx'Lt;
Ôtcxcpopa:!ç. l-rt wç lv -ro'tç À6yotç -ro ,;pW..ov lw,;lipx.ov, ô
s Àtye"ta:t lv 't~ -t( lO""tt, "tOU-ro yfvoç, oõ Sta:cpopa:l Àfyov-ça:t a:{
,;ot6n'j'teç. -.o J.Le" oõv ytvoç -roO"cxo-rcxx.wç Àéye-rcxt, -ro ~tf.v
:xa:-r&: ytveaw O"Ovexij -rou cxõ-rou dôouç, -ro Sf. xa:'tà: -ro ,;pw-rov
Xt\lilO'otV ÓjLoet8tç, ..0 a· WÇ ÜÀ'I)' oõ yckp 7) Stcxcpop&: xa:l 7)
1tOW't'IJÇ lO""t(, -toú-r' lO"tt -ro Ú,;oxdJLtVOv, ô Àéyof.ttV ÚÀ'I)v. &npcx
1o ôe -r<i) ytvtt Àtye-rcr:t <:>v lnpov -.o ,;pe;>-rov Ú?toxe(f.t.evov xcxt
METAFÍSICA, A27/28, 1024.,24 -b lO 2.59

partes que se encontrem em qualquer ponto da coisa. Por exem-


plo, se uma taça é furada, nem por isso se diz que é mutilada. Só
se foi tirada a asa ou a borda. E um homem não se diz mutilado
se não tem um pedaço de carne ou o baço; só se não tem uma 25
extremidade: c não qualquer extremidade, mas (c) só uma extre-
midade que, retirada do todo, não pode mais se reproduzir''. Por
isso os calvos não são mutilados 7•

28. [Os significados de gênero} 1


(I) Gênero significa, num ~cntido, a geração contínua de seres JO
da mesma espécie: dizemos, por exemplo, "enquanto <:xistir
o gênero humano", querendo dizer "enquanto continuar
a geração de homens"l.
(2) Gênero significa também todos os homens derivados de
uma estirpe originária: por exemplo, alguns são chama-
dos hclenos pelo gênero, outros jônios, porque uns deri-
vam de} lclcno como estirpe originária, enquanto outros
derivam de Íon'. O nome do gênero ou da estirpe dos des-
cendentes vem mais de seu gerador do que da matéria·l,
mas pode vir também da U:me<l, como o gênero dos que 35
são descendentes de Pirra.
(3) Ademais, gênero se entende no sentido de que a superfície 1024•
é gênero das figuras planas c o sólido é gênero das figuras
sólidas. De fato, a figura é uma superfície determinada de
certo modo c o sólido é um corpo determinado de certo
mudo. Superfície c sólido são o substrato das difcrcnças 5•
(4) Além disso, gênero significa o constitutivo primeiro das
definições, contido na essência: esse é o gênero do qual 5
as qualidades são difcrençasn.
Gênero, portanto, diz-se em todos esses sentidos: significa a
geração contínua de seres da mesma espécie7, significa a série dos
~eres da mesma espécie derivados de uma estirpe origináriax; gê-
IJcro significa ainda a matéria: de fato, aquilo de que existe dife-
rell<,·a c qualidade é, justamente, o substrato que nós denomina-
li los matéria''.

Diversas pelo gênero se dizem (a} as coisas das quais o subs- 10


I ralo próximo é diverso e que não se podem reduzir uma à outra
260 HlN META Ti\ CI>Y:EIKA lJ.

!LT! ~Út'tott OcXupov dç 9ciupov IL'Il8' clfLCPw tlç 'totu't6v,


OL0\1 'tO d8oç Xott " ÜÀ'Il t'ttpOV 'tê\) "(t\ltt, Xott ISaOt xot9' ru-
pov axij!J.ot Xot't'll"(Op(otç 'tOÜ Õ\l'tOÇ Àé"(t'tott ('tcX !J.tV "(clp 't(
la<tt 011~LotEvtt -twv õ\l't(s)\1 -tdc a& not6v 'tL 'tOe a· wç St'iiP'Il'tott
u np6upov) • oü8& ydcp 'totÜ'tOt dcVotÀút'tOtt olh' dç clll71Àot ou't'
tlç lv 'tt.

29
To ~tü8oç Àt"(t'tott Cillov !J.tV 'tp67tov Wç np&"(!J.ot
~tü8oç, xoci -to1hou -tô !J.tV -tê\) ILT! auyxt1'o8ott fi dc8úvcx'tov
etvcxt au\l't&O~t (wanep Àt"(t'tott 'to 't1)v 8t<Ífa'tpov etvott
zo aú!J.IL&-tpov fi 'tO a& xoc9'ija9ott • 'tOÚ'twv yc%p ~eü&ç 'tO !J.tV
dcd 'tO 8& 7tO'tt' o{hw "(cXp oux Õ\l'tot 'totÜ'tot) , 'tcX 8f. Õaot la<tt
!J.&v ÕV'tot, nlcpuxe !J.&V'tot cpot(vea9ott fi IJ.fl otá: la<ttv fi &. IJ.T!
la<ttv (otov Tj axtcrypotcpCot Xott -te% lvúm~.ot· -tOtÜ'tot "(clp la<tt
!J.tV 'tt, dcll' oux wv t!J.7tO tt'L 't'i)v cpotV'tota(Otv) · - np<i"(IJ.ot'tOt
2s !J.tv oõv ~too'ij oü'tw Àt"(f.'tott, fi 'téi) ILT! etvott otU'tdc fi 'téi)
't1)v dcn' otÕ'twv cpotV'tota(Otv !LT! ÕV'toç t{Vott • À6yoç 8& ~tu-
8T)ç Ó 'tW\1 !J.Tj Õ\l'tWV, t ~tu8i)ç, 8to 7tiiÇ ÀÓ"(OÇ ~tooT)ç lú-
pou fi oõ ta<ttv dcÃ7167Jç, otov ó -to6 xúxÀou ~eu81jç -tptywvou.
b.6.~oo õ~ l..61oc; ün\ '11~'~~ ~~v.. ~ 'tW -t\ ~ ~\'llQ.\, t~\ ?>' ~~
30 noÀÀo(, lnd 'totÕ't6 nwç OtÔ'to xocl otÔ'to 7ttnov96ç, otov :Ew-
xp<i't'llç xocl Ewxp<i't'I'IÇ IJ.Ouatx6ç ( ó Sf. ~w81)ç À6yoç ou9ev6ç
mtv ci7tÀ(;)ç ).6yoç). Sto 'Ama9tYY]Ç il)t'tO eui)Owç !J.'I'IOtv dcÇI.Wv
Àlyto8ott nÀT)v 'téi) olxt(~ À6y~, iv lcp' lv6ç ~ wv auv€·
13ottvf. IJ.T! etvott dcV'ttÀt"(&LV, ax&Uv Se IL'Il8f. ~eú8ea9ott. la'tt
3S 8' lxota't0\1 Àt"(&L\1 OU IJ.ÓV0\1 'tcll otÔ'tOÜ ÀÓ"(<t> dcllcX Xoti 'tê\)
t'ttpou, ~tu8Wç !J.tV Xott 7tot\l't&ÀWÇ, ia'tt 8' WÇ Xott dc).'I'IQ(;)Ç,
I METAFis:::A, 6 28/29, 102..s b 11.36 I 261

nem ambas a uma terceira que lhes seja comum (a forma e a ma-
téria, por exemplo, são diversas pelo gênero)W; (b) todas as coisas
que pertencem a diversas figuras de categorias do ser 11 (algumas
significam a essência dos seres, outras a qualidade c outras as de-
mais categorias antcrionm:utc distinguidas 12 ); também essas não 15
se reduzem umas às outras nem todas a algo único.

29. [O significado de {also} 1


(I) Falso se diz, em primeiro lugar, de uma coisa falsa. (a) E
uma coisa é falsa ou porque não é unida ou porque não é
possível uni-la: por exemplo, quando se diz que a diagonal
é comensurável com o lado ou que cshís senta elo, a primeira 20
é sempre falsa c a segunda só algumas vezes, mas, ditas des-
se modo, essas coisas não existem. (h) Ou, as coisas são
falsas porque existem realmente, mas por sua natureza não
p<ueccm ser o que são: por exempJo, uma pintura em pers-
pectiva c os sonhos; estas coiS<Js são na realidade, mas não
são a imagem que das nos dão. Portanto, as coisas se dizem
falsas neste sentido: ou porque não existem, ou poryuc a 25
imagem que delas deriva é de algo que não cxistc2•
(2) Ao eontr{Jrio, uma noção1 falsa é aquela que, justamente
enquanto falsa, é noção de coisas que não são: por isso toda
noção é falsa qmmdo referida a coisa diversa daquela acer-
ca da qual é verdadeira: a noção do drculo, por exemplo,
é falsa se referida ao triângulo~. Em certo sentido, de cada
coisa existe uma única noção, que é a de sua essência; nou-
tro sentido, existem muitas, porque cada coisa c a coisa com
certa afecção são, de certo modo, idêntic<Js: assim, por cxcm- JO
pio, "Sócrates'' e "Sócrates músico"; mas a noção falsa é,
absolutamente blando, noção de nada'. Por isso Antístencs
considerava, de maneira simplista, l)UC de cada coisa só se
podia afirmar sua pr6pria noção, uma noçüo única de uma
coisa únicar'; do lJUe deduziu que não é possível a contra-
di~:ão~ c, até mesmo, que é pratic-amente impossível dizer o
falso~. Mas é possível exprimir cada coisa não só com sua
própria noção, mas também com a noção de outra coisa: a 35
noção, nesse caso, pode ser absolutamente falsa, mas pode
262 TON META TA(J)Y.IIKA â

102'" 6)0"Jt'P 'tcX ÓX'tOO s~7ÇÀcícncx 't~ dj.; Su~oç l.6y~. 'tà: "'" oUv
oG'w À("(,'tCX~ ~uSTj, &\19pc.>7ÇOÇ sa. "''u&ijç 6 ,õxer>fl.; XCXL
7ÇpOCX'P''t\XÕ.; wv 'tOtoÚ't<.>v ÀÓ"((a)V, I'Ti St' lupÓ\1 u cU>.«
St' CX'Õ'tÓ, xcxt 6 &À.Àot.; l1'7ÇOt71'turo.; 't(;)v 'tOtOÚ't(a)V À6yrov,
.s &>O"Jt,p xcxl 'tcX 7q)IÍ"ff...CX'tCÍ ~CXI''" "'w&ii dvcxt lSacx ll'~ter
~CX\I'tcxa(cxv "'w8ij. Sw 6 lv 't~ 'lu~ l.6yo.; ~cxxpoút'tCXt
~ 6 CXÔ'tÕÇ "''oofjç xcxt à:Ã7)9i)ç. -rov Swci!'evov r«p
acxa9cxt Àcxl'pciv,t "''uSTj (oú'toç 8' ó elSOOç xcxt 6 ~p6vt·
"'w·
I'Oç) • l't1. 'tOV b6\l'tcx ~cxüÀov Pd't((a). 'tOÜ'to &a. cllw&.;
10 Àcx~&t StcX 'rij.; lmy(a)yií.; - 6 "(cXp '~" xrol.CX(V(I)\1 'tOO
bOYto.; xpd'C'f<l)v- 'tO X(a)Àcx(vetv 'tO l'tl"raOcxt ÀÍyrov, lmt
e! "f' xrol.o.; lx6>v, xdprov ta(a).;, 6)0"Jt,P l7Çt 'tOG fl9ouç, xcxt
oU'to.;.

30
Eu1'PeP11xõç l.tye'tCXt õ úncipX't sdv uvt xcxi à:Ã718~
u durv, oõ I'L\I'to~ oGt' te à:vci"fX'lÇ oGu (~.;) l7Çl 'to 7Çol.ú, olov
er 'ttÇ ÓpÚ't't(a)V ~U't~ P69pov dip' 97)acxup6v. 'to&to 'to(vuv CJUI'·
p,p7)Xo.; 't~ ópmo\l'tt 'tOv P69pov, 'to eúpei'v 97)acxup6v· oGu
ycXp lÇ à:vciyx7).; 'tOÚ'tO lx 'tOÚ'tOU f\ l't'tÕ: 'tOÜ'tO, oü9' roç l7ÇL 'tO
~Àu &\1 'ttÇ ~UU.Ú'IJ 97)acxupÕV 'úp(axet. xcxt I'OUO"tx6.; y'
2o &v 'tt.; 't71 l.wx6ç cU>.' l7Çd oüu ~ à:vci"fX'lÇ oGO' ro.; l7Çt 'to
~).U 'tOÚ'tO y("(V''tCXL, auJ'PeP7lx/,.; CXÔ'tO Àt"((I'&\1. 6)0"t' e7Çd
lcntv úncipxov 'tt xcxt 'ttvE, xcxt lvtcx 'tOÚ't(a)v xcxt ~u xcxt 7Ço'tf,
3 'tt &v WpX'IJ ~''"· cU>.« I'Ti St6't1. w8i. fiv .fi vüv fi ev·
'tcxü9cx, CJU~LPtP7)Xoç la-tcxt. oMe &i! CXt'tt0\1 WP~O'I',\10\1 oMa.v
2' 'toü aui'PtP71x6'toç à:>..l.« 'tO wx6v· 'tOÜ'tO 8' à:óptO"tov. CJUVtp7J
METAFÍSICA, tJ. 29/30, 1025 a 1 . 25 263

ser verdadeira; assim, por exemplo, pode-se dizer que oito 1025•
é um número duplo servindo-se da noção de díade'1•
Portanto, essas coisas se dizem falsas neste sentido.
(3) !Vlas, diz-se falso um homem que prefere e faz discursos fal-
sos deliberadamente, só para dizer o falsolll; ou um homem
que provoca nos outros noções falsas, assim como dizemos 5
que são falsas as coisas que produzem uma imagem falsa 11 •
Por isso é falaz a argumentação do Hípias 12, segundo a qual
o mesmo homem é, simultaneamente, verídico e falso: ela
entende como falso aquele que é capaz de dizer o falso, e
este se apresenta como sábio e prudentc 11 • Alt'lll disso,
aquela argumentação afim1a como melhor quem é volunta-
riamente falso; mas essa conclusão procede de uma falsa
indução: quem coxeia voluntariamente é melhor do quem Io
coxeia involuntariamente, se no primeiro caso entender-
mos a imitação de quem coxeia; quem fosse coxo volunta-
riamente certamente seria pior; e o mesmo vale para o com-
portamento moral 14 •

30. [Os significados de acidente] 1


(I) Acidente significa o que pertence a uma coisa c pode ser
afim1ado com verdade da coisa, mas não sempre nem h<lbi- 15
tualmente: por exemplo, se alguém cava um buraco para
plantar uma árvore c cneontra um tesouro. Esse achado do
tesouro é, portanto, um acidente para quem cava um bura-
co: de fato, uma coisa não deriva da outra nem se segue ne-
cessariamente à outra; e nem habitualmente se encontra
um tesouro quando se planta uma árvore. E um músico po-
de também ser branco, mas, como isso não ocorre sempre 20
nem habitualmente, dizemos que é um acidente<. Portanto,
como existem atributos que pertencem a um sujeito e co-
mo alguns desses atributos s6 pertencem ao sujeito em cer-
tos lugares e em dctcm1inadas ocasiões, então serão aciden-
tes todos os atributos que pertencem a um sujeito, não
enquanto ele é este sujeito, não enquanto a ocasião é esta
detcnnínada c o lugar este determinado lugar3• Portanto,
do acidente não existirá nem mesmo uma causa determi-
nada, mas só uma causa fortuita, que é indctcnninada~. 25
264 TQN META TA <!>Y!IKA à

't~ t~ A!rtV<XV n.or.rv, d !L-il 8~ 'tOU'tO ~cpLxt'tO Õ1twc; lxtt


n&tl, &)..).' ú1W :xr.~voc; lewcr9dc; 7J órco À't)crtwv ÀTJcpOr.~.
rtrovt (Jlv 8-i~ f\ tcrtt 'tO OU!L~t~TjXÓc;, ~).).' OÔ:X t cxÔ'to
~).).' t t'ttpov· 6 r.Xp :Xtt!LWV cx!'t~ 'tOU !L-il Õ1tou t1tÀtt LÀ-
)0 Or.rv, "toiho 8' ~" A!rtw;. Urr.'tcxt 8~ xcxt ciÀÀwc; OU!L~t~TJ­
xóc;, otov oocx U1t«p:xr.t ~~ xcxO' cx\rtô !L-il lv 't'fi oô-
cr~ ÕY'tcx, o{ov 't~ ""Ptr6>v~ ""ô 86o 6p0~ l:xr.w. xocl 'tCXÜ'tcx
!L~" Lv8t:xe.'tcxt ~'tatCX r.!w;t, lxdvwv 8i. oõ8tv. Ã6-yoc; 8i. 'tOÚ-
""ou lv L""épotc;.
METAFiSICA, L130, 1025o26-34 265

É por acidente que alguém chega a Egina, se não p.utiu com


a intenção de chegar àquele lugar, mas ali chegou impulsionado
pda tempestade ou capturado por piratas. Portanto, o acidente é
produzido c existe não por si mesmo mas por outro: a tempestade
foi a causa de que se chegasse aonde não se queria, isto é, a Fgina'. 30
(2) Acidente se diz também em outro sentido. São acidentes
todos os atributos que pertencem a cada coisa por si mes-
ma, mas que não entram na substância da coisa. Por exem-
plo, acidente neste sentido é a propriedade de um triângulo
ter a soma dos ângulos iguais a dois rctosr'. Os acidentes
desse tipo podem ser ctcmos7 , enquanto os acidentes do ou-
tro tipo não podem.
Esclarecemos em outro lugar as razõcs dissox.
L I V RO
E
(5EXTO)
1
1o2s ~ Ai «pxcxt :x«1 ~ cxt-cl4 ~Tj-ctt-ccxt -cci>\1 lhrtw\1, 87il.ov 8&
il-ct ti Õv-tcx. lcnt yá.p -ct cxi-cto\1 úytdcxç xcxl tõttCcxç, xcxl -ccilv
5 1J.CX9Tj!J.CX'ttxcilv tl.al\1 «pxcxt :x«l atOLXttcx xcxt cx'l'-ctex, xcxl ó'l.w~
8& 7t&acx lmatÍJ!J.Ti 8tcxv0Tj-ctxij 1\ IJ.t'ttxouaá. -ct 8tcx\lo(cxr; 7ttpl
cxl-cktr; xcxt «pxá.ç latw 1\ «xptPecn&pcxç i\ &7tÀournpcxr;. «llci
1t<iacxt cxÚ'tcxt 7ttpl Õ\1 -ct xcxl yi\IOç 'tt 7ttptyp.(J.t\ICXt 7ttpi.
't06'tOU 7tpCXYIJ.CX'tt60V'tCXL, «ÀÀ' OUXL 7ttpL WtOÇ &7tÀci>ç ou8t n
10 Õ\1, oo8f. 'tOÜ -c( mt\1 oÕ9t\ICX À6yov 7tOLOÜ\I'tCXL, «ÀÀ' ex -co6-cou,
cxi (J.t\1 cxl~atL 7tot-ljacxacxt cxü-co 8ijÀo\l ex{ 8' ú7t69taw Àcx·
Poüacxt -co -c( latw, OÜ'tw -cdt :x«9' cxú-cdt Ú7tá.pXOV'tCX -c(i> yfvtt
7ttpl l:í dat\1 «7toottxvúouat\l 1\ livcxyxcxt6npov 1\ !J.cxÀIXXW'ttpov·
8t67tf.p CfCX\ItpOV Õ'tt oOX mL\1 «7t68tteLÇ oÚa(cxç oôat 'tOÜ 't( mw
u lx 'tijç 'tOI46'tTjç l7tcxywyTiç, &:l.l.á. 'tLÇ !lloç -cp67toç 'tijç
STjÀ~aewç. Ó!J.oCwç 8& oõ8' d latt\1 i\ IJ.Yi lcnt -co yt\IOÇ 7ttpl ô
1tPCXl!LCX'tt60\l'tCXL oo8t\l Àfyouat, 8tdt 'tO 'tij~ cxÕ'tijç &{\ICXL 8tex-
\IO(cx~ -c6 n -c( mt 8ijÀo\l 7tottt\l XOtl tl latw. -l7ttt 8& XOtL Tj
cpuatX"ij l7ttatÍJIJ.Ti -rurxá.wt oúacx 7ttpl yl\loç -ct -co6 ÕVtoç (7ttpl
:20 ycip 't"ijv 'tOLCX6't'Tj\l latt\1 OÕa(cx\1 e\1 U~ «px1} 'tijç XLVÍjatwÇ XCXL
atá.at(a)ç l" cxõ't'ij) , 8TjÀo\l iS'tt oüu 7tpcxx-ctx'Í)mtv oÜ'tt 7tOLTj'ttx'Í)
L [Divisão das ciências e absoluta prímazia da metafísica 1o2sb
entendida como teologia} 1
Os princípios c as causas dos seres, entendidos enquanto seres,
constituem o ohjdo de nossa pesquisa~.
De fato, existe uma causa da saúde c do hcm-c.~tar; existem
causas, princípios c elementos também dos ohjctos matemáti-
cos e, em geral, toda ciência que se funda sobre o raciocínio c s
recorre de algum modo ao raciocínio trata de causas c princípios
mais ou menos exatos. 'I i1davía, c.~sas ciências são limitadas a
determinado setor ou gênero do ser c dcscnvoh·cm sua pesquisa
c.m torno dele, mas não em torno do ser considerado em sentido
absoluto c cnqunnto ser'.
Ademais, elas não se ocupam da essência, mas partem dela lO
-algumas extraindo-a da experiência, outras assumindo-a como
hipótese .. - c demonstram com maior ou menor rigor as proprie-
dades que pertencem por si ao gênero de que se ocupam. 1:: eviden-
te que desse procedimento indutivo não pode derivar um conheci-
mento demonstrativo da substância nem da essência, mas <é evi-
dente que destas dcvcr;í haver> outro tipo de conhecimento'. 15
Do mesmo modo, c~sas ciências não dizem se rcahncnte
existe ou não o gênero de ser do qu<ll tratam, porque o proce-
dimento racional que leva ao conhecimento do ser de algo é o
mesmo que leva também ao conhecimento da existência de algd'.
Ora·:, também a ciência física trata de um gênero particular
de ser, isto é, do gênero de substânci<l que contém em si mesma
o princípio do movimento c do repouso. Pois hem, é evidente 20
que a física não é ciência prMíca nem produtiva: de fato, o prin-
cípio das produ<,~õcs está naquele que produz, seja no intelecto,

.
270 TON META TA CI>Yl:IKA E

('tG>\1 !J1V "(cXp 1tOtY)'tWV t\1 'tci> 1tOtOÜV'tt ~ &px~, fj \IOÜ~ 'ÍI 'tl·
XV'rl fj &úV<X(J.(~ 't~' 'tG>V &~ 1tpatX'tG>V t\1 't{i> 1tpcX't'tOV'tt, ~
1tp01X(peatç 't~ C&Ô't~ rdtp 't~ 1Cp<XX't0v xat 1tpoattpe'tÓ\I)'
u OOGU el 1têi<Jat &Lcivotat ii 1tfX'X'ttXYl fj 1tOLY)'tLXYl ii OUI)pY)'tUC~,
~ cpu<J\XYl Or.(l)pY)'ttx~ 'tL~ liv f.LY), &llàt Oe(I)P"J'ttxTi 1ttpt 'tOtOÜ·
'tOV õv l) lo'tt &UV<X't~V xtve!aOatt, xoct 1ttpl oõa(Otv -rijv xct'tàt
'tov ÀÓ"(ov ~~ t1tt 'tO 11:oÀu ~~ ou X(l)ptat"'tv (.LÓ\Iov. &r.r &i 'to 't(
Tív eiV<Xt xocl 't0\1 ÀÓ"(OV 11:G>~ l<J'tt IJ.Yl ÀatvOcivetv, ~~ clveu re
3G 'tOÚ'tOU 't~ ~Y)'tf.!V (J.Y)~>lv mt 1t0te!v. l<J'tl. &~ 'tG>v 6ptCO(J.{\I(I)\I
xatt 'tG>v 'tt t<J'tt 'tcX fL~\1 ~~ 't~ CJLfLOV 'tcX &' ~~ 't~ xor-
Àov. &tatcplpet &~ 'tOtÜ'tat lht 'tO (J.~V <Jt(J.OV owr.LÀY)(J.(J.lvov t<J'tl
fL&'tcX 't'ik ÜÀY)~ (l<J'tt rdtp 't~ CJLfL~V xo(ÀY) ~C~), ~ &~ xoLÀó-
't'rl~ clvr.u ÚÀ ~ attc:J9Y)'ti)~. d 8Tj 1tcX\I'tOt 'tcX cpUGLXcX IJfLO(w~ 'têl>
1026" GLfL~ Àl"(OV'tOtL, otov ~lç õcp9cxÀfLO~ 1tpÓGW1tOV O'cXpe O<J'tOW,
ÕÀ<.>~ ~ct>ov, cpúllov p(~a. cpÀot6~, ID.~ cpU"tóv (oôOevo~
"(cXp &vw XL~<JUI)~ 6 ÀÓ"(O~ a.Õ't6>V, &ll' &d lX&L ÜÀY)V),
&ij).ov 11:G>~ &er lv 'tO'&; cpuO"txor~ 'tÔ 't( t<J'tL CYiurv xal ópCCe-
' 0"9a.t, xal &tó'tt xal 11:epl <j.uxii~ lvCat~ Oe(l)pi"j<Jatt "toü cpUO"LXOü,
õ071 I'Yl clveu 'tii~ ÜÀY)~ m~v. &tt 11~v oõv ~ cpuO'LXTj OwpY)-
'ttx~ t<J'tL, cpa.vepàv lx 'tOÚ't(l)\1' &ll' l<J'tt xctt ~ f1«9Y)f1«·
'ttxTj Of.(l)pY)'ttx~· &).).' tl cixtvfrt(l)\1 xocl X(I)PL<J't6>v t<J'tt, vw
!&Y)ÀOV, Õ'tt fLl'll'tOL t\ltat fLOt9~fL«'t« lj cixCVY)'tOt xoct fLYl XWPL·
10 <J'tàt 9f.(l)per, 8TjÀov. d &t 'tÍ t<J'ttv &lawv xa.l cixCvrrtov xocl

X~tO"tÓv, cpa.vepov lht Or.(l)pY)'ttxij~ 't~ "(\\W\Iatt, ou fLlV'tOL cpu-


O"ucij~ re (11:r.pl xtVY)'tG>v rcip 'ttV(I)V ~ cpuatx~) oô&& f'«OYifL«·
'ttxi'j~, &ÀÀàt rcpodpa.~ &fLcporv. ~ ~\1 "(cXp cpucmcTj mpl
X(I)PL<J'tcX fLf.\1 &ÀÀ' oõx cix(VY)'t«, 't'ij~ &~ fLOt9Y)fL«'tLXij~ t\ILOt
I METAASICA,E1,102Sb22·1026ol.41 271

na arte ou noutra faculdade; e o princíp.io das ações práticas está


no agente, isto é, na volição, enquanto coincidem o objeto da
ação prática e da volição. Portanto, se todo conhecimento racio- 25
nal é ou prático, ou produtivo, ou teorético, a física deverá ser
conhecimento teorético~, mas conhecimento teorético daque-
le gênero de ser que tem potência para mover-se e da substân-
cia entendida segundo a forma, ma!> prioritariamente conside-
rada como inscpar{Jvcl da matéria'~. Além disso, é preciso escla-
recer também o modo de ser da essência e da forma, caso con- 30
trário a pesquisa será ;~bsolutamente vã. Ora, das coisas que são
objeto de definição, ou seja, das essências, algumas são como
o achatado, outras como o côncavo. Estes diferem entre si pelo
fato de que o achatado está sempre unido à matéria {de fato,
o achatado é um nariz côncavo), enquanto a concavidade é
privada de matéria sensível. Portanto, se todos os objetos da
física são entendidos de modo semelhante ao achatado, como 1026·'
por exemplo nariz, olho, face, carne, orelha, animal em geral,
folha, raiz, casca, planta em geral (de fato, não é possível definir
nenhum dessas coisas sem o movimento c todas po!>sucm ma-
téria), então fica claro como se deve pesquisar c definir a essên-
cia no âmbito da pesquisa física 111 , c também fica clara <1 razão
5
pela qual a tarefa do físico consiste em especular sobre uma
parte da almél, precisamente aquela que não existe sem a ma-
téria11. De tudo isso fica evidente, portanto, que a tísica é uma
ciência teorética.
Por outro lado, também a matcmMica é ciência teorética.
Mas por enquanto não está claro se ela é uma ciência de seres
imóveis c separados. Entretanto é evidente que alguns ramos
ela matemática consideram os seus objetos como imóveis c não
scparados 12 • 10
Mas se existe algo eterno, imóvel c separado, é evidente que
o conhecimento dele caberá a uma ciência teorética, não porém
à física, porque a física se ocupa de seres em movimento, nem à
matemática, mas a uma ciência anterior a uma e à outra. De
fato, a ffsica refere-se às realidades scparadasn mas não imóveis;
algumas das ciências matcmélticas referem-se a realidades imó-
veis, porém não separadas, mas imanentes à matéria; ao contrário
.272 Tf.!N META TA <I>YIIKA E

., 1ttpl &xC\111'tOC jdv ou xwpi.CmX 8t tO'W~ ID, c!l~ t\1 U'ÃtJ' Ti


8~ 1tp&l't1) xal 1ttpl XWptat& xal àJe(\111tOC. civ«yx'l') St 1t«vtoc
!Jl.v t& oc!ttoc citôtoc tivoct, IJ4Àtatoc 8& tocütoc' tocütoc ydtp
oc!ttoc to~ cpocvtpo't'ç tc;)v OtCwv. wan tpt~ &v t{tv cptÀoao-
cptoct 9twp'l')'tUCOC(, !J.OC9'1')f.LOC'tLXÍJ, cpuO'tX"Íj, 9tOÀO"(\X'Íj (OU y&p
20 &8.,Y.ov Õtt t'L 1rou to 9ttov Ú1t«pxtt, lv t1i 'tOI.OCÚ'ttJ rpúatt
Õ7tcipxet), xocl rljv tLfLtWÚ't1)v &tr 1ttpl to ttfLLWtoctov ytvo~
t{voct. ocl !Jl.v oõv Otwp'l')tLXocl tc;)v !ÀÀwv t1ttO"t''''IJ.WV oc!pttw-
't<XtOCL, ocÜ't1) St tc;)v Otwp'l')"t'U<Wv. ci1topÍjattt ydcp &v tt~ 1tÓ·
upóv 'lt09' Tj 1tpW't1) cptÀoaocpEoc xa96Ãou mlv f\ 1ttp( tt rt·
2s vo~ xocl rpúatv ttvdc JL(ocv (ou ydcp 6 OCÕto~ tp67to~ oô8' lv
't<X'Lt; JLOC9'1')f.LOC'ttxaT~, cill' Tj fLt\1 "(tWfLttp(oc xocl ciatpoÀoytoc
1ttp( ttvoc cpúatv da!v, Tj Sf. xa9óÀou 1tocac;)v xotvf!) • d fLt\1
OW JLiJ tO"tt ti.Ç !úpoc oUO'toc 1tOCpcX tàç !pÚO'tL O'tJ\Ito'tTIXU(~, Tj
cpUO'tx1j &v tt'l') 1tpW't1) t1ttcrt'Í)JL'I')' tl 8' tO"tt tL~ OÕa(oc àx(\111tO~,
30 OCÜ't1) 1tpoúpoc xal cptÀoaocptoc 7tpw't1), xal xa96Àou oütw~

lítt 7tpW't1) • xocl 1ttpt toü Õvto~ t ov tOCÚ't1)~ liv tt'l') 9twpi'jaoct,
xat t( latt xocl tà ún«pxovtoc t õv.

2
'All' t1ttL tO 0\1 tO CÍ?tÀ~ Àt"(Ófl.t\10\1 ÀfyttoeL 1tOÀ·
Àocx~. wv &v fLtv ijv to xatdc O"Ufl.~t~'l')x6~. lupov 8& to
JS ~~ ciÀ'I')9~, xocl to JLiJ ov c!l~ to ~tü8o~, 1tocpdc toeútoc 8'
lati. tele OXÍJJLOC't<X ti}~ xa't1)yop(oc~ (oiov to fl.t\1 ·d, tO 8t
1tOI.Ó\I, tO &t 1tOO'ÓV, tO St 1tOÚ, to 8t 1tOÚ, xal t! 'tt ruo
1026 • OTI!J.OC(vtt tÕv tp61tov tou'tO\I), ltt 1tocpdc toeU'tOC 1e«\ltOC to &u-
~t xocl lvtpyt(qr;· -l1rd 81j 1rollocxw~ Àfyttoet to õv,
METAfiS:CA, E 1/2, I 026 a 1.5 · b 2 273

a filosofia primeira refere-se às realidades separadas c imóveisH. 15


Ora, é necessário que todas as causas sejam eternas, mas estas
particularmente: de fato, estas são as causas dos seres divinos que
nos são ma11ifestos 15 •
Conseqüentemente, são três os ramos da filosofia teorétic:a:
a matcm<ltiea, a física c a tcologiu. Com efeito, se existe o divino,
não há dúvidn de que ele existe numa realidade daquele tipo. E 20
também não há dúvida de que a ciência mais elevada deve ter
por objeto o gênero mais elevado de realidade. Enquanto a~
ciências teoréticas são preferíveis às outras ciênc:ias, esta, por
sua vez, é prdcrívd às outras duas ciências tcorétiea~ 11'.
Poder-se-ia agora perguntar se a filosofia primeira é universal
ou se refere-se a um gêucro determinado c a uma realidade par-
ticulnr17. De fato, a respeito disso, no âmbito das matcmátic:as 25
exi~tc diversidade: a geometria c a astronomia referem-se a deter-
minada realidade, enquanto a matcm<ltica gcr;t] é comum a to-
das. On1, se não existisse outra substância além das que consti-
tuem a naturc.za. a física seria a ciência primeira; se, ao contrário,
existe uma substância imóvel, a ciência desta será ;.mtcrior <às
outras ciências> c ser;í filosofia primeira, c desse modo, ou seja,
enquanto primeira, ela será universal c a ela caber;] a tarefa de 30
estudar o ser enquanto scJ~ vale dizer, o que é o ser c os atributos
que lhe pertencem enquanto ser 1 ~. •

2. /Os quatro .~ignificados do ~;er e exame do ser acidental)I


O ser, cntt·ndido em geral\ tem múltiplos ~ignificados: (1)
um dcstes- dissemos anteriormente'- é o ser acidental; (2)
outro é o ser como verdadeiro c o não-ser como falso; (3) ademais, 35
existem as figuras das categorias (por exemplo a essência, a quali-
dade, <1 quantidade, o onde, o qucmdo c todas as outms); c, ainda, 1026"
além destes, (4) existe o ser como potênciél c ato~.
Dado que o ser tem múltiplos significados, devemos tratar
em primeiro lugar do ser como acidente c demonstrar que dele
não existe nenhuma ciência.
274 Tí!i'l META TA<IlYIIKA E

:n:pro't0\1 1ttpl 'tOÜ :Ka'tcX OU!J.~f.~T)XOÇ ÀtX'tÉOY, Ó't~ oÕ8qA.Cot la·d


:n:ept cxÔ'to O~p(cx. GTJ~tt!ov U· oôat~t~ ydtp l:n:~IL'{l l:n:~-
' !J.tÀ.&Ç :n:epl cxÔ'tOÕ oün :n:pcxx'ti.XÜ oÜ'tt :n:o~T)'ti.XÜ oüu 9f.CilpT)'ti.XÜ.
oün ydtp ó :n:otwv olx(cxv :n:ott! &cx <NIJ.~cx(vtL é&!J.OC 't'ij olx~
ytyvo!J.Lvu (!mLpCX ~P l<n:tv· 'to!.; IL~" y<Xp it8etcxv 'tO'lç 8~
~À.cx~tpdtv 'tO!c; 8' wcpD..t!J.OV oõO~v ttvcxt xwÀ.Óe~ 't'ijv :n:ot1)9t!-
acxv, xai i:dpcxv ~ d:n:t!v :n:mwv 'tW'II IS'II'twv· 6>v oõ9tvó.;;
10 l<n:LY Tt oÜCOOOIJ.Ut'fl1tOtT)'ti.Xf)), 'tO'\/ cxÔ'tÕv 8e 'tpÓ'Jtov oôa' Ó ytw-
IJ.É'tpT)Ç 9~pti 'tcX OÕ'tW <JU~~T)XÓ'tcx 'tO!ç <JXTj!J.CXGtY, oô8' d
enpóv m~ 'tpÍ"(W\10'11 xcxl 'tp(ywvov Mo op9dt.;; lxov. xcx!. 'tOÜ't 7
eÔÀ6ywç GU!J.1t(1t'ttL · C>a:n:tp ydtp Õvo!J.IÍ 'tt !J.6yov 'tO <JU~~'J)­
x6ç l<n:t\1. 8to ffi~c.>'\1 'tpó:lt0\1 'ttvcX OU XcxxWÇ 't'ijv aocpt<n:t·
u xfjv :n:ept 'tO ILfJ õv l'tcxÇtv. tlat ydtp o{ 't<i)Y aocpt<n:<i)v Àóyot
:n:epl 'tO GUIJ.~f.~T)XOÇ w.;; d:n:t!'\1 IJ.IÍÀ.t<TrCX :n:IÍ'II'tc.>'ll, :n:6npov
iupov ii 'tcxlhov IJ.OUatXov xcxl ypcx!J.IJ.OC'tUC.Óv, xcxl jJ.Ôuauc.o.;;
Kop(axoç xcxl Kop(axo.;;, xcxi d :n:&v 8 &.v n. ILfJ &:d 8t, yÉ-
yovev, w<n:' d !J.OUai.XÕç wv YPIXILILCX'ti.XOÇ yÉyove, xcxt ypcx!J.·
20 IJ.OC'ttXOÇ (';)y !J.OOOLXÓÇ, xal Õ<Jo~ 81j cXÀ.Àot 'tOLOÜ'tOt 't<i)\1 À.6"(W\I
daív· cpcxíve'tcx~ y<Xp 'to GU!J.~t~T)xo.;; lnú.;; 'tt 'tOÜ ILfJ IS'II'toç.
8ijÀov 8& xcx!. lx 'tW'II 'tOtOÓ'tc.>'ll Àóywv · 't<i)v ~" y<Xp &À.À.ov
'tpó1tO\I Ó'll'tc.>'ll t<TrL "(É\If.<J~ Xcxt cp9opiÍ, 'tW\1 8t XCX'tdt <JU~t·
~T)XOÇ OÔX t<J'tt'\1. &;).). ' Õ!J.WÇ Àtx'tÉOY l'tt :n:tpl 'tOÜ GU!J.~t~T)-
2' xÓ'toç lcp' õaov lv8txewt, 'tÍÇ it cpúat.;; cxÕ'to6 xcxl 8tdt 't(v'
cxhCcxv t<J'ttv· !~tcx y<Xp 8ijÀov ~aw.;; l<J'tcxt xcxl 8tdt 't( l:n:t<J'tf)!J.'J)
oúx t<J'tt'\1 CXU'tOU. -l:n:d OU\1 l<J'ti'll lv 'tOiÇ OUat 'tdt IJ.E'II &:tt wacx6-
't(I)Ç lxO'II'tcx xcxl lÇ &:~yxT)ç, oõ 'ti}.;; xa't<X 'to ~Ccx~ov À.tyo-
ILÉ"''C: &;).).' ~" Ã.tyo!J.e" 't<\) ILfJ lv8txta9cxt ciÀÀw.;;, 'tcX 8'
JO lÇ liv&:"(X11.;; ~t&v oõx lattv oô8' lif.C, w.;; 8' l:n:l 'to :n:oÀ.ó, cxímj
METAFÍSICA, E 2, 1026 b 3. 30 275

Temos uma prova disso no fato de que nenhuma ciência se


ocupa dele: nem a ciêncía prática, nem a ciência poíética, nem 5
a ciência teórica. De fato, quem faz uma casa não faz também
tudo o que, acidentalmente, a casa virá a ter. Com efeito, os aci-
dentes são infinitos; nada impede que a casa, uma vc7. construí-
da, a uns pareça agrad<ível, a outros incômoda, a outros útil, c
que seja diferente de todas as outras coisas. Ora, a arte de cons-
1ruir casas não produz nenhum desses acidentes~. Do mesmo
modo, também o geômetra não se ocupa dos acidentes das figu- lO
ras: não se ocupa, por exemplo, da questão de se são diferentes
o triângulo e o triângulo cujos ângulos são iguais a dois ângu-
los retos 6 . E é natural que <Jssim seja porque o acidente quase
se reduz a puro nomc 7 . Por isso Platão, em certo sentido com
razão, considerou a sofística como ciência do não-scrx: de fato,
m discursos dos sofistas giram, por assim di?.er, sobretudo sobre 15
o <lcidente. (Eles perguntam, por exemplo, se "músico" c "gra-
mâtico" s~o diferentes ou idênticos'', c se "Corisco mú~ico" c
"Corisco'' são idênticos 10 ; ou ainda: se tudo o lJUC é, mas não é
dcrno, foi gerado c, portanto, se urn músico, que é grmm\tico,
tornou-se tal pela geração c, do mesmo modo, um gn11nático que
seja músico 11 c todos os outros problema~ desse tipo). 20
O acidente, de fato, revela-se como algo próximo ao não-
scr12. Isso é evidente também com base na seguinte argumcnta-
c.)o: existe geração c corrupção dos seres que não são ao modo
do acidente, ao wntrárío, não existe geração nem corrupção dos
xcrcs acidcntaísn.
Todavia, do acidente devemos dizer, na medida do possível,
a natureza c as causas pelas quais existe. Ficar<í, ao mesmo tem- 25
po, clara a razão pela qual dele ni'io há ciênci<l.
Dado que há seres que existem sempre c neccssariam~:ntc do
mesmo modo (a necessidade t!ntcndida não no st!nticlo cl<J violên-
cia, mas- como já cstabclcccmos 1' - no sentido de não pode-
rem ser diferentes do que são), enquanto outros não são nem ne-
cessariamente nem sempre, mas só na maiori<1 das vezes, scguc-
xc lJUC este é o princípio c esta é a causa do ser elo acidente: de
fato, chcunamos acidente o que não existe nem sempre nem na 30
m~1íoria elas vczcs 1;. Por exemplo, dizemos ser acidental que no

-
276 TON ,..1ETA TA <DY~IKA E

cipxfl XOtt Clfm} ClhtCl lad "tOÜ elvClt 'tO auJL~t~TpC6ç ô ycip
&v 'fi JL-f}"t' cid JL'Íj6' wc; ln-t 'tO n-oÀÚ, "tOÜ"t6 cpCXfUV a\.lj.l.~t·
~71xàc; elvCl~. otov ln-i xuvl &v xetJA.Wv "fÍ"Tl"tCl~ xatt 4Nxoc;,
-'tOÜ"to auJLI3TivClt cpClJUV, ciÀÀ' oux &v mítyoc; XOtL ciÃ.éel, ~~
l5 'tO Jd.v cid " wc; ln-l 'tO n-oÀÜ 'tO S' oü. XClL "t0\1 &v&!)<J)n'0\1
Àeuxov tiVCl~ a\.IJA.~&~T}Xt\1 (oüu ycip citt oü6' wc; ln-l 'tO n-oÀú),
~c()ov S' ou xat"tàt <JUJL~e~x6c;. XClL 'to úy~~'~" S& "t0\1 olxo-
1027• 86JLOV au~t~'r)x6c;, IS"tt ou dcpuxe "toÜ"to n-oterv olxo86-
IJ.OÇ ciÀÀàt {Cl"tp6c;, ciÀÀàt <JUV~T} CCltp0\1 tfvot~ "tOv olxo86j.Lov.
XC1L õ~on-otõc; 7ISO\I'ijc; atox;~6JLtVOÇ n-o~~<Jtttv &v "tt úytetv6v,
&ÃÃ • ou XOt"tàt """" o~on-ot71"tt.Xoftv· 8to auv€13'1. cpC~JL&v, xClt
.s la"ttv wc; n-ottt, &:n-Àwc; 8' oü. "tWV Jd,v ycip clÃÃ.wv [lv(on] Su-
I
j
Y«JLttc; datv Cl[ n"Ot'r)"ti.XOtt, "tW\1 8' odSf.JLtCl "ttX"'r) oõS& SúVClj.L~c;
wpt<J!Ú"Tl" "tW\1 ycip XCl"tcX a\.lj.l.~t~'r)xOÇ ÕV"tWV fl ytyYOj.l.tY<J)\1
XClL 'tO Cl!"tt6v latt XCl"tcX <JU~f.~7pC6c;. wat' ln-d oU n'CXV"tCl
I
I

latlv l~ civcíyX'r)c; XClt cid fJ ÕV"tCl fJ y~yv6JLevot, ciÀÀàt "tcX


to n-ÀetatCl wc; ln-t 'to n-oÀú, Myx'l efvClt 'tO xat"tàt <n>IJ.~t~'r)·
f
xàc; Õv· ofov OÜ"t' cid oü6' wc; ln-1 'tO n-oÀu Ó Àeuxoc; j.I.OU<Jt.X6ç
mtv, ln-d Se y(yve"tCl( n-o"tt, XCl"tcX a\.IJA.~t~xoc; lG'telt (d Se I
fJ.~, n-cíV"t' l<ttClt lÇ Myx'r)c;) · wate 71 ÜÀ'r) lcrtClt Cli"tCCl 71 lv-
8ex;o!Ú"Tl n-Clpàt 'tO wc; ln-1 'tO n-oÀu &ÀÀ.wc; "tOÜ <n>IJ.~t~'r)M-
I
u "tOÇ. cipxflv 8& "t1'lv8t ÀT}'lt"tWV, n-6"ttpov ou8€v mtv OÜ"t' Cl[et
oú6' wc; ln-1 'tO noÀÚ. fJ "tOÜ"tO ciSúVCl"t0\1; EatLV &pCl "t~ n-Clpàt
"tClÜ"tCl 'to Ó7t6np' e"tUx;t xatl xat"tci <n>JL~t~'r)X6c;. ciÀÀàt n6·
"ttpov 'to wc; lm 'to n-oÀú, 'to 8' cid ou&evt úncípxet, fl lattv
tX"t"tCl cit8tCl; n-ept Jd.v ow "tOÚ"t6W Üattpov <JXt'lt"trov, l)-rt S'
20 lm~JLTl oôx la"tt "tOÜ au~t~'r)X6"toc; cpClvtp6v· lm~IJ.Tl j.l.tv
yàtp ori<JCl i} "tOÜ cid TJ "tOÜ wc; ln-t 'tO n-oÀÚ - n-wc; yàtp i}
IJ.ClO~at"tClt i\ 8t8~tt &ÀÀ.ov; Sr.r yàtp wpCa6Clt i\ 'te() cid i}
METAFÍS:CA, E ?., I 026 b 3 · 30 277

tempo da canícula faça frio, mas não o dizemos se faz um calor


sufocante, porque isso ocorre na maioria das vezes, enquanto
aquilo não. E também que o homem seja branco é acidente; de 35
fato, o homem não é sempre nem na maioria das vezes branco;
ao contrário, o homem não é animal por acidente. É télmhém
acidental que o construtor de casas cure alguém, quélJlto por
natureza essa função não pertence ao constrLltor, mas ao mé- 1027'
dico. Então, que o construtor seja médico ocorre acidentalmente.
E o cozinheiro, porquanto vise a proporcionar prazer, poderá
cmar alguém, mas não pela arte culimíria; por isso dizemos que
isso é acidente, c o cozinheiro faz isso em certo sentido, mas
não em sentido absoluto 1''. E enquanto de todas as outras coisas 5
existem potências produtivas, dos acidentes não existe nenhuma
arte, nem uma potência produtiva determinada. De fato, das
coisas que são ou que se produzem por acidente também a causa
é ac.:identaJI'.
Conseqüentemente, dado que nem tudo se gera necessaria-
mente c sempre, mas a maior parte é ou advém na maioria d~1s
vezes, é necessário que exista o ser por acidentc1\ Por exemplo, 10
nem sempre nem m1 maioria das vet-es o bmnco é músico; mas,
posto que às vezes ocorre, então será por acidente. Se não fosse
assim, tudo seria nccess<lríamcnte. Por conseqüência, a matéria
dever::í ser a causa do acidente, porque ela pode ser de modo di-
ferente do que é na maioria das vezes 1''.
Este.: é o ponto de partida que devemos asslmlir211 : perguntar 15
se não exista nada que não seja nem sempre nem na maioria das
ve7.cs. Ora isso é impossívd. Portanto, além do que é sempre ou
na maioria das vezes, há o que ocorre por acaso c por acidentc 21 •
Se, depois, sú existe o gue é na maioria das vezes c se a eternidade
não pertence a nenhum ser, nu se existem também seres eternos,
é questão que trataremos em scguida 22 •
Fica esclarecido, por OT<l, que não existe ciência do acidcnh:. 20
'lbda ciência refere-se ao que é sempre ou na maioria das vezes:
se ni'io fosse assim, como seria possível aprender ou ensinar a
outros? De fato, o que é objeto de ciência deve existir sempre ou
na maioria das vezes: por exemplo, gue o hidromel é na maioria

-
278 TQNMETA TA<ilY!IKA E

't<i) 6>ç l1tL 'tÕ 1tOÀÚ, Ofo\1 &tt ~cpÉÀLfL0\1 'tÕ fLtÀÚCpOt't0\1 't<i)
1tUp€novtt wç l1rt w 1toÀÚ- 'tO 8e 1t0tp« 'tOÜ'tO oõx lÇet ÀÉ-
u ')'ttv, 1tÓU oG, oto" VOUfLfl"(qt· i\ r&:p à:d fj wç l1tl 'tÕ 1t0ÀÔ xati
'tO 'tfi \IOUfLfl"~· 'tO 8& OUfL~E~fiXÓÇ la-ct 1t0tpa 'tCXÚ'tOt. 't( fLE\1
oÕ\1 lcnt 'tO OUfL~~fiXÕÇ XOtL 8ul n\1' Ott't(Otv xoti ~L l1tt<J't"'jfL'Il
oux mtv OtU'tOÚ, d'pfl'tOtt.

3
., Ü'tt 8' dai" tXPXoci mt oct''ttOt rt"ff't&: xatl cp9ocp't&:
lO &\ltu 'tOO r(rveaOoct xati cp9t[pea9oct, cpOtVtp6\l. d r&:p 1'11
wú't', ~ &v«rX"Il~t 1t1ivt' ÍO"tOtt, d 'toú 1'L1'\IOfLÉ"ou xoct cp9etpo-
fLÉ"ou 1111 xat't&: OUfL~'~fiXÕÇ oct''tt6" 'tt &v«rx'tl etVOtt. 1t6npov
')'&;p lcnOtt wSt 7\ oÜ; l!Í\1 ')'! 'tOSL ')'ÉV1J'tOtL. e{ SE fL~, o\$.
'tOÜ'tO 8e l«\1 &ÀÀo. xoct olhw STjÀo" Õ'tt &d Xf>Ó"'u &cpoctpoufLÉ·
1027' \IOU tX1tO 1tt1tEP<JtO'!LÉVOU XP6vou iiéf.t l1tl w W\1, 6>cne 6Si tX1t0·
90tVet'tOtt [\IÓO'(t) i)] ~(qt, liÍ\1 re ~Ã&tl· 'tOU'tO S& l«\1 ôt<jl-1)0"(1·
'tOÚ'tO Se Ü\1 &ÀÀo· XOtt oÜ'twç iíÇt.t dç õ \/Ú\1 úúpxtt, i\ dç
't6)" ')'t')'O\IÓ'tW\1 'tt. otov l&;.., St<jlf)O"Q' 'tOÜ'tO 8t d laOCtt ôpt-
s 11t<Jt· 'tOU'tO S' tiwt Ó'ltiÍpXtt fi oÜ• WG't' 1 lé tXYIÍ')'X'tlÇ tX1t09oc-
\IEt'tOtt i} oux à:1to90tVet'toct. ÓfLo(wç Se x&v Ú1ttp1t'tl8f)O"(l 'tLÇ dç
't&: 'Yf."6fLf.VOt, o ocU'tõç Ã6joç- 7íS'Il r&:p Õ1tlipxu 'toU'to l"
'tt\lt, Ãlrw 8e 'tO rero..,6ç lÇ &v«rx'llç &poc mvtoc lcnoct 't&:
la6fL&VOt, o{o\1 w tX1t090t\l!t\l 'tÕ\1 ~6>\l'tOt" iiS'Il r«p 'tt ')'É')'O\It\1,
10 OW\1 'tcX l\ICXvt(Ot l\1 't<i) OtÔ't<i). à;ll, d \IÓO'(t) i\ ~(qt,
oG1tw, à:ÀÀ' lei" 'tOOL ')'ÉV1J'tOCt. Sij).o" &poc Õ'tt fLl:xpt 'ttVÕç
I MHAfiSiCA, E2/3. 1027a23-1027b 11 I 279

das vezes benéfico a quem tem febre; e não será possível enu~
merar os casos em que isso não ocorre dizendo, por exemplo,
na lua nova, porque isso também ocorre sempre ou na maioria 25
das vezes, enquanto o acidente está fora do sempre e da maio~
ria das vczcs 23 •
Fica, portanto, dito o que é o acidente e a causa pela qual
existe, c que dele niio existe nenhuma ciência24 .

3. {Natureza e causa do acidente e do ser acidentalP


t evidente que existem princípios c causas gerais e corrup-
tíveis, sem que ex.ista processo de geração c de corrupção dos
mesmos. De fato, se não fosse assim, tudo existiria necessaria- 30
mente, pois do que se gera e se corrompe deve haver uma causa
não acidcntaF.
Por exemplo: esta coisa determinada serei ou não? Se se pro-
duzir tal coisa, sim, caso contnírio, não. E esta outra produzir-
se-á se uma terceira se produzir. Assim é evidente que subtraindo
continuamente uma porção de tempo de um tempo limitado,
chcgar-sc~á ao momento atual. Do mesmo modo, este homem
morrerá de enfermidade ou de morte violenta se sair ou não de
casa; e sairá de casa se tiver sede; c terá sede se ocorrer alguma 1027~
outra coisa; de modo que se chegará a um fato presente ou a um
fato já ocorrido. Por exemplo: aquele homem sairá de casa se
tiver sede; c terá sede se tiver comido algo muito salgado. Este 5
fato, enfim, ou ocorre ou não ocorre: por conseqüência, necessa-
riamente aquele homem morrerá ou não morrerá.
De modo semelhante o mesmo raciocínio vale para os acon-
tecimentos passados. Com efeito, o fato ocorrido existe em algu-
ma coisa; portanto, necessariamente ocorrerão todas as coisas fu-
turas que dele dependem: o animal, por exemplo, morrerá neces-
sariamente porque já existe nele o que procluzjrá isso, <1 saber, a to
presença dos contrários. Mas se deverá morrer de enfermidade
ou de morte violenta, ainda não está determinado, mas depende
de que, eventualmente, se verifique ou não detenninada condi-
~:ão. É claro, portanto, que se chega a certo princípio c que este,
{!OJ. !IOI\1.l ""'~10"( 9'- ~dw. X>d1'-9d>TI~ tX>X '509~lt 1l. mJOI\%>1~ .8t0l
~ 1~ {!01. l\03.01d9~ 1\lTI !!Ol. I\01l.JX> d~.l 9'- -l\011.111>~ 11.9 519
-IL~ 5<:> 91. tX>X !19x!J.gggTI(U) 5<:> 1\lTI 'l'- ' (X)\01\~~ ~ 11d1X>d>~
f&. 1U~(U) O"("(p 1J. !4- 1\~DOlt 11.9 \f. 1\t[IOlt 1'-9 f&. I\11.Df }1.
9l. d~.l \f.) 5(1))dtiX 1\<,!)l. 11.9 1\0dUiJ 1\{l 5(1)J.90 , g 'l'- '1DX>T!J.~lt
!1101. 1\1 X~O , "("(~ i>)Of\%>1~ 1\1 51D1dJX>1~ ~ ~X)X 1\13.01 lpcO"(lt O{
-TI(U) ~ 1g 1'ilt1 .I\Of~'iXD1lt1 I\Od1U>g '"2 ~TI !X>X "9 5(1).:11}0 ~'-
td'i~ 1X)D~drn9 !'ig 1\!}0 1\lTI X>Dg- .i>JOI\%)1~ 11.1 ,g~o I\11.Df J'- ~1.
tX)X ~"(~~ ~1. 1g ld'3lt 'i>}Of\XI1g 1\1 ,"(~ '5og!l'i~ 5Q9~~ 1\~X
·XIX 1g 91. 5191L"(~ f1.99X1~ I\1Ti 'l'- 1\010 'MDXITI~dlt 5!01. 1\1
!119IL'(tl 91. tX)X 5og!!1~ 9'- 13.01 ~.l !}O • (1X>9D1M).l 1l. "l , m 'r
5~11>1 tt'l. ~TI 'i3.0~ 5td(I)'X 'l'- lX)X X>TI~ ~1. lg (I)J.1"( '5oJ.9"(
50"(~ '1'ii\}~TI(U) 1\!101\ !Jtd(I)'X 'll. f&. X>T!J? ~'- 1~ !1<_921. .I\1D
·XId>)~ ~ !!oTID1d'iTI !10'- 1'\0'-90'- !10~1~ 1g 9'- '~7ri1Ldll1g <!>'-
llt1 I\1DX)Ii>9~~ , g "lp. ,,xl
til"7m'JX.l(U) <!>'- 1~1 I\1DXIIi>~X)X
~ !119t.c.~ d~.l "1TI 'll.) !ICI>1D~d>1~ 11.~TID1d1TI td1lt 1\0"(0 or
·1\9') 1g ~1. 'I\1D1d)X)1g lXIX 1.1.01 I\)D19f\9D ~~ ~1121.1 '50g!)1~
5<:> "9 ~TI lX)X ·~ 5191L'(tl 5<:> 1g tt''- • (5<_91\XlX} d~.l 1XI~d~g)
(I)QD)'id>~ 501.1\~ ;~t.c.g1gTI(U) ~l.X)X !!O'- 11.!}0 "lTI td1U

"f\01~'i'XD XI3.01~TI 'I\X)Dl!A1X ~'­


!lp !Jc:> f& XIX'il\l !}O ll'- !J!1 5<:> \f. 1\!J."(1) 511 5c:> I\Od1l.9lt 'lc.l.~10l. n
~ ~(l).l~ ~ 1\0!0~ l\01l..lXI !XIX 1\XI)Olt 1\~'Xc:J~ !J!'i , "11.1 9 ~0m
O"("(p ~~XI 5rnS>11\1.l ;~ I\01l.JXI tX)X 'lc.l.~XI I\1'Xru.J ,du9lt~
no1. ~ "2o 1X>3.0J ·om ~1 1'-1Xt}O .~ lc.l.~XI ·;~'Xd:p 1'JÍJ~

:1 10IIIA<!> V .L V.L3W Ntl.L 09~


I META.FiSICA., E 3/d, , 027 b 12- I028 Q , I 28 I

por sua vez, niio é redutível a outro. Este será, então, o princípio
do que ocorre por acaso c não haverá nenhuma outra causa do
seu produzir-se'.
i'Vlas a que causa c a que prindpio este é redutível? De-
vemos examinar a fundo se à causa material, à final ou à 15
eficiente~.

4. [Exame do ser no significado de verdadeiro e conclusões


sobre O:> doi.~ primeiro/i .~ignificados do ser cmali8adosjl
Deixemos por agora o tratamento do ser como acidente,
pois já falamos suficientemente dele. Quanto ao ser como verda-
deiro c ao não-ser como f<Jiso, devemos dizer que se referem à
conjunção c à divisão de noções c ambos envolvem as duas partes
da contradição. O verdadeiro é a afirmação do que é realmente 20

unido e a negação do que é realmente separado; o falso é <1 contra-


dição dessa afirmação c dessa ncgação2• O modo pelo qual pen-
samos coisas unidas ou separadas, c unidas de modo a formar
não uma simples seqüência, mas algo verdadeiramente unjtário,
('uma questão decorrente da que cst;nnos tratando 1. De fato, o 25
\'Crdadeiro c o falso não se encontram nas coisas (como se o
bem fosse o verdadeiro c o ma) fosse o falso), mas só no pensa-
mento\ antes, referidos aos seres simples c: às cssênc:ias, eles não
se encontram nem no pensamento;_
Todas as considerações que é preciso fazer sobre o ser t o
11Jo-ser entendidos desse modo deverão ser fcitás adiante('. Posto
que a união c a separação estão na mente c lli'io nas coisas, o ser 30
l'ntcndido nesse sentido é um ser diferente daquele dos signi-
ficados eminc:ntes do ser, a saber, a essência, a qualidade, a ()Uanti-
dadc ou as outras categorias que o pensamento separa ou reúne;
c assim como o ser por acidente, também o ser como verdadeiro
dc\'e ser deixado de lado: a causa do primeiro é indctcnninada,
rnquanto o segundo consiste numa afecção da mente~, c ambos 102&'
se apóiam no restante gênero do ser~ c não indicam uma realidade
objetiva subsistente fora da mente~.
-282 HlN META TA41Y!IKA E

lJ'nOÇ, XCXL OÔX ~Cil M)ÀOUCJ\.\1 oucrá:v 'tl.\1« rpÚcrW 'tOÜ Õ\l'tOÇ- 8~0
't<XÜ'tcx !J.tv ~rpdcr&>, crxt."JÇúov Se 1:0ü moç CXÕ'tou -rei cxr-rtcx
xcxl 1:ciç ~pxckç ú Õ\1. [rpcxvr.pew 8' lv o!ç 81.6lp~crá:IL'9cx 1upi
' 'tOG "JÇOcrcxx<ilt; Àlyt-rcxt lxcxcr-ro\1, lS-rt nollcxxwç Àlyncxt
1:0 Õ\1.]
METAFiSICA, E 4, 1028 o 2 • 6 283

Portanto, devemos deixar de lado esses modos de ser c devemos


indagar as causas e os princípios do ser enquanto ser 111 • E também
é claro- como já emergiu do livro dedicado <lOS diversos signifi-
cados dos vários termos - que o ser tem muitos significados 11 . 5
LIVRO
z
(SÉTIMO)

-----------
•'' I 11 ,, : I LSlSl5l515l.51 ::1LSl5l515L5l.51 SLS15LSLS"151Sl515l_~_jl.SlSlS 1 I.
1
1028 1 . To &v ÀÍ'Yt't'<l~ n:oÀÀ<lXWÇ, Xtl9cXn:tp 8~tLÀÓ!J.e9<x n:p6-
npov tv 't'O!ç n:ept 't'OÜ n:oa<lXWÇ CJTj!J.<ltVt~ 'YcXP 'tO !J.tV 't'(
ta't'L mt 't'68e 't't, 'tÕ 8& n:otov i\ n:oaov i\ 't'WV &ÀÀwv lx<la't'Ov
't'WV OÜ't'W X<l't1j'YOPOUIJ.ÍVWV. 't'OG<lU't'<lX(;)ç 8t Àt'YO!J.tVOU 't'OÜ
ÓV't'OÇ <p<lVtpOV Õ't't 't'OÚ't'WV 1tpW't'OV ÔV 't'Õ 't'( ta't'W, Õ1tep CJTj!J.<lÍ·
u ve~ Ti)v oua{tlv ( Õ't'<lV IJ.EV 'YcXP etn:w!J.tv n:otóv 't't -e68e, i\ ~'Y<l·
90v Ãéro!J.tv ii x<lX6v, ~ÀÀ' ou 't'pbtTJXU i\ &v9pwn:ov· Õ't'<lv 8&
't'( mtv, ou Àtuxàv ou8t 9tp!J.Ov oõ8f. 't'pt1tTJXU, ~ÀÀcX &v9pwn:ov
i\ 9rov), 't'cX 8' &ÀÀ<l Ãírt't'<lt ÕVt<l 't'ét> 't'OÜ oiS-ewç ÕV't'oç 't'cX
!J.EV n:oa6't1juç e.\V<lt, 't'cX 8& 1tOtÓ't1j't'tÇ, 't'cX 8f. n:Ó:97), 't'cX 8f.
20 &ÀÀo 't'L. 8to x&v ~n:opÍjaet& 't'LÇ n:Ó't'epov 'tO ~<l8(~etv mt
'tO úr~(vew x<lt 'to m9Tja9tl~ ima"tov <lÔ't'wv õv CJ111J.<l(ve~.
ÓIJ.OÍWç 8t x<ll &n:l 't'WV &ÀÀwv Ó't'ouoüv 't'WV 't'O~Ú't'cuv· oõ8&v
ràp oohwv mlv oÜu Xtl9' CXÚ't'O n:tcpuxoç OÚ't't xwpt~ea9tlt
8uvtl't'Ov rijç oÕa((lÇ, ciÀÀcX !J.iiÀÀov, ttn:ep, 'tO ~8(~ov
u 't'wv ÕV't'cuv ml 'to Xtl9Tj!J.evov X<lt 'to úr~rvov. 't'<lÜ't'<l 8t
!J.iiÀÀov <ptl(ve't'<lt Õv-e<l, 8tÓ't't OO't't 't'~ 'tO ún:oxtt!J.tvov tlÔ't'otç
wpta!J.ÍVOV ( 't'OÜ't'O 8' ta'ttV ~ oua((l X<lt 'tO Xtl9' ÜCXG't'OV) , Õ1ttp
&!J.cptl(ve.'t'<lL tv 't'Ü X<l't1l'Y0PL~ "t'fi 't'Ot<lÚ't'{l" 'tO ~'Ytl9ov 'YcXp f)
'to m9Tj!J.tvov oux &veu 't'OÚ't'ou Ãérn<lt. 8TjÀov oúv éS't't 8~
)O 't'tlÚ't1jv xheívwv Ex<la't'OV la'ttv, Wa't't 'tO n:p&tcuç ôv X<lt ou -ti
I. {O ser nos significados das categorias e a absoluta
prioridade da categoria da substância./'
O ser tem muitos significado~. como estabelecemos ante- 1028
riormentc, no livro dedicado aos diversos ~ignificados dos tcr-
lll(JS!. De fato, o ~cr significa, de um lado, essência c algo dctcnni-
nado, de outro, qualidade ou quantidade e cada uma das outras
categorias\
.i\tlcsmo sendo dito em tantos significados, é evidente que cÍ··.
primeiro dos significados do ser é a essência, que indica a subs- :
tância (De fato, quando pergunti.lmos a qualidade de alguma.: 15
coisa, dizemos que é boa ou má, mas não que tem trê:s côvados·'
ou que é homem\ ao contnirio, quando perguntamos qual é ~ua
essência, não di?.emos (!UC é branca ou quente ou que tem três
CÔ\'ados, lllélS que é um homem ou l!UC é um deus). Todas as
outras coisas são djtas ser, enquanto algumas são quantidade do
ser no primeiro significado, outras silo tJUalidaclcs dele, outras
são afccçôcs dele, outras, enfim, alguma outra determinação
desse tipd'. 20
Por isso poderia também surgir a dúvida se o l'<lminhar, o
ser sadio c o estar sentado são, cada um deles, um ser ou um
não-ser c, de modo semelhante, poder-se-ia levantar a dúvida
para qualquer outro caso deste tipo: de f<lto, nenhum dele~ existe
por si nem pode ser separado da substância; ante~ - no llléÍ-
ximo- é ser quem caminha, quem está sentado e quem é s<l- 25
dio. E estes, com maior razão, são seres porque seu sujeito é
algo determinado (c justamente i~so é a substância c o indiví-
duo), o qual está sempre contido nas prcJicações do tipo <leima
referido: de fato, o bom ou o sentado não se dizem sem de. Por-
288 HlN META T/1 <llY!IK,\!

OV ill' Õ\1 cmÀwr; Tj OUGÍCX &v tt7j. 1tOÀÀCXX,Wr; JLtV OÕV À~:ye.·
't'CX~ 't'~ npW't'QY" ÕJLwr; 3i. n:mwr; TJ oua(cx n:pw't'OV, xcxi. ÀÓ"!"(t)
XOtL -yvi:lae.~ XcXL x.p6v(t). 't'WV JLtV "'"&p &ÀÀwv XCX't'7J"!"OP7JJL&-
't'WV ouétv X,Wpta't'6V, CXÜ't'7j 3t JL6VTI" XOtL 't'~ ÀÓ"!"(t) 3f. 't'OÜ't'O
)' n:pwwv (MyxTj rap lv 't'cll ixá.a't'OU Mrct> 't'Ov 't'7jr; ouaEcxr; lvu-
MpX,ttV) • xcxi. e.la&VOtt 3f. 't'Ó't'' ol6JLt9cx ~'t'ov JL&À~cx, ãtcxv
't'Lta't'tV Ó &v9pwn:or; "!"VWJLtV 1j 't'O 1tÜp, JL&ÀÀOv 11 't'O 1tOtÕV t\ 't'O
102sb n:oaàv i\ 't'O n:oú, ln:ti. xcxi. cxÕ't'wv 't'oÚ't'wv 't'Ón ÍXOta't'OV !aJLe.v,
éí't'cxv 't'( ta't't 't'O noaÕV Tj 't'O n:otÕV "!"VWJLE.V. xcxi. 8ij xcxi. 't'O
'Jt&Àcxt 't't xcxi. vüv xcxi. «ti. ~Tj't'OÚJLtvov xoci. «e.t «nopOÚJLtvov,
't'( 't'Ô (íy, 't'OÜ't'Ó ta't't 't'(r; TJ oua(cx ('t'OÜ't'O "!"cXP Ot JLtV tV e.!vcx(
' cpcxatV Ot 3t 'JtÀe.(w 11 iv, XOtL Ot JLEoV 1tE.1tt(J«aJLtVCX Ot 8&
&n:tt.p«), 3tô xcxi. TJJLLV Mt JL&Àta't'cx xoci. n:pW't'ov xoct JLÓVOv
wr; dn:e.!v n:tpi. 't'OÜ OÜ't'Wr; ÕV't'or; 9E.WpTj't'tOV 't'( ta't'tV.
2
.:1oxt't 8' TJ OUatCX UMpX,E.tV cpcxvtpW't'CX't'CX JLtV 't'O'i'r; aW·
JLCXatv (8u~, 't'cX 't't ~~ex xoct 't'cX cpu't'à: xcxl 't'cX JLÓptex cxu't'WV
tO oua(cxr; e.!vcx( cpCXJLE.V, xcxl 't'cX cpuaLXcX aWJLCX't'CX, o!ov 1tÜp XCXl
üawp xcxi "(iiv xoci. 't'WV 't'OtoÚ't'wv ~CXa't'ov, Ml õacx i\ JLÓptcx
't'OÚ't'WV 1j tX 't'OÚ't'WV ta't'ÍV, i\ JLOp(wv Tj 1t&'J't'WV 1 o{ov Õ 'tE. OUpCX·
võr; xoct 't'à: JLÓptcx cxÕ't'oü, &cnpcx xoct ae.ÀirnJ xoct ~Àtor;) • n:6-
METAFÍSICA. Z 1/2, 1028 o 30- b 13 289

tanto, é evidente que cada um daqueles predicados é ser em 30


virtude da c~1tcgoria da substância. Assim, o ~cr primeiro, ou scji:l,
não um ser particular, mas o ser por excelência é a substância'.
Ora, o termo "primeiro" entende-se em múltiplos signifi-
cados, mas a substância é primeira em todos os significados do
termo: (a) pela noção, (b) pelo conhecimento c (c) pelo tempo.
(c} De fato, nenhuma das outras categori<Js pode ser sepa-
rada, mas só a subst5ncia~.
{a) Ademais, ela é primeira pela noção, porque na nos;ão de 35
cada categoria est<i uecessariamcnte incluída a noção da substância'!.
(h) Enfim, consideramo:.; conhecer algo sobretudo quando
conhecemo~, por exemplo, a essência do homem ou a essência do
fogo, mais do que quando conhecemos a <-JU<llidadc ou a quanti-
dade ou o lugar; de Fato, conhecemos essas mesmas categorias 1021<"
quando conhecemos a css(:ncia da quantidade ou da qualidadc 10•
E na verdade, o c1ue desde os tempos antigos, assim como ago---\
ra c sempre, constit·ui o eterno objeto de pcsc]uisa c: o ctemo prohlc- ',
ma: "c]UC é u ser", equivale a cstc: "que.: é a substância" (c alguns
dizem que <1 subst5ncia é Lmica 11, outros, <lO contrário, que são
muitas c, dentre estes, algum ~usl'cnl'am que são em nümcro fini- 5
to 12 , outros em número infinito~';); por isso t;unbém mh devemo~
examinar principalmente, fumlamcntalmcntc c, por assim di;.:cr,
exclusivamente, o que é o ser entendido neste signifieadoH.

2. [t\s opiniões sobre o númem e e1natureza dc1s substânc.:ie1


existentes e o problenw de fundo de1 existência de uma
substância supre1-.~en.~ível] 1
(I) ~:opinião comum que a prerrogativa de ser substância per-
tence do modo mais evidente aos corpos. Por isso dir-emos
que são suhst~ncias os animais, as ph:mtas c suas partes, c
que também são substâncias os elementos fbicos, como o to
fogo, a água, a terra c todos os outros, bem como todas as
coisas guc são partes desses elementos ou que são compos-
ta!> por algun,.; desses elementos, ou por todos, como o uni-
verso e suas partes, os astros, a lua c o sol. Agora é preciso
examinar se são substâncias só essas coisas ou também
290 TON META TA <nYIIKA Z

npov Se IXÕ'rctt !LÓVIXt oôaCIXt dcnv ii xcxl &ÀÀcxt, f) "toÚ'twv nvet;


u fJ xcxl !llcxt, f) 'tOÚ'twv !Le" oõOev l'ttpCtt Sé nvet;, <m.'lt'tÚJv.
Sont Sé 'tL<n 'tcX 'tOÜ CJOO!LCX'tOç 'ltépCX'tCX, otov l'ltt!p&w.LIX xcxi lp<XJ.LJ.LT!
xcxi cntrJ.LTi xcxt J.Lovliç, efwt oõaCcxt, xcxt JL«ÀÀov f) 'tÕ a&>!LCX xcxt
-tO cneprov. t'tL mpci 'tci IXla0TJ'tcX o{ ~"' oõx olwrcxt etwt oõ8E.v
'totoG'tov, o[ Se 1tÀdw xcxi JL«ÀÀov Õ\l'tCL cit8tcx, wa1tep TIÃ.Ii-
2o 'tW\1 'tli n ei&r} xcxi 'tà: ILIXeTJILCX'tLXcX 8úo oõaCext;, 'tp('tTJ"' ae.
't1)v 't00\1 IXla0TJ'tW\I aw!Lii'tW\1 oõaCcxv, E1tE.Ó<J1.1t1tOt; ae. xcxi
nÀ&Couç oõaCcxt; ci'lto 'tOÜ lvot; cipe«ILevot;, xcxl cipxcit; lxlia'tTJt;
oõaCcxç, c!ÀÀTJV ~" ciptO~L&>v &ÀÀ71v Se 1Ltre06>v, l1ttt'tCX <Pu-
xilç XIXL 'tOÜ't0\1 81) 'tÔV 'tpó'lt0\1 l1ttx'U(V&L 'tcit; oõaCcxt;. lvtot SE.
2~ 't<k ~" e.i&r} xiXi 'tout; ciptOILOut; 'tT)v IXõ'tT)v lxew cpcxai cpúatv,
'tcX Se c!ÀÀIX lxó!L&VIX, lpiXIL!Lcit; xcxt l1tt1tWCX, ILLXPL 1tp0Ç
'tT)v 'tOÜ oõpcxvoü oõa€1Xv XIXL 'tcX cxlaOTJ'tli. 1te.pl. 81! 'tOÚ'twv 't(
Àéyt'tCXL xcxÀ&>t; fJ J.L'il xcxÀcilt;, xcxi 't(vet; daiv oõa(IXt, XIXt 'ltÓ'U-
pov da( 'ttVtt; =pci 'tcXÇ cxlaOTJ'tcit; f) oõx ela(, xcxl cW'tCXL 1t&>ç
30 da{, XCXL 1tÓ'ttpOV lcnt 'tLÇ J(WptcnTi oÕa(IX, XCXL 8tci 't( XIXt 'ltoot;,
i'j OÕS&~L(cx, 'ltiXpcX Ut; cxla&rj'tliç, Gn'lt'tfoV, Ú'ltOW'ItWaiXJ.LtVott;
't1)v oõa€1Xv 'ltp(;')'tov 't( la'ttv.

3
Aé"(t'tiXL 8' ~ oõa(IX, d IL'il 'ltÀtovcxxwç, ill' lv 'té't-
'tcxpa( ye J.LiiÀI.Cf'tCX • xcxl. ycip 'tO 't( TJv e.fVIXL XCXt 'tO xcx06Àou
:ss XIXL 'tÕ rtvoç oõa(IX Soxe.t UVIXL blicnou, xccl. Ú'tcxp'tOV 'tOÚ'tW\1
'tO Ú'ltO:uÍ!LE.VO\I. 'tO S' Ú'ltoxe~evóv lcnt xcxO' ou 'tcX !llcx Àt-
"f&'tiXt, lxervo SE. cxÕ'to ILTJXé'tt xcc't' IDou· 8to 7tp&>'tov 'lttpi 'toú-
METAFÍSICA, Z 2/3. I 028 b 13 • 37 291

outras2, ou só algumas destas ou também outras, ou ainda


se nenhuma destas é substância, mas só algumas outras'. 15
(2) Alguns filósofos considt:ram que são substâncias os limites
dos corpos: por exemplo, superfície, linha, ponto c unidade;
c que são mais substâncias do que o corpo c o sólido4•
(3) Ademais, alguns filósofos crêem que não existem substân-
cias fora das coisas sensíveis'; outros, ao contrário, crêem
que existem substâncias eternas mais numerosas do que
as sensíveis c com maior grau de ser'. Assim Platão conside-
ra que as }i(mnas c os Entes matemáticos são duas classes
de substâncias c que uma terceira é a substância dos corpos 20
sensíveis7. Espcusipo põe um número de substâncias ain-
da maior: ele parte do Um, mas admite princípios diferentes
para cada tipo de substância: um é o princípio dos números,
outro o das grcmdczas, c outro ainda o da alma, c desse mo-
do ele amplia o número das substâncias~. Alguns filósofos,
enfim, sustentam que as Fonnas c os Números têm <l 25
mesma natureza c que todas as coisas restantes -linhas,
superfícies c assim por diante, até a substância do céu ou
das coisas sensíveis - derivam deles').
Portanto, é preciso examinar o que é certo c o que não é em
todas essas afirmações, c se existem ou não algumas substâncias ao
lado das sensíveis c qual é seu modo de existência, c se existe algu-
ma substância separada das sensíveis, por que existe c de que modo
existe, ou se, além das sensíveis, não existe nenhuma substância 10 •
Mas procederemos a esse exame depois de ter dito, em resu- 30
mo 11 , que é a substân<:ia em gcraJI 2.

3. [Início do tratado da substância em geral e exame da


substância no significado de substrato] 1
A substância é entendida, se não em mais, pelo menos em
quatro significados principais: considera-se que substância de
alguma coisa seja a essência, o universal, o gênero c, em quarto 35
lugar, o substrato2.
O substrato é aquilo de que são predicadas todas as outras
coisas, enquanto de não é predicado de nenhuma outra. Por isso
292 TLIN r-1ETA TA G>YIII<A Z.

1029" 'tOU S~opta'Úov· IJ.IÍÀ.t<Ttot yfip ÔOXE.t e.tvcxt oua(cx 'tO Ú'ltoX&quvov
1tpW'tOV. 'tOLOÜ'tOV St 'tpÓ'ItOV IJ.É.V 'tLVCX f} ÚÀ. 'I} Àt'YE.'tott, cXÀÀ.OV
S& 'tp61tov 1t IJ.OP'P'Í, 'tphov Si. 'to lx 'toÚ'tc.>v ( Àtyc.> Si. 't'ljv
!J.tV ID.Tjv OLOV 'tOV xcxÀ.xóv, 't'ljv S& !J.OPcp~v 'tO axií!LCX 'tijç
5 lôécxç, 'tO S' lx 'tOÚ'tc.>V 'tOV à:vSpt&vtcx 'tO aúvoÀ.ov) , 6lcrte. d 'tO
e.laoç 'tijç ÜÂ'I}ç 1tp6npov xcxt !J.aÀ.Àov 5v, xoct 'tOÜ l~ cX!J.cpotv
1tp6'te.pov lcrtoc L ôtdt 'tO V cxu'tov À.6yov. vüv JJlv ouv 'tÚ'Itct> e.'Lp'l} •
'tott 'tt 'ltO't' lcrtl.v i) oõa(cx, ll'tt 'tO IJ.~ xoc6' Ó'ltOXE.LIJ.ÉVou à:À.Àii
xaO' ou 'tfl &ÀÀ.oc· Ser ô& !L~ 116vov oG'tc.>Ç" oõ yllp {xocvóv·
10 ocÕ'to y<Xp 'tOÜ'tO <iS'I}ÀOV, xcx!. &'tt f) GÀ'l oua(oc 'Yt"YVE.'tOCL. e.[
ycip IJ.~ otÜ't'l} oôa(oc, 't(ç l<TrtV ~À'I} Stcxcpeúye.t • 'ltE.ptoctpOuiJ.É.·
VWV yfip 'tWV ~Àc.>V oÕ cpcx(VE.'tOCL ouStv Ó'ltO!J.tVOV" 'tfl IJ.tV
yc%p &Hoc 'tWV ac.>IJ.IÍ'tc.>V 1t1Í6'1} xoc1 'ltOt'ij!LCX'tOC xa'i. SuviÍIJ.E.LÇ,
'tO S& IJ.iíxoç xa'i. 'ltÀ.IÍ'tOÇ xcxl ~IXOoç '1tOa6't'l}'tÉç 'ttVE.Ç à:À.À'
u oõx oõaCcxt ('tO yllp 'ltoaov oõx oÕa(cx) , ciÃ.Àii !J.&ÀÀ.ov c\> Ó'ltiÍp-
XE.L 'tOCÜ'tOC 'ltpW'tct>, lxe.Tv6 l<Trtv oõaCoc. ciÀ.Àii IJ.~V à:cpoct-
pou!J.É.vou IJ.'ijxouç xcxt 'ltÀ.IÍ'touç xoc1. ~IXOouç oõS&v ópw!J.e.v Ú'ltoÀe.t-
'ltÓIJ.E.Vov, 1tÀ~v e.t' 't( lcrtt 'tO ópt~61J.e.vov Ú'lto 'tOÚ'tc.>v, 6l<Tte. 't'ljv
ÜÀ.TjV cXv~ÍyX'I} cpcx(ve.a6oct 1J.Ó\11lV oôa(ocv oihc.> GXO'ItOUIJ.tVOLÇ.
20 Àlyw S' ÜÀ'I}v 71 xaO' cxú't'ljv IJ.'ij'te. 'tL IJ.frre. 'ltoaõv IJ.1in &À.Ào
IJ.'I}Stv Àt'YE.'tOCL olí; WpL<rtCXL W Õv. t<rtt yiÍp 'tt xoc6' OU XOC't'I}'YO·
p&!'tott 'tOÚ'tc.>v Exoc<rtOV, ~ 'tO e.!vcxt inpov Xott 'tWV XOC't'I}'YOPLWV
t~ ('tfl !J.tV yfip cXÀ.À.ot 't'Tjç oÕa(cxÇ XOC't'I}'YOPE.t'tOCL, OCÜ't'l}
S& 't'Tjç ÜÀ'I}ç), 6lcrte. 'tO taxot'tov xoc6' cxÚ'to oõn 'tL oün 1toaov
25 oún &ÀÀ.o oõôlv lcrttv· oõS& ~ ex( cX'Itocpllae.LÇ, xoct yllp ocu'toct
Õ'ltáp~ouat XCX'tfl au!J.~E.~1lx6ç. lx !J.tV oõv 'tOÚ'tc.>V O&c.>poüat
MErAFiSICA, Z 3, l 029 a I - 26 293

devemos tratar dele em primeiro lugar, pois sobretudo o substrato 1029'


primeiro parece ser substãncía. E chama-se substrato primeiro,
em certo sentido, a matéría, noutro sentido a forma c num tercei-
ro sentido o que resulta do conjunto de matéria c forma'.
Chamo matéria, por exemplo, o bronze; forma a estrutura c
a configuraç<io formal; sínolo o que resulta ddcs, isto é, a estátua.
De modo que, se a forma é anterior c mais ser elo que a matéria, 5
pela mesm<l raz:ão ela também ~cr~ anterior ao composto4 •
Dissemos em síntese o que é a substância: ela é o que não
se predica de algum substrato, mas aquilo de quc todo o resto se
predica. Todavia, não sc deve caradcrit.ar a !:itlb!:itància só deste
modo, porq uc isso n<io basta'. De fato, cst<l caracterização não Io
c:~ elara. /\demais, em seus termos a matéri<J seria su b.stâncÜJ. Com
deito, se a matéria não é substância, escapa-nos o que mais po-
deria ser substância. porque, uma vez excluídas toda!S <~s outras
clcterminaçôc:s, parece que não resta nac.la além dela: a!S outras clc-
tcrminaçôcs. com efeito, são afccçõcs, a~:õcs c potências dos
corpos. E comprimento, largura c profundic.ladc são quanhdadc, 15
não substâncias: a quantidade não é substilncia, mas é suh~tância
o substrato primeiro ao qual incrcm todas c~S<lS c.lctcrminaçôcs.
l\las se excluímos comprimento, lnrgura c profundidade, vemo~
que não rc:;ta nada, il não ser aquele algo q uc é determinado por
clcs. Conscqi.icntcmcntc, para quem eomidcra o problema desse
ponto de vista, ncccssariamcntc a matéria aparece como a única
substância.
Chamo matéria aquilo que, por si, não é nem algo dctcrmi- 20
nado, nc:m uma quantid;1dc nem qualquer outr<J das dctcrmina-
~:ôes do ser·. Existe, ele: fato, alguma coisa da qu<ll cad;1 uma clc.~-
sas determinações é prcc.licadr~: <Jlguma coi~a cujo ::;cr é diferente'
do ser de cada uma das categorias. 'lildas a~ outras categorias,
com efeito, s<io predicadas da substância c esta\ por ~ua vez, é
prcdicada da matéria. Assim, este: termo, por si, não é 11em algo
determinado, nem quantidade nem qualquer outra categoria: c 25
uão é nem sequer as negações destas, porque as ncga~~iks sú
c:xistc:m ele modo acidcntaJ'!.
Portanto, para quem considera o problema desse ponto de
vista, segue-se que substância é a matéria. !VIas isso é impossí-

~····
294 TllN META TA <DYIIKA Z

aul43cxCYe.~ oôcncxy e.{ycx~ Til" ÚÀ.'r)\1' ciSúYot'tO\I Sí· xcxl ydcp -ro
xwptat0\1 xoti 'tO -r68e. 'tL Úmpxe.w 8oxe'L !J.cXÀtcnot OUG~, -.n
Sto 'tO tlaoç xcxl 'tÕ lÇ cXIJ.q)OÍ\1 oua(cx 861;e.tE.\I &.\1 e.{YotL ~J.«À-
JO Àov 't'ijt; GÀYJt;. '""' !J.i" -ro(wy ~ cX!J.cpoiY oôa(ot\1, Àtyw Si
'tTjy ix u 'tijç ÜÀ7Jt; xocl 'tijç !J.Opcpijç, cicpe.úov, úcnfp« y~p
xcxt 87V-YJ' cpotY&pa a& 7tWÇ xcxt 'li GÀYJ' 7ttpl Si 'tijt; -rp('njt;
axe.7tÚOY, otÚ'"J y&p cinopW'tCÍ'"J. Ó!J.OÀO"((Ü\I'tott 8' oôa€cxt
&{\lcxt -rwY cxla9YJ'tWY 'ttYlt;, &'>cne. lY -rcxÚ'tcxtt; CYJ'"J'ttOY 7tpw-ro\l.
1029•3 npà lpyou y~p -ro IJ.&'tot~otC\ItW e.lç 'tÔ "(V(J)()~poY. 'i! ~p
~-tcílhJatç o\S-rw y(yvt-rcxt 7t&at 8t~ -rwY ij't'tov "(''<o)p(J.tWY cpúae.t
s e.lt; -r« yv6>pl.(.tot J.t&ÀÀov· xcxt -ro&to lpyov lcn(y, &'>a7te.p l\1
u'tt; 7tpcXI;e.at 'tÔ 7totijacxt lx -rwY lxá.cn~ ciycx96w -r~ 8Àwt;
ciycx9~ lxcícn~ ciycxOcX, oÜ'twç lx -rwY cxU-r~ "(''<o)PLIJ.W'ttpwY -r«
-.n
cpúae.t yv6>ptJ.tot cxô-r4l yvwpLJ.tcx. -r~ 8' lxcícnott; yvwpLJ.tot
xcxl npw-rcx 7toÀÀcíxtt; ~p4tcx lcni yv6>pLJ.tot, xcxt !J.UCpÕ\1 'i
to oô9i" lxe.t -roü Õ\l'toç cill' ÕJ.twt; lx -r6>Y cpcxúÀwç ~-tiY yvw-
cnwY otÕ't~ Si "(V(I)(J'tW\1 't~ lSÀwt; "(V(I)(J't~ yv6)\lotL 7tE.tpcxúov'
J.t&'tot~ot(\IO\I'totÇ, &'>a7te.p E.tp'r)'totL, 8t~ 'tOÚ'tW\1 cxÔ't6)\l,

4
'E1re.l 8' l\1 cipxij 8~.etÀÓJ.tt9cx n6aotç óp(Co!J.E.\1 '""' ouatcx\1,
XOCL 'tOÚ'tW\1. ÍY 'tL i86x&L &{YotL 'tÕ -r( ijY E.{\lotL, 9Eea>p7J't00\l 7tE.pL
U otÔ'tOÜ. XOCL 1tpW'tO\I &t1tWIJ.E.Y Í\ILCX 1tE.pL otÔ'tOÜ Àoyuc(;)ç, Ó'tL ml
-ro -r( ij\1 e.I\Iott.lxcícnou 8 Àtyt-rott xcx9' cxó-t6. ou ycíp mt -ro aot

;._ ·· 'WIM !2? MM 14


.METAFisiCA, Z 3/4, 1029 o 27. b 14 295

vel; pois as características da substância são, sobretudo, o fato


de ser separável e de ser algo determinado: por isso a forma c o
composto de matéria e forma parecem ser mais substância do
que a matéria 111 • 30
Ora, convém deixar de lado a substância entendida como
composto de matéria e forma, porque esta é posterior c seu sig-
nificado é claro 11 • E também é claro, de certo modo, o significa-
do de matéria. Ao contr<lrio, devemos concentrar nossa investi-
gação sobre o terceiro significado de substância, porque este apre-
senta as maiores dificuldades.
Todos admitem que algumas das coisas sensíveis são suhs- i029b'
tâncias; portanto deveremos desenvolver nossa pesquisa partindo
delas 12 • De fato 1\ é muito útil proceder por graus na direção do
que é mais cognoscívcl. Com efeito, todos adquirem o saber
desse modo: procedendo por meio de coisas naturalmente me-
nos cognoscíveis na direção das que são por natureza mais cognos-
cíveis. E como nas açôcs devemos partir daquelas que são bens s
para o indivíduo e fazer com que o bem universal se torne bem para
o indivíduo, assim também no saber devemos partir das coisas
que são m;.Jis cognoscívcis para o indivíduo c fazer com que
o que é cognoscível por natureza torne-se cognoscívcl também
para o indivíduo. As coisas que são cognosdvcis c primcims para
o indivíduo são, amiúde, pouco cognoscívcis por natureza c cap- lO
tam pouco ou nada do ser. Todavia, é preciso partir dessas coi-
sas que são por natureza pouco cognoscívcis ao indivíduo, pa-
ra chegar a conhecer as coisas que são cognoscívcis em senti-
do absoluto, procedendo, como dissemos, justamente por meio
das primciras 14 •

4. [A substância no significado de essência e considerações


sobre a essência] 1
Dado que no ínício 2 distinguimos os diversos significados
da substância c, destes, um nos pareceu ser a essência, devemos
agora tratar dela.
E, para começar, façamos algumas considerações de caráter 13
puramente racionaP a respeito dela. A essência de cada coisa é
296 T!IN META TA <llY:!:IKI\ Z

ts et\I<X~ 'tO !J.OU<Jtx<{) e!viX~· oÕ ~~ XIX'tcX <JIXU'tOV tt tJ.OU<JLXÓc;. Ô lipiX


XIX'tcX <JIXU'tÓV. oú8e 8Tj 'tOU'tO 1tiiv· ou ~~ 'tO oG'twc; XIX9' IXÚ'tO
wc; t1t~q>~Xve(~ Àeux6v, &t~ oux l<J"t~ 'tO t1ttq>1Xvd~ e{v~X~ 'tO
Àtux<{) e{~J~X~. àUci !J.~V oôSt 'tÔ tÇ &tJ.q>OLV, 'tO l1t~1Xvt\~
Àeuxij, &n 1tp6<Jt<J'tLY IXÕ't6. ev «;> cXpiX IJ.~ lvÉ<J'tiXt Mr~
20 IXÚ't6, llrOV'tt IXÚ't6, oihoc; ó ÀÓ'yoc; 'tOÜ 't( 'ljv d~J~X~ é~<J"t~,
I:><J't' tl 'tO emq>IXVt~ Àeux'ij dviXÍ t<J'tt 'tO lmq>~Xvd~ tiV~Xt
Àe~, 'tO Àeux4J x~X! Àe(<y eivat 'tÕ ~XÔ'to XIXL f:v. l1ttL 8'
e<J't~ Xllt XIX'tcX 'tele; clÀÀ~Xc; XIX't711'0pÍIXc; aúv9t't1X ( e<J't~ IIÍP
'tt Ú1roxequvov É~~. otov 't<{) 1tO~<{) xiXi 't<{) 1t'O<J<{) xiXi 't<{)
2!> 'lt'O'tt Xllt 'têi) 1t'OU XIXi 't'ij xtvlj<Je~), ~1t'trov á.p' l<J"tt ÀÓ'yoc; 'tOÜ
'tÍ ~v e!vat É~<J't~ ~XÔ'twv, XIXL Ó1t&.px.et XIXL 'tOÚ'totc; 'tO 't( Tjv
etv~Xt, o{ov Àeux<{) &v9p6m~ ['t( ~v Àeuxêi) &v9p6>7tct>]. l<J"tw 87)
õvo~ IXÚ't<{) LIJ.IÍ'ttov. 't( t<J'tt 'tO l~'t(<y e{V~X~; &Ã.Àci IJ.TJv
ou8t 'tWV XIX9' IXÓ'tO Àt!O!J.ÉVWY ou8t 'tOÜ'tO. Tj 'tO oÕ XIX9' IXÚ'tÕ
)0 ÀÉit'tiXt 8tx.wc;, XIXL 'tOÚ'tOU ml 'tO !Jlv ex 1tpo<J9é<Jewc; 'tO 8&
oG. 'tO !J.tY rcip 't<{) IXU'tO ro~ 1tpOGX&tG91Xt Ãlrt'tiXt ô Óp(·
Ct't~Xt, otov el 'tO Àeux<{) etv~Xt óptC61J.tvoc; Àlrot Àeuxoü av·
9p6>1t'Ou Ãórov· 'tÕ 8& 't4l clÀÀo IXÔ'tc'i), otov d OTJ~(vot 'to
t!J.cX'ttOY Àeuxov clv9pw7tov, Ó 8t ÓpCCot'tO [!J.cX'ttOV wc; Àeuxóv. 'tO
lOJO" ~ Àwxàc; clv9pw7toc; i<J"tt tJ.tY Àwx6v, oõ IJ.!V't'ot ('to} 't( 'ljv eiv~Xt
Àeuxfi> ttvat. - &Ã.Àci 'to t!J.IX't~ eiviXt cip& l<J'tt 'tt 'ljv e{~J~X( 'tt
(;\] Ó'Àwc;; i\ OÜ; Ó'lttp !cXp 'tÍ l<J'tt 'tO 't( Tjv tfVIXt • Õ'tiXv
METAFÍS:CA, Z.4, 1029b 15·1030o3 297

o que ela é por si mesma. Tua essência, de fato, não é a essência 15


do músico, porque não és músico por ti mesmo. 'lua es~ência,
portanto, é só aquilo que és por ti mesnw 4•
1\hs nem tudo o que uma coisa é por si mcsm~1 é essência:
por exemplo, não é cssêncin aqui lo ']UC algo é por si do modo
como uma superfície é por si hranca: de fato, a essência da super-
fície não é a essência tio branco'. Ademais, a essência da wpcrfí-
eic também não consiste na união c.los dois termos, i~to é, no fato
de ser superfície-branca. Por quê? Pory uc neste caso a essência
da superfície é prcs:suposta. A definição ela essência ele uma coisa
é só a que exprime <1 coisn sem incluí-la na própria definição. 20
Portanto, se alguém dissesse que a essência cb superfície branca
é a essência da superfície lisa estaria dizendo que a cssênci<l elo
branco c <l essência elo liso são uma só c mesma coisar'.
Mas, como também h<í compostos segundo toch.1s as outras
categorias~ (de fato, há um substrato para cada uma delas: pam a
qualidade, como para a yuanticladc, pum o quando, para o onde
c para o movimento~), é preciso cxaminm se também existe uma 25
definição da essência de cada um deles e se existe uma essência
deles: por exemplo, se existe um;1 cssênci<l do composto homem-
branco. Digamos que o termo ''veste" designe o composto ho-
mcm-bnm<.:o. Qual é a essêucia de veste? Mas, na vcrdaclc, isso
tmnbém não pertence às coisas que se dizem por si'1• Pode-se,
contudo, objetar q uc o que não é por si entende-se de dois modos:
(a) um deles consiste m1m acréscimo, (b) o outro 11<1 omiss;io. (a) 30
No primeiro caso, a coisa que se ()UCT definir é acrescentada a
outra como predicado: isso ocorreria quando, por exemplo, al-
guém 4ucrcnclo definir a cs!iência do branco, desse a definição
de homem branco. (b) ;\lo segundo ca~o. ao contrário, omite-se
algo que pertence à prôpri<l eoisa qne se quer definir: isso ocor-
reria quando, por exemplo, Sl~ o significado de veste fosse ho-
mem hran<.:o, alguém definisse veste como o que é lmmco: de
fato, é verdade que homem-branco é também de cor branca, 1030·'
mas sua essência niio é certamente a essência do brancow. Mas
a essência de ''veste" é uma e~sência em sentido c próprio? Ou
dc\'cmos dizer (1 uc niio é? Na realidade, só o que é determinado
é essência; mas quando algo é predicado de outro não se tem
298 HlN META TA G>Yl:IKA Z

8' «llo Xtl't' áÀÀOU ÀÍl"l'totL, OUX l'o-ttV &l:tp 't68t 'tt, o{OV Ó
, Àtuxàc; áv9p6ln:oc; oõx lo-rtv &ttp WSt 'tt, r.rn:r.p 'tO WSt
'tot~ oõaCcxtc; ón:&pxtt ~tóvov· 6lcrtt -tO 't( Tjv t!vcx( lo-rtv õawv ó
ÀÓ"(oc; lo-rlv ÓptO'jL6c;. Ópta!J.Õc; 8' lo-tt\1 oõx &v ISvo!J.CX ÀÓ"((t)
'totU'tO CJT)!J.CX("'l) (n:ávuc; "(tXp &v t{tv o{ ÀÓ"(Ot Õpot • lo-rcxt
"(tXp &.lo!J.CX Ó't(t)OÚV ÀÓ"((t), &So-rt xcxl ~ 'IÃI.àtc; ÓptO'IJ.Õc; lo-rcxt),
10 &)..).' làtv n:pw'tOU 'tL\IOÇ t· 'tOLCXÜ'tot 8' mlv Õacx Ài"(t'tCXL
IL1i t{i) á:Uo xcx't' á:Uou Àé"(ta6ott. oõx lo-rcxt ápcx ou8tvl
'tW\1 IL1i "(Ívouc; d8w.., ón:ápxo.., 'to 'tC Tjv tivcxt, &Uàt 'to1ho~.c;
IJ.ÓY0\1 ('tcxU'tCX "(tXp ooxt't ou xcxtàt !J.ttoxTjv ÀL"(ta9cxt XtXl
n:á9oc; oô3' wc; ou!L{3t~x6c;) • illàt ÀÓ"(OÇ !J.t\1 lcrtcxt éxáGtOU
u xcxl tWV &ÀÀ6lV 'tL CJT)!J.CX(vtt, làv ij ÓYO!J.CX, lrtt 'tóat 't{i)3t
ún:ápxr.t, i\ riv-tl Àóyou &n:Ãoü &xpt~mtpoç óptO'IJ.Õc; 8' oõx
lcrtcxt oõ8i. 'to 'tC ijv t!Yott. Ti xcxt ó óptO'IJ.Oc; wGmp XtXi. 'tO 'tC
lo-rt n:Àwvcxxwc; ÀÍ"(t'tott; xcxt "(tXP 'to tC lo-rw tYCX !J.tV 'tp6-
n:ov CJT)!J.CX(V&L 'tfjv ouaCcxv XCXL tO t68t 'tt, &ÀÀ0\1 8t tXCXO'tOV
20 'tWV XCX'tTI"(OpOU!J.ÍVWV, 1t00'0V 1tOtOV xcxl ÕO'ot «ll.ot 'tOLCXÜ'tot.
wan:tp "(tXp xcxl 'tO Wtt\1 ún:&P')CtL n:~Gtv, &l.Ã' oux ó~toCwc;
&ÀÀIX t{i) !J.t\1 n:pw't6lÇ 'tO~ 8' ln:o~tévwc;, oÜt6l xcxl 'tO tC mtv
cin:Àci)c; !J.tV 'tfí oõa{qc n:wc; a& 'tO~ IDotç xcxi. "(tXP 'tO n:otÕv
lpoC!J.t9' &v tC lcm..,, &So-rt xcxl 'to n:otõv 'twv tt mtv, ill'
2' oux cin:Àwc;, &ÃÀ' wGmp ln:l 'tOu IL1i moc; ÀO"(tx(;)c; cpcxaC

......
METAFiSICA, Z 4, 1030 a 5 · 27 299

algo determinado, dado que a caracterfstica de ser algo dctcrmi- 5


nado só pertence às substâncias 11 . Portanto só existe essência
das coisas cuja noção é uma definição 12 . E simplesmente não
existe definição quando há um nome único para designar a mes-
ma coisa designada por uma <qualquer> noção (do contrário
todas as noções seriam definições; de fato, poder-se-ia sempre
pôr um nome único para indicar qualquer noção, de.: modo que
até o nome 1/íada seria uma definição), mas só existe defini-
ção quando uma noção exprime algo que é primeiro; c só é pri- lO
meiro aquilo que não implica a predicação de alguma coisa a
outra coisa. Portanto, não poderá haver cs.sêncía de nenhuma
das coisas que não sejam espécies últimas de um gênero, mas só
daquelas: c.:om efeito, é claro que só estas não se predicam de
outras por participação, nem por afc.:cção nem como acidcntc 1\
Entretanto, para todas as outras coisa~, desde que tenham um
15
nome, haverá uma noção que exprima o seu significado: uma
noção que indique como algo determinado refere-se a algo de-
terminado; ou, em vez de uma noção genérica, haverá uma mais
precisa. Destas coisas, porém, não haverá nem definição nem
essêncic1 14 •
Ou, antes, deveremos dizer que tanto a definição como o
que é das coisas podem ser ditos segundo mültiplos significa-
dos1;. De fato, o "que.: é" significa, num sentido, a substância c
algo determinado, noutro sentido significa cada uma das outras 20
categorias: quantidade, qualidade e todas as restantes. 1<: assim
como o "é" se prcdica de todas as categorias, não, porém, do
mesmo modo, mas da substância de modo primário e das outras
categorias de modo derivado, assim também o que é se diz em
sentido absoluto da substância, c de certo modo também das
outras categorias. Com efeito, podemos perguntar que é a qua-
lidade c, por conseguinte, considerar também a qualidade como
algo que é, não em sentido absoluto, mas do mesmo modo que
também do não-ser alguns afirmam, dialeticamente, que é não- 25
ser: evidentemente, não em sentido absoluto, mas enquanto é
não-ser; o mesmo vale para a qualidadeu'. 1<: na verdade deve-se
examinar o modo de falar da essência em cada caso, porém não

...._. ___ -..-


......... ______
..................... ,
~lOX ~OÁ9'( 1l0j.DJ OOlt<!>c:l~ !!OXO'll'( ~lOX fllg •t31\)l0nll.D 13. l\9lOlt.
1g ~l. ~~.~oolt. 1g ~l. 13. 3g9l. ,.,,'" ~l. ,.,g 1g ~l. .1\fl 93. c:l-al/.0~
1l0l.'3A}'( 1\~ ,g ~l. .I\~ ~l. 1l0l.'3A}'( ~<_!>Xl009 ~ '"("(~ ·~Tio}g Ot
·MO lOOg '6 ~lp1'(l, 'f c:l'lllt.O<,? l3X1MO <!_>l. lfn '~ ~~1\? ~ 1g
ol.gol. .~J.sl'! 1,.,,3. ~m '111\JlOnll.D ~.l{tlO ~l. ~..Ln ~ g 1101\P
~~.~notc:l9 nol.90l. '~~o'3n<!>91l. o3.!!ol. ~ 'll.x..l~~ c:I~..L t'o ·5<->l.<:>c:l:~t 90
1\lf'!lt. 'Jj.D? ~(f))on9 "'(I)'!'!!> 1\<_!)l. 1lOX ~'!'!~ ll.lfn t'o .,.,1.1.01 I\<_!>10QO
1\<_!)l. 1XII\P ,.,~ Jl. ~l. 1lOX ~~no1 c:1 9 ~<!>'!lt.~ !lOX ~(l)l.<!>c:llt. 9 13-g ,
~c:l11\l0d> ?g 01\l'liX? .1\}gQo 13c:l1d>l01g I\1'3A1'( 13'(19? ~1l. ~(l)d1l.Olt.?
"'?'" lOl.!)XIl. lp'!'!~ .,.,~ ~~c:llt. ~m ,.,1 ,elOX U$)0 ~~91"(1)'"9
13.~0 1l0.1.'3..l1'( ~O!)'l!XD !lOX I\O..Ld2 !lOX lOn<_!>O 1\flX'Idl.lO} d~..l 1~QO
.~(l)n~l\(l)n 9 '~QO 10l.l\1n QO 'll.l !XIX 1g 1\)l.QlO 1\)l. t'O '1\l !XIX 11.1n 10!0l
\).1{110 ~l. ~c:llt. <,!>l. 1\yX'Idl.XI} ~l. d1lt.O~ '"("(~ 5<->l.~~ ulfn "
,XI,.,~d> ~n9f'C'>'rl 9 3~n ,j.D1 ,.,99 d9 -a..L 93. 1... lt.1 '"'9l.~lt.?
1\~l.~lt.? lfn ~l. !XIX c:l'lllt.O~ '~XIU.!!Qd1XId>~ !lOX ~XIu.10 1j.Dodlt. '6
'lOU.fl 1XII\l'il 1101\~d> lOl.nx>l. ~9"~9 \+ dlp..l l'llg .,XII\13 1\!f Jl.
c!>oo:~t \+ c!?1olt. ~~ 1X111.p ,.,~ Jl. ~<!>'(lt.~ XQO '11.13.01 3.1. ~l. !lOX
à'3lt.O~ '~O'(~ ~0.1. !XIX lOl-1'3 'i))Ot'O 1!.1. ~<_!>'(lt.~ !XIX 1'\-pl ~(l)l. 0(
-<:>c:l:~t 1~c:1~~ ~cr>Jon9 1XII\l'3 ,.,~ Jl. f\>l. !lOX '"'9c:l11\l0d> I\OI\'lln9..L3'!
cp. l1lt.? 1\91\ }XIX \)1g .1-aXl ~<_!>lt. ~l. \+ -a..l "'9'("(~n ~~o!fn QO '11.03.0
-X>Xl 1c:l-a:~t ,.,....L?'! 1-ag ~<!lu ~l. llOX 1\l'lllt.Oxo ,.,2o ,.,?'" 1-ag- ·~~o91olt.
9.1. 110x (l)l.~o •,.,2 ~t-n lp'!'!~ ~<!>'!lt.~ XQo '"'2 !fn Ql. 1101\}'3 ~1\13.

Z V>IIIA<l> V! 'i!3W Ntr! C:lC


METAFiSICA, Z 4, I 030 c 27 · b 12 301

mais do que se deve examinar a realídadc efetiva das coisas 17 ;


por isso, dado que a primeira questão cst<í esclarecida, diremos
agora que, do mesmo modo, a essência dc,·c pertencer, em pri- 30
meiro lugar c absolutamente, à substância c, secundariamente,
tamhém às outras categori<1s, assim como o que é: nào como
essência em sentido absoluto mas como essência da qualida-
de ou da quantidade 1 ~. De fato, é preciso dizer ou que as cate-
gorias sô são seres por homonímia ou que sé> são seres se acrcs-
ccntannos ou tirarmos de "ser" uma determinada qualificação,
como, por exemplo, quando se diz que também o não-c.;ognos-
dvcl é cognoscí\'C:I.
Com efeito, o correto é afirmar que se.; r é dito dns categorias
J5
não em sentido cq uívoco nem em sentido unÍ\•oc.;o, mas domes-
1030'·
mo modo que st· ma o termo "médico", não obstante todos os
seus diferentes significados refiram-se à mesma coisa, mas scm
signific<H a mesma coisa, clc~ não são pnros homônimos: médi-
co, de fato, designa um corpo, uma operação ou um instrumen-
to, não por homonímia nem por sinonímia, mas pcb rcfcrênci<l
a uma única cois~1 1 ''.
E pouco importalit <llguém quer exprimir-se diferentemente
5
sobre este ponto. De qualquer modo é c\'idcntc o seguinte: (a)
que, em primeiro lugar c ~1hsolutamente, a dcfiniç;io c a essência
pertencem ~s substâncias. {b) 'I i1davia, existe também definição
c essência das outras categorias, mas não em sentido prim<írio.
(c) Por outro lado, mesmo accit;mdo isso, daí não deriva que
exista definição quando "urna Ctniea palavra'' exprime a mesma
coisa expressa por "q u<1lq uer" no~·iío, mas só quando exprime a
lO
mesma coisa cxprcs~a por ccrt<l noção; tal só é a noção <..JUe se
refere a algo uno, não por pura eontiguidade como a l!ícJdcJ,
nem por mera coligéiÇiío, mas por ser uno em todos os sentidos
segundo o.~ quais se diz propriamente a unidade. O um se diz
nos mc~mos sentidos segundo os quais se diz o ser; c o ser significa,
num sentido, algo determinado, noutro, uma q U<mtidadc, nou-
tro ainda, uma qualidade. Por isso inclusive haverá noção c de-
finição de homem-branco, mas de modo diferente do branco c
da suhstância~t'.
302 TQN META TA <I>YIIKA Z

Ópi.CJIL6ç, &llm~ St -rp61tm~ xcxt -rou À&uxou xcxt oõaEcx(.

5
"'Exet 8' cX1top(cxv, tliv 'ttÇ JLT) cp'fi ÓptaJLàv eivott 'tÕv tx
1S 1tpoa0taE.C~>~; À6ym~, 'ttYOt; lo-tcxt Ópt17!J.Õt; -r6lv OÔX cl1tÀwv «ÃÀck
auv8f.8uotaJL&Y(o)V. tX 1tpoa9t!J&(o)t; "(cXp civliyx'rj &rjÀouv. Àty(o)
8& oiov i'cnt pU; xcxt xotÀlm)ç, xcxl 171.fLÓ't'rlt; 'tÕ lx 'tWY 8uorv
Àey6!LE.Y«n~ -r(i) 't68e lv -r~Se, xcxl oõ xcx'tck au~E.~TJX6ç "((.
oü9' 1) xotÀÓTrlt; oü9' 1) 174J.Ó't'rlt; 7t&.9ot; 'tijt; ptv6t;, «l.).ck xcx9'
zo cxún)v· oõ8' wt; 'tO Àwx.W KcxllC~, 'il civ9p~1ttt), &n KcxllCext;
ÀE.uxot; c!> au~&~TJXE.V civ9p~Ct) ttvott, ID' ~t; 'tO &pptv 't(i)
~ci>Ct) xcxt 'tÕ raov 't(i) 1t'Oa(i) XCXt 1t'~V'tCX ISacx À&"(E.'tCXL xcx9'
cxú-tàt Ó'lt'~pxew. 'tcxii'tcx 8' lcntv lv ÕaotÇ ómPX" il ó À6yat; il
'tOÜYOJLCX oõ lcnt 'toii-ro 'tO 7t&.9ot;, xcxt JL11 lv8txe.'tcxt &a,l.wacxt
25 xwp(t;, ~a'lt'E.p 'tO ÀE.UXOY &veu 'tOÜ civ9p~ou lv8&):!.'tCXt ID'
oú 'tO 67jÀu &veu -roü wou· Cxn-t 'tOÚ't(o)V 'tO 't( ~ e.fvcxt xcxt
óp~.a!'Õt; 'il oõx i'crttv oõSevot; fi, d lcntv, &ll(o)t;, xcx91b:tp dP'Í!xcx-
!LE."· i'cnt 8t cX1t'oplcx xcxt L-rtpcx 1t'f.PL cx1h6'lv. tl !J.lv yàtp 'tO cxúw
lcnt atJLT) plt; xcxt xoO..11 p{t;, 'tÕ cxtho lcncxt -rõ aq.t.àv xcxt 'tO
:Jo xo'O.m~· tl 8f. JLT!, 8tck 'tO cXSúvcx'tOY e.fvcxt dmtv 'tO at!J.Ov
&vw -rou 1tp~YJLCX'tOt; oõ lcnt 1t'~9ot; xcx9' cx1h6 (lcnt yàtp 'tO at-
!J.Ov xotÀÓ't'rlt; lv pwC), -ro ptvcx atJLT)v dmrv 9j oox i'cntv fi 8U;
. 'tO cxô-ro lcncxt dPTJ!J.&vov, plt; pU; xo0.11 (1) yàtp pU; 1) aLJL11 pU;
plt; xoO..TJ lcncxt), Sto &'t01t'm~ -ro Ó'lt'~PX&tv -rott; -rotoÚ'tott; 'tÕ 't(
:J' ~ &Ivcxt • e.l Sf. JLT!, dt; &mtpov &Iaw· ptvt yàtp ptvt a4J.'(í l'tt
10)1" ruo lvtcncxt. &ijl.ov -ro(wv Õ'tt JLÓ'1171t; 'tijt; oõaíat; tcntv ó
I
METAFÍS<CA. Z4/5, 1030b 13·1031 c 1 I 303

5. [Continuação do tratado da essênciajl


Se não se admite que a noção resultante de acréscimo seja
uma definição, então surge o seguinte problema: dentre as coi-
sas que não são simples, mas compostas pela união de dois ter- 15
mos, de quais haverá definição? De fato, é necessário exprimir
essas coisas com uma noção resultante de adjunção 2. Dou um
exemplo: há nariz c há concavidade, c há também nariz achata-
do, que resulta da união de concavidade c nariz, enquanto uma
se encontra no outro 1. O côncavo c o achatado não são proprie-
dades do nariz achatado por acidente, mas por si: não como o
branco é propriedade de Cálias ou do homem (por ser branco
Cálias, que também é homem), mas como o macho é proprie- 20
cladc do animal, como o igual é propriedade da quantidade, c
como todas as outras propriedades que se dizem por si de um
sujeito. E tais são todas as propriedades em cuja noção está
presente a noção ou o nome da coisa da qual são propriedades,
c que, portanto, n~o se podem explicar independentemente da
própria coisa: assim, por exemplo, é possível explicar o branco
independentemente elo homem, mas não a fêmea inclcpcnclcn- 25
temente do animal. Portanto, ou não existe essência c definição
de nenhuma dessas coisas\ ou se existe, existe em sentido dife-
rente, como já dissemos acimas.
A respeito dessas mesmas coisas há ainda um segundo pro-
blema. De fato, se são a mesma coisa nariz achatado c nariz
côncavo, serão a mesma coisa também o achatado c o côncavo;
c se não é assim, por não ser possível falar do achatado sem o 30
objeto do qual ele constitui uma propriedade por si, posto que
o achatado é a concavidade que se encontra num nariz, então
ou não é possível di7.cr "nariz achatado", ou se repetirá duas
vezes a mesma coisa, como se disséssemos "muiz nariz cônca-
vo", porque nariz achatado quer dizer nariz que é nariz côncavo.
Por isso é absurdo gue dessas coisas exista uma essência; do con-
trário ir-se-ia ao infinito: de fato, num nariz que é achatado se 35
incluiria outro nariz6 •
Portanto, é evidente que só da substância existe definição. 1031"
E se existe definição também das categorias', será nccessariamcn-
304 TUN META TA C!>Y.IIK/1 Z

~ptGfLÓÇ. tl -yàp xcxl tW\1 !ÀÀwY XOt't1j"(OptWY, Õ:\lcX"(XTj tx 1tpoG·


9€otwç e!Ycxt, o{oy toü tnotoüt Mlneptttoü· oõ y~ cXY&u àpt9·
!J.oü, oõ8& to OijÀu CÍY&u ~<í>ou (to 8t ix npoo9€oewç À€yw iY otç
s GU!J.~cxfY&t 8~~ to cxôto Àfyew wG1tep i" toútotç). el 8& toüto
à:ÃTj9~, oõ8& GUv8u~o!J.€vwY tGtcxt, o{oy àpt9!J.Oü neptttoü·
illàt ÀcxY9CÍYtt Õtt oôx &:xp~wç Àéyovrcxt o[ À6yot. el 8'
dot )((XL tOÓtW\1 Õpot, ~tOt cXÀÀ0\1 tpOOtoY f.lcny f\ M9CÍnep
iÃéx9Ti noÀÀcxxwç Àextfoy etvcxt toY óptGfL0\1 Mt to t( Tjv
to ei\Icxt, wGte w8t !J.tY oõ8tv0ç lGtcxt ópto!J.Õç oô8t to tC 'ijy e!\IOtt
oÕ8tYl Ú7tCÍpÇtt 1tÀ~\I tOt~ OUGÍOttÇ, w8L 8' mOtt. Õtt Jd.y OÚ\1
iGtL\1 ~ ~pto!J.Õç ó toü t( ~" e!Ycxt À6yoç, xcxl to tC -ijy etvcxt Tj
!J.ÓYW\1 tW\1 oôo!.WY iGtL\1 i\ !J.CÍÀtGtOt xcxl npwtwç xcxt «nÀwç,
MjÀOY.

6
tS Il6npo\l 8t tetth6\l iGtt\1 Tj ttepoY to t( -ijy t!\lcxt ML
lxcxatoY, GX&1ttéoY. tGtt ycíp tt npõ épyou npc)ç -djy nept 'tijç
oõo(cxç GXtcjlw· txcxGtÓ\1 u y~ oõx cillo &xCt etvcxt 't'ijç
lcxutoü oõo(cxç, xcxi tO tC Tjy e!\IOtt Àtyetcxt etvcxt ~ lXIXGtou oõofcx.
ini !J.&y 8-'ij tW\1 À&"(OfLÍ\IW\1 XOttOt GU!J.~&~TjXOÇ 86Çet&\l &\1
20 ltepoY eTYcxt, otoY Àtuxõç ciY9pwnoç ltepoY xcxt to Àeuxc{l Q:y.
9p<i~m~ e!Ycxt (d -yàp to cxõt6, xcxi to à:Y9pwm~ e!\IOtt xcxt to
ÀeuX<() &:v9pwn~ tà cxõt6· to cxôto yàtp ciY9pwnoç xcxi Àtu·
xoç &v9pwnoç, wç q>cxofY, WG'te xcxt to Àeux~ à;yQpW'Jt~ )((XL
to à\19pwn~· Tj oÕx à:YcX"(XTj Õocx xcxtàt GU!J.~&~XOÇ tT\IOtt
METAFÍSICA, Z 5/6, I 03 I a 2 - 26 305

te por vi<l de adjunção como, por exemplo, no caso da qualidadé


c do ímpar: de fato, não existe o ímpar sem o número, <:omo não
existe a fêmc:-1 sem o animal''. F. chamo definição por via ele éldjun-
ção aquela pela qual se diz duas vezes a mesma coisa, como nos
exemplos acima citados. Se isso é verdade, também não haverá 5
definição das coisas que implicam uma união de dois termos,
como por exemplo "número ímpar". i'vlas isso nos escapa, porque
não formulamos nossas noçê1cs rigorosamcntc 111 • Se, depois, exis-
tem definições também elas coisas compostas pda união de dois
!·ermos, ou elas são de outro tipo ou, como se explicou acima,
d~vc-sc dizer que essência c dcfiniçi:io têm múltiplos significa-
dos11; de modo que, num scntido 1 ~. só havcní definição c essência
da substância, enquanto noutro scntido 1' haverá essência c defi-
nição também de outras coisas.
C: claro, portanto, que a definição é a noção da essência c
que só existe cssêucia das substâncias, ou que das substâncias
existe em sentido fundamental, primeiro c absoluto.

6. /0 problema da identidade da essência com a c:oí:sa


individual da qual é essência]'
Também é preciso examinar se a coisa individual c sua es-
sência coincidem ou se são duas realidades diferentes. De fato,
isso importa à nossa investigação wbrc a substância. Com efei-
to, a coisa indi\'idual não parece ser diferente da prôpria subs-
tância, c di7.cmos que a essência é, justalJlcnt<.:, ,, substância da
coisa indivíduaF.
(r\) No caso d;~s coisas que se dizem por acidente, essência
c coisa individual parecem ser diferentes: por exemplo, homem
branco parece ser diferente da essência de homem branco. (Se
fossem a mesma coisa, então também a essência de homem c a
essência de homcm-lmmco deveriam ser a mesma coisa; de fato,
como dit.cm alguns"\ homem c homem-branco são a mesma coisa
c, por conseguinte, também a essência de homem c a essência
de homem branco"~. Mas não decorre necessariamc.:ntc que as
coisas ditas por acidente se identifiquem com sua essência, por-
306 T.QN META TA <DY!JKII Z

2'
tcxÕtiÍ, oõ ycip <00-otú-t<U<; tci cixpcx yfyvttotL totÕtiÍ · à:U'
t'awç T6 lxtL\10 86ÇttEV &v at.I!J.~CX(vttV, 'tcX bpcx r(rvtcrllcxt
toohci tci xcxtci au~t~7)x6ç, o!ov to Àtux<i) tlvcxt xcxl to IJ.OU·
atxtt>· 8ox&t 8& oG) • l1ri. 8& t6>v xcx8' cxÕtci À&TO!J.t'II(I)V
cip' àvárx71 totÕto tTVOtt, otov &t' ttv&ç dalv oõaúxt wv lnpcxt
Je 1-L~ datv oüa(cxt !J.7)8~ cpúa&LÇ lupcxt 7tp6'ttpott, ofcxç cpcxai. tcXç
l8i.ocç &tVOt{ ttv&Ç; &l ycip latcxt t'ttpov cxuto to àycx8ov xcxi.
to àycx9til &Ivcxt, xcxi. ~tt>ov xcxl to ~ci>ct>. xcxi. to 5vtt xcxl to
ton ~ 5v, laovtcxt &:Ucxt tE oõa(cxt xcxi. cpúa&tç xcxt l8i.cxt 7totp<X tclç
À&"(O!J.tYCXÇ, Xott 7tpÓttpott OÚCJÍcxt lxttVott, &l tO t( 'ijv &{Vott
oõat'ot lat(v. xcxi. d !J.tV à1toÀtÀU!J.ÉVOtt àÀÀf)Ãwv, t6>v jA.lv
oúx latcxt lmatft!J.71 tci 8' oux latcxt Õvtcx (À&yw 8& to à1to-
' À&Àúa9cxt tl 1-Liín téil àycx9c{) cxut(!> Õ1t&.px.tt to t!vcxt àycx8til
!J.iítt tOÚ't([) to &L\IOtt àycx9óv) · t7ttatTt!J.71 t& ycip bc&.atou latw
õtcxv to t( ~v lxt(vct> &!vcxt T"'W!J.tv, xcxi. l1rt àycx9oü xcxi. t6>v
&ÀÀwv Ó!J.oCwç tX.&t, Wa't& d !J.7)8t 'tÕ àycx8(!> dVOtt &ycx86v, oõ8&
to 6vtt 8v oõ8& to &vi. &v· Ó!J.OtCI>Ç 8& 7tiÍvtcx latw +i oõ8iv tcX
le tt 'ijv t!vcxt, ooat' d !J.7)8t to Õvtt Õv, oÕ8t t6>v éí:Uwv ou8&v.
!tt <l> 1-L~ Ú7tiÍpX.&t O:ycx9til tTVOtt, oõx &ycx96v. àvliyx'r) &pcx
&v t!VOtt to àycx9ov xcxl àycx9til &tvcxt xcxi. xcxÀOv xcxi. xcxÃtil
&tvcxt, (xcxt) &ex 1-L~ xcxt' IDo À&-yetcxt, &Uci xcx9' cxÕtci xcxt
7tpwtcx· xcxi. y<Xp toü-to lxcxvõv &v Ú1tiÍPx.'Q, x&v 1-L~ ti &t~71.
U !J.&ÀÀOV 8' taCI>Ç XÕ:V tj &t87) (!!J.ot 8~ 8i'jÀOV xcxi. Õtt &t1t&p
METAFlS:CA, Z 6, 1031 a 2S. b lS 307

que, nas premissas, os predicados não se identificam com o su- 25


jeito da mesma maneira'. Todavia poder-se-ia pensar que pelo
menos os predicados sejam idênticos entre si, quando um c outro
são, nas premissas, acidentes do sujeito: por exemplo, que a es-
sência do branco seja idêntica à cssêncin do músico; mas é eviden-
te qne não é assim 6 ).
(B) Então, scd preciso dizer que nas coisas que são por si
ocorre necessariamente identidade entre o que é c a sua essência?
(I) Por exemplo, deveremos dizer que a identidade entre o que
é e sua essência é necessária no e<1so de existirem (.'Crtas subs-
tâncias relativamente <lS quais não existem outras substân-
cias nem outras realidades ;mteríorcs: substâncias tais como :lO
alguns filósofos~ dizem ser as Idéias? Com efeito, se fossem
diferentes o hem c <1 cssêncicl do hem, o animal c a essência
do animal, o ser c a essência do ser, então deveriam existir
outrélS substâncias, outm~ realidades c outras Idéias além 1031''
das que são admitiuas; c estas, ademais, seriam substâncias
mais originárias, se é verdade que a essência é suhstiincia'1•
(2) Se, depois, as subst~ncias c suas essências são scp<uadas
umas das outras, (a) das primeiras não haver;\ mais ciência
e (b) as segundas não terão mais nenhum ser (por "ser se-
parado'' entendo, por exemplo, o caso em que ao bem não
pertença a essência do bem, nem à essência do bem o ser s
bem). (a) De n1to, temos ciência da coisa individual quando
conhecemos sua essência. (h) Por outro lado, o que vale
p<lr<l o bem vale, analogamente, para todos os casos: assim,
se a essência do bem não é bem, tampouco a essênei<l do
ser será ser, nem a essência do um será um. Ademais, ou
todas as essências existem Ja mcsm<lmaneiw, ou nenhuma
cxi:;tc; de modo que, se nem sequer a essência do ser exis-
te, também não existirá nenhuma das outras cssências 111• lO
(3) Ainda mais, aquilo a que não pertence a essência do
bem não é hem. Portanto, é necessário que sejam uma
(mica coisa o bem c a essência do hem, o belo c a essên-
cia do belo, c, assim. todas as coisas que não se predicam
de outro, mas subsistem por si c são realidades primei-
ras. E este argumento seria vá] ido mesmo que não exis-
tissem Jdéias, c, talvez, ainda mais válido se existissem
ldéías. (Ao mesmo tempo, é evidente que, se existis- 15

-
308 Tlltll META TA <I>Yl:IKA Z

dalv otl l8&ot~ oüxç 'tWft; cpotcnv, oõx la<tot~ 'tO Õ1toxe4J,evov
oõa(ot• 'totÚ'tott; y<Xp oÕa(cxç ~tE.v civotyxot'Lov e.Ivcxt, ILTJ xot9'
Ú1tOXf.t!J.tVOU 8t' Íaovtott y<ip Xot't<i !J.t9f.~L\I) • -Íx 'tf. 8Tj 'tOlYtWV
'toov À6ywv &v X<Xl 'totú'tà oõ xot'tà cruiJ$t~fJXOt; cxtho lxota<tov
:lo xotl 'tO 'tt Tjv dvcxt, X<Xl Õ't~ 'Yf. 'tO ema<tota9ott lxota<tov 'tOÜ'tÓ
to-t~, 'tO 't( 1jv f.tvcxt t1dO"tcxa6ot~, Wa'tf. xott Xot'tcX 'tTjv lx9e.a~v
civ&.')'XTI i!v 'tt e.IV<Xt cXIL<!JW ('tO 8& X<X'tÕ: cru!J.~f.~Ot; Àr:yó-
IJ.f.VOV, otov 'tO !J.OUG~XOv i\ Àf.UXÓV, 8t.à W 8~'t'tOV O'TI!J.CX(Vf.~V
oõx à:ÀTj9eç d1te.'Lv wç 'totÕ'to 'to 'tt Tjv e.tvcx~ xcxi. cxÕ'tó· xcxt
:lS YcXp c\> cru~t~t~TIXf. Àe.uxõv xotl 'tO au!J.~f.~fJXÓt;, wa<t' la<t~
!Jlv wt; 'totÕ't6v, lan SE. wç ou 'totÕ'to 'tO 't( Tjv dV<Xt Xoti. cxÕ'tó·
'té{l ~Jlv yàp civ9pw1t~ xotl 'té{l Àe.ux~ &:v9~~ ou 'totÕ'tó, 't~
Ttá.9e.~ 8& 'tCXU'tÓ) . &'t01tOV 8' &v cpotvtLTj x&v &L 't~t; txcXa<t~
ÕVO!J.CX Oe.r'to 'tW\1 't( Tjv e.tvot~. la<tott yàtp X<XL 1totp' exe.rvo
Jo ciUo, otov 'téi) 'tt 1jv e.Ivcxt i1rn~ 'tt ~v e.tvcxt rl1t1t~] i!npov.
Xot('to~ 'tt :I((.)ÀÓe.~ xoti. vüv e.rvcx~ lvtot e.u9uç 't( Tjv e.tvcx~, &L1ttp
ouaúx 'tO 't( Tjv e.tvott; à:ÀÀdt ILTJ" oõ IJ.Óvov lv, &:Udt X<Xl ó
1032• ÀÓyoç ó CXÜ'tot; otÕ'twv, wt; &ii).ov X<Xl lx 'toov dpTj!J.tvwv· ou
yàp X<X'tcX cru!J.~f.~xoç iv 'tO &vi. e.tvcxt Xoti. &v. t't~ e.l &ÀÀo
la'tott, e.lt; ci'Jte.tpov e.IGtv• 'tO ~tE.v yàtp la<tott 't( Tjv &tvcxt 'toü &voç
'tO 8& 'tO lv, WO't'f. Xoti. l1t' exe(vwv ó cxthoç la<tott Àóyoç. Õ.t
s !J.EV oúv l1ti. 'tWv 1tpW'tWV xoti. Xot9' otÓ'tcX Àe.yolJ.tVWV 'tO tx&.a<t~
dvcxt X<Xl Kxoto-tov 'tO otÕ'tà xotl iv la<tt, 81jÀov· o[ 8E. aocp~a<t~­
xot O..e.rxot 1tpoç 'tTjv 9&Gtv 'totÚ'tT)V cpotwpov lht -.ij cxtkõ
METAFiSICA, Z 6, 1031 b 15-1032a 7 309

sem as ldéias, como alguns afim1a111, o substrato não seria


substância; as Idéias, de fato, são necessariamente suhs-
h)ncias c não se predicam de um substrato: nesse caso
existiriam por participação 11 .)
(4) O resultado dessas argumentações é que são uma única c
mesma coisa, c não por acidente, a coisa individual c sua
essência, c isso se vê também porque conhecer a coisa indi-
vidual significa prcciS<lmcntc conhecer a essência, de modo
que, mesmo partindo do ponto de vista da separação platô-
nica entre as Idéias c o~ sensíveis, é ncccss:'írio que a essência
c a coisa individunl constituam uma un idadc 1 ~. (Ao contr;í-
rio, das coisas que se dizem por acidente, como músico c
branco, por causa do duplo significado de acidente, não é
vcrdadcirél a afirma~:ão de que a essência c a coisa indi\·i-
dual coincidem: branco, por exemplo, é aquilo a que ocor-
re ser lmmco c, também, o próprio acidcnte 1\ de modo
que, nesses casos, num sentido existe identidade entre
es~êm:ia e coisa, enquanto noutro sentido nüo existe: a es-
sência do branco não é idêntica ao homem ou ao homem
branco, mas é idêntica à propricdndc do branco 1·1.)
(5) t\ separação entre a essência c a coisn individual também
seria ab11urda se déssemos um nome <1 cada essência. De
fato, viria a existir outra essênci<l além d.aqucln; por exem-
plo, para a essência de cavalo h:l\'cri<lllllla essência ulterior.
i\.'I.,Js, então, o que impede que algumas coisas cointidmn
imediatamente com sua essência. desde que se admita
que a essência é substância? Antes, não :só ;1 cssênC'ia c a
coisn coincidem, mas também suas noçôcs coincidem,
como fica evidente a partir do que dissemos: não é por
acidente que a c!'>sência do um c o um coincidcm 1;.
(6) Ademais, se a essência fosse diferente da coisa, ir-se-ia
ao infinito: de um lado, haveria a essência do um, de ou-
tro, haveria o um, de modo que, ulteriormente, dever-
se-ia repetir o mesmo raciocínio para a essência do um,
e assim por diantc 1f>.
É claro, portanto, 4 uc tratando-se de realidades primeiras c
que se dizem por si, a essência da coisa individual c a coisa indi-
viducJI são uma única c mesma realidade.
310 TUN META TA CDYIIKA Z

ÀÓOY"Çcx~ Àúoe~ xcx' d -çcxth·o ~wxpci't1)ç X«t ~wxpci•t~ &t\lcxt •


oõ8ev ràtp 81.CXCpéptt oün lÇ w" lpW't'Ílotttv &" ·~ oün te w"
10 Àúwv l1tt'tÓXOt. 1l:(i)ç JLt'll ouv .O -ç( Tj\1 e{YCXt -tcxU.ov xcd xw~
ou 'tCXU't0'\1 W<Tt'ct>, ttp7J'tCXt.

7
Twv 8& rtrvo!Jlvwv •« JL&" ipúott y(rve.•cxt •« Se
'ttX"t) -çÕt 8& eino -çcxÕ.oj.Látou, 11:ci'11"tcx 8& "tcX 'YL'Y"ÓJL&'IICX u"Jt6
d ""ttvoç rErve-tcxt xcxl ex "ttvoç xcxt -ç(· •o 8& -tl Àlyw xcx6'
1s lxci<Tt'7)'11 XCX"C7)yop(CXY' i] y<Xp •68e i]nO<JÕ\1 i]"JtOt0\1 i]1t0ú. ex[
8t ytvtOt~ ex[ JLt'll tpOOtXCXL CXÚ'tCX( el<J~y Wv ~ 'YÍ'II&<J~ tx
cpú<Je6>ç l<Tt'w, -to 8' li; oõ rCrve-tcx~, i}v À&yoJLt'll ÜÀ7Jv, •o 8e
ucp' oli -çc'i)y cpúott 'tt 6\I"ÇW'II, -ço 8t .i llv6pwnoç i} ipU't0\1
i\ &À.Ào 'tt 'tW'\1 'tOLOÚ"tW'II, & &ij JLciÀt<Tt'CX Àt'YOJL&\1 OÕo(cxç &{\ICX~
20 - W!:cx"'cx 8& •<X rtrv61J.e"cx i] ipÚoet i] •íxvo Exet ÜÀ7J"' 8u·
vcx-çÕ'\1 yàtp xcxl &tYCXt xcxl JL~ t!YCXt lxcxCTt"o'\1 exÕ.w\1, -çoü-ço 8'
tO""tt'll ~ t\1 éxciO""t(t) ÜÀ7J- xcx66Ã.ou 8& xcxl li; oõ ipÚ~ xcxl xcx6'
ô IPÚO~ (•o yàtp rtrv6JL&'IIO'II lxu ipúotv, oro" ipu-tàv i1 Cct>o")
X«l ócp' oú ~ xcx-ç<X .O etaoç ÀeyoJÚ'\17) ipÚo~ ~ Ó!J.Ott81J~
2S ( CXÜ't1)8tt'\l cXÀÀ.(t>)' civ6~oç 'YcXp civ6p(J)'Jt0'11 ytw~· - OÜ'tW JL&v
OW y('Y"&'tCXt 'tdt 'Yl'Y"ÓJL&'IICX 8~ 't1iv ipÚOt'll, ex[ 8" ciÀ.Àext yt-
'IIÍ<Je~ Ã.éyo'll"tcxt xotofJoetç. xciocxt 8& dotv ex{ 1t0t1Jottç +\ eixo
dxvrK fi ei11:o 8uvci~ i) eixo 8tcx\lo(cxç. -toú-twv 8é •tve.ç
y(yvo'll"tcxt X«l ei11:Õ -çcxU.oJLci•ou xcxt ei11:o 'tÓXTJC 1tCXpexnÀ7J-
Jo o(wç 6><rnep t'\1 -toú; eino cpÚ<JeW~ "YL'Y"OJ!Í'IIOLÇ t'lltcx ycXp
METAFÍSICA,Z6/7.1032o8-30 311

As objeções sofísticas contra esta tese se resolvem com ames-


ma solução c assim também o problema de se Sócrates c a essência
de Sócrates são a mesma coisa 17 • De fato, não fazem diferença
nem os exemplos a partir dos quais pode-se levantar os problemas,
nem aqueles a partir dos quais se pode resolvê-los'~.
Fica, portanto, claro de que modo a essência c a coisa indivi- 10
dual coincidem e de que modo nc1o coincidem.

7.{Análise do devir e de seus modos_/'


Tudo o que se gera~ gera-se ou ( l) por natureza ou (2) por
arte ou (3) por acaso. E tudo o que é gerado por algo; deriva de
algo 4 c torna-.~c algo;: c entendo algo segundo cada uma das ca-
tegoriasr': ~ubst<incia, ou quantidade, ou qualidade, ou lugar. 15
( l) As gerações naturais são as das coisas cuja geraç:ão provém
da natureza. Aquilo de que tudo se gera é o que chamamos
matéria; aquilo por obra de que se gera é algum dos seres
naturais; o que é gerado, enfim, é um homem ou uma plan-
ta ou alguma outra coisa <.:omo estas'. que dizemos ser subs-
tâncias. Todas as coisas geradas, seja por obra da n<lturcza, 20
seja por obra da arte, têm matéria~: cada uma delas, de fato,
tem potencialidade de ser c de não ser c essa potencialidade,
em cada uma delas é a matéria. Em geral, aquilo de que tudo
se gera é naturcjl'.a'1, c também aquilo segundo o que 111 tu-
do se gera é natureza (de fato, o que se gera tc.:m uma naturc-
7.<1: por exemplo, a naturc7.a de planta ou de animal); c, ain-
da, <lquílo por obra do que tudo se gera é natureza: natu-
rc;r.a entendida no sentido de forma, da mesma espécie do 25
gerado (embora presente num indivíduo diferente): de fato,
é sempre um homem que gera outro homcm 11 •
(2) Desse modo, portanto, ocorre o processo de gcraç:ão d<Js coi-
sas geradas segundo a natureza; os outros processos de ge-
ração, ao contrário, chamam-se produçõcs 12 • E todas as
produções ocorrem ou por obra de uma arte ou por obra de
uma faculdade ou por obra do pcnsamcnton. (Algumas
destas, porém, se produzem também espontaneamente c
por obra do acasol-1, como também ocorre às vezes nas gera- 30
çõcs naturais. De fato, também na natureza certos seres
312 TllN META TA <I>Y!IKA Z

xmr 'tClÔ't~ XClL ix 0'1tÍpfLCl'tOÇ rC-yve'tCl~ XClL &veu omp-


fLOt'tOÇ. 1tepl fLtV OUV 'tOÓ't<t>V ÚCTttpov i1tLCJXe1t'tÍOV, &m) 'tÍXV7JÇ
1o32 ~ ôE. "'(Í-yvt't«L lía<t>v 't& elaoc; iv 't'{í cJ!uxn ( elaoç ôE. Àlrw 'tO
'tt ~v e!vott ÍXCÍO't'OU XClL -dtv 1tp6>'t1)V OUGLClV) • xcd r~P 'tWV E.votv-
'tk.>V 'tp67tov 'ttv~ 'tO cxlho e'lõoç 't'ijç rdcp CTttp~at<t>ç oõalcx ~
oõatoc ~ &vttULfLÍV7J, otov Ú"'((t~Cl vóaou, WtV7JÇ r~P &7tOUaLcx
' 'iJ vóaoç, ~ Ôt Ú"'(íetcx Ó iv ~ cJ!uxti ÀÓ"'(OÇ XClL ~ i1tt·
a't'f)fL11· rl-yvncxt ôE. 'to úrtiç vof)acxvtoc; oÜ't<t>Ç t1tetô~ 'tOOL
urCetcx, &vcírx11 d órtiç la-rcxt 'toôt Ú'lt&.p;cxt, otov ÓfLOt·
ÀÓ'tT)'tCX, el ôE. 'tou'to, 9epfLÓ'tT)'t<X • XClL OÜ'twç &ti. voer, l<t>ç &v
&"'(CÍ"'("Q etc; 'tOÜ'tO Õ CXÔ'tOÇ ÔÚVCX't<XL t<JXCX'tOV 1tOLttV. e{'tcx 7iÕ1)
10 ~ &1to 'tOÚ'tou x(V7Ja~ 2tOt1)a~ XClÀe'L't«t, ~ t1tl 'tÕ úrtex(vetv.
&'>CTtt GUfL~ClLVtL 'tpÓ1tOV 'tt~ rl)v Ú"'((etCl\1 i; Ó"'(tetocc; "'(t-yvea9cxt
xcxt -rl)v olxtocv i; olx(cxç, 't'ijç &veu ÜÀ1)Ç rl)v lxouacxv ID.11v·
~ "'t'~P [cx'tptxf) iG'tt xcxt ~ olxoÔOfLLXTJ 'tO dÕoç 'tijç Ú"'(te(cxç
xcxt 't'ijç oMcxç, ÀÍ"'(<t> Ôt oõa(cxv civeu ÚÀ1)Ç 'tO 'tt 'lív t!vott.
Twv ô1J revíat<t>v xcxt XtvTjaewv ~ fLE.v VÓ1)G~ XClÀeL'tClt ~ as.
u 2tOt1)atç, ~ fLtV &m) 'tijç &pxijç xcxl 'tOÜ ttôouç VÓ1)atÇ ~ ô'
&2tõ 'tOÜ 'ttÀtu-rcx(ou 'tijç ~at<t>ç 1tOt1)atc;. ÓfLo(wç ôE. xcxt 'tWV
&ÀÀWV 't6>V fJ.f.'tcxÇU iJcCXa'tOV "'(Í"fVe'tCXt. ÀÍ"'(W Õ' otov d U"'(LCX·
ve't, Õlot &v ÓfL«Àuv9iivot~- 'tt oõv iCTtt 'tO ÓfJ.ClÀuvOTjvcxt; 'toÔ(,
:ZO 'tOÜ'tO Ô' ta't<Xl e{ (kpfLOtV~Ge'tCXt. 'tOÜ'tO Ôt 't( tCTtt; 'tOÔ(. Ú'ltCÍp-

Xf.L ôE. 'toÕl ôuváfLet • 'tOÜ'tO Õt Tiô11 i1t' cxô-rct>. 'tÕ 81t 1tOtoüv
METAFÍS:CA, Z 7, 1032 a 30. b 21 313

são gerados tanto pelo sêmen como sem clc 1;; mas desses
casos trataremos em scguida 1(,). Por obra d<l arte são pro-
duzidas todas as coisas cuj~1 forma est;í. presente no pcn-
smncnto do artíficc 1-. Por forma entendo a cssênei<l de : 1032'·
cada coisa c sua substância primeira 1\ E, de certo modo,
até dos contrários a forma é a mesma: de fato. <1 substân-
cia da privaç;ão é a substância oposta 1''. J\ substância da
cnfcnnidade, por exemplo. é a saúde. porque <1 enfermida-
de se deve à ausência de saúde; ao contrário, a saúde é a 5
forma presente na alma <do médico> c <portanto é>
a ciência 211 • Ora, o s:~dio M: produz de acordo com o seguin-
te raciocínio: po~to que a saúde consiste em algo deter-
minado, para se obter a cura é necessário que se realize
algo determinado, por exemplo, certo equilíbrio <das fun-
çücs do corpo> c, ulteriormente, para realizar esse equi-
líbrio é preciso certo calor; c o médico continua a racioci-
nar desse modo até chegar, finalmente, ao que cst;í. em
seu poder produz.ir. O movimento realizado pelo médico.
isto é, o movimento que tende a cumr chama-se produ- 10
ção. Segue-se daí que, em certo sentido, a saúde gera-se
da saúde e a casa gcra-$c da casa; entenda-se: a material da
imaterial. De fato, a arte médic<t c a arte de construir são,
respcctiv<Hnetltc, a forma da saúde c da casa. J•: por subs-
tância imatcri<1l entendo <I C!isênciaz 1•
Nas gcraçôcs c 110s movímcntos existem dois momentos: o 15
primeiro é dado pelo pensamento, o segundo pela produção;
o pensamento parte do princípio da forma, enquanto a produção
parte do último termo ao qual chega o pensamento~'. E o mesmo
é o processo de geração de cada um dos termos intermédios. Veja-
mos um exemplo. Para curar-se alguém deve rcadquirir o equilí-
brio das funçôcs do corpo. Que é, então, c.ssc equilíbrio? ~:algo
determinado. E esse algo determinado rC<llizar-se-á se for produ-
zido calor. F que quer dizer produzir calor? Alguma outra coisa 20
determinada. !'VIas essa última coisa está potencialmente presente
c, como tal, depende imediatmnente do médico.
(3) Portanto, quando a cura ocorre por obra da arte, a cau.sa
eficiente c o princípio do qual parte o processo é a forma

...
31.4 TUNMETA TA <I>YIIKA Z

xocl õ9e.v &pxe't«~ ~ x(\17)atr; w6 óyt«Ív&tv, &v jdv &11:o


't&XV7)r;, ..O dô6r; lO"tt 'to lv 'tfi ~ux'fi, l«v 8' &11:o 't«Üw-
jJA"tou, &1t0 'tOÚ'tou Õ 1tO't& 'tOU 1t0t&!\l !p)(&L 't<\) 1tOI.OU\I'tt &11:0
u 't&XV7)r;, Cl0'1tep xoct lv 't(\) lel"tptúe.tv rawr; &1rà 'tOii 9e.p(J.Cl(vetv
~ &pxfl ( "to6w 8e 1tott! 'tfi 'tp(~et) · ~ 9e.p(Jh't1)r; w(wv ~ lv
'ti\) O'~(.LCl'tt 1j !J.épor; 'rijr; Ó"'(~Í«r; 1j l1t&'t«( 'tt ClÜ't'ij 'tOtoií'tov
õ la'tt !J.&poc; 'rijc; úytdac;, 1j 814 n:Àtt6\l(l)v· "toü"to ô' lax«-
'tÓ\1 lO"tt, 'tO 1totoüv 'tÕ !Lfpor; 'rijr; úyte.(Clc;, - xoct 'rijc; olx(Clc;
)O ( o!ov o{ ÀC9ot) X«l 't(;)v &>.'-wv· &O"tt, xa9án:e.p Àey&'t«t, &aú-

v«'tov ye.v&a9cxt e.[ ILTISf.v n:poÜ1t<ipxot. Õ'tt ""'" oõv 'tt (Lfpoc;
lÇ Mrx71c; ú1t<ipÇe.t lf«Vtp6v· ~ yà:p ÜÀ71 !J.fpoc; {&W1t<ip-
ton• X&t yà:p xoct yCrvt't«t «Ü't'JI). &).). ' &pa X«L 'tW\1 &v 't<\)
À6y(t); &!J.fO't&pwr; &i) Àfyo!J.tv 'touc; X«Àxoür; X1JxÀouc; 't( dat,
xal -djv ÜÀ71v À&yovnc; &tt )(«Àx6r;, X«l 'tO e.laor; Õ'tt OXYi!LCl
wtóvSe., xoct 'toÜ't6 lO"tt 'tO yévor; e.lç ô n:p(;)wv 't(9&'t«t. 6 &i)
5 )(WOÜÇ XÚxÀoc; t)(&L lv 't<\) À6y<tJ -djv ÜÀ'JI\1. -l.Ç OÚ 8e WÇ
ÜÀ71c; y('Y"f.'t«t lvt« Àtyt't«t, &tCl\1 y&\I'JI't«t, oõx lxe.'tvo &ll'
lxdvt\10\1, otov 6 &vSptà:r; oõ ÀC9or; &Uà: ).(Qwor;, 6 Se &v9pw-
1tOÇ 6 \rrt«C\I(I)v oõ ).fy&'t«t lxe.!vo lÇ ou· «t'ttov 8e Õ'tt yCyve.-
't«t iJc 'rijc; anpflatwr; XClL 'tOÜ ÚltoX&t.(Lf\IOU, Õ ÀeyO!J.f.\1 ~
to ÜÀ'JIV (o!ov X«L Ó &v8pw1toc; xoct 6 x<i(LV(I)\1 yCrvt'tClt Ó"'ftflr;) ,
!J.&ÀÀ0\1 !J.fV'tOt Àfyt't«L y(rvta9Clt tX 'rijr; O"tE.pYl~Ç, 0{0\1 iJc
XÓ:!J.VO\I'tOÇ úytf)c; 1j lÇ &v9pWn:ou, Sto x<i!J.\1(1)\1 ""'" 6 óytf)r; ou

______________. _ . -.. . '"·--=-------~


·--
METAfiSICA.Z7,1032b22-1033o12 315

que está presente na alma <do médico>; quando, ao


contrário, a cura ocorre espontaneamente, o princípio
do qual começa o processo é o mesmo a partir do qual
começa a e~gir quem age pela artc 2 ~. No caso da cura o 2.5
princípio consiste na produção de calor; c o médico o
produz com uma fricção. Portanto, o calor que está no
corpo ou é parte constitutiva da saúde ou a ele se segue
- itm:diatamentc ou por meio de outros termos- algo
da mcsm<~ natureza como parte constitutiva da saúde.
E esse termo último é o guc produz uma parte: da sall-
dc c, nesse sentido, ele é parte da saúde, como por exem-
plo as pedras são parte da casa, c o mesmo se diga para
as outras coisas 14 . Assim, como dissemos, seria impossí~ JO
vcl que algo se gerasse se nada prccxistissel;. '
i<~ evidente, portanto, que uma parte do que é produzid()
deve necessariamente prccxistir; de fato, a matéria é um~1 parte,.
porque ínsita na própria coisa tluc dcvém c também ela dcvém. · 1033'
Mas, então, a matéria também será uma das partes da noção?·
Na verdade, dizemos o que são os círculos de brom.c de dois
modos: (a) dizendo sua m<ltéria, isto é, o bronze, (b) di:l.endo a
sua forma, isto é, que é uma figura de dctcrmin<~da natureza (e
a figura é o gênero próximo no qual entra o círculo). Portanto, 5
o círculo de bronze contém na sua noção a matérial1'.
Algume~s coisas, depois de serem geradas, são denominadas
por aquilo ele que se geram, isto é, por sua matéria, não com o
mesmo nome da matéria, mas com o adjetivo extraído dcle 27 : a
estátua, por exemplo, não é dita mármore, mas marmórea; c2N o
homem que rcadquirc a saúde não é designado pelo nome da
enfermidade da qual se curou. Isso ocorre porque algo provém
seja da privação seja do substrato que chamamos matéria (assim,
por exemplo, torna-se sadio o homem e torna-se sadio também
o enfermo); todavia, na maioria dos casos diz-se que o processo 10
de geração parte da privação (por exemplo, diz-se que alguém
passa de enfermo a sadio c não, ao contrário, que de homem pas-
sa a sadio). Por isso, de quem é curado não se diz que é enfermo,
mas que é homem c homem sadio. E quando a privação não é
evidente e não tem um nome - por exemplo, a privação de
J16 Tl!N META TA <DY!IKf• Z

Àéye'tcxt, &v9pwxo~ 8&, xcxt ó &v9pw:oç Úy&'Í)ç wv 8' iJ cn€p7jaLÇ


~Ào~ xoct &~W!J.O~, otov iv xcxÃxcl> GX'Íl!J.CX'tOÇ ÓltOI.OUOÜ\1 +i
u iv 2tÀ(v9oLÇ xrxi ~Àot~ obcCcx~, lx 'tOÚ'tW\1 8oxe.t y("(''taOcxt wç
ixe.t U XcX!J,\10\I'tOÇ 8ti> 6'>a:tp oü8' WL iÇ 00 'tOÜ'tO, ixti'\10 OU
Àfyt'ttXt, oõ8' iY'tcxüOcx ó liv8pl.àç ÇúÀov, &;).).eX :cxpciye'tcn
ÇúÀwo~. [ou ÇúÀov,] xocl xcxÀxoüç &;).).' oõ xcxÃx6ç, xoct ÀL0tvo~
&;).).' oõ À(9oç, xcxt iJ olx(cx :Àtv0('11T) &ll' oõ :ÀEvOot, tmi oõ8E.
20 wç ix ~Àou yC"(''t'ttXL liv8pt!Xç +i ix xÀ(v9wv obc(cx, tciv 'ttç
ixtPÀt'lt'Q acp68pcx, oõx &v dtltÃ<i>ç er:etev, 8tclr. 'ti> 8etv !J.&'tcx·
Pcillo\l'to~ y("(''eaOcxt iÇ oú, &;).). ' oõx Ú1tO!J.tYO\I'tOÇ. 8tclr. !J.E."
OÚ\1 'tOÜ'tO OÚ'tWÇ ÀfyE'ttXt.

8
'E:d 8E. úx6 'tt\16~ u yC"(''t'tCXt 'ti> yt"(''Ó!J.t\10\1 ('tOÜ'to 8E.
2~).f.yw l)Oev iJ &:pxi} 'tijç yevmw~ ian) xoci lx 'tt\loç (la-tw 8E.
!J.YJ 11 crttp7jGtt; 'tOÜ'tO &;).). ' 11 ÚÀ7j" ~87j yclr.p 8twptcrtCX& Ô\1 'tpÓ·
:ov 'tOÜ'tO ).f.yo!J.&Y) xcxt "tt yí"(''t'ttXL ('tOÜ'to 8' icrttv +i acpcxtpcx
1\ xúxÀ~ 1\ Õ 'tt i'tliXE 't<Í>\1 &llwv), wcrnep oÕ8e 'tÕ Úxoxe(-
!J,&\10\1 1t0ttt, 't0\1 xrxÀx6v, otí'tw~ oô8E. 't1jv acpcxtpcxv, d !J.il
:JO XIX'tclr. GU!J.~tP11xô~ Õ'tt 11 xcxÃxij acpcxtpcx acpcxtpci tcrtt\1
iXet'\ITj\1 8t 1t0t&L. 'ti> yclr.p 'tÓ8t 'tt 1t0tEL\I ix 'tOÜ Ó'Àwt; Ú1tOXEt·
!J.É.You 't68t n xotetv icrt(v (Àf.yw 8' l$'tt 'ti>v XcxÀxi>v cnpoyyú·
Àov :otetv icrtl.v oú 'tO cnpoyyúÀov +i 't1jv acpcxtpcxv xotetv &ll'
Kup6v 'tt, otov 'tO dôoç 'tOÜ'to iv &llct>· d yclr.p xotet, lx
1033 ~ 'ttYor; &v xoto('Jl &llou, 'tOÜ'to yclr.p Õ1t€xtt'tO" o{ov :otet XcxÀ·
xijv acpcxtpcxv, 'tOÜ'tO 8t OÚ'tWÇ lS'tt ix 'tOu8(, Õ icrtt XCXÀx6r;,

----------------------&~--~·-~·~ ............ ~ ·--


METAFiSICA..Z 7/8. 1033 a IJ · b 2 3 I7

alguma figura no bronze ou a pri\'ação da forma ele C<lsa no má r-


mor<' c na madeira - , p<lrccc que o processo de geração parte
dessas matérias, assim como, no exemplo dado acima, o sadio 15
gera-se do enfermo. Por isso, como naquele caso o objeto não é
denominado por aquilo de que pron~m. também nesse caso a
estátua não é chamada madeira, mas designada com o adjetivo
derivado: isto é, lcnhosa c não lenho ou, ainda, bn)nzea c não
bronze, marmórea c não m;ínnore, c a c·asa será dita marmórea,
não mármore. De fato, considerando tudo isso mais profunda-
mente, não se pode dizer em sentido absoluto nem que a estátua
dcrivt: d<l madeira, nem que a casa derive do mármore, porque 20
a matéria da qual <ligo deriva deve transformar-se c não perma-
necer como era. Por isso nos exprimimos desse modo:<).

8. [Caráter ingênito da matéria e da forma como co11diç6es


estruturais dCJ devir/ 1
O que se gera gera-se por obra de <ligo (c com isso entendo
o princípio agente {hl gcn1çào), c provém de algo (que n5o é a
privação, mas a matéria; de fato, j<í explicamos acima de que 25
modo deve-se entender issoF <.:torna-se algo (ou uma esfera, ou
um círculo ou quak1ucr outra coisa). Ora, como niio :>C produz
o substrato, por exemplo, o bronze, também não se produz a
esfera', a não ser acidentahncntc: porquanto se produ;r. a esfera
de bronze c a csf<.:ra de bronze é uma esfera. Produzir algo deter- 30
minado significa extrair algo dctenninado do que é substrato no
sentido exato do tcrmo· 1• Por exemplo, tornar o bronze redondo ·
não signi6ea produzir o redondo nem a esfera, mH:.; significa algo
diverso: ou seja, realizar esta forma em outro'; de fato, se também
a forma se produ;<.isse, produzir-se-ia a partir de alguma outra
coisa (como, efetivamente, estabelecemos acima)('. Vejamos, por
exemplo, o caso da produção de uma esfera de bronze; pois bem,
isso ocorre do seguinte modo: de algo que é bronze produz-se 1033~
outra coisa que é uma esfera. E se também se produzisse a pró-

--·
31B TUN META TA <!>YY.li<A Z

'tOOt 1tO"Í, Õ tcrtt atptí't.pot) · d OÚ\1 XOtL 'tOÜ'tO 1tO~i' otÔ'r6, STjÀo\1
&n ~aotÚ't<a>t; 1tOt1}cnt, xoct ~otStoüvtott otl yt\lfattt; dç cX'Ittt·
!I po\1. cpot\lep0\1 cipot Ó'tt [oM~J 'tO tlaoç, fl O'ttSTj?tO'tt XPTi xocÀti'\1
"""' t\1 't<'t) otlaflT)'t<i) !J.Opcp1}\l, oõ y(yvt'tott, oM' ecrtt\1 CXU'tOÜ yf.\lt·
att;, oô8~ 'tÕ 't( ~ tf\lott ('toÜ'tO yá:p mt\1 3 tY ciÀÀ~ y("'(Vt'tott
fl Ú1tO ÚX"TJt; +i wo cpúawç i\ awát!J.e<a>ç). 'to a~ XotÀxTj\1
acpot!potY tfYott 'ltO"L" 'ltO~i' yàtp tX XCXÀxOÜ XOCL acpot(potç
to dç 'tOSt yàp 'tÕ elaoç ?totet, xoci. lcrtt 'tOÜ'tO acpottpcx XotÀxTj.
'tOÜ S~ acpot(p~ tfYott ÕÀ<a>t; tt f:crtott yf.\ltatt;, lx 'ttYOt; 'tt lcrtott.
&ijatt yckp Stott.pt'tOY t!\lott cXtt 'tO ytyv6!J.tYOY, xal t!\lott 'tO
!Ll" 't68t <to a~ <t6St, Àéy<a> 8' Õ'tt 'to jd" ÜÀTJ" 'to Se elaoç.
d &rj la'tt acpot!pot 'tÕ &x 'tOÜ 11taou axií!LCX t'ao\1, 'toÚ'tOu 'tÕ !J.t"
u '" cr> lcrtott 8 'ltotet, -ro 8' &" &xd"~· 'to Se lí'ltot\1 'to yeyov6ç,
o[oy ij xotÃxTj acpottpcx. cpot\ltp0\1 ST) lx 't(Ã)Y e.lpT)!J.é"w" Ó'tt
'tÕ !L~" ~t; elaoç i\ oõaCot Àey6!J.tYO\I ou yCyvt'tott, ij S~ GÚ\IoÀoç
ij XOCU 'totÚ'tT)Y Àeyo!J.f.\IT) yt"'(Vt'totL, XOCL a'tt t\1 'ltotvtt 'tc'i)
ytW(a)!J.f.~ 6À T) lYtcrtt, Xotl lcrtt 'tO !L~" 't68t 'tO se. 't68e. - 1t6'tt-
20 po" oÚY lcrtt 'ttt; acpot!pot 1tcxpàt 'tá:a8e i\ olxCot 'ltotpck 'tcXt; ?tÀ(.,.
Oouç; i\ oõS' cXY 1tOU ty(yve'to, el oÜ't<a>t; ~"• "t68e 'tt, ciÀÀck 'tO
'tOt6Y8e GT)!J.CX'""· 't68e SE. Xott wptG!J.É\10\1 oux lcrtt\1, cXÃÀàc 'ltOtt!
xocl yew~ &x <toü8e 'tot6Y8e, xoci. Õ'tcx\1 yt\1\/T)Ofj, lcrtt "t68e
wt6Y&; 'tO 8~ Cl'ltot\1 't6ae, KcxÀÀ(cxç fl I:<a>xpCÍ'tT)t;, tcrtL\1 WG'Ittp
:n ij acpcx!pot ij XotÀxTj ija(, ó a• ci.,,pw1tot; xoct 'tO ~ci>ov wa1ttp
acpcxi'pcx XcxÀxii ÕÀwç. cpotvtp0\1 cipot Õ'tt ij <t<i)" daw" cxhEot,
M€TAFÍSI::A, Z 8, 1033 b 3 • 26 319

pria forma 7, é evidente que se deveria produzir da mesma manei-


ra\ e os processos de geração iriam ao infinito. Portanto, é claro·
que a forma - ou qualquer que seja a denominação dada à 5
forma imanente ao sensível- não advém, e que dela não existe
geração, c o mesmo se diga da essência''; de fato, esta é o que se
realiza em outro ou por obra da arte ou por obra da natureza ou
por obra de alguma faculdade. O que se pode produzir é a esfe-
ra-de-bronze: c da é produzida a partir do bronze c da forma de
esfera; mais precisamente: a forma rcnliza-se nesse bronze c o 10
que daí resulta é a esfcra-de-bronz.c. Se, ao contrário, houvesse
geração também da essência da esfera em geral, ela deveria deri-
var de algllma outra coisa; de fato, o que se gera deve sempre ser
divisível: deve ser em parte isso c em parte aquilo, ou seja: em
parte matéria c em p<lrtc forma. E se a esfera é a figur<J que tem
todos os pontos cqüidistantcs do centro, então é preciso distin-
guir nela, por um le~do, aquilo em que se encontra o que se pro- 15
duz, por outro lado, aquilo que nele se produz, c o todo scr<Í
<~<Juílo que se produziu, como no Celso da esfera de brol17..C 111 •
Portanto o que se chama forma ou substância não se gera 11 ; o
que se gera é o sínolo, denominado a partir da forma; c também
fica claro que em tudo o que é ger<Kio está presente a matéria,
sendo que, por um aspecto, o que é gerado é matéria, por outro,
é forma.
Mas, entiio, deve-se talvez admitir que existe uma Esfera 20
além das sensíveis, ou uma Casa além das de tijolos? 12 Não, (a}
porque, se fosse assim, essas Formas nunca se teriam tornado
algo dcterminado 11 . (b) Elas indicam, sobretudo, a espécie de algo
c n~o são algo particular c detcnninado 14 ; mas quem produz ex-
trai de algo particuhu uma outra coisa de determinada espécie,
c, uma vez produzída, é algo particular de dctcrmiuad<J espé-
cie, de modo que todo ser particular, por exemplo C<ilias ou
Sckratcs, é como esta esfera de bronze particular (na mcc.lida
em que "homem" ou "animal" é como "esfera de bronze" toma- 25
do universalmente). t:ntilo é evidente que a causalidade que al-
guns filósofos costumam atribuir a essas Formas, se tais reali-
dades subsistem fora dos indivíduos, não tcr<í nenhuma utilida-
de para explicar os processos de geração c para explicar as subs-
320 TUN META TA <DYIIKA Z

~ç dw9cxG( <twEÇ Ã&rtw <tci &i1)1J, d lG"ttv &'t'tcx 1tcxpci <tci xcx9'
lxcxG'tcx, 1tp6c; rt <tciç rtvtG&l.Ç xcxl <tciç oÕG(cxt; oõ9f.v XPTJG4J.Tl'
ou8' &v &[&v 8~ci re. 'tCXÜ'tCX oÔcJÍcx~ xcx9' CXÚ't<Íç. l1tl !J.EV 81)
Jo 't~Y(Uv xcxt cpcxvtpàv Õ<tt <to rtwwv <tmoü-tov !J.f.v o!ov 'tO rtww·
IJ.&Vov, oõ IJ.ÉV'to~ <to cxÕ<tó yt, oõ8f. &v <te\> lipt91J.c'\> liÃ.Àci <téi)
&i1)tt, olov lv 'tO~ <pUG~orc; - &v9pt.>1tOÇ rei{> civ9pw1tOV rtw~ -
&v IJ.~ 'tt 1tcxpdt cpúcnv rfVTj'tcxt, ofov Í:1t1tot; ~!J.(ovov (xcxt
'tCXÜ'tCX 8t ÓIJ.o(c.)ç õ rei{> &v XOt\IOV &!Tj lcp, L1t1t0U xcxi. õvou
10)4" oÔx 6>vÓ!J.CXG'tCXt, 'tO l"Y"'Y'Ú'tcx'tCX r&voç, d'TJ 8' &v lí~J.<pw iawt;,
olov ~!J.(ovoc;) · WG't& cpcxvtpov Õ<tt oõ9f.v 8tt ~c; 1tcxpci8t~r!J.CX tr8oc;
XCX'tCXCJX&ÚCX~&tV (!J.«ÂLG'tCX rdtp &v lv 'tOÚ'tOtÇ l1tt~Tj'tOÜ\I'tO'
oÔGCcxt rcip ex{ !J.CÍÀtG'tCX CXÚ't<Xt) fiÀÀci lxcxvOv 'tO rtwwv 1tOtij·
' Gcxt xcxt 'tOÜ t~ouc; cx!<ttov tlvcxt lv 'tij ÜÀ'{I. 'tO 8' cbtcxv ~81},
'tO 'tOt6v8t tr8oc; lv <tcxta8& 'tCX~ acxpÇt xcxt ÕG'totç, KcxÀÀ(cxç
xcxt .l;wxp<Í'tT)ç xcxl tnpov !J.EV 8tci 'tijv iíl.Tjv (É<tÉpcx rcip),
'tcxO'tO 8f. <te\> ti1)&t ( &<tOIJ.OV rei{> 'tO tr8oc;).

9
'A1t0p~G&t& 8, &v 'tlÇ 8tci 't( 'tcX !J.EV r("Y"'t'tCXL xcxt 'tÉXV'{I
to xcxl li1to 'tCXÔ'to!J.CÍ<tou, olov úr(&tcx, 'tcX 8' oü, olov olx(cx. cxi'<ttov
8f. Õ't\ 'tOOV fdv ~ ÜÀT) ~ cXp)(OUGCX 'tiic; rtvtCJtWÇ lv 'tc'\) 1tOtE.ÍV
xcxl rtrvta9cx( 'tt <twv !i1to <tÉXVTJt;, lv ij Ú'ltCÍpXtt 'tt !J.Époç
'tOÜ 1tp&.r!J.CX'tOÇ, - ~ !J.tV 'tOI.OtÚ'tTj lG'ttV ofcx Xt\IE.tG9cxt Ó<p' cxutijç
I METAfÍSICA, Z8/9, I 037 b2i · 1008 a I 61 321

tâncias; c também é evidente 'luc, por essas razões, elas tam-


bém não poderão ser 5ubstâncias por si subsistcntcs 1;. (c) Ade-
mais, em alguns casos também é evidente que o gerador tem 30
a mesma forma do gerado, porém nem é idêntico c nem o mes-
mo numericamente, mas só especificamente; assim ocorre, por
exemplo, nas realidades naturais: é sempre um homem que gera
um homem. (Constitui uma exceção a geração contn1 a natu-
reza: por exemplo, o caso do cavalo que gera o mulo. !\-Ias tam-
bém aqui o processo é semelhante: à geração poderia ocorrer
por obra de algo comum entre o cavalo c o asno, ou seja, um
gênero próximo a ambos, que não tem nome, intermediário 1034·'
entre os dois c, talvez, semelhante ao mulo.j Por conseqüência,
é evidente que não se deve pôr as formas como paradigma (de
fato, sobretudo nos seres naturais seriam exigidas, porque os
seres naturais :são substância por excelência), mas é suficiente
que o ser gerador aja c que scj<J causa d<l realização da forma
na matéria 1 ~. O qtlc r<:sulta, enfim, é uma forma ele determinada · 5
espécie realizada nessas carnes c ossos: por exemplo Cálias c
Sócrates; c ele:; são diferentes pela matéria (ela é diversa nos
diversos indivíduos) F, mas sflo idêntico~ pela forma (a forma,
de fato, é indi\·isívcl) 1 ~.

9. {Conclusdo da uncílise do derir e das rela~·ôe:; entre a


e.s.~êncía e o devi r] 1

Poder-se-ia perguntar por que algumas coisas se geram seja


por arte seja espontaneamente, como por exemplo a saúde, en-
quanto outras só pela arte, como a casa. Isso ocorre porque, no to
primeiro caso, a matéria que cst<í na base para a geração c para
a produção do que se gcr<l pc.:la arte c que já constitui uma parte
da coisa prodw~ida, pode mover-se por si mesma 2, enquanto no
segundo caso não. E ainda, no primeiro caso, existe matéri<J que
pode mover-se a si mesma de determinado modo, c existe outra
incapaz disso: muitas coisas são capazes de mover-se por si, mas 15
não ele determinado modo: por exemplo, não são capazes de
3?.2 TON M5.T.A TA <DYIIKA 2

~ 8' oü, xocl. 'tOCÚ'tTJÇ ~ J.Alv 6>81. otoc n ~ 8~ &:8úvoc"toç 11:ollà


u yàtp 8uvoc1:àt J.Alv órp' ocó"t6lv xtvr.ta6oct ciÃÀ' oux 6>8(, otov
opxf)aoca8oct. lSaw\1 OÕ\1 'tOLOCÚ't'rl ~ ÜÀ7j, o{ov o{ ).(9ot, &:aúvoc-
't0\1 w8i. xtY7)9Yjvoct d ILfl w' &ÀÀou, 6>31. fLtV't'Ot voe{- xoci. 'tO
mip. 81& 1:oiito 1:Õt J,Alv oux ta"tOCt !vr.u 1:oü lxovwç "tTjv "ttXVTJV
'tOt 8t la"tOCL' Ó11:0 yàtp 'tOÚ'tW\1 XLV7)9f)ar."tOCt "t6l\l oUX lx6V't'W\I
20 "tTjv "ttxVTJV, xtvr.ta8oct 8~ 8uvocfL&vwv ocu"t6l\l lin:' !llwv
oux lx6V"twv "tTjv 'ttXVTJV i) lx fLÍpouç. 8YjÀov 8' lx 1:wv
dp7)fLé\I(J)v xoc!. Õ'tt 1:p61tov 'tt\/Õt 1tcXv'tOC y(yvr."toct lÇ ÓfLWVÚfLOU,
WCJmp 'tOt rpúar.t, i) U fLt(JOUÇ ÓfLW\/ÚfLOU (O!o\/ ~ OUc(OC lÇ
olx(ocç, ~ Ú1to voü· ~ yàtp 'ttXV"l 1:0 r.laoç) [i) lx fLÍpouç] i)
2' &xovt~ 'tt fLÍpoç, -l!lv !LTi xoc"tcl auiL~r.l37lxõç rll\171'toct • 1:0
rcJP OCL'ti.0\1 'tOÜ 1tOtr.!v 1tp6l1:ov xoc9' ocÕ'to fLtpoç. 9&pfL6't'rlç yclp
~ t\1 "t'Õ XLvTJO'&L 9&pfL6't'rl't0C lv 't~ a6>fLOC'tL l1t0(7jat\l' ocf$'t71
8t la't'L\1 ii úyCr.toe ii fLtpoç, i) cixoÀou9r.t ocÕ"t'Õ fLtpoç 'tt 't'Yjç
óytdocç i) ocõ"tTj ~ óy(&toc· 8to xocl. Àíyr."toct 1tOtr.tv, Õ'tt lxr.tvo
lO 1tOtti' ["tTjv úyCr.tocv] ~ cixoÀou9&i' xocl auiL~t~'ljX& [9r.pf!.b't'rlç]. wan,
Cl<rn&p lv 1:o!ç auÀÀoytafLOTç, 11:mwv cipxfl ~ oúaloc· lx yclp
't'OÜ n la"tt\1 o{ auÀÀOYLCJ!LO( daL\1 1 lV"tOCü9oc 8~ oc[ yr.vfa&LÇ.
ÓfLo{wç 8~ xocl. 1:àt rpúar.t auvta"táfL& voc "tOÚ'totç lxr.t. 1:0 IL~"'
rcXP <rntpfLOC 1tOL&Í C><rntp 'tOt ci1to 'ttXVTJÇ (tXf.t yclp 8uvá-
10J4 • fL&t 1:0 r.laoç, xoct cirp' oõ 1:0 <rntpfLOC, lan 1twç ó~wfLOv - ou
yàtp 1t!iV'toc oÜ"tw 8tt ~71ntv wç lÇ civ8~1tou Civ8pw11:oç xoct

..... -~-<4~·~·
MeTAFÍSICA. Z 9. 103.4 a lA · b 2 323

dançar. Portanto, todas as coisas que têm uma matéria desse tipo,
como as pedras, não podem mover-se de determinado modo; e
assim também o fogo~. Por essa razão, algumas coisas não pode-
rão existir sem a intervenção do artista•, enquanto outras po-
derão existir inclusive sem essa intervcnção5• Estas últimas pode-
rão ser movidas por agentes que não possuem arte, mas podem 20
eles mesmos ser movidos por outros agentes que não possuem
a arte, ou por um movimento causado por uma parte já existente
na coisa produzida~>.
A partir do que dissemos fica claro que, em certo sentido,
tudo o que é produzido pela arte é produzido por outra coisa
que tem o mesmo nome, assim como são produzidas as coisas que
se geram por natureza: ou por uma parte dessa coisa que tem o
mesmo nome (por exemplo, a casa provém da casa que está na
mente do artífice: de fato, a arte de construir é a forma), ou de
alguma coisa que contém uma parte dcla 7 (a não ser que se trate 25
ele geração por acidente)·\ De fato, a causa da produção é parte
primeira e csscncia1'1• Com efeito, o calor existente no movimento
produz calor no corpo; c o calor existente no corpo ou é saúde
ou parte dela, ou do calor decorre imediatamente uma parte da
saúde ou a própria saúde. Também por isso diz-se que o calor
produz a saúde, enquanto o que produz a saúde traz consigo ou
se segue ao calor. Assim como nos silogismos, o princípio de
Iodos os processos de geração é a substância 111 ; de fato, os silogis- 30
mos derivam da essência e dessa derivam também as gcraçõcs 11 •
E as coisas constituídas pela naturcz<l comportam-se de mo-
do semelhante às produzidas pela arte. A semente opera de modo
semelhante ao artífice: de fato, ele possui a forma em potência,
c aquilo de que provém a semente possui, de algum modo, o
mesmo nome do gerado; com efeito, não é preciso para todas as 1034•
coisas buscar uma perfeita identidade de nome, como no caso
do homem que se gera de outro homem; pois do homem deriva
também a mulher. Constitui uma exceção o caso em que o gera-
do seja um ser de forma incompleta c, por isso, o muJo não
deriva do mulo. As coisas naturais produzidas espontaneamente,
de modo semelhante às coisas produzidas pela arte, são aquelas

::~11
32.4 TUN META TA C!lYIIKr. Z

"(cXp yuvi) lÇ à:v8p6ç- WJ l.t~ 2tÍ!Pc.>l.tOt t· ~M ~~.t!ovo~ oõx


lÇ 1!~.tL.6vou) • õaoc ôf. à:nõ 'tOCÔ'tOI.t<Íwu wcmep lxer y(-yve-
Jl J. !1!'1 ~, \ • ' • - -__1!. ,
' 'tOtt, uac.>V 'I UAT) tJU\IOt'tOtl XOtt Uql <XU'tT)~ XtV&tovOtt 'tOtU'tT)V
~v x(VT)atv Tjv 'tO cmlp~.toc xwer· ISawv 8~ l.tfl, 't<XÜ'toc &:86-
VOt'tOt y(-yveaOoct &llc.>~ 1t<a>~ Tj lÇ ocÕ'twv. - oô !.t6vov 8& ntpt
'rij~ oõa(~ 6 ÀÓyo~ 871Àot 'tO l.t~ y(-yvtaOoct 'tO &tõ~, à:llcX
1ttpt 1tMc.>V 6~.to{w~ 't<i>V 1tp6>'twv XOt\10~ 6 ÀÓ"(~, oTov 1tOGOÜ
10 1tOtOÜ mt 't<i>v Cíllc.>v XOt'tT)"(Opt<i>v. y(-yve'toct ycip wcmep -/j
xocÀx'ij acpocrpoc à:ll' oõ acpoctpoc oõ8f. xw6ç, xocl t1tl
xocÀxoü, d y(-yve"toct (à:el "(cXp Ser npo61t<ipxtw ~v ÜÀTJV
xoct 'tO dôo~), OÚ'tc.>~ xoct e1tt 'tOÜ 't( mt xoc\ t1tl 'tOÜ 1tOt0Ü xocl
1tOaOÜ XOCL 't<i>V CíÀÀwv Ó!.tOLW~ XOt'tT)"(Opt<i>v· oÕ "(cXp "(Í'Y'Jf.'tOtt
" 'tO 1totàv à:llcX 'tO notov ÇúÀov, oô8t 'tÔ noaôv à:llcX 'tO no·
G0\1 ÇúÀ0\1 Tj ~<'i)OV. &).).' t8tOV 't'ij~ OUat~ tx 'tOÚ'tWV ÀOt~f.r\1
iO'nv Õ'tt à:vocyxocrov 1tpOÜ1tcXpX&tv i.dpocv oõa(ocv t\l't&À&Xdqt
oõaocv ~ nottt, o!ov ~<i)ov d y(-yv&'tOtt ~<i)ov· 1tOtôv ô' il 1toaov
OÚX à:vcX"(XTJ à;).).' Tj 8UvcX1.tf.t l.tÓVOV.

10
2e1 'E1td ôf. 6 6pta~.to~ Àóy~ l<J't(, 1tat; 8f. Àóy~ ~TI lxtt,
w~ 8f. ó À6yo~ 1tp0~ 'tO 1tpay~.toc. XOtt 'tÔ l.tÉPO~ 'tOÜ À6you 1tp0~
'tO !ÚPO~ 'tOÜ 1tpcX"(I.tOt'tO~ 6~.to((l)~ ÍX&t, à:1top&t'tatt "1811 1tÓnpov
8&t 'tÕv 'tci>V l.t&pwv À6yov eW1t<ÍPX&W lv 't4) 'tOÜ l)).ou ÀÓ"(~
Tj oG. l1t' lv(wv l.t~V "(cXp cpoc(vO\I'toct lvÓV'tEÇ lv(wv 8' oG. 'tOÜ ~.tf.v
2S "(cXp XÚxÀOU 6 À6"(~ OÕx tXf.t 'tOV 'tci>V 'tl.tTJI.tcX'tWV, 6 8E. 't'ij~

~------------~-
METAfiS:CA. 1\ 9/l O, I03~ b 5 · 26 325

cuja matéria pode se dar também por si mesma o movimento 5


desencadeado pela scmentc 12 • Os seres desprovidos de uma
matéria capa% disso, não podem ser gerados de outro modo a
não ser pelas suas causas naturais~'.
l'vlas não s<> a propósito da substância o raciocínio mostra
que a forma não se gera, mas o mesmo raciocínio v<:~lc também
para as coisas que são primeiras, ou seja, para a quantidade, a
l[Ualidatle c todas as outras catcgoriasH. De fato, como se gera a to
esfera de bronze, c não a esfera c nem o bronze (c o mesmo vale
do bronze, caso ele seja gerado: a matéria c a forma ck:vem sempre
prcexistir), o mesmo se deve dizer da csscncia, da qualidade, da
quantidade c de todas :.1s outras categorias de maneira semelhan-
te. Com efeito, não se gera a qualidade, mas a madeira provida de
determinada qualidade, nem se gera a quantidade, mas a madeira 15
ou um animal que tem cerb1 quantidade. E a partir dessas consi-
derações pode-se compreender uma peculiaridade da substância:
na geração da substância é necessário que preexista sempre outra
substância jé1 em ato; por exemplo, quando se gera um animal é
necessário que exista outro animal cm ato, enquanto para a qua-
lidade c para a <.Juanticlr~dc isso não é ncc.:cssúrio; basta que das
prccxistam só em potência 1;.

10. [i\ definição e as parte.~ da cle{iniçcio e suas relaç6el> com


a forma e as partes da forma.f 1
(I) Dado que a definição é uma noção 2 c que toda noção 20
tem partes c, por outro lado, dado que a noção, rela-
tivmncntc à coisa, tem as mesmas relações que suas
partes têm com relação <h partes da coisa, põe-se o pro-
blernél de saber se é neccss<írio que a noção das pmtes
esteja presente na noção do todo ou não. Em alguns
casos parece que as noções d<:~s partes estão presentes,
em outros c<:~sos não: de fato, ~~ noção elo círculo não
contém a elos ~cgmcntos, enquanto a da sílaba eon- 25
tém a dos elementos; por outro lado, o círculo se di-
vide nos segmentos, assim como a sílaba se divide nos
clemcntos 3•

- -~·-_j·-----!:......;:.;:::.:.::.:::. ____
326 T.QN META TA <»YIIKA Z

auÀ~i'jç lX&L 't.W 'toov cnotxtCwv· m('tot 8LOttptT'ttXt ml 6


XÚxÀoç dç -aX 't!J.flf.LtX'ttX &)omp ml ~ ouÀÀtX~ dç 'til crtOt·
xtttX. l'tt 8e d 7tp6'ttptX 'tli f.LtP"l 'toü o?.oo, 't'ijç 8& op&ijç ~
~&Toe !J.tpoç XtXt ó MxwÀoç "toü C~ou, 7tp6'ttpov &v e.\"1 ~ ~&Toe
JO 't'ijç õp9ijç XtXL ó MxwÀoç 'tOÜ cbOpW?tou. 8ox&! 8' lxt!VtX t!VtXt
7tpÓ't&fXX • 'tcl) Àó-y(t) -yllp Àt'YOY't'tXt le
lxdvwv, xatl 'tcl) tivtXt
8& !vtu rll.ÀflÀwv 7tpÓ'ttptX. -fi 7tOÀÀtXX(i)ç Àt-y&'ttXL 'tO !J.Lpoç,
wv t'fç !J.tll 'tpÓ7toç 'tO (.L&'tpoüv XOC'tll W 7t00"6v- à:llll 'tOÚ'tO
~ti-v ~&ta9w· ~ c:>v 8e ~ oõa(oc ~ç. f.L&pwv, 'tOÜ'to ax&'lt'ttov.
lOJS• e.l OÚV lcnt W (.Ltll 6À"l 'tÕ 8! tlooç 'tÕ 8' lx 'tOÚ'tWV, XtXL
oua(oc ~ 'tt ÜÀ"l xcd 'tO d8oç xai. 'tO lx 'tOÚ'tWV, ta"tt (.Ltll WÇ
ml ~ 6À"l ~tépoç 'ttvoç Àtytmt, lcnt 8' wç oü, &:ll' lÇ wv
Ó 'tOÜ d8ouç Àóyoç. otov 't'ijç (.Ltll XOI.ÀÓ't1)'tOÇ OUX tcnt (J.époÇ
.s ~ a«pe (ocim) yllp ~ ú?."l lql' ~ç yCyvt'ttXt), 't'ijç 8& at(.L6-
't"l'toç JLLpoç mt 'tOÜ (.LtV ouv6Àou &:v8pt4v'toç JLLpoç 6 xtXÃ-
xoç 'tOÜ 8' ~ç &i'Bouç Àe.yoJLLvou cbaptiÍV'toç oü (Àtxúov -ylip
'tO tlaoç xcxl li d&ç lx&t lX«CTtov, 'tO 8' ÓÀtxÕv oõ8&'1to't&
xcx9' tXÓ'to ÀtX'ttov)- Bto ó (.L!v "toü xúxÀoo Àó-yoç oõx lxtt
10 'tÕv 'toov 'tf.L"lf.LIÍ'twv, ó 8t 't'ijç ouÀÀoc~i'jç i'Xtt 't!W 'twv cnotx&Cwv·
'til !J.tll yllp a"tOLX&!tX 'tOÜ À6you !J.tp11 'tOÜ &i'Bouç X«L OUX ÜÀ"l,
'til 8e 't!J.'ÍJf.L<X'ttX ofhwç f.LtP"' ~ç ÜÀ"l lql' ~ç l'ltt-ytyvt'tat·
l'Y'Y1J'ttPW (.Ltll'tOL 'tOÜ e.i'Bouç fi ó xwoç MOCV lv xwcl) ~
cnpo-y-yuÀÓ't'r)ç lntV7J'ttXL. mt 8' ~Ç oô8t 'til a"tOLXt!tX 'ltiÍV'tOC
u 't'ijç oulltX~i'jç lv 'têi.l ÀÓ'Y(t) lvtcntXt, otov "ttX8l 'til xijptv«X
fi 'til lv 'tcl) &:épt • 1!8"1 y&p ml 'ttXÜ'ttX (.Ltpoç 't'ijç ouÀÀa-

- - - - - - - - - - - - - - - 't . . . .l <!!! rM::l!II'-I!:!:"~~II!!Bia!!IB!&.-


I
METAFiSlCA, Z 10, 1034b26-1035o 181 327

(2) Ademais, se as partes são anteriores ao todo, dado que


o ângulo agudo é uma parte do ângulo reto e o dedo é
uma parte do animal, o ângulo agudo deveria ser anterior
ao reto c o dedo anterior ao homem. Ao contrário, parece 30
guc o ângulo reto c o homem são anteriores relativamente
a suas partes: anteriores pela noção, porque estas são defi-
nidas em hmção d<tquclcs, c anteriores também pelo ~Jto
de subsistirem independentemente de suas p<Htes-1.
(3) Mas o tcnno parte tem diversos significados c um deles
indica a unidade de medida segundo <1 quantidade~: esse
significado, porém, deve ser dcix<Jdo de ladd·, c elevemos
tratar das parte~; constitutivas da substância. J<:ntão, se cxis- 1035-'
te a matéria, a fonmt c o conjunto de matéria c forma, c se
suhstâm:ia é a matéria c a forma c o conjunto de matéria c
fom1a, deve ha\'er casos em que também a matéria deve ser
considerada parte das coisas c outros casos em que não pode
ser (.·onsidcrada desse modo, nos quais só os elementos com-
titutivos da noção da forma' são partes. Por exemplo, a car-
ne não é parte do côncavo, JX>rquc ela é a matéria na qual
a concavidade se produz, mas é parte do nariz achatado. 5
!\.~sim a matéria é parte também da estátua, considerada
como composto concreto de bronze; mas não é parte da
estátua considerada c.:omo pura forma. De fato, deve-se
designar a forma c cada coisa naquilo CJUC tem de fom1a c
não se deve nunca exprimir o aspecto materi<1l da coisa em
si c por six. É por isso que a noção do círculo não contém a
noção das partes, enquanto a noção da sílaba contém a das 10
letras: de fato, estas são partes constitutivas da noção da
forma e não são matéria, enquanto os segmentos de reta
são partes materiais nos quais se realiza a fomm; c isso é
verdade mesmo que estes sejam mais próximos da forma
do que o bronze, quando, por exemplo, o círculo se realiza
no bronzeY. E em certo sentido nem mesmo as letras da
sílaba estão presentes na noção: por exemplo, estas letras 15
particulares escritas na cera ou estes sons emitidos no ar:
também estes, na verdade, são partes da sílaba, mas como
matéria sensível 10• E de hlto, se a ret<'l, dividida, se reduz à
semi-reta, ou se o homem, dividido, se reduz a ossos c ner-
vos c carne, daí não se segue que estes sejam partes da subs-

,..~,...'>····-- ...... -
328 TQN META TA <DYIIKA Z

-~~ 6>~ ÜÀ1') ~la81')'t"Íj. xrtl. ycip ~ ypot(J.(J.fJ oõx d a~~tpou·


fÚ'YTJ &~ 'tcX ~(J.Í<rtj cp9s.{pt't~~. i\ o
civ8pw7to~ el~ 'tcX OCJ't'&
~t V&Üp« x~l a&.p~, 8~cX 'tOÜ'tO X~t datv lx 'tMWV o\hw~
20 6>~ ÕV'twv 'rij~ oõa{~~ (J.tpwv, &,).). ' ch~ lÇ ÜÀ1')~, x~l 1:oü fdv
auv6Àou !J.lp1'), 'tOÜ d'8o~ 8t ~t OÚ OÀÓyo~ ouxé1:~· 8tÓ1ttp ou8'
ev 'tOt~ ÀÓ"'(OL~. 'têi'> (J.tV OÚV evéCJ't'~t Ó 'tWV 'tOtOÚ'tWV (J.&pWV
À6yo~, 1:~ 8' oõ 8s.'i' lvs.!vcxt, &v (J.TJ 'fí 1:00 auvti.ÀTj!J.(J.tvou·
8tcX "'(Otp 'tOÜ'tO lVLOt (J.tV tx 'tOÚ'tWV 6>~ à.pJ\:WV tCJ't'tV &[~ a
25 ~Odpovut, f:vt~ 8& oõx &a-tw. 8a~ (J.tV oõv auvetÀ1')(J.(J.lV~ 1:0
&!8o~ X~t ~ ÜÀ1') tCJ't'(V, oiov 'tO at(J.ÕV i\ O X~Àxoü~ XÚxÀo~,
't~Ü't~ (J.tV ~Odpt't~t &~ 't~U't~ xocl (J.tpo~ ~u1:wv ~ \SÀTI'
õ~ 8& (J.TJ auv&{ÀT)1t"tatt 't'ij ~'U &.ÀÀ<X ávs.u ÜÀTj~, wv oi
ÀÓ"'(ot 'tOU s.t8ou~ (J.ÓVOV, 'tCXÜ'tCX 8' oÕ ~8dpn~t, +} ÕÀw~ Tj
'o oÜ'tot o{hw ys.· WCJ't'' lxdvwv !J.tV ripx~t xocl (J.lpTj 't~Ü't~
1:ou 8& s.i.'8ou~ otks. (J.épTI oün &.pxcxL xcxl 8t<X 'tOÜ'to
~Odpt't~t O 1t'Í)Àtvo~ &.v8p~ s.lç 1t'TjÀOV xocl. ~ ~cxtp~
d~ x~hov ~l o KcxllCcx~ dç aápxrt x~t oCJ't'&, t'tt 8&
o xúxÀoç s.~ 'tcX 't(J.TJ(J.~'t~' tCJ't'L y&.p 'ttÇ ô~ auve{ÀTj1t"t~t 'tij
103S • ÜÀtr Ó(J.WW(J.WÇ "'(cXp Àé"'(t'tCXL xúxÀoç g 't& cX1t'ÀW~ Àt"'(Ó·
(J.&VOÇ x~i. o xrt8' t~O"t~ 8t.àt 'tO (J.TJ s.Ivcxt t8tov ÕVO(J.CX 'tOÍÇ
xrt8' tx~ov. - &Íp7J'tCXL (J.tV ow x~i. vüv 1:0 &.Ã.Tj8íç, 8(J.W~ 8' t'tt
a~écrt'tpov s.r1t'W(J.&V t1t'~vcxlcxl36V'ts.ç. õacx !J.tV ycip 1:ou À6you
5 fÚp1') xocl. &lç a 8LOttpt'i' tCXL o Àóyoç, ~ih~ 7tp6np~ i')
1t'M~ Tj tVt~· Ó 8e 'ti'jç op&rjç ÀÓyo~ oÕ 8t~tpt!'tatt &lç
oÇd~ À6yov, ci).)., (ó) 'rij~ oÇd~ tlç opOi)v· XPfrtcxt yàp o
óptCó(J.t\IOç -cT)v oÇs.r~ 't!í opOtj· "llmwv" yàtp "ópOij~" ~ óÇ&r~.
Ó(J.o{wç 8& xocl ó xúxÀoç xal 1:0 ~(J.txÚxÀtov f:xouatv· 1:0
10 yàp ~(J.LXÚXÀLOV 't~ XÚxÀ~ Op(~&'t~L Mt O 8áxwÀo~ 'téi)
ÕÀ~· "'to" yàtp "'tot6v8t fdpoç &.v8pW7rou" 8<ixwlo~. waO' õa~

(J.ev (J.ip1') ÜÀTI Mt dç a 8LOttps.r't~t chç ú?..TjV, úO"ttpcx·
I METAF!SJCA, z 10, 1035 Q 20. b 14 I 329

Hinci:J 11 , mas só partes materiais; eles são partes do sínolo 1z, 20


mas não da fonna c daquilo a <.JUC se refere a noção; por isso,
elas não entram na noção. Em alguns casos, portanto, a
noç-ão dessas partes est<m1 presente na noção do todo, nou-
tros casos- <.JUando não se trate do composto- não de-
verá estar presente. E é por essa razão que algumas coisas 25
têm como princípios esses cl('mcntos nos quais se redu-
zem, outras, ao contrário, não. Precisamente, todas élS coisas
que ~ão compostas de matéria c de forma, como o nariz
achatado c o círculo ele bronze, se rc·duzem a esses compo-
nCJJtcs c <lmatéria é uma parte deles. Ao contrário, todas as
coisas q uc não são compostas de matéria, mas são priv·,:Kbs
de matéri<l, c cuja 11oção é só m~:;.'io da fonna, não se redu-
zem a elas, ou pelo menos não como aquelas. De modo c1uc
estes só são princípios c partes elos c:ompor-tos de matéria c JO
forma; ela fonm1, ao invés, não existem nem p;utes nem
princípios. F é por isso <.JUC a estátua ele argila se reduz él
argila c a esfera ele bronze ao bronze c Cúlias a carne c ossos,
c o círculo aos segmentos, porque existe um círeulo que é
composto ele matéria; de fato, o termo drculo é equívoco: 1035''
significa tanto o círculo em sentido absoluto como os círcu-
los particulares, porque não existe um nome próprio para
cada um dos círculos particularcs 1'.
(4) Com isso j:í se disse a verdade; todavia, <.JUCremos voltar à
<.JUCstão para esclarecê-la de vcz 14 • i\~ partes que constituem
a nc~;i'io c às quah se reduz a prôpria noção, ou são todas 5
anteriores ou apenas algumas; a noção do Jngulo reto n;jo
se rcdw~ ~ noção do ângulo agudo, ao eontrário, a do ângu-
lo agudo se reduz à do reto. De fato, quem dcfi11e o ângulo
agudo dcve recorrer à noção do ãngulo reto: agudo é, justa-
mente, o ôngulo menor do (jliC o rdo. Idêntica é a relação
em que estão o CÍT<.:ulo c o semicírculo: o semicírculo se
define em função do círculo; c assim o dedo se dcfinc em 10
função do todo: o dedo é det('rminada parte do homem.
Conseqüentemente, as que S<lO partes materiais, e nas quais
a coisa se divide materialmente, s~o JX>stcriorcs; ao contrá-
rio, as que são partes ela forma e da substância considerada
como forma são anteriores ou todas ou algunms 1'. E dado
330 TON META TA <I>YIIKA l

ISaoc St ~ orou Àóyou xcxt 't'ij~ oõcncx~ 't'ij~ xcx-r& 'tÕv Àóyov,
Ttpónpcx 1) Ttá.vtcx 1} l VtiX. t'ltd St ~ -rwv Ccl>wv <J!ux-ft
u (-roiho y&p oõaLIX wü ti'<J!úxou) ~ xcx'tà 't0\1 ÀÓyov oua(cx xcxl
'tO doo~ xott 'tO 'tÍ 1jv e.Tvcxt 'tci> -rot<i>3e. O"W!'IX'tt (biXO"ttv
yoüv 'tO I'Épo~ l<Xv 6p(f;7J't1Xt xotÀooç, oux !ve.u 'toü lpyou 6pte.t-
't1Xt, ô oux Ü'lt&.pÇe.t <ive.u cxla9-ftaw~), &Scn;e. -r& 'tiXÚ'tT)~ I'ÉPTJ
'1tp6npcx 9j 'ltmcx 9j &vtcx wü ouvóÀou ~cl>ou, xcxt xcx9' b!X-
20 O"ttv 81) ól'otw~, 'tO Se awl'oc xcxt 't!X -roótou I'Óptcx ücne.pcx

'tiXÚ't"'K 't'ij~ OUO'~, xott Stcxtpe.t'tiXL e.~ 'tiXU'tiX w~ tlt; ÜÀT)\1


oõx ~ oua(cx ciÀ.ÀcX 'tO aúvoÀov, - 'tOÜ ""'" OU\1 ouVÓÀou 'ltpME.piX
'tcxu't' lO"ttv &t;, lcrtt S' w~ oü (oõa! yclp e.Ivcxt Súv!X'tcxt xwpt·
~ÓI'E.W • oõ y&p ó 'ltá.vt6l~ lx6lv Mx-ruÀo~ ~ct>ou, ill'
2s 61'6>wl'o~ 6 n9ve.6>~) • lvtcx Se tÍ!J.IX, llacx xúptcx xcxl lv c!)
npw't~ 6 Àóyo~ xcxl ~ oúaLIX, oiov e.t 'tOÜ'tO X~XpS(cx i\ lyx!-
q~IXÀoç Stcxq~tpe.t y&p oõ9f.v n6upov 'tOtOÜ'tov. ó S' &v9p6l1COt;
xcxt ó Y'lt'lto~ xcxt -r& o(hw~ lnt 'tW\1 xcx9' lx!Xcn;cx, xcx96Àou Si,
oõx lcn;tv oúaúx ciU& aúvoÀÓv 'tt bc wuSt 'tOÜ Àóyou xcxt 'tT)aSt
JO 'tij~ ÜÀ7Jç Wt; xcx96Àou· xcx9' lxcxcn;ov 8' bc 't'ij~ lax&.'tTI~ ÜÀT)~ ó
1:6lxp&.'tT)~ TiSTJ m(v, XIXt t'ltL 'tW\1 &U(&)\1 Ó!'Ot<u~. -l'lpo~ ""'" oõv
mt xcxt 'tOÜ e.l'8ou~ (e.ta~ St Àty(&) 'tO 'tt 1jv e.Twt) XIXt 'tOÜ ouVÓÀou
wü bc 'tOÜ e.i.'8ou~ xcxt 't'ij~ ÜÀ71~ (xcxt 'tij~ ÜÀT)Q cxú'tij~. cXÀÀiX
'tOU ÀÓyou I'ÉPTJ 'tlX 'tOÜ e.t8ou~ .,Wvov ecn;(v, 6 St Àóyo~ lcn;t 'tOÜ
10J6" xcx96Àou· 'tO y&p xúxÀ~ e.Ivcxt xcxt xúxÀo~ xcxt <J!uxn e.Tvcxt
xcxt <J!uxiJ 'tOI:Ú'tÓ. 'tOU St OUVÓÀou -fiBT), oTov xúxl.ou 'touSt
xcxt 'tW\1 xcx9' lxcxcn;&. 'tt~ 1) cx[aOT)-rou i\ VOTJ'tOu- Àéy6l St VOTJ'tOU~
(Jlv o{ov 'tOU~ I'OI:~IX'ttXOÚ~, cxlG9T)'to~ 8f. o{ov 'tOU~ XOI:ÀxoU~
J xott 'tOu~ Çul..(vou~- -roÚ'tc.l\1 SE. oõx l'cn;tv 6ptO'I'ÓÇ, ill& 1-lE.'tcX
METAFiS:cA, Z 1O, 1035 b 1S • 1036 aS 331

que a alma do animal (que é a substância do ser vivo} é 15


substância formal, isto é, fom1a e essência de determinado
corpo 16 (de fato, se quisermos bem definir cada membro
do animal, não poderemos defini-lo sem sua função, e essa
função não ocorre sem a sensação) 17, conscq i.icn temente,
ou todas ou algumas das partes dela serão anteriores relati-
vamente ao sínolo animal, c o mesmo vale para cada animal
em particular. i\o contrário, o corpo e suas partes são poste- 20
riorcs com relação à substância fomml, c nessas partes ma-
teriais se divide não a substância formal, mas o sínolo. Por-
tanto, em certo sentido, as partes do corpo são anteriores
ao composto 1\ enquanto noutro sentido, não o são, porque
não podem existir separadas do corpo: por exemplo, o dedo
do animal não é tal em qualquer estado que se encontre,
mas se estcí morto só é tal por homonímia 1'J. Algumas partes 25
do corpo, ao contrário, são simultâneas ao composto: tais
são as partes principais c as que constituem o suporte fun-
damental da fonna c da substância, como, talvez, o cor<1ção
c o cérebro: c pouco importa qual das duas seja efetivamen-
te tal211 • O homem c o cavalo considerados em geral, c ou-
tras noções como estas predicadas univcrs<Jimcntc das coi-
sas individuais, não são substâncias, mas compostos de
determinada forma c de dctcnninada matéria considera-
das univcrse~lmentc; ao contrário o homem, considerado 30
como indivíduo particular, por exemplo, Scícratcs, já deve
incluir em si a matéria próxima: o mesmo vale para todos
os outros indivíduos21 •
(5) Existem, portanto, partes da forma (c por forma entendo
a essência}, existem partes do sínolo de matéria c forma c
existem também partes da própria matéria. Todavia, só as
partes da fonna são partes da noção, c a noção é do univer-
sal: de fato a essência do círculo c o círculo, a essência da 1036'
alma e a alma são a mesma coisa. i'vlas não existe definição
do compo~to como, por exemplo, deste círculo ou de um
círculo particular, seja ele sensível ou inteligível (por círculo
inteligível entendo, por exemplo, os círculos matcmátic.:os~ 2 ,
c por círculo sensível entendo, por exemplo, os círculos de 5
bronze ou de madeira). Este~ ~ó são conhecidos mediante
332 TI!N META TA <I>YIIKA Z

vof}aE6>~ ii atla91)ae.w~ ')'%)p(~ov-ratt, &x-e.À06V't~ 8e lx 't'ijç


t'V'te.Àe.xe.Ccxç ou 8TjÀov 'ltÓnpov dalv ii oõx da(v· àÀÀ'
cXeL ÀÍ')'OV'tOtL XOtl. yvwpÍ~OV'tOtt 'tê\) xat06Àou ÀÓ"'f<t>• "Íj 8' ÜÀTJ
cX')'%)CJ'tOÇ xat6' ató't'f!v. ID.. TJ 8t "Íj !J.tv atlaOTJ't'f! lG'ttv "Íj 8f.
to VOTJ't'f!, atla9TJ-d) IJ.EV otov x_cxÀxo~ xocl. ÇúÀov ml. ÕGTJ xtVTJ-d)
ID..Y), VOY)-d) 8& "Íj t\1 'tOLÇ atlaflY)'tOL'ç Ô?tiÍp?(OOOOt 1-111 ~ attCJ9T}'tfi,
otov -rdt IJ.OtOY)IJ.Ot'ttxli. n:wç !J.tV oõv lxe.t n:e.pt ÕÀou ml. IJ.Í·
pouç xcxl. n:e.pl. wü n:po-répou xocl. ÕCJ'tlpou, e.fpY)'tOtt • n:poç 8E. -d)v
tp6>'tTJO'L\I cX\Ifl"'(XTJ cX'ltOt\l'tã\1, MOt\1 'tLÇ tpTJ'tOtt ?tÓ'te.p0\1 "Íj op9ij
1s xcxt ó xúxÀoç xatl -rO ~ê\)ov n:p6npov fJ e.l~ & 8tattpoÜV'tOtt
XOtL lÇ ~\1 ttCJ(, -r& !J.ÉpY), Õ-rt oõx CÍn:Àwç. d !J.t\1 y&p tatt
xatl. "ÍI cjluxT) ~ê\)ov 1} l!J.cjlux_ov, +i txOtCJ't0\1 ~ éx&atou, xocl.
xúxÀoç 'tO XÚXÀ<t> tY\IOtt, XOtl. op911 'tO op9'{i e.t\IOtt XOtL "ÍI
oÕCJÍOt "Íj 't'ijç õp9Yjç, -rl. !J.tV xocl. -rwoç cpat-rlov 6attpov, otov
20 -rwv lv -r~ Àóy<t> xatt 'tt~ õp9Tjç (ml. y&p "ÍI !J.t't& 't'ijç
Ú'ÀTJÇ, 'ÍI xahTj opOTJ, XOtL 'ÍI lv 'tOttÇ "'(pOt!J.IJ.OtLÇ 'tOtt'ç xoc9'
eXOtatat), 'Íj 8' ãve.u ÜÀY)Ç -rwv !J.f.v lv -r~ ÀÓY<t> ÕCJ'tépot -rwv
8' lv -rê\) xat6' txOtatOt IJ.opíwv n:po'tépcx, cin:Àwç 8' ou cpat-réov·
tl 8' i-répcx XOtl. IJ.TJ latt\1 'ÍI <Puxil ~~0\1, XOtL Otrt(r) -r& IJ.E\1
:zs cpcx-réov -rei 8' oõ cpat-réov, &amp e.rpT}'tatt.

11
•An:ope.Í'tOtt ae. e.lxó-rwç XOtt 7tOÍOt 'tOÜ e.~ouç IJ.ÍPTJ XOtt 11
7t0t0t OÜ, cXÀÀcX 'tOÜ CJUVf.LÀTJ!J.IJ.ÍVOU. XOtÍ'tOt 'tOÚ'tOU IJ.11 &/jÀou
I METAFiSICA, Z 10/11. 1036a6·27 333

intuição ou percepção; c quando nào estão mais atualmen-


te presentes à nossa intuição ou percepção, não podemos
saber se existem ou não; todavia eles sempre podem ser
constituídos c definidos em sua noção univcrsal 2'. i\ maté-
ria por si é incognoscível. E existe uma matéria sensível c
uma intcligívcF-1; a sensível é, por exemplo, o bronze ou a 10
madeira ou tudo o que é suscetível de movimento; a inteli-
gível é, ao contrário, a que está presente nos seres sensíveis
mas não cnlJ wm to sensíveis, como os cn tcs ma temáticos2'.
(6) Dissemos, portanto, o estado da l!uestãoa respeito do todo
c a respeito das pnrtcs c acerca de SU<l anterioridade c postc-
rioridack·2r'. Se agora <llguém perguntar se é anterior o ân-
gulo reto, o círculo ou o animal, ou as p;utcs às quais eles
se reduzem c das quais são constituídos, devemos rcspon- 15
der que a questão não tem uma solução :símples27 • Se, de
fato, a <lima é o animal ou o ser vivente, c se a alma de todo
indivíduo é o próprio indivíduo c, ainda, se a essência do
círculo é o próprio círculo, c <1 essência c a substância do ân-
gulo reto é o ângulo reto, então, em certo s<.:ntido c sob l-crto
;1spccto, o conjunto deve ser dito posterior às partes. Por
exemplo, <o ângulo reto particular é posterior> às partes 20
da noçilo c às partes do ângulo reto particular: de fato, um
particuh1r ângulo reto de bronze é posterior às suas partes
lll<Jtcriais c assim também um particular ângulo reto inte-
ligível, que é formado de linhas particulares. O ângulo reto
imatcri<ll, ao contrário, é posterior às partes da noção, mas
anterior às partes pertencentes a um ângulo reto particular;
a questão não pode, portanto, resolver-se de modo simples.
Se, depois, a alma é diferente do animal c não é o animal,
também nesse caso será preciso dizer guc, em certo senti-
do, as partes são anteriores c que, noutro sentido, não o 25
são, como já dísscmos'1 .

11. [Quais são as partes da fomw e quais são as partes do eomposto] 1


Poder-se-ia levantar, c com fundamento, também a seguinte
dificuldade; quais são as partes da forma e que partes não perten-
334 nlN META TA <DYIIKA Z

&noç OÔX (~m.v 6p{a<XG0cxt lxcxcrt0\1" "COÜ "(Otp xcx&óÀou xcxt "CoU
ttSouç 6 6ptGJ.t6Ç' 2t0tcx OU\1 ml 't&>\1 !J.&pW\1 ~ ÜÀT) xe~l 2t0Lcx
)G oG, lc\v ILfl fi cpcxvtpli, oôSe o À6yoç f<rtcxt q~cxve.põç 6 "Coü
~pli"(f.lcx"Coç. &ex ~-t!v ouv cpcx(va"Ccxt lmytyv61J.&Vcx lcp' l"Cl-
p6>v 't~ d'Stt, oiov xúxÀoç lv X«Àxii> xcxt ).(9~ xe~l eú~.
"CcxÜ'tcx ~-ti." ~Àcx t!vcxt Soxti' 8-tt oõS~v 'rijç "CCÜ xúxÀou OÜG!cxç
6 xcxÃxOç oõ8' 6 lCOoç Sr.àt -ro X6>Pct'ta9cxt CXÕ'twv· Õ<Jcx S~
u ILfl 6p«"Ccxt X6>Ptt6~-ttvcx, ou8ev ~-tE.v X6>ÀÚ" 6~-to((J)ç lxe.tv
10)6 • 'tOÚ"COtÇ, ~tp x&\1 al o[ XÚxÀOt ~liV"C&Ç l6>pWV"CO XWOt"
ooSev yàtp &v ~'t"CC\\ ~" 6 xcxÃxoç oôSev "COÜ d'8ouç xcxÃ.mov
Se &:cptÀe.rv "COÜ"Cov "C'!j Stexvo~. otov "CO "CoU &:v9p6l~ou e.l8oç
«tt lv acxp5 cpcx(vt"Ccxt xcxl õo-totç xcxt "COi'ç "COtoÚ"CotÇ ~-tlpe.atv·
s ãp' oõv xcxl tO"'Ct -rcxúu ILttnl -roü etSouç xcxl. "COÜ À6you; ~ ou,
ID' ÜÀTJ, &;).).dt Stàt "Co ILfl xe~t l~' nÃ6>v lmyí"(Ve.GOcxt
&:Suvcx'tOÜIJ.&\1 x(J)p(acxt; l~d SE. "COÜ'tO Soxer !J.t\1 lvSlxeaOcxt
!S,Ãov SE. 2t6"Ct, &:~opoüa( 'ttvaç 7!81) xcxt l~t. "CCÜ xúxÀou xcxt
"CCÜ "Cpty6lvou WÇ OU ~pocrijxov "(pCX!J.j.tCXt'ç 6pct't0'9cxt xcxl. "C~
10 O'IJ\Itxe.r, «Ã.Ààt ~liV'tcx xcxt "CCXÜ'tcx 6~-to((J)ç ).tyE.GOott ~cxvd
alipxe.ç xe~t OO"tii 'tOÜ &:v9p6mou xcxt xcxÃxàç xe~t ).(9oç "COÜ tl\1-
Sptli\l'tOÇ xcxt &:vliyouat ~liV'tcx dç "COUÇ à:pt9~-toúç, xe~t 'YPCXI-t •
IL~ "COv Àóyov 'tOv -rwv Súo t!vcx( q~cxatv. xcxl "C&>v "Càtç
l8tcxç Àty6V"C6>v oi 1-t~" cxõ-rorPIXI-tl-tfl" ~" SuliScx, o[ Se "Co
15 el8oç 'rijç YPCXI-tiLiíç, f:vtcx ~" yàtp e.Ivcxt "CO cxõ"Cà "CO tl8oç
xcxt oõ 'tO t13oç ( oiov SuliScx xcxl "CO el8oç SúcxSoç) , lxt
YPCXI-tiLiiç SE. oõxl-rt. GUIJ.~cx(ve.t 811 lv "C& xoll&>v e.l8oç
t!vcxt ~" ..0 e.l8oç cpcx(vt-rcxt Í"Ctpov (&up xe~t "CO't'ç Ilu9cx-
METAFiSICA. Z 11, IOJ6a28·b 18 335

cem à forma, mas ao composto. E enquanto isso não estiver claro,


não será possível definir as coisas individuais: com efeito, a defini-
ção é do universal e da forma; se, portanto, não ficar bem claro
quais são as partes materiais e quais não, também não ficará claro 30
qual é a noção da coisa 2•
No caso das coisas que vemos realizarem-se em diversos
tipos de matéria como, por exemplo, no caso do círculo que se
realiza tanto no bronze como na pedra ou na madeira, fica claro
que nem o bronze nem a pedra fazem parte da substância do
círculo, porque o círculo pode subsistir independentemente
deles. !'vias nada impede que também as coisas que não se vêem 35
subsistir independentemente <da matéria> se comportem de
modo semelhante às precedentes; assim, digamos, mesmo que I036b
todos os círculos vistos fossem de bronze, o bronze não seria abso-
lutamente uma parte da forma; seria, porém, difícil para nosso
pensamento prescindir dele. Assim, por exemplo, a forma do
homem aparece sempre em carne c ossos c em partes materiais
desse tipo: então, essas partes também são partes da forma c da 5
noção? Ou não o são c, sim, ao contrário, matéria, c como a
forma do homem não se realiza em outros tipos de matéria, não
somos capazes de consíd<.:nu a própria forma independentemente
da matéria'?
Ora, dado que a separação da matéria parece possível, mas
não é claro quando é possível, alguns filósofos 4 levantaram o
problema também a propósito do círculo c do triângulo, conside-
rando errado definir essas figuras por meio de linhas c do contí-
nuo, e sustentando que também elas devem ser consideradas do 10
mesmo modo que a carne c os ossos do homem, o bronze c a
pedra da estátua. Por isso eles reduzem tudo aos números, e
dizem que a noção de línha se reduz à da díadc;. Alguns dos
filósofos defensores das Idéias 6 afirmam que a díade é a linha
em si: outros, ao contrário, afirmam que a díadc é a Forma da
linha, porque em alguns casos existe identidade entre Forma e 15
aquilo de que a Forma é fonna como, por exemplo, no caso da
díadc c da Fom1a de díade, enquanto, no caso da linha não exístc7.
Mas, então, segue-se daí que a Forma de muitas coisas, que pare-
cem claramente ter formas diversas, é única (nessa conseqüência
já tinham incorrido os pitagóricos). E segue-se também que se
336 TQN ME. TA TA 0Y:i1KA Z

ropt(otÇ cruv€~cxtve.v), xcxl lvô€x;t'tcxt iv 7tli'ol't(l)\l 7tOtt'i'v cxô-to


2G tnloç, 'tcX ô' n.Àcx I.LfJ d'8rr xcx('tot oÜ't(I)Ç tv K~ latcxt.

"O'tt fLt\1 oõv lxtt 'tL~ &7top(CX\I 'tci mpt 'touç ópta!J.oÓç, xcxt
ôtci 't(v' cxl'túxv, &rP'J'tCXt · ôtà xcxl 'to 7tli\l'tcx ci\lá.ytw oÜ't(l) xcxt
&cpa:L()t!v -d)v ÜÀT)\1 Ktp(tpyov· lvtcx ycip LG(I)Ç 't6ô' lv 't~Ô'
lattv i'j 6>ôt 'ta:Ôl lx;O\I'tcx. xcxl ~ 7tcxpcx~Àfj ~ tKl 'tOU t~ou,
2:; 7)\1 tlw9tt Àéyttv E(l)xpli'tTiç o v&Wnpoç, oõ xa:Àwç lx;tt ·
&mytt ycip ci1to wu &ÀT)9ouç, xcxt 7tOtt't Ó7toÀcxfL~Iivtw 6>ç
lvÔ&XÓfL&Yov &tvcxt 't0\1 &v8pw1tov &vtu 'twv fL&p{;)v, &la1ttp
&ve.u WU x;a:Àxoü 't0\1 XÓxÀ0\1. 'tÕ Õ' oUX Õ(.LOL0\1" cxla&Tj't0\1
ylip 'tL 'tO t<t>ov, xcxt &\~tu xtvf)Gt(I)Ç oõx ernv op(acxa9cxt, ÔLÕ
)O oõô' &vtu 'tW\1 fL&pW\1 lx;6\l't(l)\l 1twç. oõ ycip 7tli\l't(I)Ç 'tOÜ &v·

9pW1tou !J.ft>oç ~ xdp, &ÀÀ' 7'1 ÔUVCX!J.Í\IT) 'tO epyO\I &7tO't&À&t\l,


&>att l!J.cjluxoç oõacx· 1.11! &!J.cjlux;oç ôe oõ !J.lpoç. 7t&pt ô& 'tcX
!J.CX97lfLCX'tLxcX Ôtci 't( oÕx tlm fLLPTI o{ À6yot 'tW\1 ÀÓy(l)v,
o{ov wu xúxÀou 'tcX ~fLLXÚxÀtcx; oú ylip tatt\1 cxla9Tj'tci 'ta:U'tcx.
)!i Tj oõ9&v Ôtexcpfptt; lcrtcxt ycip ÜÀ71 lv((l)v xcxt fLfJ cxla9Tj'twv·

1oJ7• xcxt 'ltCX\I'tOÇ ycip ú?.71 'ttÇ latt\1 ô I.LfJ lrn 'tt Tjv &!vcxt xcxt
tlaoç a:Õ'to xcx9' cxtito &Ã.Àci 'tÓÔt 'tt. xúxÀou fLt"' oõv oúx
lcrtcxt 'tOÜ xcx96Àou, 'tW\1 Ôt xcx9' lxcxatcx f:atcxt fLtP'J 't«U'tcx,
ooa7ttp trp71'tCXL 7tpÓ't&pov· lrn ycip ÜÀ71 ~ (.Lt\1 a:la9~ ~
' ôf. \IOT)'t'Í). ÔilÀ.O\I ôf. xcxt Õ'tt ~ fLt\1 cpux1J OUGÚX ~ 7tpw'tTj,
'tO ôf. GWIJ.CX ÜÀ71, o ô' &'ol9pw7tOÇ f! 'tO t~O\I 'tO lÇ &!J.cpOt\1
wç xcx96Àou· E(l)xpli'tTjç ôE. xcx~ Kop(axoç, tl !Jlv xcxl ~ cpux:fJ
E(l)xpli'tTiç, ôtmv (ot fLtV ycip wç cjlux1Jv o[ ô' wç 'tà crúvoÀO\I) ,
METAFiS!CA, Z 11, t036b 19· IOJ7 a 8 337

pode afirmar uma única torma como a Forma de todas as formas,


c negar que as outras sejam Formas; mas, desse modo, todas as 20
coisas se reduziriam à unidade~.
Ora, já dissemos que os problemas relativos às defini~:õcs apre-
sentam certa dificuldade c já apontamos as razões~. Portanto, redu-
zir desse modo tudo à fom1a e prescindir da matéria é esforço inútil;
algumas coisas, de fato, são simplesmente uma determinada forma
numa dctcnninada matéria, ou são uma dctcrminach1 matéria de
um determinado modo. t•: a comparação que Sócrates o Jovcm 111
costuma apresentar, referindo-se ao animal, não é correta: ele fato, 25
ela afasta da verdade enquanto indu;r a supor ser possível (jUC o
homem exista sem suas partes materiais, assim como o círculo sem
o bronze . .tvlas não é a mesma coisa: o nnimal é um ser sensível c
não é pmsívc1 defini-lo sem o movimento, portanto, também m1o
é possível defini-lo sem partes organizadas de dctem1inado modo 11 •
30
A mão não é uma parte do homem independente do estado em
que se encontre, mas só se for C<lpat. de desempenhar sua ação,
portanto, ~o.1uando é animada; se, ao contrário, não é animada, não
é mais parte do homcm 12 •
(!<: qu;~nto ;~o~ Entes m;ltcmáticos, por que as noções das
partes não são partes da noção do todo? Por que, por exemplo,
as noções elos semicírculos não são partes da noção ele círculo?
Os scmicíreulos, ele fato, m'io s~o partes materiais. Ou isso não
35
tem importância? Com ctcito, pode haver matéria tamhém de
algumas coi~m; que não são sensíveis: existe matéria de tudo o 1037•
que não é essência c forma considerada em si c por si, mas é algo
determinado. Portanto, esses semicírculos não serão partes do
círculo considerado universalmente, mas serão partes elos círculos
particulares, como dissemos acima'\ existe, ele fato, uma maté-
ria sensível c uma matéria inteligível 14 .)
Ademais, também é evidente que a alma é a substância 5
primeira, o corpo é matéria, e o homem c o animal são o conjunto
de ambos tomados universalmente. Ao contrário, os nomes Só-
crates c Corisco, dado que Sócrates é também a alma ele Sócrates,
têm dois significados: indicam seja a alma seja o conjunto de
alma c corpo; c se com aqueles nomes entende-se simplesmente
338 TUN META TA <I>YY.lKA Z

tl 8' dt1tÀi::J.; Tj ~ux~ ~ôe xoct {1:o} ai::J~J.a 1:68e, wcntep 1:0
xor.96Àou ['te] xcxt 1:0 xcx9' lxcxO""tov. n6npov 8& la'tt 1tcxpci
10
't'flv ÜÀT)\1 'tW\1 'tOtOÚ'tW\1 OUO'tW\1 'ttt; ro1), xcxl 8et ~1)'t&L\I
ouo(cxv Í'ttpcxv 'tt\lcX o{ov ciptOjLoÔ.; ~ 'tt 'tOtOU'tOV, axe'ltÚov
ÜO"ttpov. 'tOÚ'tOt.l jcXp X,áptv xcxt mpi. 'tW\1 cxla01)'ti::JV oucn.i::Jv
'ltttpwjLtOcx 8top(~"", . lnd 1:p6nov 'ttvcX 't'ij.; ~uotxij.; xcxl
1S Ôw'tÍpcx.; ~tÀoa~(cx.; tpjOV Tj mpl 1:ci.; cxla01)'tOct; oua(cxç
OtCalpCcx· ou rdcp 116vov nepi. rlj.; ÜÀ1)t; Ôei' rvwp~tv 1:0v ~u­
atxov ciUdc xor.t 't'ij.; XOt"tcX 1:ov À6j0v, xcxi. 11riÀÀov. t1tt
ô& 1:6lv Ópt011i::Jv 1ti::Jt; 11tP1) 1:ci lv 1:~ À6jctl, xcxl ôtà: 't( e!ç
À6joç ó ÓptajL6.; (ÔijÀov jcXp ~t 1:0 n{J«ji1CX lv, 1:0 ô~
20 1tpcxr11cx 't(vt lv, IJ.ép'F) jt lx,ov;), axt1t'téov iSO"tepov.
T( jdv oõv ml 'tO 't( -ljv e!vcxt xcxl 1tWÇ CXU'tO xcx8'
cxú1:6, xor.86Àou nepl 1tCXV'tOt; efp1)'tCXt, xcxt ôtci 't( 'tWV 11~" ó
À6jot; ó 1:0õ "t( 1jv e!VOtt lx,tt 'tcX jL6ptex 1:oõ ópt~o11lvou 'tWV
8' olJ, XCXL Õ'tt E\1 l1t\l 't~ 't'ij.; OUG(CXÇ À6jctl 'tcX OÜ'tW 116ptex
2'
C:,.; ÜÀ1) oux E\ltO"tCXt- ou8& i~ lO"tt\1 ExttVI"jt; 116ptcx rlj.; oua(cx.;
ciÀÀcX rljt; GUY6Àou, 'tCXÚ't1)t; Ôl j' mt 1tWÇ À6joç XCXL oUX
la-rtv· 11t'tà: 11&v jà:p 't'ij.; ÜÀ1)ç oux tO"t"' (ci6ptG"tov j&p),
xcx1:dc 't'flv 1rp6m)v 8' oôoCcxv lG"ttV, o!ov civOpW'ltou ó rljç ~uxijç
À6joç Tj rckp ouaCcx tO"tl 1:0 e'ffioç 1:o lv6v, lÇ ou xcxi rljç
,. Ô'À1)t; Tj aúvoÀo.; ÀÍjt'tcxt oôa(cx, otov Tj xotÀ6't1)ç (lx rdcp
'tCXÚ't1)Ç xcxl rljç ~tvÕÇ O'tiJ.Ti pi..; xcxl Tj O'tjL6't1}t; tG"t( [ôl.; rdcp
lv 'tMOtÇ ú1t&pÇet Tj ~(.;]) -lv 8E. 'tlj GUV6Àctl oôa~, o!ov ptvl
ati1'Õ Tj KcxU~, lvéO"tCXt xcxl Tj ÜÀ71· xcxi Õ'tt 1:0 't( ~
1on b etvcxt xocl lxcxG"tov t1tL 'ttvwv 11ev 'tcxÕ't6, wcntep l1ri 1:wv npw-
'twv oôotwv, [oiov XCXIJ.7tUÀ6't1)t; xcxt XCXIJ.1tUÀ6't1)'tt e!vcxt, d
1tpw't1) tG"t(v] (ÀÍjW 8& 1tpW't1)\l i'l !LTi ÀÍjt'tCXt 'tcil ciÀÀo lv
cXÀÀctl e!vcxt xcxi Ú1tOXtL11Í"ctl wç ID.:o) • ÕO'cx ôE. ÜÀ1) 1\ w.;

- - - - - - - - - - - - - - - """ ''"-!!!'11!!!!111-11!1!!!1!1-.!111!!!111!111!:1. . ._
METAFis:CA, Z 11, 1037a9-b.4 339

esta alma que possui este corpo, valerá também para o particu-
lO
lar aquilo que se disse do universalH.
Se depois, além da matéria das substâncias desse tipo exis-
te também alguma outra 16, c se além dessas substâncias deve-se
buscar alguma outra ~ubstâneia como, por exemplo, os números
ou algo do gênero, examinaremos adiante 17 • Com efeito, é em
vista disso que tentamos determinar as características das subs-
tâncias sensíveis: de fato, em certo sentido, a pcS{JUÍsa sobre as
substâncias sensíveis pertence à física c à filosofia segunda; o
físico não deve limitar sua investigação ao aspecto material da 15
substânda, mas deve estendê-la também à forma: antes, deve
investigar sobretudo csta 1\
Examinaremos adiante o seguinte problema, que conccrnc
[t definição: como as partes entram n<l noção c por que a defini-
ção é uma noçiio que constitui uma uniclade 1'1• (f: evidente que
o obícto é uma unidade; mas por que o objeto ( um, mesmo
tcn do partes?).
w
Disscmos211 o que é a essência c em l)UC sentido da é por si,
em geral, para todas as coisas21 ; c dissemos, também, por que em
alguns casos a noção da essência contém as partes elo definido,
enquanto noutros casos não contém; c, ainda, por {IUC na noção
da sub~tância não entram <lS partes materiais. Da substância
entendida como forma não existem partes materiais; mas existem 25
no sínolo; dc~te, em certo sentido, existe noção c, noutro, não
existe. Não existe enquanto ele é unido à matéria, porque a ma-
téria é indctcrmimívcl; ao invés, existe noção se o comiderarmos
segundo a substância primeira: por exemplo, a noção do homem
é a de sua alma. A substância é a form<l imancn te, cuía união
com a matéria constitui a suhstilncia-sínolo (pensemos, por cxcm- JO
pio, na concavidade: da união desta com o narir. deriva o n<lfiz
achatado c o achatado); na suhst;inci<t entendida no sentido do
sínolo (como, por exemplo, no nariz achatado c em Cálias} está
presente também a matéria 22 • iVlmtrmnos t<Hnhém que a essência
c a coisa indivic..lual, nalguns casos, coincidem, como nas substân- 10371'
cias primeiras2' (cb<tmo substância primeira a {]Ue não é cons-
tituída pela referência de uma coisa a outra que seja seu subs-
trato material}. Todas as coisas considcntdas corno matéria ou
340 TUN META TA C!lYIIKA Z

s wç auveLÀ111111Évcx 't'ij ü>.n, oõ 'tcxô-t6, oú8' {d) xcx't& CJUI1~e~Tj­


xõç lv, oiov I:cuxp&ny; xcxl 'tO 110U<Jtxóv· 'tCXÜ'tCX r«p 'tCXÔ'tcX
XCX'tcX CJU~e~TjX6t;.

12
Nw 8& >.&rcu11ev 7tpw't'ov lq>' õaov lv 'totç civocÀ1.m- 12
XOLÇ 7ttpt Ópl.G!LOÜ 1111 tÍpTj'tCX~ • ~ "'(cXp tV lxe(vo~ cX7top(cx
to >.exOetacx 7tpo lprou 'to'Lç 1ttp\ 'ti}ç oõa(cxç lrnl. >.6rotç. >.&rcu
8& 'tcxún)v -rT)v cX7top(cxv, 8t<X 't( 1ton &v lcmv ou 't'Õv >.6rov
óp1011ov etvcx( q>CX!LEV, otov 'tOÜ civOpw1tou 'tO ~~ov 8C1touv·
lrnw r<Xp OU'tOÇ cxÕ'toü Mroç. 8t<X 't( 871 'tOÜ'ro lv lrntV cill'
oÕ 7tollá., ~<i)ov xcxi. 8C1touv; t7tL ~v r&p 'tOÜ &v0pW1toç
u xcxl. Muxõv 7tOÀÀ<X 11tv lcmv Õ'tcxv 1111 Ú7tá.p:x:n Orntp~
Oá.'t'tpov, &v 8t Õ'tcxv úrtcípxo X«l 7tá.&n 'tt 'tO Ú1toxd11evov,
Õ civ0pW7tOÇ ('t6n rdtp Ê.v "'(Í"'(Vt'tCXt xcxt mtv Ó Àwxoç civ-
0pcu?toç). lV'rcxüOcx 8' oõ 11e'ttXEL Ocx'ttpOU Oá.npov· 'tO r&p
"'(ÉVOt; OÕ 8oxer 11E't'ÉXttv 't'WV 8tcxcpop(;)v (li!J4 "'(cXp &v 'tWV
20 lvcxV't(wv 't'O CXÚ'tO !LE'ttrxev· cxl r&p 8~op«i. lvOCV't(cxt cxtç
8tcxq>tptt 't'Õ rtvoç). el 8& xcxl !LE'tÉXtt, ó cxÕ'toç À6"'(oç, d'-
7ttp tlal.v ocl 8tcxq>opcxt 7tÀt(ouç, otov 7t~Õv 8C1touv ci1t'tepov.
8t<X 'tt r<Xp •cxüO' &v cill' oõ 1tollá.; oõ r&p õ-rt lw7tá.p·
Xtt • o6-rw 11ev rdtp lÇ ci1tá.V'tcuv lrncxt lv. 8et 8& re &v
2S tfvcxt OOCX lv 't'~ Ópt<J!L<il• Ó "'(clp Ópt<J!LÕÇ À6"'(oç .-(ç ta'ttV
e!t; xcxt oúa(cxç, wrne Lv~ 't'tvoç 8er cxõ-tõv Etvcxt >.órov· xcxi.
r&p ~ oúa(cx tV 't'~ xcxi. 't68t 't~ <JTji1CX(vet, WÇ cpcx11ÉV. - 8er
METAfÍS:CA, Z 11/12, 1037 b 5 • 27 341

em união com a matéria não coincidem com a essência, c tam- 5


bém não coincidem as coisas que constituem uma unida-
de acidental, como Sócrates c músico. Essas coisas coincidem só
acidentalmente~"'.

12. [i\ razão da unidade do objeto da definiçãoP


Queremos falar, antes ele tudo, da definição c do que não
foi dito dela nos Analítico11~. Um problcnu1 posto na<.Jucla obral
pode servir para nosso trato da substância. Refiro-me ao seguinte
problema: por que razão é uma unidade aquilo cuja noção dize- 10
mos ser uma definição, por exemplo, no caso elo homem, animal
bípede (digamos que sej<J esta a definição de homem). Por que
razão, portanto, isso- animal bípedc- constitui uma unidade
c não uma multiplicidade"'?
No caso de homem c branco tem-se uma multiplicidade quan-
do um não pertence ao outro, enquanto tem-se unidade quando
um é atributo do outro, isto é, quando o sujeito- o homem- 15
tem aquela <lfccção: ele f<lto, nesse caso forma-se uma unidade
que é homem-branco'. No nosso caso, ao contnírio, um termo
não participa do outro: é claro que o gênero não participa elas
diferenças, por<.Jlle, não fosse assim, a mesma coisa particip<nia,
ao mesmo tempo, dos contrários: de fato, as diferenças específi-
cas nas quais os gêneros se dividem são eontnírias('. E mesmo 20
que o gênero participasse das diferenças, oeorrcria o mesmo racio-
eínio, pois as diferenças que definem o homem ~ão múltiplas
como, precisamente: munido de pés, bípcdc, sem asas; pois bem,
por que essas diferenças constituem uma unidade c não uma mul-
tiplicidade? Certamente não por estarem presentes no mesmo
gênero; desse modo todas as diferenças constituiriam uma unida-
de7. Entretanto, tudo o que est<l contido na definição eleve cons- 25
tituir uma unidade. De fato, a definição é uma noção que tem
caráter de unidade c que se refere à substância; portanto, ela de-
ve ser enunciação de algo uno: a substância, efetivamente, signi-
fica algo uno c algo cletcnninados.
TUN META TA <DYIIKA Z

'toohti Àt'yttV t\1 'to!ç ISpotÇ 1ttpCtPlO\I r«ip. G\.JIJ.~CX(\Itt 8&


"(t 'toiho· lkcxv "(tXp tl'lt"IJ Cct>ov Ó1tÓ1touv 8!1touv, oõ8tv ciÀÀo
t\pTjxtv fi Cc\)ov 1t68cxç lxov, Mo 7t68cxç lxov· x&v 'tOU'tO
8tcxtpt 'tfí olxt~ 8tcxtprott, 1tÀtov«ixtç ipt! xcxl la!ixtt; 'tcx!t;
n 8tcxq>opcx!t;. &«v ll~" 81} 8tcxq>epar; 8texq>opti "((')'VTI'tcxt, !J.(cx
tCJ'tcxt ~ 'ttÀtU'tcx(cx -ro &I8oç xcxt ~ oõaCcx· itiv 8! xcx'tti GUIJ.-
~t~TjXÓt;, otov d 8tcxtpo't 'tOÚ Õ1tooo8or; 'tO (J.tV Àtuxov 'tO 8&
(J.&Àocv, 'toacxü'tcxt ISacxt &v ex{ 'tO(J.CXL waw. WCJ'tt q>cxvtpov Õ'tt
ó óptCJ(J.Õt; 16ror; la'ttv ó lx 'tWV 8texq>opwv, xcxt 'toÚ'twv 'ti'jt; n-
.JO ÀtU'tCX(ext; XCX't!Í "(t 'tO Óp06v. 8ijÀov 8' &v tLTJ, -,r 'ttt; IJ.t'tCX't!Í-
ettt 'tOUt; 'tOLOÚ'tout; Ópta!J.OÚÇ, otov 't0\1 'tOU civ0pw1tou, ÀÉ."(W\1 C~o\1
8(1tOU\I Ó1tÓ1tOW" 1ttp(tp"(OV "(tXp 'tO Ú1tOOOUV dPTJ!J.É.VOU 'tOU 8(-
1to8oç. 't&Çtt; 8' oõx tCJ'tt\1 i v 't'ij oõa(qt · 1twt; rtip 8tr voijacxt 'tO
~v üaupov 'tO 8E. 1tp6npov; 1ttpt ~" oúv 'twv xcx'tti 'ttXt; 8tcxtpÉ.-
'' attt; Ópta!J.Wv 'tOOCXÜ'tCX dp'Íja0w -rijv 1tpW'tTjV, 1tOL0t 'tL\IÉ.t; dat\1.

13
toJsb 'Eml 8~ 1ttpt 'tiir; oõaLcxr; ~ axlqltt; lcm, 1t!ÍÀtv i?tCXv-
üOw~-ttv. ÀÉ."(t'tCXL 8' Wcntp 'tO Ú1toxt(!J.t\IOV oua(cx etvcxt xcxl
'tO 't( ~v t!vcxt xcxt 'tO lx 'tOÚ'twv, xcxt 'tÕ xcx06Àou. 1ttpl ~"
oúv 'tOL\1 8uo'tv tfpTj'tCXt (xcxl rtip 1ttpl 'toú 't( ~v ttvcxt xcxl 'tOÜ
, Õ?toxtt(J.lvou, lht 8txwr; u1t6xtt'tcxt, fi 't68t 'tt lSv, Wa1ttp 'tO
C<\)ov 'tott; 1t!Í0tatv, fi wç ~ Ú'ÀTJ 't'ij l\l'ttÀtXt~), 8oxti.' 8&
xcxl 'tO xcx06Àou CXL'ttÓ\1 'ttatv ttvcxt !J.!ÍÀtCJ'tcx, xcxt t!vcxt cipxi}
'tO xcxOóÀou· 8to t1tÉ.À0w~-ttv xcxt 1ttpl 'tOÚ'tou. low rllp ciaú-

.li
I METAFÍSICA. Z 12/13, 1038o21-b9 I

seguinte: "animal que tem pés, que tem dois pés", c caso se
divida também este com a divisão que lhe é própria, volte~ remos
a dizer outra vez a mesma coisa: tantas vezes quantas forem as
difercnças 11 • 25

Portanto, se existe uma diferença da diferença, s6 a diferen-


ça última ser~ a forma c a substância. (Se, ao contrário, prosse-
gue-se na divisão segundo as qualidades acidentais, por exemplo
se alguém di,·idc os animais dotados ele pés em brancos c pretos,
haverá tantas diferenças quautas divisões}. Então, fica claro que
a definição é a noção constituída pch1s diferenças, c, precisa-
mente, quando se di,·idc corretamente, pela diferença l'lltima. E
isso ficaria claro se se tmnspusesse a sucessão dos termos da de- 30
finição de homem, dizendo que o homem é um animal bípeclc
que tem pés: uma vez que se disse bípedc, torna-se supérfluo
acrescentar que tem pés. (Na verdade, na substância não existe
uma ordem dos termos: como se podrri<l pensar que na substân-
cia há um elemento anterior c um posterior? 12).
Sobre as dcfini~·ões por divisão e suas C<H<lctcrísticas, h.1stc 35
o que acabamos de dizer.

13. [O universal não fJode ser substância./'


Como no~sa pesquisa versa sobre a substância, devemos no- 1038"
vamcntc voltar sobre ela. Diz-se que substância tem significado
(I) de substrato, (2) de essência, (3) do conjunto de ambos c (4)
de univcrsaF.
Sobre dois desses significados já falamos. Vaiamos tanto sobre
a essência' como sobre o substrato\ c dissemos que o substrato en-
tende-se em dois significados: ou como algo determinado como, 5
por exemplo, o animal relativamente às suas afccçõcs, ou como a
matéria relativamente ao ato'.
Ora, a]guns6 consideram que também o universal é, em má-
ximo grau, causa c princípio de algumas coisas. Por isso devemos
discutir também este ponto.
(a) Na realidade, parece impossível que algumas das coisas
predicadas no universal sejam substâncias. Com efeito, a subs-
TUN META TA CI>Y l:IKA Z

VIX'tov e.{vcn oõa!av e.Ivcn 6ttoüv 'tWY xcx66Ãou Àe.ro!L€V6>v. TCpW't'll


10 !L'" rllp oõGCcx bt«crtou ~ latoç ix&.O"t~, ii oõx ÚTC&.pxe.t !U~.
'tO ae xcx66Àou XOtvÓY · 'tOÜ'tO "'(lip Àé"'(t'tCXt xcx66Ãou 8 TCÀe.LoGt\1
ÚTC&.pxe.t\1 TC~UXE.\1. 't(YOÇ OÚ\1 OUO'{CX 'tOÜ'r' lO"tcxt; ij "'(~ 1t&.\l•
'tW\1 ij ooae.vÓç, TCmWY a• OUX ot6v 'tE.' lvÕç a• e.l lcrtext, XOtt
'tcillcx 'tOÜ't' lO"tCXt. 6>v rllp !L (ex ~ OUO'Lcx XCXL 'tÕ 't( Tjv e.!vcxt
u lv, xcxt cxÕ'tli lv. l'tt oÕG(cx Àre.tcxt 'tO IL7l xcx&' ÚTCoXE.t!L€You,
'tO 8& xcx96Àou xcx&' ÚTCOXE.tjLt\IOU 'tt\IOÇ Àt"'(t'tcxt cie.(. cill'
«pcx oÜ'tw !Lt\1 oõx tv8€xe.'tcxt 6>ç 'to 'tL ijv e.{vcxt, tv 'tOÚ't~ 8&
tw1t&.pxe.tv, otov to ~4'>ov tv 't4'> civ9pw1t~ xatl t1t1t<t>; oõxoüv
&ijÀov átt mt 'tLÇ cxÔ'tOÜ Àó"'(OÇ. atcxq>€pe.t 8' ou9f.v oo8' e.{ jLT)
20 n&.v'tW\1 À6"'(0Ç lO"tt 'tW\1 t\1 TÕ OUO'~. oõaf.\1 rlip I)no v oõaícx
'tOÜ't' mcxt 'tt\IÓÇ, 6>ç 6 &...0pw1tOÇ 'tOÜ civ9p&mou t\1 (i>
Ú1t&.pxe.t, W<rte. 'tO CXU'tO O'UjL~O'E.'tCXt TC&.ÀL\1' lcrtcxt rllp txe.Cvou
oÕO"Lcx, o!ov 'tO ~~. lv (i> wç mLOv Ü1t&.pxe.t. l'tt 8e xcxt
ciaúvcx'tov xcxt !'tOTCov 'tO 't68e. xcxt OÕG(cxv, e.l lO"tt\1 lx 'tLV6>Y,
2S IL7l l.Ç OUGtW\1 e.{vcxt IL118' tx 'tOÜ 't68e. 'tt m· tX 1tOtoü·
TCpó'te.pov rlip lcrtcxt IL7l OUO'Ccx n XCXt 'tO TCOt0\1 OUO'LcxÇ 'tE. xcx\
'tOÜ 't68e.. l)1te.p ci8óvcx'tO\I' oün ÀÓ"'(~ r«p oún XPÓ~ oÚ'te.
"'(tvéO"e.t o!6v 'tt 'til 1t&.91} 'tijç oÜG{cxç e.tvcxt npó'te.pcx· lO"tcxt
rllp xcxt xwptO"t&.. t'tt 't4'> Ewxp&.nt tWTC&.pÇe.L oõaícx OÕG(~,
30 6>0"te. 8uoi:v lO"tcxt oÕO'{cx. ÓÂwç a& O'UjL~cx{ve.t, d mw oÕO'(cx
6 !v9pwTCoç xcxl 6Gcx oÜ'tw Àé"'(e.'tcxt, IL119tv 't<Í>V tv 't4'> ÀÓ"'(~
MHAFÍSICA. Z IJ. 1038 b 1O· 31 347

tância primeira; de cada indivíduo é própria de cada um c não lO


pertence a outros; o universal, ao contrário, é comum: de fato,
diz-se universal aquilo que, por natureza, pertence a uma multi-
plicidade de coisas. De que, portanto, o universal ser;\ substân-
cia? Ou de todas ou de nenhuma. !VIas não é possivcl que seja de
todas. E se for substância de uma única coísa, também as outras
rcduzir-sc-ão a esta: de fato, as coisas cuja substância é uma só
c a essência é única srio uma coisa só~. ts
(b) Ademais, chama-se substância o que não é referido a
um substrato; o uni\'crsal, ao contrário, sempre se prcdica de um
suhstrato9 •
(c) Mas o universal, mesmo não podendo ser substância
no sentido de essência, não poderia encontrar-se na essência
como, por exemplo, o animal encontra-se no homem e no cava-
lo? i\·Ias então é evidente que dele haverá uma definição. E a
situação não muda se não existe uma definição de todas as par- 20
tes contidas na substância: o universal será, não ol>stmltc isso,
substância de alguma coisa, assim como homem é sul>stâncía
do homem particular no qual se encontra, c assim a mesma
conseqüência anteriormente apontad~t se rcaprcscntará: o uni-
verSé11, por exemplo, o animal <no universal>, scr<Í sul>stância
daquilo em guc se encontra de modo próprio como numa de
suas cspécies 111 •
(d) J•: depois, é impossível c também absurdo que um ser
determinado ou uma substância, caso derive de alguma coisa, 2S
não derive de outra substância c de outros seres determina-
dos, mas de uma qualidade. Se fosse assim, o que não é subs-
tância mas pura qualidade seria anterior à substância c àqudc
ser determinado. i\'las isso é impossível: as afceçõcs não podem
ser anteriores à substância nem pela noção, nem pelo tempo,
nem pela geração: se o fossem, elas deveriam também ser sepa-
ráveis dela 11 .
(e) Além disso, em Sócrates, que é uma substância, deveria
haver outra substância, de modo que teríamos uma substância
constituída de duas substâncias 12. 30
(f) E, em geral, se o homem é substância e se são substân-
cias todas as coisas que se entendem nesse sentido'\ segue-se
TUN META TA <llY:!:JKI\ Z

ttYott JL7)8tY~Ç OÕa(cxv JL7)8f. X,Wpiç Ú1t&pX,ttY otÓ't'WY JL7)8' lv


m(t), Ài"(w 8' o!ov oõx dvcx( ~t tci>ov 1totpàt ~eX 'tt\1&:, oõ8'
&À.Ào ~(;)v lv 'tOiç ÀÓ"(oLÇ oõ8€.v. lx n &ij 'toÚ'twv 8twpo6at
" qlotYtpÕV lht oõ8E.v 't<i>v xcx86Àou Ú1tcxpx.6v'twv oõa(cx lat(, xcxi
1039" &rt oõ8E.v a7JJLCX(vet 'tWY xotvij Xot't7J"(Opouj.LÍvwv 't68e 'tt, liÀÀàt
'tot6v8e. el 8E. . JL'Íj, &À.Àcx n 1tollàt auJL!hCvet xcxi ó 'tp(-
'tOÇ 00..8pW1tOÇ. l" 8i xcxi. w8e 8ijÀov. li8úYCX'tOY "(cXp oÕa(Qt\1
lÇ oõmwv tiYott lvU1tcxpx.ouawv wç lvnÃexe(qt· 'tcX ràtp 8úo
' oikwç lvnÀtj(t(qt oõ8é1ton êv lv~tÃ.ex.e(qt, &:ll' l&v oová:JLtt
86o t. latott ev (o!ov 1) 8t1tÀota(cx lx 86o iiJLCatwv 8uv&:!J.tt
re· 71 r&p tY'ttÀtj(tt.ot x.wpltet), wa't' el 71 oõaCcx f:v, oõx
latcxt lÇ oõatwv tYU1tcxpx.ouawv xcxl xot'tcX 'tothov 'tOY 'tp61tov,
Õv Àf"(tt ..!l7)JLÓXpt'tOÇ op86>ç &:8úvcx'tov "(cXp t{Yot( q17)atY tx
to 8úo êv i\ lÇ ívoç 86o rtvloecxt • 'tcX "(cXp !J.&"(t0, 'tcX &wJLot
'tàtç oôa(cxç 1tOtti". ÓJ10Cwç ~o{wv 81jÀov Õ'tt xcxi. t1t' &:pt8JLo6
lÇtt, e!-mp lativ ó à:pt8JLÕç aúv8taLÇ JLová:8wv, WG1ttp Àé"(t-
'tott \nt6 'tt\I(J)Y' i'l "(cXp oõx tY Íl OOcXÇ i'l oõx latt ~ t\1
cxõ-rn tY'ttÀtj(t(qt. - lx.et 8E. 'tO auJL!htvov &:1ropúxv. d r&p
u IJ.TJU lx ~wv xcx86Àou o!6v 't' etvcxt !J.7)8tJLCcxY oõa!cxv 8t& 'tO
'tOt6v8t IDàt JLft 't68e 'tt a7JJLCXLYttv, JL'Íj't' lÇ oôat6'>v lv8é-
j(t'tott tY'ttÀ.tj(dqt tiYott JL7)8tJLÍotv oõa(otY aúv8t'tOY, &:aúv8e-
wv &v tt'7J oõa(cx 1t&acx, &at' oõ8E. Ã6roç &v tt7J oõ8tJLtãc"
ooo(cxç. liÃÀàt JL~" 8oxer re 1r«m xcxl. ll.txO, 1tá.Àott i\
20 JLÓYOY oõa{cxç tLYott õpov i\ !J.á.Àta'tot · wv 8' oõ8E. 'totÚ't7)Ç.
OU8tYOÇ &p' tatott ÓptG!J.ÓÇ i\ ~pÓ1tOY j.LÍY 'ttYCX mott 'tpÓ1tO\I
I METAFÍSICA.ZIJ, IOJBbJ2-1039a22l 349

que nenhuma das partes compreendidas na noção delas pode ser


substância de alguma coisa, nem pode existir separada delas, em
outra coisa; quero dizer o seguinte: não pode haver um <gênero>
animal além das ct;pécies animais particulares, c o mesmo vale
para todas as partes contidas nas dcfiniçõcsH.
(g) Dessas reflexões fica evidente que nada elo que é univer- 35
sal é substância c nada do que se predica em comum exprime
algo determinado, mas só exprime de que espécie é a coisa. Se 1039·
não fosse assim, além de muitas outras dificuldades, surgiria tam-
bém a do "terceiro homcm" 1;.
(h) ls~o fir.:il dilro também do seguintr.: modo. It impos:iívd
que umil subst~ncia sr.:ja composta de substâncias presentes nela
em ato. De tato, duas coisas que são em ato não podem consti- 5
tuir uma unidade em ato; só poderão constituir uma unidade
em ato se forem duas em [X>tência: por exemplo, a reta dupla é
constituída por duas semi-retas, mas essas só são duas em potên-
cia, pois o ato separa. Portanto, se a subst~ncia é uma unidade,
não podr.:rá ser r.:onstitu.ída por substâncias presentes nela, c
presentes desse modo 1r'. E com rat.ão Dem6crito dit. ~er impos-
sível que de duas coisas se forme uma só, ou que de uma se lO
formem duas: ele afirma como ~ubstâneias as grandezas indivi-
síveis'~. Enh"io, é evidente que será assim também o número, se
o número é uma composição de unidades, como se diz de alguns:
de fato, ou a díadc não é uma unidade, ou a unidade não se
encontra em ato m1 díadc 1 ~.
Mas essa conclusão contém uma diticu]dadc. Com deito,
se é impossível que alguma substância seja constituida por uni-
versais (porque o universal indica só de que espécie é uma 1.5
coisa c .11ão indica algo determinado) c se n~o é possível que al-
guma substância seja um composto de substâncias em ato, toda
substância deverá ser incomposta; conscqí.ientcmcntc, também
não podcr<í haver definição da substância 1'1• Mas é evidente, c
já falamos acima 211 , que só da substância ou principalmente 20
dela existe definição. Então não haverá detinição de nada. Ou,
antes, em certo sentido há e em outro não. Mas o que acabamos
de dizer ficará mais claro a partir das proposições que fare-
mos em scguida~ 1 •
350 TON META TA <DYIIKA Z

8é 't~V<X OÚ. &ijÀov 8' la-t~t 'tO Àe:yÓ!J.&VOV bc 't6'>V Úa-ttpov


!J.&ÀÀOV.

14
~~vtpov 8' lÇ oohwv 'tOÚ't<a>v w GUIJ.j»tvov xoct •otç 14
2S 'taç [8€a;ç Àéyouatv oua(~Ç 't& X<a>pta-taç &IV~~ XOCL li!J.CX
'tO d8oç bc 'tOÜ yévouç 7tOtoi1a~ XOtt 't&>v 8~cpop&>v. d y«ip
la~ •«~ tia1j, x~~ w ~~ov lv •<il cXv6p6>1r~ xoct !n:n~, 7\•ot
iv xcxl •~Õ'tov •cil dtptOIJ.~ &a.tv Tj lupov· •<il IJ.EV y«ip
ÀÓYctl 8Tj).ov Õ'tL lv· 't0\1 y«ip cxU'tOV 8ti.Ç&~t À6yov ó Àéy<a>v
lO lv Éx~l~. &t oõv ta-t( 'tLÇ óév9p<a>1tOÇ ~Õ'toç xoc9' CXÚ'tÕV w8&
'tt xcxl ux<a>pt<J!J.tvov, MrX11 x~l lÇ 6>v, otov •o ~(i)ov xocl
'tO 8Cn:ouv, w8e. 'tL <Jfi!J.CX(V&L\1 xcxl tiV<XL X<a>pta-t«X xcxl OU<JLcxÇ'
w~ne. X~t w ~~ov. &l IJ.E\1 oõv 'tO ~u.o x~l iv 'tO lv •<il
!n:nctl x~l •éil dtvOpwn:~, wcmep aô a~u-~, n:6>ç •o &v
1039• tV 'tOÍÇ OÕat X6>PLÇ Ê.V la-t~L, X~L 8tiJ 't( OU X~L X6>PLÇ CXlrtOU
Wt~L 'tÕ wov 'tOU'to; t1ttt'tcx d IJ.EV 1J.&9i.Ç&L 'tOÜ 8(no8oç xocl
'tOÜ 1tOÀÚno8oç, dt8úv~6v 'tL GUIJ.~CXL\I&L, 'tMV't(cx y«ip &!J.CX
Ú'ztá:pÇe.L ~Ô't(i) ÉVt XOCL 't(i)8i_ 'ttvL ÕV'tL' &l 8i, IJ.fj, 'tÍÇ Ó 'tpó-
5 1tOÇ Õ'tcxv ei1t1J 'ttÇ W ~(i)ov tiV<XL 8t1t0UV i'j 1t&~ÓV; IX).).' La<a>Ç
<JÓj'X&L'tCX~ xocl éin:u.'t~~ ;j IJ.liJ.LX'tCXL' IXÀÀ«X 1tá:V'tcx óé't07tCX.
&).). ' lupov lv !xá:~· ouxoüv &1ttLp~ wç l1roç dn:e.tv la-tcxt
6>v ~ ouatcx ~(i)ov• ou y«Xp x~•«i GUIJ.~&~TjXOÇ lx ~~u civ-
Op<a>noç. l'tL 1tOÀÀ«i la-t~L cxU'tO 'tO ~(i)ov· ouatcx u y«Xp 'tO
to lv é.xá:G't~ ~ci)ov (ou y«Xp xcx•' &llo Àéyt't~L · d 8ê. IJ.f!, lÇ
I METAFÍSICA,Z 13/14, 1039a23-b 12 I 351

14. [As Idéias dos platônicos não são substâncias) 1


Desses mesmos argumentos2 decorem com evidência as con-
seqüências contra as quais se chocam os que sustentam que as
Idéias são substâncias, c são separadas, ao mesmo tempo que 25
fazem a Forma derivar do gênero c das difcrcnças 1• Se as Formas
existem, c se o Animal encontra-se no homem c no cave~ lo, então
ele (a) será um só c o mesmo quanto ao número, ou (h) será di-
ferente num c noutro· 1; de fato, quanto à definição, fica chm>
que é uma coisa só, porque quC'm define dá a mcsm<l definição
de animal num caso c no outro>. (Se, portanto, C"xistc um homem 30
em si c por si c {:algo determinado c sC'p<uado, é necessário que
também aquilo de que é composto, isto é, o animal c o bípcdc,
exprimam algo determinado, sejam rcalichJdcs separadas c .~cjam
substânci<1s; de modo que o :mimai será algo determinado, uma
realidade separada c uma substância(').
(a) Suponhamos, portanto, que o animal seja um só c idên-
tico tanto no c<walo como no homem, como tu és idêntico conti•
go. Pois bem, como ele poderá pcnnancccr um em C'ntcs separa-
dos, c por que esse :mimai nâo sC'rá também ~cparado de si 1039'·
mcsmo 7? Ademais, se o animal deve participar tanto do hípcde
como do polípcdc, segue-se uma conseqüência absurda: a um
mesmo ente, que é uno c determinado, convirão atributos contrá-
rios. E se excluirmos que o animal participe elo bípcde c do po-
lípcdc, de que modo dcvcr-~c-á entender a afirmação de que o
animal é bípcdc ou dotado de pés? Scr;í o animal hípcdc ou 5
polípcdc por just<lposiçiio, ou por conté1to ou por mistura?' J i.! do
isso é absurdo~!
(b) Suponhamos, <lO contrário, que o animal seja diferente
em cada caso. Nesse C'<lso haverá, por assim dizer, inumeráveis
entes cuja subst~ncia é o ;mimai: de fato, não é acidentalmente
que o homem é constituído do animal~. Além disso, o próprio
Animal será uma multiplicidaclc, porque o animal que se en-
C"ontra em cada espécie de animal é substância dessa espécie: de 10
fato, cada espécie é denominada de acordo com ele c não com
outro (se fosse denominada de acordo com outro, então o ho-
mem clcrive~ria desse outro, c esse outro seria o gênero do
35.2 TUN MF.TA TA <I>YIIKA Z

lxdvou icncxL ó liv9pc.moç xcxt yévoç cxÜ'toõ lx«vo) , xcxt l<tt


l8&a:t &nCX\I'tcx le ci>v ó liv8pw1toç oõxoõv oúx lillou fLt" l8écx
l<ttcxt IDoo 8' oúa(cx ( &Súvcx<tov ylip) • cxÕ<to lipcx Cci)ov t\1
bcxcnov l<ttcxt 'tW\1 lv 'toi'ç C~oLÇ. i'tt lx 't(voç <tOÕ'to, xcxt
u 1twç le cxÚ'toÕ ~~oo; ~ 1twç ol6v u e.lvcxt 'tO Cci)ov, <\) oúa(cx
'toÕ'to cxü-t6, ncxp' cxÚ'to 'tO Cci)ov; l<tt S' lnl 'tW\1 cxla&ri<twv
'tcx&rcí 'tE. aoJ.L~cx(ve.t xcxl "toÚ'twv ci't01twnpcx. e.l 8fJ &:Súvcx·
't0\1 OÚ't(a)Ç tXE.t\1, &ijÀo\1 Ó'tt OUX eO't\\1 e.t811 CXÔ'tW\1 OÜ't(a)Ç WÇ
'tWÉç cpcxaw.

20 'E1te.t S' Tj oõa!cx É.'tÉpcx, <t6 'tE. aúvoÀov xcxt ó À6yoç


(ÀÉy(a) S' l>'tt Tj jJ.t\1 OÜ't(a)Ç lcnlv oúa(cx, aôv Tij 6Àt) aovttÀTifL·
fLÉvoç ó À6yoç, ~ S' ó Àóyoç ó?.(a)ç), Õc:Jcxt fLt\1 oõv oih(a) 1..€-
yo\l'tcxt, 'tOÚ'tW\1 fLt\1 e<tt\ cp9opcí (xcxt YcXp yéve.cnç), 'tOÕ Se
Ã6yoo oõx tO'ttv o6-twç wcne. cp9e.(pta9cxt (oõSE. ycip yfve.atç, oõ
25 ycip y(yve.'tcxt 'tO olx~ e.lvcxt &:Uci 'tO 'tfjSe 'tfí olx~), &:U'
&ve.o ye.vÉaE.(a)ç xcxt cp9opaç e.lal xcxl oúx e.!a(v· SéSetx'tcxt -ycip
Õ'tt ouSti.ç 'tCXÕ'tCX ye.w~ oúSf. 1tOtE.t. S\ci 'tOÕ'tO St XCXL 'tW\1
oúcnwv 'tW\1 cxla&rj'twv 'tW\1 xcx9' lxcx<ttcx oún Ópt"fLOÇ oú-te. cinó-
8e.teLÇ ta-t\\1, Õ'tt tXOOI7l\l Ú'ÀTi" ~Ç ~ cpÚGtÇ 'tOI.CXÚ'"! Wa-t' lv-
lO 8éxea9cxt xcxt elvcxt xcxl J.L'ÍI' Su\ cp9cxp"tci 1tCÍ\I'tCX 'tci xcx&'
lxcxcncx cxü-twv. e.l oõv Tí 't' cin6Se~tç <twv civcxyxcxCwv xcxl ó
ÓptaJ.LOÇ t1tLO't1iJ.LOVtX6v, xcxl OUX lvSÉXE.'tCXL, wcrne.p oúS' lmO't'ÍI·
Jl.Ti" Ó'tt J.Lt" l1tta't"l)fL11" Ó'tt S' &yvotcxv e.{vcxt, cXUci Mecx <to
METAFÍSICA, Z 14/15, 1039 b li· 35 353

homem) 1'1• Ademais, todos os elementos de que é comtituído


o homem seriam Idéias. Mas é impossível que o que é Idéia de
ume1 coisa seja substância de outra. Então, o animal que está
presente em cada espécie de animais será o animal em si 11 • E
mais, de que derivará esse animal presente nas diversas espé-
cies c como derivará do animal em si? Ou, como é possível que 15
esse animal, cuja essência é a própria animalid<Jclc, exista além
do animal em si 12 ?
J<:nfim, também quanto à relação das Idéias com as coisas
sensíveis teremos estas c outras conseqüências aindn mais absur-
das. Se, portanto, é impossível que as coisas sejam <ISsim, fica
claro que não cxistc:m Idéias das cois<lS sensíveis no sentido sus-
tentado por alguns".

15. /Não é possível uma de{ínição do indivíduo e não é


possível nem uma defini~·ão da Idéia do:s platônic:o:-;] 1
O sínolo c il forma são dois diferentes signifi<.:<Jdos d:.1 subs- 20
tância: o sínolo é a substância constituída da união da forma 2
com a matéria, a outra é a substância no sentido de forma en-
quanto tal. '](,das as substâncias entendidas no primeiro signifi-
cado são sujeitas à corrupção, hem como i1 gcr<lção. M<lS a forma
não est;} sujcità à corrupção nem à geração; não se gera a essência 25
de casa, ma~ só o ser desta casa concreta; as fornHlS existem ou
não existem sem que delas cxish1 processo de geração c corrupção:
ninguém as gera ou as produz;.
Por esta razão, das substâncias sensíveis particulares não
existe nem definição nem demonstração, enquanto têm matéria,
cuja natureza implica possibilidade de ser c de não-sc·r: por isso 30
todas essas substâncias sensíveis individuais são corruptíveis'1•
Ora, se só existe demonstração do que é nccess;irio c se a defini-
ção é um procedimento científico, c se, por outro lado, não sendo
possível que a ciência seja em certo momento ciência c noutro
ignorância (porque essa é a natureza da opinião), assim como
também não é possível que haja demonstração nem definição 35
354 TnN META TA GlYIIKA Z

'tOI.O&t6\l icrtt\1, Wtc.lc; oô3' ~68t~tv oô8' ilptoj.tÓ\1, ma ~ex


1040" icrtl 'tOÜ l\18r.xo!Jlvou n~ lxr.w, &ijÃ.ov ~'tt oõx &v r.r7J
cxÕ'twv OÜ't& /JptGIJ.Õ' oü-n &7t63r.~tc;. &87)M n ylip 'tàt cp8tt·
pótuw wtc; lxoucn -rl)v ixurt"'iiJ.Tl"• lrtCX\1 ix Tijc; cxlaOf!<J&Wc;
cb:D.8tJ, X«l CJ<.)~Oj.tl\IWv 'tW\1 Ã.óywv i" 'tij cPUX'Õ 'tlÍ>\1
5 cxô"trã>" oõx lcrtcxt oÜ'tt /Jp~.Gj.t~Jc; l'tt oün &x68r.t~tc;. 8to 8r.r,
't(;)v xpoc; ~pov ltrCX\1 'ttc; /Jp(~T)'tCX( 'tt 'twv xcx8' lxcxcrtov, IJ.Ti
àt'Y"or.r" ãtt «r.t «"cxc.pr.tv lcrttv· oõ ylip i...Séxr.'tcxt IJp(GcxcrOcxt.
OõSt 81! [3écxv oô3qdcx" la-rtv /JpCGcxaOcxt. 'tW" yclp xcx8' lxcx-
crtO\I '11 l3écx, 6>c; cpcxG(, XCXL X<->PtG'tf!' &\lotyXCXÍ0\1 8t ~ 0\10•
10 ~wv r.Ivcxt 'tÕv Àóyov, ~!LCX 3' oõ xotf!cnt 6 /Jpt~ÓIJ.f.\IOÇ
( àyw.>crtO\I yàtp lcrtcxt), 'tcX 3l xd~tt\ICX XOL\IcX xiiot\1' cX\ICÍ'y'x7J
!pcx wcipxr.tv xocf &ÀÀ~ "tCXG'tcx· oro... r.r 'ttc; ot /JpCocxtw,
~c!)ov ip&t lOX\'Õv i\ Àr.ux/Jv 9j l'tr.póv 'tt 8 xcxt &ll~ Wp-
~r.t. d ~ 'tLC cpcx(T) ~tT)3lv xwÀ6r.w xwplc; ~ttv 1táv'tCX xoÀ·
1' Àotc; &!A4 3i. ~ 'tOÚ't<t> Ú1CÓ:PX""• Àtx'téo" xpci)'tO\I ~"
~'tL X«L «~tcpotv, o!ov 'tÕ ~~0\1 8(xou\l 't~ ~<\>~ X«l 't~ 8(-
xoSt (xcxl 'tOÜ'tO l1tl. ~tl" 'tWv &\'SCwv xcxl «~ d\lcxt,
xpát&pcX y' MCX xcxt ~t'tnl wü GUv8é'toU • àtÃ.Ã.àt IJ.TJv xcxt
xwptcrtó:, dxr.p 't'o &vepwxoc; xwptcrtóv· 9j yàtp oõ8tv 9j &j.tcp(l)'
20 &! !d" oõv ~tTlOév, oôx lcrtext 't'IJ yévoc; xcxpàt 'ta r.t87), d 8'
lcrtext, X«l '11 3texcpopó:) • r.r8' ~'t't xpó't'r.pcx 't'~ dwt· 'tCXÜ'tcx
3l oÔX &V't'CX\ICXtp&Í't'CXt, fxtt'tot d te {3&ci)\l !XL l3é!Xt
(&cruvOr.'t'W't'r.pcx yàtp 'ta te ~") , l'tt ixl xoÀÀ.êi>" 3r.f!oet
IMETAFÍSICA. I 15, 1039b35-1040o231 355

do que pode ser diferente do que é (porque desse tipo de coisas


s6 existe opinião): pois bem, então é evidente que dessas subs- 1040"
tâncias não haverá nem definição nem demonstração. As substân-
cias corruptíveis, quando fora do alcance das sensações, são incog-
noscíveis mesmo para quem possui a ciência; e mesmo que delas
se.: conserve na alma as noções, delas não poderá haver nem de-
finição nem demonstração. Por isso, no que se refere à definição, 5
é necessário que, quando se define algo das substâncias indivi-
duais, não se ignore que ele sempre pode faltar, pois não é pos-
sível defini-lo'.
Mas também não é possível definir qualquer Idéia, porque
a Idéia, como sustentam alguns, é uma realidade individual e
~eparada. De fato, é necessário q uc a definição conste de nomes,
c quem define não poderá cunhar novos nomes, porque, nesse 10
caso, a definição ficaria incompreensível; mas os termos corretos
são comuns a todas as coisas c, portanto, é necessário que esses
se apliquem também a outro <além da coisa definida>. Se, por
exemplo, alguém quisesse definir-te, deveria dizer que és um
animal magro ou branco ou alguma outra coisa, que sempre
poderá convir também a outror'. E se alguém objetasse que nada
impede que, tomados separadamente, todos os nomes da defi-
nição se apliquem a muitas coisas, mas que, ao contrário, toma-
dos em seu conjunto, só se apliquem a esta coisa, dever-se-ia 15
responder o seguinte. (a) Em primeiro lugar, eles se referem a
pelo menos duas coisas: por exemplo, animal bípede refere-se ao
animal e ao hípedc. (E é necessário que isso valha principal-
mente para os entes eternos, pon1ue estes são anteriores e são
partes do composto; e também são entes separados, se a Idéia
de homem é ente separado; de fato, ou não são separados nem
homem nem bípcde, ou ambos o são; se nem um nem outro são 20
separados, o gênero não poderá existir separado da Idéia, e se o
são, existirá à parte também a diferença). E isso é assim mesmo
que animal e bípede sejam, por sua essência, anteriores ao com-
posto e não se destruam quando o composto se destrói. (b) E.m
segundo lugar, se as Idéias são formadas de Idéias (c é assim
porque os elementos são mais simples do que os compostos),
também essas Idéias-elementos das quais são formadas as Idéias
356 HlN META TA <i>Yl:IKA Z

xcixetvat XOt't'7jlOptt'G9att lÇ 6>v 1J l8éat, otov -ro ~(\>ov XOti -ro


2J SbtOU'II. d Se IL Tj, 1tWÇ "('/Ca)pr.a6Tjot'tOtt; latatt rdtp Uléat 'ttÇ
~"' &8úvat-rov l1ti 1tÀ&I.Óvwv XOt'"llOPfíO"att f1 lv6ç. oú Sout'
Sé, ill&: 11:aoat l8éat etvatt ~tt6.::x't"l). ~0'1ttp oõv &tp7)'tatt,
ÀOtV6civtt Õ'tt &Súvat-rov óp(O"Oto6att lv -rot'ç &i.ô(otç, ~tCÍÀtatOt
8~ líaat ILO'IIOtXá:, otov fíÀtOÇ f1 O'tÀf!VJJ. ou ILÓ'II0\1 rdtp Stat·
.JO ~tatp'tá:vouot -rct> 1tpoatt6€vatt -rotatin:Ot wv &cpattpau~tlvwv l-rt
latatt ~ÀtOÇ, &0'1ttp 'tO 1t&pt "(Tiv lOv f'J VUX'ttXpucpé.ç (&v rdtp
atii f1 cpatvfi, ouxé-rt latatt ~Àtoç &ll' ci't01t0'11 d ~tf!• ó rdtp
~ÀLOÇ oua(Otv 'tL\IOt CJ'J'j~LQt(Vtt). t'tt líaat l1t' IDou &v8éx&'tOtt,
O!o\1 lfh enpoç lÉ'IIfl'tOtL 'tOtOÜ'tOÇ, STjÀO'II Õ'tL ~Àto, latatt' XOt·
104o• vor; cipOt ó Ãóroç cXÃ.À' ~"' -rW'II XOt6' lxatatat ó ~Àtoç, W0'1ttp
IO.ú.>v f1 I:wxpá:'t'7jç t1tti 8tdt -r( oõ8&iç Õpov &xcpé.ptt atú-rwv
l8€atr;; révot-ro rà:p av 8TjÀov 1tttpw~tévwv Õ'tt cXÀ7)6E.ç 'tO
'IIÜ\1 tlp7)1!É'IIO'II.

16
' Cl>atv&pOv se. Õ'tt XOtl 'tW\1 Soxouawv &t'IIOtL OUO'LW'II Ot{ 1tÀtt·
atOtt Suv~ttt; do(, -rá: 't& ~t6ptat 'tW'II ~W'II ( ou6~v rà:p X&·
XWPLO'I'é.'II0\1 OtU'tW'II tat(v· éhOtV se.xwptaO'[i, XOtl -r6n ÕV'tOt
wr; ID-71 MV'tat) XOti "(Ti XOti mp XOtt &Tjp· ou8ev rdtp atu-rwv
lv latw, eX).).' otov owpóç, 11:piv f1 mcp6tj XOti l'É"'T)'tOt( 'tL
to ~ OtÚ-rW\1 &v. ~Àtatat 8' &v -rtç -rdt -rwv l~tcilúxwv Ú1to-
Àá:~ot ~t6ptat XOtl 'tOe tijç ciluxiir; 1tá:p&"("(UÇ ~cpw r("f''t·
o6att, õvrat xati lV't&À&X&~ XOtt 8uvá:~ttt, -rcll &pxdtç lxetv
1..\EfAFÍSICA, Z 15/16, l040a24-b 12 357

deverão ser prcdicadas de muitos: assim, por exemplo, o animal


c o bípcde. Se não fosse assim, como se poderia conhecer? I lave- 25
ria, de fato, um<J Idéia CJUC não poderia ser prcdicada de mais de
um indivíduo, o que não parece possível, porgue todas as Idéias
são participáveis~.
Como dissemos\ portanto, não nos damos conta ele guc (·
impossível definir os entes eternos, especialmente os guc são
únicos, como o sol c a lua. De fato, não só se erra (a) acrescentan-
do à definição e~quclas caractcrístice~s em cuja ausência o sol cem- 30
I inu<Jria sendo tal, como, por exemplo, o f<1to ele girar em torno
da terra, ou o fato de esconder-se de noite (como se ele, se ficasse
parado ou se brilhasse continuamente, deixasse de ser sol; mas,
evidentemente, seria absurdo que não continuasse a sê-lo, porque
o sol significa dctenninada substância). Também se erm (b) quan-
do se introduz na definição aguclcs atributos que podem ser
predicados também de outro: se, por exemplo, surgisse outra
coisa com aqueles atributos, c\·idcntcmcntc seria sol, c então a JU40b
definição seria comum a ambos; nHJS dissemos que o sol é uma
substância individual, como Clcontc ou Sócratcs9 •
F. depois, por que nenhum desses filósofos forncl'c Ulll<l de-
finição de Idéia? Se tentassem fazê-lo fk:aria então manifesta a
verdade do 4uc dissçmoslil.

16. {A1s partes de que são constituídas as co;..;as semíveis ncio


são substâncias e também não .são subtStclnc:ias o Urw e o
Ser dos PlatônicoN / 1
(.:evidente que, mesmo a lll<lioria das coisas que comuml'nh: 5
süo consideradas substâncias, na realidade são só potências2• 'làis
s;lo as partes dos animais: de fato, nenhuma delas é uma realida-
de separada, c, quando se separam, só existem como matéria~. E
assim também são a terra, o fogo c o ar: de fato, estes não são
uma unidade, mas são como uma massa, antes que sejam infor-
mados c guc algo se gere dclcsf. Particularmente, poderíamos ro
ser induzidos a crer que as partes dos seres animados c as partcs
da alma subsistam em ambos os modos, tanto em ato como em

_...._j_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ !!!!!!!~"~'*~"'"'"""~--··
358 HlN META TA <!>YIIKA Z

xtvfJGUJ>ç 1i1t6 'tt~ç '" 'tatrç xat111tatrç a,;, t:vtat ~éilat Statt·
POÚILevat ~ti· &;).).. ' ~~L<a>Ç 8uv&11et 1t&\l't' lo'tatt, ~OtY ~ iY xat
15 awextç cpÚGf.t, lillll IL~ ~(~ +i <N!LifÚGf.L. 'tO j'llp
'tOtoG'tov 1t'ÍIP(J)(JtÇ. t1tet St 'tO 'E,y Àtj'f.'tatt C>crntp XOtt 'tO õv,
xat ~ oua(at ~ 'tOÜ lvoç IL(Ot, xatl c!>Y IL(Ot lipt81Léil tv lipt81Lcll•
cpatYepÕ\1 Õ'tt oÜn 'tO tY oün 'tO Õ\1 l\ISéxe'tatt oúa(Otv tt\ICCt 'tWY
1tPati'IL&'t(a)Y, wcrn;ep oú8t 'tO <notxe~ etvatt fi lipxií· lillll
:zo ~7J'tou 11 ev nç oõv ~ lipx~. !vat dç "(''(a)pt11w-cepov livatr&r(a)·
IL'". !L&Â.Àov ILtY ouv -cOÚ't(a)Y oõa(Ot .,;o Õ\1 xal 'E.Y fi f} n
liPX~ xal .,;o <notxe!OY xal .,;o att'-ctoY, oG7t(a) Se oUSe 'tOtÜ'tat,
d'mp IL7l8' &>..>..o XOLY0\1 IL7J8tY oÔG(Qt· ou8eYl rllp Õ1t&pxet ~
oúo(Ot lill' +i atu'ttj 'tf. xatl 'tcll lxo\l'tt OtÚ't'Íj'tl, oõ l<rttv oual<x.
:z~ l'tt -co t" 1to>..À.Otxti oõx &" f.t7J &110t, 1:0 ae xotvov &110t
1tOÀ.ÀOtXÕ Õ1t&pxw WG'te 8TjÀ.Õv Õ'tt ou8E.Y 'tWY XOt8óÀ.ou
Ú1t&pXtt 1tatpll 'til xat8' lxOtG'tOt X(a)p(ç. &;)..).. 1 Ot 'til tt'&r}
Àtj'O\IUÇ 'ttj ILtY op&wç À.tj'OU(Jt x(a)p(Y,\I'teç atÔ'tiÍ, !t1tf.P
oÕa(Ott dGf, 'ttj 8' oox op8wç, Õ'tt 'tO t\1 t1tL 1tOÀÀwY d8oç
lO Àtj'OUGtY. Ott'tt0\1 8 1 Õ'tt OUX tXOU<JLY tX1to8oÜ\IOtt 't(Y!Ç Ot{
.,;otatÜ'tatt oÕGCOtt atl &cp8atp'tOt 7tatpll .,;cit; XOt8' lxat<rtat xat
atla81}'t&ç 1tOtOÜ<Jt\l ow -cllç atÕ'tllç 'tcll f.Wet 'tOÍÇ cp8atp.,;otç
('tOtÚ'tOtÇ j'llp t!J~Lf.Y), OtÚ'to&v8p(a)1t0Y xat OtUtÓt1t1t0\1 1 1tpo<rtt·
8t\l'teç -cotç atla&rj-co!ç 'tO Pii!Lat 'tO "atÕ't6". xathot x&Y tl 11~
1041 1 ~p&xetiLeY 'til &<rtpat, oôatY &v -ljn0\1 1 Ot!LOtt 1 -ljaat\1 OUNt
lit8tot 1tatp' &ç ~ILttç ti8et1Ley· w<nt XOtL W\1 d IL~ lxoiLt\1
METAFÍStCA,Z 16.• 1040b 13-1041 a2 359

potência, pelo fato de possuírem o princípio do movimento num


certo ponto das articulações (por isso alguns animais vivem mes-
mo depois de terem sido cortados) 5• Todavia, todas essas partes
sú existirão em potência, e só quando forem uma unidade e
uma continuidade natural c não uma unidade obtida pela força 15
ou pela conjunção natural (um fenômeno desse tipo se revela
uma anomalia) 6 .
Dado que o um tem os mesmos significados do scr7 c que
a sustância do um é única, c dado que as coisas cuja substância
é numericamente uma constituem uma unidade numérica, fica
claro que o Ser c o Um não podem ser substância das coisas~;. !<: 20
não podem ser substância elas coisas, assim como a essência de
elemento c a essência de princípio não pode ser substância'),
mas nós estamos justamente buscando qual é o princípio, para
reduzi-lo a éllgo mais conhecido. Ora, o Ser c o Um deveriam ser
substância com mais razão do que o princípio, o elemento c a
causa; mas, na realidade, também estes não são substâncias, dado
que nada do que é comum é substância. Com efeito, a substân-
cia não pertence a nada mais além de sí mesma ou ao sujeito
que a possui c do qual é substância 111 • Ademais, o que é no não 25
pode estar ao mesmo tempo numa multiplicid<ldc de lugares;
enquanto o que é comum encontra-se ao mesmo tempo em
muitos lugarcs 11 • Portanto, é evidente que nenhum dos universais
existe ao lado das coisas sensíveis c separadamente delas. rvlas
os que afirmam a existência das rormas, sob certo aspecto, têm
razão de apresentá-las como separadas, se as formas são subs-
tâncias; mas, sob outro aspecto, não têm razão, porque chamam
h>rma a unidade que se refere a uma multiplicidade. E a rai7. do
erro deles está na incapacidade de explicar o que sejam essas 30
~ubstâneias incorruptíveis existentes à parte das coisas indivi-
duais c sensíveis. Eles afirmam as Idéias como especificamente
iguais às coisas corruptíveis (de fato, não conhecemos essas subs-
tâncias corruptíveis): e falam de homem-em-si c de cavalo-em-
si, simplesmente acrescentando às coisas sensíveis a expressão
"em si" 12 •
Mesmo que nunca tivéssemos visto os astros, não obstante 1041'
isso, penso, eles seriam substâncias eternas, além das sensíveis
360 TQN 1>1ETA TA <I>YIU<A Z

"t(veç da{v, ill' e.TV«( y€. 'ttvetÇ L06>Ç à.VOtyxoit'ov. Õ-ct J.ttV
oõv oün -cwv xoc96Àou Àe.yoJ.téV(I)v oõaev oõo(cx oü-c' &a-clv oôo(cx
s oüae.J.t(cx tÇ oôatwv, afj>.ov.

17
Tl ae XPTi Àéye.tv xcxl lntot6v 'tt "CTjv oôa(cxv, n-cUtv
4ÀÀT)Y otov à.pxTiv ~OtT)O<ÍJ.ttVOt Àly6>J.Le.V' to6>ç y&p tx 'tOÚ·
't<.tl\1 mcxt afj>.ov XCXL ~ept tXE(VT)Ç 'rijç oôo(cxç -ij"ttÇ ml. xe.x(l)·
ptoJ.tlVT) -cwv cxl~wy oõat6>v. t7td oõv ~ oõaCcx à.px7l xcxl
to cxhCcx 'ttt; mlv, tvuü9e.v J.tt'ttÚov. ÇT)'te.!'tOtt ae -co at.X -c(
à.e.l OÚ't6>Ç, at.x 'tL 4À.Ào ru~ 'tL\IL Ó7tcípxe.t. 'tO y.Xp ÇT)-
nrv at.X -c{ Ó Jl.OUOLXOÇ civ9p6>n"OÇ Jl.OUOtxOÇ !V9p6>~ÓÇ la"tt\1,
-i\"tot tm 'tO dpT)!Ú\10\1 tT)'tE.tv, al.dt 'tÍ Ó !v9p6>1tOÇ J.LOUOuWÇ
ta"ttv, i\ &ÀÀo. 'tÕ J.LtY oúv at.X -c( cxÕ't6 ta"tW cxÕ'tÓ, oõaév ~
u t11ntv (8e.r y.Xp 'tO &n xcxt 'to e.!V«t Õ1t<ipxe.tv 8fj).cx ÕVt'cx
- >.tyw 8' otov õ-ct ~ oe.ÀT)YT) txÃe.(7te.t- , cxõ'tO 8e &tt cxlh6,
e.tç À6yoç xocl J.t(cx cxlncx t~l ~<Ív'twv, 8t.X -c{ ó &vap~oç
~Y9pw7tOÇ i\ Ó Jl.OUOLXOÇ Jl.OUatxÓÇ, ~À~v E.L 'ttÇ Àlyot iht &.atcxÍ·
pt'tOV ~poç OtÓ'tO lxcxa'tov, 'tOÜ'tO a• -ljv 'tÕ Í\IL dVOtt' ill.X 'tOÜ'tO
:zo XOL\IÓV ye. XCX't.X 1tcXvtWV XCXL GÚV"tOJ.tOV). t7j'tT)aE.te. a' &v 'ttÇ
a~ "t( éiv9pw~ÓÇ mt t~o\1 'tOto\18(. 'tOÜ'tO jdv 'tO(WV
8fjÀov, lht OU tT)'tE.t 8tàt 't( Õt; mt\1 ~\19p6>1tOÇ ~v9p6>1tÓÇ tO'tL\1'
'tL ~ex XCX't<Í 'ttVOÇ t7jnt a,a n Ó~<ÍPXEL (Õ'tt 8' Ún"<ÍPXE.t,
8e.r afj>.ov etvcxt • e.l y.xp I'Ti oihwç, oõ8E.v t11nt) , oiov at& -c(
z~ ~pOV't~; at.X "t( cj,6q>oç y(yve.-ccxt &v 'totç vlq>e.atv; 4À.Ào y.Xp
oú-tw xoc-c' &Uou ml 'tÕ ÇT)'tOÚJl.E.\10\1. XCXL at.x 'tL -ccx8{, otov
METAFÍSICA, Z 16/17, 10.41 a J. 26 361

que conhecemos. De modo que, se no momento não sabemos que


substâncias não-sensíveis existem, todavia é necessário que pelo
menos algumas existam n.
Portanto, é claro guc nada do que se diz no universal é substân-
cia c que nenhuma substânci<l é composta de outra~ substânciasH. 5

17. {Conclusões sobre a questão da substância: a substdnc.:ia


é principalmente a forma/ 1
E agora digamos, mais uma vci'., o que se deve chamar de
substância c qual é Sll<l natureza, partindo, contudo, de outro pon-
to2. Talvez essas novas considerações tragam esclarecimentos tam-
bém sobre a substância sepan1da das sensíveis'.
Dado que a substância é um princípio c uma causa, daqui
devemos partir4 • 10
Quando se bmt<l o porquê das c.:oisas, busca-se sempre a
razão pela qual illguma coisa pc.:rtcnce a outra. De fato, buscar
por que o homem músic.:o é homem músico, ou signific.:a busc.:ar o
que agora se disse, ou seja, por que o homem é músico, ou signi-
fica outra <.:oísa. Ora, investigar a rcJzão pela qual uma cois:1 é ela
mesma não é investigar nada; com efeito, é necessário que o
dado c a existência da coisa sejam previamente c.:onhceidos: por 15
exemplo, o fato de a lua ter eclipses. Por isso, o fato de toda coisa
ser si mesma é o único argumento c a única rai'.ão <l aduzir cm
resposta a todas as qucst<ics como estas: por que o homem é ho-
mem ou por guc o müsic.:o é müsi<.:o. A menos que se prefira res-
ponder: porque cada coisa não pode ser dividida dc si mesma, c
isso signif-ica. exatamente, dizer que a <.:Oisa é una; mils css<l rc·s-
posta serve para quillquer caso c é genérica. Pode-se, ao contrcí- 20
rio, investigar por que o homem é um animal dessa determina-
da natureza. Nesse caso é evidente que não se investiga por quc
aquele que é homc.:m é homem; antes, investiga-se por q uc al-
guma eoi.~a convém a outra (o fato de uma coi~a <.:Oiwir a outra
já deve ser c.:onheciclo, já que se não for não se investiga nacb).
Por exemplo, investigar por que troveja equivale a investigar por
que se produz um ruído entre as nuvens. Desse modo, o que se 25
investiga é justamente o seguinte: por que alguma coisa pertence
J62 TON META TA CI>Yl:IKA Z

1tÀ(v6ot XOtL À(6ot, olx(or: ia-dv; <piXVtpOV -ro(wv rn ~'ljU! 'tÕ


or:!'ttov· ['toirto 8' ia-d 'tO -r( ~v e.!V<Xt, wç dmrv ÀorLXw~, ô
t'lt' t\lk.lV !J.t\1 tcrtL 't(VOÇ l\ltXOt 1 o!o\1 LcJ(J)Ç t1t' olxCor:ç fi xÀ(·
JG \l'f')Ç, t'lt' tV((J)\1 8t 't( bc(v'ljOE. 1tpWW\I' cx!-rt0\1 rcip XOtt WÜ'to.
&:).).« -ro fd.v 'totoirtov cx!'ttov l1tl wü rCrve.o9or:t ~'llur-rcxt xocl
<p9e.(pe.a6cxt, 9ciupov 8~ xoct i1tt 'tOÜ e.tvor:t. Àor:v&civet Si ~­
ÀLCrtor: 'tO ~'ll'tOÚJLE.VOV lv 'tÕtç JLTi xet-r' &:llftÀ(J)V ÃtroJdvo~c;,
1041 b o!ov !v9~oç 'tL lcnt ~'lj-rtL'tor:t 8tci -rO <Í1CÀWç Àtl'Ecr9or:t
&:llci ILTi 8wpC~f.tv Õ'tt 'tci8e. -r68e.. &:llci 8u 8tcxp6pw-
O"or:v-ror:ç ~'ljUL\1' f.l 8& ILYt• xowov WÜ IL'Il6ev ~'ljUL\1 XOtt -roü
~'llurv 'tt rCrvf.'tcxt. i1td 8& 8e.r lxe.tv n xcxi Ú1tCÍPXEtv -ro
~ ETV<Xt, 8ijÀov 81J Õ'tt Tijv ú?..TJV ~"'ur 8tci 'tÍ (-d) icmv • otov
OLXLIX
' , ~· ot<X
'tiXot ~ ' 'tt;, u.L
11- < L
tm~:~.pXEL O 'l\1 Olx'LQC E.LV<XL.
" .1: "' XIXL' ct\1·
.,
6pw1toç 'to8(, 7'1 'tO crw~J.~X 'tOÜ'to -ro81 lxov. Clcne oro or:!-rtov
~'lj'tt!'t<XL 't'ijç ÜÀ'Ijt; ('tOÜ'tO 8' icrtt 'tO e.l1ioç) ~ 'tÍ icnw· WÜ'tO
8' ~ oõo-Cor:. <por:ve.pov 'to(wv Õ'tt i1tl -rwv <Í1CÀwv oõx lcnt ~Yt'tTJ·
10 crt.c; oõ8e 8C~t.c;. &:).). • l-repoç 'tp6noç 't'ijç ~TJ'tijcrt(J)t; -rwv wwú-
'twv. - t'ltd Se 'tO lx 'ttvOt; aúv9t't0\l olrr(J)Ç wcne. i v Etvor:t 'tO 1t«Y,
[&v] !Li! wc; CJ(J)pàç &:ll' wç ~ cruÀÀor:~ft -it_ 8! cruÀÀ~
oõx lcr'tt "tci cnotxeror:, oUSe 'tê!) ~ -ror:õ-ro -rO ~ xcxi <i, oõ8'
TJ cr~Ç 'ltÜp XOtL ')'ii (8tcxÃu6t\l'tWV l'cXP 'tcX JUV OÔXÍ'tt lcrttv,
u orov Tj cr~ xcxl ~ crullcx~ft. 'tcX 8t cnotxeror: lcnt, xcxl oro
'ltÜp xor:l ~ ')'ii) • lcrttv &por: 'tt ~ cruÀÀor:~ft, oõ JLÓVov -rei cnot-
xercx 'tO <pwvijt\1 xocl li<pwvov &:llci X<Xt l-rep6v 'tt, XOtt ~
O"!ipÇ oõ !J.Óvov 1tÜp xcxl ')'ii ii 'tÕ 9tp!J.Ov xor:l qn.JXP0\1

··-
METAFÍSICA,ll7, 1041 a27·b 18 363

a outra? E, assim, se perguntamos: por que esse material, por


exemplo, tijolos e pedra, constitui uma casa 5.
Portanto, é evidente que se busca a causall; e esta é, em
alguns casos, cause~ final (assim, por exemplo, no caso da casa ou 30
do leito); noutros casos, ao contrário, é a causa motora próxima.
'Iambém esta, com efeito, é uma causa. Busca-se a causa motora
quando se trata de explicar a geração e a corrupção das coisas,
enquanto a outra causa se busca quando se trata de cxp1icar o
ser das coisas 7•
O objeto da pesquisa não é claro sobretudo nos casos em