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DISCIPLINA
ÉTICA, CIDADANIA E DIREITOS HUMANOS
CONTEUDISTA
Demóstenes Carvalho Rolim Cartaxo – DPC
FORMATAÇÃO
JOELSON Pimentel da Silva – 3º Sgt PM
• 2016 •
Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP|CE
Curso de Habilitação de Oficiais Bombeiros Militares – CHO/BM
ÉTICA, CIDADANIA E DIREITOS HUMANOS
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO............................................................................................................................................................7
CAPÍTULO I....................................................................................................................................................................7
1. FUNDAMENTOS DA ÉTICA. .......................................................................................................................................7
1.1 Os Filósofos Gregos e a Ética. .............................................................................................................................7
2. DIREITOS HUMANOS ................................................................................................................................................8
2.1 Aspectos Introdutórios .......................................................................................................................................8
2.2 Definições ...........................................................................................................................................................8
2.3 Características.....................................................................................................................................................9
2.4. Os Sujeitos .........................................................................................................................................................9
2.5 Dimensões ou Gerações ...................................................................................................................................10
Direitos da 1ª Dimensão ........................................................................................................................................10
Direitos da 2ª Dimensão.........................................................................................................................................10
Direitos da 3ª Dimensão ou Direitos à Solidariedade ............................................................................................10
Direitos da 4ª Dimensão ou Direitos Coletivos da Humanidade ............................................................................10
Direitos da 5ª Dimensão.........................................................................................................................................11
2.6 Não deixe de se indignar ..................................................................................................................................11
2.7 A Polícia Militar e os Direitos Humanos ...........................................................................................................11
3. DIREITOS FUNDAMENTAIS DA PESSOA HUMANA..................................................................................................11
3.1 Considerações iniciais.......................................................................................................................................11
3.2. Direitos Fundamentais.....................................................................................................................................11
3.2.1 Direito à vida..................................................................................................................................................11
3.2.2 Direito à liberdade.........................................................................................................................................12
3.2.3 Direito à igualdade.........................................................................................................................................12
3.2.4 Direito à segurança........................................................................................................................................12
3.2.5 Direito à propriedade ....................................................................................................................................12
3.2.6 Direito ao trabalho ........................................................................................................................................12
3.3. Garantias Constitucionais ................................................................................................................................13
3.3.1 Habeas Corpus - HC ......................................................................................................................................13
3.3.2 Mandado de Segurança - MS.........................................................................................................................13
CAPÍTULO II.................................................................................................................................................................13
4. CIDADANIA..............................................................................................................................................................13
4.1 Considerações iniciais.......................................................................................................................................13
4.2. Valores Básicos ................................................................................................................................................13
4.3 Princípios Básicos..............................................................................................................................................14
5. O MEMBRO DA POLÍCIA MILITAR COMO EXEMPLO DE ÉTICA E PROMOTOR DA CIDADANIA E DIREITOS
HUMANOS ..................................................................................................................................................................15
5.1 Considerações iniciais.......................................................................................................................................15
5.2 A busca do bem comum ...................................................................................................................................15
5.3 O dever de agir .................................................................................................................................................15
5.4 Reflexão: direitos e deveres .............................................................................................................................15
6. OS DIREITOS HUMANOS À LUZ DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS DA ONU - 1948 E DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL BRASILEIRA DE 1988. .........................................................................................................16
6.1 Considerações iniciais.......................................................................................................................................16
6.2 Análise Comparativa ........................................................................................................................................16
CAPÍTULO III................................................................................................................................................................20
7. CÓDIGO DE CONDUTA PARA OS FUNCIONÁRIOS RESPONSÁVEIS PELA APLICAÇÃO DA LEI (CCEAL) ....................20
8. TREZE REFLEXÕES SOBRE POLÍCIA E DIREITOS HUMANOS.....................................................................................20
8.1 Considerações iniciais.......................................................................................................................................21
PRIMEIRA: Cidadania, Dimensão Primeira .............................................................................................................21
SEGUNDA: Policial: Cidadão Qualificado ................................................................................................................21
TERCEIRA: Policial: Pedagogo Da Cidadania ...........................................................................................................21
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APRESENTAÇÃO CAPÍTULO I
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O Cilindro de Ciro foi feito em barro onde constam No campo específico dos Direitos Humanos
valoroso escritos Internacionais, válido observar a definição apontada
por DE SIMONI:
Esta evolução de respeito a vida, a dignidade e a
liberdade, foi avançando com o passar dos anos e Consiste en el cuerpo de reglas internaiconales,
séculos e tomando impulso com aspectos religiosos procedimientos e instituiciones elaboradas para
implementar lãs ideas de que todo país tiene la
com o Cristianismo.
obligación d e respestar los Derechos Humanos de
Já na idade moderna, dos séculos XVII e XVIII, sus ciudadanos y de que las otras naciones y la
fortaleceu-se o ideário de que todos os homens são comunidad internacional tiene la obligacíon y el
por natureza livres e detentores de direitos invioláveis derecho de vigilar el cumplimiento de esa
como a vida. Estes ideais levaram a acontecimentos obligación. (DE SIMONI, 2003).
como a Independência dos Estados Unidos (1776), a
Revolução Francesa (1789) e a própria Declaração dos À luz dos doutrinadores citados, é possível
Direitos do Homem e do Cidadão, proclamada na entender de forma geral que os Direitos Humanos,
França, também em 1789.
Marco significativo nesta história foi a Criação da 1
Homo sapiens – Segundo a ciência o ser humano é a única espécie animal
Organização das Nações Unidas – ONU, instituição que de primata bípede do gênero Homo ainda viva. Os humanos
anatomicamente modernos originaram-se na África há cerca de 200 mil
tem como pressuposto a busca pela paz. Surgiu logo anos, atingindo o comportamento moderno há cerca de 50 mil anos.
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Traduzindo temos que: Nós não teremos De forma geral todos os indivíduos humanos são
desenvolvimento sem segurança, nós não teremos sujeitos de Direitos Humanos. Porém, mesmo nesta
segurança sem desenvolvimento e não desfrutaremos condição de igualdade, apresentam características
de ambos se não respeitarmos os Direitos Humanos. peculiares e posicionamentos diversos senão vejamos:
Os Direitos Humanos pelo conjunto apresentado
são por assim dizer o único caminho para a plenitude 2.4.1 Sujeitos Promotores: São pessoas físicas e
do ser humano e para a paz entre os povos. jurídicas, de direito público, nacional ou internacional,
ou de direito privado, que promovem os Direitos
2.3 Características Humanos A maior deficiência encontrada é justamente
na formação jurídica para o reconhecimento dos tipos
Os Direitos Humanos, pelo seu valor e pelos de direitos e dos meios legais de proteção que podem
campos que busca proteger possuem algumas ser valer nessa missão.
características próprias, senão vejamos:
2.4.2 Sujeitos Violadores: São pessoas físicas e
2.3.1 Imprescritibilidade: Os Direitos Humanos jurídicas que violam os Direitos Humanos consagrados
fundamentais não se perdem pelo decurso de prazo. ou não nas leis internas, ou que impedem a sua
Eles são permanentes. implementação prática.
2.3.2 Inalienabilidade: Não se transferem de 2.4.3 Sujeitos Vítimas: Pessoas físicas que têm
uma para outra pessoa os direitos fundamentais, seja seus Direitos Humanos violados. Todos os seres
gratuitamente, sejam mediante pagamento. humanos são vítimas em potencial.
2.3.3 Irrenunciabilidade: Os Direitos Humanos 2.4.4 Sujeitos Indiferentes: São aqueles que
fundamentais não são renunciáveis. Não se pode exigir agem com indiferença frente aos Direitos Humanos.
de ninguém que renuncie à vida (não se pode pedir a Ressalta-se que a indiferença gera o risco e não deixa
um doente terminal que aceite a eutanásia, por de ser uma forma de negligência que pode levar a
exemplo) ou à liberdade (não se pode pedir a alguém implicação de uma culpa, por omissão.
que vá para prisão no lugar de outro) em favor de
outra pessoa. 2.4.5 Sujeitos Contrários: São as pessoas físicas
ou jurídicas que de qualquer modo atuam em desfavor
2.3.4 Inviolabilidade: Nenhuma lei dos Direitos Humanos.
infraconstitucional e nenhuma autoridade podem
desrespeitar os direitos fundamentais de outrem, sob Os sujeitos contrários a Direitos Humanos são,
pena de responsabilização civil, administrativa e na prática, pelo mal que prestam à humanidade quase
criminal. violadores, eis que incitam, ainda que indiretamente, o
seu desrespeito.
2
Kofi Atta Annan é um diplomata de Gana. Foi, entre 1 de janeiro de 1997 e
1 de janeiro de 2007, o sétimo secretário-geral da Organização das Nações
Unidas, tendo sido laureado com o Nobel da Paz em 2001.
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externa oficialmente declarada. (Observe o artigo 84 que todas as pessoas merecem o mesmo tratamento,
inciso XIX da Constituição Federal Brasileira). logo, risque do seu dicionário palavras agressivas como
“vagabundo e suas derivações”.
3.2.2 Direito à liberdade No mesmo esteio dispa-se de seus julgamentos e
preconceitos para só então lidar com as pessoas.
A liberdade desdobra-se em vários direitos,
todos assegurados pela Constituição Federal. 3.2.4 Direito à segurança
Locomover-se livremente consiste no direito que
todas as pessoas têm de ir, vir e ficar sem serem Em sentido amplo, o principal instrumento de
incomodadas. segurança que a pessoa tem é a lei. Por meio dela
É claro que esse direito não poderia ser estão em tese assegurados a todas as pessoas as
absoluto, pois uma pessoa não pode entrar livremente garantias constitucionais necessárias a sua proteção e
em propriedades privadas. desenvolvimento.
Mesmo o profissional de Segurança pública não Os operadores de Segurança Pública nos seus
pode entrar em casa alheia, sem observar as exceções mais variados campos de atuação, ou seja, Polícia
do inc. XI, Art. 5º, da Carta. Ostensiva, Polícia Judiciária, Atividade Pericial e
Diante do direito a liberdade, o profissional de Atividade Bombeirística, possuem como missão maior
segurança deve estar preparado e devidamente a proteção da sociedade.
esclarecido para que possa exercer a sua atividade
preventiva sem cercear ilegalmente a liberdade da 3.2.5 Direito à propriedade
pessoa ou até mesmo socorrer alguém.
Pelo quadro passado é interessante destacar que
no cumprimento das atividades profissionais é
necessário manter a serenidade, pois submeter alguém
a uma situação vexatória desnecessária caracteriza
conduta punível pela lei, por abuso de autoridade (Lei
Federal 4.898/95).
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amplo, onde toda pessoa pode exercer livremente 3.3.2 Mandado de Segurança - MS
qualquer espécie de atividade socialmente útil e legal.
Para que, na prática, exista essa liberdade de No art. 5º inciso LXIX da Constituição Federal
trabalho é necessário que a lei exija não só a garantia vigente, encontra-se estabelecido que será concedido
de emprego, mas também, condições humanas e mandado de segurança para proteger direito liquido e
dignas para o exercício do trabalho. certo não amparado por habeas corpus ou habeas
O emprego é um dos maiores bens que o data, desde que o responsável pela ilegalidade ou pelo
cidadão pode ter, pois sem ele a pessoa fica incapaz de ato abusivo seja autoridade pública ou gente de pessoa
satisfazer suas necessidades e as sua família. jurídica no exercício de atribuições do poder público.
Para evitar graves prejuízos à população, a Para evitar prejuízos irreparáveis, ao receber o
Constituição diz que uma lei definirá os servidores e as mandado de segurança, antes de julgar o mérito, o juiz
atividades que serão consideradas essenciais, além de poderá conceder “medida liminar”, garantindo
estabelecer critérios para que, em caso de greve, não temporariamente o direito solicitado.
seja interrompido o atendimento das necessidades Vale lembrar que o fato do juiz conceder medida
inadiáveis da população. liminar não significa que a decisão será tendente ao
O profissional de Segurança Pública deve solicitado. A liminar visa tão somente evitar prejuízos
valorizar o trabalho de todo cidadão, principalmente decorrentes da demora do julgamento do mérito.
aqueles mais simples que, em regra, são desenvolvidos
pelas pessoas menos favorecidas. CAPÍTULO II
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“Cada um tem
Art. 3º Toda pessoa tem direito à
o direito de Art. 5º
vida, à liberdade e à segurança
viver livre e em ..
pessoal.
segurança“
“Ninguém tem
Art. 4º Ninguém será mantido em o direito de
Art.1º...
escravidão ou servidão; a escravidão tomar outro
II, III e
e o tráfico de escravos serão ser humano
IV
proibidos em todas as suas formas. como escravo.
6.1 Considerações iniciais “
“Ninguém será
Art. 5º Ninguém será submetido a
A Assembléia Geral das Nações Unidas instituiu torturado ou
tortura, nem a tratamento ou Art. 5º;
um dos textos mais significativos do século: a maltratado
castigo cruel, desumano ou III
Declaração Universal dos Direitos Humanos, que no com crueldade.
degradante.
“
ano pretérito de 2012 completou sessenta e quatro
anos. Art.
A Declaração é um dos mais belos documentos Artigo 6º Toda pessoa “Cada um tem direito,
1º...
tem o direito de ser, em desde seu nascimento, a
já produzidos pelo ser humano. Escrita em um todos os lugares, ter um nome, uma
II – a
momento delicado e crucial da história da c/c
reconhecida como pessoa nacionalidade e a ser
Art.5º...
humanidade. perante a lei. alojado. “
LXXVI, a
Os Direitos Humanos são fundamentais para a
existência e a coexistência humana, paralelo a isso Artigo 7º Todos são iguais
tudo há também uma legislação pátria concernente a perante a lei e têm direito, sem
“A lei é a mesma
direitos e garantias individuais e sociais. qualquer distinção, a igual
para todo mundo,
Para uma melhor compreensão da Declaração e proteção da lei. Todos têm
deve ser aplicada da Art.5º,I
direito a igual proteção contra
da Constituição Brasileira, faz-se uma análise qualquer discriminação que
mesma maneira para
comparativa conforme observa-se no quadro a seguir. todos, sem distinção.
viole a presente Declaração e
“
contra qualquer incitamento a
tal discriminação.
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Em muitas academias de polícia (é claro que não Enquanto um melhor direcionamento não
em todas) os policiais parecem ainda ser “adestrados” ocorre em plano nacional, é fundamental que os
para alguma suposta “guerra de guerrilhas”, sendo estados e instituições da polícia civil direcionem
submetidos a toda ordem de maus-tratos (beber estrategicamente o processo de maneira a unificar sob
sangue no pescoço da galinha, ficar em pé sobre regras claras a conduta do conjunto de seus agentes,
formigueiro, ser “afogado” na lama por superior transcendendo a mera predisposição dos delegados
hierárquico, comer fezes, são só alguns dos recentes localmente responsáveis (e superando, assim, a
exemplos que tenho colecionado à partir da narrativa “ordem” fragmentada, baseada na personificação).
de amigos policiais, em diversas partes do Brasil). Além do conjunto da sociedade, a própria polícia civil
Por uma contaminação da ideologia militar será altamente beneficiada, uma vez que regras
(diga-se de passagem, presente não apenas nas objetivas para todos (incluídas aí as condutas internas)
PROFISSIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA mas também só podem dar maior segurança e credibilidade aos que
em muitas polícias civis), os futuros policiais são, precisam executar tão importante e ao mesmo tempo
muitas vezes, submetidos a violento estresse tão intrincado e difícil trabalho.
psicológico, a fim de atiçar-lhes a raiva contra o
“inimigo” (será, nesse caso, o cidadão?). DÉCIMA TERCEIRA: A Formação Dos Policiais
Essa permissividade na violação interna dos
Direitos Humanos dos policiais pode dar guarida à ação A superação desses desvios poderia dar-se, ao
de personalidades sádicas e depravadas, que usam sua menos em parte, pelo estabelecimento de um “núcleo
autoridade superior como cobertura para o exercício comum”, de conteúdos e metodologias na formação
de suas doenças. de ambas as polícias, que privilegiasse a formação do
Além disso, como os policiais não vão lutar na juízo moral, as ciências humanísticas e a tecnologia
extinta guerra do Vietnã, mas atuar nas ruas das como contraponto de eficácia à incompetência da
cidades, esse tipo de “formação” (deformadora) força bruta.
representa uma perda de tempo, geradora apenas de Aqui, deve-se ressaltar a importância das
brutalidade, atraso técnico e incompetência. academias de Polícia Civil, das escolas formativas de
A verdadeira hierarquia só pode ser exercida oficiais e soldados e dos institutos superiores de ensino
com base na lei e na lógica, longe, portanto, do e pesquisa, como bases para a construção da Polícia
personalismo e do autoritarismo doentios. Cidadã, seja através de suas intervenções junto aos
O respeito aos superiores não pode ser imposto policiais ingressantes, seja na qualificação daqueles
na base da humilhação e do medo. Não pode haver que se encontram há mais tempo na ativa. Um bom
respeito unilateral, como não pode haver respeito sem currículo e professores habilitados não apenas nos
admiração. Não podemos respeitar aqueles a quem conhecimentos técnicos, mas igualmente nas artes
odiamos. didáticas e no relacionamento interpessoal, são
A hierarquia é fundamental para o bom fundamentais para a geração de policiais que atuem
funcionamento da polícia, mas ela só pode ser com base na lei e na ordem hierárquica, mas também
verdadeiramente alcançada através do exercício da na autonomia moral e intelectual. Do policial
liderança dos superiores, o que pressupõe práticas contemporâneo, mesmo o de mais simples escalão, se
bilaterais de respeito, competência e seguimento de exigirá, cada vez mais, discernimento de valores éticos
regras lógicas e suprapessoais. e condução rápida de processos de raciocínio na
tomada de decisões.
DÉCIMA SEGUNDA: Necessidade De Hierarquia
9. OBSERVAÇÕES FINAIS.
No extremo oposto, a debilidade hierárquica é
também um mal. Pode passar uma imagem de descaso Chegamos ao final do conteúdo didático, porém,
e desordem no serviço público, além de enredar na o mais valioso será o reforço, as práticas profissionais e
malha confusa da burocracia toda a prática policial. pessoais de respeito aos Direitos Humanos.
A falta de uma Lei Orgânica Nacional para a Você, como de integrante da Polícia Militar, tem
polícia civil, por exemplo, pode propiciar um desvio poder/dever de contribuir no combate a impunidade e
fragmentador dessa instituição, amparando uma na promoção da justiça social.
tendência de definição de conduta, em alguns casos, O Estado coloca ao seu dispor diversos
pela mera junção, em “colcha de retalhos”, do instrumentos para que possa denunciar violações aos
conjunto das práticas de suas delegacias. Direitos Humanos. Um deles é o telefone gratuito 181
(Disque Denúncia).
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DIREITOS CONSTITUCIONAIS E PARTICIPAÇÃO CIDADÃ 10) Adotar orientações, medidas e práticas concretas
voltadas à prevenção, identificação e enfrentamento
1) Adequar as leis e regulamentos disciplinares que do racismo nas instituições de segurança pública,
versam sobre direitos e deveres dos profissionais de combatendo qualquer modalidade de preconceito.
segurança pública à Constituição Federal de 1988.
11) Garantir respeito integral aos direitos
2) Valorizar a participação das instituições e dos constitucionais das profissionais de segurança pública
profissionais de segurança pública nos processos femininas, considerando as especificidades relativas à
democráticos de debate, divulgação, estudo, reflexão e gestação e à amamentação, bem como as exigências
formulação das políticas públicas relacionadas com a permanentes de cuidado com filhos crianças e
área, tais como conferências, conselhos, seminários, adolescentes, assegurando a elas instalações físicas e
pesquisas, encontros e fóruns temáticos. equipamentos individuais específicos sempre que
necessário.
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12) Proporcionar espaços e oportunidades nas 21) Desenvolver programas de prevenção ao suicídio,
instituições de segurança pública para organização de disponibilizando atendimento psiquiátrico, núcleos
eventos de integração familiar entre todos os terapêuticos de apoio e divulgação de informações
profissionais, com ênfase em atividades recreativas, sobre o assunto.
esportivas e culturais voltadas a crianças, adolescentes
e jovens. 22) Criar núcleos terapêuticos de apoio voltados ao
enfrentamento da depressão, estresse e outras
13) Fortalecer e disseminar nas instituições a cultura alterações psíquicas.
de não discriminação e de pleno respeito à liberdade
de orientação sexual do profissional de segurança 23) Possibilitar acesso a exames clínicos e laboratoriais
pública, com ênfase no combate à homofobia. periódicos para identificação dos fatores mais comuns
de risco à saúde.
14) Aproveitar o conhecimento e a vivência dos
profissionais de segurança pública idosos, estimulando 24) Prevenir as conseqüências do uso continuado de
a criação de espaços institucionais para transmissão de equipamentos de proteção individual e outras doenças
experiências, bem como a formação de equipes de profissionais ocasionadas por esforço repetitivo, por
trabalho composta por servidores de diferentes faixas meio de acompanhamento médico especializado.
etárias para exercitar a integração intergeracional.
25) Estimular a prática regular de exercícios físicos,
15) Estabelecer práticas e serviços internos que garantindo a adoção de mecanismos que permitam o
contemplem a preparação do profissional de cômputo de horas de atividade física como parte da
segurança pública para o período de aposentadoria, jornada semanal de trabalho.
estimulando o prosseguimento em atividades de
participação cidadã após a fase de serviço ativo. 26) Elaborar cartilhas voltadas à reeducação alimentar
como forma de diminuição de condições de risco à
16) Implementar os paradigmas de acessibilidade e saúde e como fator de bem-estar profissional e auto-
empregabilidade das pessoas com deficiência em estima.
instalações e equipamentos do sistema de segurança
pública, assegurando a reserva constitucional de vagas REABILITAÇÃO E REINTEGRAÇÃO
nos concursos públicos.
27) Promover a reabilitação dos profissionais de
SAÚDE segurança pública que adquiram lesões, traumas,
deficiências ou doenças ocupacionais em decorrência
17) Oferecer ao profissional de segurança pública e a do exercício de suas atividades.
seus familiares, serviços permanentes e de boa
qualidade para acompanhamento e tratamento de 28) Consolidar, como valor institucional, a importância
saúde. da readaptação e da reintegração dos profissionais de
segurança pública ao trabalho em casos de lesões,
18) Assegurar o acesso dos profissionais do sistema de traumas, deficiências ou doenças ocupacionais
segurança pública ao atendimento independente e adquiridos em decorrência do exercício de suas
especializado em saúde mental. atividades.
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30) Manter política abrangente de prevenção de 39) Firmar parcerias com Defensorias Públicas, serviços
acidentes e ferimentos, incluindo a padronização de de atendimento jurídico de faculdades de Direito,
métodos e rotinas, atividades de atualização e núcleos de advocacia pro bono e outras instâncias de
capacitação, bem como a constituição de comissão advocacia gratuita para assessoramento e defesa dos
especializada para coordenar esse trabalho. profissionais de segurança pública, em casos
decorrentes do exercício profissional.
31) Garantir aos profissionais de segurança pública
acesso ágil e permanente a toda informação necessária 40) Proporcionar assistência jurídica para fins de
para o correto desempenho de suas funções, recebimento de seguro, pensão, auxílio ou outro
especialmente no tocante à legislação a ser observada. direito de familiares, em caso de morte do profissional
de segurança pública.
32) Erradicar todas as formas de punição envolvendo
maus tratos, tratamento cruel, desumano ou HABITAÇÃO
degradante contra os profissionais de segurança
pública, tanto no cotidiano funcional como em 41) Garantir a implementação e a divulgação de
atividades de formação e treinamento. políticas e planos de habitação voltados aos
profissionais de segurança pública, com a concessão de
33) Combater o assédio sexual e moral nas instituições, créditos e financiamentos diferenciados.
veiculando campanhas internas de educação e
garantindo canais para o recebimento e apuração de CULTURA E LAZER
denúncias.
42) Conceber programas e parcerias que estimulem o
34) Garantir que todos os atos decisórios de superiores acesso à cultura pelos profissionais de segurança
hierárquicos dispondo sobre punições, escalas, lotação pública e suas famílias, mediante vales para desconto
e transferências sejam devidamente motivados e ou ingresso gratuito em cinemas, teatros, museus e
fundamentados. outras atividades, e que garantam o incentivo à
produção cultural própria.
35) Assegurar a regulamentação da jornada de
trabalho dos profissionais de segurança pública, 43) Promover e estimular a realização de atividades
garantindo o exercício do direito à convivência familiar culturais e esportivas nas instalações físicas de
e comunitária. academias de polícia, quartéis e outros prédios das
corporações, em finais de semana ou outros horários
SEGUROS E AUXÍLIOS de disponibilidade de espaços e equipamentos.
36) Apoiar projetos de leis que instituam seguro 44) Estimular a realização de atividades culturais e
especial aos profissionais de segurança pública, para esportivas desenvolvidas por associações, sindicatos e
casos de acidentes e traumas incapacitantes ou morte clubes dos profissionais de segurança pública.
em serviço.
EDUCAÇÃO
37) Organizar serviços de apoio, orientação psicológica
e assistência social às famílias de profissionais de 45) Estimular os profissionais de segurança pública a
segurança pública para casos de morte em serviço. frequentar programas de formação continuada,
estabelecendo como objetivo de longo prazo a
38) Estimular a instituição de auxílio-funeral destinado universalização da graduação universitária.
às famílias de profissionais de segurança pública ativos
e inativos. 46) Promover a adequação dos currículos das
academias à Matriz Curricular Nacional, assegurando a
inclusão de disciplinas voltadas ao ensino e à
compreensão do sistema e da política nacional de
segurança pública e dos Direitos Humanos.
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47) Promover nas instituições de segurança pública ESTRUTURAS E EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS
uma cultura que valorize o aprimoramento profissional
constante de seus servidores também em outras áreas 56) Constituir núcleos, divisões e unidades
do conhecimento, distintas da segurança pública. especializadas em Direitos Humanos nas academias e
na estrutura regular das instituições de segurança
48) Estimular iniciativas voltadas ao aperfeiçoamento pública, incluindo entre suas tarefas a elaboração de
profissional e à formação continuada dos profissionais livros, cartilhas e outras publicações que divulguem
de segurança pública, como o projeto de ensino a dados e conhecimentos sobre o tema.
distância do governo federal e a Rede Nacional de
Altos Estudos em Segurança Pública (Renaesp). 57) Promover a multiplicação de cursos avançados de
Direitos Humanos nas instituições, que contemplem o
49) Assegurar o aperfeiçoamento profissional e a ensino de matérias práticas e teóricas e adotem o
formação continuada como direitos do profissional de Plano Nacional de Educação em Direitos
segurança pública.
Humanos como referência.
PRODUÇÃO DE CONHECIMENTOS
58) Atualizar permanentemente o ensino de Direitos
50) Assegurar a produção e divulgação regular de Humanos nas academias, reforçando nos cursos a
dados e números envolvendo mortes, lesões e doenças compreensão de que os profissionais de segurança
graves sofridas por profissionais de segurança pública pública também são titulares de Direitos Humanos,
no exercício ou em decorrência da profissão. devem agir como defensores e promotores desses
direitos e precisam ser vistos desta forma pela
51) Utilizar os dados sobre os processos disciplinares e comunidade.
administrativos movidos em face de profissionais de
segurança pública para identificar vulnerabilidades dos 59) Direcionar as atividades de formação no sentido de
treinamentos e inadequações na gestão de recursos consolidar a compreensão de que a atuação do
humanos. profissional de segurança pública orientada por
padrões internacionais de respeito aos Direitos
52) Aprofundar e sistematizar os conhecimentos sobre Humanos não dificulta, nem enfraquece a atividade
diagnose e prevenção de doenças ocupacionais entre das instituições de segurança pública, mas confere-lhes
profissionais de segurança pública. credibilidade, respeito social e eficiência superior.
55) Realizar estudos e pesquisas com a participação de 62) Apoiar o desenvolvimento, a regulamentação e o
profissionais de segurança pública sobre suas aperfeiçoamento dos programas de atenção
condições de trabalho e a eficácia dos programas e biopsicossocial já existentes.
serviços a eles disponibilizados por suas instituições.
63) Profissionalizar a gestão das instituições de
segurança pública, fortalecendo uma cultura gerencial
enfocada na necessidade de elaborar diagnósticos,
planejar, definir metas explícitas e monitorar seu
cumprimento.
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Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP|CE
Curso de Habilitação de Oficiais Bombeiros Militares – CHO/BM
ÉTICA, CIDADANIA E DIREITOS HUMANOS
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