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Filosofia do Direito Kant

Filosofia e Ética (Universidade do Vale do Paraíba)

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Baixado por adriano barboza (adriolibar@gmail.com)
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Filosofia do Direito Kant

Rompe com a tradição da metafísica racionalista europeia, inaugurando não uma


especulação sobre ideias genéricas, mas sim sobre as possibilidades do próprio
conhecimento e do juízo

Influência de Hume (empirismo): impossibilidade de um conhecimento ideal e prévio


dos fenômenos. Não se pode criar leis gerais que servem para todas as situações em
mesmas condições pela observação de um único evento. Só se pode afirmar que este
evento aconteceu. Com isso, Kant pergunta-se se pode existir um conhecimento
verdadeiro.

Única fonte de conhecimento: experiência

A razão pura

Racionalismo: ideias prévias ao conhecimento, a essências ou conteúdos inatos

Empirismo: conhecimento como uma mera apreensão imediata de coisas

Kant não é empirista ou racionalista, mas reconhece que Hume tinha razão em afirmar
que o conteúdo vem da experiência. Kant era idealista: relação superior entre
realidade e razão

Afastando de Hume, Kant afirma que existe sim conhecimento empírico. Mas não se
pode descobrir as coisas em si só pela experiência, mas só o fenômeno da coisa, ou
seja, como a coisa se apresenta aos sentidos do sujeito de conhecimento

A fim de conhecer a coisa, precisamos de mecanismos, ferramentas e meios que não


são da própria coisa, mas sim são nossos, do sujeito que conhece. É o sujeito que vê
que transforma o fenômeno em um objeto para o pensamento

Se você não possui os mecanismos de compreensão da coisa, você pode até vê-la
quando ela se apresentar a você, mas você não conseguirá processar a “coisa” na sua
mente. Por isso que elas nunca se apresentam de forma crua (diamond in the rough).
O fenômeno, a aparência das coisas para conosco, é a relação que o sujeito do
conhecimento tem com a experiência. Não se pode dizer que conhece a coisa em sua
totalidade, apenas que ela se mostra dessa forma nesse momento (fenômenos).

A revolução copernicana de Kant: objetos do conhecimento objetivo não aparecem por


si mesmos, mas eles devem ser trazidos à luz pelo sujeito (transcendental)

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Se o conhecimento fosse apenas empírico, fenomênico, seria marcado por um


subjetivismo extremamente relativista. Os indivíduos não formam um conhecimento
universal porque possuem as mesmas experiências, porque seria dizer que eles têm a
mesma experiência com a coisa em si. Na verdade, todos utilizam as mesmas
ferramentas para atingir o conhecimento por interpretar os fenômenos, já que
partilham da mesma razão. Estas estruturas racionais prévias chamam-se a priori,
mas não são inatas, são ferramentas da razão humana utilizadas de forma necessária
e universal. Elas possibilitam a percepção empírica, sensível, quanto a elaboração do
conhecimento.

São elas: para o conhecimento empírico direto de forma universal (formas da


sensibilidade, como tempo e espaço) e para entendimento do fenômeno e
conhecimento intelectivo, ao organizar o produto da percepção (categorias, como
quantidade, qualidade, causalidade, necessidade).

Para Kant, esse ato de entender é um ato de julgamento da empiria por meio de
categorias. Por isso, todo pensamento, para Kant, é na verdade um julgamento, é um
juízo. E, para cada categoria a priori, há um juízo que se lhe corresponde.

O juízo é o conjunto de representações da coisa, em uma consciência, que você tem


na sua mente. Menor parcela do conhecimento.

O juízo analítico não traz o verdadeiro conhecimento, porque não traz nada de novo.
Já é conhecido. O predicado já é contido no sujeito. Analisar: partir. Filosofia=
Filos+sofia: amor ao conhecimento. Apenas separou a palavra e disse o que suas
partes já queriam dizer. Triângulo: três ângulos.

Juízos sintéticos: juntam elementos e que, portanto, produzem conhecimentos novos.


A posteriori: junto com a experiência, vem o conhecimento, dependendo daquela. Não
pode tecer hipóteses, porque só pode dizer sobre o agora. A priori: são universais e
vem depois do juízo já formado. Lei geral para prever algo. Todo efeito tem sua casa.
Precisa menos da experimentação, porque vai além dela. A causalidade, como já visto,
é um juízo sintético a priori.

Kant foca nos juízos sintéticos a priori.

Razão prática

Maior importante para o Direito, porque a anterior só fornece os meios de chegar o


conhecimento.

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A teoria kantiana sobre a justiça e a injustiça, sobre o bem e o mal, sobre o belo, sobre
o correto, as virtudes, enfim, sobre tudo que envolve o mundo dos valores, da vida
prática, das considerações para a ação e o julgamento humano, essa teoria em Kant
faz-se com base na razão prática, cujo núcleo residirá nos imperativos categóricos.

Boa vontade e dever

Crítica da razão prática: dever e moralidade

Agir conforme o dever é empreender as ações que sigam os trâmites de uma


determinada legalidade. Mas seguir o dever não significa, necessariamente, o
cumprimento da moralidade, que é uma vontade que busca cumprir o dever sem
interesses externos.

A moralidade não é apenas o cumprimento do dever. É mais: trata-se de uma


predisposição a cumprir o dever sem nenhum outro fundamento que não apenas o
próprio querer. Por isso, a moralidade não se mede pelo seu resultado. O querer, sem
intenções outras que não o próprio cumprimento do dever, é seu fundamento último.

Boa vontade: querer somente pelo querer.

O imperativo categórico

Dever-ser que orienta ao agir moral racional, já que o homem não é perfeito para fazer
isso naturalmente.

Vontade guiada pelo imperativo

É um dever que obriga sem condicionantes nem limitações nem finalidades outras que
o cumprimento desse próprio dever. Dever pelo dever. Universal. Inflexível. Inalterável.

Agir como se a máxima da tua ação se devesse tornar, pela tua vontade, em lei
universal da razão.

Humanidade como fim e não como meio.

Somente a verdade pode ser universalizada enquanto lei moral, e, assim, somente ela
é expressão de uma racionalidade que se compreende em todos os homens.

É apenas a vontade boa, isto é, meramente um querer, o que faz com que os
interesses individuais sejam superados em favor de um padrão universal de medida,
valoração e ação da moralidade.

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Somente poderão ser de direito natural (somente poderão ser direitos justos e
racionais) os imperativos universalizados.

Justo é o imperativo universal, isto é, que valha para todos igualmente, por meio de
uma mesma régua inflexível

O direito em Kant

Direito e moralidade

O campo do direito (ação exterior mesmo que o sujeito não tenha moral) independe da
motivação pessoal do sujeito. As razões pelas quais alguém cumpre a lei não são tão
importantes quanto o simples fato de cumpri-la; por sua vez, no campo moral, não
importa apenas cumprir, mas sim querer cumprir.

Com isso, quer-se dizer que, para Kant, os princípios que regem racionalmente o
direito são hauridos da mesma fonte lógica daqueles que regem a moral:
universalidade.

O direito natural é da razão, extraído como possibilidade do pensamento do sujeito.


Para Kant, o direito justo é pensado.

Kant conceituará o direito como uma esfera exterior do dever

Condição de liberdade para escolher/tomar uma decisão. O direito é, portanto, a soma


das condições sob as quais a escolha de alguém pode ser unida à escolha de outrem
de acordo com uma lei universal de liberdade.

As normas jurídicas racionais e as morais são pensadas todas a partir de uma mesma
forma – imperativos categóricos.

A moral se cumpre por um querer interior ao sujeito e o direito se revela por meio da
coerção externa ao sujeito, promovida pelo Estado.

Há uma necessidade imperiosa da coerção estatal para a garantia da liberdade


individual.

O contratualismo kantiano

Na ideia do contrato social, e na verdade na pressuposição da vontade geral do povo,


é que reside para Kant a legitimidade do direito

Baixado por adriano barboza (adriolibar@gmail.com)


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Formação da comunidade por um contrato que contava com a convergência de todas


as vontades particulares em uma geral.

Para Kant, somente numa forma republicana se alcança uma soberania da


organização social e política tal que a liberdade seja garantida.

Para Kant, peculiarmente, o Estado de direito garante apenas a justiça para todos, não
o bem--estar dos seus cidadãos. Numa posição altamente liberal, os indivíduos, por si
próprios, são responsáveis pela sua felicidade. Estado só fornece liberdade.

O contrato social, na sua opinião, é tão somente uma ideia que organiza a
concretização da justiça enquanto garantia da liberdade.

O direito privado e o direito público

Para Kant, o fundamento do direito reside primeiro no direito privado, e só depois no


direito público.

Propriedade privada inflexível aos apelos dos não possuidores dela. Kant assinala a
garantia da propriedade privada como um inabalável direito da razão, um direito
natural.

Assim sendo, em Kant, o direito público é uma decorrência necessária da própria


atividade e dos interesses privados – de modo radicalmente burguês, o privado fala
mais alto que o público.

A cidadania ativa é quando o homem possui os seus próprios meios de subsistência,


sendo apto a votar. O trabalhador subordinado não o é. A única qualificação para ser
cidadão é estar apto a votar.

Para Kant, ainda que o soberano seja um tirano, injusto, não há um direito de
resistência do povo, que deve se conformar à condição jurídica dada, sem postular
uma revolução.

O direito das gentes e o direito cosmopolita

No seu projeto de paz perpétua, Kant estatui as convenções e as normas a serem


seguidas pelas nações entre si a fim de que haja harmonia universal pelo direito.

Direito das gentes: o direito das relações dos Estados entre si e dos indivíduos de um
Estado com os do outro. Poder soberano por sobre os Estados: federação de Estados

Direito cosmopolita: Trata-se do direito do cidadão numa sociedade internacional.

Baixado por adriano barboza (adriolibar@gmail.com)


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Direito, história e paz perpétua

A perspectiva da melhoria humana, em Kant, não se dá em razão do indivíduo, mas


sim na espécie, a partir da melhoria do Direito, política e instituições. A razão
construirá uma possibilidade do futuro a partir do progresso jurídico.

Baixado por adriano barboza (adriolibar@gmail.com)

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