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Região Académica I
◊ Luanda ◊ Bengo ◊
Escola Superior Pedagógica do Bengo
ESP-BENGO
Departamento de Letras Modernas
ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA

SEBENTA DE MORFOLOGIA E SINTAXE

2º ANO SALA:
NOME DO ESTUDANTE:

O PROFESSOR:

DOMINGOS PIANGO CAMBOLO

Março, 2021
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Noção de sintaxe

Se a morfologia se ocupa dos morfemas e dos seus arranjos na formação das palavras, à
Sintaxe vai interessar a combinação das palavras, na frase, com a finalidade de expressar
um juízo. Para esta parte da gramática, as palavras-chave são frase e construção.

Cada falante é livre para dizer o que quiser, desde que seja compreendido pelo seu
interlocutor, já que o principal objectivo da língua é a comunicação, e não há comunicação,
se o discurso não for compreendido. Portanto, toda a mensagem deve ser inteligível.

A gramática tradicional de Língua Portuguesa, de uma forma pedagógica, está dividida em


quatro partes, conforme as unidades linguísticas em estudo:

❖ Fonemas (unidades mínimas da língua);

❖ Morfemas (unidades mínimas significativas da palavras);

Sintagmas e frases e unidade semântica. A cada uma dessas unidades corresponde uma
disciplina amplamente estradada por quem tem por objecto de estudo a língua:

❖ Fonologia

❖ Morfologia

❖ Sintaxe

❖ Semântica

O estudo da Sintaxe

A língua, tomada como um código composto por unidades, realiza-se pela interacção
perfeita e harmoniosa entre todos esses aspectos. Todos os falantes concretizam os seus
actos de fala, exercem a sua competência comunicativa baseados nessas unidades.
Porém, nem todas as construções são possíveis na língua, nem todas podem ser
consideradas “ bem formadas”

São consideradas “ bem formadas” as construções que obedecem à gramática da língua,


isto é, que estão de acordo com as suas leis que sejam constitutivas dessa gramática.

O usuário da língua precisa observar que todos os elementos da estrutura da oração devem
se apresentar de acordo com os processos característicos da associação, da concordância,
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da ordem na cadeia linear da frase e, consequentemente, no sentido do enunciado: em


consonância com as leis fonológicas, morfológicas, sintácticas, e semânticas do português.

As leis sintácticas

A língua é formada por morfemas lexicais e gramaticais, mas também pelo conjunto de
regras ou de leis combinatórias que permitem a construção de uma mensagem. São as leis
sintácticas que “ autorizam” ou recusam determinadas construções; elegem as sequências
como gramaticais ou agramaticais, isto é, aceitáveis ou não linguisticamente, segundo as
leis que regem a estrutura da Língua Portuguesa. Se as sequências forem permitidas na
língua, então serão consideradas frases da língua, caso contrário, serão consideradas não-
frases.

As leis sintácticas são muito importantes, já que conferem a identidade à língua, funcionam
como uma espécie de guardião da inteligibilidade da superfície linguística de um texto, pois
são o elemento gerador e disciplinador das unidades linguísticas que compõe as frases do
texto.

As leis ou regras que administram a combinação de palavras para construir frases são
analisadas e descritas pela Sintaxe, daí a tripartição tradicional da gramática: colocação,
regência e concordância.

Portanto, o estudo desta disciplina fica repartido nessas subdivisões, conforme o esquema:
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ORDEM DAS PALAVRAS

Ordem directa

O Barcelona arranjou um treinador de futebol excelente

O Barcelona arranjou um treinador de futebol excelente

Sujeito predicado Objecto

A ordem pela qual surgem as palavras nesta frase é a ordem mais usual e,
simultaneamente, neutra ( por oposição a enfática, mais expressiva). É a chamada ordem
directa.

Em português, a ordem directa é aquela em que surgem em primeiro lugar o sujeito (S) e
depopis o predicado; no interior do predicado, suge o primeiro verbo (V) e, depois o obecto
(O), ou seja, os complementos.

O português é pois, basicamente, uma língua do tipo SVO.

ORDEM INVERSA

Nos exemplos que se seguem, é adotada a ordem inversa. Vejamos porquê.

➢ O pronome interrogativo e o pronome relativo têm de ocupar, na frase, o lugar


mais à esquerda:

➢ ORDEM OSV → Quem é que (tu) apoiaste


O S V

➢ ORDEM OVS → O que disse o treinador


O V S

➢ ORDEM OSV → Os golos que ele marcou são inesquecíveis.


O S V
➢ Os grupos que ganham um peso maior na frase são habitualmente deslocados
para o final:
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➢ ORDEM VOS →

Declarou os adeptos que o estádio tenha tido uma fraca afluência.


V O S

➢ Finalmente, o contexto autoriza determinadas ordens de palavras que, numa frase


isolada, seriam consideradas pouco ou nada aceitáveis. Assim,
✓ a informação nova introduzida na frase surge depois do verbo:

- Quem perdeu alguma coisa


- Perdi eu um bilhete. → ordem VSO
V S O
- Quem comprou o cachecol e a bandeira
- O cachecol, comprou o João; a bandeira, o Pedro. → ordem OVS

✓ é sobre o complemento que se diz alguma coisa e por isso surge destacado
no início:
- O jardineiro arranjou o relvado e as baliza
- o relvado ele arranjou, as balizas não. → ordem OSV
O S V
TOCA A LEMBRAR!

Numa frase, a ordem de palavras pode ser DIRECTA ( em que Português se caracteriza
pela sequência SVO) ou INDIRECTA ( segundo as sequências OSV, OVS, VOS, VSO),
sendo que S representa o sujeito, v o verbo e O os complementos.
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O uso da vírgula

Vírgula Indica uma pausa breve.

Emprega-se:

a) Para separar o vocativo.

Estou só, meu filho, fica comigo.

b) Para separar o aposto.

Pedro, o grande, foi imperador da Rússia.

c) Em enumeração de palavras ou expressões que desempenham as


mesmas funções.

A beleza, o espírito, a graça, os dotes da alma e do corpo geram a admiração.

Almeida Garrett, viagens na minha terra

Antes das conjunções adversativas, (mas, todavia, porem,


d)
contudo).

Não segui o teu conselho, mas agora estou arrependido.

Separar os complementos circunstanciais, quando aparecem


e)
antes do sujeito:

Semana depois, os amigos foram visitá-lo.

f) Orações relativas explicativas:

António, que era aluno do liceu, teve boas notas.

g) Orações intercaladas explicativas.


A terra tornar-se-á inabitável, afirmou o cientista, se o homem continuar a poluí-la.
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Expressões explicativas ou conclusivas devem estar entre


h)
vírgulas (isto é, ou seja, na verdade, com efeito, sem dúvida).

Queria explicar-lhe a minha intenção, isto é, te quero como minha esposa.

Para separar (sim, não).


i)
Sim, dar-te-ei amanhã a resposta.

j) Para assinalar que se subentendeu numa segunda frase o verbo.

Bela coi{sa, a ginástica!

Eça de Queirós
Nome de lugar, na datação de um escrito.
k)
Luanda, 25 de Dezembro de 1987

Não a devemos usar nas seguintes situações:

1. Para separar o sujeito do predicado.


O curso de técnicas de obras, começará em
Janeiro.
Atenção:
2. Para separar o sujeito do complemento directo.
O presidente entregou, as medalhas aos
vencedores.

Colocação Concordância Regência


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O sintagma

De tudo que se falou sobre as leis sintácticas, precisa-se de um elemento: o sintagma, isto
é, as leis ou regras sintácticas devem ser aplicadas ao sintagma, por ser o campo de
actuação das leis sintácticas.

Sabemos que os discursos são compreendidos como sequências lineares de morfemas e


palavras. É lógico que as palavras não são usadas por acaso. Existem, pois, regras que as
organizam de modo que seu uso faça sentido. Dessa forma, a sintaxe possui, justamente,
o objectivo de analisar as palavras juntas em segmentos, que passam a cumprir funções
especificas do discurso. E as relações entre os segmentos.

Ambiguidade sintáctica

Estudo independente – tipos de ambiguidade Como desambiguisar as frases


ambigua

É dito ambíguo um enunciado que tem muitos significados distintos: a frase o policia
espreita o homem com binóculos é ambígua, pois ela tem mais de um sentido; pode
querer dizer que “ o polícia espreita o homem pelos binóculos” ou ainda “ o polícia
espreita o homem que tem os binóculos”.

Ambiguidade é a qualidade ou estado do que é ambíguo, ou seja, aquilo que pode ter
mais do que um sentido ou significado.

A ambiguidade pode apresentar a sensação de indecisão, hesitação, imprecisão, incerteza


e indeterminação.

❖ “Não sei se gosto do frio ou do calor”. “Não sei se vou ou fico”.

A ambiguidade pode estar em palavras, frases, expressões ou sentenças completas. É


bastante aplicável em textos de teor literário, poético ou humorístico, mas deve ser evitado
em textos científicos ou jornalísticos, por exemplo.

Ambiguidade é também um substantivo que nomeia a falta de clareza em uma expressão.


Exemplo: “Pedro disse ao amigo que havia chegado”. (Quem havia chegado? Pedro ou o
amigo?).
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Ambiguidade Lexical e Estrutural

Uma expressão ou texto ambíguo pode se apresentar de duas formas: ambiguidade


estrutural e ambiguidade lexical.

A estrutural provoca ambiguidade por causa da posição das palavras em um enunciado,


gerando uma má compreensão do seu significado.

❖ “O celular se tornou um grande aliado do homem, mas esse nem sempre realize
todas as suas tarefas”.

As palavras “esse” e “suas” podem se referir tanto ao celular, quanto ao homem, dificultando
a direta interpretação da frase e causando ambiguidade.

A ambiguidade lexical é quando uma determinada palavra assume dois ou mais


significados, como acontece com a polissemia, por exemplo.

❖ “O rapaz pediu um prato ao garçom”.

No exemplo acima, a palavra “prato” pode se referir ao objeto onde se coloca a comida ou
à um tipo de refeição.

Frase

Enunciado em que se estabelece uma relação de predicação, que contém, no mínimo, um


verbo principal, podendo ainda incluir elementos como o sujeito, complementos
seleccionados, predicativos e eventuais modificadores.

(Tipo de) frase declarativa

Frase em que é feita uma asserção e que se pode caracterizar pela ausência dos traços
específicos dos outros tipos de frase (ver frases interrogativas, exclamativas e imperativas).

As declarativas classificam-se também segundo a ordem dos seus constituintes, sendo (i)
uma declarativa não marcada e (ii) uma declarativa marcada. A alteração de ordem é,
frequentemente, utilizada em contextos discursivos específicos, como a ênfase num
determinado constituinte.

(i) O João comeu o bolo. (ii) O bolo, o João comeu(-o).


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(Tipo de) frase exclamativa

Frase que corresponde à expressão de uma avaliação do falante face a determinado


contexto. As exclamativas caracterizam-se por processos sintácticos, como a inversão do
sujeito (i), e/ou por marcas prosódicas, como o acento de intensidade a destacar um
determinado constituinte (ii).

As frases exclamativas podem ser classificadas em função do escopo da exclamação.


Assim, quando a exclamação recai sobre toda a frase, a exclamativa é total (iii); se a
exclamação recai sobre um dos constituintes da frase, por exemplo, o grupo nominal sujeito
(iv) ou o grupo verbal (v), a exclamativa é parcial.

(i) Que fascinante é essa história! (ii) Essa história é HORRÍVEL!


(iii) O bebé comeu a sopa! (iv) Que delícia é esta sopa!
(v) Como comeste!

(Tipo de) frase imperativa

Frase que corresponde à expressão de uma ordem ou pedido do falante e tem o verbo no
modo imperativo (i), conjuntivo (ii), indicativo (iii) ou em formas do gerúndio (iv) ou infinitivo
(v).

Uma frase imperativa só pode ser enunciada na forma activa (vi), sendo impossível a
formulação de uma imperativa passiva (vii).

(i) Fecha a porta! (ii) Fechem a porta! (iii) Calou! (iv) Andando!
(v) Sentar! (vi) Come a sopa! (vii) *É comida a sopa!

(Tipo de) frase interrogativa

Frase que corresponde à formulação de uma pergunta, tendo funções pragmáticas distintas
como um pedido de informação (i) ou de acção (ii).

As interrogativas directas (iii) podem ser frases simples, enquanto as interrogativas


indirectas (iv) são subordinadas substantivas completivas.

As frases interrogativas podem ser classificadas segundo o tipo de resposta que se espera
obter. Assim, são interrogativas totais as que são passíveis de obter uma resposta
afirmativa ou negativa (v); e são interrogativas parciais as frases em que a interrogação
recai sobre um dos constituintes, conforme (vi) e (vii). As interrogativas parciais
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caracterizam-se pela presença de um elemento interrogativo, o qual pode não se encontrar


em posição inicial (viii).

(i) Que horas são? (ii) Fechas a janela? (iii) Comeste a sopa?
(iv) O João perguntou [se comeste a sopa]. (v) - O João viu a Maria ontem?
- Sim / Não.
(vi) Quem é que o João viu ontem? (vii) Quando é que o João viu a Maria?
(viii) O João viu quem?

Frase optativa: as frases optativas realizam actos ilocutórios expressivos de um tipo


particular: exprimem desejos do locutor.

Exemplos:
Feliz aniversário.
Parabéns!
Boa tarde!
Felicitações!
Feliz ano novo!

Imprecativas
Que um raio me parta ao meio!
Não encontres amor nas mulheres!
Que nunca sejas feliz!

Frase nominal: é a frase construída sem verbos:

Silêncio! Cuidado!

Frase verbal: é a frase construída com verbos

Luanda é uma das cidades mais caras do mundo.

A terra gira à volta do sol.

Essas últimas, geralmente, são estruturas a partir de dois elementos tradicionalmente


essenciais: sujeito e predicado. O que não significa, no entanto, que tais frases devem
ser formadas, no mínimo, por dois vocábulos. Na frase: dormimos, por exemplo, há um
sujeito implícito na terminação do verbo nós.
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Em termos de lembrete, o sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo em número
e pessoa. É normalmente o ser de quem se declara algo, é tema do que se vai comunicar.
Ao passo que o predicado é a parte da frase que contém a informação nova para o ouvinte.
Normalmente, ele refere-se ao sujeito, constituindo a declaração do que se atribui ao
sujeito. É sempre muito importante analisar qual é o núcleo significativo da declaração: se
o núcleo da declaração estiver no verbo, teremos um predicado verbal (ocorre nas frases
verbais); se o núcleo da declaração estiver em algum nome teremos um predicado nominal
ocorre nas frases nominais que possuem verbo de ligação.

Oração

Toda a frase ou parte da frase que apresenta verbo recebe o nome de oração, isto é, para
ser oração, a frase precisa de verbo. Também é denominada de frase verbal, por ser
unidade de organização gramatical em que os constituintes (unidades linguísticas) se
articulam e se organizam, segundo os padrões convencionais, a fim de expressar o
pensamento. Da mesma forma que os constituintes se organizam estabelecendo orações
independentes, o que chamamos de período simples, as orações se juntam através dos
mecanismos sintácticos de coordenação ou subordinação, criando períodos compostos.

Período

A frase pode ser constituída por uma ou mais orações. A depender do número de orações
que o formam, o período pode ser:

✓ simples se for formado por uma única oração, recebe o nome de oração absoluta:
O dólar está cada vez mais caro;

✓ recebe o nome de período composto se for formado por mais de uma oração:

Mesmo sendo caro, o dólar comanda a economia angolana.

Lembramos que os pressupostos para a abordagem do sintagma foram


apresentados, achamos estar preparadas as condições para o desenvolvimento do
tema.

Sintagma é um termo que foi estabelecido pelo linguista Saussure com o objectivo
de designar a combinação de formas mínimas numa unidade linguística superior.

Barreto,1993:18, sintagma é um conjunto de elementos que forma uma unidade


significativa dentro da sentença. Esses elementos possuem entre si relações de
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dependência e de ordem. A dependência refere-se à questão de que nem todos os


elementos fazem parte de um mesmo nível, havendo assim uma hierarquia, e de
que uns são constituintes de outros. Quanto à ordem, vemos que as palavras
seguem uma organização sequencial, por exemplo, os artigos precedem os
substantivos e as locuções adjectivas são usadas após o nome que qualificam.

A constituição de uma sentença não recebe a actuação dos vocábulos


isoladamente. Os vocábulos associam-se em sintagmas os quais se encontram
entre o nível da oração (ou sentença) e o nível dos vocábulos:

❖ Nível de sentença: A escola é do povo.

❖ Nível dos sintagmas: A escola / é / do povo.

❖ Nível dos vocábulos: A/ escola / é / do / povo.

No sintagma, os elementos organizam-se à volta de um elemento fundamental,


denominado núcleo, o qual, às vezes, pode constituir sozinho o próprio sintagma. A
natureza do sintagma depende do tipo de elemento o qual constitui o seu núcleo, logo
temos:

❖ Sintagma nominal (SN) / núcleo – nome: A Esp-Bengo é pequena.

❖ Sintagma verbal (SV) / núcleo – verbo: As crianças lavaram a louça.

❖ Sintagma adjectival (SA) / núcleo – adjectivo: A Catarina é linda.

❖ Sintagma adverbial (SADV) / núcleo – advérbio: O juiz morava longe.

❖ Sintagma preposicional (SP) / núcleo – preposição: de repente, todos os


estudantes falaram.

Observemos a sentença a seguir:

Os cinco meninos voltaram da escola.

Podemos ver que essa oração possui dois grandes sintagmas: um sintagma nominal (SN)
os cinco meninos, cujo núcleo é o nome meninos e um sintagma verbal (SV) voltaram da
escola, cujo núcleo é a forma verbal voltaram. Na sentença Os cinco meninos / voltaram
da escola, o sintagma nominal e o sintagma verbal, respectivamente, possuem as funções
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tradicionalmente conhecidas como sujeito e predicado e apresentam-se como


constituintes obrigatórios na estrutura da oração.

Ocorre, determinadas vezes, na sentença, a presença de um terceiro sintagma, facultativo:


um sintagma preposicional (SP) ou um sintagma adverbial (SADV), como em:

❖ Os cinco meninos / voltaram da escola / tarde.

❖ Os cinco meninos / voltaram da escola / às quinze horas.

Os sintagmas tarde e às quinze horas são modificadores da sentença, logo está ao mesmo
nível da sentença: S=SN+SV+(SP)+(SADV).

O sintagma
5.3. Os diferentes tipos de sintagma e suas funções sintácticas
❖ Os sintagmas Maiores
✓ Nominal
O sintagma nominal possui, geralmente, como núcleo, um nome (N), mas pode ser
representado por um nome (Pro), por uma sentença (S), ou não ser preenchido
lexicalmente(?). Quando o nome é o núcleo, pode vir sozinho, precedido por um
determinante (Det) e/ ou por um modoficador (SA) ou ainda, seguido por um modificador (
SA ou SP).
O SN pode ser:
SN=N
Joel
SN= PRO (qualquer pronome com a função equivalente de substantivo)
SN =? Bebi (sujeito não preenchido lexicalmente)
SN=D+N (O menino)
SN=D+MOD(SA)+N “ O inteligente menino”
SN=D+N+MOD(SA) “ O inteligente menino”
SN=D+MOD ( SA)+N+MOD(SA) “O inteligente menino luandense.”
SN= S2
O problema é que eles não ouvirão.
Os artigos, os demonstrativos e alguns indefinidos apresentam-se como determinantes-
base.
Exemplos:
Aqueles oito jovens.
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As últimas crianças.
Alguns outros professores
Os quantificadores (todos, ambos) são pré-determinantes e os numerais, os possessivos e
alguns indefinidos são pós-determinantes.
Geralmente, os SN são encontrados com o máximo, quatro posições pré-nominais
preenchidas, mas, segundo BARRETO, um SN pode apresentar até sete posições pré-
nominais.
Exemplo:
Todos aqueles meus outros dez primeiros estranhos vizinhos.

Funções sintácticas do SN
❖ Sujeito
Aquele lindo garoto sorriu-me
S
SN SV
Det SA N V SN
Pro
❖ Complemento directo

Comprei aquele lindo sapato


S
SN SV
Ø V SN
D SA N
ADJ

❖ Complemento indirecto
Aquele elegante rapaz deu-me bombons.
S
SN SV
D SA N V SN SN
Adj PRO N
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❖ Predicativo do sujeito
Aline é uma óptima filha.
S
SN SV
COP SN
D SA N
Adj

❖ Predicativo do objecto
Considero Catarina uma óptima esposa.
S
SN SV
Ø V D SN
N D SA N
ADJ
❖ APOSTO
Pedro, aquele maravilhoso jogador, chegou do clube
S
SN SV
N SN V SP
D SA N Prep SN
Adj D N

❖ VOCATIVO
Linda filha, venha aqui!
S
SN SV
SA N SN V SADV
Adj Ø Adv
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Vejamos, especificamente, a classe gramatical que pode preencher o núcleo do SN:

1. Substantivo próprio ou comum:


✓ O Miro foi à França.
✓ O delegado recebeu a prova.
2. Um pronome pessoal recto ou oblíquo:
✓ Vimos o Mateus na praia, mas ele não nos viu.
3. Qualquer pronome substantivo:
✓ Ninguém faltou ontem.
✓ Alguém falou de ti.
4. Uma palavra substantivada:
✓ O despertar na praia é magnífico.
5. Um numeral:
✓ Dez é o meu número de sorte.
Lembremo-nos de que o SN pode ser preenchido, também, por uma sentença.
Exemplos:
a) É claro que ele não veio.
b) Eu não sei se ele virá.
c) A realidade é que ele não virá.
d) Apenas lhe digo isto, que ele não virá.

SINTAGMA VERBAL
O sintagma verbal (SV) representa mais um elemento básico da sentença: possui como
constituinte principal o verbo, o qual pode mostrar-se num tempo simples, ou numa locução
verbal. O SV pode ser representado somente pelo núcleo, ou seja, o verbo, ou pelo verbo
acompanhado de modificadores, precedidos ou não de preposição, ou dos elementos por
ele subcategorizados.
Exemplos:
✓ O William estudou. SV=V
✓ A Marisa está estudando. SV=AUX+V
✓ A Eva estudou bem. SV=V+Adv
✓ O Vladimir estudou os exercícios. SV=V+SN
✓ A Delma precisa de ajuda. SV=V+SP
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✓ A Delfina conversou com o irmão sobre o jogo. SV=V+SP+SP


✓ A Eduarda mora no Cazenga. SV=V+SP
✓ A Graça é estudiosa. SV=COP+SA
✓ O Miro é um génio. SV=COP+SN
✓ O Neto está com fome. SV=COP+SP

❖ OS SINTAGMAS MENORES
✓ SINTAGMA ADJECTIVAL
O Adjectivo é o núcleo do sintagma adjectival e, da mesma forma que sucede com os
demais sintagmas, pode vir só ou acompanhado de modificadores. Até a frase pode ser
complemento do sintagma adjectival.
Toca a lembrar!
O único elemento obrigatório é o adjectivo.
O SA pode ser:
SA=Adj.: inteligente
SA= Adv.+Adj.: muito inteligente
SA= Adj.+ Adv.: inteligente demais
SA= Adj.+SP.: fácil para nós
SA= Adj.+Adv+SP.: fácil demais para nós
SA= Adv.+Adj.+SP: muito fácil para nós
SA= S (F) Comprei a boneca que fala.
TOCA A LEMBRAR!
a) Só o advérbio pode preceder o adjectivo;
b) O advérbio e o SP podem vir após o adjectivo;
c) O adjectivo pode ser precedido de um adverbio e seguido de um SP ou ser seguido
de um advérbio e de um SP. O que não ocorre é o adjectivo ser precedido e seguido
de um advérbio.
O SA pode exercer, na frase, as funções de adjunto adnominal1 (ADN), predicativo do
sujeito (PREDS) e predicativo do obecto (PREDO)

✓ SINTAGMA PREPOSICIONAL

1É o termo que determina, especifica ou explica um substantivo. O adjunto adnominal possui função adjectiva na
oração, a qual pode ser desempenhada por adjectivos, locuções adjectivas, artigos, pronomes adjectivos e numerais
adjectivos.
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De maneira geral, o sintagma preposicional ou preposicionado (SP) é constituído de uma


PREPOSIÇÃO seguida de um sintagma nominal (SN).
SP → prep + SN
Examinando-se, porém, as orações:
O camponês sai cedinho.
adv.
O camponês saiu de tarde.
SP ( loc. Adv.)
O camponês sai à mesma hora todos os dias.
SP ( loc. Adv.) SN (loc. Adv.)

Verifica-se, através do esquema arbóreo abaixo:

SN SV SP SP

D N V

O camponês saiu cedinho todos os dias


De madrugada
À mesma hora
Que as expressões em destaque, embora nem todas apresentem estruturas idênticas,
desempenham a mesma função: o de modificadores circunstanciais, ( no caso, de
tempo).
Quanto aos modificadores circunstanciais, Chomsky, 1965 admite três tipos: locativo e
temporal, denominados directamente por S. pred; maneira, dominados directamente por
SV e direcção, duração, lugar, frequência, etc. dominados por um SP dentro de um SV.
Depois dele, outros linguistas, entre Dubois – Charlier, 1975, Meisel e Steinitz (1973),
criticando a classificação de Chomsky, postulam a existência de dois tipos básicos: aqueles
que modificam o verbo, fazendo parte do SV e aqueles que modificam toda a frase, sendo,
pois, dominados directamente por S e, portanto, exteriores ao SV; em outras palavras,
aqueles que são parte de um constituinte e aqueles que formam um constituinte à parte.
Levando-se em conta, expressos por locuções adverbias, normalmente introduzidas por
preposição, é possível atribuir-lhes a etiqueta de SP.
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Há, porém, linguistas que preferem adoptar a posição contrária, ou seja, considerar tanto
os advérbios quanto as locuções adverbias como sintagmas adverbiais (S. adv). Outros,
ainda, optam por mantê-los em duas classes distintas, de conformidade com a estrutura
que apresentam: os advérbios como S.adv. e as locuções adverbiais como SPs.
Há vários argumentos a favor dessa opção:
a) Muitos advérbios possuem uma locução adverbial correspondente: rapidamente –
com rapidez; aqui – neste lugar, agora – neste momento, etc.
b) Os advérbios constituem um inventário fechado, ao passo que as locuções
adverbiais formam, praticamente, um inventário aberto, sendo, assim, mais
económico englobar a uns e outros sob o rótulo de SP; c) a descrição torna-se mais
coerente, uma vez que toma como base não a estrutura, mas a função desses
modificadores, que é a mesma. Adoptando-se tal posição, a regra de reescritura do
SP passa a ser:

Prep+SN

SP→

Adv.

Podendo a preposição, algumas vezes, não aparecer lexicalizada como em todos os dias
(= diariamente)

Função sintáctica do SP
a) COMPLEMENTO DETERMINATIVO
A Delma ganhou um carro de brinquedo.
A cadeira da Madalena é bonita.

b) COMPLEMENTO CIRCUNSTACIAL
O João saiu da praia às cinco horas.
Os meninos choraram de fome

c) OBJECTO INDIRECTO
O Vladimir obedeceu às regras.
A escola deu prémios aos melhores alunos.
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d) PREDICATIVO DO SUJEITO
O Oseias está com febre.

e) PREDICATIVO DO OBJECTO DIRECTO vs OBJECTO INDIRECTO


Achamos muito antiga esta casa.
Chamaram ao Pedro de mercenário.

f) AGENTE DA PASSIVA
Ele é amado pela sua família
A porta foi aberta por mim
g) COMPLEMENTO NOMINAL
Eles têm medo de que os atrapalhem

✓ SINTAGMA ADVERBIAL
SADV=ADV: A Maria saiu tarde.
SADV=ADV+ADV: A Aline saiu muito tarde; A Delma saiu tarde demais.
SADV=ADV+SP: A Beu saio muito tarde para o encontro;
SADV=ADV+ADV+SP: A Beu saiu muito tarde para o encontro;
A Beu saiu tarde demais para o encontro.
SADV=S2: A Beu saiu quando a sua mãe já havia viajado.

A SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
7.1. A concordância nominal
7.2 A concordância verbal

8. A SINTAXE DA REGÊNCIA
8.1. A regência nominal
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8.2. A regência verbal

Regência (do latim regere) que significa governação, coordenação, comando.

Regência é a relação que se estabelece entre duas palavras, uma das quais serve de
complemento a outra, ou seja, há um termo regente e outro regido.

Termo regente

Ex.: O menino comprou um livro.

Termo regido

Termo regente

O Guedes deu um presente ao Ezequiel.

Termo Termo
regido 1 regido 2

4.1. Os tipos de regência

Regência verbal, regência nominal, regência adjectival.

Regência verbal é aquela cujo verbo desempenha a função de termo regente

Ex.:

Eu vou à igreja.

Amanhã, partiremos para antiga cidade de nova Lisboa.

Regência nominal é aquela cujo nome desempenha a função de termo regente.

Ex.: Ter amor à camisola.

Bater continência ao chefe.


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Regência adjectival é aquela cujo adjectivo desempenha a função de termo regente.

Ex.:

Eu estou apto para o cargo de ministro da solidariedade social.

Esta atitude não é compatível com o teu discurso.

Regência verbal Regência nominal Regência adjectival

Ir a / chegar a Alusão a Perito em

Morara em/ residir em Questão de Devido a

Obedecer a / Homenagem a Acostumado a, com


Desobedecer a

Gostar de Adeus a Inerente a

Amar / querer Direito a Refente a

4.2. Regência verbal

Verbo é o núcleo central da frase, responsável pela selecção dos elementos básicos
que nela ocorrem.

Quanto à transitividade

Directos

1-Verbos transitivos
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Indirecto

Bitransitivos

2-Verbos intransitivos

Os verbos transitivos são aqueles que não trazem em si a ideia completa da acção,
necessitam de outro termo para completar o seu sentido. Esse outro termo é chamado
de objecto.

A Stela deu-me a chave.

O formador ama os seus formandos.

Os verbos transitivos directos são aqueles que normalmente, ligam-se ao


complemento sem o uso de uma preposição, isto é, faz-se directamente.

O Kambolo fez o mestrado no ISCED.

A Maria ama o João.

Os verbos transitivos indirectos são aqueles que se ligam ao complemento de


forma indirecta, ou seja, ocorre uma preposição entre o verbo e o respectivo
complemento.

Toda a mulher aspira a um casamento feliz.

O formador Natalino conversou com a Doutora Cláudia.


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Os verbos bitransitivos são aqueles ligados a um complemento sem o uso de


nenhuma preposição e seguidamente, a um outro complemento intermediado através
do uso de uma preposição, ou vive versa.

O João oferece um ramo de flores à mãe.

O João oferece à mãe um ramo de flores.

Os verbos intransitivos são aqueles cuja acção não transitiva.

O Manuel chora.

A Luísa caiu.

Selecção dos complementos

Verbos de regência directa

Amar, estudar, comer, visitar

O formador ama os seus alunos.

A Dona Yola analisa o documento.

Verbos de regência
Aludir, aderir, convir, gostar, obedecer,
indirecta
desobedecer, presidir, responder.

A Maria aludiu ao problema da má qualidade do ensino.

O governador presidiu ao acto central.


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Avisar, conceder, culpar, preferir,


Verbos de regência bitransitiva incumbir, submeter, persuadir

O ministério concedeu férias aos funcionários.

Ele submeteu o doente a uma análise.

Verbos de transitividade e Comer, abrir, acabar, beber, ceder,


intransitividade
colaborar, combater

Os alunos abriram a porta.

A porta abriu.

Verbos de dupla regência indirecta


Queixar-se, falar

Queixou-se do irmão à mãe.

Falei do teu comportamento à mãe.

Verbos de regência alternada,


directa e indirecta sem
alteração da significação Acabar, atender, cumprir, entender,
esperar, começar, contactar

Acabou o trabalho / acabou com o trabalho.

Ele começou o trabalho/ ele começou com o trabalho.

Verbos de regência alternada,


directa e indirecta com
alteração da significação Aspirar, reparar, acabar, investir,
assistir, ligar, meter
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Aspirar a alcatifa/ aspirar a um cargo bom.

Ele repara o motor/ ele repara no motor.

Ser, estar, ficar, continuar, parecer,


Verbos predicativos do sujeito
permanecer, aparecer

A Isabel é muito insolente.

O Francisco parece um pouco triste.

Verbos predicativos do Achar, apelidar, chamar, considerar,


objecto directo
eleger, nomear, tornar

Eu achei a Maria muito gorda.

Considero os alunos da UCAN muito bons.

Arrepender-se, ausentar-se, apaixonar-se,


Verbos reflexos por
inerência dignar-se, evadir-se, queixar-se, suicidar-se,
congratular-se

Ele absteve-se de votar.

O João apaixonou-se pela Catarina.

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