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Região Académica I
◊ Luanda ◊ Bengo ◊
Escola Superior Pedagógica do Bengo
ESP-BENGO
Departamento de Letras Modernas
ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA
2º ANO SALA:
NOME DO ESTUDANTE:
O PROFESSOR:
Março, 2021
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Noção de sintaxe
Se a morfologia se ocupa dos morfemas e dos seus arranjos na formação das palavras, à
Sintaxe vai interessar a combinação das palavras, na frase, com a finalidade de expressar
um juízo. Para esta parte da gramática, as palavras-chave são frase e construção.
Cada falante é livre para dizer o que quiser, desde que seja compreendido pelo seu
interlocutor, já que o principal objectivo da língua é a comunicação, e não há comunicação,
se o discurso não for compreendido. Portanto, toda a mensagem deve ser inteligível.
Sintagmas e frases e unidade semântica. A cada uma dessas unidades corresponde uma
disciplina amplamente estradada por quem tem por objecto de estudo a língua:
❖ Fonologia
❖ Morfologia
❖ Sintaxe
❖ Semântica
O estudo da Sintaxe
A língua, tomada como um código composto por unidades, realiza-se pela interacção
perfeita e harmoniosa entre todos esses aspectos. Todos os falantes concretizam os seus
actos de fala, exercem a sua competência comunicativa baseados nessas unidades.
Porém, nem todas as construções são possíveis na língua, nem todas podem ser
consideradas “ bem formadas”
O usuário da língua precisa observar que todos os elementos da estrutura da oração devem
se apresentar de acordo com os processos característicos da associação, da concordância,
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As leis sintácticas
A língua é formada por morfemas lexicais e gramaticais, mas também pelo conjunto de
regras ou de leis combinatórias que permitem a construção de uma mensagem. São as leis
sintácticas que “ autorizam” ou recusam determinadas construções; elegem as sequências
como gramaticais ou agramaticais, isto é, aceitáveis ou não linguisticamente, segundo as
leis que regem a estrutura da Língua Portuguesa. Se as sequências forem permitidas na
língua, então serão consideradas frases da língua, caso contrário, serão consideradas não-
frases.
As leis sintácticas são muito importantes, já que conferem a identidade à língua, funcionam
como uma espécie de guardião da inteligibilidade da superfície linguística de um texto, pois
são o elemento gerador e disciplinador das unidades linguísticas que compõe as frases do
texto.
As leis ou regras que administram a combinação de palavras para construir frases são
analisadas e descritas pela Sintaxe, daí a tripartição tradicional da gramática: colocação,
regência e concordância.
Portanto, o estudo desta disciplina fica repartido nessas subdivisões, conforme o esquema:
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Ordem directa
A ordem pela qual surgem as palavras nesta frase é a ordem mais usual e,
simultaneamente, neutra ( por oposição a enfática, mais expressiva). É a chamada ordem
directa.
Em português, a ordem directa é aquela em que surgem em primeiro lugar o sujeito (S) e
depopis o predicado; no interior do predicado, suge o primeiro verbo (V) e, depois o obecto
(O), ou seja, os complementos.
ORDEM INVERSA
➢ ORDEM VOS →
✓ é sobre o complemento que se diz alguma coisa e por isso surge destacado
no início:
- O jardineiro arranjou o relvado e as baliza
- o relvado ele arranjou, as balizas não. → ordem OSV
O S V
TOCA A LEMBRAR!
Numa frase, a ordem de palavras pode ser DIRECTA ( em que Português se caracteriza
pela sequência SVO) ou INDIRECTA ( segundo as sequências OSV, OVS, VOS, VSO),
sendo que S representa o sujeito, v o verbo e O os complementos.
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O uso da vírgula
Emprega-se:
Eça de Queirós
Nome de lugar, na datação de um escrito.
k)
Luanda, 25 de Dezembro de 1987
O sintagma
De tudo que se falou sobre as leis sintácticas, precisa-se de um elemento: o sintagma, isto
é, as leis ou regras sintácticas devem ser aplicadas ao sintagma, por ser o campo de
actuação das leis sintácticas.
Ambiguidade sintáctica
É dito ambíguo um enunciado que tem muitos significados distintos: a frase o policia
espreita o homem com binóculos é ambígua, pois ela tem mais de um sentido; pode
querer dizer que “ o polícia espreita o homem pelos binóculos” ou ainda “ o polícia
espreita o homem que tem os binóculos”.
Ambiguidade é a qualidade ou estado do que é ambíguo, ou seja, aquilo que pode ter
mais do que um sentido ou significado.
❖ “O celular se tornou um grande aliado do homem, mas esse nem sempre realize
todas as suas tarefas”.
As palavras “esse” e “suas” podem se referir tanto ao celular, quanto ao homem, dificultando
a direta interpretação da frase e causando ambiguidade.
No exemplo acima, a palavra “prato” pode se referir ao objeto onde se coloca a comida ou
à um tipo de refeição.
Frase
Frase em que é feita uma asserção e que se pode caracterizar pela ausência dos traços
específicos dos outros tipos de frase (ver frases interrogativas, exclamativas e imperativas).
As declarativas classificam-se também segundo a ordem dos seus constituintes, sendo (i)
uma declarativa não marcada e (ii) uma declarativa marcada. A alteração de ordem é,
frequentemente, utilizada em contextos discursivos específicos, como a ênfase num
determinado constituinte.
Frase que corresponde à expressão de uma ordem ou pedido do falante e tem o verbo no
modo imperativo (i), conjuntivo (ii), indicativo (iii) ou em formas do gerúndio (iv) ou infinitivo
(v).
Uma frase imperativa só pode ser enunciada na forma activa (vi), sendo impossível a
formulação de uma imperativa passiva (vii).
(i) Fecha a porta! (ii) Fechem a porta! (iii) Calou! (iv) Andando!
(v) Sentar! (vi) Come a sopa! (vii) *É comida a sopa!
Frase que corresponde à formulação de uma pergunta, tendo funções pragmáticas distintas
como um pedido de informação (i) ou de acção (ii).
As frases interrogativas podem ser classificadas segundo o tipo de resposta que se espera
obter. Assim, são interrogativas totais as que são passíveis de obter uma resposta
afirmativa ou negativa (v); e são interrogativas parciais as frases em que a interrogação
recai sobre um dos constituintes, conforme (vi) e (vii). As interrogativas parciais
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(i) Que horas são? (ii) Fechas a janela? (iii) Comeste a sopa?
(iv) O João perguntou [se comeste a sopa]. (v) - O João viu a Maria ontem?
- Sim / Não.
(vi) Quem é que o João viu ontem? (vii) Quando é que o João viu a Maria?
(viii) O João viu quem?
Exemplos:
Feliz aniversário.
Parabéns!
Boa tarde!
Felicitações!
Feliz ano novo!
Imprecativas
Que um raio me parta ao meio!
Não encontres amor nas mulheres!
Que nunca sejas feliz!
Silêncio! Cuidado!
Em termos de lembrete, o sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo em número
e pessoa. É normalmente o ser de quem se declara algo, é tema do que se vai comunicar.
Ao passo que o predicado é a parte da frase que contém a informação nova para o ouvinte.
Normalmente, ele refere-se ao sujeito, constituindo a declaração do que se atribui ao
sujeito. É sempre muito importante analisar qual é o núcleo significativo da declaração: se
o núcleo da declaração estiver no verbo, teremos um predicado verbal (ocorre nas frases
verbais); se o núcleo da declaração estiver em algum nome teremos um predicado nominal
ocorre nas frases nominais que possuem verbo de ligação.
Oração
Toda a frase ou parte da frase que apresenta verbo recebe o nome de oração, isto é, para
ser oração, a frase precisa de verbo. Também é denominada de frase verbal, por ser
unidade de organização gramatical em que os constituintes (unidades linguísticas) se
articulam e se organizam, segundo os padrões convencionais, a fim de expressar o
pensamento. Da mesma forma que os constituintes se organizam estabelecendo orações
independentes, o que chamamos de período simples, as orações se juntam através dos
mecanismos sintácticos de coordenação ou subordinação, criando períodos compostos.
Período
A frase pode ser constituída por uma ou mais orações. A depender do número de orações
que o formam, o período pode ser:
✓ simples se for formado por uma única oração, recebe o nome de oração absoluta:
O dólar está cada vez mais caro;
✓ recebe o nome de período composto se for formado por mais de uma oração:
Sintagma é um termo que foi estabelecido pelo linguista Saussure com o objectivo
de designar a combinação de formas mínimas numa unidade linguística superior.
Podemos ver que essa oração possui dois grandes sintagmas: um sintagma nominal (SN)
os cinco meninos, cujo núcleo é o nome meninos e um sintagma verbal (SV) voltaram da
escola, cujo núcleo é a forma verbal voltaram. Na sentença Os cinco meninos / voltaram
da escola, o sintagma nominal e o sintagma verbal, respectivamente, possuem as funções
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Os sintagmas tarde e às quinze horas são modificadores da sentença, logo está ao mesmo
nível da sentença: S=SN+SV+(SP)+(SADV).
O sintagma
5.3. Os diferentes tipos de sintagma e suas funções sintácticas
❖ Os sintagmas Maiores
✓ Nominal
O sintagma nominal possui, geralmente, como núcleo, um nome (N), mas pode ser
representado por um nome (Pro), por uma sentença (S), ou não ser preenchido
lexicalmente(?). Quando o nome é o núcleo, pode vir sozinho, precedido por um
determinante (Det) e/ ou por um modoficador (SA) ou ainda, seguido por um modificador (
SA ou SP).
O SN pode ser:
SN=N
Joel
SN= PRO (qualquer pronome com a função equivalente de substantivo)
SN =? Bebi (sujeito não preenchido lexicalmente)
SN=D+N (O menino)
SN=D+MOD(SA)+N “ O inteligente menino”
SN=D+N+MOD(SA) “ O inteligente menino”
SN=D+MOD ( SA)+N+MOD(SA) “O inteligente menino luandense.”
SN= S2
O problema é que eles não ouvirão.
Os artigos, os demonstrativos e alguns indefinidos apresentam-se como determinantes-
base.
Exemplos:
Aqueles oito jovens.
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As últimas crianças.
Alguns outros professores
Os quantificadores (todos, ambos) são pré-determinantes e os numerais, os possessivos e
alguns indefinidos são pós-determinantes.
Geralmente, os SN são encontrados com o máximo, quatro posições pré-nominais
preenchidas, mas, segundo BARRETO, um SN pode apresentar até sete posições pré-
nominais.
Exemplo:
Todos aqueles meus outros dez primeiros estranhos vizinhos.
Funções sintácticas do SN
❖ Sujeito
Aquele lindo garoto sorriu-me
S
SN SV
Det SA N V SN
Pro
❖ Complemento directo
❖ Complemento indirecto
Aquele elegante rapaz deu-me bombons.
S
SN SV
D SA N V SN SN
Adj PRO N
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❖ Predicativo do sujeito
Aline é uma óptima filha.
S
SN SV
COP SN
D SA N
Adj
❖ Predicativo do objecto
Considero Catarina uma óptima esposa.
S
SN SV
Ø V D SN
N D SA N
ADJ
❖ APOSTO
Pedro, aquele maravilhoso jogador, chegou do clube
S
SN SV
N SN V SP
D SA N Prep SN
Adj D N
❖ VOCATIVO
Linda filha, venha aqui!
S
SN SV
SA N SN V SADV
Adj Ø Adv
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SINTAGMA VERBAL
O sintagma verbal (SV) representa mais um elemento básico da sentença: possui como
constituinte principal o verbo, o qual pode mostrar-se num tempo simples, ou numa locução
verbal. O SV pode ser representado somente pelo núcleo, ou seja, o verbo, ou pelo verbo
acompanhado de modificadores, precedidos ou não de preposição, ou dos elementos por
ele subcategorizados.
Exemplos:
✓ O William estudou. SV=V
✓ A Marisa está estudando. SV=AUX+V
✓ A Eva estudou bem. SV=V+Adv
✓ O Vladimir estudou os exercícios. SV=V+SN
✓ A Delma precisa de ajuda. SV=V+SP
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❖ OS SINTAGMAS MENORES
✓ SINTAGMA ADJECTIVAL
O Adjectivo é o núcleo do sintagma adjectival e, da mesma forma que sucede com os
demais sintagmas, pode vir só ou acompanhado de modificadores. Até a frase pode ser
complemento do sintagma adjectival.
Toca a lembrar!
O único elemento obrigatório é o adjectivo.
O SA pode ser:
SA=Adj.: inteligente
SA= Adv.+Adj.: muito inteligente
SA= Adj.+ Adv.: inteligente demais
SA= Adj.+SP.: fácil para nós
SA= Adj.+Adv+SP.: fácil demais para nós
SA= Adv.+Adj.+SP: muito fácil para nós
SA= S (F) Comprei a boneca que fala.
TOCA A LEMBRAR!
a) Só o advérbio pode preceder o adjectivo;
b) O advérbio e o SP podem vir após o adjectivo;
c) O adjectivo pode ser precedido de um adverbio e seguido de um SP ou ser seguido
de um advérbio e de um SP. O que não ocorre é o adjectivo ser precedido e seguido
de um advérbio.
O SA pode exercer, na frase, as funções de adjunto adnominal1 (ADN), predicativo do
sujeito (PREDS) e predicativo do obecto (PREDO)
✓ SINTAGMA PREPOSICIONAL
1É o termo que determina, especifica ou explica um substantivo. O adjunto adnominal possui função adjectiva na
oração, a qual pode ser desempenhada por adjectivos, locuções adjectivas, artigos, pronomes adjectivos e numerais
adjectivos.
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SN SV SP SP
D N V
Há, porém, linguistas que preferem adoptar a posição contrária, ou seja, considerar tanto
os advérbios quanto as locuções adverbias como sintagmas adverbiais (S. adv). Outros,
ainda, optam por mantê-los em duas classes distintas, de conformidade com a estrutura
que apresentam: os advérbios como S.adv. e as locuções adverbiais como SPs.
Há vários argumentos a favor dessa opção:
a) Muitos advérbios possuem uma locução adverbial correspondente: rapidamente –
com rapidez; aqui – neste lugar, agora – neste momento, etc.
b) Os advérbios constituem um inventário fechado, ao passo que as locuções
adverbiais formam, praticamente, um inventário aberto, sendo, assim, mais
económico englobar a uns e outros sob o rótulo de SP; c) a descrição torna-se mais
coerente, uma vez que toma como base não a estrutura, mas a função desses
modificadores, que é a mesma. Adoptando-se tal posição, a regra de reescritura do
SP passa a ser:
Prep+SN
SP→
Adv.
Podendo a preposição, algumas vezes, não aparecer lexicalizada como em todos os dias
(= diariamente)
Função sintáctica do SP
a) COMPLEMENTO DETERMINATIVO
A Delma ganhou um carro de brinquedo.
A cadeira da Madalena é bonita.
b) COMPLEMENTO CIRCUNSTACIAL
O João saiu da praia às cinco horas.
Os meninos choraram de fome
c) OBJECTO INDIRECTO
O Vladimir obedeceu às regras.
A escola deu prémios aos melhores alunos.
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d) PREDICATIVO DO SUJEITO
O Oseias está com febre.
f) AGENTE DA PASSIVA
Ele é amado pela sua família
A porta foi aberta por mim
g) COMPLEMENTO NOMINAL
Eles têm medo de que os atrapalhem
✓ SINTAGMA ADVERBIAL
SADV=ADV: A Maria saiu tarde.
SADV=ADV+ADV: A Aline saiu muito tarde; A Delma saiu tarde demais.
SADV=ADV+SP: A Beu saio muito tarde para o encontro;
SADV=ADV+ADV+SP: A Beu saiu muito tarde para o encontro;
A Beu saiu tarde demais para o encontro.
SADV=S2: A Beu saiu quando a sua mãe já havia viajado.
A SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
7.1. A concordância nominal
7.2 A concordância verbal
8. A SINTAXE DA REGÊNCIA
8.1. A regência nominal
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Regência é a relação que se estabelece entre duas palavras, uma das quais serve de
complemento a outra, ou seja, há um termo regente e outro regido.
Termo regente
Termo regido
Termo regente
Termo Termo
regido 1 regido 2
Ex.:
Eu vou à igreja.
Ex.:
Verbo é o núcleo central da frase, responsável pela selecção dos elementos básicos
que nela ocorrem.
Quanto à transitividade
Directos
1-Verbos transitivos
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Indirecto
Bitransitivos
2-Verbos intransitivos
Os verbos transitivos são aqueles que não trazem em si a ideia completa da acção,
necessitam de outro termo para completar o seu sentido. Esse outro termo é chamado
de objecto.
O Manuel chora.
A Luísa caiu.
Verbos de regência
Aludir, aderir, convir, gostar, obedecer,
indirecta
desobedecer, presidir, responder.
A porta abriu.