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FACULDADE 

DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE  18/03/2021
NATAL – FACITEN

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE NATAL – FACITEN


CURSO DE DIREITO
DISCIPLINA: LINGUAGEM JURÍDICA, EXPRESSÃO TEXTUAL E VERBAL

A ESCRITA JURÍDICA

Profª. Cíntia de Fátima Silva


profa.cintiafs.adv@gmail.com

NATAL/RN
2021

A escrita jurídica
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
 Modalidade dissertativa (texto argumentativo, que expõe a opinião sobre
determinado assunto ou tema, por meio de uma argumentação lógica, coerente e
coesa e embasada);

 Utiliza-se de expressões formais (proximidade com o nível culto) e


vocabulário técnico;

 Impessoal (neutralidade, caracterizada pela utilização da 3ª pessoa do singular).

Ex.: “Constata-se que…”, “Sabe-se que”, “Convém observar”, “É preciso considerar”.

 Cuidados com a ortografia e a gramática (principalmente a pontuação);

 Evitar a generalização (extensão ou a propagação de algo, seja positivo ou


negativo);

 Argumentos embasados (pesquisas aprofundadas, utilização de doutrina, letra


de lei, jurisprudência, súmulas, etc.);

 Objetividade (clareza nas informações);

 Estrutura textual dentro das normas técnicas (ABNT).


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A escrita jurídica
COESÃO TEXTUAL
É a harmonia e ligação entre as partes e os elementos de um texto: a estrutura
frasal e o parágrafo.

 ESTRUTURA FRASAL
Clareza - Para que a comunicação se faça clara, é preciso que o pensamento de
quem comunica se faça claro e a pontuação correta.

Concisão – Frase concisa é aquela redigida com poucas palavras,


comunicando apenas o essencial e desprezando as expressões óbvias e /ou não
pertinentes.

Harmonia - A mensagem além de clara, precisa ser elegante. Inúmeros fatores


prejudicam a harmonia; vejamos:

A escrita jurídica
 ESTRUTURA FRASAL
Harmonia (cont.) - Inúmeros fatores prejudicam a harmonia, tais como:
 Aliteração: Consiste na repetição do mesmo fonema. Não deve ser usada na
redação formal.
Ex.: Na certeza de que seria bem sucedido, o sucessor fez a seguinte
asserção(...). (aliteração do fonema “S”).
 Emenda de vogais
Ex.: Obedeça à autoridade.
 Cacofonia
Ex.: Subiu rua acima (repetição da ideia).
 Rima: Embora sendo um recurso literário, não é bem aceito numa redação
jurídica
Ex.: O diretor chamou com muita dor, o assessor, pois não poderia prestar-
lhe esse favor.
 Repetição de palavras
Ex.: O presidente é primo do presidente do clube.
 Excesso de “que”
Ex.: Solicitei-lhe que me remetesse o livro que me prometera, a fim de que eu
pudesse fazer o trabalho.
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A escrita jurídica
 ESTRUTURA DO PARÁGRAFO
Todo parágrafo deve conter um tópico frasal (uma ideia-núcleo) e, por essa
razão, a cada novo assunto que surja, recomenda-se criar um novo parágrafo.

O parágrafo deve ser constituído por um ou mais períodos, em que se


desenvolve ou se explana determinada ideia central.
Frase é um enunciado de sentido completo e pode ser formada por uma ou mais palavras;
oração é uma frase que contenha um verbo (ou locução verbal); e período é uma frase
formada por uma ou mais orações, podendo então ser simples ou composto.

Na página manuscrita ou impressa, o parágrafo é indicado através de um


afastamento da margem esquerda (ABNT).

Assim, é indispensável observar que o bom uso de elementos como os


pronomes em geral, advérbios, locuções adverbiais e os conetivos vocabulares e
oracionais, cuidadosamente empregados, denotam referência para veicular as
considerações que porventura se façam para se obter uma boa coesão textual.

A escrita jurídica
COERÊNCIA TEXTUAL
A coesão apenas, não basta. É necessário uma relação lógica e harmônica
que ostente uma coerência. As ideias devem estar interligadas para
formar a unidade. Por isso o raciocínio não deve formar hiatos,
deslocamentos abruptos e lapsos das comunicações.

Para se escrever com coerência, é preciso:

 Manter a ordem cronológica, pois não se deve relatar antes o que ocorre
depois.
 Seguir uma ordem descritiva, em que a cena, os objetos e os fatos são
observados.
 Uma informação nova deve ser interligada à outra.
 Evitar repetições ou redundância de ideias com o uso das mesmas
palavras.
 Não se contradizer ao abordar a realidade fática.
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A escrita jurídica
O “JURIDIQUÊS”
É o emprego de palavras de difícil compreensão (ou mesmo o uso abusivo
de expressões em latim) a fim de elitizar a linguagem jurídica,
segregando-a, como que para evidenciar suposto poder.

Santana (2012, p. 1) ensina que:

[...] a linguagem jurídica é mediadora entre o poder social e as pessoas. Por isso, deve
expressar com fidelidade os modelos de comportamento a serem seguidos, evitando-
se, desta forma, distorções na aplicação do Direito. Os vocábulos técnicos e a
linguagem precisa exercem a função de contribuir para a compreensão do Direito e
para a eficácia do ato da comunicação jurídica. O emprego da palavra, portanto, no
âmbito jurídico, deve ser exato, claro e conciso a fim de evitar sutilezas semânticas e
dubiedades na interpretação e na aplicação das leis. [...] o estudante de direito,
bem como advogados, juízes e promotores podem confundir,
costumeiramente, o "juridiquês" abusivo com a linguagem jurídica
prática, "normal", a qual possui destinatários que não os "operadores do
Direito".
[...] a linguagem do Direito é necessariamente uma linguagem natural e não uma
linguagem técnica formalizada como a da matemática, com termos rigorosamente
precisos e obrigatórios. [...]

A escrita jurídica
O “JURIDIQUÊS”

O texto jurídico não tem regras próprias (apesar de ter criado termos
próprios), engessadas numa linguagem rebuscada, intangível e
obrigatoriamente latinizada. O que se requer das peças processuais – Inicial,
contestação e recursos – é que sejam textos bem formados, com argumentos
coerentes, com sequência lógica, com respeitada progressão semântica, sem
repetições e sem contradições. Não se requer que eles contenham o uso
abusivo da linguagem.

[...]
À linguagem jurídica deve-se dar a mesma importância dada à linguagem como um
todo, a depender dos interlocutores e destinatários. É devido o uso de pronome de
tratamento correto nas peças jurídicas? O emprego da ortografia e concordância?
Sim, mas sempre lembrando que [...] o texto jurídico deve contribuir para a eficácia
da aplicação e compreensão do Direito, sem abusos de incompreensão. [...] Para o
texto jurídico, cabem, pois, o objetivo: justiça social; os interlocutores:
partes, advogados, juízes, promotores, legisladores; e destinatários: a
sociedade.
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Referências
LUIZ, Ercília Maria de Moura Garcia. Escrita acadêmica: princípios básicos. 1. ed. –
Santa Maria, RS: UFSM, NTE,2018. E-book. Disponível em:
https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/16143/NTE_Licen_Ciencia_Religi%C3
%A3o_Escrita_Academica_Principios_Basicos.pdf?sequence=6&isAllowed=y. Acesso
em: 15 jun. 2020.

PETRI, Maria José Constantino. Manual de linguagem jurídica. 2. ed. rev. e atual.
São Paulo: Saraiva, 2009.

QUEIROZ, Rafael Mafei Rabelo; FEFERBAUM, Marina. Metodologia da pesquisa


em direito: técnicas e abordagens para elaboração de monografias, dissertações e teses.
2. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.

SANTANA, Samene Batista Pereira. A linguagem jurídica como obstáculo ao


acesso à justiça. Uma análise sobre o que é o Direito engajado na dialética social e a
consequente desrazão de utilizar a linguagem jurídica como barreira entre a sociedade e
o Direito/Justiça. In: Âmbito Jurídico. Publicado em: 01 out. 2012. Disponível em:
https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-105/a-linguagem-juridica-como-
obstaculo-ao-acesso-a-justica-uma-analise-sobre-o-que-e-o-direito-engajado-na-
dialetica-social-e-a-consequente-desrazao-de-utilizar-a-linguagem-juridica-como-
barreira-entre-a/. Acesso em: 16 jun. 2020.

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