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DIREITO PENAL ESPECIAL

Homicídio
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HOMICÍDIO

Homicídio Simples

Art. 121. Matar alguém:


Pena – reclusão, de seis a vinte anos.

Vários itens se desdobram em relação a esse caput.


• Sujeito Ativo é crime comum praticado por qualquer pessoa.
• Sujeito passivo pode ser qualquer pessoa independentemente da vida
dessa pessoa ser viável ou não. Por exemplo, um recém-nascido com os
seus órgãos comprometidos que o levariam , de qualquer maneira, à morte
é assassinado (está caracterizado o crime de homicídio)
• Sujeito passivo especial

Exemplo: quando a vítima é o Presidente da República, do Senado, Câmara


ou STF, houve o dolo específico de matá-lo – não por ser qualquer um, mas por
ser presidente de um dos poderes. O crime passa a ser crime estabelecido no
art. 29 da Lei n. 7.170/1983, Lei de Segurança Nacional.

Objeto Material

Objeto material é aquilo sobre o qual recai a conduta. No caso de homicídio,


recai em “quem”? Em uma pessoa sujeita a exame de corpo de delito.

Bem Juridicamente Protegido

O bem que se busca tutelar, segundo o caput do artigo 121, é a vida. O legis-
lador inaugurou a parte especial pelo bem de maior relevo, que é a vida, seguido
por outros bens jurídicos.
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Atenção!
Lei n. 2.889/1956:

Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional,


étnico, racial ou religioso, como tal:
a) matar membros do grupo;

No caso do genocídio, o bem jurídico tutelado não é a vida em si, é a perma-


nência de um grupo étnico, racial ou religioso. Ao praticar um genocídio, havendo
morte, alguém não foi morto por ser a pessoa “A”, mas porque a pessoa “A” inte-
gra um grupo que se pretende destruir.
Há como praticar genocídio sem morte, por exemplo, mutilando mulheres de
um grupo étnico, racional ou religioso, impedindo que ela continue fértil.
O genocídio, quando é praticado com morte, é julgado pelo tribunal do júri.
Quando não for praticado com morte, é possível que seja julgado não pelo tribu-
nal de júri, mas por um juiz singular de primeiro grau.

Vida

O bem tutelado no homicídio é a vida.


Há duas espécies de vida:
• Extrauterina – homicídio (vida viável ou não);
• Intrauterina – aborto.

A vida extrauterina e a vida intrauterina são tipos penais diferentes que buscam
tutelar momentos distintos.
A vida extrauterina começa a partir do início do parto, embora haja divergên-
cias doutrinárias. Alguns consideram o início da vida extrauterina a partir das
dores do parto, mas consolida-se com a opinião majoritária, num parto normal,
que se dá a partir da dilatação do colo e suas contrações expulsivas. No caso de
cesariana, a partir da primeira incisão médica.
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O fim da vida extrauterina se dá com a morte encefálica. Tempos atrás, havia


uma polêmica sobre o momento final da vida, mas com o advento da Lei n.
9.434/1997, o artigo 3º estabelece a doação de órgãos a partir da morte encefá-
lica. O Código Penal (CP) adota esse dispositivo como consumação do homicídio.

Consumação e Tentativa

A consumação é a morte encefálica.


(art. 3º, da Lei n. 9.434/1997 – Lei de Transplante)
• Tentativa branca ou incruenta
Tentativa é quando não se alcança o resultado por circunstâncias alheias. A
tentativa branca ou incruenta é aquela em que não ocorre uma lesão – por
exemplo, ao desferir um tiro, o atirador erra o alvo.
• Tentativa vermelha ou cruenta
A tentativa vermelha ou cruenta é quando ocorre a lesão – por exemplo, ao
desferir um tiro, a vítima é atingida, mas não morre.
O termo “cruenta” faz referência à questão de ser uma tentativa vermelha
e não por ser algo relacionado à crueldade.
• Tentativa perfeita ou acabada
A tentativa perfeita ou acabada pode ser branca ou vermelha e é aquela
que ocorre quando se esgotam todos os meios planejados. Relembrando
que no inter criminis o primeiro passo é a cogitação, a seguir a preparação,
execução e consumação (o exaurimento não integra mais o inter criminis).
Por exemplo, esgotados todos os passos, a vítima não morre, ou seja, o
crime não se consuma.
• Tentativa imperfeita ou inacabada
A tentativa imperfeita ou inacabada pode ser branca ou vermelha e ocorre
quando o agente, depois de cogitar e se preparar, na hora da execução,
uma pane na arma impede que o crime seja executado e consequente-
mente não consumado.
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Elemento Subjetivo

O primeiro elemento subjetivo é o dolo de matar, que pode ser:


• Direto – quando o agente quis e conheceu o resultado (alguém quer matar
outro de determinada maneira) ;
• Indireto – quando o agente não quis o resultado mas conhecia o risco.
Divide-se em duas categorias:
–– eventual (trânsito);
–– embriaguez preordenada.

O dolo eventual e a culpa consciente ocorrem quando o agente, ao realizar


uma conduta, antevê o risco de cometer uma ofensa a um bem jurídico, mas
continua agindo. A diferença entre o dolo eventual e a culpa consciente é que,
no primeiro, o agente aceitou o risco; enquanto que, no segundo, julgou que não
ocorreria.
No campo prático, é quase impossível a diferencial do dolo eventual da culpa
consciente.

Dolo de 1º grau e Dolo de 2º grau

O dolo direto pode ser dolo direto de primeiro grau e dolo direto de segundo
grau. No dolo direto de primeiro grau, o agente busca o resultado imediato da
sua conduta. No dolo direto de segundo grau, a intenção do agente está voltada
para determinado resultado, mas, na utilização dos meios para alcançá-lo, causa
efeitos colaterais.
A jurisprudência mais recente: é manifesta a incompatibilidade entre o dolo
eventual, que “implica numa mera aceitação de um resultado possível – e a
qualificadora do recurso que impossibilita a defesa da vítima, a qual reclama um
preordenamento do agente à conduta criminosa” (Supremo Tribunal Federal –
STF, HC 86.163).
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Modalidades

As modalidades podem ser:


• Comissivo
Comissivo é uma modalidade de ação.

• Omissivo impróprio (garantidor)


O garantidor é aquele que possui três possibilidades, tem o compromisso
de evitar o resultado:
Garantidor (art. 13 do CP)

§ 2º A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para


evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;

Por exemplo, pais ou responsáveis.

b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;

Por exemplo, babás ou enfermeiros.

c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.

Por exemplo, uma mãe pode matar um filho de várias maneiras, por inanição
ou sufocamento. Existe um abismo jurídico nesse exemplo apresentado de omis-
são de socorro (inanição) e homicídio (sufocamento). Para a responsabilização
não por omissão de socorro, que é omissão própria, mas por omissão imprópria
do homicídio, são necessários dois requisitos:
• A figura do garantidor;
• A intenção do garantidor em causar a morte ou permitir que ela ocorra.

A enfermeira, por exemplo, pode injetar algo ou deixar de dar o medicamento


a um paciente.
Alguém, por exemplo, que empurre outra pessoa para uma piscina, sabendo
que essa pessoa não sabia nadar. O risco foi criado por quem empurrou a pessoa
e o resultado foi tolerado.
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Exame de Corpo de Delito (CPP)

Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo
de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desapare-
cido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.

Há duas especificações de crimes:


• Transeuntes – os que passam;
• Não transeuntes – os que não passam, os que deixam vestígios.

Há a necessidade de se submeter a pessoa vítima de homicídio a exame de


corpo de delito. Se não for possível o exame de corpo de delito, pode ser aceita
a declaração testemunhal; mas, no caso de crimes não transeuntes, é obrigação
do delegado efetuar o exame.
O exame de corpo de delito por ser:
• Direto;
• Indireto.

Competência

Art. 5º, XXXVIII, da Constituição Federal – é reconhecida a instituição do júri, com


a organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a
aula preparada e ministrada pelo professor Felipe Leal.
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