Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1- Gostaríamos de saber quem e quantas são as pessoas que idealizaram o Clube Negrita e
como surgiu a ideia:
O Clube foi idealizado por mim (Bruna Tamires), mas sempre é feito por muitas mãos.
Costumo dizer que eu seguro o núcleo e as outras pessoas (que ajudam na produção ou que
participam dos encontros) seguram o todo e me seguram também.
Nesse processo posso citar Dora Lia (@dillasete), Ingrid Passos (@formataí), Richner
Allan, Carla Andrade, Mulheres Negras na Biblioteca, Monomito e muitas outras pessoas ou
coletivos que passaram pelo clube.
Criar o Clube Negrita foi e é a minha forma de expandir esse sentimento com mais
pessoas, nutrir os pensamentos através da literatura e da cultura. Quando a gente lê uma história
junto de outras pessoas, os pensamentos fluem, as viagens acontecem e os laços são refeitos, até
fortalecidos.
2- A partir disso, como o Negrita surgiu. De onde veio o nome? Como é a dinâmica de
leitura? Quantas leituras por mês, se são por temas ou autores. Enfim, como escolhem
vossas leituras?
Negrita porque a pessoa amada me chamava de Negrita (risos). Veja, o Clube Negrita é
totalmente afetivo. Outro ponto é que negritar é, por definição, deixar os traços mais grossos e
escuros, dar o destaque no texto. Tem tudo a ver com o objetivo do clube: incentivar o consumo
da literatura negra e pensar a sociedade a partir do ponto de vista das pessoas negras.
A curadoria dos livros se dá por minha pesquisa ou por sugestão das pessoas que
participam do clube. Optamos por duas formas de mediação: uma em que todos leem
previamente o livro (ou conto) e depois nos encontramos para a conversa, e outra em que lemos
juntos, no dia do encontro, um trecho de livro ou uma história mais curta.
É difícil especificar um público para o clube quando a nossa meta é trazer cada vez mais
pessoas para a leitura, mas posso dizer que nós nos direcionamos às pessoas negras, jovens
adultas que têm interesse em arte e cultura, mesmo que não diretamente em literatura.
Trabalhamos com isso para aproximar as pessoas da luta pelo bem viver coletivo.
4- Possuem regras? Como funcionam os encontros, se são físicos (ou seja, se encontram em
algum lugar) ou atuam na modalidade virtual.
O Clube Negrita necessita da presença. Nessa pandemia ficou nítido para nós o fato que
o virtual não supre nossa necessidade de troca, de gesto, de vibração.
Desde 2017 nós fazemos encontros presenciais (estamos no 22º) e em 2020 nós
fizemos um ciclo de clubes virtuais, em novembro agora (2021) vamos voltar com o presencial
nos parques da cidade e assim ficaremos. Talvez o virtual entre em momentos específicos na
nossa trajetória.
A regra geral do clube é a não violência, na conversa tentar sempre entender os pontos
de vista como oportunidades para o diálogo, sem tratar mal as pessoas. Em alguns encontros as
pessoas discordam sobre uma história compartilhada, as discordâncias abrem espaço para mais
trocas de ideias.