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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS

MATERIAIS DE CONTRUÇÃO I
Telhas Cerâmicas

BELO HORIZONTE
2010
Todavia, a partir da década de 1970, diante dos acontecimentos das crises fiscal do Estado e do
petróleo, do recrudescimento do desemprego, da terceira revolução tecnológica, da acentuação da
concorrência internacional, da reestruturação empresarial, entre outros, bem como diante da
incapacidade de reação imediata dos keynesianos na superação destes fatos, verifica-se, no sistema
capitalista, um processo de desconstrução cultural em torno da essencialidade do valor-trabalho, por
meio da "internalização acrítica do pensamento ultraliberal", pressuposto do globalismo.

Neste sentido, a corrente neoliberal propagou a insustentabilidade, a crise, o esgotamento, o


declínio e até o fim do modelo do EBES para difundir a ideia de um novo paradigma na vida
socioeconômica, não mais atrelado às noções e realidades do emprego e do trabalho.
Segundo a linha neoliberal, defendida especialmente por Friedrich Von Hayek e Milton Friedman, a
economia e a política do Welfare State seriam insustentáveis, principalmente porque inviabilizariam
o controle da inflação, bem como porque gerariam excessivos custos tanto na esfera do governo (em
virtude das políticas públicas e sociais), quanto na privada (em decorrência do pleno emprego).

As transformações ocorridas no mundo do trabalho são reflexos das metamorfoses inerentes ao


capital. Desde as mudanças propiciadas pelo Fordismo, a classe trabalhadora vem sofrendo um
processo de resignificação, que tem como marco as benesses do Welfare State e o advento de um
novo liberalismo. Este, moldado pelo avanço do capital financeiro, acarretou a precarização
material e subjetiva da classe trabalhadora. Com a crise econômica ocorrida durante a década de 70,
um novo modelo de produção foi responsável por novas relações técnicas e sociais de produção. A
acumulação flexível (Toyotismo) representou uma estratégia do capital em reagir habilmente às
pressões inerentes ao mercado e aos trabalhadores organizados em sindicatos.

O Fordismo é entendido como um padrão produtivo dentro do modo de produção capitalista. Deve
ser compreendido para além de seu modo de produção, dentro da racionalidade da totalidade social,
criando quase um modo de vida. Exige-se uma disciplina específica, a divisão racional do trabalho,
propriamente a disciplina
ultrafabril. O capitalismo até o final de século XIX era concorrencial, uma vez que
determinado número de empresários concorriam endogenamente. Este processo
gerava crise no lucro e redução do valor de troca, devido à busca de novas máquinas e diferenças de
tempo socialmente necessário para a produção.
A linha de produção articulava os diferentes trabalhos, criando vínculos
que davam o ritmo necessário para execução das tarefas pré-determinadas. Esse
processo foi resultado da relação entre a produção em série – característica fordista – e a regulação
do tempo necessário para realização do trabalho – inovação taylorista. O trabalho operário era
reduzido apenas a uma ação repetitiva e mecânica, devido à distinção entre atividades manuais e
intelectuais. Cabia à gerência o trabalho intelectual, característica marcante da separação do
processo de elaboração das tarefas de execução. Ford também introduziu a produção em escala,
constituindo este modelo produtivo como o início da interação de mercado consumidor e indústrias.
Contudo, esse modelo desencadeou, após promissor período de expansão, uma grave crise
referente às suas contradições inerentes:
_ Baixa taxa de desemprego: aumento do poder de compra dos
trabalhadores e do capital variável;
_ Aumento da produtividade não acompanhada pelo consumo;
_ Hipertrofia da esfera financeira, migração da produção para outros papéis do sistema financeiro,
conseguindo maior remuneração de capital;
_ Maior concentração de capital em empresas monopolistas;
_ Crise do Welfare State;
_ Crise fiscal gerada pelo aumento dos gastos públicos;
_ Aumento de privatizações.
As mudanças no contexto político-econômico provocaram uma reestruturação drástica no modelo
até então vigente. A social democracia perde seus pilares fundamentais, abrindo espaço para o
retorno dos elementos fundamentais do liberalismo clássico com roupagens contemporâneas

Os anos entre 1945 e 1975 são conhecidos como “os anos dourados do capitalismo”, período em
que se observou grande democracia nos países centrais. Porém, observou-se no início dos anos 70 a
crise de acumulação de capital e a necessidade de reestruturar o plano da produção e, em
consequência disto, o plano de idéias, com exigência de mudanças na economia (neoliberalismo).

O Toyotismo emergiu como uma resposta à crise do Fordismo nos anos 70, ao invés do trabalhador
nespecialista, criou-se o operário polivalente, adequado às metamorfoses do capital. O processo de
produção introduzido na Toyota ocorreu quando o Japão emergia-se enquanto potência econômica.
Havia a preocupação em aumentar a produtividade sem alterar a quantidade de trabalhadores, aliada
à fabricação de produtos competitivos. Este é conhecido como sistema de produção flexível.

O Toyotismo possui como características:


_ Produção just-in-time;
_ Controle de estoques;
_ Sistema kanban (cartazes);
_ Auto-ativação da produção;
_ Polivalência do trabalhador;
_ Diminuição de cargos hierárquicos;
_ Fábrica mínima (espaço);
_ Mínimo de trabalhadores;
_ Administração pelos olhos (panóptica);
_ Eliminação de supérfluos;
_ Aumento da mais-valia relativa;
_ Combate ao sindicalismo por ramo de atividade ou categoria profissional;
_ Estímulo ao sindicalismo por empresa;
_ Sistema de premiação por produtividade individual;
_ Estímulo da proteção à empresa para proteger a vida do trabalhador.
Esses elementos consolidaram uma nova dinâmica econômica que
refletiu em uma crise na esfera trabalhista.

Observa-se, no universo do mundo do trabalho no capitalismo contemporâneo, uma múltipla


processualidade: de um lado verificou-se uma desproletarização do trabalho industrial, fabril, nos
países de capitalismo avançado, com maior ou menor repercussão em áreas industrializadas do
capitalismo subdesenvolvido. Mas, paralelamente, efetivou-se uma expressiva expansão do trabalho
assalariado, a partir da enorme ampliação do assalariamento do setor de serviços. Verificou-se, do
mesmo modo, uma significativa heterogeneização do trabalho, expressa também através da
crescente incorporação do contingente feminino no mundo operário. Além disso, vivencia-se uma
subproletarização intensificada, presente na expansão do trabalho parcial, temporário, precário,
subcontratado e “terceirizado”.

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